Dificuldades de Aprendizagem FORMATADO

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EDUCINTER ASSESSORIA EDUCACIONAL PS-GRADUAO EXTENO E CAPACITAO LTDA.

Vera Mara Lopes dos Santos Diehl

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ABORDAGEM SOBRE DISLEXIA

Artigo, apresentado ao curso de especializao em Neuropsicopedagogia, do Educinter assessoria Educacional Ps-Graduao, como requisito para obteno do ttulo de especialista de Neuropsicopedagogia. Orientador, professor Davi Balzan.

SO LEOPOLDO

2014DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ABORDAGEM SOBRE DISLEXIA

VERA MARA LOPES DOS S. DIEHL

RESUMO: Este artigo retrata a dificuldade de aprendizagem abordando a dislexia, a escolha se justifica frente necessidade de discutirmos temas relevantes referentes ao processo de incluso, aprofundando uma reflexo em busca de aes pedaggica que venham a contribui no dia a dia da escola proporcionando aprendizagens significativas respeitando habilidades e limitaes do educando. A pesquisa terica apoiou-se em Csar Coll, Jesus Palacio, lvaro Marchesi (1995), Vitor da Fonseca (1995), Vicente Martins (1999), Maria Eugnia Ianhez, Maria ngela Nico (2002), Elvira Souza Lima (2002), Maria Alice Leite Pinto (2003), entre outros. Buscando iluminara atuao profissional dos docentes, dos pais e dos prprios alunos, pois a incluso escolar uma realidadee vai alm do ato da matrcula, ela exige um novo olhar das mantenedoras (governo), do modelo organizacional da valorizao das diferenas visando uma educao voltada para a igualdade.

Palavras chave: Incluso; Dislexia. Escola; Aprendizagem; Aluno; Comunidade Escolar.

INTRODUO

Dislexia uma dificuldade de aprendizagem de origem neurolgica, caracterizada pela dificuldade na habilidade de decodificao da fluncia correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificao e soletrao. Estas dificuldades resultam tipicamente do dficit no componente fonolgico da linguagem que inesperado em relao a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etria.

Com o processo de incluso o professor passa a enfrentar uma avalanche de situaes que o deixam inseguro. Apresenta dificuldades com relao a sua prtica pedaggica, pois na maioria das vezes no est preparado para lidar com aluno que se apresenta no contexto escolar com dificuldades especficas de aprendizagem ou com alteraes no seu comportamento.

A escolha do tema a dificuldade de aprendizagem abordando a dislexia, se justifica frente necessidade de discutirmos temas relevantes referentes ao processo de incluso, aprofundando uma reflexo em busca de aes pedaggica que venham a contribui no dia a dia da escola proporcionando aprendizagens significativas respeitando habilidades e limitaes do educando.

Este artigo est organizado em trs captulos. No primeiro destacam-se as consideraes tericas a respeito da dislexia, fazendo refernciaa sua histria conceitos e concepes, dando nfase ao seu aspecto evolutivo. O segundo captulo retrata a dislexia e a alfabetizao abordando os sintomas da dislexia na idade escolar. No terceiro captulo aponta-se o papel do professor que precisam estar atentos para esta realidade e para as particularidades de seu grupo. Suspeitando dos sintomas, deve sugerir um encaminhamento clnico para a criana e depois de diagnosticado, o quadro, necessrio que ele se dedique muito ao aluno, em sala de aula, e ao longo do tratamento, que envolve em partes iguais a escola, a famlia e profissionais da sade.

1 ABORDAGEM TEORICA: APRENDENDO SOBRE A DISLEXIA

Autores como Coll, Palacios e Marchesi (1995), e Stainback (1999), entre outros, procuram definir as dificuldades especficas de aprendizagem. No entanto, h de forma geral, um consenso com relao ao aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem ao longo de sua escolarizao de forma temporria ou definitiva, pois so estas bastante acentuadas se avaliadas no contexto geral de aprendizagem dos alunos da classe considerando a mesma faixa etria. Exigindo uma ateno mais especfica, mais recursos educacionais do que os necessrios para o atendimento dos demais alunos.

Entender a dislexia como dificuldade e no como patologia, no quer dizer que os educadores para explicar as dificuldades leitoras, no possam recorrer a aportes tericos das cincias da sade e da linguagem clnica, como pesquisas que abrangem a Neurologia e a Psicologia Clnica que venham a auxiliar numa melhor compreenso do que ocorre durante a aquisio, desenvolvimento e processamento da linguagem escrita dos dislxicos. Conhecer o crebro dos dislxicos um passo que ilumina a atuao profissional dos docentes, dos pais e dos prprios alunos.

2 RESGATE HISTRICO

Identificada pela primeira fez por Oswald Berkhan em 1881, mas o termo dislexia como dificuldade com palavras foi usado em 1887 pelo oftalmologista Rudolf Berlin na Alemanha para fazer o diagnstico de um rapaz que apresentava grandes dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita, mas que apresentava se normal com relao ao desenvolvimento de outras habilidades.

Em 1896 W.Pringle Morgan um fsico da Inglaterra, veio a publicar uma descrio de uma desordem especfica do aprendizado. O artigo fala de um menino de quatorze anos de idade que no havia aprendido a ler, mas que apresentava uma inteligncia normal e realizava as demais atividades inerentes a um adolescente da sua faixa etria.

No perodo de 1890 e o incio de 1900 o oftalmologista escocs James Hinshelwood publicou vrios artigos em jornais mdicos descrevendo casos semelhantes.

Mas um dos principais pesquisadores a estudar a dislexia foi o neurologista Samuel T. Orton que trabalhou inicialmente em vtimas de traumatismo. Em 1925 conheceu o caso de um menino que no conseguia ler e apresentava sintomas semelhantes aos de algumas das vitimas de traumatismo. Ele estudou as dificuldades e concluiu que havia algo que no se correlacionava a traumatismos neurolgicos, mas que provocava a dificuldadeno aprendizadoda leitura. Ele chamou essa condio por strephosymbolia (com o significado de smbolo trocado) para descrever sua teoria a respeito de indivduos com dislexia. Observou tambm que a dificuldade em leitura da dislexia aparentemente no estava relacionada com dificuldades estritamente visuais, ele acreditava que era uma falha na lateralizao do crebro.

Na dcada de 1980 e 1990 a hiptese de Orton referente especializao dos hemisfrios cerebrais foi alvo de novos estudos, estabelecendo que o lado esquerdo do planumtemporale, uma regio associada ao processamento da linguagem fisicamente maior que a regio direita nos crebros de pessoas no dislxicas, no entanto nas pessoas dislxicas, essas regies so simtricas ou mesmo ligeiramente maior no lado direito do crebro.

Atualmente pesquisadores esto estudando a fundo a correlao neurolgica e gentica para dificuldades na leitura.

3 CONCEITO E CONCEPES SOBRE DISLEXIA

Palavra de origem grega: dis = distrbio, lexia = palavra. uma dificuldade na rea da leitura e soletrao, podendo ser acompanhada por outras dificuldades abrangendo lateralidade, dimenses, discalculia e memria de curta durao. Costuma ser identificada nas salas de aula no perodo de alfabetizao, pois provoca defasagem inicial de aprendizado. No considerada doena e sim uma formao diferenciada do encfalo que acarreta problemas na aprendizagem escolar, devido dificuldade de decodificaros cdigos que so enviadosdurante os estudos.

De acordo com Martins (1999) possvel afirmar que a proposta inclusiva estabelece para o Sistema Educacional vrios desafios:

Conscientizaoda comunidade escolar e da sociedade em geral sobre amaneira de entender e educar os alunos com dificuldades de aprendizagem;

Amplo envolvimento de pais e da comunidade no processo de incluso;

Investimento srio na formao continuada dos profissionais da educao;

Incentivo formao de profissionais capacitados a nvel graduao, especializaoe ps-graduao (mestrado e doutorado) com vistas ao atendimentoeducacional e desenvolvimento de pesquisas que venham a contribuir na ao educativa;

Estruturao de mtodos, tcnicas e recursos adequados para o atendimento do aluno;

Adaptao curricular para atender s necessidades e especificidades em classes regulares.

Mattos (2003) encontra dados significativos e at certo ponto surpreendentes, no discurso dos professores relacionados incluso, pois o fracasso do aluno o fracasso do professor. Desta forma, podemos entender porque a incluso to difcil de ser efetivada e porque tem causado tanta polmica. De acordo com Sacristn apud Nevoa (1995),

No a prtica pedaggica que defini as soluespara o processo de incluso, mas sim o papel que o professor ocupa nesta prtica que produzir algum efeito, visto que a prtica pedaggica pressupe outros elementos que ultrapassam e atravessam um conjunto de experincias.

Faz-se necessrio destacara importncia do embasamento terico do professor como base que o aproximar ou afastar do contexto de novas ideias.

Martins (1999) de acordo com o que pensa Piaget, afirma que pais, alunos e professores precisam entender que a dislexia, ao contrrio do que definem alguns profissionais de educao teraputica ou de sade mental, no definitivamenteuma doena ou transtorno. Para os que atuam na sala de aula com dislxicos no Ensino Fundamental ou no Ensino Mdio, cabe o juzo crtico e o discernimento pedaggico de que a dislexia apenas uma dificuldade especfica no aprendizado da leitura.

Graas s teorias Piagetianas e construtivistas no se v o dislxico como doente ou paciente, mas como algum saudvel que apresenta dificuldade na aprendizagem da linguagem escrita, no momento da interao com o sistema de escrita (bastante complexo) e com os falantes da sua lngua materna (marcada pela diversidade regional).

3.1 Dislexia e o Estgio Sensrio-Motor

Neste estgio, no podemos apontar com segurana se uma criana sofre ou no de dislexia, em que pese o atraso na fala ter um carter preditivo no que se refere dificuldade em leitura a partir dos seis anos de idade, quando se vislumbra a alfabetizao.

3.2 Dislexia e o Estgio Pr-Operacional

Neste estgio pode-se levantar a suspeita da dislexia no caso de insensibilidadedo educando asrimas. Este estgio vai dos dois aos sete anos de idade. Esta insensibilizao rimapodeser explicada pelo dficit fonolgico dos dislxicos que diantede textos em versos, deixam de perceber:

A reiterao de sons (vogais, consoantes, ou combinaes) iguais ou similares, em uma ou mais silabas, geralmente, acentuadas, que ocorrem em intervalos determinados e reconhecveis;

O apoio fontico recorrente, entre dois ou mais versos, que consiste na reiterao total ou parcial do segmento fontico final de um verso a partir da ltima silaba tnica, com igual ocorrncia no meio ou no fim de outroverso. Os dislxicos desenvolvimentais so potencialmente dislxicos fonolgicos.

3.3 Dislexia e o Estgio Operacional-Concreto

Este estgio ocorre dos sete ou oito anos at os onze ou doze anos de idade. o estgio das construes da lgica. Crianas que tm dificuldade defazer a correspondnciaentre letras e fonemas, isto , deperceber o princpio alfabtico do sistema da escrita da sua lngua materna, so aspirantes dislexia. A criana que no tem assegurado no seu aprendizado o princpio alfabtico tem tudo para apresentardificuldade em ler um texto, seja em prosa ou verso.

3.4 Dislexia e o Estgio Operatrio - Formal

Este estgio vai dos onze ou doze anos em diante, fase em que a criana raciocina. Crianas aprendem a deduzir informaes, aprendem a aprender. Espera-se que a criana j tenha a automatizao dos processos de leitura, em que pode realizar uma leiturade texto com fluncia, rpida, uma vez que a criana no efetua mais uma decodificao sistemtica da sequencia ortogrfica da palavra.

Os dislxicos requerem uma interveno paciente e encorajadora do profissional que realmente se prope a ensinar crianas, jovens ou adultoscom necessidades educacionais especiais, mas interessados em aprender.

4 TIPOS DE DISLEXIA

A dislexia pode ser classificada de vrias formas, de acordo com os critrios usados para classificao. H autores que classificama dislexia tendo como base testes diagnsticos, fonoaudilogos, pedaggicos e psicolgicos.

Conforme Lanhez e Nico (2002), a dislexia pode ser classificada em:

Dislexia Disfontica: Dificuldade de percepo auditiva na anlise e sntese de fonemas, dificuldades temporais, e nas percepes da sucesso e da durao (troca de fonemas sons, grafemas diferente dificuldades no reconhecimento e na leitura de palavras que no tm significados, alteraes na ordem das letras e slabas, omisso e acrscimos, maior dificuldade na escrita do que na leitura, substituies de palavras por sinnimos. Dislexia Diseidtica: Dificuldade na percepo visual, gestltica, na anlise e sntese de fonemas (leitura silbica, sem conseguir a sntese das palavras, aglutinaese fragmentaes de palavras, troca por equivalentesfonticos, maior dificuldade para a leitura do que para a escrita). Dislexia Visual: Deficincia na percepo visual, na coordenao viso motora (no visualiza cognitivamente o fonema). Dislexia Auditiva: Deficincia na percepo auditiva, memria auditiva (no audiabiliza cognitivamente o fonema). Dislexia Mista: Composta pela combinao de mis de um tipo de dislexia.

J para Moojen apud Rotta (2006), possvel classificar a dislexia e, trs tipos:Dislexia Fonolgica (Sublexical ou Disfontica): Caracterizada por uma dificuldade seletiva para operar a rota fonolgica durante a leitura, apresentando, no obstante, um funcionamento aceitvel da rota lexical; com frequncia os problemas residem no conversor fonema-grafema e/ou no momento de juntar os sons parciais em uma palavra completa. Sendo assim, as dificuldades fundamentais residem na leitura de palavras no familiares, silabas sem sentidos ou pseudopalavras, mostrando melhor desempenho na leitura de palavras j familiarizadas. Subjacentes a essa via, encontra-se dificuldades em tarefas de memria e conscincia fonolgica. Considerando o grande esforo que fazem para reconhecerem as palavras, portanto, para manter uma informao na memria de trabalho, so obrigados a repetir os sons para no perd-los definitivamente. Como consequncia, toda essa concentrao despendida no reconhecimento das palavras acarreta em dificuldades na compreenso do que foi lido. Dislexia Lexital (de Superfcie): As dificuldades residem na operao da rota lexical (preservada ou relativamente preservada a rota fonolgica), afetando fortemente a leitura de palavras irregulares. Nesses casos, os dislxicos leem lentamente, vacilando e errando com frequncia, pois ficam escravos da rota fonolgica, que morosa em seu funcionamento. Diante disso, os erros habituais sosilabaes, repeties e retificaes, e, quando pressionados a ler rapidamente, cometem substituies e lexicalizaes; s vezes situa incorretamente o acento prosdico das palavras. Dislexia Mista: Neste caso, os dislxicos apresentam problemas para operar tanto com a rota fonolgica, quanto com a lexical. So assim situaes mais graves e exigem um esforo aindamaior para atenuar o comprometimento das vias de acesso ao lxico.

Entre as consequncias da dislexia encontramos a repetncia e evaso, pois se o problema no detectado e acompanhado a criana no aprende a ler e escrever. Acontece tambm o desestmulo, a solido, a vergonha, e implicaes em seu autoconceito e rebaixamento de sua autoestima, porque o aluno perde o interesse em aprender, se sente incapaz e desprovido de recursos intelectuais. Pode apresentar conduta inadequada com o grupo, gerando problemas de comportamento, como agressividade e at envolvimento com drogas. A dificuldade comea com um distrbio de leitura e escrita acarretando problemas que pode durar a vida inteira, como depresso e desvio de conduta, podendo afetar todos os setores da vida do indivduo.

5 A DISLEXIA E A ALFABETIZAO

Lima (2002) coloca que funo da escola ampliar a experincia humana, portanto no pode ser limitada ao que significativo para o aluno, mas deve criar situaes de ensino que ampliem os campos de significao. Do ponto de vista do desenvolvimento e da construo de significados, s pode ser significativo para o individuo aquilo do qual ele possui um mnimo de experincias e de informaes.

O dislxico precisa olhar e ouvir atentamente, observar osmovimentos da mo quando escreve e prestar ateno aos movimentos da boca quando fala. Desta maneira, a criana dislxica associara forma de escrita de uma letra tanto com o seu som como comos movimentos, pois falar, ouvir, ler e escrever so atividades da linguagem.

Fonseca (1995) coloca que:

Uma coisa a criana que no quer aprender a ler, outra a criana que no consegue aprender a ler com os mtodos pedaggicos tradicionais. No podemos assumir atitudes reducionistas que afirmam que a dislexia no existe. De fato, a dislexia muito mais que uma dificuldade na leitura. A dislexia normalmente no aparece isolada, ela surge integrada numa constelao de problemas que justificam uma deficiente manipulao do comportamento simblico que trata de uma aquisio exclusivamente humana.

Muitos autores tm defendido os mtodos fonticos como os mais adequados na alfabetizao de dislxicos. Os mtodos fonticos favorecem a aquisio e o desenvolvimento da conscincia fonolgica que a capacidade de perceber que o discurso espontneo uma consequncia de sentenase que estas so uma sequencia de palavras (conscincia da palavra); que as palavras so uma consequncia de silabas (conscincia silbica) e que as silabas so uma consequncia de fonemas (conscincia fontica), o que auxiliaria muito nas dificuldades dos alunos dislxicos.

Para auxiliar o aluno em suas dificuldades, a escola deve encorajar atender e respeitar as capacidades e os limites da criana; estar informada para ampar-la em suas dificuldades; manter o professor da classe familiarizado e sensibilizado com a dislexia, para compreender e apoiar a criana na sala de aula reconhecendo a necessidade de ajuda extra e desenvolver um clima de pacincia, para que a criana possa ter tempo suficiente para cumprir sua tarefa e, at mesmo, repeti-las vrias vezes para ret-las.

importante, tambm conscientizar a comunidade Escolar que estas facilidades dadas aos dislxicos, na verdade, representam a nica forma que este aluno tem para competirem igualdade de condies com seus colegas.

6 SINAIS DA DISLEXIA NA IDADE ESCOLAR

Para Lanhez e Nico (2002) estes so sinais importantes de dislexia na idade escolar:

Lentido na aprendizagem dos mecanismos da leitura e escrita;

Trocas ortogrficas ocorrem, mas depende do tipo de dislexia;

Problema para reconhecer rimas e alteraes (fonemas repetidos em uma frase);

Desateno e disperso;

Desempenho escolar abaixo da mdia, em matrias especficas, que dependem da linguagem escrita;

Melhores resultados, nas avaliaes orais, do que nas escritas;

Dificuldade de coordenao motora fina (para escrever, desenhar e pintar) e ampla (saltar, descer e subir escadas,...) descoordenada;

Dificuldade de copiar as liesdo quadro, ou de um livro;

Problemas com relao lateralidade (confuso entre direita e esquerda/ ginstica);

Dificuldade de expresso: vocabulrio pobre, frases curtas, estrutura simples, sentenas vagas;

Dificuldades em manusear mapas e dicionrio;

Esquecimento de palavras;

Problemas de condutas: retrao, timidez excessiva, depresso;

Desinteresse ou negao da necessidade de ler;

Leitura demorada, silabadas e com erros. Esquecimento de tudo que l;

Salta linhas durante a leitura, acompanha a linha de leitura com o dedo;

Dificuldade em matemtica, desenho geomtrico e em decorar sequencias; Desnvel entre o que ouve e o que l. Aproveita o que ouve, mas no o que l;

Demora demasiadamente na realizao dos trabalhos de casa;

No gosta de ir escola;

Apresenta picos de aprendizagem, h dia queparece assimilar e compreenderos contedos e em no outro. Parece ter esquecidoo que tinha prendido anteriormente;

Pode evidenciar capacidade alm da mdia em reascomo: desenho, pintura, msica teatro, esporte...

De acordo com Pinto (2003), O estudo da dislexia, em sala de aula, tem como ponto departida a compreenso das quatro habilidades fundamentais da linguagem verbal: a leitura, a escrita, a fala e a escuta. Destas, a leitura a habilidade lingustica mais difcil e complexa, e a mais diretamente relacionada com a dificuldade especfica de acesso ao cdigo escrito denominado dislexia.

No caso de criana em idade escolar a psicolingustica define a dislexia como um dficit inesperado na aprendizagem da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia) e de ortografia (disortografia) na idade em que essas habilidades j deveriam ter sido automatizadas. o que se denomina dislexia de desenvolvimento.

Para ensinar criana com distrbio de aprendizagem, preciso conhecer os processos educacionais. O que aponta para a importncia da pr- escola, que a poca propcia para desenvolver a capacidade cognitiva da criana dita normal ou mesmo a dislxica, atravs de mtodos ativos e baseados na pedagogia, de Jean Piaget. preciso, ento, atender aos estgios de desenvolvimento mental da criana, sem pressa de alfabetizar, antes que ela esteja madura neurologicamente.

Para a criana dislxica, o mtodo multissensorial surge como objetivo de trabalhar a criana, para que aprenda a dar respostas automticasduradouras (nomes, sons, e fonemas) e desenvolver habilidades como sequenciar palavras. Na alfabetizao, a introduo de cada letra, com nfase na sua relao com o nome/som e com a importncia em dar a sua forma correta, torna o ensino sistemtico e cumulativo, e dever ser avaliado regularmente, de forma a verificar a sua eficincia.

7 O PAPEL DO PROFESSOR

Coll, Palacios e Marchesi (1995) afirmam que:

Os professores encontraram-se normalmente, diante de um grupo de alunos com diferentes nveis, na rea da comunicativo-lingustica. Crianas que diferem quanto aos usos que fazem em funo da procedncia geogrfica, social e cultural. Os professores precisam estar atentos para esta realidade e para as particularidades de seu grupo. Suspeitando dos sintomas, deve sugerir um encaminhamento clnico para a criana edepois diagnosticado, o quadro, necessrio que ele se dedique muito ao aluno, em sala de aula, e ao longo do tratamento, que envolve em partes iguais a escola, a famlia e profissionais da sade.

A primeira tarefa do professor resgatar a autoconfiana do aluno, descobrindo suas habilidades para que possa acreditar em si mesmo ao se destacar em outras reas.

O papel do professor dirigir um olhar flexvel para cada aluno que tenha dificuldade, compreender a natureza dessas dificuldades, buscar um diagnstico especializado, uma orientao para melhorar o dia-a-dia da criana, e se instrumentalizar, pois h muitos professores que lecionam e no sabem o que dislexia.

Segundo Fonseca (1995),

O professor de Ensino Fundamental deve construir os seus instrumentos de diagnstico pedaggico (diagnstico informal) a fim de conduzir a sua atividade mais coerentemente. do maior interesse o uso de instrumentos que permitam detectar precocemente qualquer dificuldade de aprendizagem, pois s assim uma interveno psicopedaggica pode ser considerada socialmente til, pois quanto mais tarde for identificada a dificuldade, menos hiptese haver para solucionar corretamente.

O professor que deseja ajudar seus alunos sabe que necessrio encaminh-lo para tratamento e colaborar neste tratamento. Mas ele sabe tambm, que o atendimento gratuito demorado e que o nvel econmico da maioria dos escolares no permite tratamento particular. S atravs de umtrabalho pacientee constante, poder prestar a ajuda, que a criana tanto necessita.

O ideal trabalhar a autonomia da criana, para que ela no comece a sentir-se dependente em tudo. O professor deve acolher e respeita-la, em suas diferenas, sem cair no sentimento de pena.

importante que o professor explique crianasuadificuldade, sente ao seu lado, no pressione com o tempo, no estabelea competies com os outros, que seja flexvel quanto ao contedo das lies, que faa crticas construtivas, estimule o aluno a escrever em linhas alternadas (o que permite a leitura da caligrafia imprecisa), certifique-se de que a tarefa de casa foi entendida pela criana, pea aos pais que releiam com ela as instrues, evite anotar todos os erros na correo (dando mais importncia ao contedo), no corrija com cor vermelha, (isso fere a suscetibilidade da criana com dificuldade de aprendizagem) e procure descobrir os interesses e leituras que prendam a ateno da criana.

de grande importncia ressaltar, que a manuteno de turmas pequenas, com no mximo vinte alunos, ou menos, de extrema importncia, para que o professor tenha oportunidade de observar de maneira adequada a todos os alunos como tambm dispor de tempo para auxili-los.

O aluno dislxico, de Ensino mdio at a situaouniversitria continuar desempenhando uma leitura mais lenta como sintoma principal, denotando uma automatizao sim, mas no suficiente para a demanda da sua faixa etria e acadmica. Apresentar real dificuldade para compreender o contedolido, necessitando de vrias leituras do mesmo texto ou que leiam para ele melhor entender.

A leitura oral tende a adquirir mais fluncia, embora com entonao deficitria, sobretudo na prosdia e nas modulaes. Apresenta pausa pela decodificao de palavras menos usuais, muito embora, exceto casos mais graves, j no se evidenciam as trocas severas da infncia e adolescncia. Hoje se sabe que o adulto dislxico no adquire a estratgia de bom leitora leitura interativa, que se apoia no significado do contedo expresso que o possibilitar a ler fazendo antecipaes e verificaes de hipteses dispondo de autocorreo mediada.

A lentido leitura decorre do fato de no ter o processo automatizado e por utilizar rotas neurais diferentes do leitor comum, que demandam tempo e esforo maior para atingir o mesmo objetivo. A compreenso normalmente ocorre pela ineficincia da leitura oral ou pelos problemas secundrios adquiridos pela prpria falta do hbito: a pobreza de vocabulrio, pouco arquivo pessoal e pela ineficiente evoluo do raciocnio crtico e interpretativo.

Na escrita, o dislxico adulto demonstra aquisio do cdigo, mas possui dificuldades para se expressar adequadamente atravs desse cdigo. Redigir uma tarefa rdua, em que sesobressaem deficincia na utilizao da linguagem formal que a vida adulta exige, tais como textos exguos e muitas vezes pueris. O manejo formal insatisfatrio, no h alinhamento de margens, paragrafao e pontuao adequada. A ortografia deficiente ao grafar palavras menos frequentes e que requerem mltiplas associaes, apresentando trocas pedaggicas como s/c/ss; c/; s/sc; ch/x; j/g; etc.

Este o panorama do quadro do dislxico adulto. Ele contar sobre um histrico de leitura e escrita sempre rduo e deficiente, sobre dificuldades escolares que vo se acumulando ao longo de sua vida, sobre aulas particulares que no supriram suas deficincias, sobre resultados insatisfatrios em relao ao seu potencial e esforo, sobre recuperaes, mudanas de escola, repetio de ano e at mesmo evaso escolar.

cotidiano, o relato dos adultos sobre suas frustraes nos bancos escolares, de quantas vezes se escondeu para o professor no cham-lo para ler em voz alta na classe. Temos que nos sensibilizar ao saber das experincias traumatizantes pelas quais passaram e ainda passam os dislxicos, no apenas nas escolas, mas tambm na famlia e na sociedade. O bullying a identidade frgil que constri a partir do olhar do outro.

Um portador de dislexia severa de vinte nove anos, contou que passou por diversos profissionais, pois manifestava desde o incio de seu processo escolar dificuldades para ser alfabetizado, mas nunca foi aventada a hiptese de dislexia. Somente aos vinte sete anos veio saber o nome da sua deficincia. Descreve que sofreu muito e que conseguiu com muita ajuda e dificuldade, depois de vrias recuperaes e reprovaes concluir o Ensino Fundamental. Depois de muitas tentativas, frustraes, tratamentos inadequados e mudanas de escolas, abandonando os estudos no incio do Ensino Mdio.

Desta forma os dislxicos adultos acabam por desenvolver problemas secundrios muito mais gravesque a prpria dislexia. So privados de ampliarem seu potencial, de obterem formao acadmica por no serem assistidos atravs de interveno psicopedaggica e beneficiados com mtodos adequados no inicio de sua vida escolar. Esta situao ainda ocorre na sociedade, apesar das informaes disponibilizadas e conhecimentos adquiridos com relao ao assunto em estudo.

Ainda hoje, os testes de linguagem, de leitura e de escrita utilizados para a avaliao da dislexia nem sempre respeitam a evoluo dos sinais indicativos e, consequentemente, podem falharno diagnstico doadulto. A maioria das avaliaes realizada atravs de testes para crianas, que no dispe de recursos para a perfeita identificao das dificuldades que os jovens e adultos apresentam.

Os profissionais nem sempre identificam as habilidades manifestas dos adultos dislxicos, como sua capacidade criativa e sua possibilidade em reas que utilizam raciocnio lgico, tais como cincias exatas, desenho, fotografia, propaganda e marketing, informtica, paisagismo, dentre tantas outras aptides.

No identificar as habilidades dos jovens dislxicos decorrer em limitaes e impedimentos em sua orientao vocacional, em seu preparo acadmicoe na buscade seu caminho para atuar no mercado de trabalho e na sociedade, sem dizer dos prejuzos emocionais que faro parte de toda a sua existncia.

Portanto, cabe ao professor recorrer a diversas atividades e tcnicas de ensino e descobrir qual delas melhor se adapta a cada estudantee a cada situao.

8 CONSIDERAES FINAIS

A dislexia um distrbio na leitura afetando a escrita, normalmente detectado a partir da alfabetizao, perodo em que a criana inicia o processo de leitura de textos. Por ser identificada geralmentena fase de alfabetizao, a cinciaest contribuindo muito para que se possa fazer o diagnstico mais precoce, antes da criana ir para a escola.

A incluso uma realidade e necessita ser reconhecida como direito do outro. As escolas tm que se conscientizar e vencer o modelo que padroniza os alunos. Precisamos resgatar a cultura do ser, trazendo o diferente para o convvio social respeitando suas habilidades e limitaes.

O sistema escolar deve atender as diferenas sem discriminar, assegurando ao aluno com necessidades especiais a participao no processo de ensino- aprendizagem.

Repensar o papel da escola e da sociedade com vistas a uma sociedade inclusiva dever de todos. A educao inclusiva implica em mudanas, possibilitando maior equidade abrindo novos horizontes, para que ocorra desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.

O processo de incluso denuncia o distanciamento entre a escola que temos e a escola ideal, pois aes devem ser revistas. A escola do futuro depende de toda a comunidade escolar que deve refletir suas aes para formar geraes livres do preconceito e que priorize o respeito para consigo e para com o outro.

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