DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM...

3
DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UM PACIENTE JOVEM – RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA A dissecção de artéria carótida interna é causa de AVE em 2,5% dos pacientes e uma importante causa em pacientes jovens (5-22%) A incidência de dissecção de artéria carótida interna varia de 2,5 a 3 pacientes por 100.000 1,2,3 . Geralmente ocorrem após um evento de trauma ou espontaneamente, geralmente associada a evento traumático pouco relevante 1,4 . Figura 1A e 1B de Angiotomografia em corte coronal, demonstrando em A: presença de dupla luz com flap intimal, e em B: presença de estreitamento da Artéria Carótida Interna. Relatar caso de paciente jovem com sintomas neurológicos de lateralização, enfatizando os achados que corroboram a suspeita de Dissecção espontânea de Artéria Carótida Interna, a importância do diagnóstico diferencial adequado e a necessidade da realização de exames radiológicos para confirmação do diagnóstico e início do tratamento clínico. Homem, 18 anos, portador de síndrome metabólica (hipertenso, resistência insulínica, hipertrigliceridemia, obesidade grau I e Circunferência abdominal de 130cm), por ocasião de jogo de futebol, começou a sentir forte cefaleia intensa e pulsátil, hemicraniana frontotemporal à direita com irradiação para região cervical, evoluindo após trinta minutos com hemiparesia à esquerda, inicialmente em membros superiores evoluindo para os inferiores. RELATO DO CASO OBJETIVO INTRODUÇÃO JOÃO MARCOS IBRAHIM DE OLIVEIRA 1 ; JOÃO PEDRO ABRAHÃO NICOLETTI 1 ; MARCUS VINÍCIUS SILVA FERREIRA 1 ; PAULA MARQUES MIGOWSKI CARVALHO 1 ; ANA ROSA COSTA MELO 1 ; ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA 2 . 1.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA, BRASÍLIA - DF – BRASIL. 2.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E CLÍNICA ANGIOMEDI, BRASÍLIA - DF - BRASIL. A B

Transcript of DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM...

Page 1: DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UMicongresso.itarget.com.br/tra/arquivos/cbc.3/457.pdf · 2015-07-15 · dissecÇÃo de artÉria carÓtida interna em um paciente jovem

DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UM PACIENTE JOVEM – RELATO DE CASO E REVISÃO DA

LITERATURA

A dissecção de artéria carótida interna é causa de AVE em 2,5% dos pacientes e uma importante causa em pacientes jovens (5-22%) A incidência de dissecção de artéria carótida interna varia de 2,5 a 3 pacientes por 100.0001,2,3.

Geralmente ocorrem após um evento de trauma ou espontaneamente, geralmente associada a evento traumático pouco relevante1,4.

Figura 1A e 1B de Angiotomografia em corte coronal, demonstrando em A: presença de dupla luz com flap intimal, e em B: presença de estreitamento da Artéria Carótida Interna.

Relatar caso de paciente jovem com sintomas neurológicos de lateralização, enfatizando os achados que corroboram a suspeita de Dissecção espontânea de Artéria Carótida Interna, a importância do diagnóstico diferencial adequado e a necessidade da realização de exames radiológicos para confirmação do diagnóstico e início do tratamento clínico.

Homem, 18 anos, portador de síndrome metabólica (hipertenso, resistência insulínica, hipertrigliceridemia, obesidade grau I e Circunferência abdominal de 130cm), por ocasião de jogo de futebol, começou a sentir forte cefaleia intensa e pulsátil, hemicraniana frontotemporal à direita com irradiação para região cervical, evoluindo após trinta minutos com hemiparesia à esquerda, inicialmente em membros superiores evoluindo para os inferiores.

RELATO DO CASO

OBJETIVO

INTRODUÇÃO

JOÃO MARCOS IBRAHIM DE OLIVEIRA1; JOÃO PEDRO ABRAHÃO NICOLETTI1; MARCUS VINÍCIUS SILVA FERREIRA1; PAULA MARQUES MIGOWSKI CARVALHO1; ANA ROSA COSTA

MELO1; ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA2. 1.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA, BRASÍLIA - DF – BRASIL.

2.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E CLÍNICA ANGIOMEDI, BRASÍLIA - DF - BRASIL.

A

B  

Page 2: DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UMicongresso.itarget.com.br/tra/arquivos/cbc.3/457.pdf · 2015-07-15 · dissecÇÃo de artÉria carÓtida interna em um paciente jovem

DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UM PACIENTE JOVEM – RELATO DE CASO E REVISÃO DA

LITERATURA JOÃO MARCOS IBRAHIM DE OLIVEIRA1; JOÃO PEDRO ABRAHÃO NICOLETTI1; MARCUS

VINÍCIUS SILVA FERREIRA1; PAULA MARQUES MIGOWSKI CARVALHO1; ANA ROSA COSTA MELO1; ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA2.

1.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA, BRASÍLIA - DF – BRASIL.

2.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E CLÍNICA ANGIOMEDI, BRASÍLIA - DF - BRASIL.

RELATO DO CASO

Figura 2. Imagem de Angioressonância, demonstrando dupla luz com flap e presença de área de isquemia (hipodensa) na região parietal direita.

Não apresentou distúrbios da fala. Imagens da tomografia computadorizada de crânio sem contraste e ecodoppler de artérias carótidas na admissão não revelaram alterações. Foi realizada uma ressonância magnética (RM) que evidenciou a presença de uma lesão sugestiva de disseçao de artéria carótida interna à direita com lesões isquêmicas em h e m i s f é r i o c e r e b r a l d i r e i t o . A angiotomografia cerebral apresentou achados que corroboraram com a RM. Foi iniciada anticoagulação com Enoxaparina 1mg/Kg/dose de 12/12h, apresentando melhora da hemiparesia logo após o início da terapia anticoagulante. Após 24h foi iniciada Warfarina 5g (10mg no segundo dia), estabilizando a dose de seguimento em 5mg, com meta de INR entre 2-3, e terapia antiagregante com aspirina 100mg/dia. Recebeu alta após anticoagulação adequada, sem programação de terapia cirúrgica.

DISCUSSÃO

A sintomatologia é variável e algumas dissecções são assintomáticas. O método mais tradicional de diagnóstico é a angiografia digital, mas outros métodos estão ganhando aceitação para diagnóstico e acompanhamento da evolução do paciente, como o ecodoppler2,7, RM e a TC. O tratamento ideal permanece indefinido, no entanto o mais indicado é a terapia anticoagulante e antiagregante por 3 a 6 meses, que está indicado para todos os pacientes com dissecção espontânea de artéria carótida interna, estando o tratamento cirúrgico reservado para persistência da isquemia e complicações como pseudoaneurisma1,2,6.

DISCUSSÃO

A dissecção espontânea de carótida interna é uma causa importante de AVE em pacientes jovens (aproximadamente 25% dos casos). Geralmente ocorrem após um evento de trauma ou espontaneamente, geralmente associada a evento traumático pouco relevante (atividade esportiva leve1,4,5.

Page 3: DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UMicongresso.itarget.com.br/tra/arquivos/cbc.3/457.pdf · 2015-07-15 · dissecÇÃo de artÉria carÓtida interna em um paciente jovem

CONCLUSÃO

A possibilidade de dissecção de artéria carótida deve ser considerada em pacientes jovens portadores de síndrome metabólica que se apresentam com sinais neurológicos de lateralização. Nos casos confirmados de dissecção o tratamento inicial deve ser a anticoagulação, indicando tratamento cirúrgico para os pacientes refratários ou com complicações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.  Chaves C. Dissecção da artéria carótida. Rev Bras Cardiol Invas. 2008;16(3):353-61.

2.  Fusco MR, Harrigan MR. Cerebrovascular Dissections – A review Part I: Spontaneous Dissections. Congress of Neurological Surgeons. 2011;68:242-57.

3.  Patel RR, Adam R, Maldjian C, Lincoln CM, Yuen A, Arneja A. Cervical Carotid Artery Dissection: Current Review of Diagnosis and Treatment. Cardiology in Review. 2012;20:145-52.

4.  Vieira VLF, Pereira DC, Riberiro VT, Leite ABC, Emerique I. Dissecção espontânea de artéria carótida interna com paralisia de nervos cranianos inferiores. Arq Neuropsiquiatr. 2006;64(4):1047-1049.

5.  Campos CR, Evaristo EF, Yamamoto FI, Puglia P Jr, Lucato LT, Scaff M. Dissecção espontânea cervical carotídea e vertebral. Estudo de 48 pacientes. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62(2B):492-8.

6.  Chaves C, Estol C, Esnaola MM, Gorson K, O’Donoghue M, Dana de Witt L, et al. Spontaneous intracranial internal carotid artery dissection. Arch Neurol. 2002;59(6):977-81.

7.  Campos-Herrera CR, Scaff M, Yamamoto FI, Conforto AB. Spontaneous cervical arterydissection. An update on clinical and diagnostic aspects. Arq Neuropsiquiatr. 2008;66(4):922-7.

DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EM UM PACIENTE JOVEM – RELATO DE CASO E REVISÃO DA

LITERATURA JOÃO MARCOS IBRAHIM DE OLIVEIRA1; JOÃO PEDRO ABRAHÃO NICOLETTI1; MARCUS

VINÍCIUS SILVA FERREIRA1; PAULA MARQUES MIGOWSKI CARVALHO1; ANA ROSA COSTA MELO1; ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA2.

1.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA, BRASÍLIA - DF – BRASIL.

2.UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E CLÍNICA ANGIOMEDI, BRASÍLIA - DF - BRASIL.