Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas ... · 1.3 Compromissos éticos e...

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1 Maria Angélica Pereira Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas vivenciadas por terapeutas ocupacionais Relatório de Pesquisa apresentado ao Programa “Ensinar com Pesquisa” da Universidade de São Paulo – Curso de Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Morgani de Almeida São Paulo 2008

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1

Maria Angélica Pereira

Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas vivenciadas por

terapeutas ocupacionais

Relatório de Pesquisa apresentado ao Programa “Ensinar

com Pesquisa” da Universidade de São Paulo – Curso de

Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia,

Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo

Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Morgani de

Almeida

São Paulo

2008

2

Maria Angélica Pereira

Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas vivenciadas por

terapeutas ocupacionais

Relatório de Pesquisa apresentado ao Programa “Ensinar

com Pesquisa” da Universidade de São Paulo – Curso de

Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia,

Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo

Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Morgani de

Almeida

São Paulo

2008

3

Agradecimentos

Nossos agradecimentos:

Ao Programa “Ensinar com Pesquisa” da Universidade de São Paulo –

Curso de Terapia Ocupacional do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e

Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,

pelo financiamento de nossa pesquisa através da manutenção mensal de uma

bolsista para realização do estudo.

Às docentes do Curso de Terapia Ocupacional do Departamento de

Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo pela valiosa contribuição para o estudo.

4

SUMÁRIO

Sumário

Resumo

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 8

1.1 Apresentação 8

1.2 Conceitos de ética e bioética 9

1.3 Compromissos éticos e políticos do profissional que se ocupa do cuidar

humano

13

1.4 Questões éticas em terapia ocupacional 16

1.5 Ensino de ética nas graduações em terapia ocupacional 19

1.6 Justificativa para a escolha do tema 21

2 OBJETIVOS 23

2.1 Objetivo Geral 23

2.2 Objetivos Específicos 23

3 MATERIAL E MÉTODOS 24

3.1 Tipo de pesquisa 24

3.2 População de estudo 25

3.3 Coleta de dados 26

3.4 Forma de análise de resultados: análise de conteúdo dos questionários 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 30

4.1 Participantes “de fato” do estudo 30

4.2 Resultados do estudo piloto: Pré-teste do questionário 30

4.3 Resultados da análise de conteúdo dos questionários 32

5 CONCLUSÃO 48

6 ANEXOS 50

Anexo A – Termo de consentimento Livre e Esclarecido 51

Anexo B – Caracterização profissional dos terapeutas ocupacionais que

atuam na assistência e/ou ensino e/ou pesquisa (exceto docentes do

Curso de Terapia Ocupacional da USP-São Paulo)

55

Anexo C – Questões para terapeutas ocupacionais que atuam na

assistência e/ou ensino e/ou pesquisa (exceto docentes do Curso de

Terapia Ocupacional da USP-São Paulo)

56

5

Anexo D – Questões para docentes do Curso de Terapia Ocupacional da

USP-São Paulo

59

Anexo E – Quadro com frases ilustrativas referentes às variáveis de

análise

60

Anexo F – Ementa da disciplina de Ética Profissional 68

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

6

Resumo

PEREIRA, MA. Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas vivenciadas

por terapeutas ocupacionais. São Paulo: Faculdade de Medicina - Universidade de

São Paulo; 2008.

Aprimorar o ensino de Ética em Terapia Ocupacional na USP-SP.Diálogos

entre o ensino de ética e as questões éticas vivenciadas por terapeutas

ocupacionaisAPRESENTAÇÃO: Os profissionais que se ocupam do cuidar humano

necessitam de uma formação que os auxilie na identificação de questões éticas e

produção de respostas. OBJETIVOS: Aprimorar o ensino de Ética em Terapia

Ocupacional na USP-SP. MÉTODO: Através de estudo exploratório e descritivo

obteve-se informações de natureza qualitativa junto a docentes terapeutas

ocupacionais do Curso. Encontra-se em andamento a coleta de informações junto a

profissionais formados pelo referido Curso. Essas serão analisadas e confrontadas

com aquelas obtidas junto as docentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As

docentes consideram que desenvolvem conteúdos éticos em suas disciplinas e que

estes se articulam com conteúdos da disciplina de ética profissional, seja por essa ser

considerada básica para a formação ou por resgatar e reforçar conteúdos oferecidos

em outras disciplinas. Algumas docentes referem que a articulação entre as

disciplinas poderia ser melhorada, apontando como estratégia para isso a criação de

espaços de interlocução. As docentes indicam, ainda, que se o oferecimento de

conteúdos éticos fossem assegurados em diferentes momentos ao longo do curso e,

não somente através da disciplina de ética profissional, a formação ética poderia ser

aprimorada. Embora o método de ensino de ética não seja objeto do presente estudo

foi referido como aspecto a ser estudado e aprimorado. CONCLUSÃO: Apesar do

7

Curso contemplar conteúdos éticos essenciais, as docentes sugerem uma revisão no

ensino de ética. Indicam que estes conteúdos seriam mais bem desenvolvidos se

ocorressem ao longo da formação de maneira pulverizada.

Palavras-chave: ética profissional, terapia ocupacional, ensino.

8

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

1.1 Apresentação

O que determina nosso futuro é a solução não de problemas técnicos, mas

dos problemas éticos, já que nossa sociedade coisifica a pessoa e sacraliza

as coisas (Pessini e Barchifontaine, 2002, p. 84).

As (os) profissionais que se ocupam do cuidar humano enfrentam desafios éticos

gerados, em parte, pela desigualdade social, pelas condições precárias de vida e de

acesso a bens materiais, à saúde e à educação, que submetem as pessoas que atendem

a condições de intenso sofrimento e de anulação da cidadania.

Problemas persistentes constatados no quotidiano dos países periféricos -

como a exclusão social e a concentração de poder; a pobreza, a miséria e

a marginalização; a globalização econômica internacional e a evasão

dramática de divisas das nações mais pobres para os países centrais; a

falta de consolidação da cultura (ou de políticas efetivas) de defesa dos

direitos humanos universais e da cidadania; a inacessibilidade de acesso

dos grupos economicamente vulneráveis às conquistas do

desenvolvimento científico e tecnológico; e a desigualdade de acesso das

pessoas pobres aos bens de consumo básicos indispensáveis à

sobrevivência humana com dignidade, entre outros aspectos, - passaram a

fazer parte obrigatória da pauta daqueles estudiosos e pesquisadores que

desejam trabalhar com uma bioética transformadora, comprometida e

identificada com a realidade dos países chamados „em

desenvolvimento‟(Garrafa, 19951; Garrafa, 1997

2; Granda, 2000

3 abud

Garrafa e Porto, 2002, p.2).

Diante dos desafios do cuidar, os (as) profissionais necessitam de uma formação

que os auxilie na resolução de questões éticas com as quais se deparam em sua

atuação cotidiana, que os permita complexificar sua percepção sobre os dilemas

éticos que se colocam na atualidade, formular estratégias e mecanismos para a

1 Garrafa V. A dimensão da ética em saúde pública. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP;

1995. (Ad Saúde –Série Temática 4). 2 Garrafa V. Bioética, salud y ciudadania. Salud Problema y Debate (Rosario, Argentina); 1997,

9(16): 26-33. 3 Granda, E. Salud: globalización de la vida y de la solidariedad. Saúde em Debate (CEBES); 2000,

24(56): 83-101.

9

produção de respostas seja na esfera da assistência, pesquisa ou ensino. Ao entender

que os conteúdos adquiridos na graduação contribuem para a formação profissional,

desejamos que estes promovam a (o) futura (o) profissional: responsabilidade social,

compromisso com a cidadania das pessoas a quem atendem – seja na assistência, na

pesquisa ou no ensino - que lhe permitam olhá-las integralmente, colocar-se em sua

posição e refletir sobre as conseqüências de suas ações.

A partir da preocupação com a formação destes (as) profissionais,

especificamente do (a) terapeuta ocupacional, para responder as questões éticas

presentes em sua atuação, confrontaremos informações relativas aos conteúdos éticos

oferecidos pelo Curso de graduação de Terapia Ocupacional (TO) da Universidade

de São Paulo-São Paulo (USP-SP) e os desafios éticos identificados por um grupo de

profissionais formados por este Curso. Ao confrontarmos estas informações,

esperamos promover eventuais ajustes no ensino de ética oferecido pelo Curso e

conseqüentemente seu aprimoramento. Admitimos que a realidade vivenciada pelas

(os) profissionais participantes do estudo aproxime-se daquela habitualmente

vivenciada pelos (as) profissionais da TO em sua atuação.

Para a formação ética do (a) terapeuta ocupacional na USP-SP, tem-se

considerado fundamental o conhecimento e apropriação de conceitos no campo da

ética e da bioética, o estudo e a discussão dos compromissos éticos e políticos dos

(as) profissionais que se ocupam do cuidar humano, dentre estes, o (a) terapeuta

ocupacional.

1.2 Conceitos de ética e bioética

Ética

10

Segundo Valls (2006) a ética tem sido definida durante a história de muitas

maneiras. Estas definições se relacionam com o contexto histórico e apresentam, em

geral, uma preocupação com a verdade, com a distinção entre o bem e o mal e sua

relação com a vida humana. Sócrates (470-399 a.C.) relacionava ética com

subjetividade ao entender que a própria pessoa deveria, internamente, buscar a

verdade das leis da sociedade; Platão (427-347 a.C.), um grande sistematizador das

idéias de Sócrates, defendia que todos os homens buscavam a felicidade, o bem

superior; Aristóteles (384-322 a.C.) dizia que cada homem tinha bens a perseguir e

que quanto mais complexo fosse o ser mais complexo seria o bem ou os bens a serem

perseguidos.

Valls (2006) apresenta ainda outros pensadores como Kant (1724-1804), que

afirmava que a ética deveria ser racionalista e que a ação moralmente boa seria

aquela possível de ser universalizada, Kant formulou o imperativo categórico “Age

de tal maneira que possas ao mesmo tempo querer que a máxima da tua vontade se

torne lei universal (p. 21)”. Fortes (1998) apresenta pensadores como Jeremy

Bentham (1748-1832), David Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806-1873) que

entendiam que o ato ético deveria visar a maior utilidade, seja para o indivíduo, para

o grupo ou sociedade.

Para Kierkegaard (1813-1855), o homem podia conhecer o bem e preferir o mal,

nessa problemática se inseriria a ética e a liberdade, sendo que esta seria uma opção

pelo bem, consciente da possibilidade de escolher o mal. Isso expressa um

pressuposto de que, para se pensar em ética seria necessário partir da idéia de que o

ser humano é livre para realizar sua vida, do contrário a ética não existiria, pois não

haveria escolhas possíveis, nem dilemas a serem enfrentados, já que a liberdade

11

consiste em escolher algo, consciente da possibilidade de seguir outro caminho

(Valls, 2006).

Segundo Valls (2006) embora a ética ao longo da história tenha recebido

diferentes definições, identifica-se uma proximidade entre os pensadores, sejam eles

clássicos, modernos ou contemporâneos de que agir eticamente implica em agir de

acordo com o bem sendo que este é fruto de uma escolha, de uma opção.

Alguns autores diferenciam ética da moral, pois embora seus conteúdos tenham

uma origem comum, adquiriram diferentes significados ao longo da história. A moral

refere-se ao coletivo, sendo um conjunto de princípios que regulam as relações

humanas numa sociedade e num momento histórico determinados. Atualmente há

uma coexistência de valores e normas, ou seja, a conduta humana tem sido regulada

por diferentes moralidades (Fortes, 1998).

A ética é uma opção individual e está ligada à noção de autonomia. Enquanto

disciplina, ela reflete criticamente sobre o comportamento humano, problematizando

a moral. Pode ser considerada como produtora de indagações e não de definições do

certo e errado (Fortes, 1998).

Podemos compreender que a ética não serve para legitimar a moral, mas sim

para refletir sobre esta, e mais que isso, refletir sobre as ações humanas e sua

legitimidade frente à necessidade de viver em grupo ou em sociedade. Ainda, a ética

não necessariamente orienta racionalmente a vida humana, pois as teorias éticas

transitam entre tendências racionais e subjetivas. Enquanto a ética, decorrente de

muitas teorias, é mais fluída; a moral ou as moralidades, às vezes se apresentam

muito estáticas e de difícil modificação ou negociação com os valores não

hegemônicos.

12

Bioética

Pessini e Barchifontaine (Pessini e Barchifontaine, 2002) referem-se a bioética

como um estudo da conduta humana envolvendo as ciências da vida e da saúde, ou

seja, a bioética se preocupa com as conseqüências dos avanços da ciência para a

pessoa humana, visando sua qualidade de vida e dignidade.

Não há concordância com relação à data exata ou marco de seu surgimento,

enquanto campo de conhecimento, sabe-se que ocorreu entre 1960 e 1970, no

contexto do desenvolvimento técnico da medicina, da conquista dos direitos civis e da

mudança no círculo/vínculo familiar. Nessa época, alguns eventos levantaram a

discussão da bioética, como por exemplo, as experimentações com seres humanos, ou

quando as novas tecnologias colocaram para a ciência a responsabilidade de decidir

quem deveria ou não ser tratado, frente à impossibilidade de acesso a essas

tecnologias por todas as pessoas. Em 1970 já estava demarcado o campo da bioética e

em 1990 inicia-se a discussão de bioética no Brasil (Guilhem e Diniz, 2002).

Para Drane e Pessini (2005) a bioética é uma disciplina que se preocupa em

promover a qualidade de vida e preservar a dignidade humana. Bioética nesse sentido

implica em:

(...) promover e defender a vida no sentido mais amplo possível (humano,

animal, ecológico e cósmico) (...) é a questão mais ecumênica que existe

hoje numa realidade marcadamente pluralista. Nesse sentido, a bioética é

a causa comum a todos – independente da cultura, raça, credo, ideologia,

condição social – que amam viver e cultivam a esperança de um futuro

melhor para a humanidade. É sem dúvida um sinal de esperança naquelas

regiões e situações em que a dignidade humana e a qualidade de vida

ainda são miragens (Pessini et al., 2002, p. 15).

Para Potter (1971)1, citado por Guilhem e Diniz (2002),

1 Potter VR. Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall; 1971.

13

Bioética refere-se à disciplina capaz de acompanhar o desenvolvimento

científico com uma vigilância ética que possa estar isenta de interesses

morais, a fim de que a aplicação do conhecimento científico não resulte

em desrespeito aos valores humanos (p. 16).

Ainda, Garrafa (1995)1 citado por Almeida e Castiglioni (2005) descreve

bioética como a “(...) procura de um comportamento responsável por parte das (os)

profissionais que decidem e desenvolvem ações (...) e pesquisa com seres humanos

(p. 70)”.

A bioética seria, então, a superação da moralidade para uma relação de

responsabilidade e comprometimento ético com as ações e pesquisas que envolvem

pessoas.

1.3 Compromissos éticos e políticos do profissional que se ocupa do cuidar humano

De acordo com Zoboli (2003), o compromisso ético do profissional que se

ocupa do cuidar humano consiste no compromisso do cuidado, além da consciência

profissional, ou do exercício da ética profissional.

A Ética profissional ou deontologia seria a ética relacionada historicamente a

conteúdos relativos a uma profissão, seria então “(...) a ciência dos deveres. Constitui

um conjunto de normas que indicam como devem se comportar indivíduos na

qualidade de membros de um determinado corpo sócio-profissional (Fortes, 1998,

p.29)”.

Isso significa que o cumprimento de obrigações, deveres e princípios, que a

consciência profissional exige, não são suficientes para uma atitude ética diante da

pessoa, e para que se estabeleça uma relação de cuidado se faz necessário uma

1 Garrafa V. A dimensão da ética em saúde pública. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP;

1995. (Ad Saúde –Série Temática 4).

14

responsabilização radical pela sua promoção. Entendemos que este compromisso

com a pessoa deva orientar tanto a assistência, quanto o ensino e a pesquisa,

especialmente quando esta envolve seres humanos.

Cuidar é mais que um ato ou um momento de atenção, zelo e desvelo. É

uma atitude. E por atitude, nessa situação, entende-se a fonte geradora de

muitos atos que expressam a preocupação, a responsabilização radical e a

aproximação vincular com o outro. Cuidar, portanto, configura uma

atitude que possibilita a sensibilidade para com a experiência humana,

reconhecendo o outro como pessoa e sujeito (Zoboli, 2003, p. 40).

Dessa forma, os (as) profissionais que se ocupam do cuidar humano devem

atentar para a necessidade de possibilitar a pessoa uma condição real de sujeito, que

está intimamente ligada à questão da autonomia. Segundo Beauchamp e Childress

(1985)1 citado por Almeida (2003) autonomia é um termo derivado do grego autos

(eu) e nomos (regra, governo, lei) e significa faculdade para governar a si mesmo. E

implica, segundo Lorys (1994)2 citado por Almeida (2003), na capacidade da pessoa

para tomar decisões e aceitar as responsabilidades pessoais derivadas de suas

escolhas. Consideramos que autonomia denota uma apropriação tal de si que

possibilite a pessoa colocar-se no mundo e ao mesmo tempo transformá-lo, com seus

desejos, direitos, necessidades e ações, sendo então um conceito relacional.

Compreendemos que a autonomia refere-se estreitamente ao colocar-se como

cidadão pleno no mundo. Segundo Marshall (1967) a cidadania é constituída pelo

direito civil, pelo direito político e pelo social, sendo que o primeiro corresponde à

liberdade individual, o segundo refere-se à participação no poder político e o terceiro

1 Beauchamp TL, Childress JF. Principles of medical ethics. 2 ed., New York, Oxford University

Press; 1985: 59-105.

2 Lorys FO (ed.). Enhancing patients‟ autonomy. Dimens. Crit. Care Nur; 1994, 13: 60-8.

15

à participação efetiva na herança social e no compartilhamento de padrões da

sociedade em que vive.

A cidadania implica uma consciência de pertença a uma comunidade. Ela

se estende a todos os indivíduos da sociedade, sem discriminação de raça,

credo religioso, etc. Isso nos leva a reconhecer a verdadeira significação

da cidadania: não se trata de considerá-la uma questão geográfica, como

às vezes se pretende. Nascer num país não significa ser cidadão deste

país. A cidadania se caracteriza pelo acesso aos bens aí produzidos, pela

possibilidade de livremente participar da configuração que

cotidianamente se dá a esse país, pelo reconhecimento do direito de dizer

sua voz e ser ouvido pelos outros. (...) implica responsabilizar-se,

partilhar de uma responsabilidade que não tem um caráter apenas

individual, mas coletivo (Rios, 2002, p. 149).

A possibilidade de entender-se enquanto cidadão só é possível através da

compreensão de que os seres humanos são interdependentes ao serem

intrinsecamente sociais. Assim, todas as pessoas têm os mesmos direitos e

obrigações para que a sociedade humana se mantenha, já que a relação com um outro

é fundamental para a formação do sujeito (Zanella, 2005). Segundo Zanella (2005) o

encontro com o outro é entendido pelo conceito de alteridade:

Ou seja, a existência de um eu só é possível via relações sociais e, ainda

que singular, é sempre e necessariamente marcado pelo encontro

permanente com os muitos outros que caracterizam a cultura. A

contribuição de Vygotski à discussão sobre a alteridade consiste, pois,

como original no sentido de que explica a base desse encontro: este se

funda na utilização dos signos como ferramentas mediadoras da atividade

caracteristicamente humana. Produzidos socialmente, estes comportam

inexoravelmente tanto uma dimensão coletiva quanto privada, são porta-

vozes tanto da história social humana quanto das histórias dos sujeitos

que os utilizam. O encontro com um outro, portanto, entendido enquanto

alteridade, é característico de toda e qualquer atividade humana, desde

que mediada (Zanella, 2005, p. 102).

O conceito de alteridade favorece, aos (as) profissionais ocupados com o “cuidar

humano”, uma atenção orientada à promoção da autonomia da pessoa e ao respeito

aos seus direitos. Relações matizadas pela alteridade se dão entre “sujeito-sujeito” e

que, como tais, possuem saberes e os compartilham. Relações orientadas pela

16

alteridade propiciam compreensão de desigualdades, do poder historicamente

exercido de uns sobre outros, de submissão e seu enfrentamento:

O que é alteridade? É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua

dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos

alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.

A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei

e ensino para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. (...)

Só existe generosidade na medida em que percebo o outro como outro e a

diferença do outro em relação a mim. Então sou capaz de entrar em

relação com ele pela única via possível porque, se tirar essa via, caio no

colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como sou - a via do

amor, se quisermos usar uma expressão evangélica; a via do respeito, se

quisermos usar uma expressão ética; a via do reconhecimento dos seus

direitos, se quisermos usar uma expressão jurídica; a via do resgate do

realce da sua dignidade como ser humano, se quisermos usar uma

expressão moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da comunicação

humana, que é o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir da sua

experiência de vida e da sua interioridade (Betto, 2003).

O compromisso ético da (o) profissional ocupado com o cuidar humano,

portanto, refere-se à promoção da autonomia, do respeito dos direitos sociais, o apoio

ao exercício da liberdade individual e da participação da população no poder político.

Desafios são colocados para o profissional cuja atuação visa assegurar a cidadania da

população, por exemplo: Como possibilitar o controle social desta população? Como

produzir uma atenção que se coloque como direito do cidadão e não como concessão

do (a) profissional ou um favor do Estado? Como provocar mudanças culturais e

políticas na percepção da população sobre seus direitos?

1.4 Questões éticas em terapia ocupacional

A utopia que queremos é a da comunidade humana onde a diversidade

tem direitos de cidadania (Saraceno, 1998, p.10).

A TO entre outras profissões, promove o cuidado humano, na responsabilização

para com o outro. Compartilhamos da definição de TO como:

17

(...) um campo de conhecimento e intervenção em saúde, em educação e

na esfera social, que reúne tecnologias orientadas para a emancipação e

autonomia de pessoas que, por razões ligadas às problemáticas específicas

(físicas, sensoriais, psicológicas, mentais e/ou sociais), apresentem,

temporária ou definitivamente, dificuldades na inserção e participação na

vida social. As intervenções em terapia ocupacional dimensionam-se pelo

uso de atividades, elemento centralizador e orientador na construção

complexa e contextualizada do processo terapêutico (Terapia Ocupacional

– Faculdade de medicina da Universidade de São Paulo, 2007).

A TO atua, assim, "(...) investindo na ampliação do horizonte da vida ativa de

seus usuários, de sua capacidade de criar e agir, de seu espaço de liberdade e de suas

relações com o mundo e com os outros (...) (Lima, 2006, p. 117)”. Entendendo que a

população que atende se encontra em intensos processos de isolamento e sofrimento.

Nesse sentido, a atuação da terapia ocupacional deve se orientar não apenas para

a manutenção do corpo biológico, mas para que este adquira vida real e ativa (Lima,

2006).

Historicamente, as (os) terapeutas ocupacionais, preocupados em atender às

necessidades da população, passaram a refletir sobre sua herança da medicina social

e da psiquiatria, que tiveram uma história de normalização através da produção e

posterior controle das doenças. O questionamento desse mandato social, desse lugar

de normalização e controle social, promoveu nestes (as) profissionais a busca de

construção de possibilidades de vida à população atendida e de formas de resistência,

através de um enfoque transversal e sem a criação de categorias (Lima, 2003).

Refletiram também que, se por um lado na incompletude e inacabamento

característicos do ser humano corremos o risco de sermos patologizados, também

essas características abrem a nós a possibilidade de realizar o inusitado, novas formas

de viver e ser no mundo, tornar o singular um modo de resistência, de reivindicação

entre os valores de expressão das maiorias (Lima, 2003).

Atualmente a TO tem sido chamada a pensar sobre:

18

(...) qual a ação do terapeuta ocupacional diante do outro que vivencia a

desigualdade social que o coloca na situação de ser considerado como

inferior, desqualificado, desfiliado, excluído, o que gera profundo

sofrimento que se manifesta de diversas formas (Almeida e Castiglioni,

2005, p. 69).

Um desafio colocado para a TO é a busca do desejo das diferenças, que

almeja o bem não apenas de um grupo minoritário, mas uma modificação nas

relações entre as pessoas, alterando as relações de poder existentes. E não apenas a

tolerância da diferença, mas seu desejo, ao aceitar a diversidade que nos é própria

(Lima, 2003).

Essa mudança nos modos de se relacionar com o outro exige do profissional um

comprometimento com a luta pelos direitos das pessoas que atende e pelo pleno

reconhecimento de sua cidadania. Este, então, seria um compromisso ético-político

do (a) terapeuta ocupacional (Lima, 2003).

Mostra-se, também na TO uma compreensão de que para entender as reais

necessidades da pessoa é necessário estar em seu meio, entendê-lo, verificar as

possibilidades de suas redes de relações, ou seja, das pessoas próximas, dos

movimentos sociais, organizações e instituições existentes no território, a quem a

pessoa pode recorrer e estabelecer negociações.

Entendendo como território:

(...) espaço delimitado geograficamente, construído historicamente e com

relações socioeconômicas e culturais a desvendar. Nele podem-se

observar diferentes maneiras de existir, sonhar, viver, trabalhar e realizar

todas as trocas sociais possíveis (...) (Oliver, 1999, p. 5).

Faz-se necessário considerar as pessoas como sujeitos coletivos, presentes num

contexto, com possíveis demandas simultaneamente individuais e coletivas (Barros,

2004). E também, construir novas redes e possibilidades, juntamente com a pessoa

atendida, sempre em relação às pessoas e ao território em que se encontram (Barros

19

et al., 2002). Ainda, promover, não somente abertura de possibilidades para a pessoa,

mas para seu entorno, através da construção de negociações (Saraceno, 1999).

A ética em TO se coloca em todas as relações estabelecidas com a pessoa, na

medida em que estas relações significam nossa opção política e ética diante do outro,

que se encontra numa sociedade que segrega e pune o diferente. Não refletir sobre

esses elementos e reproduzir esse modo de se relacionar presente na sociedade é

realizar uma atenção perversa que continua a impor às singularidades, os valores

hegemônicos e segregadores da sociedade ocidental atual.

Lima (2003, 2006) expõe como um compromisso ético-político da TO refletir

sobre o que tem motivado a atuação, sobre como ela tem ressoado na população que

atende e coloca que isso poderia evitar uma atuação perversa. Entendemos que a

busca por um compromisso ético-político, constitua-se como objetivo a ser

perseguido, na atuação do (a) terapeuta ocupacional, nas esferas tanto da assistência,

quanto da pesquisa e do ensino.

Repensar a atuação, verificar o que ela tem produzido em nossa sociedade e na

população que atendemos, verificar se tem conseguido construir possibilidades da

pessoa estar no mundo, ressoam como estratégias para estabelecermos mudanças nas

relações humanas, visando relações de desejo à diferença e a transformação das

singularidades em lugares de direito (Lima, 2003).

1.5 Ensino de ética nas graduações em TO

Para vencer o desafio de formar um (a) profissional de TO que consiga, em meio

aos desafios éticos atuais, atuar de forma a promover a cidadania e atender às

necessidades da população, o ensino da ética deve se dar de forma complexificada,

20

ou seja, possibilitar que o profissional consiga identificar questões éticas em sua área

de atuação, tomar decisões frente a estas questões e empreender ações coerentes com

as decisões tomadas.

Para promover estas competências, estamos em concordância com Rego et al.

(2004) que propõe que o ensino da ética profissional tenha como método o uso de

discussões em grupo aliado a uma atitude do (a) docente de promoção de autonomia

das (os) estudantes, para que estes (as) desenvolvam sua capacidade de refletir

eficazmente. Sugere que se discutam casos que envolvam questões éticas, sempre

que possíveis reais, derivados da experiência dos alunos e do (a) docente.

Consideramos que os métodos de ensino em TO, embora não sejam objeto deste

estudo são de grande relevância para a promoção de discussões e apropriação dos

conteúdos, especialmente no ensino de ética profissional e merecem aprofundamento

em estudos futuros.

Entendemos que a formação em TO não deva se restringir a uma preparação

técnica, mas incluir uma formação crítica e ético-política, isso significa formar um

profissional que questione e produza novos conhecimentos, que desenvolva uma

atuação que não vise à adaptação do sujeito a realidade encontrada, mas que

questione esta mesma realidade e, aliando-se ao sujeito de sua intervenção, busque

produzir respostas à desigualdade social, ao desrespeito às diferenças, e às

dificuldades de acesso aos bens materiais e simbólicos freqüentemente vivenciadas

pela população que atende.

O Curso de TO da USP-SP, através da Reforma Curricular proposta em 2001,

realizou modificações para proporcionar uma formação em TO que, além das

ciências biológicas, se aproximasse das ciências humanas na tentativa de promover

21

uma visão mais complexificada da pessoa em seu contexto. Destacamos ainda que a

partir da Reforma Curricular, os alunos iniciam disciplinas práticas desde o 4º

semestre de sua formação, o que têm forjado evidentes repercussões sobre a

disciplina de ética profissional, uma vez que esta se constitui como fórum

privilegiado para a reapropriação de experiências vivenciadas durante a formação e a

reflexão sobre possíveis ações que estes alunos virão a empreender em seu futuro

profissional (Almeida e Castiglioni, 2005).

1.6 Justificativa para a escolha do tema

Entendemos a graduação em TO como etapa privilegiada da formação

profissional, uma vez que promove, através de disciplinas teóricas e práticas,

reflexão sobre possibilidades e limites da profissão. No que se refere aos desafios

éticos atuais relacionados à profissão, podemos supor que a graduação possa auxiliar

na antecipação e problematização de conteúdos e contribuir para a produção de ações

profissionais futuras mais comprometidas com as reais necessidades da população.

Nesse sentido nos propomos verificar se as (os) terapeutas ocupacionais

formados na USP-SP nos moldes atuais têm identificado desafios éticos que

envolvem o cuidado humano, seja na assistência, na pesquisa com seres humanos ou

no ensino, se têm produzido indagações e respostas a estes desafios e de que maneira

consideram que a formação profissional contribuiu, tanto para a identificação quanto

para a produção de respostas a estas questões éticas.

Dessa forma, nos propomos a confrontar informações relativas aos conteúdos

éticos oferecidos pelo Curso de graduação de TO da USP-SP e os desafios éticos

identificados por profissionais formados neste Curso. Esperamos, ao confrontar estas

22

informações, promover eventuais ajustes no ensino de ética oferecido pelo Curso e

conseqüentemente seu aprimoramento. Admitimos que a realidade vivenciada pelos

(as) profissionais participantes do estudo aproxime-se daquela habitualmente

vivenciada pelos (as) profissionais da TO em sua atuação.

Os resultados do presente relatório limitam-se às informações relativas aos

conteúdos éticos oferecidos pelo Curso de graduação de TO da USP-SP. Estas

informações foram obtidas junto às docentes do Curso de TO-USP-SP.

Em etapa posterior serão apresentados resultados relativos às informações que

estão sendo coletadas junto às (os) terapeutas ocupacionais atuantes nos âmbitos da

assistência e/ou pesquisa e/ou ensino (exceto docentes do Curso de TO-USP-SP), a

serem confrontados com resultados produzidos junto aos docentes. Admite-se, assim,

o estabelecimento de “Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas

vivenciadas por terapeutas ocupacionais”.

23

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Aprimorar o ensino de Ética em TO na USP-SP.

2.2 Objetivos específicos

Analisar informações relativas aos conteúdos éticos oferecidos pelo

Curso de graduação de TO da Universidade de São Paulo-SP;

Analisar informações relativas aos desafios éticos identificados por

profissionais formados neste Curso, nos moldes atuais;

Confrontar informações relativas aos conteúdos éticos oferecidos pelo

Curso de graduação de TO da Universidade de São Paulo-SP e os

desafios éticos identificados por profissionais formados neste Curso,

nos moldes atuais;

Sugerir propostas para possíveis ajustes dos conteúdos relativos à ética,

no Curso de graduação em TO da USP-SP, à realidade encontrada por

profissionais desta área em sua atuação.

24

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Tipo de pesquisa

Devido à complexidade dos objetivos e do objeto da pesquisa, optamos pela

investigação qualitativa, pois os dados qualitativos “(...) trazem para o interior da

análise, o subjetivo e o objetivo, os atores sociais e o próprio sistema de valores do

cientista, os fatos e os significados, a ordem e os conflitos” (Minayo, 1993, p.35).

Obtivemos dados de natureza qualitativa junto a uma das populações do estudo:

docentes do Curso de Terapia Ocupacional, através de estudo exploratório e

descritivo em três fases:

Figura 1 – fases do estudo

25

3.2 Populações do estudo

Encontra-se em andamento a coleta de informações junto a terapeutas

ocupacionais atuantes nos âmbitos da assistência e/ou pesquisa e/ou ensino (exceto

docentes do Curso de TO-USP-SP). Estas informações se centram nas questões

éticas com as quais se deparam profissionais da TO em sua atuação cotidiana. A

população alvo desta etapa do estudo corresponde aos seguintes critérios:

1. Terapeutas ocupacionais;

2. Formados pela USP – SP;

3. Com 1 ano ou mais de atuação;

Contato com as

(os) docentes

participantes

potenciais do

estudo

Análise e

discussão dos

resultados

Elaboração do

relatório final

Divulgação dos

resultados: para

os participantes

e em eventos e

publicações

científicas

Pesquisa

bibliográfica e

delimitação do

tema

Elaboração do

projeto

Eventual revisão

dos questionários

Estudo piloto:

aplicação de

questionários a

uma parcela da

população não

participante da

fase 2 do estudo

Envio dos

questionários

(com eventuais

modificações, a

partir do estudo

piloto) e do termo

de consentimento

Preenchimento e

devolução dos

questionários

preenchidos e

termos de

consentimento

assinados

26

4. Que tenham cursado a disciplina “MFT0111: Ética profissional” nos anos de

2004, 2005 e 2006;

5. Com atuação nos âmbitos da assistência e/ou pesquisa e/ou ensino (exceto

docentes do Curso de TO da USP-SP);

6. Com interesse expresso em termo de consentimento, em colaborar com o

estudo (Anexo A).

As informações referentes aos conteúdos éticos desenvolvidos no Curso de

TO da USP-SP foram obtidas junto a uma população em conformidade com os

seguintes critérios:

1. Terapeutas ocupacionais;

2. Docentes do Curso de TO na USP-SP;

3. Responsáveis por disciplinas dos ciclos pré-profissionalizantes e

profissionalizantes no Curso. Estas disciplinas envolvem as temáticas

seguintes: história e filosofia da terapia ocupacional, métodos e técnicas de

avaliação em TO, cinesiologia aplicada, fundamentos de TO em diferentes

áreas de atuação (saúde mental, saúde do idoso, saúde da pessoa com

deficiência, saúde da criança e adolescente em situação pessoal de risco),

práticas e estágios supervisionados;

4. Com interesse, expresso em termo de consentimento, em colaborar com o

estudo (Anexo A).

3.3 Coleta de dados

27

Optamos pelo uso de questionário como técnica para a coleta de informações. A

cada população correspondeu um questionário. Ambos foram compostos por

questões abertas. Estes têm como objetivo “apreender o ponto de vista dos atores

sociais previstos nos objetivos da pesquisa” (Minayo, 1993, p.99).

Elaboramos dois questionários que foram aplicados, em estudo piloto,

respectivamente a dois (as) terapeutas ocupacionais atuantes no âmbito da assistência

e/ou pesquisa e/ou ensino (exceto docentes do Curso de TO-USP) e dois (as)

docentes do Curso de TO-USP. O propósito deste estudo piloto foi verificar possíveis

problemas envolvendo os questionários e realizar eventuais ajustes. Os questionários

ajustados após estudo piloto foram incorporados na pesquisa e encontram-se em

anexo (Anexos B, C e D).

As pessoas que responderam ao questionário em estudo piloto não participaram

das fases subseqüentes da pesquisa.

Para as (os) terapeutas ocupacionais que atuam no âmbito da assistência e/ou

pesquisa e/ou ensino (exceto docentes da USP-SP), o roteiro versou sobre:

identificação de questões éticas na sua atuação; se estes (as) profissionais têm ou não

produzido respostas a estas questões; quais são estas respostas; se consideram que

estas respostas têm se mostrado adequadas; fatores facilitadores e inibidores de

respostas às questões éticas e se o Curso de graduação, com ênfase para a disciplina

“MFT0111 Ética Profissional”, os auxiliou na identificação de questões e/ou

produção de respostas (Anexo C). Estes (as) profissionais foram convidados ainda a

responder a algumas questões que visaram traçar breve perfil de sua atuação

profissional e formação continuada (Anexo B): informações que auxiliarão na

28

discussão acerca das questões éticas por eles identificadas e das respostas

eventualmente produzidas.

Para as (os) terapeutas ocupacionais docentes do Curso, o roteiro de questões

abertas versou sobre conteúdos relacionados à ética oferecidos pelas (os) mesmos em

disciplinas por eles ministradas, sobre sua percepção acerca da contribuição da

disciplina “MFT0111 Ética Profissional” para a formação ética dos (as) terapeutas

ocupacionais formados pelo Curso, articulações atualmente existentes ou possíveis

entre a (s) disciplina (s) sob sua responsabilidade e a disciplina “MFT0111 Ética

Profissional” (Anexo D).

Solicitamos ao “Serviço de Graduação do Departamento de Fisioterapia,

Fonoaudiologia e TO da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo”

formas de contato com as duas populações correspondentes aos critérios para a

participação no estudo. A solicitação foi acompanhada pela apresentação ao Serviço

de Graduação dos documentos comprobatórios da aprovação do estudo pelas

Comissões de pesquisa.

A partir das informações fornecidas as duas populações foram convidadas a

participar do estudo por telefone ou e-mail e as (os) que demonstraram interesse

receberam, por correio ou pessoalmente, questionário (Anexo B, C ou D) a ser

preenchido e termo de consentimento a ser assinado em duas vias (Anexo A).

Encontra-se em curso o reenvio, pelos terapeutas ocupacionais não docentes do

Curso de TO, dos termos de consentimento juntamente com o questionário a ser

preenchido. Quanto as docentes, preencheram o questionário, assinaram termo de

consentimento e os enviaram aos pesquisadores. O prazo inicial proposto para o

29

reenvio foi de 20 dias, no entanto foi necessário prorrogar o prazo com vistas a

garantir o maior número possível de participantes.

3.4 Forma de análise de resultados: análise de conteúdo dos questionários

Analisamos os questionários preenchidos pelas docentes para verificação do

alcance dos objetivos propostos pelo estudo. A análise foi realizada através da

análise de conteúdo, que

(…) em termos gerais relaciona estruturas semânticas (significantes) com

estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a

superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que determinam

suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural, controle e

processo de produção da mensagem (Minayo, 1993, p. 203).

Utilizamos a análise temática como técnica de análise de conteúdo, pois ela “(...)

consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja

presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado”

(Minayo, 1993, p. 209). Dessa forma, adotamos como eixo principal o tema “ética”.

Tomamos como referência para a análise de conteúdo, as variáveis previamente

definidas, correspondentes às questões contidas nos questionários, admitindo além

destas, variáveis não previstas. Discutimos as informações colhidas a partir do

referencial teórico adotado.

30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apresentaremos a seguir os resultados e a discussão produzidos a partir da

coleta de informações junto às docentes do Curso de TO-USP-SP. Em etapa posterior

serão apresentados aqueles relativos às (os) terapeutas ocupacionais atuantes nos

âmbitos da assistência e/ou pesquisa e/ou ensino (exceto docentes do Curso de TO-

USP-SP). Admite-se que “Diálogos entre o ensino de ética e as questões éticas

vivenciadas por terapeutas ocupacionais” serão produzidos a partir de relações

estabelecidas entre os resultados gerados junto as duas populações alvo do estudo.

4.1 Participantes “de fato” do estudo

Do total de 14 docentes do Curso, 3 docentes foram excluídas da “população

potencial participante da pesquisa”: 2 por terem participado de um estudo piloto para

pré-testar o instrumento e 1 por ser orientadora dessa pesquisa. Das 11 docentes da

“população potencial participante da pesquisa”, 4 docentes foram excluídas por não

responderem ao questionário, participando de “fato” da pesquisa, 7 docentes.

Utilizaremos letras do alfabeto para nos referirmos às docentes participantes:

A, B, C, D, E, F e G.

4.2. Resultados do estudo piloto: Pré-teste do questionário

Estudo piloto foi realizado junto a duas docentes do Curso de TO-USP-SP com

a finalidade pré-testar o questionário a ser aplicado às docentes participantes da

31

pesquisa e promover eventuais ajustes ao mesmo. Em linhas gerais, a partir do estudo

piloto, o questionário sofreu alterações relativas à clareza e concisão.

No quadro 1 apresenta-se as questões do questionário ajustado (Anexo D)

aplicado às docentes participantes da pesquisa, variáveis e siglas correspondentes.

Quadro 1 – Questões, variáveis e siglas correspondentes.

QUESTÕES VARIÁVEIS SIGLAS

Desenvolve conteúdos relacionados à

ética em disciplinas sob sua

responsabilidade?

Conteúdos éticos

desenvolvidos em disciplinas

do Curso (exceto disciplina

de Ética Profissional)

Ceod

Há perspectivas de mudanças em

relação aos conteúdos relativos à ética

nas disciplinas que ministra?

Perspectivas de mudança em

relação aos conteúdos éticos

desenvolvidos em disciplinas

do Curso (exceto disciplina

de Ética Profissional)

PMCEod

Avalia que a disciplina “MFT0111 –

Ética Profissional” contribua para a

formação ética dos (as) profissionais

formados pelo Curso de Terapia

Ocupacional da USP-SP? Segue em anexo

a ementa da disciplina salientando-se que esta

corresponde ao que é desenvolvido atualmente.

Contribuições da disciplina de

Ética Profissional

Cde

Identifica articulações atuais ou

possíveis entre a (s) disciplina (s) sob

sua responsabilidade e a disciplina

“MFT0111 – Ética Profissional?”

Articulações atuais entre a

disciplina de Ética

Profissional e outras

disciplinas

AAdeod

Articulações possíveis entre a

disciplina de Ética

Profissional e outras

disciplinas

APdeod

32

4.3 Resultados da análise de conteúdo dos questionários

A partir de análise temática de conteúdo das respostas produzidas pelos

“participantes de fato da pesquisa” - foram extraídas variáveis - previstas e não

previstas no estudo – e categorias correspondentes. No anexo E apresenta-se quadro

com frases ilustrativas para cada variável.

Os resultados da análise temática de conteúdo serão apresentados para cada

uma das variáveis identificadas.

Quadro 2 – Variável Ceod e categorias correspondentes

Variável Ceod Categorias

As disciplinas

ministradas

contribuem para a

formação ética ao:

Desenvolver a eticidade na relação entre

profissional e pessoa atendida

Desenvolver a alteridade na relação entre

profissional e pessoa atendida

Favorecer o desenvolvimento da atividade

profissional no contexto do sistema de saúde

brasileiro

Fomentar reflexões e questionamentos

éticos, compartilhamento e debates em torno

destes questionamentos

Fomentar discussões sobre a bioética das

situações limite ou de fronteira

Fomentar discussões sobre a bioética

cotidiana

Desenvolver conteúdos relacionados à ética

geral

Verificamos que a totalidade das docentes participantes avalia que existem

conteúdos relativos à ética em suas disciplinas, seja na forma de conteúdos previstos

33

ou através do fomento de discussões e debates a partir de questionamentos éticos

trazidos por estudantes.

O “desenvolvimento da eticidade na relação entre profissional e pessoa

atendida” foi relatado por 3 docentes como conteúdo essencial em suas disciplinas.

Feuerwerker (2003) expõe elementos essenciais para a que a ética esteja presente na

atuação profissional:

A ampliação da compreensão sobre saúde e saber médico é fundamental

para a transformação das práticas clínicas. Essa mudança implica o

reconhecimento contextualizado da realidade do outro, a pessoa a ser

cuidada – contextualização cultural, social e ética (p. 23).

Verificamos também que 4 docentes relataram “desenvolver a alteridade na

relação profissional e pessoa atendida”, sendo muitos os elementos citados: 2 citaram

a importância da escuta cuidadosa; 3, a abertura para o outro e o respeito às

diferenças; 1, a potencialização da vida; 1, a potencialização da ação e do cuidado e 1

relatou a necessidade de transformação das relações de poder entre terapeuta e pessoa

atendida.

“Nessas disciplinas a experiência da alteridade toma o primeiro plano exigindo

uma reflexão ética acurada (G).”

“(...) qualquer que seja a disciplina ministrada, não tem como não relacionar

essa aproximação com o outro ao respeito, à abertura para diferentes valores, para

a escuta cuidadosa e a aceitação de diferentes formas de ver a vida (A).”

“Aborda-se questões referentes à trajetória da sociedade com relação à pessoa

com deficiência: do extermínio à inclusão. Bem como o encadeamento de fenômenos

ligados à deficiência (...) – estigma, estereótipo, preconceito (...) sensibilizar o aluno

para o trabalho com as diferentes populações/demandas a partir dos primeiros

contratos e intervenções (E).”

34

“A relação de poder na relação terapeuta-paciente, por exemplo, é tematizada

em todas as disciplinas que ministro (C).”

Podemos inferir que as docentes citadas buscam contribuir para a formação de

profissionais voltada para o cuidado humano e para a relação interpessoal através da

alteridade, visto que há preocupação em formar profissionais que possam olhar a

outra pessoa, preocupar-se com ela, responsabilizar-se e enxergá-la como sujeito

(Zoboli, 2003). Nesse sentido, é essencial para o futuro profissional o

Reconhecimento de que as pessoas sob atenção e cuidado são sujeitos

integrais, inteiros – com vontade própria, desejos e direitos – que

precisam ser escutadas e que podem ter uma participação ativa no

processo de cuidado (Feuerwerker, 2003, p. 23).

O desejo das diferenças defendido por Lima (2003) tem sido referido pelas 4

docentes citadas com base nas disciplinas por elas ministradas, no sentido de que as

relações humanas baseadas na desigualdade e discriminação têm sido

problematizadas e consideradas uma questão ética, o que aponta para o desejo de

mudança nas relações entre humanos pautadas no poder. Ainda, Lima (2006) aponta,

assim como uma das docentes citadas, para a potencialização da vida, ou seja, para

uma atuação que se faça além da manutenção do corpo biológico, ou como traz

Saraceno (1999) produza abertura de possibilidades para a pessoa e para seu entorno.

Uma docente cita a potencialização da ação e do cuidado e de acordo com Sawaia

(2004):

Potencializar (...) significa atuar, ao mesmo tempo, na configuração da

ação, significado e emoção, coletivas e individuais (...) Potencializar

pressupõe o desenvolvimento de valores éticos na forma de sentimentos,

desejos e necessidades (...) (p. 113-4).

Com relação ao sistema de saúde brasileiro, 1 docente afirma:

35

“(...) discuto, particularmente na disciplina que aborda o sistema de saúde

brasileiro, a posição do futuro profissional no que diz respeito à sua atividade de

trabalho nesse contexto (C).”

A relação profissional de saúde e serviços de saúde foi estudada por Mendes e

Caldas (2001). Estes autores observaram que

(...) as relações entre profissionais e serviços estão prejudicadas por

condições de trabalho nem sempre adequadas, problemas de capacitação

profissional, baixa remuneração, e de relacionamento conflituoso, que

podem decorrer de limitações impostas à sua prática pelas políticas de

contenção de custos, pelo modo como os serviços estão estruturados e

concepções dos profissionais acerca do seu papel e dos demais, com

repercussões na acessibilidade aos serviços e no atendimento igualitário e

integral dos usuários (p. 24-5).

Coloca-se ainda que a fim de que a atenção nos serviços públicos de saúde

favoreça a implementação do SUS é imprescindível que se altere a percepção de

profissionais de saúde com relação à tentativa de oferecer um sistema público e

universal de saúde, pois

A forte influência da ideologia liberal sobre os profissionais acaba por

propiciar posicionamentos contrários aos princípios do SUS, sob a

argumentação de que é impossível para o país financiar uma assistência

de saúde igualitária e universal. Assim, vai sendo disseminada a idéia de

que a solução do problema pode ser conseguida adotando-se modelo

semelhante ao sistema dos Estados Unidos, em que o Estado se restrinja

auxiliar os que não podem ter acesso aos serviços privados (Mendes,

Caldas, 2001, p. 25).

A busca pela alteração da percepção da saúde como produto a ser consumido

em direção a noção da saúde como direito, pelos (as) futuros (as) profissionais, exige

que, enquanto estudante, este (a) desenvolva uma postura crítica com relação ao atual

estado de desenvolvimento do SUS e ao mesmo tempo possa dedicar-se à completa

implementação do sistema. Essa mudança de percepção é essencial, pois atualmente

Os profissionais mostram-se pessimistas em relação à perspectiva de

melhoria do sistema. Entendem que universalidade, igualdade, justiça, e

atendimento integral são condições ideais, mas que as possibilidades para

conquistá-las são muito limitadas ou inexistentes (...) Verifica-se, ainda,

que os profissionais não se vêem como sujeitos de um processo de

mudanças, demonstrando sentirem-se excluídos do sistema, mesmo

36

estando desempenhando funções de coordenação e gerência dos serviços

de saúde (...) (Mendes, Caldas, 2001, p. 25).

Pessini e Barchifontaine (2002) colocam que a questão dos recursos humanos é

um dos desafios para implementação do SUS, visto que os profissionais e técnicos

possuem qualificação precária e são alvos de muitas reclamações. Fortes (1998)

discute que a desumanização das relações entre profissionais de saúde e usuários tem

sido uma das maiores causas de denúncia contra estes profissionais. A formação de

novos profissionais capacitados para alterar o contexto atual dos serviços e da

atenção à saúde coloca-se como uma questão ética na medida que é direito da

população receber atendimento adequado de saúde e inclusive é direito também dos

(as) profissionais trabalharem em condições adequadas. Dessa forma, faz-se

necessário formar profissionais que diante desse quadro possam promover mudanças

em direção à implementação de uma atenção à saúde digna e competente.

Quanto às questões relacionadas ao contexto atual do sistema de saúde, Mendes

e Caldas (2001) defendem que “(...) A reflexão ética deve preceder a formulação de

políticas sociais para que sejam justas e considerem todos os seres humanos

merecedores de direitos, entendendo o direito a saúde como de inequívoca

responsabilidade do Estado (p. 26).”

“O desenvolvimento de reflexões e o fomento de discussões éticas, através de

questionamentos trazidos por estudantes do Curso”, foi referido por 3 docentes. Cabe

ressaltar que 1 destas docentes colocou as práticas e estágios supervisionados como

estratégia essencial para promover questionamentos éticos:

“(...) é sobretudo nas disciplinas de Práticas e Estágios Supervisionados que

as questões éticas se colocam de forma efetiva para os alunos, quando se deparam

com as pessoas atendidas, sua vida, sua realidade. (G)”

37

A questão trazida por esta docente está em consonância com o entendimento de

que

Os contextos, os conflitos de convivência e de trabalho devem ser o pano

de fundo do ensino e da aprendizagem da ética, sobre o qual os alunos e

os professores estabelecem o diálogo. As experiências reais e diretas da

vida coletiva e do processo de trabalho em saúde são os contextos em que

o ensino e a aprendizagem da Ética se dão de maneira mais eficaz

(Ferreira e Ramos, 2006, p. 330).

Ainda, a promoção de reflexões, questionamentos e discussões, estão de acordo

com uma ética isenta da moral, visto que segundo Fortes (1998), a ética pode ser

considerada como produtora de indagações e não de definições do que é certo ou

errado.

O “fomento às discussões sobre a bioética das situações limite ou de fronteira1”

foi relatado por 1 docente que afirma contribuir para a ocorrência de debates sobre

“(...) os limites de algumas situações clínicas e em situações polêmicas tais

como a distinção entre princípios éticos e religiosos, a discussão dos direitos ao

aborto, à eutanásia, à clonagem, ao experimento com animais (que recebem

tratamentos diferenciados pelas diferentes sociedades e países) (F).”

O “fomento às discussões sobre a bioética cotidiana2” foi citado por 4 docentes.

Este envolveu os compromissos éticos do profissional de saúde, o debate em torno

das conseqüências sociais do avanço da tecnologia, o estigma que envolve a

1 Segundo Garrafa, a bioética das situações limites ou de fronteira envolvem, por exemplo "(…)

fecundações assistidas, transplante de órgãos, eutanásia ou aborto (…)", onde "(…) existem enormes

dificuldades que vão do jurídico ao ético e vice-versa, tanto no que se refere à elaboração de normas

adequadas, como para sua própria aprovação legal (Garrafa, 1995, p. 28)." 2 Segundo Garrafa, a bioética cotidiana é entendida de forma ampliada envolvendo além dos

comportamentos e as idéias de cada pessoa, também as "(…) situações de exclusão social, o racismo

as desigualdades de gênero (com a discriminação da mulher no setor laboral, por exemplo), a fome, a

miséria, a disseminação das drogas, as situações de completo abandono às quais são submetidas

milhões de crianças e idosos em todo o mundo, a questão indígena e tantas outras circunstâncias que

ocupam diariamente grande espaço da imprensa de todo o mundo (Garrafa, 1995, p. 26-7)."

38

deficiência, o sigilo profissional, o cuidado com o fazer e a produção da pessoa ao

lado e as questões éticas presentes nos

“(...) problemas que envolvem as populações tradicionalmente atendidas por

TOs: exclusão social, violência, falta de oportunidades e acesso a direitos sociais,

entre outros. (C)” .

O fim a que a bioética se ocupa, ou seja, defender a vida em seu sentido mais

amplo possível (Pessini et al., 2002) tem sido um conteúdo tratado por 5 das 7

docentes participantes. E, muitos temas presentes na bioética cotidiana referem-se ao

olhar apurado para o contexto das pessoas, que como afirma Barros (2004)

evidenciam demandas individuais e também coletivas.

A história de extermínio e exclusão das pessoas com deficiência possibilitam

que estudantes possam construir opções políticas e éticas diante da outra pessoa ao

deparar-se com a exclusão e o sofrimento como produto da própria sociedade. Essas

reflexões têm a potência de evitar, como nos diz Lima (2003, 2006) uma atuação

perversa de imposição de valores hegemônicos de segregação às pessoas que

atendemos e de produzir uma sociedade onde a diferença tenha direito à vida e seja

desejável.

“Conteúdos relativos à ética geral” foram citados por 1 docente:

"Os conteúdos relativos à ética atravessam todas as disciplinas citadas. A

concepção filosófica do homem como ser social, histórico e criador. E toda uma

série de conceitos com as quais a ética trabalha como liberdade, necessidade, valor,

consciência, responsabilidade, generosidade, sociabilidade (E)."

A ética geral refere-se a questões comumente foco de estudo da filosofia e

Didaticamente costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois

campos: num, os problemas gerais e fundamentais (como a liberdade,

consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo, os problemas

39

específicos, de aplicação concreta, como os problemas da ética

profissional, de ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de

bioética, etc (Valls, 2006, p. 8).

Quadro 3 – Variável PMCEod e categorias correspondentes

Variável PMCEod Categoria

Com relação a

perspectivas de mudança

dos conteúdos éticos

ministrados:

Não há perspectivas de mudança

Não há perspectivas de mudança no momento

Há possibilidade de mudança

Com relação às perspectivas de mudança dos conteúdos éticos ministrados, 2

docentes referem não ter planos para alterar conteúdos relativos à ética em suas

disciplinas. Quatro, não tem planos no momento e apenas 1 prevê mudanças, visto

que os conteúdos por ela ministrados são flexíveis.

Docentes do Curso de Terapia Ocupacional parecem estar refletindo sobre a

formação e ajustando continuamente os conteúdos por elas oferecidos. Consideramos

que estes se relacionam ao que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)

propõe:

(...) as Escolas não poderão nem deverão ficar marginalizadas do debate

sobre equidade e a busca de formas organizativas da atenção que

combinem mecanismos solidários com a qualidade necessária para

atender às necessidades sociais e superar as diversas formas de

segmentação e exclusão social (OPAS1, 1992 abud Garrafa, 1995).

O que se evidencia ainda pela Reforma Curricular proposta em 2001:

O Curso de TO da USP procurou, com base nas Diretrizes Curriculares,

responder às necessidades de formação do terapeuta ocupacional, de

acordo com as novas tendências que compõem o campo. Migramos do

modelo biomédico, da prática de uma reabilitação voltada para a

adaptação do sujeito a uma realidade, em direção a um modelo em

construção, mais abrangente através do qual se busca compreender a

saúde em sua articulação com as ciências humanas e, a relação entre o

1 Organização Pan-Americana da Saúde. As transformações da profissão médica e sua influência

sobre a educação médica. Washington, D. C.; 1992.

40

sujeito e a realidade numa perspectiva dialética (Almeida e Castiglioni,

2005, p. 69).

Uma das docentes, embora afirme que não tenha perspectivas de mudança com

relação a conteúdos, refere perspectivas de mudança “(...) no sentido de encontrar

melhorares estratégias de ensino (...) (C).”

Ainda que Ferreira e Ramos reflitam sobre o ensino de ética em enfermagem,

julgamos serem suas afirmações apropriadas também para o ensino de ética aos

demais profissionais da saúde:

(...) conceitos relacionados à Ética e à Bioética são imprescindíveis e,

além disso, conceitos pedagógicos precisam ser amplamente discutidos

para a transformação da práxis (Ferreira e Ramos, 2006, p. 331).

Como tal a ética suscita constantes mudanças na forma como pensamos e

agimos, visto que ela pode ser considerada essencialmente como produtora de

indagações e reflexões críticas sobre valores, comportamentos e princípios (Fortes,

1998). Uma docente reflete esta idéia ao colocar que os conteúdos ministrados em

suas disciplinas são flexíveis.

Quadro 4 – Variável Cde e categorias correspondentes:

Variável Cde Categorias

A disciplina de Ética

Profissional contribui para

a formação ética ao:

Complementar conteúdos éticos vistos em

outras disciplinas do Curso

Garantir que conteúdos éticos sejam

abordados no Curso

Questionadas a cerca da contribuição da disciplina de Ética Profissional para

a formação ética no Curso, a totalidade das docentes afirma a contribuição da

mesma, sendo que 3 delas comentam suas afirmativas. Duas docentes relatam que a

disciplina contribui, pois

41

“(...) além de fornecer subsídios para o aprofundamento da discussão,

possibilita a troca de experiência entre os alunos que podem assim tomar contato

com a complexidade das questões que se colocam para o profissional da saúde no

contemporâneo, ajudando-os a deslocar-se de uma posição simplista e dicotômica

(G)."

E

“(...) instiga o aluno a refletir sobre sua ação profissional cotidiana, bem

como a sua postura pessoal diante de populações e instituições tão diversificadas

com as quais se depara durante o Curso. Contribui para a compreensão e respeito

das diferenças de valores, padrões de vida, preferências, regras sociais, saindo do

lugar de saber do terapeuta, compreendendo e valorizando as trocas possíveis entre

indivíduos, numa proposta de potencialização de forças e não de cisão entre poder e

submissão (A)."

Dessa forma, a disciplina de Ética Profissional, para as duas docentes citadas

tem a função de complementar conteúdos já abordados em outras disciplinas do

Curso, citados na variável CEod (Quadro 2).

A idéia da disciplina como complementar para a formação ética das (os)

futuros profissionais também é vista em um artigo de terapeutas ocupacionais do

Curso:

(...) a disciplina de „Ética Profissional‟ reúne e tem reforçado princípios

éticos fomentados durante toda a formação, configurando-se como „lócus‟

privilegiado para a consagração da relação entre o profissional e o outro

como uma relação entre sujeitos (Almeida e Castiglioni, 2005).

42

Outra docente refere que a disciplina tem um papel de garantir que certos

conteúdos éticos, caso não sejam oferecidos em outras disciplinas, sejam oferecidos

através da disciplina de Ética Profissional:

“Ter uma disciplina específica para Ética garante que determinados

conteúdos sejam realmente abordados no curso (F)."

Quadro 5 – Variável AAdeod e categorias correspondentes

Variável AAPdeod Categorias

A disciplina de Ética

Profissional e as outras

disciplinas do Curso se

articulam por:

Ser a disciplina de ética profissional base

para a formação

Serem complementares ao discutirem

conteúdos éticos semelhantes

Com relação às articulações atuais entre a disciplina de ética e as demais

disciplinas do Curso, verificamos que 1 docente entende a disciplina de Ética

Profissional como base para a formação. De acordo com Valls (2004) a ética é “(...)

entendida como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente

até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas (p. 7).”

Verificamos também que 5 docentes entendem que a articulação entre suas

disciplinas e a de Ética Profissional ocorre através da complementaridade dos

conteúdos éticos oferecidos, citados na variável CEod (Quadro 2).

"Sem dúvida, a articulação se dá no estudo das relações entre os homens (E)."

"A ética perpassa constantemente a formação dos alunos nas diferentes

disciplinas. Sua formação está diretamente relacionada com as formas de interação

entre TO e pacientes/usuários/…(A).”

Quadro 6 – Variável APdeod e categorias correspondentes

43

Variável Categorias

A disciplina de Ética

Profissional e as outras

disciplinas do Curso

poderiam se articular

melhor ao:

Construírem-se espaços de intercâmbio e

interlocução

Se conteúdos de ética profissional fossem

oferecidos ao longo do Curso

As articulações possíveis entre a disciplina de Ética Profissional e as demais

disciplinas do Curso são desejáveis por 3 docentes. Duas manifestam a necessidade

de construir espaços de intercâmbio e interlocução entre as disciplinas do Curso.

“Tanto as disciplinas teóricas (...) como as de práticas terapêuticas e estágios

poderiam ter espaços de interlocução com a disciplina de Ética (F).”

“Como proposta mais em curto prazo vejo que é possível incentivar o

intercâmbio de temas que aparecem nas diversas disciplinas, principalmente as das

práticas e estágios supervisionados onde os alunos já estão se experimentando como

profissionais, nos quais a ética é um dos princípios fundamentais nas relações

interpessoais, baseada no respeito mútuo (A).”

Duas docentes refletem sobre o momento em que a disciplina de Ética

Profissional é oferecida.

“(...) talvez fosse interessante ser dada em diferentes momentos do curso (E).”

“A dificuldade é conseguir um ponto comum de articulação já que as

disciplinas em questão são oferecidas em semestres diferentes (...) (F).”

Podemos verificar que a quase totalidade das docentes verifica a existência de

articulação entre suas disciplinas e a disciplina de Ética Profissional, com base nos

conteúdos ministrados. Contudo, duas docentes constatam que essa articulação

poderia ser aprofundada e outras duas, identificam dificuldades para que articulações

44

ocorram, visto que a disciplina é dada apenas em um momento do Curso. Essa

dificuldade advinda do ensino de ética concentrado em uma disciplina foi um dos

elementos de estudo de Figueira et. al. (2004) que chegaram à conclusão de que

(...) quanto antes se introduzir no currículo médico a reflexão sobre

aspectos éticos e deontológicos, maior será a possibilidade da apreensão e

reflexão sobre o tema pelos jovens acadêmicos, e esta parece ser a

variável mais importante visando a melhoria do ensino-aprendizado nesta

área. Da mesma forma, isto aponta para um ensino de ética pulverizado, e

desta forma passível de ser discutido por vários profissionais em

momentos variados do curso, e não mais concentrado numa única

disciplina de Ética Médica (p. 141).

Ainda, em outro estudo:

Partindo-se do princípio de que o objetivo do ensino da Ética é o

desenvolvimento moral1 do aluno, observa-se que uma única disciplina

não consegue oferecer todos os recursos necessários para que tal meta

seja atingida, pois estamos falando de um processo de longo prazo,

complexo e abrangente (Ferreira e Ramos, 2006, p. 329).

Colocamos em evidência a orientação da lei para o ensino de ética no ensino

fundamental, que ao nosso ver pode servir para reflexão sobre o formato do ensino

de ética em nosso Curso e nos demais cursos ocupados do cuidar humano:

De acordo com a lei educacional brasileira (9394/96) a Educação Moral

deve ser ensinada como Tema Transversal. Não há uma disciplina

especial para este assunto na escola. Educação Moral é chamada Ética e

deve ser aprendida por meio de todas as disciplinas escolares. (...) A

Prática de Educação Moral é indicada como ética devido à nova

denominação utilizada pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB, Lei nº 9394

(BRASIL, 1996). Além disso, a determinação legal, explicitada pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) - PCN, indica que o ensino de

Ética seja realizado por meio de Temas Transversais (Lins et. al., 2007, p.

255-7).

Ferreira e Ramos (2006) apontam estratégias para a concretização de um

ensino de ética que acompanhe toda a graduação, de forma planejada, dialogada e

formalizada no currículo:

1 Entendemos que o termo “desenvolvimento moral” é por nós compreendido como “desenvolvimento

ético”, conforme discutido no item 1.2 de nosso estudo.

45

Uma das estratégias sugeridas para a inclusão do ensino da Ética na

elaboração dos currículos é a abordagem transversal, ou seja, as diversas

áreas curriculares devem planejar atividades para a educação moral1. A

educação para a formação ética como transversal, inserida em todas as

disciplinas/módulos/unidades de um currículo não exime os educadores

de pensarem em metodologias específicas e estratégias de ensino que

promovam a reflexão dialógica. A transversalidade do ensino da Ética não

pode recair em atividades desordenadas e ocasionais. O currículo, em sua

totalidade, precisa conter um planejamento desse ensino do primeiro ao

último ano: orientado por uma proposta suficientemente precisa e

convenientemente seqüenciada de objetivos e desempenhos a serem

alcançados, de conteúdos referentes a fatos e articulados com o processo

de trabalho, além da práxis, procedimentos e valores (p. 329).

Ferreira e Ramos (2006) ressaltam ainda que:

A transversalidade do ensino da Ética / Bioética (...) deve ser produto de

um processo participativo, envolvendo ativamente professores, alunos,

profissionais da saúde e representantes dos usuários dos serviços de saúde

(p. 331).

Quadro 6 – Variáveis Não Previstas e categorias correspondentes

Variáveis Não Previstas Categorias

Fator dificultador na avaliação da

disciplina de Ética Profissional

Conhecimento superficial sobre a

disciplina de Ética Profissional

Fator que favoreceria as

contribuições para a formação

ética no Curso

Se a disciplina de Ética Profissional

tivesse mais créditos

Alterações previstas no método

de ensino sobre ética

Há planos de alteração do método

A seguinte fala ilustra a dificuldade de uma docente em avaliar as contribuições

da disciplina de ética profissional para a formação ética:

"Sim, acho a disciplina essencial. Porém, como é oferecida em período no qual

já não estou em contato direto com os alunos, não consigo perceber mais claramente

sua influência (C)."

1 Entendemos que o termo “educação moral” é por nós compreendido como “educação ética”,

conforme discutido no item 1.2 de nosso estudo.

46

Através do presente estudo foi possível identificar a importância da construção

de espaços de intercâmbio e interlocução entre as disciplinas do Curso de graduação

como uma das alternativas possíveis para estabelecer ou ampliar articulações entre a

disciplina de Ética Profissional e as demais disciplinas do Curso. Consideramos que

estes espaços poderão ter como propósito, não somente relacionar a disciplina de

ética com as demais disciplinas, mas articular as disciplinas umas com as outras,

favorecendo, desta forma, o acompanhamento pelos docentes, do conjunto das

disciplinas que não sejam por eles ministradas. Vale ressaltar que pesquisas como

esta - que buscam valorizar e divulgar resultados referentes ao ensino - poderão

favorecer o intercâmbio entre disciplinas dentro dos Cursos de graduação.

A questão da quantidade de créditos da disciplina de Ética Profissional é trazida

por uma docente:

"(...) com apenas dois créditos, a disciplina corre riscos. Quando ministrei essa

disciplina, avaliamos (eu e as turmas) que talvez fosse interessante ser dada em

diferentes momentos do curso (E)."

A fala da docente corresponde ao que refere Figueira et. al. (2004). Segundo os

autores o tempo de exposição e o contato com o tema durante o curso médico

possivelmente apresenta influência na aquisição de conhecimentos em Ética Médica.

Outra docente faz emergir a questão do método de ensino:

"Não tenho planos para alterar conteúdos de minhas disciplinas. As alterações

têm ocorrido no sentido de encontrar melhores estratégias de ensino, mas não

mudanças de conteúdo (C)."

Métodos de ensino-aprendizagem tem sido objeto de estudo de vários autores

(Rego et al., 2004; Figueira et. al., 2004; Ferreira e Ramos, 2006; Lins et. al., 2007;

47

Brasil, 2007) e embora a busca de melhores métodos de ensino não seja o foco de

nosso estudo, concordamos com um ensino de ética que instigue à aprendizagem e

coloque a (o) estudante como sujeito deste processo:

O processo de educação de adultos pressupõe a utilização de

metodologias de ensino-aprendizagem que proponham concretamente

desafios a serem superados pelos estudantes, que lhe possibilitem ocupar

o lugar de sujeitos na construção do conhecimento, participando da

análise do próprio processo assistencial em que estão inseridos e que

coloquem o professor como facilitador e orientador desse processo

(Brasil, 2007, p.23).

E, que seja um ensino “(...) baseado, majoritariamente, na problematização em

pequenos grupos, ocorrendo em ambientes diversificados com atividades

estruturadas a partir das necessidades de saúde da população (Brasil, 2007, p.25).”

48

5 CONCLUSÃO

Ao examinar as respostas das docentes podemos concluir que, em

consonância com a Reforma Curricular do Curso proposta em 2001, este tem

proporcionado uma visão complexificada da pessoa humana.

O Curso tem oferecido oportunidades de ensino-aprendizagem de ética e

bioética além de normas da ética profissional ou deontológica. Isso tem ocorrido não

somente através da disciplina de Ética Profissional, mas de diversas disciplinas.

Ainda, algumas disciplinas do Curso, a semelhança da disciplina de Ética

profissional, têm favorecido debates, questionamentos e discussões relativas a

questões éticas.

Embora a formação em TO no Curso contemple conteúdos éticos essenciais,

as contribuições trazidas pelas docentes sugerem uma revisão no ensino de ética

oferecido. Estas apontam que o desenvolvimento de conteúdos de ética profissional

não se reserve a uma única disciplina. Indicam que estes conteúdos seriam

desenvolvidos de forma mais adequada se ocorressem ao longo de toda a formação

de maneira pulverizada, acompanhando e favorecendo a reflexão sobre experiências

vivenciadas em disciplinas práticas e estágios. A criação de espaços de interlocução é

apontada como uma estratégia para melhorar articulação entre disciplinas.

O questionamento referido acerca da revisão dos métodos para o ensino de

ética mostra-se relevante. Consideramos que novas pesquisas devam ser realizadas

para responder a indagações desta natureza.

49

Esperamos que estes resultados possam orientar discussões que tenham como

objetivo o aprimoramento do ensino de ética em TO e em outras profissões ocupadas

do cuidar humano.

50

6 ANEXOS

51

ANEXO A - Termo de consentimento Livre e Esclarecido

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CAIXA POSTAL, 8091 – SÃO PAULO - BRASIL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

____________________________________________________________

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU

RESPONSÁVEL LEGAL

1. NOME DO PACIENTE (Sujeito da Pesquisa)...............................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ...................................... SEXO: M Ž F Ž

DATA NASCIMENTO:......../......../......

ENDEREÇO................................................................................................... Nº.............

BAIRRO:...................................................... CIDADE........................... APTO:.............

CEP:.............................................. TELEFONE: (......)..................................

2. RESPONSÁVEL LEGAL...............................................................................................

NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.).....................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE:.............................................. SEXO: M Ž F Ž

DATA NASCIMENTO:....../......./......

ENDEREÇO.................................................................................................. Nº..............

BAIRRO:...................................................... CIDADE........................... APTO:.............

CEP:............................................... TELEFONE: (......)..................................

____________________________________________________________

II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Diálogos entre ensino de ética e as

questões éticas vivenciadas por terapeutas ocupacionais

PESQUISADORA: Maria Helena Morgani de Almeida

CARGO/FUNÇÃO: Docente do Curso de Terapia Ocupacional da USP

INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 1627-TO

UNIDADE DO HCFMUSP: Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e

Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

2. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

SEM RISCO ( ) RISCO MÍNIMO ( X )

RISCO MÉDIO ( ) RISCO MAIO ( )

RISCO BAIXO ( )

52

(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou

tardia do estudo)

3. DURAÇÃO DA PESQUISA: fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008

III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO SUJEITO

DA PESQUISA:

1. Justificativa e os objetivos da pesquisa

As (os) profissionais que se ocupam do cuidar humano, dentre eles o (a)

terapeuta ocupacional, necessitam de uma formação que os auxilie na identificação e

produção de respostas às questões éticas atuais.

Nos propomos a confrontar informações relativas aos conteúdos éticos

oferecidos pelo Curso de graduação de terapia ocupacional da Universidade de São

Paulo-SP e os desafios éticos identificados por profissionais formados neste Curso

em sua atuação profissional. Admitindo que a realidade vivenciada pelos

participantes do estudo aproxime-se daquela habitualmente vivenciada pelos demais

profissionais da terapia ocupacional, esperamos promover, através do presente

estudo, eventuais ajustes no ensino de ética pelo Curso e, conseqüentemente, seu

aprimoramento.

2. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação

dos procedimentos que são experimentais

A (o) convidamos a participar do estudo por compor uma das seguintes

populações alvo:

1) terapeutas ocupacionais que atuam no âmbito da assistência e/ou pesquisa

e/ou ensino há pelo menos 1 ano, não docentes do Curso de Terapia Ocupacional,

formados pelo USP-SP, que tenham cursado a disciplina de “MFT0111: Ética

profissional” nos anos de 2004, 2005 e 2006, que residam ou atuem no município de

São Paulo, ou

2) terapeutas ocupacionais docentes do Curso de terapia ocupacional da USP-

SP, responsáveis por disciplinas dos ciclos pré-profissionalizantes e

profissionalizantes.

Com a primeira população verificaremos se: 1) identificam questões éticas na

sua atuação profissional; 2) se têm ou não produzido respostas a estas questões; 3)

quais são estas respostas; 4) se têm se mostrado adequadas; 5) fatores facilitadores e

inibidores de respostas às questões éticas e 6) se o Curso de graduação, com destaque

para a disciplina “MFT0111: Ética Profissional”, os auxiliou na identificação de

questões e/ou produção de respostas.

Com a segunda população levantaremos informações relativas: 1) aos conteúdos

éticos desenvolvidos em disciplinas por eles (as) ministradas, 2) a sua percepção

acerca da contribuição da disciplina “MFT0111: Ética Profissional” para a formação

ética dos (as) terapeutas ocupacionais formados pelo Curso, 3) a articulações

existentes ou possíveis entre a (s) disciplina (s) sob sua responsabilidade e a

disciplina “MFT0111: Ética Profissional”.

Para as duas populações haverá necessidade de preenchimento de um

questionário para coleta de dados. Estimamos um tempo aproximado de 30 minutos

para o preenchimento do mesmo. Solicitamos que preencha o questionário e o re-

envie num prazo de vinte dias, pelo correio ou pessoalmente, junto com uma via

assinada deste termo de consentimento. A outra via do termo de consentimento

permanecerá em sua propriedade.

53

3. Desconfortos e Riscos esperados

Há um risco avaliado como mínimo na participação desta pesquisa, pois ela

pode causar algum constrangimento e desconforto no preenchimento do questionário,

que poderá ser sanado através de orientação do pesquisador responsável.

4. Benefícios que poderão ser obtidos

Os resultados do projeto deverão provocar eventuais ajustes aos conteúdos

relativos ao ensino de ética no Curso de TO na USP, especialmente para a disciplina

“MFT011: Ética profissional”, além da possível reflexão sobre o tema em outros

Cursos de Terapia Ocupacional, de maneira a promover a adequação da formação

deste profissional às problemáticas encontradas no campo da ética na atualidade.

Consideramos que profissionais melhor preparados para o enfrentamento de questões

éticas contribuem para o seu enfrentamento pelas equipes e serviços das quais façam

parte. Compartilharemos os resultados da pesquisa, através do envio de cópias do

relatório final, em formato eletrônico e, caso não tenha endereço eletrônico,

enviaremos uma cópia impressa.

5. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo

Caso haja dificuldade para o envio de uma via do termo de consentimento

assinada e o questionário preenchido pelo correio, poderemos retirá-los em local de

sua conveniência.

____________________________________________________________________

IV - ESCLARECIMENTOS SOBRE GARANTIAS AO SUJEITO DA

PESQUISA:

1. acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios

relacionados à pesquisa, inclusive para solucionar eventuais dúvidas.

Colocamo-nos à sua disposição para prestar esclarecimentos sobre objetivos,

procedimentos, riscos e benefícios relacionados ao estudo.

2. liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de

participar do estudo, sem que isto traga qualquer prejuízo ao sujeito da pesquisa.

Sua participação é voluntária, podendo sair do estudo a qualquer momento,

sem que isso lhe cause qualquer prejuízo.

3. salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade.

Pretendemos divulgar os resultados deste estudo em eventos e publicações

científicas, mantendo seu nome em sigilo.

4. disponibilidade de assistência no HCFMUSP, por eventuais danos à saúde,

decorrentes da pesquisa.

Caso o preenchimento do questionário lhe cause desconforto ou

constrangimento, estes poderão ser sanados com orientação do pesquisador

responsável.

____________________________________________________________________

V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS

RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA

CONTATO EM CASO DE NECESSIDADE

Orientadora/Pesquisadora responsável: Maria Helena Morgani de Almeida

54

Pesquisadora executante: Maria Angélica Pereira

Curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP

Rua Cipotânea, 51. Cidade Universitária. Butantã. São Paulo – SP. CEP. 05083-160.

Tel: (011) 3091-7457 / 9998-7150 (celular Maria Helena)/ (11) 8658-4983 (celular

Maria Angélica)

____________________________________________________________________

VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo (a) pesquisador (a) e ter

entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de

Pesquisa.

São Paulo, de de 20 .

______________________________ _____________________________

assinatura do sujeito da pesquisa assinatura da pesquisadora

ou responsável legal (carimbo ou nome legível)

55

ANEXO B - Caracterização profissional dos terapeutas ocupacionais que atuam

na assistência e/ou ensino e/ou pesquisa (exceto docentes do Curso de Terapia

Ocupacional da USP-São Paulo)1

Há quanto tempo concluiu a graduação em terapia ocupacional?

____________________________________________________________________

Há quanto tempo exerce a profissão?

____________________________________________________________________

Em que esfera(s) de atuação atua (assistência; docência; pesquisa)?

____________________________________________________________________

Realiza ou realizou cursos de extensão, especialização, aprimoramento, mestrado ou

doutorado, após concluir formação em terapia ocupacional? Especifique.

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

1 Caracterização ajustada a partir do estudo piloto e incorporada na pesquisa.

56

ANEXO C - Questões para terapeutas ocupacionais que atuam na assistência

e/ou pesquisa e/ou ensino (exceto docentes do Curso Terapia Ocupacional da

USP-São Paulo)1

Questões éticas Identifica questões éticas em sua atuação profissional? Se sim, relacione nas linhas

abaixo as principais questões:

Questão 1

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Questão 2

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Questão 3

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Respostas às questões éticas e se têm se mostrado adequadas

Relacione nas linhas abaixo as respostas que tem produzido a cada uma das questões

éticas identificadas e se considera que elas têm se mostrado adequadas.

Questão 1

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Questão 2

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Questão 3

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Fatores relacionados à produção de respostas às questões éticas

1 Questionário ajustado a partir do estudo piloto e incorporado na pesquisa.

57

Relacione nas linhas abaixo os fatores facilitadores e/ou inibidores para a

produção de respostas a cada questão ética.

Questão 1

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Questão 2

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Questão 3

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Contribuição da graduação em TO, incluindo a disciplina “MFT0111: Ética

Profissional” (EMENTA EM ANEXO1) para a identificação de questões éticas e

para a produção de respostas a cada uma das questões.

Assinale no quadro abaixo, de que forma a graduação em TO, incluindo a

disciplina “MFT0111: Ética Profissional”, contribuíram para a identificação de

questões éticas e para a produção de respostas a cada uma das questões.

Quadro 1: De que forma a graduação em TO, incluindo a disciplina

“MFT0111: Ética Profissional”, contribuíram para a identificação de

questões éticas e para a produção de respostas a cada uma das questões.

Qu

estõ

es é

tica

s

iden

tifi

cadas

Contribuição da

graduação em

TO para a

identificação de

questões éticas

Contribuição da

disciplina “MFT0111:

Ética

profissional”

para a

identificação de

questões éticas

Contribuição da

graduação em

TO para a

produção de

respostas às

questões éticas

Contribuição da

disciplina “MFT0111:

Ética

profissional”

para a produção

de respostas às

questões éticas

MS

S

NN

I MI

MS

S

NN

I MI

MS

S

NN

I MI

MS

S

NN

I MI

1 A ementa da disciplina de Ética Profissional foi disponibilizada aos participantes do estudo em

material impresso anexado ao questionário a ser respondido por estes e encontra-se no Anexo F deste

relatório de pesquisa.

58

1 2 3

Legenda: MS = Muito Satisfatória; S = Satisfatória; NN = Nem satisfatória,

Nem insatisfatória;

I = Insatisfatória; MI = Muito Insatisfatória.

Comentários gerais e/ou sugestões referentes às contribuições da graduação em TO,

incluindo da disciplina “MFT0111: Ética Profissional”, para a formação ética do

TO.

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

59

ANEXO D – Questões para docentes do Curso de Terapia Ocupacional da USP-

São Paulo 1

1. Desenvolve conteúdos relacionados à ética em disciplinas sob sua

responsabilidade?

2. Há perspectivas de mudanças em relação aos conteúdos relativos à ética nas

disciplinas que ministra?

3. Avalia que a disciplina “MFT0111 – Ética Profissional” contribua para a

formação ética dos (as) profissionais formados pelo Curso de Terapia

Ocupacional da USP-SP? Segue em anexo a ementa da disciplina2 salientando-se

que esta corresponde ao que é desenvolvido atualmente.

4. Identifica articulações atuais ou possíveis entre a (s) disciplina (s) sob sua

responsabilidade e a disciplina “MFT0111 – Ética Profissional”?

Respostas e Comentários:

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

1 Questionário ajustado a partir do estudo piloto e incorporado na pesquisa.

2 A ementa da disciplina de Ética Profissional foi disponibilizada aos participantes do estudo em

material impresso anexado ao questionário a ser respondido por estes e encontra-se no Anexo F deste

relatório de pesquisa.

60

ANEXO E – Quadro com frases ilustrativas referentes às variáveis de análise

Variável Ceod - As disciplinas ministradas contribuem para a formação

ética ao:

Categorias Frases ilustrativas

Desenvolver a

eticidade na

relação entre

profissional e

pessoa atendida

"A ética perpassa constantemente a formação dos alunos

nas diferentes disciplinas. Sua formação está diretamente

relacionada com as formas de interação entre TO e

pacientes/usuários/…(A)"

"Prática Supervisionada I - Visa sensibilizar o aluno para o

trabalho com as diferentes populações/demandas a partir dos

primeiros contratos e intervenções (E)."

"Considero que ao introduzir o aluno no campo da terapia

ocupacional, com destaque para a caracterização da

problemática da população e a atuação da terapia ocupacional

frente a esta, trato constantemente das questões éticas

presentes na relação entre aquele que “assiste” e aquele

que é “assistido” (C)."

Desenvolver a

alteridade na

relação entre

profissional e

pessoa atendida

"Nas disciplinas (...) questões que envolvem o cuidado com

o fazer e a produção do outro, seja o colega, seja o futuro

paciente tem se colocado para os alunos. O mesmo

podemos dizer da disciplina de abordagens grupais na qual

discussões a cerca do manejo com grupos envolvem questões

tais como sigilo profissional, escuta e abertura para o

outro, respeito às diferenças, potencialização da vida. Mas

é sobretudo nas disciplinas de Práticas e Estágios

Supervisionados que as questões éticas se colocam de forma

efetiva para os alunos, quando se deparam com as pessoas

atendidas, sua vida, sua realidade. Nessas disciplinas a

experiência da alteridade toma o primeiro plano exigindo

uma reflexão ética acurada (G)."

"A ética perpassa constantemente a formação dos alunos nas

diferentes disciplinas. Sua formação está diretamente

relacionada com as formas de interação entre TO e

pacientes/usuários/…Assim, qualquer que seja a disciplina

ministrada, não tem como não relacionar essa

aproximação com o outro ao respeito, à abertura para

diferentes valores, para a escuta cuidadosa e a aceitação

de diferentes formas de ver a vida (A)."

61

"(...) desenvolvimento do nível individual inserido em um

espaço delimitado pelas relações e práticas sociais (...)

experimenta-se algumas abordagens que visam a potência

de ação e o cuidado (...) sem cindir corpo, mente, razão, e

emoção, objetivo, subjetivo. Buscando os nexos com o

pensamento, a memória, a linguagem, com o Outro (...)

debate sobre a tecnologia considerada um avanço, as

implicações sociais (...) que a tecnologia só tem sentido

quando está a serviço da vida, do ser humano e do meio

ambiente (...) Aborda-se questões referentes a trajetória da

sociedade com relação a pessoa com deficiência: do

extermínio à inclusão. Bem como o encadeamento de

fenômenos ligados à deficiência (...) – estigma, estereótipo,

preconceito (...) sensibilizar o aluno para o trabalho com

as diferentes populações/demandas a partir dos primeiros

contratos e intervenções. Por enquanto não. Os conteúdos

relativos à ética atravessam todas as disciplinas citadas. A

concepção filosófica do homem como ser social, histórico e

criador. E toda uma série de conceitos com as quais a

ética trabalha como liberdade, necessidade, valor,

consciência, responsabilidade, generosidade, sociabilidade

(E)."

"A relação de poder na relação terapeuta-paciente, por

exemplo, é tematizada em todas as disciplinas que

ministro (C)."

Favorecer o

desenvolvimento

da atividade

profissional no

contexto do

sistema de saúde

brasileiro

"A relação de poder na relação terapeuta-paciente, por

exemplo, é tematizada em todas as disciplinas que ministro.

Além desse aspecto, discuto, particularmente na disciplina

que aborda o sistema de saúde brasileiro, a posição do

futuro profissional no que diz respeito à sua atividade de

trabalho nesse contexto (C)."

Fomentar

reflexões e

questionamentos

éticos,

compartilhament

o e debates em

torno destes

questionamentos

"Ainda que o tema da aula não leve em seu nome a palavra

„ética‟, considero que sempre busco desenvolver junto aos

alunos reflexões éticas, na medida em que as entendo

quase sempre indissociáveis dos principais temas sobre a

prática profissional (C)."

"No caso das disciplinas que ministro a discussão sobre a

Ética aparece como decorrência natural de algum debate

ou estudo-de-caso que venha a acontecer, não havendo,

portanto, qualquer conteúdo específico previamente

determinado no programa da disciplina (F)."

62

"Apesar de ética não ser um conteúdo específico a ser

abordado nas disciplinas que ministro, questões éticas

estão sempre presentes e são trazidas pelos alunos nessas

disciplinas. Mas é, sobretudo nas disciplinas de Práticas e

Estágios Supervisionados que as questões éticas se

colocam de forma efetiva para os alunos, quando se

deparam com as pessoas atendidas, sua vida, sua

realidade (G)."

Fomentar

discussões sobre

a bioética das

situações limite

ou de fronteira¹

(Garrafa, 1995)

"A discussão ética, portanto, se dá em disciplinas teóricas,

práticas e em estágios, quando são discutidos os

compromissos éticos de um profissional da saúde, os limites

de algumas situações clínicas e em situações polêmicas tais

como a distinção entre princípios éticos e religiosos, a

discussão dos direitos ao aborto, à eutanásia, à clonagem,

ao experimento com animais (que recebem tratamentos

diferenciados pelas diferentes sociedades e países) (F)."

Fomentar

discussões sobre

a bioética

cotidiana²(Garra

fa, 1995)

"A discussão ética, portanto, se dá em disciplinas teóricas,

práticas e em estágios, quando são discutidos os

compromissos éticos de um profissional da saúde, os

limites de algumas situações clínicas e em situações

polêmicas tais como a distinção entre princípios éticos e

religiosos, a discussão dos direitos ao aborto, à eutanásia, à

clonagem, ao experimento com animais (que recebem

tratamentos diferenciados pelas diferentes sociedades e

países) (F)."

"Não consigo ministrar conteúdos que envolvam a

relação entre o terapeuta ocupacional e a população que

recebe sua atenção de forma descolada das questões éticas

do mundo contemporâneo. Para mim, desde a forma

como o estudante irá se relacionar com os saberes e seus

processos de desenvolvimento, seu posicionamento frente

à universidade e sua profissão - seus problemas e seu

conjunto de relações - até as percepção de si e a

possibilidade de compreender e lidar com a alteridade

como fenômeno constituído de maneira complexa e

contextualizada, são conteúdos que envolvem reflexões

éticas. Isso sem dizer, especificamente, de todos os

problemas que envolvem as populações tradicionalmente

atendidas por TOs: exclusão social, violência, falta de

oportunidades e acesso a direitos sociais, entre outros.

Não há como discuti-las anulando-se a reflexão ética (C)."

63

"O debate sobre a tecnologia considerada um avanço, as

implicações sociais (...) que a tecnologia só tem sentido

quando está a serviço da vida, do ser humano e do meio

ambiente (...) Aborda-se questões referentes a trajetória

da sociedade com relação a pessoa com deficiência: do

extermínio à inclusão. Bem como o encadeamento de

fenômenos ligados à deficiência (...) – estigma, estereótipo,

preconceito (...) (E)."

"Nas disciplinas (...) questões que envolvem o cuidado com

o fazer e a produção do outro, seja o colega, seja o futuro

paciente tem se colocado para os alunos. O mesmo

podemos dizer da disciplina de abordagens grupais na qual

discussões a cerca do manejo com grupos envolvem

questões tais como sigilo profissional, escuta e abertura para

o outro, respeito às diferenças, potencialização da vida (G)."

Desenvolver

conteúdos

relacionados à

ética geral

"Os conteúdos relativos à ética atravessam todas as

disciplinas citadas. A concepção filosófica do homem

como ser social, histórico e criador. E toda uma série de

conceitos com as quais a ética trabalha como liberdade,

necessidade, valor, consciência, responsabilidade,

generosidade, sociabilidade (E)."

"Sim, desenvolvo (D)."

"Sim (B)."

PMCEod - Com relação à perspectivas de mudança dos conteúdos éticos

ministrados:

Categorias Frases ilustrativas

Não há

perspectivas

de mudança

"Não (B)."

"Não tenho planos para alterar conteúdos de minhas

disciplinas. As alterações têm ocorrido no sentido de encontrar

melhorares estratégias de ensino, mas não mudanças de conteúdo

(C)."

Não há

perspectivas

de mudança

no momento

"No momento não tenho identificado qualquer necessidade de

mudança na forma com que os assuntos têm sido abordados (F)."

"No momento não (A)."

"No momento não há mudanças previstas (G)."

"Por enquanto não (E)."

possibilidade

de mudança

"Sim, pois os conteúdos são flexíveis e se alteram segundo as

características da classe de alunos e possibilidade de

aprofundamento no programa da disciplina e desempenho dos

alunos nas questões que emergem da prática profissional (D)."

Cde - A disciplina de Ética Profissional contribui para a formação ética ao:

Categorias Frases ilustrativas

64

Complementar

conteúdos

éticos vistos

em outras

disciplinas do

Curso

"Acredito que a disciplina tenha a sua contribuição uma vez que

instiga o aluno a refletir sobre sua ação profissional

cotidiana, bem como a sua postura pessoal diante de

populações e instituições tão diversificadas com as quais se

depara durante o Curso. Contribui para a compreensão e

respeito das diferenças de valores, padrões de vida,

preferências, regras sociais, saindo do lugar de saber do

terapeuta, compreendendo e valorizando as trocas possíveis

entre indivíduos, numa proposta de potencialização de forças e

não de cisão entre poder e submissão (A)."

"Me parece que as questões éticas que emergem nas

experiências dos estágios necessitam de um local apropriado

que as focalize e aprofunde. Neste sentido considero que a

disciplina Ética Profissional tem uma importante missão na

formação dos estudantes de TO da USP pois, além de fornecer

subsídios para o aprofundamento da discussão, possibilita a

troca de experiência entre os alunos que podem assim tomar

contato com a complexidade das questões que se colocam

para o profissional da saúde no contemporâneo, ajudando-

os a deslocar-se de uma posição simplista e dicotômica (G)."

Garantir que

conteúdos

éticos sejam

abordados no

Curso

"Ter uma disciplina específica para Ética garante que

determinados conteúdos sejam realmente abordados no

curso (F)."

"Sim (B)."

"Sim, sem dúvida (D)."

"Sim, acho a disciplina essencial (C)."

"Contribui (…) (E)."

AAdeod - A disciplina de Ética Profissional e as outras disciplinas do Curso

se articulam por:

Categorias Frases ilustrativas

Ser a

disciplina de

ética

profissional

base para a

formação

"A disciplina de Ética Profissional por se tratar de um

conhecimento que é base para a formação da TO, articula-se

com todas as disciplinas sob minha responsabilidade (B)."

65

Serem

complementa

res ao

discutirem

conteúdos

éticos

semelhantes

"Não consigo ministrar conteúdos que envolvam a relação

entre o terapeuta ocupacional e a população que recebe sua

atenção de forma descolada das questões éticas do mundo

contemporâneo. Para mim, desde a forma como o estudante irá

se relacionar com os saberes e seus processos de

desenvolvimento, seu posicionamento frente à universidade e sua

profissão - seus problemas e seu conjunto de relações - até as

percepção de si e a possibilidade de compreender e lidar com a

alteridade como fenômeno constituído de maneira complexa e

contextualizada, são conteúdos que envolvem reflexões éticas.

Isso sem dizer, especificamente, de todos os problemas que

envolvem as populações tradicionalmente atendidas por TOs:

exclusão social, violência, falta de oportunidades e acesso a

direitos sociais, entre outros. Não há como discuti-las anulando-

se a reflexão ética (C)."

"A ética perpassa constantemente a formação dos alunos nas

diferentes disciplinas. Sua formação está diretamente

relacionada com as formas de interação entre TO e

pacientes/usuários/…Assim, qualquer que seja a disciplina

ministrada, não tem como não relacionar essa aproximação com o

outro ao respeito, à abertura para diferentes valores, para a escuta

cuidadosa e a aceitação de diferentes formas de ver a vida (A)."

Articulações possíveis: relação terapeuta-paciente; relação

interdisciplinar; prática clínica; inserção profissional;

responsabilidade profissional; aspectos filosóficos das questões

éticas (D).

"Sem dúvida, a articulação se dá no estudo das relações entre

os homens (E)."

"(...) é sobretudo nas disciplinas de Práticas e Estágios

Supervisionados que as questões éticas se colocam de forma

efetiva para os alunos, quando se deparam com as pessoas

atendidas, sua vida, sua realidade. Nessas disciplinas a

experiência da alteridade toma o primeiro plano exigindo uma

reflexão ética acurada. (...) Identifico articulações, sobretudo,

com as disciplinas de formação prática, embora geralmente os

alunos cursem a disciplina de Ética quando já passaram pela

Prática Supervisionada que está atualmente sob minha

responsabilidade (G)."

APdeod - A disciplina de Ética Profissional e as outras disciplinas do Curso

poderiam se articular melhor:

Categorias Frases ilustrativas

66

Ao

construírem-

se espaços

de

intercâmbio

e

interlocução

"A discussão ética deve (ou deveria) estar presente nas diferentes

disciplinas de um curso graduação. (...) Articulações

interdisciplinas são sempre importantes e devem ser fomentadas.

Tanto as disciplinas teóricas (...) como as de práticas terapêuticas

e estágios poderiam ter espaços de interlocução com a

disciplina de Ética. A dificuldade é conseguir um ponto comum

de articulação já que a disciplinas em questão são oferecidas em

semestres diferentes e como a matrícula é por disciplina é difícil

garantir até que alunos da mesma série venham a cursar

concomitantemente as mesmas disciplinas (F)."

" Como proposta mais em curto prazo vejo que é possível

incentivar o intercâmbio de temas que aparecem nas diversas

disciplinas, principalmente as das prática e estágios

supervisionados onde os alunos já estão se experimentando

como profissionais, nos quais a ética é um dos princípios

fundamentais nas relações interpessoais, baseada no respeito

mútuo (A)."

Se conteúdos

de ética

profissional

fossem

oferecidos

ao longo do

curso

"Contribui, no entanto, com apenas dois créditos, a disciplina

corre riscos.

Quando ministrei essa disciplina, avaliamos (eu e as turmas) que

talvez fosse interessante ser dada em diferentes momentos do

curso (E)."

"A discussão ética deve (ou deveria) estar presente nas diferentes

disciplinas de um curso graduação. (...) Articulações

interdisciplinas são sempre importantes e devem ser fomentadas.

Tanto as disciplinas teóricas (...) como as de práticas terapêuticas

e estágios poderiam ter espaços de interlocução com a disciplina

de Ética. A dificuldade é conseguir um ponto comum de

articulação já que as disciplinas em questão são oferecidas em

semestres diferentes e como a matrícula é por disciplina é difícil

garantir até que alunos da mesma série venham a cursar

concomitantemente as mesmas disciplinas (F)."

VNP - Variáveis não Previstas

Variáveis Categorias Frases ilustrativas

Fator

dificultadores

na avaliação da

disciplina de

Ética

Profissional

Conhecimento

superficial

sobre a

disciplina de

Ética

Profissional

"Sim, acho a disciplina essencial. Porém,

como é oferecida em período no qual já não

estou em contato direto com os alunos, não

consigo perceber mais claramente sua

influência (C)."

67

Fator que

favoreceria as

contribuições

para a

formação ética

no Curso

Se a disciplina

de Ética

Profissional

tivesse mais

créditos

"Contribui, no entanto, com apenas dois

créditos, a disciplina corre riscos.

Quando ministrei essa disciplina, avaliamos

(eu e as turmas) que talvez fosse interessante

ser dada em diferentes momentos do curso

(E)."

Alterações

previstas no

método de

ensino sobre

ética

Há planos de

alteração do

método

"Não tenho planos para alterar conteúdos de

minhas disciplinas. As alterações têm

ocorrido no sentido de encontrar melhores

estratégias de ensino, mas não mudanças de

conteúdo (C)."

68

ANEXO F – Ementa da disciplina de Ética Profissional1

Ementa da disciplina “MFT0111 - Ética Profissional”.

Júpiter - Sistema de Graduação

Faculdade de Medicina

Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional

Disciplina: MFT0111 - Ética Profissional

Objetivos 1. Apresentar conceitos e princípios de ética e bioética, discutindo suas implicações

para a prática clínica, de ensino e pesquisa na área de saúde, especialmente em

terapia ocupacional. 2. Discutir e analisar criticamente os instrumentos éticos e legais

referentes à atuação profissional do terapeuta ocupacional. 3. Analisar o papel dos

Conselhos e Associações de Classe para o desenvolvimento da profissão

Docente(s) Responsável(eis): 1373516 - Maria Helena Morgani de Almeida

Programa Evolução do conceito de ética. Os ideais éticos. Distinção entre ética e moral, ética e

normas jurídicas, ética e normas deontológicas. Teoria utilitarista e teoria

deontológica. História e conceito de bioética. Correntes Autonomista e Paternalista.

Princípios da bioética: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.

Principais temas da bioética. Ética em pesquisa com seres humanos: Resolução nº

196/96 do CNS. O código de ética e outros instrumentos legais referentes à atuação

do terapeuta ocupacional frente ao desenvolvimento técnico e científico. Relação

terapeuta-paciente-equipe-instituição a luz da ética e bioética. Conselhos Federal e

Regionais de Terapia Ocupacional e Associações de Classe: história, atividades

atuais e importância para o desenvolvimento da profissão.

Avaliação Método

Discussões de textos, participação em dinâmica de grupo e estudos de caso.

Realização de seminários

Critério

Participação em atividades de sala de aula: discussões de textos e estudos de caso

e nos seminários, apresentação de trabalhos escritos (resumos de textos,

1 A ementa da disciplina de Ética Profissional foi disponibilizada aos participantes do estudo em

material impresso anexado ao questionário a ser respondido por estes.

Créditos Aula: 2

Créditos Trabalho: 0

Carga Horária Total: 30 h

Tipo: Semestral

Ativação: 01/01/2006

69

seminários), freqüência/ pontualidade.

Norma de Recuperação

Através de prova ou trabalho escrito aos alunos que obtiverem nota inferior a 5,0.

Freqüência deverá ser igual ou superior a 70%.

Bibliografia

BARCHIFONTAINE P de & PESSINI L. Problemas atuais de Bioética (4ª ed).

S.Paulo: Loyola; 1997.

CNS. Resolução 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos.

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COFFITO.

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* De acordo com:

Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver).

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação.

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Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza

Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 2ª ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e

Documentação; 2005.

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