Direitos humanos e qualidade de vida

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE ARQUITETURA E DESIGN DESENHO INDUSTRIAL DESIGN DE MODA DIREITOS HUMANOS E QUALIDADE DE VIDA CÂNCER DE MAMA CURITIBA 2015

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Ética + design de moda

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Page 1: Direitos humanos e qualidade de vida

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE ARQUITETURA E DESIGN

DESENHO INDUSTRIAL – DESIGN DE MODA

DIREITOS HUMANOS E QUALIDADE DE VIDA

CÂNCER DE MAMA

CURITIBA

2015

Page 2: Direitos humanos e qualidade de vida

ALINE JANISKI

GABRIELA FERREIRA

JULIANA MOREIRA

SAMARA FERREIRA

DIREITOS HUMANOS E QUALIDADE DE VIDA

CÂNCER DE MAMA

CURITIBA

2015

Trabalho Acadêmico apresentado

ao Curso de Design de Moda da

Pontifícia Universidade Católica

do Paraná, como requisito parcial

à obtenção de aprovação na

disciplina de Ética.

Orientador: Haroldo de Paula

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1 CÂNCER DE MAMA

O Câncer de mama é o mais comum entre as mulheres e o segundo tipo de

câncer mais frequente no mundo. Em 2014, a estimativa de novos casos foram

de 57.120 segundo o INCA. O número de mortes em 2011 chegou 13.345,

sendo 120 e 13.225 mulheres.

Na maioria dos casos, a doença é descoberta em estágio avançado,

mesmo com toda a divulgação e conscientização nas mídias sociais. O

governo oferece tratamento gratuito através do Sistema Único de Saúde mas

ainda existe a necessidade de amparo, principalmente psicológico.

A Associação das Amigas da Mama atua nessa situação-problema

oferecendo consultas apoio para as mulheres vítimas da doença e também

proporcionando alternativas para facilitar a vida das mesmas, atitude

relacionada não somente com os direitos humanos, mas também com a

qualidade de vida.

1.1 Associação das Amigas da Mama

A associação das amigas da mama, foi fundada em 2001. A ideia surgiu na

sala de espera de um hospital onde três mulheres diagnosticadas com a

doença e que estavam em fase de quimioterapia esperavam pela consulta.

Uma das pacientes alertou suas colegas sobre o os benefícios assegurados

por lei, que ninguém tinha informação, e ambas passaram a pesquisar e

divulgar para outros pacientes.

Esse tipo de câncer, após de descoberto, pode desencadear outros

problemas relacionados principalmente com o psicológico. A depressão é o

mais comum deles, visto que a queda dos cabelos, transformações na pele e

no peso são consequências do tratamento. “O tratamento contra o câncer de

mama afeta muito a saúde psicológica da mulher. A queda do cabelo e

a mamoplastia (retirada total ou parcial do seio com o tumor) são os fatores

mais influentes na qualidade de vida dos pacientes com câncer e depressão. A

paciente tem experiências de cirurgias extremamente agressivas e ainda,

a mamoplastia exige que se carregue o dreno para a saída do sangue que

ficou acumulado e muitos dias de repouso”, afirma Maria de Lourdes, primeira

conselheira da associação.

Com a doença, tratamento e a impossibilidade de trabalhar, vem as

dificuldades financeiras. A renda familiar diminui e há uma elevação nos gastos

mensais. O que muitos não sabem é que o governo fornece alguns benefícios

assegurados por leis, tais como auxílio-doença, FGTS, PIS e transporte

coletivo gratuito. Nesse contexto foi visto a necessidade de uma associação

para amparar e apoiar todas essas mulheres. A doação de próteses mamárias

e perucas são os fatores que mais atraem as mulheres.

Por não se tratar de um centro-médico, os pacientes com câncer são

tratados como “assistidos” pelos psicólogos e outros voluntários. As consultas

com esses profissionais têm como objetivo ajudar a pessoa a lidar com

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problemas que vão desde a depressão até dificuldades no relacionamento com

a família. Além das consultas com psicólogos, a experiência de quem já

superou a doença serve de amparo para os novos casos.“É importante a

mulher com câncer saber que existe muita gente que já passou por isso,

conseguiu superar a doença e hoje está bem”, relata a Conselheira.

"Eis a tranquilidade no meio da tempestade", diz Sêneca. A convivência e a

oportunidade se compartilhar como está sendo a experiência com o câncer são

fatores que trazem segurança para o paciente. As mulheres associadas visam

diariamente o bem estar do próximo, não deixando que a pessoa saia da

mesma forma que entrou na associação, e os laços de amizade e

companheirismo criados ajudam a recuperar as expectativas de uma vida

saudável e de superação.

1.2 Atuação

A instituição tem grande influência na qualidade de vida das mulheres que

integram essa equipe. O trabalho voluntário é essencial, já que se trata de uma

organização sem fins lucrativos que tem confecção própria de próteses

mamárias e porta-drenos doados para a população. Há, também, a produção

de perucas que são destinadas ao empréstimo para as pessoas que fazem

quimioterapia. Lenços e turbantes também são alternativa de acessórios.

Por esses motivos, a instituição foi selecionada para representar o tema

Direitos humano interligado ao bem estar e participação social na semana de

ética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Os Direitos humanos são

os direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Seu conceito

também está ligado com a ideia de igualdade perante a lei. Pensando nisso,

pode ser identificado como direitos humanos a iniciativa de procurar e divulgar

para outros pacientes, também com câncer, todos os direitos previstos em lei

que auxíliam a vida do indivíduo com câncer. O bem estar tem ligação direta

com o tratamento psicológico e a moda. A psicologia trata de suavizar as

consequências que interferem nos fenômenos emocionais enquanto a moda

complementa esse tratamento cuidando da autoestima, e a organização

oferece um suporte completo zelando por todas as áreas da vida dos

assistidos. A intervenção dedicada para essa minoria é responsável pela

qualidade de vida, acima de tudo.

1.3 Iniciativa social

O bem coletivo sempre foi um dos objetivos da ONG, onde cada

participante compartilhava o que achava necessário com seus colegas. Essa

atitude exemplifica a frase "Submete o teu bem pessoal ao bem comum”, do

filósofo Hans Jonas, que pode ter relação com o individualismo de cada

homem e o aconselha para que seu bem pessoal interfira na sociedade não

sendo mais individual, exatamente o que ocorre com as Amigas da mama: O

interesse pessoal de uma pessoa se tornou curioso para outras que se uniram

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e fundaram a instituição, hoje, responsável pela melhora na qualidade de vida

de muitas outras mulheres.

1.4 Qualidade de vida

Aristóteles afima que "A felicidade não se encontra nos bens exteriores".

O ato de fazer o bem para quem precisa é um passo importante para alcançar

a felicidade. Sendo assim, o trabalho solidário faz o voluntário feliz ao mesmo

passo que aproxima da felicidade quem nessecita dessa soliedariedade.

As mulheres diagnosticadas com câncer de mama ficam abatidas pelo

tratamento a que são submetidas. Esse, gera mudanças quase radicais na

qualidade de vida e aparência dessas pessoas, e as Amigas da Mama ajudam

na recuperação da autoestima, tornando mais fácil que a felicidade seja

alcançada começando por ajudá-las a encontrar a beleza interior pois a

felicidade não depende de padrões de beleza ou coisas materiais.

O filósofo diz ainda, que "A Felicidade é ter algo a que fazer, ter algo que

amar e algo que esperar" e é como o amparo oferecido pela instituição,

tratando cada uma com sua individualidade embora as necessidades sejam

coletivas e disponibilizando um tempo e espaço para que se recupere o amor

próprio e mostra que expectativas são importantes para superar a

doença. Onde, mais uma vez, o voluntariado se encaixa e reafirma o que

Aristóteles diz, pois estando envolvido em uma causa social que cuida de

outras pessoas, é uma forma de ter o que amar e o que esperar.

1.5 Moda e tendência

As alternativas desenvolvidas pela Associação das Amigas da Mama para

amenizar o problema de queda de cabelo são bem característicos da

instituição. Há confecção própria de perucas que ocorre devido aos cabelos

doado pela sociedade, arrecadação de lenços e outros acessórios, e a

produção de turbantes, feito pelos associados.

O porta-drenos foi criado para facilitar o conforto e praticidade do período

pós-operatório das mulheres. “O câncer é agressivo e é necessário que se

carregue o dreno após cada cirúrgia e isso causa desconfortos. Mas o porta-

drenos permite que a pessoa se movimente sem necessariamente estar

sempre com uma das mãos ocupadas e ainda é possível que seja camuflado

abaixo da roupa, evitando constrangimentos”, afirma Maria de Lourdes. A moda

também se manifesta como tentativa de recuperar a autoestima e o amor

próprio dentro da instituição. Além da estética que os lenços e outros

acessórios proporcionam, também se incentiva a aceitação da própria

aparência, sem o uso de perucas.

As próteses mamárias também fazem a diferença na vida de quem passa por

essa experiência. Elas são doadas para quem passou pela cirurgia de retirada

do seio e são confeccionadas pela própria associação em vários tamanhos.

"Preciso, pois, acostumar-se a sua condição, queixando-se o menos

possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela possa

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oferecer", afirma Sêneca. No contexto aqui proposto, há a adaptação da

pessoa com as consequências do tratamento, mas também a oportunidade de

adquirir auto-conhecimento e conhecer os próprios limites, além do

desenvolvimento de várias inovações. O câncer dá a oportunidade de essas

mulheres criarem projetos que facilitam a vida de muitas outras que estão

passando ou virão a passar pela mesma doença, como oporta-drenos, citado

anteriormente. E há também, a necessidade de adaptação tanto do paciente

quanto da própria família, onde a união pode se fortalecer e os familiares se

tornarem mais próximos uns dos outros.

1.6 Superação e felicidade

Todo o trabalho feito dentro da organização é voluntario e é feito por

pessoas em tratamento ou que já superaram a doença, mas há também,

aqueles que tiveram o apoio da associação e após a recuperação tomaram

outros rumos na vida. Isso ocorre porque, segundo a conselheira da

associação, quem sobreviveu á doença prefere enxergar como uma fase de

sua vida e se esforça para esquecer esse período difícil.

Contudo, o voluntariado é fundamental dentro da associação que só existe

pelo trabalho dos colaboradores e é importante que a ajuda seja mútua. "Faze

aos outros o que gostarias que eles fizessem a ti”, diz Hans Jonas.

Sartre diz que "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que

você faz com aquilo que fizeram com você". Então, cabe a cada um analisar

essa etapa de sua vida e perceber o que pode ser feito para melhorar esse

momento. As amigas da mama insistem em despertar a vontade de viver

das assistidas demonstrando que as atitudes em relação a doença é mais

importante do que os efeitos do câncer em seus corpos. A disposição é

fundamental para uma boa recuperação.

Logo, cada associado é responsável por zelar e cuidar da Associação das

Amigas da Mama. “É necessário portanto, cuidar das coisas que

trazem felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e sem ela, tudo

fazemos para alcança-la.”, afirma Epicuro.

A felicidade é o bem supremo e todo o esforço feito durante a vida do ser

humano é para alcançá-la. Então, quando alcançamos, cabe somente a nós

preservarmos o processo pelo qual passamos. A felicidade não se encontra

necessariamente em um lugar só. Aristóteles diz que para sermos feliz é

necessário que tenhamos uma vida contemplativa, mas não seria, então, o

trabalho voluntário na sociedade uma forma de alcançarmos um pouco dessa

forma de vida? Se voluntariar é doar-se para as causas alheias tendo o fim de

ver o bem do próximo. A Ética e seu estudo são fundamentais para mudar a

sociedade para melhor, tonando os indivíduos menos egoístas e mais

solidários ao próximo: “Faze aos outros o que gostaria que fizessem a ti”, diz

Hans Jonas.

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2 REFERÊNCIAS

Associação das Amigas da Mama. Disponível em

< http://www.amigasdamama.org.br/ >

Acesso em 25 de maio de 2015

IBGE. Dados sobre o câncer de mama. Disponível em

< http://teen.ibge.gov.br/pt/noticias-teen/7636-cancer-de-mama>

acesso em 04 de junho de 2015

INCA. Câncer de mama. Disponível em

<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama>.

Acesso em 04 de junho de 2015