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Londrina 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS JOSIANE LUZIA EVANGELISTA DO CINEMA PARA A SALA DE AULA: a transposição de um conto clássico

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Londrina 2016

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

JOSIANE LUZIA EVANGELISTA

DO CINEMA PARA A SALA DE AULA:

a transposição de um conto clássico

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JOSIANE LUZIA EVANGELISTA

Cidade ano

Londrina

2016

DO CINEMA PARA A SALA DE AULA: a transposição de um conto clássico

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias. Orientadora: Profª Drª Rosemari Bendlin Calzavara

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,

POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS

DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação

Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Evangelista, Josiane Luzia

E876d Do cinema para a sala de aula: a transposição de um conto clássico /

Josiane Luzia Evangelista. Londrina: [s.n], 2016

86f.

Dissertação ( Mestrado Acadêmico em Metodologias para o Ensino de

Linguagens e suas Tecnologias). Univer- sidade Norte do Paraná.

Orientador: Profª. Drª. Rosemari Bendlin Calzavara

1 - Ensino - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Literatura infantil

3- Cinema 4- Ensino 5-Conto clássico - I Calzavara, Rosemari Bendlin;

orient. II- Universidade Norte do Paraná.

CDU 72.808.75

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JOSIANE LUZIA EVANGELISTA

DO CINEMA PARA A SALA DE AULA:

a transposição de um conto clássico

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Metodologias para o

Ensino de Linguagens e suas Tecnologias, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre conferido pela Banca Examinadora formada pelos

professores:

_________________________________________ Profª. Drª. Rosemari Bendlin Calzavara

UNOPAR

_________________________________________ Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky Strang

UNOPAR

_________________________________________ Prof. Drª. Regina Maria Gregório

UEL

Londrina, 28 de janeiro de 2016.

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Educar quer dizer formar cidadãos e cidadãs, que não estão parcelados em compartimentos estanques, em capacidades isoladas. (Zabala,1998, p. 28)

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AGRADECIMENTOS

À Profª Drª Rosemari Bendlin Calzavara, pela sua escolha, pelo carinho, pela atenção e pela orientação tão preciosa e ao mesmo tempo tão imprescindível desde o início até a finalização desta trajetória, sempre tão presente e tão amiga. À Profª Drª Samira Fayez Kfouri da Silva, coordenadora do curso, pelo apoio e atenção nos momentos precisos. A todo corpo docente do Programa de Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias, que fez parte de todo caminho percorrido. Aos colegas do curso e, em especial, a Jaqueline Guerreiro, Juliana Alves de Sousa e André Dias Martins, amigos para sempre. À direção, equipe pedagógica, professores e alunos do colégio estadual do Jardim San Rafael – Ensino Fundamental e Médio. À minha mãe (in memorian) Erani Marqueti Evangelista que sempre me incentivou a continuar meus estudos. À minha família pelo incentivo e apoio necessário e em especial à minha irmã Josimary Aparecida Evangelista. A Deus pela vida e pela força infinita para continuar seguindo em frente.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Você costuma frequentar a biblioteca?........................................ 51

Gráfico 2 Com que frequência você costuma ler livros?............................. 52

Gráfico 3 Que tipo de livros você costuma ler?........................................... 53

Gráfico 4 Você gosta de assistir a filmes?................................................... 54

Gráfico 5 Com que frequência você assiste a filmes?................................. 55

Gráfico 6 Qual tipo de filme você mais gosta de assistir?........................... 56

Gráfico 7 Você conhece algum conto de fadas?........................................ 57

Gráfico 8 Você conhece a história da A Bela Adormecida?....................... 58

Gráfico 9 Você assistiu ao filme Malévola?................................................ 59

Gráfico 10 Você conhece a história do filme Malévola?.............................. 60

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – A Bela Adormecida no bosque.............................................. 30

QUADRO 2 – Sinopse A Bela Adormecida.................................................. 31

QUADRO 3 – Sinopse Malévola.................................................................. 32

QUADRO 4 – Sequência didática................................................................ 46

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LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

DCE Diretrizes Curriculares Estadual

MEC Ministério da Educação e Cultura

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP Projeto Político Pedagógico

QPM Quadro Próprio do Magistério

SEED Secretaria de Educação

UEL Universidade Estadual de Londrina

UNOPAR Universidade Norte do Paraná

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EVANGELISTA, Josiane Luzia. DO CINEMA PARA A SALA DE AULA: a transposição de um conto clássico 2016. 86f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, Londrina, 2016.

RESUMO Esta pesquisa teve como principal objetivo desenvolver um trabalho na área de literatura, utilizando como ferramenta tecnológica a mídia cinema. Com a aplicação de atividades que foram desenvolvidas com alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio estadual do Jardim San Rafael no município de Ibiporã, no estado do Paraná. A proposta de trabalho em sala de aula seguiu de acordo com Antoni Zabala (1998) numa sequência didática, onde foram desenvolvidas algumas atividades com os alunos baseadas num conto clássico da literatura infantil A Bela Adormecida que foi recentemente transposto para o cinema com uma nova releitura intitulada Malévola, adaptação que tem como público alvo adolescentes, jovens e adultos, transportando a literatura infantil para a literatura infanto-juvenil através da arte cinematográfica. Num primeiro momento, será questionado aos alunos acerca de seus conhecimentos sobre o conto de fadas citado. Após a apresentação da literatura clássica através da leitura dos livros e das adaptações para o cinema dessa obra, será realizada uma releitura dessa história e uma discussão sobre os seus temas evidenciados durante as atividades propostas nas aulas de literatura na disciplina de língua portuguesa. Este trabalho será organizado da seguinte forma: inicialmente será feita uma pesquisa bibliográfica e posteriormente uma pesquisa de campo para afirmação ou negação das hipóteses levantadas. Palavras-chave: Literatura infantil. Cinema. Ensino. Conto clássico.

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EVANGELISTA, Josiane Luzia. CINEMA FOR THE CLASSROOM: the transposition of a classic tale 2016. 86f. Dissertation (Master of methodologies for teaching languages and their technologies) - North Paraná University - UNOPAR, Londrina, 2016.

ABSTRACT This project had as its main proposal to develop a job in the area of literature, using as a technological tool to film media. With the enforcement activities that were developed with first year students of high school of a state school garden San Rafael in the city of Ibiporã in the state of Paraná. The proposed work in the classroom followed according to Antoni Zabala (1998) in a didactic sequence, which were developed with the students some proposed activities with a classic of children's literature tale Sleeping Beauty which has recently been transposed into film with a new retelling titled Maleficent, adaptation's target audience is teenagers, young people and adults carrying children's literature to children's literature beyond cinema art. At first you will be asked students about their knowledge of the fairy tale quoted. After the presentation of classical literature by reading the books and film adaptations of this work, a retelling of the story and a discussion of its themes highlighted during the activities proposed in literature classes in Portuguese language course will be held. This work will be organized as follows: initially will be a literature search and then a field research for affirmation or denial of the hypotheses. Keywords : Children's Literature. Cinema. Education. Classic tale.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................12

2 A LITERATURA E O CINEMA..................................................................17

2.1 Literatura Infantil.....................................................................................19

2.2 Cinema....................................................................................................22

2.3 A Literatura Infantil e o Cinema...............................................................25

2.4 A Bela Adormecida e Malévola...............................................................28

3 METODOLOGIA DA PESQUISA..............................................................35

3.1 Contextualização da pesquisa................................................................36

3.2 Sequência Didática.................................................................................44

4 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................49

4.1 Pré-atividade: A Bela Adormecida e Malévola........................................50

4.2 Atividade: Malévola na sala de aula........................................................61

4.3 Pós-atividade: análise dos resultados.....................................................62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................66

REFERÊNCIAS.............................................................................................69

APÊNDICES..................................................................................................72

Apêndice I – Questionário utilizado para a coleta de dados e realização

das atividades................................................................................................73

Apêndice II – Atividades realizadas...............................................................76

ANEXOS........................................................................................................79

Anexo I – Autorização da direção do colégio................................................80

Anexo II – Atividades realizadas pelos alunos..............................................82

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1 INTRODUÇÃO

A necessidade de aprimorar as práticas pedagógicas e adaptar

as metodologias de ensino utilizando as novas tecnologias, que surgiram no

século XX e se consolidaram no século XXI, é um desafio constante aos

professores. Ao mesmo tempo em que a chamada era digital nos encanta, ela

nos aponta indagações de como utilizar estes recursos na sala de aula. Diante

desse fato a reflexão que trazemos neste estudo é uma proposta de conciliar a

sétima arte, o cinema, que se utiliza dos novos recursos midiáticos e

audiovisuais para a leitura e a interpretação de uma obra clássica da literatura

infanto-juvenil.

É importante considerar que, o cinema também pode ser

utilizado como um instrumento didático de grande importância nas atividades

pedagógicas para o ensino e a aprendizagem devido à grande influência que

ele exerce na cultura de massa. Isto possibilita utilizá-lo em sala de aula como

ferramenta de trabalho e recurso pedagógico para o professor.

Segundo Duarte, (2009, p. 16), ―ver filmes, é uma prática social

tão importante, do ponto de vista da formação cultural e educacional das

pessoas, quanto à leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas

mais.‖. De acordo com a autora, o cinema pode ser usado como um recurso

didático para estimular e despertar nos alunos o interesse pela leitura de

romances ou clássicos literários como contos de fadas que estão cada vez

mais presentes na linguagem cinematográfica.

O presente trabalho pretendeu desenvolver uma sequência

didática como metodologia para as aulas de língua portuguesa para o ensino

de literatura que envolve um conto de fadas clássico infantil, A Bela

Adormecida, e sua adaptação para o cinema através do filme Malévola.

Para tentar esclarecer algumas indagações que foram surgindo

ao longo de algumas observações feitas durante o desenvolvimento de práticas

pedagógicas da professora de língua portuguesa, como por exemplo, por que

um conto clássico agrada mais aos adolescentes quando é feita uma

transposição para o cinema contemporâneo e desse modo, como a

transposição da literatura clássica infantil para o cinema, que passa a ser

juvenil, é mais facilmente compreendida pelos jovens alunos do ensino médio.

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Assim, a pesquisa buscou investigar questionamentos mais

específicos acerca do tema desenvolvido, como: será que os alunos

reconhecem a literatura, enquanto conto clássico transposto para a mídia

cinema, ou seja, eles identificam a história original em que o filme foi baseado e

finalmente, compreendem a importância de relacionar o filme e a releitura de

uma obra literária na qual o mesmo foi inspirado. E, vinculado a isso, será que

conseguem perceber que quando uma obra da literatura clássica infantil é

transposta para o cinema há uma adaptação voltada para o público alvo que o

mesmo deseja atingir.

Quando a transposição de um conto clássico para o cinema é

realizada, fica evidenciada uma releitura do mesmo com uma linguagem

diferenciada, há uma interpretação diferente, a roupagem é outra, o objetivo é

outro também. Qual seria a função da literatura neste novo formato de texto,

nessa nova linguagem. Neste caso específico, a literatura serve para despertar

a magia na criança e no adolescente ou é meramente um jogo de publicidade e

interesses econômicos das grandes produtoras de longa metragem?

As questões, norteadoras desta pesquisa, foram propostas

com a intenção de avaliar qual é o verdadeiro papel de uma obra literária

quando ela é transposta para o cinema, qual a sua contribuição para melhorar

o processo de ensino e de aprendizagem do aluno em sala de aula, e por que o

cinema utiliza esse recurso constantemente que encanta e fascina crianças e

adultos?

Contudo, para que essas indagações pudessem ser

respondidas, foram discutidas questões relativas à transposição e à adaptação

de uma obra dos contos clássicos da literatura infantil, em especial, A Bela

Adormecida que recentemente foi transposta para a linguagem cinematográfica

através do filme Malévola e suas respectivas ligações com a criança, o

adolescente e a cultura da sociedade atual.

O principal objetivo desta proposta de trabalho foi de averiguar

e analisar os resultados obtidos através dos estudos referentes à literatura e ao

cinema numa aplicação de uma sequência didática em turmas do primeiro no

do ensino médio. Desse modo, verificar o grau de conhecimento que os alunos

do ensino médio têm sobre as adaptações de contos clássicos – longas

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metragens – e se os mesmos conhecem os contos clássicos que deram origem

a esses filmes. E, ainda, se esse recurso pode ajudar a estimular e a levar o

aluno à prática da leitura seja ela através de livros tradicionais ou digitalizados.

Todavia, será que a transposição de um conto clássico para a

mídia cinema agrada os jovens porque ela utiliza alguns recursos tecnológicos

como audiovisuais e cinematográficos que encantam e fascinam o público de

todas as idades? E, será que o cinema em sala, como recurso didático,

dinamiza e facilita o processo de ensino e aprendizagem da literatura para os

alunos do ensino médio?

Para que esta pesquisa de trabalho se confirmasse ou não foi

necessário desenvolver algumas ações na área de literatura, utilizando como

ferramenta tecnológica a mídia cinema, com a aplicação de algumas atividades

que foram desenvolvidas com os alunos do primeiro ano do ensino médio,

turmas A e B do colégio estadual do Jardim San Rafael no município de

Ibiporã, no estado do Paraná.

A proposta de trabalho em sala de aula seguiu de acordo com

Antoni Zabala (1998), conforme uma sequência didática descrita em seu livro A

prática educativa: como ensinar, que foi aplicada para os alunos das referidas

turmas. As atividades propostas foram elaboradas e pautadas no conto

clássico da literatura infantil A Bela Adormecida para dialogar com a

recentemente transposição para o cinema desta obra cinematográfica intitulada

Malévola que foi baseada neste conto de fadas, e que na nova versão da

história infantil apresenta uma linguagem mais adulta voltada para os jovens.

De acordo com Zabala, (1998, p. 27) ―por trás de qualquer

proposta metodológica se esconde uma concepção de valor que se atribui ao

ensino, assim como certas ideias mais ou menos formalizadas e explicitas em

relação aos processos de ensinar e aprender.‖ Conforme o autor, para que o

trabalho do professor possa atingir bons resultados é importante que o seu

procedimento metodológico esteja claro e bem planejado, seguindo uma

sequência didática adequada ao conteúdo trabalhado e desenvolvido.

As atividades propostas se constituíram na aplicação de uma

sequência didática durante algumas aulas de língua portuguesa, num total de

cerca de seis aulas, seguindo a metodologia na qual a pesquisa se baseia e

buscando respostas para os questionamentos que fundaram essa pesquisa de

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trabalho.

Conforme o autor uma sequência didática é um plano de aula

que apresenta um planejamento das ações e atividades propostas para o

desenvolvimento de um determinado conteúdo, metodologias de ensino ou

encaminhamentos metodológicos que auxiliam do trabalho do professor em

sala de aula.

De acordo com a sequência didática fundamentada por Antoni

Zabala de forma a contemplar o conteúdo proposto e o planejamento

construído para o primeiro ano do ensino médio, foi elaborada uma pré-

atividade (avaliação diagnóstica ou sondagem de conhecimentos prévios),

onde foram apresentados os questionamentos sobre o conteúdo, buscando

despertar o interesse pelo assunto, e em uma nova etapa foi exibida a

apresentação do filme Malévola.

Em seguida foi feita a aplicação dos exercícios, com as

atividades apropriadas que foram relacionadas ao assunto, tanto do livro do

conto de fadas A Bela Adormecida, como do filme Malévola e, ao final foi

realizada uma avaliação denominada aqui, como pós-atividade, com mais

exercícios sobre os temas abordados.

Concluiu-se o estudo com a apresentação dos resultados

obtidos durante todo o processo desta pesquisa e aplicação da mesma. Como

fechamento do trabalho foi feita uma análise de todo o processo de ensino e de

aprendizagem para se constatar ou não se os encaminhamentos

metodológicos foram eficientes e puderam auxiliar o docente em sala de aula.

Após a realização da pesquisa foi possível perceber que, tanto

o desenvolvimento dos conteúdos, bem como a apresentação das propostas

das atividades, tendo como instrumento de trabalho e recurso pedagógico o

cinema num conteúdo de literatura, foi muito mais produtiva e prazerosa que

uma simples aula tradicionalista.

A metodologia de ensino desta pesquisa através da aplicação

de uma sequência foi eficiente e a mesma apresentou resultados significativos

e satisfatórios, pois utilizou o cinema como recurso didático para as aulas e

literatura. Para Duarte, (2009, p. 69) ―Cinema e escola vêm se relacionando um

com o outro há muitas décadas, embora ainda não se reconheçam como

parceiros na formação geral das pessoas.‖. Segundo a autora o cinema na

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escola pode ajudar na formação dos alunos tanto pessoal como

profissionalmente. Bem como, auxiliando na construção do homem enquanto

ser pensante e capaz de distinguir o certo do errado.

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2 A LITERATURA E O CINEMA

A Literatura é a arte que utiliza a palavra como seu principal

instrumento de criação, pautada pela criatividade e originalidade, o seu estudo

é importante porque é também através dela que se reconhece a história

cultural e literária de um país. Pelos escritos literários o leitor aproxima-se dos

acontecimentos de uma determinada época, seus costumes e suas ideias,

porque a literatura é a expressão do ser humano, de sua cultura social e de

vida. De maneira direta e indiretamente, ela se faz presente na vida das

pessoas quer como arte ou como ferramenta de estudo e de trabalho.

Por séculos a literatura foi apresentada à sociedade como uma

forma de diversão onde uma pessoa podia demonstrar seus sentimentos e

expressar a sua arte através das palavras e das suas inúmeras variações,

encantou e fascinou a todos que dela se utilizavam. Embora hoje seja alvo de

estudos e análises, a literatura representa uma forma de arte assim como a

música, as artes plásticas, a pintura e a escultura que estão presentes na

sociedade para valorizar e encantar a humanidade com suas obras

fascinantes.

É essa uma literatura que resulta da valorização da Fantasia e da Imaginação e que se constrói a partir de textos da Antiguidade Clássica ou de narrativas que viviam oralmente entre o povo. Tal ―tradição‖, popularizante ou erudita, redescoberta ou recriada por escritores cultos, contrasta vivamente com a alta literatura clássica produzida nesse momento: o teatro de um Corneille ou de um Racine, um Malherbe; a oratória de um Bossuet; a teorização poética de um Boileau... (Coelho, 2010, p. 75).

A literatura estabelece ligação direta com a arte e a realidade

apresentada no momento de sua criação, ou seja, ela é a representatividade de

um povo, de uma classe social e de uma época. Portanto, sua importância

dentro do contexto histórico e social que se apresenta é incontestável e

essencialmente valiosa tanto para a tradição erudita ou popular. De acordo

com Cosson, (2014, p. 16) ―Isso ocorre porque a literatura é plena de saberes

sobre o homem e o mundo.‖. A literatura é a arte das palavras, ela se utiliza da

linguagem verbal e escrita, estimulando a imaginação dos leitores. E, ao

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mesmo tempo ela carrega consigo valores importantes para a sociedade e

estimula o desenvolvimento pessoal do ser humano.

Literatura é uma linguagem específica que, como toda linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e dificilmente poderá ser definida com exatidão. Cada época compreendeu e produziu literatura a seu modo. Conhecer esse ―modo‖ é, sem dúvida, conhecer a singularidade de cada momento da longa marcha da humanidade em sua constante evolução. Conhecer a literatura que cada época destinou às suas crianças é conhecer os ideais e valores ou desvalores sobre os quais cada sociedade se fundamentou (e se fundamenta...). (Coelho, 2010, p. 27, 28).

A literatura ocupa um papel que perpassa do entretenimento e

caminha pela área do ensino e da aprendizagem, e facilita e aprimora o

conhecimento do mundo e da sociedade a qual ela representa. Não se pode

negar que o ensino de literatura e atividades realizadas através dela melhora a

leitura e a escrita do aluno, bem como sua compreensão e interpretação do

mundo ondeo mesmo está inserido. A literatura é em algum aspecto de

literalidade a história real presente na vida da humanidade.

Sendo a literatura uma arte construída pela palavra escrita, é evidente que as atividades de escritura têm um espaço importante; outros critérios e instrumentos de avaliação podem ser propostos para verificação do aproveitamento das atividades nesse campo da linguagem. (Gregorin, 2009, p. 94).

Por outro lado, o cinema, uma arte surgida nos séculos

passados, carrega consigo uma forma diferente de linguagem, enquanto a

literatura é a arte da palavra; o cinema utiliza imagens em movimento,

sonoplastia, atores, cenário, música, entre outros recursos tecnológicos. Assim,

o cinema se utiliza da linguagem mista, sons, imagens, já apresenta ao público

uma releitura a partir das interpretações do produtor e ou do diretor do filme.

O mundo do cinema é um espaço privilegiado de produção de relações de ―sociabilidade‖, no sentido que Simmel dá ao termo, ou seja, forma autônoma ou lúdica de ―sociação‖, possibilidade de interação plena entre desiguais, em função de valores, interesses e objetivos comuns. (Duarte, 2009, p. 16).

A literatura e o cinema se completam nos dias de hoje, pois é

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possível perceber que os grandes produtores e diretores cinematográficos

transpõem para as telas do cinema adaptações de romances, contos de fadas,

contos clássicos, e é através das adaptações e uma releitura desses livros que

obras literárias são apresentadas a centenas de milhares de jovens e

adolescentes.

Consequentemente essa ação acaba despertando nos

espectadores o interesse pela obra literária adaptada, ao fazer o uso de novos

recursos midiáticos e das novas tecnologias, um filme acaba se tornando um

grande incentivador do ato de ler e estimula a leitura de livros, seja na versão

virtual ou no clássico, tradicional, bom e velho papel.

2.1 Literatura Infantil

Para compreender como a literatura infantil surgiu, aquela

voltada para criança, é preciso ter conhecimento de todo o processo de

desenvolvimento do modelo atual da família, na modernidade (século XV-XVII),

pois, com o passar dos tempos e da necessidade de cuidar da criança, a

infância começou a receber atenção mais cuidados específicos.

As mudanças de costumes deram origem à valorização da

infância e consequentemente trouxeram um novo olhar sobre ele, surgindo a

partir de então brinquedos específicos para essa faixa etária e no século XVII

uma literatura voltada para as crianças.

Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo. (ARIÈS, 2014, p.17).

A literatura infantil surgiu no século XVII, quando a criança

passou a ser vista como criança. Antes as crianças participavam da vida social

adulta em casa, no trabalho e até mesmo nos tribunais. As crianças nobres das

cidades liam os grandes clássicos e as mais pobres liam lendas e contos

folclóricos (literatura de cordel) muito populares na época. Entretanto, como

tudo evolui, esse tipo de literatura também evoluiu para atingir ao público

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infantil: os clássicos sofreram adaptações e os contos folclóricos serviram de

inspiração para os contos de fadas.

De acordo com Ariès, (2014, p.104) ―As crianças são plantas

jovens que é preciso cultivar e regar com frequência: alguns conselhos dados

na hora certa, algumas demonstrações de ternura e amizade feitas de tempos

em tempos as comovem e as conquistam.‖. A literatura infantil ajuda a criança

a organizar seus sentimentos e reorganizar sua própria personalidade e

estimula a afetividade.

Após a criança ser vista como parte integrante da família e ter

o seu papel reconhecido na sociedade nos séculos passados, ao enxergá-la e

se preocupar com ela, começaram a pensar e a produzir brinquedos e criar

histórias para este novo público alvo.

Foi na França, na segunda metade do século XVII, durante a monarquia absoluta de Luís XIV, o Rei Sol, que se manifestou abertamente a preocupação com uma literatura para crianças ou jovens. As Fábulas (1668) de L Fontaine; os Contos da Mãe Gansa (1691-1697) de Charles Perrault; os Contos de Fadas (8 vols., 1696-1699) Mme. D’Aulnoy e Telêmaco (1699) de Fénelon foram os livros pioneiros do mundo literário infantil, tal como hoje o conhecemos. (Coelho, 2010, p. 75).

A literatura infantil nasceu a partir de algumas transformações

sociais e tem suas origens na Europa com o francês Charles Perrault. Podendo

citar entre outros, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm (versões de contos como:

Chapeuzinho Vermelho, A Gata Borralheira), Hans Christian Andersen (O

patinho feio), Lewis Carrol (Alice no país das maravilhas), Frank Baum (O

Mágico de Oz), Collodi (Pinóquio), James Barrie (Peter Pan) como escritores

de clássicos da literatura infantil.

No Brasil, a literatura infantil passa a ser mais reconhecida

após as publicações das obras de Monteiro Lobato voltada para o público

infantil, fato este que incentiva outros escritores a escrever para as crianças.

A literatura infantil é, antes de tudo, literatura: ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização... (Coelho, 2010, p. 27).

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A literatura, e principalmente a literatura infantil mexe com o

imaginário de cada indivíduo, pois consegue através de suas histórias,

estimular a imaginação de cada um, e exteriorizar os sentimentos tanto

daqueles que a produz como daqueles que as leem. E acaba influenciando e

até modificando a vida das pessoas que as apreciam.

O indivíduo que possui o hábito da leitura consegue fazer

viagens maravilhosas, à medida que ele entra no contexto e se deixa levar pela

imaginação, é possível conhecer pessoas e lugares sem se deslocar do lugar.

Como também, a literatura estimula e auxilia o indivíduo a se tornar mais

crítico, pensante, criativo e ter suas próprias ideias, seu vocabulário se amplia,

se torna enriquecido e sua imaginação mais estimulada. Com certeza o

indivíduo que possui o hábito de leitura tem maior facilidade em entender o

contexto ao seu redor o que torna mais fácil sua vida.

A Monteiro Lobato coube a fortuna de ser, na área da literatura Infantil e Juvenil, o divisor de águas que separa o Brasil de ontem e o Brasil de hoje. Fazendo a herança do passado imergir no presente, Lobato encontrou o caminho criador de que a Literatura Infantil estava necessitando. Rompe, pela raiz, com as ideias e formas que o novo século exigia. (Coelho, 2010, p. 247).

No Brasil a literatura infantil e infanto juvenil teve seu início

quando seu precursor Monteiro Lobato, teve a sensibilidade de perceber que

faltavam livros para as crianças com uma linguagem, temas e histórias

apropriadas para este público.

Consequentemente, Monteiro Lobato decidiu se dedicar ao

público infantil e infanto juvenil escrevendo para as crianças, sendo

reconhecidamente uma de suas maiores obras ―A menina do narizinho

arrebitado‖ (1920), e posteriormente com o grande fenômeno o ―Sítio do Pica-

pau Amarelo‖ (1939).

Depois dele surgiram outros grandes nomes da literatura

infantil brasileira como Cecília Meireles, Ziraldo, Ana Maria Machado, Ruth

Rocha e muitos outros autores que continuam escrevendo e mantendo viva a

literatura infantil brasileira. E, atualmente há um enorme acervo bibliográfico

voltado para a criança,

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A literatura infantil se caracteriza pela forma de endereçamento dos textos ao leitor. A idade deles, em suas diferentes faixas etárias, é levada em conta. Os elementos que compõem uma obra do gênero devem estar de acordo com a competência de leitura que o leitor previsto já alcançou. Assim, o autor escolhe uma forma de comunicação que prevê a faixa etária do possível leitor, atendendo seus interesses e respeitando suas potencialidades. (Cademartori, 2010, p. 16).

Hoje, a literatura infantil tem um papel importante no processo

de ensino e de aprendizagem, principalmente na educação infantil, na

formação e no desenvolvimento cognitivo da criança. E, é através dela que a

criança começa a se interessar pela leitura, apreciar o ato de ler e desenvolver

o gosto por livros e histórias.

Considerando as modernas adaptações dos clássicos infantis

para o cinema, numa mudança significativa de público apreciador destas

produções, escolheu-se os jovens do Ensino Médio, que um dia foram crianças

da educação infantil, para ser o público alvo desta pesquisa, justificando a

transposição da linguagem de literatura infantil para literatura infanto-juvenil.

No intuito de despertar o interesse desses jovens, para as

leituras que fizeram na infância e a releitura dos contos atualmente, objetivou-

se reconhecer um potencial leitor ou mesmo um disseminador de uma leitura

que pode ser prazerosa bem como formadora de indivíduos críticos e

politizados.

Da mesma forma, a presente pesquisa buscou, através da

elaboração de uma sequência didática, estimular o interesse pela leitura aliada

aos processos de inserção das tecnologias na sala de aula tendo em vista que

os livros estão a cada dia sendo menos abertos, ou seja, estão perdendo o

espaço no hábito de leitura dos jovens leitores.

2.2 Cinema

A história do cinema iniciou-se com os primeiros registros de

imagens paradas, fotografias que através de experimentos passa a ganhar

movimentos e sons. E, é de suma importância compreender melhor esse

recurso tecnológico que passou a ser utilizado como um recurso didático; e,

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para isso é preciso estabelecer marcos históricos no campo das artes.

Inúmeros fatores concorrem para o estabelecimento dessa determinada

técnica, seu emprego, suas práticas associadas e consequentemente, seu

impacto numa ordem cultural.

Dessa forma, foram apresentados alguns recortes históricos,

no intuito de aprimorar o conhecimento desta complexa manifestação estética a

qual muitos chamam de A sétima Arte e que ainda encanta e fascina como no

dia de sua primeira exibição na França, e que em seguida ganhou proporções

mundiais.

O cinema foi criado pelos irmãos Louis Lumière e Auguste

Lumière, no final do século XIX, na França; sua história teve início no dia 28 de

dezembro de 1895, mais precisamente em Paris no Grand Café de Boulevard

dês Capucines, onde houve sua primeira exibição.

Em dezembro de 1895, dois irmãos franceses Louis e Auguste Lumière projetaram dois pequenos filmes num café parisiense, para assombro de uma plateia encantada. Os filmes eram La Sortie dês ouvriers de l’usineLumière, (―A saída dos operários da fábrica Lumière‖) e L’Arrivée d’um train em gare (―Chegada de um trem à estação‖), dois registros da vida cotidiana. Era a primeira vez que as pessoas tinham a possibilidade de ver imagens reais em movimento, projetadas sobre uma tela grande. (Napolitano, 2013, p. 69).

Nos Estados Unidos, a primeira exibição cinematográfica,

aconteceu sob a responsabilidade de Thomas Alva Edison no dia 29 de abril de

1896, em Nova Iorque, cerca de quatro meses após sua primeira exibição

parisiense. Entretanto, o cinema representa uma das maiores forma de

representação da arte moderna com recursos tecnológicos pois, o cinema é

arte da imagem em movimento.

Já no Brasil, o cinema chega, aproximadamente sete meses

depois da sua estreia em Paris, no dia 8 de julho de 1896 na cidade do Rio de

Janeiro. Com sua primeira exibição para o público, marcando o início da

cinematografia brasileira e uma nova fase de tecnologia no país. Um despertar

para novas tecnologias e formas de diversão, uma nova maneira de

estabelecer relação entre o real e o imaginário.

O Brasil conheceu o cinematógrafo em 1896 e em 1898 já dava os primeiros passos no sentido de ter sua própria cinematografia. Entre

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1908 e 1911, um grande número de curtas-metragens de atualidades, de vistas e paisagens e de longas-metragens de ficção foi realizado no país. Revistas musicais, dramas e, sobretudo, reconstituições de crimes famosos atraíram a atenção do público que lotava as salas de exibição do Rio de Janeiro. (Duarte, 2009, p. 28).

O cinema é a arte de sons, luzes, movimentos, que utiliza da

linguagem mista, ou seja, falada e escrita, comunicação visual e sonora. O

cinema desenvolve um texto narrativo de forma diferente da literatura, e dessa

maneira exerce uma grande influência nas vidas e no cotidiano das pessoas

que apreciam e se sentem estimuladas por essa arte.

No começo o cinema era apenas imagens em movimento, sem

sons, mas com o passar do tempo e do avanço da tecnologia foi sendo

acrescentado a ele o som e a trilha sonora, o cinema mudo ganhou voz.

Atualmente muito mais que som, ele traz consigo maquiagens, efeitos

especiais, sonoplastia, toda a magia que atrai e encanta as pessoas de todas

as faixas etárias.

Apesar do surgimento da Sétima Arte ter acontecido na França,

foi nos Estados Unidos que esta arte midiática acabou se tornando a grande

precursora da linguagem cinematográfica, pois transformou o cinema em uma

indústria de sonhos, surgindo assim Hollywood, a capital das grandes

produções cinematográficas do mundo.

A geração atual pode sentir-se privilegiada, pois seguindo a

evolução da tecnologia pôde conhecer o cinema 3D, ou seja, o indivíduo

consegue sair das limitações visuais do cinema tradicional permitindo ao

espectador a sensação de atravessar a tela e participar das atividades do filme

exibido, às vezes a impressão é que as imagens irão saltar da tela e estarão

junto do espectador, causando uma sensação de interação com os

personagens do filme exibido.

O sentido atribuído a um filme parece depender, então, de uma complexa teia de elementos significadores que inclui distintas formas de fazer uso da técnica, a maneira como os sistemas de significação da linguagem cinematográfica são articulados, as diferentes concepções de cinema, as convicções políticas, valores e normas culturais das sociedades em que os filmes são vistos e/ou realizados e, ainda, as exigências do mercado. (Duarte, 2009, p. 52).

Com a informação à disposição de todos, com as novas

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tecnologias e com o acesso à internet facilitado, atualmente as pessoas

conseguem utilizar o cinema e assistir a mais filmes e ter mais acesso à

informação. Seguindo esse pensamento o professor pode utilizar as

ferramentas como materiais de apoio pedagógico para levar para a sala de

aula recursos que possam aprimorar seus encaminhamentos metodológicos

para trabalhar os conteúdos programáticos.

Nos dias atuais as produções cinematográficas fazem parte do

imaginário e da vida dos jovens e dos adultos, e percebe-se que cada vez mais

esse recurso se torna mais presente nas práticas educacionais de professores

que buscam nas novas tecnologias mais recursos que possam ser utilizado em

sala de aula para melhoria do processo de ensino e de aprendizagem.

2.3 A Literatura Infantil e o Cinema

A literatura e o cinema são classificados como arte; a literatura

pertence à arte da linguagem oral e escrita, já o cinema, pertence à arte das

imagens, dos sons, do movimento. Ambas encantam e fascinam crianças,

jovens e adultos.

Literatura e cinema são categorias distintas de uma forma do conhecimento humano: a Arte. A literatura, arte da palavra, e o cinema, arte a imagem em movimento, inter-relacionam-se à medida que a palavra tem a capacidade de evocar em nossa imaginação imagens semelhantes àquelas que vemos projetadas em uma tela; e o filme, por sua vez, para chegar à concretização parte da palavra: a concepção nasce do roteiro, as falas das personagens têm uma função primordial e a música e os ruídos são elementos fundamentais na sua composição. (Guaranha, 2007, p. 25).

O cinema enquanto recurso didático na sala de aula não é uma

novidade para o ensino, ocorre há muitos e muitos anos, entretanto sua

utilização ainda se apresenta carregada de preconceitos possivelmente devido

ao seu uso incorreto ou simplesmente porque o cinema tem uma ligação direta

com a diversão e o lazer; o que não o impede de ser utilizado como material de

apoio didático.

Nesse caso, o cinema como recurso tecnológico para a sala de

aula precisa ser associado a uma série de atividades e/ou como denominou-se

aqui, de uma sequência didática que permite que a proposta pedagógica torne-

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se mais clara e compreendida pelo aluno e assim o seu propósito possa ser

atingido de forma satisfatória ao final do processo de ensino e a aprendizagem

de um determinado conteúdo.

As novas tecnologias e os novos recursos midiáticos presentes

no dia-a-dia do homem contemporâneo também estão presentes na sala de

aula, esta realidade acaba fazendo com que os professores dessa nova

geração tenham como objetivo encontrar uma função pedagógica para esses

aparelhos tecnológicos tão modernos.

De acordo com Napolitano, (2013, p. 41) ―como toda obra de

arte, o cinema pode estimular o desenvolvimento da linguagem verbal e da

compreensão textual. Além disso, o cinema em si constitui uma das linguagens

mais importantes do mundo moderno, possuindo códigos próprios de

significação.‖.

É importante e muito mais interessante utilizar recursos

pedagógicos como o cinema para o enriquecimento das práticas e

metodologias de ensino e aprendizagem que são desenvolvidas em sala de

aula do que manter os tradicionais exercícios de cópia e escrita, poucos

estimulantes e atrativos.

Ainda mais para o ensino de literatura que se relaciona tão

bem com a sétima arte. Pois o interesse pelo cinema ou pela arte de ver

imagens é com certeza um estímulo a mais para se adentrar ao mundo da

literatura, e o educador tem que ter a sensibilidade de utilizar esses recursos

midiáticos a seu favor e de seus educandos, pois vai ao encontro do interesse

deles, sendo mais fácil manter a atenção e levá-los a assimilação dos

conteúdos e o aprimoramento dos seus conhecimentos.

O cinema pode ser considerado uma ―nova‖ linguagem centenária, pois apesar de haver completado cem anos em 1995 a escola o descobriu tardiamente. O que não significa que o cinema não foi pensado, desde os seus primórdios, como elemento educativo, sobretudo em relação às massas trabalhadoras. (Napolitano, 2013, p.11).

O cinema na sala de aula contribui com as práticas

pedagógicas e, pode ser utilizado como um recurso didático desde que este

instrumento de apoio seja trabalhado e desenvolvido com um planejamento,

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uma sequência didática, com atividades propostas de forma clara e

transparente. E com objetivos reais e práticos sempre com o intuito de auxiliar

no processo de ensino e aprendizagem contribuindo para a melhoria do ensino.

Certamente não há nenhum problema em utilizarmos filmes em nossas aulas. O problema consiste em ignorarmos o valor e a importância deles para o patrimônio artístico e cultural da humanidade. (Duarte, 2009, p. 71).

Segundo a autora, o uso do cinema em sala de aula pode e

deve auxiliar os encaminhamentos metodológicos do professor como recurso

didático e não se pode esquecer que o cinema é uma arte de grande valor

cultural. Sendo assim, quando se buscam novas metodologias e novos

recursos tecnológicos, como o cinema, o processo de ensino e aprendizagem

pode se tornar mais atraente e gratificante.

A peculiaridade do cinema é que ele, além de fazer parte da indústria do lazer e (não nos esqueçamos) constitui ainda obra de arte coletiva e tecnicamente sofisticada. O professor não pode esquecer destas várias dimensões do cinema ao trabalhar filmes em atividades escolares. (Napolitano, 2013, p. 14).

Levar o cinema para a sala de aula, como uma das práticas

pedagógicas, pode oportunizar ao educador várias formas e possibilidades de

trabalhar e melhorar a metodologia de práticas de ensino e de aprendizagem

aprimorando a assimilação dos conteúdos pelos educandos.

Corroborando estas ideias Fresquet, (2013, p. 52) ―A

importância mais radical da introdução do cinema no contexto escolar consiste

em salvaguardar um espaço e um tempo para o encontro: do cinema com a

infância, da criança com o adulto, e do adulto com a criança que, escondida,

ainda o habita.‖. O cinema enquanto recurso pedagógico é um instrumento rico

em variações linguísticas e em possibilidades de trabalho com diversos

conteúdos e disciplinas escolares.

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2.4 A Bela Adormecida e Malévola

Os contos de fadas encantam gerações desde seus primeiros

registros, não apenas o público infantil como também infanto-juvenil e, ainda,

os adultos; pelas suas caracterizações e estilo próprio da literatura.

Especificamente, nesta pesquisa o conto clássico escolhido foi A Bela

Adormecida de Charles Perrault (1696) em sua primeira versão e obra

completa.

Entretanto, através das pesquisas bibliográficas, encontrou-se

também uma versão dos irmãos Grimm (1823) e, ainda uma versão mais atual

e de certa forma mais infantilizada publicada pelo Walter Disney (1986), em

livro e em desenho animado.

Em especial, trataremos aqui da obra de Charles Perrault ―A

Bela Adormecida no Bosque‖ – primeira versão desse conto de fadas, que

posteriormente à sua criação recebeu versões e adaptações para livro infantil e

desenho animado como ―A Bela Adormecida‖ de Walter Disney, assim como

outros grandes clássicos da literatura infantil que Disney imortalizou através de

livros, filmes e desenhos animados.

Recentemente foi lançado na cinematografia hollywoodiana, o

filme Malévola, baseada no conto de fadas A Bela Adormecida, porém, com

uma adaptação diferente, mais moderna e contemporânea, e ainda, com novos

conceitos para serem analisados. A versão atual tem uma nova moral

totalmente diferenciada da primeira.

Para esta pesquisa foi feito o estudo e a análise da primeira

versão do conto de fadas A Bela Adormecida no bosque de Charles Perrault e

consequentemente, a segunda versão agora de Walter Disney na história

infantil A Bela Adormecida e finalmente, a transposição para o filme Malévola,

pois todas elas ajudaram a constituir todo o trabalho.

Todavia, é possível perceber que há entre cada uma dessas

versões um novo olhar, um novo desfecho, uma nova moral da história, que

ocorre possivelmente pela necessidade histórica de cada época em que cada

histórica é contada e qual o objetivo que cada uma delas pretende alcançar.

No conto de fadas escrito por Perrault (1696), intitulado A Bela

Adormecida no Bosque, percebe-se uma história mais voltada para um público

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adulto como eram os contos de fadas daquela época, nessa história o rei e a

rainha de um reino tiveram uma filha que fora batizada pelas fadas, no entanto,

uma fada não foi convidada para a festa de batizado que se sentiu desprezada

e traída e jogou a maldição onde a bela menina deveria dormir por cem anos.

Ao completar quinze anos a menina furaria o dedo em um fuso

de fiar, após de cem anos um príncipe apareceu e se casou com a bela

adormecida e a manteve escondida morando no bosque, onde se

encontravam. Depois da morte do rei quando o príncipe toma seu posto e se

torna o rei, então, assume seu casamento e seus dois filhos com a princesa,

levando-os para seu reino para morarem sem seu castelo.

Na primeira versão A Bela Adormecida no bosque de Perrault,

a madrasta do príncipe é a personagem que faz o papel da malvada que quer

comer a princesa Aurora e seus filhos porque, a madrasta é uma ogra

disfarçada e gosta de carne humana. Nessa história é a madrasta que cai em

sua própria armadilha quando o rei retorna da guerra, em um poço cheio de

animais peçonhentos.

Pode-se dizer que essa versão é mais indicada para os adultos

por ser uma história de cunho mórbido e possuir uma grande dose de maldade

por parte dos personagens, principalmente pela madrasta do príncipe.

Este tipo de história não seria indicado para determinada faixa

etária, pois não possui a ingenuidade e a espontaneidade que deve ser

preservada na criança.

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Quadro 1 - A Bela Adormecida no bosque

A Bela Adormecida é um clássico conto de fadas

cuja personagem principal é uma princesa que é

enfeitiçada por uma maléfica feiticeira (por vezes

descrita como uma bruxa, ou como uma fada

maligna) para cair num sono profundo, até que

um príncipe encantado a desperte com um beijo

provindo de um amor verdadeiro. É um dos

contos mais famosos da humanidade atualmente.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Bela_Adormecida_(conto)

Como foi possível perceber, é uma história pouco infantil e com

traços e características de enredo voltado para adultos, como eram as histórias

dos séculos passados que acabaram dando origem às histórias infantis bem

como aos contos de fadas.

Já em 1959, Walter Disney reescreve alguns contos de fadas

para o público infantil e lança os clássicos contos de fadas infantis que são

conhecidos desde então como histórias infantis e é essa versão do conto de

fadas A Bela Adormecida que está incutida na memória das pessoas quando

nos referimos a esse conto de fadas.

Nessa adaptação totalmente reformulada para a criança e

impressa em um livro todo colorido e cheio de imagens, a segunda parte da

história é omitida e novos personagens são criados para transformar este

clássico em um conto menos agressivo e mais doce aos olhos de uma criança.

É a partir de alguns contos de fadas que se começa a transmitir

a ideia de toda princesa deve encontrar o príncipe encantado para que juntos

os dois possam viver felizes para sempre, ideia essa que vem sendo

transmitida ao longo dos anos, pelas histórias infantis, de geração para

geração.

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Quadro 2 - Sinopse A Bela Adormecida

Quando nasceu, a pobre princesa Aurora foi

amaldiçoada pela terrível bruxa Malévola: Morreria

ao espetar o dedo no fuso de uma roca no seu

aniversário de 16 anos. Felizmente, Primavera,

uma de suas fadas madrinhas, reverte o feitiço:

Aurora despertaria após receber um beijo de amor. Para evitar a

concretização da maldição, a princesa é criada como uma camponesa,

escondida no bosque. Mas isto não foi o bastante para parar Malévola: Ela

encontra a princesa, faz com que espete o dedo e captura o Príncipe Phillip,

único que pode reverter a maldição. Para libertar-se e salvar o seu amor,

Phillip vai precisar de muita coragem e da ajuda das três fadas madrinhas.

Fonte: www.pt-br.disneyprincesas.wikia.com/wiki/A_Bela_Adormecida

Nessa adaptação para o público infantil da Walt Disney

Company (1986), denominada A Bela Adormecida, concentrou-se a história e

omitiu-se os fatos, nessa versão Aurora é A Bela Adormecida, filha única do rei

e da rainha, que tem como madrinha três fadas, nessa versão, surge pela

primeira vez a personagem Malévola que é a bruxa que lança o feitiço no bebê

no dia do seu batizado por não ter sido convidada para a festa.

O feitiço é o mesmo, a princesa deveria dormir por cem anos,

após furar o dedo em uma roca de fiar ao completar dezesseis anos; aqui o

feitiço só foi quebrado por um beijo de amor, assim que o príncipe, após

enfrentar Malévola e vencer, beija a princesa, o que a faz acordar para que os

dois possam viver felizes para sempre.

Esta é uma história bem infantil voltada para crianças e que

apresenta apenas alguns traços predominantes da história original. Entretanto,

esta é a adaptação mais conhecida tanto pelo público infantil quanto pelo o

público adulto, pois todas às vezes que pensamos neste conto de fadas a

versão que lembramos é sempre a publicada pela Walt Disney Company.

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Quadro 3 - Sinopse Malévola

Uma bela e ingênua jovem com atordoantes asas

negras, Malévola leva uma vida idílica, crescendo em

um pacífico reino em uma floresta, até que o dia em

que um exército invasor de humanos ameaça a

harmonia da região. Malévola surge como a mais feroz

protetora da região, mas acaba sendo vítima de uma impiedosa traição —

um acontecimento que começa a transformar seu coração outrora repleto de

pureza em pedra. Determinada a se vingar, Malévola enfrenta uma batalha

épica contra o rei dos humanos e, como consequência, amaldiçoa sua filha

recém nascida, Aurora. Conforme a menina cresce, Malévola percebe que

Aurora é a peça essencial para estabelecer a paz no reino — e para a

verdadeira felicidade de Malévola também.

Fonte: www.interfilmes,com/filme_28007_Malevola-(Maleficient).html

Com a Era das novas tecnologias e das adaptações de

romances e histórias para o cinema, a Walt Disney Company lança em 2014 o

filme, Malévola, inspirado no conto de fadas, A Bela Adormecida, onde sua

releitura e sua linguagem é readaptada, agora, para um público mais

adolescente, infanto-juvenil.

Nesta transposição para o cinema, a história é contada na

versão dos fatos e na visão da bruxa/fada Malévola que no filme é a fada

responsável pelo reino encantado onde vive, mas que acaba despertando seu

lado ruim, após ser traída por um ser humano ambicioso, que desejava o trono

do rei e que o conseguiu após roubar as asas da Malévola e trocá-las pelo

trono, tornando-se o novo rei.

O mais interessante nesta nova adaptação é que o feitiço

aconteceu assim como na primeira e na segunda versão e, como nas demais

histórias, é o beijo de amor que despertou a princesa Aurora, entretanto, não

foi do príncipe que conseguiu quebrar o encantamento, mas sim a própria

Malévola que passa o filme todo protegendo e acaba se tornando a fada

madrinha da princesa Aurora, uma mãe adotiva.

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Nesta história o beijo de amor verdadeiro não é o do príncipe

encantado, mas, sim, o da mãe, e ainda neste caso a mãe de coração que

passa o filme todo cuidando da princesa.

Há nesta última adaptação ou releitura novos e possíveis

temas relacionados à nova sociedade e costumes vividos, que desperta a

curiosidade e chama a atenção de educadores para a diversidade, para a nova

formação familiar, menos tradicional. O que deixa claro que tanto a produção

literária quanto a produção cinematográfica reflete o momento social e os

costumes de sua época.

Percebe-se nesta transposição para as telas do cinema que o

foco da história é outro bem como a mensagem é outra. E que cada ator foi

escolhido para sua personagem já com o intuito de despertar o interesse do

público, pois a protagonista é a Malévola (Angelina Jolie) que faz o papel da

bruxa mãe ao mesmo tempo da fada madrinha da princesa Aurora.

Considerando esta abordagem e o propósito aqui posto neste

estudo, vemos que é possível trabalhar temas atuais os quais fazem parte

tanto dos PCNs como nas DECs que auxiliam o educador a desenvolver um

planejamento contextualizado nas suas práticas pedagógicas em sala de aula.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa da

Rede Pública do Estado do Paraná (DCE-2008, p. 281) ―praticar a leitura em

diferentes contextos requer que se compreendam as esferas discursivas em

que os textos são produzidos e circulam, bem como se reconheçam as

intenções e os interlocutores do discurso.‖.

A transposição de clássicos literários em recursos midiáticos

pode auxiliar o educador no seu dia a dia em sala de aula. Sendo instrumento

transformador das práticas pedagógicas, desta forma, os filmes e os livros

paradidáticos nos quais eles são baseados se tornaram fortes aliados ao

ensino e a aprendizagem, no entanto, tudo depende do olhar e da criatividade

do educador.

De acordo com Bakhtin, (1998, p.88) ―em todos os seus

caminhos até o objeto, em todas as direções, o discurso se encontra com o

discurso de outrem e não pode deixar de participar, com ele, de uma interação

viva e tensa‖. Nesse sentido há em toda prática educativa e em todo discurso

troca de conhecimentos e interação entre os sujeitos do discurso. Mas para

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que isso aconteça o educador terá que ter habilidades em explicar e abrir as

questões para que os educandos possam se expressar.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa foi

necessário fazer um cronograma com um plano de ações que foram

executadas da seguinte forma: uma pesquisa exploratória seguida de uma

pesquisa de campo e ainda com a análise de dados para averiguação positiva

ou negativamente das hipóteses levantadas na construção deste trabalho.

A metodologia da pesquisa seguiu de acordo com a proposta

deste trabalho, que foi desenvolvido na área Ensino dentro da disciplina de

Língua Portuguesa nos conteúdos de Literatura e de Produção Textual,

utilizando-se como ferramenta tecnológica a mídia: o Cinema. Com a aplicação

de atividades que foram desenvolvidas com alunos do primeiro ano do ensino

médio do Colégio Estadual do Jardim San Rafael – Ensino Fundamental e

Médio, no município de Ibiporã, no estado do Paraná. A metodologia foi

desenvolvida e aplicada de acordo com uma sequência didática sugerida por

Antoni Zabala (1998), em seu livro A prática educativa: como ensinar, que

apresenta algumas sequências didáticas que vêm corroborando para auxiliar o

professor em sala de aula.

A maneira de configurar as sequências de atividades é um dos traços mais claros que determinam as características diferenciais da prática educativa. Desde o modelo mais tradicional de ―aula magistral‖ (com a sequência: exposição, estudos sobre apontamentos ou manual, prova, qualificação) ate o método de ―projetos de trabalho global‖ (escolha do tema, planejamento, pesquisa e processamento da informa-ção, índice, dossiê de síntese, avaliação), podemos ver que todos têm como elementos identificadores as atividades que os compõem, mas que adquirem personalidade diferencial segundo o modo como se organizam e articulam em sequências ordenadas. (Zabala,1998, p. 18).

A aplicação do trabalho em sala de aula foi desenvolvida

principalmente de acordo com o autor Antoni Zabala, segundo uma proposta de

sequência didática relatada em seu livro ―A prática educativa: como ensinar”,

conforme os estudos e a prática das atividades elaboradas.

Segundo Zabala, (1998, p.18) ―Se realizamos uma análise

destas sequências buscando os elementos que as compõem, nos daremos

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conta de que são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e

articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um

principio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos.‖.

Foram desenvolvidas com os alunos algumas atividades

propostas com um conto clássico da literatura infantil A Bela Adormecida que

foi recentemente transposto para o cinema com uma nova releitura intitulada

Malévola, adaptação que tem como público alvo adolescentes, jovens e

adultos, transportando a literatura infantil para a literatura infanto-juvenil.

Seguindo esta linha de pesquisa e de estudos foi importante,

para a obtenção dos resultados, num primeiro momento fazer uma pesquisa

bibliográfica e posteriormente relatar os perfis dos alunos envolvidos neste

trabalho, a pesquisadora e os resultados alcançados.

Os estudos foram necessários para a elaboração da sequência

didática a qual foi aplicada e para que se pudesse ter um estudo prévio e

consequentemente uma análise da pós aplicação das atividades. E, a pesquisa

de campo para conhecer um pouco mais os alunos participantes foi importante

para conhecer o público alvo e a forma de desenvolvimento das práticas

pedagógicas que estão interligadas e influenciam diretamente no resultado do

processo de ensino e da aprendizagem, na busca de um bom trabalho docente

e de resultados satisfatórios.

Segundo Paulo Freire, (2011, p. 19) ―A leitura do mundo

precede a leitura da palavra,‖ Portanto, é imprescindível ter conhecimentos

prévios para que dados conteúdos possam ser mais facilmente assimilados.

E, ainda de acordo com Freire, (2011, p.20) ―Linguagem e

realidade se prendem dinamicamente.‖ Seguindo essa linha de prática

educativa, o processo de ensino e a aprendizagem têm como principal objetivo

entender, fixar e aprimorar os conhecimentos discursivos dos educandos para

que possam compreender os discursos que os cercam e que terão que usar no

decorrer de sua vida.

3.1 Contextualização da pesquisa

A investigação aconteceu dentro da sala de aula da professora,

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no colégio estadual do Jardim San Rafael – ensino fundamental e médio; nas

turmas A e B do primeiro ano do ensino médio. As atividades foram

desenvolvidas num total de seis aulas, na disciplina de língua portuguesa,

trabalhando o conteúdo de literatura sobre o tema contos de fadas baseando-

se no conto de fadas A Bela Adormecida e tendo como recurso tecnológico

midiático o cinema aqui representado pelo filme, Malévola.

Fez-se necessário averiguar previamente se os alunos em

questão, ou seja, o público alvo dessa pesquisa, que realizou as atividades,

conhecia o conto de fadas a ser trabalhado e se também tinham conhecimento

acerca de sua adaptação para o cinema. Como já mencionado o conto é um

clássico infantil que deu origem ao filme que auxiliou nas práticas pedagógicas

da educadora em sala de aula.

Foram utilizados como material de apoio a essa pesquisa livros

didáticos e filmes produzidos sobre o conto de fadas ―A Bela Adormecida”.

Com o objetivo de avaliar de forma continuada a aprendizagem nas aulas de

literatura e tendo como principal recurso tecnológico a mídia cinema e os livros

clássicos da literatura infantil referente à história infantil supracitada deu-se

início ao trabalho.

Num primeiro momento, foi questionado aos alunos acerca de

seus conhecimentos sobre o conto de fadas citado. Após a apresentação da

literatura clássica através da leitura dos livros e das adaptações para o cinema

dessa obra, foi realizada uma releitura dessa história e uma discussão sobre os

seus temas evidenciados durante as atividades propostas nas aulas de

literatura na disciplina de língua portuguesa.

As atividades realizadas durante toda a pesquisa e para a

obtenção do trabalho como um todo, foram organizadas da seguinte forma:

inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica de acordo com o tema

selecionado previamente; no decorrer da pesquisa e durante o

desenvolvimento das atividades foi realizada uma pesquisa de campo para

reconhecer os envolvidos na mesma; ainda dentro deste percurso a aplicação

da sequência didática e posteriormente a análise dos dados e dos resultados

obtidos após a realização das atividades propostas na sequência didática para

a afirmação ou a negação das hipóteses levantadas.

Para Deslandes, (2003, p.35) ―fazemos um projeto de pesquisa

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para mapear um caminho a ser seguido durante uma investigação.‖ Toda

investigação deve ser pré-elaborada a partir de um projeto de pesquisa para

melhor direcionar cada etapa a ser seguida em uma pesquisa científica.

Segundo Minayo, (2003, p.18) ―a teoria é construída para

explicar ou compreender um fenômeno, um processo ou um conjunto de

fenômenos ou processos‖. A fase da pesquisa teórica é importante para

delinear corretamente cada passo a ser desenvolvido e ainda fundamentar

teoricamente a pesquisa de campo, ricas de detalhes e certificações.

Considerando, que a primeira fase de uma pesquisa deve ser

aquela que fundamenta todo o processo a ser seguido, desenvolvido e

realizado até a obtenção de seus resultados.

O diálogo entre os teóricos fundamenta uma pesquisa e auxilia

na compreensão de seus resultados, tendo em vista que vários autores podem

apresentar opiniões diferenciadas acerca de um mesmo tema. Para Gil, (2014,

p.31) ‖o conceito de dialética é bastante antigo Platão utilizou-o no sentido de

arte do diálogo‖. É importante a pesquisa bibliográfica e a dialética entre os

autores sobre um mesmo tema para que novas ideias e novos conceitos

possam surgir a partir de um mesmo objeto de estudo.

Essa divergência entre opiniões dos autores sobre o mesmo

tema serve para cada vez mais despertar o interesse de pesquisadores à irem

a fundo em suas pesquisas e escolher o tipo de pesquisa que irá se encaixar

melhor ao seu tema proposto, podendo ainda escolher mais de um tipo modelo

de pesquisa, dependendo de seu projeto.

Assim, foi possível determinar quais os tipos de pesquisas que

serão os instrumentos, os meios norteadores do trabalho o qual está sendo

proposto para averiguação de alguns questionamentos e das metas a serem

atingidas durante o trabalho desta pesquisa.

Podemos destacar dois pressupostos desse método de análise. O primeiro diz respeito à ideia de que não há consenso e nem ponto de chegada no processo de conhecimento. Já o segundo se refere ao fato de que a ciência se constrói numa relação dinâmica entre a razão daqueles que a praticam e a experiência que surge na realidade concreta.‖.(GOMES, 2003, p.77).

Considerando que uma pesquisa tem início com indagações

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que surgem a partir de uma análise da situação em que nos encontramos e das

dificuldades que percebemos durante as práticas pedagógicas dentro e fora da

sala de aula, os resultados encontrados podem variar e sofrer alterações de

acordo com a realidade de cada local onde a pesquisa é aplicada.

Segundo Gil, (2014, p.42) ―pode-se definir pesquisa como o

processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O

objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas

mediante o emprego de procedimentos científicos‖. O principal objetivo de uma

pesquisa é descobrir respostas para determinados problemas com o apoio dos

procedimentos adequados para o formato de trabalho.

Deste modo, uma pesquisa busca obter resultados para um

objeto de estudo, com o objetivo de proporcionar ao pesquisador e demais

interessados novos procedimentos que poderão ser aplicados conforme a

necessidade de cada profissional da área, e ainda, é possível manter ou alterar

os resultados conforme as aplicações e as análises dos estudos.

De acordo com Gil, (2014, p.26) ―a ciência tem como objetivo

fundamental chegar à veracidade dos fatos‖. Um trabalho científico pode ser

realizado com diversos métodos de pesquisa que juntos ajudam a averiguar

mais precisamente a veracidade dos fatos e das hipóteses ou não dessa

proposta de trabalho.

Os diversos métodos que se apresentam para o

desenvolvimento de uma pesquisa científica servem para nortear e apoiar o

pesquisador alcançar os resultados pretendidos e propostos pelo trabalho de

pesquisa. Conforme Gil, (2014, p 43) ―as pesquisas exploratórias têm como

principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias,

tendo em vista, a formulação de problemas mais preciosos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores.‖.

O método de pesquisa exploratória auxilia o pesquisador a

esclarecer, em relação aos questionamentos levantados acerca de um

problema, dúvida e hipóteses que são colocadas no início de um trabalho de

pesquisa. E, estas são no final do trabalho comprovadas positiva ou

negativamente, por meio das análises dos dados levantados.

A pesquisa exploratória serve de apoio para as pesquisas e

estudos realizados posteriormente. E, os estudos posteriores facilitam na

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obtenção de novos resultados para os dados investigados.

Para Triviños, (1987, p.63) ―A teoria e a prática são categorias

filosóficas que designam os aspectos espiritual e material da atividade objetiva

sócio-histórica dos homens: conhecimento e transformação da natureza e da

sociedade.‖. Nesse contexto a teoria é a representação da prática, ambas

precisam estar caminhando lado a lado dentro do cotidiano escolar e também

no ambiente da pesquisa científica.

A teoria fundamenta a pesquisa, a prática comprova ou não

essa ideia. Sendo assim, uma complementa a outra e ambas constituem o

trabalho científico, neste caso mais específico com o objetivo que auxiliar o

processo de ensino aprendizagem no ambiente escolar.

Segundo Cruz Neto, (2003, p.52) ―o trabalho de campo deve

estar ligado a uma vontade e uma identificação com o tema a ser estudado,

permitindo uma melhor realização da pesquisa proposta‖. Conhecer o ambiente

onde a pesquisa será realizada é essencial para obter bons resultados.

No trabalho de campo é importante reconhecer o local onde

será desenvolvida a pesquisa e é essencial que todos os envolvidos tenham

conhecimento de todos os procedimentos que serão realizados.

A identificação com o tema a ser pesquisado e o local de

realização dessa pesquisa é extremamente necessária para que de certa forma

todos os envolvidos nesse processo se sintam parte do trabalho que está

sendo proposto.

Além do recorte espacial, em se tratando de pesquisa social, o lugar primordial é o ocupado pelas pessoas e grupos convivendo numa dinâmica de interação social. Essas pessoas e esses grupos são sujeitos de uma determinada história a ser investigada, sendo necessária uma construção teórica para transformá-los em objetos de estudo.‖ (CRUZ NETO, 2003, p.54).

Segundo o autor é preciso fazer um recorte do espaço onde o

pesquisador está desenvolvendo seu trabalho, reconhecer o lugar e

principalmente o ambiente que a pesquisa será empregada, pois o pesquisador

– professor, e as pessoas - os alunos, farão parte dessa história e se tornarão

também parte do objeto de análise dos estudos.

Para Gomes, (2003, p.68) ―Há autores que estendem a

―análise‖ como descrição dos dados e a ―interpretação‖ como articulação dessa

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descrição como conhecimentos mais amplos que extrapolam os dados

específicos da pesquisa.‖.

Após toda a pesquisa bibliográfica, exploratória e de campo é

de suma importância analisar os dados para comprovar ou não, as hipóteses

que foram levantadas no início dos estudos, de forma transparente e clara.

Dentro desse contexto, a última etapa do trabalho, a análise

dos resultados alcançados, pode construir ou desconstruir todas as hipóteses

levantadas, é ela que certifica todo o trabalho desenvolvido pelo pesquisador,

comprovando ou não o seu objeto de estudo.

E finalmente, após concluir todo o trabalho, poder avaliar os

pontos positivos e os pontos negativos na busca de uma metodologia de

ensino eficaz e satisfatório de acordo com a linha de pesquisa trabalhada. Para

Napolitano, (2013, p. 15) ―Uma das justificativas mais comuns para o uso do

cinema na educação escolar é a ideia de que o filme ―ilustra‖ e ―motiva‖ alunos

desinteressados e preguiçosos para o mundo da leitura.‖.

O educador tem uma tarefa árdua e uma busca incansável

para aprimorar e cada vez mais sua prática pedagógica, com o intuito de

realizar o seu trabalho em sala de aula, em busca de qualidade e de resultados

mais significativos.

E, com tantas novas ferramentas tecnológicas, vale a pena

investir também nas novas tecnologias que estão disponíveis para uso legal,

podendo ser usadas também em prol da educação e na melhoria do ensino

público ou particular em busca de novos métodos de trabalho onde possam

favorecer a aprendizagem dos nossos alunos.

Para o reconhecimento do local onde a pesquisa foi

desenvolvida e qual o perfil dos alunos que participaram do mesmo, buscou-se

o PPP do estabelecimento de ensino. Todos os dados aqui referem-se ao

Projeto Político Pedagógico do colégio do ano de 2013, todavia, esse

documento é realimentado anualmente para atender a realidade da

comunidade escolar.

É importante ressaltar que o estabelecimento de ensino

escolhido para a efetivação deste projeto, é denominado Colégio Estadual do

Jardim San Rafael – Ensino Fundamental e Médio; o mesmo está localizado no

Bairro Jardim San Rafael, Rua Uraí, nº 287 no Município de Ibiporã, estado do

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Paraná.

O colégio tem por finalidade oferecer ensino público gratuito do

6º ao 9º ano do ensino fundamental e do 1º ao 3º ano do ensino médio. Até o

momento é o único estabelecimento que oferta o Ensino Fundamental do 6º ao

9º ano e Ensino Médio, atendendo a este bairro e a três novos bairros das

imediações: Jardim Santa Paula, Terra Bonita e Vila Romana I e II.

O Jardim San Rafael, como os demais que constituem a cidade

de Ibiporã, conta com completa infraestrutura: água, luz, esgoto, asfalto,

creche, posto de saúde, embora sua população tenha nível sócio-econômico

de baixo poder aquisitivo. A origem da maioria das famílias é rural, refletindo o

êxodo rural ocorrido em toda a região Norte do Paraná, em decorrência da

grande geada de 1975 e da consequente substituição da cultura do café pela

lavoura branca, que utiliza pouca mão de obra.

Sem preparo para novos trabalhos, a maioria dos pais e alunos

jovens ocupam-se com trabalhos braçais na construção, na indústria ou nos

serviços domésticos. É dentro deste universo de referência que se encontra a

clientela dessa escola.

Como em todo cenário nacional, também aqui tem ocorrido o

aumento da violência, do tráfico de drogas, e isto tem se refletido também na

escola. Diariamente nos deparamos com alunos irreverentes, indisciplinados e

desinteressados pelos estudos. Os pais, em sua maioria, preocupados com a

sobrevivência, deixam para a escola o que seria a sua tarefa: educar. São

poucos os pais que se responsabilizam diante da Escola de acompanhar

verdadeiramente o desempenho escolar de seus filhos.

A escola dispõe de poucos recursos financeiros que possam

dar suporte pedagógico, embora a busca de alternativas que possam ser

utilizadas pelos docentes com vista à melhoria da qualidade do ensino seja

constante, ainda faltam espaços para discussão coletiva sobre o processo

ensino e aprendizagem.

Para a distribuição de turmas busca-se atender à demanda da

comunidade escolar de acordo com as orientações emanadas da SEED.

Encontramo-nos no Projeto de Superação, visto os índices de desistência e

reprovação apresentados nos últimos anos, assim o coletivo escolar é

impulsionado pela expectativa de auto-superação e de contínua melhora na

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qualidade educativa.

Especificamente os educandos do primeiro ano A e B do

ensino médio do período matutino que fazem parte desta pesquisa são em sua

maioria adolescentes entre quatorze e dezesseis anos de idade, estão dentro

da idade/série adequada, portanto, há poucos repetentes nesse grupo de

alunos.

A professora que atua como pesquisadora e desenvolveu o

presente trabalho faz parte do corpo docente do Colégio Estadual do Jardim

San Rafael – Ensino Fundamental e Médio, como professora concursada do

quadro próprio do magistério (QPM) da SEED/Pr; e atua neste mesmo

estabelecimento desde janeiro de 2006 como professora regente das

disciplinas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa do 6º ao 9º ano do ensino

fundamental e do 1º ao 3º ano do ensino médio contemplando 40 horas aulas

semanais distribuídas nos períodos matutino, vespertino e noturno.

A professora conhece bem a realidade dos seus alunos e o

processo educativo no qual os mesmos estão inseridos. Partindo de suas

experiências profissionais e acadêmicas desenvolveu junto com seus alunos

uma sequência didática com o intuito de melhorar o processo de ensino e

aprendizagem nas suas aulas, entretanto podendo se estender para outras

práticas pedagógicas bem como outras disciplinas.

As atividades aqui desenvolvidas e relatadas poderão auxiliar

outros professores e alunos a melhorar e/ou aprimorar o processo educacional

incentivando o uso das novas tecnologias em sala de aula. Sendo assim, a

sequência aqui desenvolvida e analisada poderá servir como material didático

para demais professores, bem como auxiliar na criação de novas ideias para

elaboração de práticas pedagógicas que envolvam a literatura, o cinema e os

recursos tecnológicos para aprimorar cada vez mais o processo de ensino e

aprendizagem.

Segundo Zabala, (1998, p. 27) ―por trás de qualquer proposta

metodológica se esconde uma concepção de valor que se atribui ao ensino,

assim como certas ideias mais ou menos formalizadas e explicitas em relação

aos processos de ensinar e aprender.‖. A busca de aprimoramento para o

processo educacional é uma constante para o professor que está empenhado

em aprimorar seus conhecimentos e a sua metodologia de ensino e abre

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inúmeras possibilidades para desenvolvimento dos conteúdos a serem

trabalhados em sala de aula.

3.2 Sequência Didática

As novas tecnologias e os novos recursos midiáticos presente

no cotidiano das pessoas e, portanto, tão presente na sala de aula, tanto para o

professor quanto para o aluno; faz com que os professores dessa nova

geração tenham que conviver com o efeito da globalização que reflete cada vez

mais na escola e consequentemente no processo de ensino e aprendizagem.

O maior desafio de um professor na atualidade é encontrar

para esses aparelhos tão modernos uma função didática e pedagógica,

transformando dessa forma, os mesmo em instrumentos de apoio para ajudar

na melhoria da qualidade do ensino dentro e fora da sala de aula.

Assim sedo, sequência didática escolhida e desenvolvida neste

trabalho segue uma proposta de atividade baseada no autor e educador Antoni

Zabala (1998). Desse modo, o processo e as propostas de atividades foram

cuidadosamente elaborados, segundo as orientações apresentadas pelo autor

tendo em vista que:

Os processos educativos são suficientemente complexos para que não seja fácil reconhecer todos os fatores que os definem. A estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e condições físicas existentes, etc. Mas a prática é algo fluido, fugidio, difícil de limitar com coordenadas simples e, além do mais, complexa, já que nela se expressam múltiplos fatores, ideias, valores, hábitos pedagógicos, etc;‖ (Zabala,1998, p. 16).

De acordo com o autor, as propostas didáticas desenvolvidas

em ambientes escolares compreendem objetivos educacionais que podem

estar claros ou não para aqueles que as promovem ou que por elas são

contemplados. É importante, e torna o processo mais eficiente se os envolvidos

nesse processo educativo, tanto o professor quanto os alunos, tenham clareza

em cada etapa das atividades propostas e dos objetivos que se deseja

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alcançar.

Todo o plano de ação foi constituído de acordo com o autor,

porém, respeitando a realidade da comunidade escolar que a mesma foi

desenvolvida:

As sequências didáticas, como conjuntos de atividades, nos oferecem uma série de oportunidades comunicativas, mas que por si mesmas não determinam o que constitui a chave de todo ensino: as relações que se estabelecem entre os professores, os alunos e os conteúdos de aprendizagem. As atividades são o meio para mobilizar a trama de comunicações que pode se estabelecer em classe; as relações que ali se estabelecem definem os diferentes papéis dos professores e dos alunos. Deste modo, as atividades, a as sequências que formam, terão um ou outro efeito educativo em função das características específicas das relações que possibilitam. (Zabala,1998, p. 89).

De acordo com o autor uma sequência didática ou propostas

didáticas é um plano de ação que o professor elabora com a finalidade de

aplicar e desenvolver o conteúdo programático de forma clara e coesa através

de atividades realizadas que possam possibilitar o ensino de novos

conhecimentos e, consequentemente, com o intuito de que ao final desta

sequência didática os seus objetivos tenham sido alcançados com resultados

satisfatórios.

A utilização de uma sequência didática é um importante meio

de encaminhamentos metodológicos para o desenvolvimento de um dado

conteúdo e o aprimoramento de novos conhecimentos.

Especificamente neste trabalho, buscou-se desenvolver um

projeto na disciplina de Língua Portuguesa no conteúdo de literatura infanto-

juvenil, que através de uma transposição de um conto clássico para o cinema,

experimentou-se a aplicação de uma sequência didática para mostrar para os

alunos que a maioria dos filmes que estão sendo produzidos hoje são

adaptações de contos clássicos e ou romances que acabam despertando maior

interesse dos adolescentes em assistir ao filme e posteriormente fazer a leitura

do livro em que o longa-metragem foi inspirado, analisando que a linguagem

cinematográfica é bem diferente da linguagem literária, mas, entretanto, uma e

outra podem se complementar e auxiliar no processo educativo da criança e do

adolescente.

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Quadro 4 - Sequência Didática

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

De acordo com Zabala, (1998, p.69) ―uma sequência didática

que pode auxiliar mais facilmente a aplicação e desenvolvimento de um

conteúdo em sala de aula é aquela que considera como conteúdos e

procedimentos de aprendizagem a sequência que considera 1- apresentação,

por parte do professor ou professora, de uma situação problemática, 2- busca

de soluções, 3- exposição de conceito e algoritmo, 4- generalização, 5-

aplicação, 6- execução, 7- prova ou exame, 8- avaliação. Segundo o autor essa

sequência satisfaz de maneira adequada muitas das condições que fazem com

que a aprendizagem possa ser mais significativa possível.‖.

Dentro de uma sequência didática, que segundo o autor é o

procedimento educacional que o professor deve seguir, é preciso haver a

dimensão conceitual, aquela que diz o que deve ser ensinado, normalmente

segue-se o currículo através das DCEs; a dimensão procedimental, onde se

estabelece como deverá ser a realização e o procedimento do ensino, os

encaminhamentos metodológicos e finalmente, a dimensão atitudinal, aquela

que observa e analisa o resultado do procedimentos de ensino.

Se realizamos uma análise destas sequências buscando os elementos que as compõem, nos daremos conta de que são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um principio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. (Zabala,1998, p. 18).

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Há alguns procedimentos imprescindíveis que servem de apoio

ao professor tanto na elaboração quanto na execução de seu plano de

trabalho, obtendo assim, resultados mais satisfatórios na transmissão de um

conteúdo.

Em relação à metodologia que foi utilizada, pressupõe-se as

condições técnicas necessárias e as seguintes etapas, com a participação

conjunta dos alunos: 1) realizar o planejamento prévio; 2) fazer o levantamento

das ações disponíveis; 3) selecionar o filme e estabelecer a conexão entre o

conteúdo e a temática histórica a ser tratada; 4) pesquisar os processos e fatos

históricos concernentes aos períodos abordados pelo filme, assim como aos

períodos em que ele foi produzido; 5) pesquisar a biografia e as ideias dos

realizadores do filme e as condições de sua produção; 6) analisar e criticar os

conteúdos do filme, transformando- os em fontes documentais; 7) elaborar

questões, reflexões e problemas acerca das temáticas abordadas pelos filmes

e sua relação com o processo real; 8) organizar as exibições e os debates.

Essas atividades, planejadas previamente e desenvolvidas na

sala de aula facilitam a aprendizagem do aluno e consequentemente o seu

bom desenvolvimento cognitivo e pessoal, aprimorando a sua leitura de mundo

e sua produção de textos com maior coerência e coesão.

E, na escola, entende-se ser necessário que o professor

aproprie-se de seu papel na formação de leitores e que ele próprio tenha na

leitura a fonte de aprimoramento e fruição de forma que seu discurso não seja

vazio.

Para isso cabe ao docente ousar, fazer diferente, mexer com a

imaginação dos alunos, criar estratégias de motivação, passar pelas

concepções clássicas ou mais usuais e focar as possíveis mudanças trazidas

pelas novas tecnologias inovando suas práticas pedagógicas.

De início foi colocado para os alunos o conteúdo e a proposta

de trabalho que seriam realizadas nas próximas aulas de língua portuguesa,

em seguida foi aplicado um questionário denominado pré atividade bem como

um outro questionário denominado pós atividade que estão em anexo, para

investigar e avaliar alguns conhecimentos prévios como forma de avaliação

diagnóstica.

Realizada essa primeira etapa, houve uma exposição sobre

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contos clássicos e especificamente o conto de fadas A Bela Adormecida.

Concluída essa primeira parte, antes da exibição do filme, foram lidas e

realizadas discussões sobre as duas versões do conto em língua portuguesa.

Após a leitura em grupo, houve a sessão cinema na sala de aula preparada

para a exibição do filme.

Após a sessão de cinema, houve também outro debate, um

espaço para os estudantes colocarem as suas opiniões sobre a linguagem

audiovisual e literária, como foram recebidas e devolvidas, sobre o silêncio, a

atenção e o interesse dos alunos. Para complementar este primeiro momento,

foi debatido o filme em paralelo com o conto de fadas.

O passo seguinte foi a elaboração de uma comparação com a

versão tradicional do conto de fadas através da leitura do livro e também do

desenho animado em audiovisual, elaborado pela Disney, opção que a maioria

deles não conheciam e com a versão final pela transposição também produzida

pela Disney, mas sobre outra visão da história, o filme Malévola, agora narrada

pela suposta vilã do conto de fadas.

É importante ressaltar que a produção do filme atua como um

formador de opinião. Durante a exposição dos conteúdos e da discussão sobre

o tema, procurou-se trazer o conteúdo do filme para a contemporaneidade.

Apontou-se a inversão de valores presentes no filme, com a troca de

elementos, como o significado dado ao amor verdadeiro, que na primeira

versão da Disney para criança era o beijo do príncipe encantado e agora na

versão do filme voltado para os adolescentes é o beijo de uma mãe, o amor

verdadeiro de mãe para a filha. E ainda, questões como novos padrões de

família e respeito ao próximo também puderam ser trabalhadas.

De acordo com Duarte, (2009, p. 92). ―É sempre um novo

mundo, construído na e pela linguagem cinematográfica, que se abre para nós

quando nos dispomos a olhar filmes como fonte de conhecimento e de

informação.‖. Ainda mais, quando o filme selecionado agrada o público alvo.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

Esta etapa da pesquisa, análise de dados, foi possível

realizada através dos estudos das análises dos resultados obtidos antes

durante e depois da realização e da aplicação da sequência didática,

procedimentos didáticos com atividades elaboradas e desenvolvidas com os

alunos do primeiro ano do ensino médio do colégio estadual do jardim San

Rafael no município de Ibiporã no estado do Paraná.

Como já mencionado, o presente trabalho teve como objetivo

desenvolver uma sequência didática de acordo com o autor Antoni Zabala, com

a transposição de um conto clássico, o conto de fadas A Bela Adormecida nas

versões de Charles Perrault (1696), com uma linguagem pouco infantil e Walt

Disney (1959), com uma linguagem bastante infantil e voltada para a criança

que teve sua releitura para a linguagem cinematográfica através do filme

Malévola (2014) que retoma essa história com uma visão diferente das

originais, com uma linguagem voltada para o público infanto-juvenil.

Portanto, o objeto de estudo desta pesquisa foi a aplicação de

uma sequência didática desenvolvida a partir de uma transposição de um conto

clássico literário para o cinema para auxiliar o professor em suas práticas

pedagógicas em sala de aula, tendo como instrumentos didáticos filmes e os

livros nos quais ela foi baseada.

Através da coleta de dados feita antes, atividades elaboradas

através de questões sobre o tema, como avaliação diagnóstica; durante o

desenvolvimento das atividades, debates em sala de aula e ainda, assistir ao

filme; e depois da aplicação das atividades propostas feita através de

exercícios e atividades elaboradas para esta sequência didática, (em anexo no

final da pesquisa), foi possível fazer uma análise para a verificação das

indagações realizadas no inicio deste trabalho. Assim, esta parte do trabalho

pretende comprovar ou não os questionamentos que foram os propulsores

desta pesquisa.

Como nos tempos antigos, a cultura de massa está hoje

difundida em nossa sociedade de várias maneiras, mas todas elas acabam

influenciando o ser humano, modelando-o, interferindo em sua identidade, em

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sua personalidade, em seus valores, e na maneira de ver o mundo. Além disso,

ela age de forma ainda mais intensa em relação à criança e ao adolescente

que estão em processo contínuo de formação da personalidade e de valores

éticos e morais, intervindo na formação de sua identidade, já que esta se

encontra em constante articulação e é construído pelo sujeito ao longo de sua

existência.

Portanto, as atividades educacionais que envolvem a literatura

e o cinema se tornam mais interessantes e despertam nos alunos a vontade de

buscar mais conhecimento sobre o conteúdo que está sendo desenvolvido em

sala de aula.

4.1 Pré-atividade: A Bela Adormecida e Malévola

Nesta seção do trabalho será relatado como foi desenvolvida e

aplicada a primeira etapa da pesquisa ou como foi denominada, a pré-

atividade, trabalhada com os alunos antes da aplicação da sequência didática

que corresponde a uma série de atividades planejadas e aplicadas com o

intuito de verificar seus resultados de maneira positiva ou negativamente. Em

busca de encaminhamentos metodológicos que possam auxiliar o professor

dentro de sala de aula.

Para isso foi solicitado aos alunos que respondessem um

questionário em anexo, que foi elaborado com dez questões na pré atividade e

um outro questionário com oito questões na pós atividade conforme as

atividades propostas e analisado posteriormente pela pesquisadora para a

obtenção dos resultados do trabalho de pesquisa.

De acordo com as respostas obtidas foi possível constatar que

a grande maioria dos alunos tem conhecimento de alguns contos de fadas,

mas, nem todos reconhecem que o longa-metragem intitulado Malévola, é uma

adaptação do conto de fadas A Bela Adormecida.

Participaram desta pesquisa sessenta e sete educandos,

dentre os quais quarenta e dois são do sexo masculino e vinte e cinco são do

sexo feminino, sendo trinta e seis alunos do primeiro ano do ensino médio

turma A e trinta e um alunos do primeiro ano do ensino médio turma B do

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período matutino do colégio estadual do Jardim San Rafael – ensino

fundamental e médio.

Parte I do questionário

A primeira parte do questionário refere-se a questões voltadas

para a leitura de livros e tipo de literatura que fazem parte da vida dos

educandos participantes da pesquisa. Como forma de avaliação diagnóstica e

para reconhecimento de seus hábitos, de estudos e interesses relacionados à

literatura.

Gráfico 1: Você costuma frequentar a biblioteca?

1) Você costuma frequentar bibliotecas?

Sim

Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

O gráfico acima indica que bem poucos educandos

questionados têm o hábito de frequentar bibliotecas.

Portanto, apenas treze educandos dos sessenta e sete ainda

vão à biblioteca, mesmo que seja à biblioteca do próprio colégio.

É possível perceber através desta questão que poucos alunos

têm hábito de ler, possivelmente devido às novas tecnologias e a informação

facilitada ou por falta de costume mesmo, poucos alunos ainda mantêm o

hábito da leitura. E, leem apenas por obrigação ou por necessidade, a leitura

deixou de ser uma forma de lazer devido às tantas outras formas de

entretenimento.

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Gráfico 2: Com que frequência você costuma ler livros?

2) Com que frequência você costuma ler livros?

2 a 3 livros/mês

1 livro/mês

leio apenas os livros indicadospela escola

não leio

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Na questão acima percebe-se que grande parte dos educandos

não têm o de ler livros de literatura.

Percebe-se ainda através do gráfico, que parte dos educandos

apenas leem os livros que são indicados pelos professores para atividades ou

avaliações das disciplinas.

O hábito da leitura livros diminuiu muito possivelmente devido

aos muitos meios de comunicação e as novas tecnologias bem como à

globalização e o fácil acesso à internet e as rede sociais, para os adolescentes

as atividades ligadas a tecnologia são mais interessantes, pois estar

conectados com os amigos é mais estimulante que apreciar uma boa leitura de

romance da literatura. Novos costumes, novas forma de lazer, novos hábitos de

acordo com a época em que se vive.

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Gráfico 3: Que tipo de livros você costuma ler?

3) Que tipo de livros você costuma ler?

Romance

Terror

Humor

Ação/Aventura

Drama

Todos

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

A questão acima mostra qual o tipo de leitura que os

educandos preferem. E a maioria escolheu os livros de ação/aventura,

possivelmente porque sua maioria seja composta de meninos.

Nessa questão foi possível constatar que a maioria não tem

muito gosto pela leitura, e de acordo com o gráfico, quando os alunos

questionados se interessam pelo ato de ler; percebe-se que a maior parte deles

são leitores de livros de ação/aventura e que apesar de não lerem com

frequência os mesmos têm preferência por esse tipo de livros.

Parte II do questionário

A segunda parte do questionário trata sobre o cinema e sobre

os tipos de filmes que os alunos estão acostumados a assistir. Alguns

questionamentos foram feitos para sondagem e avaliações diagnósticas,

acerca de suas preferências quanto ao que assistir dentro da arte

cinematográfica.

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Gráfico 4: Você gosta de assistir a filmes?

4) Você gosta de assistir a filmes?

Sim

Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Na questão acima a porcentagem é muito grande com relação

ao gosto por assistir filmes. Foi possível verificar que quase todos os

educandos questionados gostam de assistir filmes e estão bem familiarizados

com essa arte, o cinema.

Considerando que cinema é uma arte e também pode ser

considerada uma tecnologia e um recurso didático para o processo ensino

aprendizagem, podendo ser utilizado como ferramenta de trabalho para as

práticas docente. Poucos são os que não gostam ou não têm o hábito de

assistir a filmes, o que facilitou todo o desenvolvimento das atividades

propostas pela pesquisa.

Aqui foi possível perceber que o cinema, como recurso

tecnológico e instrumento didático vem agradando mais os adolescentes que

os livros de literatura, ainda que os filmes sejam baseados em um conto

clássico ou em romances literários.

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Gráfico 5: Com que frequência você assiste a filmes?

5) Com que frequência você assiste a filmes?

toda semana

1 a 2 vezes/mês

2 a 3 vezes/mês

raramente

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Na questão acima, os educandos assistem com bastante

frequência a filmes, ou seja, toda semana.

Os educandos questionados têm o costume de assistir filmes

semanalmente, ação esta que foi comprovada através da questão acima.

Percebe-se, portanto, que os mesmos estão mais habituados ao cinema como

arte, no que se refere a filmes.

Com relação à literatura, dão menos importância aos livros. Os

educandos preferem assistir filmes que ler um livro. Percebe-se aqui nesta

questão que o cinema como arte ainda fascina as gerações e que os alunos

em sua maioria têm o hábito de assistir aos filmes.

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Gráfico 6: Qual tipo de filme você mais gosta de assistir?

6) Qual tipo de filme você mais gosta de assistir?

romance

terror

comédia

ação/aventura

todos

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Na questão acima foi possível constatar que a maioria dos

alunos preferem assistir filme de ação/aventura, o que torna a pesquisa muito

interessante, considerando que o grupo de educandos participantes desta

pesquisa em sua maioria é composto pelo sexo masculino.

Desta forma, houve uma boa distribuição da porcentagem

obtida em relação aos gêneros dos filmes preferidos pelos pesquisados;

comédia e ação/aventura aparecem como os mais assistidos. O que contribui

para o sucesso da aplicação da sequência didática e do trabalho da pesquisa

já que o filme escolhido tem muito de aventura e ação entre outras

características que agradam os jovens.

Parte III do questionário

Nesta etapa da pesquisa foi aplicado alguns exercícios através

de um questionário, por meio do qual foi possível verificar o conhecimento que

os educandos tinham sobre o tema pesquisado.

A pesquisa refere-se especificamente a questões relacionadas

ao conto clássico A Bela Adormecida e à transposição cinematográfica, o filme

Malévola. Com o intuito de diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos

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que participaram desta pesquisa.

Com o objetivo inicial de fazer uma avaliação prévia sobre

conhecimentos que os educandos tinham sobre contos de fadas e sobre as

transposições dos mesmos para as telas do cinema, a pesquisa elaborou as

seguintes indagações, especificamente sobre a história A Bela Adormecida e a

história do filme Malévola.

Gráfico 7: Você conhece algum conto de fadas?

7) Você conhece algum conto de fadas?

Sim

Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Na questão acima foi possível perceber que a maioria deles

conhecem algum conto de fadas. Entretanto, quando foram questionados sobre

quais contos de fadas eles conheciam, alguns responderam que conheciam e

citaram os nomes dos clássicos como: Cinderela, Branca de Neve, A Bela

Adormecida e Chapeuzinho Vermelho.

Todavia, outros responderam que não conheciam, mas

demostraram interesse em ler e saber sobre os contos de fadas.

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Gráfico 8: Você conhece a história da A Bela Adormecida?

8) Você conhece a história da A Bela Adormecida?

Sim

Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Essa questão pôde evidenciar, comprovar que a maioria já

conhecia a história da A Bela Adormecida. Foi de suma importância perceber

que, em se tratando de um conto clássico, mais precisamente de um conto de

fadas, a maioria dos envolvidos no trabalho conhecia a história da A Bela

Adormecida.

No entanto, os alunos conheciam a versão publicada por Walt

Disney Company, uma adaptação menos pitoresca que a original e mais

voltada para o público infantil. Dessa forma, juntamente com os alunos foi feita

uma nova leitura do livro publicado por Walt Disney Company e ainda,

apresentado o livro em sua primeira versão de Charles Perrault, A Bela

Adormecida no bosque.

O que facilitou em muito a compreensão de textos como contos

de fada e suas principais características no que se refere a sua tipologia textual

e suas principais características.

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Gráfico 9: Você assistiu ao filme Malévola?

9) Você assistiu ao filme Malévola?

Sim

Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Com relação, a questão acima, foi possível constatar uma

pequena diferença entre os educandos que assistiram o longa-metragem dos

que não assistiram.

No entanto, os educandos que responderam sim,

demonstraram interesse em assistir novamente ao filme, pois segundo os

mesmos a partir das discussões e das questões levantas durante o

desenvolvimento das atividades, percebeu-se que eles apresentavam um novo

olhar para o mesmo filme. Já os educandos que responderam não,

demonstraram interesse em assistir ao filme e queriam averiguar se as

provocações sobre o tema do filme eram verídicas.

Nessa questão foi possível observar que a maioria dos alunos

demonstra interesse pela pesquisa e participaram da mesma, sendo assim, o

trabalho elaborado foi desenvolvido de forma lúdica e satisfatória, já que este

tipo de trabalho com essa categoria de filme é uma novidade para esses alunos

bem como nesta faixa etária.

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Gráfico 10: Você conhece a história do filme Malévola?

10) Você conhece a história do filme Malévola?

Sim

Não

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados obtidos pela pesquisa

Após a análise do questionário aplicado foi possível perceber e

avaliar os conhecimentos prévios desses alunos. E foi constatado que a

maioria não conhecia exatamente a história do filme, o que tornou a proposta

de trabalho mais interessante e desafiadora para os educandos, despertando

neles o interesse pelas atividades propostas.

Isso fez com que os educandos se sentissem motivados e até

ansiosos em conhecer a adaptação do conto de fadas para o cinema. O que

facilitou todo o processo e desenvolvimento das atividades propostas.

Desta forma, a pesquisa superou as expectativas, tornou-se

muito mais atraente do que se esperava, a atividade proposta facilitou e com

certeza foi instrumento de auxilio no processo de ensino e aprendizagem. Para

Zabala, (1998, p. 21, 22) ―As finalidades, os propósitos, os objetivos gerais ou

as intenções educacionais, ou como se queira chamar, constituem o ponto de

partida primordial que determina, justifica e dá sentido à intervenção

pedagógica.‖.

A busca de novas tecnologias e métodos de ensino mesmo

que seja com um instrumento tão conhecido estabeleceu entre os envolvidos

no processo educacional maior cumplicidade e melhor aproveitamento dos

conteúdos trabalhados.

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4.2 Atividade: Malévola na sala de aula

A pesquisa proposta aqui teve como objetivo principal

disponibilizar aos educandos uma forma diferenciada de práticas de atividades

que os levaram a reflexão e despertaram neles o interesse pela leitura. O

trabalho desenvolvido também possibilitou a contribuição no processo

educacional de ensino e de aprendizagem; através do recurso didático-

tecnológico, o cinema, e especificamente através de uma adaptação de um

conto clássico infantil para as telas do cinema com uma releitura voltada agora

para o público adolescente ou infanto-juvenil.

Em um primeiro momento, foi explicado aos educandos sobre a

importância da pesquisa e procurou despertar o interesse dos mesmos para a

participação e colaboração de todos. Na explanação sobre o desenvolvimento

da pesquisa dentro da disciplina de língua portuguesa, no conteúdo de

literatura, foram apresentados os objetivos, as etapas e o desenvolvimento da

pesquisa proposta.

Na concepção de Antoni Zabala, (1998, p. 21, 22) ―as

finalidades, os propósitos, os objetivos gerais ou as intenções educacionais, ou

como se queira chamar, constituem o ponto de partida primordial que

determina, justifica e dá sentido à intervenção pedagógica.‖.

É de extrema importância planejar todo o desenvolvimento de

um projeto pedagógico educativo com clareza e com os objetivos bem

definidos, para que os educandos se sintam motivados a fazer parte e

contribuírem com o processo educativo e que só irá beneficiá-lo em sua

formação acadêmica para que o processo de ensino e aprendizagem se torne

satisfatório.

Após a aplicação da sequência didática elaborada para

desenvolver um conteúdo literário através da abordagem da linguagem

cinematográfica com um filme, tão atual e ao mesmo tempo voltado para os

adolescentes, foi possível perceber que a mesma se apresentou estimulante e

percebeu-se que os educandos demonstraram interesse em desenvolver as

atividades propostas durante as aulas.

Tudo que é novo instiga o imaginário da criança ou do

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adolescente, desperta a curiosidade e interesse pelo conhecimento. Daí a

importância em buscar novas metodologias e recursos tecnológicos que

chamem a atenção dos educandos.

Através de recursos midiáticos, internet, livros e produções

cinematográficas que possam despertar cada vez mais o interesse do aluno

pelos estudos.

É importante ressaltar que o bem filme selecionado é aquele

que tem como objeto de estudo temas transversais e que aborda determinados

conteúdos, de forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre

um tema específico, orientando a sua interpretação. De forma indireta, quando

mostra um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares.

4.3 Pós-atividade: análise dos resultados

Após a realização de todas as atividades planejadas,

elaboradas e desenvolvidas através de uma sequência didática, utilizando

como principal recurso didático o cinema e a transposição de um conto

clássico. Foi possível constatar que o cinema exerce atualmente mais

influência nos adolescentes que o livro, mas que o livro ainda faz e sempre fará

parte da literatura desenvolvida em sala de aula.

O mais interessante é perceber que os alunos se sentiram

estimulados a buscar mais conhecimento através da leitura, pois aqueles que

não conheciam a história de A Bela Adormecida foram pesquisar e fazer a

leitura do conto de fadas e ainda, alguns alunos puderam perceber as

diferentes formas de linguagens que são utilizadas tanto na literatura quanto no

cinema e que é possível fazer uma releitura de uma mesma história abordando

pontos de vista e temas diferentes.

Estas condições obrigam a que uma das primeiras tarefas dos professores consista em levar em conta os conhecimentos prévios dos meninos e meninas, não apenas em relação aos conteúdos, como também aos papéis de todas as instâncias que participam nos processos de ensino/aprendizagem e, portanto, é preciso examinar a disposição, os recursos e as capacidades gerais com que conta cada aluno em relação à tarefa proposta. (Zabala,1998, p. 94).

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Entretanto, quando se faz um planejamento das atividades, de

acordo com a realidade em que se está inserida, por sua vez os resultados

podem ser mais satisfatórios e o processo de ensino e de aprendizagem

possivelmente acontecerá de maneira mais clara e compreensível para que

todos os envolvidos no processo possam se sentir valorizados e parte

integrante daquilo que se pretende.

Desta forma, foi possível verificar que o resultado e o

conhecimento transmitidos foram satisfatórios para o educador e para os

educandos que se integraram e se empenharam com as atividades propostas

pela pesquisa.

É preciso insistir que tudo quanto fazemos em aula, por menor que seja, incide em maior ou menor grau na formação de nossos alunos. A maneira de organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que utilizamos, cada uma destas decisões veicula determinadas experiências educativas, e é possível que nem sempre estejam em consonância com o pensamento que temos a respeito do sentido e do papel que hoje em dia tem a educação. (Zabala,1998, p. 28,29).

É essencial o professor ter conhecimento das novas

tecnologias e das mudanças no mundo e acompanhá-las e transformá-las em

suas aliadas em sala de aula e desta maneira despertar o interesse de seus

alunos e motivá-los a aprender e a buscar mais conhecimento.

Quando buscamos novas práticas pedagógicas e recursos

didáticos enriquecemos nossa metodologia e despertamos no aluno o interesse

pelo novo, trabalhar a literatura com uma transposição para o cinema, levar o

cinema para sala de aula, melhora e enriquece a aprendizagem dos nossos

alunos, pois o cinema fala a linguagem dos jovens, dos chamados nativos

digitais que estão vinte quatro horas ligados na internet e fazendo uso de

alguma nova tecnologia.

A cada minuto que passa, novas pessoas passam a acessara Internet, novos computadores são interconectados, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se torna ―universal‖, e menos o mundo informacional se torna totalizável. (LÉVY, 2014. p.113).

Esse grupo de jovens é chamado de geração Y, também

chamado de geração do milênio ou geração da Internet, pessoas nascidas no

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século XXI, essa geração cresceu em meio a muita ação, tarefas

diversificadas, muito estimuladas, atividades múltiplas e com muita rapidez,

isso obrigou o professor buscar inovações tecnológicas para conseguir prender

a atenção desses educandos, para que possa atingir seus objetivos e formar

pessoas com capacidade de diferenciar o certo do errado e ser um adulto de

valores morais e consciente de seu papel na sociedade.

Como a linguagem da maioria deles é simples e de fácil compreensão e o enredo é construído de forma a torná-los acessíveis a pessoas de todas as idades, em geral, eles podem ser exibidos a estudantes de quase todos os níveis de ensino. Tudo depende dos objetivos que orientam a escolha dos conteúdos com os quais se deseja trabalhar – relação professor/aluno, currículo, imagens de professores, prática pedagógica, conflitos etc. – e da forma de abordá-los. (Duarte, 2009, p. 73).

Ao unirmos um planejamento adequado ao conteúdo bem

como recursos didáticos apropriados, encontramos resultados bastante

significativos e acima de tudo atingimos nossos objetivos enquanto educadores

e proporcionamos um ensino mais enriquecedor para os nossos alunos dentro

da sala de aula.

O cinema é um instrumento precioso, por exemplo, para ensinar o respeito aos valores, crenças e visões de mundo que orientam as práticas dos diferentes grupos sociais que integram as sociedades complexas. Os chamados ―filmes de escola‖ propiciam bons debates sobre os problemas que enfrentamos no dia a dia da atividade educacional. (Duarte, 2009, p. 73).

Os denominados ―filmes de escolas‖ aqueles que normalmente

são catalogados para trabalhar um determinado conteúdo e de acordo com os

temas que devem ser trabalhados em sala de aula, que provocam debates,

mas, muitas vezes fora do contexto daqueles indivíduos, isso faz gerar um

desinteresse pelo conteúdo e prejudica o processo de ensino aprendizagem.

Para isso o educador precisa estar em constante contato com

as mudanças tecnológicas e dos recursos didáticos e pedagógicos para buscar

novos meios para resgatar a atenção daqueles alunos que estão sempre

conectados.

O fato dos currículos e as práticas pedagógicas chegarem

prontas às instituições educacionais muitas vezes faz com que o educador

sinta-se engessado, isso dificulta todo um processo, por isso a necessidade de

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se implantar novas pesquisas que venham a auxiliar e a contribuir com a

utilização de instrumentos que possam contribuir para que o ensino

aprendizagem seja mais prazeroso para o educador e educando.

Este trabalho de pesquisa através de seus estudos e suas

práticas pedagógicas se faz importante para a prática docente devido às

discussões feitas acerca da aplicação de uma sequência didática envolvendo

um conto de fadas de um clássico infantil cuja transposição cinematográfica

transformou a linguagem infantil em uma linguagem mais juvenil.

Para poder levar em conta as contribuições dos alunos, além de criar o clima adequado, é preciso realizar atividades que promovam o debate sobre suas opiniões, que permitam formular questões e atualizar o conhecimento prévio, necessário para relacionar uns conteúdos com outros. Quer dizer, apresentar os conteúdos relacionados com o que já sabem, com seu mundo experiencial, estabelecendo, ao mesmo tempo, certas propostas de atuação que favoreçam a observação do processo que os alunos seguem para poder assegurar que seu nível de conhecimento é o adequado. Sem este ponto de partida, dificilmente será possível determinar os passos seguintes. (Zabala,1998, p. 95).

Desse modo observa-se que o professor está frequentemente

buscando novos meios, novos caminhos para desenvolver seu trabalho

docente em harmonia com seus alunos e seus conhecimentos prévios. Este

trabalho tem sua importância nesta busca constante porque promove um

debate sobre sequência didática e recursos tecnológicos que podem ser

desenvolvidos na prática docente. Conforme Zabala, (1998, p. 27, 28) ―Um

modo de determinar os objetivos ou finalidades da educação consiste em fazê-

lo em relação às capacidades que se pretende desenvolver nos alunos.‖.

Sendo assim, quando as atividades propostas têm seus

objetivos e procedimentos metodológicos bem planejados, segundo o autor,

seus resultados serão mais satisfatórios também.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo elaborar uma sequência

didática com a transposição de um conto clássico, do conto de fadas A Bela

Adormecida adaptada para o cinema através do filme Malévola. Com o intuito

de juntar em uma mesma metodologia a literatura clássica e a tecnologia

cinematográfica nas aulas de literatura.

Todo processo de ensino e de aprendizagem precisa ser bem

planejado e quando as práticas pedagógicas estão referenciadas e embasadas

com teóricos competentes, o processo educacional tem resultados positivos e

satisfatórios.

Analisando todo o processo e o resultado final da pesquisa é

possível concluir que a sequência didática elaborada para o ensino de literatura

na disciplina de língua portuguesa com o auxílio do cinema como recurso

didático para compreensão e interpretação da releitura de um conto clássico

transposto para o cinema, teve uma boa aceitação por parte dos alunos

participantes.

Percebeu-se aqui que há uma mudança de linguagem infantil

para uma linguagem infanto-juvenil e se torna mais interessante para os

adolescentes, alunos do ensino médio, despertando neles o interesse pela obra

em que o filme foi baseado, estimulando a leitura de livros literários em uma

era tão digital e tecnológica.

Após a aplicação da sequência didática proposta se confirmou

a afirmativa de que os alunos de hoje em dia se sentem mais estimulados à

prática da leitura através do recurso midiático do cinema, pois desperta o

interesse na leitura naqueles que não tem o hábito de ler ou de frequentar uma

biblioteca como fonte de diversão e lazer.

Além da diversão e lazer, a pesquisa pretendeu contribuir ao

que é inegável: que a leitura e a tecnologia atreladas, colaboram de forma

positiva com o ensino e a aprendizagem dos indivíduos, particularmente os

mais jovens, que tem mais facilidade para apropriar-se de conhecimentos

através dos recursos tecnológicos que estão cada dia mais presente na vida

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Foi possível perceber ainda que, ao ser feito o uso do cinema como recurso

didático em sala de aula, há a possibilidade de proporcionar aos alunos um

trabalho mais interessante o que reflete diretamente em seu comportamento e

em sua participação no desenvolvimento das atividades propostas devido ao

estímulo que receberam quando o professor trabalha com o cinema em sala de

aula.

Assim, o processo educativo pode ajudar na formação de

cidadãos mais conscientes de si mesmos como seres humanos sensíveis,

críticos e futuramente adultos socialmente responsáveis no meio em que

vivem.

Também foi possível constatar que os educadores podem e

devem oferecer práticas fora dos padrões convencionais e pensar um modo de

ensino e de aprendizagem que desperte o interesse dos educandos.

A pesquisa proporcionou ainda, a visão que o processo de

ensino aprendizagem tem que alçar novos rumos que interajam com os meios

de comunicação, utilizando a tecnologia e seus recursos midiáticos, tirando

maior proveito daquilo que atualmente está disponível para a grande maioria

dos grupos sociais.

Deste modo, podemos considerar que a literatura e o cinema

podem aliar-se, tornando-se um valioso instrumento de educação, instrução e

transmissão de conhecimento.

O professor como mediador do conhecimento deverá auxiliar

seus alunos para que os mesmos possam extrair do conto de fadas e dos

textos literários que posteriormente são transpostos para o cinema, elementos

e características que se assemelham à sua realidade, pois do contrário, esses

alunos não conseguirão assimilar e fazer a sua própria interpretação da história

para finalmente, ajudá-los na construção de sua identidade pessoal e ou

profissional.

Quando a atividade é planejada, e existe um estudo sobre o

potencial pedagógico do recurso tecnológico escolhido para esta pesquisa,

percebe-se que o uso do cinema na sala de aula reforça a capacidade de

argumentação; melhora o vocabulário, desenvolve a imaginação e facilita a

compreensão de temáticas que, por vezes, podem ser bastante complexas e

difíceis de abordar em sala de aula.

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Ao abrir espaço para debates e comparações, o professor

permite que o aluno exponha sua visão da obra mobilizando, não apenas a

razão e o intelecto, mas também as emoções, o que é, sem dúvida, bastante

importante para que ele se envolva e tenha mais disposição para aprender.

Enfim, o papel do professor enquanto mediador da atividade de

leitura e do estímulo à imaginação de seus alunos pode auxiliá-los também

quanto à compreensão das transposições de um conto clássico para a sétima

arte, o cinema e na interpretação do texto e do contexto em que a obra literária

está inserida, assim o aluno poderá fazer sua própria leitura do conto de fadas

que estará sendo trabalhado em sala de aula.

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APÊNDICES

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APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA COLETA DE DADOS E REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

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Pré-atividade Nome:_________________________________________________________

Parte I

1) Você costuma frequentar bibliotecas?

a) sim b) não

2) Com que frequência você costuma ler livros?

a) 2 a 3 livros/mês

b) 1 livro/mês

c) leio apenas os livros indicados na escola

d) não leio

3) Que tipo de livros você costuma ler?

a) romance d) ação/aventura

b) terror e) drama

c) humor f) todos

Parte II

1) Você gosta de assistir a filmes?

a) sim b) não

2) Com que frequência você assiste a filmes?

a) toda a semana c) 2 a 3 vezes por mês

b) 1 a 2 vezes por mês d) raramente

3) A que tipo de filme você gosta de assistir?

a) romance d) ação/aventura

b) terror e) todos

c) comédia

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Parte III

1) Você conhece algum conto de fadas? Se a resposta for afirmativa, quais?

a) sim b) não

2) Você conhece a história da Bela Adormecida?

a) sim b) não

3) Você assistiu ao filme Malévola?

a) sim b) não

4) Você sabe a história do filme?

a) sim b) não

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APÊNDICE II – ATIVIDADES REALIZADAS

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Pós Atividade Roteiro do Filme: _________________________________________________

1. Identificação do Participante:________________________________________

Aluno(a): _______________________________________________________ Disciplina: _______________________________________________________ Professora: ______________________________________________________

2. Ficha Técnica do Filme:

Título do filme: ___________________________________________________ Personagens principais: ______________________________________________________________________________________________________________________________

3. Tipo de filme:

( ) comédia ( ) adaptação ( ) drama ( ) documentário ( ) outros

4. Tipo de linguagem

( ) rico ( ) pobre ( ) épico ( ) uso de gírias

5. Grau de entendimento

( ) fácil ( ) razoável ( ) difícil

6. O filme conta a adaptação de qual história de qual conto de fadas?

_______________________________________________________________

7. Temas que estão sendo tratados:

( ) conflitos familiares ( ) ficção científica ( ) culturais ( ) afetivos ( ) religiosos ( ) amorosos

8. Qual é a cena de maior influência ou impacto para você? Justifique

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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9. Qual a ideia ou mensagem central do texto?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Faça uma síntese do conto de fada A Bela Adormecida e do filme Malévola

comparando suas semelhanças e diferenças em relação à: Ponto de vista das

personagens

Versão das histórias ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Anexos

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ANEXO I – AUTORIZAÇÃO DA DIREÇÃO DO COLÉGIO

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ANEXO II – ATIVIDADES REALIZADAS PELOS ALUNOS

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