Divulga Ciência - Fevereiro/2013
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“A comitiva pode conhecer a estrutura da incubadora do inpa e as empresas incubadas” explica a coordenadora Rosângela Bentes
Jornal do Inpa
Manaus, Fevereiro 2013 - Ano V - Ed.29- ISSN 2175-0866www.inpa.gov.br
Peixe-boi resgatado e trazido ao Inpa apresenta danos por maus tratos
Em parceria com o Inpa, Ampa realiza soltura de peixes-bois em Manacapuru
Inpa recebe proposta de cooperação para projeto sustentável
Pesquisa do Inpa transforma madeiras de árvores caídas naturalmente em produto de alto valor no mercado
Inpa discute projeto que avaliará quantidade de mercúrio em rios da Amazônia
O projeto utilizará uma nova tecnologia
para medir a quantidade de mercúrio
nos peixes e no leite materno
Inpa inicia acordo de intercâmbio com polo tecnológico da Itália
Pág. 02
Pág. 02
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Prefeito de Manaus visita Inpa para conhecer pesquisas com produtos de madeira
Pág. 05
O processo de desenvolvimento da “mesa barril” está entre os sete processos de patentes depositados pelo Inpa em 2012. A pesquisa incentiva o uso racional da madeira na Amazônia
Foto: Tabajara Moreno
Cubiu: aspectos agronômicos e nutricionais -reúne informações nutricionais do fruto
Pág. 02
“Vejo o Inpa como a chave para abrir várias possibilidades para o Estado do Amazonas”, declarou o prefeito de Manaus (AM), Arthur Neto
GEEA, do Inpa, debate ecopolítica e modelos de gestão pública
Pág. 07
Foto: Eduardo GomesEduardo Gomes
Foto: Acervo pesquisador
Boa Leitura
Pág. 06
Desvendando as fronteiras do conhecimento na região amazônica do alto rio negro
Boa Leitura
Pág. 02
O Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu no dia
21, uma proposta de cooperação técni-
co-científica para a ampliação de um
projeto que usa madeira certificada
para a produção de violões no municí-
pio de Maraã (AM). O projeto, apresen-
tado por uma comitiva de secretários
do município aos pesquisadores do
Instituto, consiste no uso racional da
madeira como forma de geração de
renda, além promover a formação de
jovens na confecção de instrumentos
musicais (Luthieria).
De acordo com o diretor substituto do
Inpa, Estevão Monteiro, “A iniciativa do
município em apresentar a proposta se
dá pelas pesquisas na mesma área
que o Instituto já desenvolve. A procura
é o fruto da pesquisa científica aplica-
da, o que é extremamente gratificante”.
Página 02 - Fevereiro 2013
Assessor de Comunicação: Daniel Jordano (SRTE - 518/AM) - Editora Chefe: Fernanda Farias - Repórteres: Josiane Santos e Raiza Lucena Editoração Eletrônica: Denys Serrão - Revisão: Fernanda Farias - Fotos: Eduardo Gomes, Evelyn Santos, Tabajara Moreno e Acervo Pesquisadores Tiragem: 1000 - Edição 29 - fevereiro - ISSN 2175-0866. Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.
+55 92 3643-3100 / 3104 [email protected] ascom_inpa
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/MCTI
Expediente Fale com a redação
Ministério daCiência e Tecnologia e Inovação
Tome Ciência
Inpa recebe proposta de cooperação para projeto sustentável em Maraã
No dia 5, o Instituto Nacional de Pes-
quisas da Amazônia (Inpa/MCTI) rece-
beu um filhote de peixe-boi encontrado
em Coari, município do Amazonas. O
filhote foi trazido à Manaus pela Secre-
taria de Meio Ambiente de Coari, em
um táxi aéreo .
De acordo com o veterinário do Inpa,
Anselmo D'Affonseca, o filhote chegou
muito debilitado, pois estava receben-
do maus tratos de um habitante do
município.“Ele veio com um ferimento
grave na nadadeira. Suspeito de uma
fratura que já está em processo de
consolidação, mas houve comprometi-
mento da articulação, então o animal
vai ficar com a nadadeira paralisada”,
explica D'Affonseca.
Exceto pela nadadeira, que poderá
ficar debilitada, o peixe-boi deverá
recuperar a saúde.
Peixe-boi resgatado e trazido ao Inpa apresenta danos por maus tratos
Em parceria com o Inpa, Ampa realiza soltura de peixes-bois
Foto: Evelyn Santos
Em parceria com o Laboratório de
Mamíferos Aquáticos (LMA) do Institu-
to Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT), a Associação Amigos do
Peixe-Boi (Ampa) realizou, no dia 7, a
soltura de mais dois peixes-bois da
Amazônia em área de semi-cativeiro
localizada no município de Manacapu-
ru (AM). Dentre os peixes-bois levados
para área de semi-cativeiro está Tupi,
macho de 35 anos e 2,5 metros, um dos
primeiros animais resgatados pelo
Projeto Peixe-boi, em 1978, no rio Ariaú
em Iranduba (AM).
De acordo com o veterinário do Inpa,
Anselmo D'Affonseca, o outro animal
levado, foi uma fêmea que foi trazida
para cuidados médicos há duas sema-
nas e
o mesmo semi-cativeiro
em Manacapuru.
respondeu bem ao tratamento.
Ela retornou a
Desvendando as fronteiras do conhecimento na região amazônica do alto rio negro
Foto: Eduardo Gomes Foto: Eduardo Gomes
Já pensou que legal descobrir uma Amazônia nunca vista por ninguém? Pois
no livro “Desvendando as fronteiras do conhecimento na região amazônica do alto
Rio Negro”, você poderá fazer isso no conforto da sua casa. A obra ilustrada com
fotos e gráficos, foi feita para aqueles que têm interesse sobre fauna, flora e fenô-
menos que acontecem na nossa Amazônia, em especial à região do Alto Rio
Negro. Serve, inclusive, aos agentes públicos que precisam tomar decisões fun-
damentadas em informações científicas.
Dentre as descobertas realizadas por uma grande equipe de pesquisadores do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a obra traz o registro de águas ver-
melhas, além do emprego de técnicas de biologia molecular para identificar novas
espécies de peixes elétricos. Dentre os capítulos, ainda é possível encontrar pes-
quisas diversificadas, como: estudos com cubiu, incluindo receitas diversas para
consumo; estratégias para a conservação das tartarugas; pesquisas pioneiras
sobre a diversidade de insetos aquáticos naquela região; registro de espécies de
abelhas que polinizam orquídeas; entre outras.
nologia como na troca de informações
entre as instituições”, disse.
A pesquisa
Os estudos baseiam-se na criação
de mecanismos de vigilância toxicoló-
gicos associados ao mercúrio para
garantir a saúde da população ribeiri-
nha. “A ideia é encontrar biomarcado-
res que possam refletir alterações no
ambiente em curto espaço de tempo e
a partir daí criar índices de vigilância
que poderão ser adotados em novos
empreendimentos hidrelétricos no
setor na região amazônica”, explica o
pesquisador da UnB, Luiz Fabrício
Zara.
Ainda de acordo com Zara, a pesqui-
sa utilizará um novo biomarcador para
medir os níveis de mercúrio em diferen-
tes amostras: “Para o desenvolvimento
desse novo biomarcador iremos utilizar
Fevereiro 2013- Página 03Pesquisa
Inpa discute projeto que avaliará quantidade de mercúrio em rios da Amazônia
O projeto utilizar uma nova tecnologia para medir a quantidade de mercúrio nos peixes e no leite materno, como forma de avaliar o potencial de toxicidade
á
|Raiza LucenaDa equipe do Divulga Ciência
O Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCTI) discute coope-
ração para participar de um projeto
sobre o desenvolvimento de biomarca-
dores de toxidade do mercúrio
em cinco rios da bacia Amazôni-
ca. Os detalhes da cooperação
foram debatidos em reunião que
aconteceu no dia 20.
O projeto, que conta com a
participação das Universidades
de Brasília (UnB), Universidade
de São Paulo (USP), Universida-
de Estadual de Campinas (Uni-
camp), Universidade Estadual
Paulista (Unesp) e a Pontifícia
Universidade Católica de Goiás
(PUC/Goiás), foi financiado pela Ener-
gia Sustentável do Brasil por meio do
Programa de Pesquisa e Desenvolvi-
mento da Agência Nacional de Energia
Elétrica (P&D/ANEEL).
De acordo com Ézio Sargentini, pes-
quisador representante do Inpa na
cooperação, a área de atuação será
nas bacias dos rios Negro e Madeira,
Tocantins, Branco e Tapajós. Segundo
o pesquisador, a cooperação científica
já foi firmada. “Chegamos a um acordo,
faltam apenas questões jurídicas.
Nessa parceria vamos atuar de várias
formas, tanto no conhecimento e tec-
uma tecnologia chamada de Metalômi-
ca, que é onde você separa as suas
proteínas e busca depois possíveis
metaloproteínas (proteínas que con-
tém um ou mais íons metálicos em sua
estrutura). É uma interface entra biolo-
gia e a química analítica. Com isso
iremos trabalhar com amostras de
peixe e leite materno”.
A escolha do peixe, segundo o
pesquisador, está diretamente
relacionada à cadeia alimentar.
Antes do peixe ser consumido,
ele já acumulou um alto teor de
mercúrio em sua estrutura,
podendo assim apresentar uma
ameaça para a população que o
consome.“A outra fonte, direcio-
nado para o leite materno, é devi-
do à necessidade de aprofundarmos
esse conhecimento do mecanismo de
transferência desse metal, que é neu-
rotóxico, via o leite
Após o consumo do peixe pelo
homem, o mercúrio presente na espé-
cie pode atacar o sistema nervoso cen-
tral. Os sintomas podem ser reconheci-
dos com tremores, perda de visão peri-
férica, de paladar e em alguns casos,
levar a morte. “Por isso é importante
entender a dinâmica do mercúrio asso-
ciada à expansão do setor hidrelétrico”.
”, explicou.
‘‘ ‘‘A ideia é encontrar biomarcadores que
possam refletir alterações no ambiente em curto
espaço de tempo
Foto: Tabajara Moreno
Página 04 - Fevereiro 2013
GEEA, do Inpa, debate ecopolítica e modelos de gestão pública para a região amazônica
Após reabilitação, Ampa e Inpa devolvem fêmea de peixe-boi ao semi-cativeiro
A fêmea foi levada ao Inpa para reabilitação devido um abscesso na região lombar
| Fernanda FariasDa equipe do Divulga Ciência
O grupo debate temas relevantes e vinculados à realidade amazônica
|Josiane SantosDa equipe do Divulga Ciência
Divulga Ciência
Foto: Eduardo Gomes
Belarmina, a fêmea de peixe-boi de
aproximadamente 3 anos, foi devolvida
no dia 7 ao semi-cativeiro, da Fazenda
Seringal 25 de dezembro, localizada no
município de Manacapuru, interior do
Amazonas, após sua recuperação bem
sucedida, realizada pela equipe da
Associação Amigos do Peixe-boi
(Ampa) em parceria com o Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI).
Após a biometria realizada no dia 5
deste mês, no tanque do Parque Aquá-
tico Robin C. Best, pelo veterinário do
Instituto Anselmo d´Affonseca, foi pos-
sível verificar o estado de saúde de
Belarmina. “Depois da última biometria
vimos que a fêmea apresentou uma
melhora significativa, e está apta a vol-
tar ao semi-cativeiro”, explicou o pes-
quisador.
Outro peixe-boi que foi levado para
viver no semi-cativeiro foi o Tupi, um
macho de 35 anos e de 2,5m. O animal
vive no Inpa desde que foi resgatado,
recém nascido, do rio Ariaú em Iranbu-
ba, interior do Amazonas.
“O Tupi foi um dos primeiros animais
que chegaram no Inpa, ele tinha pou-
cos dias de vida quando foi resgatado
pelo projeto e agora vai ficar aqui no
semi-cativeiro junto com mais 10 pei-
xes-bois”, disse d´Affonseca.
Reabilitação e Reintrodução
Devido ao sucesso do programa de
reabilitação de peixes-bois resgatados,
realizado pela Ampa e pelo Laboratório
de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Inpa,
gerou um excedente de animais com
potencial para retornarem a natureza.
“O programa de reabilitação recupera
esses animais, permitindo uma oportu-
nidade de voltar a viver livremente no
seu habitat natural, por meio do progra-
ma de reintrodução criado em 2008,
que
”,
explicou o veterinário.
é justamente para os animais que
já estão sadios e melhor adaptados
com quem vive no interior. “O conheci-
mento produzido na academia é
pouco influenciado pelas demandas
reais da sociedade. A nossa demanda
de pesquisa vem sendo basicamente
espontânea e induzida pelos pesqui-
sadores e não pela sociedade. Depois
o pesquisador busca a sociedade para
apresentar o resultado da pesquisa”,
ressaltou.
Entre outros pontos citados estão:
produção e fusão tecnológica (priori-
zar o potencial de produtividade pri-
mária da região); novo modelo de
educação, que se adéque as necessi-
dades regionais; política de economia
verde; apoio infraestrutural logístico
diferente do atual; fomento ao desen-
volvimento econômico e social endó-
geno e sustentado; e outras políticas
públicas complementares como sane-
amento, seguridade social etc.
“Nós observamos que no Inpa há
interesse crescente entre os pesqui-
sadores. Eles estão mais acessíveis a
população, muito mais interessados e
comprometidos com os destinos dos
estudos do que há 30 ou 40 anos. Mas
nós ainda percebemos uma dicotomia
muito grande entre essa boa vontade
e o comprometimento e a realidade
local e efetiva da região”, destacou.
Na primeira reunião de 2013 do
Grupo de Estudos Estratégicos Ama-
zônicos (GEEA) no Instituto Nacional
d e P e s q u i s a s d a A m a z ô n i a
(Inpa/MCTI), foi debatida a busca por
formas de associar pesquisas ao
desenvolvimento econômico da
região amazônica fundamentado em
um modelo de gestão pública com
uma visão ecopolítica baseada na
palestra do presidente da Comissão
de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Regional Sustentável (CAAMA) da
Assembleia Legislativa do Estado
(ALE) , deputado estadual Luiz Castro
(PPS).
Com o tema “Ecopolítica na Amazô-
nia”, Luiz Castro abordou proposições
necessárias para o desenvolvimento
na região amazônica como: biotecno-
logia, infraestrutura e logística, marco
legal, gestão pública estadual e fede-
ral, plano de desenvolvimento integra-
do, ambiente econômico e político
(representação), conhecimento cientí-
fico e tecnológico.
Segundo observação do deputado,
para criar um modelo de gestão públi-
ca com visão de ecopolítica no Amazo-
nas e na Amazônia brasileira é neces-
sário atentar alguns pontos como enfo-
car na ciência e tecnologia integradas
Fevereiro 2013 - Página 05Tecnologia e Inovação
“Essa etapa é muito importante, pois a comitiva do polo pode conhece a estrutura da incubadora do inpa e as empresas incu-
badas” explica a coordenadora de Extensão Tecnologica e Inovação, Rosângela Bentes
Inpa inicia acordo de intercâmbio com polo tecnológico da Itália
O Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCTI) e a comitiva
italiana do polo tecnológico de Navac-
chio iniciaram no dia 21, o processo
de cooperação entre o polo e o Institu-
to. Os detalhes foram discutidos em
uma reunião na sede do Inpa em
Manaus e tem o intuito promover
um intercâmbio entre as empre-
sas incubadas do Inpa com as
empresas de Navacchio.
Participaram da reunião o dire-
tor substituto do Inpa, Estevão
Monteiro de Paula, a coordenado-
ra de Extensão Tecnológica e
Inovação do Inpa (CETI), Rosân-
gela Bentes, os representantes da
comitiva italiana, o diretor do polo,
Alessandro Giari; diretora da incu-
badora, Elisabetta Epifori; o responsá-
vel pelo intercâmbio e desenvolvimen-
to de Tecnologia e Negócios, Paolo
Aderigi.
De acordo com Estevão, é o primeiro
contato com um país estrangeiro na
área de inovação, por isso a troca de
experiência será importante. “Esse
acordo do Inpa com o polo de Navac-
chio permitirá uma imensa troca de
experiências, pois as empresas incu-
badas do Instituto poderão ir pra
Navacchio e aprender muito com eles,
da mesma forma que as empresas de
lá poderão vir aprender aqui conosco.
Isso abrirá várias oportunidades de
mercado para ambos”, comentou.
Em discussão com os represen-
tantes das empresas incubadas do
Inpa, a diretora da incubadora do polo
de Navacchio, ressaltou que os institu-
tos de pesquisas precisam ter uma
mudança de comportamento para se
adequar as demandas do comércio. “É
necessário que haja uma mudança de
cultura entre os pesquisadores, para
que eles entendam que é preciso reali-
zar pesquisas mais voltadas para mer-
cado, tem que ficar atentos às necessi-
dades da população no momento”,
explanou Epifori.
Projeto
O Projeto, iniciado em 2010, entre
Suframa e Sebrae, foi desenvolvido
para fortalecer e desenvolver o setor
econômico e produtivo dessas empre-
sas de Manaus, em particular
das que tem forte componente
tecnológico e de inovação.
Em 2009 o pólo industrial de
Navacchio veio a Manaus para
conhecer a estrutura das institui-
ções e das incubadoras. “Tive-
ram várias fases nesse proces-
so, um deles foi a participação
dos gestores das incubadoras
no curso de capacitação, com
visitas técnicas, no polo industri-
al de Navacchio, na Itália. Uma turma
foi em 2010 e outra turma em dezem-
bro de 2012.
”,
explanou Bentes.
E essa etapa é muito
importante, pois a comitiva do polo
pode conhece a estrutura da incubado-
ra do inpa e as empresas incubadas
‘‘ ‘‘ Esse acordo do Inpa
com o polo de Navacchio permitirá uma imensa troca de experiências
| Fernanda FariasDa equipe do Divulga Ciência
Foto: Eduardo Gomes
Página 06 -Fevereiro 2013 Meio Ambiente
O uso de madeiras provenientes de
árvores caídas naturalmente seja por
degradação ou fatores naturais,
ainda é pouco comum no estado do
Amazonas. Tendo em vista sua não
utilização, o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI) e o Instituto Naci-
onal de Ciência e Tecnologia
(INCT) Madeiras da Amazônia
- coordenado pelos pesquisa-
dores, Niro Higuchi e Estevão
Cavalcante Monteiro de Paula
- por meio de estudos de made-
iras caídas, promoveram o
desenvolvimento de um protó-
tipo de uma mesa visando a
futura utilização da matéria-
prima em questão, nomeada de
“mesa barril”, de fácil montagem e
transporte.
O protótipo é resultado da disserta-
ção de mestrado da designer de pro-
dutos Mirella Sousa e Silva, orientada
por Claudete Catanhede, pesquisa-
dora do Inpa, cuja proposta do estudo
é desenvolver produtos feitos a partir
de madeira caída, agregando valor
comercial e aliando o design com a
tecnologia da madeira, valorizando ao
máximo os recursos provenientes da
floresta, principalmente por trata-se de
madeiras amazônicas.
O protótipo foi desenvolvido por meio
de painéis que podem agregar em sua
composição diversas espécies de
madeiras. Importante ressaltar que a
matéria-prima vem sendo estu-
dada ao longo de sua pesquisa,
a fim de validar a viabilidade tecnológi-
ca desta madeira, possibilitado sua
aplicação em produtos de alto valor
agregado.
A “mesa barril” é composta por peças
modulares,e de fácil montagem e trans-
porte, e será confeccionada a partir de
painéis construídos por meio de técni-
cas de colagem. Segundo Mirella, o
uso dos painéis no desenvolvimento da
mesa servirá como alternativa para
melhor utilização e valorização dos
resíduos florestais, uma vez que as
toras serão desdobradas em função do
maior rendimento do material lenhoso,
permitindo o desenvolvimento de pai-
néis tanto em madeira maciça de
única espécie, quanto em madeiras
de espécies e dimensões diferentes.
“O intuito de se trabalhar com o
painel é justamente a possibilidade de
agregação de valor e maximização
dos recursos. Porque hoje encontra-
mos muitos móveis formatados com
painéis que não são de madeira maci-
ça, geralmente são aglomerados – o
MDF ou MDP”, explica Mirella Silva.
Matéria-prima
Na etapa de seleção da matéria-
prima, Mirella afirma que a escolha das
peças para a formação dos painéis,
não será realizada em função da espé-
cie, mas pela qualidade e dimensão
das peças que serão classificadas e
agrupadas após a secagem, agregan-
do ao produto a tecnologia de formação
de painéis.
| Josiane SantosDa equipe do Divulga Ciência
Pesquisa do Inpa transforma madeiras de árvores caídas naturalmente em produto de alto valor no mercado
O processo de desenvolvimento da “mesa barril” está entre os sete processos de patentes depositados pelo Inpa em 2012. A pesquisa incentiva o uso racional da madeira na Amazônia
‘‘‘‘ O intuito de se trabalhar com o painel é justamente
a possibilidade de agregação de valor e
maximização dos recursos
Foto: Acervo pesquisador
de Manaus, parcerias vantajosas para
todos nós, principalmente para nossa
população”, declarou.
Durante a visita o diretor substituto
do Inpa, Estevão Monteiro, apresentou
um projeto com base científica para as
demandas da cidade. “Vamos também
apresentar à prefeitura um leque de
possibilidades para novas parceri-
as, como o programa de bolsas de
recursos humanos em ciência, tec-
nologia e sustentabilidade urbana”,
destaca.
Na reunião foi apresentada, tam-
bém, uma proposta de parceria ao que
concerne a prevenção de malária e
dengue, prestado pelo pesquisador
Wanderli Tadei.
A secretária Municipal de Meio Ambi-
ente e Sustentabilidade (Semmas),
Kátia Schweickardt, informou: “Outra
‘‘ ‘‘Pretendemos dar visibilidade a essas pesquisas para
o setor produtivo, para que possam conhecer o que
o Inpa está desenvolvendo
Fevereiro 2013 - Página 07Educação e Sociedade
Prefeito de Manaus visita Inpa para conhecer pesquisas com produtos de madeira
“Vejo o Inpa como a chave para abrir várias possibilidades para o Estado do Amazonas”, declarou o prefeito de Manaus (AM), Arthur Neto
Pesquisadores e representantes da
diretoria do Instituto Nacional de Pes-
quisas da Amazônia (Inpa/MCTI) rece-
beram no dia 27 a visita do prefeito de
Manaus (AM), Arthur Virgílio Neto
(PSDB), no intuito de conhecer o traba-
lho realizado com o uso de madeiras
caídas, como a “mesa barril”, produto
desenvolvido a partir de madeiras
caídas na floresta e que está entre
os sete processos de patentes
depositados pelo Inpa em 2012.
Realizado pelo Inpa e pelo Insti-
tuto Nacional de Ciência e Tecno-
logia (INCT) Madeiras da Amazô-
nia, coordenado pelos pesquisa-
dores Niro Higuchi e Estevão Mon-
teiro de Paula, o projeto promoveu
o desenvolvimento do protótipo de
uma mesa, que utiliza resíduos de
madeiras provenientes de árvores
caídas naturalmente, seja por degra-
dação ou fatores naturais, como maté-
ria-prima, o que ainda é pouco comum
no Amazonas.
Arthur Neto, falou da importância
que é divulgar o conhecimento adquiri-
do nos laboratórios para a população
manauara. “Vim dispor, como prefeito
possibilidade que surgiu na reunião,
que estaremos mediando entre a
Secretaria Municipal de Saúde (Sem-
sa) e o laboratório de malária e dengue
aqui do Inpa, é a questão de prevenção
de malária e dengue, sobretudo nas
obras e preparando, também, a cidade
para a copa do mundo”.
Mesa Barril
Composta por peças modulares, para-
fusadas, de fácil montagem e
transporte, será confeccionada
a partir de painéis construídos
por técnicas de colagem. Segun-
do Mirella, o uso dos painéis no
desenvolvimento da mesa servi-
rá como alternativa para utiliza-
ção e valorização dos resíduos
florestais, uma vez que as toras
serão desdobradas em função
do maior rendimento do material
lenhoso, permitindo o desenvolvimen-
to de painéis em madeira maciça de
única espécie, e em madeiras de espé-
cies e dimensões diferentes.“O intuito
de se trabalhar com o painel é justa-
mente a possibilidade de agregação de
valor e maximização dos recursos.
| Fernanda FariasDa equipe do Divulga Ciência
Foto: Eduardo Gomes
Página 08 - Fevereiro 2013
Pesquisa do Inpa analisa comportamento do pássaro dançador-estrela com o ambiente
Estudos sobre o pássaro, que vive na região de Manaus, descartam o favorecimento sensorial na fidelidade da ocupação de territórios
Destacados por suas danças
elaboradas, os pássaros da família
Pipridae, especificamente o Dançador-
estrela (Lepidothrix serena), comuns
na região de Manaus , foram o objeto de
estudo de Wanner Medeiros, sob a
orientação de Marina Anciães, do
Programa de Pós-Graduação em
Ecologia (PPG Eco) do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI), que estudou o
comportamento da espécie com o
ambiente sob o tema “Efeito do
contraste da plumagem com
ambiente de fundo: caso do
Dançador-estrela na Amazônia
Central”.
Medindo de sete a oito centímetros,
também se caracterizam pela sua forte
ocupação de territórios, chamados de
“leks”. São frequentes na região de
Manaus até o escudo das Guianas e
limitados a sul pelo rio Amazonas.
A pesquisa
Visto que os machos piprídeos são
muito fiéis aos leks, o estudo focou na
hipótese do favorecimento sensorial da
qual prevê que os machos selecionam
locais em resposta à comunicação eficien-
te, aos locais onde há contraste de cores,
e possam se apresentar para as fêmeas.
“Há indícios de que a hipótese de
favorecimento sensorial pode ser
válida para o Dançador-estrela, por
isso testamos na Amazônia Central,
aplicando novas técnicas de estimati-
vas de cores”, explica.
A base da hipótese é de que o contraste
entre machos e o ambiente varia entre
locais e momentos, e que os machos sele-
cionam seu ambiente de corte e seus
momentos de apresentação em resposta
ao contraste.
Técnicas de pesquisa
Medeiros se limitou a estudar 20 territó-
Pesquisa
| Raiza LucenaDa equipe do Divulga Ciência
‘‘ ‘‘Como resultados notamos que os indivíduos
não selecionam locais em resposta ao contraste de luz
rios da espécie, na Reserva Flores-
tal Adolpho Ducke e nas áreas do
Projeto Dinâmica Biológica de Frag-
mentos Florestais (PDBFF). Para o
desenvolvimento do estudo, foi
necessário o uso do espectrofotô-
metro (equipamento que mede
cores).“Estimei dois índices de
contraste distintos, o primeiro
entre plumagem e luz e o
segundo entre plumagem e
folhas. Como resultados nota-
mos que os indivíduos não sele-
cionam locais em resposta ao
contraste de luz”, afirma o estu-
dante.
Resultados divergentes
Medeiros afirma que não há indi-
cativas de favorecimento sensorial
para a espécie com exceção no que
tange a seleção de estação repro-
dutiva. "O ambiente é menos impor-
tante que a própria plumagem para
os valores do contraste, indicando
que o comportamento e a pluma-
gem da espécie evoluíram por
outras pressões", conclui.
Foto: Acervo pesquisador