O EFEITO DO ESTILO DE LIDERANÇA NO...

55
FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO O EFEITO DO ESTILO DE LIDERANÇA NO COMPORTAMENTO CRIATIVO DOS LIDERADOS CRISTIANA GONÇALVES MONTEIRO ORIENTADORA: PROF a . DR a . FLÁVIA DE SOUZA COSTA NEVES CAVAZOTTE Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2010.

Transcript of O EFEITO DO ESTILO DE LIDERANÇA NO...

FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

O EFEITO DO ESTILO DE LIDERANÇA NO COMPORTAMENTO CRIATIVO DOS

LIDERADOS

CCRRIISSTTIIAANNAA GGOONNÇÇAALLVVEESS MMOONNTTEEIIRROO

OORRIIEENNTTAADDOORRAA:: PROFa. DRa. FLÁVIA DE SOUZA COSTA NEVES CAVAZOTTE

Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2010.

O EFEITO DO ESTILO DE LIDERANÇA NO COMPORTAMENTO CRIATIVO DOS LIDERADOS

CRISTIANA GONÇALVES MONTEIRO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral.

ORIENTADORA: PROFa. DRa. FLÁVIA DE SOUZA COSTA NEVES CAVAZOTTE

Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2010.

O EFEITO DO ESTILO DE LIDERANÇA NO COMPORTAMENTO CRIATIVO DOS LIDERADOS

CRISTIANA GONÇALVES MONTEIRO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral.

Avaliação: BANCA EXAMINADORA: ________________________________________ Profa. Dra. Flávia de Souza Costa Neves Cavazotte – Orientadora Instituição: Faculdades Ibmec ________________________________________ Prof. Dr. Edson José Dalto Instituição: Faculdades Ibmec ________________________________________ Prof. Dra. Maria Teresa Correia Coutinho Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2010.

658.4092 M775

Monteiro, Cristiana Gonçalves. O efeito do estilo de liderança no comportamento criativo dos liderados / Cristiana Gonçalves Monteiro - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2010. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Administração geral. 1. Chefia e liderança. 2. Criatividade. 3. Desempenho funcional - Avaliação. 4. Liderança estratégica (transformacional). 5. Inovação – Administração.

AGRADECIMENTOS

A minha família querida, Delphina, Sonia, Luiz, Daniela, Bernardo, Bruno e Alexander, que me ajudaram a completar esta etapa da vida com seu apoio e carinho.

À Profa Flávia, pela orientação criativa e amizade, sem as quais esta pesquisa não teria sido possível.

Ao Prof. Dalto, pelas sugestões, pela atenção e por ter me apoiado como mentor no início do curso de Mestrado.

À Profa Tereza, pela disponibilidade, sugestões e ajuda.

A todos os amigos que de alguma forma me ajudaram a completar este trabalho.

RESUMO

A necessidade de inovar para manter vantagem competitiva em um ambiente de negócios

cada vez mais incerto leva as organizações a buscarem líderes capazes de guiá-las por

processos de mudança. O estilo de liderança considerado mais efetivo para isso é o

transformacional (HUGHES, GINNETT e CURPHY, 2006). Este estudo investigou o efeito

do estilo de liderança transformacional no comportamento criativo dos subordinados, usando

uma amostra de 117 funcionários e seus respectivos supervisores. A amostra foi composta

principalmente por funcionários de empresas situadas no Rio de Janeiro, com indivíduos

provenientes de diversos setores da economia. O estudo indicou um efeito positivo do estilo

de liderança transformacional sobre a afetividade positiva do tipo humor, o senso de

autonomia e a autoeficácia dos subordinados; assim como um efeito positivo da afetividade

positiva e da autoeficácia sobre o comportamento criativo. A relação positiva entre liderança

transformacional e comportamento criativo dos subordinados foi observada apenas para a

dimensão de liderança transformacional “desafio ao status quo”.

Palavras-chave: liderança; liderança transformacional; criatividade.

ABSTRACT

The need to innovate in order to sustain competitive advantage in an uncertain market drives

organizations to look for leaders who can guide them through change. The most effective

leadership style for that is the transformational one (HUGHES, GINNETT e CURPHY,

2006). This study investigated the influence of transformational leadership style on the

creative behavior of subordinates, using a sample of 117 employees and their respective

supervisors. Most of the sample was formed by organizations located in Rio de Janeiro, with

individuals from various sectors of the economy. It was observed a positive effect of

transformational leadership style on subordinates’ positive affetc, sense of autonomy and self-

efficacy; as well as a positive effect of subordinates’ positive affect and self-efficacy on their

own creative behavior. The positive association between transformational leadership and

subordinates’ creative behavior was only observed for its “status quo defiance” dimension.

Keywords: leadership; transformational leadership; creativity.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo……………………………………………………………….................... 33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.................................................................................................................................. 39

Tabela 2.................................................................................................................................. 41

Tabela 3.................................................................................................................................. 42

Tabela 4.................................................................................................................................. 43

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

2 PROBLEMA DA PESQUISA ......................................................................................... 14

2.1 Contextualização .......................................................................................................... 14

2.2 Objetivos ....................................................................................................................... 16

2.3 Relevância .................................................................................................................... 16

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 18

3.1 Liderança ...................................................................................................................... 18

3.2 Liderança transformacional .......................................................................................... 19

3.3 Criatividade .................................................................................................................. 20

3.4 Liderança transformacional e criatividade ................................................................... 24

3.5 Liderança transformacional, afetividade positiva e criatividade .................................. 25

3.6 Liderança transformacional, senso de autonomia e criatividade .................................. 29

3.7 Liderança transformacional, autoeficácia e criatividade .............................................. 30

4 MODELO ......................................................................................................................... 33

5 METODOLOGIA ............................................................................................................. 34

5.1 Amostra ........................................................................................................................ 34

5.2 Coleta de dados ............................................................................................................. 34

5.3 Questionários ................................................................................................................ 35

6 RESULTADOS ................................................................................................................ 39

7 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 44

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 48

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 50

11

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 56

APÊNDICE B ........................................................................................................................... 61

12

1 INTRODUÇÃO “(…) I shall be telling this with a sigh

Somewhere ages and ages hence:

Two roads diverged in a wood, and I-

I took the one less traveled by,

And that has made all the difference.”

Robert Frost – The Road Not Taken (1916)

Pelo conceito de destruição criativa, o mercado passa por fases de estabilidade seguidas por

choques de descontinuidade. Como nos momentos de choque as fontes de vantagem

competitiva mudam, surgem oportunidades novas para a fase de estabilidade seguinte. Cada

vez mais essas fases de estabilidade se encurtam, fazendo com que os mercados passem por

freqüentes rupturas – realidade ainda mais evidente em ambientes de competição acirrada,

onde a inovação é indispensável para sustentar a vantagem competitiva (BESANKO,

DRANOVE e SHANLEY 2003).

Para manter a eficiência e ao mesmo tempo inovar, a empresa deve ter dois modi operandi:

um para manter a eficiência do que já funciona, outro para explorar terrenos novos; um

comandado por gestores, outro por líderes (O’REILLY e TUSHMAN, 2004). Gestores

administram e ordenam a complexidade da empresa, para que funcione de forma previsível

em situações relativamente estáveis. Líderes guiam a organização por processos de mudança

para que se adapte e seja competitiva em ambientes em constante transformação (KOTTER,

1990).

Na origem da mudança e da inovação estão os processos criativos. Eles são os responsáveis

pelas novas ideias que geram “produtos, serviços, métodos de produção e práticas de gestão

inovadores” (ZHOU e GEORGE, 2001). No contexto organizacional, os processos criativos

são sujeitos às condições do ambiente, “produto de interações sociais e influência – não

simplesmente de pensar sozinho em isolamento” (MADJAR, p.83).

13

Como o líder é um dos agentes mais influentes no contexto organizacional, é esperado que

seu estilo tenha um efeito sobre a criatividade dos liderados. O estilo de liderança

transformacional é considerado o mais efetivo para guiar empresas por processos de mudança:

inspira, motiva e dá liberdade de ação a cada indivíduo, levando a organização como um todo

a questionar o status quo e a inovar.

Como o estilo de liderança transformacional afeta o comportamento criativo dos

subordinados? Quais variáveis interferem nessa relação? Se na origem dos processos de

mudança estão os comportamentos criativos, o líder transformacional deve estimular a

criatividade dos subordinados para atingir seus objetivos. Como isso acontece?

Aprofundar o conhecimento sobre a relação entre liderança transformacional e criatividade é

importante para que as empresas desenvolvam líderes capazes de guiá-las com sucesso por

ambientes de negócio instáveis e imprevisíveis como os de hoje.

Após esta introdução, o problema de pesquisa é descrito. O estudo segue com uma revisão de

literatura que aborda os principais temas associados ao trabalho e às hipóteses investigadas.

Depois disso, a metodologia de pesquisa é explicada. Por fim, são apresentados os resultados,

a discussão e as considerações finais.

14

2 PROBLEMA DA PESQUISA

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O processo de liderança pode ser definido como aquele pelo qual um indivíduo influencia um

grupo de indivíduos a alcançar uma meta comum (NORTHOUSE, 2007). Também é

reconhecido como a forma mais efetiva de lidar com a mudança: o líder é capaz de comunicar

uma visão, motivar e alinhar o grupo, e fazer com que os esforços de todos se somem para

atingir um mesmo objetivo, por mais desafiador que este seja (KOTTER, 1990).

Uma das razões por que o processo de liderança tem despertado tanta atenção nos últimos

anos é o fato de o ambiente de negócios estar cada vez mais competitivo e imprevisível,

demandando das organizações uma capacidade de transformação constante.

Se inovação é a forma que as empresas têm de renovar sua posição estratégica e manter

vantagem competitiva em um ambiente em constante transformação; liderança é o processo

que pode levar a empresa a inovar sempre.

Nesse contexto, a criatividade, definida como a produção de algo novo e útil (AMABILE et

al., 2005), também é um recurso indispensável para as organizações, pois são os processos

criativos que dão origem à inovação (ZHANG e BARTOL, 2010).

O processo de liderança, de forma geral, é considerado a melhor abordagem para problemas

complexos que exigem soluções criativas. Uma questão importante para as empresas, no

entanto, é que estilo de liderança deve ser encorajado para obter os melhores resultados. As

teorias mais recentes apontam dois estilos principais de liderança: o transformacional e o

transacional (POWELL et al., 2004). O transformacional, como o próprio nome diz, é o

15

processo pelo qual a transformação individual gera uma mudança no status quo. Seu foco é

desenvolver ao máximo o potencial de cada subordinado, guiando-o por um processo de

mudança interno, que resulta na transformação da organização como um todo. O transacional

se baseia em uma relação de troca em que o líder premia ou pune os seguidores de acordo

com seus resultados.

O líder transformacional exerce uma influência idealizada; motiva e inspira; estimula

intelectualmente; e considera cada seguidor de forma individualizada (NORTHOUSE, 2007).

Esse estilo de liderança influencia o comportamento dos subordinados em um nível mais

profundo, pois cria um compromisso com uma visão de futuro que só existe com investimento

emocional de cada indivíduo. A forma como se dá o processo de liderança transformacional

parece favorecer fenômenos afetivamente carregados, como a criatividade (AMABILE et al.

2005).

É verdade que líder e liderados exercem influência mútua, diferenciando-se mais pelo papel

que desempenham do que por características individuais (GARDNER, 1987; KELLEY,

1998). Porém, o primeiro está em posição privilegiada para influenciar o comportamento dos

demais, tendo mais oportunidades para comunicar suas emoções e modelar a afetividade do

grupo (SY, CÔTÉ e SAAVEDRA, 2005). Por sua ascendência no comportamento dos

subordinados, variações no estilo de liderança podem fazer oscilar o grau de criatividade da

equipe.

Entender que mecanismos medeiam a relação entre liderança e criatividade ajuda as empresas

a inovar e, assim, sobreviver em um mercado cada vez mais instável. Verificar que estilo de

liderança está associado ao aumento da criatividade sinaliza para os gestores como agir, se

esperam comportamentos criativos de seus subordinados. Enfim, investigar o efeito do estilo

16

de liderança transformacional sobre o comportamento criativo dos liderados pode indicar

novos caminhos às organizações que necessitam se reinventar diariamente para manter sua

vantagem competitiva.

2.2 OBJETIVOS

Este estudo teve como objetivos investigar, em empresas do Rio de Janeiro, como o estilo de

liderança transformacional afeta o comportamento criativo dos subordinados; e verificar se a

relação entre ambos é mediada por afetividade positiva, senso de autonomia e autoeficácia. O

estudo pretende contribuir para o conhecimento teórico sobre liderança e criatividade; e

aprofundar a discussão sobre o papel da liderança transformacional nos processos de mudança

e inovação organizacionais no contexto brasileiro.

2.3 RELEVÂNCIA

Não há dúvida de que o sucesso das empresas no longo-prazo depende de sua capacidade de

inovar: de criar produtos, processos e serviços a partir de ideias criativas (THOMPSON,

2003). Apesar disso, “a criatividade é destruída inadvertidamente todos os dias no ambiente

de trabalho” (AMABILE, 1998, p.77). Como o líder é a pessoa responsável por transformar o

status quo e promover inovação, aprofundar a discussão sobre liderança e criatividade

contribui para esclarecer que fatores estimulam processos criativos nas organizações.

Segundo Rickards e Mogers (2006, p.13), os construtos de criatividade e liderança ainda têm

um grau de ambiguidade alto. Um dos motivos para isso, afirmam, é a origem “pré-científica”

das pesquisas de ambos os temas. Os primeiros estudos sobre criatividade consideravam que

os indivíduos criativos eram um canal de expressão de “forças sobre-humanas”, capazes de

produzir apenas quando eram inspirados pelas musas - idéia que até hoje reforça o mistério e

17

dificulta uma abordagem científica do tema. “Muitas pessoas parecem acreditar que a

criatividade, assim como o amor, é algo que não se presta ao estudo científico, pois é um

processo espiritual” (STERNBERG e LUBART in STERNBERG, 2008, p.5). Já as primeiras

pesquisas de liderança focavam apenas no carisma, tornando sua análise também demasiado

subjetiva.

A criatividade nas organizações é um campo de pesquisa relativamente recente, tendo surgido

no mundo no fim da década de 80 (ZHOU e SHALLEY, 2008). Em um estudo com diferentes

grupos profissionais sobre três temas - criatividade, sabedoria e inteligência - apenas o grupo

de executivos associou criatividade a falta de sabedoria. Isso confirma o pouco conhecimento

sobre criatividade, em ambientes de negócios. “Nossa experiência sugere que pessoas

criativas em uma organização são normalmente vistas como esquisitas e tendem a ser

excluídas” (STERNBERG, O’HARA e LUBART, 1997, p.16).

Embora estudos sobre liderança existam desde os anos 50 (YUKL, 2001), o estilo de

liderança transformacional passou a ser estudado somente da década de 80 para cá (BASS,

1998). Como a liderança afeta os processos criativos é um campo de pesquisa recente que

necessita ser mais explorado (RICKARDS e MOGERS, 2006). Pelas poucas referências

encontradas na literatura, os estudos sobre liderança e criatividade nas organizações estão

apenas começando no Brasil.

A necessidade de inovar e de formar líderes capazes de guiar as organizações por processos

de mudança torna relevante um estudo como este – mais ainda no Brasil, onde não são poucos

os problemas complexos que demandam de liderança e criatividade para ser solucionados.

18

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 LIDERANÇA

Liderança envolve três elementos: líder, liderados e contexto. Pode ser definido como um

processo pelo qual um indivíduo leva um grupo de indivíduos a alcançar uma meta comum

(NORTHOUSE, 2007). Não existe líder sem liderados. Tampouco é possível prever a

efetividade de um líder sem levar em conta o contexto. Afinal, o processo de liderança não

acontece no vácuo. Ele existe em um ambiente permeado por “necessidades, aspirações,

valores, esperanças e medos compartilhados” por líder e liderados (GARDNER, 1987, p.5)

que “determina que tipos de líderes emergirão e o que será esperado deles” (GARDNER,

1987, p.6).

Líder e liderados exercem influência mútua, diferenciando-se mais pelo papel que

desempenham do que por características individuais como traços, comportamentos ou

competências (GARDNER, 1987; KELLEY, 1998). A lista de qualidades mais valorizadas

em líderes e liderados, de acordo com uma pesquisa feita com altos executivos (HUGUES,

GINNETT e CURPHY, 2006) revelou que se espera algo muito semelhante de quem ocupa os

dois papéis. O bom líder foi qualificado como honesto, competente, com visão de futuro e

inspirador; o bom liderado, como honesto, competente, independente e cooperativo. De fato,

só há liderança quando ambas as partes da relação são ativas e responsáveis (ROST, 1991). O

bom liderado também sabe liderar; o bom líder, seguir (KELLEY, 1988).

Líderes eficazes comunicam uma visão de futuro e são capazes de inspirar e motivar os

liderados a torná-la realidade (KOTTER, 1990). Liderados alinhados com a visão do líder

“antecipam necessidades em seu próprio nível de competência e autoridade” exercendo

liderança em seu círculo de influência (KELLEY, 1988, p.144).

19

3.2 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

O estilo de liderança transformacional, como o próprio nome diz, é o processo pelo qual um

líder transforma as pessoas. Seu foco é desenvolver ao máximo o potencial dos seguidores,

que se orientam pela visão do líder por se identificarem profundamente com ela.

Os líderes transformacionais têm quatro principais características: exercem uma influência

idealizada, ou seja, são carismáticos; motivam e inspiram; estimulam intelectualmente; e

consideram cada seguidor individualmente (NORTHOUSE, 2007). Pela influência idealizada

ou carisma, o líder conquista os seguidores contagiando-os com sua visão de futuro e

comunicando com clareza onde pretende chegar. Sua visão é compartilhada pelos seguidores,

que tomam para si a responsabilidade de torná-la realidade. Por motivação e inspiração,

entende-se que a liderança se dá pelo exemplo, inspirando os seguidores não só pelo discurso,

mas por ações; motivando-os a acreditar e apoiar a mudança por considerarem o líder um

modelo a ser seguido. Estímulo intelectual é o que permite aos seguidores desenvolver suas

habilidades e competências, promovendo a aprendizagem e o contínuo aperfeiçoamento

profissional (GONG, HUANG e FARH, 2009). Por fim, a consideração individualizada é o

que leva cada seguidor a se sentir uma parte importante do processo, motivando-o a dar o

máximo de si por acreditar que sua contribuição pessoal fará diferença no resultado global.

Alguns autores dividem a liderança transformacional em seis dimensões: estímulo intelectual,

expectativa de resultado, desafio ao status quo, visão, idealismo e comunicação inspiradora

(PEARCE e SIMS, 2002). Estímulo intelectual, visão, idealismo e comunicação inspiradora já

foram abordados no parágrafo anterior. A expectativa de resultado está associada ao alto nível

de comprometimento e de motivação envolvidos no processo de liderança transformacional.

“Líderes transformacionais apelam para os ideais e a moral de seus seguidores com o fim de

20

inspirá-los a alcançar os mais altos níveis de realizações” (ENSLEY, PEARCE e

HMIELESKI, 2006, p. 243). O desafio ao status quo é a condição para inovar. Essa

característica faz parte da natureza “transformadora” do estilo de liderança em questão.

As pessoas costumam se apegar ao que já conhecem, ao que é familiar, e preferem manter as

coisas como estão, principalmente se parecem funcionar. Pesquisas em psicologia

demonstram que quanto mais alguém é exposto a algo, mais tem a sensação de gostar daquilo,

pelo que se chamou de “efeito de mera exposição” (STERNBERG, O’HARA e LUBART,

1997). Essa é a razão por que tantas pessoas preferem uma situação desfavorável, porém

familiar, a enfrentar uma mudança e ter de lidar com o desconhecido.

No caso das empresas, há uma lógica em reagir à mudança e manter o status quo: eficiência.

Economias de escala e de conhecimento surgem da repetição e previsibilidade da produção –

o que só é possível quando não se altera a forma de fazer as coisas.

A liderança transformacional surge, então, como o processo capaz de levar as pessoas a sair

de sua zona de conforto e questionar o status quo. Sob a influência do líder transformacional,

passam a vislumbrar um futuro melhor, e a acreditar no seu poder de construí-lo.

3.3 CRIATIVIDADE

A criatividade nas organizações vem sendo estudada desde o fim da década de 80 (ZHOU e

SHALLEY, 2008). Com pouco mais de duas décadas de pesquisa, o tema ainda gera muitas

controvérsias. O único consenso entre os pesquisadores é o de que ela “envolve a criação de

um produto novo e útil” (MAYER in STERNBERG, 2008, p.449). A principal diferença entre

o conceito leigo de criatividade e o das pesquisas no ambiente organizacional é a de que, na

21

organização, além de novo e original, o produto criativo precisa ser “útil e apropriado”

(ZHOU e SHALLEY, 2008, p.6).

Questões como se a criatividade é inata ou pode ser aprendida; se é um fenômeno pessoal ou

social; se é comum ou rara ainda geram muita discussão. Alguns autores encaram a

criatividade como uma característica inata, relacionada a traços individuais como atração pelo

risco, coragem, obstinação, espontaneidade e independência. Outros acreditam que a

criatividade é consequência de processos cognitivos que podem ser aprendidos. Investigam os

passos desses processos com o objetivo de compreendê-los e replicá-los (MAYER in

STERNBERG, 2008, p.450).

Na organização, a criatividade é um fenômeno social, pois os indivíduos não podem criar o

que querem quando querem. Trabalham sob orientação de um líder com o objetivo de

satisfazer demandas que dizem respeito à coletividade da qual fazem parte. Csikszentmihaly

(1997, p.23) afirma que a criatividade é um fenômeno sistêmico que ocorre na “interação

entre os pensamentos de uma pessoa e um contexto sociocultural”. Segundo ele, para que algo

seja considerado criativo, deve passar por três esferas: o indivíduo, o campo e o domínio. O

indivíduo inicia o processo, criando algo novo. Especialistas que formam o campo decidem se

o que foi criado é ou não importante para o enriquecimento do domínio – uma área do

conhecimento, parte da cultura de uma sociedade. Se julgarem que sim, o produto do trabalho

do indivíduo é considerado criativo. O campo é uma espécie de gatekeeper, escolhendo o que

entra ou não no domínio. Somente quando considera que a criação acrescenta algo novo a um

domínio, a criatividade passa a existir. O conhecimento aparece como um fator importante

para a criatividade, pois o autor afirma que só é possível contribuir para um domínio,

“aprendendo suas regras”.

22

Uma das consequências da abordagem sistêmica é a dissolução do vínculo absoluto entre

criatividade e indivíduo. Segundo Csikszentmihaly (1997, p.31), a criatividade de um artista

como Van Gogh só passou a existir quando “um número suficiente de experts em arte

sentiram que suas pinturas tinham algo importante a acrescentar ao domínio da arte”. Segundo

o autor, não faz sentido dizer que os contemporâneos de Van Gogh não reconheceram sua

criatividade, pois, por definição, sem o reconhecimento do campo, ela não existia.

Se todas as pessoas podem ser criativas, ela pode ser aprendida e aplicada a qualquer área,

não só às consideradas “artísticas”. Segundo a Teoria Componencial (AMABILE, 1998), a

criatividade tem três componentes: estilo de pensamento inventivo, expertise e motivação

intrínseca. A autora afirma que esses três elementos podem ser desenvolvidos com a prática e

dependem das condições de trabalho. O primeiro envolve a habilidade de abordar problemas

de forma inusitada: criar novas correlações a partir do conhecimento disponível, fazer

analogias entre ideias aparentemente desconexas. O segundo está relacionado à quantidade de

conhecimento que se tem. Quanto maior a expertise, maior a fonte de dados disponíveis para

as combinações, analogias e correlações que geram ideias criativas. O terceiro é o que define

o que as pessoas fazem com a expertise e o estilo de pensamento inventivo. É o combustível

que faz os outros dois componentes se moverem. A motivação intrínseca está relacionada ao

desejo e prazer de realizar algo, ao sentimento de pertencimento, de realização pessoal, de

alegria ao ultrapassar um desafio.

Sobre a expertise, Sternberg, O’Hara e Lubart (1997) afirmam que pouca limita, porém muita

também pode limitar se não for bem administrada. Um profissional experiente, por exemplo,

resiste a mudar processos que sempre funcionaram. Um especialista que sabe “cada vez mais

sobre cada vez menos” está menos apto a fazer analogias e novas conexões entre áreas

distintas (STERNBERG, O’HARA e LUBART, 1997, p.10).

23

De fato, muitas das ideias mais inovadoras em um domínio receberam seu treinamento em outras áreas. Essa marginalidade profissional permite aos inovadores proliferar variações que seriam excluídas a priori por aqueles que receberam seu treinamento totalmente dentro da disciplina (SIMONTON, 1999, p.316).

Quanto ao estilo de pensamento inventivo, alguns autores não o consideram suficiente. A

criatividade é um processo que envolve a produção de uma grande quantidade de novas

idéias; a escolha de uma (ou algumas) dentre todas as geradas; e o desenvolvimento e

aperfeiçoamento da idéia selecionada até que ela se concretize e tome forma. O pensamento

inventivo dá conta da primeira etapa – a de geração de idéias. Porém, a seleção e o

refinamento até a produção final dependem de outras habilidades.

Sternberg, O’Hara e Lubart (1997) chamam essas habilidades de analítica e prática. A

primeira consiste em avaliar o potencial e identificar quais idéias criativas são viáveis. Está

associada à facilidade de aprendizado, de fazer correlações e deduções de forma precisa com

pouca informação (HUGUE, GINNETT e CURPHY, 2006). Pessoas que aprendem rápido e

se saem bem em provas acadêmicas costumam ter um alto nível de habilidade analítica. A

segunda é a responsável por colocar em prática as novas ideias, trazendo para o nível concreto

o que até então era abstrato.

A maioria das pessoas costuma preferir usar uma das três habilidades - inventiva, analítica ou

prática. Segundo os autores, esse fato reflete apenas uma orientação pessoal, pois todas

podem ser praticadas. Assim como as habilidades, os outros componentes da criatividade -

expertise e motivação intrínseca – podem ser estimulados. É verdade que os acasos criativos

não podem ser previstos com exatidão. Porém, a literatura já identificou diversos fatores que

contribuem para a criatividade. Um dos considerados mais importantes é o estilo de liderança.

24

3.4 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL E CRIATIVIDADE

No ambiente organizacional, o líder é um dos atores que mais influencia a criatividade dos

subordinados. Por sua posição de destaque, serve como modelo de comportamento para toda a

organização. Por sua participação na tomada de decisões, pode orientar a empresa no sentido

de favorecer a criatividade e a inovação.

A criatividade também é associada a características individuais dos subordinados, como

“interesses amplos, atração por complexidade, intuição, sensibilidade estética, tolerância à

ambiguidade e autoconfiança” (OLDHAM e CUMMINGS, 1996, p. 608). Porém, há diversos

exemplos na literatura que mostram o efeito do contexto de trabalho, e principalmente do

estilo de liderança, no comportamento criativo dos subordinados (OLDHAM e CUMMINGS,

1996; STERNBERG, O’HARA e LUBART 1997; AMABILE, 1998; ROSS, 2007; GONG,

HUANG e FARH, 2009).

Todo líder afeta diretamente os subordinados pela maneira como age. Seu comportamento e

estilo de liderança servem como exemplo para os outros funcionários. O líder

transformacional, por estimular a mudança tanto da organização quanto dos indivíduos, e

exercer uma influência idealizada, é um modelo contagiante de comportamento criativo

(NORTHOUSE, 2007; JUNG, WU e CHOW, 2008).

Quanto à influência indireta, acontece por meio de decisões que favorecem um ambiente

propício à criatividade. O líder pode estimular a aquisição de expertise, autorizando a

realização de cursos e treinamentos; desenvolver as habilidades intelectuais, ao identificar as

preferências de cada indivíduo e formar equipes onde as três habilidades estejam presentes e

25

sejam valorizadas; e nutrir a motivação intrínseca, dando autonomia e desafios na medida

certa para seus funcionários (OLDHAM e CUMMINGS, 1996; AMABILE, 1998).

O líder transformacional, por suas características, tende a tomar decisões a favor da

criatividade. Com a motivação inspiradora, dá sentido ao trabalho dos subordinados, criando

uma visão de futuro clara pela qual todos se orientam. Assim, mantém acesa a motivação

intrínseca e o foco no objetivo comum, sem a necessidade de um controle que cerceie a

liberdade de ação individual. Por meio do estímulo intelectual, cria condições para os

subordinados desenvolverem suas habilidades e ampliarem sua expertise, tornando-os mais

aptos a exercerem sua criatividade. Ao criar um ambiente que valoriza o aprendizado, diminui

a aversão ao risco de errar, que é parte do processo de aprender algo novo e de criar. Com a

consideração individualizada, sabe valorizar as qualidades e escolher o nível adequado de

desafio para cada indivíduo (JUNG, WU e CHOW, 2008).

3.5 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL, AFETIVIDADE POSITIVA E CRIATIVIDADE

A dinâmica de influenciar outras pessoas por meio das próprias emoções e comportamento

pode acontecer de forma consciente ou inconsciente (BARSADE, 2002). No processo de

liderança, essa influência é mútua: líderes e liderados são transmissores e receptores de

comportamentos e emoções. De forma geral, porém, o líder tem mais oportunidades de

expressar o que sente, estando em uma posição privilegiada para modelar a afetividade do

grupo (SY, CÔTÉ, SAAVEDRA, 2005).

Por seu carisma, o líder transformacional costuma despertar forte resposta emocional nos

subordinados. Normalmente, a emoção despertada é positiva, pois motiva e inspira os

26

seguidores a perseguirem objetivos que reconhecem como próprios – o que gera um estado de

realização e contentamento.

O líder pode provocar deliberadamente um estado de insatisfação inicial, como forma de

ganhar aliados para seguir com o processo de mudança. Essa insatisfação é o que deflagra a

ação transformadora, o que seria muito difícil se todos estivessem plenamente satisfeitos com

o status quo (HUGHES, GINNETT e CURPHY, 2006).

Durante a maior parte do processo de liderança transformacional, no entanto, a afetividade

predominante é positiva, pois há um aumento da motivação intrínseca dos subordinados. Esse

tipo de motivação é uma soma de interesse intelectual pelo trabalho e sensação de prazer ao

realizá-lo. O indivíduo intrinsecamente motivado se torna mais comprometido e animado com

sua atividade profissional (EINSENBERGER e ASELAGE, 2009).

Como já foi dito, o líder transformacional presta atenção às necessidades e aos pontos de vista

de cada seguidor. Também os estimula a se desenvolver intelectualmente, e a enfrentar

desafios e solucionar problemas de forma inovadora. Além da consideração individualizada e

do estímulo intelectual, o líder transformacional tem a capacidade de comunicar uma visão

clara dos objetivos comuns, dando aos subordinados um sentido de pertencimento. O efeito

de tudo isso é um alto grau de afetividade positiva entre os seguidores (SHIN e ZHOU, 2003).

Com isso, formula-se a seguinte hipótese:

H1: Quanto mais transformacional o líder, maior a afetividade positiva dos subordinados.

27

A afetividade positiva na qual o estilo de liderança interfere é uma afetividade transitória,

também denominada de humor. Ela é caracterizada por um estado de espírito sujeito a

influências externas, como o estilo do líder. Existe um outro tipo de afetividade, do tipo traço,

caracterizada por uma tendência individual a sentir emoções positivas independentemente das

circunstâncias externas. Uma pessoa com afetividade positiva do tipo traço costuma encarar

problemas de forma menos tensa e a enxergar pontos positivos, mesmo em situações

aparentemente negativas. A literatura não costuma estudar separadamente essas duas

componentes da afetividade. No entanto, a disposição natural do indivíduo a experimentar

emoções positivas ou negativas é uma base sobre a qual atua a afetividade do tipo humor. Há

indícios de que a afetividade do tipo transitório seja mediadora da relação entre a afetividade

do tipo traço e as atitudes do indivíduo no ambiente de trabalho (THORESEN et al., 2003).

Nesta pesquisa, as duas componentes foram medidas, para que pudessem ser analisadas

separadamente.

De acordo com a maior parte dos estudos acadêmicos, a afetividade positiva contribui para os

comportamentos criativos (BARSADE e GIBSON, 2007). A criatividade também foi

associada à afetividade negativa (JAMES, BRODERSEN e EINSENBERG, 2004), à sucessão

de estados de espírito positivos e negativos (ZHOU e GEORGE, 2007), ou à experiência

simultânea de emoções positivas e negativas (FONG, 2006). Como a maioria das pesquisas

foi feita em laboratório, é importante testar essas relações no contexto organizacional.

Zhou e George (2007) estudaram os efeitos de estados de espírito positivos e negativos sobre

a criatividade. Segundo elas, o positivo informa que “tudo está indo bem e o ambiente não é

problemático” (p.606). Essa informação deixa as pessoas relaxadas, menos sistemáticas, mais

expansivas e lúdicas – um estado que favorece o pensamento divergente e a simplificação nas

28

escolhas das soluções. O negativo sugere que algo não está indo bem, o que leva as pessoas a

serem mais sistemáticas, analíticas e focadas, já que estão preocupadas em corrigir um erro.

Tanto o pensamento divergente quanto o sistemático são importantes estímulos à criatividade.

“Estados de espírito negativos promovem a identificação de problemas e uma insatisfação

com o status quo” que levam as pessoas a soluções de alta qualidade (ZHOU e GEORGE,

2007, p.607). Porém, se o estado de espírito negativo tiver uma duração muito longa, a falta

de confiança e o estresse podem inibir os comportamentos criativos.

O processo criativo envolve combinações inusitadas de elementos que resultam em algo novo

e útil. A probabilidade de uma nova associação acontecer é proporcional ao número de

elementos disponíveis. Ou seja, quanto maior a variação cognitiva, maior a chance de uma

combinação entre os elementos ser criativa. Segundo Amabile et al., a afetividade positiva

favorece essa variação:

Quando a afetividade positiva aumenta, o escopo de atenção se amplia e a flexibilidade cognitiva cresce, aumentando a probabilidade de elementos cognitivos diversos serem associados (2005, p.392).

Os autores concluem que a afetividade positiva não só estimula a criatividade, mas também

resulta dela. Portanto, a relação é cíclica: afetividade positiva estimula a criatividade que, por

sua vez, gera afetividade positiva.

Com isso, formula-se a seguinte hipótese:

H2: Quanto maior a afetividade positiva dos subordinados, maior a ocorrência de

comportamentos criativos.

29

3.6 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL, SENSO DE AUTONOMIA E CRIATIVIDADE

O papel do líder transformacional é estabelecer uma direção, alinhar os seguidores e inspirá-

los a atingir objetivos comuns. Ao contrário dos gestores, que planejam e controlam

processos; líderes comunicam objetivos estratégicos com clareza, e dão liberdade a cada um

para escolher o melhor caminho de atingi-los (AMABILE, 1998).

O estilo de liderança transformacional estimula o liderado a agir de forma autônoma, e a se

tornar independente do líder. Isso é possível porque a relação entre líder e liderado é de

confiança e parceria, e não de controle. O líder serve como um mentor para os subordinados.

Estes, por sua vez, não precisam de um controle externo, por serem automotivados. O foco da

liderança transformacional é desenvolver ao máximo as habilidades de cada liderado, com o

intuito de formar novos líderes (JUNG, WU e CHOW 2008; AVOLIO et al., 2004). Castro,

Periñan e Bueno (2008) afirmam que o líder transformacional influencia de forma positiva os

liderados por meio do “empoderamento”. Segundo os autores, dar autonomia é uma forma

que o líder transformacional tem de criar um grau de desafio que estimula e motiva os

liderados.

O senso de autonomia dos subordinados faz, também, com que eles criem um vínculo mais

forte com o líder e sua visão, gerando um nível de comprometimento profundo com o trabalho

que favorece os processos criativos (AVOLIO et al., 2004; AMABILE, 1997).

Segundo Sternberg, O’Hara e Lubart (1997, p.19), o senso de autonomia gerado pela relação

de confiança entre líder transformacional e seguidores estimula a criatividade: “a liberdade de

agir desperta a vontade de agir”. Jung, Wu e Chow (2008) afirmam que o senso de autonomia,

30

ou “empoderamento”, é um precursor da motivação intrínseca – condição sine qua non para a

ocorrência de comportamentos criativos

A prática comum nas empresas de microgerenciar o trabalho dos subordinados mina a

motivação intrínseca e a criatividade (ROSS, 2007). Mudar os objetivos constantemente tem o

mesmo efeito (AMABILE, 1998). Segundo a autora, para serem criativas, as pessoas

precisam de autonomia para escolher como abordar problemas e de alguma estabilidade de

tempo e recursos para poder experimentar soluções inovadoras.

Com isso, formulam-se as seguintes hipóteses:

H3: Quanto mais transformacional o líder, maior o senso de autonomia dos subordinados.

H4: Quanto maior o senso de autonomia dos subordinados, maior a ocorrência de

comportamentos criativos.

3.7 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL, AUTOEFICÁCIA E CRIATIVIDADE

A autoeficácia é a crença na própria capacidade de realizar algo. Baseia-se na confiança que o

indivíduo tem de que seus conhecimentos e habilidades são suficientes para desempenhar

determinada função com desenvoltura (GONG, HUANG e FARH, 2009). Segundo Tierney e

Farmer (2002, p. 1137), trata-se de “uma condição necessária para a produtividade criativa”,

pois alimenta a motivação intrínseca – “motor” do processo criativo.

Indivíduos que não se sentem capazes, e prevêem o próprio fracasso, dificilmente têm

motivação para seguir adiante. Já no caso contrário, quando alguém se sente capaz e

preparado para enfrentar um desafio, seguir em frente pode ser estimulante e prazeroso.

31

Sternberg, O’Hara e Lubart (1997, p.13) lembram que Thomas Edison “aprendeu 1 800

formas de não inventar a lâmpada antes de acertar”. Essa confiança na própria capacidade é

indispensável para persistir diante das dificuldades - comuns em problemas complexos que

demandam criatividade para serem solucionados.

A distinção entre escolher uma nova forma de realizar algo e a forma rotineira pode estar

relacionada ao nível de autoeficácia criativa do indivíduo (TIERNEY e FARMER, 2002).

Como processos criativos não têm garantia de sucesso, a confiança na própria capacidade é

um fator que reduz a percepção do risco e aumenta a motivação para enfrentar o desafio de

criar algo novo.

Líderes têm um papel fundamental no desenvolvimento da autoeficácia dos seguidores. Como

ela está relacionada ao preparo do indivíduo para desempenhar certa função, o líder pode

estimulá-la, oferecendo oportunidades para que o liderado aumente seus conhecimentos,

como, por exemplo, participando de cursos e treinamentos.

A autoeficácia também tem um aspecto subjetivo, já que é uma “crença” sobre o próprio

conhecimento e habilidade. Portanto, pode ser estimulada por elogios e palavras de apoio do

líder, que reforçam a autoconfiança do seguidor (TIERNEY e FARMER, 2002; GONG,

HUANG e FARH, 2009).

Castro, Periñan e Bueno (2008) afirmam que a motivação inspiradora gerada pela liderança

transformacional aumenta a sensação de autoeficácia. O estímulo intelectual também é

apontado pelos autores como uma forma de o líder transformacional fortalecer a autoeficácia

dos seguidores. Ao valorizar a contribuição do subordinado e permitir que ele se desenvolva e

participe das decisões, o líder estimula sua autoestima e autoeficácia. Como o subordinado

32

tem a percepção de que é importante para a organização, sente-se cada vez mais motivado a se

capacitar para aumentar a qualidade de suas contribuições.

Com isso, formulam-se as seguintes hipóteses:

H5: Quanto mais transformacional o líder, maior a autoeficácia dos subordinados.

H6: Quanto maior a autoeficácia dos subordinados, maior a ocorrência de comportamentos

criativos.

33

4 MODELO

Com as hipóteses apresentadas, tem-se o seguinte modelo:

Figura 1 - Modelo

A principal relação investigada é a do efeito da liderança transformacional sobre o

comportamento criativo dos liderados. Supõe-se que quanto mais transformacional o líder,

maior o grau de criatividade dos subordinados. Tal relação, segundo o modelo, é mediada pela

afetividade positiva do tipo humor, o senso de autonomia e a autoeficácia que o líder

transformacional, por suas características, é capaz de estimular em sua equipe. Assim, quanto

maior a afetividade positiva do tipo humor, o senso de autonomia e a autoeficácia dos

subordinados, maior a frequência de comportamentos criativos.

Liderança

Transformacional

Senso de

autonomia

Autoeficácia

Comportamento

criativo

Afetividade positiva do tipo

humor

H1

H3

H5

H2

H4

H6

34

5 METODOLOGIA

5.1 AMOSTRA

A amostra do presente estudo é composta por 117 pessoas e seus respectivos supervisores. A

maior parte dos respondentes é proveniente de empresas privadas (69,6%); sendo o restante

de empresas públicas (25,9%) e do Terceiro Setor (4,5%). A amostra é variada, com

indivíduos dos setores bancário, previdenciário, farmacêutico, de alimentos e bebidas, de

telecomunicações, de entretenimento, de consultoria, de energia, de petróleo etc. Também é

diversificada quanto às áreas e aos níveis hierárquicos em que os respondentes trabalham

dentro das empresas, contendo representantes das áreas comercial, financeira, de RH, de RP,

de TI etc., e dos níveis de diretoria, gerencial e operacional.

A idade média dos subordinados é 36, a mínima 19 e a máxima 70 anos. Quanto ao gênero,

56,4% são homens; 43,6%, mulheres. A idade média dos líderes é 39, a mínima 23 e a

máxima 68 anos. Quanto ao gênero, 56,7% são homens; 43,3%, mulheres.

Para ter acesso à maior parte dessa amostra, alunos de pós-graduação de administração de

uma instituição de ensino do Rio de Janeiro foram solicitados a recrutar dois subordinados. A

maior parte dos respondentes, portanto, é subordinada a um aluno de pós-graduação em

administração e foi recrutada diretamente por ele.

5.2 COLETA DE DADOS

Alunos de pós-graduação de administração de uma instituição de ensino do Rio de Janeiro

foram solicitados a responder um questionário (conforme apêndice B) e a recrutar dois

subordinados diretos para responderem, cada um, outro questionário (conforme apêndice A),

35

disponível na internet. Foi pedido aos alunos que escolhessem dois subordinados de

desempenhos diferentes: um de alto desempenho, denominado “subordinado A”, e outro de

desempenho satisfatório, denominado “subordinado Z”. O questionário respondido pelos

alunos continha duas partes iguais – uma para ser respondida sobre o subordinado A e outra

sobre o subordinado Z.

Cada trio de questionários (líder, subordinado A e subordinado Z) foi identificado por um

código, para que as respostas do líder pudessem ser corretamente associadas às de seus

subordinados. Como parte do questionário do líder se referia a um subordinado “A” e parte a

um subordinado “Z”, os códigos dos subordinados terminavam um com “A” e outro com “Z.

Todos os respondentes foram informados de que os questionários eram anônimos e de que

seriam utilizados apenas para fins acadêmicos. Os subordinados não eram informados sobre a

diferença de desempenho entre quem era escolhido para responder com o código terminado

em A ou em Z.

5.3 QUESTIONÁRIOS

Foram elaborados dois questionários: um para o líder e outro para os subordinados. Os

questionários foram estruturados com o objetivo de desenvolver uma pesquisa descritiva

quantitativa, abordagem considerada mais eficaz para testar hipóteses sobre construtos

conhecidos (COOPER e SHINDLER, 2003).

No caso do líder, o questionário foi dividido em três partes: a primeira para obter dados

demográficos; a segunda para avaliar o comportamento criativo dos subordinados; e a terceira

36

para medir o quanto sua empresa apoia a criatividade. A segunda parte era respondida duas

vezes pelo mesmo líder, primeiro em relação ao subordinado “A” e depois em relação ao “Z”.

Na primeira parte, o líder informava idade, sexo, tempo de empresa, tempo em que ocupa

cargo de supervisão, área em que trabalha, setor de mercado e tipo de empresa.

Na segunda parte, o líder respondia às oito questões sobre comportamento criativo

desenvolvidos por Zhou e George (2001) – primeiro sobre o subordinado A e depois sobre o

Z. As respostas podiam variar de 1 (totalmente incorreto) a 7 (totalmente correto). Um

exemplo de item desta parte é “O meu subordinado costuma ter soluções criativas para os

problemas”. A confiabilidade de um questionário é dada pelo coeficiente alfa de Cronbach. O

valor original de alfa para este questionário é 0,96. Na amostra considerada, o valor de alfa

observado também foi 0,96.

A terceira parte era uma questão de múltipla escolha desenvolvida pela autora, com quatro

opções de respostas para a pergunta “A empresa em que você trabalha incentiva a criatividade

e a inovação?”. Um exemplo de opção de resposta desta parte é “Sim, com recompensa

financeira (bônus, remuneração variável, viagens, cursos etc.)”.

No caso dos subordinados, o questionário foi dividido em sete partes: a primeira para obter

dados demográficos; a segunda para medir afetividade do tipo traço do subordinado; a terceira

para avaliar o grau de liderança transformacional do líder; a quarta para medir autoeficácia; a

quinta e a sexta, senso de autonomia; e a sétima, para avaliar a própria afetividade positiva.

Na primeira parte, o subordinado informava idade, sexo, tempo de empresa, tempo de

subordinação ao chefe do momento em que foi feita a pesquisa.

37

Na segunda parte, o subordinado respondia às 12 questões sobre afetividade do tipo traço

desenvolvidas por Mroczek e Kolarz (1998), avaliando seu estado de espírito nos trinta dias

anteriores. As respostas podiam variar de 1 (nunca) a 5 (o tempo todo). Um exemplo de item

desta parte é “Nos últimos trinta dias, em que proporção do tempo você se sentiu como se

tudo exigisse um grande esforço?”. Na amostra considerada, o valor de alfa observado foi

0,90.

Na terceira parte, o subordinado respondia às 20 questões sobre liderança transformacional

elaboradas por Pearce e Sims (2002), medindo em que grau esse estilo de liderança era

apresentado por seu chefe. As respostas podiam variar de 1 (totalmente incorreto) a 7

(totalmente correto). Um exemplo de item desta parte é “Meu chefe demonstra entusiasmo

por meus esforços”. O valor original de alfa para essa medida é 0,81. Na amostra considerada,

o valor de alfa observado foi 0,93.

Na quarta parte, o subordinado respondia às 10 questões sobre autoeficácia elaboradas por

Organ e Konovsky (1989), medindo em que grau se considerava capacitado para realizar seu

trabalho. As respostas podiam variar de 1 (totalmente incorreto) a 7 (totalmente correto). Um

exemplo de item desta parte é “Eu tenho confiança em minhas competências para realizar

meu trabalho”. O valor original de alfa para essa medida é 0,86. Na amostra considerada, o

valor de alfa observado foi 0,72.

Na quinta e sexta partes, o subordinado respondia a três questões sobre sua autonomia no

trabalho. Na quinta parte, eram duas perguntas e as respostas podiam variar de 1 (totalmente

incorreto) a 7 (totalmente correto). Um exemplo de item desta parte é “O trabalho me dá

considerável independência e liberdade para decidir como fazer as coisas”. Na sexta parte,

para a pergunta “Quanta autonomia você tem no seu trabalho?”, as respostas variavam de 1

38

(muito pouca: o trabalho não me dá nenhuma autonomia sobre como fazer as coisas) a 7

(muita autonomia: o trabalho me dá responsabilidade quase que total por decidir como e

quando fazer as coisas). As três perguntas foram elaboradas por Hackman e Oldham (1974) e

fazem parte de um questionário de avaliação de redesenho de cargo. O valor original de alfa

para essa medida varia de 0,68 a 0,77. Na amostra considerada, o valor de alfa observado foi

0,71.

Na sétima parte, o subordinado respondia às 15 questões sobre afetividade do tipo humor

desenvolvidas por Burke et al. (1989), avaliando seu estado de espírito no ambiente de

trabalho naquele momento. As respostas podiam variar de 1 (totalmente incorreto) a 7

(totalmente correto). Um exemplo de item desta parte é “Me sinto energizado”. Na amostra

considerada, o valor de alfa observado foi 0,82.

5.4 ANÁLISE DOS DADOS

Embora liderança e criatividade sejam temas qualitativos em sua essência, foi escolhida uma

abordagem quantitativa para a análise dos dados. Além de ser considerada a abordagem mais

eficaz para testar hipóteses sobre construtos conhecidos (COOPER e SHINDLER, 2003), é

uma oportunidade de testar como esses construtos são traduzidos pelas ferramentas

estatísticas. Também serve como uma confirmação de que mesmo objetos de pesquisa

qualitativos podem ser interpretados de forma estatística – o que não substitui, mas

complementa as análises qualitativas sobre os mesmos temas.

39

6 RESULTADOS

Os resultados deste estudo foram obtidos por meio de análises de regressão linear, com o uso

do programa SPSS.

A Tabela 1 apresenta as médias, os desvios-padrão e as correlações entre as variáveis

presentes no estudo.

Variáveis Média d.p. 1 2 3 41. Liderança transformacional 5,60 1,002. Afetividade positiva do tipo humor 5,21 0,91 ,404**3. Senso de autonomia 5,47 1,23 ,376** ,432**4. Autoeficácia 5,45 0,92 ,251** ,330** ,349**5. Comportamento criativo 4,87 1,47 ,002 ,182* ,075 ,167^

n = 117 *p < 0,05 **p < 0,01 ^p < 0,10

Tabela 1 – Médias, Desvios-Padrão e Correlações

Inicialmente, foram realizadas regressões para verificar o efeito da liderança transformacional

sobre a afetividade positiva, o senso de autonomia e a autoeficácia dos subordinados

(respectivamente, H1, H3 e H5). A primeira variável dependente considerada foi a afetividade

positiva do tipo humor. O coeficiente de determinação da regressão foi significativo (R2 =

0,15; F = 20,13; p < 0,01), sendo o coeficiente de regressão para o efeito da variável liderança

transformacional β = 0,40 (t = 4,49; p < 0,01). Esses resultados confirmam H1 na amostra, ou

seja, quanto mais transformacional for o líder, maior será a afetividade positiva do liderado. A

segunda variável dependente considerada foi o senso de autonomia. O coeficiente de

determinação da regressão foi significativo (R2 = 0,14; F = 18,45; p < 0,01), sendo o

coeficiente de regressão para o efeito da variável liderança transformacional β = 0,38 (t =

4,30; p< 0,01). Esses resultados confirmam H3 na amostra, ou seja, quanto mais

transformacional for o líder, maior será o senso de autonomia do liderado. A terceira variável

40

dependente considerada foi a autoeficácia. O coeficiente de determinação da regressão,

embora não muito elevado, foi significativo (R2 = 0,05; F = 5,93; p < 0,01), sendo o

coeficiente de regressão para o efeito da variável liderança transformacional β = 0,25 (t =

2,43; p< 0,01). Esses resultados confirmam H5 na amostra, ou seja, quanto mais

transformacional for o líder, maior será a autoeficácia do liderado. Via de regra, não seria

necessário realizar essas regressões, dado que são univariadas e equivalem ao teste de

correlação apresentado na Tabela 1.

A Tabela 1 indica que há correlação entre o comportamento criativo e afetividade positiva do

tipo humor e também entre comportamento criativo e autoeficácia. Embora não tenha sido

encontrada nessa amostra correlação entre comportamento criativo e senso de autonomia, foi

realizada uma regressão hierárquica para testar o efeito combinado das três variáveis sobre o

comportamento criativo (H2, H4 e H6) conforme mostra a Tabela 2. No primeiro bloco, foi

incluída a variável liderança transformacional. O coeficiente de determinação encontrado não

foi significativo (R2 = 0,00; F = 0,00; p = n.s.). No segundo bloco, foram incluídos afetividade

positiva, senso de autonomia e autoeficácia. Foi observado apenas um efeito marginal (p =

0,09) entre afetividade positiva e comportamento criativo – o que provavelmente se deve à

multicolinearidade entre as variáveis independentes. Como a afetividade positiva do tipo

humor, quando analisada separadamente (Tabela 1), apresentou um efeito positivo

significativo sobre o comportamento criativo (β = 0,18; p < 0,05), H2 foi confirmada na

amostra. Assim, quanto maior a afetividade positiva dos subordinados, maior a ocorrência de

comportamentos criativos. Também foi observado um efeito marginal da autoeficácia sobre o

comportamento criativo (p = 0,17). Esse efeito indica que, em uma amostra maior, H6

provavelmente seria confirmada; havendo, portanto, indícios de que quanto maior a

autoeficácia dos subordinados, maior a ocorrência de comportamentos criativos.

41

Variáveis β t R2

Liderança transformacional 0,00 -0,02 0,00

Liderança transformacional -0,11 -1,03

Afetitividade positiva do tipo humor 0,18 1,71^

Senso de autonomia -0,01 -0,11

Autoeficácia 0,14 1,36 0,06

n = 117 ^p < 0,10

Tabela 2 – Análise de Regressão Hierárquica para Comportamento Criativo

A afetividade positiva no modelo deste estudo é uma afetividade transitória, também

denominada de humor. Ela é caracterizada por um estado de espírito que muda de acordo com

as circunstâncias externas, como a influência do líder. Como já foi dito, existe um outro tipo

de afetividade, do tipo traço, caracterizada por uma tendência individual de ter uma visão

positiva da vida e de experimentar emoções positivas independentemente das circunstâncias

externas.

A afetividade do tipo traço foi testada, nesta pesquisa, como controle da afetividade positiva

do tipo humor. Para verificar o efeito da afetividade positiva do tipo traço sobre o

comportamento criativo, foi realizada uma nova regressão hierárquica, incluindo a afetividade

positiva do tipo traço como variável de controle, mantendo liderança transformacional,

afetividade positiva, senso de autonomia e autoeficácia como variáveis independentes, e

comportamento criativo como a variável dependente. No primeiro bloco, foi incluída a

variável liderança transformacional. No segundo bloco, foi incluída afetividade do tipo traço.

No terceiro, foram incluídos afetividade positiva, senso de autonomia e autoeficácia (Tabela

3). A única relação significativa encontrada foi entre afetividade positiva do tipo traço e

comportamento criativo. Com a inclusão dessa variável no segundo bloco, o coeficiente de

determinação da regressão foi alterado de forma significativa (R2 = 0,06; F = 3,30; p < 0,05).

O coeficiente de regressão para o efeito da variável afetividade positiva do tipo traço também

42

foi significativo (β = 0,25; t = 2,57; p < 0,01). Esse resultado indica que quanto maior o grau

de afetividade positiva do tipo traço de um indivíduo, maior a probabilidade de ele apresentar

comportamentos criativos. A multicolinearidade entre as variáveis independentes pode

explicar a ausência de efeito significativo da afetividade positiva do tipo humor e do tipo traço

(no terceiro bloco) sobre o comportamento criativo.

Variáveis β t R2

Liderança transformacional 0,00 -0,02 0,00

Liderança transformacional -0,09 -0,89Afetividade do tipo traço 0,25 2,57** 0,06

Liderança transformacional -0,11 -1,08Afetividade positiva do tipo traço 0,20 1,46Afetividade positiva do tipo humor 0,06 0,39Senso de autonomia -0,03 -0,30Autoeficácia 0,13 1,34 0,07

n = 117 *p < 0,05 **p < 0,01

Tabela 3 – Análise de Regressão Hierárquica para Comportamento Criativo

O construto liderança transformacional testado neste estudo é composto por seis dimensões:

estímulo intelectual, expectativa de resultado, desafio ao status quo, visão, idealismo e

comunicação inspiradora. A liderança transformacional não apresentou nenhum efeito sobre o

comportamento criativo (Tabelas 2 e 3). No entanto, para verificar o efeito de cada uma de

suas dimensões, foi feita uma regressão em que as variáveis independentes eram as seis

dimensões e a dependente, o comportamento criativo, controlando para afetividade positiva

do tipo traço (Tabela 5). O coeficiente de regressão para o efeito da variável desafio ao status

quo (β = 0,21; t = 1,86; p < 0,06) foi significativo, indicando um efeito positivo dessa

componente do estilo de liderança sobre o comportamento criativo dos subordinados. O

coeficiente de regressão para o efeito da variável idealismo (β = - 0,26; t = -1,86; p < 0,06)

também foi significativo, indicando, porém, um efeito negativo dessa componente do estilo de

43

liderança sobre o comportamento criativo dos subordinados. Esses resultados sugerem que a

soma dos efeitos positivo e negativo dessas duas componentes pode ter anulado o efeito da

liderança transformacional como um todo sobre o comportamento criativo.

Variáveis β t R2

Afetividade positiva do tipo traço 0,22 2,41** 0,04

Afetividade positiva do tipo traço 0,27 2,75**Expectativa de resultados -0,17 -1,43

Desafio ao status quo 0,21 1,86#

Visão -0,11 -0,76

Idealismo -0,26 -1,86#

Comunicação inspiradora 0,15 0,85

Estímulo intelectual 0,03 0,21 0,10

n = 117 **p < 0,01 #p < 0,06

Tabela 4 – Análise de Regressão para Comportamento Criativo

Não foram encontradas na literatura pesquisas que expliquem um efeito negativo do idealismo

do líder sobre a criatividade. São necessários novos estudos para esclarecer essa aparente

contradição.

44

7 DISCUSSÃO

Este estudo investigou o efeito do estilo de liderança transformacional no comportamento

criativo dos subordinados, verificando se essa relação é mediada por afetividade positiva,

senso de autonomia e autoeficácia dos subordinados.

Na amostra considerada, foi observada uma relação positiva significativa entre liderança

transformacional e afetividade positiva. A confirmação de H1 está de acordo com a literatura,

segundo a qual o líder transformacional desperta forte resposta emocional nos subordinados

(HUGHES, GINNETT e CURPHY, 2006). A liderança transformacional motiva e inspira os

seguidores a perseguir objetivos que reconhecem como próprios, dando-lhes autonomia e

condições para agir – o que gera um estado de afetividade positiva (HUGHES GINNETT e

CURPHY, 2006; EINSENBERGER e ASELAGE, 2009; SHIN e ZHOU, 2003).

Foi observada também uma relação positiva significativa entre liderança transformacional e

senso de autonomia. A confirmação de H3 aprofundou os estudos sobre liderança, indicando

que o estilo transformacional traz um senso de autonomia ao liderado. A liderança

transformacional comunica uma visão clara de onde se quer chegar, inspirando e motivando

cada seguidor a trabalhar pelos mesmos objetivos. Essa clareza e comprometimento permitem

que os liderados atuem de forma autônoma, e tomem a maioria das decisões sem depender do

líder (JUNG, WU e CHOW, 2008). Segundo Avolio et al. (2004), o líder transformacional se

relaciona com os subordinados como um mentor ou “coach”. Seu objetivo é o de desenvolver

ao máximo o potencial de cada liderado, para que ele possa assumir cada vez mais

responsabilidades e ser capaz de exercer o papel de líder quando necessário. Castro, Periñan e

Bueno (2008) afirmam que o líder transformacional usa o “empoderamento” para conseguir

exercer influência positiva sobre os subordinados e conquistar seu comprometimento. Zhang e

45

Bartol (2010) comentam que há poucos estudos sobre “liderança empoderadora”, sendo

necessário pesquisar o tema com mais profundidade. De fato, parte da literatura encontrada

relata uma relação positiva entre senso de autonomia e motivação intrínseca, sem associá-la

diretamente à liderança transformacional (AMABILE, 1998; STERNBERG, O’HARA e

LUBART, 1997; ROSS, 2007).

Foi observada, ainda, uma relação positiva significativa entre liderança transformacional e

autoeficácia. A confirmação de H5 está de acordo com os estudos realizados sobre o tema,

que indicam uma forte influência do líder transformacional sobre a autoeficácia dos

seguidores. O estímulo intelectual e a motivação inspiradora são apontados como uma forma

de o líder transformacional fortalecer a autoeficácia dos seguidores (CASTRO, PERIÑAN e

BUENO, 2008). Ao motivar e valorizar o subordinado, o líder o estimula a se capacitar,

aumentando sua autoeficácia. Por meio da consideração individualizada, também pode elogiar

o subordinado reforçando sua autoconfiança e percepção de competência (TIERNEY e

FARMER, 2002; GONG, HUANG e FARH, 2009).

Foi observada uma relação positiva significativa entre afetividade positiva e comportamento

criativo. A confirmação de H2 está de acordo com a literatura sobre o tema, segundo a qual a

afetividade positiva deixa as pessoas relaxadas, menos sistemáticas, mais expansivas e lúdicas

– um estado que favorece a criatividade (ZHOU e GEORGE, 2007). Segundo Amabile et al.

(2005) a afetividade positiva favorece a flexibilidade cognitiva, o que aumenta a

probabilidade de elementos diversos serem associados e de, assim, surgirem ideias novas e

originais. A afetividade positiva, segundo a autora, é considerada precursora da criatividade.

Foi observada uma relação positiva marginal entre autoeficácia e comportamento criativo. A

provável confirmação de H6 em uma amostra maior encontra apoio na literatura. A

46

autoeficácia parece ser necessária ao comportamento criativo, por manter o indivíduo

motivado diante de problemas complexos cuja solução demanda criatividade (TIERNEY e

FARMER, 2002). O risco envolvido em projetos criativos torna a crença na própria

capacidade indispensável para manter viva a motivação. Sternberg, O’Hara e Lubart (1997)

afirmam que indivíduos que acreditam em si próprios têm uma probabilidade maior de seguir

adiante com uma ideia criativa. O nível de autoeficácia é apontado também como um fator

crítico para a escolha entre a forma conhecida e segura de realizar algo e a alternativa original,

porém sem garantia de sucesso (TIERNEY e FARMER, 2002).

Não foi observada uma relação positiva significativa entre senso de autonomia e

comportamento criativo. A não confirmação de H4 contradiz a literatura sobre o tema,

segundo a qual indivíduos necessitam de liberdade de ação para se sentirem motivados a criar

(JUNG, WU e CHOW, 2008). Segundo Amabile (1998) e Ross (2007), microgerenciar os

processos produtivos, ou mudar os objetivos de um trabalho constantemente, matam a

criatividade. As autoras afirmam que processos criativos se desenvolvem quando há objetivos

claros somados a liberdade de escolha sobre como atingi-los. O fato de H4 não ter sido

confirmada indica a necessidade de novas pesquisas que estudem o mesmo efeito em amostras

maiores e sem as limitações do presente estudo, discutidas nas considerações finais.

Na amostra considerada, foi encontrada uma relação marginalmente significativa entre

liderança transformacional e comportamento criativo em duas de suas dimensões: desafio ao

status quo e idealismo. No caso do desafio ao status quo, a relação foi positiva, confirmando

outras pesquisas que associam liderança transformacional à liberdade dada aos liderados para

quebrar padrões. O líder transformacional estimula intelectualmente os subordinados,

permitindo-lhes adquirir conhecimento novo e experimentar novas formas de abordar

problemas (GONG, HUANG e FARH, 2009). Segundo Sternberg, O’Hara e Lubart (1997), a

47

liberdade que o líder transformacional dá aos subordinados é uma das formas que ele tem de

motivá-los a agir de forma autônoma e criativa. Essa liberdade está associada a poder pensar

“fora da caixa”, e a dar sugestões originais que desafiem o modus operandi vigente. No caso

do idealismo, a relação foi negativa, contradizendo outras pesquisas que associam liderança

transformacional a um alto padrão de comportamento em termos de princípios e ideais

(HUGHES, GINNETT e CURPHY, 2006). Talvez, quando os subordinados não identificam a

necessidade de transformações profundas, o idealismo do líder seja visto como um obstáculo

a sua criatividade, por interferir na forma de trabalhar que considera mais adequada aos

objetivos do grupo. São necessárias novas pesquisas para esclarecer esse ponto.

Não foi observado um efeito mediador da afetividade positiva, do senso de autonomia e da

autoeficácia na relação entre liderança transformacional e comportamento criativo. Embora

não tenham sido encontradas na literatura pesquisas que investiguem esse efeito, parece

lógico supor que ele exista, já que liderança transformacional afeta as três variáveis e estas,

segundo a literatura, afetam o comportamento criativo. É difícil saber se outros estudos

também fizeram observações similares porque estudos sem comprovação de hipóteses,

embora reveladores, não costumam ser publicados.

48

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi investigar o efeito do estilo de liderança transformacional no

comportamento criativo dos subordinados. Também procurou indicar como o processo de

liderança pode estimular a criatividade e a inovação. O estudo contribuiu para aprofundar o

conhecimento sobre liderança e criatividade, temas ainda pouco explorados em pesquisas no

país.

Foi observado que a liderança transformacional tem um efeito sobre o comportamento

criativo dos subordinados por meio de sua componente “desafio ao status quo”. Esse efeito foi

marginalmente significativo em uma amostra pequena, o que indica que pode vir a ser

significativo em uma pesquisa com uma amostra maior. Esse achado parece indicar que

desafiar o status quo é importante para o desenvolvimento de processos criativos, orientando

as empresas que precisem inovar a valorizar líderes que apresentem essa característica.

Foi observado, ainda, que a liderança transformacional tem um efeito positivo sobre a

afetividade positiva, o senso de autonomia e a autoeficácia, o que reforça a importância desse

estilo de liderança, dado que estimula nos subordinados características, em geral, valorizadas

pelas organizações.

Ao constatar um efeito positivo da afetividade positiva sobre o comportamento criativo, esta

pesquisa avança o conhecimento sobre criatividade, dado que a maioria dos resultados sobre

essa relação foi obtida em laboratório. Além de este estudo ter sido feito em campo, as

medidas de afetividade positiva e de comportamento criativo foram obtidas de fontes

diferentes, o que reforça a validade da relação observada entre os construtos. Tanto

afetividade do tipo traço quanto do tipo humor apresentaram um efeito positivo sobre o

49

comportamento criativo. Em relação à afetividade testada no modelo (do tipo humor), pode-se

concluir que experiências positivas no ambiente de trabalho favorecem a criatividade.

Quanto às limitações do estudo, pode-se apontar o tamanho da amostra utilizada e o fato de os

respondentes serem de empresas diferentes, o que pode ter causado uma variação no rigor

com que a criatividade e a liderança transformacional foram avaliadas por líderes e liderados,

respectivamente. A diferença cultural entre as empresas pode ter resultado em julgamentos

mais críticos por parte de alguns respondentes e mais benevolentes por parte de outros,

prejudicando a consistência do efeito observado entre os dois construtos.

Outra limitação foi o fato de os respondentes terem sido recrutados por seus chefes, o que

pode ter afetado a isenção das respostas. Mesmo sem precisar se identificar e respondendo ao

questionário online, o respondente pode ter suspeitado da possibilidade de o chefe que o

recrutara ter acesso aos dados. Esse fato diminuiu o controle para a qualidade das respostas.

Outra conseqüência possível de o líder ter recrutado os respondentes é a troca acidental do

respondente A pelo Z. Ou seja, o líder pode ter, acidentalmente, associado as respostas sobre

o subordinado de alto desempenho (A) ao de baixo desempenho (Z) e vice-versa.

A literatura sugere que a criatividade é influenciada pelo contexto, mas também por

componentes individuais. Como sugestão para pesquisas futuras, pode ser investigada a

margem de influência do líder, controlando para componentes individuais como inteligência e

personalidade. Dessa forma, a influência do estilo de liderança poderia ser destacada da

influência de traços individuais do liderado. Outra sugestão é que seja investigada a influência

de cada componente da liderança transformacional sobre a criatividade em amostras maiores,

para que seja confirmado o efeito do desafio ao status quo e explorados os efeitos das outras

componentes.

50

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMABILE, Teresa. How to Kill Creativity. Harvard Business Review, Boston, p. 77-87, set-

out 1998.

______. Motivating Creativity in Organizations: on doing what you love and loving what you

do. California Management Review, Berkeley, v. 40, n. 1, p. 39-58, 1997.

AMABILE, Teresa et al. Affect and Creativity at Work. Administrative Science Quarterly,

v. 50, p. 367-403, 2005.

AVOLIO, Bruce; ZHU, Weichun; KOH, William; BHATIA, Puja. Transformational

leadership and organizational commitment: mediating role of psychological empowerment

and moderating role of structural distance. Journal of Organizational Behavior, v.25, p.

951-968, 2004.

BARSADE, Sigal. The Ripple Effect: Emotional Contagion and Its Influence on Group

Behaviour. Administrative Science Quarterly, v. 47, p. 644-675, 2002.

BARSADE, Sigal; GIBSON, Donald. Why Does Affect Matter in Organizations? Academy

of Management Perspectives, p. 36-59, fev. 2007.

BASS, Bernard. Transformational leadership: industrial, military, and educational impact.

New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 1998.

BARTEL, Caroline; SAAVEDRA, Richard. The Collective Construction of Work Group

Moods. Administrative Science Quarterly, n. 45, p.197-231, 2000.

BESANKO, David; DRANOVE, David; SHANELY, Mark. Economics of strategy. 3 ed.

Hoboken: Wiley, 2003.

51

BURKE, M. J.; BRIEF, A. P.; GEORGE, J. M.; ROBERSON, L.; WEBSTER, J.. Measuring

affect at work: Confirmatory analyses of competing mood structures with conceptual linkages

to cortical regulatory systems. Journal of Personality and Social Psychology, v. 57, p.

1091–1102, 1989.

CASTRO, Carmem Barroso; PERIÑAN, Ma Mar Villegas; BUENO, Jose Carlos Casillas.

Transformational leadership and followers’ attitudes: the mediating role of psychological

empowerment. The International Journal of Human Resource Management, v. 19, n.10,

p.1842-1863, 2008.

COOPER, Donald; SCHINDLER, Pamela. Métodos de Pesquisa em Administração. 7 ed.

Porto Alegre: Bookman, 2003.

CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Creativity: flow and the psychology of discovery and

invention. 1 ed. New York: HarperPerennial, 1997.

ENSLEY, Michael; PEARCE, Craig; HMIELESKI, Keith. The moderating effect of

environmental dynamism on the relationship between entrepreneur leadership behavior and

new venture performance. Journal of Business Venturing, v. 21, p. 243–263, 2006.

FONG, Christina. The Effects of Emotional Ambivalence on Creativity. Academy of

Management Journal, v. 49, n. 5, p. 1016-1030, 2006.

GARDNER, John. Leaders and Followers. Liberal Education, v. 73, n. 2, p. 4-6, mar-abr,

1987.

GONG, Yaping; HUANG, Jia-Chi; FARH, Jiing-Lih. Employee Learning Orientation,

Transformational Leadership, and Employee Creativity: the mediating role of employee

creative self-efficacy. Academy of Management Journal, v. 52, n. 4, p. 765-778, 2009.

HUGHES, Richard; GINNETT, Robert; CURPHY, Gordon. Leadership: Enhancing the

Lessons of Experience. 5 ed. New York: McGraw-Hill Irwin, 2006.

52

JAMES, Keith; BRODERSEN, Marc; EINSENBERG, Jacob. Workplace Affect and

Workplace Creativity: A Review and Preliminary Model. Human Performance, v. 17, n. 2,

p. 169-194, 2004.

JUNG, Dongil; WU, Anne; CHOW, Chee. Towards understanding the direct and indirect

effects of CEO´s transformational leadership on firm innovation. The Leadership Quarterly,

v.19, p. 582-594, 2008.

KELLEY, Robert. In Praise of Followers. Harvard Business Review, p. 142-148, nov-dez,

1998.

KOTTER, John. What Leaders Really Do. Harvard Business Review, p. 103-111, mai-jun,

1990.

MADJAR, Nora. Emotional and informational support from different sources and employee

creativity. Journal of Occupational and Organizational Psychology, v.81, p. 83-100, 2008.

MARKIDES, Constantinos. A Dynamic View of Strategy. Sloan Management Review, p.

55-63, 1999.

MROCZEK, D. K.; KOLARZ, C. M. The Effect of Age on Positive and Negative Affect: A

Developmental Perspective on Happiness. Journal of Personality and Social Psychology, v.

75, n. 5, p. 1333-1349, 1998.

NORTHOUSE, Peter. Leadership: Theory and Practice. 4a ed. Thousand Oaks: Sage, 2007.

OLDHAM, Greg; CUMMINGS, Anne. Employee Creativity: Personal and Contextual

Factors at Work. Academy of Management Journal, v. 39, n. 3, p. 607-634, 1996.

O’REILLY, Charles; TUSHMAN, Michael. The Ambidextrous Organization. Harvard

Business Review, p. 74-81, abr 2004.

53

ORGAN, D. W.; KONOVSKY, M.. Cognitive Versus Affective Determinants of

Organizational Citizenship Behavior. Journal of Applied Psychology, v. 74, n. 1, p. 157-

165, 1989.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 1987.

______. Acasos e criação artística. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

PEARCE, C. L.; SIMS, H. P..Vertical versus shared leadership as predictors of the

effectiveness of Change Management Teams: An Examination of Aversive, Directive,

Transactional, Transformational and Empowering Leader Behaviors. Group Dynamics

Research and Practice, n. 6, p. 172-197, 2002.

PESCOSOLIDO, Anthony. Emergent leaders as managers of group emotion. The

Leadership Quarterly, v.13, p. 583-599, 2002.

PIROLA-MERLO, Andrew et al. How leaders influence the impact of affective events on

team climate and performance in R&D teams. The Leadership Quarterly, v.13, p. 561-581,

2002.

POWELL, Gary et al. Sex effects in evaluations of transformational and transactional

leaders. Academy of Management Best Conference Paper, 2004.

RICKARDS, Tudor; MOGER, Susan. Creative Leaders: A Decade of Contributions from

Creativity and Innovation Management Journal. Creativity and Innovation Management

Journal, v. 15, n.1, p. 4-18, 2006.

ROSS, Judith. Creative Leadership: Be Your Team’s Chief Innovation Officer. Harvard

Management Update, p. 3-6, 2007.

ROST, Joseph. Leadership for the Twenty-First Century. Westport: Greenwood Publishing

Group, 1991.

54

SIMONTON, Dean. Creativity as Blind Variation and Selective Retention: Is the Creative

Process Darwinian? Psychological Inquiry, v.10, n.4, 309-328, 1999.

STERNBERG, Robert (Ed.). Handbook of Creativity. 11 ed. New York: Cambridge

University Press, 2008.

STERNBERG, Robert; O’HARA, Linda; LUBART, Todd. Creativity as investment.

California Management Review, v. 40, n. 1, p. 8-21, 1997.

SY, Thomas; CÔTÉ, Stéphane; SAAVEDRA, Richard. The Contagious Leader: Impact of the

Leader´s Mood on the Mood of Group Members, Group Affective Tone, and Group

Processes. Journal of Applied Psychology, v. 90, n. 2, p. 295-305, 2005.

THORESEN, Carl J. et al. Affective underpinnings of job perceptions and attitudes: a meta-

analytic review and integration. Psychological Bulletin, v. 129, n. 6, p. 914-945, 2003.

TIERNEY, Pamela; FARMER, Steven. Creative Self-Efficacy: its potential antecedents

and relationship to creative performance. Academy of Management Journal, v. 45, n. 8,

p. 1137-1148, 2002.

TIERNEY, Pamela. Leadership and Employee Creativity. IN ZHOU, Jing (Ed) and

SHALLEY, Christina (Ed). Handbook of Organizational Creativity. New York: Taylor &

Francis Group, 2008.

THOMPSON, Leigh. Improving the creativity of organizational work groups. Academy of

Management Executive, v. 17, n. 1, p. 96-109, 2003.

VILAS BOAS, Otacílio Torres. Liderança Autêntica: efeito sobre o desempenho no

trabalho e análise de processos mediadores. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado

Profissional em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em

Economia. Programa de pós-graduação e pesquisa em Administração e Economia, Faculdades

Ibmec, Rio de Janeiro, 2010.

55

WALUMBWA, F.; AVOLIO, B.; GARDNER, W.; WERNSING, T.; PETERSON, S.

Authentic Leadership: Development and Validation of a Theory-Based Measure. Journal of

Management, v. 34, n. 1, p. 89-126, 2008.

YUKL, Gary. Leadership in organizations. 5a ed. New Jersey: Prentice Hall: 2001.

ZHANG, Xiaomeng; BARTOL, Kathryn. Linking empowering leadership and employee

creativity: the influence of psychological empowerment, intrinsic motivation, and creative

process engagement. Academy of Management Journal, v. 53, n. 1, p. 107–128, 2010.

ZHOU, Jing; GEORGE, Jennifer. Dual Tuning in a Supportive Context: Joint Contributions

of Positive Mood, Negative Mood, and Supervisory Behaviors to Employee Creativity.

Academy of Management Journal, v. 50, n. 3, p. 605-622, 2007.

______. When Job Dissatisfaction Leads to Creativity: Encouraging the Expression of Voice.

Academy of Management Journal, v. 44, n. 4, p. 682-696, 2001.

ZHOU, Jing; SHALLEY, Christina. Organizational Creativity in Historical Context. IN

ZHOU, Jing (Ed) and SHALLEY, Christina (Ed). Handbook of Organizational Creativity.

New York: Taylor & Francis Group, 2008.