DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - repositorio.ufpe.br · Ao amigo Virgílio Henrique, pelo livro...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ESTUDO DO COMPORTAMENTO HISTERÉTICO DE UMA
ARGILA EXPANSIVA NÃO-SATURADA
GERSON MARQUES DOS SANTOS
RECIFE, 2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ESTUDO DO COMPORTAMENTO HISTERÉTICO DE UMA
ARGILA EXPANSIVA NÃO-SATURADA
GERSON MARQUES DOS SANTOS
Dissertação submetida ao Corpo Docente da Coordenação
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal de Pernambuco como parte dos
requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil.
ORIENTADOR: Prof. Dr. José Maria Justino da Silva, D.Sc.
RECIFE, 2008
S237e Santos, Gerson Marques dos.
Estudo do comportamento histerético de uma argila expansiva não-saturada / Gerson Marques dos Santos. - Recife: O Autor, 2008.
vxiii, 119 folhas, il : tabs., Grafs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2008. Inclui Bibliografia e Anexos. 1. Engenharia Civil. 2. Solo Expansivo Não-Saturado. 3.Curva
Característica. 4. Histerese. 5.Modelo Matemático. I Título UFPE 624 BCTG/ 2009-063
DEDICATÓRIA
A meus pais, Otaviano Marques dos Santos – in memorian
Maria José Ramos dos Santos – in memorian
A meus irmãos, Edson Marques dos Santos
Marlucia Marques dos Santos
Edilene Marques dos Santos
Eliane Marques dos Santos
Aline Marques dos Santos
Josélia Marques dos Santos
Ivane Marques dos Santos
Arnaldo Marques dos Santos
Normando Marques dos Santos
Airton Marques dos Santos
Renata da Silva Martins
Uma dedicação especial
À minha tia, Maria do Carmo Marques dos Santos – in memorian
“É também função do
pesquisador: observar e
tentar traduzir para
linguagem humana, num
determinado referencial de
espaço - tempo, aquilo que a
natureza tem para lhe dizer”
AGRADECIMENTOS
Se eu fosse relacionar todas as pessoas que me ajudaram ao longo do mestrado,
certamente tomaria mais da metade desta dissertação.
Mas não poderia deixar de registrar o profundo agradecimento a Deus, que com sua
eterna paciência e carinho se manteve sempre ao meu lado e nos momentos em que eu
pensava que não ia conseguir, ele me dava sempre a mão na forma de um pensamento
positivo ou enviando uma pessoa para me ajudar.
Entre as pessoas enviadas por Deus, gostaria de agradecer pela consecução deste
trabalho:
Ao Professor Dr. José Maria Justino da Silva, pela paciência, confiança, orientação e
por proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento desta pesquisa no campo e
no laboratório.
Ao amigo e irmão William de Paiva, por ter me convidado para desenvolver este
trabalho, pela ajuda durante a coleta das amostras, pela ajuda durante a modelagem
matemática e pela familiarização com os softwares utilizados.
Ao Professor Dr. André Maciel Netto, pela maestria com que nos transmitiu os
conhecimentos a respeito de umidade no solo.
A minha noiva Valéria Gomes pelo carinho, pelos pensamentos positivos e pelas
palavras incentivadoras que sempre sinalizam um porto seguro.
Ao Professor Dr. José Fernando Thomé Jucá, pela motivação que nos transmitiu, não
apenas durante as aulas como também fora do ambiente acadêmico.
Ao Professor Dr. Jaime Cabral, que sempre se mostrou disposto a nos ajudar nas horas
difíceis.
Ao Professor Dr. Bernard Genevois, pelas informações a respeito da introdução do
tópico estatístico na dissertação.
Ao amigo, Engenheiro Calculista, Heitor Lobo Mesel, pois, num desses momentos em
que eu estava em dificuldades, ele, misteriosamente apareceu e me forneceu informações
imprescindíveis para que pudesse dar continuidade ao mestrado.
À secretária de pós-graduação Sra. Andréa Negromonte, pela simpatia, carinho,
amizade e pela competência demonstrada na condução dos trabalhos nesta secretaria.
Ao Diretor da Escola Superior de Marketing, Professor José Lavanére Lemos, que
através da sua simplicidade e de seu exemplo de vida, me proporcionou as condições
necessárias para ingressar no campo da docência o que motivou meu ingresso no mestrado.
Ao Engenheiro e Laboratorista Antônio Brito, pela maneira responsável com que nos
transmitiu as informações necessárias para a condução dos ensaios relacionados à pesquisa.
À Sra. Laudenice, pelo carinho e afeto, além da competência e habilidade, durante o
período em que foi secretária da pós-graduação.
Ao professor Dr. Ivaldo Pontes, pela grande ajuda durante o mestrado.
A professora Dra.Veruschka Escarião, pelos conselhos.
A professora Márcia Semente, pelas instruções a respeito do trabalho científico.
Ao laboratorista Severino, pela incansável presença no laboratório de mecânica dos
solos e sempre disposto a nos ajudar.
Ao professor Tiago Rolim, pela confecção dos tubos-shelbes e acessórios do
equipamento de extração de amostras.
Ao professor Washington Moura de Amorin Jr, pelo incentivo e amizade.
Aos colegas da Pós-Graduação: Elisangela Rocha, Elisangela Santos, Frankslale,
Marcos Vinícios, Marcos George, Roberto Evaristo, Alan e Henrique.
Ao senhor Ridelson, pela imprescindível ajuda no manuseio do trado durante a
extração das amostras no campo.
Ao amigo Virgílio Henrique, pelo livro presenteado (A arte da prudência – de Baltasar
Gracián). Aconselhamentos no momento oportuno.
Ao CNPq, pelo apoio financeiro concedido à realização dessa pesquisa.
RESUMO
Este trabalho analisa a variação da histerese, em relação à profundidade, de um depósito de
solo expansivo não saturado situado próximo a cidade de Paulista, na região litorânea do
nordeste do Brasil. O perfil do solo é constituído de argila expansiva não saturada resultante
do processo de decomposição físico-química de argilito e de rocha calcária da Formação
Maria Farinha. O processo de umedecimento por vapor foi utilizado para aumentar o teor de
umidade inicial do corpo de prova e durante a trajetória de umedecimento. Foram feitas
medidas da sucção usando a técnica do papel de filtro, bem como a determinação do teor de
umidade volumétrico em cada ponto com a finalidade de serem obtidas as curvas
característica de umidade do solo. O ensaio de contração livre foi realizado juntamente com o
ensaio de sucção, para a elaboração das curvas de contração e determinação da velocidade de
evaporação. Foi utilizado o modelo matemático para ajuste das curvas características de
umidade do solo referentes às trajetórias de drenagem e de umedecimento segundo orientação
proposta por Gerscovich e Sayão (2002). A escolha do melhor modelo matemático baseou-se
na comparação entre índices de desempenho tais como a soma dos quadrados residuais (SQR)
e o coeficiente de determinação (R2). Utilizou-se também o critério de informação de Akaike
(AIC) para a medição da parcimônia desses modelos. O teste estatístico qui-quadrado (χ2) foi
aplicado para observar a existência de discrepâncias entre os pontos das curvas experimentais
e do modelo. A curva ajustada através do modelo possibilitou o cálculo da área de histerese
em cada profundidade.
Palavras-chaves: solo expansivo não saturado; curva característica; histerese; modelo
matemático.
ABSTRACT
This paper analyses the hysteresis of an expansive soil located in the city of Paulista in the
northeast coast of Brazil. The soil profile is constituted of on expansive clay resulting from
the physical and chemical weathering process of claystone and limestone rocks of the Maria
Farinha formation. The wetting process for vapour was used to increase the content of initial
wetness of the sample and during the path of the wetting. Suction measurement have been
done using filter paper technique, as well as determination of the volumetric water content in
each point with the pourpose of they be obtained the soil-water characteristic curve. The test
of free shrinkage was accomplished together with the suction test, for the elaboration of the
shrinkage curves and determination of the evaporation velocity. A mathematical model has
been used for characteristic curve fitting related to drainage and watering processes following
Gerscovich and Sayão (2002) guidelines. The best model mathematician´s choice based on
the comparison among acting indexes such an as the sum of the residual squares (SQR) and
determination coefficient (R2). It also used the criterion of information of Akaike (AIC) for
the measurement of the parsimony of those models. The test statistical qui-square (χ2) was
applied to observe the existence of discrepancies among the points of the experimental curves
and of the model. The adjusted curve through the model made possible the calculation of the
hysteresis area in each depth.
Keywords: unsaturated expansive soils; characteristic curve; hysteresis; model mathematical.
ÍNDICE
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1
1.1 Organização da dissertação....................................................................................................3
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................................6
2.1 Aspectos mineralógicos.........................................................................................................6
2.1.1 Características das argilas expansivas.................................................................................8
2.2 Aspectos de mecânica dos solos não saturados....................................................................11
2.3 Sucção nos Solos..................................................................................................................14
2.3.1 Sucção matricial.............................................................................................,,,,,,,,,..........14
2.3.2 Sucção osmótica................................................................................................................15
2.3 3 Medidas da sucção............................................................................................................15
2.4 Curvas Características da Umidade do Solo........................................................................16
2.4.1 Efeito do tipo de solo sobre a curva característica............................................................17
2.4.2 Modelos utilizados na estimativa da curva característica dos solos..................................20
2.4.3 Tomada de decisão para a escolha do melhor modelo......................................................22
2.4.4 Tópico de estatística..........................................................................................................23
2.5 Histerese da Curva Característica.........................................................................................24
2.5.1 Fatores referentes ao fenômeno da histerese nos solos relacionados com a umidade......26
2.6 Mecanismo de Expansão......................................................................................................28
2.7 Contração nos Solos.............................................................................................................29
2.7.1 Aspectos do fenômeno da contração.................................................................................30
2.8 Processo de secagem do solo................................................................................................34
CAPÍTULO 3
GEOLOGIA LOCAL E INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL.........................................37
3.1 Geologia...............................................................................................................................37
3.2 Atividades de Campo...........................................................................................................38
3.2.1 Sondagem..........................................................................................................................38
3.2.2 Perfil geotécnico do local..................................................................................................38
3.2.3 Extração de amostras indeformadas..................................................................................39
3.3 Atividade de Laboratório......................................................................................................41
3.3.1 Caracterização do solo.......................................................................................................41
3.3.2 Processo de umedecimento por absorção de vapor...........................................................41
3.3.3 Sucção matricial................................................................................................................42
3.3.4 Contração livre e evaporação............................................................................................43
3.4 Modelagem...........................................................................................................................44
3.4.1 Processo para modelagem das curvas características........................................................44
3.4.2 Determinação da área de histerese....................................................................................44
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E ANÁLISES................................................................................................46
4.1 Caracterização do Solo........................................................................................................46
4.2 Curva Característica.............................................................................................................48
4.3 Histerese...............................................................................................................................50
4.4 Contração Livre...................................................................................................................54
4.5 Velocidade de evaporação da umidade...............................................................................56
4.6 Modelo Adotado para Ajuste da Curva Característica........................................................59
4.7 Curva Experimental e Curva do modelo.............................................................................66
4.8 Aplicação do Teste Qui-Quadrado......................................................................................73
4.9 Relação Entre os Índices Físicos e a Área de Histerese....................................................74
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS.......................75
5.1 Curva característica............................................................................................................75
5.2 Velocidade de evaporação..................................................................................................75
5.3 Histerese..............................................................................................................................75
5.4 Modelagem.........................................................................................................................75
5.5 Teste qui-quadrado.............................................................................................................76
5.6 Recomendações para Futuras Pesquisas.............................................................................76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................77
ANEXO A..................................................................................................................................84
Dados do Programa Computacional...........................................................................................85
ANEXO B..................................................................................................................................98
Comportamento de Contração de um Solo Argiloso Muito Plástico..........................................99
ANEXO C................................................................................................................................108
Variação da Histerese de um Solo Expansivo em Relação à Profundidade.............................109
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1.1 – Fluxograma da dissertação.......................................................................................4
CAPÍTULO 2
Figura 2.1 – Arranjos de unidades tetraédricas em filossilicatos..................................................7
Figura 2.2 – Mecanismo da adsorção de água pela superfície argilosa (Mitchell, 1979 apud
Pousada Presa, 1982)..................................................................................................................10
Figura 2.3 – Formação de meniscos e forças envolvidas (Badillo & Rodrigues, 1975).13 Figura
2.4 – Fenômeno provocado pela tensão superficial de um líquido: a) tubo capilar
e b) meniscos capilares, Pinto (2000).........................................................................................14
Figura 2.5 – Curvas características típicas de diferentes texturas de solos, Fredlund e Xing
(1994)..........................................................................................................................................17
Figura 2.6 – Variação da quantidade de água em diferentes áreas da curva característica
(Vanapalli et al, 1996).................................................................................................................19
Figura 2.7 – Curvas de retenção para solos tropicais: a) Futai (2002); b) Feuerhormet et al.
(2004)..........................................................................................................................................20
Figura 2.8 – Curvas características experimentais de um corpo poroso rígido (Poulovassilis,
1962).......................................................................................................................................... 25
Figura 2.9 – Geometria dos poros (Poulovassilis,1962; Hillel, 1981, Marchall.& Holmes,
1981)...........................................................................................................................................26
Figura 2.10 – Ângulo de avanço e recuo (Marinho, 1994).........................................................27
Figura 2.11 – Curvas de contração (Haines, 1923).....................................................................30
Figura 2.12 – Representação dos diversos tipos de água ao redor das partículas de argila (Head,
1980)...........................................................................................................................................31
Figura 2.13 – Fenômeno da secagem: a) linhas teóricas de graus de saturação constante e b)
curvas de contração (Marinho, 1994).........................................................................................32
Figura 2.14 – a) grau de saturação versus teor de umidade e b) linhas teóricas de mesmo índice
de vazios (Marinho, 1994)..........................................................................................................33
Figura 2.15 – Definição da capacidade de sucção C e o efeito do pré-adensamento (Marinho,
1994)...........................................................................................................................................33
Figura 2.16 – Correlação entre a sucção e a compressão mecânica (Marinho, 1994)................34
Figura 2.17 – Relação de perda de umidade versus tempo, para diferentes umidades relativas
(Kayyal, 1995)............................................................................................................................35
Figura 2.18 – Relação da velocidade de perda de umidade versus tempo, para diferentes
umidades relativas (Kayyal, 1995).............................................................................................35
CAPÍTULO 3
Figura 3.1 – Perfil geotécnico.....................................................................................................39
Figura 3.2 – Sistema utilizado para a extração da amostra indeformada tipo shelby.................40
Figura 3.3 – Processo utilizado na extração da amostra do shelby.............................................40
Figura 3.4 - Histerese proveniente da trajetória de secagem e de umedecimento modeladas a
partir de dados experimentais.....................................................................................................45
CAPÍTULO 4
Figura 4.1 – Curva granulométrica nas profundidades de 0,30m; 0,50m; 1,00m; 1,50; 2,00m e
2,50m..........................................................................................................................................47
Figura 4.2 – Curvas características de secagem..........................................................................49
Figura 4.3 – Curvas características de umedecimento................................................................49
Figura 4.4 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade de
0,30m..........................................................................................................................................51
Figura 4.5 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade de
0,50m..........................................................................................................................................51
Figura 4.6 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade de
1,00m..........................................................................................................................................52
Figura 4.7 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade de
1,50m..........................................................................................................................................52
Figura 4.8 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade de
2,00m..........................................................................................................................................53
Figura 4.9 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade de
2,50m..........................................................................................................................................53
Figura 4.10 – Curvas de contração livre nas profundidades de 0,30m e 0,50m.........................54
Figura 4.11 – Curvas de contração livre nas profundidades de 1,00m e 1,50m.........................55
Figura 4.12 – Curvas de contração livre nas profundidades de 2,00m e 2,50m.........................55
Figura 4.13 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção dos corpos de prova,
na profundidade de 0,30m...........................................................................................................57
Figura 4.14 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção dos corpos de prova,
na profundidade de 0,50m...........................................................................................................57
Figura 4.15 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção dos corpos de prova,
na profundidade de 1,00m...........................................................................................................58
Figura 4.16 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção dos corpos de prova,
na profundidade de 1,50m...........................................................................................................58
Figura 4.17 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção dos corpos de prova,
na profundidade de 2,00m...........................................................................................................59
Figura 4.18 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 0,30m..................................................61
Figura 4.19 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 0,50m..................................................62
Figura 4.20 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 1,00m..................................................62
Figura 4.21 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 1,50m..................................................63
Figura 4.22 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 2,00m..................................................63
Figura 4.23 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 2,50m..................................................64
Figura 4.24 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 0,30m...........................................................................................................67
Figura 4.25– Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem, na
profundidade de 0,50m...............................................................................................................67
Figura 4.26 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 1,00m...........................................................................................................68
Figura 4.27 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 1,50m...........................................................................................................68
Figura 4.28 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 2,00m...........................................................................................................69
Figura 4.29 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 2,50m...........................................................................................................69
Figura 4.30 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade 0,30m......................................................................................70
Figura 4.31 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 0,50m.................................................................................70
Figura 4.32 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 1,00m.................................................................................71
Figura 4.33 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 1,50m.................................................................................71
Figura 4.34 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 2,00m.................................................................................72
Figura 4.35 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 2,50m.................................................................................72
Figura 4.36 – a) perfil dos índices físicos e b) perfil das áreas de histerese em relação à
profundidade...............................................................................................................................74
Figura A.1 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,30m...............................................................................................................86
Figura A.2 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,30m...............................................................................................................87
Figura A.3 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,50m...............................................................................................................88
Figura A.4 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,50m...............................................................................................................89
Figura A.5 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,00m...............................................................................................................90
Figura A.6 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,00m...............................................................................................................91
Figura A.7 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,50m...............................................................................................................92
Figura A.8 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,50m...............................................................................................................93
Figura A.9 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2,00m...............................................................................................................94
Figura A.10 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2,00m...............................................................................................................95
Figura A.11 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2,50m...............................................................................................................96
Figura A.12 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2,50m...............................................................................................................97
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Tabela 2.1 – Modelos de curvas características utilizados.........................................................21
CAPÍTULO 4
Tabela 4.1 – Análise granulométrica e limites de Atterberg......................................................46
Tabela 4.2 – Valores médios dos critérios de escolha para cada modelo
analisado.....................................................................................................................................60
Tabela 4.3 – Resultado do cálculo da área de histerese em cada profundidade.........................61
Tabela 4.4 – Parâmetros de ajuste utilizados na modelagem das curvas
experimentais..............................................................................................................................65
Tabela 4.5 – Resultado do teste qui-quadrado...........................................................................73
Tabela A.1 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 0,30m............................................................................................86
Tabela A.2 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 0,30m..................................................................................87
Tabela A.3 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 0,50m............................................................................................88
Tabela A.4 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 0,50m..................................................................................89
Tabela A.5 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 1,00m...........................................................................................90
Tabela A.6 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 1,00m..................................................................................91
Tabela A.7 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 1,50m............................................................................................92
Tabela A.8 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 1,50m..................................................................................93
Tabela A.9 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 2,00m............................................................................................94
Tabela A.10 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 2,00m..................................................................................95
Tabela A.11 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 2,50m............................................................................................96
Tabela A.12 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 2,50m............................................................................................97
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Um solo potencialmente expansivo é aquele que apresenta contração ou expansão quando
sofre variação na umidade ou na sucção. Normalmente, a fração argila, especialmente na
dispersão coloidal, é constituída de minerais expansivos (Justino da Silva, 2001).
A variação de umidade em um solo potencialmente expansivo provoca uma instabilidade
volumétrica, que é transferida às obras através de suas fundações, como levantamento nos
períodos mais úmidos e recalques devido à contração do solo, nos períodos secos. Os
mecanismos de variação volumétrica destes solos dependem de uma quantidade de fatores
que envolvem as propriedades do solo, o meio ambiente e o estado tensional a que estão
submetidos.
Os problemas originados pelos solos expansivos continuam sendo motivo de constantes
preocupações entre pesquisadores de diversas partes do mundo. Murthy (2003) apud
Cavalcante (2007) posiciona os danos provocados por estes solos em terceiro lugar dentre as
seis catástrofes naturais mais perigosas do mundo, sendo elas: i) terremotos; ii)
escorregamentos; iii) solos expansivos; iv) ciclone; v) furacão e vi) enchentes. O uso
indiscriminado desse material, seja compactado ou em seu estado natural, vem ocasionando
grande prejuízo nas obras devido à mudança de volume que experimentam ao produzirem-se
modificações no seu estado de tensões devido à variação de umidade.
Solos potencialmente expansivos têm sido identificados em todos os continentes. A maior
ocorrência tem sido verificada nas regiões áridas e semi-áridas, em locais onde a evaporação
anual excede a precipitação pluviométrica, acarretando uma acentuada variação de umidade.
Embora o fenômeno da expansão do solo seja conhecido há bastante tempo, só após o
crescimento das construções nas regiões áridas, como o oeste dos estados Unidos e Canadá, a
Austrália e a África, é que os problemas associados com a expansão e a contração do solo
passaram a receber maior atenção.
No Nordeste do Brasil existem extensas áreas, distribuídas nos estados de Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Alagoas e Bahia, onde foi constatada a ocorrência de solos potencialmente
expansivos. No litoral Norte de Pernambuco, encontram-se grandes áreas que apresentam
argilas potencialmente expansivas.
Os solos expansivos são constituídos estruturalmente por quatro fases: partícula sólida, água
de poro, ar de poro e membrana contráctil (Fredlund e Rahardjo, 1993a). Essencialmente,
esses solos contém os argilo-minerais que atraem e absorvem a água tais como:
montmorilonita, caulinita, ilita, vermiculita e clorita. Do ponto de vista da microestrutura do
solo, as partículas dos minerais da argila têm uma forma lisa distinta, elevada superfície
específica, elevada capacidade de troca catiônica e geralmente uma atividade físico-química
específica e uma forte afinidade por água (Ferber et al,. 2006).
Wheeler e Karube (1996) dividiram a água dos poros em três tipos: água adsorvida, água
capilar e água de menisco. A água adsorvida está firmemente aderida às partículas do solo e
age como parte integral das partículas. A água capilar ocorre nos espaços vazios
completamente inundados. A água de menisco ocorre nos contatos entre as partículas do solo,
os quais não são cobertos pela água capilar, em lentes como forma de anel de água. A água
capilar é drenada facilmente para fora e substituída imediatamente pelo ar durante a secagem.
Entretanto, toda água capilar não pode reentrar nos poros quando o solo é umedecido, o que
explica a ocorrência da histerese na curva característica da umidade do solo.
Com relação à situação do ar e da água nos poros, os solos expansivos podem ser divididos
em diferentes grupos, tais como:
• Solo expansivo com água descontínua e ar contínuo;
• Solo expansivo com água contínua e ar contínuo;
• Solo expansivo com água contínua e ar descontínuo.
Para os solos expansivos com água descontínua e ar contínuo, o teor de umidade é muito
baixo e a água está isolada nos poros, existindo apenas em torno dos pontos de contato entre
as partículas do solo (menisco), neste caso a água não transmite pressão positiva nos poros,
enquanto que o ar tem situação completamente contrária. Com o aumento do grau de
saturação, a continuidade das duas fases tende a mudar, ou seja, tanto a água como o ar
tornam-se contínuos. Quando o grau de saturação é aumentado até cerca de 85%, o ar aparece
na forma de bolhas isoladas na água, neste caso, apenas a fase líquida é contínua e pode
transmitir pressão nos poros (Yu e Chen, 1965).
As investigações propostas neste trabalho têm o objetivo de estudar o comportamento
histerético de uma argila expansiva não-saturada do município do Paulista, situado a 20 km ao
Norte do Recife; utilizar o método do papel de filtro para construção das curvas características
de secagem e de umedecimento; observar os fatores relacionados com a contração durante o
processo de secagem, como a velocidade da perda de umidade por evaporação; aplicar a
técnica de comparação entre os índices de desempenho: soma dos quadrados residuais (SQR),
coeficiente de determinação (R²) e o critério de informação de Akaike, para a escolha do
modelo de melhor ajuste para as curvas características experimentais; utilizar os programas
computacionais STATISTICA e MATHCAD com o objetivo de facilitar o cálculo para a
determinação das equações e da área de histerese respectivamente.
1.1 Organização da dissertação A disposição dos capítulos e a abordagem de cada um deles ao longo deste trabalho, é
apresentada a seguir:
O Capítulo 2 apresenta uma revisão dos aspectos relacionados a solos não saturados, em
especial dos solos potencialmente expansivos no que se refere a expansão e a contração
devido a secagem por evaporação; sucção matricial; curvas características da umidade do
solo, histerese e modelagem da curva característica.
No Capítulo 3 apresenta-se a investigação experimental composta dos aspectos geológicos do
local, caracterização do solo, perfis do solo, sucção e o modelo utilizado na curva
característica. São apresentadas, também, as descrições dos equipamentos utilizados na
extração das amostras e a metodologia dos ensaios de laboratório.
O Capítulo 4 apresenta os resultados e as análises da pesquisa inclusive o critério de escolha
do melhor modelo matemático para a curva característica de umidade do solo pesquisado,
bem como a aplicação do teste estatístico Qui-Quadrado, para avaliar as diferenças entre os
dados experimentais e os dados produzidos pelo modelo.
O Capítulo 5 apresenta as conclusões e recomendações para futuras pesquisas.
A Figura 1.1 apresenta uma visão geral da organização da pesquisa.
Figura 1.1 – Fluxograma da dissertação.
Estudo do Comportamento Histerético de uma Argila Expansiva Não-Saturada
Modelagem matemática
Atividade de Laboratório
Modelos utilizados
Critério de escolha
Gar
dner
(195
6)
van
Gen
ucht
en(1
980)
Fred
lund
&X
ing
(199
4)
R2
(méd
io)
SQR
Aka
ike
Car
acte
riza
ção
Sucç
ãom
atri
cial
Con
traç
ãoliv
re
Vel
ocid
ade
deev
apor
ação
Revisão Bibliográfica Coleta de Amostras
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aspectos Mineralógicos
Na formação dos minerais, três fatores são importantes: pressão, temperatura e
disponibilidade de material químico.
Durante o processo de diferenciação geoquímica da terra, que resultou na formação da sua
parte sólida mais externa (crosta terrestre), dez elementos ali se concentraram, totalizando
cerca de 99% da sua composição. Destes, o oxigênio (46,6%) e o silício (28,2%) são os
elementos mais comuns nos minerais formadores de rocha, os silicatos. Os demais são: Al
(8,2%), Fe (5,6%), Ca (4,2%) e os 6,2% restantes para Na, K, Mg, Ti e P.
Os silicatos, estruturalmente, apresentam o íon Si+4 situado entre quatro íons de O-2 compondo
um arranjo tetraédrico (SiO4)-4. O alumínio (Al+3), terceiro elemento mais abundante, não só
substitui em parte o silício neste arranjo, como também os cátions Fe+3 e Mg+2. O restante da
estrutura dos silicatos é formada por cátions dos outros elementos comuns (Na+, K+, Ca+2,
etc.), moléculas de água ou íons hidroxila (Oliveira et al, 1998).
Os silicatos são divididos em subclasses conforme o tipo de ligação entre as estruturas
tetraédricas. O pequeno número de elementos que compõem esses minerais se combinam nas
mais diversas proporções, tornando muito grande o número de espécies, de composição
variada e complexa.
Os minerais da subclasse filossilicatos são hidratados e suas unidades tetraédricas se dispõem
em folhas, onde cada tetraedro é ligado a outros três por oxigênios em comum. Uma série de
cadeias duplas, formadas pela unidade aniônica [(Si,Al)205]-2 (Figura 2.1), repete-se
indefinidamente em duas direções.
Figura 2.1 – Arranjos de unidades tetraédricas em filossilicatos (Oliveira et al, 1998).
O hábito destes minerais é foliáceo, com uma direção principal de clivagem segundo o plano
das folhas tetraédricas. Os grupos que reúnem os minerais formadores destas rochas são as
micas, argilominerais e outros filossilicatos de alteração.
Os argilominerais (filossilicatos secundários) apresentam íons O-2 e OH-, desempenhando
papel importante na configuração geral da estrutura, podendo construir elementos estruturais,
tetraedros e octaedros, dispostos em camadas alternadas. A classificação das espécies é
baseada no arranjo dessas camadas, no espaçamento entre eles e nos elementos químicos
envolvidos. No ambiente continental (oxidante), óxidos de ferro pigmentam esses minerais
com cores avermelhadas. Os argilominerais são formados pela alteração intempérica de outros
minerais, como feldspatos (comumente alterados em caulinita), olivina, piroxênios e
anfibólios, sendo também produtos da alteração de vidro vulcânico que é uma substância
amorfa (não cristalina) resultante da rápida consolidação do magma. As espécies mais comuns
são a caulinita, a ilita e a montmorilonita (Oliveira et al, 1998).
A caulinita é constituinte das rochas sedimentares detríticas e da argila dos solos, origina-se
da alteração de aluminossilicatos (feldspatos e micas, principalmente). É refratária e não-
expansiva.
A ilita, também chamada hidromica, é um grupo de argilominerais, de composição e estrutura
intermediária entre a muscovita e a montmorilonita. São comuns em folhelhos de origem
marinha.
A montmorilonita é constituinte das rochas sedimentares detríticas (grupo dos pelitos) e da
argila dos solos. É o principal e, por vezes, o único constituinte dos basaltos alterados.
Origina-se pela alteração dos aluminossilicatos e minerais ferromagnesianos. Em meio
aquoso, caracteriza-se pela expansão, por efeito da adsorção de água entre as cadeias
tetraédricas.
2.1.1 Características das argilas expansivas
As partículas de argila possuem diâmetro equivalente menor que 2 μm. Um solo terá mais
possibilidade de conter minerais expansivos quanto menor for o tamanho das suas partículas.
Como a área específica da partícula é inversamente proporcional ao seu tamanho, a
montmorilonita é o argilomineral que apresenta maior área específica (700 – 800 m2/g).
As argilas expansivas são constituídas, predominantemente, por minerais trifórmicos, em
especial os do grupo da esmectita (bentonita, montmorilonita). Os argilominerais deste grupo
são constituídos de uma camada de octaedros de alumínio entre duas de tetraedros de silício,
unidas entre si por oxigênios comuns às camadas; enquanto que a união entre unidades
estruturais vizinhas é feita por forças de Van der Waals e cátions, que podem estar presentes
para balancear a deficiência de cargas na estrutura. Essas ligações são fracas e facilmente
separadas por clivagem decorrente da adsorção de água ou de outro líquido polar, permitindo
seu espaçamento basal variar de cerca de 9,6 Å até sua completa separação (Mitchell, 1976).
As moléculas de água, que são dipolos elétricos, são atraídas para a superfície da partícula
por: excesso de carga negativa nas faces da partícula, hidratação de íons trocáveis, fenômenos
osmóticos e forças de Van der Waals.
A espessura da camada de água adsorvida é da ordem de 10 Å, já que mais de uma camada de
moléculas de água pode ser adsorvida. Por ser um dipolo, a molécula de água apresenta uma
orientação dominante, que vai diminuindo a medida que aumenta a distância à superfície da
partícula, até se tornar água livre. A Figura 2.2 apresenta os mecanismos de adsorção da água
pela superfície argilosa.
A outra componente da fase sólida é a água adsorvida, que faz parte da camada dupla difusa,
não podendo ser retirada por ações hidrodinâmicas. Esta água é encontrada em volta da
superfície das partículas sólidas da argila, e apresenta estrutura mais rígida e mais ordenada
que a água livre, com grande viscosidade quando em poros muito finos.
Alguns argilo-minerais são formados por lâminas que se repelem devido à carga negativa
líquida de sua superfície, existindo cátions entre elas em número suficiente para neutralizar
esta carga. Estes cátions têm uma energia de hidratação determinada, a qual faz com que
sejam rodeados de moléculas d’água, formando ligações. No caso da montmorilonita, este
mecanismo permite a formação de maneira ordenada de até quatro camadas de moléculas de
água, a partir da qual começa a formação desordenada. Por outro lado, existe uma tendência
dos cátions neutralizadores de se separarem da superfície do sólido, já que nela sua
concentração é maior do que na solução, e difundir-se em sentido contrário para tornar
uniforme a concentração. Esses cátions ficam confinados no espaço existente entre cada duas
lâminas do mineral, Figura 2.2. O estado de tensões, originado da carga negativa da superfície
da partícula e da carga positiva distribuída na face adjacente, dá origem a chamada camada
dupla difusa (de Gouy-Chapman). Essa existe do lado externo da camada adsorvida. Sua
espessura é a distância até a superfície que neutraliza as cargas da partícula.
A camada dupla influi na capacidade de retenção da água dos solos argilosos, principalmente
os com elevado teor de esmectita. Segundo Lambe (1958), quando o argilo-mineral é a
montmorilonita, o volume de água da camada dupla corresponde a 40 vezes a de sólidos,
enquanto que, para a caulinita, o volume de água é apenas 0,8 vezes o volume de sólidos. Isto
indica que teoricamente a montmorilonita possui um potencial de variação volumétrica 50
vezes superior ao da caulinita, desde a condição seca até a completa saturação (Schreiner,
1987).
A interação entre as partículas de argila não ocorre pelo contato sólido-sólido, mas através da
camada dupla. Se a distância entre duas partículas de argila em suspensão aquosa é superior à
espessura de suas respectivas camadas duplas, não ocorre interferência entre os íons de cada
camada. Entretanto, diminuindo essa distância ocorrem forças de repulsão, pois, os íons são
de mesmo sinal. Essas forças decrescem exponencialmente com o aumento da distância entre
partículas.
As variações na espessura das camadas, adsorvida e dupla, causam a expansão e contração
dos solos (Schreiner, 1987).
Figura 2.2 – Mecanismo de adsorção de água pela superfície argilosa (Mitchell 1976 apud
Pousada Presa, 1982)
2.2 Aspectos de Mecânica dos Solos Não Saturados
Em relação a sua origem, os solos naturais são derivados de materiais sedimentares ou
residuais em diversos estágios evolutivos variando dos saprolíticos aos lateríticos.
A maioria dos solos sedimentares é depositada em ambientes aquosos, ficando inicialmente
saturados e posteriormente não saturados devido a condicionantes ambientais.
Os solos residuais têm sua formação condicionada aos fatores: clima, material de origem,
relevo e tempo. E são normalmente encontrados na natureza em condições não saturados.
Estes solos são conseqüência da intensa e profunda decomposição da rocha de origem, sob
condições climáticas e biológicas muito comuns nos trópicos. Neste caso, está incluída a
grande maioria dos solos residuais encontrados na região sudeste do Brasil, Vargas (1985);
Sandroni (1985); Costa Filho et al. (l989).
Existem considerações diversas na literatura sobre as fases constituintes dos solos não
saturados. Alguns autores consideram o solo não saturado constituído de quatro fases: ar e
água como as fases fluidas, e os grãos e a interface entre o ar livre e a água livre, chamada de
membrana contráctil, como as fases sólidas (Fredlund e Morgenstern, 1977). Entretanto,
outros autores consideram o solo não saturado constituído de três fases: sólida, ar e água. A
fase sólida sendo composta por partículas sólidas e água adsorvida. A fase líquida composta
por água livre, ar dissolvido na água e sais dissolvidos na água. E a fase gasosa composta por
vapor de água e ar livre, Yoshimi & Osterberg, 1963.
Nesta pesquisa, o solo será considerado um sistema trifásico, composto de um esqueleto
sólido cujos poros são preenchidos por água e ar.
O conhecimento das interações existentes entre as três fases do sistema constitui o ponto
básico para o entendimento do comportamento do solo não saturado.
Além das forças que atuam nos estados de tensões das fases sólida e líquida do solo, também,
existem forças atrativas que atuam como ligações entre partículas, devido aos fenômenos de
superfície. Esses fenômenos têm origem nas zonas de contato, onde atuam forças próprias de
cada fase e de fases diferentes. Nos solos não saturados, onde coexistem as três fases, seus
contatos são interfaces água-partícula, ar-partícula, ar-água e ar-água-partícula.
Quando uma molécula d’água se aproxima da interface com o ar ou uma partícula sólida, seu
estado de tensão se modificará pelas forças de atração das outras moléculas. Isto provoca uma
resultante de forças de atração diferente de zero, que é perpendicular a interface. No sistema
ar-água, as moléculas de ar exercem uma força de atração menor do que as da água. Assim, a
resultante das forças de atração sobre as moléculas da água se direciona para o interior da
massa de água e será perpendicular a superfície no ponto considerado, Figura 2.3.
Esse fenômeno é a causa da existência de uma energia interfacial livre associada a presença
de moléculas na interface. O sistema tenderá a alcançar uma energia interfacial livre mínima
e, portanto, poderá ter uma superfície interfacial mínima. Devido ao fato de que o número de
moléculas por unidade de superfície é sempre o mesmo, um aumento de superfície se faz
sempre a medida que moléculas que estão no interior do fluido passam a superfície,
aumentando a energia interfacial livre do sistema. Por este motivo, para aumentar a superfície
interfacial de uma unidade de superfície, deverá ser realizado um certo trabalho, que
corresponde ao conceito de tensão interfacial (de dimensões força/comprimento). A tensão de
contato na interface entre o líquido e o seu vapor de saturação denomina-se de tensão
superficial (Bear, 1972, apud Jucá, 1990).
A tensão superficial é uma característica do líquido a uma dada temperatura, enquanto, a
tensão interfacial depende também da substância com a qual o líquido está em contato.
As moléculas superficiais de um líquido que estão na vizinhança imediata da área de contato
desse líquido com a parede sólida do recipiente que o contém, são solicitadas por forças de
coesão e adesão. As forças de coesão são provocadas pela ação das outras moléculas do
líquido. Enquanto que as forças de adesão são exercidas pelas moléculas da parede do
recipiente. Na Figura 2.3, são mostrados dois casos freqüentes. Em (a), dada a natureza do
líquido e do sólido, a resultante das forças de adesão (FA) e de coesão (FC) se dispõe de modo
a adquirir a inclinação mostrada. Em (b) dominam mais as forças de coesão e isto faz variar a
inclinação da resultante.
Figura 2.3 – Formação de meniscos e forças envolvidas (Badillo & Rodriguez, 1975)
Para que um líquido esteja em repouso é necessário que os empuxos atuantes sejam normais à
superfície correspondente. Por isto, posto que o líquido está em equilíbrio, a superfície deve
curvar-se de modo que seja normal as forças R em cada caso. Em alguns líquidos, o caso (a) é
representativo; em outros, apresenta-se o caso (b). Assim, são formados os meniscos côncavos
e convexos, segundo a natureza do líquido e do material que constitui a parede do recipiente.
A água, por exemplo, forma meniscos côncavos com o vidro, entretanto, os meniscos
formados pelo mercúrio são convexos.
O ângulo formado pelo menisco e a parede do recipiente denomina-se ângulo de contato, e é
representado por α. Se α < 90º, o menisco é côncavo; se α > 90º, o menisco é convexo. O
valor de α entre o vidro limpo e úmido e a água destilada é aproximadamente 0º. A prata pura
e a água produzem ângulo de contato muito próximo de 90º (menisco reto ou ausência de
menisco).
2.3 Sucção nos Solos
2.3.1 Sucção matricial
Quando um tubo de diâmetro muito pequeno é colocado em contato com a superfície livre da
água, esta se eleva até atingir uma posição de equilíbrio. Esse fenômeno está relacionado com
a tensão superficial do líquido em contato com uma parede sólida e é conhecido como
fenômeno capilar. A altura da ascensão capilar (h) é inversamente proporcional ao raio do
tubo (r). A Figura 2.4 (a) ilustra o fenômeno capilar em um tubo. As tensões na água ao longo
do tubo capilar são também apresentadas na Figura 2.4 (a). Observa-se que, à medida que
aumenta o valor de h, maior (em valor absoluto) será o valor da tensão na água. Semelhante
aos tubos capilares, a água nos vazios dos solos, na faixa acima do lençol freático, está com
uma tensão negativa. Para a água existente nos solos, nos contatos entre os grãos, Figura 2.4
(b), existe a formação de meniscos capilares e a água neste caso se encontra, também, sob
uma tensão negativa. A tensão superficial da água tende aproximar as partículas (força P),
aumentando as forças entre os grãos do solo e surgindo, dessa maneira, uma coesão aparente.
De acordo com Pinto (2002), a coesão aparente é frequentemente referida às areias, pois estas
podem se saturar ou secar com facilidade. Entretanto, é nas argilas que a coesão atinge valores
elevados.
Figura 2.4 – Fenômeno provocado pela tensão superficial de um líquido: a) tubo capilar e b)
meniscos capilares, Pinto (2002)
Em solos não saturados, a tensão negativa da água provocada pela tensão superficial está
relacionada com a diferença entre a pressão no ar (ua) e a pressão da água (uw), e sendo
denominada de sucção matricial (ua-uw). Essa sucção é representada pela Equação 2.1 quando
se admite que o ângulo de atrito é nulo.
( )rT
uu swa
2=− (2.1)
Onde: Ts é a tensão superficial do líquido e r é o raio capilar equivalente para os poros do
solo.
Nas argilas o efeito de adsorção, a partir de determinado valor de umidade, responde pela
parcela da sucção matricial.
2.3.2 Sucção osmótica
A elevação capilar acima do nível de água pode agir como uma “bomba” de íons que
permanentemente alimenta, de sais dissolvidos, o topo da franja capilar enquanto a água
evapora na superfície. Isto resulta numa concentração de sais no topo da zona capilar e num
gradiente osmótico que atrai cada vez mais água para o topo (Gray, 1969).
2.3.3 Medida da sucção
O valor da sucção do solo pode ser determinado, no campo ou no laboratório, por métodos
diretos e indiretos.
a) Métodos diretos, quando a energia dispendida para atingir o equilíbrio com a água do
solo é determinada mediante medida direta da pressão. Entre os métodos diretos estão:
placa de sucção, centrífuga, célula de pressão, membrana de pressão e tensiômetro.
b) Métodos indiretos, quando a energia dispendida para atingir o equilíbrio é calculada
por relações termodinâmicas. Entre os métodos indiretos estão: papel de filtro,
dessecador de vácuo, psicrômetro, entre outros.
O uso de papel de filtro como sensor indireto de medida da sucção do solo, baseia-se no fato
de que quando se coloca em contato uma amostra de solo e um material com capacidade de
absorção de umidade e apenas o solo está umedecido, a água se deslocará do solo para o papel
até que se estabeleça o equilíbrio.
O papel de filtro é um material poroso, composto de entrelaçamento de fibras de celulose. E
como todo material poroso, seu comportamento quanto à capilaridade depende da intensidade
e forma de seus poros, do material do qual é feito, da limpeza de suas faces e paredes e da
natureza do líquido.
Como a água não penetra em celulose cristalina, a capacidade de absorção do papel é
controlada pelo arranjo físico das suas fibras. A quantidade de água que o papel de filtro pode
absorver depende da umidade relativa e temperatura do meio ambiente e do tipo de contato
com o solo.
2.4 Curva Característica da Umidade do Solo
Existem duas maneiras em que o solo pode ser caracterizado: a primeira é por meio da
quantidade de água que o mesmo contém e a segunda através da sucção. A curva que
relaciona a sucção com o teor de umidade é denominada curva característica da umidade do
solo. O termo curva característica já está consagrado como a representação da relação entre a
quantidade de água do solo, quer seja esta água quantificada em termos de teor de umidade
gravimétrico, volumétrico ou grau de saturação e a sucção correspondente. Outros termos são
também encontrados na literatura como “curva de retenção”, “curva característica de
umidade” ou “curva de capilaridade versus saturação”. Nesta dissertação será adotada a
denominação “curva característica da umidade do solo”.
É importante observar que, embora na maioria das vezes, o termo curva característica se refira
à relação entre o teor de umidade gravimétrico ou volumétrico e a sucção, o aprofundamento
da caracterização do solo só é possível quando se correlaciona com outros parâmetros como
índice de vazios e grau de saturação e a sucção. Salienta-se, também, que devido ao fenômeno
da histerese deve-se ter cuidado na utilização da curva característica.
A curva característica permite a obtenção de informações sobre a estrutura porosa do solo,
pois sabe-se que a água é drenada mais facilmente dos poros maiores (Brooks e Corey, 1966;
Marinho e Pinto, 1997).
2.4.1 Efeito do tipo de solo sobre a curva característica
Materiais porosos, em geral, possuem a capacidade de reter líquidos. O volume retido
depende das características de cada material. A forma da curva característica varia de acordo
com o tipo de solo. A Figura 2.5 ilustra o aspecto geral da curva característica de solos
argilosos, siltosos e arenosos. Em solos argilosos, a retenção de água se dá por capilaridade e
por adsorção, enquanto que em solos granulares, o efeito capilar é predominante.
A curva característica das areias apresenta patamares. Como as areias retêm água por
capilaridade, a existência de faixas uniformes de vazios que perdem água quando se aplica
uma determinada sucção leva à formação desses patamares. Podem ocorrer diversos
patamares conforme a quantidade de faixas uniformes de vazios. O mesmo fenômeno não é
observado na maioria dos solos argilosos, pois estes, além de apresentarem maior
heterogeneidade nos tamanhos dos poros, com conseqüente melhor distribuição
granulométrica e porosimétrica, também retêm água por fenômenos eletroquímicos (Fredlund,
1996).
Figura 2.5 – Curvas características típicas de diferentes texturas de solos, Fredlund & Xing
(1994).
Em solos argilosos o mecanismo de retenção de água ao longo da curva varia de acordo com o
nível de sucção. Para baixos valores de sucção, a retenção depende mais do efeito capilar e,
portanto, da estrutura do solo. Para valores elevados de sucção, onde a quantidade de água
presente no solo se reduz, os fenômenos de adsorção passam a predominar sobre os efeitos
capilares. Nesta situação, a composição mineralógica do solo passa a ter maior importância
como fator controlador do comportamento do solo (Fredlund, 1996).
Diversos autores dividem a curva característica de um solo em diferentes regiões, de acordo
com o fenômeno de retenção envolvido. Fredlund (1996) divide a curva característica da
seguinte forma (Figura 2.6):
a) região de fronteira: o solo se apresenta saturado, sem a fase gasosa livre;
b) região primária de transição: após a dessaturação, a fase líquida começa a perder sua
continuidade, dando espaço à entrada de ar. A dessaturação é bastante rápida
predominando os efeitos capilares no aumento da sucção;
c) região de transição secundária: apresenta o mesmo comportamento da região anterior,
porém com o predomínio de forças de adsorção sobre forças capilares;
d) região residual: a fase líquida é descontínua, aparecendo como água adsorvida, e a fase
gasosa é contínua ocupando a maior parte dos poros. Esta é a região de umidade
residual, onde, para a retirada de uma quantidade mínima de água, é necessário um
grande aumento na sucção.
A Figura 2.6 apresenta valores limites entre as diversas regiões, porém os mesmos podem
variar de acordo com a distribuição de poros do solo.
Figura 2.6 – Variação da quantidade de água em diferentes áreas da curva característica
(Vanapalli et al., 1996).
Os solos tropicais não apresentam necessariamente comportamento similar às curvas
características apresentada na Figura 2.5. Devido a estrutura e à distribuição dos poros nestes
solos, suas curvas características podem apresentar patamares, causados pela ausência de
poros que definem a faixa de sucção para este patamar. (Futai, 2002, apud Cardoso Junior,
2006), mostrou que um solo laterítico, mesmo sendo mais argiloso que outro solo saprolítico,
pode apresentar valor de sucção menor no ponto de entrada de ar (Figura 2.7, a). Feuerharmel
et al. (2004) apresentaram a curva característica para um solo coluvionar. A curva sugere
comportamento intermediário entre uma areia e uma argila com formato semelhante a uma
“sela”, (Figura 2.7, b). Esse formato de curva é semelhante ao encontrado por Futai (2002)
para uma argila laterítica superficial.
Figura 2.7 – Curvas de retenção para solos tropicais: a) Futai (2002); b) Feuerharmet et al.
(2004).
2.4.2 Modelos utilizados na estimativa da curva característica dos solos
Alguns estudos têm mostrado que existe uma relação entre a forma da curva característica e as
propriedades dos solos não saturados (e. g. van Genuchten, 1980; Mualem, 1976; Fredlund et
al., 1994). As correlações entre a curva característica e as propriedades hidráulicas e
mecânicas dos solos não saturados exigem que se tenha uma precisa caracterização da curva
característica. Isto é feito através do ajuste matemático de algum tipo de equação aos dados
experimentais.
A maioria dos modelos utiliza o teor de umidade volumétrico, os demais são relacionados
com o grau de saturação. Observa-se ainda que grande parte dos modelos tratam de ajustar a
curva de secagem. A curva de umedecimento possui o mesmo formato e pode ser também
ajustada pelos diversos modelos.
Gerscovich e Sayão (2002) estudaram a aplicabilidade de quatro modelos diferentes na curva
característica da umidade do solo para onze solos brasileiros. Nesse estudo, observou-se que
os modelos propostos por Gardner (1956), van Genuchten (1980) e Fredlund & Xing (1994)
podem ser utilizados para se obter uma boa estimativa da curva característica de umidade
destes solos. Constatou-se, ainda, que o modelo de Gardner (1956) parece ser o mais
conveniente, pois utiliza um número menor de constantes. Na Tabela 2.1 estão apresentadas
as equações destes três modelos.
Tabela 2.1 – Modelos de curvas características utilizados.
Modelo Equações Parâmetros de Ajuste
Gardner (1956)
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡+
= ns aψθθ
11
a e n
van Genuchten (1980)
( )
m
ns a⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
+=
ψθθ
11
a, m e n
Fredlund & Xing (1994)
m
ns
ae ⎥
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⎟⎠⎞
⎜⎝⎛+
=ψ
θθ
ln
1
a, m e n
2.4.3 Tomada de decisão para a escolha do melhor modelo
Uma das maneiras de se encontrar a melhor estrutura de um modelo matemático para a
representação de um sistema dinâmico pode se dar por meio da estimativa de parâmetros para
todas as possíveis estruturas e a conseqüente escolha baseado na comparação de alguns
índices de desempenho, Vendrusculo (2003).
Dentre os índices de desempenho frequentemente utilizados para a tomada de decisão sobre o
melhor modelo matemático cita-se:
a) Soma dos quadrados residuais (SQR): o modelo que apresentar o menor valor positivo
de SQR (SQR > 0) é assumido como sendo o melhor;
b) Coeficiente de determinação (R2): o modelo que apresentar maior valor de R2 (0 < R2
≤ 1) é considerado o melhor. O valor de 1 para R2 representa que o modelo teórico se
adequou exatamente aos valores medidos no processo;
Esses índices são largamente utilizados para a escolha do melhor modelo matemático, porém
não ponderam sobre o número de parâmetros contido nos mesmos. Portanto, uma relação
satisfatória entre o bom ajuste e o princípio da parcimônia pode ser alcançada aplicando-se o
chamado Critério de Informação de Akaike (AIC), descrito em Akaike (1974) apud
Vendrusculo (2003) como um procedimento para identificação de modelo matemático.
O princípio da parcimônia consiste em obter os melhores modelos matemáticos utilizando-se
de estruturas aceitáveis e simples, contendo em sua formulação um menor número de
parâmetros. Lark (2001) segundo Vendrusculo (2003) usou este princípio para a seleção de
vários modelos que explicassem a resposta de produtividade no contexto da agricultura de
precisão. Posteriormente, o critério de informação de Akaike foi utilizado para medir a
parcimônia desses modelos.
Logo, o critério de informação de Akaike apresenta-se como sendo mais um índice para a
escolha de modelos matemáticos, com a função de medir a parcimônia dos mesmos.
Na maioria dos problemas com modelos não lineares, é mais prático encontrar as estimativas
de mínimos quadrados por procedimentos de procura numérica direta, do que, inicialmente,
obter as equações normais e daí usar os métodos numéricos para encontrar a solução dessas
equações iterativamente.
O método de Gauss-Newton, também conhecido como Método da linearização, usa uma
expansão em série de Taylor para aproximar o modelo de regressão não linear com termos
lineares e, então, aplica mínimos quadrados ordinário para estimar os parâmetros. Iterações
desses passos geralmente conduzem a uma solução para o problema de regressão não linear.
2.4.4 Tópico de estatística
A aplicação das técnicas da Estatística Não-Paramétrica não exige suposições quanto à
distribuição da população da qual se tenha retirado amostras para análises. Podem ser
aplicadas a dados que se disponham simplesmente em ordem, ou mesmo para estudo de
variáveis nominais. Contrariamente ao que acontece na Estatística Paramétrica onde as
variáveis são, na maioria das vezes, intervalares, os testes da Estatística Não Paramétrica
exigem poucos cálculos e são aplicáveis para a análise de pequenas amostras (n<30). Como o
próprio nome sugere, a Estatística Não-Paramétrica independe dos parâmetros populacionais e
de suas respectivas estimativas (Fonseca, J. S., 2006).
O teste qui-quadrado ou teste de adequação do ajustamento é o teste não-paramétrico mais
utilizado. Considerando ε um experimento aleatório. Sejam E1, E2, ..., Ek, “K” eventos
associados a ε. Admita que o experimento é realizado “n” vezes. Sejam: Fo1, Fo2, ..., Fok as
freqüências observadas dos “K” eventos. Sejam: Fe1, Fe2, ..., Fek as freqüências esperadas, ou
freqüências teóricas dos “K” eventos.
Quando se deseja realizar um teste estatístico para verificar se há adequação de ajustamento
entre as freqüências observadas e as freqüências esperadas. Isto é, se as discrepâncias (Foi –
Fei), i = 1, 2, ... K, são devidas ao acaso, ou se de fato existe diferença significativa entre as
freqüências. Aplica-se o teste através do seguinte procedimento:
1 – Enunciar as hipóteses H0 e H1. Ou seja, H0 afirmará não haver discrepância entre as
freqüências observadas e esperadas, enquanto H1 afirmará que as freqüências observadas e
esperadas são discrepantes.
2 – Fixar o nível de significância α. Escolher a variável qui-quadrado com ϕ = (K – 1) graus
de liberdade.
3 – Com o auxílio da tabela χ2 determinam-se RA (região de aceitação) e RC (região de
rejeição).
4 – Calcular a variável
( ) ( ) ( )∑=
−++
−=
−=
K
i k
kk
i
iical Fe
FeFoFe
FeFoFe
FeFo1
2
1
2
11
22
...χ
5 – Concluir que:
Se ,22 χχ xupcal
< não se pode rejeitar H0, ou seja, as freqüências observadas e esperadas não
são discrepantes.
Se ,2
sup
2 χχ >cal
rejeita-se H0, concluindo-se com risco α que há discrepância entre as
freqüências observadas e esperadas. Ou seja, não há adequação do ajustamento.
Onde χ 2
.sup é o valor da abscissa que determina o limite entre RA e RC.
2.5 Histerese da Curva Característica
Poulovassilis (1962) apresenta uma breve descrição das curvas decorrentes da variação da
quantidade de água nos poros de um meio poroso estudado. Admitindo que um meio poroso
saturado fique submetido a valores crescentes de sucção matricial até um valor denominado
de Smax, Figura 2.8, a relação entre a quantidade de água contida nos poros do corpo e a
sucção matricial é descrita pela curva AB. Durante o umedecimento desse corpo poroso, com
o relaxamento da sucção matricial de Smax até zero, a mesma relação é representada pela curva
BEC. A diferença AC, entre as quantidades de água relativas ao início e o fim do processo
(sucção matricial = 0), representa a quantidade de ar ocluso nos vazios durante o
umedecimento do corpo. Fredlund (1996) admite que o mesmo comportamento possa vir a
ocorrer em alguns solos, de forma que o teor de umidade saturado inicial não seja mais
atingido devido ao ar ocluso nos poros. Ao secar o corpo novamente, a relação entre a
quantidade de água e a sucção matricial mostra-se como a trajetória CDB. Quando se permite
um novo umedecimento obtém-se a mesma curva BEC, conforme o ciclo anterior. Estas
respostas, agora, repetem-se quando se varia a sucção matricial da forma relatada, mostrando
que o volume de ar ocluso é constante durante o umedecimento. Consequentemente, não se
atinge mais a curva AB. As duas trajetórias CDB e BEC do ciclo de histerese são
denominadas, respectivamente de curvas de contorno de secagem e de umedecimento. A
região contida por estas curvas é denominada de histerese.
Figura 2.8 – Curvas características experimentais de um corpo poroso rígido (Poulovassilis,
1962)
A reprodutibilidade dos laços de histerese que corresponde a um determinado ciclo de
mudança de sucção sugere que o ar entra sempre nos mesmos poros, como também o
umedecimento é repetido da mesma maneira razoavelmente suave e uniforme. A diferença na
inclinação entre as curvas de umedecimento e a última de secagem é uma medida do volume
de ar que entra nos poros drenados em um único intervalo de sucção (Poulovassilis, 1969).
A variação dinâmica do teor de umidade do solo geralmente não segue o mesmo trajeto das
curvas características. Além das curvas principais de secagem e de umedecimento, existem as
curvas primárias de secagem (do estado de umedecimento ao estado de secagem) e curvas
primárias de umedecimento (do estado de secagem ao estado de umedecimento) e
subsequentemente ocorrem variações interativas de estados de secagem e de umedecimento
para formar uma série de curvas intermediárias. O conjunto das curvas características de
umidade do solo descreve as propriedades correspondentes à histerese desse solo (Huang et
al., 2004)
2.5.1 Fatores referentes ao fenômeno da histerese nos solos relacionados com a
umidade
O fenômeno da histerese devido a variação da umidade faz com que os parâmetros
relacionados com a quantidade de água no solo tenham valores diferentes no umedecimento e
na secagem. A ascensão capilar em um solo seco é menor do que a altura medida após a
drenagem de um solo saturado (Iwata et al., 1988).
Segundo Jucá (1990), vários pesquisadores, entre eles: Haines, 1923; Poulovassilis, 1962;
Taylor, 1948; Hillel, 1971; Marsahll e Holmes, 1981; Iwata e Tabuchi, 1988, constataram que
o fenômeno da histerese se deve principalmente aos seguintes fatores:
a) a heterogeneidade nos tamanhos dos poros (que são em geral vazios de formas
irregulares interconectados por passagens menores) gera o efeito “ink bottle”. O
esquema simplificado da Figura 2.9, mostra que em ciclos de secagem e
umedecimento podem ocorrer equilíbrios em posições diferentes para um menisco
com mesmo raio R, envolvendo quantidades diferentes de água para um mesmo
sistema (Poulovassilis, 1962; Hillel, 1971 e Marshall & Holmes, 1981);
Figura 2.9 – Geometria dos poros a (Poulovassilis, 1962; Hillel, 1971; Marshall &
Holmes, 1981).
b) o ângulo de contato entre a interface ar-água e uma superfície sólida é diferente para o
umedecimento e para a secagem (Figura 2.10), atingindo um valor máximo quando a
água avança sobre a superfície seca e um valor mínimo quando esta retrocede.
Portanto, os raios de curvatura dos meniscos são diferentes para os processos de
secagem e de umedecimento (Iwata e Tabuchi, 1988);
Figura 2.10 – Ângulo de avanço e recuo (Marinho, 1994)
c) bolhas de ar oclusas nos vazios do solo durante a fase de umedecimento (Hillel, 1971
e Marshall & Holmes, 1981), fazendo com que a umidade seja reduzida e não
permitindo a completa saturação na sucção nula;
Os fatores acima justificam o fenômeno da histerese em areias e siltes. No caso das argilas,
deve-se levar em conta a alteração estrutural decorrente da expansão ou contração, associadas
aos ciclos de umedecimento e secagem (Hillel, 1971 e Marshall & Holmes, 1981). Desta
maneira, parte da histerese se deve a alterações no arranjo das partículas quando da variação
de volume. Yong & Warkentin (1975) segundo Jucá (1990), descreveram este fenômeno
como um “rearranjo plástico”. Os pontos de contatos entre as partículas e as forças nestes
pontos diferem durante o umedecimento e a secagem. Quando ocorre uma variação de
volume, há uma alteração da estrutura e da distribuição de poros, bem como da interação entre
os argilo-minerais e a água, gerando forças físico-químicas capazes de reter água.
2.6 Mecanismo de Expansão
O mecanismo de expansão em argilas é complexo, sendo influenciado por vários fatores. A
expansão é o resultado da mudança no sistema solo-água a qual perturba o equilíbrio das
tensões internas. Se as propriedades da água do solo são alteradas, seja por variação da
quantidade ou da composição química, a força entre partículas mudará. Caso a mudança
resultante nas forças internas não seja balanceada pela correspondente alteração no estado de
tensões, aplicado externamente, o espaçamento entre partículas será alterado até que as forças
atinjam novamente o equilíbrio. Essa modificação no espaçamento se manifestará sob a forma
de aumento ou redução de volume.
O aumento de volume dos solos expansivos é devido principalmente a uma adsorção de água
pela superfície externa do mineral da argila. Por sua vez, esta adsorção de água é produzida
por diversos mecanismos que atuam inter-relacionados. Entre os principais, incluem-se:
a) hidratação das partículas de argila;
b) hidratação de cátions;
c) repulsão osmótica.
As partículas de argila são cristais de composição mineralógica bem identificada.
Normalmente, as redes cristalinas são imperfeitas e possuem cargas eletrostáticas não
neutralizadas. A partícula tem quase sempre forma de lâmina ou de agulha. As superfícies
laminares apresentam cargas negativas. Os bordos possuem cargas positivas e negativas, com
predominância das positivas. Para neutralizar estas cargas, diversos íons se situam na
superfície dos minerais argilosos. Estes íons são facilmente substituídos e recebem o nome de
íons trocáveis. Mesmo que cátions e anions sejam substituíveis, o fenômeno é mais
importante no caso dos primeiros devido à existência, na superfície da partícula, de uma carga
negativa muito mais elevada do que a positiva.
Uma causa da substituição de cátions de um mineral argiloso é a presença de outros cátions
cuja afinidade com as partículas seja predominante. A capacidade de troca catiônica de um
mineral descreve sua aptidão para adsorver cátions.
A adsorção dos cátions produz uma dupla camada elétrica: negativa na partícula argilosa e
positiva na zona próxima a ela onde a concentração de cátions é alta, daí o nome de dupla
camada difusa ou simplesmente de dupla camada. A existência desta camada é essencial no
desenvolvimento dos mecanismos de expansão.
2.7 Contração nos Solos
A maioria das pesquisas sobre contração dos solos foi inicialmente relacionada à agricultura.
Em relação à mecânica dos solos, o primeiro trabalho relevante é de Tempany (1917). Usando
solos compactados, ele investigou a relação entre contração e perda de umidade, relacionada
com a quantidade de partículas de argila e o seu efeito na contração. Foi o primeiro a sugerir a
existência de uma fase de contração, onde, em uma amostra totalmente saturada, a variação de
volume desta amostra é igual ao volume de água evaporado. Nessa fase existe a contração
sem considerar o contato entre as partículas. Com a continuação da contração, será atingido
um ponto em que as partículas do solo começam a entrar em contato resistindo à contração.
Observou também, que o limite de contração (teor de umidade em que o solo deixa de
contrair) e a variação de volume total são função da quantidade de colóides no solo.
Em 1923, Haines apresentou uma interpretação completa do fenômeno da contração.
Relacionando em um gráfico o volume da amostra versus volume de água (Figura 2.11),
Haines observou que a curva de contração consiste em duas linhas retas. O ponto C representa
o ponto de partida da drenagem. O segmento CB (contração normal) corresponde ao estágio
onde o volume de água evaporado é igual a redução do volume total da amostra. Isto implica
que o segmento CB corresponda a uma linha reta formando um ângulo de 45º nessa figura. A
segunda fase BA (contração residual) representa o estágio onde parte da água perdida é
substituída por ar. Haines fez um comentário a respeito da importância da contração residual
no sentido de que “ela pode variar bastante em quantidade, e pode ser definida com precisão
desde que o ponto de inflexão seja estabelecido”.
Figura 2.11 – Curva de contração (Haines, 1923).
Terzaghi (1925) foi o primeiro a analisar a contração sob o ponto de vista da engenharia.
Observou que a única diferença entre a compressão artificial sob carregamento e a contração
natural devido à secagem, é que na primeira, uma amostra de argila pode ser comprimida
quase indefinidamente, enquanto que na segunda, devido à evaporação, um ponto é alcançado
e além do qual o volume da amostra de argila permanece constante, limite de contração.
Marinho & Chandler, 1993, após fazerem correlações entre o limite de contração, teor de
argila, limite de liquidez e índice de plasticidade, observaram que o limite de contração não é
um bom índice para se correlacionar com outras propriedades do solo.
2.7.1 Aspectos do fenômeno de contração
In situ, a contração é predominantemente causada pela evaporação da água através da
superfície do terreno e pela evapotranspiração. A redução de volume durante a contração por
evaporação é similar a redução de volume devido à compressão mecânica, desde que o solo
esteja saturado ou próximo à saturação.
A Figura 2.12 mostra uma representação esquemática de como a água se relaciona com a
partícula de argila. As cinco categorias mostradas na figura são descritas a seguir (Head,
1980).
1. Água de constituição: é aquela que faz parte da estrutura molecular da
partícula sólida, ou seja, está quimicamente combinada com o mineral. É a água
de hidratação da estrutura cristalina. Esta água não é usualmente removida,
exceto da gipsita e de algumas argilas tropicais.
2. Água adsorvida: é aquela película de água que envolve e adere fortemente à
partícula sólida, não pode ser removida através de secagem em estufa até 110ºC.
É considerada como sendo parte da partícula do solo.
3. Água higroscópica: é aquela que se encontra em um solo úmido ou seco ao ar
livre, ocupando o espaço de vazios entre as partículas (acima do lençol freático).
Pode ser removida através de secagem em estufa.
4. Água capilar: esta água é retida pela tensão superficial e pode ser removida
pela secagem ao ar. Em solos finos, ela sobe pelos vazios entre as partículas a
pontos acima do lençol freático (ascensão capilar).
5. Água gravitacional: é aquela que se encontra abaixo do lençol freático,
preenchendo todos os vazios entre as partículas sólidas e pode ser removida por
drenagem.
Figura 2.12 – Representação dos diversos tipos de água ao redor das partículas de argila
(Head, 1980)
Uma maneira útil de representar o fenômeno da contração é traçando o volume por 100g de
solo seco em relação ao teor de umidade, como mostrado na Figura 2.13a. Esta figura também
mostra as linhas teóricas de iso-saturação e uma curva de contração. O segmento AB é a
contração normal onde a perda de água é igual a contração da amostra em termos de volume.
B é o ponto de entrada de ar na amostra, ou seja, é o ponto de dessaturação para uma amostra
inicialmente saturada. O ponto C representa o limite de contração, que por definição é a
interseção da linha AB e a linha horizontal que passa através do ponto D.
A Figura 2.13b mostra os três tipos básicos de comportamento que uma amostra inicialmente
saturada pode apresentar. O tipo de comportamento dependerá do tamanho e distribuição das
partículas e da história de tensões da amostra.
Figura 2.13 – Fenômeno da secagem: a) linhas teóricas de graus de saturação constante e b)
curvas de contração (Marinho, 1994).
A Figura 2.14a mostra as linhas teóricas de mesmo índice de vazios, enquanto que a Figura
2.14b mostra diferentes tipos de comportamentos de solos; as curvas A, B e C são as mesmas,
como apresentadas na Figura 2.13b. A curva D representa uma amostra em estado não
saturado que começa a secar. Os pontos G representam a entrada generalizada de ar.
Figura 2.14 – a) grau de saturação versus teor de umidade e b) linhas teóricas de mesmo
índice de vazios (Marinho, 1994).
Para um solo plástico, a curva de secagem terá um trecho linear bastante definido como
mostrado esquematicamente na Figura 2.15. A inclinação da curva de secagem é chamada de
Capacidade de Sucção (C) e é definida como:
)log(sucçãowC
ΔΔ
= (2-6)
Figura 2.15 – Definição da capacidade de sucção C e o efeito do pré-adensamento (Marinho,
1994).
A Figura 2.16 mostra a trajetória seguida por uma amostra em processo de secagem. O
aumento na sucção devido a redução do teor de umidade corresponde a diminuição do índice
de vazios. Se a amostra está inicialmente saturada, o ponto B é definido como o ponto de
dessaturação. O ponto B não define o ponto Generalizado de Entrada de Ar (GAE). Em B, a
eficácia da sucção é reduzida enquanto o ar penetra na amostra, com uma correspondente
redução na variação do volume total.
Figura 2.16 – Correlação entre a sucção e a compressão mecânica, (Marinho, 1994)
2.8 Processo de Secagem do Solo
A evaporação da água do solo pode ser explicada em termos da interação do fluxo de calor e
de massa entre o solo e a corrente de ar adjacente. O fluxo de calor é um movimento
molecular devido à energia cinética das moléculas. O fluxo de massa é a transferência de
umidade devido ao movimento da massa do fluido (Gilliland, 1938).
Kayyal (1995) verificou em laboratório que tanto a perda de umidade quanto a velocidade de
perda, ambos versus tempo, serão maiores quanto menor for a umidade relativa do ar (Figuras
2.17 e 2.18). Identificou ainda duas zonas de evaporação: uma de velocidade constante, onde
a perda ocorre a taxa constante e outra de velocidade decrescente. Também observou que,
quanto menor for a umidade relativa do ar, maior será a velocidade constante inicial de
evaporação e mais curto o período de tempo de sua duração.
Figura 2.17 – Relação da perda de umidade versus tempo, para diferentes umidades relativas
(Kayyal, 1995).
Figura 2.18 – Relação da velocidade de perda de umidade versus tempo, para diferentes
umidades relativas (Kayyal, 1995).
Fisher (1923) segundo Aguirre (1990) verificou que em perfis de solos inicialmente úmidos, o
processo de secagem por evaporação tem ocorrido em três etapas: a primeira de velocidade
constante (etapa inicial), a segunda de velocidade decrescente (etapa intermediária) e a
terceira de velocidade lenta (etapa residual). Isto em condições externas constantes e nível
d’água suficientemente afastado da superfície do terreno, para não participar do processo de
evaporação. Portanto, se a superfície de um solo estiver inicialmente úmida e a perda d’água
for medida como uma função do tempo, a velocidade de evaporação se manterá quase
constante por algum tempo e em seguida diminuirá repentinamente.
Nas argilas expansivas a transferência de umidade é lenta, de modo que as mudanças no
regime de evaporação que ocorrem na superfície se propagam até o interior do solo como uma
onda de perturbação cuja velocidade é muito reduzida.
CAPÍTULO 3
GEOLOGIA LOCAL E INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
As amostras utilizadas para a realização da investigação experimental deste trabalho foram
obtidas na área pertencente à Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA),
localizada no Município de Paulista, litoral Norte de Pernambuco, latitude de 7º55´35” e
longitude 34º50´49”.
3.1 GEOLOGIA
A Bacia Paraíba é constituída por uma seqüência sedimentar repousando discordantemente
sobre rochas do embasamento cristalino proterozóico, que se apresenta mergulhando
suavemente para leste, e sobre o qual, se depositou todo o pacote sedimentar cretáceo-
paleocênico, de caracter continental/marinho transgressivo/marinho regressivo, obedecendo a
essa estruturação homoclinal, de maneira que, as camadas mais inferiores afloram na borda
ocidental da bacia, enquanto as mais superiores afloram em direção à costa. Toda seqüência é
recoberta por sedimentos terciários e quaternários (Souza, 1999 apud Justino da Silva, 2001).
A estratigrafia é relativamente simples, apresentando apenas três grandes unidades, a saber:
Grupo Paraíba, Formação Barreiras e Depósitos Quaternários. O Grupo Paraíba engloba todo
o conjunto litológico cretáceo-paleocênico, cujas características lito-faciológicas permitem
sua subdivisão em duas seqüências: uma inferior, denominada seqüência clástica basal
representada pela Formação Beberibe e outra, chamada de seqüência carbonática superior,
representada pelas Formações Gramame e Maria Farinha. Recobrindo discordantemente essa
seqüência, encontra-se a Formação Barreiras, constituída de sedimentos areno-argilosos de
granulação heterogênea, com freqüentes lentes argilosas, idade pliocênica e origem
continental de clima semi-árido. Finalizando, têm-se os sedimentos quaternários,
representados por pedregulhos, areias, siltes e argilas (Souza, 1999 apud Justino da Silva,
2001).
A rocha matriz do solo estudado corresponde ao calcário Maria Farinha normalmente
encontrado repousando diretamente sobre a Formação Gramame. Apresenta idade do
paleoceno ou do terciário inferior, constituindo-se na unidade mais superior do Grupo Paraíba
e representando a fase regressiva no preenchimento lítico da bacia. Sua espessura máxima
conhecida é de 35 metros, em virtude do truncamento da seqüência sedimentar pela erosão
pré-Barreiras (Menor et al., 1977 apud Souza, 1999). Está constituída por uma fina seqüência
de calcários detríticos cinzentos, bem puros e mais ou menos recristalizados, na parte inferior
e, pela alternância, na porção superior, de calcários detríticos puros, calcários margosos e
níveis argilosos onde, os calcários, gradualmente, vão se tornando mais arenosos e
dolomitizados, à medida que se caminha para o topo da seqüência. A sedimentação das
camadas que compõem esta unidade processou-se lentamente, em ambiente marinho não
muito profundo (Beurlen, 1967 apud Souza, 1999).
Na área em estudo, os solos são provenientes da ação do intemperismo sobre o calcário
margoso da formação Maria Farinha e de siltitos e argilitos da Formação Barreiras. Os solos
expansivos existentes estão intimamente associados à ação do intemperismo físico-químico
sobre argilitos e calcários da Formação Maria Farinha.
3.2 Atividades de Campo
3.2.1 Sondagem
A sondagem realizada teve com objetivo específico classificar as camadas do solo, no local da
pesquisa, para a elaboração do perfil geotécnico.
3.2.2 Perfil geotécnico do local
O perfil geotécnico foi obtido através de sondagem a trado manual com 150mm de diâmetro,
até 5,00m de profundidade. Apresenta camadas com características bastante variadas,
alternando entre argila siltosa vermelha e argila siltosa amarela com traços cinza. Até 0,50m
de profundidade, a cor da argila alterna-se entre: amarela nos 0,10m iniciais, seguida da cor
vermelha. A partir de 0,50m de profundidade a cor que mais predomina é o amarelo com
traços cinza.
Durante dois anos foram realizadas várias determinações em relação a flutuação do nível
d´agua no campo experimental, e com base nestes dados, observou-se que a profundidade
mínima alcançada, em relação a superfície do terreno, foi de 1,00m.
Prof. (m)
Classificação das camadas ARGILA ARENOSA VERMELHA COM TRAÇOS CINZA
ARGILA SILTOSA VERMELHA COM TRAÇOS CINZA
ARGILA SILTOSA COM TRAÇOS CINZA
ARGILA SILTOSA VARIEGADA
ARGILA SILTOSA CINZA COM TRAÇOS AMARELOS
0,00 0,50 1,50 2,00 3,70 4,50 5,00
ARGILA SILTOSA AMARELA COM TRAÇOS CINZA
Figura 3.1 – Perfil geotécnico.
3.2.3 Extração de amostras indeformadas
As amostras indeformadas, tipo shelby, foram obtidas através da cravação quasi-estática do
tubo, em furos abertos a trado, utilizando um macaco hidráulico com capacidade de duas
toneladas e usando como reação uma galiota (cargueira) carregada com areia, como
apresentada na Figura 3.2.
Figura 3.2 – Sistema utilizado para a extração da amostra indeformada tipo shelby.
Após a retirada de cada shelby, o mesmo foi protegido com filme de PVC e papel alumínio
para que a umidade natural fosse mantida. A Figura 3.3 mostra o mecanismo para a extração
da amostra do shelby em laboratório.
Figura 3.3 – Processo utilizado na extração da amostra do tubo shelby.
3.3 Atividades de Laboratório
3.3.1 Caracterização do Solo
O solo utilizado para a caracterização física, foi uma argila siltosa de coloração variando entre
vermelha e amarela com traços predominantemente cinza, de alta plasticidade, coletado nas
profundidades: 0,30m; 0,50m; 1,00m; 1,50m; 2,00m e 2,50m. Os ensaios foram executados
conforme os procedimentos normalizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(NBR: 6508/84, 7181/84, 6459/84 e 7180/84). Para a determinação do limite de contração que
foi utilizado o método do TRRL (Transport and Road Research Laboratory).
3.3.2 Processo de umedecimento por absorção de vapor
Para permitir que a amostra de solo absorvesse umidade, procedeu-se da seguinte maneira:
1. Utilizou-se um dessecador de vácuo de vidro, preenchendo-se a sua parte inferior com
água fervente.
2. Colocou-se a amostra sobre uma tela metálica localizada na parte superior da câmara,
e em seguida o dessecador foi tampado.
3. A amostra foi retirada quando atingiu a umidade desejada, imediatamente medida
(determinação do volume utilizando um paquímetro) e pesada, em seguida fez-se a
colocação do papel de filtro (determinação da sucção).
4. O processo se repetiu, a cada intervalo entre a retirada e a colocação do papel de filtro,
aumentando-se a umidade em aproximadamente 3% até atingir a constância de peso.
O tempo necessário para cada aumento da umidade depende do tipo de solo e da umidade
inicial.
Embora o método exija melhorias, observou-se que permite a expansão do solo ao absorver
umidade sem o aparecimento de fissuras (Marinho, 1994).
3.3.3 Sucção matricial
Quando um solo é colocado em contato com um material poroso que possua capacidade de
absorver água, a mesma irá passar do solo para o material poroso até que o equilíbrio seja
alcançado. O uso do papel filtro é baseado neste princípio. Tendo-se a relação entre sucção e a
umidade do material poroso (calibração), a sucção do solo pode ser obtida referindo-se à
curva de calibração. O estado de equilíbrio fornece a mesma sucção no solo e no material
poroso, porém umidades diferentes. O tempo de equilíbrio é um fator de extrema importância
para a obtenção da correta sucção, Marinho (1995).
Os ensaios para a determinação da sucção matricial foram realizados utilizando-se corpos de
prova de amostras tipo shelby com 75mm de diâmetro e 20mm de altura. Foi ensaiado um
corpo de prova para as seguintes profundidades: (0,30m; 0,50m; 1,00m; 1,50m; 2,00m e
2,50m).
A sucção foi determinada através do método do papel de filtro, de acordo com Marinho
(1994). Utilizou-se o papel de filtro Whatman N° 42, com 70mm de diâmetro e a curva de
calibração de Chandler et al. (1992).
As seguintes equações foram usadas como curvas de calibração para o papel de filtro
Whatman Nº 42:
Umidade do papel de filtro (w) ≤ 47%: Sucção (kPa) = 10(4,84-0,0622w)
Umidade do papel de filtro (w) > 47%: Sucção (kPa) = 10(6,05-2,48logw)
Para a determinação da sucção e obtenção da curva característica, procedeu-se da seguinte
maneira:
1. Moldou-se o corpo de prova e em seguida, fez-se o umedecimento através do processo
de absorção de vapor (Marinho, 1994) até alcançar à umidade próxima a saturação;
2. Pesou-se o corpo de prova e em seguida colocou-se um papel de filtro em cada face,
envolvendo-o com filme de PVC, em várias camadas. Para proteger da luminosidade
envolveu-o, também, com papel alumínio. O tempo de permanência do papel de filtro
na atmosfera de influência do corpo de prova foi de 7 dias;
3. Decorrido o tempo necessário para o equilíbrio da umidade, fez-se à pesagem dos
papeis de filtro numa balança com precisão de 0,001g, em seguida, determinou-se o
volume do corpo de prova;
4. Obteve-se a sucção correspondente a umidade do papel de filtro através da curva de
calibração de Chandler et al. (1992);
5. Deixou-se o corpo de prova exposto ao ar numa temperatura de aproximadamente 25º
C até atingir um teor de umidade em torno de 3% menor do que o anterior;
6. Alcançada a umidade desejada, repetiu-se às etapas de (2) a (5) para os demais pontos
previstos da curva característica;
7. Após a determinação do último ponto, levou-se o corpo de prova a estufa para
determinação do peso seco.
3.3.4 Contração livre e evaporação
O ensaio de contração livre foi realizado juntamente com o ensaio de sucção matricial,
utilizado na determinação da curva característica de secagem, nos intervalos entre a retirada e
a colocação de cada papel de filtro, de acordo com o seguinte procedimento:
1. Após a retirada do papel de filtro foi determinado o peso e o volume do corpo de
prova e em seguida foi colocado em exposição ao ar num ambiente com temperatura
de aproximadamente 25ºC.
2. Em seguida, a cada trinta minutos, fez-se as pesagens e as determinações dos volumes
do corpo de prova para a determinação da perda de umidade, até atingir a perda
prevista, logo após é feita a colocação do papel de filtro para determinação da sucção;
3. Para as determinações seguintes procede-se segundo os itens (1) e (2) até a colocação
do último papel de filtro.
3.4 Modelagem
3.4.1. Processo para a modelagem das curvas características
Para o processo de modelagem foi usado o programa “STATISTICA” e adotado um número
de iterações máximo de 100 com critério de convergência de 10-6.
O critério de escolha do melhor modelo, utilizado nesta pesquisa, foi o seguinte:
i) Coeficiente de determinação (R2): optou-se pelo modelo em que este coeficiente
mais se aproximou da unidade;
ii) Soma dos quadrados dos resíduos (SQR): o melhor modelo foi o que apresentou o
SQR mais próximo de zero;
iii) Critério de Akaike (AIC): O melhor modelo foi aquele que apresentou o valor
mais negativo, para este cálculo usou-se a Equação 3.1.
kn
SQRnAIC 2ln. +⎟⎠⎞
⎜⎝⎛= (3.1)
Onde:
n – número de observações (quantidade de pontos sucção/umidade utilizados pelo programa)
ln – logaritmo de base neperiana
k – número de parâmetros de ajustes utilizado na equação do modelo (a, m e n)
SQR – soma dos quadrados dos resíduos
3.4.2 Determinação da área de histerese
Para a estimativa da área de histerese, foi utilizado como recurso matemático a integral
definida do modelo matemático que melhor se ajustou ao critério de escolha.
A área de histerese foi estimada pela diferença entre as integrais da trajetória de secagem e de
umedecimento em cada profundidade. A Figura 3.4 mostra o aspecto gráfico da histerese
obtida entre as trajetórias do modelo, na profundidade de 1,50m.
Figura 3.4 – Histerese proveniente da trajetória de secagem e de umedecimento modeladas a
partir de dados experimentais.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E ANÁLISES
4.1 Caracterização do Solo
De acordo com as características físicas do solo, no sistema unificado, o mesmo pode ser
enquadrado como CH (argila inorgânica de alta compressibilidade no Sistema de
Classificação Unificada) com IP variando entre 24% a 45%, atividade normal entre 0,76 e
0,82. Na Tabela 4.1 estão apresentados os valores dos Limites de Atterberg e da composição
granulométrica, enquanto, a Figura 4.1 apresenta as curvas granulométricas.
Tabela 4.1 – Análise Granulométrica e Limites de Atterberg
Profundidade 0,30m 0,50m 1,00m 1,50m 2,00m 2,50m
LP (%) 20 27 26 29 28 28
LL (%) 47 51 58 73 68 73
IP (%) 27 24 32 44 40 45
LC (%) 11,20 11,30 13,80 13,00 11,30 15,00
Atividade 0,82 0,77 0,74 0,73 0,75 0,76
Argila (%) 42 33 44 66 54 68
Silte (%) 29 28 21 31 17 23
Areia fina (%) 9 31 27 3 25 9
Areia média (%) 5 8 7 - 6 -
Percentual de partículas < 2μ 33 31 43 60 53 59
LP = limite de plasticidade; LL = limite de liquidez; IP = índice de plasticidade; LC = limite
de contração.
Prof.(m): 0,30 m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Per
cent
agem
que
pas
sa (%
)
ARG
ILA
SILT
E
AREI
A FI
NA
AREI
A M
ÉDIA
AREI
A G
ROSS
A
PEDR
EGUL
HO
Prof.(m): 0,50 m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Per
cent
agem
que
pas
sa (%
)
ARG
ILA
SILT
E
AREI
A FI
NA
AREI
A M
ÉDIA
AREI
A G
ROSS
A
PEDR
EGUL
HO
Prof.(m): 1,0 m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Per
cent
agem
que
pas
sa (%
)
ARG
ILA
SILT
E
AREI
A FI
NA
AREI
A M
ÉDIA
AREI
A G
ROSS
A
PEDR
EGUL
HO
Prof.(m): 1,50 m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Per
cent
agem
que
pas
sa (%
)
ARG
ILA
SIL
TE
ARE
IA F
INA
ARE
IA M
ÉDIA
ARE
IA G
ROS
SA
PED
REG
ULHO
Prof.(m): 2,0 m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Per
cent
agem
que
pas
sa (%
)
ARG
ILA
SILT
E
AREI
A FI
NA
AREI
A M
ÉDIA
AREI
A G
ROSS
A
PEDR
EGU
LHO
Prof.(m): 2,5m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro dos grãos (mm)
Per
cent
agem
que
pas
sa (%
)
ARG
ILA
SILT
E
AREI
A FI
NA
AREI
A M
ÉDIA
AREI
A G
ROSS
A
PEDR
EGUL
HO
Figura 4.1 – Curvas granulométricas nas profundidades de 0,30m; 0,50m; 1,00m; 1,50;
2,00m e 2,50m.
4.2 Curvas Características
As curvas características experimentais foram obtidas de corpos de provas moldados de
amostras indeformadas tipo shelby considerando-se trajetória de secagem e de umedecimento.
As figuras 4.2 e 4.3 apresentam as curvas características experimentais obtidas através das
trajetórias de secagem e de umedecimento nas diversas profundidades estudadas, utilizando-se
a técnica do papel de filtro.
As curvas características apresentaram uma grande variação de sucção entre o primeiro e o
segundo ponto, este fato pode ter ocorrido provavelmente devido aos efeitos capilares de
retenção, já que estes pontos se encontram dentro da zona de efeito de fronteira.
As curvas características experimentais de secagem apresentam duas fases bem distintas, uma
fase inicial, praticamente horizontal, onde predominam os efeitos das forças capilares e outra
bastante inclinada onde também atuam as forças de adsorção. O ponto de inflexão das curvas
de secagem situam-se em torno da sucção de 2000 kPa, enquanto que o ponto de inflexão das
curvas de umedecimento situam-se em torno da sucção de 1000 kPa.
Observa-se que as curvas características experimentais se assemelham àquelas que
identificam solos pré-adensados (Marinho, 1994). Confrontando as curvas características com
as do tipo logaritmo da tensão vertical versus índices de vazios, do ensaio de adensamento,
observa-se que existem em comum dois trechos aproximadamente retos e uma curva suave
que os unem. Isto pode significar que a sucção na qual se dá esta mudança de comportamento
venha a ser uma indicação da máxima tensão vertical efetiva que aquela camada já sofreu no
passado. É importante observar que essa tensão tem um papel relevante na mecânica dos
solos, pois divide dois comportamentos tensão-deformação bem distintos, sendo denominada
de tensão ou pressão de pré-adensamento do solo.
As amostras que produziram as curvas características experimentais foram retiradas de um
local onde o peso atual do solo sobrejacente é menor de que o máximo já suportado. Esse
depósito sofreu, ao longo dos anos, grande remoção de material de suas camadas superiores
através da erosão, além disso, este local foi palco da ação antrópica caracterizada pelo corte
do terreno original.
05
10152025303540455055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Prof. 0,30mProf. 0,50mProf. 1,00mProf. 1,50mPro. 2,00mProf. 2,50m
Figura 4.2 – Curvas características de secagem.
Figura 4.3 – Curvas características de umedecimento.
05
10152025303540455055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Prof. 0,30mProf. 0,50mProf. 1,00mProf. 1,50mPro. 2,00mProf. 2,50m
4.3 Histerese
As curvas características experimentais de secagem e de umedecimento, construídas a partir
do ensaio com a utilização do papel de filtro, foram agrupadas segundo a profundidade com a
finalidade de ser observada a diferença entre a trajetória de secagem e de umedecimento
(histerese), como mostram as figuras 4.4 à 4.9. É importante observar que os pontos de sucção
igual a 63 MPa, 67 MPa e 70 MPa foram introduzidos nestas figuras pelo fato de já terem
sido obtidos, experimentalmente, por Justino da Silva (2001) através de pesquisa com este
tipo de solo e na mesma localidade.
O maior valor de sucção obtido experimentalmente, neste trabalho, através do papel de filtro
foi de 25 MPa, à essa sucção corresponde o teor de umidade volumétrico de 19,56%.
A camada de argila arenosa, de 0,00 a 0,50m de profundidade, não apresenta comportamento
histerético, provavelmente devido à presença de vazios uniformes, o que confere o mesmo
grau de dificuldade de entrada e saída da umidade nas mesmas condições para o
umedecimento e para secagem.
Para as camadas de argila siltosa a partir de 0,50m verifica-se que ocorre histerese entre as
trajetórias de secagem e de umedecimento em duas fases distintas de sucção:
a) Para sucções menores a histerese ocorre com menor intensidade, pois devido à
continuidade líquida e o elevado teor de umidade, a entrada de água no umedecimento
e a saída na secagem nos espaços vazios maiores entre partículas se verifica com um
grau de dificuldade semelhante.
b) Para sucções maiores, onde os espaços vazios menores continuam ocupados por água
(na secagem) e secos no umedecimento, o efeito da histerese se torna acentuado,
tendo-se verificado que isto ocorre a partir de 500 kPa.
Profundidade: 0,30m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.4 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade
de 0,30m.
Profundidade: 0,50m
05
1015
2025
3035
4045
5055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.5 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade
de 0,50m.
Profundidade: 1,00m
05
10152025
303540455055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.6 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade
de 1,00m.
Profundidade: 1,50m
05
10152025
30354045
5055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.7 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade
de 1,50m.
Profundidade: 2,00m
05
10
152025303540
455055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.8 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade
de 2,00m.
Profundidade: 2,50m
05
101520
2530
354045
5055
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.9 – Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento na profundidade
de 2,50m.
4.4 Contração Livre
O ensaio de contração livre realizado entre a retirada e colocação do papel de filtro durante a
etapa de secagem, permitiu a determinação da relação entre o volume da amostra e a umidade
gravimétrica.
As figuras 4.10 à 4.12 apresentam, para cada gráfico, um trecho em linha reta referente à
contração normal (Haines, 1923) onde o volume de água evaporado é igual a redução do
volume total da amostra, e um trecho curvo correspondente ao estágio onde parte da água
perdida é substituída por ar, denominado de contração residual.
O limite de contração dos corpos de prova obtido em cada profundidade foi graficamente
determinado através da interseção entre o prolongamento da reta de grau de saturação 100%
(contração normal) e a linha horizontal que passa pelo ponto correspondente ao teor de
umidade zero. O valor do teor de umidade gravimétrico correspondente ao limite de
contração, ao longo do perfil estudado, variou de 11% na profundidade de 0,30m até 15%
para 2,50m, pois, o solo superficial é uma argila arenosa, enquanto o mais profundo, uma
argila siltosa, mais fino.
Figura 4.10 – Curvas de contração livre nas profundidades: 0,30m e 0,50m.
Figura 4.11 – Curvas de contração livre nas profundidades: 1,00m e 1,50m.
Figura 4.12 – Curvas de contração nas profundidades: 2,00m e 2,50m.
4.5 Velocidade de Evaporação da Umidade
A velocidade de evaporação foi obtida para cada intervalo entre a retirada e a colocação de
papel de filtro. No momento da retirada do papel de filtro para a determinação da sucção, fez-
se a pesagem e a determinação do volume do corpo de prova, referente a condição inicial, em
seguida, e a cada 30 minutos, uma nova umidade e volume foram determinados, para que, a
partir destes dados a velocidade de perda da umidade pudesse ser calculada em cada período
de tempo, próximo à sucção, ao longo do processo de secagem. Para a área de evaporação,
tomou-se como base as duas faces do corpo de prova, visto que a lateral ficava protegida com
fita crepe. Observa-se nas figuras 4.13 à 4.17 que as curvas apresentam uma tendência
semelhante às curvas características da umidade do solo.
Apesar da simplicidade do método de medição, pode-se observar nos resultados apresentados
das curvas que para sucções menores, até 300 kPa, a água evaporada provém dos espaços
vazios maiores do solo, onde a resistência oferecida a sua liberação, conseqüente da interação
com a estrutura sólida, é pequena, resultando numa velocidade constante de perda d’água.
Acima de 300 kPa, a velocidade de perda de umidade por evaporação decresce devido ao
aumento da interação viscosa com as partículas sólidas, a redução de volume do solo e a
localização entre os vazios menores dos mesmo.
Profundidade: 0,30m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 4.13 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção do corpo de prova,
na profundidade de 0,30m.
Profundidade: 0,50m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
e Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 4.14 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção do corpo de prova,
na profundidade de 0,50m.
Profundidade: 1,00m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 4.15 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção do corpo de prova,
na profundidade de 1,00m.
Profundidade: 1,50m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 4.16 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção do corpo de prova,
na profundidade de 1,50m.
Profundidade: 2,00m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 4.17 – Velocidade da evaporação de umidade em relação à sucção do corpo de prova,
na profundidade de 2,00m.
4.6 Modelo Adotado para Ajuste da Curva Característica
A determinação das curvas características referentes à trajetória de drenagem (secagem e
umedecimento) permitiu a modelagem matemática seguindo o processo de iteração de Gauss-
Newton. Para o processo de modelagem foi usado o programa “STATISTICA” e adotado um
número de iterações máximo de 100 com critério de convergência de 10-6. Os modelos
testados foram aqueles sugeridos por Gerscovich e Sayão (2002). A escolha do melhor
modelo obedeceu ao critério de informação de Akaike; a soma dos quadrados dos resíduos e
ao coeficiente de determinação obtido através do processo de iteração matemática, também
calculado pelo programa. A Tabela 2.1, apresenta os modelos testados neste trabalho.
Parâmetros do critério de escolha do melhor modelo:
iv) Coeficiente de determinação (R2): valor mais próximo da unidade;
v) Soma dos quadrados dos resíduos (SQR): valor mais próximo de zero;
vi) Critério de informação de Akaike (AIC): valor mais negativo. Para este cálculo
usou-se a Equação 3.1.
Para a estimativa da área de histerese, integrou-se o espaço definido entre as curvas referentes
às trajetórias de secagem e de umedecimento. Em cada profundidade foram obtidas duas
sucções mínimas, uma referente à trajetória de secagem e a outra relacionada à trajetória de
umedecimento. Sendo que, para o cálculo da integral definida, utilizou-se como limite inferior
a sucção de maior valor entre as duas. A Tabela 4.2 apresenta os valores médios de R2, SQR
e AIC em relação às trajetórias de secagem e de umedecimento para os modelos utilizados. A
Tabela 4.3 apresenta os resultados da área de histerese em cada profundidade calculados com
o auxílio do programa computacional MATHCAD.
Com relação a Tabela 4.2, observa-se que entre os modelos utilizados, o de Fredlund e Xing
(1994) foi o que apresentou melhor concordância com o critério de escolha. Para o solo
analisado, foi o que apresentou o coeficiente de determinação mais próximo da unidade (R² =
0,997069), a soma dos quadrados dos resíduos mais próxima de zero (SQR = 0,002662) e o
critério de informação de Akaike mais negativo (AIC = -468,428265). Esse modelo foi
elaborado para representar a curva característica de umidade do solo mais generalizada de
maneira que se ajustasse razoavelmente bem aos dados experimentais no intervalo de sucção
variando de 0 a 106 kPa.
Tabela 4.2 – Valores médios dos critérios de escolha para cada modelo analisado.
R2 0,991875
Gardner (1956) SQR 0,007325
AIC -420,684533
R2 0,997049
van Genuchten (1980) SQR 0,002678
AIC -468,130200
R2 0,997069
Fredlund e Xing (1994) SQR 0,002662
AIC -468,428265
Tabela 4.3 – Resultado do cálculo da área de histerese em cada profundidade.
Profundidade (m) Área de Histerese (cm2)
0,30 0,057
0,50 0,107
1,00 0,132
1,50 0,132
2,00 0,136
2,50 0,144
A área de histerese foi estimada pela diferença entre as integrais da trajetória de secagem e de
umedecimento, definidas pelo modelo de melhor ajuste (Fredlund e Xing, 1994), em cada
profundidade como apresentada nas figuras 4.18 à 4.23. Os parâmetros de ajuste utilizados
para a modelagem das curvas experimentais de secagem e de umedecimento são apresentados
na Tabela 4.4.
Profundidade: 0,30m
0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55
10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.18 - Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 0,30m.
Profundidade: 0,50m
0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55
10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.19 - Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 0,50m.
Profundidade: 1,00m
0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55
1 10 100 1000 10000 100000
Sução (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.20 - Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 1,00m.
Profundidade: 1,50m
0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55
10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.21 - Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 1,50m.
Profundidade: 2,00m
0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55
10 100 1000 10000 100000
Sucção (%)
Tepr
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.22 - Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 2,00m.
Profundidade: 2,50m
0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55
10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4.23 - Histerese devido as trajetórias de secagem e de umedecimento, utilizando o
modelo de Fredlund e Xing (1994) na profundidade de 2,50m.
Tabela 4.4 – Parâmetros de ajuste utilizados na modelagem das curvas experimentais.
Gardner (1956) van Genuchten (1980) Fredlund & Xing (1994)
Parâmetros Parâmetros Parâmetros
Profundidade (m) a m n a m n a m n
0,3 0,438x10-4 - 1,18576 0,143x10-6 258,707 0,822728 41523x104 5473,85 0,736749 0,5 0,275x10-3 - 0,966713 -0,57x10-7 173,82 0,680911 92798x104 4485,54 0,668564 1,0 0,204x10-4 - 1,19263 -0,11x10-6 192,294 0,807613 10188x104 3838,42 0,843754 1,5 0,181x10-6 - 1,71618 0,626x10-6 308,443 1,17655 10704x103 5749,22 1,14081 2,0 0,261x10-5 - 1,4394 -0,51x10-6 184,467 1,01612 32274x103 8403,95 1,01415 Se
cage
m
2,5 0,141x10-5 - 1,46457 -0,47x10-6 162,99 1,02405 24602x103 5296,83 1,02183
0,3 0,317x10-4 - 1,23429 0,303x10-6 180,541 0,851865 23560x104 5411,96 0,768375 0,5 0,383x10-3 - 0,959222 -0,86x10-7 182,113 0,698987 41683x104 2873,93 0,660331 1,0 0,721x10-4 - 1,10879 -0,19x10-5 25,2923 0,795331 54290x104 4171,89 0,690856 1,5 0,421x10-5 - 1,47396 -0,21x10-5 73,3955 1,005480 40719,0 16,5123 1,00559 2,0 0,656x10-6 - 1,66743 -0,21x10-5 130,691 1,167 40690x102 4133,12 1,16351
Um
edec
imen
to
2,5 0,314x10-6 - 1,67367 -0,10x10-5 179,767 1,15757 61860x102 4112,61 1,15537
R2(médio) SQR Akaike R2(médio) SQR Akaike R2(médio) SQR Akaike Estatística e Akaike 0,991875 0,007325 -420,68 0,997049 0,002678 -468,13 0,997069 0,002662 -468,42
4.7 Curva Experimental e Curva do Modelo
Tendo sido definido o modelo de Fredlund e Xing (1994), como o melhor para a
representação da curva característica de umidade do solo analisado, fez-se necessário a
comparação com as curvas experimentais. As figuras 4.24 a 4.29 mostram as curvas de
secagem, geradas pelo modelo, sobrepostas nas curvas de secagem experimental em cada
profundidade, a fim de se obter uma visualização da qualidade do ajuste. Enquanto, as figuras
4.30 a 4.35 mostram as curvas de umedecimento, geradas pelo modelo, sobrepostas nas
curvas de umedecimento experimental.
Os valores de θs (umidade volumétrica saturada), de cada profundidade, utilizados no modelo
de melhor ajuste foram obtidos após saturação dos corpos de prova. Entretanto, os valores de
θr (umidade volumétrica residual) são aqueles obtidos, experimentalmente, por Justino da
Silva (2001).
O modelo utilizado para representar as curvas características experimentais deste trabalho
apresentou uma ótima correlação com coeficientes de determinação acima de 0,99, isto
significa que os pontos gerados pelo programa para a construção da curva do modelo são
coerentes com os pontos da curva experimental.
O teste estatístico não paramétrico, qui-quadrado (item 4.8), também confirma a coerência
entre a curva experimental e do modelo através da análise das diferenças entre as umidades
experimentais e as umidades previstas pelo modelo em cada ponto.
Profundidade: 0,30m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Volu
mét
rico
(%)
Secagem/Experimental
Secagem/Modelo
Figura 4.24 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 0,30m.
Profundidade: 0,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Vol
umét
rico
(%)
Secagem/Experimental
Secagem/Modelo
Figura 4.25 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 0,50m.
Profundidade: 1,00m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Volu
mét
rico
(%)
Secagem/Experimental
Secagem/Modelo
Figura 4.26 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 1.00m.
Profundidade: 1,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Volu
mét
rico
(%)
Secagem/Experimental
Secagem/Modelo
Figura 4.27 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 1.50m.
Profundidade: 2,00m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étric
o (%
)
Secagem/Experimental
Secagem/Modelo
Figura 4.28 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 2.00m.
Profundidade: 2,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e V
olum
étri
co (%
)
Secagem/Experimental
Secagem/Modelo
Figura 4.29 – Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de secagem,
na profundidade de 2.50m.
Profundidade: 0,30m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Vol
umét
rico
(%)
Umedecimento/Experimental
Umedecimento/Modelo
.
Figura 4.30 - Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade 0.30m.
Profundidade: 0,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Vol
umét
rico
(%)
Umedecimento/Experimental
Umedecimento/Modelo
.
Figura 4.31 - Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 0.50m.
Profundidade: 1,00m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Volu
mét
rico
(%)
Umedecimento/Experimental
Umedecimento/Modelo
.
Figura 4.32 - Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 1.00m.
Profundidade: 1,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Volu
mét
rico
(%)
Umedecimento/Experimental
Umedecimento/Modelo
.
Figura 4.33 - Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 1.50m.
Profundidade: 2,00m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Volu
mét
rico
(%)
Umedecimento/Experimental
Umedecimento/Modelo
.
Figura 4.34 - Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade de 2.00m.
Profundidade: 2,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Umid
ade
Vol
umét
rico
(%)
Umedecimento/Experimental
Umedecimento/Modelo
.
Figura 4.35 - Curvas características experimentais e do modelo para a trajetória de
umedecimento, na profundidade 2.50m.
4.8 Aplicação do Teste Qui-Quadrado
O teste estatístico χ2 (qui-quadrado) foi utilizado para verificar se as diferenças entre as
umidades experimentais e as umidades previstas para o modelo eram realmente desprezíveis,
utilizando um nível de significância de 5%.
Este teste foi importante porque, durante o processamento do modelo matemático, o programa
computacional “STATISTICA” gerou uma planilha contendo as umidades volumétricas
experimentais e as umidades volumétricas previstas para o melhor ajuste do modelo, além dos
respectivos valores residuais (diferença entre as umidades experimentais e as previstas para o
modelo) em cada ponto (Anexo A). Os argumentos para a conclusão do teste são os seguintes:
Se ,22 χχ xupcal
< as diferenças são desprezíveis, e se ,2
sup
2 χχ >cal
as diferenças são bastante
discrepantes.
A Tabela 4.5 apresenta o resultado do teste χ2 para a avaliação das discrepâncias entre os
valores das umidades observadas e previstas. Analisou-se cada curva separadamente, tanto no
caminho de secagem como no de umedecimento e em cada profundidade. As curvas
analisadas foram às ajustadas pelo modelo de Fredlund e Xing (1994). Observa-se que, de
acordo com a Tabela 4.5, estatisticamente não existe diferença entre as umidades
experimentais e as umidades previstas. Pois todos os valores χ 2
cal são menores que os χ 2
sup.
Tabela 4.5 – Resultado do teste qui-quadrado.
Secagem Umedecimento Profundidade
(m) χ2 calculado χ2 superior χ2 calculado χ2 superior
0,30 0,002040 14,1 0,001091 12,6
0,50 0,003095 15,5 0,002706 15,5
1,00 0,002101 14,1 0,000553 15,5
1,50 0,002793 14,1 0,000018 12,6
2,00 0,001606 15,5 0,000157 12,6
2,50 0,001318 14,1 0,000582 12,6
4.9 Relação Entre os Índices Físicos e a Área de Histerese
A Figura 4.36(a) apresenta os perfis de umidade referentes ao limite de plasticidade, limite de
liquidez, umidade natural e o limite de contração em relação à profundidade, ao passo que a
Figura 4.36(b) apresenta o perfil da área de histerese em relação à profundidade.
A área de histerese da camada de argila arenosa (0,00 a 0,50m) é inferior àquela verificada
para as camadas de argila siltosa subjacentes. Como a argila siltosa apresenta menores vazios
entre partículas, oferece maiores dificuldades para a entrada e a saída da água, resultando, por
conseqüência, sucções maiores na secagem e sucções menores no umedecimento, para o
mesmo teor de umidade.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Teor de Umidade (%)
Prof
undi
dade
(m
)
Limite de Contração Limite de Plasticidade
Limite de Liquidez Umidade Natural
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 0,04 0,08 0,12 0,16 0,2
Área de Histerese (cm2)
Prof
undi
dade
(m)
a) b)
Figura 4.36 – a) perfil dos índices físicos e b) perfil da área de histerese em relação à
profundidade.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
5.1 Curva característica
A técnica do papel de filtro mostrou ser um método simples e eficiente para a determinação
da sucção em laboratório, desde que sejam obedecidas as recomendações para a sua
utilização.
5.2 Velocidade de evaporação
Observa-se que existem duas zonas de velocidade de evaporação: uma de velocidade
praticamente constante que vai até, aproximadamente, a sucção de 300 kPa e outra de
velocidade decrescente que se inicia a partir dessa sucção.
O comportamento da velocidade de evaporação observado nesta pesquisa é importante porque
permite estimar em qual intervalo de sucção ocorrem maiores ou menores perdas de umidade.
Este parâmetro é muito útil quando se analisa a condição de evaporação do depósito estudado.
5.3 Histerese
Houve um aumento da área de histerese influenciado pela granulometria do solo analisado,
pois variou de uma argila arenosa a uma argila siltosa.
5.4 Modelagem
Os modelos utilizados nessa pesquisa para a representação da curva característica da umidade
do solo foram os de: Gardner (1956), van Genuchten (1980) e Fredlund & Xing (1994). O
modelo de Fredlund & Xing (1994) apresentou a melhor concordância em relação aos
critérios de escolha. Observou-se ainda que, os modelos de van Genuchten (1980) e Gardner
(1956) também podem ser utilizados, pelo fato desses terem apresentado pequenas diferenças
no critério de escolha em relação ao utilizado nessa pesquisa.
5.5 Teste qui-quadrado
O resultado do teste qui-quadrado contribuiu para a confirmação do modelo escolhido. Esse
teste permitiu observar que as diferenças, entre as umidades volumétricas das curvas
experimentais e as previstas pelo modelo, são desprezíveis para o solo analisado.
5.6 Recomendações para Futuras Pesquisas
Sugere-se as seguintes recomendações:
Estimar a relação entre a curva característica de secagem e a curva de velocidade de
evaporação, em várias profundidades.
Fazer uma análise mais aprofundada da relação entre os aspectos físicos, químicos e
mineralógicos do solo e a área de histerese, bem como da utilização de outro método de
determinação da sucção.
Verificar a variação da histerese em relação à profundidade acima e abaixo da zona ativa do
solo.
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(in Chinese).
ANEXO - A
DADOS DO PROGRAMA COMPUTACIONAL
A seguir são apresentadas as tabelas produzidas pelo programa “STATISTICA” com os
valores de umidade experimentais utilizados como dados de entrada e os respectivos valores
das umidades previstas, utilizadas pelo programa para o desenvolvimento da curva de melhor
ajuste. Os gráficos referentes a cada tabela apresentam a equação da curva ajustada para cada
profundidade, em relação à secagem e umedecimento, com os respectivos parâmetros de
ajuste (a, m e n). Os valores de todos os parâmetros de ajuste utilizados nas equações da
curvas características, de secagem e de umedecimento, estão apresentados na Tabela 4.4.
A equação utilizada para modelar a curva experimental foi a de Fredlund e Xing (1994),
apresentada a seguir:
m
ns
ae ⎥
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⎟⎠⎞
⎜⎝⎛+
=ψ
θθ
ln
1
Onde:
θ é o teor de umidade volumétrico,
θs é o teor de umidade volumétrico saturado,
ψ é a sucção do solo,
e é o número de Euler,
a é o primeiro parâmetro de ajuste (aproximadamente igual ao inverso da sucção de entrada
de ar),
n é o segundo parâmetro de ajuste (geralmente maior que 1), está relacionado com a
inclinação da curva característica no ponto de inflexão e
m é o terceiro parâmetro de ajuste, está relacionado com o teor de umidade residual.
Tabela A.1 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 0,30m.
Observed Predicted Residuals1 0,443800 0,441205 0,002595 2 0,407800 0,414777 -0,0069773 0,379100 0,382745 -0,0036454 0,317800 0,318992 -0,0011925 0,285000 0,279832 0,005168 6 0,237700 0,231111 0,006589 7 0,194800 0,197995 -0,0031958 0,130000 0,142355 -0,012355
Model: v2=0,13+0,3138*(1/(Log(Euler+(v1/a)^n)))^my=0,13+0,3138*(1/(log(euler+(x/(41523e4))^(,736749))))^(5473,85)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
50 500 5000 50000
Suc(0,3)s
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(0
,3)s
Figura A.1 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,30m.
Tabela A.2 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 0,30m.
Observed Predicted Residuals1 0,130000 0,137395 -0,0073952 0,215000 0,219089 -0,0040893 0,266700 0,257703 0,008997 4 0,327100 0,329631 -0,0025315 0,395900 0,398780 -0,0028806 0,435100 0,439831 -0,0047317 0,444400 0,443007 0,001393
Model: v2=0,13+0,3144*(1/(Log(Euler+(v1/a)^n)))^my=0,13+0,3144*(1/(log(euler+(x/(23560e4))^(,768375))))^(5411,96)
#1
#2
#3
#4
#5
#6#7
5 50 500 5000 50000
Suc(0,3)u
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(0
,3)u
Figura A.2 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,30m.
Tabela A.3 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 0,50m.
Observed Predicted Residuals1 0,472100 0,468523 0,003577 2 0,437900 0,452203 -0,0143033 0,407900 0,421742 -0,0138424 0,382000 0,383686 -0,0016865 0,347400 0,344239 0,003161 6 0,308100 0,299170 0,008930 7 0,270900 0,257658 0,013242 8 0,221100 0,227697 -0,0065979 0,130000 0,150635 -0,020635
Model: v4=0,13+0,3421*(1/(Log(Euler+(v3/a)^n)))^my=0,13+0,3421*(1/(log(euler+(x/(92798e4))^(,668564))))^(4485,54)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
#9
50 500 5000 50000
Suc(0,5)s
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(0
,5)s
Figura A.3 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,50m.
Tabela A.4 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 0,50m.
Observed Predicted Residuals1 0,130000 0,142527 -0,0125272 0,214500 0,218952 -0,0044523 0,294600 0,288404 0,006196 4 0,326400 0,314952 0,011448 5 0,363800 0,364060 -0,0002606 0,396000 0,411867 -0,0158677 0,429600 0,434283 -0,0046838 0,465300 0,463024 0,002276 9 0,469500 0,464832 0,004668
Model: v4=0,13+0,3395*(1/(Log(Euler+(v3/a)^n)))^m
y=0,13+0,3395*(1/(log(euler+(x/(41683e4))^(,660331))))^(2873,93)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8#9
50 500 5000 50000
Suc(0,5)u
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(0
,5)u
Figura A.4 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 0,50m.
Tabela A.5 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 1,00m.
Observed Predicted Residuals1 0,507600 0,507118 0,000482 2 0,471500 0,499012 -0,0275123 0,444300 0,452930 -0,0086304 0,389900 0,392286 -0,0023865 0,352700 0,347864 0,004836 6 0,313200 0,305634 0,007566 7 0,270100 0,266346 0,003754 8 0,130000 0,150461 -0,020461
Model: v6=0,13+0,3776*(1/(Log(Euler+(v5/a)^n)))^my=0,13+0,3776*(1/(log(euler+(x/(10188e4))^(,843754))))^(3838,42)
#1
#2#3
#4
#5
#6
#7
#8
5 50 500 5000 50000
Suc(1,0)s
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
Um
id(1
,0)s
Figura A.5 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,00m.
Tabela A.6 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 1,00m.
Observed Predicted Residuals1 0,130000 0,147983 -0,0179832 0,275100 0,268116 0,006984 3 0,316500 0,308180 0,008320 4 0,381300 0,385434 -0,0041345 0,414200 0,422392 -0,0081926 0,445500 0,445842 -0,0003427 0,499300 0,504933 -0,0056338 0,511100 0,509920 0,001180 9 0,512700 0,510444 0,002256
Model: v6=0,13+0,3827*(1/(Log(Euler+(v5/a)^n)))^my=0,13+0,3827*(1/(log(euler+(x/(54290e4))^(,690856))))^(4171,89)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7#8#9
5 50 500 5000 50000
Suc(1,0)u
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
Um
id(1
,0)u
Figura A.6 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,00m.
Tabela A.7 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 1,50m.
Observed Predicted Residuals1 0,457700 0,457615 0,000085 2 0,429600 0,434037 -0,0044373 0,364400 0,374909 -0,0105094 0,330000 0,321917 0,008083 5 0,288000 0,280793 0,007207 6 0,246400 0,240730 0,005670 7 0,195600 0,212759 -0,0171598 0,180000 0,180665 -0,000665
Model: v8=0,18+0,2777*(1/(Log(Euler+(v7/a)^n)))^m
y=0,18+0,2777*(1/(log(euler+(x/(10704e3))^(1,14081))))^(5749,22)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7#8
5 50 500 5000 50000
Suc(1,5)s
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(1
,5)s
Figura A.7 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,50m.
Tabela A.8 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 1,50m.
Observed Predicted Residuals1 0,180000 0,180593 -0,0005932 0,208000 0,207859 0,000141 3 0,299800 0,300488 -0,0006884 0,329700 0,328767 0,000933 5 0,422000 0,423167 -0,0011676 0,453900 0,451804 0,002096 7 0,458600 0,457960 0,000640
Model: v8=0,18+0,2784*(1/(Log(Euler+(v7/a)^n)))^m
y=0,18+0,2784*(1/(log(euler+(x/(40719,))^(1,00559))))^(16,5123)
#1
#2
#3
#4
#5
#6#7
5 50 500 5000 50000
Suc(1,5)u
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(1
,5)u
Figura A.8 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 1,50m.
Tabela A.9 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 2.00m.
Observed Predicted Residuals1 0,469000 0,468830 0,000170 2 0,433300 0,436075 -0,0027753 0,406300 0,412042 -0,0057424 0,370400 0,371531 -0,0011315 0,338800 0,337499 0,001301 6 0,300400 0,289209 0,011191 7 0,254500 0,250962 0,003538 8 0,211600 0,226774 -0,0151749 0,190000 0,190599 -0,000599
Model: v10=0,19+0,2790*(1/(Log(Euler+(v9/a)^n)))^m
y=0,19+0,2790*(1/(log(euler+(x/(32274e3))^(1,01415))))^(8403,95)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8#9
5 50 500 5000 50000
Suc(2,0)s
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(2
,0)s
Figura A.9 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2.00m.
Tabela A.10 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 2.00m.
Observed Predicted Residuals1 0,190000 0,190000 -0,0000002 0,210600 0,213414 -0,0028143 0,307600 0,303337 0,004263 4 0,365400 0,367230 -0,0018305 0,391500 0,394825 -0,0033256 0,440200 0,437043 0,003157 7 0,455800 0,455681 0,000119
Model: v10=0,19+0,2658*(1/(Log(Euler+(v9/a)^n)))^m
y=0,19+0,2658*(1/(log(euler+(x/(40690e2))^(1,16351))))^(4133,12)
#1
#2
#3
#4
#5
#6#7
5 50 500 5000 50000
Suc(2,0)u
0,160,18
0,200,22
0,24
0,26
0,28
0,30
0,32
0,34
0,36
0,38
0,40
0,42
0,44
0,46
0,48
Um
id(2
,0)u
Figura A.10 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2.00m.
Tabela A.11 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
secagem na profundidade de 2.50m.
Observed Predicted Residuals1 0,493900 0,493675 0,000225 2 0,451300 0,460559 -0,0092593 0,396800 0,402538 -0,0057384 0,370700 0,365537 0,005163 5 0,332900 0,322633 0,010267 6 0,287200 0,284338 0,002862 7 0,238100 0,250289 -0,0121898 0,190000 0,192323 -0,002323
Model: v12=0,19+0,3039*(1/(Log(Euler+(v11/a)^n)))^m
y=0,19+0,3039*(1/(log(euler+(x/(24602e3))^(1,02183))))^(5296,83)
#1
#2
#3
#4
#5
#6
#7
#8
5 50 500 5000 50000
Suc(2,5)s
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
Um
id(2
,5)s
Figura A.11 – Equação e curva característica, de secagem, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2.50m.
Tabela A.12 – Valores de umidade previstos para modelagem da curva característica de
umedecimento na profundidade de 2.50m.
Observed Predicted Residuals1 0,190000 0,190058 -0,0000582 0,234100 0,240832 -0,0067323 0,324100 0,314221 0,009879 4 0,361800 0,365652 -0,0038525 0,452300 0,456533 -0,0042336 0,474400 0,475634 -0,0012347 0,481100 0,480852 0,000248
Model: v12=0,19+0,2911*(1/(Log(Euler+(v11/a)^n)))^m
y=0,19+0,2911*(1/(log(euler+(x/(61860e2))^(1,15537))))^(4112,61)
#1
#2
#3
#4
#5
#6#7
50 500 5000 50000
Suc(2,5)u
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
Um
id(2
,5)u
Figura A.12 – Equação e curva característica, de umedecimento, do modelo ajustadas para a
profundidade de 2.50m.
ANEXO – B
Comportamento de Contração de um Solo Argiloso Muito Plástico Gerson Marques dos Santos Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE, Brasil, [email protected] José Maria Justino da Silva Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE, Brasil, [email protected] André Maciel Netto Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE, Brasil, [email protected] William de Paiva Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande/PB, Brasil, [email protected] RESUMO: Este trabalho analisa a contração livre de um depósito de solo expansivo situado
na região litorânea do Município de Paulista-PE. O perfil do solo é constituído de argila
expansiva não saturada resultante do processo de intemperização físico-química de argilito e
de rocha calcária da Formação Maria Farinha. Os ensaios de contração livre utilizados para
obtenção das curvas de contração e de velocidade de evaporação foram realizados,
conjuntamente, com os ensaios de sucção. Oserva-se que o valor da sucção onde a velocidade
de evaporação começa a decrescer é o mesmo da sucção correspondente ao ponto de inflexão
da curva característica de umidade do solo estudado.
PALAVRAS-CHAVE: Solo Expansivo, Contração Livre, Velocidade de Evaporação.
1 INTRODUÇÃO
O solo expansivo se caracteriza principalmente por ser constituído em maior ou menor grau
por minerais que podem desenvolver o mecanismo de expansão. Porém, é necessário que se
encontre no campo em um estado apropriado em que se conjuguem determinadas condições
tais como: umidade, densidade, granulometria, estrutura, história de tensões e estado atual de
tensões.
As mudanças de volume podem ser resultantes dos seguintes agentes: o clima, a
construção, a vegetação, a irrigação, a cobertura da área e outros fatores de menor influência.
Os mais importantes são o clima em áreas naturais e a combinação de clima-construção nos
lugares de ação do homem.
Em relação a outros tipos de terrenos os solos expansivos possuem características especiais
que induzem a um comportamento diferenciado. Estes solos provocam anualmente danos de
valor muito elevado em um grande número de países. Solos expansivos têm causado mais
danos a estruturas leves, particularmente às residências e edifícios de poucos pavimentos, do
que qualquer outro risco natural, tais como terremotos e inundações Jones & Holtz (1973).
Fredlund et al. (1995) informam que na China as perdas econômicas resultantes de problemas
com solos expansivos têm sido estimada em cerca de quinze bilhões de dólares por ano,
afetando aproximadamente trezentos milhões de pessoas.
A maioria das pesquisas sobre contração dos solos foi inicialmente relacionada à
agricultura. Em relação à mecânica dos solos, segundo Marinho (1994) o primeiro trabalho
relevante é de Tempany (1917). Usando solos compactados, ele investigou a relação entre
contração e perda de umidade, relacionada com a quantidade de partículas de argila e o seu
efeito na contração. Foi o primeiro a sugerir a existência de uma fase de contração, onde, em
uma amostra totalmente saturada, a variação de volume desta amostra é igual ao volume de
água evaporado. Nessa fase existe a contração sem considerar o contato entre as partículas.
Com a continuação da contração, será atingido um ponto em que as partículas do solo
começam a entrar em contato resistindo à contração. Observou também, que o limite de
contração (teor de umidade em que o solo deixa de contrair) e a variação de volume total são
função da quantidade de colóides no solo.
Em 1923, Haines apresentou uma interpretação completa do fenômeno da contração.
Relacionando em um gráfico o volume da amostra versus volume de água. Ele observou que a
curva de contração consiste em duas linhas retas: uma representando o estágio onde o volume
de água evaporado é igual à redução do volume total da amostra (contração normal) e a outra
correspondente ao estágio onde parte da água perdida é substituída por ar (contração residual).
Terzaghi (1925) conforme Marinho (1994) foi o primeiro a analisar a contração sob o
ponto de vista da engenharia. Observou que a única diferença entre a compressão artificial sob
carregamento e a contração natural devido à secagem, é que na primeira, uma amostra de
argila pode ser comprimida quase indefinidamente, enquanto que na segunda, devido à
evaporação, um ponto é alcançado e além do qual o volume da amostra de argila permanece
constante, limite de contração.
Gilliland (1938) segundo Kayyal (1995) verificou que a evaporação da umidade do solo
pode ser explicada em termos da interação do fluxo de calor e de massa entre o solo e a
corrente de ar adjacente. O fluxo de calor é um movimento molecular devido à energia
cinética das moléculas. O fluxo de massa é a transferência de umidade devido ao movimento
da massa do fluido.
Kayyal (1995) verificou em laboratório que tanto a perda de umidade quanto a velocidade
de perda, ambos versus tempo, serão maiores quanto menor for a umidade relativa.
Identificou ainda duas zonas de evaporação: uma de velocidade constante, onde a perda
ocorre a taxa constante e outra de velocidade decrescente. Também observou que, quanto
menor for a umidade relativa, maior será a velocidade constante inicial de evaporação e mais
curto o período de tempo de sua duração.
Fisher (1923) segundo Aguirre (1990) verificou que em perfis de solos inicialmente
úmidos, o processo de secagem por evaporação tem ocorrido em três etapas. Isto em
condições externas constantes e nível d’água suficientemente afastado da superfície do
terreno, para não participar do processo de evaporação. Portanto, se a superfície de um solo
estiver inicialmente úmida e a perda d’água for medida como uma função do tempo, a
velocidade de evaporação se manterá quase constante por algum tempo e em seguida
diminuirá repentinamente.
Nas argilas expansivas a transferência de umidade é lenta, de modo que as mudanças no
regime de evaporação que ocorrem na superfície se propagam até o interior do solo como uma
onda de perturbação cuja velocidade é muito reduzida.
2 METODOLOGIA E RESULTADOS
Os ensaios para a determinação da contração livre e da velocidade de evaporação foram
realizados utilizando-se corpos de prova de amostras tipo Shelby com 75mm de diâmetro e
20mm de altura. Foi ensaiado um corpo de prova para cada uma das profunidades: 0,30m;
1,00m e 2,00m.
As amostras coletadas encontravam-se com sucção bem acima da condição saturada,
portanto fez necessário a umidificação de cada corpo de prova, antes da realização do ensaio
de contração. Foi utilizado o processo de umedecimento por absorção de vapor, descrito a
seguir:
5. Utilizou-se um dessecador de vácuo preenchendo a sua parte inferior com água
fervente;
6. Colocou-se a amostra sobre uma tela metálica localizada no interior do dessecador;
7. Quando atingiu a umidade desejada (constância de peso) mediu-se em seguida o
volume e o peso.
2.1 Contração Livre e Velocidade de Evaporação
Os ensaios de contração livre utilizados para obtenção das curvas de contração e de
velocidade de evaporação foram realizados conjuntamente com os ensaios de sucção.
Procedeu-se da seguinte maneira:
4. Após umedecimento e medições iniciais de volume e peso de cada corpo de prova,
fez-se a colocação do papel de filtro em cada face para a determinação da sucção
(Marinho, 1994);
5. Após a aretirada do papel de filtro mediu-se novamente o peso e o volume do corpo de
prova e deixou-o exposto ao ar num ambiente com temperatura de aproximadamente
25ºC.
6. Fez-se a pesagem do corpo de prova a cada quinze minutos para a determinação da
perda de umidade, até atingir a perda prevista (em torno de 3% de perda); em seguida
colocou-se o papel de filtro;
7. Procedeu-se sucessivamente a repetição dos ítens (2) e (3) até a colocação do último
papel de filtro.
Nas figuras 1 a 3 estão apresentadas as curvas de contração nas profundidades de 0,30m;
1,00m e 2,00m:
Figura 1. Curva de Cntração Livre na Profundidade de 0,30m.
Figura 2. Curva de Contração livre na profunidade de 1,00m.
Figura 3. Curva de Contração Livre na Profunidade de 2,00m.
A velocidade de evaporação foi obtida para cada intervalo entre a retirada e a colocação do
papel de filtro. No momento da retirada do papel de filtro foi determinada a sucção e a
umidade referente ao tempo correspondente. A cada 15 minutos uma nova umidade e volume
foram determinados, para que, a partir destes dados a velocidade de perda da umidade
pudesse ser calculada em cada período de tempo, próximo à sucção.
Nas figuras 4 a 6 estão apresentadas as curvas de velocidade de evaporação em relação à
sucção nas profundidades de 0,30m; 1,00m e 2,00m.
Profundidade: 0,30m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 4. Velocidade de evaporação de umidade em relação à sucção na profundidade de
0,30m.
Profundidade: 1,00m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 5. Velocidade de evaporação de umidade em relação à sucção na profundidade de
1,00m.
Profundidade: 2,00m
0,0E+00
5,0E-05
1,0E-04
1,5E-04
2,0E-04
2,5E-04
3,0E-04
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Velo
cida
de d
a Pe
rda
de
Um
idad
e (m
l/cm
2 /min
)
Figura 6. Velocidade de evaporação de umidade em relação à sucção na profundidade de
2,00m.
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O limite de contração dos corpos de prova obtido em cada profundidade foi graficamente
determinado através da interseção entre o prolongamento da reta de grau de saturação 100%
(contração normal) e a linha horizontal que passa pelo ponto correspondente ao teor de
umidade zero.
O valor do teor de umidade gravimétrico correspondente ao limite de contração, ao longo
do perfil estudado, variou entre 11% e 13%.
Apesar da simplicidade do método utilizado na determinação da velocidade de evaporação,
pode-se observar que existe bastante semelhança com relação às curvas características de
umidade do solo deste depósito (Figura 7), inclusive com o ponto de inflexão em torno da
sucção de 2000 kPa.
0
10
20
30
40
50
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção (kPa)
Um
idad
e V
olum
étric
a (%
)
Prof. 0,30mProf. 1,00mPro. 2,00m
Figura 7. Curvas características de umidade do solo, de secagem
4 CONCLUSÕES
Em relação ao solo estudado, observa-se que existem duas zonas de velocidade de
evaporação: uma de velocidade praticamente constante que vai até, aproximadamente, a
sucção de 2000 kPa e outra de velocidade decrescente que se inicia em torno dessa sucção. É
importante observar que a sucção correspondente ao ponto de inflexão das curvas
características de umidade do solo situa-se, também, em torno da sucção de 2000 kPa.
Portanto, o valor da sucção na qual a velocidade de evaporação começa a decrescer é o
mesmo da sucção correspondente a pressão de pré-adensamento do solo (ponto de inflexão).
A relação entre a sucção medida (figura 7) e a velocidade de evaporação calculada (figuras
4 a 6), mostra que para sucções até 2000 kPa a condutividade hidráulica da superfície do
corpo de prova ensaiado está muito proxima da condição saturada.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro dado a realização dessa pesquisa.
REFERÊNCIAS
Aguirre, M. (1990). Agrietamiento de suelos debido a la disminución de humedad causada
por la evaporación. Tesis Doctoral, E.T.S. Caminos, Canales y Puertos, Universidad
Politécnica de Madrid.
Fredlund, D. G.; Vanapalli, S. K.; Xing, A. & Pufahl, D. E., 1995. Predicting the shear
strength function for unsaturated soils using the soil-water characteristic curve. 1st. Inter.
Conf. on Unsaturated Soils, Paris, Vol. 1, pp. 63-69.
Jones, D. E. & Holtz, W. G., 1973. Expansive soils – the hidden disaster. Civil Eng., ASCE,
43(8), pp. 49-51.
Kayyal, M. K., 1995. Effect of the moisture evaporative stages on the development of
shrinkage cracks in soils. 1st Int. Conf. Unsaturated Soils, Paris, Vol. 1, p. 373-386.
Marinho, F. A. M., 1994. Shrinkage behaviour of some plastic soils. Ph. D. Thesis, imperial
College, London, 216p.
ANEXO – C
Variação da histerese de um solo expansivo em relação a profundidade
Gerson Marques dos Santos Mestrando, Dpto Eng. Civil, UFPE, Recife-PE, [email protected]
José Maria Justino da Silva Professor Adjunto, Dpto Eng. Civil, UFPE, [email protected]
André Marciel Netto Professor Adjunto, Dpto Energia Nuclear, UFPE, [email protected]
William de Paiva Doutorando, Dpto Eng. Civil, UFPE, Recife-PE, [email protected] Resumo: Este trabalho analisa a histerese de um depósito de solo expansivo situado próximo
a cidade de Paulista na região litorânea do nordeste do Brasil. O perfil do solo é constituído de
argila expansiva resultante do processo de decomposição físico-química de argilito e de rocha
calcária da Formação Maria Farinha. As medidas da sucção foram feitas usando a técnica do
papel de filtro. Foi utilizado o modelo matemático para ajuste das curvas características
referentes às trajetórias de drenagem e de umedecimento segundo orientação proposta por
Gerscovich (2002)
Abstract: This paper analyses the hysteresis of an expansive soil located in the city of
Paulista in the northeast coast of Brazil. The soil profile is constituted of on expansive clay
resulting from the physical and chemical weathering process of claystone and limestone rocks
of the Maria Farinha formation. Suction measurement have been done using filter paper
technique. A mathematical model has been used for characteristic curve fitting related to
drainage and watering processes following Gerscovich (2002) guidelines.
Palavras-chaves: solos expansivos; histerese; modelo.
Keywords: expansive soils; hysteresis; model.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Solo expansivo
O terreno expansivo se caracteriza principalmente por ser constituído em maior ou menor
grau por minerais que podem desenvolver o mecanismo de expansão. Porém, é necessário que
se encontre no campo em um estado apropriado em que se conjuguem determinadas
condições tais como: umidade, densidade, granulometria, estrutura, história de tensões e
estado atual de tensões.
As mudanças de volume podem ser resultantes dos seguintes agentes: o clima, a
construção, a vegetação, a irrigação, a cobertura da área e outros fatores de menor influência.
Os mais importantes são o clima em áreas naturais e a combinação de clima-construção nos
lugares de ação do homem.
Em relação a outros tipos de terrenos os solos expansivos possuem características especiais
que induzem um comportamento diferenciado aos mesmos. Estes solos provocam anualmente
danos de valor muito elevado em um grande número de países. Solos expansivos têm causado
mais danos a estruturas leves, particularmente a edifícios e pavimentos, do que qualquer outro
risco natural, inclusive terremotos e inundações Jones & Holtz (1973). Fredlund et al. (1995)
informam que na China as perdas econômicas produto de solos expansivos têm sido estimada
em cerca de quinze bilhões de dólares por ano, afetando aproximadamente trezentos milhões
de pessoas.
1.2 Histerese
A histerese devido à trajetória de drenagem é um fenômeno que explica porque parâmetros
que dependem da quantidade de água no solo tenham valores diferentes na secagem e no
umedecimento. A ascensão capilar de um solo durante o umedecimento é menor do que a
altura capilar medida durante a secagem de um solo saturado (Iwata et al., 1988).
Segundo Jucá (1990), vários pesquisadores (Haines, 1923; Poulovassilis, 1962; Taylor,
1948; Hillel, 1971; Marsahll e Holmes, 1981; Iwata e Tabuchi, 1988), constataram que o
fenômeno da histerese se deve principalmente aos seguintes fatores:
d) A heterogeneidade nos tamanhos dos poros (que são em geral vazios de formas
irregulares interconectados por passagens menores) gera o efeito “ink bottle”. Em
ciclos de secagem e de umedecimento podem ocorrer equilíbrios em posições
diferentes para um menisco com mesmo raio, envolvendo quantidades diferentes de
água para um mesmo sistema (Poulovassilis, 1962, p. 411; Hillel, 1971, p. 66-67 e
Marshall & Holmes, 1981, p. 56-57);
e) O ângulo de contato entre a interface ar-água e uma superfície sólida é diferente para o
umedecimento e para a secagem, atingindo um valor máximo quando a água avança
sobre a superfície seca e um valor mínimo quando esta retrocede. Portanto, os raios de
curvatura dos meniscos são diferentes para os processos de secagem e umedecimento
(Iwata e Tabuchi, 1988);
f) Bolhas de ar capturadas nos vazios do solo durante a fase de umedecimento (Hillel,
1971, p. 66-68 e Marshall & Holmes, 1981, p. 56-57), fazendo com que a umidade
seja reduzida e não permitindo a completa saturação na sucção nula;
g) Alteração na estrutura do solo decorrente da expansão ou contração associada aos
ciclos de umedecimento ou secagem (Hillel, 1971, p. 66-68 e Marshall & Holmes,
1981, p. 56-57).
Os fatores acima representam bem o fenômeno da histerese em areias e siltes. No caso das
argilas, deve-se levar em conta os efeitos da secagem e do umedecimento que induzem uma
variação de volume no solo. Desta maneira, parte da histerese se deve a alterações no arranjo
das partículas quando da variação de volume. Yong & Warkentin (1975) descreveram este
fenômeno como um “rearranjo plástico”. Os pontos de contatos entre as partículas e as forças
nestes pontos diferem durante o umedecimento e a secagem. Quando ocorre uma variação de
volume há uma alteração da estrutura e da distribuição de poros, bem como da interação entre
os argilo-minerais e a água, gerando forças físico-químicas capazes de reter água.
1.3 Modelo
Gerscovich (2002) estudou a aplicabilidade de quatro equações diferentes para ajuste da curva
característica de umidade do solo (SWCC) em onze solos brasileiros. Nesse estudo,
constatou-se que as equações propostas por Gardner (1958), van Genuchten (1980) e Fredlund
& Xing (1994) podem ser utilizadas para se ter uma boa estimativa da SWCC destes solos.
Observou-se ainda, que a equação de Gardner (1958) parece ser a mais conveniente pelo fato
de utilizar menor número de constantes.
2 METODOLOGIA E RESULTADOS OBTIDOS
O ensaios para a determinação da sucção matricial foi realizados utilizando-se corpos de
prova de amostras tipo shelby com 75mm de diâmetro e 20mm de altura. Foi ensaiado um
corpo de prova para cada uma das profundidades: (0,30m; 0,50m; 1,00m; 1,50m; 2,00m e
2,50m).
2.1 Sucção matricial e curva característica
Para a determinação da sucção e obtenção da curva característica, procedeu-se da seguinte
maneira:
8. Moldou-se o corpo de prova e em seguida, fez-se o umedecimento através do processo
de absorção de vapor (Marinho, 1994) até alcançar à umidade próxima a saturação;
9. Pesou-se o corpo de prova, e após, colocou-se um papel de filtro em cada face,
envolvendo-o com filme de PVC, em várias camadas. Para proteger da luminosidade
envolveu-o, também, com papel alumínio. O tempo de permanência do papel de filtro
na atmosfera de influência do corpo de prova foi de 7 dias;
10. Decorrido o tempo necessário para o equilíbrio da umidade, fez-se à pesagem dos
papeis de filtro numa balança com precisão de 0,001g, em seguida, determinou-se o
volume do corpo de prova;
11. Obteve-se a sucção correspondente a umidade do papel de filtro através da curva de
calibração de Chandler et al. (1992);
12. Deixou-se o corpo de prova exposto ao ar numa temperatura de aproximadamente 25º
C até atingir um teor de umidade em torno de 3% menor do que o anterior;
13. Alcançada a umidade desejada, repetiu-se às etapas de (2) a (5) para os demais pontos
previstos da curva característica;
14. Após a determinação do último ponto, levou-se o corpo de prova a estufa para
determinação do peso seco
A sucção foi determinada através do método do papel de filtro, de acordo com Marinho
(1994). Utilizou-se o papel de filtro Whatman N° 42, com 70mm de diâmetro e a curva de
calibração de Chandler et al. (1992).
Umidade do papel de filtro < 47%:
Sucção (kPa) = 10(4,84-0,0622w)
Umidade do papel filtro (w) > 47%
Sucção (kPa) = 10(6,05-2,48logw)
Nas figuras 1 e 2, são apresentadas as curvas de secagem e de umedecimento obtidas
experimentalmente em cada profundidade:
0
10
20
30
40
50
60
1 10 100 1000 10000 100000Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Prof. 0,30m
Prof. 0,50m
Prof. 1,00m
Prof. 1,50m
Pro. 2,00m
Prof. 2,50m
Figura 1. Curvas características de secagem.
0
10
20
30
40
50
60
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Prof. 0,30m
Prof. 0,50m
Prof. 1,00m
Prof. 1,50m
Pro. 2,00m
Prof. 2,50m
Figura 2. Curvas características de umedecimento.
2.2 Modelagem
A determinação das curvas características referentes à trajetória de drenagem (secagem e
umedecimento) permitiu a modelagem matemática seguindo o processo de iteração de
Newton-Gauss. Os modelos testados foram aqueles propostos por Gerscovich (2002). A
escolha do melhor modelo se fez através do critério de Akaike; da soma dos quadrados dos
resíduos; e do coeficiente de determinação obtido através do processo de iteração matemática.
O critério adotado para escolha do melhor modelo utilizado foi o seguinte:
vii) Coeficiente de determinação (R2): optou-se pelo modelo em que este coeficiente
mais se aproximou da unidade;
viii) Soma dos quadrados dos resíduos (SQR): o melhor modelo foi o que apresentou o
SQR mais próximo de zero;
ix) Critério de Akaike (AIC): O melhor modelo foi aquele que apresentou o menor
valor negativo, para este cálculo usou-se a Equação 1.
kn
SQRnAIC 2ln. +⎟⎠⎞
⎜⎝⎛= (1)
Onde:
n – número de observações
ln – logaritmo de base neperiana
k – número de parâmetros da equação
SQR – soma dos quadrado dos resíduos.
Através da integração matemática da equação do modelo que melhor se ajustou, pode-se
obter a área entre a curva de secagem e de umedecimento, aqui denominada de área de
histerese.
No processo de modelagem utilizou-se o programa “STATISTIC” e adotou-se um número
de iterações máximo de 100 e como critério de convergência 10-6. Também, foi utilizado o
programa “MATHCAD”, para as seguintes condições limites: sucção inicial de 12,9 kPa e
sucção final de 70 MPa para uma umidade volumétrica residual de 19%.
Para obtenção da área de histerese utilizou-se o modelo de Fredlund e Xing (1994), pois foi
aquele que mais se aproximou dos resultados experimentais. Tabela 1.
Tabela 1. Resultado dos critérios de escolha de cada modelo analisado.
R2 0,991875Gardner (1956) SQR 0,007325
AIC -
420,684533 R2 0,997049 van Genuchten (1980) SQR 0,002678
AIC -
468,130200 R2 0,997069Fredlund e Xing (1994) SQR 0,002662
AIC -
468,428265
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
As curvas características das figuras 1 e 2 apresentam uma configuração típica de solo sobre-
adensado.
As figuras 3 e 4 representam as histereses das curvas experimentais e teóricas (secagem-
umedecimento), correspondentes a profundidade de 1,50m. Nessa profundidade a área de
histerese apresentou-se bem definida. Observa-se que à área de histerese das curvas definidas
tanto experimentalmente quanto teoricamente são equivalentes, isto mostra que o modelo
adotado se ajusta, razoavelmente, ao tipo de solo ensaiado.
Profundidade: 1,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 3. Histerese da curva experimental de secagem e umedecimento.
Profundidade: 1,50m
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção Matricial (kPa)
Teor
de
Um
idad
e Vo
lum
étric
o (%
)
Secagem Umedecimento
Figura 4. Histerese da curva de secagem e de umedecimento, utilizando o modelo de
Fredlund e Xing (1994).
As áreas de histerese da Figura 5 foram obtidas das diferenças entre a integral definida da
trajetória de secagem e de umedecimento, obtidas através do modelo utilizado para cada
profundidade. Para este cálculo foi utilizado o programa “Mathcad”.
A área de histerese apresentou um crescimento acentuado até 1,0 metro de profundidade e
em seguida uma pequena redução, até estabilização em torno de 2,0 metros. Figura 5.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 0,04 0,08 0,12 0,16 0,2
Área de Histerese (cm2)
Prof
undi
dade
(m)
Figura 5. Área de histerese em relação as profundidades analisadas.
4 CONCLUSÕES
As curvas teóricas apresentam uma boa concordância com as experimentais. Portanto, o
presente modelo de ajuste pode ser uma ferramenta muito útil na determinação de curvas
características desse tipo de solo.
O modelo aplicado de Fredlund e Xing (1994) apresentou-se como o melhor critério de
escolha, porém, os modelos de Gardner (1956) e de van Genuchten (1980) também podem ser
utilizados, pois apresentaram pequena diferença. Tabela 1.
O comportamento histerético do solo em relação à trajetória de drenagem mostra que a
condição sazonal é de muita importância quando se avalia o comportamento do depósito
estudado.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro dado a realização dessa pesquisa..
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