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FACULDADES IBMEC PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO AVALIAÇÃO POR OPÇÕES REAIS DE EMPRESA DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Carlos de Lamare Bastian Pinto Banca: Prof. Dr. Roberto Marcos da Silva Montezano (orientador) Prof. Dr. Antônio Freitas Prof. Dr. Roberto Moreno (PUC RJ – IAG) Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 2004

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FACULDADES IBMEC PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO

AVALIAÇÃO POR OPÇÕES REAIS DE EMPRESA DE

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Carlos de Lamare Bastian Pinto

Banca: Prof. Dr. Roberto Marcos da Silva Montezano (orientador) Prof. Dr. Antônio Freitas Prof. Dr. Roberto Moreno (PUC RJ – IAG)

Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 2004

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DEDICATÓRIA

Para minha querida família:

meus filhos Luiz e Bernardo,

minha esposa Frederika

e minha mãe Célia,

que sempre me apoiaram e incentivaram neste projeto.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Roberto Montezano, pelo apoio, o incentivo e a verdadeira orientação,

Ao professor Antônio Freitas, pela orientação na metodologia, e incentivo para o futuro,

Ao professor Roberto Moreno, pela presteza em apoiar,

Ao professor Luiz Felipe Da Motta, pelo apoio e compreensão,

A professora Maria Augusta Soarez Machado, pela orientação nos métodos quantitativos,

Ao professor Moisés Swirsky, pela inspiração,

e ao caro Geovah, grande amigo dos alunos no Ibmec Rio.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................................................................. III

ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................................................ VI

INDICE DE TABELAS....................................................................................................................................... IX

INDICE DE FÓRMULAS .................................................................................................................................. XI

1. OBJETIVO DO ESTUDO ...........................................................................................................................1

1.1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................1

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .....................................................................................................................2

1.3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA...............................................................................................................4

2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................................................5

2.1. OPÇÕES FINANCEIRAS ............................................................................................................................5

2.2. VALOR PRESENTE EXPANDIDO...............................................................................................................6

2.3. OPÇÕES REAIS ........................................................................................................................................8

2.4. APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO POR OPÇÕES REAIS .............................................................................. 10

2.5. PRINCÍPIOS DE AVALIAÇÃO DE OPÇÕES REAIS: .................................................................................. 15

2.5.1. Portfólio de hedge ......................................................................................................................... 15

2.5.2. Modelagem por árvore binomial.................................................................................................. 17

2.5.3. Abordagem neutra em relação ao risco....................................................................................... 19

2.5.4. Determinação da volatilidade ...................................................................................................... 26

2.5.4.1. Volatilidade do ativo negociado ................................ ................................ ............................... 26

2.5.4.2. Análise de Monte Carlo ................................ ................................ ................................ ........... 27

2.6. LIMITAÇÕES DA MODELAGEM POR OPÇÕES REAIS ............................................................................. 27

2.6.1. Modelo de FCD............................................................................................................................. 28

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2.6.2. Custo de capital - WACC.............................................................................................................. 28

2.6.3. Volatilidade das variáveis ............................................................................................................ 29

2.6.4. Árvores binomial e quadrinomial recombinantes....................................................................... 29

2.6.5. Portfólio de hedge ......................................................................................................................... 30

2.6.6. Fronteiras da aplicação de opções reais..................................................................................... 31

3. O ESTUDO DE CASO .............................................................................................................................. 33

3.1. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG ........................................................................... 33

3.2. APLICAÇÕES DE SIG ........................................................................................................................... 37

3.3. O SETOR DE GEO-TECNOLOGIA ......................................................................................................... 38

3.4. AS ORIGENS DO PROJETO ESTUDADO.................................................................................................. 40

3.4.1. A Vist@erea e o site Belo Horizonte............................................................................................ 40

3.4.2. O modelo de negócio..................................................................................................................... 41

3.5. O NOVO NEGÓCIO VISTA RIO.............................................................................................................. 42

3.5.1. As razões para implementar o site Vista Rio............................................................................... 42

3.5.2. Premissas do modelo de negócio ................................................................................................. 43

4. METODOLOGIA ...................................................................................................................................... 45

4.1. VALIDAÇÃO DOS DADOS E DO MODELO ............................................................................................. 46

4.2. PRIMEIRO PASSO: AVALIAÇÃO POR FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ................................................ 47

4.2.1. Custo de capital............................................................................................................................. 47

4.2.2. Prazo e períodos............................................................................................................................ 49

4.2.3. Investimentos e receitas ................................................................................................................ 50

4.2.3.1. Investimentos ................................ ................................ ................................ .......................... 50

4.2.3.2. Despesas mensais ................................ ................................ ................................ .................... 52

4.2.3.3. Receitas e custos associados................................ ................................ ................................ ..... 52

4.2.4. Projeção do fluxo de caixa livre e cálculo do valor do projeto sem flexibilidade.................... 55

4.3. SEGUNDO PASSO: AVALIAÇÃO DA VOLATILIDADE DO PROJETO ........................................................ 57

4.3.1. Determinação das variáveis incertas mais relevantes................................................................ 58

4.3.2. Definição do tipo de distribuição e correlação das principais variáveis.................................. 60

4.3.3. Cálculo da volatilidade única do projeto .................................................................................... 62

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4.4. TERCEIRO PASSO: MODELAGEM DE ÁRVORE BINOMIAL .................................................................... 64

4.5. QUARTO PASSO: MODELAGEM E CÁLCULO DAS OPÇÕES REAIS PRESENTES NO PROJETO ................. 66

4.5.1. Modelagem de opção real de abandono por valor de recuperação.......................................... 67

4.5.1.1. Ativos a serem considerados para o cálculo do valor de recuperação ................................ ......... 67

4.5.1.2. Depreciação comercial dos ativos a serem vendidos................................ ................................ .. 67

4.5.2. Modelagem de opção real de expansão....................................................................................... 69

4.5.2.1. Avaliação clássica do site Vista SP ................................ ................................ ........................... 69

4.5.2.2. Cálculo do múltiplo sobre o valor presente do site RJ................................ ................................ 71

4.5.3. Montagem da árvore de decisão com flexibilidade .................................................................... 72

5. RESULTADOS E ANÁLISE.................................................................................................................... 74

5.1. VALOR DAS OPÇÕES REAIS EMBUTIDAS NO PROJETO VISTA RIO ...................................................... 74

5.2. ANÁLISE E LIMITAÇÕES DO CASO APRESENTADO .............................................................................. 78

5.2.1. Opção de abandono: entraves ao exercício ................................................................................ 78

5.2.2. Opção de expansão: limites do orçamento de capital ................................................................ 79

5.2.3. Probabilidades de ocorrência das opções reais no caso estudado ........................................... 81

5.2.4. Outras limitações do caso estudado ............................................................................................ 82

6. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 83

BIBLIOGRAFIA:................................................................................................................................................. 86

ANEXO I ............................................................................................................................................................... 90

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1– Distribuição de probabilidades objetivas e neutras ao risco para diversos passos

............................................................................................................................................23

Figura 2 – Probabilidades objetivas e neutras em função do Payoff para 10 passos............24

Figura 3 - Componentes típicos de uma base de dados SIG ..................................................34

Figura 4 - Imagem antes e após tratamento de retificação - Fonte: Landsat 7......................36

Figura 5 – Níveis de Mapa Urbano Básico de: 0 (arruamento), à: 5 (dados cadastrais) .....37

Figura 6 - Composição de receitas do projeto Vista Rio ........................................................54

Figura 7 - Estrutura do cálculo do Valor Presente e do Valor Presente Líquido do projeto56

Figura 8 - Sensibilidade da variável de previsão às variáveis incertas ..................................60

Figura 9 – Frequência de distribuição e cumulativa da variável Z ........................................63

Figura 10 - Frequência de distribuição do VPL, projeto Vista Rio .......................................64

Figura 11 – Passo de cálculo da árvore binomial recombinante............................................65

Figura 12 – Árvore binomial de valores do projeto Vista-Rio sem flexibilidades – R$ 1000

............................................................................................................................................66

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Figura 13 – Árvore de eventos com opções reais (R$ 1000) .................................................73

Figura 14 – Árvore de decisão do projeto Vista Rio ..............................................................75

Figura 15 – Árvore de decisão: opção de expansão isolada...................................................76

Figura 16 - Árvore de decisão: opção de abandono isolada...................................................76

Figura 17 – Nó de abandono obrigatório .................................................................................79

Figura 18 – Valor das opções reais em função do primeiro período de exercício da opção

de expansão .......................................................................................................................80

Figura 19 – Probabilidades do exercício das opções reais período à período.......................81

Figura 20 – Probabilidades compostas acumuladas................................................................82

Figura 21 – Fluxo de receitas do Projeto Vista Rio ................................................................91

Figura 22 – Fluxo de Caixa Livre do Projeto Vista Rio - R$.................................................92

Figura 23 – Fluxo de receitas do site Vista SP........................................................................93

Figura 24 – Fluxo de caixa livre do site Vista SP – R$..........................................................94

Figura 25 – Valore de entrada inicial das variáveis no fluxo de receitas do site Vista SP

para cálculo do múltiplo da opção de expansão por período .........................................95

Figura 26 – Árvore de eventos sem flexibilidade do projeto Vista Rio (R$ 1000) ..............96

Figura 27 - Árvore de eventos sem flexibilidade do projeto Vista Rio (R$ 1000) – escala

logarítmica.........................................................................................................................97

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Figura 28 - Árvore com flexibilidades de opções reais incorporadas do projeto Vista Rio

(R$ 1000)...........................................................................................................................98

Figura 29 - Árvore com flexibilidades de opções reais incorporadas do projeto Vista Rio

(R$ 1000) – escala logarítmica ........................................................................................99

Figura 30 - Árvore com flexibilidades da opção real de expansão isolada do projeto Vista

Rio (R$ 1000) – escala logarítmica .............................................................................. 100

Figura 31 - Árvore com flexibilidades da opção real de abandono isolada do projeto Vista

Rio (R$ 1000) – escala logarítmica .............................................................................. 101

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Variáveis do cálculo de opções reais.....................................................................18

Tabela 2 - Árvore de probabilidades objetivas........................................................................22

Tabela 3 – Árvore de probabilidades neutras em relação ao risco.........................................22

Tabela 4 – Árvore de eventos binomial recombinante ...........................................................23

Tabela 5 – VP com probabilidades objetivas ..........................................................................24

Tabela 6 – VP com probabilidades neutras ao risco ...............................................................25

Tabela 7 – Características dos principais satélites comerciais em uso ..................................35

Tabela 8 - Mercado de SIG - US$ Milhões - Fonte: Gartner Group - 2000 .........................39

Tabela 9 – Cálculo do coeficiente • do projeto Visto Rio .....................................................48

Tabela 10 – Metodologia para cálculo do custo de capital do projeto Vista Rio .................48

Tabela 11 – Cálculo das taxas nominais de desconto e sem risco para o projeto Vista Rio 49

Tabela 12 - Investimentos e despesas do projeto Vista Rio ...................................................51

Tabela 13 - Projeção das variáveis do fluxo de caixa do projeto Vista Rio ..........................55

Tabela 14 – VP e VPL do projeto Vista Rio ...........................................................................57

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Tabela 15 – Desvio padrão das variáveis incertas do projeto Vista Rio ...............................59

Tabela 16– Faixa de volatilidade das variáveis mais relevantes............................................61

Tabela 17 – Correlações das principais variáveis do modelo ................................................62

Tabela 18 – Valor de recuperação do projeto Vista Rio (R$ 1000).......................................68

Tabela 19 – Investimentos em bases cartográficas necessários para o projeto Vista SP .....70

Tabela 20 – Múltiplo de vendas entre Rio e São Paulo ..........................................................71

Tabela 21 – VPL do projeto Vista SP – R$.............................................................................71

Tabela 22 – Fator e preço de exercício (R$ 1000) da opção de expansão ............................72

Tabela 23 – Valor das opções reais ..........................................................................................74

Tabela 24 - Valor das opções reais em função do primeiro período de exercício da opção

de expansão .......................................................................................................................80

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INDICE DE FÓRMULAS

Fórmula 1 – Valor presente no nó: n .......................................................................................18

Fórmula 2 – Movimentos ascendente e descendente..............................................................19

Fórmula 3 – Probabilidades objetivas ......................................................................................19

Fórmula 4 – Probabilidades neutras ao risco...........................................................................19

Fórmula 5 – Valor da opção de compra...................................................................................20

Fórmula 6 – Taxa de retorno em T ..........................................................................................57

Fórmula 7 – Variável de previsão ............................................................................................58

Fórmula 8 – Volatilidade semestral percentual de variáveis incertas....................................58

Fórmula 9 - Volatilidade semestral de variáveis incertas .......................................................59

Fórmula 10 - Ampliação da faixa de volatilidade...................................................................61

Fórmula 11 – Taxa de pagamento de dividendos em T ..........................................................65

Fórmula 12 – Cálculo do preço de exercício da opção de abandono por recuperação .........68

Fórmula 13 – Múltiplo Vista Rio x São Paulo ........................................................................71

Fórmula 14 – VP expansão.......................................................................................................72

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RESUMO

O presente trabalho propõe -se a estudar uma aplicação da avaliação de projetos

corporativos à luz da teoria das opções reais, para o setor de sistemas de informação

geográficas (SIG), mostrando suas vantagens sobre a avaliação tradicional. A metodologia

visa comparar o valor de uma avaliação por valor presente líquido de um projeto de capital

de risco, ao valor de suas flexibilidades gerenciais incorporadas quando se está num

ambiente de incertezas. Pela avaliação por opções reais, obtêm-se também indicações de

alternativas para a estratégia gerencial e principalmente consegue-se mensurar o valor

destas, que geralmente é apenas quantificado de forma intuitiva pela gerência. Para tal o

estudo calcula a volatilidade do projeto em questão combinando as volatilidades de suas

variáveis incertas numa única, por uma simulação (Método de Monte Carlo). A avaliação é

realizada em quatro passos: avaliação clássica do valor presente do projeto, cálculo da sua

volatilidade, construção da árvore de eventos do projeto e incorporação das flexibilidades

com cálculo do valor resultante das opções reais. Obtém-se finalmente o valor das

flexibilidades compostas e isoladas, as indicações de pontos de controle para exercício das

flexibilidades pela gerência, e a avaliação das opções estratégicas a serem seguidas pela

gestão.

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ABSTRACT

This Dissertation studies the valuation of a corporate project in the geographic information

system (GIS) field, in light of real options theory, showing its advantages over a traditional

model. The methodology used compares a venture capital project’s net present value, with

one incorporating its flexibility values in an uncertain environment. Through real options

valuation, clear management strategies indications can be obtained and quantified, which

are usually only subjectively estimated by management. This study estimates the project’s

volatility, by combining all of its uncertain variables volatilities through a simulation

(Monte Carlo Method). The valuation is done in four steps: classical present value

calculation, project volatility estimation, event tree construction and finally flexibility

incorporation into the decision tree with subsequent value calculation of real options. Thus

are obtained not only the values of combined and isolated flexibilities, but also clear

indications of control points for management decision taking over options exercises, as

well as values of these strategic options.

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1. OBJETIVO DO ESTUDO

1.1. Introdução

A flexibilidade financeira e gerencial em projetos corporativos requer novas formas de

avaliação pois as ferramentas tradicionais fundamentadas em fluxo de caixa descontado

(FCD) não se aplicam com eficiência e precisão a uma gama de projetos corporativos. É o

caso daqueles cuja volatilidade das premissas e dos resultados projetados, além de outros

aspectos como a capacidade de alterar o projeto em função de novas informações, são

fortes características. Entre as novas ferramentas disponíveis para análise mais apropriada

de orçamento de capital para projetos com essas características encontramos

principalmente a análise por opções reais e por árvore de decisão (decision tree analysis)

(Amram 2002).

A análise por opções reais (ou Real Option Analysis – ROA) é a ferramenta mais adequada

para dimensionar o valor das flexibilidades gerenciais e estratégicas , embutidas tanto nos

projetos corporativos quanto no valor das empresas. Segundo Amram (2002), a

flexibilidade oriunda das oportunidades de gerar fluxos de caixa futuros ainda não

dimensionados no valor presente, pode alterar significativamente o valor de projetos que

poderiam ter seu orçamento de capital reprovado por uma simples análise de fluxo de caixa

descontado (FCD).

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Neste estudo será avaliado um projeto de Sistemas de Informação Geográfica - SIG (ou

Geographic Information Systems - GIS ), setor de tecnologia bem específico, com forte

expansão no Brasil e no mundo. As características do projeto analisado, sugerem que seu

valor econômico depende de opções reais embutidas que poderão ser exercidas no futuro.

1.2. Definição do problema

O problema a ser tratado por este estudo refere-se à utilização no meio corporativo das

ferramentas de avaliação por opções reais já reconhecidas academicamente, porém ainda

pouco utilizadas para avaliação de orçamento de capital e decisão de investimento. Estas

ainda são de difícil interpretação por parte dos executivos das áreas financeiras de

corporações, mas já começam a serem difundidas e despertam o interesse dessas áreas.

A m etodologia tradicional de projetar um fluxo de caixa livre e descontar este (FCD) a um

custo médio ponderado de capital (CMPC), obtendo-se assim um valor presente líquido

(VPL) assume que as decisões ao alcance dos executivos são apenas: entrar e ficar ou

rejeitar. Segundo Dixit e Pindyck (1995) a regra básica do VPL é bem simples e direta,

mas implica erroneamente que o investimento em questão não pode ser adiado. Da mesma

forma essa metodologia de VPL passivo, supõe a hipótese implícita que nenhuma decisão

nova é tomada após aceitação de uma decisão de investimento.

A avaliação de projetos que envolvem grande volatilidade quanto a suas premissas e

projeções além de diversas flexibilidades gerenciais, se torna difícil pelas ferramentas

tradicionais. Estas não somente tendem a tentar adaptar sua metodologia a uma situação

que foge a sua capacidade, como também não capturam o valor da flexibilidade financeira

que esses projetos embutem (Amram, 2002).

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Desenvolve-se então o conceito de valor presente líquido expandido: este é a soma do

valor presente líquido (VPL) passivo ou tradicional derivado do FCD, somado ao valor

oriundo da flexibilidade gerencial de poder adaptar sua estratégia a novas informações

oriundas do mercado (Trigeorgis, 1993).

A existência também de um modelo de negócios flexível e de grande adaptabilidade a

novas situações, faz com que a análise por opções reais seja a mais adequada não somente

para capturar o verdadeiro valor envolvido em projetos dessa natureza, como também para

apontar e dimensionar as alternativas estratégicas presentes (Amram e Kulatilaka, 1999).

O objetivo deste trabalho é, através de um estudo de caso real, avaliar um projeto de

tecnologia que embute dois tipos de opções reais e comparar essa avaliação com uma sem

flexibilidade.

O projeto em questão tem uma forte característica de investimento com capital de risco

(venture capital) por se tratar de um empreendimento de tecnologia no Brasil com

necessidade de investimento inicial em patamar acima do disponível por parte dos sócios

fundadores. Essa característica, além da flexibilidade gerencial que envolve, o torna um

caso interessante para ser avaliado a luz da teoria das opções reais.

O projeto denominado: Vista Rio , consiste na implementação de uma plataforma de

Sistema de Informação Geográfica (SIG), e de um site de cartografia digital do grande Rio

de Janeiro sobre base de dados fotográfica. Esse modelo replica e expande uma experiência

similar da cidade de Belo Horizonte – MG, pelos mesmos empreendedores. O setor de SIG

tradicionalmente de domínio militar e governamental, tem encontrado amplas aplicações

na área corporativa para qualquer atividade que tenha necessidade de interação geográfica.

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1.3. Justificativa e relevância

Este estudo tem a intenção de colaborar com os trabalhos existentes na área de avaliação

de projetos por opções reais no Brasil, trazendo contribuição em três principais aspectos:

• Contribuir com a área acadêmica de finanças, com possíveis dados sobre caso real de

utilização de ferramentas inovadoras em termos de aplicação prática no Brasil;

• Contribuir com a área de valuation de empresas e investidores em venture capital com

uma descrição de ferramentas para avaliação de investimentos em projetos que

envolvam volatilidade e flexibilidade, para os quais as metodologias tradicionais não

têm conseguido capturar o valor subjacente das opções reais embutidas.

• Demonstrar o quanto a avaliação por opções reais pode melhorar a qualidade das

decisões corporativas, não somente no âmbito de decisão de investimento mas também

apontando e valorando as alternativas estratégicas presentes.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Opções financeiras

As opções financeiras são títulos derivativos, condicionados a incerteza do valor de um

ativo negociado. É um direito que, sem obrigação, pode ou não ser exercido.

As opções podem ser do tipo Americanas ou Européias, apesar de existirem outras

modalidades menos estudadas com as opções Asiáticas e Barreira (Frota, 2003).

Basicamente, as opções européias somente podem ser exercidas no vencimento, já as

opções do tipo americanas podem ser exercidas a qualquer momento de sua vida. No

entanto o exercício antecipado nas opções de compra sem dividendos é ineficiente, levando

estas a serem avaliadas como opções européias (Copeland e Antikarov, 2002).

O apreçamento de opções financeiras foi abordado pela primeira vez envolvendo

matemática derivada do cálculo estocástico por Black e Scholes (1973), tendo como

premissas que: os preços estarão ajustados e que não existe possibilidades de arbitragem,

que as ações variam continuamente, e que as taxas de juros e volatilidade das ações são

constantes durante a vida da opção. A fórmula desenvolvida por eles foi apresentada para

calcular opções do tipo européias, que não pagam dividendos. Posteriormente foi

desenvolvida variação para incluí-los.

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Desde então discute -se a aplicação de metodologia própria para avaliar a flexibilidade

existente em projetos corporativos que não pode ser capturada pelo modelo tradicional de

fluxo de caixa projetado e descontado (FCD).

2.2. Valor presente expandido

A cada dia mais é reconhecido que a ótica do valor presente líquido (VPL) do FCD para

dimensionar o orçamento de capital é inadequada, pois não captura devidamente a

flexibilidade dos gestores em adaptar-se a novas informações e responder adequadamente a

estas (Trigeorgis, 1993). Esse autor já cita o VP completo (ou expandido) de uma empresa

ou projeto como sendo:

VP expandido (estratégia) = VP (passivo) de fluxos de caixa esperados

+ valor das opções da gestão ativa

Ross, (1995) reconhece claramente que o FCD se torna muito limitado para a maioria dos

investimentos e só tem real valor aonde a oportunidade de investir desaparece

instantaneamente se não for exercida naquele momento. Mas na verdade a grande maioria

dos investimentos possui algum lapso de tempo dentro do qual podem ser feitos e

portando, embutem uma flexibilidade que não tem seu valor capturado pela análise

tradicional. Amram e Kulatilaka (2000) lembram que vivemos num período de alta

incerteza e e sta se transfere para os investimentos corporativos . Surgem então novas e

promissoras ferramentas que tem atraído a atenção dos acadêmicos.

Roll, (1994) estabelece um leque de assuntos relativos a finanças que segundo ele deveria

fazer parte do repertório de ferramentas de todo executivo financeiro (gerentes e diretores).

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Para o autor, a teoria de opções deveria ser o 1º tópico a ser estudado em finanças pela sua

relevância, mesmo antes da aritmética de calculo de descontos. Apesar de serem mais

utilizados na indústria financeira, os modelos de apreçamento de opções também

encontram aplicações práticas em outras áreas, pois vários orçamentos de projetos possuem

características e componentes de opções, como a securitização de ativos.

Também Luehrman (1997) discorre sobre a necessidade dos executivos, e não só os

executivos financeiros, de ter ferramentas práticas para valoração de ativos e operações, e

por conseqüente para avaliação de investimentos. Ele lembra que a maioria das empresas

usa avaliação por fluxos de caixa descontados e custo médio ponderado de capital (CMPC

ou WACC – Weighted Average Cost of Capital). Com a queda do custo de computação -

ferramentas mais versáteis estão ao alcance de qualquer executivo financeiro permitindo -

lhes modelar com mais facilidade as avaliações de suas empresas.

O autor propõe então ferramentas complementares para cada tipo de problemas

envolvendo valoração. Sendo que entre elas, a que mais se aplica a valorar oportunidades

de negócios é o apreçamento de opções. Isto porque para algumas empresas, as

oportunidades são seu ativo mais valioso. Freqüentemente, a falta de instrumentos de

valoração de oportunidades, leva os executivos a investir nelas demasiadamente pois usam

como base para decisão sua própria apreciação e lastreiam a defesa da oportunidade em

questão em julgamentos muitas vezes subjetivos.

Ainda, segundo Luehrman (1997), em termos financeiros uma oportunidade pode ser

comparada a uma opção e ser valorada da mesma forma. A chave para isso está em

conseguir detectar as correspondências entra as características do projeto e de uma opção.

Portanto, a ferramenta ideal para valorar oportunidades e flexibilidades da mesma forma

que opções deve ser fácil de aprender e entender e deveria utilizar dados da mesma origem

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que os dos fluxos de caixa já usados pelos analistas. Mas a maior habilidade requerida do

executivo generalista que vier a usá-la deve ser de conseguir reconhecer uma opção real.

2.3. Opções Reais

Uma opção real é o direito, e não a obrigação, de agir (i.e. abandonar, expandir, adiar,etc.)

a um custo predeterminado, chamado de preço de exercício, durante um período de tempo

determinado pela duração da opção, chamado de período de exercício. Diferente de uma

opção financeira que modela o direito de compra ou venda de um ativo financeiro, a opção

real reflete as várias alternativas que uma companhia possui em um projeto de

investimento de capital (Dezen, 2001).

Kulatilaka (1993) afirma que as técnicas de opções reais, ao tornar endógenas as regras de

operação e capturar explicitamente a flexibilidade e seus efeitos sobre a incerteza,

fornecem um tratamento consistente do risco envolvido na avaliação de projetos flexíveis.

Trigeorgis (1993) ilustra os principais tipos de opções reais com um exemplo de aplicação

a um projeto de extração e refino de petróleo. Ele se preocupa em estabelecer uma

metodologia clara e definida para o apreçamento de opções reais, assim como a definição

dos principais tipos e formas geralmente encontradas nos projetos corporativos.

a) A opção de diferir o investimento.

É análoga a uma opção de compra americana (call), na qual de tem a oportunidade de

esperar informações de mercado que permitam aumentar o valor do projeto. No seu

exemplo essa opção permite resolver a incerteza dos preços de petróleo durante esse

período.

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b) A opção de interromper a implementação (default during construction).

Modelada como uma opção de venda americana (put). Geralmente os investimentos de

capital em projetos desse porte e tipo (refinaria de petróleo) não são realizados num único

período mas escalonados e podendo então ser interrompidos.

c) Opção de interromper (e recomeçar) um projeto um projeto.

Modelada como uma opção de venda americana (put) pela qual se limita a perda eventual

oriunda do projeto no caso deste não ter que operar a cada período, como é o caso de

produção e refino de petróleo.

d) Opção de expansão.

Modelada como uma opção de compra americana (call), no caso de condições favoráveis

como preços de petróleo em alta, considera um aumento da produção com um custo de

investimento.

e) Opção de contrair.

Modelada por uma opção de venda americana (put), no caso de condições abaixo do

esperado, permite operar abaixo do nível projetado inicialmente.

f) Opção de abandono por valor de recuperação (salvage value).

Modelada por uma opção de venda americana (put), no caso de preços baixos ou baixo

retorno do projeto é a opção pela qual este pode ser interrompido para suspender os custos

fixos e os ativos vendidos em mercados secundários.

g) Outros tipos.

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Também descritos por Trigeorgis (1993) consistem em modelos mais complexos ou

composição dos modelos acima citados:

• Opção de conversão:

Permite a um projeto trocar modos de operação a um custo fixo como do caso de uma

refinaria de petróleo ser projetada para poder ter suas operações funcionando com dois

combustíveis alternativos;

• Opções arco-íris, ou opções com múltiplas fontes de incerteza;

Permite avaliar por árvore de decisão, binomial ou quadrinomial (ver, por exemplo,

Copeland e Antikarov, 2002), projetos que envolvam várias incertezas não

correlacionadas.

• Opções compostas e ou seqüenciais.

Permite avaliar por árvore de decisão projetos nos quais compra-se o direito de exercer

uma ou mais opções no futuro de forma sequencial.

2.4. Aplicações da avaliação por opções reais

Exemplos de aplicações na literatura internacional:

Além do exemplo dado por Trigeorgis (1993) sobre a avaliação por opções reais das

flexibilidades envolvendo um projeto de exploração e refino de petróleo, podemos citar

diversos outros que demonstram a aplicabilidade da teoria de opções reais:

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• Kulatilaka (1993) alega que na literatura sobre opções reais, as aplicações citadas tem

sido limitadas e altamente estilizadas para manter a rastreabilidade matemática, e nos

dá um exemplo prático e real de avaliação por opção real de conversão de um boiler

industrial bi-combustível. O equipamento avaliado pode ser operado com gás natural

ou óleo combustível e tem um prêmio de preço de aquisição. Ele modela a flexibilidade

tecnológica como uma opção de compra (call) sobre o preço da fonte de energia mais

barata. O autor demonstra que as incertezas podem ser reduzidas à relação de preços

entre os dois tipos de combustível e que não existe custo de transferência de operação

de um para o outro. A vantagem financeira da flexibilidade supera o prêmio de preço

do equipamento frente aos tipos de combustível único.

• Também Kenma (1993) descreve um exemplo prático desenvolvido com a Shell. Nesse

caso é discutida a opção de deferimento do início de operação, típico da indústria de

exploração de petróleo de gás offshore. O autor conclui que pode ser vantajoso incorrer

em custos adicionais para se manter um projeto não rentável atualmente, mas que

engloba um determinado nível de risco, ou volatilidade. Descreve a seguir a opção de

crescimento de um projeto de risco, no qual há um problema de investimentos

seqüenciais. Nele o investimento total do projeto consiste numa série de opções de

compra (call) sobre o valor de mercado do projeto instalado.

• Trigeorgis (1998) lembra que a futura posição de competitividade de uma empresa é

determinada pela criação hoje de futuras oportunidades de investimento. Uma

estratégia de criação de valor, pode ser dirigida a investimentos que incluam um

conjunto de projetos multi-estágios, ou sequenciais, os quais podem apresentar um

retorno baixo quando considerados individualmente. Esse tipo de estratégia envolve a

aquisição de opções de crescimento futuro para a empresa. Esses projetos não devem

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ser vistos como investimentos independentes, mas como elos numa cadeia de projetos

inter-relacionados.

Portanto esses investimentos multi-estágio podem ser modelados como uma opção de

compra (call) tendo como ativo subjacente o valor do projeto e como preço de

exercício os investimentos necessários. Na seqüência de seu artigo o autor dá como

exemplos dois investimentos avaliados por opções reais de expansão seqüenciais: o

caso de investimentos em infra-estrutura tecnológica na companhia estatal de telefonia

cipriota, e a opção de expansão internacional do Banco de Chipre.

Exemplos de aplicações na literatura brasileira

• Dezen (2001) defende a hipótese de que uma tecnologia de maior flexibilidade de

execução, deve ter maior valor se comparada a uma outra que não permita essa

flexibilidade. Para tal utiliza duas hipóteses sendo a primeira de que a teoria de opções

reais (TOR) permite que o valor de um projeto de desenvolvimento de um campo

marítimo de petróleo, que é subestimado pela metodologia de Fluxo de Caixa

Descontado (FCD), seja calculado corretamente. E a segunda, que para cada alternativa

tecnológica existe um conjunto diferente de opções reais com maturidades variadas, o

que influencia no valor total do projeto calculado através dessa teoria. O autor

apresenta três estudos de casos em que as diferentes alternativas tecnológicas são

analisadas, para fins de comparação, através das duas técnicas, FCD e TOR. A

metodologia empregada para determinar a volatilidade dos casos é baseada no

movimento Browniano, ou processo de Weiner, ou conhecido também como o

caminho aleatório (random walk) do valor do projeto. A simulação de Monte Carlo e

feita então sobre a variável mais influente dos projetos e que possui maior volatilidade:

o preço do petróleo. Então por árvore de decisão o autor confirma sua hipótese.

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• Silva (2002) aplica a avaliação por opções reais a uma empresa de tecnologia do

segmento de banda larga, e avalia as opções de expansão e de abandono por valor de

recuperação embutidas. A autora utiliza a metodologia em quatro passos descrita por

Copeland e Antikarov (2002) e determina a volatilidade do projeto por uma simulação

de Monte Carlo sobre as variáveis incertas do projeto. Estas são principalmente

retiradas dos balanços da empresa: crescimento de vendas, margens, taxa de juros e

prazos. Ela modela então uma árvore binomial recombinante de nove passos na qual

embute as flexibilidades gerenciais de abandono e expansão. A opção de abandono tem

seu preço de exercício como um percentual do valor do ativo permanente projetado da

empresa. Já a opção de expansão é definida como a flexibilidade de dobrar a rede

instalada (investimento igual ao do ativo permanente, ou seja o preço de exercício),

gerando um fluxo de resultados também multiplicado por dois. Esta última modelagem,

apesar de simplista, demonstra a possibilidade de expansão da empresa. Ela conclui

também que as duas opções não são independentes e que portanto quando avaliadas

conjuntamente dão um resultado diferente de cada uma por si só.

• Brandão (2002) utiliza a Teoria de Opções Reais para avaliar uma concessão rodoviária

no Brasil, concedida no programa nacional de privatização, e que engloba flexibilidade

gerencial num mercado incompleto e com risco político. Ele avalia uma opção de

abandono e outra de expansão. Visto que a operação é uma concessão governamental, a

flexibilidade embutida na operação, trata de cláusulas contratuais do próprio contrato

de concessão, especialmente a opção de abandono. O autor utiliza uma variação da

metodologia proposta por Copeland e Antikarov (2002) com uma árvore de decisão

binomial para modelar o valor do projeto em função de seus fluxos de caixa

estocásticos, de forma que o valor do projeto siga um movimento geométrico

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browniano com parâmetros determinados. O projeto tem três fontes de incerteza

estocásticas que constituem riscos de mercado (risco de tráfego, taxa de câmbio e risco

de inflação e taxa de juros) e inclui também um fator de risco privado ou não

sistemático: o risco político de redução de preço do pedágio. Os resultados mostram

que o valor do projeto aumenta com as opções reais e que a expansão tem valor bem

superior ao da opção de abandono. É interessante também notar que o risco político

(não sistemático) afeta negativamente o resultado do projeto fazendo com que o seu

valor seja reduzido. No entanto, apesar de ser um estudo de caso, o autor não explicita

o calculo para o fator de expansão ou para o investimento de expansão. Da mesma

forma ele pressupõe que os eventos de expansão ocorrerão em três anos

predeterminados, fazendo que a expansão não seja um resultado das variáveis

endógenas do projeto. Apesar do método utilizar os fluxos de caixa livres do projeto

como ativo subjacente, o método é complexo e computacionalmente intensivo.

• Também Santos e Pamplona (2003), mostram a aplicação da teoria de opções reais na

avaliação de um projeto de pesquisa e desenvolvimento no qual o primeiro estágio da

exploração do investimento adquiri a opção de continuar com o segundo estágio de

desenvolvimento, e assim por diante, num modelo de opção composta descrita por

Amram e Kulatilaka (2000).

• Rocha (2003) utiliza um processo de arvore quadrinomial, também descrito por

Copeland e Antikarov (2002) para avaliar as opões de expansão e contração de uma

linha aérea internacional, na qual existem duas fontes de incerteza não correlacionadas.

A indústria de transporte aérea está sujeita a fontes de incertezas de receita de

passageiros e também de custos como o de combustível. O trabalho mostra que a

flexibilidade existente acerca das opções adiciona valor considerável aos ativos de uma

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empresa aérea. Vale notar que o processo de cálculo de opções por árvore

quadrinomial, além de ser em muito mais complexo de modelar do que aquele por

árvore binomial, permite apenas considerar duas fontes de incerteza, apesar de abordar

de forma muito consistente a volatilidade destas variáveis (quando não

correlacionadas) e seu impacto no modelo.

• Ramos (2003) analisa com o apoio da teoria de opções reais como se dão as operações

de financiamento de aeronaves, e a importância da flexibilidade de compra concedida

às companhias aéreas pelos fabricantes, que são as opções comumente negociadas no

setor. Para tal, utiliza um modelo contínuo derivado do modelo de Black e Sholes

(1973) desenvolvido por Schwartz e Smith (2000) para apreçar opções derivadas de

commodities segundo um movimento de reversão à média, que melhor caracteriza a

indústria de transporte aéreo. Esse modelo calcula o preço bruto da opção contratual de

compra da aeronave e o preço relativo dessa opção é obtido reduzindo dela o preço da

opção de adiar o investimento. A autora demonstra então que a flexibilidade de compra

e entrega de aeronaves tem grande importância para as companhias aéreas e pode ser

verificada no valor da aeronave e nas opções oferecidas. Dessa forma permite que as

companhias gerenciem melhor as incertezas do mercado obtendo retornos mais

estáveis.

2.5. Princípios de avaliação de opções reais:

2.5.1. Portfólio de hedge

As opções reais possuem características das opções financeiras chamadas americanas, pois

diferentemente das européias, apresentadas no capítulo 2.1, elas podem ser exercidas antes

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de seu vencimento. Essa característica, assim como a possibilidade de pagamento de

dividendos, ou retiradas de fluxo de caixa livre, fazem com que a formula de Black e

Sholes (1973) não se aplique com amplitude para projetos corporativos.

Desde que Cox, Ross e Rubinstein (1979) reconheceram a forma de replicar uma opção a

partir de um portfólio equivalente , ou replicante, de ativos negociados, o apreçamento de

opções foi muito facilitado.

A abordagem apresentada por Copeland e Antikarov (2002 – p. 97) parte de um portfólio

de hedge composto de uma ação de um ativo subjacente, replicante do projeto em questão,

e uma posição vendida de uma certa quantidade de ações da opção que está sendo

apreçada. Esse coeficiente de hedge é determ inado de jeito que o portfólio esteja livre de

risco: dessa forma uma eventual perda com o ativo replicante será compensada pelo ganho

da posição vendida da opção de compra. No entanto para se poder fazer uso desse principio

é necessário considerar a atuação em mercados completos nos quais sempre existirá uma

carteira de ações que possa simular o projeto avaliado. Quando não é possível montar um

portfólio de ativos que mapeie as mudanças estocásticas do projeto, ou quando a correlação

entre o projeto e o portfólio de mercado é menos do que perfeita, diz-se que o mercado é

incompleto.

Copeland e Antikarov (2002) propõem então que se adote o Valor Presente (VP) do projeto

sem nenhuma opção, com a taxa de desconto calculada de acordo com o CAPM (ou seja

uma avaliação pelo método de FCD tradicional), como o seu valor de mercado. Isso

permite a utilização do próprio projeto como o ativo básico do projeto com opções. A esta

premissa dão o nome de Market Asset Disclaimer (MAD). A utilização do próprio projeto

como seu ativo básico e parte do seu portfólio replicante, torna o mercado completo para

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este projeto, e garante então uma perfeita correlação entre o projeto e este portfólio

replicante.

2.5.2. Modelagem por árvore binomial

A modelagem através de arvores binomiais é bastante simples, sem o uso de equações

complexas, além de ter grande flexibilidade para representar praticamente qualquer tipo de

opção real descrita mais acima. Com ela também se contorna as principais lacunas da

formula de Black e Sholes (1973), pois sendo uma modelagem discreta, possibilita a

análise de opções americanas, checando-se em cada nó o exercício ou não da opção

modelada. Também permite considerar o pagamento de dividendos, além de vários outros

aspectos envolvendo a vida real de projetos facilmente modelados em planilha de cálculo.

Copeland e Antikarov (2002) usam um processo de arvore binomial baseado no ativo

replicante e uma posição em renda fixa. Esta abordagem, assim como sua derivada

quadrinomial, explorada por Rocha (2003) na sua modelagem de uma linha aérea,

apresenta diversas vantagens: entre elas a visão clara da opção estratégica que pode ser

adotada e o quanto esta contribui para aumentar o valor de um projeto.

“O valor presente (VP), as probabilidades objetivas multiplicadas pelos retornos e a taxa

de retorno ajustada ao risco formam uma tríade de suposições que devem ser mutuamente

compatíveis. Dadas quaisquer duas delas, podemos resolver para a terceira.” 1.

Se considerarmos as variáveis como seguem:

1 Copeland e Antikarov (2002, p. 100)

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Tabela 1 – Variáveis do cálculo de opções reais

r taxa livre de risco (ao ano)

n número de períodos da opção

T vida da opção (em anos)

σ volatilidade do projeto (ao ano)

k custo de capital do projeto (ao ano)

Vi valor presente num nó no período i

u fator de movimento ascendente na árvore binomial

d fator de movimento descendente na árvore binomial

Vu valor presente no nó posterior ao período i, pelo movimento ascendente

Vd valor presente no nó posterior ao período i, pelo movimento descendente

q probabilidade objetiva de ocorrer o movimento ascendente na árvore binomial

1-q probabilidade objetiva de ocorrer o movimento descendente na árvore binomial

Considerando em qualquer nó da árvore binomial, em que i não seja o período final:

Pela tríade definida por Copeland e Antikarov (2002), teremos:

Fórmula 1 – Valor presente no nó: n

( ) nTk

dui eVqVqV ×−××−+×= )1(

Como:

Vi

Vu = Vi x u

Vd = Vi x d

q

1-q

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Fórmula 2 – Movimentos ascendente e descendente

nT

euσ

= , e: ued nT 1==

−σ

Temos portanto:

Fórmula 3 – Probabilidades objetivas

dudeq

nTk

−−=

×

, e: du

euqn

Tk

−−=−

×

1

Como as variáveis de entrada do projeto são geralmente o seu custo de capital k e a sua

volatilidade •, podemos concluir e as probabilidades objetivas q e (1-q) são decorrentes

dos valores dessas variáveis e não variáveis independentes em si.

2.5.3. Abordagem neutra em relação ao risco

Como visto, pela abordagem de portfólio de hedge poderemos considerar que o resultado

estará livre de risco. O uso da premissa de que o valor presente do projeto é um estimador

de seu valor de mercado, permite que se considere que o mercado é completo e a solução

do problema seja feita através de probabilidades neutras ao risco. Dessa forma podemos

utilizar uma abordagem que simplificará mais ainda o processo de apreçamento de opções

reais por árvore binomial.

Cox, Ross e Rubinstein (1979) definem as seguintes variáveis:

Fórmula 4 – Probabilidades neutras ao risco

dudep

nTr

−−

, e: du

eupn

Tr

−−

=−×

)1(

chamadas de probabilidades neutras ao risco e comprovam que, não havendo

oportunidades de ganhos livres de risco, o valor da opção de compra C, será:

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Fórmula 5 – Valor da opção de compra

( ) nTr

du eCpCpC ×−××−+×= )1(

sendo: Cu, e Cd, os valores dessa opção nos movimentos ascendentes e descendentes.

Dessa forma Cox, Ross e Rubinstein (1979) mostram que a avaliação do valor da opção

pela árvore binomial torna o resultado do valor da opção independente das probabilidades

objetivas: q e (1-q). Os autores depois generalizam seu modelo para n períodos com base

nas probabilidades de uma distribuição discreta binomial.

Essa conveniência matemática, já usada por Trigeorgis (1993), considera que o portfólio

está de fato livre de risco. Dessa forma podem-se ajustar os valores presentes do projeto de

modo a que possam ser descontados a uma taxa livre de risco.

Ao utilizarmos as probabilidades neutras em relação ao risco, estaremos substituindo a

arvore de probabilidades objetivas por uma de probabilidades neutras. Essas novas

probabilidades serão usadas para ponderar os retornos nos nós da arvore binomial e

descontá-los a taxa livre de risco para obter o valor do VPL expandido do projeto.

As opções reais podem ser modeladas na árvore binomial, a partir do passo final desta,

calculando-se o payoff de traz para frente, período á período, até o valor inicial. Este será o

VP do projeto incorporando o valor das flexibilidades embutidas nos nós da árvore, o

chamado: VP expandido.

Copeland e Antikarov (2002, p. 101) ressaltam que as probabilidades neutras ao risco são

inferiores as probabilidades objetivas dos mesmos eventos. Portanto os valores esperados

de uma árvore binomial neutra ao risco serão também inferiores aos valores esperados de

uma árvore binomial não-neutra. Amram e Kulatilaka (1999) também mostram que no

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primeiro caso, os valores são descontados a taxa livre de risco r, e no segundo caso a taxa

com prêmio de risco k, levando ao mesmo resultado em ambas as abordagens.

Dessa forma se tivermos os seguintes valores para as variáveis:

r = 5% a.a.

n = 10 períodos

T = 10 anos

σ = 20% a.a.

k = 10% a.a.

As probabilidades neutras e objetivas serão, respectivamente:

p= 57,75%, e: (1-p) = 42,25% ; q = 71,13% e: (1-q) = 28,87%

E os movimentos ascendentes e descendentes serão:

u = 1,2214 e d = 0,8187

Se compararmos as árvores binomiais construídas a partir dessas duas probabilidades

(objetiva e neutra) teremos: (considerando: ) up

down

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Tabela 2 - Árvore de probabilidades objetivas

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10100,0% 71,13% 50,60% 36,00% 25,61% 18,21% 12,96% 9,22% 6,56% 4,66% 3,32%

28,87% 41,07% 43,82% 41,56% 36,96% 31,55% 26,18% 21,28% 17,03% 13,46%8,33% 17,78% 25,30% 29,99% 32,00% 31,87% 30,23% 27,65% 24,58%

2,41% 6,84% 12,17% 17,31% 21,55% 24,53% 26,18% 26,60%0,69% 2,47% 5,27% 8,75% 12,44% 15,93% 18,89%

0,20% 0,86% 2,13% 4,04% 6,47% 9,20%0,06% 0,29% 0,82% 1,75% 3,11%

0,02% 0,10% 0,30% 0,72%0,00% 0,03% 0,11%

0,00% 0,01%0,00%

Período

e

Tabela 3 – Árvore de probabilidades neutras em relação ao risco

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10100,0% 57,75% 33,35% 19,26% 11,12% 6,42% 3,71% 2,14% 1,24% 0,71% 0,41%

42,25% 48,80% 42,27% 32,55% 23,50% 16,28% 10,97% 7,24% 4,70% 3,02%17,85% 30,93% 35,72% 34,38% 29,78% 24,08% 18,54% 13,77% 9,94%

7,54% 17,42% 25,15% 29,05% 29,36% 27,13% 23,50% 19,39%3,19% 9,20% 15,94% 21,48% 24,81% 25,79% 24,82%

1,35% 4,67% 9,43% 14,52% 18,87% 21,79%0,57% 2,30% 5,31% 9,20% 13,29%

0,24% 1,11% 2,89% 5,55%0,10% 0,53% 1,52%

0,04% 0,25%0,02%

Período

Ao compararmos para diversos passos as duas distribuições de probabilidade teremos as

distribuições representadas na Figura 1.

Podemos notar a aparência normal das curvas na Figura 1. A distribuição das

probabilidades neutras ao risco, é um ajuste das probabilidades objetivas de forma que o

valor presente dos nós da árvore binomial possa ser descontado à taxa livre de risco r para

se chegar ao valor presente no início da árvore.

Se compararmos essas curvas com aquela dos movimentos ascendentes e descendentes u e

d para um valor inicial para o payoff de: S = 100, teremos a árvore de eventos da Tabela 4.

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Figura 1– Distribuição de probabilidades objetivas e neutras ao risco para diversos passos Distribuição das probabilidades objetivas e neutras ao risco para diversos passos:

Probabilidades objetivasProbabilidades neutras ao risco

20 passos

0%

5%

10%

15%

20%

25%

13579111315171921

5 passos

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

123456

10 passos

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

1234567891011

2 passos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

123

Tabela 4 – Árvore de eventos binomial recombinante

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10100,0 122,1 149,2 182,2 222,6 271,8 332,0 405,5 495,3 605,0 738,9

81,9 100,0 122,1 149,2 182,2 222,6 271,8 332,0 405,5 495,3 67,0 81,9 100,0 122,1 149,2 182,2 222,6 271,8 332,0

54,9 67,0 81,9 100,0 122,1 149,2 182,2 222,6 44,9 54,9 67,0 81,9 100,0 122,1 149,2

36,8 44,9 54,9 67,0 81,9 100,0 30,1 36,8 44,9 54,9 67,0

24,7 30,1 36,8 44,9 20,2 24,7 30,1

16,5 20,2 13,5

Período

Ao plotarmos a última coluna desta árvore de 10 períodos (Tabela 4), com as últimas das

árvores de probabilidades objetivas (Tabela 2) e neutras em relação ao risco mais acima

(Tabela 3), teremos a seguinte distribuição de eventos:

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Figura 2 – Probabilidades objetivas e neutras em função do Payoff para 10 passos

Probabilidades objetivasProbabilidades neutras ao risco

Payoff x Prob. Objetiva e Neutra - 10 passos

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

- 100 200 300 400 500 600 700 800

na qual as áreas abaixo das curvas, representam o valor presente no período 10, e na qual

surge a aparência de Log-normalidade.

O valor do Payoff S , pode ser encontrado multiplicando a coluna 10 da Tabela 4 (arvore de

eventos binomiais), seja pela coluna correspondente da árvore de probabilidades objetivas

(Tabela 2) e descontando a taxa de custo de capital k capitalizada por 10 períodos, ou pela

coluna correspondente da árvore de probabilidades neutras ao risco (Tabela 3) e

descontando a taxa de custo de capital r capitalizada por 10 períodos:

Tabela 5 – VP com probabilidades objetivas

Passos: 10 10738,9 x 3,32% = 24,5140 495,3 x 13,46% = 66,6787 332,0 x 24,58% = 81,6156 222,6 x 26,60% = 59,1991 149,2 x 18,89% = 28,1791 100,0 x 9,20% = 9,1977

67,0 x 3,11% = 2,0848 44,9 x 0,72% = 0,3240 30,1 x 0,11% = 0,0331 20,2 x 0,01% = 0,0020 13,5 x 0,00% = 0,0001

VP10: 271,83

Arvores de eventos binomial

probabilidades objetivas

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Iremos descontar esse valor a seguinte taxa composta contínua:

Sendo: TkeK *= ; para: k = 10%, e: T = 10, teremos: K = 2,7183

Portanto: S = VP10 / K = 271,83 / 2,7183 = 100

Pelo caminho das probabilidades neutras ao risco:

Tabela 6 – VP com probabilidades neutras ao risco

Passos: 10 10738,9 x 0,41% = 3,0483 495,3 x 3,02% = 14,9495 332,0 x 9,94% = 32,9920 222,6 x 19,39% = 43,1465 149,2 x 24,82% = 37,0300 100,0 x 21,79% = 21,7923 67,0 x 13,29% = 8,9062 44,9 x 5,55% = 2,4959 30,1 x 1,52% = 0,4590 20,2 x 0,25% = 0,0500 13,5 x 0,02% = 0,0025

VP10: 164,87

Arvores de eventos binomial

probabilidades neutras ao risco

Iremos descontar esse valor a seguinte taxa composta contínua:

Sendo: TreR *= ; para: r = 5%, e: T = 10, teremos: R = 1,6487

Portanto: S = VP10 / R = 164,87 / 1,6487 = 100

A abordagem neutra em relação ao risco permite o apreçamento de opções reais pela

árvore de eventos binomiais descontando-a a taxa livre de risco r. As opções reais podem

ser modeladas na árvore binomial, a partir do passo final desta, calculando-se o payoff de

traz para frente, período á período, até o valor inicial. Este será o VP do projeto

incorporando o valor das flexibilidades embutidas nos nós da árvore.

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26

2.5.4. Determinação da volatilidade

O passo inicial da avaliação de um projeto com opções reais é a determinação da sua

volatilidade. Toda a qualidade da avaliação irá depender da sua correta quantificação.

2.5.4.1. Volatilidade do ativo negociado

Amram e Kulatilaka (2000) citam três exemplos da possibilidade ou não de relacionar a

incerteza de uma variável ou ativo negociado, com a volatilidade de um projeto:

• No caso de uma mina de cobre sua opção real de expansão é correlacionada com o

preço do cobre, o qual é fixado por mercados internacionais de commodities.

• Uma planta de geração elétrica a gás natural e óleo combustível tem sua opção de

expandir dependente da diferença de preço entre os dois combustíveis e suas

respectivas eficiências. No entanto esses preços variam entre mercados internacionais,

o que torna a fixação dessa correlação de volatilidades mais difícil.

• Já um projeto de chips de memória não possui um mercado com liquidez e

independência para seus produtos. Neste caso portanto, não se pode correlacionar a

volatilidade do projeto com a de um ativo negociado.

Nos casos em que claramente a volatilidade do projeto não é relacionada a um ativo

negociado, ou então depende de mais de uma variável externa, estas com suas próprias

volatilidades que podem ou não estar correlacionadas entre si ou autocorrelacionadas, será

necessário a utilização de modelagem própria para cada caso.

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2.5.4.2. Análise de Monte Carlo

Copeland e Antikarov (2002) mostram que um projeto de exploração de uma commodity

como o ouro, não possui a mesma volatilidade do seu produto de venda, pois seu fluxo de

caixa livre é dependente de diversos outros fatores não relacionados ao preço desse ativo.

Portanto, afirmam que a volatilidade deve considerar todas as incertezas e variáveis

significativas do projeto através de simulação.

Os autores sugerem a utilização de simulação por método de Monte Carlo para a

determinação da volatilidade, da qual irão depender as principais outras variáveis de um

modelo binomial. Eles demonstram como compor as diversas volatilidades das variáveis

do projeto numa volatilidade única intrínseca ao projeto numa abordagem consolidada. A

simulação por método de Monte Carlo permite isso, levando em conta aspectos críticos

dessas variáveis como o grau de correlação entre elas e de auto-correlação. Quando

corretamente modeladas, essas volatilidades permitirão à simulação extrair o desvio padrão

do valor do projeto, que será utilizado como a volatilidade resultante deste.

Os autores também sugerem um modelo de árvore quadrinomial recombinante, quando o

modelo tem duas fontes de incerteza não correlacionadas, cada qual com sua volatilidade.

Esse modelo permite simular diretamente sobre a árvore quadrinomial as volatilidades das

variáveis.

2.6. Limitações da modelagem por opções reais

É importante destacar, no entanto, que a avaliação por opções reais faz uso de modelos

específicos para abordar cada aspecto envolvido na modelagem da avaliação. Como todo

modelo é uma tentativa de aproximar a realidade é importante ter em mente as limitações

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existentes no modelo utilizado para não incorrer em erros de generalização além do escopo

da abordagem.

Tanto as metodologias contínuas como a fórmula de Black e Scholes, quanto as discretas

como árvore binomial, assumem que o exercício da opção é instantâneo. Segundo

Damodaram (2004) essa premissa é dificilmente justificável com opções reais pois esse

exercício pode requerer a construção de uma planta industrial por exemplo, o que demanda

tempo. Isso implica que a vida de uma opção real é freqüentemente inferior ao prazo

estipulado o que também reduz o valor da opção.

2.6.1. Modelo de FCD

A consistência do modelo utilizado na projeção das receitas, despesas e investimentos é a

base de toda a metodologia que irá avaliar o projeto. Desta irão decorrer os payoffs que

comporão a árvore binomial (quando este modelo for o utilizado) para avaliação das

opções reais presentes no projeto. Da mesma forma a volatilidade será uma decorrência

direta do modelo e da interação de suas variáveis. Geralmente o fluxo de caixa é

simplesmente assumido como dado, ou discutido apenas superficialmente (Brealey e

Meyers, 2002).

2.6.2. Custo de capital - WACC

A taxa de desconto composta (WACC) em principio embute os fatores de risco associados

ao projeto de forma que seu desconto a essa taxa possa dar uma medida precisados riscos

existentes, sejam de mercado ou privados.

Segundo Brealey e Meyers (2002), o responsável pela decisão de investimento num projeto

tende a usar uma taxa de desconto maior do que aquela já calculada pela área financeira,

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quando percebe um grau de risco envolvido. Esse procedimento que introduz um elemento

de camuflagem sobre a avaliação do projeto, constitui-se numa improvisação que retira

toda precisão necessária ao gestor na decisão de investimento. A introdução de um “fudge

factor” na taxa de desconto é uma prática comum na análise de investimentos corporativos.

2.6.3. Volatilidade das variáveis

A modelagem das variáveis do modelo de FCD terá impacto importante na volatilidade do

projeto. No entanto para se ter a árvore recombinante (binomial ou quadrinomial), u e d,

portanto a volatilidade •, têm de ser constantes ao longo do projeto. Ao se variar a

volatilidade ao longo do tempo, a árvore binomial não mais se tornará recombinante e isso

acarretará um aumento substancial do número de nós e portanto da complexidade do

modelo, tornando-o pouco prático. Mas segundo Damodaran (2000) d everiam ser feitas

adaptações para incorporar a variação da volatilidade da opção ao longo de sua vida,

principalmente porque a volatilidade da opção é maior do que a do ativo replicante

(Amram e Howe, 2003).

2.6.4. Árvores binomial e quadrinomial recombinantes

A modelagem por arvore binomial sendo um processo discreto é claramente uma

simplificação da realidade. Amram e Kulatilaka (1999 b) mostram que esse modelo é uma

generalização da formula de Black e Sholes (1973) e que quando os períodos da opção

crescem a distribuição dos resultados nos períodos finais tende a uma distribuição Log-

normal que deveria simular bem a realidade ( Figura 2). No entanto na abordagem por

opções reais, contrariamente às opções financeiras onde o investidor não pode influenciar

na performance da ação, o proprietário da opção é a empresa em questão cuja performance

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é o próprio ativo. Portanto há a possibilidade do detentor da opção influenciar o valor do

ativo, e assim violar a premissa na qual o modelo da opção é baseado.

Também como vimos acima, para a hipótese de a árvore binomial ser recombinante, é

essencial que: d = 1/u.

No caso em que não se verifique essa hipótese, ou que a volatilidade varie com o tempo, a

árvore binomial deixa de ser uma alternativa de modelagem atrativa pois sua complexidade

aumentará substancialmente.

Copeland e Antikarov (2002) também mostram como modelar uma árvore quadrinomial

recombinante. Apesar dessa modelagem embutir diretamente na árvore as volatilidades de

duas variáveis, estas devem por definição não serem correlacionadas,. Mas esse princípio

de modelagem só se aplica a até duas variáveis, pois a inclusão de um número superior a

tornaria uma modelagem complexa demais para ser prática. Da mesma forma o aumento

do número de passos também aumenta a complexidade da árvore numa proporção

quadrática, retirando rapidamente sua praticidade.

2.6.5. Portfólio de hedge

A exigência de se ter mercados completos para que possam ser utilizados métodos

baseados no princípio da não arbitragem para a sua solução constitui-se num limitador da

modelagem por opções reais. A premissa adotada por Copeland e Antikarov (2002)

chamada de market asset disclaimer (MAD) contorna essa limitação considerando o valor

do projeto como o ativo replicante. No entanto também se constitui numa limitação , pois se

está criando somente um ativo e não um mercado completo. Essa última exigência é

necessária para atender a outras considerações do modelo, como por exemplo o cálculo da

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taxa de desconto do projeto que, quando calculada pelo CAPM, precisa de um mercado

considerado completo.

2.6.6. Fronteiras da aplicação de opções reais

Adner e Levinthal (2004) estabelecem um limit e para a aplicação das opções reais no

momento em que os investimentos corporativos se tornam processos dependentes de

trajetória: path-dependent processes, também chamados de probe and learn ou

incremental search e incremental journey. Os autores lembram que as opções reais

estabelecem trajetórias de ação ex-ante e que estas precisam de controles gerenciais

próprios. Apesar de freqüentemente os investimentos de pesquisa e desenvolvimento serem

tratados como opções reais incrementais, eles na prática assumem mais corretamente um

dos perfis traçados acima. Segundo os autores a teoria de opções reais trata corretamente

as novas informações exógenas que alteram o valor do projeto, mas não aquelas geradas

pelo próprio projeto, ou endógenas, e que podem alterar não somente o valor deste, mas

também a sua trajetória. Portanto segundo os autores, quando o mercado -alvo de um

produto ou projeto, assim como sua agenda tecnológica, possuem grande flexibilidade (o

que constitui circunstâncias e / ou variáveis endógenas) as opções reais que determinam

trajetórias futuras rígidas, passam a perder sua capacidade de avaliar corretamente a

flexibilidade gerencial.

Copeland e Tufano (2004) lembram ainda que um dos principais entraves ao

aproveitamento das opções reais são os pontos de controle que determinarão o exercício

das opções modeladas ex-ante. O exercício mal monitorado pode levar a antecipação (itchy

trigger) ou ao atraso ( sleeping at the switch) com consequências de perda de valor para o

projeto. Esses entraves podem também ser consequência de controles gerenciais falhos ou

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de tamanho do empreendimento: quando o projeto e a empresa se confundem, o exercício

de um abandono, por exemplo, torna-se muito mais difícil. Neste caso aparece a diferença

entre possuir a opção (hold the option) e ser a opção (beeing the option) (Adner e

Levinthal, 2004).

Segundo esses mesmo autores também constituem um entrave ao exercício de opções de

abandono ou contração as práticas de remuneração variável da gestão pois estas se baseiam

em taxas de sucesso. Da mesma forma as empresas tem uma dificuldade natural em

incorporar a lógica de custos afundados e também um ímpeto em não demonstrar fracasso,

escalando compromissos financeiros.

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3. O ESTUDO DE CASO

3.1. Sistemas de Informações Geográficas – SIG

Os Sistemas de Informações Geográficas consistem de bases cartográficas digitais,

associadas a bancos de dados corporativos, públicos ou privados, sobrepostos a bases

fotográficas verticais, sejam estas aéreas ou de satélite. Uma das grandes vantagens é a

riqueza de informações trazidas pelas bases fotográficas que permitem localizar

informações não plotadas em mapas convencionais.

Esses Sistemas de Informações Geográficas consistem de três componentes: bases de

dados (fotográficas, vetoriais e numéricas e alfa-numéricas), software e hardware. Tanto

software quanto hardware, apesar de serem especializados e caros tendem rapidamente a

tornar-se commodities, não constituindo diferenciação no setor. Os principais fabricantes

de sistemas, como ESRI, estão representados no Brasil.

As bases de dados, ou geo-informação, e o desenvolvimento de sistemas, constituem os

principais diferenciais do setor.

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Figura 3 - Componentes típicos de uma base de dados SIG

A montagem das bases fotográficas digitais requer duas etapas claramente distintas:

Em primeiro lugar, a produção da fotografia vertical bruta. A origem desta pode ser de vôo

ou satélite. Tradicionalmente a tomada de fotografia aérea, apesar de aparentemente

simples, envolve múltiplos problemas: autorização por parte de órgãos competentes,

disponibilidade de recursos e condições atmosféricas aceitáveis, etc. A fotografia de

satélite, apesar de ter resolução menor, contorna vários problemas e permite a tomada

rápida inclusive em localidades remotas. Ambas envolvem elevados custos unitários.

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Tabela 7 – Características dos principais satélites comerciais em uso

Satélites Início Resolução (m/pixel) Revisita/

Ciclo Orbital

Uso Escala na tela 72 dpi

Spot 4 24/03/98 -Monoespec: 20m -Pancrom: 10m

3 a 4 dias/ 26 dias

Vegetação Uso do solo GIS

1:25.000

Spot 5 04/05/02 -Multiespec: 5,0m -Pancrom: 2,5m -Supermode: 2,5m

- Vegetação Uso do solo GIS

1:12.500

Ikonos 24/09/99 -Multiespec:4,0m -Pancrom: 1,0m

2,9 dias/ PAN 1,5dias/ Multi

GIS, Mapas, Urbano, Florestal, etc

1:2.500

Landsat5 01/03/84 -Multiespec: 80m -TM: 30m -TMThermal: 120m

8 dias/ 18 dias

Temperatura, Geomorfologia, Hidrologia

1:75.000

Landsat7 04/99 -Pancromática: 15m -ETM+: 30-15m -ETM+Thermal: 60m

6 dias/ 16 dias

Temperatura, Geomorfologia,Hidrologia

1:37.500

Quick bird 1 e 2

11/2000 10/2001

-Pancromática: 0,61m -Multiespectral: 2,44m

1 a 3,5 dias Cartografia, Defesa, Agricultura, Urbano

1:1.500

Fonte: levantamento Infostrata S.A.

A segunda etapa refere-se ao tratamento da imagem bruta. Vale apontar que essas bases

são de grande tamanho: uma base fotográfica do município do Rio de Janeiro

(aproximadamente 1.260 Km²) , de vôo convencional deve ter aproximadamente 500

fotografias e pode demorar até 6 meses para ser finalizada (tratada). Este tratamento

envolve diversos processos, atualmente todos digitais, necessários em maior ou menor

grau, segundo a finalidade do uso das imagens. Estas devem ser: equalizadas (processo que

uniformiza as tonalidades e cores), geo-referenciadas (receber posicionamento por

coordenadas universais) e ortoretificadas (o processo mais longo e custoso – envolve

“casar” corretamente as fotografias e principalmente corrigir as deformações oriundas de

diferenças de altitude, inclinação e paralax), além de mosaicadas (finalmente “costuradas”,

para se ter uma imagem contínua). Portanto, esse tratamento envolve um alto custo em

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homem-hora especializado, além de equipamentos, que levam seu custo a

aproximadamente aquele da produção da base fotográfica bruta.

Na Figura 4, é apresentado um exemplo de uma imagem antes e depois do processamento:

Figura 4 - Imagem antes e após tratamento de retificação - Fonte: Landsat 7

A base fotográfica uma vez pronta, passa a ter precisão cartográfica, ou seja cada ponto

corresponde a uma coordenada geográfica precisa. Esta, quando associada a bases vetoriais

em camadas e relacionada a bases de dados, compõe um sistema de informação geográfica

- SIG.

Quanto às bases de dados vetoriais, o outro componente importante dos sistemas de

informação geográfica, estas podem ter qualquer origem, tanto pública ou privada, mas sua

riqueza também determina a qualidade do SIG em questão. A elas também podem ser

“linkados” quaisquer dados ou bancos de dados, ou aplicações. No caso de SIG urbano, o

mapa urbano cadastral básico (ou MUB), constitui a base de dados vetorial mais relevante

e essencial. Os MUBs podem ser produzidos em diversos níveis indo de: MUB 0, no qual

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são plotados apenas arruamentos e becos, até o MUB 5 contendo todos os dados cadastrais

públicos disponíveis.

Figura 5 – Níveis de Mapa Urbano Básico de: 0 (arruamento), à: 5 (dados cadastrais)

Para uma base SIG urbana, quanto mais detalhado for o MUB associado a ela, mais rica

pode ser considerada e mais aplicações passa a ter. A montagem de um MUB de alto

detalhamento (como 4 ou 5) requer levantamento de campo, custoso em homem-hora e em

tempo. Já um MUB 0 ou 1, pode ser plotado a partir de um levantamento fotográfico de

satélite e cruzamento com bancos de dados públicos.

3.2. Aplicações de SIG

Os sistemas de informação geográfica não constituem uma tecnologia nova, mas devido à

explosão de capacidade computacional e de processamento, apenas recentemente eles têm

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passado do público técnico restrito a ver seu uso massificado. Em função de serem

bastante novos, os produtos do setor ainda são um tanto desconhecidos e suas aplicações

ainda pouco exploradas, apesar do potencial que apresentam.

Tradicionalmente uma área de domínio militar, essa tecnologia tem encontrado atualmente

ampla aplicação nas áreas corporativa e pública. As aplicações variam de geo-marketing a

zoneamento urbano, licenciamento ambiental, gestão de território (setores minerais,

agrícolas, logísticos), etc. No caso do Brasil, cuja cartografia é extremamente deficiente, as

aplicações são inúmeras.

Pode-se dizer que qualquer informação que contenha uma componente de localização ou

geo-referenciável pode ser associada a uma base SIG. Fica cada vez mais evidente para os

administradores de bases de dados corporativos que a componente geográfica é a cola que

“liga” suas diferentes bases de dados e aplicações. Inúmeros exemplos podem ser citados:

o planejamento de expansão de lavra de uma mineradora, as áreas de proteção ambiental

negociadas com os órgãos competentes, e os direitos de propriedade de superfície. Todos

são dados existentes na própria empresa, muitas vezes dispersos em setores diferentes, e

sujeitos a não serem confrontados. Se unidos na mesma base SIG, podem vir a economizar

vultosas quantias em multas ambientais ou interrupção de projeto.

3.3. O Setor de Geo-Tecnologia

Há uma dificuldade de se obter dados sobre o setor, principalmente no Brasil, onde na área

de serviços predominam empresas de capital fechado. Por outro lado, o mercado interno é

ainda mais promissor que o externo, seja pelas dimensões continentais do país, como

também pela escassez de dados cartográficos necessários para qualquer desenvolvimento.

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Para se ter idéia, apenas 13,9% do território nacional possui mapeamento na escala

1:50.000 e na escala 1:25.000 apenas o Distrito Federal e parte do estado de Goiás e das

regiões Nordeste, Sudeste e Sul, o que significa 1,2% do território. Países desenvolvidos e

de grande dimensões, tem praticamente 100% de seus territórios mapeados na escala

1:25.000 (fonte: IBGE).

No entanto o setor de geo-tecnologia cresce rapidamente no mundo e no Brasil. Os dados

já apontam um crescimento exponencial do mercado brasileiro:

Tabela 8 - Mercado de SIG - US$ Milhões - GIS Total Market - Latam/Brazil/sectors (M US$)1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Latin America 517 651 821 991 1.161 1.331 1.501 1.682 2.028 2.371 2.858 3.338 Brazil 51 64 81 167 277 412 570 757 1.065 1.415 1.893 2.401

Public 10 12 16 33 55 82 113 151 213 283 379 480 Regional Bodies 12 15 19 39 64 95 131 174 245 325 435 552

Private 29 37 46 96 159 235 325 431 607 807 1.079 1.369 Brazil/ L. Am. (%) 10% 10% 10% 17% 24% 31% 38% 45% 53% 60% 66% 72% Fonte: Gartner Group (1999)

Os valores acima englobam não somente as aplicações, desenvolvimento e bases de dados,

como também o mercado de software e hardware especializados além os investimentos

privados em sistemas próprios. Apesar de representarem projeções à partir de 2001, fica

claro o crescimento significativo do Brasil frente ao resto da América Latina. A estimativa

do setor de fornecimento de sistemas e bases no Brasil, baseada em entrevistas não

estruturadas com profissionais e usuários do setor, é que atualmente ele monte a

aproximadamente 60 milhões de dólares americanos.

No entanto o setor no Brasil vem apresentando concorrência intensiva entre os

fornecedores de SIG. Principalmente pela concentração de grandes usuários: setor público

e grandes empresas , como Petrobrás e CVRD. A disputa por esses clientes tem levado a

preços praticados declinantes. Apesar da baixa barreira de entrada do setor, os

fornecedores tradicionais tem tido dificuldade em abrir novas frentes de negócios e

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diversas áreas da economia permanecem inexplorados por eles. Exemplos disso são os

setores de agro-negócios, logística e mineração. Além de aplicações de SIG urbano

virtualmente inexistentes, pois não há provedores de serviços desse tipo. Os fornecedores

tradicionais têm se limitado a entregar sistemas empacotados, sem desenvolvimento de

soluções específicas para os usuários. Frequentemente empresas têm investido em custosas

bases e sistemas que permanecem isolados em gerências específicas e que não servem a

organização como um todo. O desenvolvimento de sistemas “integradores” dos SIGs

existentes é por exemplo, uma área inexplorada do setor.

3.4. As origens do projeto estudado

O projeto objeto deste estudo, tem sua origem na empresa Vistaérea Ltda, cujo nome de

fantasia era: Vist@erea. Esta foi o resultado da união em 1996, de um pequeno grupo de

técnicos empreendedores que detinham a tríade necessári a à implementação de um

negócio inovador de SIG: desenvolvimento próprio de tecnologia, expertise em

processamento de imagens e um conceito inovador.

3.4.1. A Vist@erea e o site Belo Horizonte

O conceito em questão era uma interface de acesso a um sistema de geoprocessamento

implementada em linguagem Java, o que lhe permitia ser leve o suficiente para poder

trafegar até pela Internet em banda estreita.

Financiados inicialmente por seed money, esse grupo implementou o site de geo-

informações da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, em fins de 1999

(http://www.belohorizonte.com.br), desde a principal base de imagens fotográficas até o

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desenvolvimento da interface de navegação. Essa iniciativa, absolutamente inovadora e

inédita então (até hoje em dia, poucas cidades no mundo disponibilizam um recurso

semelhante, e nunca com tal quantidade de detalhes e informações) obteve grande

divulgação espontânea e permitiu aos fundadores implementar formas de receita que não

tinham vislumbrado nas primeiras fases do projeto.

3.4.2. O modelo de negócio

De fato, o projeto inicial previa apenas a remuneração por venda de espaço publicitário e

mídia espontânea paga, no próprio site. Com a notoriedade alcançada por este, logo

surgiram demandas de outros serviços tais como: a venda de imagens processadas e a

implementação de interfaces para projetos específicos. Inclusive de áreas fora da cidade de

Belo Horizonte que era a base de dados original da empresa . Essa demanda exigia nova

produção e processamento de bases fotográficas, constituindo-se em nova fonte de

receitas. O leque de clientes da empresa chegou a compreender: mineradoras de grande

porte, redes de logística, empresas distribuidoras de energia elétrica, empreendimentos de

geração, administração urbana e telecomunicações, além da área pública: polícia, fazenda,

etc.

Já no ano de 2001 as receitas e despesas da empresa se equilibraram. Mas o foco dos

fundadores sempre foi a busca de investidores estratégicos de grande porte, de forma a

perpetuar o crescimento da empresa.

Nesse mesmo ano, após negociação que durou 8 meses, estes venderam o controle da

empresa a um grupo de grande porte, que não era do setor de SIG. O compromisso deste,

firmado em acordo de acionistas, previa investimento e ampliação da empresa.

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No entanto o conceito original da empresa sofreu alteração, pois o foco do novo

controlador era totalmente orientado para as necessidades de gestão territorial do próprio

grupo.

Desde então o site urbano de Belo Horizonte não foi mais atualizado, mas permanece ativo

e com grande número de visitas.

3.5. O novo negócio Vista Rio

3.5.1. As razões para implementar o site Vista Rio

Após o término do prazo de dois anos previsto no acordo de acionistas firmado entre os

fundadores e a empresa controladora,os primeiros voltaram ao foco original da empresa

que fundaram: a ampliação do modelo de negócio de site urbano. A idéia original sempre

havia sido a implementação de um modelo semelhante para a cidade do Rio de Janeiro.

Desde o início, o maior entrave a um projeto desse tipo era a necessidade de montagem de

uma base fotográfica de imagens atualizada, o que iria requerer um investimento de porte

pesado para os sócios (da ordem de 1 milhão de reais), além de um longo tempo de

implementação. Este era estimado em 6 a 9 meses.

Atualmente existem bases fotográficas recentes já de acervo, do grande Rio de Janeiro,

comercializáveis e ao acesso dos sócios. Isso permite a rápida montagem desse site urbano.

Também há investidores interessados no financiamento do modelo de negócio em

contrapartida de participação acionária.

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A cidade do Rio de Janeiro por suas características naturais, culturais e econômicas é o

caso perfeito para montagem de um site urbano aberto como alavancador de negócios nos

mesmos moldes que foi o site de Belo Horizonte. A cidade irá, por exemplo, sediar os

jogos Pan-Americanos de 2007. Já existem manifestos firmes de órgãos e entidades

públicas, financiadores privados e empreendimentos corporativos de várias áreas, com

relação à aquisição de interfaces de geo-informações.

3.5.2. Premissas do modelo de negócio

A principal premissa do modelo de negócio é a alavancagem e visibilidade que um site

urbano aberto confere a uma empresa de SIG. Isso pôde ser claramente observado na

experiência anterior com a cidade de Belo Horizonte e é o principal fator de atratividade

para os investidores.

O principal produto da empresa implementadora do site é a comercialização de interfaces

de geo-informação, tanto para iniciativas privadas como públicas, tendo como área

geográfica de abrangência, tanto a base de dados original (grande Rio de Janeiro) como

outras áreas para as quais existam ou possam ser produzidas rapidamente bases

fotográficas. Essa venda de interfaces é acompanhada da comercialização de bases de

imagens, seja por representação comissionada quando se tratar de base pertencente à

terceiro, ou venda direta quando própria. Da mesma forma, a venda de imagens brutas (não

tratadas) requer processamento, o que representa outra grande fonte de receita projetada.

Também serão avalia das duas fontes de flexibilidade gerenciais, através da teoria de

opções reais para verificar se o valor presente do projeto pode ser expandido por embutir

valores subjacentes. As duas opções reais a serem avaliadas são:

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• Expansão do modelo de negócio desenvolvido para outra área urbana: a grande São

Paulo. Tendo o Rio de Janeiro como base para um negócio firme de geo-informação

urbana, a expansão futura deste para São Paulo e outras metrópoles, inclusive em

outros países, passa a fazer sentido e tem seu risco em muito diminuído. A avaliação da

opção real de expansão deverá portanto avaliar o aumento de valor do projeto, em

função da capacidade deste se expandir, em caso de sucesso.

• Abandono por valor de recuperação no caso do modelo de negócios não atingir as

metas projetadas e então ter valor presente inferior ao valor de revenda de seus ativos

liquidáveis.

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4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada é aquela desenvolvida por Copeland e Antikarov (2002 – p. 221)

em quatro passos estruturados, pois permite uma modelagem flexível e clara das opções

estratégicas que se apresentam ao projeto. Trata -se de uma metodologia discreta, por

árvore binomial recombinante, que utiliza o princípio Market Asset Disclaimer, descrito no

capítulo 2.5, no qual o ativo replicante é o valor sem flexibilidade do próprio projeto.

Ela apresenta vantagens do ponto de vista prático pois utiliza os mesmos dados que a

gestão em suas projeções de FCD. Dessa forma torna compreensível para os executivos a

avaliação das opões reais embutidas visto que discorre na mesma linguagem já conhecida

por estes e lhes permite então estabelecer os parâmetros de exercício das opções nas

mesmas bases utilizadas pelo controle gerencial.

Os quatro passos são: em primeiro lugar a avaliação clássica por FCD do projeto, sobre a

qual será baseado todo o resto da metodologia. Para isso será estruturado o modelo de

receitas e de projeção do negócio, e finalmente se obterá o VP e o VPL do projeto. No

segundo passo será determinada a volatilidade do valor do projeto. Esta será calculada a

partir uma abordagem consolidada, combinando as volatilidades das diferentes variáveis

incertas do projeto. O terceiro passo consistirá na modelagem da arvore de eventos do

projeto em função dos valores obtidos nos passos anteriores. Finalmente o quarto passo

consistirá em modelar sobre essa mesma árvore as opções reais embutidas no projeto,

obtendo-se assim o valor destas.

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4.1. Validação dos dados e do modelo

A verificação e validação das suposições estruturais do modelo e dos dados de receita ,

assim como d a volatilidade do projeto, foram feitas pela abordagem referida como: face

validity por Banks e Carson (2000). Como o projeto é novo e existem poucos dados

históricos (as empresas do setor de SIG no Brasil são de capital fechado, como visto no

capítulo 3.3), foram utilizados informações e dados, alguns subjetivos obtidos junto à

gerência do projeto (Copeland e Antikarov, 2002, p. 260), e quando possível, confrontados

com dados históricos, oriundos da experiência dos executivos e do próprio autor. Essa

abordagem permitiu elaborar o modelo de receita do projeto (Figura 6), o modelo e dados

para projeção do fluxo de caixa livre e obter as estimativas de volatilidade das variáveis

incertas (Tabela 15Erro! A origem da referência não foi encontrada.).

O processo envolveu a construção de um modelo (o qual por definição envolve

simplificações e abstração da realidade) que aparentasse consistente para o autor. A

calibragem deste foi feita por entrevistas não estruturadas com os gerentes da empresa e

outros profissionais do setor. Nessas reuniões de verificação, com aqueles que serão os

usuários finais do modelo (o projeto), foram realizadas diversas simulações e comparação

com os dados históricos quando disponível (geralmente advindos dos resultados da

empresa de origem dos executivos e de conhecimento destes).

A validação final foi dada num workshop envolvendo a gestão e os investidores do projeto,

no qual fez-se a uma confrontação de todos os valores levantados e estrutura do negócio,

resultando num modelo aceito inclusive pelos investidores como premissa do plano de

negócios.

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Essa calibragem entre verificação e validação (face validity) tornou -se um processo

iterativo de comparação do modelo e principalmente dos dados para projeção e estimativa

da volatilidade das variáveis, e da sensibilidade dos executivos. Apesar de envolver os dois

primeiros passos da modelagem de Copeland e Antikarov (2002), na prática esse processo

de levantamento de dados foi realizado conjuntamente para as duas etapas .

4.2. Primeiro passo: avaliação por fluxo de caixa descontado

4.2.1. Custo de capital

O projeto Vista Rio é inteiramente financiado por capital de investimento de risco (venture

capital), em contra-partida de participação acionária. Portanto para o cálculo da taxa de

desconto foi utilizado o custo de capital próprio do investidor. O retorno exigido pelo

grupo investidor (Hurdle Rate, ou Taxa Barreira) foi usado como referência para validar a

taxa encontrada pela metodologia CAPM em investimentos desse tipo no Brasil. A taxa

utilizada é nominal, como citado acima, em moeda nacional (R$) pois a maioria dos

investimentos, custos e receitas do projeto estão nessa moeda.

Para cálculo do coeficiente beta (•) do projeto foram utilizados dados do site:

http://stern.nyu.edu, do economista Damodaran A. acessado em 15 de abril de 2004. O

coeficiente beta foi obtido pela média ponderada dos coeficientes beta dos três setores

relacionados ao projeto como mostrado na Tabela 9.

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Tabela 9 – Cálculo do coeficiente • do projeto Visto Rio

Setor (Damodaran - 5 / 2002) Number of Firms Unlevered Beta peso

E-Commerce 41 4,29 1

Internet 289 3,10 2

Computer Software / Services 387 2,38 3

• desalavancado do projeto Vista Rio: • 2,94

Os pesos atribuídos a cada um dos três setores considerados no cálculo, são proporcionais

a correlação entre o setor e o modelo de negócio do projeto. Apesar desses pesos serem

atribuídos de forma subjetiva, eles representam a importância do setor para o negócio em

si, o qual é em primeiro lugar um provedor de serviços / soluções de TI. Razão pela qual

esse setor ficou com metade do peso total. Como este se apóia na visibilidade e

alavancagem de um site de Internet aberto, foram também considerados com seus pesos

descritos, os setores de Internet e E-Commerce. O cálculo da taxa de desconto incorpora o

risco país, assim como a variação cambial:

Tabela 10 – Metodologia para cálculo do custo de capital do projeto Vista Rio

Custo de Capital (CAPM) Taxa Livre de risco rfPrêmio de risco rm-rfRisco país (Brasil) crBeta desalavancado de setor •

CAPM nominal em US$ k us = rf+cr+•*(rm-rf)Expectativa de variação cambial camb

CAPM nominal em R$ k br = (rf+cr+•*(rm-rf))*(1+camb)

Obtém-se então o custo de capital do projeto, e a taxa sem risco correspondente. A taxa de

desconto a ser utilizada para descontar o fluxo de caixa livre do projeto será portanto:

k = 27,20% a.a., e correspondente por período semestral: ksem = 12,78% a.s.

Essa taxa sendo compatível com o nivel de hurdle rate demandada pelos investidores, foi

utilizada como taxa nominal de desconto do projeto.

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Tabela 11 – Cálculo das taxas nominais de desconto e sem risco para o projeto Vista Rio

Setor (Damodaran - 5 / 2002) Number of Firms Unlevered Beta peso

E-Commerce 41 4,29 1

Internet 289 3,10 2

Computer Software / Services 387 2,38 3

• desalavancado do projeto Vista Rio: • 2,94

Custo de Capital (CAPM) Long tern Teasury Bond Rate rf 5,09%Prêmio de risco (rm - rf) 4,35%Country Risk cr 6,99%

CAPM US$ = rf + cr + • x (rm - rf) 24,85%Expectativa de variação cambial: camb 9,43%

CAPM nominal em RS$ = CAPM US$ x (1+ camb) 27,20%Hurdle rate exigida por investidor: 26% - 28%Taxa sem risco em R$ = ( rf + cr) x (1 + camb) 13,22%Fonte: dados do site: http://stern.nyu.edu, do economista Damodaran A. acessado em 15 de abril de 2004

4.2.2. Prazo e períodos

O prazo da projeção é de 5 anos, pois é pouco realista projetar receitas com base em

premissas atuais além desse horizonte. Foi considerada perpetuidade dos fluxos de caixa

livres gerados no ultimo período sem crescimento após o prazo da projeção.

A projeção é semestral (10 períodos) porque a análise por opções reais sendo por

metodologia discreta, é mais precisa quanto menor for o período. Dessa forma permite

aumentar a capacidade de simular a tomada de decisão. Esse período de seis meses

correspondendo ao tempo de montagem (principalmente no que tange ao tratamento) de

base de dados fotográficos, fica muito próximo ao prazo de tomada de decisão de expansão

no negócio.

Foi portanto tomado o devido cuidado de considerar nos modelos as variáveis referentes ao

prazo semestral (entre elas: r, k, •, u, d, e p).

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4.2.3. Investimentos e receitas

4.2.3.1. Investimentos

O principal investimento de capital associado ao projeto diz respeito às bases de imagens

fotográficas a serem utilizadas assim como as bases de dados vetoriais de mapas urbanos

básicos cadastrais (MUB). Essas bases de dados são de alto custo de aquisição, mas este é

conhecido pois seu valor é oriundo de cotações em proposta comercial.

As bases fotográficas têm três origens diferentes, todas existentes (de arquivo) e já

processadas (disponíveis para uso imediato): duas de satélite e uma de vôo (aerofoto) . A

necessidade dessa variedade é devida aos cinco níveis de aproximação que o site disporá:

1:400.000, 1:100.000, 1:25.000, 1:5.000 e 1:1.000. O custo destas bases a valores atuais

monta à: R$ 882.000,00.

Outras bases de dados cartográficos são adquiridas ou negociadas com órgãos públicos e

empresas privadas. Elas envolvem bases fotográficas históricas, guias de ruas, bairros e

atividades, toponímia, altimetria e principalmente mapa urbano básico cadastral (MUB 4

ou 5). O total desses investimentos monta à: R$ 650.000,00.

A montagem da empresa em termos de equipamentos, instalações e licenças de software

monta à: R$ 203.000,00.

Os investimentos totais do projeto Vista Rio estão discriminados na Tabela 12.

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Tabela 12 - Investimentos e despesas do projeto Vista Rio Investimentos Vista Rio R$ unid.Base de dados fotográficos Infra-estruturaBase satélite grande Rio 2.000 Km² Instalações 45.000 R$

Custo unitário 18,00 US$/Km² Hardware 60.000 R$Total 36.000 US$ Software e licenças 98.000 R$Processamento 12,00 R$/Km²

Total 132.000 R$ Total Infraestrutura 203.000 R$Base Vôo grande Rio 750.000 R$ Total geral investimentos 1.735.000 R$Bases de dados vetoriais

Toponimia/Altimetria 50.000 MUB 5 500.000 Despesas fixas mensaisDados cadastrais 100.000 Despesas infraestrutura 37.500 R$

subtotal 650.000 R$ Folha mensal (c/ encargos) 48.000 R$Total Bases 1.532.000 R$ Total despesas fixas mensais 85.500 R$

Serão investidos anualmente para manter atualizados, tanto a infra-estrutura quanto as

bases de dados geográficos respectivamente, 20% do valor inicial e 10% do valor

acumulado. Esse índice de manutenção da infra-estrutura é resultado do aumento dos

custos fixos decorrentes da ampliação da estrutura requerida para fazer face às vendas de

sistemas e bases projetadas como será visto na descrição de receitas. O investimento na

manutenção das bases é guiado por um processo denominado “change detection” que

aponta alterações significativas em determinadas áreas, reconhecidas por fotografias de

satélite, que venham a necessitar de atualização. Historicamente no Brasil esse nível tem

chegado a 5% ao ano da região urbana (dados Space Imaging Inc.). Foi considerado de

10% ao ano no modelo, em função dos outros custos envolvidos (levantamento das áreas

em Homem-hora, etc...), alem da baixa economia de escala nessas atualizações.

Estes investimentos são depreciados num prazo razoavelmente curto pois são “perecíveis”

em poucos anos: foram considerados depreciáveis em 3 anos tanto os equipamentos e

software, quanto bases fotográficas para efeito contábil. Esse prazo era utilizado na

empresa de origem e será então considerado igual no projeto.

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4.2.3.2. Despesas mensais

As despesas fixas do projeto são fáceis de projetar pois são custos correntes de mercado.

Incluído aluguel de sala, despesas de manutenção e utilização, pessoal com encargos,

assim como hospedagem e contratação de link foram orçadas em R$ 85.500,00/mês. Estes

dados também figuram na Tabela 12.

4.2.3.3. Receitas e custos associados

Conforme exposto no capitulo 3.5, foram projetadas três formas de receitas.

A venda de sistemas de geo-informação é a base do modelo de negócio em si. Cada venda

de sistema refere-se a um conjunto de aplicações de SIG, muitas vezes apresentadas numa

mesma interface, ou “sistema”. Portanto as vendas de sistemas são modulares, ou seja

podem referir -se a um ou mais sistemas unitários, numa mesma aplicação. A unidade

dimensionada na projeção de receitas por: “venda de sistemas” refere-se a cada “aplicação”

vendida. Portanto a comercialização de sistemas pode referir-se a apenas uma aplicação, ou

“interface”, ou a um conjunto de “interfaces” em geral para empresas de maior porte,

venda esta que requer também um tempo maior de maturação. Em função da experiência

na empresa, dos executivos e das demandas já manifestadas (algumas delas firmes), foi

estimado em 50 o número total de interfaces a serem vendidas no primeiro ano a um valor

de R$ 40.000,00 cada. Para a projeção de receitas foi considerado que no 5º ano esse

número deverá chegar a 80 unidades a um valor de R$ 30.000,00 a preços atuais. Esses

valores e quantidades, assim como sua projeção, foram o resultado do processo de face

validity descrito no capitulo 4.1. Como a projeção é nominal, os valores dos preços de

interfaces em R$ serão corrigidos pela projeção do IGP-DI.

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Os custos variáveis dessas vendas atualmente são conhecidos: 240 Hhs à R$ 45,00 em

desenvolvimento, ou seja R$ 10.800,00, e R$ 10.000,00 em custos de licenças de software

por interface comercializada. Esses custos devem cair numa taxa de 10% ao ano em função

de produtividade, e 20% ao ano por queda de custo de licença, respectivamente.

A segunda origem de receitas é a venda de bases fotográficas própria e de terceiros, estas

últimas comissionadas. Esta fonte de receita foi dimensionada a partir da base em km² do

site do Grande Rio de Janeiro disponível no projeto (inicialmente 2.000 km²,

compreendendo os município s do Rio, Niterói, São Gonçalo e parte de Duque de Caxias

com outros menores). Toda venda de interface ou sistema, é acompanhada de bases tanto

de imagens quanto vetoriais numa proporção de 80% da base existente por interface

vendida. Esse percentual foi obtido em função dos resultados atingidos nos anos anteriores

pela empresa na qual trabalhavam os atuais gestores do projeto: o total de bases vendidas

(em km²) foi dividido pelo tamanho da base de dados cartográficos pertencente à empresa

(quantidade de “bases vendidas” em %), e pela quantidade de interfaces comercializadas

(valor % médio da base de dados da empresa, que acompanha a venda de uma interface). O

percentual obtido foi de: 78%. No entanto a avaliação dos gestores é de que esse percentual

deverá chegar a perto de 100% no projeto Vista Rio. Foi decidido usar 80% por

conservadorismo na projeção.

A terceira fonte de receita também está intimamente relacionada às anteriores: o

processamento de bases fotográficas brutas. Os custos e preços desses serviços são

conhecidos e de mercado: em valores atuais são de R$ 12,00 por km² em custo de Hh

(dados obtidos da gerência de processamento de imagens da própria empresa), e valor

bruto de venda de R$ 30,00 por km² processado (fonte: Engesat). É também estimado, por

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experiência dos executivos, que esses valores unitários deverão cair para R$ 9,50 e R$

20,00 por km² respectivamente ao final do prazo da projeção (5 anos).

Esta última fonte de receita varia também em função da vendagem de sistemas. Foi

estimado que 50% das bases vendidas (segunda origem de receitas) deverão precisar de

tratamento por serem de áreas para as quais não se dispõe de imagens de arquivo (ou seja

serão imagens novas) e/ou necessidade de imagens mais atualizadas. Esse valor também

vem da experiência pregressa dos executivos da empresa. De todas as bases fotográficas

vendidas por ela, aproximadamente 60% necessitavam de tratamento e esse foi executado

pela empresa. No entanto apenas uma parcela das bases comercializadas era de área

urbana. Portanto raramente dispunha-se de imagens de arquivo diferentemente do projeto

Vista Rio, razão pela qual foi utilizado o valor de 50%. A composição das receitas pode ser

vista na Figura 6.

Figura 6 - Composição de receitas do projeto Vista Rio Principais variáveis de entrada do

modelo de receitaComposição de receitas Receitas

XPreço de sistemas - R$/ Unit

- Margem por sistema R$/UnitCusto desenvolvimento sistema - R$/ Unit

XÁrea base de dados cartográficos - Km²

X Base total vendida - Km²Base vendida por sistema - % X

Comissionamento - %Preço de venda de base - US$ X

X Preço de venda de base - R$Câmbio - R$ / US$

XProporção de bases processadas - % Bases processadas - Km²

Preço processamento - R$/ Km² X- Margem processamento R$/KM²

Custo processamento - R$/ Km²

Quantidade de sistemas vendidos - UnitReceita Líquida de venda de

sistemas - R$

Receita Líquida de venda de Bases - R$

Receita Líquida de procesamento de Bases -

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Esse modelo de composição de receitas do projeto foi então verificado e validado pela

gerência e os investidores, conforme exposto no capítulo 4.1.

4.2.4. Projeção do fluxo de caixa livre e cálculo do valor do projeto s em

flexibilidade

A projeção das variáveis do projeto pelos nove (9) períodos subseqüentes foi feita, ou a

partir dos valores percentuais já estimados, ou comparando -se o valor no semestre 1, com

aquele projetado para o semestre 10 e obtendo-se então o índice de reajuste semestral e

anual para referência. A projeção de fluxo de caixa livre do projeto é nominal e utiliza o

IGP-DI como índice de atualização monetária, por ser de ampla aceitação e refletir de

forma consistente a inflação no Brasil.

Tabela 13 - Projeção das variáveis do fluxo de caixa do projeto Vista Rio

Variável Unidade 1 10 totalpor período (semestre) ao Ano

Preço sistemas R$ 40.000 30.000 -25,00% -3,20% -6,19%Quantidade sistemas unit 24 40 66,67% 5,68% 12,02%Área base Km² 2.000 3.000 50,00% 4,51% 9,43%Preço de distribuidor US$ 18,00 10,00 -44,44% -6,53% -12,24%Preço Processamento R$ 30,00 20,00 -33,33% -4,51% -8,62%IGP-DI anual % 6,60% 4% -39,39% -5,56% -10,53%IGP-DI semestral 3,20%Câmbio R$/US$ 3,00 4,50 50,00% 4,51% 9,43%% Venda Base por sistema % 80% 80%% Processamento de Base % 50% 50%Custo desenvolvimento sistemas R$ 10.800 6.700 -37,96% -5,30% -10,07%Licenças para sistemas R$ 10.000 3.650 -63,50% -11,20% -20,07%Custo Processamento R$/Km² 12,00 9,50 -20,83% -2,60% -5,06%

VariaçãoPeríodo

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Figura 7 - Estrutura do cálculo do Valor Presente e do Valor Presente Líquido do projeto

Receitas: Receita BrutaSistemas de navegação - Taxas e ImpostosVenda de bases Receita LíquidaProcessamento de bases - Custos

- DespesasCustos associados Lucro da atividade (LAIR)

Sistemas de navegação - DepreciaçãoVenda de bases Lucro para IRProcessamento de bases - (IR + CS)

ResultadoInvestimentos: +Depreciação

Bases de imagens e outras +Cap Giro InicialInfra-estrutura -Cap Giro FinalManutenção de bases e infra -Gastos de capital

Fluxo de caixa livre Projeção dos FCL incrementais

Custo de Capital (CAPM) Valor da perpetuidade

VP e VPL sem flexibilidade

Projeção das variáveis

Para o fluxo de caixa livre do projeto ainda foram considerados os seguintes parâmetros:

• Alíquota de Imposto de Renda sobre o Lucro e Contribuição Social: 34%;

• Taxas sobre receita bruta: 11,25%;

• Necessidade de Capital de giro por semestre: 50% dos custos assoc iados a receitas e

custos fixos. Esse valor equivale a um trimestre de custos de operações.

• Depreciação linear de investimentos em 3 anos (ou 6 períodos).

Os fluxos de despesas, receitas e composição do fluxo de caixa livre completos encontram-

se no Anexo I (Figura 21 e Figura 22). O Valor Presente (VP) e o Valor Presente Líquido

(VPL) do projeto Vista Rio, sem considerar suas flexibilidades gerenciais, estão resumidos

na Tabela 14.

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Tabela 14 – VP e VPL do projeto Vista Rio VP Total R$ 2.726.216

VP FCL R$ 1.573.271 58%VP Perpertuidade R$ 1.152.945 42%

Investimento R$ (2.345.000)VPL R$ 381.216

Pode notar-se que apesar do projeto ter um VPL positivo de R$ 381.216,00, este só o é em

função do valor da perpetuidade, sugerindo um nível razoável de risco associado ao

sucesso do projeto (Amram, 2002). Portanto se a avaliação por opções reais conseguir

agregar valor ao projeto, poderá se tornar um fator de diferenciação na decisão de

investimento.

4.3. Segundo passo: avaliação da volatilidade do projeto

Neste passo é determinada a volatilidade do projeto Vista Rio, tendo por base a projeção de

fluxo de caixa livre realizada no passo anterior e as estimativas de volatilidade das

variáveis de entrada. Para tal foi utilizada a metodologia de Copeland e Antikarov (2002)

chamada de “abordagem consolidada” que combina as incertezas das diversas variáveis do

projeto numa única. Esta será a volatilidade da taxa de retorno do projeto. Segundo a prova

de Samuelson (Copeland e Antikarov, 2002, p. 223) podemos combinar fontes múltiplas de

incerteza, correlacionadas, algumas das quais com reversão à média, em um único

processo binomial multiplicativo. A taxa de retorno do projeto para um período T, é:

Fórmula 6 – Taxa de retorno em T Tksem

T eVPVP ×= 0

0ln VP

VPTksem T - Para: T=1 : VPT = FCL1 + VP1

Portanto para o projeto em análise estaremos buscando a variável Z que é a taxa de retorno

do projeto, através de sucessivas extrações aleatórias de estimativas de valor presente em

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T=1, mantendo-se VP0 constante, em um programa Monte Carlo. O desvio padrão dessas

taxas de retorno será usada como volatilidade do projeto (Copeland e Antikarov, 2002, p.

250).

Fórmula 7 – Variável de previsão

+=

0

11ln VPFCLVPZ

4.3.1. Determinação das variáveis incertas mais relevantes

Nesta primeira análise, foram consideradas todas as variáveis externas do modelo de fluxo

de caixa projetado. Para tal foi utilizado o software: Crystal Ball® 2000 da Decisioneering,

por sua facilidade de uso e adequação a análise Monte Carlo. É um add-in integrado ao

Excel com interfaces gráficas funcionais e poderosas. Para cada uma das variáveis da

Tabela 15, foi estimado o valor mínimo esperado da variável incerta no final do período da

projeção. A estimação desse valor mínimo difere para cada variável, como é descrito

abaixo. Onde as estimativas subjetivas fornecidas pela gerência e os executivos foram a

base para essas estimações, foi feita a seguinte pergunta: ao final do período 10 a variável

incerteza terá um valor esperado E(V10). Em um intervalo de confiança de 95%, qual será o

valor menor de V10 ? (Copeland e Antikarov, 2002, p. 262). Esse intervalo corresponderá a

dois desvios padrão sobre a variável incerta no período 10. Sendo: rsem a variação

percentual por semestre da variável em questão, o desvio padrão percentual dessa variável

será:

Fórmula 8 – Volatilidade semestral percentual de variáveis incertas ( )( ) ( )92//ln9% 1

inf10 ×−×= VVr erior

semσ

Na Fórmula 8, o valor: 9, corresponde ao número de incrementos de período (10 – 1).

Pode-se então obter o desvio padrão, em valor, da variável incerta:

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Fórmula 9 - Volatilidade semestral de variáveis incertas

1*% Vvalor σσ =

Tabela 15 – Desvio padrão das variáveis incertas do projeto Vista Rio

Variável Unidade V1 V10 •sem % •valor

Preço sistemas R$ 40.000 30.000 -3,20% 22.000 5,17% 2.068 Quantidade sistemas unit 24,00 40,00 5,68% 30,00 4,79% 1,15 Área base Km² 2.000 3.000 4,51% 2.800 1,15% 23 Preço distribuidor US$ 18,00 10,00 -6,53% 8,00 3,72% 0,67 Preço processamento R$/Km² 30,00 20,00 -4,51% 16,00 3,72% 1,12 IGP-DI % 6,60% 4% -5,56% 2,50% 7,83% 0,52%IGP-DI semestral % 3,20% 7,83% 0,25%Câmbio R$/US$ 3,00 4,50 4,51% 3,80 2,82% 0,08 % Venda Base por sistema % 80% 74% 3,75% 3,0%% Processamento de Base % 50% 42% 8,00% 4,0%Custo desenvolvimento sistemas R$ 10.800 6.700 -5,30% 6.000 1,84% 199 Licenças para sistemas R$ 10.000 3.650 -11,20% 3.000 3,27% 327 Custo Processamento R$/Km² 12,00 9,50 -2,60% 8,00 2,86% 0,34

Período Min com 95% certeza

período 10

Variação por

semestre

Com os valores obtidos de: •valor, foram consideradas variações Log-Normais para todas as

variáveis incertas pois estas não podem ter valores negativos. A única exceção sendo o

IGP-DI semestral, com uma distribuição Normal por não sofrer essa acima.

Após 10.000 iterações, o programa Crystal Ball® 2000, retornou a sensibilidade da variável

de previsão Z às variáveis incertas, mostrada pela Figura 8.

Dessa análise de sensibilidade conclui-se que as cinco principais variáveis incertas

contribuem com mais de 95% da variância da variável Z. Portanto sobre estas (Quantidade

de Sistemas Vendidos, Preço de Sistemas Vendidos, Preço de Processamento, %

Processamento de Base, % Venda de Base por Sistema) será realizada outra análise mais

consistente quanto a suas volatilidades. As demais serão mantidas com as volatilidades da

Tabela 15.

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Figura 8 - Sensibilidade da variável de previsão às variáveis incertas

Sensitivity ChartTarget Forecast: Z

37,3%

34,7%

9,3%

8,5%

6,2%

-1,4%

1,1%

0,7%

0,3%

-0,3%

-0,2%

0,0%

-10% 0% 10% 20% 30% 40% 50%

Quantidade Sistemas

Preço Sistemas

Preço processamento

% Processamento de Base

% Venda Base por sistema

Custo processamento

Preço Distribuidor Base

Câmbio

Área base

Licenças para sistema

Custo desenvolvimento sistemas

IGP-DI

4.3.2. Definição do tipo de distribuição e correlação das principais variáveis

A quantidade de sistemas vendidos é a variável mais influente de todo o modelo. O preço

dos sistemas vendidos também é altamente influente sobre a variável de previsão Z

(Fórmula 7), influenciando diretament e todas as receitas como pode ser visto na Figura 6.

O projeto inteiro é baseado na expectativa de resultados da comercialização dos sistemas e

plataformas de navegação, e portanto a incerteza desses dois parâmetros é crítica para a

volatilidade do projeto. Será portanto considerado para a projeção da volatilidade que estas

variáveis têm uma evolução segundo um movimento geométrico browniano (Copeland e

Antikarov, 2002, p. 261) e que sua faixa de volatilidade sofrerá ampliação com o tempo na

proporção de: T . Portando sendo: %semσ , a volatilidade definida na Fórmula 8, para

estas variáveis a volatilidade no período T será:

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Fórmula 10 - Ampliação da faixa de volatilidade

TV semTT ××= %σσ

O preço de processamento também deve seguir um movimento geométrico browniano.

Portanto é considerado que sua faixa de incerteza também se amplia pela Fórmula 10. Por

outro lado as variáveis: “% Venda de Base por Sistema”, e: “% Processamento de Base”,

são definidas a partir de valores médios históricos e por suas características no modelo de

negócio, considera-se que tenham um comportamento de reversão à média, sem ampliação

de sua faixa de incerteza no tempo.

Tabela 16– Faixa de volatilidade das variáveis mais relevantes Período: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Preço sistemas R$ * 40.000 39.991 39.913 39.771 39.568 39.309 38.998 38.640 38.238 37.795

• x raiz (T) % 5,17% 7,31% 8,95% 10,34% 11,56% 12,66% 13,68% 14,62% 15,51% 16,35%• x raiz (T) R$ 2.068 2.923 3.574 4.112 4.574 4.977 5.334 5.649 5.930 6.178

Quantidade sistemas unit 24,0 25,4 26,9 28,5 30,1 31,9 33,7 35,7 37,8 40,0• x raiz (T) % 4,79% 6,78% 8,30% 9,59% 10,72% 11,74% 12,69% 13,56% 14,38% 15,16%• x raiz (T) unit 1,15 1,72 2,23 2,73 3,23 3,74 4,28 4,84 5,44 6,1

% Venda Base por sistema % 80% 80% 80% 80% 80% 80% 80% 80% 80% 80%• % 3,75% 3,75% 3,75% 3,75% 3,75% 3,75% 3,75% 3,75% 3,75% 3,75%• % 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 3,0%

% Processamento de Base % 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50%• % 8,00% 8,00% 8,00% 8,00% 8,00% 8,00% 8,00% 8,00% 8,00% 8,00%• % 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0%

Preço Processamento R$ * 30,00 29,60 29,16 28,68 28,16 27,61 27,04 26,44 25,83 25,20• x raiz (T) % 3,72% 5,26% 6,44% 7,44% 8,32% 9,11% 9,84% 10,52% 11,16% 11,76%• x raiz (T) R$ 1,12 1,56 1,88 2,13 2,34 2,52 2,66 2,78 2,88 2,96

R$* - Para o cálculo da faixa de volatilidade destas variáveis foram utilizados os valores projetados corrigidos pelo IGP-DI.

Os valores a serem alimentados no programa Crystal Ball® 2000 para a evolução destas

variáveis, figuram da Tabela 16.

Ainda foram consideradas as auto-correlações dessas principais variáveis. No caso de

preços e quantidade de sistemas, considerou-se que ambas estão auto-correlacionadas em

90%. Este número muito alto deve refletir o nível de incerteza da projeção desses valores.

Com essa alta auto-correlação, um erro positivo elevado num determinado período será

muito possivelmente seguido de um outro erro positivo no período seguinte (Copeland e

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Antikarov, 2002 p. 250) . Estas variáveis têm ainda uma correlação negativa entre si de

50%, pois vendas altas devem sugerir preços baixos e vive versa. O preço de

processamento, que é um valor do mercado, terá uma auto-correlação menor: 50%. As

variáveis: “% Venda de Base por Sistema”, e: “% Processamento de Base”, por terem um

comportamento de reversão á média foi considerado que possuem auto-correlação negativa

de 50%. Esses valores listados na Tabela 17 foram então introduzidos nas células

correspondentes das variáveis, em cada período.

Tabela 17 – Correlações das principais variáveis do modelo Correlações P Sist Q Sist Base / Sist Base proc P proc

PS QS BS% BP% PPP Sist PS 90% -50% 0 0 0Q Sist QS -50% 90% 0 0 0Base / Sist BS% 0 0 -50% 0 0Base proc BP% 0 0 0 -50% 0P proc PP 0 0 0 0 50%

4.3.3. Cálculo da volatilidade única do projeto

Novamente foi utilizado o software Crystal Ball® 2000 para avaliar desvio padrão da

variável de previsão do projeto: Z (Fórmula 7). Após 10.000 iterações foi obtido o valor

abaixo. Esse desvio padrão foi considerado o valor da volatilidade única (semestral) do

projeto: σsem = 30,23 %

A distribuição da frequência da variável Z, é vista na Figura 9. Para validar essa

distribuição de freqüência, utilizou-se a função “Fit” do Crystal Ball® 2000 sobre os

valores extraídos. Verificou-se pelo ranqueamento Kolmogorov-Smirnov, com valor de

0,0169 denotando alta significância (Guimarães e Cabral, 1997), que a distribuição que

melhor se adapta é a Weibull, generalização da distribuição exponencial (Tamhane e

Dunlop, 2000):

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Figura 9 – Frequência de distribuição e distribuição cumulativa da variável Z

Da mesma forma extraiu-se a distribuição do VPL do projeto (Figura 10). Verifica-se que

apesar deste possuir um VPL positivo, há 35,15% de probabilidade deste ser negativo,

dando uma estimação do risco envolvido por conta da volatilidade das var iáveis do projeto.

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Figura 10 - Frequência de distribuição do VPL, projeto Vista Rio

4.4. Terceiro passo: modelagem de árvore binomial

De posse do modelo de FCD e da volatilidade do projeto foi construída a árvore binomial

sem flexibilidade. Os valores plotados nela são os VPs do projeto em cada nó. Na prática,

para cada nó são calculados dois valores: o valor presente do projeto no nó em questão

(chamado de pré-dividendos) e o mesmo VP retirando dele o valor do fluxo de caixa livre

nesse período (chamado de pós-dividendo). Temos então uma árvore binomial

recombinante, com pagamento de dividendos, ainda conforme Copeland e Antikarov

(2002). Os movimentos ascendentes e descendentes são obtidos pela Fórmula 2:

3529,1== semeu σ , e: 7391,01 === −

ued semσ

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Em cada período é calculada uma taxa de pagamento de dividendo, definida como o fluxo

de caixa livre do período dividido pelo VP pré-dividendo do período:

Fórmula 11 – Taxa de pagamento de dividendos em T

TTT VPpréFCLDiv ÷=% (para: T = 1 a 10)

No período 1, o VP pré-dividendo é calculado pelo valor presente dos fluxos de caixa, do

período 1 até o período 10 e incluindo a perpetuidade descontada ao custo de capital até o

período 1. No período 2 os valores dos VPs pré-dividendos são: o VP pós-dividendo do

período 1, multiplicado pelos movimentos ascendentes e descendentes da Fórmula 2. Para

obter-se os valores pós-dividendos desse período, multiplicam-se então os valores dos VPs

pré-dividendo por: (1-%Div2) (Fórmula 11). O mesmo procedimento é repetido para todos

os períodos subseqüentes como ilustrado na Figura 11.

Figura 11 – Passo de cálculo da árvore binomial recombinante

VPpós T-1

%DivT%DivT-1 %DivT+1

VPpré T

VPpós T

VPpré T-1 x u

x d

VPpré T

VPpós T

x (1-%DivT)

T+1TT-1

VPpré T+1

VPpós T+1

x u

x d

VPpré T+1

VPpós T+1

x u

x (1-%DivT+1)

x (1-%DivT+1)x (1-%DivT)

VPpós T-1

%DivT%DivT-1 %DivT+1

VPpré T

VPpós T

VPpré T-1 x u

x d

VPpré T

VPpós T

x (1-%DivT)

T+1TT-1

VPpré T+1

VPpós T+1

x u

x d

VPpré T+1

VPpós T+1

x u

x (1-%DivT+1)

x (1-%DivT+1)x (1-%DivT)

Por esse processo obtém-se finalmente a árvore binomial recombinante dos Valores do

Projeto Vista Rio (Figura 12). Outra forma de visualizar a mesma árvore de valores pode

ser vista no Anexo I (Figura 26), com os valores desta plotados em escala. Também essa

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mesma árvore com o eixo dos valores (R$) em escala logarítmica, nos dá a confirmação do

aspecto exponencial da árvore (Anexo I - Figura 27).

Figura 12 – Árvore binomial de valores do projeto Vista-Rio sem flexibilidades – R$ 1000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

22.221 19.959

18.099 16.425

14.612 12.140 13.378 10.904

11.702 9.888 10.800 8.973

9.527 7.983 6.633 8.650 7.309 5.957

7.700 6.393 5.402 7.042 5.901 4.902

6.183 5.205 4.361 3.624 5.692 4.726 3.993 3.255

4.926 4.207 3.493 2.951 4.570 3.847 3.224 2.678

3.895 3.378 2.844 2.383 1.980 3.641 3.109 2.582 2.181 1.778

3.075 1.470 2.298 1.908 1.612 2.726 2.879 2.497 2.102 1.761 1.463

2.128 1.845 1.554 1.302 1.082 1.989 1.699 1.410 1.192 971

1.470 1.256 1.043 881 1.364 1.148 962 799

1.008 849 711 591 928 771 651 531

686 570 481 627 526 437

464 389 323 421 356 290

311 263 287 239

212 176 194 158

144 130

96 87

Azul: valores pré-dividendoVerde: valore pós-dividendo

4.5. Quarto passo: modelagem e cálculo das opções reais presentes no

projeto

Nesta etapa são modeladas as opções reais envolvidas no projeto e a metodologia para

valorar cada uma delas.

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4.5.1. Modelagem de opção real de abandono por valor de recuperação

Foi convencionado que em qualquer período, a partir do período 2, existe uma opção de

abandono ou abandono por recuperação (salvage) que pode ser modelada por uma opção

de venda americana (put). Para modelar essa possibilidade de opção real, é necessário ter o

valor de recuperação de uma empresa de tecnologia que é o preço de exercício da opção no

modelo.

4.5.1.1. Ativos a serem considerados para o cálculo do valor de

recuperação

Apenas a infra-estrutura depreciad a e as bases de dados cartográficos (fotográficas e

vetoriais) tem valor de mercado. No entanto, como esses dois itens tem um valor perecível,

foi projetado um valor de recuperação em queda ao longo do tempo. Destes deveria ser

deduzido qualquer passivo contratual e trabalhista existente, no entanto passivos

imponderáveis desse tipo são de difícil previsão e por essa razão não são levados em conta

nesta avaliação.

Foi também considerado o retorno do capital de giro empregado na operação pois este

constitui caixa que retorna a empresa com o encerramento de suas operações.

4.5.1.2. Depreciação comercial dos ativos a serem vendidos

Foi considerado que as bases de dados de imagens pertencentes à empresa, tem um valor

de revenda total igual ao investimento, e sofrem uma desvalorização de 20% ao ano. Esse

valor é baseado na queda de preço de bases considerada na Tabela 13, de 12,24% a.a. ,

acrescido de um desconto para liquidação desses ativos, perfazendo o total de 20%. Como

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há um investimento anual projetado em bases, esse valor de revenda não será apenas o

valor do período precedente desvalorizado, mas sofrerá um acréscimo também a cada ano.

Da mesma forma os investimentos em infra-estrutura (compreendendo hardware e

software) sofrerão uma desvalorização anual de 30% (considerada suficientemente alta

pela gestão para já incluir um prêmio de liquidação), acrescida dos investimentos previstos.

A cada período, o valor de recuperação é a soma dos valores de revenda de bases e infra-

estrutura e do montante do capital de giro recuperado existente no período 2. Supôs-se que

a opção de abandono só será exercida em condições adversas do projeto, portanto suas

receitas terão sido inferiores ao caso base e por conseguinte o capital de giro não terá tido

os aumentos previstos permanecendo equivalente ao período 2.

O valor de recuperação no período T (T entre 2 e 10) pode ser calculado pela Fórmula 12.

Fórmula 12 – Cálculo do preço de exercício da opção de abandono por recuperação Vrecuperação T = (Valor bases T-1) x (1- Ln(1+20%)/2) + Manut. Bases T + (Valor infra T-1) x

(1- Ln(1+30%)/2) + Manut. Infra T + Capital de Giro total 2

Os valores calculados estão listados na Tabela 18.

Tabela 18 – Valor de recuperação do projeto Vista Rio (R$ 1000) Período: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Valor Bases 1.461 1.400 1.348 1.304 1.267 1.238 1.215 1.198 1.187 1.181 Valor Infraestrutura 195 188 182 176 172 168 164 161 159 156 Capital de giro 621 652 652 652 652 652 652 652 652 652 Valor de Recuperação 2.278 2.240 2.182 2.132 2.091 2.058 2.031 2.011 1.998 1.990

Portanto o preço de exercício da opção de abandono por valor de recuperação muda com o

período tendo uma queda ao longo do tempo, o que é consistente com a depreciação

comercial de seus ativos.

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69

4.5.2. Modelagem de opção real de expansão

Também foi definido que existe uma possibilidade de expansão do mesmo modelo de

negócio para a cidade de São Paulo a ser chamada: Vista SP. Esta foi modelada como uma

opção de compra americana (call). Essa expansão faz todo o sentido, no caso do modelo de

negócios desenvolvido para o grande Rio de Janeiro vir a ter sucesso. São Paulo sendo o

grande mercado urbano do país, pode-se aplicar o mesmo modelo de negócio já testado e

em funcionamento.

4.5.2.1. Avaliação clássica do site Vista SP

Para a modelagem dessa flexibilidade de expansão, foi replicada a avaliação por FCD sem

flexibilidade do site Vista Rio, adaptando-o para a cidade de São Paulo. Diversos fatores

foram levados em conta, sendo estes:

• Custos fixos 30% acima daqueles considerados no Vista Rio (média de custos

operacionais em São Paulo comparando ao Rio de Janeiro, como aluguel, salários,

etc...).

• Custos variáveis aumentarão, em função da necessidade de representantes locais (em

SP) comissionados para venda de produtos (interfaces e bases de dados). Estes foram

considerados como 10% da receita operacional.

• Também os investimentos em bases de imagens serão significativamente maiores que

no modelo do Rio de Janeiro em função da necessidade de processamento de nova base

de imagens e de dados cartográficos ainda não disponíveis.

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70

Tabela 19 – Investimentos em bases cartográficas necessários para o projeto Vista SP

Investimentos Vista SPBase de dados fotográficosBase satélite São Paulo 3.000 Km²

Custo unitário 18,00 US$Total 54.000 US$Processamento 12,00 R$/Km²

Total 198.000 R$

Base Vôo São Paulo 1.200.000 R$Bases de dados vetoriais

Toponimia/Altimetria 100.000 MUB 5 1.000.000 Dados cadastrais 200.000

Total 1.300.000 R$Total Bases 2.698.000

Além da área da base cartográfica de dados ser de 3000 Km², os dois outros ite ns que

mudam significativamente com relação ao projeto Vista Rio são:

• A variável: “% de Venda de Base por Sistema”, será considerada de 60% (contra 80%

do Rio de Janeiro), pois a relação das duas bases é de 66,7% (RJ/SP) e parte das vendas

de bases de São Paulo já é realizada pelo Rio;

• O número Total de Venda de Sistemas projetado.

Para se calcular esse valor foi utilizado um múltiplo dos volumes vendidos no projeto Vista

Rio. Esse valor foi calculado a partir dos dados publicados pelo IBGE com relação às

populações e as atividades econômicas comparativamente dos estados de São Paulo e do

Rio de Janeiro. Foram considerados as populações totais e ativas das metrópoles e sua

relação com pesos iguais. Essa média trará a relação de usuários de serviços a serem

oferecidos, não considerando apenas a população ativa, mas também um peso de usuário

doméstico, ou visitante do site Vista SP. Foi introduzido também, com metade do peso das

relações anteriores, a relação do PIB dos estados, para levar em conta a atividade

econômica associada às regiões geográficas. Esse peso de metade também irá contribuir

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71

com uma proporção mais conservadora da expectativa de vendas. O cálculo figura na

Tabela 20. Chega-se portanto a um múltiplo de: 2,05.

Tabela 20 – Múltiplo de vendas entre Rio e São Paulo

R$ milhão M hab M habGrande RJ 125.245 7,09 2,24 Grande SP 358.970 12,14 4,41 Peso 1 2 2 SP / RJ 2,87 1,71 1,97 Média ponderada 2,05

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.Grande RJ: municípios RJ, Caxias, Niteroi, S.GonçaloGrande SP: municípios SP, St André, S. Bernardo, Diadema

PIB por estado da

UniãoPopulação

totalPopulação ativa Total

O valores do projeto Vista SP figuram na Tabela 21.

Tabela 21 – VPL do projeto Vista SP – R$ VP Total 4.829.763 77% Sobre RJVP FCL 2.796.914 58% 78% Sobre RJVP Perpertuidade 2.032.848 42% 76% Sobre RJInvestimento (3.962.000) 69% Sobre RJVPL 867.763 128% Sobre RJ

Os fluxos completos de receitas e de caixa livre do site Vista SP, encontram-se no Anexo I (Figura 23 e Figura 24).

4.5.2.2. Cálculo do múltiplo sobre o valor presente do site RJ

No entanto o valor do múltiplo a ser utilizado no cálculo da opção de expansão, para obter-

se o valor do payoff comparado ao VP do projeto Vista Rio também se alterará de período

a período. Esse múltiplo é obtido pela Fórmula 13:

Fórmula 13 – Múltiplo Vista Rio x São Paulo Mult spxrj T = (VPsp T/ VP rj T) + 1

Não somente o VPrj varia com o período T, também o VPsp é função do período T em que

o projeto Vista SP é implementado, pois diversas das variáveis do seu FDC são função do

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72

período de implementação. Para se obterem esses valores foram recalculados os VPsp

inserindo-se como valor inicial das variáveis, o valor destas projetado em cada período T

para obter-se essa série de múltiplos. Conclui-se que o valor do diminui com o período de

exercício da opção de expansão. Essa matriz de valores das variáveis, assim como os

valores do VPsp em função do período de exercício, encontram-se no Anexo I (Figura 25).

Da mesma forma o valor necessário de investimento em São Paulo diminui com o período

na proporção do preço de aquisição das bases cartográficas necessárias.

Esses múltiplo s são utilizado como multiplicadores do VP pós-dividendo da árvore

binomial, para se obter o valor da opção de expansão.

Tabela 22 – Fator e preço de exercício (R$ 1000) da opção de expansão Período: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Multiplo VP RJ: 2,57 2,50 2,42 2,35 2,29 2,23 2,19 2,12 2,06 2,01 Investimento (preço de exercício): - 3.962 3.703 3.461 3.235 3.024 2.827 2.642 2.469 2.308

No período T, o valor da opção de expansão será:

Fórmula 14 – VP expansão VP expansão T = VP rjT x Mult spxrjT – Investimento sp T

4.5.3. Montagem da árvore de decisão com flexibilidade

A modelagem da árvore de decisões começará pelo último período (T=10) da árvore de

eventos sem flexibilidade (Figura 12). Em cada nó, para o valor pós -dividendo, será

escolhido o valor máximo entre: o valor da opção de abandono (put) definido na Tabela 18

o valor da opção de expansão (call) definido na Fórmula 14, ou o valor da árvore sem

flexibilidade no mesmo nó. A partir desses valores pode-se calcular os valores pré-

dividendo, somando-se a aqueles o valor dos dividendos no mesmo nó da árvore sem

flexibilidade (Copeland & Antikarov, 2002).

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73

Para os nós dos períodos anteriores, ao calculo dos valores pós-dividendo vista acima, será

ainda acrescida a possibilidade do valor dos fluxos dos nós posteriores, multiplicados pelas

respectivas probabilidades neutras ao risco p e (1 -p), obtidas na Fórmula 4, e descontados

pela taxa sem risco: r = 13,22% a.a. (Tabela 11), e r sem = 6,40% :

( ) ( ) 5356,0/ =−−= dudep semr , e: 4637,01 =− p

Figura 13 – Árvore de eventos com opções reais (R$ 1000) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

40.058 37.797

33.083 31.408

26.974 20.838 25.740 19.602

21.711 16.954 20.809 16.039

17.165 13.538 10.337 16.287 12.864 9.662

13.514 10.579 8.142 12.856 10.086 7.642

10.394 8.006 6.198 4.600 9.902 7.526 5.829 4.232

7.695 5.981 4.645 3.534 7.340 5.621 4.376 3.261

5.701 4.600 3.692 2.913 2.191 5.447 4.331 3.430 2.712 1.990

4.364 2.392 3.061 2.530 2.161 3.869 4.168 3.455 2.865 2.383 2.011

3.009 2.640 2.330 2.121 2.100 2.870 2.493 2.187 2.011 1.990

2.392 2.204 2.112 2.079 2.286 2.097 2.031 1.998

2.212 2.136 2.071 2.050 2.132 2.058 2.011 1.990

2.150 2.075 2.042 2.091 2.031 1.998

2.100 2.044 2.023 2.058 2.011 1.990

2.055 2.022 2.031 1.998

2.029 2.008 2.011 1.990

2.011 1.998

2.000 1.990

Preto: valores pré-dividendo

Valores pós-dividendo:Azul: continuaçãoVerde: valore opção expansãoLaranja: valores opção abandono

Repetindo-se o processo até o início da árvore de decisões, obtêm-se no nó inicial, o VP

expandido do projeto, englobando as opções reais embutidas.

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74

5. RESULTADOS E ANÁLISE

5.1. Valor das opções reais embutidas no projeto Vista Rio

O valor das opções reais e do VPL expandido do projeto Vista Rio podem ser vistos na

Tabela 23.

Tabela 23 – Valor das opções reais Valor das Opções Reais - Projeto Vista Rio

VP sem flexibilidade: 2.726.216 VPL sem flex 381.216 1.143.055 VP com flexibilidade: 3.869.272 VPL com flex 1.524.272 Valor opção Expansão: 855.779 Incremento por opções: 42% Incremento por opções: 300% Valor opção Abandono: 338.279

R$R$ R$Valor opções Compostas:

As opções reais compostas de abandono e de expansão contribuem com um aumento

considerável ao valor inicial do projeto, o que se configura de grande valia em vista do

risco associado a ele, como pôde ser observado na Figura 10, pois este tem probabilidade

bastante alta de um VPL negativo em função das incertezas de suas principais variáveis.

Pode-se também verificar que as opções reais de abandono e de expansão calculadas

isoladamente tem valor somado, superior a quando consideradas de forma composta. A

diferença à mais de: R$ 51.003,00, é explicada ao se analisar as árvores de decisão do

projeto quando se considera as opções compostas (Figura 14) e isoladamente de expansão

(Figura 15) e de abandono (Figura 16).

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Figura 14 – Árvore de decisão do projeto Vista Rio Árvore de decisão por pe ríodo

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Continua

Expansão

Continua

Continua Continua

Continua Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua Continua

Continua

Abandona

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercidaOpção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona Abandona

Opção exercida

Expansão

Opção exercida

Continua

Abandona

Continua

Continua

Expansão

Continua

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Expansão

Abandona

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona

Opção exercida

Nota-se que a opção de expansão, quando considerada isoladamente tem seu segundo

evento ocorrendo um período antes de quando composta com a de abandono (Figura 15). O

mesmo ocorre com a opção de abandono, quando composta com a de expansão ( Figura

16).

Portanto as opções de expansão e de abandono têm seu s valor es mais elevados quando

consideradas isoladamente. A opção de abandono “empurra” a possibilidade de ocorrência

da de expansão e vice-versa. Portanto fica bem definido que as duas opções reais

consideradas, não são independentes, apesar de terem sua conceituação independente uma

da outra.

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Figura 15 – Árvore de decisão: opção de expansão isolada 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Opção exercida

Expansão

Continua

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Expansão

Continua

Continua

Continua

Continua

Expansão

Opção exercida

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua Continua

Continua

Continua

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Continua

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Continua Continua

Continua

Continua Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua Continua

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Expansão

Opção exercida

Figura 16 - Árvore de decisão: opção de abandono isolada 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona

Opção exercida

Continua

Continua

Abandona

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Abandona

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Continua

Continua Continua

Continua

Continua Abandona

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

: Ocorrência da opção de expansão, quando composta com a de abandono

: Ocorrência da opção de abandono, quando composta com a de expansão

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77

A plotagem das árvores de eventos e de decisões em escala de valores (Anexo I, Figura 26

e Figura 28), permitem uma percepção clara da faixa de oscilação dos valores do projeto,

que não é percebida nas árvores com apenas os nós e valores (Figura 12 e Figura 13).

Quando estas são plotadas em escala logarítmica (Anexo I, Figura 27, Figura 29, Figura 30

e Figura 31) permitem então observar claramente o efeito de cada opção real sobre o valor

do projeto em questão. No Anexo I estão plotadas as árvores de decisão do projeto Vista

Rio, tanto para as opções compostas quanto para as opções de expansão e de abandono

separadamente, todas sobre a árvore de eventos sem flexibilidade (em cinza ao fundo) para

comparação.

Quando analisamos a opção de expansão isoladamente ao longo da árvore de decisão

(Anexo I, Figura 30), podemos observar que esta “estica” a malha da árvore, a partir dos

nós de expansão, para cima (aumentando seus valores), de forma que a linha de valor do

projeto é “puxada” para cima, ou seja tem seu valor aumentado até a origem da árvore .

Nesse nó obtém-se o valor presente expandido do projeto com a opção de expansão

isolada. Os nós inferiores da árvore não sofrem mudança e se confundem com os da árvore

de eventos. Podemos concluir que a opção de expansão agrega valor ao projeto original

como um “multiplicador” de valor nos casos de sucesso do negócio.

Já a análise da opção de abandono isolada no mesmo tipo de gráfico (Anexo I, Figura 31),

mostra que os nós superiores não sofrem alteração. São os nós inferiores que tem seu valor

limitado pelo valor de recuperação, “podando” a árvore de decisão e assim elevando a

linha de valor do projeto até a origem onde se obtém o valor presente expandido do projeto

com a opção de abandono isolada. Portanto a opção de abandono por valor de recuperação

age com um limitador ou “hedge” contra a queda de valor do projeto.

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5.2. Análise e limitações do caso apresentado

5.2.1. Opção de abandono: entraves ao exercício

Como citam Copeland e Tufano (2004) e também Adner e Levinthal (2004), o exercício de

uma opção real de abandono depara-se com problemas de controle gerencial, e esses

entraves ao exercício de uma opção real de abandono são ainda maiores quando empresa e

projeto se confundem, como é o caso estudado do projeto Vista Rio.

Esse aspecto limitante decorre de vários fatores, dentre os quais vale ser citada a

remuneração da gestão. Como esta, geralmente é proporcional à performance do projeto ,

vem a se chocar frontalmente com o princípio de controles gerenciais que poderiam levar a

suspensão da atividade, absorvendo custos passados irrecuperáveis.

No caso estudado, ao observar-se a árvore de decisões da Figura 14, podemos verificar que

um dos nós que aponta a opção “continuar” (período 9, 5º nó de baixo para cima, conforme

a Figura 17), na realidade invariavelmente conduzirá a opção de abandono até o final da

árvore. O valor do VP pós-dividendos desse nó, que é a métrica de avaliação do projeto, é

marginalmente superior ao valor de abandono no período: 0,69%. Portanto a decisão

estratégica de abandono deveria ser analisada pela gestão anteriormente ao último período,

caso se configurar tal situação, na qual o valor do projeto (VP) entra numa faixa de valores,

próxima ao valor de abandono.

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Figura 17 – Nó de abandono obrigatório

Árvore de decisão por pe ríodo1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Continua

Expansão

Continua

Continua Continua

Continua Continua

Continua

Continua

Continua

Continua

Continua Continua

Continua

Abandona

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercidaOpção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona Abandona

Opção exercida

Expansão

Opção exercida

Continua

Abandona

Continua

Continua

Expansão

Continua

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Expansão

Abandona

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Opção exercida

Abandona

Opção exercida

5.2.2. Opção de expansão: limites do orçamento de capital

A opção de expansão aqui modelada refere-se à ampliação do negócio para um novo

mercado caso o sucesso do negócio permita que essa expansão agregue mais valor do que

seu custo.

No entanto a expansão dimensionada prevê seu exercício imediato se as condições de

mercado se mostrarem adequadas, o que não é forçosamente verdade. A opção de

expansão prevê orçamento de capital que devera ser aportado por investimento externo ao

projeto.

No Brasil a obtenção de capital para empreendimentos privados defronta-se com escassez

crônica, sujeitando os empreendedores a condições muitas vezes inaceitáveis, não somente

ao nível de custo de captação, mas também de clausulas contratuais leoninas, impostas por

Este nó conduzirá obrigatoriamente a uma opção de abandono

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80

investidores de venture capital em empreendimentos de risco, através de acordos de

acionistas. Visto que a avaliação por opções reais, além de dimensionar corretamente

projetos sujeitos a incertezas e flexibilidade, também aponta estratégias e riscos intrínsecos

ao negócio, faz sentido desde já avaliar o efeito da não existência de orçamento de capital,

para o caso do exercício da opção real de expansão modelada. Podemos verificar tanto na

Tabela 24, quanto em seu gráfico na Figura 18, o valor decrescente da opção composta, da

opção de expansão e a manutenção do valor da opção de abandono, em função do primeiro

ano de possibilidade de exercício da expansão.

Tabela 24 - Valor das opções reais em função do primeiro período de exercício da opção de expansão

Valor das opções (R$ 1000): 3 4 5 6 7 8 9 10Composta 1143 1115 1056 1013 967 903 831 762

Expansão: 856 806 744 690 637 573 497 428

Abandono: 338 338 338 338 338 338 338 338

Figura 18 – Valor das opções reais em função do primeiro período de exercício da opção de expansão

Valor das opções reais (R$ 1.000)

-

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

3 4 5 6 7 8 9 10Composta Expansão: Abandono:

É evidente a perda de valor da opção real de expansão (e por conseqüência da opção

composta), à medida que esta não é exercida com o passar dos períodos. Portanto a

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81

indicação estratégica para a gerência da necessidade de atenção para a oportunidade de

expansão é revelada pelo cálculo das opções reais.

5.2.3. Probabilidades de ocorrência das opções reais no caso estudado

A probabilidade de ocorrerem os exercícios das opções reais de expansão e de abandono,

período à período, pode ser acompanhada na Figura 19, e a probabilidade acumulada nos

10 períodos na Figura 20. Estas são obtidas a partir das probabilidades objetivas calculadas

pela Fórmula 3:

( ) ( ) 6623,0/ =−−= dudeq semk , e: 3377,01 =− q

Figura 19 – Probabilidades do exercício das opções reais período à período Período: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Exercício das opções reais - Probabilidades reais

Expansão 43,9% 19,9% 11,6% 4,6%

Continuação 100% 100,0% 56,1% 53,1% 53,1% 30,6% 26,5% 9,9% 9,9% 0,0%

Abandono 3,0% 2,6% 4,1% 5,0% 5,3%

0% 0% 3% 3% 6% 10% 15% 15%

Probabilidade real de exercício de opções

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Abandono Continuação Expansão

Podemos concluir que além de a opção real de expansão ter valor superior a de abandono

(Tabela 23), a probabilidade desta ocorrer (79,9%), é muito mais alta do que a de

abandono (20,1%). Portanto, a expansão do modelo de negócio deve ser acompanhada pela

gestão do projeto de perto pois a alternativa será o encerramento do negócio. Pode-se dizer

que o projeto é do tipo: expande ou abandona.

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Figura 20 – Probabilidades compostas acumuladas Probabilidades Compostas Accumuladas até o período 10

Expansão 79,9%

Continuação 0,0%

Abandono 20,1%

Probabilidade composta de exercício de opções

20,1%0,0%

79,9%

Expansão Continuação Abandono

5.2.4. Outras limitações do caso estudado

A avaliação do caso estudado est á considerando diversas hipóteses simplificadoras e

abstração da realidade. Portanto, devemos estar claramente indicando essas distorções para

poder enquadrar a presente avaliação num rol de limitações.

Em primeiro lugar, apesar de estarmos avaliando opções reais por um processo de árvore

binomial, estaremos considerando a hipótese de neutralidade ao risco, baseada na

existência teórica de um ativo replicante subjacente. Apesar de ser academicamente

aceitável, sabemos que essa suposição não é verdadeira e que estamos apenas ap roximando

o mundo real. Da mesma forma estaremos considerando uma taxa sem risco fixa ao longo

do período todo do projeto para o cálculo do valor das opções, o que também introduz uma

distorção da realidade.

As suposições sobre a volatilidade das variáveis de entrada serão baseadas nas experiências

dos executivos envolvidos no projeto e portanto sujeitas a vieses e eventual falta de

objetividade mesmo tendo sido sujeitas ao processo de face validity descrito no capitulo

4.1. Apesar das projeções, principalmente das receitas, serem lastreadas em valores

históricos, mesmo considerando a volatilidade destas num modelo geométrico browniano,

elas são o resultado da expectativa dos executivos envolvidos.

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6. CONCLUSÕES

A avaliação de um projeto corporativo, do ponto de vista de financeiro, é uma tarefa difícil

e complexa. Freqüentemente os projetos fazem parte de um plano estratégico empresarial,

no qual deve-se decidir entre diversas alternativas, algumas excludentes, em face de um

orçamento de capital limitado. No ambiente de negócios do mundo atual, sujeito a diversas

formas de incertezas, a velocidade de reação da gestão de uma empresa é um fator crítico

para a resposta às ameaças ao seu crescimento. Portanto para os tomadores de decisão

avaliarem corretamente uma alternativa de investimento, não devem se restringir à

avaliação estática por fluxo de caixa livre descontado de suas operações. É necessário

também poder quantificar financeiramente as capacidades de flexibilidade não somente da

gestão do novo negócio, como também das características próprias do modelo de negócio.

Uma avaliação correta das flexibilidades do negócio analisado, pode levar os tomadores de

decisão a implementarem iniciativas que seriam descartadas por uma avaliação clássica,

restringindo assim oportunidades de crescimento que poderiam se tornar grandes geradores

de valor para a empresa.

Neste estudo foi exposto que as opções reais não somente tem a capacidade de quantificar

corretamente as flexibilidades gerencias presentes nos projetos, mas também tem a

capacidade de indicar pontos de controle ex-ante, permitindo a gestão da empresa delinear

estratégias futuras e principalmente dimensioná-las financeiramente.

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84

O presente estudo avalia o VPL expandido de um investimento privado de risco sujeito a

flexibilidade gerencial e a incertezas das variáveis que compõe seu fluxo de caixa. Essas

características estão presentes em grande número de projetos corporativos que geralmente

são avaliados apenas a luz da projeção de seu fluxo de caixa e de uma estratégia gerencial

definida e engessada. O projeto Vista Rio objeto do estudo, é do setor de sistemas de

informação geográficas – SIG, área de tecnologia recente e de grande potencial de

crescimento, especialmente no Brasil muito carente em termos de cartografia. A falta de

dados publicados, por ser um setor de empresas de capital fechado, foi contornada por uma

abordagem de validação dos dados de projeção, inclusive a volatilidade das variáveis

incertas, em função da expertise reconhecida dos executivos envolvidos no projeto. O

projeto Vista Rio de SIG urbano, envolve comercialização de sistemas, bases de dados

cartográficos e tratamento dessas bases. A grande incerteza envolvendo um projeto dessa

natureza e características, assim como suas flexibilidades gerenciais não são capturadas por

uma avaliação clássica por FCD.

A avaliação por opções reais permitiu não somente quantificar o valor subjacente das

capacidades da gestão ativa, aumentando consideravelmente o VPL do projeto em 300% ,

como também indicar claramente os riscos e alternativas estratégicas envolvidas. Da

análise das probabilidades de ocorrência das opções reais estudadas (expansão e

abandono), obtêm-se indicação de que a gestão deve estar preparada para a expansão de

seu modelo de negócio para a área urbana de São Paulo, pois a alternativa será o abandono

do negócio. A necessidade de investimento de capital, sendo fundamental para essa

expansão, torna-se o “calcanhar de Aquiles” da perpetuidade do negócio.

A metodologia discreta de árvore binomial recombinante utilizada em conjunto com o

principio de Market Asset Disclaimer (MAD), que considera o valor do projeto como ativo

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replicante, permite modelar de forma flexível e prática inúmeras formas de flexibilidades

gerenciais em planilhas de calculo utilizando os mesmos dados gerenciais já empregados

nas avaliações clássicas. Também a combinação das volatilidades sobre as incertezas das

variáveis das projeções clássicas, que resultam numa volatilidade única da variação do

valor do projeto, permite a modelagem da árvore de eventos, cuja amplitude se torna um

indicador do risco do projeto em função de suas variáveis, permite a criação de um modelo

de grande versatilidade e aplicação. Essa metodologia em quatro passos foi aplicada no

estudo de caso apresentado.

Outras formas de opções reais, podem adaptar-se a metodologia discreta utilizada neste

estudo de caso. Principalmente as opções compostas ou seqüenciais merecem ter seu

estudo aprofundado, pois apesar de aparentarem maior complexidade de implementação,

também podem ser modeladas por árvore binomial recombinante

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90

ANEXO I

Neste anexo encontram-se as tabelas dos fluxos de receitas e caixa dos projetos Vista Rio e

Vista SP, para o cálculo da opção de expansão.

A seguir encontram-se também os gráficos das árvores de eventos do projeto Vista Rio,

sem e com flexibilidades incorporadas, em escala linear e logarítmica, para visualização

mais clara dos valores em cada nó.

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91

Figura 21 – Fluxo de receitas do Projeto Vista Rio

Flux

o de

rece

itas e

des

pesa

s ass

ociad

asSe

mestr

e:%

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89

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3,36%

3,17%

3,00%

2,84%

2,69%

2,54%

2,40%

2,27%

2,15%

2,03%

Câmb

ioR$

/ US$

9,43%

4,51%

3,00

3,1

4

3,28

3,4

3

3,59

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6

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1

4,30

4,5

0

Vend

a de s

istem

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)R$

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41

Licen

ças (

unitá

rio)

R$-2

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8.503

7.821

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4.598

Preç

o unit

ário

R$-6

,19%

-3,20

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.000

39.99

139

.913

39.77

139

.568

39.30

938

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38.64

038

.238

37.79

5Qu

antid

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t12

,02%

5,68%

24,0

25,40

26,89

28,46

30,12

31,88

33,74

35,71

37,79

40,00

Custo

R$

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99.20

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02.98

0)(5

06.35

6)(5

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3)(5

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18.41

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20.08

6)(5

21.57

6)Re

ceita

R$ (

bruta

)R$

960.0

001.0

15.83

01.0

73.06

31.1

31.68

01.1

91.66

71.2

53.01

11.3

15.70

31.3

79.73

51.4

45.10

61.5

11.81

3Re

ceita

siste

mas (

Liquid

a)R$

460.8

0051

2.851

566.7

0762

2.315

679.6

2473

8.588

799.1

6686

1.320

925.0

2099

0.238

Vend

a de i

mage

ns

Área

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l na b

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JKm

²9,4

3%4,5

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002.0

92

2.189

2.2

89

2.395

2.5

05

2.621

2.7

42

2.868

3.0

00

Múltip

lo de

base

s ven

didas

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80%

80%

80%

80%

80%

80%

80%

80%

80%

80%

Base

s RJ v

endid

asQu

ant

19,20

20,32

21,51

22,76

24,09

25,50

26,99

28,57

30,23

32,00

Area

vend

idaKm

²38

.400

42.51

547

.072

52.11

757

.702

63.88

670

.733

78.31

486

.707

96.00

0Pr

eço d

e dist

ribuid

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$/Km²

-12,2

4%-6

,53%

18,00

16,86

15

,80

14,80

13

,86

12,99

12

,16

11,40

10

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10,00

Re

ceita

(Com

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) R$

10,0%

207.3

6022

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4.837

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1.755

338.2

4536

6.985

398.1

6843

2.000

Proc

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mento

de im

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sPr

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a ven

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roce

ssad

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21.25

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.536

26.05

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31.94

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39.15

743

.354

48.00

0Cu

sto P

roce

ssam

ento

R$/K

m²-5

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,0012

,07

12,12

12

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12,16

12

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12

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12,04

11

,97

Preç

o Pro

cess

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/Km²

-8,62

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,51%

30,00

29,60

29

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28,68

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27,61

27

,04

26,44

25

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25,20

Cu

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$R$

(230

.400)

(256

.571)

(285

.224)

(316

.562)

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.804)

(388

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(473

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(521

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(574

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Rece

ita R

$ (br

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R$57

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R$

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92

Figura 22 – Fluxo de Caixa Livre do Projeto Vista Rio - R$

Proj

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de F

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de C

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R$)

K (%

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2.962

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3.153

.264

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(217

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(285

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(345

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(367

.355)

Lucro

Bru

to1.5

40.25

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61.80

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06.16

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17.80

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Lajir

297.6

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8.116

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7.611

516.7

3357

8.839

643.9

8971

2.250

783.6

9685

8.410

depr

eciaç

ão6

perío

dos

(289

.167)

(303

.754)

(318

.860)

(334

.507)

(350

.720)

(367

.525)

(95.7

81)

(99.2

63)

(102

.901)

(106

.703)

Lucro

Bru

to8.4

9244

.362

82.56

112

3.104

166.0

1321

1.314

548.2

0861

2.987

680.7

9575

1.707

IR34

%(2

.887)

(15.0

83)

(28.0

71)

(41.8

55)

(56.4

44)

(71.8

47)

(186

.391)

(208

.416)

(231

.470)

(255

.580)

Lucro

Líqu

ido5.6

0529

.279

54.49

081

.249

109.5

6813

9.467

361.8

1740

4.571

449.3

2549

6.126

Capit

al de

giro

50%

(610

.000)

(621

.300)

(652

.061)

(684

.336)

(718

.246)

(753

.916)

(791

.482)

(831

.089)

(872

.891)

(917

.052)

(963

.749)

Varia

ção C

ap G

iro(1

1.300

)(3

0.761

)(3

2.276

)(3

3.909

)(3

5.670

)(3

7.566

)(3

9.607

)(4

1.802

)(4

4.161

)(4

6.697

)Re

torno

da de

prec

iação

ou La

jir28

9.167

303.7

5431

8.860

334.5

0735

0.720

367.5

2595

.781

99.26

310

2.901

106.7

03Inv

estim

entos

(1.73

5.000

)(8

7.525

)(9

0.634

)(9

3.884

)(9

7.280

)(1

00.82

9)(1

04.53

7)(1

08.41

3)(1

12.46

4)(1

16.69

7)(1

21.12

0)FC

L(2

.345.0

00)

195.9

4721

1.638

247.1

9128

4.567

323.7

9036

4.889

309.5

7834

9.569

391.3

6843

5.012

4.329

.191

FCLD

esc

(2.34

5.000

)17

3.741

166.3

8817

2.315

175.8

8917

7.453

177.3

1413

3.388

133.5

5013

2.574

130.6

591.1

52.94

5VP

Tota

lR$

2.726

.216

VP F

CLR$

1.573

.271

58%

VP P

erpe

rtuida

deR$

1.152

.945

42%

Inv

estim

ento

R$(2

.345.0

00)

VPL

R$38

1.216

Ano4

Ano5

Ano1

Ano2

Ano3

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93

Figura 23 – Fluxo de receitas do site Vista SP

Seme

stre

12

34

56

78

910

IGP

DI A

NO6,6

0%6,7

5%6,0

1%5,3

6%4,7

9%

4,27%

IGP-

DI se

m-1

0,53%

-5,56

%3,3

6%3,1

7%3,0

0%2,8

4%2,6

9%2,5

4%2,4

0%2,2

7%2,1

5%2,0

3%Câ

mbio

R$ / U

S$9,4

3%4,5

1%3,0

0

3,1

4

3,2

8

3,4

3

3,5

9

3,7

6

3,9

3

4,1

1

4,3

0

4,5

0

Ve

nda d

e sist

emas

Custo

dese

nvolv

imen

to (u

nitár

io)R$

-5,30

%10

.800

10

.572

10

.332

10

.080

9.8

19

9.552

9.2

78

9.001

8.7

22

8.441

Lic

ença

s (un

itário

)R$

-11,2

0%10

.000

9.2

29

8.503

7.8

21

7.183

6.5

87

6.032

5.5

17

5.040

4.5

98

Multip

lo RJ

2,0

5Pr

eço u

nitár

ioR$

-3,20

%40

.000

39.99

1

39.91

3

39.77

1

39.56

8

39.30

9

38.99

8

38.64

0

38.23

8

37.79

5

Quan

tidad

eQu

ant

5,68%

49,1

51,9

54,8

57,9

61,2

64,7

68,4

72,3

76,4

80,7

Custo

R$

R$(1

.021.1

82)

(1.02

7.318

)(1

.032.6

10)

(1.03

7.135

)(1

.040.9

70)

(1.04

4.186

)(1

.046.8

51)

(1.04

9.028

)(1

.050.7

77)

(1.05

2.152

)Re

ceita

R$ (

bruta

)R$

1.963

.812

2.074

.797

2.188

.294

2.304

.252

2.422

.629

2.543

.389

2.666

.499

2.791

.935

2.919

.679

3.049

.716

Rece

ita si

stema

s (Liq

uida)

R$94

2.630

1.047

.479

1.155

.684

1.267

.117

1.381

.659

1.499

.203

1.619

.648

1.742

.907

1.868

.902

1.997

.564

Vend

a de i

mage

ns

Área

disp

oníve

l na b

ase S

PKm

²4,5

1%3.0

003.1

353.2

763.4

243.5

783.7

393.9

084.0

844.2

684.4

60Qu

antid

ade d

e bas

es S

P ve

ndida

sQu

ant

60%

29,46

31,13

32,90

34,76

36,74

38,82

41,02

43,35

45,81

48,41

Area

vend

idaKm

²88

.372

97.59

510

7.780

119.0

2913

1.452

145.1

7116

0.322

177.0

5419

5.533

215.9

40Pr

eço d

e dist

ribuid

orUS

$/Km²

-6,53

%18

,0016

,8215

,7314

,7013

,7412

,8412

,0011

,2210

,499,8

0Re

ceita

(Com

issão

) R$

10%

477.2

0651

5.292

556.4

1660

0.824

648.7

7570

0.553

756.4

6381

6.836

882.0

2795

2.420

Proc

essa

mento

de im

agen

sAr

ea ve

ndida

pro

cess

ada

Km²

30%

26.51

129

.278

32.33

435

.709

39.43

643

.551

48.09

753

.116

58.66

064

.782

Custo

/ que

da (H

h/Km²

)R$

/Km²

-3%

12,00

12,07

12

,12

12,15

12

,16

12,15

12

,13

12,09

12

,04

11,97

Pr

eço m

édio

inicia

l (R$/K

m²)

R$/K

m²-5

%30

,0029

,60

29,16

28

,68

28,16

27

,61

27,04

26

,44

25,83

25

,20

Custo

R$

R$(3

18.13

7)(3

53.37

6)(3

91.84

5)(4

33.79

6)(4

79.50

1)(5

29.25

1)(5

83.36

1)(6

42.16

7)(7

06.03

2)(7

75.34

6)Re

ceita

R$ (

bruta

)R$

795.3

4486

6.732

942.9

071.0

24.11

21.1

10.60

21.2

02.64

81.3

00.53

31.4

04.55

71.5

15.03

71.6

32.30

7Re

ceita

proc

essa

mento

(bru

ta)

R$47

7.206

513.3

5655

1.062

590.3

1663

1.102

673.3

9771

7.172

762.3

9080

9.005

856.9

61Re

ceita

Tot

alR$

3.236

.362

3.456

.821

3.687

.617

3.929

.188

4.182

.006

4.446

.589

4.723

.495

5.013

.328

5.316

.742

5.634

.444

Comi

ssão

vend

a10

%(3

23.63

6)(3

45.68

2)(3

68.76

2)(3

92.91

9)(4

18.20

1)(4

44.65

9)(4

72.34

9)(5

01.33

3)(5

31.67

4)(5

63.44

4)Cu

sto T

otal

R$(1

.339.3

20)

(1.38

0.695

)(1

.424.4

55)

(1.47

0.931

)(1

.520.4

71)

(1.57

3.437

)(1

.630.2

11)

(1.69

1.194

)(1

.756.8

08)

(1.82

7.498

)Re

ceita

s Liqu

idaR$

1.573

.406

1.730

.444

1.894

.401

2.065

.338

2.243

.335

2.428

.494

2.620

.934

2.820

.801

3.028

.260

3.243

.501

Célul

ar co

ntend

o var

iáveis

de en

trada

na an

álise

da op

ção d

e exp

ansã

o:

Ano5

Ano1

Ano2

Ano3

Ano4

Page 108: Dissertação de Mestrado Carlos Bastian Pinto p pdfs3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/... · 2016-09-23 · Para minha querida família: meus filhos Luiz e

94

Figura 24 – Fluxo de caixa livre do site Vista SP – R$

ANO

Seme

stre:

01

23

45

67

89

10Pe

rpetu

idade

Rece

ita br

uta3.2

36.36

23.4

56.82

13.6

87.61

73.9

29.18

84.1

82.00

64.4

46.58

94.7

23.49

55.0

13.32

85.3

16.74

25.6

34.44

4En

carg

os e

taxas

11,65

%(3

77.03

6)(4

02.72

0)(4

29.60

7)(4

57.75

0)(4

87.20

4)(5

18.02

8)(5

50.28

7)(5

84.05

3)(6

19.40

0)(6

56.41

3)2.8

59.32

63.0

54.10

13.2

58.01

03.4

71.43

73.6

94.80

33.9

28.56

24.1

73.20

84.4

29.27

54.6

97.34

24.9

78.03

1Cu

stos d

e rec

eita

(1.33

9.320

)(1

.380.6

95)

(1.42

4.455

)(1

.470.9

31)

(1.52

0.471

)(1

.573.4

37)

(1.63

0.211

)(1

.691.1

94)

(1.75

6.808

)(1

.827.4

98)

Desp

esas

(666

.900)

(707

.942)

(750

.220)

(793

.733)

(838

.480)

(884

.463)

(931

.686)

(980

.155)

(1.02

9.878

)(1

.080.8

64)

Comi

ssõe

s(3

23.63

6)(3

45.68

2)(3

68.76

2)(3

92.91

9)(4

18.20

1)(4

44.65

9)(4

72.34

9)(5

01.33

3)(5

31.67

4)(5

63.44

4)EB

ITDA

529.4

7061

9.783

714.5

7381

3.854

917.6

511.0

26.00

31.1

38.96

11.2

56.59

31.3

78.98

21.5

06.22

4de

prec

iação

6(4

67.00

0)(4

90.60

2)(5

15.27

5)(5

41.07

2)(5

68.04

8)(5

96.25

9)(1

58.76

6)(1

66.03

1)(1

73.65

0)(1

81.64

1)Lu

cro B

ruto

62.47

012

9.180

199.2

9827

2.782

349.6

0442

9.744

980.1

951.0

90.56

31.2

05.33

21.3

24.58

3IR

34%

(21.2

40)

(43.9

21)

(67.7

61)

(92.7

46)

(118

.865)

(146

.113)

(333

.266)

(370

.791)

(409

.813)

(450

.358)

Lucro

Líqu

ido41

.230

85.25

913

1.536

180.0

3623

0.739

283.6

3164

6.929

719.7

7179

5.519

874.2

25Ca

pital

de gi

ro50

%(1

.160.0

00)

(1.16

4.928

)(1

.217.1

59)

(1.27

1.718

)(1

.328.7

91)

(1.38

8.576

)(1

.451.2

79)

(1.51

7.123

)(1

.586.3

41)

(1.65

9.180

)(1

.735.9

03)

Varia

ção C

ap G

iro(4

.928)

(52.2

32)

(54.5

59)

(57.0

73)

(59.7

84)

(62.7

04)

(65.8

44)

(69.2

18)

(72.8

39)

(76.7

23)

Retor

no da

depr

eciaç

ão ou

Ebit

da46

7.000

490.6

0251

5.275

541.0

7256

8.048

596.2

5915

8.766

166.0

3117

3.650

181.6

41Inv

estim

entos

(2.80

2.000

)(1

41.61

3)(1

48.04

0)(1

54.78

1)(1

61.85

1)(1

69.26

7)(1

77.04

4)(1

85.20

1)(1

93.75

6)(2

02.72

8)(2

12.13

9)FC

L(3

.962.0

00)

361.6

9037

5.590

437.4

7250

2.184

569.7

3564

0.142

554.6

5062

2.829

693.6

0276

7.004

7.633

.136

FCLD

esc

(3.96

2.000

)32

0.701

295.2

8530

4.959

310.3

9731

2.243

311.0

7123

8.982

237.9

4623

4.955

230.3

75VP

Tot

al4.

829.

763

77%

Sobr

e R

JVP

FC

L2.

796.

914

58%

78%

Sobr

e R

JVP

Per

pertu

idad

e2.

032.

848

42%

76%

Sobr

e R

JIn

vest

imen

to(3

.962

.000

)69

%So

bre

RJ

VPL

867.

763

128%

Sobr

e R

J

Ano

4An

o 5

Ano

1An

o 2

Ano

3

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95

Figura 25 – Valore de entrada inicial das variáveis no fluxo de receitas do site Vista SP

para cálculo do múltiplo da opção de expansão por período

ANO

Seme

stre:

12

34

56

78

910

IGP-

DI se

m3,3

6%3,3

6%3,1

7%3,0

0%2,8

4%2,6

9%2,5

4%2,4

0%2,2

7%2,1

5%2,0

3%Câ

mbio

R$ / U

S$3,0

0

3,00

3,14

3,28

3,43

3,59

3,76

3,93

4,11

4,30

4,50

Custo

dese

nvolv

imen

to (u

nitár

io)10

.800

10

.800

10

.576

10

.339

10

.091

9.8

34

9.569

9.2

99

9.024

8.7

47

8.469

Lic

ença

s (un

itário

)10

.000

10

.000

9.2

33

8.510

7.8

30

7.194

6.6

00

6.047

5.5

33

5.056

4.6

16

Preç

o unit

ário

40.00

040

.000

39.99

1

39.91

3

39.77

1

39.56

8

39.30

9

38.99

8

38.64

0

38.23

8

37.79

5

Preç

o de d

istrib

uidor

18,00

18,00

16,82

15,73

14,70

13,74

12,84

12,00

11,22

10,49

9,80

Custo

/ que

da (H

h/Km²

)12

,0012

,0012

,07

12,13

12

,16

12,17

12

,17

12,15

12

,12

12,07

12

,00

Preç

o méd

io ini

cial (R

$/Km²

)30

,0030

,0029

,60

29,16

28

,68

28,16

27

,61

27,04

26

,44

25,83

25

,20

VP sp

corre

spon

dente

:4.8

29.76

34.8

29.76

34.8

55.20

44.8

48.19

64.8

28.03

04.7

78.54

24.7

19.03

04.6

42.17

04.5

49.46

84.4

42.38

74.3

13.46

8VP

rj no

mes

mo pe

ríodo

:3.0

74.65

63.2

46.63

93.4

22.90

63.5

81.60

53.7

18.43

63.8

28.51

73.9

06.31

74.0

56.44

04.1

80.64

94.2

73.59

2Mu

ltiplo

sobr

e RJ

2,570

8

2,495

5

2,416

4

2,348

0

2,285

1

2,232

6

2,188

4

2,121

5

2,062

6

2,009

3

Ano

5An

o 1

Ano

2An

o 3

Ano

4

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2.879

3.641

4.570

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8.650

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7.309

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3.993

4.902

5.957

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3.895

4.926

6.183

7.700

9.527

11.702

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22.221

2.128

2.691

3.378

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5.205

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7.983

9.888

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2.298

2.844

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4.361

5.402

6.633

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-

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10.000

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 26 – Árvore de eventos sem flexibilidade do projeto Vista Rio (R$ 1000)

Valores pré-dividendos

Valores pós-dividendos

Árvore sem flexibilidades

Caminho de VP do Projeto

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97

2.879

3.641

4.570

5.692

7.042

8.650

10.800

13.378

16.425

19.959

1.989

2.497

3.109

3.847

4.726

5.901

7.309

8.973

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1.364

1.699

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2.582

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4.902

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290

130

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87

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212

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2.726

10

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 27 - Árvore de eventos sem flexibilidade do projeto Vista Rio (R$ 1000) – escala logarítmica

Valores pré-dividendos

Valores pós-dividendos

Árvore sem flexibilidades

Caminho de VP do Projeto

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4.364

5.701

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-

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10.000

15.000

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35.000

40.000

45.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 28 - Árvore com flexibilidades de opções reais incorporadas do projeto Vista Rio (R$ 1000)

Valores pré-dividendos

Valores pós-dividendos

Árvore com flexibilidades

Caminho de VP do Projeto

Valores da opção de expansão

Valores da opção de abandono

Valor das opções reais

Árvore sem flexibilidades

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4.364

5.701

7.695

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13.514

17.165

21.711

26.974

33.083

40.058

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5.981

8.006

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12.864

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1.000

10.000

100.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 29 - Árvore com flexibilidades de opções reais incorporadas do projeto Vista Rio (R$ 1000) – escala logarítmica

Valores pré-dividendos

Valores pós-dividendos

Árvore com flexibilidades

Caminho de VP do Projeto

Valores da opção de expansão

Valores da opção de abandono

Valor das opções reais

Árvore sem flexibilidades

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100

4.040

5.534

7.695

10.394

13.514

17.165

21.711

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2.456

3.264

4.372

5.916

8.006

10.579

13.538

16.954

20.838

7.340

9.902

12.856

16.287

20.809

25.740

31.408

5.556

7.526

10.086

12.864

16.039

19.602

5.829

7.642

9.662

4.232

37.797

3.582

2.726

10

100

1.000

10.000

100.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 30 - Árvore com flexibilidades da opção real de expansão isolada do projeto Vista Rio (R$ 1000) – escala logarítmica

Valores pré-dividendos

Valores pós-dividendos

Árvore com flexibilidades

Caminho de VP do Projeto

Valores da opção de expansão

Valor da opção real

Árvore sem flexibilidades

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3.4564.158

5.090

6.270

7.735

9.535

11.702

14.612

18.099

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2.7023.107

3.6564.368

5.276

6.411

7.983

9.888

12.140

1.9901.9902.132 2.0582.091 1.9982.0112.031

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1.000

10.000

100.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 31 - Árvore com flexibilidades da opção real de abandono isolada do projeto Vista Rio (R$ 1000) – escala logarítmica

Valores pré-dividendos

Valores pós-dividendos

Árvore com flexibilidades

Caminho de VP do Projeto

Valores da opção de abandono

Valor da opção real

Árvore sem flexibilidades