Direito a @prender II

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Literacia da Informação - Direito a @prender II I. Reflexão É sabido que pesquisar, seleccionar informação, tratá-la, apresentá-la e identificar correctamente as fontes faz parte das competências mínimas, à saída do Ensino Básico. É sabido que, numa percentagem preocupante de casos, tal não acontece. É sabido que muitos alunos (da nossa escola) iniciam e terminam o Ensino Secundário, sem terem desenvolvido estas competências. É sabido que, não podendo refazer os percursos dos alunos que chegam à nossa escola, temos o dever de tentar resolver a situação. É sabido que a competência de recolha de informação é transversal a todas as disciplinas, o que implica uma sintonia de métodos e perspectivas e, inevitavelmente, um trabalho articulado. II. Algumas Questões Que disciplinas ensinam (ou devem ensinar) técnicas de pesquisa, selecção, tratamento e apresentação da informação? (De certo modo, esta questão está respondida no ponto anterior…) Há uniformidade sobre este aspecto do ensino/ aprendizagem? As planificações mencionam e apresentam modos de operacionalização? Os manuais referem/abordam estas competências? (Onde, em que páginas?) Quando os professores solicitam um trabalho/projecto de pesquisa: 1. Seguem uma estratégia que implique a apresentação da necessidade de informação como um problema a resolver? 2. Exigem que a pesquisa inclua também documentos impressos? 3. Dão indicações sobre o número de documentos a consultar? 4. Dão indicações concretas sobre a extensão dos trabalhos? (quanto mais baixo é o nível dos alunos de mais indicações precisam)

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Literacia da Informação - Direito a @prender II I. Reflexão

É sabido que pesquisar, seleccionar informação, tratá-la, apresentá-la e identificar correctamente as fontes faz parte das competências mínimas, à saída do Ensino Básico.

É sabido que, numa percentagem preocupante de casos, tal não acontece. É sabido que muitos alunos (da nossa escola) iniciam e terminam o Ensino

Secundário, sem terem desenvolvido estas competências. É sabido que, não podendo refazer os percursos dos alunos que chegam à nossa

escola, temos o dever de tentar resolver a situação. É sabido que a competência de recolha de informação é transversal a todas as

disciplinas, o que implica uma sintonia de métodos e perspectivas e, inevitavelmente, um trabalho articulado.

II. Algumas Questões

Que disciplinas ensinam (ou devem ensinar) técnicas de pesquisa, selecção, tratamento e apresentação da informação? (De certo modo, esta questão está respondida no ponto anterior…)

Há uniformidade sobre este aspecto do ensino/ aprendizagem? As planificações mencionam e apresentam modos de operacionalização? Os manuais referem/abordam estas competências? (Onde, em que páginas?) Quando os professores solicitam um trabalho/projecto de pesquisa:

1. Seguem uma estratégia que implique a apresentação da necessidade de informação como um problema a resolver?

2. Exigem que a pesquisa inclua também documentos impressos?3. Dão indicações sobre o número de documentos a consultar? 4. Dão indicações concretas sobre a extensão dos trabalhos? (quanto mais baixo é o

nível dos alunos de mais indicações precisam) 5. Fornecem alguma grelha orientadora para o registo das pesquisas? 6. Fomentam o recurso a esquemas para registo sistematizado da informação?7. Como resolvem o problema dos trabalhos totalmente copy/paste?8. Obrigam a que exista uma fase de oralidade?9. Obrigam a que os trabalhos obedeçam a uma determinada estrutura e refiram

sempre as fontes consultadas?O objectivo desta proposta é que em cada grupo/ departamento esta problemática se torne (se é que ainda não se tornou) central e que se criem mecanismos para que se concretizem as normas já anteriormente aprovadas e divulgadas.Não se pretende sugerir que todas as disciplinas devam mandar fazer trabalhos de pesquisa, mas sim que aqueles que se exigem sejam de acordo com as regras há muito definidas e aprovadas.

III. Algumas sugestões

Há trabalhos mais extensos e menos extensos, mas todos devem ser considerados importantes. Por mais simples que seja a pesquisa que se solicita (uma data, um país, um filósofo, um poeta, uma modalidade desportiva…), nunca se deve pedir aos alunos, particularmente de 10º Ano, aos formandos EFA ou candidatos CNO: ”Pesquisa/e

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sobre…”. Procure dar sempre indicações precisas sobre o que pretende e não aceite resultados que não são mais do que copy /paste. Até ter a certeza absoluta de que o aluno/ formando/candidato sabe pesquisar autonomamente, oriente as suas pesquisas, obrigando-o a consultar, de modo organizado, fontes diversificadas.Sugira que preencham grelhas, do tipo:

Dê indicações para que escrevam por tópicos, retirando apenas as ideias/ informações necessárias.

Promova o recurso a esquemas e diagramas, que funcionam como mapas mentais, estruturadores do pensamento. Exija que pesquisem em fontes diversificadas: Páginas Web /blogues, livros, enciclopédias, revistas/jornais. Pode pedir, por exemplo, que procurem o assunto em questão na internet, mas também nas monografias “X” e / ou publicações periódicas, existentes na BE. Mas procure ser preciso, indicando um número.

Fomente a expressão oral, como complemento do trabalho escrito, não só com o objectivo de desenvolver esta competência, mas também para garantir que quem realizou a pesquisa assimilou a informação recolhida.

Exija que façam citações correctamente. -Pode dar indicações para que transcrevam informações sobre o tema em questão: uma definição de um dicionário; um/dois/ parágrafos de um livro de referência; um excerto de um documento acedido na internet (seja preciso: indique o tamanho da citação). Refira que a citação tem de ser escrita entre aspas e que se deve identificar correctamente a fonte.

Não aceite trabalhos sem Bibliografia/ Web(o)grafia -Insista na ideia de que utilizar um texto ou uma imagem, sem referir a fonte, é uma forma de “pirataria”.

Recomende a consulta dos materiais disponibilizados on-line.

Aceitar e impor estas regras é preparar o futuro dos nossos alunos, que têm o direito a @prender.

Alcobaça, 6 de Setembro de 2010 A Professora Bibliotecária

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