DISSERTAÇÃO DE MESTRADO REGINA CARDOSO
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
AUTOR: REGINA COELI AZEREDO CARDO SO
MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO B AIXO PESO ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE NEONATAL NO RIO DE JA NEIRO
RIO DE JANEIRO
2010
MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BA IXO PESO
ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE NEONATAL NO RIO DE JANEI RO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação do Instituto de Saúde Coletiva
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos para a obtenção do
Título de Mestre em Saúde Coletiva
AUTOR: REGINA COELI AZEREDO CARDOSO
ORIENTADORA: PROFESSORA CLAUDIA MEDINA COELI
RIO DE JANEIRO
2010
MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BA IXO PESO
ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE NEONATAL NO RIO DE JANEI RO
Autor:Regina Coeli Azeredo Cardoso
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
do Instituto de Saúde Coletiva
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos para a obtenção do
Título de Mestre em Saúde Coletiva
Aprovada em 30 de abril de 2010
__________________________________
Professora Doutora orientadora
Claudia Medina Coeli
IESC- UFRJ
Professora Doutora Kátia Vergetti Bloch
IESC- UFRJ
Professor Doutor Roberto de Andrade Medronho
IESC - UFRJ
Professora Doutora Sandra Costa Fonseca
UFF
Aos meus filhos Aline ,Gustavo
e Mariana, principal razão de minha vida
Agradecimentos
À professora Claudia Medina Coeli por sua importante contribuição
não só como orientadora para a realização do trabalho, como também para a
expansão dos meus conhecimentos na área de métodos computacionais em saúde.
Aos professores Kátia Vergetti Bloch, Roberto de Andrade Medronho
e Sandra Costa Fonseca por terem gentilmente aceito participar da minha banca de
avaliação.
A todos os professores do IESC pelo trabalho e desempenho
durante a realização do curso do mestrado.
A todos os funcionários do IESC pelo apoio e receptividade
À amiga Flavia Oliveira, responsável pela Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal e Pediátrica do Hospital Geral de Bonsucesso, pelo apoio e
incentivo, sem os quais não teria sido possível a realização desse trabalho.
À colega e amiga Patrícia Guimarães, responsável pelos bancos de
dados da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica do Hospital Geral de
Bonsucesso, por sua importante ajuda em várias etapas do estudo.
À colega e amiga Daniela Peyneau pelo grande estímulo, apoio e
carinho.
A todos os colegas de trabalho, pela compreensão nas horas em
que precisei.
A todos os colegas do mestrado, especialmente a Claudia Lima, por
dividirmos as Inquietudes.
Aos meus pais falecidos Porfiro e Nice pelo eterno apoio e carinho.
Resumo CARDOSO, Regina Coeli Azeredo. MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO ASSISTIDOS POR UMA UNI DADE NEONATAL NO RIO DE JANEIRO, Instituto de Estudos de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
A associação entre baixo peso de nascimento e mortalidade infantil
é consistentemente apontada na literatura, mas poucos estudos brasileiros
avaliaram a mortalidade dentro do primeiro ano de vida entre recém-natos de muito
baixo peso. O objetivo do estudo foi a avaliar a mortalidade em um ano após o
nascimento de recém-nascidos de muito baixo peso procedentes de uma Unidade
da Rede Pública do Rio de Janeiro, Brasil, em um período de cinco anos (de 2002 a
2006) (N=796). Trata-se de estudo de coorte não concorrente, empregando o
método linkage probabilístico de registros para a identificação da mortalidade no
período de um ano. Foram calculadas as proporções dos óbitos segundo categorias
de peso e período do óbito, sendo descritas as principais causas básicas dos óbitos
por período de ocorrência. Empregou-se o método de Kaplan-Meier para a
estimativa da probabilidade cumulativa de sobrevida no tempo tanto globalmente
quanto segundo os estratos de cada variável de interesse. A associação entre a
escolaridade materna e a sobrevida dos recém-nascidos foi avaliada por meio de
modelos de risco proporcionais de Cox, ajustando para: cuidado pré-natal, peso ao
nascer, semanas de gestação e sexo do recém-nascido. O estudo incluiu 796
recém-nascidos de muito baixo peso. Destes, 228 (28,6%) morreram antes de
completar um ano de vida, sendo o componente neonatal se 20,2% e o neonatal
precoce de 14,7%. A mortalidade foi mais elevada nas faixas de peso menores,
sendo igual a 71,6% na faixa de 500 a 749g. Entre as causas de óbito, a sepse
predominou em todos os períodos. Recém-nascidos cujas mães tinham 3 ou menos
anos de estudo tiveram risco aproximadamente 2,5 vezes maior de óbito em relação
aqueles cujas mães tinham oito ou mais anos de estudo, mesmo após o ajuste para
potenciais fatores intermediários. Nossos resultados confirmam achados da literatura
evidenciando uma elevada mortalidade entre os recém-nascidos de muito baixo
peso. A baixa escolaridade materna se mostrou preditor independente de óbito na
população de baixa renda por nós estudada.
Palavras-chave: Mortalidade Infantil, Muito Baixo Peso ao nascer, coorte, linkage
probabilístico de registros, Sistemas de Informação em Saúde
Abstract
The association between low birth weight and mortality has been
consistently shown in medical literature, but few Brazilian studies had evaluated very
low birth weight mortality through the first year of life. The Objective of the study was
to evaluate mortality within one year of birth of very low birth weight newborns
assisted by a Public Neonatal Unit in Rio de Janeiro, Brazil, in a five year period
(2002-2006) (N=796). It was a retrospective cohort study that was carried out using
the probabilistic linkage method in order to identify mortality in a one year period.
Death proportions were calculated according to birth weight groups and death period
and the principal basic causes of death were listed according to periods. The Kaplan-
Meier method was used to estimate the overall cumulative survival probability and
the survival probability according to variable of interest through the observation
period. The association between maternal schooling and survival of very low birth
weight newborns was evaluated by means of proportional risk Cox models adjusted
for: antenatal care, birth weight, gestational age and the newborn’s sex. This study
included 796 very low birth weight newborns. Of these newborns, 228 (28,6%) were
dead before one year. Neonatal mortality was 20,2% and early neonatal mortality
was 14,7%. Mortality was higher for the lowest weight group, at 71,6% for the 500 to
749g group. Sepsis was the main cause of all periods. Newborns whose mothers had
three years of schooling or less had a risk of death near to 2,5 times higher then
those whose mothers had eight years of schooling or more, even after adjusting for
the intermediary factors. Our results confirm the literature data, showing a high
mortality among very low birth weight newborns. Low schooling level was an
independent predictor of death for our low economic level population.
Keywords: Infant mortality, very low birth weight, cohort, probabilistic linkage, Health
Information System
Lista de Siglas
AIG: Adequado para a idade gestacional
CID10: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde
ANS: Agencia Nacional de Saúde
AP: Área Programática
CIUR: Crescimento intrauterino retardado
DN: Declaração de nascido vivo
DUM: Data da última menstruação
GIG: Grande para a idade gestacional
HFB: Hospital Federal de Bonsucesso
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IESC: Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
KM: Kaplan Meier
LABMECS: Laboratório de Métodos Computacionais em Saúde
MS: Ministério da Saúde
OMS: Organização Mundial de Saúde
PIG: Pequeno para a idade gestacional
RIPSA: Rede Interagencial de Informações para a Saúde
RN: Recém-nascido
RNMBP: Recém-nascido de muito baixo peso
SIM: Sistema de informações sobre Mortalidade
SINASC: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SMS: Secretaria Municipal de Saúde
UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro
UI: Unidade Intermediária
UTI: Unidade de Tratamento Intensivo
Sumário
1 Introdução....................................... ...................................................................... 15
1.1 Mortalidade Infantil - Tendências no mundo e no Brasil................................15
1.2 Perfil dos nascidos vivos no Brasil............ ......................................................17
1.3 Nascimento prematuro e de muito baixo peso: mor talidade e morbidade ..20
1.4 Baixo peso ao nascer e posição socioeconômica.. ........................................27
2 Justificativa.................................... ........................................................................30
3. Objetivos....................................... ....................................................................... 32
3.1 Objetivo Geral................................. ....................................................................32
3.2 Objetivos Específicos......................... ............................................................. 32
4 Métodos......................................... ....................................................................... 33
4.1 Desenho do estudo.............................. ..............................................................33
4.2 População Fonte................................ .................................................................33
4.3 Fontes de dados e população do estudo.......... ...............................................34
4.4 Linkage probabilístico.................................... ...................................................36
4.5 Variáveis...................................... ........................................................................41
4.5.1Características maternas...................... ...........................................................41
4.5.2 Características do cuidado................... ..........................................................41
4.5.3 Características dos recém-nascidos........... ..................................................41
4.5.4 Variável de Desfecho......................... .............................................................42
12 4.6 Análise de dados............................... .................................................................43
4.7 Aspectos Éticos ............................... ..................................................................44
5 Referências Bibliográficas da primeira parte..... ................................................46
6 Resultados – segunda parte – Artigo.............. ....................................................56 7 Referências Bibliográficas da segunda parte...... .............................................. 84 8 Anexos........................................... .........................................................................88
13 Apresentação
A mortalidade infantil, por se tratar de importante indicador do
desenvolvimento social, continua no foco das grandes preocupações mundiais. Há
várias décadas, muitas estratégias têm sido colocadas em prática no sentido de sua
redução e pode-se dizer que os resultados foram animadores.
Programas relativamente simples, como a re-hidratação oral e as
campanhas de vacinação no Brasil, por exemplo, tiveram grande impacto
(IBGE,1999). No entanto, surgiram novos desafios, como a mortalidade dos
prematuros, em especial aqueles com muito baixo peso. Esses demandam o
desenvolvimento de novas estratégias de ação e requerem cuidados intensivos e
especializados, com alto custo financeiro e social, tanto durante a internação como
após a alta (TOMMISKA, 2003). Conseqüentemente, a mortalidade do prematuro e
muito baixo peso varia conforme o nível dos cuidados obstétricos e neonatais
oferecidos (MORALES et al, 2005) e de acordo com o desenvolvimento econômico
das diferentes áreas geográficas.
Muitos estudos têm sido realizados com intuito de avaliar a
mortalidade de recém-nascidos prematuros e de muito baixo peso, porém poucos
conseguiram seguir coortes por períodos longos e estudar as conseqüências tardias
desses eventos neonatais (MENEZES et al, 2005). Vários fatores concorrem para
dificultar o seguimento, especialmente nas camadas de baixa renda. Por exemplo,
muitos pacientes não fazem acompanhamento regular por dificuldades financeiras
para se locomoverem até os locais de assistência ou mudam de cidade.
O método de linkage de bancos de dados vem sendo cada vez mais
utilizado em países desenvolvidos para o seguimento de coortes e avaliação de
serviços de saúde (HOWE, 1998). No Brasil, as bases de dados de saúde
disponíveis têm crescido substancialmente nos últimos anos, abrangendo dados
sobre nascimentos, atendimento ambulatorial, hospitalizações e mortalidade. No
entanto, as bases existentes não possuem um campo identificador comum, o que
dificulta o uso integrado das mesmas entre si e dessas com outras bases de
pesquisa. O método de linkage probabilístico serve como alternativa para superar
essa limitação, permitindo que as bases sejam integradas de forma eficiente e com
14 acurácia razoável (COUTINHO & COELI, 2006; COUTINHO et al., 2008;
PACHECO et al., 2008).
Com o relacionamento de bancos de dados podemos estudar alguns
desfechos após a alta hospitalar, mesmo naqueles pacientes que abandonaram o
ambulatório. O presente estudo realizou o linkage entre o banco de dados dos
recém-nascidos de muito baixo peso que nasceram em uma Unidade da Rede
Pública no Rio de Janeiro com os bancos de dados do Sistema de Informações
Sobre Nascidos Vivos (SINASC) e o banco de dados de mortalidade do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM), com o objetivo de estudar a mortalidade até
um ano após o nascimento.
O texto é dividido em duas partes: Primeira parte: Resumo da
dissertação; Abstract; Introdução, em que é descrito um panorama mundial e
brasileiro da mortalidade infantil, da mortalidade dos prematuros e recém-nascidos
de muito baixo peso, sua evolução histórica e tendências; Justificativa,
descrevendo a relevância do tema e a importância de estudos nessa área; Objetivos,
sendo apresentados os objetivos gerais e específicos; Métodos, em que são
descritas as características da coorte, as variáveis analisadas, as estratégias
empregadas para o linkage probabilístico das bases de dados, bem como as
técnicas para a análise dos resultados e as Referências da primeira parte. Na
segunda parte é apresentado o artigo oriundo da dissertação, incluindo as seções
de introdução e métodos resumidas, a apresentação e discussão dos resultados.
Por fim, são apresentados no anexo a lista completa de causas de óbito com os
códigos do CID10, curvas de Kaplan-Meier para as variáveis sexo, idade materna e
situação conjugal, gráficos Log Log da associação entre a sobrevida dos recém-
nascidos e as variáveis estudadas, testes de comparação do modelo Cox, modelos
das declarações de nascidos vivos e óbito e modelo do termo de compromisso
utilizado pelos pesquisadores que trabalham no Laboratório de Métodos Estatísticos
e Computacionais em Saúde (LABMECS) do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
da Universidade Federal do Rio de janeiro.
15 1 Introdução
1.1 Mortalidade Infantil – Tendências no mundo e no Brasil
A mortalidade infantil é um importante indicador da saúde da
população. O século XX testemunhou um dramático declínio na mortalidade infantil
em quase todos os países, a despeito das taxas iniciais, das circunstâncias
socioeconômicas e estratégias de desenvolvimento (AHMAD et al, 2000).
Nos países desenvolvidos, esse declínio já era aparente ao final do
século XIX, enquanto naqueles em desenvolvimento, tornou-se evidente a partir do
final da segunda guerra mundial. A magnitude do declínio inicial nos países em
desenvolvimento foi tão expressiva que levou a especulações de que as diferenças
nas taxas entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento estivessem
bastante estreitas ao final do século. No entanto, a rápida queda observada
inicialmente não se mostrou sustentável, dado o lento crescimento econômico de
algumas regiões e o impacto do surgimento da epidemia da AIDS (AHMAD. et al,
2000). Se considerarmos a mortalidade em menores de cinco anos, reconhecida
como o melhor indicador do risco cumulativo de morte na infância, cerca de 15% das
crianças nascidas na África morrem antes de completar cinco anos, em comparação
com somente 2% na Europa (Boletim OMS, 2000).
A mortalidade infantil não é preocupação só de países em
desenvolvimento. Nos Estados Unidos as taxas de mortalidade infantil (cerca de
7/1000NV) ainda são elevadas se comparadas com as de alguns países
escandinavos e asiáticos, cujas taxas estão abaixo de 3,5/1000NV, estando ainda
distante da meta de 4,5/1000NV desejada para 2010 (NCHS, 2005).
Existe uma tendência mundial ao predomínio de óbito no período
neonatal, com exceção daqueles países acometidos pela epidemia da AIDS (WHO,
2006). Nos Estados Unidos, em 2002, os óbitos neonatais representaram 66% dos
óbitos no primeiro ano de vida (ARIAS et al, 2003).
Estima-se que, a cada ano, no cenário mundial, cerca de 4 milhões
de crianças morrem nas primeiras quatro semanas de vida e que mais de 3 milhões
desses óbitos ocorrem na primeira semana. Estima-se também que mais de 3
milhões de bebês são natimortos a cada ano e que uma em cada três dessas mortes
16 ocorre durante o parto, eventos que, possivelmente, seriam em grande parte
evitáveis. Cerca de 98% desses óbitos ocorrem em países em desenvolvimento,
onde o risco de morte no período neonatal é seis vezes maior do que nos países
desenvolvidos (OMS, 2006).
No Brasil, nos últimos 30 anos, com o desenvolvimento das ações
básicas de saúde, houve uma redução em torno de 60% na mortalidade em
menores de um ano, principalmente em decorrência da diminuição dos óbitos no
período pós-neonatal (MS,2009). Apesar do significativo declínio da taxa de
mortalidade infantil no Brasil, muito ainda deve ser feito no sentido de sua redução,
visto que, esta, estimada em 23 óbitos em menores de um ano para cada mil
nascidos vivos em 2008, é alta, mesmo se comparada à de países vizinhos do Cone
Sul, como por exemplo o Chile, cuja taxa é 7,2/1000 nascidos vivos, sendo bem
distante dos patamares de 3,2/1000 nascidos vivos do Japão e Suécia (IBGE, 2008).
Estudos de projeção populacional estimam que o Brasil poderá reduzir a mortalidade
infantil para 18,2/1000 nascidos vivos até 2015.
As diferenças regionais em relação à mortalidade infantil no Brasil
são marcantes. Segundo estatísticas da Rede Interagencial de Informações para a
Saúde (RIPSA,2008), a mortalidade infantil na Região Nordeste, calculada em 29,8
óbitos/1000 nascidos vivos em 2006, contrasta com os 15 óbitos/1000 nascidos
vivos na Região Sudeste e com os 13,3 óbitos/1000 nascidos vivos na Região Sul
no mesmo ano. Vale lembrar que a mortalidade infantil tem participação direta na
expectativa de vida, que, no Brasil, segundo dados da RIPSA de 2007, está
estimada em 72,48 anos de vida esperados, com variações regionais.
O componente neonatal atualmente representa mais de 60% da
mortalidade infantil no Brasil, sendo predominantes os óbitos neonatais precoces
(MS, 2006). No município do Rio de Janeiro, 48,4% dos óbitos infantis ocorrem nos
primeiros sete dias de vida (RIPSA,2006). Com relação à mortalidade infantil
proporcional segundo os principais grupos de causas, as afecções originadas no
período perinatal participaram, em 2004, com 57% dos óbitos em menores de um
ano no Brasil (30.900 óbitos) e 58,7% na Região Sudeste. As malformações
congênitas participaram com 14,9% e 18%, as doenças infecciosas com 7,0% e
5,1% e as doenças do aparelho respiratório com 6,2% e 6,1%, respectivamente nas
17 mesmas regiões. As causas mal definidas ainda apresentam participação
considerável, variando de 3,7% na Região Sudeste a 11,6% na Região Norte (MS,
2006).
No Rio de Janeiro, segundo estatísticas da Secretaria Municipal de
Saúde publicadas em 2006, a mortalidade infantil sofreu redução de 59,6% nos
últimos 26 anos, chegando a 15,1 óbitos/1000 nascidos vivos em 2004, estando bem
abaixo da taxa nacional de 22,6 óbitos/1000 nascidos vivos no mesmo ano.
Entretanto, em relação à distribuição espacial no município, os padrões foram
diferentes, com variações nas taxas conforme as Áreas Programáticas (AP).
Observou-se redução na taxa de mortalidade infantil nas Áreas Programáticas (AP)
1.0, 2.2, 3.1, 3.3, 4.0, e 5.1 e aumento nas AP 2.1, 3.2, 5.2 e 5.3 no ano de 2004.
Na AP 3.1, área onde está situada a Maternidade onde foram assistidos os recém-
nascidos do presente estudo, a redução se deu no componente neonatal, tanto
precoce quanto tardio, ficando a taxa de mortalidade infantil da referida AP em
14,5/1000 nascidos vivos (disponível em www.saude.rio.rj.gov.br, acesso em
06/09/2008)
O fato de a mortalidade infantil predominar, atualmente, na faixa
neonatal, faz com que a assistência perinatal se torne prioridade das políticas de
saúde (CARVALHO & GOMES, 2005).
1.2 Perfil dos nascidos vivos no Brasil
Desde os anos 60 a taxa de crescimento populacional no Brasil vem
declinando, paralelamente à queda da fecundidade e da mortalidade infantil (IBGE,
2008) e as estimativas são de que possa se tornar negativa a partir de 2039
(IBGE,2008).
Os dados epidemiológicos brasileiros sobre natalidade têm como
fonte o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), implantado em
1990 pelo Ministério da Saúde. Este tem como documento básico a declaração de
nascido vivo (DN), padronizada em todo o país. A emissão da DN tem como
embasamento legal o artigo 10, inciso IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente
que estabelece que todos os hospitais, públicos ou privados, são obrigados a
18 fornecer a declaração de nascimento onde constem, necessariamente, as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato. Estudos sobre
confiabilidade do Sistema têm mostrado boa qualidade da maioria das informações
(THEME FILHA et al, 2004, PAIVA, 2008). Avaliações sucessivas do ponto de vista
quantitativo têm mostrado que a cobertura do SINASC abrange mais de 90% do total
de nascimentos estimados para o país pelo IBGE, chegando a 100% em várias
unidades da federação (RIPSA, 2007). O número total de nascidos vivos captado
pelo SINASC em todo o país é de aproximadamente três milhões por ano. Em série
histórica é possível identificar discreta queda geral da natalidade a partir de 2000. Se
considerarmos a distribuição por regiões, existem diferenças, com declínio
acentuado nas Regiões Sudeste e Sul e discreto aumento na Região Norte,
possivelmente atribuível à melhoria nos registros (RIPSA, 2008).
Em relação à atenção pré-natal, verifica-se que o patamar de sete
consultas preconizado pelo Ministério da Saúde do Brasil é alcançado por pelo
menos 50% das gestantes em todo o país a partir de 2003 (MS, 2006). No Rio de
Janeiro, esse patamar alcançou 66,5% em 2008 (SMS,2009). O número de mães
que referem não ter feito nenhuma consulta de pré-natal é baixo (2,8% em 2004)
(MS, 2006). As estatísticas podem ser consideradas satisfatórias, embora não haja
avaliação da qualidade do atendimento. Um estudo em Pelotas, avaliando a
qualidade dos cuidados pré-natais, observou elevado percentual desses cuidados
mas com diferenças significativas na qualidade em relação aos serviços privados e
públicos e também em relação ao nível socioeconômico (VICTORA et al, 2010).
A proporção de partos hospitalares vem apresentando valores
maiores que 95%, com algumas diferenças regionais, com, no mínimo, 85% na
Região Norte. A freqüência de cesarianas vem aumentando gradativamente nos
últimos anos, com proporções mais elevadas nas Regiões Sudeste e Sul (RIPSA,
2007), chegando a 51% ao ano em 2006, com um incremento de 7,6% em dez anos
(ANS, 2008). Esse percentual supera a estatística americana de 2006 que foi de
31,1% (MARTIN et al, 2008). Paralelamente ao crescimento dos partos operatórios,
a proporção de partos prematuros também aumentou (ANS, 2008). Em relação à
cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio de Janeiro, segundo dados de
2008 da SMS, abrange 66,5% da assistência aos nascimentos.
19 O peso de nascimento vem sendo considerado como importante
fator de predição da sobrevivência. A OMS recomenda que a mensuração seja feita
na primeira hora de vida, que seja registrado com exatidão e que, ao agrupá-lo, as
classes devam manter intervalos de 500 gramas (OMS,1995). Baixo peso ao nascer
refere-se a nascidos vivos com peso abaixo de 2500 gramas. Muito baixo peso
refere-se a nascidos vivos com peso menor que 1500 gramas. Os com peso de
nascimento inferior a 1000g são chamados de extremo baixo peso. No Brasil, as
estatísticas de muito baixo peso estão em torno de 1,2%, com variações entre as
regiões, encontrando-se o maior percentual na Região Sudeste (1,4%) e o menor na
Região Norte (0,9%) (fonte:www.datasus.gov.br, acesso em 18/03/2010). Esse dado
deve ser analisado com cuidado porque pode haver distorções decorrentes de
subenumeração, principalmente de óbitos logo após o nascimento. No município do
Rio de Janeiro, em 2007, a estatística de muito baixo peso foi de 1,8%, o que
significa terem nascido em 2007 no Rio de Janeiro 1596 crianças com menos de
1500g .
Prematuridade é definida como o nascimento antes de 37 semanas
de gestação. A maioria dos autores se refere aos prematuros com menos de 32
semanas como muito prematuros e aos com menos de 28 semanas, como
prematuros extremos (CLOHERTY, 2005). Para o cálculo da idade gestacional
podem ser utilizados: a data da última menstruação (Regra de Naegele), a
estimativa pela ultrassonografia até a vigésima semana de gestação ou o método de
New Ballard. Este último deve idealmente ser aplicado com 12 horas de vida e com
cautela, pois torna-se impreciso em neonatos com menos de 28 semanas
(BALLARD ET AL,1991). No SINASC, não há indicação do método empregado para
o cálculo da idade gestacional).
Estatísticas provenientes do SINASC mostram que, em 2005, no
Brasil, 90,8% das gestações foram a termo, 1% pós-termo e 6,5% foram pré-termo
(MS,2006). No Rio de Janeiro, em 2008, o percentual de prematuridade foi de 9,3%
(SMS, 2009).
20 1.3 Nascimento prematuro e de muito baixo peso: mor talidade e morbidade
A prematuridade e o baixo peso de nascimento estão estreitamente
relacionados ao óbito infantil (CALLAGHAN et al, 2006; MATHEWS,2007). Fonseca &
Countinho (2004), em uma revisão de estudos brasileiros sobre mortalidade perinatal,
observaram resultados consistentes relativos à associação entre peso ao nascer e a
neomortalidade, a despeito da grande variação metodológica observada entre os
estudos avaliados.
Além da prematuridade, a restrição do crescimento intra-uterino
(CIUR), pode advir das condições no ambiente fetal (deficiência placentária por
exemplo) ou de problemas intrínsecos do feto, levando a riscos adicionais. O
diagnóstico de CIUR é feito quando o feto, cujo peso está abaixo do percentil 10
para a idade gestacional, demonstra sinais de comprometimento do ambiente intra-
uterino ou quando a gestação é complicada por fatores de risco maternos, como
hipertensão arterial. Exames de imagem seriados documentando crescimento
ausente ou lento são suficientes para diagnosticar CIUR, independente do percentil
do peso (CLOHERTY et al, 2004).
Com base nos padrões de crescimento (peso e idade gestacional)
os recém-nascidos podem ser classificados em: adequados para a idade gestacional
(AIG), grandes para a idade gestacional (GIG) ou pequenos para a idade gestacional
(PIG). O PIG pode ser proporcional (peso, estatura e perímetro cefálico todos abaixo
do percentil 10), indicando crescimento lento desde o primeiro trimestre ou
desproporcional (perímetro cefálico e estatura desproporcionalmente maiores que o
peso), indicando a influência de fatores atuantes no terceiro trimestre da gestação.
Esses recém-nascidos são mais sujeitos a complicações imediatas, incluindo
distúrbios metabólicos como hipoglicemia além de hemorragias (CLOHERTY et
al,2004).
O crescimento neonatal pode ser avaliado por curvas de
crescimento pré e pós-natais, que, em sua maioria, relacionam o peso e idade
cronológica em percentis. A primeira curva de crescimento intra-uterino baseada em
percentis foi publicada por Lubchenco e col. em 1963, em Denver. Incluiu crianças
de origem caucasiana ou hispânica, de baixo nível socioeconômico. Posteriormente,
Usher e McLean, em 1969, descreveram curvas com crianças brancas de vários
21 níveis socioeconômicos, de várias regiões dos Estados Unidos, encontrando
médias maiores que as de Lubchenco. Williams, por meio de estudo de coorte na
Califórnia de 1970 – 1976, com um grande número de registros, pôde construir
curvas de crescimento, possibilitando melhor avaliação da viabilidade fetal por peso
e idade gestacional, constatando a importância do retardo do crescimento
intrauterino em relação à mortalidade (WILLIAMS, 1982). Ramos, em 1983 em São
Paulo, Brasil, elaborou curvas com recém-nascidos admitidos no berçário anexo à
Maternidade da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, porém não
contempla os com menos de 31 semanas. Em 1996, Alexander e col, descreveram a
primeira curva que pode ser considerada como populacional, sendo atualmente a
mais utilizada nos Estados Unidos. Ideal seria que cada região tivesse sua curva
própria, o que infelizmente não é possível. Existem curvas diferentes para o
acompanhamento do crescimento pós-natal, já que, este difere do crescimento intra-
uterino. Em 1999, Ehrenkranz e col desenvolveram uma das mais abrangentes,
publicando um estudo multicêntrico da análise do crescimento de 1660 prematuros
de muito baixo peso.
A avaliação, classificação da maturidade e a abordagem clínica dos
recém-nascidos de muito baixo peso estão condicionadas a aspectos subjetivos.
Nas últimas décadas, a mudança na percepção do limite de viabilidade fez com que
prematuros de extremo baixo peso (menos de 1000 gramas), que anteriormente
eram considerados inviáveis e atestados como natimortos, atualmente sejam
reanimados e atestados como nascidos vivos, porém com poucas chances de
sobrevivência em longo prazo (CARVALHO & GOMES, 2005).
A determinação do prognóstico de sobrevida e do desenvolvimento
neurológico de prematuros nessa faixa limiar de viabilidade permanece como um
grande desafio. A decisão de iniciar os cuidados intensivos para prematuros de
extremo baixo peso é controversa. Segundo as diretrizes 2005 sobre ressuscitação
cardiopulmonar (RCP) da American Heart Association (AHA), esses cuidados devem
ser oferecidos de rotina a todos os prematuros com idade gestacional a partir de 25
semanas. Para aqueles com 22 a 24 semanas o médico deverá considerar a
vontade dos pais.
22 Os requisitos legais para o registro de óbitos fetais variam de
acordo com o país. Considerando não haver definição jurídica no Brasil quanto à
necessidade legal do registro das perdas fetais intermediárias (entre 500 e 1000g de
peso de nascimento) e precoces (abaixo de 500g), o Centro Brasileiro da OMS para
a Classificação de Doenças recomenda que todos os fetos pesando ao menos 500g
sejam registrados. Essa recomendação foi referendada pelo Município do Rio de
Janeiro (Recomendação nº 1, de 3 de maio de 2000), considerando a importância
epidemiológica de todas as perdas fetais para o planejamento das ações de
assistência perinatal.
No Brasil são observadas diferenças na ocorrência de nascimentos
de muito baixo peso entre as diversas regiões. Em 2007 nasceram 35.399 crianças
com muito baixo peso (1,2%), O percentual variou de 0,9 % na Região Norte a 1,4 %
na Região Sudeste (fonte:www.datasus.gov.br., acesso em 18/03/2010). O
percentual é maior nas regiões mais desenvolvidas e, dentro de cada região, nas
cidades com mais de 50.000 habitantes, o chamado paradoxo do baixo peso
(ANDRADE ET AL, 2005). Essas diferenças poderiam também ser explicadas, em
parte, pela variação na percepção do limite de viabilidade de recém-nascidos
prematuros extremos e condutas adotadas (CARVALHO & GOMES, 2005). Outro
fator possível seria o aumento da maternidade entre mulheres com mais de 35 anos
(FRANCA, 2008). O crescimento de gestações múltiplas decorrente das técnicas de
reprodução assistida pode também ter contribuído para o aumento da prematuridade
e por conseqüência, do muito baixo peso.
E interessante observar que o percentual de baixo peso no Brasil
(8,1% de crianças com peso de nascimento menor que 2500g em 2005) excede o
de prematuridade (6,6%), sugerindo que condições maternas adversas, como
desnutrição, tabagismo e doenças durante a gravidez podem estar contribuindo
para o crescimento intra-uterino retardado.
Dadas as grandes diferenças regionais no território nacional, a
avaliação do limite de viabilidade provavelmente é bastante variável no Brasil.
Poucos estudos avaliaram essa questão. Um estudo em Caxias do Sul, Rio Grande
do Sul, (RS, Brasil) entre 1998 e 2004, identificou pontos de corte de 600g para o
23 peso de nascimento e 26 semanas para a idade gestacional (ARAÚJO &
TANAKA, 2007).
Na década de 90, houve importantes mudanças na prática clínica de
cuidados neonatais, como o uso de surfactante pulmonar, de corticóide antenatal e
novas modalidades de suporte ventilatório, que foram associadas com a redução da
mortalidade de recém-nascidos de muito baixo peso (JEFFREY et al, 2002). Um
estudo com dados da Rede Vermont (Vermont Oxoford Network), que consiste em
um grupo de unidades de cuidados intensivos neonatais colaboradoras de 49
estados americanos e 22 países estrangeiros, avaliou a sobrevida de prematuros
menores de 1500 gramas de 362 unidades neonatais da rede de 1991 a 1999. Os
autores observaram que os maiores progressos em relação à redução da
mortalidade se deram na primeira metade da década (JEFFREY et al, 2002).
Fanaroff et al (2007), em um estudo multicêntrico americano,
compararam a sobrevida de prematuros de 501 a 1500 gramas em três períodos
distintos. Os autores observaram que, para os recém-nascidos de menor peso (501-
750g), a mortalidade sofreu pouca redução nos últimos anos, estando a sobrevida
estreitamente relacionada à idade gestacional e ao peso. Alexander (1996) chama
atenção para o fato de que o ganho de peso do feto de 15g/dia na faixa de idade
gestacional de 22 a 24 semanas pode aumentar as chances de sobrevida em torno
de 3% para cada dia a mais no útero.
Segundo estatísticas americanas, a mortalidade infantil nos Estados
Unidos aumentou de 6,8 para 7,0 óbitos por mil nascidos vivos de 2001 a 2002
(MACDORMAN et al, 2005). Foi o primeiro aumento em mais de quatro décadas.
Embora seja uma variação discreta, a mesma pode revelar uma tendência de
resistência à queda, possivelmente pelo aumento de nascimentos de prematuros
com menos de 750 gramas (FANAROFF et al, 2007). Segundo estatísticas de 2007
do National Center for Health Statistics (NCHS), 55% das mortes em menores de um
ano nos EUA ocorreram em crianças nascidas com menos de 32 semanas de
gestação, as quais representavam somente 2% de todos os nascimentos. As três
principais causas de óbito infantil foram as malformações congênitas, o baixo peso e
síndrome da morte súbita do lactente que, juntas, foram responsáveis por 45% de
todos os óbitos infantis (MATHEWS, 2007).
24 Outro estudo americano, avaliando a contribuição do nascimento
prematuro para a mortalidade infantil em 2002, detectou que dois terços das mortes
em menores de um ano ocorreram em crianças nascidas prematuras. Das 20
principais causas de óbito, que corresponderam a 80% do total, 34,3% poderiam ser
relacionados à prematuridade (CALLAGHAN et al, 2006).
Estudo desenvolvido na Inglaterra comparou a sobrevida de duas
populações de recém-nascidos com menos de 26 semanas de gestação em dois
períodos distintos: de 1994-1999 e 2000-2005 (FIELD et al, 2008). A proporção de
crianças que morreram na sala de parto pouco se alterou nos dois períodos. No
entanto, em relação às que foram admitidas na Unidade Neonatal, houve aumento
da sobrevida de 36% no primeiro período analisado, para 44% no segundo em
função da melhora da sobrevida na faixa de idade gestacional de 24-25 semanas.
Em relação aos recém-nascidos com menos de 24 semanas, não foi observada
melhora significativa na sobrevida até a alta hospitalar (18% em 2000-2005 versus
19% em 1994-1999), sendo que nenhum recém-nascido com 22 semanas
sobreviveu. Já no Japão, estudo comparativo entre duas coortes de recém-nascidos
de extremo baixo peso (<1000g, de 2000 e 2005), observou progresso na
mortalidade durante o período neonatal e de internação hospitalar de 17 e 21%,
respectivamente, para 13 e 17% entre os dois períodos (ITABASHI et al, 2009).
Estudo com duas coortes no sul do Brasil (Pelotas, 1982 e 1993)
possibilitou a avaliação das tendências da mortalidade infantil em relação às
mudanças dos fatores de risco na população, sendo observado aumento do
nascimento prematuro de 6,3 para 10,8% e de baixo peso (de 9,0 para 9,8%) no
período. Os autores sugerem que esses aumentos, embora pequenos, possam ter
contribuído dificultando a queda da mortalidade infantil, que poderia ter sido mais
expressiva no período (MENEZES et al, 2005). Goldani et al. (2004), estudando
duas coortes de nascimento distintas (1978/79 e 1994) de Ribeirão Preto (SP),
observaram que a mortalidade proporcional em um ano de recém-nascidos de baixo
peso e muito baixo peso aumentou de 39 para 58%. Os autores também consideram
que esse aumento possa ter contribuído para uma menor queda da mortalidade
infantil.
25 Um estudo brasileiro realizado em Campinas, São Paulo (SP,
Brasil), avaliando os nascimentos ocorridos nas maternidades do município entre
1975 e 1996, identificou grande redução do número de óbitos hospitalares na faixa
entre 1000 e 1500g. Entretanto, a mortalidade entre aqueles com menos de 1000g
permaneceu elevada (entre 78 e 100% mesmo nos anos 90). Vale lembrar que a
cidade de Campinas é considerada desenvolvida e com um dos maiores potenciais
de consumo (MARIOTONI & BARROS).
Embora os avanços na medicina neonatal tenham contribuído para o
aumento na sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso, existem limitações
fisiológicas difíceis de serem superadas. A mortalidade dos menores que 750
gramas continua bastante elevada na época atual. Estudo realizado em Londrina,
2002-2004, avaliando a mortalidade hospitalar, mostrou percentual de 32,5% de
óbito em recém-nascidos com menos de 1500g, sendo os percentuais de 87,5%
para os menores de 750g (CARVALHO et al, 2007)
A prematuridade está associada a aumento do risco relativo de
morte no primeiro ano de vida mesmo para a parcela de prematuros limítrofes
(nascidos com 32 a 36 semanas de gestação) (KREMER et al, 2000) e o peso de
nascimento aparece como um dos maiores fatores de predição da sobrevivência
neonatal e pós-neonatal (MACHADO & HILL, 2003).
No Brasil, em 2004, nasceram 340.121 recém-nascidos com peso
menor que 1500 gramas, o que representou 1,1% de todos os nascimentos. Nesse
mesmo ano, morreram 54.183 crianças menores de um ano e 29% destas tiveram
pesos de nascimento abaixo de 1500 gramas (15.713), sendo que, destes, 73%
(11.470) morreram antes de completar sete dias (ALMEIDA et al, 2008). Podemos
observar que, apesar de o percentual de nascimentos com muito baixo peso ser
pequeno, é significante em termos absolutos.
O quadro 1 apresenta resumidamente os resultados comparativos
de alguns estudos brasileiros e internacionais sobre mortalidade de recém-nascidos
de muito baixo peso.
Além de estar associado a elevados percentuais de mortalidade, o
nascimento prematuro e de muito baixo peso contribui com o desenvolvimento de
grande número de seqüelas. Um estudo de coorte desenvolvido na Inglaterra e
26 Irlanda com prematuros de 22 a 25 semanas (EPI Cure Study) encontrou, após
seis anos de seguimento, elevado percentual de seqüelas e baixas proporções de
sobrevida, variando esta última de 1 a 44% de acordo com a idade gestacional,
sendo a melhor proporção de sobrevida sem seqüelas de apenas 8% (MARLOW et
al,2005).
Outro estudo prospectivo americano com uma coorte de recém-
nascidos prematuros com 22 a 25 semanas assistidos em 19 unidades neonatais
(Neonatal Research Network) detectou que, após 18 a 22 meses, 49% morreram, e
73% ou morreram ou tiveram algum tipo de seqüela. Análises multivariadas
identificaram que o uso de corticóide antes do parto e maior peso de nascimento se
mostram relacionados a um melhor prognóstico de sobrevida (TYSON et al, 2008).
Fanaroff et al (2007), em seu estudo de coorte, verificaram que
morbidades como broncodisplasia pulmonar e enterocolite aumentaram de 19 para
22% na década de 90, provavelmente pelo aumento da sobrevida de recém-
nascidos menores de 1000 gramas. A sepse de início precoce ainda permanece
como um importante fator de risco para mortalidade, com uma letalidade de 37%. Já
o uso do corticóide antenatal aumentou de 20% para 79% e pode, em parte,
explicar a redução da mortalidade (FANAROFF, 2007, KLEINE, 2007).
O estudo longitudinal de Londrina (Paraná, Brasil) citado
anteriormente, que incluiu 360 recém-nascidos com peso entre 500 e 1500g de
2002-2004, avaliando a mortalidade hospitalar, evidenciou que, entre os fatores mais
associados ao óbito, o não uso do corticóide antes do parto teve posição de
destaque (CARVALHO et al,2007).
Embora tenha havido grandes avanços na medicina neonatal, a
mudança no limite de viabilidade trouxe novos problemas, como a abordagem do
prematuro de extremo baixo peso. Se, por um lado, o uso de corticóide antes do
parto e o surfactante pulmonar reduziram o risco de óbito e de hemorragia
periventricular, de outro, aumentaram a sequela pulmonar (COOKE et al , 2006).
Um estudo australiano comparando a incidência de broncodisplasia pulmonar ao
longo da década de 90 observou aumento de 40 para 60% em crianças de 25 a 27
semanas de gestação (KLEINE, 2007). Osborn et al (2007) realizaram revisão
sistemática da literatura sobre estratégias de terapia para prematuros extremos no
27 sentido de reduzir mortalidade e complicações, como, por exemplo, o uso precoce
de expansores plasmáticos e aminas simpaticomiméticas para o tratamento da
hipotensão nas primeiras horas de vida, não tendo encontrado evidências suficientes
para a indicação do uso rotineiro dessas estratégias. A grande complexidade do
tratamento dessa nova população de pacientes requer o estudo de todos os fatores
associados ao nascimento prematuro e de muito baixo peso, suas causas e
conseqüências, para que sejam identificadas novas práticas obstétricas e neonatais
que concorram para a melhora da sobrevida sem seqüelas.
1.4 Baixo peso ao nascer e posição Socioeconômica
A associação entre baixa posição socioeconômica com baixo peso
ao nascer e mortalidade infantil é descrita na literatura internacional (BARNABÉ et
al, 2004; SPENCER, 2004, LOPEZ & CHOONARA, 2009). Na revisão de estudos
brasileiros realizada por Fonseca & Coutinho (2004), também foi observado que a
baixa renda e baixa escolaridade se mostraram consistentemente associadas à
maior mortalidade fetal e neonatal, embora nem sempre os resultados tenham sido
significativos. Já Silveira et al (2010), em estudo realizado na coorte de 2004 de
Pelotas, observaram que a cor negra, a baixa educação e a baixa renda estavam
significativamente associados à prematuridade em análise multivariada que
considerou simultaneamente esses e outros fatores de risco potenciais. Gortmaker &
Wise ressaltam um estudo de Wise (1988) nos EUA, em que foram observadas
substanciais diferenças socioeconômicas nas taxas de mortalidade infantil com o
mesmo nível de assistência, indicando que, quando a tecnologia médica está
disponível igualmente a todos de uma determinada área geográfica, as forças
sociais e econômicas emergem como fatores bem mais visíveis (GORTMAKER &
WISE, 1997).
O baixo peso pode ser decorrente da prematuridade, do retardo do
crescimento intrauterino ou de ambos. As condições socioeconômicas desfavoráveis
levam a uma série de fatores intermediários que concorrem para o nascimento
28 prematuro e de baixo peso e maior mortalidade. Gestação em idade precoce,
consumo de álcool e drogas, tabagismo, estresse, multiparidade, intervalo interpartal
curto, deficiência nutricional, ganho de peso inadequado na gestação e cuidado pré-
natal inadequado são alguns exemplos de fatores que agem como mediadores na
via causal que relaciona a baixa posição socioeconômica com a prematuridade, o
baixo peso ao nascer e a mortalidade perinatal e infantil (LOPEZ & CHOONARA,
2010). No estudo de Londrina, sobre mortalidade hospitalar de recém-nascidos de
muito baixo peso, na análise por regressão logística com modelo hierarquizado, a
baixa renda mostrou associação significativa com a mortalidade hospitalar, mesmo
após o ajuste do modelo para outras covariáveis (CARVALHO et al, 2007).
29 Quadro 1 Comparação dos percentuais de mortalidade de recém-nascidos de muito baixo peso entre estudos brasileiros e int ernacionais Autor/Ano
Desenho do estudo
Resultado
SMS, 2004 Rio de Janeiro (RJ)
Mortalidade de RNMBP no Rio de Janeiro em 2002
Mortalidade infantil = 37,6%
ALMEIDA et al, 2008 (Rj, RS, SP)
Coorte multicêntrico. Peso 400-1500g, 2004-2005 N = 579
Mortalidade neonatal precoce = de 5 a 31%
DUARTE et al, 2005 Rio de Janeiro (RJ)
Estudo coorte prospectivo RNMBP de 500 a 1499g até 27 dias em 4 maternidades do Rio de Janeiro, 2001-2002. Excluídos: <22 sem e malformações graves N =487
Mortalidade neonatal = 26% (de 10 a 37%) de 500-749g = 77,6%;
GOMES et al, 2005 Rio de Janeiro (RJ)
Análise de intervenção 1994-2000
Mortalidade neonatal = 32%
ARAÚJO et al, 2007 Pelotas (RS)
Caso-controle RN 500-1499g N =200
Mortalidade hospitalar = 32,5%
CASTRO et al, 2007 Fortaleza (CE)
Coorte prospectivo RNMBP, N = 774 casos
Mortalidade neonatal = 47% Mortalidade hospitalar = 51%
PEREIRA et al, 2006 Pernambuco (PE)
Estudo de coorte 2001 -2003 N = 971
Mortalidade Neonatal hospitalar = 45,5%
MALVIEIRA et al, 2006 Pará (PA)
Analisou frequência de RMBP, mortalidade e complicações N= 200 casos
Mortalidade hospitalar = 60,5%
CARVALHO et al, 2007 Londrina (PR)
Estudo longitudinal, 360 RNS 500 a 1500g, 2002-2004
Mortalidade hospitalar = 32,5%
LIMA et al, 2006 São Paulo (SP) Rede Privada
Coorte prospectivo, 146 RNMBP, sem anomalias congênitas, 2000-2004, > 22 semanas
Mortalidade hospitalar = 18% 500-749g = 61%
Grupo Colaborativo Neocosur Países Sulamericanos
RNMBP, 1994-2000
Mortalidade hospitalar = 27% (de 11a 51%)
FANAROFF et al, 2007
Coorte,2002 NICHS
Mortalidade hospitalar =15%
HORBAR et al,2002
Coorte, 1991-1999 REDE VERMONT
Mortalidade hospitalar =15%
ITABASHI et al, 2009 JAPÃO
Coorte, Prematuros 22 a 32, 2005 Prematuro extremo baixo peso (<1000g)
Mortalidade neonatal = 13% Mortalidade hospitalar = 17,7%
30 2 Justificativa
Diferente da mortalidade pós-neonatal, muito sensível às estratégias
das ações básicas de saúde, a mortalidade neonatal, em especial a do prematuro e
muito baixo peso é um problema que exige uma abordagem ampla e demanda
estratégias mais complexas. As medidas de prevenção ao óbito dos recém-nascidos
de muito baixo peso podem ser antenatais, intraparto e neonatais (CARVALHO et al,
2007). Faz-se necessário o incremento de estudos sobre a mortalidade dessa
população de recém-nascidos, tanto no período neonatal como no pós-neonatal,
objetivando identificar causas tardias de óbitos relacionadas a problemas
apresentados no período neonatal. A avaliação cuidadosa do comportamento das
taxas de mortalidade dos recém-nascidos de muito baixo peso pode contribuir com
dados relevantes para o desenvolvimento de novas ações de saúde, objetivando
não só o aumento da sobrevida no período neonatal como a redução das seqüelas,
evitando-se re-internações e óbitos tardios.
Somente no município do Rio de Janeiro, em 2007, nasceram 1596
neonatos com menos de 1500g (SINASC; www.datasus.gov.br). Destes, 465
morreram (290/1000) e corresponderam a 43% dos óbitos em menores de um ano.
Se considerarmos que a maioria dessas crianças necessita de cuidados em
unidades de terapia intensiva podemos imaginar o impacto e o custo do nascimento
do muito baixo peso para o Sistema de Saúde.
Poucos estudos nacionais avaliaram a mortalidade em coortes de
nascidos vivos com muito baixo peso com o seguimento da coorte ao longo do
primeiro ano de vida. O método do linkage probabilístico de registros possibilita que
a mortalidade seja avaliada durante o primeiro ano de vida, não só durante o
período da internação mas também após a alta hospitalar, mesmo em locais, como
o Brasil, em que um identificador unívoco inexiste para cada indivíduo. O presente
estudo emprega a técnica de linkage probabilístico de bases de dados com o
objetivo de avaliar a mortalidade de recém-nascidos de muito baixo peso que foram
assistidos por uma Unidade Neonatal da Rede Pública do Rio de Janeiro que presta
assistência a uma população de baixa renda.
Por fim, embora já tenha sido demonstrado o efeito da baixa posição
socioeconômica sobre a mortalidade infantil, até onde possamos saber, nenhum
31 estudo avaliou em nosso meio a associação entre a baixa escolaridade materna
com o risco aumentado de mortalidade no primeiro de ano de vida em uma coorte
de recém-nascidos com muito baixo peso ao nascer filhos de mães com baixa renda.
32 3. Objetivos
3.1 Objetivo Geral
Avaliar os óbitos até um ano após o nascimento ocorridos em uma
coorte de recém-nascidos de muito baixo peso procedentes de uma Unidade
Neonatal da Rede Pública do Rio de Janeiro que presta cuidado a uma população de
baixa renda em um período de cinco anos.
3.2 Objetivos Específicos
(1) Descrever o perfil da coorte segundo variáveis maternas e do recém-nascido.
(2) Estimar o risco de mortalidade infantil e seus componentes, quais sejam:
neonatal precoce, neonatal tardio e pós-neonatal, segundo faixas de peso de
nascimento (de 500 a 749g, de 750 a 999g, de 1000 a 1249g e de 1250 a 1500g).
(3) Descrever as causas básicas de óbitos ocorridos nessa mesma população,
segundo período do óbito.
(5) Avaliar a sobrevida da coorte segundo variáveis maternas e do recém-nascido.
(6) Avaliar associação entre escolaridade materna e a sobrevida dos recém-
nascidos, tanto bruta, quanto após o ajuste pelo cuidado pré-natal, sexo, peso ao
nascer e idade gestacional.
33 4 Métodos
4.1 Desenho do estudo
Estudo de coorte não concorrente, empregando o método de linkage
probabilístico de registros para a identificação dos óbitos ocorridos até um ano do
nascimento em uma coorte de recém-nascidos com peso de nascimento menor ou
igual a 1500 gramas.
4.2 População Fonte
Crianças nascidas no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). O
HFB possui uma maternidade capacitada para atender alto risco materno e fetal,
sendo centro de referência na Área Programática 3.1 da cidade do Rio de Janeiro,
composta pelos bairros Bancários, Bonsucesso, Braz de Pina, Cacuia, Cidade
Universitária, Cocotá, Complexo do Alemão, Cordovil, Galeão, Jardim América,
Jardim Carioca, Jardim Guanabara, Manguinhos, Maré, Moneró, Olaria, Parada de
Lucas, Penha, Penha Circular, Pitangueiras, Portuguesa, Praia da Bandeira, Ramos,
Ribeira, Tauá, Vigário Geral, Zumbi, Freguesia - Ilha, Cidade Alta e Nova Holanda.
Realiza cerca de 3000 partos por ano. A maioria das gestantes é oriunda da AP 3.1.
No entanto, um percentual relativamente significativo é procedente da baixada
fluminense (cerca de 21%). A assistência neonatal abrange 12 leitos de terapia
intensiva neonatal, 30 leitos para recém-nascidos de médio risco e 30 leitos de
alojamento conjunto. Segundo dados oficiais, é a terceira maternidade que mais
assiste recém-nascidos de muito baixo peso no Rio de Janeiro (SINASC, 2003).
No período de 2002 a 2006 11442 crianças nasceram no HGB. A
UTI do HGB admitiu 1160 recém-nascidos (média de 232 pacientes por ano), sendo
destes, cerca de 60% com menos de 1500g.
De acordo com a rotina do serviço, são admitidos na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal todos os neonatos que tiverem peso de nascimento igual
ou inferior a 1100 gramas, independentemente da condição clínica. Os recém-
nascidos com peso entre 1100 a 1500 gramas são internados na UTI somente se
34 apresentarem alguma condição que implique instabilidade respiratória ou
circulatória, ou risco iminente de alguma dessas condições. Isso significa dizer que
alguns neonatos com menos de 1500 gramas, por se apresentarem estáveis apesar
do peso, são assistidos na Unidade Intermediária. As Declarações de Nascidos
Vivos (DN) são preenchidas pelos médicos pediatras que assistem os recém-
nascidos na sala de parto.
4.3 Fontes de dados e população de estudo
Os dados utilizados no estudo foram extraídos da base de dados do
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Estado do Rio de
Janeiro no período de 2002 - 2006 (N =1.137.831 registros) e da base de dados do
Hospital Federal de Bonsucesso, composta pelos registros do banco de dados da
UTI Neonatal (N=645) complementada com os registros dos livros da Unidade
Intermediária Neonatal e Sala de Parto (N=178) para os recém-nascidos que não
foram internados na UTI Neonatal.
Para a avaliação dos óbitos foram consultadas as bases de dados
do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) relativas aos nascimentos
ocorridos no Estado do Rio de Janeiro entre janeiro de 2002 e dezembro de 2007
(até um ano após o nascimento do último paciente de 2006) (N = 721.361), sendo
utilizado o método de linkage probabilístico de registros para a identificação dos
óbitos.
A figura 1 mostra, resumidamente, uma representação esquemática
do processo de Linkage entre as bases de dados do HFB, a base SINASC e a base
SIM.
A base inicial do HFB de janeiro de 2002 a dezembro de 2006
contava com 823 registros. Foram excluídos inicialmente 13 recém-nascidos com
peso menor que 500g e 72 recém-nascidos gemelares, tendo restado 738 registros.
Com o linkage com o SINASC, foram encontrados 711 pares de registros
considerados verdadeiros e 27 registros presentes na base de dados do HFB não
foram encontrados no SINASC. Foram identificados mais 95 novos registros de não-
gemelares identificados como do HFB que não constavam da base inicial do HFB
35 (identificados por meio do linkage, usando os códigos de estabelecimento do
HFB), totalizando 833 registros. Essa base completa, com 833 registros de
nascimento foi usada para o relacionamento com a base SIM.
Os recém-nascidos gemelares foram excluídos em função de os
mesmos compartilharem as mesmas informações maternas e, se fossem do mesmo
sexo, teriam como únicas variáveis discriminatórias o peso de nascimento e o escore
Apgar. Assim, na situação de ocorrência de óbito em apenas um dos gemelares, a
atribuição do óbito ao gemelar correto ficaria prejudicada (MÉRAY et al, 2007). Já a
exclusão dos recém-nascidos com peso inferior a 500g foi feita considerando-se as
recomendações do Centro Brasileiro da OMS para Classificação de Doenças quanto
à necessidade de registro de fetos com pesos de nascimento de 500g ou mais,
referendada pelo Município do Rio de Janeiro (Recomendação SMS nº1, de 3 de
maio de 2000) (www.saude.rio.rj.gov.br, acesso em 06/9/2008).
Por fim foram excluídos os 27 registros do HGB cujos números de
DN não foram encontrados, sendo muito provável que os mesmos fossem
natimortos. Foram excluídos também 10 registros com pesos de nascimento
discordantes entre as duas bases de dados, levando-se em consideração o peso de
nascimento que constava na base SINASC. Estes casos constavam com pesos
acima de 1500g no SINASC, ficando fora da faixa de peso de interesse, embora
constassem pesos abaixo de 1500g na base do HFB. A base de dados resultante
final para as análises contabilizou 796 registros, tendo entre estes, 228 óbitos. Os
796 recém-nascidos de muito baixo peso corresponderam a 7% de todos os
nascimentos no HGB no período.
Apesar de a base do HFB apresentar um número bem maior de
variáveis, neste estudo optamos por empregar as variáveis e valores presentes no
SINASC. Essa decisão foi tomada em função de ser o único conjunto de variáveis
disponíveis para todos os recém-nascidos estudados. Entretanto, nas situações em
que foram observados valores missing no SINASC, as informações foram
complementadas com os dados presentes na base HFB (peso de nascimento N=5)
e idade gestacional N=44)
36 As bases do SINASC e SIM com informações de indentificação
foram obtidas junto à Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de
Janeiro (SESDEC).
4.4 Linkage Probabilístico
Para a integração das bases de dados empregou-se a técnica de
linkage probabilístico de registros (CAMARGO & COELI, 2000) (CAMARGO & COELI,
2005), sendo utilizado o programa RecLink III (CAMARGO & COELI, 2005).
Inicialmente, foi realizada a integração da base do HFB com a do
SINASC, o que resultou na base de recém-nascidos de muito baixo peso do estudo.
Essa última foi, então, integrada com a base do SIM para a identificação de
ocorrência de óbitos. Em ambos os casos, inicialmente foi feita a padronização das
bases, visando a homogeneização de formatos e conteúdos dos campos (por
exemplo, quebra do campo nome em seus componentes e a transformação de
caracteres para caixa alta). Também em ambos os casos foram empregadas
estratégias de blocagem em múltiplos passos, tendo o número de passos variado
nos dois processos de integração (COELI & CAMARGO, 2002). No quadro 2 são
apresentados os passos e os campos usados para comparação no processo de
linkage da base do HFB com a base do SINASC. No quadro 3 são apresentadas as
informações relativas ao linkage entre a base resultante (linkage entre base do HFB
e SINASC) e a base SIM. O campo “nome da mãe” foi comparado utilizando-se
algoritmos baseados na distância de Levenshtein (LEVENSHTEIN, 1996), enquanto
os campos data foram comparados empregando-se o algoritmo para a diferença de
caracteres.
Em ambos os processos de linkage, foram estimados os parâmetros
de relacionamento no primeiro passo de blocagem, sendo as estimativas de
parâmetros calculadas empregando-se as rotinas baseadas em algoritmos EM
(Expectation Maximization) (JUNGER, 2006). Os escores dos links formados
variaram de 10,74 a - 7,73, na integração da base do HFB com a do SINASC e
de 28,27 a –11,27 na integração da base do estudo com o SIM, escores esses
considerados adequados para o processo. Em cada passo foi feita a revisão manual
37 de todos os links formados, empregando-se regras definidas a priori para a
atribuição do status do par (verdadeiro ou falso). Além dos campos empregados no
processo automático, foram utilizados os seguintes campos adicionais na revisão
manual: Para o linkage com o SINASC: nome completo da mãe, a data de
nascimento do filho, peso de nascimento e sexo, endereço e complemento, código
do bairro de residência, código do estabelecimento. Para o linkage com o SIM: nome
completo da mãe, data de nascimento do filho, peso de nascimento e sexo, bairro de
residência e data do óbito do filho.
Conforme descrito na seção anterior, após a exclusão de registros
de gemelares e com peso ao nascer inferior a 500 gramas a base do estudo
conteve 796 registros, sendo identificados 228 óbitos.
38 Figura 1 Representação esquemática do relacioname nto entre as bases de dados do HGB, SINASC e SIM, período de 2002 a 2006
UTI = 645 registros
Sala de parto e UI = 178 registros
Banco de dados do HFB = 823 registros
Banco de dados do SINASC = 1.137.831 registros
Linkage
27 registros presentes somente na base HFB
711 pares comuns às duas bases
95 registros presentes somente na base SINASC
833 registros
- 10 - 27
= 796 registros
Bases de dados do SIM = 721.361
Linkage
Base resultante HFB/SINASC para o estudo = 796 registros
228 óbitos encontrados
Exclusão de: 10 registros com pesos discordantes (<1500g no HFB e > 1500g no SINASC) 27 registrros do HGB sem DN
Banco de dados do HFB = 738 registros
Exclusão de: 72 gemelares 13 RNs <500g
39 Quadro 2 Passos e campos usados no linkage da base do HFB com a base SINASC Passos Campos de blocagem Campos de relacionamento
Passo 1 Passo2 Passo 3 Passo 4 Passo 5 Passo6 Passo7 Passo 8 Passo 9 Passo 10 Passo 11 Passo 12 Passo 13
Soundex do primeiro nome da mãe + soundex do último nome da mãe + ano de nascimento do filho Código do estabelecimento + ano de nascimento do filho Soundex do primeiro nome da mãe + ano de nascimento do filho Soundex do último nome da mãe + ano de nascimento do filho Primeiro nome da mãe + último nome da mãe Primeiro nome da mãe + ano de nascimento do filho Soundex do primeiro nome da mãe Data de nascimento do filho Soundex do último nome da mãe Código do estabelecimento + código do estabelecimento 1 Código de estabelecimento + + código do estabelecimento 2 Código do estabelecimento + + ano de nascimento do filho Soundex do primeiro nome da mãe + ano de nascimento do filho
Nome completo da mãe, data de nascimento do filho, peso e sexo Nome completo da mãe, data de nascimento do filho,peso, código do município de residência e sexo Nome completo da mãe, data do nascimento do filho Nome completo da mãe, data de nascimento do filho Nome completo da mãe, data de nascimento do filho Nome completo da mãe, data de nascimento do filho Nome completo da mãe, data de nascimento do filho Nome completo da mãe Nome completo da mãe, data de nascimento do filho Nome completo da mãe + data de nascimento do filho Nome completo da mãe + data de nascimento do filho Nome da mãe, data de nascimento do filho, código do município de residência e sexo Nome completo da mãe
40 Quadro 3 Passos e campos usados no linkage da base de estudo com a base do SIM. Passos
Campos de blocagem
Campos de relacionamento
Passo 1
Primeiro nome da mãe + último nome da mãe + + ano de nascimento do filho + + código do município de residência
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 2 Primeiro nome da mãe + ano de nascimento do filho + código do município de residência
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 3 Último nome da mãe + ano de nascimento do filho + código do município de residência
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 4 Soundex do primeiro nome da mãe + + Soundex do último nome da mãe + código do Município de residência
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 5 Soundex do primeiro nome da mãe + ano de nascimento do filho
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 6 Soundex do último nome da mãe + ano de nascimento do filho
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 7 Soundex do primeiro nome da mãe
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 8 Soundex do último nome da mãe
Nome completo da mãe, data do nascimento do filho
Passo 9 Ano de nascimento do filho + data do óbito do filho
Nome completo da mãe, data do Nascimento do filho
41 4.5 Variáveis
4.5.1 Características maternas
Idade: registrada no SINASC como variável contínua (anos de vida), foi classificada
em três categorias: “10 a 19 anos”, “de 20 a 29 anos” e “mais de 30 anos”.
Escolaridade: no SINASC essa variável é categorizada em cinco faixas segundo o
número de anos de estudo: “nenhum”, “de 1 a 3”, “de 4 a 7”, “de 8 a 11” e “12 e
mais”. No presente estudo optamos por definir três categorias: “3 anos ou menos de
estudo”, “4 a 7 anos de estudo” e “8 ou mais anos de estudo”.
Situação conjugal: as categorias do SINASC (solteira, casada, viúva ou separada
judicialmente) foram agrupadas em: “unidas” ou “não unidas”.
4.5.2 Características do cuidado
Pré-natal: número de consultas : na base do SINASC constavam quatro categorias:
“nenhuma consulta”, “1 a 3 consultas”, “4 a 6 consultas” e “7 ou mais consultas”.
Como muitos dos recém-nascidos de baixo peso são também prematuros, optamos
por empregar as seguintes faixas: “ menos de 3 consultas” ou “3 ou mais consultas”
Tipo de parto: duas categorias: “vaginal” ou “cesáreo”, conforme a classificação
original do SINASC.
4.5.3 Características dos recém-nascidos
Peso de nascimento: no SINASC a variável é registrada como contínua. Para as
análises descritivas e cálculo de proporções de mortalidade, empregamos as
seguintes categorias de peso: “de 500 a 749 gramas”; “de 750 a 999 gramas”, “de
1000 a 1249 gramas” e “de 1250 a 15000 gramas”. Já para a análise de sobrevida
optamos por agrupar as duas últimas categorias.
42 Índice de Apgar no 5º minuto de vida: essa variável é registrada no SINASC
com valores inteiros de 0 a 10. Para esse estudo foi categorizada em dois níveis:
“menor que 7” ou “maior ou igual a 7”.
Sexo: “masculino” e “feminino”.
Idade gestacional: Os escores de idade gestacional foram coletados das
declarações de nascidos vivos em consulta à base SINASC e complementados, nos
casos de registros sem essa informação, com os valores presentes no banco do
HGB. Para a estimativa da idade gestacional dos pacientes do banco do HGB foram
utilizados a data da última menstruação (DUM), a ultrassonografia do primeiro
trimestre, o escore Ballard modificado (BALLARD et al, 1991) ou o Capurro,
preferencialmente nesta ordem. Na base SINASC são registradas as seguintes
categorias: menores de 22 semanas, de 22 a 27 semanas, de 28 a 31 semanas, de
32 a 36 semanas e maiores de 36 semanas. Optamos por reagrupar em: “27
semanas ou menos”, “de 28 a 31 semanas” e “32 u mais semanas”.
4.5.4 Variável de Desfecho
Óbito no período de até um ano após o nascimento.
Causas de óbito
Para a descrição das principais causas de óbito foi consultada a
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde décima revisão, 2008, Volume I (CID10), do Centro Colaborador da OMS
para Classificação de Doenças em Português (CBCD). Algumas subcategorias
dentro do capítulo XVI “Algumas Afecções originadas no período perinatal” foram
reagrupadas, destacando-se os problemas respiratórios do recém-nascido como
grupo específico de causas (códigos: P220, P240, P251, P285), a asfixia ao nascer
e os fatores da gestação e parto (P000 a P219), a sepse bacteriana ou fúngica,
43 juntamente com as enterocolites (P361, P369, P378, P390, P399, A419, B49,
P77) e as malformações congênitas sem especificação de gravidade (Q000 a Q913).
4.6 Análise de Dados
As análises foram realizadas empregando-se o programa Stata 9.0
(STATA CORPORATION, 2003). Os resultados foram apresentados por meio dos
valores de mediana e demais quartis das distribuições das variáveis contínuas,
enquanto que as variáveis categóricas foram apresentadas como proporções. Foi
empregado o teste do qui-quadrado para avaliar as diferenças no perfil dos recém-
nascidos segundo categorias de peso. Foram calculadas as proporções de óbito e
seus respectivos intervalos de confiança segundo estratos de peso de nascimento e
período do óbito. Para a estimativa da sobrevida, considerou-se o tempo desde o
nascimento até a ocorrência do óbito. Foram considerados como casos censurados
os recém-nascidos que permaneceram vivos ao final do período de observação (um
ano). Empregou-se o método de Kaplan-Meier para a estimativa da probabilidade
cumulativa de sobrevida no tempo segundo os estratos de cada variável de
interesse. Para as comparações entre as diversas curvas foi utilizado o teste Log-
rank.
A associação entre a escolaridade materna e a sobrevida dos recém-
nascidos foi avaliada por meio de modelos de riscos proporcionais de Cox, ajustando
para: cuidado pré-natal, peso ao nascer, semanas de gestação e sexo do recém-
nascido. O sexo do recém-nascido foi incluído no modelo final por ser considerado
fator de risco para mortalidade infantil em vários estudos e ter apresentado
significância estatística ao nível de alfa = 0,10 em nossa população de estudo. A
idade materna, embora represente reconhecido fator de risco para a mortalidade
infantil, não foi incluída em nosso modelo final por apresentar comportamento não
esperado na análise bivariada, i.e., com menor risco sendo observado para as faixas
extremas de idade. Esse padrão sugere fortemente a ocorrência de um viés de
sobrevivência seletiva, por talvez as mães mais jovens terem mais perdas fetais
precoces. Julgamos que a inclusão da idade materna no modelo poderia prejudicar a
44 interpretação dos resultados. O pressuposto de proporcionalidade dos riscos foi
avaliado por meio de teste estatístico baseado na distribuição dos resíduos de
Schoenfeld e métodos gráficos (gráficos log-log e comparações entre estimativas
obtidas pelo método de Kaplan-Meier e valores preditos pelo modelo proporcional de
Cox).
4.7 Aspectos Éticos
A pesquisa proposta foi desenvolvida de acordo com os princípios
éticos de respeito pela pessoa, beneficência e justiça, seguindo as diretrizes e
normas regulamentadoras da Resolução Nº 196/96 do Ministério da Saúde. Foi
garantido o anonimato e o sigilo dos dados coletados. Para o linkage de dados,
tomou-se como referência os mesmos princípios adotados pelo Statistics Canada
(CONSOLIDATED STATUTES OF CANADA, PRIVACY ACT, 1980) e pelo Council
for International Organizations of Medical Sciences (CIOMS) (2008). São previstas
normas restritas visando garantir a segurança dos dados e o sigilo das informações.
As bases utilizadas durante o processo de linkage probabilístico somente incluíram
os campos de identificação necessários para o processo de linkage, i.e., nenhum
campo adicional que possa armazenar informações potencialmente sensíveis (ex.
causas de óbitos) esteve disponível conjuntamente com as informações de
identificação do participante durante a execução dos procedimentos de linkage
probabilístico. Ao final do processo de linkage, foram apagadas todas as
informações de identificação na base resultante, sendo mantidos apenas o campo
com a informação do identificador unívoco (ex: número da DO). Esses últimos foram,
então, empregados para a recuperação, de forma determinística, das informações
de interesse nas demais bases (ex. causa do óbito).
O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Métodos Estatísticos e
Computacionais de Saúde (LABMECS) do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
(IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde são desenvolvidas
atividades de linkage de bases de dados, sendo adotadas normas rígidas para a
segurança de dados. Todos os pesquisadores que atuam nesse laboratório assinam
termo de compromisso para uso de bases de dados confidenciais (apresentado em
45 anexo).
O projeto avaliado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital
Geral de Bonsucesso (nº CEPHGB39/09), tendo sido aprovado em 14/09/2009.
46 5 Referências Bibliográficas da primeira parte AHMAD, O. B., LOPEZ, A. D.; INOUE, M. The decline in child mortality: a reappraisal. Bulletin of the World Health Organization. v. 78, n. 10, p. 1175-1191. 2000. ALEXANDER, G. R. et al. A United States National Reference for Fetal Growth. Obstetrics & Gynecology. v. 87, n. 2, p. 163-168. 1996 ALMEIDA, M. F. B. et al. Perinatal factors associated with early deaths of preterm infants born in Brazilian Network on Neonatal Research Centers. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v. 84, n. 4, p. 300-307. 2008. ANDRADE, C. L. T. et al. Desigualdades sócio-econômicas de baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no Município do Rio de janeiro, 2001. Cadernos de Saúde Pública , v. 20, n. 1, p. S44-S51. 2004. ANDRADE, C. L. T.; SZWARCWALD, C. L.; CASTILHO, E. A. Baixo peso ao nascer no Brasil de acordo com as informações sobre nascidos vivos do Ministério da saúde, 2005. Cadernos de Saúde Pública , v. 24, n. 11, p. 2564 –2572. 2008. AQUINO, T. A. et al. Fatores de risco para a mortalidade perinatal em Recife, Pernambuco, Brasil, 2003. Epidemiologia em Serviços de Saúde , v. 16, n. 2, p. 132-135. 2007. ARIAS, E. et al. Annual summary of vital statistics – 2002. Pediatrics , v. 112, n. 6, p. 1215-1230. 2003. BALLARD, J. L. et al. New ballard score, expanded to include extremely premature infants. Journal of Pediatrics , v. 119, n. 3, p. 417-423. 1991. BARBOSA, A. D. M., Medicina neonatal . Rio de Janeiro: Revinter, 2006. p. 110-119. BARNABÉ, J. V. et al. Risks factors for low birth weight: a review. European Journal of Obstetrics & Ginecology and Reprodutive Biology , v. 116, n. 1, p. 3-15. 2004. BARROS, F. C. et al. Preterm births, low birth weight and intrauterine growth restriction in three birth cohorts in Southern Brazil: 1982,1993, 2004. Cadernos de Saúde Pública , v. 24, n. 3, p. 390-398. 2008. BLACK, R. E.; MORRIS, S. S.; BRYCE, J. Where and why are 10 million children dying every year? The Lancet , v. 361, n. 9376, p. 2226-2234. 2003. BLAKELY, T.; SALMOND, C. Probabilistic record linkage and a method to calculate the positive predictive value. International Journal of Epidemiology, n. 31, p. 1246-1252. 2002.
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57 Artigo: MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO B AIXO
PESO ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE NONATAL NO RIO DE J ANEIRO
58 MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO
ASSISTIDOS POR UMA UNIDADE NEONATAL NO RIO DE JANE IRO
One-year mortality of very low birth weight infants assisted by a Neonatal Unit in Rio de Janeiro.
59 CARDOSO, Regina Coeli Azeredo. MORTALIDADE EM UM ANO DE RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO ASSISTIDOS POR UMA UNI DADE NEONATAL NO RIO DE JANEIRO, Instituto de Estudos de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
Introdução: A associação entre baixo peso de nascimento e
mortalidade infantil é consistentemente apontada na literatura, mas poucos estudos
brasileiros avaliaram a mortalidade dentro do primeiro ano de vida entre recém-natos
de muito baixo peso. Objetivos: a avaliar a mortalidade em um ano após o
nascimento de recém-nascidos de muito baixo peso procedentes de uma Unidade
da Rede Pública do Rio de Janeiro, Brasil, em um período de cinco anos (de 2002 a
2006) (N=796). Métodos: estudo de coorte não concorrente empregando o método
linkage probabilístico de registros para identificação da mortalidade no período de
um ano. Foram calculadas as proporções dos óbitos segundo categorias de peso e
período do óbito, sendo descritas as principais causas básicas dos óbitos por
período de ocorrência. Empregou-se o método de Kaplan-Meier para a estimativa da
probabilidade cumulativa de sobrevida no tempo tanto globalmente quanto segundo
os estratos de cada variável de interesse. A associação entre a escolaridade
materna e a sobrevida dos recém-nascidos foi avaliada por meio de modelos de
riscos proporcionais de Cox, ajustando para: cuidado pré-natal, peso ao nascer,
semanas de gestação e sexo do recém-nascido. Resultados: O estudo incluiu 796
recém-nascidos de muito baixo peso. Destes, 228 (28,6%) morreram antes de
completar um ano de vida, sendo o componente neonatal se 20,2% e o neonatal
precoce de 14,7%. A mortalidade foi mais elevada nas faixas de peso menores,
sendo igual a 71,6% na faixa de 500 a 749g. Entre as causas de óbito, a sepse
predominou em todos os períodos. Recém-nascidos cujas mães tinham 3 ou menos
60 anos de estudo tiveram risco aproximadamente 2,5 vezes maior de óbito em
relação aqueles cujas mães tinham oito ou mais anos de estudo, mesmo após o
ajuste para potenciais fatores intermediários. Conclusão : Nossos resultados
confirmam achados da literatura evidenciando uma elevada mortalidade entre os
recém-nascidos de muito baixo peso. A baixa escolaridade materna se mostrou
preditor independente de óbito na população de baixa renda por nós estudada.
Palavras-chave: Mortalidade Infantil, Muito Baixo Peso ao nascer, coorte, linkage
probabilístico de registros, Sistemas de Informação em Saúde
61 Abstract
Background : The association between low birth weight and mortality
has been consistently shown in medical literature, but few Brazilian studies had
evaluated very low birth weight mortality through the first year of life. Objectives: to
evaluate mortality within one year of birth of very low birth weight newborns assisted
by a Public Neonatal Unit in Rio de Janeiro, Brazil, in a five year period (2002-2006)
(N=796). Methods : A retrospective cohort study was carried out using the
probabilistic linkage method in order to identify mortality in a one year period. Death
proportions were calculated according to birth weight groups and death period and
the principal basic causes of death were listed according to periods. The Kaplan-
Meier method was used to estimate the overall cumulative survival probability and
the survival probability according to variable of interest through the observation
period. The association between maternal schooling and survival of very low birth
weight newborns was evaluated by means of proportional risk Cox models adjusted
for: antenatal care, birth weight, gestational age and the newborn’s sex. Results:
This study included 796 very low birth weight newborns. Of these newborns, 228
(28.6%) were dead before one year. Neonatal mortality was 20,2% and early
neonatal mortality was 14.7%. Mortality was higher for the lowest weight group, at
71.6% for the 500 to 749g group. Sepsis was the main cause of all periods.
Newborns whose mothers had three years of schooling or less had a risk of death
near to 2.5 times higher then those whose mothers had eight years of schooling or
more, even after adjusting for the intermediary factors. Conclusions: Our results
confirm the literature data, showing a high mortality among very low birth weight
62 newborns. Low schooling level was an independent predictor of death for our low
economic level population.
Keywords: Infant mortality, very low birth weight, cohort, probabilistic linkage, Health
Information System
63 Introdução
A mortalidade infantil sofreu importante declínio nas últimas
décadas. Embora o fenômeno tenha ocorrido de modo desigual entre os países
desenvolvidos e os em desenvolvimento, a magnitude do declínio de um modo geral
foi expressiva (AHMAD et al, 2000). Mundialmente tem sido observada uma
tendência ao predomínio de óbito no período neonatal, em função da importante
redução da mortalidade pós-neonatal em resposta ao incremento das ações básicas
de saúde. No Brasil, apesar da significativa queda das taxas de mortalidade infantil
as estatísticas ainda são elevadas, principalmente se comparadas às taxas de
países desenvolvidos como o Japão e a Suécia (IBGE,2008).
A prematuridade e o baixo peso de nascimento estão estreitamente
relacionados ao óbito infantil (CALLAGHAN et al, 2006; MATHEWS et al, 2007).
Fonseca & Coutinho (2004), em uma revisão de estudos brasileiros sobre mortalidade
perinatal, observaram resultados consistentes relativos à associação entre peso ao
nascer e a neomortalidade, a despeito da grande variação metodológica observada
entre os estudos avaliados. A prematuridade está associada a aumento do risco
relativo de morte no primeiro ano de vida mesmo para a parcela de prematuros
limítrofes (nascidos com 32 a 36 semanas de gestação) (KRAMER et al, 2000) e o
peso de nascimento aparece como um dos maiores fatores de predição da
sobrevivência neonatal e pós-neonatal (MACHADO & HILL, 2003).
Nos Estados Unidos, a mortalidade infantil aumentou de 6,8 para
7,0 óbitos por mil nascidos vivos de 2001 a 2002 (MACDORMAN et al, 2005). Foi o
primeiro aumento em mais de quatro décadas. Embora seja uma variação discreta,
a mesma pode revelar uma tendência de resistência à queda, possivelmente pelo
aumento de nascimentos de prematuros com menos de 750 gramas (FANAROFF et
al, 2007). Segundo estatísticas de 2007 do National Center for Health Statistics
(NCHS) (NCHS Data Brief, 2008), 55% das mortes em menores de um ano nos EUA
ocorreram em crianças nascidas com menos de 32 semanas de gestação, as quais
representavam somente 2% de todos os nascimentos. As três principais causas de
óbito foram malformações congênitas, baixo peso e síndrome da morte súbita do
lactente que, juntas, foram responsáveis por 45% de todos os óbitos (MATHEWS,
2007). Estudo com duas coortes no sul do Brasil (Pelotas, 1982 e 1993), possibilitou
64 a avaliação das tendências da mortalidade infantil em relação às mudanças dos
fatores de risco na população, sendo observado aumento do nascimento prematuro
de 6,3 para 10,8% e de baixo peso (de 9,0 para 9,8%) no período. Os autores
sugerem que esses aumentos, embora pequenos, possam ter contribuído
dificultando a queda da mortalidade infantil, que poderia ter sido mais expressiva no
período (MENEZES et al, 2005). Goldani et al. (2004), estudando duas coortes de
nascimento distintas (1978/79 e 1994), de Ribeirão Preto (SP), observaram que a
mortalidade proporcional em um ano de recém-nascidos de baixo peso e muito baixo
peso aumentou de 39 para 58%. Os autores também consideram que esse aumento
possa ter contribuído para uma menor queda da mortalidade infantil.
O baixo peso pode ser decorrente da prematuridade, do retardo do
crescimento intrauterino ou de ambos. As condições socioeconômicas desfavoráveis
levam a uma série de fatores intermediários que concorrem para o nascimento
prematuro e de baixo peso e maior mortalidade. Gestação em idade precoce,
consumo de álcool e drogas, tabagismo, estresse, multiparidade, intervalo interpartal
curto, deficiência nutricional, ganho de peso inadequado na gestação e cuidado pré-
natal inadequado são alguns exemplos de fatores que agem como mediadores na
via causal que relaciona a baixa posição socioeconômica com a prematuridade, o
baixo peso ao nascer e a mortalidade perinatal e infantil (LOPEZ & CHOONARA,
2010).
Poucos estudos nacionais avaliaram a mortalidade em coortes de
nascidos vivos com muito baixo peso com o seguimento da coorte ao longo do
primeiro ano de vida. O método do linkage probabilístico de registros possibilita que
a mortalidade seja avaliada durante o primeiro ano de vida, não só durante o
período da internação mas também após a alta hospitalar, mesmo em locais, como
o Brasil, em que um identificador unívoco inexista para cada indivíduo. O presente
estudo emprega a técnica de linkage probabilístico de bases de dados com o
objetivo de avaliar a mortalidade de recém-nascidos de muito baixo peso que
nasceram em uma Unidade Neonatal da Rede Pública do Rio de Janeiro que presta
assistência a uma população de baixa renda. Busca-se estudar a incidência de
óbitos, suas causas, assim como avaliar se a escolaridade materna é preditora de
mortalidade nessa coorte de mães de baixa renda.
65 Métodos
Foi desenvolvido um estudo de coorte não concorrente, empregando
o método de linkage probabilístico de registros para a identificação dos óbitos
ocorridos em até uma ano em uma coorte de recém-nascidos com peso de
nascimento menor ou igual a 1500 gramas nascidos na Maternidade do Hospital
Federal de Bonsucesso (HFB) na cidade do Rio de Janeiro.
Os dados utilizados no estudo foram extraídos da base de dados do
Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Estado do Rio de
Janeiro no período de 2002 - 2006 (N=1.137.831) e da base de dados do Hospital
Federal de Bonsucesso (N=823), composta pelos registros do banco de dados da
UTI Neonatal (N = 645) e pelos registros dos livros da Unidade Neonatal e sala de
parto para os recém-nascidos que não foram internados na UTI (N = 178). Essas
bases foram integradas por meio da técnica de linkage probabilístico, tendo sido
identificados 711 registros presentes em ambas as bases, 95 presentes somente no
SINASC e 27 somente na base do HFB. Foram excluídos os recém-nascidos
gemelares (N=72) e os recém-nascidos com peso inferior a 500g (N=13) no início do
processo e, ao final do processo, foram eliminados os registros com informações de
peso de nascimento discordante entre as duas bases, tomando-se como referência
os valores do SINASC (N=10). Ao final foram eliminados também os 27 registros do
HFB que não constavam no SINASC, já que se tratavam de registros do livro da sala
de parto que não geraram nº de DNV, sendo muito provável que os mesmos fossem
natimortos. Pelo linkage foram relacionados 833 registros do HFB com a base do
Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Estado do Rio de Janeiro
relativa aos anos de 2002 a 2007 (os 27 registros do HFB que não foram
encontrados no SINASC e os 10 com peso discordante foram excluídos após o
linkage).
O processo de linkage probabilístico de bases de dados foi realizado
empregando-se o software RecLink III (CAMARGO & COELI, 2000; CAMARGO &
COELI, 2005). Detalhes podem ser encontrados em Cardoso (2010).
Resumidamente, inicialmente foi realizada a integração da base do HFB com a do
SINASC, o que resultou na base de recém-nascidos de muito baixo peso do estudo,
que foi posteriormente relacionada com a base do SIM. Em ambos os casos foram
66 empregadas estratégias de blocagem em múltiplos passos, tendo o número de
passos variado nos dois processos de integração (13 para HFB e SINASC e 8 para a
base do estudo e SIM). Os campos usados para comparação foram: SINASC vs
Base do HFB: nome completo da mãe, data de nascimento do filho, peso, código do
município de residência e sexo. Base do estudo vs SIM: nome completo da mãe,
data de nascimento do filho e data do óbito do filho. O campo “nome da mãe” foi
comparado utilizando-se algoritmos baseados na distância de Levenshtein
(LEVENSHTEIN, 1996), enquanto os campos “data” foram comparados
empregando-se o algoritmo para a diferença de caracteres. Em ambos os processos
de linkage, foram estimados os parâmetros de relacionamento no primeiro passo de
blocagem, sendo as estimativas de parâmetros calculadas empregando-se as
rotinas baseadas em algoritmos EM (Expectation Maximization) (JUNGER, 2006).
Os escores dos links formados variaram de 10,7 a -7,7, na integração da base do
HFB com a do SINASC, e de 28,3 a -11,3 na integração da base do estudo com o
SIM. Em cada passo foi feita a revisão manual de todos os links formados,
empregando-se regras definidas a priori para a atribuição do status do par
(verdadeiro ou falso). Além dos campos empregados no processo automático, foram
utilizados os seguintes campos adicionais na revisão manual: (1) para o linkage com
o SINASC: nome completo da mãe, a data de nascimento do filho, peso de
nascimento e sexo, endereço e complemento, código do bairro de residência, código
do estabelecimento; (2) para o linkage com o SIM: nome completo da mãe, data de
nascimento do filho, peso de nascimento e sexo, bairro de residência e data do óbito
do filho.
As bases do SINASC e SIM com informações de indentificação
foram obtidas junto à Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de
Janeiro (SESDEC). As bases utilizadas durante o processo de linkage probabilístico
somente incluíram os campos de identificação necessários para o processo de
linkage, i.e., nenhum campo adicional que pudesse armazenar informações
potencialmente sensíveis (ex. causas de óbitos) esteve disponível conjuntamente
com as informações de identificação do participante durante a execução dos
procedimentos de linkage probabilístico. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética
67 em Pesquisa do Hospital Federal de Bonsucesso (nº CEPHGB39/09), tendo sido
aprovado em 14/09/2009.
Os valores das variáveis estudadas foram capturados da base do
SINASC, complementados, em casos de dados faltosos, com os dados da base do
HFB. As variáveis da base SINASC foram reclassificadas para o estudo como
segue:
Idade materna: “de 10 a 19 anos”, “de 20 a 29 anos” e “30 ou mais anos”;
escolaridade materna (número de anos de estudo): “ 3 ou menos anos”, “de 4 a
7 anos” e “8 ou mais anos”; situação conjugal materna: “unida” ou “não unida”;
pré-natal: “menos de 3 consultas”, “3 ou mais consultas”; tipo de parto: “vaginal” ou
“cesáreo”; peso de nascimento: “de 500 a 749g”, “de 750 a 999g”, “de 1000 a 1249g”
e “de 1250 a 1500g”; índice da Apgar no 5º minuto: “menor que 7” ou “maior ou igual
a 7”; sexo: “masculino” ou “feminino”; idade gestacional: “27 semanas ou menos”,
“de 28 a 31 semanas” e “32 semanas ou mais”. Para as análises de sobrevida
agrupamos as duas últimas categorias de peso. A variável desfecho foi o óbito no
período de até um ano do nascimento
Para a descrição das principais causas de óbito foi consultada a
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde décima revisão, 2008, Volume I (CID10), do Centro Colaborador da OMS
para Classificação de Doenças em Português (CBCD). Algumas subcategorias
dentro do capítulo “Algumas Afecções originadas no período perinatal” foram
reagrupadas, destacando-se os problemas respiratórios do recém-nascido como
grupo específico de causas (códigos: P220, P240, P251, P285), a asfixia ao nascer
e os fatores da gestação e parto (P000 a P219), a sepse bacteriana ou fúngica,
juntamente com as enterocolites (P361, P369, P378, P390, P399, A419 e B49, P77),
e as malformações congênitas sem especificação de gravidade (Q000 a Q913).
As análises foram realizadas empregando-se o programa Stata 9.0
(STATA CORPORATION, EUA, 2003). Os resultados foram apresentados por meio
dos valores de mediana e demais quartis das distribuições das variáveis contínuas,
enquanto que as variáveis categóricas foram apresentadas como proporções. Foi
empregado o teste do qui-quadrado para avaliar as diferenças no perfil dos recém-
nascidos segundo as categorias de peso de nascimento. Foram calculadas as
68 proporções de óbito e respectivos intervalos de confiança de 95% segundo
estratos de peso e período do óbito, assim como identificadas as principais causas
de óbito nesses estratos. Foi avaliada a sobrevida dos recém-nascidos tanto
globalmente quanto segundo estratos de escolaridade materna, idade materna,
situação conjugal da mãe, cuidado pré-natal, peso ao nascimento, duração da
gestação e sexo do recém-nascido. Para a estimativa da sobrevida, considerou-se o
tempo desde o nascimento até a ocorrência do óbito. Foram considerados como
casos censurados os recém-nascidos que permaneceram vivos ao final do período
de observação (um ano). Empregou-se o método de Kaplan-Meier para a estimativa
da probabilidade cumulativa de sobrevida no tempo segundo os estratos de cada
variável de interesse. Para as comparações entre as diversas curvas foi utilizado o
teste Log-rank.
A associação entre a escolaridade materna e a sobrevida dos
recém-nascidos foi avaliada por meio de modelos de riscos proporcionais de Cox,
ajustando para: cuidado pré-natal, peso ao nascer, semanas de gestação e sexo do
recém-nascido. O sexo do recém-nascido foi incluído no modelo final por ser
considerado fator de risco para mortalidade infantil em vários estudos e ter
apresentado significância estatística ao nível de alfa = 0,10 em nossa população de
estudo. A idade materna, embora represente reconhecido fator de risco para a
mortalidade infantil, não foi incluída em nosso modelo final por apresentar
comportamento não esperado na análise bivariada, i.e., com menor risco sendo
observado para as faixas extremas de idade. Esse padrão sugere fortemente a
ocorrência de um viés de sobrevivência seletiva, por talvez as mães mais jovens
terem mais perdas fetais precoces. Julgamos que a inclusão da idade materna no
modelo poderia prejudicar a interpretação dos resultados. O pressuposto de
proporcionalidade dos riscos foi avaliado por meio de teste estatístico baseado na
distribuição dos resíduos de Schoenfeld e métodos gráficos (gráficos log-log e
comparações entre estimativas obtidas pelo método de Kaplan-Meier e valores
preditos pelo modelo proporcional de Cox).
69 Resultados
Foram estudados 796 recém-nascidos que apresentaram peso
mediano igual a 1115 gramas (Intervalo Interquartil 850 – 1342g), sendo que 127
(15,9%) tinham peso no estrato de 500 a 749g; 178 (22,4%) entre 750-999g; 187
(23,5%) entre 1000-1249g e 304 (38,2%) entre 1250-1500g. Trezentos e cinco
recém-nascidos (38,3%) tinham peso de nascimento abaixo de 1000g, sendo
considerados de extremo baixo peso.
As características maternas, do cuidado e do recém-nascido,
segundo as diferentes categorias de peso, estão apresentadas na tabela 1. Não
foram observadas diferenças significativas entre os grupos para as variáveis idade
materna, situação conjugal e sexo do recém-nascido. Nas categorias de menor peso
foram observadas proporções mais elevadas de mulheres com menos de três anos
de escolaridade (p<0,05) e sem nenhuma consulta de pré-natal realizada (p<0,001).
O parto operatório predominou nas categorias de maior peso (p<0,001). Já a idade
gestacional cresceu significativamente com o aumento do peso (p<0,001). Nove
recém-nascidos estavam classificados no SINASC com idade gestacional menor que
22 semanas (1,1%) e trinta com idade gestacional de 37 a 41 semanas (3,8%). Foi
observada maior proporção de Apgar baixo no quinto minuto nas categorias de peso
menor, especialmente entre aqueles na faixa de 500 a 750g (p<0,001).
Da coorte de 796 recém-nascidos de muito baixo peso estudados,
228 faleceram antes de completar um ano (28,6%, IC 95%= 25,5 -31,9%). A
mortalidade neonatal foi de 20,2% (IC 95% - 17,5 - 23,2%), sendo o componente
neonatal precoce de 14,7% (IC 95% - 12,3 – 17,3%). A mortalidade pós-neonatal foi
de 8,4% (IC 95% - 6,6 – 10,6). Mais da metade dos óbitos ocorreu antes de sete
dias (117/228; 51,3%)
A proporção de mortalidade em um ano e seus respectivos
intervalos de confiança de 95% são apresentados segundo o período do óbito e
categorias de peso na tabela 2. A proporção de mortalidade em um ano é elevada,
especialmente na categoria de 500 a 749g, em que 71,6% dos recém-nascidos
faleceram antes de completar um ano de vida. Em todos os períodos estudados
observa-se uma maior proporção de óbitos na categoria de 500 a 749g e uma
diminuição significativa da mortalidade com o aumento do peso (p<0,001).
70 Na tabela 3 são apresentadas em cada período as principais
causas básicas dos óbitos agrupadas em categorias. A sepse foi identificada como
a principal causa básica de óbito em todos os períodos. No período neonatal
precoce ela foi responsável por 31,2% dos óbitos, seguida pelos fatores maternos e
complicações da gravidez e do parto, pelos distúrbios respiratórios do recém-nascido
e as malformações congênitas. No período neonatal tardio a sepse foi responsável
por 57,2% dos óbitos, seguida pelos distúrbios respiratórios do recém-nascido
(23,8%). No período pós-neonatal a sepse foi menos expressiva, sendo responsável
por 23,8% dos óbitos. Esses resultados sugerem a ocorrência de erros de
preenchimento dos atestados de óbito, sendo a sepse assinalada na linha da causa
básica quando deveria ser assinalada como causa consequencial. No entanto esse
dado chama a atenção para a sua freqüência como complicação da prematuridade e
do muito baixo peso. As malformações congênitas ganharam importância como
causa de óbito no período pós-neonatal, aparecendo como segunda causa de óbito
no período, juntamente com as infecções respiratórias.
As curvas de sobrevida, obtidas por meio do método de Kaplan-
Meier segundo estratos das variáveis de interesse, são apresentadas nas figuras de
1 a 5. Verifica-se pior sobrevida entre os recém-nascidos nos estratos de menor
peso (p<0,01), com menor idade gestacional (p<0,01), filhos de mães com menos
escolaridade (p<0,01) e que realizaram um menor número de consultas de pré-natal
(p<0,189). As variáveis sexo do recém-nascido e situação conjugal da mãe não se
mostraram associadas à sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso. Já a
variável idade materna, mostrou resultado paradoxal, com melhor sobrevida para os
filhos das mulheres nos extremos de idade, sugerindo a ocorrência de viés de
seleção para essa variável (resultados não apresentados).
Recém-nascidos filhos de mulheres com escolaridade inferior a três
anos mostraram um risco 2,49 vezes maior de óbito quando comparados aos das
mulheres com oito anos ou mais de estudo após o ajuste do modelo para variáveis
intermediárias. embora, a inclusão dessas últimas variáveis tenha atenuado a força
da associação (tabela 4).
As análises realizadas não mostraram qualquer violação dos
pressupostos de proporcionalidade.
71 Tabela 1. Características maternas, do recém-nascid o e da gestação dos recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hosp ital Federal de Bonsucesso de janeiro de 2002 a dezembro de 2006, segundo as categorias de peso de nascimento 500 -749g
(N=127) N ( %)
750-999g (N=178) N (%)
1000-1249g (N=187) N (%)
1250-1500 (N=304) N (%)
Total N (%)
Idade materna 10 a 19 anos 20 a 29 anos >30 anos
34 (28,3) 64 (53,3) 22 (18,3)
46 (27,5) 70 (41,2) 51 (30,5)
45 (24,6) 93 (50,8) 45 (24,6)
94 (32,4) 117 (40,3) 79 (27,2)
219 (28,8) 344 (45,3) 197 (25,9)
Escolaridade materna (*) Até 3 anos 4 a 7 anos] 8 ou mais anos
22 (19,3) 44 (38,6) 48 (42,1)
16 (9,9) 55 (34,2) 90 (55,9)
12 (6,7) 61 (33,9) 107 (59,4)
27 (9,6) 124 (44,1) 130 (46,3)
77 (10,5) 284 (38,6) 375 (50,9)
Situação conjugal Não Unida Unida
105 (84,0) 20 (6,0)
157 (90,2) 17 (9,8)
154 (83,2) 31 (16,8)
256 (85,6) 43 (14,4)
672 (85,8) 111 (14,2)
Consultas de pré-natal (**) Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 ou mais
45 (39,1) 34 (29,6) 28 (24,3) 8 (6,7)
53 (32,7) 55 (33,9) 38 (23,5) 16 (9,9)
38 (22,1) 60 (34,9) 62 (36,0) 12 (7,0)
47 (17,3) 97 (35,7) 97 (5,7) 31 (11,4)
183 (25,4) 246 (34,1) 225 (31,2) 67 (9,3)
Tipo de parto (**) Vaginal Cesáreo
92 (75,4) 30 (24,6)
93 (56.4) 72 (43,6)
73 (39,7) 111 (60,3)
129 (44,0) 164 (56)
387 (50,7) 377 (49,3)
Sexo Masculino Feminino
60 (47,2) 67 (52,8)
96 (53,9) 82 (46,1)
89 (47,6) 98 (52,4)
153 (50,5) 150 (49,5)
398 (50,1) 397 (49,9)
Idade gest (**) < 22 semanas 22 a 27 sem 28 a 31 sem 32 a 36 sem > 36 sem
5 (4,0) 86 (68,8) 25 (20,0) 6 (4,8) 3 (2,4)
4 (2,3) 61 (35,1) 87 (50,0) 18 (10,3) 4 (2,3)
0 (0,0) 19 (10,3) 114 (62,0) 40 (21,7) 11 (6,0)
0 (0,0) 11 (3,7) 127 (42,6) 147 (49,3) 13 (4,4)
9 (1,2) 177 (22,7) 353 (45,2) 211 (27,0) 31 (3,9)
Apgar 5ºmin (**) <7 7 ou mais
69 (58,5) 49 (41,5)
43 (24,6) 132 (75,4)
29 (16,5) 147 (83,5)
44 (14,9) 252 (85,1)
185 (24,2) 580 (75,8)
Nota: Excluídos os registros com valores não inform ados: idade materna (36), escolaridade materna (60) , situação conjugal (13), pré-natal (75), tipo de parto (2), sexo (1), idade gestacional (15), Apgar (31). * p < 0,05 ** p < 0,01
72 Tabela 2. Proporção de óbito em relação ao número d e recém-nascidos de muito baixo peso vivos nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso, de janeiro de 2002 a dezembro de 2006, segundo categor ias de peso e período do óbito Categorias de peso de nascimento
Total de recém-nascidos vivos
0 a 6 dias
n óbitos % (IC 95%)
7 a 28 dias
n óbitos % (IC 95%)
29 a 365 dias
n óbitos % (IC 95%)
Total de óbitos
% (IC 95%)
500-749g
127
60
47,2 (38,3-56,3)
15
11,8 (6,8-18,7)
16
12,6(7,4-19,6)
91
71,6(63,7-79,6)
750-999g
178 31 17,4 (12,1-23,8)
13 7,3 (3,9-12,2)
19 10,7 (6,5-16,2)
63 35,4(28,3-42,5)
1000-1249g
187 12 6,4 (3,3-10,9)
8 4,3 (1,9-8,2)
9 4,8 (2,2-8,9)
29 15,5(10,3-20,7)
1250-1500g
304 14 4,6 (2,5-7,6)
8 2,6 (1,1-5,1)
23 7,6 (4,8 -11,1)
45 14,8(10,8-18,8)
Total
796
117
14,7 (12,3 -17,3)
44 5,5 (4,0-7,3)
67
8,4 (6,6-10,6)
228
28,6 (25,5-31,9)
73 Tabela 3 Causas básicas de óbito mais freqüentes em uma população de recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hosp ital Federal de Bonsucesso de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 se gundo o período do óbito Causa básica do óbito
de 0 a 6 dias
N (%)
de 7 a 28 dias
N (%)
de 29 a 365 dias N (%)
Total N (%)
Sepse
35 (31,8)
24 (57,2)
14 (23,8)
73 (34,6)
Distúrbios respiratórios do recém-nascido
29 (26,4)
10 (23,8)
-
39 (18,5)
Fatores maternos e complicações da gravidez e do parto (inclui asfixia perinatal
30 (27,2)
-
-
30 (14,2)
Malformações congênitas
6 (5,5)
4 (9,5)
11 (18,6)
21 (9,9)
Infecções respiratórias
-
-
11 (18,6)
11 (5,2)
Outras causas 10 (9,1)
4 (9,5)
23 (39,0)
37 (17,5)
Total
110
42
59
211
Excluídos os valores missings e as causas indefinidas. Missings: 0-6 dias: 5; de 7 a 28 dias: 2; de 29 a 365: 5 (Total: 12). Causas indefinidas: período neonatal precoce: 1; período neonatal tardio: 0; período pós-neonatal: 4 (Total: 5)
74 Tabela 4. Associação entre escolaridade materna e mortalidade em uma coorte de recém-nascidos de muito baixo peso nascid os no Hospital Federal de Bonsucesso no Rio de Janeiro, de janeiro de 2002 a dezembro de 2006. Hazard ratios brutas e ajustadas para pré-natal, idade gestacion al, peso de nascimento e sexo
8 ou mais anos de estudo HR (IC 95%)
4 a 7 anos de estudo HR (IC 95% )
Menos de 3 anos de estudo HR (IC 95%)
Modelo bruto: Escolaridade materna
Referência
1,25 (0,88 – 1,78)
3,29 (2,19 – 4,93)
Modelo ajustado: Escolaridade Prenatal Idade gestacional Peso Sexo
Referência 1,31 (0,92 – 1,87) 2,49 (1,64 – 3,78)
75 Figura 1 Curva de sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janei ro de 2002 a dezembro de 2006 (estimativa de Kaplan-Meier) segundo categoria s de escolaridade materna
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babilid
ade
de
sobr
evid
a
0 100 200 300 400Tempo em dias
Escolaridade = 3 anos ou menosEscolaridade = 4 a 7 anosEscolaridade = 8 ou mais anos
Curva de sobrevida e Kaplan-Meier para a variável Escolaridade materna
Teste Log-rank da função de sobrevida: p = 0,001
Figura 2 Curva de sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janei ro de 2002 a dezembro de 2006 (estimativa de Kaplan-Meier) segundo as catego rias de pré-natal
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babilid
ade
de s
obre
vida
0 100 200 300 400Tempo em dias
Prenatal = menos de 3 consultasPrenatal = 3 ou mais consultas
Curva de sobrevida de Kaplan-Meier segundo a variável Prenatal
Teste Log-rank da função de sobrevida: p = 0,0189
76 Figura 3 Curva de sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janei ro de 2002 a dezembro de 2006 (estimativa de Kaplan-Meier) segundo categoria s de Idade gestacional
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babilid
ade
de s
obre
vida
0 100 200 300 400Tempo em dias
IG = 27 sem ou menosIG = 28 a 31 semIG = 32 sem ou mais
Curva de sobrevida de Kaplan-Meier segundo a variável Idade Gestacional
Teste Log-rank da função de sobrevida: p = 0,001
Figura 4 Curva de sobrevida dos recém-nascidos de m uito baixo peso nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janei ro de 2002 a dezembro de 2006 (estimativa de Kaplan-Meier) segundo as catego rias de peso de nascimento
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babi
lidad
e de
sob
revida
0 100 200 300 400Tempo em dias
Peso = 500-749g Peso = 750-999gPeso = 1000-1500g
Curva de sobrevida e Kaplan-Meier para a variável peso de nascimento
Teste Log-rank da função de sobrevida: p = 0,001
77
Figura 5 Curva de sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso (estimat iva de Kaplan-Meier) segundo as categorias de sexo do recém-nascido
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babilid
ade
de s
obre
vida
0 100 200 300 400Tempo em dias
Sexo = masculinoSexo = feminino
Curva de sobrevida e Kaplan-Meier para a variável sexo do recém-nascido
78
Discussão
Em nosso estudo observamos que a mortalidade dos recém-nascidos
de muito baixo peso foi elevada (28,6% em um ano), especialmente entre aqueles na
faixa de peso de 500 a 749g, na qual a mortalidade em um ano foi de 71,6%. Outro
achado que chama a atenção é o fato de termos observado, mesmo em uma
população de baixa renda, que a baixa escolaridade materna se manteve associada a
maior risco de óbito, mesmo após ajuste para fatores proximais importantes (categoria
de peso e idade gestacional) e para o cuidado pré-natal.
Apesar da grande evolução da prática clínica neonatal na década de
90, com importante impacto na sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso,
a mortalidade persiste elevada, especialmente nos neonatos de extremo baixo peso
(peso de nascimento abaixo de 1000g) (FIELD et al, 2008). O estudo da Rede
Vermont, realizado em 39 instituições dos Estados Unidos e Canadá, visando avaliar
a mortalidade em recém-nascidos de muito baixo peso, observou evolução dos
percentuais de mortalidade hospitalar de 18,1% em 1991 para 14,4% em 1995,
permanecendo em 14,8% em 1999, evidenciando pouco progresso neste último
período (JEFFREY et al, 2002). Estudo comparativo de duas coortes do Japão, com
avaliação da mortalidade hospitalar de recém-nascidos de extremo baixo peso, no
entanto, evidenciou progressos significativos na sobrevida do ano de 2000 para o
ano de 2005 (ITABASHI et al, 2009). Resultados do National Institute of Child Health
& Human Development Neonatal Research Network apontam para percentuais de
mortalidade hospitalar para essa faixa de peso em torno de 15% (FANAROFF et
al,2007). Martin, 2006, em relato de estatísticas vitais americanas de 2004, refere
que um quarto dos recém-nascidos menores que 1500g não sobreviveram ao final
do primeiro ano de vida. O estudo do Grupo Colaborativo Neonatal do Cone Sul de
cinco países sul-americanos mostra percentuais médios de mortalidade hospitalar
de recém-nascidos de 500 a 1500g de 26,7%, variando os percentuais de 9,7 a
51,8% de acordo com a instituição (Neocosur, 2005).
Em Londrina (PR), estudo sobre assistência à saúde e mortalidade
de recém-nascidos de muito baixo peso de 2002-2004 encontrou 32% de
mortalidade hospitalar no período de dois anos e meio, sendo que para a categoria
79 de peso abaixo de 750g a mortalidade hospitalar chegou a 87,5% (CARVALHO et
al, 2007). Estudo da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais, envolvendo oito
maternidades terciárias públicas em três estados (RJ, SP, RS), evidenciou, no
período de 2004 a 2005, 29% de óbitos nos primeiros sete dias de vida em recém-
nascidos de muito baixo peso (RNMP) (ALMEIDA et al, 2008). Duarte & Mendonça
(2005), em estudo realizado no Município do Rio de Janeiro em 2001-2002,
observaram uma variação de 10 a 37% nos percentuais de óbito neonatal hospitalar
em recém-nascidos de muito baixo peso segundo o hospital onde se deu o
nascimento (DUARTE & MENDONÇA,2005). Castro e Leite (2007), observaram uma
proporção de 47% de mortalidade hospitalar de recém-nascidos de muito baixo peso
em um estudo realizado entre 2002 e 2003 em Fortaleza.
Em nosso estudo observamos predomínio de óbito no período
neonatal precoce, principalmente na categoria de menor peso, achado este que é
concordante com os dados da literatura (FANAROFF et al, 2007; OMS, 2006;
CARVALHO et al, 2007). As variações das proporções de óbitos observadas entre
os estudos citados e os nossos achados refletem, ainda que parcialmente,
variações metodológicas, em particular, diferenças no período de seguimento
(SAIGAL,2008) e o emprego de rotinas diversas de atendimento de ressuscitação
para recém-nascidos no limiar de viabilidade. Deve ser considerado o percentual de
natimortos nos diferentes estudos sobre mortalidade de recém-nascidos de muito
baixo peso, visto que já foi observado que em locais onde o número de natimortos
foi maior a sobrevida foi comparativamente maior (DRAPPER, 2006). No estudo
japonês supra-citado os autores também ressaltam a importância de se contabilizar
os percentuais de natimortos nos estudos sobre mortalidade de recém-nascidos de
muito baixo peso, visto que, a mudança nos percentuais de sobrevida na sala de
parto comprometem diretamente os percentuais de sobrevida neonatal (ITABASHI et
al, 2009). Mesmo em países desenvolvidos como a Inglaterra, por exemplo, ainda
não há evidências suficientes para definir um ponto de corte para peso e idade
gestacional (FIELD, 2008). Em nossa coorte, 186 recém-nascidos (23,4%) tinham
idade gestacional registrada no SINASC como 27 ou menos semanas de idade
gestacional e 305 (38,3%) tinham peso de nascimento abaixo de 1000g, o que os
torna mais suscetíveis aos desfechos adversos. A despeito disso, a mortalidade em
80 um ano observada em nosso estudo é quase o dobro da verificada em 1999 por
Jeffrey et al (2002) e por Faranoff et al (2007), o que pode refletir tanto diferenças no
nível socioeconômico das mães como também no cuidado ofertado. No entanto, se
compararmos com o nosso percentual de mortalidade neonatal essa diferença se
estreita.
Entre as causas básicas dos óbitos, a sepse foi identificada como a
principal em todos os períodos. Esses resultados sugerem provável erro de
preenchimento dos atestados de óbito, sendo a sepse assinalada como causa
básica ao invés de ser assinalada como causa consequencial da prematuridade e do
muito baixo peso. Sabidamente as afecções do período perinatal se apresentam
predominantes como causa de óbito infantil nas estatísticas oficiais (MS, 2006). No
entanto esse dado ressalta a importância da infecção na cadeia de eventos que
levam ao óbito neonatal. Em um estudo sobre assistência e mortalidade neonatal em
Unidades da Rede Municipal no Rio de Janeiro, a infecção foi mencionada como
causa de óbito em 40% dos casos (GOMES et al. 2005). As infecções são causas
consequenciais evitáveis e esses resultados apontam para a necessidade urgente
de se reforçarem os protocolos de controle de infecção pré-natal e de infecção
hospitalar, o que poderia trazer resultados em curto prazo para a sobrevida dos
nossos recém-nascidos. No período neonatal precoce os distúrbios respiratórios e os
fatores maternos e complicações da gravidez e do parto apareceram de modo
significativo, com percentuais de 26 e 27%, respectivamente, o que reflete a
importância de se valorizar o cuidado antenatal. No período pós-neonatal, não
conseguimos identificar o predomínio de um único determinado grupo de causas de
óbito. As malformações congênitas sobressaíram como causa importante de óbito no
período pós-neonatal (18%), dado este que se mostrou compatível com a estatística
oficial de óbito infantil do Ministério da Saúde de 2006, onde estas aparecem com
percentual de 18% na região Sudeste (MS, 2006). Este fato possivelmente se deve
ao prolongamento da sobrevida de recém-nascidos portadores de malformações
graves além do período neonatal em função dos recursos disponibilizados.
A associação entre baixa posição socioeconômica com o baixo peso
ao nascer e mortalidade infantil é descrita na literatura internacional (BARNABÉ et al,
2004; SPENCER, 2004; LOPEZ & CHOONARA, 2009). Na revisão de estudos
81 brasileiros realizada por Fonseca & Coutinho (2004), também foi observado que
baixa renda e baixa escolaridade se mostraram consistentemente associadas à maior
mortalidade fetal e neonatal, embora nem sempre os resultados tenham sido
significativos. Já Silveira et al (2010), em estudo realizado na coorte de 2004 de
Pelotas, observaram que a cor negra, a baixa educação e a baixa renda estavam
significativamente associados à prematuridade em análise multivariada que
considerou simultaneamente esses e outros fatores de risco potenciais. Gortmaker &
Wise ressaltam um estudo de Wise (1988) nos EUA, em que foram observadas
substanciais diferenças socioeconômicas nas taxas de mortalidade infantil com o
mesmo nível de assistência, indicando que, quando a tecnologia médica está
disponível igualmente a todos de uma determinada área geográfica, as forças sociais
e econômicas emergem como fatores bem mais visíveis (GORTMAKER & WISE,
1997). No estudo de Londrina, sobre mortalidade hospitalar de recém-nascidos de
muito baixo peso, na análise por regressão logística com modelo hierarquizado, a
baixa renda mostrou associação significativa com a mortalidade hospitalar, mesmo
após o ajuste do modelo para outras covariáveis (CARVALHO, 2007).
Como limitações do estudo é importante destacar que apenas nos foi
possível avaliar os fatores prognósticos de óbitos presentes no SINASC. Dessa
forma, fatores importantes como a qualidade do pré-natal realizado e o tipo de
tratamento ofertado (por exemplo, o uso do corticóide antenatal) não foram
considerados, bem como nenhum escore de risco de gravidade dos recém-nascidos.
Entretanto, como o estudo foi realizado em apenas uma Unidade de Saúde, sendo as
informações registradas no SINASC antes do óbito ter ocorrido, esperamos que os
erros tenham sido não informativos quer em relação aos fatores de risco avaliados,
quer em relação ao desfecho. Estudos sobre confiabilidade do SINASC têm mostrado
boa qualidade da maioria das informações registradas. Encontrou-se boa
concordância para idade materna, tipo de parto, sexo do recém-nascido, peso de
nascimento e escolaridade materna. Já a situação conjugal materna deve ser
analisada com cautela, visto que pode apresentar problemas de preenchimento, já
que a informação é registrada na DNV como estado civil. (THEME FILHA et al, 2004,
PAIVA, 2008). Com relação á idade gestacional, esta se mostrou sujeita a falhas
podendo haver uma tendência de se atribuir a categoria de 37 a 41 semanas para
82 crianças prematuras “aparentemente a termo”, podendo subestimar os
percentuais de prematuros limítrofes (SILVA et al, 2001).O fato de o estudo ter sido
realizado em uma única Unidade de Saúde, também contribui para uma maior
uniformidade do tratamento ofertado aos recém-nascidos. Na Unidade de Saúde
estudada o protocolo para o tratamento desses recém-nascidos envolve
equipamentos adequados e equipes de profissionais com treinamento especializado
para esse perfil de pacientes. A Unidade está equipada para atender gestações de
alto risco e é referência na Área Programática 3.1 para esse tipo de atendimento.
Fazem parte da rotina de tratamento o uso de corticóide antes do parto, o uso do
surfactante pulmonar precoce, a ventilação mecânica com protocolos menos
agressivos, o uso restrito de hemoderivados, o mínimo manuseio dos pacientes, bem
como procedimentos de humanização. Por fim, não nos foi possível estudar o perfil da
coorte com relação ao crescimento intrauterino e adequação do peso à idade
gestacional, por estar a variável idade gestacional registrada no SINASC em
categorias. Este fator tem sido citado como importante fator independente de risco
para mortalidade. Evans, em estudo de coorte, identificou risco oito vezes maior de
óbito em recém-nascidos abaixo do percentil 3 do peso para a idade gestacional
(EVANS et al, 2007).
Esse estudo apresenta como pontos fortes o fato de termos aplicado
o método de linkage, o que nos permitiu o seguimento longitudinal e a avaliação da
mortalidade em um ano de uma população específica de recém-nascidos de muito
baixo peso. Ademais, até onde possamos saber, trata-se do primeiro estudo a
apontar que o nível de escolaridade materna permanece como um importante
preditor independente do risco de mortalidade na população de recém-nascidos de
baixo peso, mesmo em uma população de baixa renda e, portanto, mais vulnerável.
O não acompanhamento após a alta hospitalar é uma limitação de muitos estudos
publicados sobre mortalidade, impedindo uma avaliação mais precisa dos fatores
que concorrem para o óbito.
Concluindo, nossos resultados confirmam achados da literatura
evidenciando uma elevada mortalidade entre os recém-nascidos de muito baixo
peso, apesar dos recursos terapêuticos disponibilizados. Embora o percentual de
recém-nascidos nessa faixa de peso seja relativamente pequeno no Brasil, a alta
83 mortalidade observada pode comprometer as taxas de mortalidade infantil em
nosso meio, fato observado em outros países e sugerido em alguns estudos
nacionais. Dessa forma, são necessários esforços no sentido de evitar o nascimento
prematuro, especificamente de recém-nascidos abaixo de 1000g e melhorar a
assistência aos recém-nascidos de muito baixo peso, especialmente no período
neonatal. Especial atenção deve ser dada às gestantes e aos recém-nascidos filhos
de mães com baixa escolaridade, dado que os mesmos apresentam risco ainda
maior de morrerem precocemente.
Finalmente identificamos a necessidade de se dar maior atenção ao
preenchimento dos atestados de óbito e do desenvolvimento de novos estudos de
análises de causas de óbito em recém-nascidos de muito baixo peso.
84 7 Referências Bibliográficas da segunda parte AHMAD, O. B.; LOPEZ, A. D.; INOUE, M. The decline in child mortality: a reappraisal. Bulletin of World Health Organization , v. 78, n. 10, p. 1175 -1191. 2000. ALMEIDA, M. F. B. et al. Perinatal factors associated with early deaths of preterm infants born in Brazilian Network on Neonatal Research Centers. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 84, n. 4, p. 300-307. 2008. BARNABÉ, J. V. et al. Risks factors for low birth weight: a review. European Journal of Obstetrics & Ginecology and Reprodutive Biology , v. 116, n. 1, p. 3-15. 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Saúde Suplementar. O modelo de atenção obstétrica no setor de saúde suplementar no Brasil: cenários e perspectivas. Disponível em: < www.ans.gov.br > Acesso em: 27. mar. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Brasília: Editora do Ministério da saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do comitê de prevenção do óbito infantil e fetal. [S.l.: s.n., s.d.] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2006: uma análise da situação de saúde no Brasil. [S.l.: s.n.], 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade . Disponível em <datasus.gov.br> Acesso em 20. jan. 2010. CALLAGHAN, W. M. et al. The contribution of preterm birth to infant mortality rates in the United States. Pediatrics , n. 118, p. 1566-1573. 2006. CAMARGO, K. R.; COELI, C. M. Reclink: aplicativo para o relacionamento de bases de dados, implementando mo método probabilistic record linkage. Cadernos de Saúde Pública , v. 16, n. 2, p. 439-447. 2000. CARVALHO, A. B. R.; BRITO, A. S. J.; MATSUO, T. Assistência à saúde e mortalidade de recém-nascidos de muito baixo peso. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 6, p. 1003-1012. 2007. CASTRO, E. C.; LEITE, A. J. Hospital mortality rates of infants with birth weight less than ore equal to 1,500 g in the northeast of Brazil. Jornal de Pediatria , Rio de Janeiro, v. 83, n. 1, p. 27-32. 2007.
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88 Anexos Anexo A - Causas básicas de óbito (CID 10) Freq % A09 Diarréia de causa infecciosa presumível 1 0,5 A419 Septicemia não especificada 8 3,7 A500 Sífilis congênita precoce sintomática 1 0,5 A509 Sífilis congênita não especificada 1 0,5 B49 Infecção fúngica 1 0,5 C716 Neoplasia maligna do cerebelo 1 0,5 E41 Marasmo nutricional 1 0,5 E46 Desnutrição não especificada 1 0,5 G039 Meningite não especificada 1 0,5 G809 Paralisia cerebral não especificada 1 0,5 I270 Hipertensão pulmonar primária 1 0,5 J180 Broncopneumonia não especificada 3 1,9 J189 Pneumonia não especificada 8 3,7 J219 Bronquite aguda não especificada 1 0,5 J690 Pneumonia de aspiração 2 0,9 J969 Insuficiência respiratória não especificada 1 0,5 K566 Obstrução intestinal não especificada 1 0,5 K729 Insuficiência hepática 1 0,5 M869 Osteomielite não especificada 1 0,5 N19 Insuficiência renal 3 1,9 P000 RN afetado por fatores maternos 1 0,5 P021 RN afetado por descolamento de placenta 2 0,9 P027 RN afetado por complicações das membranas 2 0,9 P070 Transtornos relacionados à gestação de curta duraçã o 8 3,7 P072 Imaturidade extrema 1 0,5 P210 Asfixia perinatal grave 5 2,3 P219 Asfixia perinatal 11 5,1 P220 Síndrome da angústia respiratória do RN 30 13,9 P240 Síndrome da aspiração neonatal 1 0,5 P251 Pneumotórax no período neonatal 2 0,9 P269 Hemorragia pulmonar 3 1,9 P285 Insuficiência respiratória do RN 6 2,8 P291 Arritmia cardíaca neonatal 1 0,5 P292 Hipertensão neonatal 1 0,5 P293 Persistência da circulação fetal 2 0,9 P298 Transtornos cardiovasculares do período neon atal 1 0,5 P299 Transtornos cardiovasculares neonatais 1 0,5 P361 Septicemia do RN 1 0,5 P369 Septicemia bacteriana do RN não especificada 47 21,8 P378 Infecção do período neonatal 1 0,5 P379 Infeecção congênita 1 0,5 P390 Mastite infecciosa neonatal 1 0,5 P399 Infecção própria do período perinatal 10 4,6 P60 Coagulação intravascular disseminada 1 0,5 P612 Anemia da prematuridade 1 0,5 P77 Enterocolite necrotizante 4 1,8 P968 Outras afecções do período neonatal 2 0,9 P969 Afecções não especificadas do período neonatal 2 0,9 Q000 Anencefalia 2 0,9 Q039 Hidrocefalia congênita 2 0,9 Q248 Outras malformações congênitas do coração 1 0,5
89 Q249 Malformações não especificadas do coração 3 1,9 Q250 Enfisema intersticial do período neonatal 2 0,9 Q336 Hipoplasia e displasia pulmonar 3 1,9 Q792 Onfalocele 1 0,5 Q897 Malformações congênitas múltiplas 3 1,9 Q899 Malformações congênitas não especificadas 2 0,9 Q913 Síndrome de Edwards 2 0,9 R99 Causas mal definidas 4 1,8 W190 Queda sem especificação de local 1 0,5 W849 Riscos não especificados à respiração 1 0,5 Y349 Evento não determinado 1 0,5
Dados não registrados: 12
90 Anexo B - Curvas de sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso nascidos no Hospital federal de Bonsucesso de janei ro de 2002 a dezembro de 2006 (estimativas de Kaplan-Meier) segundo as variá veis estudadas que não entraram no modelo Curva de sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso (estimativa de Kaplan-Meier) segundo a variável idade materna
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babilid
ade de
sob
revida
0 100 200 300 400Tempo em dias
Idade = de 10 a 19 anos Idade = de 20 a 29 anosIdade = maior que 30 anos
Sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso segundo idade da mãe
Curva de sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso (estimativa de Kaplan-Meier) segundo a variável situação conjugal materna
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Pro
babi
lidad
e de
sob
revi
da
0 100 200 300 400Tempo em dias
Sit_conjugal = Não unidaSit_conjugal = Unida
Curva de sobrevida de Kaplan-Meier segundo a variável Situação conjugal
91 Anexo C - Gráfico Log Log da associação entre a var iável escolaridade materna e a sobrevida de recém-nascidos de muito ba ixo peso nascidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janeiro de 2002 a dezembro de 2006, ajustado pelas variáveis pré-natal, sexo, peso de n ascimento e idade gestacional
.51
1.5
22.
53
Pro
babi
lidad
e de
sob
revi
da
0 2 4 6Tempo em dias
Nivel_de_escolaridade = 1Nivel_de_escolaridade = 2Nivel_de_escolaridade = 3
Testes: KM: p = 0,47 Rank: p = 0,40 Log = 0,25
92 Anexo D - Gráficos Log Log da associação entre as v ariáveis estudadas e a sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso nas cidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 Gráfico Log Log da associação entre a variável esco laridade materna e a sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso
.51
1.5
22.
53
Pro
babi
lidad
e de
sobr
evid
a
0 2 4 6Tempo em dias
Escolaridade = 8 ou mais anos Escolaridade = 4 a 7 anosEscolaridade = 3 anos ou menos
Gráfico Log Log da associação entre a variável pré- natal e a sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso
11.
52
2.5
3Pro
babilid
ade
de
sobr
evid
a
0 2 4 6Tempo em dias
Prenatal = menos de 3 consultasPrenatal = 3 ou mais consultas
93 Gráfico Log Log da associação entre a variável peso de nascimento e a sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso
01
23
4Pro
babi
lidad
e de
sob
revida
0 2 4 6Tempo em dias
Peso = 500-749gPeso = 750-999gPeso = 1000-1500g
Gráfico Log Log da associação entre a variável idad e gestacional e a sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso
01
23
4Pro
babi
lidad
e de
sob
revida
0 2 4 6Tempo em dias
IG = 27 sem ou menosIG = 28 a 31 semIG = 32 sem ou mais
94 Gráfico Log Log da associação entre a variável sexo e a sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso
11.
52
2.5
3Pro
babilid
ade
de
sobr
evid
a
0 2 4 6Tempo em dias
Sexo = masculinoSexo = feminino
95 Anexo E - Gráficos dos testes de comparação KM-Cox das estimativas de sobrevida dos recém-nascidos de muito baixo peso na scidos no Hospital Federal de Bonsucesso de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 Gráfico do teste de comparação KM-Cox da estimativa de sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso para a variável Escolaridade materna
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
Pro
babilida
de
de sobr
tevida
0 100 200 300 400Tem po em dias
Observ ed: Es colaridade = 8 ou m ais anos Observ ed: Es cola ridade = 4 a 7 anos
Observ ed: Es cola ridade = 3 anos ou m enos Predicted : Es cola ridade = 8 ou m ais anos
Predicted : Es colaridade = 4 a 7 anos Predict ed: Es cola ridade = 3 anos ou m enos
Com paração da es tim at iv a de s obrev ida de Kaplan-Meier e o m odelo C ox para a v ariáv el Es cola ridade m at erna
Gráfico do teste de comparação Km-Cox da estimativa de sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso para a variável Sexo do recém-nascido
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
Pro
babilida
de
de sobr
tevida
0 100 200 300 400Tem po em dias
Observ ed: Sexo = m Observ ed: Sexo = f
Predicted : Sexo = m Predicted: Sexo = f
Com paração da es tim at iv a de s obrev ida de Kaplan-Meier e o m odelo C ox para a v ariáv el Sexo do recém-nascido
96 Gráfico do teste de comparação KM-Cox da estimativa de sobrevida de recém-nascidos de muito baixo peso para a variável Idade gestacional
0.40
0.60
0.80
1.00
Pro
babi
lidade
de sobr
tevida
0 100 200 300 400Tem po em dias
Observ ed: I G = 27 sem ou m enos Observ ed: I G = 28 a 31 sem
Observ ed: I G = 32 sem ou m ais Predict ed : IG = 27 sem ou m enos
Predicted: I G = 28 a 31 sem Predict ed: I G = 32 sem ou m ais
Com paração da es tim at iv a de s obrev ida de Kaplan-Meier e o m odelo C o x para a v ariáv el Idade gestac ional
Gráfico do teste de comparação da estimativa de sob revida de Kaplan-Meier e o modelo de Cox para a variável Peso de nasciment o
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
Pro
babi
lidad
e de sob
rtevida
0 100 200 300 400Tem po em dias
Observ ed: Peso = 1000 a 1500g Observ ed: Peso = 750 a 999g
Observ ed : Peso = 500 a 749g Predicted: Peso = 1000 a 1500g
Predict ed : Peso = 750 a 999g Predict ed : Peso = 500 a 749g
Com paração da es tim at iv a de s obrev ida de Kaplan-Meier e o m odelo C ox para a v ariáv el Peso de nasc im ento
97 Gráfico do teste de comparação da estimativa de sob revida de Kaplan-Meier e o modelo de Cox para a variável Prenatal
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
Pro
babi
lidade
de
sobrte
vida
0 100 200 300 400Tem po em dias
Observ ed: Prenata l = m enos de 3 consultas Observ ed: Prenata l = 3 ou m ais consultas
Predicted: Prena ta l = m enos de 3 consultas Predicted: Prena ta l = 3 ou m ais consultas
Com paração da es tim at iv a de s obrev ida de Kaplan-Meier e o m odelo C ox para a v ariáv el Prenata l
98 Anexo F - Testes do pressuposto de hazards proporc ionais Test of proportional hazards assumption Time:Kaplan-Meier --------------------------------------------------------- | rho chi2 df Prob>chi2 ------------+-------------------------------------------- _Iescmodel_2| 0.02248 0.08 1 0.7723 _Iescmodel_3| 0.11260 2.23 1 0.1356 _Iprenatok_3| 0.04942 0.39 1 0.5303 _Issexodn_2 | 0.04890 0.40 1 0.5292 _Icatpeso2_2| 0.05705 0.58 1 0.4467 _Icatpeso2_3| 0.04000 0.26 1 0.6083 _Imodelidg~3|-0.06006 0.62 1 0.4299 _Imodelidg~4| 0.12069 2.02 1 0.1557 ------------+-------------------------------------------- global test | 7.54 8 0.4794 -------------------------------------------------------- Test of proportional hazards assumption Time:Rank(t) ---------------------------------------------------------- | rho chi2 df Prob>chi2 ------------+--------------------------------------------- _Iescmodel_2| 0.01658 0.05 1 0.8310 _Iescmodel_3| 0.10790 2.05 1 0.1527 _Iprenatok_3| 0.04478 0.32 1 0.5696 _Issexodn_2 | 0.04644 0.36 1 0.5502 _Icatpeso2_2| 0.06596 0.77 1 0.3790 _Icatpeso2_3| 0.05582 0.51 1 0.4745 _Imodelidg~3|-0.07020 0.85 1 0.3561 _Imodelidg~4| 0.12540 2.18 1 0.1402 ------------+--------------------------------------------- global test | 8.29 8 0.4060 ---------------------------------------------------------- Test of proportional hazards assumption Time:Log(t) ---------------------------------------------------------- | rho chi2 df Prob>chi2 ------------+--------------------------------------------- _Iescmodel_2| 0.00514 0.00 1 0.9472 _Iescmodel_3| 0.10241 1.84 1 0.1747 _Iprenatok_3| 0.03150 0.16 1 0.6892 _Issexodn_2 | 0.03716 0.23 1 0.6326 _Icatpeso2_2| 0.08288 1.22 1 0.2690 _Icatpeso2_3| 0.08978 1.32 1 0.2500 _Imodelidg~3|-0.08921 1.38 1 0.2409 _Imodelidg~4| 0.13247 2.43 1 0.1192 ------------+-------------------------------------------- global test | 10.19 8 0.2520 ---------------------------------------------------------
Anexo I 101
Termo de Compromisso para Utilização de Bases de Dados Confidenciais1
Eu, _____________________________________ abaixo assinado (a), portador (a) do
documento de identidade ________________________________, tendo em vista a minha
participação nas atividades de vinculação de bases de dados confidenciais realizadas no
Laboratório de Métodos Epidemiológicos e Estatísticos e Computacionais em Saúde do
Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, assumo a
responsabilidade de: (1) guardar sigilo e zelar pela privacidade dos indivíduos
relacionados/listados nesta(s) base(s) de dados; (2) guardar sigilo sobre eventuais senhas
fornecidas para acesso a esta(s) base(s) de dados; (3) não fazer cópias das bases de dados das
quais o laboratório é fiel depositário; (4) não repassar, comercializar ou transferir a terceiros
as informações individualizadas, contidas nessas bases, de qualquer forma que viole seu
sigilo; (5) não disponibilizar emprestar ou permitir acesso de pessoas ou instituições não
autorizadas a esta(s) base(s) de dados; (6) não divulgar, por qualquer meio, inclusive nos
relatórios de conclusão da pesquisa, dados ou informações contendo os nomes ou quaisquer
outras variáveis que permitam a identificação de indivíduos ou que afetem a sua
confidencialidade; (7) não praticar ou permitir qualquer ação que comprometa a integridade
da(s) base(s) de dados das quais o laboratório é fiel depositário; (8) utilizar as informações
contidas nestas bases de dados exclusivamente para as finalidades descritas nos projetos do
laboratório aprovados por comitê de ética em pesquisa.
Rio de Janeiro, ______ de ________________ de ______.
1 São consideradas bases confidenciais aquelas que contenham dados pessoais que permitam a identificação da pessoa e possam ser associados a outros dados referentes ao endereço, idade, raça, opiniões políticas, religiosas, crenças, ideologia, saúde física, saúde mental, vida sexual, registros policiais, assuntos familiares e profissão.