DIRECTOR ADRIANOCALLÉ LUCAS 25 DE OUTUBRO DE … · da empresa e outros sistemas para a...

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DIRECTOR ADRIANO CALLÉ LUCAS 25 DE OUTUBRO DE 2011 TERÇA-FEIRA SUPLEMENTO QUINZENAL www.diarioaveiro.pt NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE 6 E 5 , 4 P A S E R P M E A D A R O D A R T S I N I M D A , A I Ó B A N I T S I R C Aveiro regista 227 insolvências ANÁLISE P8 Larus coloca mobiliário urbano em Marrocos INTERNACIONALIZAÇÃO P9 Unimadeiras cresce actividade SECTOR FLORESTAL P7 Korange cria cortador de relva autónomo EMPRESA CRIADA NA UA P3 Extrusal

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DIRECTORADRIANO CALLÉ LUCAS 25 DE OUTUBRO DE 2011 TERÇA-FEIRA

SUPLEMENTO QUINZENALwww.diarioaveiro.pt

NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

6 E 5,4PASERPME AD ARODARTSINIMDA,AIÓB ANITSIRC

Aveiro regista227 insolvênciasANÁLISE P8

Larus colocamobiliáriourbano emMarrocosINTERNACIONALIZAÇÃO P9

UnimadeirascresceactividadeSECTOR FLORESTAL P7

Korange criacortador derelva autónomoEMPRESA CRIADA NA UA P3

Extrusal

Como surgiu a Extrusal e comque objectivos?A Extrusal surgiu em 1972, porquena época o engenheiro Carlos Boiaconstatou que não existia em Por-tugal produção de perfis de alumí-nio para arquitectura – tinham deser importados – o que causava vá-rias dificuldades aos potenciaisutilizadores. Nesse tempo o enge-nheiro Carlos Boia possuía já bas-tante experiência de produção in-dustrial e gestão, adquirida em di-ferentes empresas de vários secto-res onde tinha trabalhado e atra-vés da sua formação em engenha-ria mecânica e pós-graduação emgestão em Paris, pelo que estudouprofundamente a viabilidade deavançar com um investimento nosector da extrusão de alumínio e es-tabeleceu contactos que lhe permi-tiram obter os necessários supor-tes técnicos, por um lado, financei-ros, por outro, e licenciamentos (emépoca de condicionamento indus-trial). Nasceu assim uma sociedadeanónima, em 1972, com cerca de100 pequenos investidores da regi-ão que acreditaram no projecto. Oobjectivo era produzir em Portu-gal, para o mercado nacional, per-fis de ligas de alumínio, sobretu-do para caixilharia de qualidade,usando métodos modernos deprodução e de gestão e com respei-to por todos os parceiros, desde tra-balhadores, a sócios e outros inves-tidores, como a banca.

Quais são as áreas de negócioonde a Extrusal actua?A Extrusal actua no sector da cons-trução e em vários sectores indus-triais, nomeadamente como forne-cedor indirecto do sector automó-vel, de duas rodas, mobiliário, ilu-minação, energia, etc., para os quais

produz perfis de ligas de alumíniocom formatos e características di-ferenciados e adequados às neces-sidades dos clientes. No início, amaioria da produção destinava-seao sector da construção e apenasuma pequena parcela à indústria,sendo durante muitos anos a pro-porção de 70/30 por cento, situaçãoque se foi invertendo, para atingiractualmente a proporção inversa.

Que tipo de serviços/produtos co-mercializa?Actualmente a Extrusal produz ecomercializa vários tipos de perfis,como os perfis de alumínio parasistemas próprios para arquitec-tura desenvolvidos por técnicosda empresa e outros sistemas paraa construção, nomeadamente, pa-ra dentro de casa (indoor), mastambém perfis próprios de clien-

tes operando nestes sectores. Ossistemas próprios são comerciali-zados através de empresas do gru-po Extrusal em Portugal e nosPALOP. Produz e comercializa,também, os perfis standard e téc-nicos, sendo alguns desenvolvidospara clientes que solicitam quanti-dades que justificam a sua produ-ção, para além de produzir e co-mercializar perfis para indústria,nos sectores acima referidos, me-diante projecto do cliente comaconselhamento da Extrusal, ten-do a indústria automóvel e de duasrodas e as exportações directas eindirectas um peso significativoda produção/vendas da empresa.

Os perfis de alumínio não devemser usados sem tratamento de su-perfície, por questões de durabili-dade (resistência à corrosão) e deestética. A Extrusal possui uma li-nha de anodização e outra de laca-gem onde faz o tratamento de su-perfície sobretudo de perfis paraarquitectura, mas também para in-dústria, que são certificadas pelosorganismos europeus, que emi-tem as normas técnicas deste tipode processos e os controlam atra-vés de auditorias surpresa. Alémdisso, a empresa produz e comer-cializa as suas matrizes de extru-são e, nas suas próprias instala-ções ou em empresas controladaspelo grupo empresarial nascido apartir da Extrusal, peças técnicas,sejam acessórios para caixilhariasejam peças para indústria.

Quais são os produtos líder daExtrusal?Na arquitectura exterior destaca-mos os sistemas de ruptura térmi-ca, cuja introdução em Portugal aExtrusal foi pioneira, em especial osistema clássico de abrir de RPTA045, até ao mais recente de folhaoculta A065, ao sistema de correrelevável B100, especialmente ade-quado para moradias de designexigente. Destaca-se ainda o siste-ma de fachada A080 com todas assuas variantes e o sistema de pára-sois F016 com a variante agregadaà fachada, o Helios. O sistema F018para revestimento e protecção deespaços semi-abertos é tambémum dos nossos preferidos. Criá-mos nos últimos anos toda umagama de perfis e sistemas para ointerior, através da nossa associa-da Opexil. Esta empresa do grupodesenvolveu ainda um sistemapara fixação de painéis solares

(módulos fotovoltaicos e colectorestérmicos), com diferentes soluçõesde acordo com as aplicações emtelhados ou no solo plano, muitoversátil e com as enormes vanta-gens do alumínio anodizado, no-meadamente no que diz respeito àresistência à corrosão/durabilida-de. Na vertente dos clientes dão-nos especial satisfação alguns pro-dutos para a indústria automóvel,quer por sermos fornecedores in-directos de marcas de grande pres-tígio, como a Porsche, quer porproduzirmos perfis para quase to-das as marcas de automóveis, querainda por conseguirmos superaras grandes dificuldades técnicas deprodução de perfis e peças paraeste sector, de enorme exigência atodos os níveis, e no qual há umelevado ritmo de inovação.

Da visão do Eng.º Carlos Bóia o queficou? Muito mudou desde então?Sem dúvida que os princípios dequalidade e seriedade que semprenortearam a acção do nosso funda-dor continuam a ser aqueles porque nos norteamos. Se hoje o graude exigência dos clientes é muitosuperior ao que existia no início daempresa, são os mesmos princí-pios que nos fazem conseguir su-perá-los. Encaramos com serieda-de os pedidos, analisamos a viabili-dade técnico-económica de os sa-tisfazer e é com o mesmo empe-nho, dedicação e vontade de fazerbem que conseguimos superar asinúmeras dificuldades que vãodiariamente surgindo a todos osníveis, desde o apoio técnico aos cli-entes, à selecção das matérias pri-mas, ao rigoroso controlo da pro-dução, a todas as questões de plane-amento e logísticas, ao atendimen-to pós venda.

Hoje, a Extrusal, mais do que umaempresa, é um grupo que estáimplantado por todo o país. Quaisforam os principais marcos de to-do este processo de crescimento?De facto, se nos primeiros anos aprocura de perfis era tanta que noslimitávamos a responder aos pedi-dos dos clientes e crescemos muitorapidamente, com o aparecimentode mais empresas para além dasduas iniciais (a nossa em Aveiro euma em Lisboa, com capitais es-trangeiros), foi preciso criar uma es-tratégia comercial diferente, quepermitisse chegar com os nossosprodutos a todo o país. Assim, cria-ram-se a partir de 1986 empresascomerciais estrategicamente im-plantadas no território, tendo-secriado uma SGPS, a Hexal, para esseefeito, que participava maioritaria-mente sociedades com sócios técni-cos um pouco por todos o país. Al-gumas destas empresas foram cri-

adas de novo e, noutros casos, fize-ram-se sociedades com antigos cli-entes. Após o ano 2000, iniciou-seum processo de aquisição gradualdas quotas aos sócios, quer por seaproximarem da idade de reforma,quer devido à necessidade de rees-truturação e consolidação do grupo,normalizando as metodologias co-merciais e os produtos para arqui-tectura. Mais recentemente, e ante-cipando e/ou reagindo à redução daimportância do sector da constru-ção, ao encurtamento das distân-cias e às novas facilidades de comu-nicação virtual concentraram-seempresas em território nacional,mas por outro lado criaram-se no-vas sociedades em Cabo Verde, An-gola e Moçambique. Por outro lado,e embora sem presença de estrutu-ra comercial fixa nos locais, os nos-sos produtos, sobretudo industri-ais, estão hoje presentes em váriospaíses da Europa.

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ENTREVISTA25 DE OUTUBRO DE 2011 TERÇA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

CRISTINA BÓIAADMINISTRADORA DA EXTRUSAL

“A evolução da empresa “Após este período, e com todas as optimizações que temos vindo afazer, a Extrusal será uma das empresas portuguesas industriais comque o país vai continuar a poder contar”, garante a administradora

� “Sendo a qualidade, desde oinício, um dos principais lemasda cultura da Extrusal, o ambi-ente surgiu, naturalmente, co-mo uma das vertentes dessa

qualidade”, refere a empresa emwww.extrusal.pt. “Na Extrusaloptou-se sempre pelas tecnolo-gias mais modernas disponí-veis, aquando da aquisição decada novo equipamento, não sócomo garantia da excelênciados produtos, mas também deminimização dos impactes noambiente, exterior e interior”,acrescenta a empresa.l

Ambiente évertente daqualidade

� A maioria das empresas doGrupo dedica-se à comerciali-zação de perfis de alumíniopara arquitectura, nomeada-mente das séries para caixilha-

ria de alumínio, situando-se emPortugal Continental, nos Aço-res, Cabo Verde, Angola e Mo-çambique. Outras empresas dogrupo dedicam-se à fabricaçãoe comercialização de acessóriospara caixilharia de alumínio e àco-mercialização de sistemastécnicos. O grupo integra aindauma empresa de mediação deseguros e uma transportadora.l

Onde está o GrupoExtrusal

“O CONTEXTO externo é muitodifícil e não permite distracções”,diz a administradora da Extrusal

“SOMOS TODOS NÓS,JUNTOS, QUE TEMOSDE CONTINUARA CONSTRUIRA EMPRESA”

ENTREVISTA

525 DE OUTUBRO DE 2011 TERÇA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

Qual é a vantagem competitiva daExtrusal face aos demais “play-ers” no mercado?A nossa missão e prática semprefoi a qualidade, produzida comrespeito por todos os parceiros epelo ambiente. Esta maneira de es-tar tem-nos permitido chegar aosmercados mais exigentes, e man-

ter clientes que sabem que podemcontar connosco, porque têm emnós um parceiro fiável. Fomos aprimeira empresa do sector a cer-tificar-nos de acordo com as nor-mas internacionais de qualidadeISO, em 1997 (hoje ISO 9001:2008) ede ambiente (ISO14001) em 2002, oque hoje, passados quase dez

anos, ainda nem todas as empre-sas têm. E, como disse antes, te-mos os labels europeus de quali-dade para os tratamentos de su-perfície Quanalod, Qualicoat (in-cluindo Seaside) e Qualideco. Estafilosofia retira-nos mercado em

franjas em que só o preço conta,seja ao nível privado, seja de algu-mas entidades estatais, porqueproduzir bem, controlar a qualida-de e cuidar do ambiente tem custospara a empresa.

A Extrusal dispõe, em Lisboa ePorto, de gabinetes de estudos eprojectos. O que se pretende comestas estruturas?Estas estruturas fazem a divulga-ção técnica dos nossos sistemaspara construção junto dos gabine-

tes projectistas e de donos de obra,dão acompanhamento técnico naescolha das soluções mais adequa-das em cada caso e dão apoio aoprojecto. Alargámos recentemen-te o âmbito das certificações dequalidade e ambiente aos serviçosprestados nos gabinetes.

A Extrusal, para além de Portu-gal, opera em Angola, Moçambi-que e Cabo Verde. Qual é a estra-tégia de internacionalização defi-nida pela empresa?Ao nível da construção a estratégiada empresa tem sido criar socieda-des comerciais em mercados ondehaja, claramente, necessidade dapresença de produtos como os nos-sos, tendo um stock disponível lo-calmente, que permita aos clientesreduzir os seus próprios stocks, sa-tisfazendo, rapidamente, as suasnecessidades, podendo, além disso,encomendar outros sistemas/co-res que não tenhamos armazena-dos no local, se dispuserem de maistempo. Além disso, damos forma-ção, apoio técnico e colocamos nes-ses mercados produtos de grandequalidade, produzidos com granderespeito pelas pessoas e pelo ambi-ente. A escolha dos PALOP resultade estes preencherem estas carac-terísticas e de permitirem recorreraos nossos técnicos especializadosem caixilharia, mas com dificulda-des em se expressar que não em

português, situação que tem mu-dado com a formação de gentemais jovem na área da caixilhariapara arquitectura. Por outro lado,há uma abordagem completame-nte diferente aos mercados indus-triais, sobretudo europeus, privile-giando, neste caso, as exigênciastécnicas e a deslocação a esses mer-cados de técnico-comerciais daempresa, com ou sem intermediá-rios, mas sem estrutura física localnossa, como já disse.

Quais são os mercados mais re-levantes?Para além dos PALOP (arquitectu-ra), o centro da Europa tem umagrande relevância nas nossas ex-portações, assumindo o “motor ale-mão” (mesmo que se trate actual-mente de empresas multinacio-nais de capitais norte-americanos).

O mercado doméstico respondeàs necessidades da empresa?Actualmente, se apenas vendesse-mos no mercado interno, a empre-sa, como muitas outras, não pode-ria sobreviver.

Qual o peso dos mercados exter-nos no volume de negócios daempresa?As exportações directas represen-tam, actualmente, cerca de 40 porcento do volume de negócios daempresa, sendo que deverão re-

presentar mais de 50 a 60 por cen-to, se considerarmos também asexportações dos nossos clientes.

Pretendem aumentar essa quo-ta? Qual o objectivo?Esse é sempre o objectivo das em-presas, mas não nos podemos es-quecer que todos os outros pensamdo mesmo modo. Não só os nossosconcorrentes no país, mas tambémos que operam nos nossos paísesde destino. No contexto actual, édifícil definir objectivos, mas conti-nuamos a trabalhar quer nos paí-ses onde já temos clientes, quer naabordagem a outros mercados.

O que tem ditado a boa perfor-mance empresarial da Extrusal?A seriedade e rigor a todos os ní-veis, o que implica um enormeprofissionalismo, preparação téc-nica nas diferentes áreas e dedica-ção dos colaboradores da empresa,desde a direcção, aos directores de-partamentais, às chefias intermé-dias, a todos os colaboradores. Nãosendo os tempos fáceis, sobretudoquando nalguns outros países,mesmo europeus, continua a ha-ver oportunidades interessantes,vive-se um grande espírito de equi-pa, com grande consciência de quesomos todos nós, juntos, que temosde continuar a construir a empre-sa. A esmagadora maioria das pes-soas tem esta noção. �

não pára”PUB

� A Política de Qualidade eAmbiente da Extrusal assentano compromisso de oferecerperfis extrudidos, anodizados elacados e serviços associados

de qualidade, no interesse dosclientes, em respeito pelos cola-boradores, investidores, Esta-do, comunidade envolvente eambiente. A gestão global dosprocessos produtivos, de relaci-onamento com os clientes, desuporte à actividade e adminis-trativos e das suas interacçõescom o ambiente é organizadaatravés do SQE e do SIGMA.l

Política deQualidadee Ambiente

� A Extrusal foi dasprimeiras indústrias no paíse a primeira do sector a insta-lar uma Estação deTratamento de Águas

Residuais Industriais(ETARI), logo que iniciou aprodução de efluentes indus-triais a partir dos tratamen-tos de superfície, isto é, em1982. Esta ETARI foi sendodevidamente adaptada e opti-mizada em harmonia com asampliações e alterações dosprocessos de fabrico.l

Pioneira nainstalação deuma ETARI

� De acordo com o site da Ex-trusal (www.extrusal.pt), “oalumínio é dos elementosmais abundantes nos mantossuperficiais terrestres. Existe

apenas no estado combinado,em diversas rochas sili-catadas, particularmente nosfeldspatos, micas, tormalina,etc. Também se encontra nasargilas, xistos e ainda nabauxite. O mineral dealumínio mais utilizado é abauxite natural.l

Alumínio:ondeencontrar

6 25 DE OUTUBRO DE 2011 TERÇA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

� Segundo se refere emwww.extrusal.pt, as principaiscaracterísticas do alumínio sãoa reduzida massa volúmica; aboa resistência à corrosão

atmosférica (devido à forma-ção de um filme auto-protec-tor de alumina); o elevadoalongamento e baixa resistên-cia à rotura, que permitemfácil enformação; o ponto defusão moderado, que facilita aobtenção de ligas; a elevadacondutibilidade eléctrica e tér-mica; o bom poder reflector; éreciclável.l

Principaiscaracterísticasdo alumínio

Que balanço faz da actividade atéagora desenvolvida?A evolução da empresa não pára.Há sempre aspectos que é precisomelhorar, desafios a ultrapassar. Àsvezes temos a sensação de que pou-co se avançou, mas quando compa-ramos o que fazíamos há uns anose como, com o ponto onde estamosagora, temos de fazer um balançomuito positivo. Houve evoluções demétodos, de equipas, de técnicas eprocessos, sempre dentro do mes-mo espírito de exigência e qualida-de, mas indispensáveis para as res-postas que os mercados dos temposmodernos exigem.

Que futuro perspectiva para aExtrusal?No curto/médio prazo, antevemosa necessidade de continuar comum controlo muito apertado dasnossas operações, porque, de facto,o contexto externo é muito difícil enão permite distracções, exigindouma forte vontade e espírito deequipa e de ultrapassar todos osobstáculos. Acreditamos que, apóseste período, e com todas as opti-mizações que temos vindo a fazer,a Extrusal será uma das empresasportuguesas industriais com que opaís vai continuar a poder contar, ena qual esperamos venha a termais orgulho. Frequentemente,nós, portugueses, desprezamos oque temos… felizmente, vai come-çando a haver por aí cada vez mais

gente muito empenhada em real-çar o que há de bom no país.

Que leitura faz do actual momen-to económico?Vivem-se no mundo momentos degrande desnorte… A globalização eos sistemas de informação leva-ram-nos para dimensões excessi-vamente distantes da dimensãohumana e a perspectiva perdeu-se.A economia afastou-se, excessiva-mente, da economia real e, se isso jáme parecia perigoso há uns anos, arealidade demonstra que o é defacto. A forte crise internacional ini-

ciada em 2008, com o rebentamen-to previsível da bolha especulativanos Estados Unidos, fortementeassociada à excessiva inflação dosector imobiliário mas não só, e quecomo sabemos arrastou muitosoutros países, com exposição a fun-dos de investimento pouco susten-tados na economia real, é o resulta-do de tudo isto. Seguiu-se a inter-venção activa dos governos estadu-ais e federais, para tentar evitar arepetição de uma crise como a dagrande depressão nos Estados Uni-dos em 1929, tendo estes apoiado,fortemente, o sistema bancário pa-ra evitar o seu colapso, arrastandotoda a economia. Estes apoios, asso-ciados a um ciclo de gastos excessi-vos iniciado nos anos de forte cres-cimento das economias levou, con-tudo, a aumentos inusitados dasdívidas soberanas de vários paísesmas também de muitos privados,que a banca apoiou enquanto pode,mas que claramente concluiu nãopoder continuar a apoiar a partir de2011. Há meia dúzia de anos, quemnão fizesse obra ou não comprassebens, com o intuito de controlar or-çamentos, públicos ou particulares,era considerado “bota de elástico”!Agora, quem fez e gastou já é apeli-dado de ter sido irresponsável! Co-mo as apreciações mudam! E comoas loucuras são colectivas! Tudo istonós sabemos, assim como o modocomo nos afecta. O que parecemosnão saber muito bem é como resol-

ver. Perdeu-se muito a perspectiva,a noção dos objectivos da economiae dos limites, e a complexidade étanta que é difícil para quem tem degerir estes sistemas globais, diag-nosticar de forma certeira e tomaras medidas adequadas. A tendênciaé que cada um se refugie no seu pró-prio problema para conseguirmanter a lucidez… E continuam acometer-se os mesmo erros – eco-nomias hoje em franco crescimen-to no mundo (aquelas onde os ní-veis de base eram muito baixos) es-tão a formar novas bolhas que po-derão também rebentar! Acredito

que retroceder um pouco, para umadimensão mais próxima do que ageneralidade dos humanos seriacapaz de percepcionar era impor-tante. Mas como é que lá se chega denovo? Só percebendo, quer cadaum de nós (cidadãos em geral, jor-nalistas, juristas…), quer os gover-nantes, que os caminhos que ví-nhamos trilhando nos poderão le-var a uma situação crítica irreversí-vel e se implementarem rapida-mente acções no sentido de huma-nizar a economia (em termos deescala e de práticas). É imperiosoque os governantes percebam que oparadigma tem de mudar rapida-mente, e eles têm de assumir a suacondição de estadistas, de conduto-res de sociedades. Ora, isto é difícil ea história da humanidade não nospermite ter muitas esperanças nobom senso comum!

Há cada vez mais empresas a fe-char portas. A situação da Extru-sal é sustentável?Nós acreditamos que sim, mas te-

mos a noção de que os riscos sãomuitos e de que não dominamostodas as variáveis (o que à partida ébom, porque nos leva a ser cautelo-sos sem paralisarmos). O nossosector é extremamente competiti-vo, há excesso de oferta em especialnos países do sul da Europa. Mas jáé assim há alguns anos e cá esta-mos. Agora, o contexto económicoexterno (à Extrusal) veio agravar ocenário. As dificuldades do sectorbancário, a loucura em espiral dosratings, não se consegue prever atéonde nos poderão levar, e aos nos-sos clientes e fornecedores. Por ou-tro lado, olhando para dentro, pro-curando focar, temos muitas maisvalias – sabemos fazer bem e faze-mos, temos um grande espírito deequipa e acreditamos que temos decontinuar a esforçar-nos, temos ti-do menos flutuações do que outrasempresas, porque temos clientesfiéis a quem procuramos tratarbem, temos estabilidade técnicacom evolução positiva, temos sóci-os que estão interessados em conti-

nuar a apostar na empresa e acre-ditam que temos é de passar esteperíodo com alguma serenidade, eestão dispostos a ajudar na suaqualidade de sócios, se for necessá-rio. Na situação actual, a Extrusal ésustentável. Esperemos que a situ-ação externa não se agrave a níveisque não consigamos controlar.

Em 2009, a Extrusal obteve umvolume de negócios de 31,8 mi-lhões de euros (contudo inferiorem 23,1 por cento a 2008). Foi umano complicado?Foi, de facto. Houve uma reduçãogrande e simultânea do sector daconstrução mas também do sectorindustrial, fruto da crise internacio-nal. Além disso, o preço do alumíniodesceu, drasticamente, a partir demeio de 2008, o que contribuiu tam-bém para a redução do nosso volu-me de negócios, em euros. Mas, ape-sar disso, conseguimos equilibraras nossas contas em 2009. Desseponto de vista, o maior impacto foiem 2008, porque estávamos a cres-cer muito, tínhamos muito stock dematéria-prima, porque era difícilobtê-la e não queríamos que faltassepara satisfazermos os nossos clien-tes e, de repente, o valor do alumínioem bolsa desceu praticamente anossa margem! Felizmente, tínha-mos muitos contratos de médio elongo prazo, que embora com al-guns ajustes de quantidade, os clien-tes cumpriram. Com excepção de

um, português, claro (e digo isto commágoa pelas práticas nacionaispouco sérias)…Nos clientes semcontrato tivemos de ajustar os pre-ços, ou deixaríamos completamen-te de vender e aí perdemos dinheiro.Alterámos completamente a nossapolítica de compras desde aí. Nunca,no tempo de vida da empresa, tinhahavido uma alteração de tal dimen-são em tão pouco espaço de tempo.

Como correu 2010?Correu bastante bem. Voltámosaos anos de crescimento (apesar dacrise externa não ter passado), com

resultados sustentáveis, que nospermitiram cumprir as nossas res-ponsabilidades não só do dia-a-dia, mas perante financiadores aquem recorreramos para moder-nizar a empresa.

E para este ano (2011), quais sãoas suas expectativas?O ano de 2011 começou muito bem,com crescimento relativamente a2010, que já havia sido bom, embo-ra tenhamos estado sempre bas-tante expectantes e atentos à situa-ção do país. Como temíamos, a situação exter-na começou a ter impactes sobretu-do no sector da construção, commaior influência no volume denegócios global da empresa a partirde Maio. A situação está equilibra-da, mas não onde gostaríamos queestivesse.

Que projectos tem a empresa pa-ra breve?Temos, de facto, alguns clientesnovos e novos projectos com osactuais, que pensamos virão a terjá algum significado no último tri-mestre, mas sobretudo em 2012.Se não perdermos outros clientes,fruto da conjuntura externa ou daconcorrência, 2012 poderá serinteressante. O sector mais preo-cupante é o da arquitectura, espe-cialmente em Portugal. Espera-mos também consolidar a pene-tração do nosso sistema de supor-

tes solares no mercado, quer naci-onal quer de exportação. Mastambém este sector está depen-dente da evolução da situaçãoexterna. Em suma, não estamosem tempo de grandes projectos dealto risco, mas antes empenhadosem fazer evoluir para níveis aindamelhores e mais modernos osnossos produtos próprios, em darresposta às solicitações inovado-ras dos nossos clientes, prestandomuita atenção à situação financei-ra destes, não assumindo riscosque, noutras épocas, teriam sidomais aceitáveis.

PRODUTOS da Extrusal estão presentes em vários países da Europa

“ESTA MANEIRA DE ESTAR TEM-NOSPERMITIDO CHEGAR AOS MERCADOSMAIS EXIGENTES E MANTER CLIENTES QUESABEM QUE PODEM CONTAR CONNOSCO,PORQUE TÊM EM NÓS UM PARCEIRO FIÁVEL”

“DÃO-NOS ESPECIAL SATISFAÇÃOALGUNS PRODUTOS PARA A INDÚSTRIAAUTOMÓVEL, QUER POR SERMOSFORNECEDORES INDIRECTOS DE MARCASDE GRANDE PRESTÍGIO, COMO A PORSCHE”

ENTREVISTA