DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - COnnecting REpositories · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS PARA APLICABILIDADE COMO INIBIDORES DE CORROSÃO Gineide Conceição dos Anjos Orientadora: Profª.Drª. Dulce Maria de Araújo Melo Co-Orientadora: Profª.Drª. Maria Aparecida Medeiros Maciel Dissertação n.º 109/PPGCEM Outubro-2012 Natal-RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS PARA

APLICABILIDADE COMO INIBIDORES DE CORROSÃO

Gineide Conceição dos Anjos

Orientadora: Profª.Drª. Dulce Maria de Araújo Melo

Co-Orientadora: Profª.Drª. Maria Aparecida Medeiros Maciel

Dissertação n.º 109/PPGCEM

Outubro-2012

Natal-RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE

MATERIAIS

Gineide Conceição dos Anjos

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS PARA

APLICABILIDADE COMO INIBIDORES DE CORROSÃO

Outubro-2012

Natal-RN

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GINEIDE CONCEIÇÃO DOS ANJOS

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS PARA

APLICABILIDADE COMO INIBIDORES DE CORROSÃO

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Ciência e Engenharia de Materiais da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de

Mestre em Ciências e Engenharia de

Materiais.

Orientadora: Profª.Drª. Dulce Maria de Araújo Melo

Co-Orientadora: Profª.Drª. Maria Aparecida Medeiros Maciel

Outubro-2012

Natal-RN

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Seção de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Anjos, Gineide Conceição dos Utilização de matérias primas vegetais para aplicabilidade como inibidores de corrosão / Gineide Conceição dos Anjos. – Natal, RN, 2011.

89 f. : il.

Orientadora: Dulce Maria de Araújo Melo. Co-orientadora: Maria Aparecida Medeiros Maciel. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais.

1. Inibidores de Corrosão – Dissertação. 2. Aço Carbono AISI 1020 – Dissertação. 3. Extratos Vegetais – Dissertação. 4. Resistência a Polarização Linear – Dissertação. I. Melo, Dulce Maria de Araújo. II. Maciel, Maria Aparecida Medeiros. III Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BCZM CDU 6620.19

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Dedico este trabalho a minha família, a

professora Maria Aparecida Medeiros

Maciel e aos meus amigos por tudo que

fizeram por mim durante toda essa

jornada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, por estar sempre ao meu lado e ter me dado forças para realizar

este trabalho.

Ao meu marido Robson e a minha família, por estarem sempre do meu lado em todos os

momentos, difíceis ou não.

A professora Maria Aparecida Medeiros Maciel, um agradecimento especial pela

orientação, carinho, paciência, compreensão, dedicação de todo esse tempo que trabalhamos

juntas e pela oportunidade de realização deste trabalho.

A professora Dulce Maria de Araújo Melo pela atenção, carinho, e oportunidade de

realização deste trabalho.

Ao professor Carlos Alberto Martinez Huitle pela atenção, carinho, colaboração e

disponibilização do equipamento necessário para realização deste trabalho.

A professora Tereza Neuma de Castro Dantas, pelo apoio e colaboração.

A Dra. Cátia Guaraciara F. T. Rossi pelo carinho, atenção e colaboração.

Ao professor Antônio Eduardo Martinelli pelos ensinamentos passados em sala de aula.

A minha grande amiga Cássia Carvalho de Almeida pela amizade, dedicação, cumplicidade

e colaboração para a realização deste trabalho.

A amiga Maria Beatriz pela amizade, carinho, dedicação, apoio e colaboração para a

realização deste trabalho.

Ao amigo Ciro José pela amizade e colaboração.

As amigas Alanna, Erileide, Gilvani, Ana Paula, Jessica, Suzana, Eliane, Danielle, Marcia

e Elizama, pelo companheirismo.

Aos amigos Luan, Rosemiro, Zildiane, Taitiane, Ewerton, Hudson, Gustavo, Gelsoneide,

Yara e Eliza que também colaboraram para realização deste trabalho.

A todos os colegas dos laboratórios LTT e LABTAM e LEA, pelo convívio.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Ensino Superior (CAPES), pelo suporte financeiro.

Ao programa de pós-graduação PPGCEM, pela acolhida.

A todos que não foram citados, que de forma direta ou indireta contribuíram para o

enriquecimento deste trabalho.

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"Não se mede o valor de um homem

pelas suas roupas ou pelos bens que

possui, o verdadeiro valor do homem

é seu caráter, suas idéias e a nobreza

de seus ideais."

Charles Chaplin

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SUMÁRIO

Dedicatória

Agradecimentos

Sumário

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Nomenclatura e Simbologia

Resumo

abstract

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO..................................................................................... 17

CAPÍTULO 2- REVISÃO DA LITERATURA............................................................ 20

2.1- MICROEMULSÃO ............................................................................... 20

2.2- MÉTODO DE CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMULSÕES....... 23

2.2.1- Tensão Superficial................................................................................. 23

2.1.2- Reologia.................................................................................................. 25

2.3- APLICAÇÃO DAS MICROEMULSÕES COMO INIBIDORES DE

CORROSÃO............................................................................................

26

2.4- AÇO CARBONO.................................................................................... 27

2.5- CORROSÃO........................................................................................... 29

2.5.1- Formas de Corrosão.............................................................................. 30

2.5.2- Meios Corrosivos................................................................................... 31

2.5.2.1- Atmosfera................................................................................................ 31

2.5.2.2- Solo.......................................................................................................... 31

2.5.2.3- Água Salgada............................................................................................ 32

2.5.2.4- Água Doce................................................................................................ 33

2.5.3- Mecanismos de Corrosão...................................................................... 33

2.5.4- Corrosão no Aço Carbono..................................................................... 34

2.5.5- Métodos de Combate a Corrosão.......................................................... 34

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2.5.5.1- Revestimentos Metálicos......................................................................... 35

2.5.5.2- Revestimentos Inorgânicos...................................................................... 35

2.5.5.3- Revestimentos Orgânicos........................................................................ 35

2.6- PROCESSO DE ADSORÇÃO................................................................. 36

2.6.1- Isotermas de Adsorção.......................................................................... 36

2.6.2- Isoterma de Lagmuir............................................................................ 37

2.6.3- Isoterma de Frumkin............................................................................ 37

2.7- VARIAÇÃO DA FUNÇÃO DE GIBBS.................................................. 38

2.8- ESPÉCIES VEGETAIS.......................................................................... 39

2.8.1- Anacardium occidentale Linn............................................................... 39

2.8.2- Phyllanthus amarus Schum. & Thonn................................................ 40

2.9 APLICAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS E SEUS

CONSTITUINTES COMO INIBIDORES DE CORROSÃO.................

40

2.10- TÉCNICAS EXPERIMENTAIS............................................................. 43

2.10.1- Metalografia........................................................................................... 43

2.10.2- Perda de Massa...................................................................................... 44

2.10.3- Resistência a Polarização Linear......................................................... 44

CAPÍTULO 3- METODOLOGIA EXPERIMENTAL................................................ 47

3.1- MATERIAIS............................................................................................ 47

3.2- METODOLOGIA.................................................................................... 47

3.2.1- Obtenção do Sistema Microemulsionado............................................ 47

3.2.2- Obtenção dos Extratos Vegetais........................................................... 48

3.2.2.1- Anacardium occidentale Linn.................................................................. 48

3.2.2.2- Phyllanthus amarus Schum. & Thonn..................................................... 48

3.2.3- ESTUDO DA SOLUBILIDADE DOS EXTRATOS VEGETAIS......... 48

3.3- CARACTERIZAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DOS SISTEMAS

MICROEMULSIONADOS.....................................................................

49

3.3.1- Medidas de Tensão Superficial............................................................. 49

3.3.2- Medidas de Viscosidade........................................................................ 50

3.4 CARACTERIZAÇÕES DO AÇO............................................................ 50

3.4.1- Ensaio Metalográfico............................................................................. 50

3.5 ENSAIOS DE CORROSÃO.................................................................... 51

3.5.1- Ensaio por Perda de Massa.................................................................. 51

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3.5.2- Medidas de Eficiência de Inibição a Corrosão.................................... 52

CAPÍTULO 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................... 57

4.1- ESTUDO DE CARACTERIZAÇÃO DO AÇO...................................... 63

4.2- ENSAIOS DE CORROSÃO.................................................................... 65

4.2.1- Ensaio por Perda de Massa.................................................................. 65

4.2.2- Medidas de Eficiência de Inibição a Corrosão.................................... 66

4.3- ISOTERMAS DE ADSORÇÃO............................................................. 71

CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES...................................................................................... 77

PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS................................... 78

REFERÊNCIAS...................................................................................... 80

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LISTA DE FIGURAS

CAPITULO 2

Figura 2.1- Modelo de uma estrutura de microgotícula direta........................................ 20

Figura 2.2- Modelo de uma estrutura de microgotícula inversa..................................... 21

Figura 2.3- Modelo de uma estrutura de microemulsão bicontínua.............................. 21

Figura 2.4- Representação da estrutura química do ácido Láurico................................ 22

Figura 2.5- Classificação das fases de Winsor............................................................... 23

Figura 2.6- Representação da formação de forças coesivas existentes entre as

moléculas líquidas........................................................................................

24

Figura 2.7- Representação esquemática do comportamento do tensoativo em função

da tensão superficial indicando a c.m.c........................................................

24

Figura 2.8 - Curvas de fluxo para alguns tipos de fluidos: (A) newtoniano; (B)

binghamiano ou plático ideal; (C) pseudoplástico; (D) dilatante; (E)

plástico ou pseudoplástico de escoamento...................................................

26

Figura 2.9 - Representação da formação de monocamada na superfície metálica.......... 37

Figura 2.10- Espécie vegetal Anacardium occidentale Linn............................................ 39

Figura 2.11- Espécie vegetal Phyllanthus amarus Schum. & Thonn............................... 40

Figura 2.12- Representação da extrapolação da curva de Tafel....................................... 45

CAPITULO 3

Figura 3.1- Equipamento Sensadyne Tensiometer......................................................... 49

Figura 3.2- Representação da determinação da fração volumétrica por meio de

pontos...........................................................................................................

51

Figura 3.3- Cupom confeccionado a partir do aço carbono AISI 1020......................... 52

Figura 3.4- A) Célula eletroquímica; B) Contra-eletrodo de platina; C) Eletrodo de

referência Ag/AgCl (prata/cloreto de prata); D) Eletrodo de trabalho aço

carbono AISI 1020 e E) Potenciostato/Galvanostato PGSTAT 302N

AUTOLAB................................................................................................... 54

CAPITULO 4

Figura 4.1- Representação do diagrama de fases pseudoternário para os sistemas

microemulsionados.....................................................................................

57

Figura 4.2- Estrutura molecular representativa de Tanino............................................. 59

Figura 4.3- Estruturas moleculares representativas dos constituintes químicos

isolados do extrato de Phyllanthus amarus.................................................

60

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Figura 4.4- Gráfico da tensão superficial dos agregados micelares obtidos: (a) SME-

OCS; (b) SME-OCS-AO e (c) SME-OCS-PA.............................................

61

Figura 4.5- Gráfico da tensão superficial dos agregados micelares obtidos: (a) SME-

OCS-1e (b) SME-OCS-1-AO......................................................................

62

Figura 4.6- Micrografia do aço AISI 1020 com aumento de (a) 200x;(b) 500x; (c)

1000x ataque de nital 2%.............................................................................

64

Figura 4.7- Curvas de Tafel obtidas para o sistema SME-OCS contendo os extratos

AO e PA: (a) SME-OCS; (b) SME-OCS-AO; (c) SME-OCS-PA e (d)

SME-OCS-1-AO..........................................................................................

67

Figura 4.8- Curvas de Tafel obtidas para os extratos vegetais solubilizados em meio

salino: (a) AO-NaCl e (b) PA-NaCl.............................................................

68

Figura 4.9 - Isoterma de adsorção de Langmuir para os sistemas microemulsionados:

(a) SME-OCS; (b) SME-OCS-AO; (c) SME-OCS-PA e (d) SME-OCS-1-

AO................................................................................................................

72

Figura 4.10- Isoterma de adsorção de Langmuir para os extratos solubilizados em

solução salina: (a) AO-NaCl e (b) PA-NaCl................................................

74

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LISTA DE TABELAS

CAPITULO 2

Tabela 2.1- Classificação dos aços carbono conforme a porcentagem de carbono e

dureza............................................................................................................

28

Tabela 2.2- Classificação dos aços carbono conforme a porcentagem de carbono........ 29

CAPITULO 3

Tabela 3.1- Composição química do aço carbono AISI 1020........................................ 47

Tabela 3.2- Concentração dos inibidores de corrosão avaliados por LPR.................... 53

CAPITULO 4

Tabela 4.1- Solubilidade dos extratos vegetais .............................................................. 58

Tabela 4.2- Valores das concentrações dos agregados micelares dos sistemas SME-

OCS e SME-OCS-1na ausência e presença dos extratos AO e PA.............

62

Tabela 4.3- Dados de viscosidade dos sistemas avaliados em função da variação da

temperatura...................................................................................................

63

Tabela 4.4- Eficiência de inibição de inibição a corrosão dos sistemas avaliados por

perda de massa.............................................................................................

66

Tabela 4.5- Eficiência de inibição de inibição a corrosão dos sistemas

microemulsionados avaliados por RPL........................................................

69

Tabela 4.6- Eficiência de inibição à corrosão dos extratos AO e PA em solução salina

avaliados por RPL........................................................................................

70

Tabela 4.7- Equação das isotermas de adsorção............................................................. 71

Tabela 4.8- Parâmetros físico-químicos das isotermas de Langmuir.............................. 75

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOGIA

A Área em cm2

AO Anacardium occidentale Linn

A/O Água em óleo

Ci Concentração do inibidor

C/T Cotensoativo/tensoativo

D Densidade em g/cm3

G Grau de interação lateral

K Constante de equilíbrio de adsorção

MEV Microscopia eletrônica de varredura

MET Microscopia eletrônica de transmissão

MO Microscopia ótica

O/A Óleo em água

OCS Óleo de coco saponificado

PA Phyllanthus amarus Schum. & Thonn

R Constante dos gases

SME Sistema microemulsionado

T Temperatura absoluta

TC Taxa de corrosão em mm/ano

W Perda de massa em g

∆G Variação de energia livre

Θ Fração de cobertura

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RESUMO

Na busca por produtos que combatam a corrosão e ao mesmo tempo não agridam o meio

ambiente, a utilização de extratos vegetais como inibidores de corrosão vêm se tornando uma

alternativa promissora. Neste trabalho a eficiência de inibição à corrosão foi avaliada em

diferentes concentrações de extratos polares (etanólicos) obtidos das plantas Anacardium

occidentale Linn (AO) e Phyllantus amarus Schum. & Thonn (PA). Para tanto, os extratos

AO e PA foram solubilizados no sistema microemulsionado (SME) contendo o tensoativo

óleo de coco saponificado (SME-OCS e SME-OCS-1) em solução salina (NaCl 3,5 %), que

também foi utilizada como eletrólito. Estes sistemas microemulsionados foram caracterizados

por métodos que avaliam a tensão superficial e viscosidade, tendo sido evidenciado que se

comportam como fluidos Newtonianos. As medidas de eficiência de inibição à corrosão foram

realizadas através da técnica eletroquímica de resistência à polarização linear (LPR) e perda

de massa, na superfície de aço carbono AISI 1020. A corrente aplicada ao eletrodo foi

controlada pelo equipamento Potenciostato/Galvanostato possibilitando a medição da

diferença de potencial elétrico entre o eletrodo de trabalho e o de referência. Os sistemas

SME-OCS e SME-OCS-1 solubilizaram os extratos etanólicos AO e PA, com quantificações

realizadas por espectroscopia na região do ultravioleta. As eficiências máximas de inibição à

corrosão foram determinadas através da extrapolação das curvas de Tafel, tendo apresentado

os seguintes valores: 95,6 % para o sistema SME-OCS-AO, 98,9 % para o sistema SME-

OCS-1-AO e 93,4 % para o sistema SME-OCS-PA.

Palavras chaves: aço carbono AISI 1020, inibidores de corrosão, extratos vegetais,

resistência à polarização linear.

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ABSTRACT

In the search for products that act as corrosion inhibitors and do not cause environmental,

impact the use of plant extracts as corrosion inhibitors is becoming a promising alternative. In

this work the efficiency of polar extracts (ethanol extracts) obtained from the plants

Anacardium occidentale Linn (AO) and Phyllantus amarus Schum. & Thonn (PA) as

corrosion inhibitors were evaluated in different concentrations. For that AO and PA extracts

were solubilized in the microemulsion systems (SME) containing saponified coconut oil as

surfactant (SME -OCS and SME-OCS-1) in saline (NaCl 3,5 %) solution, which was also

used as electrolyte. Both SME-OCS and SME-OCS-1 were characterized by surface tension

and viscosity methods showing a Newtonian fluid behavior. The SME-OCS and SME-OCS-1

systems satisfactorily solubilized the polar extracts AO and PA with measurements carried

out by ultraviolet spectroscopy. The measurements of corrosion inhibition efficiencies were

performed by the electrochemical linear polarization resistance (LPR) technique as well as

weight loss, on the surface of AISI 1020 carbon steel. The maximum corrosion inhibition

efficiencies were determined by extrapolation of Tafel plots, showing the following values:

95,6 % for the system SME-OCS-AO, 98,9 % for the system SME-OCS-AO-1 and 93,4 % for

the system SME-OCS-PA.

Keywords: vegetable extracts, corrosion inhibitors, AISI 1020 carbon steel, linear

polarization resistence.

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Capítulo I

INTRODUÇÃO

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Introdução - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 17

1. INTRODUÇÃO

O crescimento de pesquisas para o avanço tecnológico impulsionou o

desenvolvimento de um grande número de materiais metálicos para aplicações industriais.

Com o passar do tempo o contato direto entre esses materiais e o ambiente onde estão sendo

utilizados provoca corrosão e compromete a utilidade do material. Em geral, os aços

resistentes à corrosão apresentam em sua composição um teor mínimo de 11% de cromo;

elementos de liga também elevam a resistência à corrosão, como por exemplo cobre e

alumínio, dentre outros. No entanto o uso do aço carbono em diferentes ambientes deve estar

atrelado a algum tipo de proteção contra a corrosão. No caso dos metais, pode-se estimar que

um terço da matéria prima seja destinada a reposição ou reparação dos sistemas danificados

pela corrosão (CHIAVERINI, 1988).

A corrosão de materiais e equipamentos tem causado consideráveis gastos em diversas

áreas da indústria. Para minimizar o processo da corrosão metálica, vários métodos têm sido

estudados e aplicados. Dentre as muitas técnicas de prevenção e controle à corrosão destaca-

se o emprego de inibidores de corrosão, utilizados em uma vasta gama de processos. Verifica-

se o uso de inibidores em vários setores da indústria petrolífera, sistemas de refrigeração,

tubos de condensadores, salmoura de refrigeração, sistemas de geração de vapor, tubulações

de água potável, proteção de cobre, proteção de alumínio e proteção temporária de peças ou

equipamentos de aço carbono (TELLES, 2003). Devido a grande quantidade de sais presentes

na água do mar podemos considera-lá uma fonte de eletrólitos por excelência; no entanto,

outros constituintes como gases dissolvidos (por exemplo, O2 e CO2) podem acelerar os

processos corrosivos como.

O fato de muitos inibidores de corrosão, embora eficientes, serem bastante tóxicos,

levou os órgãos ambientais a solicitar algumas proibições de uso. Portanto, existe um

crescente interesse em pesquisas científicas que contemplem inibidores biosustentáveis. Neste

contexto, vem crescendo a procura por compostos orgânicos que sejam utilizados como

inibidores de corrosão (FELIPE et al., 2012; SELVI et al., 2009; TORRES et al., 2011).

Grande parte desses compostos apresentam baixa solubilidade. Neste contexto, a

microemulsão surge como meio alternativo para a solubilização de moléculas orgânicas.

Diversas áreas de pesquisas vêm realizando estudos utilizando sistemas microemulsionados

devido a sua importância tecnológica; dentre elas, destacam-se as áreas petrolíferas, onde a

microemulsão é utilizada na recuperação de petróleo (DANTAS et al., 2001), e a área

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Introdução - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 18

farmacêutica que utiliza microemulsão para veiculação de fármacos (FORMARIZ et al.,

2005).

Atualmente a economia mundial volta sua atenção para o aprimoramento de

tecnologias sustentáveis objetivando a redução do consumo de energia e de matérias primas

de fontes esgotáveis. Desta forma, o controle da corrosão assume importância fundamental

em pesquisas que comtemplam o uso de matéria prima vegetal.

Neste trabalho foram avaliados os extratos vegetais de Anacardium occidentale Linn e

Phyllanthus amarus Schum. & Thonn como inibidores de corrosão em diferentes

concentrações para o aço carbono AISI 1020, solubilizados em sistemas microemulsionados

(SME) contendo óleo de coco saponificado (OCS) como tensoativo, em solução salina (NaCl)

3,5 %. O meio salino foi utilizado como eletrólito, e a técnica eletroquímica de resistência à

polarização linear bem como o estudo do fenômeno de adsorção foram empregados para

avaliar as eficiências de inibição à corrosão dos extratos AO e PA solubilizados em SME-

OCS.

Esta dissertação está organizada em cinco partes: introdução com abordagem geral

sobre esta pesquisa; revisão da literatura, com aspectos gerais sobre microemulsão, materiais

corrosivos, corrosão, meios corrosivos, métodos de combate à corrosão, inibidores de

corrosão, processos de adsorção; e descrição da metodologia empregada, com apresentação

dos materiais e equipamentos utilizados para realização deste trabalho. Na parte final são

apresentados os resultados obtidos, conclusões observadas, perspectivas para trabalhos futuros

e as referências que auxiliaram esta pesquisa.

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Capítulo II

REVISÃO DA LITERATURA

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Revisão da Literatura - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 20

2. REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo são abordados os aspectos teóricos referentes a microemulsão, aço

carbono, corrosão, processo de adsorção, espécies vegetais e técnicas eletroquímicas.

2.1. MICROEMULSÃO

A partir da dispersão de dois líquidos imiscíveis estabilizados pela molécula de um

tensoativo, e quando necessário um cotensoativo podem ser formadas as microemulsões que

são sistemas termodinamicamente estáveis, transparentes ou translúcidos. O termo

microemulsão surgiu na literatura nos anos de 1940 e foi introduzido por HOAR e

SCHULMAN para caracterizar um sistema translúcido.

Embora seja utilizado o termo microemulsão, a literatura geralmente apresenta os

sistemas microemulsionados como sendo agregados esféricos com diâmetro de gotícula igual

ou inferior às nanoemulsões (OLIVEIRA et al., 2004; BRUXEL et al., 2012). Em função da

sua composição, as microemulsões são capazes de formar uma grande diversidade estrutural

de agregados internos, que podem ser do tipo óleo em água (O/A), em que as microgotículas

são ditas diretas (Figura 2.1), ou água em óleo (A/O), com microgotículas inversas (Figura

2.2), ou ainda uma estrutura que não apresenta forma esférica, conhecida como bicontínua

(Figura 2.3) (DAMASCENO et al., 2011).

Figura 2.1 – Modelo de uma estrutura de microgotícula direta

Fonte: Moura, 2009, p. 40.

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Figura 2.2 – Modelo de uma estrutura de microgotícula inversa

Fonte: Moura, 2009, p. 40.

Figura 2.3 – Modelo de uma estrutura de microemulsão bicontínua

Fonte: Gomes, 2010, p. 34.

Um dos constituintes presentes na composição das microemulsões é o tensoativo, que

é uma substância anfifílica que apresenta em sua estrutura molecular regiões com polaridades

diferentes: uma parte polar, que é a região hidrofílica, e a outra parte apolar, região

hidrofóbica. Sua principal função é diminuir a tensão superficial entre dois líquidos imiscíveis

(água e óleo) (ROBERTO, 2010). Por apresentar essa característica (regiões de polaridades

distintas), substâncias tensoativas em presença de água e óleo adsorvem-se nas interfaces.

Essa propriedade é a base de uma gama de aplicações importantes, como por exemplo

produtos da indústria farmacêutica (xampus e condicionadores). A classificação dos

tensoativos pode ser relacionada com a carga da parte hidrofílica, podendo ser: aniônico,

catiônico, não-iônico e zwitter-iônico (PENTEADO, 2006). Na Figura 2.4 esta representada a

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estrutura química do ácido Láurico que é um dos constituintes do tensoativo óleo de coco

saponificado (OCS).

Figura 2.4 – Representação da estrutura química do ácido Láurico

Parte apolar (hidrofóbica) Parte polar (hidrofílica)

São várias as aplicações das microemulsões em diversas áreas das indústrias

farmacêutica, petroquímica, de alimentos, entre outras, que estão relacionadas às propriedades

das microemulsões, tais como baixa tensão superficial e capacidade de solubilidade de

compostos orgânicos (FORMARIZ et al., 2005; GRACA et al., 2009). Alguns aspectos

podem diferenciar as microemulsões das emulsões tais como: a aparência da microemulsão é

transparente e translucida enquanto que a emulsão é turva e leitosa; as microemulsões

possuem estabilidade termodinâmica, e as emulsões não (DAMASCENO et al., 2011).

Os sistemas microemulsionados formados por três ou mais constituintes podem ser

representados em diagramas de fases onde, de acordo com as proporções de cada um, pode-se

delimitar a região de microemulsão. Esses diagramas se classificam em ternários, quaternários

e pseudoternários (ROSSI, 2007). Microemulsões podem existir em equilíbrio com outras

fases aquosas e orgânicas, formando sistemas multifásicos. Winsor propôs em 1948 uma

classificação para os sistemas microemulsionados em função da natureza das fases envolvidas

(FORMARIZ et al., 2005). Essa classificação estabelece quatro tipos de sistemas:

� Winsor I (WI): quando a fase microemulsionada está em equilíbrio com uma fase

orgânica em excesso (microemulsão do tipo A/O);

� Winsor II (WII): quando a fase microemulsionada está em equilíbrio com uma fase

aquosa em excesso (microemulsão do tipo O/A);

� Winsor III (WIII): é caracterizado por ser um sistema trifásico, em que uma

microemulsão tipicamente bicontínua está em equilíbrio com uma fase aquosa e

outra orgânica ao mesmo tempo;

� Winsor IV (WIV): é um sistema monofásico, constituído uma microemulsão típica.

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A Figura 2.5 ilustra os equilíbrios de fases estabelecidas em cada sistema Winsor.

Figura 2.5 - Classificação das fases de Winsor

Fonte: Rossi, 2007, p. 48.

Esses sistemas microemulsionados têm despertado grandes interesses e inúmeros

estudos têm sido realizados, não só pela necessidade de esclarecer as propriedades físico-

químicas destes sistemas, mas principalmente pelo grande número de aplicações possíveis em

diversas áreas (SEGRANFREDO, 1994). A partir de estudos das propriedades físicas dos

sistemas microemulsionados é possível identificar sua formação e estabelecer quais medidas

podem ser tomadas para modificar o seu comportamento. Dentre as propriedades utilizadas

para identificar e caracterizar as microemulsões destacam-se técnicas de difusão de luz,

birrefringência, viscosidade, condutividade elétrica e sedimentação (ROSSI, 2007).

2.2. MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÕES DAS MICROEMULSÕES

2.2.1 Tensão Superficial

Os líquidos têm a tendência de adotar formas que tornam mínima sua área superficial,

de modo que o número máximo de moléculas fica no interior da fase líquida, envolvidas pelas

moléculas vizinhas e com elas interagindo. As moléculas na superfície de um líquido estão

sujeitas a fortes forças de atração das moléculas interiores, como mostra a Figura 2.6. A

tensão superficial é resultado da ação de forças intermoleculares e consiste na medida de

resistência do filme que parece cobrir a superfície de um líquido, podendo ser expressa em

unidades de mN/m no sistema internacional de medidas (ATKINS, 2005).

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Figura 2.6 – Representação da formação de forças coesivas existentes entre as moléculas

de substâncias líquidas.

O estudo da tensão superficial é de fundamental importância em diversas áreas da

indústria, como, por exemplo, as indústrias têxteis, que utilizam substâncias que reduzem a

tensão superficial das soluções dos corantes no processo de tingimento, auxiliando a interação

destes com o tecido a ser tingido (BEHRING et al.,2004). O tensoativo, por apresentar em sua

estrutura regiões de polaridades diferentes, é uma substância que diminui a tensão superficial

de líquidos. Contudo, a partir da concentração micelar critica (c.m.c) onde se formam

espontaneamente agregados moleculares chamados de micelas (Figura 2.7), a tensão

superficial é praticamente constante, ou seja, a adição de novas moléculas de tensoativo não

altera o valor da tensão superficial. A c.m.c pode ser influenciada pela estrutura do

tensoativo, tais como tamanho da cadeia do hidrocarboneto e das condições experimentais

(força iônica, temperatura, etc.) (BEHRING et al.,2004).

Figura 2.7 – Representação esquemática do comportamento do tensoativo em função da

tensão superficial indicando a c.m.c

Fonte: Farias et al., 2006, p. 308.

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Dentre os métodos empregados para determinar a tensão superficial estão os métodos

estáticos, dinâmicos e de desprendimento ou separação (SOUZA, 2010).

Os métodos clássicos realizam uma única medida de equilíbrio (estático) da tensão

superficial; já o método da pressão máxima da bolha pode medir o equilíbrio e a tensão

superficial dinâmica, pelo fato de poder controlar a velocidade de formação da bolha. O

método da pressão máxima da bolha consiste na imersão de dois capilares com orifícios de

diâmetros diferentes em um liquido, no qual é bombeado um gás inerte à pressão constante

onde se mede a frequência de borbulhamento do gás. O bombeio do gás gera um diferencial

de pressão que está diretamente relacionado com a tensão superficial do fluido que ocorre

quando o raio da bolha é igual ao raio do capilar (MOURA, 2009).

2.2.2 Reologia

Dentre várias técnicas utilizadas para caracterizar os sistemas microemulsionados a

reologia é frequentemente citada, pois pode diferenciar sistemas comuns de géis, além de

fornecer informações sobre a dinâmica e o tamanho das microemulsões (FERREIRA, 2006;

FORMARIZ et al, 2005; ROSSI, 2007).

Define-se então reologia como sendo o estudo do comportamento da matéria, que se

deforma ou escoa quando submetida a esforços originados por forças externas num intervalo

de tempo sob condições termodinâmicas conhecidas. A viscosidade é uma das propriedades

medidas na deformação de um fluido, que pode fornecer importantes informações sobre

variações estruturais que ocorrem durante a deformação (MACHADO, 2002; DAMASCENO

et al., 2011).

As deformações que ocorrem nos fluidos envolvem alguns tipos de escoamentos entre

as moléculas. O tipo mais comum de deformação é por cisalhamento, que provoca um

escoamento caracterizado pelo movimento relativo das moléculas do fluido devido à ação de

uma força externa (MACHADO, 2002). Para a viscosidade, a lei de Newton estabelece uma

relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento, que é definida através de uma

relação linear. O fluido newtoniano é influenciado pela temperatura e pressão. As

microemulsões geralmente apresentam comportamento de fluidos newtonianos, sendo sua

viscosidade comparada à da água (DAMASCENO et al., 2011).

Pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o intuito de obter avanço na teoria molecular

do fenômeno reológico e nas suas aplicações, envolvendo o fluxo de fluidos não-Newtonianos

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e a deformação de materiais viscoelásticos. O conhecimento das propriedades reológicas

auxilia na análise do comportamento dos diversos tipos de fluidos, como mostra a Figura 2.8

(MACHADO, 2002).

Figura 2.8 – Curvas de fluxo para alguns tipos de fluidos: (A) newtoniano; (B) binghamiano

ou plástico ideal; (C) pseudoplástico; (D) dilatante; (E) plástico ou pseudoplástico de

escoamento

Fonte: Machado, 2002, p. 21.

2.3. APLICAÇÃO DAS MICROEMULSÕES COMO INIBIDORES DE

CORROSÃO

Rossi et al. (2007) realizaram o estudo comparativo da eficiência de inibição à

corrosão no aço carbono da substância nitrogenada difenilcarbazida (DC) e do tensoativo

óleo de coco saponificado (OCS) microemulsionados. O ensaio foi realizado utilizando o

método eletroquímico de resistência à polarização em solução salina (NaCl 0,5 %). Para

realização dos ensaios de corrosão, foi escolhido o ponto de microemulsão a partir do

diagrama de fases com as seguintes composições: 15 % do tensoativo OCS, 15 % do

cotensoativo butanol; 60 % de fase aquosa FA; 10 % fase óleo FO querosene. Os resultados

mostraram que o sistema microemulsionado apresentou elevado poder de solubilidade da

substância testada (DC). Os inibidores testados se mostraram bastantes eficientes mesmo em

baixas concentrações (OCS puro, 63 %; OCS microemulsionado, 77 %; e a DC

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microemulsionada, 92 %). O sistema microemulsionado ampliou o poder de inibição do OCS,

que pode ser justificado pela adsorção do tensoativo (OCS) na interface líquido-sólido

formando uma camada protetora mais homogênea sobre o metal e possibilitando maior

contato interfacial. O fenômeno de adsorção foi mais bem explicado pela isoterma de

Frumkin.

Cunha (2008) estudou a eficiência de inibição à corrosão em aço carbono AISI 1018

do tensoativo óleo de coco saponificado microemulsionado e do composto heterocíclico

mesoiônico solubilizado no sistema microemulsionado em solução salina (NaCl), enriquecida

com dióxido de carbono (CO2). As técnicas utilizadas para obtenção das eficiências de

inibição à corrosão foram de resistência à polarização linear (LPR) e perda de massa. Os

dados obtidos mostraram que o sistema microemulsionado apresentou eficiências de inibição

à corrosão significativas de 85,68 % para técnica de resistência à polarização linear e 91,95 %

para perda de massa. Com a adição do composto mesoinônico houve um aumento da

eficiência de inibição de 92,60% para técnica de resistência à polarização linear e 92,62 %

para perda de massa. Esse acréscimo foi atribuido à presença de grupos amina que promovem

uma maior adsorção na superfície do metal.

Souza (2010) avaliou a eficácia do composto heterociclo isatina (IST) solubilizado em

dois sistemas microemulsionados (SME) para aplicação como inibição à corrosão em aço. O

meio escolhido foi o salino (NaCl 0,5 %) utilizando a técnica de voltametria de varredura

linear. Medidas de tensão superficial foram realizadas para estudar a adsorção dos dois

sistemas na interface líquido-gás. As curvas de Tafel forneceram os valores das correntes que

foram empregados nos cálculos das eficiências de inibição à corrosão. As eficiências máximas

de inibição 73,2 % (SME-OCS2), 88,2 % (SME-OCS2-IST) e 97,6 % (SME-OCS1-IST)

foram observadas para os sistemas microemulsionados avaliados, que foram justificadas pelas

características estruturais desta substância, já que houve otimização da adsorção na interface

metal-solução. Para todos os sistemas microemulsionados avaliados, os valores da energia

livre de adsorção indicaram a espontaneidade do processo de adsorção.

2.4. AÇO CARBONO

Os principais materiais utilizados para tecnologia avançada são os aços e ferros

fundidos, que são essencialmente ligas ferro-carbono. Segundo Telles (2003) o aço carbono é

uma liga de ferro e carbono, contendo entre 0,005 e 2 % de carbono e quantidades limitadas

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dos quatro elementos residuais (manganês, silício, fósforo, e enxofre), os quais permanecem

na composição durante o processo de fabricação do aço carbono.

Dentre os materiais empregados para a fabricação de máquinas e equipamentos, o aço

carbono é o de maior uso, por ser um material com boa usinagem, soldabilidade, de fácil

obtenção e que pode ser encontrado em todas as formas de apresentação. É considerado o

material metálico de menor preço em relação à sua resistência mecânica. A produção desse

material chega a 90 % da soma da produção de todos os outros materiais metálicos (TELLES,

2003).

Nos últimos anos tem-se notado um avanço no controle microestrutural realizado nos

aços durante seu processamento, o que possibilitou a obtenção desse material com baixos

teores de carbono, mas com boa resistência mecânica (CARDOSO, 2005). A classificação

dos aços conforme sua porcentagem de carbono e dureza se dá em aço extra doce, aço doce,

aço meio duro, aço duro e aço extra duro (Tabela 2.1). Considerando somente o teor de

carbono, os aços podem ser classificados em aço de baixo carbono, aço de médio carbono e

aço de alto carbono (tabela 2.2).

Fonte: Cardoso, 2005, p. 8.

Tabela 2.1 - Classificação dos aços carbono conforme a porcentagem de carbono e

dureza

Classificação

Porcentagem de Carbono Características

Aço extra doce

Menos de 0,15 % Aços estruturais

Aço doce

Entre 0,15 e 0,30 % Aços estruturais

Aço meio duro Entre 0,30 e 0,50 % Aços estruturais e alta

solicitação mecânica

Aço duro Entre 0,50 e 1,40 % Aço para ferramentas de

corte e outras aplicações

Aço extra duro Entre 1,40 e 2,00 % Aço para ferramentas de

corte e outras aplicações

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Tabela 2.2 - Classificação dos aços carbono conforme o percentual de carbono

Classificação

Porcentagem de Carbono Características

Aço de baixo carbono

Entre 0,10 e 0,30 % Baixa resistência e dureza,

alta tenacidade e

ductilidade

Aço de médio carbono

Entre 0,30 e 0,85 % Média resistência e dureza,

baixa tenacidade e

ductilidade

Aço de alto carbono

Entre 0,85 e 1,50 % Grande resistência e

dureza, pouca ductilidade

Fonte: Cardoso, 2005, p. 9.

2.5 CORROSÃO

Os problemas de corrosão são frequentes e preocupam diversas áreas econômicas,

principalmente o setor industrial. Devido ao aumento dos gastos com os danos causados pela

corrosão, houve um crescimento de pesquisas científicas visando minimizar a deterioração

dos materias metálicos.

O processo corrosivo corresponde a um conjunto de reações químicas heterogêneas ou

reações eletroquímicas, que se passam normalmente na interface entre a superfície metálica e

o meio corrosivo (WOLYNEC, 2003). Em alguns casos, pode-se dizer que a corrosão

corresponde ao inverso do processo metalúrgico, no qual o principal objetivo é a extração do

metal a partir do minério.

Todos os metais encontrados na natureza, com exceção do ouro e de alguns metais

nobres, podem ocorrer no estado combinado, ou seja, na forma de minerais. A Equação 2.1,

está baseada em considerações energéticas, uma representação do processo de corrosão, no

qual, por espontaneidade desse processo ocorre a transformação do metal em seu composto de

partida (GENTIL, 2011).

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Gineide Conceição dos Anjos 30

ÓXIDO METÁLICO + ENERGIA → ←

metalurgia

corrosão METAL (2.1)

Para o estudo da corrosão é preciso considerar as variáveis dependentes do material

metálico, o meio e as condições às quais o material é submetido. Um dos fenômenos que afeta

a corrosão metálica é a oxidação, que é um processo eletroquímico no qual ocorre a oxidação

do metal. A Equação 2.2 apresenta a reação química que ocorre na dissolução de um metal

gerando o óxido metálico, no qual as moléculas de água agregam-se ao íon metálico pela ação

das forças do campo eletrostático (WOLYNEC, 2003).

( ) −++→+ zez

nn O2HMeO2H Me (2.2)

2.5.1. Formas de Corrosão

A corrosão pode ocorrer sob diferentes formas, e o conhecimento das mesmas é muito

importante no estudo dos processos corrosivos. Por isso elas podem ser apresentadas

considerando-se a aparência ou forma de ataque, causas e mecanismos (GENTIL, 2011).

Assim, pode-se ter corrosão segundo:

� A morfologia - uniforme, por placas, alveolar, puntiforme ou pite, intergranular (ou

intercristalina), intragranular (ou transgranular ou transcristalina), filiforme, por

esfoliação, grafítica, dezincificação, em torno de cordão de solda e empolamento pelo

hidrogênio;

� As causas ou mecanismos - por aeração diferencial, eletrolítica ou por correntes de

fuga, galvânica, associada a solicitações mecânicas (corrosão sob tensão fraturante),

em torno do cordão de solda, seletiva (grafítica e dezincificação), empolamento ou

fragilização pelo hidrogênio;

� Os fatores mecânicos – sob tensão, sob fadiga, por atrito, associada à erosão;

� O meio corrosivo – atmosférico, pelo solo, induzida por microrganismos, pela água do

mar, por sais fundidos, etc.;

� A localização do ataque – por pite, uniforme, intergranular, transgranular etc.

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2.5.2. Meios Corrosivos

Entre os meios corrosivos, os mais frequentemente encontrados são: atmosfera, águas

naturais, solo e produtos químicos e em menor escala, alimentos, substâncias fundidas e

solventes orgânicos (GENTIL, 2011).

2.5.2.1. Atmosfera

Os grandes números de publicações científicas apontam o meio atmosférico como

sendo o mais citado, pelo fato de ser o meio mais comum onde ocorre corrosão à temperatura

ambiente, desencadeado pela umidade da atmosfera. No caso do material metálico, esta

umidade se condensa em forma de película líquida. Em ambientes secos ou de umidade

relativamente baixa não se observa corrosão atmosférica (GENTIL, 2011).

Em atmosferas poluídas, os materiais sofrem maior corrosão do que em atmosferas

não poluídas. Os principais poluentes da atmosfera são: poeira, principalmente a das áreas

urbanas e industriais; sal das atmosferas marinhas; dióxido de enxofre (SO2) das atmosferas

industriais; produtos industriais variados como gases, líquidos ou sólidos, dispersos no ar

atmosférico. A natureza do produto de corrosão atmosférica depende das substâncias

poluentes presentes no ar. O dióxido de enxofre (SO2) se origina principalmente das

queimadas de óleos combustíveis e em menor escala da queima de gasolina. Os gases gerados

na combustão são lançados na atmosfera e o SO2 pode ser parcialmente oxidado e formar

trióxido de enxofre (SO3) como mostra a Equação 2.3 (PHULL e KRIK, 1991; GENTIL,

2011).

SO2 + ½ O2 → SO3 (2.3)

2.5.2.2. Solo

Conhecer o comportamento do solo como meio corrosivo é de grande importância,

devido à existência de tubulações enterradas, como oleodutos, gasodutos, adutoras,

minerodutos, cabos telefônicos e tanques de armazenamento de combustíveis, já que a

ocorrência de processos corrosivos nessas tubulações pode ocasionar a contaminação dos

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solos ou de lençóis freáticos, com possibilidade de incêndios e até mesmo de explosões

(GENTIL, 2011).

A variação na composição ou na estrutura do material metálico é pouco significativa na

velocidade de corrosão no solo, pois os fatores mais influentes estão relacionados diretamente

com a natureza do solo. Dentre esses fatores destacam-se: porosidade (aeração),

condutividade elétrica, sais dissolvidos, umidade, corrente elétrica de fuga, pH e bactérias (LI

et al., 2004; OGUZIE et al., 2004).

As reações presentes nas tubulações de aço carbono estão representadas nas Equações 2.4

a 2.8 (GENTIL, 2011).

� Área anódica:

Fe → Fe2+ + 2 e (2.4)

� Área catódica meio não aerado:

2 H2O + 2 e → H2 + 2 OH- (2.5)

� Área catódica meio aerado:

H2O + ½ O2 + 2 e → 2 OH- (2.6)

� O produto de corrosão poderá ser:

Fe2+ + 2 OH- → Fe(OH)2 (2.7)

3 Fe(OH)2 → Fe3O4 + 2 H2O + H2 (2.8)

2.5.2.3. Água Salgada

A água salgada consiste numa solução relativamente uniforme formada principalmente

por cloretos de sódio e magnésio dissolvidos em água, embora estejam presentes pequenas

quantidades de outros minerais, podendo ser considerada equivalente a uma solução 0,5 M de

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cloreto de sódio. Nesta concentração o grau de corrosão da solução de cloreto de sódio sobre

o aço é superior do que concentrações mais altas e mais baixas a 0,5 M (MARIANO, 2008).

A reação de oxidação dos materiais metálicos causada pela exposição marinha é uma

das mais severas e está representada na Equação 2.9.

O2 + 2 H2O + 4 e- → 4 (OH)- (2.9)

As medidas preventivas mais econômicas e eficientes para atenuar a corrosão em água

salgada incluem aplicação de revestimentos orgânicos, em conjunto com proteção catódica

(CHIAVERINI, 1988).

2.5.2.4. Água Doce

A água doce inclui águas poluídas ou limpas, de rios, lagos, represas e poços. Nesse

meio, os fatores mais importantes no sentido de acelerar a velocidade de corrosão são

representados por gases dissolvidos na água. O oxigênio age não somente por si só, como

igualmente acelera a ação do dióxido de carbono, sulfeto de hidrogênio e de outros gases

dissolvidos na água (CHIAVERINI, 1988). Ainda pode-se citar o pH da água como sendo de

extrema importância no caráter corrosivo, além da temperatura, velocidade e ação mecânica.

2.5.3 Mecanismos de Corrosão

A partir do meio corrosivo e do material, podem-se considerar dois mecanismos

básicos para os processos corrosivos: químico e eletroquímico.

O mecanismo eletroquímico envolve reações com transferências de cargas ou elétrons

através de uma interface metal-eletrólito. Esse mecanismo ocorre em materiais metálicos com

uma superfície em contato com o meio aquoso, atmosférico, com o solo ou com eletrólitos

solubilizados. A corrosão eletroquímica é também conhecida como corrosão em meio

aquoso, mediante a necessidade de umidade para a formação de eletrólitos (RAMANATHAN,

1986).

No mecanismo químico, as reações de corrosão que ocorrem não necessitam de água

para acontecer, é conhecida como corrosão seca ou corrosão em meio não-aquoso. O produto

de corrosão é formado na superfície do metal exposta ao meio (RAMANATHAN, 1986). Os

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Gineide Conceição dos Anjos 34

meios envolvidos são solventes orgânicos isentos de água, gases ou vapores em temperaturas

elevadas, na ausência de umidade (GENTIL, 2011).

2.5.4. Corrosão no Aço Carbono

A corrosão para água doce é pequena, contanto que não haja minerais ou gases

dissolvidos, e o pH seja superior a 8. Entretanto, o aço exposto ao meio ambiente tende a se

oxidar pela presença de O2 e H2O até a sua total deterioração. Por ser o ferro um metal

próximo da extremidade anódica da série galvânica, provavelmente não haverá algum caso

em que o aço carbono não seja corroído (TELLES, 2003). A boa resistência à corrosão desse

material é observada quando:

� O meio é fortemente alcalino sem tensão;

� O meio é neutro e desaerado;

� Em meios de total ausência de água ou umidade.

A intensidade da corrosão depende do ambiente no qual o aço é submetido. A

ferrugem formada na superfície metálica geralmente não passiva o aço porque a camada de

óxidos é altamente porosa. Com umidade inferior a 60 % e atmosfera não poluída, o progresso

da ferrugem é muito lento para a temperatura ambiente. A adição de pequenas quantidades de

elementos de liga, tais como cromo, cobre, nióbio ou níquel, melhoram sensivelmente a

resistência do aço à corrosão atmosférica, criando aços que dispensam pintura, denominados

aços patináveis. Esses aços desenvolvem uma camada de óxido muito aderente e protetora

que serve como revestimento protetor (TELLES, 2003).

2.5.5. Métodos de Combate à Corrosão

A qualidade do material metálico é muito importante para o controle do processo

corrosivo. No entanto, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para diminuir os danos causados

pela corrosão. Existem vários métodos eficazes no controle de processos corrosivos, dentre

eles, destacam-se: revestimentos inorgânicos, revestimentos orgânicos, revestimentos

metálicos e inibidores de corrosão (GENTIL, 2011).

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Gineide Conceição dos Anjos 35

2.5.5.1. Revestimentos Metálicos

Além de serem empregados como revestimentos anticorrosivos através da

eletrodeposição ou imersão a quente, os revestimentos metálicos podem ser aplicados com

diferentes finalidades, como exemplos: decorativo, resistência ao atrito e endurecimento

superficial. (GENTIL, 2011). Alguns fatores podem explicar a ação protetora dos metais

empregados nos revestimentos metálicos:

� Formação de películas protetoras de óxidos e hidróxidos, pela reação como os

oxidantes do meio corrosivo como exemplo: alumínio, cromo e níquel;

� Os metais usados nos revestimentos apresentam valores elevados de sobretensão ou

sobrevoltagem, apresentando melhor resistência ao ataque ácido em meios não-

aerados como exemplo: estanho, chumbo e zinco.

2.5.5.2. Revestimentos Inorgânicos

São constituídos de compostos inorgânicos que exercem uma barreira, formada de

óxidos e sais inorgânicos, que impedem o contato do meio corrosivo com a superfície

metálica. Dentre eles os mais usados são: esmaltes vitrosos, vidros, porcelanas, cimentos,

óxidos, nitretos e silicietos. Os revestimentos formados na superfície do material metálico são

obtidos através de reações químicas entre a superfície do material e o meio adequado, de

modo que os produtos formados protegem o metal contra a ação corrosiva (GENTIL, 2011).

2.5.5.3. Revestimentos Orgânicos

Novos métodos de proteção corrosiva menos agressivos ao meio ambiente e à saúde

dos trabalhadores estão sendo desenvolvidos. Algumas substâncias têm a capacidade de

formar um filme protetor nas áreas anódicas e catódicas interferindo na reação eletroquímica.

Por apresentarem grupos fortemente polares os revestimentos orgânicos agem como

inibidores de corrosão através de sua adsorção na superfície metálica, promovendo proteção

anticorrosiva. Os inibidores orgânicos fazem parte de uma ampla classe de substâncias que

inibem a corrosão (GENTIL, 2011).

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Gineide Conceição dos Anjos 36

2.6. PROCESSOS DE ADSORÇÃO

O processo de adsorção é um fenômeno interfacial onde moléculas de uma fase fluida

(gás, vapor ou líquido) interagem com uma superfície geralmente sólida. Fazem parte desse

fenômeno as interações de forças de London ou van der Walls e interações eletrostáticas

(PAVEI, 2003; ALVES, 2005). Há dois tipos de forças atrativas: adsorção física e química.

A adsorção física, também conhecida como fisissorção, ocorre quando as forças

intermoleculares de atração das moléculas da fase líquida e da superfície sólida são maiores

que as forças atrativas entre as moléculas do próprio fluido (CLAUDINO, 2003). As

interações envolvidas na adsorção física incluem forças de van der Waals, forças dipolo-

dipolo e forças de polarização envolvendo dipolos induzidos (ATKINS, 2008; NUNES,

2009). Por apresentar uma pequena variação de entalpia que é insuficiente para romper as

ligações químicas, uma molécula fisicamente adsorvida retém sua identidade.

Na adsorção química, ou quimissorção, as forças das interações entre as moléculas e

uma superfície são grandes o bastante para serem consideradas uma ligação química

(covalente). Apresentam alto valor de energia (entalpia), maior que a energia da adsorção

física (MODESTO, 2008).

Alguns fatores podem influenciar a adsorção de inibidores de corrosão, tais como:

estrutura química do inibidor, a carga da superfície do metal e o meio agressivo, entre outros

(MODESTO, 2008).

2.6.1. Isotermas de Adsorção

A adsorção pode ser avaliada qualitativamente, por isso o uso de isotermas de

adsorção tornou-se uma ferramenta experimental importante para conhecer o tipo de interação

que ocorre entre o adsorbato e o adsorvente. Dentre as isotermas mais utilizadas podemos

destacar Langmuir e Frumkin, que são representadas em forma de equações que fornecem

uma relação entre a concentração na superfície do substrato e a pressão parcial (ou

concentração da fase fluida), sob temperaturas específicas (SCHNEIDER, 2008).

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Gineide Conceição dos Anjos 37

2.6.2. Isoterma de Langmuir

Os resultados experimentais obtidos das isotermas de adsorção fornecem informações

importantes sobre o comportamento do adsorvente. O modelo mais simples de isoterma

adsorção é o modelo proposto por Langmuir. Suas principais hipóteses são (SCHNEIDER,

2008):

� Todas as moléculas adsorvem sobre sítios definidos do adsorvente;

� Cada sítio pode ser ocupado por apenas uma molécula (Figura 2.9);

� A energia de adsorção de cada sítio é igual;

� Quando moléculas ocupam sítios vizinhos às outras moléculas adsorvidas,

não há interações entre elas.

Figura 2.9- Representação da formação de monocamada na superfície metálica

A equação de Langmuir está representada na Equação 2.10 (TORRES, 2011).

iads

i CKθ

C+=

1 (2.10)

Onde (θ) indica a fração de cobertura em função de (Kads), que é a constante de equilíbrio de

adsorção, e (Ci) corresponde à concentração do inibidor.

2.6.3. Isoterma de Frumkin

Frumkin acrescentou um termo de correção na isoterma de Lagmuir, para levar em

conta a existência de interações laterais partícula-partícula, sendo comumente utilizada para

descrever a adsorção de moléculas orgânicas. Assim uma característica importante da

Metal

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isoterma de Frumkin é levar em conta tanto o fato de que as partículas não são pontuais e as

mesmas interagem entre si (ROCHA FILHO et al., 1980). A isoterma de Frumkin está

representada na Equação 2.11.

θθθ

gLogKC

Log +=−

))1/(

( (2.11)

Em que, (θ) indica fração de cobertura, (C) corresponde à concentração do inibidor,

(K) é a constante de equilíbrio de adsorção e (g) o grau de interação lateral entre as moléculas

adsorvidas.

2.7. VARIAÇÃO DA FUNÇÃO DE GIBBS

Do ponto de vista termodinâmico, para que ocorra uma reação química espontânea, é

importante que a variação de energia livre seja negativa, ou seja, é preciso que as espécies que

estão reagindo tenham energia suficiente para superar barreiras energéticas (BALL, 2005;

WOLYNEC, 2003).

A adsorção é o resultado de interações favoráveis entre as espécies do adsorbato e as

outras espécies químicas na região interfacial. A constante de equilíbrio em um processo de

adsorção pode ser correlacionada com a entalpia padrão de adsorção através da relação de

Gibbs-Helmholtz, descrita pela Equação 2.12 (PAVEI, 2003):

R

G

T

K 0

1ln ∆

−=

∂ (2.12)

Onde R e T representam a constante dos gases e a temperatura absoluta, respectivamente.

A relação entre a energia livre de Gibbs padrão de um processo e sua constante de

equilíbrio é dada pela Equação 2.13, em que ∆G0 é a variação da função de Gibbs, (R) é a

constante dos gases (8,3145 J. K-1. mol-1), T é a temperatura e K a constante de adsorção.

KRTG ln0 −=∆ (2.13)

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Quando o sistema em estudo entra em equilíbrio, a energia de Gibbs apresenta um

valor mínimo. À medida que encontram-se os valores das variações da energia para qualquer

transformação, o sinal algébrico de ∆G nos dirá em que direção a transformação ocorrerá

(CASTELLAN, 1986). Sendo assim, existem três possibilidades:

� ∆G negativo: a transformação pode ocorrer espontânea ou naturalmente;

� ∆G = 0: o sistema está em equilíbrio a essa transformação;

� ∆G positivo: a transformação não é espontânea.

2.8. ESPÉCIES VEGETAIS

2.8.1. Anacardium occidentale Linn

Anacardium occidentale Linn (Anacardiaceae) (Figura 2.10) é uma árvore tropical,

nativa das regiões norte e nordeste do Brasil, amplamente cultivada na Índia e na África

Oriental, sendo popularmente conhecida como cajueiro (VANDERLINDE et al., 2009).

Pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o intuito de comprovar a atividade farmacológica do

extrato das cascas desta espécie vegetal. Diversos metabólitos presentes nesta planta têm

apresentado atividade antioxidante. Em estudos anteriores foi comprovada a eficiência desta

planta como agente antioxidante (CHAVES et al., 2010;GOMES et al., 2006). No entanto, até

o momento nenhum estudo foi realizado para testar a eficiência do extrato de Anacardium

occidentale como inibidor de corrosão.

Figura 2.10 – Espécie vegetal Anacardium occidentale Linn

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2.8.2. Phyllantus amarus Schum. & Thonn

A espécie Phyllanthus amarus Schum. & Thonn (Euphorbiaceae) (Figura 2.11),

pertence à família Euphorbiaceae, popularmente conhecida como quebra-pedra. Pode ser

encontrada em áreas tropicais e subtropicais, sendo amplamente utilizada para fins

terapêuticos (CRUZ, 1982). Em estudos recentes o extrato vegetal desta espécie vem sendo

avaliado como inibidor de corrosão utilizando técnicas químicas (OKAFOR et al., 2008;

ABIOLA et al., 2009; EDDY, 2009).

Figura 2.11 – Especie vegetal Phyllanthus amarus Schum. & Thonn

2.9. APLICAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS E SEUS CONSTITUINTES COMO

INIBIDORES DE CORROSÃO

Os inibidores são substâncias que, quando adicionadas ao meio ambiente em

concentrações relativamente baixas, diminuem a sua ação corrosiva (TALATI e MODI, 1986;

SAYED et al., 2003). Obviamente, o inibidor específico depende tanto da liga quanto do

ambiente corrosivo. Existem vários mecanismos que podem ser responsáveis pela eficácia dos

inibidores. Algumas substâncias reagem e liberam uma espécie quimicamente ativa na

solução, tal como o oxigênio dissolvido. Outras moléculas inibidoras se fixam à superfície

que está sendo corroída e interferem, ou na reação de oxidação ou na reação de redução, ou

ainda podem atuar formando um revestimento protetor muito fino (CALLISTER, JR., 2008).

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Os inibidores podem ser classificados quanto à sua composição em orgânicos e

inorgânicos, e quanto ao comportamento químico em anódico, catódico e de adsorção.

Nos últimos anos houve um aumento no número de estudos para desenvolver novos

materiais que atendam às especificações de segurança ambiental, levando pesquisadores a

procurar na natureza substâncias que lhes possam ser úteis nas mais diversas áreas de

aplicação e que apresentem, preferencialmente, custos menores de produção e propriedades

semelhantes aquelas dos produtos sintéticos já existentes no mercado (WANDERLEY NETO,

2009).

Inibidores orgânicos de corrosão provenientes de extratos de plantas acarretam a

redução da dissolução dos metais, diminuindo a sua corrosão. O desenvolvimento desta área

vem eliminando o uso de compostos tóxicos ao meio ambiente, sendo substituídos por

produtos menos nocivos. Extratos naturais vêm sendo estudados nesses últimos anos por

apresentarem um baixo custo e um bom comportamento como inibidor de corrosão em

diferentes ligas, além de serem pouco tóxicos (EL-ETRE et al., 2005; LEBRINI et al., 2010).

Okafor et al. (2008) estudaram o efeito de inibição à corrosão das folhas, sementes e

uma combinação de folhas e sementes da espécie Phyllanthus amarus para o aço carbono leve

em solução de ácido clorídrico (HCl) e ácido sulfúrico (H2SO4) 5 M, utilizando as técnicas de

gasometria e perda de massa. Os resultados obtidos da análise gasométrica indicaram que a

presença de folhas e sementes de Phyllanthus amarus diminui o volume de hidrogênio

desprendido comparado com o ensaio em branco. A partir da taxa de corrosão (deduzida pelo

desprendimento de hidrogênio) foi calculada a eficiência de inibição à corrosão, onde

observou-se que a eficiência aumentava com o aumento das concentrações do extrato de cada

parte da planta estudada. O mecanismo de adsorção proposto para a inibição do

comportamento dos componentes da planta sobre a superfície do metal é de adsorção química.

As características de adsorção do inibidor foram aproximadas pela isoterma de Temkin.

Abiola et al. (2009) avaliaram o efeito do extrato de Phyllanthus amarus como

inibidor de corrosão do alumínio em solução de NaOH 2 M. O estudo foi realizado utilizando

a técnica química de perda de massa, variando as concentrações do extrato. Os dados obtidos

mostraram que, com o aumento da concentração do extrato, houve uma diminuição da taxa de

corrosão. A adsorção do inibidor sobre a superfície do alumínio estava em conformidade com

a isoterma de adsorção de Langmuir, confirmando que a inibição é devido à adsorção dos

compostos orgânicos ativos presentes no extrato sobre a superfície de metal. O extrato atuou

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Gineide Conceição dos Anjos 42

como bom inibidor de corrosão em ambiente alcalino, com uma eficiência de 76 % na

concentração mais elevada.

Eddy (2009) estudou as propriedades de adsorção e inibição à corrosão do extrato

etanólico de Phyllanthus amarus para aço leve em solução de H2SO4. A investigação se deu

por meio de técnicas gravimétrica, termométrica e métodos gasométricos. Foram testadas

cinco concentrações diferentes do extrato em solução de 2,5 e 0,1 M de H2SO4. Os dados

obtidos mostraram que houve decréscimo da taxa de corrosão do aço com o aumento da

concentração do extrato. Os ensaios termodinâmicos indicaram que a adsorção do extrato é

espontânea e exotérmica e se adequou ao modelo de adsorção da isoterma de Langmuir. O

autor atribuiu a eficiência de inibição à corrosão aos constituintes fitoquímicos presentes no

extrato etanólico de Phyllanthus amarus, apresentando eficiências de inibição de 98,68 %

pelo método gasométrico, 88,44 % pelo termométrico e 72,55 % pelo método perda de massa.

Martinez e Stagljar (2003) estudaram a correlação entre a estrutura molecular e as

propriedades de inibição à corrosão dos taninos provenientes da castanha sobre o aço de baixo

teor de carbono em solução de ácido clorídrico (HCl 2 M). Foram estudados parâmetros que

deram informações valiosas sobre o comportamento da reatividade e eletronegatividade das

moléculas, dureza e a capacidade de doar elétrons. Os resultados mostraram que os taninos

provavelmente se adsorvem como moléculas neutras em meio a forças eletrostáticas que

atuam entre os dipolos moleculares na superfície do metal, através da quimissorção pelo

compartilhamento do par de elétrons do oxigênio ou pela deslocalização do elétron do anel

aromático. O processo de adsorção foi mais bem explicado pela isoterma de Temkin.

Rahim et al. (2007) investigaram o comportamento de taninos e flavonoides como

inibidores de corrosão no aço carbono, utilizando solução de ácido cloridrico (HCl 0,5 M),

através de métodos eletroquímicos. Os ensaios foram realizados com o auxílio de uma célula

eletroquímica e três eletrodos que foram conectados a um potenciostato. Os dados obtidos

mostraram que, com o aumento da concentração do tanino, houve a diminuição da velocidade

de reação cátodica de redução de hidrogênio. A partir das curvas de Tafel foram obtidos os

valores de eficiência de inibição através da corrente. Os resultados indicaram que a eficiência

de inibição à corrosão aumentava de acordo com o aumento da concentração dos compostos,

que mostraram comportamento de inibidores catódicos com eficiência máxima de 93,6 %.

Lebrini et al. (2010) estudaram o potencial de inibição à corrosão dos alcaloides

provenientes do extrato de Annona squamosa para o aço C38 em solução de ácido clorídrico

(HCl 1 M), utilizando os métodos de polarização, potenciodinâmica e de impedância

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Gineide Conceição dos Anjos 43

eletroquímica. O extrato analisado foi considerado uma substância não citotóxica pelos dados

obtidos de células epiteliais dissolvidas em DMSO. Os resultados de polarização mostraram

que a eficiência de inibição à corrosão aumentou com o incremento da concentração do

extrato. O estudo de adsorção apresentou variação de energia livre negativa, indicando que

ocorreu um fenômeno espontâneo de adsorção entre as moléculas do extrato e a superfície do

metal, do tipo física, seguindo o modelo da isoterma de adsorção de Langmuir. O efeito

inibidor do extrato é atribuído à presença de compostos orgânicos.

Tan e Kassim (2011) investigaram a correlação das propriedades de inibição à

corrosão de vários compostos fenólicos tais como: fenóis totais (CPT), flavonoides totais

(TFC), e taninos condensados (CTC) extraídos do extrato das cascas de Rhizophora. Os

ensaios foram realizados utilizando as técnicas de polarização potenciodinâmica e

espectroscopia de impedância eletroquímica na superfície do aço macio em solução de ácido

clorídrico (HCl 1 M). Os resultados obtidos das curvas de Tafel mostraram que, mesmo em

baixas concentrações, houve redução da densidade de corrente anódica e catódicas para os

compostos fenólicos. Foi obtida boa correlação entre as propriedades de inibição à corrosão

do extrato das cascas de Rhizophora e seus compostos fenólicos que apresentaram eficiência

máxima de 57,9 %.

2.10. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS

2.10.1. Metalografia

Visando obter materiais metálicos mais resistentes à corrosão, os ensaios

metalográficos se tornam importantes ferramentas no estudo do comportamento desses

materiais. Nas últimas décadas, houve uma evolução significativa na qualidade dos aços.

Desta forma, tem sido possível obter aços estruturais com baixos teores de carbono, porém

com resistência mecânica elevada sem significativa redução de tenacidade, o que pode ser

confirmado pelo controle microestrutural feito durante o seu processamento (CARDOSO,

2005).

A técnica de metalografia é utilizada na caracterização dos materiais metálicos, na

qual se obtêm informações sobre a microestrutura do material, tais como: tamanho e forma do

grão; identificação de fases; associações entre as propriedades e a estrutura (e os defeitos)

(CALLISTER, JR., 2006). Comparativamente, existem diversas técnicas que auxiliam os

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Gineide Conceição dos Anjos 44

ensaios metalográficos. Para observar a estrutura dos aços e ferros em escala microscópica,

utilizam-se técnicas tais como microscopia eletrônica de varredura (MEV), microscopia

eletrônica de transmissão (MET) e microscopia ótica (MO) (COLPAERT, 2008).

2.10.2. Perda de Massa

O método de monitoramento mais simples e bastante usado pela indústria de produção

de óleo e gás para determinar a taxa corrosão é realizado através de ensaios por perda de

massa (ROCHA, 2008). Tais ensaios são realizados por imersão do material em estudo na

solução agressiva para quantificar a taxa de corrosãoatravés da diferença entre a massa inicial

do corpo de prova antes do processo de corrosão com sua massa após o processo de corrosão,

em um determinado período.

Geralmente o corpo de prova passa por duas análises: a primeira é visual (análise

qualitativa do tipo de corrosão) e a segunda é quantitativa (determinação da perda de massa)

medida através da Equação 2.14 (TÁVORA, 2007).

DTA

WKTC

..

.= (2.14)

Onde TC significa taxa de corrosão em mm/ano, K é uma constante (8,76 x 104), W é a perda

de massa em grama, A é a área em cm2, T é o tempo de exposição em horas e D é a densidade

em g/cm3(7,86 g/cm3 para o aço).

2.10.3. Resistência a Polarização Linear (LPR)

A técnica de resistência à polarização linear (LPR) é uma das técnicas eletroquímicas

mais utilizadas para os ensaios de corrosão (CUNHA, 2008; ROCHA, 2008; TÁVORA,

2007). Essa técnica é definida como sendo a resistência do material à oxidação quando é

imposto um potencial externo. Para tanto, são obtidos os dados de corrente variando o

potencial em torno do potencial de corrosão. Esses valores obtidos pela varredura em um

intervalo de ± 20 mV em torno de Ecorr, a uma taxa de 0,1 mV/s, geram um gráfico de

potencial aplicado versus corrente medida (SANTOS, 2008).

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Gineide Conceição dos Anjos 45

Nos estudos para avaliação da corrosão eletroquímica por LPR, o potencial inicial

medido é misto, que é denominado de potencial de corrosão (Ecorr). Nessa condição, há um

equilíbrio em termos de carga na interface metal-solução, porém não se verifica um equilíbrio

em termos de balanço de massa, havendo uma etapa de oxidação irreversível do metal que se

corrói. Essa técnica propõe a determinação da intensidade de oxidação irreversível. A curva

de polarização é o recurso experimental que determina a resposta à polarização (anódica ou

catódica) de um eletrodo, relacionando cada potencial imposto a uma corrente associada

(CARDOSO, 2005).

O método de extrapolação da curva de Tafel é utilizado para medir a densidade de

corrente (icorr) que pode ser convertida em taxa de corrosão. A Figura 2.12 mostra o gráfico da

extrapolação da curva de Tafel a partir do potencial de corrosão Ecorr versus o logaritmo da

corrente para as curvas anódica (ia) e catódica (ic).

Figura 2.12 – Representação da extrapolação da curva de Tafel

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Capítulo III

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

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Metodologia Experimental - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 47

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Neste capítulo são apresentados os materias e métodos utilizados na execução deste

trabalho.

3.1. MATERIAIS

O material metálico usado para os estudos de perda de massa e resistência à

polarização linear (LPR) foi o aço carbono AISI 1020. Sua composição química se encontra

na Tabela 3.1.

Fonte: Souza, 1989, p.56.

Os sistemas utilizados como inibidores de corrosão foram os extratos de Anacardium

occidentale Linn e Phyllanthus amarus Schum. & Thonn solubilizados em solução de NaCl

3,5 % e em dois sistemas microemulsionados contendo óleo de coco saponificado (OCS)

como tensoativo, resultando no sistema SME-OCS(20% OCS, 20% butanol, 5% querosene e

55% H2O) e SME-OCS-1 (12,5% OCS, 12,5% butanol, 3% querosene e 72% H2O).

3.2. METODOLOGIA

3.2.1. Obtenção do Sistema Microemulsionado

Os sistemas microemulsionados foram obtidos por meio de titulação mássica a partir

da construção do diagrama de fases, utilizando uma razão cotensoativo/tensoativo (C/T) igual

a 1. Para a composição dos dois sistemas utilizou-se o óleo de coco saponificado (OCS) como

tensoativo, devido ser um produto barato e de fácil obtenção, butan-1-ol como cotensoativo,

Tabela 3.1 - Composição química do aço carbono

AISI 1020

C % Mn % P % S %

0,18-0,23 0,30-0,60% 0,040 0,050

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Metodologia Experimental - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 48

querosene como fase oleosa e água destilada. O procedimento utilizado para se obter a região

de microemulsão baseia-se no método que envolve a determinação dos pontos de solubilidade

máxima previamente reportada por ROSSI et al (2007).

3.2.2. Obtenção dos Extratos Vegetais

3.2.2.1. Anacardium occidentale Linn

Foram coletados 1,3 kg das cascas do caule de Anacardium occidentale, em Natal (RN), e

sua identificação botânica foi realizada pela botânica Maria Iracema Bezerra Loiola. Uma

exsicata foi elaborada (nº 1782) e depositada no Herbário do Departamento de Botânica,

Ecologia e Zoologia da UFRN. Para a obtenção do extrato, as cascas da espécie vegetal foram

fragmentadas em pequenos pedaços, em seguida foram submetidas à extração via percolação

com etanol.

3.2.2.2. Phyllanthus amarus Schum. & Thonn

Para obtenção do extrato de Phyllanthus amarus foram coletados 124,5 g da planta

inteira em Natal (RN). Após a coleta um ramo da planta foi encaminhado para a bióloga

Maria Iracema Bezerra Loiola (UFRN) que realizou a identificação botânica da planta

gerando um registro de exsicata (nº 1645). A exsicata encontra-se depositada no Herbário do

Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da UFRN. Em seguida o material vegetal

seco foi submetido à extração via percolação com etanol. O filtrado obtido foi reduzido em

um rotaevaporador, gerando 16,9 g do extrato etanólico de Phyllanthus amarus.

3.2.3. Estudo da Solubilidade dos Extratos Vegetais

A quantificação e eficiência de solubilidade dos extratos foram realizadas pelo método

de espectroscopia na região do ultravioleta utilizando o espectrômetro Genesys 10-UV/Vis,

Thermo Electron Corporation. No ensaio, foi obtida uma curva analítica de massa conhecida

dos extratos vegetais, dissolvidos em 1,0 mL de metanol. A faixa de comprimento de onda (λ)

usada para determinação do λmax foi entre 200 e 500 nm. Os cálculos das solubilidades foram

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Metodologia Experimental - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 49

realizados a partir dos sistemas saturados com os extratos, que foram submetidos a sucessivas

diluições em metanol, tendo sido obtidas medidas em triplicata.

3.3. CARACTERIZAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DOS SISTEMAS

MICROEMULSIONADOS

3.3.1. Medidas de Tensão Superficial

Para realizar os ensaios de tensão superficial, utilizou-se o aparelho Sensadyne

Tensiometer (Figura 3.1). O método adotado consiste na medida da pressão máxima da bolha,

que emprega dois capilares com orifícios de diâmetros diferentes, pelo qual é bombeado um

gás inerte (N2) à pressão constante (200 kPa). O capilar maior mede o efeito da profundidade

de imersão; já o capilar menor mede a tensão superficial.

Para o procedimento experimental, utilizaram-se 30,0 mL das microemulsões com e

sem os extratos vegetais. As amostras foram diluídas em água destilada, onde as

concentrações das soluções variaram desde altas concentrações até concentrações com valores

de tensão superficial próxima à da água (γH2O = 72,8 mN/n) à temperatura ambiente de 25

ºC. A partir dos valores da concentração versus tensão superficial (γ) obteve-se um gráfico

onde o ponto da intersecção de duas retas corresponde à concentração dos agregados

micelares.

Figura 3.1- Equipamento Sensadyne Tensiometer

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3.3.2. Medidas de Viscosidade

As análises reológicas dos sistemas microemulsionados foram realizadas variando a

temperatura entre 25, 40 e 60 °C. Para os ensaios utilizou-se um reômetro RheoStress RS150

HAAKE MARKS acoplado a um banho termostático DC 50 (HAAKE). O sensor era do tipo

DG 41 e o modo de variação de tensão a uma taxa de cisalhamento constante dentro do

período de rotação variou de 0,1 a 180 s-1.

3.4. CARACTERIZAÇÃO DO AÇO

3.4.1. Ensaio Metalográfico

O material analisado pela técnica de metalografia foi o aço carbono AISI 1020. Este

ensaio teve o intuito de encontrar as propriedades do material, e posteriormente identificar as

influências de suas propriedades em suas aplicações. Para a realização desta análise foram

adotados os seguintes procedimentos:

� Corte da amostra – as amostras foram confeccionadas nas seguintes dimensões: 23,96

mm de comprimento, 17,55 mm de largura e 4,67 mm de espessura.

� Lixamento – nesta etapa as amostras foram lixadas utilizando lixas d'água de várias

granulometrias diferentes; foi seguida uma sequência de 80, 120, 220, 340, 400, 600 e

1200 mesh. Durante o lixamento, as amostras foram lavadas em água corrente e

rotacionadas a 90º, ao serem trocadas de lixas. O processo pós-lixamento visa a um

acabamento superficial do aço polido isento de marcas, realizado com o auxílio de

uma politriz.

� Ataque químico – utilizou-se uma solução de Nital 2 % que consiste em 98 % de

álcool etílico e 2 % de ácido nítrico. Essa solução é utilizada de modo a revelar as

interfaces entre os diferentes constituintes que compõem o metal.

� Análise Óptica – as micrografias foram geradas em um microscópio óptico, com o

auxílio do analisador de imagens Image J, com ampliações de 200x, 500x e 1000x.

Para determinar a quantidade das fases presentes no material analisado utilizou-se o

método de frações volumétricas, que consiste na contagem de pontos, ou seja, sobrepor uma

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rede de pontos sobre uma determinada área da microestrutura (Figura 3.2). O número de

pontos que incidem sobre as áreas de interesse dividido pelo número total de pontos da grade

fornece o valor de PP. Essa contagem deve ser repetida em diferentes regiões da amostra

(PADILHA, 1997).

Figura 3.2 – Representação da determinação da fração volumétrica por meio de pontos

Fonte: Padilha, 1997, p.229.

3.5. ENSAIOS DE CORROSÃO

3.5.1. Ensaio por Perda de Massa

O ensaio por perda de massa foi realizado seguindo a norma ASTM G1-03, que

padroniza essa técnica. Foram utilizados nove cupons confeccionados a partir do aço AISI

1020 com área superficial de 12,2 cm2 cada, como mostra a Figura 3.3. A escolha deste aço se

deu pelo fato de o mesmo apresentar características próximas em que os dutos de petróleo são

construídos.

Para iniciar o procedimento experimental foi realizado o desengoduramento dos

cupons com água e sabão, seguido de álcool etílico e acetona. Em seguida os cupons foram

secos com ar quente e após 20 minutos, foi realizada a pesagem das massas utilizando uma

balança analítica (TECNAL modelo B-TEC 210A).

Após a limpeza dos cupons foi realizado o ensaio de imersão na solução de NaCl 3,5

% a um volume de 50 mL. O tempo de duração foi de 240 horas, o ensaio foi realizado a

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temperatura ambiente e o meio não foi agitado. No final de cada ensaio, os cupons foram

decapados em solução de CLARK (definida abaixo) por 30 segundos, novamente

desengordurados e limpos para a segunda pesagem, após o que a diferença representa a massa

perdida ao longo do tempo.

Para o preparo de 1 L da solução de CLARK foi necessário:

� 1 L de ácido clorídrico (HCl) P.A.;

� 20 g de trióxido de antimônio (Sb2O3);

� 50 g de cloreto estanhoso (SnCl2).

Figura 3.3 – Cupom confeccionado a partir do aço carbono 1020

Para calcular os valores de eficiência de inibição à corrosão utilizou-se a Equação 3.1,

onde Ef significa eficiência em porcentagem, Ts é a taxa de corrosão sem inibidor e Tc é a taxa

de corrosão com inibidor (GENTIL, 2011).

100xT

TTE

s

csf

−= (3.1)

3.5.2. Medidas de Eficiência de Inibição à Corrosão

A técnica utilizada para as medidas de eficiência de inibição à corrosão foi de

resistência à polarização linear (LPR). A tabela 3.2 apresenta as concentrações de inibidor

utilizadas. Os ensaios foram realizados em célula clássica de três eletrodos, como mostra a

Figura 3.4, contendo: eletrodo de referência de Ag/AgCl (prata/cloreto de prata), contra-

eletrodo de platina (Pt), e o eletrodo de trabalho (aço carbono AISI-1020, polido até o

espelhamento). Para tanto, utilizou-se o potenciostato de modelo PGSTAT 302N AUTOLAB

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(Figura 3.5). Para obtenção das curvas de Tafel, os ensaios foram realizados a temperatura

ambiente. Durante a análise o eletrodo de trabalho ficou imerso na solução testada durante 15

minutos, em que se aplica uma corrente para medir o potencial de equilíbrio. Em seguida a

corrente foi medida variando o potencial de corrosão entre 500 e -500 mV, a uma velocidade

de varredura de 0,001 V/s.

Tabela 3.2 - Concentração dos inibidores de corrosão avaliados

por LPR

Concentração

(ppm)

Volume de inibidor

(mL)

Volume de NaCl

3,5 %

50 0,125 25

100 0,250 25

200 0,375 25

300 0,750 25

400 1,00 25

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Figura 3.4- A) Célula eletroquímica; B) Contra-eletrodo de platina; C) Eletrodo de

referência de Ag/AgCl (prata/cloreto de prata); D) Eletrodo de trabalho de aço-carbono

AISI 1020 e E) Potenciostato/Galvanostato PGSTAT 302N AUTOLAB

Com o objetivo de determinar a eficiência de inibição dos extratos vegetais na

superfície do aço AISI 1020, utilizou-se solução salina de cloreto de sódio 3,5 % como

eletrólito, variando a concentração dos sistemas entre 50 e 400 ppm, à temperatura ambiente e

sem agitação.

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Os valores de eficiência de inibição à corrosão em aço carbono 1020 foram calculados

pela Equação 3.2, onde icorr e i’corr representam as correntes de corrosão na ausência e

presença do inibidor respectivamente (GENTIL, 2011).

corr

corrcorr

i

iixE

'100%

−= (3.2)

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Capítulo IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Resultados e Discussão - PPGCEM

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diversos compostos orgânicos estão sendo estudados para aplicação como inibidores

de corrosão, embora grande parte desses compostos apresente baixa solubilidade em meio

aquoso (CHAUHAN et al., 2007; EL-ETRE et al., 2005; OGUZIE, 2008). A utilização de

sistemas microemulsionados (SME) como meio de solubilização dessas moléculas torna-se

uma alternativa promissora, principalmente no combate à corrosão (MOURA et al., 2012;

ROSSI et al., 2007;). Neste contexto, para a realização deste trabalho, inicialmente foram

obtidos extratos vegetais que, após serem solubilizados em sistemas microemulsionados,

foram avaliados como inibidores de corrosão. Para tanto, o tensoativo óleo de coco

saponificado (OCS) foi utilizado para a obtenção dos sistemas microemulsionados SME-OCS

e SME-OCS-1 em função do aproveitamento de biomassa. Este tensoativo foi utilizado de

acordo com metodologias descritas anteriormente (MOURA, 2009; ROSSI et al., 2007). Na

obtenção das microemulsões o diagrama de fases representado na Figura 4.1 (MOURA, 2009)

foi utilizado para a escolha dos pontos na região de Winsor IV, para a formação dos sistemas

SME-OCS (20 % OCS, 20 % butan-1-ol, 5 % querosene e 55 % H2O) e SME-OCS-1 (12,5 %

OCS, 12,5 % butan-1-ol, 3 % querosene e 72 % H2O).

Figura 4.1- Representação do diagrama de fases pseudoternário para os sistemas

microemulsionados

Fonte: Moura, 2009, p.106.

SME-OCS

SME-OCS-1

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Na sequência, foram realizados estudos de solubilidade dos extratos vegetais AO

(extrato etanólico obtido de Anacardium occidentale) e PA (extrato etanólico obtido de

Phyllanthus amarus) em diferentes meios (água bidestilada, solução de NaCl 3,5 % e as

microemulsões SME-OCS e SME-OCS-1). A tabela 4.1 apresenta os valores de solubilidade

observados para estes extratos.

Tabela 4.1- Solubilidade avaliada para os extratos vegetais obtidos de AO e PA

Extratos Sistemas de

solubilidade

Massa inicial

(mg)

Solubilidade

(mg/mL)*

Solubilidade

(%)

Anacardium

occidentale

(AO)

H2O 10 7,32 ±0,21 73,2

NaCl 5 0,52 ± 0,07 10,4

SME-OCS 5 0,76 ± 0,06 15,2

SME-OCS-1 8 4,90 ± 0,10 61,2

Phyllanthus

amarus (PA)

H2O 8 3,2 ± 0,50 40,0

NaCl 8 2,50 ± 0,85 31,2

SME-OCS 12 10,5 ± 0,48 87,5

SME-OCS-1 12 10,0 ± 0,32 83,3

*Os valores correspondem à média de três experimentos

A partir dos resultados obtidos (Tabela 4.1) foi possível observar que o extrato

etanólico de Anacardium occidentale (AO) apresentou solubilidade elevada em água,

podendo ser justificada pela presença de taninos (compostos fenólicos hidrossolúveis com

alto peso molecular), componentes majoritários deste extrato (BATTESTIN et al., 2004). A

baixa solubilidade do extrato AO na solução de NaCl 3,5 % é justificada pela precipitação dos

taninos em meio salino (SAMPAIO, 2010). Com relação ao poder de solubilização dos

sistemas microemulsionados avaliados, observou-se que SME-OCS-1 apresentou melhor

eficiência de solubilização para este extrato (AO), justificado pela maior porcentagem de água

(72 %) presente neste sistema. No entanto, os dois sistemas microemulsionados SME-OCS e

SME-OCS-1 solubilizaram satisfatoriamente o extrato PA, com valores de solubilidade

similares.

Em relação aos meios aquosos e salinos a solubilização de PA foi moderada. Estudos

realizados com a espécie vegetal Phyllanthus amarus mostraram que a classe predominante

são lignanas com diferentes tipos de oxigenação, que conferem polaridade variada (EDDY,

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2009; MACIEL et al, 2007). Outros componentes orgânicos que também conferem polaridade

variada ao extrato PA são os terpenoides (MACIEL et al, 2007). Neste contexto, é importante

que se destaquem alguns aspectos teóricos sobre as forças intermoleculares, já que elas

interferem nas propriedades físico-químicas de compostos orgânicos. Como exemplo, tem-se

o fenômeno de adsorção de uma determinada substância em uma superfície sólida. Este

fenômeno está relacionado com as mesmas forças de interação que são consideradas em

solubilidade, tais como: atrações e repulsões eletrostáticas, complexação e ligação de

hidrogênio.

As Figuras 4.2 e 4.3 apresentam as estruturas químicas de alguns compostos orgânicos

presentes nos dois extratos analisados neste trabalho. Em função da alta polaridade dos

taninos o solvente que solubiliza melhor o extrato de AO é a água (alta constante dielétrica e

elevado poder de solvatação). Desta forma o sistema SME-OCS-1, que possui maior teor de

água, corresponde à microemulsão mais eficaz para veicular a espécie vegetal Anacardium

occidentale. Com relação ao extrato polar obtido de Phyllanthus amarus, composto por um

conjunto de lignanas e terpenóides com polaridade que varia de mediana à elevada, ambos os

sistemas polares SME-OCS e SME-OCS-1 solubilizaram satisfatoriamente o extrato PA que

tem interações intermoleculares mais fracas, por comparação ao extrato AO.

Figura 4.2 - Estrutura molecular representativa de tanino

Ácido elágico

Fonte: Martinez e Stagljar, 2003, p. 169.

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Figura 4.3 - Estruturas moleculares representativas dos constituintes químicos isolados do

extrato de Phyllanthus amarus

Farnesil farnesol (Triterpeno)

Isolintetralina Nirantina

5-Demetoxi-nirantina Dimetilenodioxi-nirantina

Filantina Hipofilantina

Fonte: Maciel et al., 2007, p. 79.

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Gineide Conceição dos Anjos 61

Com o objetivo de estudar o processo de formação dos agregados micelares dos

sistemas microemulsionados SME-OCS e SME-OCS-1, foram realizadas medidas de tensão

superficial na presença de água destilada e em solução de cloreto de sódio. As Figuras 4.4 e

4.5 mostram os gráficos da tensão superficial dos agregados micelares dos extratos

Anacardium occidentale e Phyllanthus amarus.

Figura 4.4 - Gráfico da tensão superficial dos agregados micelares obtidos: (a) SME-OCS; (b)

SME-OCS-AO e (c) SME-OCS-PA

(a) (b)

(c)

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Figura 4.5 - Gráfico da tensão superficial dos agregados micelares obtidos: (a) SME-OCS-1; (b) SME-OCS-1-AO

(a) (b)

A Tabela 4.2 apresenta os valores das concentrações dos agregados micelares obtidos

a partir dos dados dos experimentos de tensão superficial.

Tabela 4.2 – Valores das concentrações dos agregados micelares dos sistemas

SME-OCS e SME-OCS-1 na ausência e presença dos extratos AO e PA

Sistema Meio Concentração

do extrato (mg/mL)

Agregados micelares (mol/L)

SME-OCS H2O - 0,0094 NaCl - 0,0086

SME-OCS-AO

H2O 0,182 0,0105 NaCl 0,179 0,0040

SME-OCS-PA H2O 0,201 0,0134 NaCl 0,147 0,0064

SME-OCS-1 H2O - 0,0064 NaCl - 0,0043

SME-OCS-1-AO H2O 0,236 0,0122 NaCl 0,197 0,0061

De acordo com a Tabela 4.2 observa-se que houve redução da concentração dos

agregados micelares para todos os sistemas analisados diluídos em solução salina quando

comparados aos sistemas diluídos em água. Este resultado pode ser justificado pelas

interações existentes entre os íons (Cl-) presentes na solução de cloreto de sódio e a parte

hidrofílica do tensoativo, favorecendo a formação de agregados micelares em menores

quantidades de tensoativos.

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Gineide Conceição dos Anjos 63

Para avaliar o comportamento reológico dos sistemas microemulsionados, foram

realizadas medidas de viscosidade com variação da temperatura (25 ºC, 40 ºC e 60 °C) para

cada sistema. A Tabela 4.3 apresenta os valores obtidos experimentalmente da tensão de

cisalhamento em função da taxa de cisalhamento. Os resultados mostraram que para todos os

sistemas avaliados a viscosidade diminui com o aumento da temperatura, indicando

comportamento de fluidos Newtonianos. O sistema microemulsionado SME-OCS isento de

extrato apresentou a menor viscosidade quando comparado aos sistemas microemulsionados

contendo os extratos. A incorporação dos extratos AO e PA ao sistema microemulsionado

SME-OCS provocaram aumento significativo da viscosidade.

Tabela 4.3 – Dados de viscosidade dos sistemas avaliados

em função da variação da temperatura

Sistema Temperatura (ºC) Viscosidade (cp)

SME-OCS 25 12,3 40 8,6 60 4,1

SME-OCS-AO 25 19,5 40 13,6 60 8,6

SME-OCS-PA 25 23,9 40 17,4 60 10,7

Nos itens sequenciais, serão abordados os ensaios de corrosão que foram realizados

para os extratos vegetais em diferentes meios. Em adição, será reportada preliminarmente a

caracterização do material metálico utilizado neste ensaio.

4.1. ESTUDO DE CARACTERIZAÇÃO DO AÇO CARBONO

Para caracterização do material metálico utilizado neste trabalho para avaliação da

eficácia de inibição à corrosão dos sistemas SME-OCS e SME-OCS-1 contendo os extratos

vegetais, utilizou-se o ensaio metalográfico, que relaciona a microestrutura com as

propriedades do aço carbono em estudo. Para tanto foram obtidas imagens (Figura 4.6) das

microestruturas do material analisado com o auxílio do microscópio óptico Olympus BX51M

em três ampliações: 200x, 500x e 1000x.

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Gineide Conceição dos Anjos 64

Figura 4.6 – Micrografias do aço carbono AISI 1020 com aumento de (a) 200x; (b) 500x;

(c)1000x; ataque de Nital 2%

(a)

(b)

(c)

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Gineide Conceição dos Anjos 65

De acordo com as imagens das microestruturas (Figura 4.6) observou-se a existência

de duas fases diferentes. A fase de coloração mais clara corresponde à matriz composta por

ferrita (Fe α) e a fase mais escura, por perlita. Em decorrência da fase ferrita (Fe α), conclui-

se que a rede cristalina é do tipo cúbica de corpo centrado (CCC). O cálculo da quantidade

das fases presentes foi obtido pelo método quantitativo de frações volumétricas, conforme a

Equação 4.1 (PADILHA, 1997).

V

VV f

v = (4.1)

Onde Vv é a fração volumétrica, definida pela razão entre o volume da fase Vf e a unidade de

volume-teste V (ensaio). Os percentuais obtidos das fases presentes na microestrutura do aço

analisado foram de 70,84 % de ferrita e 29,16 % de perlita, caracterizando o material metálico

analisado como sendo aço AISI 1020, estando de acordo com estudos preliminarmente

desenvolvidos (ALBUQUERQUE et al., 2007).

4.2. ENSAIO DE CORROSÃO 4.2.1. Ensaio por Perda de Massa

A perda de massa é uma técnica simples e a mais utilizada para realizar ensaios de

corrosão em laboratório. Através desta técnica, pode-se determinar a taxa de corrosão e a

eficiência do inibidor. Os extratos vegetais de Anacardium occidentale e Phyllanthus amarus

solubilizados no meio salino e no sistema microemulsionado (SME-OCS) nas concentrações de

50 e 400 ppm, foram avaliados como inibidores de corrosão no ensaio por perda de massa. Os

ensaios foram realizados com um tempo de imersão de 240 horas, em 50 mL de solução salina

3,5 %, que corresponde à concentração da água do mar. A literatura apresenta taxa de

corrosão que varia em torno 0,06 e 0,12 mm por ano para ambientes marinhos (MODESTO,

2008).

De acordo com os resultados obtidos (Tabela 4.4) observou-se que as taxas de

corrosão obtidas neste ensaio estão de acordo com valores apresentados na literatura. As

eficiências máximas de inibição a corrosão obtidas foram 58,2 % para SME-OCS-AO (a 400

ppm) e 56,9 % para SME-OCS-PA (a 400 ppm). Apesar dos baixos percentuais de eficiências

(máximo de 58,2 %) houve uma significativa redução na taxa de corrosão do material

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Gineide Conceição dos Anjos 66

analisado em todas as amostras testadas. As maiores eficiências foram encontradas para os

extratos solubilizados no sistema microemulsionado. O sistema SME-OCS apresenta em sua

composição componentes que favorecem a formação de um filme superficial conferindo

maior proteção ao metal em contato com o meio corrosivo. No entanto, com a adição dos

extratos vegetais AO e PA houve aumento da eficiência de inibição à corrosão.

4.2.2. Medidas de Eficiência de Inibição a Corrosão

O estudo das eficiências de inibição à corrosão dos sistemas analisados como agentes

inibidores foram realizados a temperatura ambiente, em solução salina (NaCl 3.5 %) com

variação da concentração dos inibidores vegetais.

As Figuras 4.7 e 4.8 mostram as curvas de polarização obtidas pela técnica de

resistência à polarização linear (LPR) na superfície do aço AISI 1020. Para tanto, foram

gerados gráficos do logaritmo da corrente versus potencial de corrosão, que, através da

extrapolação das curvas de Tafel, forneceram parâmetros para o cálculo da eficiência de

inibição a corrosão.

Tabela 4.4 - Eficiências de inibição a corrosão dos sistemas avaliados por perda de massa Sistemas Concentração

(ppm)

Perda de massa

(g)

Taxa de corrosão

(mm/ano)

Eficiência

(%)

NaCl 0,0315 0,1163 0,0

AO-NaCl 50ppm 0,0273 0,1030 11,4

AO-NaCl 400ppm 0,0248 0,0942 19,0

PA-NaCl 50ppm 0,0285 0,1081 7,0

PA-NaCl 400ppm 0,0260 0,0988 15,0

SME-OCS 50ppm 0,0266 0,0982 15,5

SME-OCS 400ppm 0,0153 0,0564 51,5

SME-OCS-AO 50ppm 0,0203 0,0769 33,8

SME-OCS-AO 400ppm 0,0128 0,0485 58,2

SME-OCS-PA 50ppm 0,0230 0,0871 25,0

SME-OCS-PA 400ppm 0,0132 0,0501 56,9

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Figura 4.7 – Curvas de Tafel obtidas para o SME-OCS contendo os extratos AO e PA: (a)

SME-OCS; (b) SME-OCS-AO; (c) SME-OCS-PA; (d) SME-OCS-1-AO

(a)

(b) (c)

(d)

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Figura 4.8 – Curvas de Tafel obtidas para os extratos vegetais solubilizados em meio salino:

(a) AO-NaCl; (b) PA-NaCl

(a) (b)

As curvas de polarização dos sistemas SME-OCS, SME-OCS-AO, SME-OCS-1-AO e

SME-OCS-PA (Figura 4.7) apresentaram comportamentos semelhantes, com deslocamento

dos potencias de corrosão para valores mais positivos quando comparados à curva sem

inibidor. As curvas de polarização mostradas na Figura (4.7 c e 4.7 d) também apresentaram

de forma gradativa deslocamentos para potenciais mais positivos. Os deslocamentos para

potencias mais positivos estão de acordo com a adição do inibidor, com exceção da menor

concentração utilizada (50 ppm) (Figura 4.7 c) que teve seu potencial de corrosão deslocado

para valores mais negativos. A Figura 4.8 (a, b) corresponde aos extratos solubilizados em

meio salino, que mostraram comportamentos diferentes quando comparados com os sistemas

microemulsionados. Os potenciais de corrosão mostraram deslocamento para potenciais mais

negativos em relação à curva sem inibidor (novamente com exceção da menor concentração

de PA-NaCl).

Com o objetivo de calcular a eficiência à corrosão dos inibidores testados, foram

medidos os valores das densidades de correntes a partir da extrapolação das curvas de Tafel

até o potencial de corrosão. Nas Tabelas 4.5 e 4.6 encontram-se correlações entre a variação

das concentrações dos sistemas avaliados e suas eficiências de inibição, bem como os valores

de densidade de corrente e os potencias de corrosão.

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 69

Tabela 4.5 - Eficiências de inibição à corrosão dos sistemas microemulsionados avaliados por LPR Sistemas Concentração

(ppm)

Icorr

(A/cm2)

Ecorr (V) Eficiência

(%)

NaCl 3,5 % 2,39E-5 -0,497 0,0

50 8,62E-6 -0,340 64,4

100 7,95E-6 -0,365 66,8

SME-OCS 200 6,78E-6 -0,360 71,7

300 4,66E-6 -0,326 80,5

400 3,91E-6 -0,339 83,6

50 2,25E-6 -0,407 90,6

100 2,07E-6 -0,367 91,3

SME-OCS-AO 200 1,64E-6 -0,365 93,1

300 1,59E-6 -0,356 93,3

400 1,03E-6 -0,355 95,6

50 8,22E-7 -0,486 96,5

100 5,54E-7 -0,496 97,6

SME-OCS-1-AO 200 3,50E-7 -0,389 98,5

300 3,05E-7 -0,368 98,7

400 2,66E-7 -0,361 98,9

50 2,52E-6 -0,527 89,4

100 2,33E-6 -0,490 90,2

SME-OCS-PA 200 2,11E-6 -0,401 91,1

300 1,93E-6 -0,382 91,9

400 1,51E-6 -0,345 93,4

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 70

Tabela 4.6 – Eficiências de inibição à corrosão dos extratos AO e PA em solução salina

avaliados por LPR

Sistemas Concentração

(ppm)

Icorr

(A/cm2)

Ecorr (V) Eficiência

(%)

NaCl 3,5 % 2,39E-5 -0,497 0,0

50 8,34E-6 -0,638 65,2

100 7.06E-6 -0,653 70,5

AO-NaCl 200 6.87E-6 -0,872 71,3

300 6.11E-6 -0,807 74,5

400 5.98E-6 -0,705 75,0

50 2,09E-5 -0,496 12,2

100 1,399E-5 -0,507 42,0

PA-NaCl 200 1,201E-5 -0,567 49,9

300 1,142E-5 -0,704 52,4

400 1,021E-5 -0,658 57,4

Os resultados das análises de eficiência de inibição à corrosão (Tabelas 4.5 e 4.6)

mostraram que a redução da corrente elétrica ocorre em função do aumento da concentração

do inibidor. De acordo com ELACHOURI et al. (1996), para que um inibidor seja

classificado como eficiente, a corrente elétrica que percorre um determinado sistema deve ser

significativamente reduzida, indicando que os mesmos atuam sobre a superfície do aço,

retardando o processo de corrosão. O sistema SME-OCS apresentou eficiências de inibição

entre 64,0 % e 83,6 %. Comparativamente, o sistema SME-OCS-PA apresentou eficiências

superiores (entre 89,4 % e 93,4 %) ao sistema SME-OCS na ausência deste extrato. A

justificativa para o aumento anticorrosivo da SME-OCS-PA é dado pela presença das lignanas

contidas no extrato de Phyllanthus amarus (ABIOLA et al., 2009).

Com relação ao extrato de Anacardium occidentale, observou-se que os sistemas

SME-OCS-AO e SME-OCS-1-AO mostraram percentuais de inibições significativos,

comparativamente mais elevados que a espécie vegetal Phyllanthus amarus. As eficiências

máximas do sistema SME-OCS-1-AO (faixa entre 96,5 % e 98,9 %) em comparação aos

valores observados para o sistema SME-OCS-AO (faixa entre 90,6 % e 95,6 %) se deve ao

maior percentual de AO solubilizado na microemulsão de maior polaridade (SME-OCS-1).

As maiores eficiências de inibição da espécie vegetal Anacardium occidentale incorporadas

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 71

nas microemulsões é justificada pela presença de taninos hidrossolúveis, que em estudos

anteriores mostraram atividade antioxidante significativa (GOMES et al., 2006). Em termos

estruturais, os taninos agem ampla disponibilização de híbridos de ressonância envolvendo

heteroátomos e sistemas de elétrons - π em conjugação.

Os sistemas SME-OCS-AO e SME-OCS-1-AO mostraram percentuais de inibições

relativamente altos [(entre 90,6 % e 95,6 %) e (96,5 % e 98,9 %), respectivamente].

Entretanto, como consequência da melhor solubilidade do sistema SME-OCS-1 para o extrato

AO, houve maior eficiência de inibição quando comparado ao sistema SME-OCS-AO. A

atividade antioxidante do extrato de Anacardium occidentale, que está relacionada à presença

de taninos (GOMES et al., 2006), pode estar associada á elevada atividade de inibição à

corrosão encontrada para este extrato. Neste contexto, a presença destes constituintes justifica

os resultados obtidos neste trabalho, tendo sido observado que as eficiências máximas de

inibição aumentam em função da concentração do inibidor.

Com relação aos resultados obtidos para os extratos solubilizados em solução salina

(Tabela 4.6) o extrato vegetal AO foi o que apresentou maior eficiência (75 %).

Comparativamente, fica evidente que os extratos na ausência de microemulsão apresentaram

menores percentuais de eficiência com relação aos sistemas microemulsionados, confirmando

a maior eficácia de sistemas microemulsionados em geral, pela formação de melhores filmes

de adsorção.

4.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO

Para o estudo dos parâmetros físico-químicos do processo de adsorção dos sistemas

avaliados sobre a superfície do aço carbono AISI 1020, utilizaram-se dois modelos de

isotermas de adsorção: Langmuir e Frumkin. Os gráficos (Figura 4.9 e 4.10) foram obtidos a

partir das equações representadas na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 - Equações das isotermas de adsorção

Isoterma Equação

Langmuir θ/(1- θ) = KC

Frumkin Log (θ/ (1- θ)C) = log K + g θ

Fonte: Cardoso et al., 2005, p. 757.

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 72

Figura 4.9 - Isotermas de adsorção de Langmuir para os sistemas microemulsionados: (a)

SME-OCS; (b) SME-OCS-AO; (c) SME-OCS-PA; (d) SME-OCS-1-AO

(a)

(b)

0

100

200

300

400

500

600

0,00E+00 1,00E+02 2,00E+02 3,00E+02 4,00E+02 5,00E+02

Ci/θ

Ci (ppm)

Isoterma de Langmuir (SME-OCS)

0

100

200

300

400

500

0,00E+00 1,00E+02 2,00E+02 3,00E+02 4,00E+02 5,00E+02

Ci/θ

Ci (ppm)

Isoterma de Langmuir (SME-OCS-AO)

R2 = 0,994

R2 = 0,999

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 73

(c)

(d)

0

100

200

300

400

500

0,00E+00 1,00E+02 2,00E+02 3,00E+02 4,00E+02 5,00E+02

Ci/θ

Ci (ppm)

Isoterma de Langmuir (SME-OCS-PA)

0

100

200

300

400

500

0,00E+00 1,00E+02 2,00E+02 3,00E+02 4,00E+02 5,00E+02

Ci/θ

Ci (ppm)

Isoterma de Langmuir (SME-OCS-1-AO)

R2 = 0,999

R2= 1

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 74

Figura 4.10 - Isotermas de adsorção de Langmuir para os extratos livres: (a) AO-NaCl; (b)

PA-NaCl

(a)

(b)

De acordo com os resultados observados, após os ajustes dos dados experimentais,

ficou evidenciado que as melhores correlações foram obtidas com a isoterma de Langmuir.

Nos estudos desta isoterma, assume-se que o processo de adsorção ocorre pela formação de

monocamadas, com adsorção molecular sobre sítios definidos na superfície metálica. Desta

forma, cada sitio é ocupado por apenas uma molécula com energia constante para cada

ocupação, sem que haja interações intermoleculares das moléculas adsorvidas (SCHNEIDER,

2008).

0

100

200

300

400

500

600

0,00E+00 1,00E+02 2,00E+02 3,00E+02 4,00E+02 5,00E+02

Ci/θ

Ci (ppm)

Isoterma de Langmuir (AO-NaCl)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0,00E+00 1,00E+02 2,00E+02 3,00E+02 4,00E+02 5,00E+02

Ci/θ

Ci (ppm)

Isoterma de Langmuir (PA-NaCl)

R2 = 0,999

R2 = 0,809

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Resultados e Discussão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 75

Considerando as equações das retas encontradas, foi possível se obter parâmetros

físico-químicos relacionados aos fenômenos de adsorção (Tabela 4.8).

Tabela 4.8 - Parâmetros físico-químicos das isotermas de

Langmuir

Sistemas R2 Kads �G (kJ/mol)

SME-OCS 0,994 0,029 -1,18

SME-OCS-AO 0,999 0,192 -5,86

SME-OCS-1-AO 1,000 0,280 -6,80

SME-OCS-PA 0,999 0,268 -6,68

AO-NaCl 0,999 0,075 -3,47

PA-NaCl 0,809 0,004 3,41

Analisando a Tabela 4.8 observou-se que os valores de Kads dos sistemas SME-OCS-

PA, SME-OCS-AO, SME-OCS-1-AO, bem como da solução AO-NaCl, foram superiores ao

valor observado para SME-OCS, mostrando que a presença dos extratos vegetais provocam

melhores adsorções na interface metal-solução. Este fenômeno pode ser atribuído à presença

de compostos aromáticos presentes nos extratos vegetais, os quais promovem uma maior

interação das moléculas com a superfície do metal favorecendo a inibição à corrosão.

Comparativamente, o extrato PA-NaCl apresentou menor Kads, que pode ser explicado pela

baixa solubilidade deste extrato no meio salino.

De acordo com os valores das energias livres mostrados na Tabela 4.8, podemos

observar que, para todos os sistemas, o processo de adsorção é tipicamente físico, ou seja, as

moléculas dos inibidores estão ligadas à superfície do aço por interações fracas. Contudo, com

exceção do extrato PA-NaCl, todos os sistemas foram considerados espontâneos (∆G < 0).

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Capítulo V

CONCLUSÕES

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Conclusão - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 77

5. CONCLUSÕES

Considerando todos os resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que os

sistemas microemulsionados contendo o tensoativo óleo de coco saponificado SME-OCS e

SME-OCS-1 apresentaram eficiências de solubilidades significativas para os extratos

etanólicos obtidos das espécies vegetais Anacardium occidentale Linn e Phyllanthus amarus

Schum. & Thonn.

Através do estudo de tensão superficial foi possível observar para todos os sistemas que

houve decréscimo da concentração dos agregados micelares devido à presença dos íons (Cl-).

Os estudos relacionados à reologia mostraram que os sistemas SME-OCS, SME-OCS-

AO e SME-OCS-PA apresentaram características de fluido Newtoniano.

Através da técnica de metalografia foi possível atestar o aço utilizado, tendo sido

caracterizado como aço carbono AISI 1020, pela observação de sua microestrutura contendo

ferrita (70,84 %) e perlita (29,16 %).

Os ensaios de perda de massa mostraram que houve uma pequena redução na taxa de

corrosão do material analisado para todos os sistemas. Comparativamente, o sistema SME-

OCS-AO (400 ppm) apresentou maior eficiência de inibição (58,2 %) com relação ao seu

ensaio-controle.

Os extratos solubilizados em solução salina e nos sistemas microemulsionados na

concentração de 400 ppm foram considerados eficazes como inibidores de corrosão para o aço

AISI 1020 quando imersos em solução de NaCl 3,5 %, com eficiências máximas de SME-

OCS (83,6 %), SME-OCS-AO (95,6 %), SME-OCS-1-AO (98,9 %), SME-OCS-PA (93,4 %),

AO-NaCl (75,0 %) e PA-NaCl (57,4 %).

Os processos de adsorção de todos os sistemas testados ocorreram segundo a isoterma

de Langmuir, sendo, portanto, considerados fenômenos tipicamente físicos.

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Perspectivas - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 78

PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para ampliar este estudo e para trabalhos futuros propõem-se:

• Realizar os ensaios eletroquímicos e de caracterização para o extrato de Phyllanthus

amarus solubilizado no sistema SME-OCS-1.

• Utilizar outras técnicas eletroquímicas, tais como impedância, para avaliar o processo

de inibição à corrosão.

• Caracterizar os sistemas microemulsionados utilizando espalhamento de Raio-X de

baixo ângulo (SAXS) e espectroscopia eletrônica de transmissão (MET).

• Realizar o estudo de sinergismo entre os dois sistemas microemulsionados e os dois

extratos.

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REFERÊNCIAS

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Referências - PPGCEM

Gineide Conceição dos Anjos 80

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