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Roberta Assalim Fernandes DIFERENÇAS NUTRICIONAIS ENTRE CÃES E GATOS ADULTOS SÃO PAULO 2009

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Roberta Assalim Fernandes

DIFERENÇAS NUTRICIONAIS ENTRE CÃES E GATOS

ADULTOS

SÃO PAULO

2009

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Centro Universitário FMU

Roberta Assalim Fernandes

DIFERENÇAS NUTRICIONAIS ENTRE CÃES E GATOS

ADULTOS

SÃO PAULO

2009

Trabalho apresentado para conclusão do curso de

Medicina Veterinária do Centro Universitário FMU,

sob orientação da Professora Dra. Ana Cláudia Balda.

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Fernandes, Roberta Assalim Diferenças nutricionais entre cães e gatos/Roberta Assalim Fernandes/São Paulo: Centro Universitário FMU, 2009 55 1. Nutrição animal. I.Fernandes, Roberta Assalim. II.Diferenças nutricionais entre cães e gatos.

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Roberta Assalim Fernandes

DIFERENÇAS NUTRICIONAIS ENTRE CÃES E GATOS ADULTOS

_____________________________________________________________________Profa. Dra. Ana Claudia Balda

FMU

_____________________________________________________________________Prof. Ms. Arnaldo Rocha

FMU

_____________________________________________________________________Profa. Dra Andréia Maria Martarelo Gonçalves

FMU

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para conclusão do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário FMU, sob orientação da Professora Dra. Ana Claudia Balda. Defendido e aprovado em __ / __ /__, pela banca examinadora constituída pelos professores:

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Resumo

FERNANDES, R. A. DIFERENÇAS NUTRICIONAIS ENTRE CÃES E GATOS

ADULTOS. [NUTRITIVE DIFFERENCES BETWEEN ADULTS DOGS AND

CATS.] 55 p. 2009.

Os animais de companhia necessitam de água para se manterem saudáveis, portanto,

entre esses animais existem algumas diferenças tanto nutricionais, quanto anátomo-

fisiológicas, que foram abordadas no presente trabalho mais detalhadamente. Quanto às

diferenças nutricionais, temos o metabolismo de energia e glicose, necessidades

protéicas, e de aminoácidos além fornecimento de vitaminas. Em relação às diferenças

anátomo-fisiológicas entre cães e gatos, como principal diferença, temos, a dentição e o

comprimento do intestino delgado.

Palavras-chave: alimentos, diferenças nutricionais, animais de companhia, diferenças

anátomo-fisiológicas entre cães e gatos.

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Abstract

FERNANDES, R.A. NUTRITIVE DIFFERENCES BETWEEN ADULTS DOGS AND

CATS. [DIFERENÇAS NUTRICIONAIS ENTRE CÃES E GATOS ADULTOS.]

55 p. 2008.

Domestic animals need water and food to keep themselves healthy. However, there are

several differences, between the mentioned animals, concerned to nutritive and

physiological matters which, herein shall be more specifically studied. Concerning to

the nutritional differences, energy metabolism and glucoses, protein needs and amino

acids are appointed. In connection with the anatomic and physiologic differences

between cats and dogs, the tooth and the intestine measure shall be named the most

important.

Key words: food, nutritional, differences, domestic animals, physiologic differences

between cats and dogs,

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Lista de figuras

Figura 1. Aparelho digestório. de cães.................................................................... 12

Figura 2. Dentição do cão........................................................................................ 14

Figura 3. Dentição do gato....................................................................................... 14

Figura 4. Glândulas produtoras de saliva em cavidade oral..................................... 16

Figura 5. Estômago de um monogástrico................................................................. 18

Figura 6. Estrutura interna do estômago.................................................................. 18

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Lista de tabelas

Tabela1. Valores mínimos e máximos de cada elemento para cães adultos............ 28

Tabela 2. Valores mínimos e máximos de cada elemento para gatos adultos......... 28

Tabela 3. Aminoácidos essenciais........................................................................... 32

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Abreviações

AAFCO - Association of American Feed Control Officials

CMD - Cardiomiopatia dilatada

DRFC – Degeneração retiniana central felina

EB - Energia Bruta

ED - Energia Digerível

EM - Energia Metabolizável

MCT – Triglicérides de cadeia média

PTH – Hormônio paratireóide

WCPN – Waltham Centre of Pet Nutrition

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………… 11

2. ANATOMIA DIGESTIVA COMPARADA…………………………………. 12

2.1 Boca e Digestão oral………………………………………………………....... 13

2.1.1 Boca…………………………………………………………………………. 13

2.1.2 Digestão Oral………………………………………………………………... 15

2.2 Esôfago……………………………………………………………………… 16

2.3 Estômago………………………………………………………………………. 17

2.4 Intestino delgado………………………………………………………………. 20

2.4.1 Digestão…………………………………………………………………....... 20

2.4.2 Absorção…………………………………………………………………… 21

2.5 Intestino grosso……………………………………………………………....... 22

3. DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES............................................ 23

3.1 Digestão e absorção de proteínas........................................................................ 23

3.2 Digestão de carboidratos..................................................................................... 23

3.3 Digestão de gorduras........................................................................................... 24

3.4 Absorção de minerais e vitaminas...................................................................... 25

Minerais.................................................................................................................... 25

Vitaminas................................................................................................................. 25

4. DIFERENÇAS NUTRICIONAIS DO CÃO E DO GATO............................. 26

4.1 Energia................................................................................................................ 29

4.1.2 Energia em alimentos....................................................................................... 29

4.2 Água.................................................................................................................... 30

4.3 Macronutrientes.................................................................................................. 31

Proteínas e aminoácidos............................................................................................ 31

Arginina.................................................................................................................... 33

Taurina...................................................................................................................... 33

Aminoácidos de interesse especial para cães e gatos................................................ 35

Lisina......................................................................................................................... 35

Metionina e cisteína................................................................................................. 35

Incapacidade do gato para transformar o triptofano em niacina.............................. 35

4.3.2 Lipídios........................................................................................................ 36

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4.3.3 Carboidratos..................................................................................................... 37

4.4 Micronutrientes................................................................................................... 39

4.4.1 Minerais........................................................................................................... 39

Cálcio e fósforo......................................................................................................... 40

Magnésio................................................................................................................... 40

Potássio..................................................................................................................... 41

Sódio e cloreto.......................................................................................................... 41

4.4.2 Vitaminas......................................................................................................... 42

4.4.2.1 Vitaminas Lipossolúveis............................................................................... 42

Vitamina A ou Retinol............................................................................................. 43

Vitamina D............................................................................................................... 44

Vitamina E ou Tocoferol.......................................................................................... 45

Vitamina K................................................................................................................ 46

4.4.2.2 Vitaminas Hidrossolúveis............................................................................. 46

Ácido Ascórbico....................................................................................................... 47

Vitamina B1 ou Tiamina........................................................................................... 47

Vitamina B2 ou Riboflavina..................................................................................... 48

Ácido pantotênico.................................................................................................... 48

Niacina..................................................................................................................... 49

Vitamina B6 ou Piridoxina....................................................................................... 49

Biotina...................................................................................................................... 50

Ácido fólico.............................................................................................................. 51

Vitamina B12............................................................................................................ 51

Colina....................................................................................................................... 52

5. CONCLUSÃO..................................................................................................... 53

6. REFERÊNCIAS.................................................................................................. 54

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1. INTRODUÇÃO

Assim como todos os seres vivos, animais de companhia necessitam de água e

alimentos para continuarem vivendo e permanecendo saudáveis. Os componentes dos

alimentos que executam esta função são denominados nutrientes, de acordo com Blaza

(1987).

Os animais de companhia possuem, não somente diferenças nutricionais, mas também

diferenças anatômicas e fisiológicas, de acordo com Case (1995).

Essas diferenças, para Case (1995), incluem a habilidade dos gatos no metabolismo

de energia e glicose, alto índice de necessidade de proteína e nas necessidades de aminoácidos

como a taurina, arginina, sua inabilidade de converter beta-caroteno para a vitamina A ativa, e

a inabilidade na conversão do aminoácido triptofano em niacina.

Quando analisada a árvore filogênica desses animais, é possível entender melhor os

motivos dessas diferenças, isso porque os gatos, ao longo de sua evolução mantiveram-se

estritamente carnívoros, enquanto os cães preferiram uma dieta mais onívora, segundo Case

(1995).

Em relação à anatomia, existem algumas diferenças, como os gatos possuírem 30

dentes, desenhados para rasgar e cortar e os cães possuírem 42; o intestino dos gatos é

proporcionalmente menor e a microflora intestinal também é em menor número, segundo

Savassi (2006).

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2. ANATOMIA DIGESTIVA COMPARADA

De acordo com Dyce (1996) o aparelho digestório é formado por órgãos que estão

relacionados recepção e digestão dos alimentos, bem como sua passagem pelo corpo e sua

expulsão. Os órgãos que o compõem são: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,

intestino grosso e glândulas anexas (fígado e pâncreas).

Figura 1. Aparelho digestório de cães.

Fonte: Laflamme, 2005

Pode-se observar que, segundo Maskell e Johnson (1993), tanto macroscopicamente,

quanto microscopicamente o trato digestório do cão e do gato é semelhante, tendo apenas

pequenas variações.

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Quanto ao estômago, a mucosa gástrica nos gatos, é mais uniforme do que nos cães, e

é dividida em duas áreas: uma chamada de glandular, onde está situado mais proximal e com

maior número de glândulas e a região aglandular, onde possui uma quantidade menor de

glândulas, de acordo com Maskell e Johnson (1993).

Para Maskell e Johnson (1993), a diferença anatômica mais importante entre cães e

gatos está no ceco; onde nos cães, ele existe como um divertículo e é conhecido com saco

cego, que está proximal ao cólon sendo mais desenvolvido que no gato, parecendo ser um

pouco mais que um apêndice vestigial.

2.1. Boca e digestão oral

2.1.1 Boca

Essa estrutura é limitada lateralmente pelas bochechas, dorsalmente pelo palato,

ventralmente pelo corpo da mandíbula e pelos músculos milo-hióideos, e caudalmente pelo

palato mole; a entrada da boca é fechada pelos lábios, segundo Getty (1981).

Segundo Dyce (1996), a língua possui a mucosa áspera e se adere firmemente ao

alimento ingerido, e sua superfície é dotada de papilas.

Em cães e gatos, as papilas são encontradas na superfície da língua, e o tipo dessa

estrutura é conhecido como filiforme; onde nos cães é bem menos rígida, e nos gatos que

possuem uma maior queratinização, tornando-a mais rígida, a quantidade de papilas vai

aumentando de tamanho em direção a faringe, segundo Getty (1981).

Quanto à dentição, Maskell e Johnson (1993), demonstram de acordo com as figuras 2

e 3, que cães e gatos têm a mesma quantidade de incisivos e caninos, no total, cães tem mais

dentes que os gatos, sendo 42 e 30, respectivamente; cães apresentam quatro pré-molares em

cada lado do maxilar inferior e superior, dois molares no maxilar superior, e três molares no

maxilar inferior. Gatos têm somente três pré-molares e um molar no maxilar superior, e dois

pré-molares e um molar no maxilar inferior, em cada lado.

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Figura 2. Dentição do cão

Fonte: Maskell e Johnson, 1993.

Figura 3. Dentição do gato.

Fonte: Maskell e Johnson, 1993.

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2.1.2 Digestão oral

Segundo Laflamme (2005), a partir do momento em que o animal percebe que será

alimentado, através de estímulos visuais, sonoros e olfativos, por exemplo, é iniciada a

produção de saliva, isto é conhecido como resposta gustativa, que é aumentada no momento

que o animal apreende e mastiga o alimento.

No momento da apreensão o animal tende a mastigar o alimento até ficar em um

tamanho que possa engolir, no entanto cães apresentam maior tendência a devorar o alimento

evitando a sua decomposição, de acordo com Blaza (1987).

A digestão na boca é considerada em sua grande parte mais mecânica do que química,

isso porque Laflamme (2005) nos diz que a maior parte da saliva é constituída por água e

apenas uma pequena parte, de muco sais inorgânicos e enzimas como a amilase (ptialina), sua

função é lubrificar o alimento degradado, facilitando a deglutição sentido ao esôfago.

Para a liberação e produção de saliva, ainda na cavidade oral existem quatro pares de

glândulas que executam esta função, que são as parótidas, que estão localizadas próximo às

orelhas, a mandibular ou submandibular, localizadas uma de cada lado do maxilar inferior,

glândula sublingual, localizada abaixo da língua e a glândula zigomática, localizada no

maxilar superior, mas um pouco abaixo dos olhos, segundo Blaza (1987). De acordo com a

figura 4.

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Figura 4. Glândulas produtoras de saliva em cavidade oral.

Fonte: Maskell e Johnson, 1993.

2.2 Esôfago

O esôfago trata-se de um tubo muscular relativamente curto, que se comunica com o

estômago, tendo a função de transferir o bolo alimentar formado pela língua para o estômago,

através de movimentos peristálticos estimulados pela presença do alimento.

Nesse momento não tem a ação de enzimas, mas sim, de mais muco liberado pelas

suas células, para lubrificar, facilitando ainda mais a passagem do alimento para o estômago,

de acordo com Blaza (1987).

Contudo, de acordo com Getty (1981), cães possuem uma espessa camada de

glândulas mucosas, quanto que em gatos, elas não existem.

O esôfago entra no estômago, através de uma via formada por células musculares

especializadas, chamada de esfíncter cardíaco, geralmente fica contraído, mas relaxa de

acordo com a aproximação da onda de peristaltismo, que permite a passagem do bolo

alimentar para o estômago; o estômago, por sua vez estimula a manter esse esfíncter contraído

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para evitar que ocorra refluxo do alimento, contudo em alguns casos específico, como no caso

de vômito, ocorre o seu relaxamento para que algo seja expelido, quando causar desconforto

ou apresentar certa toxicidade, segundo Maskell e Johnson (1993).

2.3 Estômago

Localizado entre esôfago e intestino delgado, é a parte dilatada do trato gástrico,

segundo Dyce (1996), este órgão recebe o alimento do esôfago e o retém por um tempo, antes

de enviar para o duodeno.

A digestão é iniciada pela apreensão do alimento, mastigação e contração muscular,

além de enzimas e da flora microbiana ajudam á diminuir o tamanho das moléculas, para

Maskell e Johnson (1993).

Para Blaza (1987), o propósito da digestão é retirar as ligações dos grandes compostos,

liberando pequenas unidades, através da água, processo denominado hidrólise, sendo

acelerados pelas enzimas digestivas, que são produzidas e reguladas pelo próprio organismo;

cada enzima tem uma função específica e está envolvida em uma determinada fase e

decomposição de um composto em particular.

Existem três grandes classes alimentos que necessitam de digestão, segundo Blaza

(1987) que são: carboidratos, lipídeos e proteínas.

Segundo Maskell e Johnson (1993), o estômago pode ser dividido em cinco regiões,

cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. Mas funcionalmente são consideradas duas dessas

regiões, que são o corpo (proximal) e o antro (distal) (figura 5).

O corpo é capaz de acomodar grande quantidade de alimento, em um determinado

espaço de tempo, também tem como função produzir secreções mucosas, ácido clorídrico e

proteases, através das glândulas gástricas; o antro está mais distal, e sua função é produzir

solução alcalina e pobre em enzimas, através de glândulas cardíacas e pilóricas, segundo Dyce

(1996).

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Essa secreção produzida no antro forma o quimo, quando bem misturada ao alimento

no estômago forma um líquido espesso e leitoso, e está pronto para passar para o duodeno

através do esfíncter pilórico, segundo Maskell e Johnson (1993).

Figura 5. Estômago de um monogástrico

Fonte: Blaza, 1987

Figura 6. Estrutura interna do estômago

Fonte: Laflamme, 2005

Em relação ao tamanho, Laflamme (2005), descreve que o estômago de gatos é

aproximadamente a metade em relação ao dos cães.

Antes de dar início à digestão de proteínas, para Blaza (1987), o estômago tem

algumas funções, tais como, ser um reservatório de alimento, permitindo assim, a ingestão de

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alimento ser mais espaçada, regulação do fluxo de materiais para o intestino delgado e a

digestão.

As secreções no estômago são controladas por uma interação neurológica e hormonal

e podem ser divididas de acordo com Maskell e Johnson (1993) em três fases seqüenciais,

durante a digestão, que são:

a) fase cefálica: é a antecipação, ou seja, estímulos externos

como visão, cheiro, ruídos, esse fenômeno é chamado de

reflexo gustativo e inicia a produção e liberação de

pepsinogênio, gastrina e ácido clorídrico;

b) fase gástrica: a gastrina é o principal hormônio durante

essa fase, ela é estimulada na presença de alguns nutrientes

específicos como aminoácidos e pela pressão mecânica que

o alimento faz contra a parede do estômago durante sua

chegada do esôfago. Sua produção ocorre nas células da

mucosa antral e é liberada para a circulação e quando volta

para o estômago, atua na mucosa gástrica. A gastrina

estimula a secreção de ácido clorídrico, pepsinogêni muco,

e pode ser inibida quando o pH chega a 3,0 sendo um

importante mecanismo de controle da secreção de ácido

clorídrico ela pode ser controlada por hormônios como a

secretina ou enteroglucagon na fase intestinal;

c) fase intestinal: o alimento no intestino delgado estimula a

secreção de ácido clorídrico no estômago, mediada por dois

mecanismos, o de distensão da parede intestinal e pela

estimulação química por aminoácidos e peptídeos,. Em geral

a estimulação gerada por essa região, tende a causar inibição

de gastrina no estômago, através da liberação do hormônio

duodenal, enterogastrona, de acordo com Blaza (1987).

Para Maskell e Johnson (1993) a digestão envolve uma combinação de processos,

mecânico, químico e atividade microbiana, com a finalidade de degradar os grandes

compostos do alimento para uma forma mais simples, ou seja, o nutriente, e assim, ser

absorvida e utilizada pelo animal.

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2.4. Intestino delgado

Segundo Getty (1981), o intestino delgado interliga o estômago e o intestino grosso e

está profusamente ocupada por vilos, que são pequenas projeções da túnica mucosa e cada

vilo contém um vaso linfático central (quilífero), e ao redor deste, um plexo de capilares,

tecido conjuntivo e fibra muscular lisa, sendo importantes estruturas na absorção do conteúdo

intestinal.

2.4.1. Digestão

De acordo com Laflamme (2005), é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo,

sendo que o jejuno ocupa maior parte do comprimento total.

Comparativamente, o comprimento total do intestino em cães é maior do que em

gatos, sendo 1,8 a 4,8 m e 0,8 a 1,3 m, respectivamente, segundo Laflamme (2005).

Para Blaza (1987, p. 12)

O intestino delgado é assim chamado por causa de seu diâmetro estreito, porém, apesar de seu diâmetro ser muito menor do que o intestino “grosso”, ele é várias vezes mais longo. A digestão é completada no intestino delgado; todas as proteínas digestíveis, lipídeos e carboidratos são reduzidos a aminoácidos, dipeptídeos, glicerol, ácidos graxos e monossacarídeos. Tão logo essas substâncias são liberadas, elas são absorvidas, como são os minerais, as vitaminas e a água.

De acordo com Maskell e Johnson (1993), a digestão enzimática é completada nesse

local, e a proteína digestível, gordura e carboidratos são reduzidos a aminoácidos,

dipeptídeos, glicerol, ácidos graxos e monossacarídeos, que serão absorvidos assim que são

liberados do alimento.

Assim que o quimo chega ao duodeno, são adicionadas mais enzimas, estas se

originam da própria mucosa ou do pâncreas, de acordo com Blaza (1987).

De acordo com Dyce (1996), o pâncreas é uma glândula, que está relacionada com o

duodeno, e possui duas funções, que são: a endócrina, secretando hormônios na circulação,

como insulina, glucagon e gastrina, produzidas das ilhotas pancreáticas; e exócrina, liberando

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suco digestivo, que contém enzimas que decompõem proteínas, carboidratos e gordura; todas

essas substâncias são levadas até o duodeno através de ductos pancreático.

Para Dyce (1996), o fígado é considerada a maior glândula do corpo, sendo dotada por

5 lobos, e uma vesícula para o armazenamento da bile durante o períodos de repouso; tem

como função secreção da bile, armazenamento de amido e glicogênio, gordura e proteína, e

também de forma excretora; a bile chega até o duodeno através de ductos biliares.

Em relação à bile, também é adicionada ao quimo no duodeno, e fica armazenado na

vesícula biliar e somente é liberada quando necessária, de acordo com Blaza (1987), a bile

contém sais biliares, pigmentos e vários produtos residuais do fígado, que não são enzimas,

mas desempenham funções importantes como a emulsificação das gorduras, agindo como um

detergente, que irá quebrá-lo em glóbulos pequenos, porém com superfície de contato grande,

onde as lipases irão atuar. A secretina além de aumentar o conteúdo de bicarbonato, também

controla a velocidade de fluxo de bile, e outro hormônio duodenal, a colecistocinina, causa a

contração da vesícula biliar e por conseqüência ocorre a liberação de bile armazenada.

2.4.2. Absorção

Em relação à absorção, Blaza (1987) a define como a passagem do nutriente, através

da mucosa intestinal para ser utilizada para funções de manutenção, reparo, crescimento ou

fornecimento de energia

A absorção pode ser passiva ou ativa, sendo a maior proporção da absorção ocorra no

intestino através de sua mucosa, devido aos vilos existentes na região, que asseguram um bom

suprimento de materiais para as superfícies epiteliais, devido à sua densa rede de capilares,

garantindo que não aja acúmulo de nutrientes absorvidos, de acordo com Blaza (1987).

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2.5. Intestino grosso

Estende-se desde o término do íleo até o ânus, sendo constituído basicamente por

ceco, cólon e reto, não possui vilosidades, sendo um tubo curto com um diâmetro maior que o

delgado, de acordo com Getty (1981).

Segundo Getty (1981), o ceco nos cães possui um tamanho moderado, tendo uma

forma parecida com um espiral enquanto que nos gatos, é uma estrutura extremamente

pequena, aparentando um formato de vírgula; quanto ao conteúdo provindo do intestino

delgado, entra no intestino grosso pela válvula íleo-cecal.

O cólon divide-se em três porções: cólon ascendente, cólon transverso e descendente,

e sua função é a absorção de água e eletrólitos, fermentação de matéria orgânica não digerida

e não absorvida pelo intestino delgado e armazenamento de fezes, de acordo com Laflamme

(2005).

No intestino grosso, existe uma estrutura denominada de células de Lieberkün, que se

estende por toda sua superfície e contém muco, que é alcalino, e tem como função proteger o

a mucosa do intestino contra injúrias mecânicas e físicas, além de promover a lubrificação

para a passagem das fezes, e neutralizar os ácidos irritantes, que são produzidos pela

fermentação bacteriana, e acordo com Maskell e Johnson (1993).

A absorção de água neste local ocorre de maneira diferente, sendo, passando pelos

espaços intercelulares dependendo do gradiente, o grau de absorção, segundo Blaza (1987),

pode ser alterado pelo estado do fluido do organismo, através da presença ou ausência de

hormônios como a aldosterona e a angiotensina, sendo o íleo e o cólon sensíveis a eles,

podendo ocorrer também, discreta ação inibitória da secretina, gastrina e pancrozimina sobre

a captação de água.

No intestino dos animais, existe a microbiota bacteriana, que são responsáveis pela

digestão parcial de proteínas e resíduos de fibras, e ajudam a prevenir a proliferação de

bactérias potencialmente patogênicas, segundo Laflamme (2005).

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3. DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES

3.1. Digestão e absorção de proteínas

As proteases pancreáticas, tais como o tripsinogênio, quimotripsinogênio,

carboxipeptidases, aminopeptidases e elastases, dividem em polipeptídeos, e o tripsinogênio é

ativado pela enterocinase, formando a enzima ativa, que é a tripsina, ativando as outras

proteases, segundo Laflamme (2005).

De acordo com Laflamme (2005)

A tripsina hidrolisa apenas ligações básicas que envolvem os aminoácidos lisina ou

arginina. As quimotripsinas ativas dividem proteínas em aminoácidos aromáricos,

bem como a metionina, leucina e asparagina. As carboxipeptidadeses e

aminopeptidadases partem os aminoácidos das extremidades das proteínas. A

elastase hidrolisa especificamente proteínas do tecido conectivo fibroso, bem como

aquelas que também são hidrolisadas pela tripsina e pela quimotripsina

Quanto à absorção, Blaza (1987), diz que os aminoácidos são absorvidos ativamente

para as células da mucosa e depois se difundem para a corrente sanguínea.

3.2. Digestão e absorção de carboidratos

De acordo com Laflamme (2005), esse processo ocorre predominantemente no

intestino delgado, onde é facilitada pela ação da alfa-amilase pancreática, que quebrará a

ligação alfa direta das moléculas existentes entre as moléculas de glicose presentes em longas

cadeias de glicose, tais como o amido e glicogênio.

Entretanto, como não consegue quebrar em regiões de ramificação, essa enzima deixa

em pequenos complexos de dois ou três açúcares, ligados em ramificações, chamados de

dextrinas-limite. A digestão final ocorre na borda em escova e as enzimas incluem: sacarase,

maltase, isomaltase, alfa-dextrinase, de acordo com Laflamme (2005).

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Laflamme (2005), diz que “a atividade das dissacaridases, especialmente sacarase e

maltase, no intestino de gatos é maior do que em cães, sendo compatível com a habilidade de

gatos digerirem com eficácia sacarose e amido”.

Os açúcares absorvidos pelos capilares vilosos, e são transportados até a

veia porta, onde, o fígado converterá boa parte da glicose absorvida em glicogênio, para

manter o nível circulante de glicose com a finalidade de proporcionar um pronto

suprimento de energia para os tecidos e principalmente para o cérebro, de acordo com

Blaza (1987).

3.3 Digestão e absorção de gorduras

Segundo Laflamme (2005), esses elementos não são solúveis em água, portanto, não são

facilmente transportados para dentro do lúmen do intestino. Contudo uma combinação entre

sais biliares, lecitina e colesterol de bile, faz com que corra a formação de micelas com as

gorduras parcialmente digeridas, estas são solúveis em água facilitando a transferência de

ácidos graxos livres solúveis por lipídios e monoglicerídeos para a borda em escova, local

onde é absorvida.

Para Laflamme (2005, p. 23)

Ácidos graxos de cadeia mais curta, tais como triglicérides de cadeia média (MCTs), podem passar por um processo digestivo e de absorção mais simples via corrente sanguínea portal. Os MCTs podem ser parcialmente hidrolisados pela lípase gástrica na ausência da lipase pancreática.

Comparativamente, cães, apresentam alto nível da atividade da lípase gástrica, de

acordo com Laflamme (2005).

Para Blaza (1987), em relação à absorção, os ácidos graxos e o glicerol, são raramente

absorvidos para os capilares dos vilos, sendo assim, sua maior parte são absorvidos pelo

sistema linfático.

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Segundo Blaza (1987) “Após a absorção, ocorre a ressintetização nas células da

mucosa; os triglicerídeos e os fosfolipídios são formados e liberados para o sistema linfático,

enquanto o glicerol e ácidos graxos de cadeia curta podem se dirigir ao sistema porta”.

3.4. Absorção de minerais e vitaminas

Minerais

São absorvidos na forma ionizada, e são dependentes da necessidade requerida pelo

organismo, segundo Maskell e Johnson (1993).

Os meios em que são absorvidos variam de acordo com o local, como por exemplo, no

jejuno, a captação do sódio está ligada á captação de ativa de glicose; no íleo, é um processo

ativo, e no intestino grosso, é muito ativo, e dependente do movimento de glicose. A absorção

depende também, dos níveis no sangue e de fatores hormonais, de acordo com Blaza (1987).

Vitaminas

Em relação às hidrossolúveis, Blaza (1987), são absorvidas passivamente, podendo

haver alguma absorção ativa, no caso da vitamina B12, pode ser absorvida somente após ligar-

se ao fator intrínseco, produzido pela mucosa gástrica.

As lipossolúveis, de acordo com Maskell e Johnson (1987), são absorvidas com os

lipídios presentes na dieta, através da combinação com os sais biliares.

Blaza (1987, p. 13) “Onde houver digestão e absorção normal de lipídios, deveria

haver uma captação normal das vitaminas lipossolúveis”.

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4. DIFERENÇAS NUTRICIONAIS DO CÃO E DO GATO

Todos os animais necessitam dos alimentos para manterem-se saudáveis, sendo assim,

Burger (1988), define como alimento toda substância que pode nutrir os seres vivos, e essa

substância podem ser sólida ou líquida que uma vez ingerida, pode aportar materiais

produtores de energia, para o crescimento e para iniciar e regular dois processos

anteriormente citados.

E os componentes dos alimentos que realizam essas funções são chamados de

nutrientes, e os principais tipos de nutrientes são: carboidratos, ácidos graxos, proteínas,

minerais, vitaminas, um último componente importante é a água, que apesar de ser essencial,

não é considerado um nutriente, segundo Burger (1988).

Para Burger (1988), são raros os alimentos, que oferecem apenas um nutriente, em

grande parte, eles são uma mistura, incluindo os nutrientes necessários para o animal, a ração

é um exemplo dessa mistura. Proporcionalmente, os minerais e vitaminas, são encontradas em

menor quantidade, em relação aos outros elementos.

As recomendações diárias variam de acordo com o estágio da vida do animal, por

exemplo, um animal que está em gestação, lactação ou em fase de crescimento, as

necessidades de nutrientes são superiores nessas fases, também variam quanto à raça,

atividade física, peso, sexo. De acordo com Burger (1988) as necessidades míninas diárias se

definem como a menor quantidade de um determinado nutriente que deve ser ingerido ao dia

para manter o metabolismo corporal.

No Brasil, existe a Instrução Normativa n°09 de 09.06.03, que estipula valores

nutricionais mínimos e máximos, baseados em literatura, tais como: o National Research

Council (NRC), a AAFCO, entre outros, segundo Astolphi.

Essa Instrução Normativa abrange os seguintes âmbitos:

Alimentos completos para cães em crescimento (seco, semi-

úmido e úmido);

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Alimentos completos para cães adultos (seco, semi-úmido e

úmido);

Alimentos completos para gatos em crescimento (seco, semi

úmido e úmido) e

Alimentos completos para gatos adultos (seco, semi-úmidos e

úmidos).

De acordo com a IN n°09 a definição para alimentos é:

Completos: são aqueles que garantem todos os níveis

nutricionais necessários à

Correta alimentação diária de cães e gatos saudáveis.

Especiais: são os alimentos específicos ou coadjuvantes

especialmente formulados ou processados e que possuam propriedades nutricionais

específicas relacionadas ao valor energético e demais nutrientes (incluindo-se

vitaminas, minerais, prebióticos, probióticos, etc...); destinados a cães e gatos com

distúrbios fisiológicos ou metabólicos momentâneos, em cuja formulação é

incondicionalmente privada de qualquer agente farmacologicamente ativo.

De acordo com a IN nº9, estão descritos na tabela abaixo os valores mínimos e máximos de cada elemento em rações secas. (tabela 1 e 2)

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Tabela 1- Valores mínimos e máximos de cada elemento para cães adultos

Níveis de garantia(%)

Cães adultos **

Alimento Seco Alimento semi-úmido Alimento úmido Umidade (Max) 12,00 30,00 84,00 Proteína bruta (min) 16,00 13,00 3,0 Extrato etéreo * (min)

4,5 3,6 1,0

Materia fibrosa (max)

6,5 5,2 2,0

Materia mineral (máx)

12,00 10,00 2,,5

Cálcio (máx) 2,4 2,0 0,4 Fósforo (mín) 0,6 0,5 0,1

* A determinação de extrato etéreo deve ser submetida anteriormente à hidrólise ácida.** A EM de cada categoria de alimento deverá ser calculada de acordo com os

cálculos no rodapé nº 11.

Tabela 2- Valores mínimos e máximos de cada elemento para gatos adultos

Níveis de garantia(%)

Gatos adultos **

Alimento Seco Alimento semi-úmido Alimento úmido Umidade (Max) 12,00 30,00 84,00 Proteína bruta (min) 24,00 19,00 4,4 Extrato etéreo * (min)

8,0 6,5 1,5

Matéria fibrosa (max)

5,0 4,0 2,0

Matéria mineral (máx)

12,00 10,00 2,5

Cálcio (máx) 2,4 2,0 0,4 Fósforo (mín) 0,6 0,5 0,1

* A determinação de extrato etéreo deve ser submetida anteriormente à hidrólise ácida.

** A EM de cada categoria de alimento deverá ser calculada de acordo com os

cálculos no rodapé nº 11

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4.1 Energia

A energia é essencial na vida dos animais e tem como função gerar a força necessária

para que as células tenham um bom funcionamento, a energia é proveniente da alimentação,

através de nutrientes, como o carboidrato, a gordura e a proteína. Contudo, a gordura tem

aproximadamente o dobro de energia em relação à proteína ou ao carboidrato, sendo uma

fonte muito mais eficiente para o metabolismo, porém, deve-se controlar a ingestão desse

nutriente para não ocorrer desequilíbrio e causar obesidade no animal. Quanto à água, ela não

possui valor energético, então, a concentração energética dos alimentos varia em relação à

quantidade de água, segundo Blaza (1987).

A energia pode ser expressa em calorias (cal), onde 1 (uma) caloria é definida como a

quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de água em um grau

Celsius, mas, atualmente, é expressa em Joules (J), onde 1 (uma) cal é igual a 4,184J de

acordo com a Waltham Centre for Pet Nutrition (WCPN 2006).

Para Burger (1988), a obtenção de energia pelo organismo dá-se através da oxidação

dos alimentos, com a liberação gradual por uma série de reações químicas complexas, sendo

cada uma regulada por uma enzima, e muitas dessas enzimas dependem da presença de outros

nutrientes, com as vitaminas e os minerais para seu funcionamento.

4.1.2. Energia em alimentos

Dificilmente será encontrado um alimento em que o animal seja capaz de utilizar toda

a sua energia, por isso a ingestão de energia pode ser classificada em três formas: energia

bruta (EB), energia digestiva (ED) e energia metabolizável (EM), de acordo com Burger

(1988).

A Energia Bruta (EB) é a quantidade total de energia liberada através da oxidação de

um determinado alimento, e é medida através de uma bomba calorimétrica, sendo assim,

mesmo que um alimento tenha um alto nível de EB, é considerado inútil para o animal, desde

que ele não consiga digeri-lo nem absorvê-lo; a Energia Digerível (ED) é aquela que foi

digerida e absorvida e pode ser determinada através da EB menos as perdas fecais; já a

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Energia Metabolizável, é aquela que é utilizada pelos tecidos, podendo ser determinada pelo

cálculo de ED menos as perdas urinárias, segundo as definições da Waltham Centre for Pet

Nutrition (2006).

Quanto ao conteúdo em ED e EM dos alimentos, Burger (1988) diz, que dependem da

composição e da espécie que irá consumir, como por exemplo, o sistema digestivo do cão

parece ser mais eficiente que o do gato devido ao seu tudo digestivo ser um pouco menor em

relação ao do cão, portanto um mesmo alimento, quando administrado a cães ou gatos podem

ser revertidos em valores energéticos diferentes para cada espécie; devido a essa condição,

existe um modo de medir a EM, utilizando a bomba calorimétrica, as fezes e a urina,

entretanto esta é uma técnica trabalhosa e cara sendo possível sua realização apenas em

instalações especiais. Uma forma de simplificar essa técnica é a utilização de uma equação

para o cálculo de EM para cães e gatos, que foi obtida através de estudos realizados na

Waltham Centre for Pet Nutrition e publicado na NRC.

4.2. Água

Frequentemente negligenciada, devido sua grande disponibilidade, para Maskell e

Johnson (1993), a necessidade de água é tão importante quanto à de outros nutrientes, isso

porque o animal não sobreviveria com a sua completa ausência por dias ou horas.

A água possui muitas funções, tais como, ser um excelente solvente, ser o principal

constituinte do sangue, transporte, levando oxigênio e nutrientes, remover o dióxido de

carbono e metabólitos, regulação de temperatura, na digestão, devido à hidrólise, eliminação

de metabólitos tóxicos pelo rim, de acordo com Blaza (1987).

A sua eliminação ocorre através das fezes, na urina, através da respiração, e também

durante a lactação em animais saudáveis, segundo Maskell e Johnson (1993); em animais

debilitados, essa eliminação pode ser por hemorragias, vômitos e diarréias.

Nas fezes, de acordo com Blaza, o conteúdo perdido é muito pouco devido aos

mecanismos serem muito eficientes na reabsorção de água.

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Quanto à perda via urina, Maskell e Johnson (1993), dizem que o rim é o único órgão que

pode controlar a perda de água, e regular o equilíbrio ácido-básico e a concentração de muitos

eletrólitos. O rim consiste em uma rede de milhares de túbulos e cada túbulo tem um fundo

cego ou “cápsula glomerular”, que envolve uma série de capilares sanguíneos, denominado de

glomérulo. À medida que o fluido passa pelo túbulo, muito dele é absorvido, retornando para

o sangue, e outra parte que não é reabsorvida é excretada na forma de urina.

As vias de ingestão de água são, de acordo com Blaza (1987), beber a água, o conteúdo

dela no alimento e provindo de reações metabólicas.

4.3. MACRONUTRIENTES

Proteínas e aminoácidos

São moléculas complexas, grandes compostas por carbono, hidrogênio, oxigênio,

nitrogênio e em sua maioria possuem enxofre, segundo Burger (1988).

Quanto aos aminoácidos, são subunidades que formam as proteínas, e podem ser

encontradas 20 formas diferentes na natureza, conferindo uma variedade quase que infinita de

proteína, segundo Ferreira (2003).

Os aminoácidos, de acordo com Burger (1988) são classificados em essenciais e não

essenciais, e sua utilização para a formação de novas proteínas essenciais, das quais regulam

os processos metabólicos na forma de enzimas, formação estrutural, crescimento e na

renovação de tecidos.

Para Case (1995), são 10 os aminoácidos essenciais e para os gatos, deve ser incluída a

taurina. (tabela 3)

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Tabela 3. Aminoácidos essenciais e não essenciais para cães e gatos.

Aminoácidos essenciais e não essenciais para cães e gatos

Essenciais Não essenciais Arginina Alanina Histidina Asparagina Isoleucina Aspartato Leucina Cisteína Lisina Glutamato

Metionina Glicina Fenilalanina Hidroxilisina

Taurina (somente para gatos) Hidroxiprolina Triptofano Prolina Treonina Serina Valina Tirosina

Fonte: Linda P. Case Canine and feline nutrition.

Para Case (1995, p.99)

As proteínas são necessárias para o organismo por dois motivos principais:

proporcionam-lhe os aminoácidos essenciais para a síntese de proteínas e o

nitrogênio necessário para a síntese de aminoácidos prescindíveis e outros

compostos essenciais que contêm nitrogênio

Para Case (1995), os gatos necessitam de uma maior quantidade de proteína do que os

cães, devido à sua elevada demanda por proteína total ou nitrogênio protéico e não por uma

elevada demanda de aminoácidos essenciais.

Isso pode ser, de acordo com a Waltham (2006), a limitada capacidade de regulação

através de enzimas hepáticas no catabolismo de aminoácidos, portanto, esses animais não

conseguem se adaptar a uma dieta com baixos níveis de proteína, e quando recebem uma dieta

por um período prolongado, a tendência é iniciar o consumo de proteína endógena.

De acordo com Case (1995), os gatos, apresentam a necessidade de dois aminoácidos,

que são a arginina, que está relacionado com a deficiência de sua síntese; e a taurina, que

possui um fornecimento baixo.

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Arginina

De acordo com Burger (1987), a deficiência de arginina causa grave transtornos nos

gatos, como a hiperamonenia, isso porque ocorre a impossibilidade de metabolizar compostos

de nitrogênio através do ciclo da uréia, causando acúmulo no sistema circulatório.segundo

case (1995), existem dois motivos básicos para a sensibilidade do gato em relação à arginina,

que é a incapacidade de sintetizar ornitina, que é um precursor da arginina no ciclo da uréia.

Segundo Case (2005, p. 108)

Na maioria dos animais, os aminoácidos glutamato e prolina atuam como precursores da síntese de ornitina na mucosa intestinal. No entanto, as células da mucosa intestinal do gato têm um nível extremamente baixo de pirrolina-5-carboxilato sintetase ativa, uma enzima essencial nesta via metabólica. O gato também tem uma baixa atividade de uma segunda enzima, a ornitina aminotransferase. Além de sua incapacidade para sintetizar ornitina, o gato também é incapaz de sintetizar arginina a partir da ornitina,para ser utilizada pelos tecidos extra-hepáticos, mesmo quando a dieta fornece ornitina.

Segundo Case (1995), a citrulina, uma substância produzida a partir da ornitina na

mucosa intestinal ou no fígado como intermediária do ciclo da uréia pode deslocar-se até o

rim e se transformar em arginina, satisfazendo as necessidades, no entanto, em gatos, a

mucosa intestina não produz citrulina e a que é produzida pelo fígado parece ser incapaz de

sair do hepatócito para ser transformada em arginina nos rins.

Portanto, segundo Burger (1987), deve-se fornecer na dieta a arginina, como uma

fonte de ornitina, já que o gato não consegue sintetizar; ou a ornitina ou citrulina a uma dieta

livre de arginina com a finalidade de evitar a toxicidade produzida pela amônia.

Taurina

É um beta-amino-sulfônico, e é encontrada como aminoácido livre nos tecidos, tais

como a retina e o miocárdio, sendo o único que não faz parte das proteínas. Sua função está

relacionada com a conjugação de ácidos biliares, na função retiniana, funcionamento do

miocárdio e no rendimento reprodutivo normal de gatas, segundo case (1995)

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Para Burger (1987), os gatos sintetizam pequenas quantidades de taurina, devido a

baixa atividade de uma enzima, conhecida como ácido cisteína-sulfínico descarboxilase,

responsável para a sua síntese; também pode ser devido á um metabolismo competitivo do

metabolismo de cisteína que irá gerar a produção de piruvato ao invés da taurina.

Segundo Case (1995) os gatos são os únicos que apresentam deficiência, isso ocorre,

porque só utilizam a taurina na conjugação de ácidos biliares, enquanto que em outras

espécies, utilizam também a glicina; portanto esses animais apresentam uma necessidade

contínua de taurina para substituir as perdas fecais produzidas pela recuperação incompleta na

circulação entero-hepática.

Esse nutriente está presente somente em tecidos animais, como carnes, aves e peixes;

os mariscos constituem uma fonte extremamente rica de taurina. Ao contrário do gato, o cão

não necessita de taurina dietética, portanto os gatos não devem ser alimentados com alimentos

destinados para cães, de acordo com Case (1995).

A deficiência desse nutriente causa a degeneração retiniana central felina (DRCF) e a

cardiomiopatia dilatada (CMD). Segundo Burger (1987).

Quanto a DRFC, Case (1995), relata que foi a primeira doença a ser descrita; a função

da taurina nesse local é manter o funcionamento correto da retina, que envolve células

fotorreceptoras, onde é regulado o fluxo de íons de cálcio e potássio através da barreira de

pigmento fotorreceptor-célula epitelial. Na ausência, as membranas dessas células perdem sua

integridade, tornando-se afuncionais, ocasionando a morte celular, podendo ocorrer, também

a degeneração concomitante do tapetum lucidum subjacente. A deterioração só é observada

clinicamente nas fases finais de degeneração retiniana, e neste ponto é gerada a cegueira

irreversível.

Quando a CMD, é uma doença degenerativa, causando diminuição da contratilidade

miocárdica, conduzindo a insuficiência cardíaca, segundo Case (1995).

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Aminoácidos essenciais de interesse especial para cães e gatos

Para Case (1995), os aminoácidos de interesse especial são a lisina, metionina e

cisteína e triptofano, em relação a sua incapacidade de transformar o triptofano em niacina,

vitamina do grupo B.

Lisina

De acordo com o aumento de proteínas na dieta, Case (1995) observou que as

necessidades de lisina são aumentadas. A lisina é o primeiro aminoácido que limita os

alimentos para cães e gatos baseados em cereais, sua degradação é causada, geralmente, por

processos térmicos durante o processamento do alimento. A exposição ao calor induz a

formação de uma ligação cruzada entre aminoácidos reduzindo sua digestibilidade.

É necessário o controle de conteúdo de lisina nos alimentos preparados, e deve-se

acrescentar proteína de origem animal em um alimento baseado em cereais, de acordo com

Case (1995).

Metionina e cisteína

A metionina é essencial, porém a cisteína é prescindível para os animais, a síntese de

cisteína pode utilizar a metionina para a sua produção. As necessidades são superiores em

gatos, que é o único que produz a fenilina, que é um composto sintetizado a partir da cisteína

e excretado na urina, e possivelmente está ligada na delimitação territorial, ou na regulação do

esterol, de acordo com Case (1995).

Incapacidade do gato para transformar o triptofano em niacina

A partir da conversão de triptofano, é possível a produção de niacina, que é uma

vitamina do complexo B, ou pela ingestão de nicotinamida na dieta, segundo Case (1995).

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A nicotinamida está presente, em abundância, nos tecidos animais. É possível, que

devido a uma dieta carnívora, não tenha feito pressão seletiva para que o gato sintetize a

niacina a partir de substâncias precursoras, de acordo com Case (1995).

4.3.2. Lipídios

Segundo Burger (1988), esse nutriente constitui a fonte mais concentrada de energia e

confere certa palatabilidade e textura adequada para os alimentos de cães e gatos.

Para Case (1995), esse nutriente possui muitas funções, tais como, fonte de energia,

devido sua forma de armazenamento, proteção contra a perda de temperatura, proteção de

órgãos contra choques mecânicos, são componentes que formam a membrana celular

(fosfolipídios e glicolipídios), precursor de hormônios esteróides.

Também conhecidos como gordura, são assim classificados devido á sua solubilidade

em solventes orgânicos e insolúveis em água, segundo Case (1995).

Esses nutrientes são compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio, assim os lipídios

são compostos por mesclas de triglicerídeos, sendo combinações de três ácidos graxos unidos

a uma molécula de glicerol. De acordo com o número de carbonos na estrutura e de duplas

ligações, ocorrem as variações de ácidos graxos, segundo Burger (1988).

Os ácidos graxos podem ser saturados, que são de cadeia simples, ou seja, sem dupla

ligação, ou insaturados, existindo uma ou mais duplas ligações (poliinsaturados). Quanto às

necessidades dos lipídios, está relacionada com a capacidade de prover ácidos graxos

essenciais e com o transporte de vitaminas lipossolúveis, de acordo com Burger (1988).

Segundo Case (1995), os ácidos graxos necessários para o funcionamento normal do

metabolismo são o ácido linoléico e o ácido aracdônico da série n-6, ou ômega 6 e

possivelmente, o ácido alfa-linolênico da série n-3 ou ômega 3. Todos esses ácidos são

considerados poliinsaturados.

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Burger (1987, p. 17) “Os ácidos linoléicos e linolênicos são compostos primários, a

partir dos quais podem ser sintetizados no organismo compostos mais complexos de cadeias

mais longas”.

Existe diferença na síntese dos ácidos graxos, para Burger (1988), os gatos têm sua

capacidade limitada para a conversão de ácidos graxos primários em derivados de cadeia mais

longa. Isso porque para cães, Case (1995) diz que estes possuem duas enzimas que são a

delta-6-desnaturase e a delta-5-desnaturase, que a partir do ácido linoléico sintetizam o ácido

araquidônico e o gama – linolênico; e nos gatos, essas enzimas possuem pouca atividade no

fígado e possuem também, baixa quantidade de outras duas enzimas delta-8-desnaturase e

delta-4-desnaturase.

Portanto, de acordo com Case (1995), é necessário o fornecimento de apenas ácido

linoléico para cães, e quanto aos gatos, é necessária a adição de ácido linoléico e aracdônico.

Quanto à deficiência, ocorrem geralmente lesões de pele, como a queda e opacidade de

pelos, apresentando prurido, gorduroso e predispõe o animal a infecção secundária; e além

dessas manifestações, em filhotes de gatos ocorrem problemas de crescimento, degeneração

gordurosa do fígado e deposição de gordura nos rins; em adultos, prejudica a agregação

plaquetária e trombocitopenia, em gestantes causa inviabilidade do feto. Nas rações, pode

ocorrer devido à rancificação. Em relação ao excesso, de acordo com Case (1995), causa

obesidade, estearorréia, diarréia e panesteatite.

4.3.3. Carboidratos

Esse nutriente é o que possui maior quantidade de energia, e são formados por

carbono, hidrogênio e oxigênio; e podem ser classificados em três grupos: mossacarídeos,

dissacarídeos e polissacarídeos, de acordo com Case (1995).

Os monossacarídeos, para Ferreira (2003), são os chamados de açúcares simples, e não

são hidrolisados em moléculas menores. Como exemplo, temos a glicose, frutose e lactose.

Em relação aos dissacarídeos, são compostos por duas moléculas de monossacarídeos, como

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por exemplo, a sacarose e a maltose; já os polissacarídeos, são aqueles que possuem várias

unidades de monossacarídeos, por exemplo, o amido, glicogênio e fibra dietética.

Cães e gatos adultos possuem uma tolerância muito baixa à lactose, isso devido à

diminuição ao longo do seu desenvolvimento, ocorre a diminuição das enzimas beta-

frutofuronidase (sacarose) e beta-galactosidase (lactose), e quando são alimentados com altos

níveis desses nutrientes, por exemplo, o leite, podem apresentar diarréria, devido a um

desequilíbrio osmótico e na fermentação bacteriana no intestino grosso, de acordo com Burger

(1987).

Quanto à fibra dietética, segundo Carciofi (2005), são os polissacarídeos, que não são

digeríveis, e podem ser encontradas nos vegetais constituindo sua parede celular, que são a

lignina, celulose, hemicelulose e pectina, presentes nos tomates, citrus, beterrabas, soja.

Contudo uma quantidade limitada pode formar o bolo fecal, regularizar o movimento

intestinal, ajudando a evitar constipações e diarréias; algumas dessas fibras podem ser

moderadamente fermentáveis, e que através da atividade da microflora do cólon podem ser

utilizadas formando ácidos graxos de cadeia curto como o acetato, ácido butírico e

propionato, de acordo com Case (1995), essa é uma fonte importante de energia para as

células de revestimento do trato gastrointestinal de cães e gatos.

Para Case (1995), o amido, é o principal carboidrato presente na ração, e as principais

fontes desse amido são cereais como o milho, trigo, sorgo, cevada e arroz.

O organismo armazena amido na forma de glicogênio e são encontrados no fígado e

músculos, e tem como função manter equilibrada a quantidade de glicose no sangue, atuando

de forma adicional, quando ocorre a falta desse nutriente, segundo Case (1995).

Os carboidratos exercem funções importantes, tais como ser fonte de energia para

células, manter o funcionamento adequado do sistema nervoso central; atua na formação da

molécula dos aminoácidos não-essenciais e é necessário na síntese de ácido glicurônico,

heparina, sulfato de condroitina, imunopolissacarídeos, DNA e RNA.

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Segundo Case (1995), a necessidade de glicose pode ser suprida por síntese endógena,

através da gliconeogênese, que ocorre no fígado e rins usando ácido propiônico, ácido lático,

glicerol, e certos aminoácidos. Em cães os principais aminoácidos são a alanina, glicina e

serina.

Comparativamente com os cães, os gatos possuem mecanismos únicos para a

metabolização dos carboidratos, para Case (1995).

A atividade enzimática no fígado dos gatos indica que a gliconeogênese a partir de

aminoácidos, é rápida quando houver o excesso dietético, e parecem ter maior atividade da

serina-piruvato aminotransferase, convertendo o aminoácido serina em glicose, segundo Case

(1995).

Entretanto, cães e gatos não necessitam de um suprimento de carboidrato na dieta,

devido à maioria dos alimentos comerciais incluírem em níveis moderados desse nutriente, de

acordo com Case (1995), devido à capacidade de conversão de outros nutrientes em glicose.

4.4. MICRONUTRIENTES

4.4.1. Minerais

Conhecidos coletivamente como “cinza” são nutrientes inorgânicos, e podem ser

divididos em dois grupos, que são os macro-minerais e os micro-minerais ou elemento traço.

Os eletrólitos também são minerais, porém na forma de sal, e são encontrados em tecidos

corpóreos, de acordo com a WCPN (2006).

Esses nutrientes não podem ser sintetizados pelo organismo, portanto devem ser

obtidos na alimentação, não fornecem calorias, contudo alguns desses nutrientes

desempenham funções essenciais, como é o caso do cálcio e fósforo, que será descrito, de

acordo com Loiola (2007).

Os minerais ao contrário das vitaminas, segundo Loiola (2007), não são perecíveis e

persistem até após a morte do animal, onde volta para a terra e continua o seu ciclo.

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Cálcio e Fósforo

Esses elementos são necessários para a formação e manutenção do esqueleto, e em

algumas reações metabólicas, de acordo com Case (1995).

O cálcio tem como função a manutenção da rigidez estrutural dos ossos e dentes, é

essencial para a coagulação sanguínea e o funcionamento dos nervos e músculos. Quanto ao

fósforo está envolvido com muitos sistemas enzimáticos, é componente de compostos fosfatos

orgânicos de alta energia, de acordo com Burger (1988).

Um aspecto importante é a relação Cálcio/ Fósforo, para a AAFCO (2008), deve ser de

1,2 parte de cálcio para 1 parte de fósforo, e sua recomendação diária mínima é de 0,5% a

0,9% de cálcio na dieta, e 0,4% a 0,8% de fósforo na dieta.

O controle de cálcio no plasma é feto através do PTH (hormônio paratireóide),

calcitonina e atividade da vitamina D, que estimula a absorção de cálcio, até elevar em níveis

aceitáveis de cálcio plasmático, e quando isso ocorre, é enviado um feedback negativo para a

glândula tireoidiana.

Segundo Case (1995) pode ser encontrado em legumes, mas em cereais, carnes e

vísceras, contém muito pouco desses nutrientes, e por outro lado peixes, carnes, aves e

vísceras, são boas fontes de fósforos, mas não de cálcio.

A deficiência desses nutrientes causa hiperparatireoidismo secundário nutricional,

hipocalcemia em fêmeas ou eclampsia; quando em excesso, ocorre displasia de quadril,

síndrome de osteocondrose, enostose e espondilomielopatia cervical caudal, de acordo com

Case (1995).

Magnésio

Elemento necessário para ossos e músculos, segundo Case (1995), sendo essencial

para o funcionamento normal dos músculos, tecido nervoso, para a metabolização de sódio e

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potássio, muitas reações enzimáticas essenciais, principalmente as que estão ligadas ao

metabolismo de energia.

Esse nutriente pode ser encontrado no leite, peixes, soja, gérmen de trigo e cereais

integrais, de acordo com a AAFCO (2008), indica também, que a quantidade mínima deve ser

de 0,04% na dieta de cães e gatos.

Nos processos de distúrbio, é mais provável que ocorra por toxicidade e não por

deficiência, mas caso ocorra uma deficiência os sinais são fraqueza muscular, ataxia, e

eventualmente convulsões; quanto à toxicidade, pode ser associada à urolitíase estruvita em

gatos, segundo a WCPN (2006).

Potássio

São encontrados dentro das células do organismo, sendo necessária para a transmissão

nervosa, manutenção do balanço hídrico e pelo metabolismo celular, segundo Burger (1988).

Esse elemento está bem difundido pela natureza, de acordo com Grandjean (2003).

Quanto à ingestão diária, para cães e gatos, segundo a AAFO (2008), deve ser de no mínimo

0,6% na sua dieta.

Em relação à deficiência caracteriza pela fraqueza muscular, lesões nos rins e coração,

e crescimento lento, isso pode ocorrer através de diarréia crônica, uso de diuréticos, animais

que já tenha algum problema renal, de acordo com Burger (1988); quanto à toxicidade, pode

ocorrer o hipoadrenocorticismo ou doença de Addison.

Sódio e Cloreto

O sódio encontra-se nos líquidos extracelulares, tendo função igual a do potássio,

sendo importante para as funções fisiológicas, segundo Burger (1988).

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Usualmente, para Burger (1988) a forma de se adicionar sódio e cloro é através do

cloreto de sódio, conhecida como o sal de cozinha.

Segundo Case (1995), o cloro, também está disponível extracelular, sendo necessário

para o equilíbrio osmótico e do equilíbrio ácido-básico, formação de ácido clorídrico.

Em relação aos distúrbios, de acordo com a WCPN (2006), a sua deficiência causa

fadiga, exaustão, inabilidade para manter o equilíbrio de água, redução no consumo de água,

retardamento no crescimento, pele seca e perda de pelo. Seu excesso causa uma maior

ingestão de fluidos, entretanto, a hipertensão não é um problema nessas espécies.

4.4.2. Vitaminas

São substâncias orgânicas, essenciais para o metabolismo e requeridas em quantidades

muito pequenas. Cada vitamina foi nomeada com letras do alfabeto grego, que tivesse a

inicial indicando sua função fisiológica, como por exemplo, a vitamina K = Koagulation.

De acordo com Ferreira (2003), essas substâncias não são sintetizadas pelo organismo,

devendo ser fornecida pela dieta, mas às vezes um organismo é capaz de sintetizar essas

substâncias em pequenas quantidades, porém não são suficientes para suas necessidades

diárias.

Para um melhor estudo, devido á diferenças químicas e de armazenamento no

organismo, as vitaminas se classificam em dois grupos: lipossolúveis e hidrossolúveis

(Burger, 1988).

4.4.2.1. Vitaminas Lipossolúveis

Está associada aos lipídios, e sua absorção depende da presença destes. Sua absorção

ocorre no intestino com a facilitação pela ação emulsificante da bile e após serem absorvidas

são transportadas para a circulação e distribuídas para os tecidos sob a forma de um complexo

protéico. Não são facilmente excretadas pela urina, devido a sua insolubilidade, sendo assim,

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são armazenadas no fígado e tecido adiposo, portanto a ingestão excessiva dessas vitaminas

pode levar a efeitos indesejáveis no organismo, segundo Ferreira (2003).

As vitaminas que fazem parte desse grupo são: vitamina A ou retinol, vitamina D ou

D2 - Ergocalciferol ou D3 – Colecalciferol, e vitamina E ou Tocoferóis, segundo Ferreira

(2003).

Vitamina A ou Retinol

Essa substância é muito importante na fisiologia dos mamíferos, e encontra-se na

forma de precursores chamados de carotenóides, que são os pigmentos amarelo e laranja

presentes na maioria dos vegetais e frutas. O composto mais importante, e que apresenta

maior atividade da vitamina A é o beta-caroteno, pois esta molécula dá origem a duas

moléculas de vitamina A, segundo Burger (1988).

A vitamina A tem como função, interferir em funções fisiológicas como a regulação

das membranas celulares; manter a integridade dos tecidos epiteliais e seu crescimento

normal, além do crescimento de ossos e dentes; mas a principal função dessa vitamina, para

Burger (1988) é o mecanismo de visão, e está relacionado com a adaptação ao escuro, onde a

vitamina encontra-se combinada com uma proteína específica chamada de rodopsina (púrpura

retiniana), que quando a luz atinge a retina, a rodopsina é decomposta em opsina e retinal e

regenerada em seguida, portanto é muito importante que se mantenha um aporte contínuo

dessa vitamina.

De acordo com Case (1995), o beta-caroteno é clivado pela enzima dioxigenase, que

está presente na mucosa intestinal, e o converte para retinal, depois esse retinal é reduzido por

outra enzima para retinol (forma ativa da vitamina A).

Contudo os gatos são deficientes nessa enzima e não conseguem converter o beta-

caroteno em retinol, fazendo com que seja necessária a ingestão de vitamina A pré-formada.

Esta é encontrada em produtos de origem animal, tais como: fígado, carne, peixe, ovos e

produtos lácteos de acordo com Grandjean (2003).

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O desequilíbrio pode causar efeitos indesejáveis nos animais, nas deficiências, geram

anomalias no epitélio escamoso; xeroftalmia; cegueira noturna; maior susceptibilidade a

infecções; cascas nas narinas e descarga nasal; infertilidade em cães adultos. Quanto à

toxicidade (excesso), danos no fígado; doenças ósseas dolorosas resultando em formações de

exocitose óssea e ancilose, principalmente em vértebras cervicais e ossos longos das patas

dianteiras (Burger, 1988).

Vitamina D

Para Burger (1988), existem vários compostos que possuem atividade vitamínica D,

mas os mais importantes são: o ergocalciferol (D2) forma sintetizada a partir dos vegetais

através da irradiação do ergosterol; e o Colecalciferol (D3) extraída naturalmente do óleo de

fígado de peixe, ou a partir da irradiação ultravioleta do 7-deidro-colesterol, presente na pele e

sintetizado a partir do colesterol. Segundo Grandjean (2003) as fontes naturais são os óleos de

fígado de peixe, peixes gordos como a sardinha e o atum, gema de ovo e o leite e seus

derivados, sendo assim, carnes e vegetais praticamente não contem vitamina D.

De acordo com Ferreira (2003), os metabólitos mais importantes são 1,25-

deidroxicolecalciferol formado no fígado, e 24,25-deidroxicolecalciferol pelos rins.

Essa vitamina é essencial para o metabolismo de cálcio e fósforo na mineralização e

remodelagem dos ossos e cartilagens, manter a concentração de cálcio no fluido extracelular

que é necessário tanto para a contração muscular quanto para excitação do tecido nervoso, e

na homeostase (Case 1995).

No intestino delgado, a vitamina D atua estimulando a absorção de cálcio e fósforo,

através do aumento da permeabilidade da membrana, ou facilitando a transformação de sais

de cálcio pouco solúveis, ou estimulando a síntese do cálcio protéico; nos rins a vitamina D

influencia, juntamente com o paratormônio (PTH), na reabsorção tubular do cálcio Ferreira

(2003).

No desequilíbrio, geralmente acompanhado pelo desequilíbrio de cálcio e fósforo,

quanto à deficiência, origina raquitismo em animais em crescimento - isso porque, acredita-se

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que os animais adultos tenham a capacidade de manter em quantidades seguras de vitamina

D3, a partir da transformação de compostos lipídicos da pele através radiação ultravioleta-;

osteomalácia em animais adultos, segundo Burger (1988). A deficiência em gatos é mais

raramente encontrada, devido a suas reservas adquiridas durante o período de amamentação,

segundo Case (1995).

Quanto a sua toxicidade, pode levar a hipercalemia e como conseqüência, se for por

um período prolongado, causar a deposição de cálcio em tecidos moles, pulmões, rins e

estômago, além de deformações ósseas como a mandíbula, nos dentes, podendo levar o

animal a morte. Em gatos deve-se ter cautela na suplementação dessa vitamina, devido sua

necessidade ser baixas. Burger (1988).

Vitamina E ou Tocoferol

Conhecida como tocoferol, que significa parto, sendo assim denominada devido à sua

capacidade de evitar a reabsorção fetal nos animais; e outra função importante é a de atuar

como antioxidante e mantém a membrana celular estável, e sua função está intimamente

ligada ao selênio, de acordo com Case (1995).

As principais fontes segundo Grandjean (2003) são vegetais: óleos, sementes

oleaginosos, germens de cereais; em alguns produtos de origem animal, como fígado, ovos e

manteiga.

Segundo Burger (1988) as necessidades de vitamina E depende do nível de ácidos

graxos poliinsaturados, um aumento desse nutriente, deve acompanhar de um aumento na

ingestão de vitamina E, sendo difícil estabelecer uma quantidade exata de vitamina na

alimentação animal.

O desequilíbrio não é um processo comum em cães e gatos, mas pode ocorrer. Caso

aja deficiência, em cães, causa distrofia musculatura esquelética, degeneração do epitélio

germinativo dos testículos e problemas na gestação, também pode ocorrer problemas de pele,

como a dermodicose, devido a uma possível supressão do sistema imune, segundo Case

(1995). Em gatos ocorre a panesteatite, ou doença da gordura amarela, trata-se de um

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processo inflamatório na gordura corporal, apresenta anorexia, febre, depressão, relutância ao

exercício, isso pode ocorrer através da alta ingestão de óleo de peixe. Em relação à toxicidade,

segundo Burger (1988), não são observados efeitos prejudiciais em cães e gatos.

Vitamina K

Pertencente ao grupo das quinonas, que regulam a formação dos fatores de coagulação

do sangue como a protrombina (fator II). Essa vitamina é importante para ambas as espécies,

e dificilmente ocorre um desequilíbrio desse nutriente, isso porque, suas necessidades podem

ser supridas através da síntese bacteriana intestinal, e somente em condições anormais, como

a redução dessa síntese, ou pela má absorção dessa vitamina por utilização de drogas que

interfiram na absorção intestinal, sendo, nesses casos, necessária a sua suplementação

(Burger, 1988).

As fontes naturais são as carnes, principalmente o fígado; e os legumes com couves,

espinafre e salsa, de acordo com Grandjean (2003).

Para a WCPN (2006) em relação ao desequilíbrio, caso seja por deficiência, podem

ocasionar hipoprotrombinemia e hemorragias; já a sua toxicidade pode gerar anemia ou outras

anomalias em animais jovens (baixos níveis de protrombina no sangue).

4.4.2.2. Vitaminas Hidrossolúveis

Além de possuírem relativa solubilidade em água, geralmente termolábeis e de baixo

peso molecular, quase rodas estão relacionadas com a utilização dos alimentos e a produção

ou conversão de energia não organismo, as vitaminas do complexo B utilizadas pelo animal

para formar coenzimas, que são moléculas orgânicas que se associam a moléculas enzimáticas

de maior tamanho que são necessárias para a realização das reações químicas, de acordo com

Burger (1988). Faz parte desse grupo a Vitamina C (Ácido ascórbico), Complexo B: Vitamina

B1 (Tiamina), Vitamina B2 (Riboflavina), Vitamina B3 (Niacina), Biotina, Vitamina B6

(Piridoxina), Ácido pantotênico, Ácido fólico, Vitamina B12 (Cianocobalamina) e Colina.

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Ácido Ascórbico

Em cães e gatos, não é necessária a suplementação na ração, devido sua

capacidade de sintetizar essa vitamina a partir da glicose, de acordo com Burger (2003). Para

Grandjean (2003), o ácido ascórbico possui algumas funções, tais como a neutralização de

radicais livres atua no metabolismo do ferro, ajudando sua absorção intestinal e a fixação as

proteínas; na síntese de colágeno, durante o processo de hidroxilação dos aminoácidos lisina e

prolina e na maturação do colágeno.

Essa vitamina está bem disseminada na natureza, podendo ser encontrada, por

exemplo, nos cítricos (limão e laranja), morango, kiwi e nas bagas, em vegetais verdes, o

fígado em relação aos produtos de origem animal, são os que possuem maio quantidade dessa

vitamina.

O desequilíbrio é raro acontecer, devido à capacidade dos animais sintetizarem essa

vitamina, mas no caso de deficiência, podem ocorrer distúrbios relacionados com o esqueleto,

como a osteodistrofia hipertrófica, displasia coxofemoral, segundo Burger (1988).

Vitamina B1 ou Tiamina

Na forma de pirofosfato de tiamina (TPP) tem como função atuar como coenzima na

carboxilação e descarboxilação do ácido pirúvico e este é um composto chave no

metabolismo dos carboidratos, interligando esse metabolismo a proteína de acordo com

Ferreira (2003).

Na ração o processo de cocção pode inativar essa vitamina e por ação de enzimas

(tiaminases), na preparação da ração, devem ser colocadas quantidades muito altas para que

assegure as necessidades diárias, segundo Burger (1988).

São encontradas em: leveduras e no gérmen de trigo, mas em pequenas quantidades

podem ser encontradas em carnes, farelos e cereais, para Grandjean (2003).

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Segundo Burger (1988), o desequilíbrio quando em deficiência causa degeneração da

bainha de mielina causando transtornos neurológicos, anorexia, problemas cardíacos e morte.

Quanto à toxicidade, parece ser baixa, de acordo com a WCPN (2006).

Vitamina B2 ou Riboflavina

Através da forma de FAD (flavina-adenina-dinucleotídeo) e FMN (riboflavina

mononucleotídeo), constitui a coenzima de numerosas enzimas que tem como função

transportar hidrogênio e de elétrons nas reações de óxido-redução, na cadeia respiratória. Ela

pode agir no metabolismo de aminoácidos e ácido-graxos, por fazer parte do grupo prostético

(coenzima), segundo Ferreira (2003).

Para Burger (1988) suas necessidades podem ser supridas através da síntese

bacteriana, mas na ração deve conter alto teor de hidratos de carbono e baixo conteúdo de

gordura.

Esse nutriente pode ser encontrado em: leveduras, fígado, queijo, ovos e derivados

lácteos, segundo Grandjean (2003).

Em relação ao desequilíbrio, Burger (1988) acredita que sua deficiência está relacionada com

a falta de crescimento celular, gerando lesões oculares, problemas de pele e hipoplasia

testicular; quanto à toxicidade, não há relatos.

Ácido pantatênico

Um dos constituintes essenciais da Coenzima A, que é indispensável no metabolismo

intermediário de carboidratos, lipídios e proteínas, de acordo com Ferreira (2003).

Pode ser encontrado na maioria dos alimentos, segundo Grandjean (2003), mas em

maior quantidade em carnes ovos e produtos lácteos.

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Quanto ao desequilíbrio, em relação à deficiência, Burger dia que os sintomas são

numerosos, como por exemplo, crescimento reduzido, fígado gorduroso, problemas

gastrointestinais, convulsões, coma e morte, mas a ocorrência de deficiência é pouco comum,

assim como sua toxicidade.

Niacina

Niacina ou ácido nicotínico é componente de duas coenzimas ativas, que são: NAD

(nicotinamida dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato), que

participam do transporte de elétrons nas reações de óxido-redução da cadeia respiratória,

metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas Ferreira (2003).

As necessidades de niacina em cães são supridas de acordo com o nível do aminoácido

triptofano (que é um precursor dessa vitamina), que pode ser convertido em vitamina;

entretanto, nos gatos, essa transformação para eles é considerada ineficiente ou incapaz, mas

não sugere deficiência, devido á essa incapacidade, isso porque a nicotinamida está

amplamente distribuída em produtos de origem animal, como as carnes, segundo Burger

(1988).

São encontradas, de acordo com Grandjean, em quantidades elevadas nas carnes,

peixes, cereais e cogumelos.

O desequilíbrio, segundo a WCPN (2006), quanto à deficiência, causa inflamações e

ulcerações da cavidade oral deixando uma saliva densa, sanguinolenta e mau cheiro que é

conhecida como estomatite necrótica (língua preta); e em humanos causa a chamada PP ou

pelagra (pele áspera).

Vitamina B6 ou Piridoxina

Essa vitamina inclui três formas, que são a piridoxina, piridoxal e a pirirdoxamina.

Produz a coenzima piridoxal e piridoxamina-fosfato, que participam de quase todos os

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metabolismos do nitrogênio e aminoácidos; participa também de outras reações como a

síntese de niacina a partir do triptofano, segundo Burger (1988).

Quanto às necessidades, é aumentada de acordo com o teor protéico na ração, ou seja,

é inversamente proporcional, segundo Burger (1988).

Grandjean (2003), diz que podem ser encontrados em vários tipos de alimentos, como

o gérmen de trigo, carnes e leveduras.

Em caso de deficiência, para Burger (1988) em gatos, pode ocorrer à destruição

irreversível dos rins, com depósito de oxalato de cálcio nos túbulos renais, isso porque a

piridoxina é necessária para a conversão do oxalato em glicina; em cães são observada apenas

dermatites e alopecias; mas para ambos pode ocorrer a perda de peso e anemia. Não é

considerada tóxica.

Biotina

Desempenha importante função no metabolismo intermediário dos carboidratos,

lipídios e proteínas, através da sua ação como coenzima nas reações de carboxilação, onde

serve como transportador de gás carbônico, de acordo com Ferreira (2003).

Essa vitamina pode ser encontrada em alimentos como leveduras, fígado, rins e ovos

cozidos, segundo Grandjean (2003).

Quanto ao desequilíbrio, em relação a sua toxicidade, parece não ter relatos; entretanto

a sua deficiência, apesar de não serem comuns, devido à capacidade de síntese das bactérias

intestinais, os animais apresentam: pele seca, escamosa, pelos opacos e quebradiços,

hiperqueratose, prurido e úlceras de pele. A deficiência pode ocorrer por dois motivos, ou pela

utilização de antibióticos ou pela ingestão de clara de ovo crua, que possui uma proteína

chamada avidina, que se liga à biotina tornando-a inativa, essa proteína inativa tanto a biotina

produzida pelas bactérias intestinais, como a dos alimentos, segundo Burger (1988).

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Ácido fólico

Para Ferreira (2003), a forma ativa é o ácido tetraidrofólico que é a forma ativa do

ácido fólico. Tem como função atuar como aceptor de unidades monocarbônica do

metabolismo; e é indispensável em reações metabólicas, tais como: transportador dos radicais

metil e formil; e coenzima fundamental na transferência e síntese de diversos aminoácidos.

Podem ser produzidas através das bactérias existentes no intestino, vísceras e vegetais

verdes, segundo Grandjean (2003).

O distúrbio, em relação à deficiência tem como causa a anemia e leucopenia, devido à

falta de aporte adequado de DNA, impedindo a maturação normal das células vermelhas, de

acordo com a WCPN (2006).

Vitamina B12

Caracterizada por ser a única vitamina contendo o cobalto, um microelemento (ou

mineral traço), sendo capaz de transportar grupos hidróxi, cianeto nitrito ou cloreto. Tem

como função atuar no metabolismo de ácidos graxos e de carboidratos, na síntese de mielina;

e está intimamente ligada a do ácido fólico de acordo com Burger (1988).

Pode ser sintetizada pelas bactérias intestinais quando houver a presença de cobalto,

mas sua absorção somente é possível se houver uma mucoproteína (fator intrínseco)

sintetizada pela mucosa gástrica, quando ocorre à falta desse fator ocorre à chamada de

anemia perniciosa acompanhada pela degeneração neurológica. Segundo Burger (1988) esse

fator ajuda a passagem de vitamina B12 através da mucosa intestinal.

De acordo com Grandjean (2003), esse nutriente pode ser encontrado em produtos de

origem animal, tais como fígado, rins, peixes e carne, quanto aos vegetais, não a possuem.

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Colina

Formam parte de membrana celular por serem componentes de fosfolipídios, e

são precursores da acetilcolina, que é um neurotransmissor químico do organismo, de acordo

com a WCPN (2006).

Esse nutriente pode ser encontrado em produtos de origem animal e vegetal, de

acordo com Burger (1988).

Quanto às necessidades, Burger (1988), diz que pode ser reduzida na presença

de metionina, que atua doando grupos metil para o metabolismo intermediário, sendo assim, o

excesso de algum desses nutrientes significa que reduz a necessidade do outro, por isso é

muito difícil ocorrer à deficiência e sua manifestação clínica.

Em casos de deficiência, causam infiltração de gordura no fígado, que parece estar

ligado com a insuficiente síntese de fosfolipídios específicos que determinam um menor ritmo

de transporte de lipídios, segundo Burger (1988).

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5. CONCLUSÃO

A crescente necessidade de conhecer as diferenças nutricionais de cães e gatos levou

os especialistas a desenvolverem estudos relacionados a esse tema.

Esse trabalho procurou apontar as principais diferenças entre esses animais de acordo

com pesquisas realizadas nessa área.

Foi observado que gatos possuem maiores necessidades do que os cães, devido a sua

alimentação ser estritamente carnívora.

Em relação às estruturas anatômicas e fisiológicas, podemos observar que, gatos

possuem menor quantidade de dentes que os cães, e seu intestino é proporcionalmente menor,

tal qual a microflora intestinal.

Quanto às necessidades nutricionais, em relação às protéicas, os gatos possuem maior

necessidade desse nutriente, devido a sua grande demanda por nitrogênio ou proteína total;

contudo esses animais são sensíveis a deficiência de arginina e taurina. Quanto às

necessidades de vitaminas, os gatos necessitam receber uma fonte de retinol pré-formada, e

demandam um requerimento maior de niacina, já que são incapazes de converter triptofano

em niacina.

No metabolismo de ácido graxo, os gatos necessitam de suplementação de ácido

araquidônico, através da ingestão de gorduras de origem animal.

Pro fim gatos estão num estado constante de gliconeogênese, sendo incapazes de

tolerar uma dieta rica nesses nutrientes.

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