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DOCUMENTÁRIO “PORTUÁRIAS - AS MULHERES NO PORTO DE SANTOSAutores: Beatriz Meirelles, Manoella Curi, Nicole Zuñiga e Thiago Carrico Orientadora: Profª Drª Ivete Cardoso Roldão Contato: [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Campinas - Faculdade de Jornalismo O porto de Santos é o mais importante do Brasil e da América Latina, já que é a principal porta de entrada e saída de mercadorias. Historicamente, o trabalho portuário é relacionado ao sexo masculino, uma vez que apenas na década de 90 as mulheres têm se inserido no setor operacional do porto. Nesse contexto, “Portuárias - As mulheres no porto de Santos” é um documentário que busca dar voz a essas trabalhadoras através do olhar delas, abordando desde as dificuldades, como o preconceito e a discriminação no início das carreiras, a rotina, as relações de trabalho, as conquistas ao longo dos anos até as contradições que ainda existem no porto santista. A intenção de utilizar o próprio discurso das mulheres se justifica no campo da atualidade em que a luta feminina por igualdade de gênero ganha cada vez mais espaço. O objetivo desse projeto foi dar visibilidade às mulheres e suas respectivas funções dentro do porto de Santos, um ambiente que teve sua história sempre relacionada ao trabalho braçal e masculino. Dessa maneira, o foco da discussão sempre foi mostrar a versão do dia a dia portuário na visão feminina, que somente recentemente foi inserida nesse setor e que, por este motivo, sofreu muito preconceito e discriminação de gênero. O processo resultou em um documentário de 23 minutos e 53 segundos, onde foram abordadas, além do preconceito sofrido pelas trabalhadoras, questões relevantes como as adaptações específicas que o ambiente exigiu delas. Além disso, o trabalho portuário deixa claro acarretar mudanças profundas - internas e externas - nas mulheres, não só dentro dos terminais, mas também em suas vidas pessoais. INTRODUÇÃO/ JUSTIFICATIVA OBJETIVOS MATERIAIS E MÉTODOS Para compreender a realidade das trabalhadoras portuárias, seis funções operacionais do porto que recentemente passaram a ser exercidas por mulheres foram selecionadas. São elas: conferente de cargas, guarda portuária, amarradora de navios, caminhoneira, marinheira de praticagem e operadora de RTG. Assim, a discussão do tema e enfoque estão presentes nas experiências vividas pelas próprias personagens. O processo de gravação se deu através do uso de diversos ângulos de captação, da opção por uma fotografia cinematográfica e ainda pela utilização de câmeras GoPro. Além das 20 horas de material bruto que foram gravadas, o grupo também aproveitou recortes de jornais para ilustrar o início da trajetória das personagens. Outro elemento criativo e inovador do projeto foi a trilha sonora composta exclusivamente por Marina Ortiz e Leonardo Rodrigues. A produção desse Projeto Experimental mostrou que a inserção da mulher no setor operacional do porto de Santos não está ocorrendo de forma acentuada, porém, de forma gradual e contínua. O documentário dá voz a essas mulheres de forma inédita e expõe uma visão que, até então, não tinha sido considerada nem mesmo pelas pessoas mais próximas das personagens. As diferentes visões de mundo que o jornalismo proporciona fizeram parte da produção de “Portuárias - As mulheres no porto de Santos”. Agora, o documentário contribui, da mesma forma, com um olhar diferente sobre a realidade da mulher inserida em ambientes de trabalho majoritariamente masculinos. CONCLUSÃO PRINCIPAIS RESULTADOS E DISCUSSÃO O trabalho portuário sempre foi predominantemente masculino. Dessa forma, a presença feminina - inserida neste setor a partir da década de 90 - causou estranhamento e muita discriminação. Inicialmente alocadas em postos de administração e posteriormente diretamente no cais do porto, as portuárias enfrentaram situações de constrangimento, falta de infraestrutura e até agressões verbais e físicas por parte dos colegas de trabalho. De acordo com um levantamento nos 46 terminais que atuam no porto de Santos, a equipe comprovou que as mulheres ainda são minoria em todos os trabalhos portuários. Já em relação às conquistas, elas tiveram que lutar muito para assegurar seus direitos, tanto na lei quanto nas relações de trabalho. DIÉGUEZ, Carla Regina Mota Afonso. A masculinidade do trabalhador portuário: novas questões em tempos de automação. In Seminário Internacional Fazendo Gênero 9, Florianópolis. Anais Eletrônicos... Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010. p. 1-9. Disponível em: <http://migre.me/uUgAs>. LUCENA, Luiz Carlos. Como fazer documentários - Conceito, linguagem e prática de produção. Sammus Editorial, São Paulo - SP, 2012. NOGUEIRA, Claudia Mazzei. A divisão sexual do trabalho no setor portuário. In: Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 6, n. 2, p. 130-141, dez. 2014. Disponível em: <http://migre.me/uUgMM>. RAMOS, Fernão. Mas afinal... O que é mesmo documentário? São Paulo, SP: Senac São Paulo, 2013. REFERÊNCIAS

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DOCUMENTÁRIO “PORTUÁRIAS - AS MULHERES NO PORTO DE SANTOS”

Autores: Beatriz Meirelles, Manoella Curi, Nicole Zuñiga e Thiago Carrico Orientadora: Profª Drª Ivete Cardoso Roldão

Contato: [email protected]

Pontifícia Universidade Católica de Campinas - Faculdade de Jornalismo

O porto de Santos é o mais importante do Brasil e da América Latina, já que é a

principal porta de entrada e saída de mercadorias. Historicamente, o trabalho

portuário é relacionado ao sexo masculino, uma vez que apenas na década de 90

as mulheres têm se inserido no setor operacional do porto. Nesse contexto,

“Portuárias - As mulheres no porto de Santos” é um documentário que busca dar

voz a essas trabalhadoras através do olhar delas, abordando desde as

dificuldades, como o preconceito e a discriminação no início das carreiras, a rotina,

as relações de trabalho, as conquistas ao longo dos anos até as contradições que

ainda existem no porto santista. A intenção de utilizar o próprio discurso das

mulheres se justifica no campo da atualidade em que a luta feminina por igualdade

de gênero ganha cada vez mais espaço.

O objetivo desse projeto foi dar visibilidade às mulheres e suas respectivas

funções dentro do porto de Santos, um ambiente que teve sua história sempre

relacionada ao trabalho braçal e masculino. Dessa maneira, o foco da discussão

sempre foi mostrar a versão do dia a dia portuário na visão feminina, que somente

recentemente foi inserida nesse setor e que, por este motivo, sofreu muito

preconceito e discriminação de gênero.

O processo resultou em um documentário de 23 minutos e 53 segundos, onde

foram abordadas, além do preconceito sofrido pelas trabalhadoras, questões

relevantes como as adaptações específicas que o ambiente exigiu delas. Além

disso, o trabalho portuário deixa claro acarretar mudanças profundas - internas e

externas - nas mulheres, não só dentro dos terminais, mas também em suas vidas

pessoais.

INTRODUÇÃO/ JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS

MATERIAIS E MÉTODOS

Para compreender a realidade das trabalhadoras portuárias, seis funções

operacionais do porto que recentemente passaram a ser exercidas por mulheres

foram selecionadas. São elas: conferente de cargas, guarda portuária, amarradora

de navios, caminhoneira, marinheira de praticagem e operadora de RTG. Assim, a

discussão do tema e enfoque estão presentes nas experiências vividas pelas

próprias personagens.

O processo de gravação se deu através do uso de diversos ângulos de

captação, da opção por uma fotografia cinematográfica e ainda pela utilização de

câmeras GoPro. Além das 20 horas de material bruto que foram gravadas, o grupo

também aproveitou recortes de jornais para ilustrar o início da trajetória das

personagens. Outro elemento criativo e inovador do projeto foi a trilha sonora

composta exclusivamente por Marina Ortiz e Leonardo Rodrigues.

A produção desse Projeto Experimental mostrou que a inserção da mulher no

setor operacional do porto de Santos não está ocorrendo de forma acentuada,

porém, de forma gradual e contínua. O documentário dá voz a essas mulheres de

forma inédita e expõe uma visão que, até então, não tinha sido considerada nem

mesmo pelas pessoas mais próximas das personagens.

As diferentes visões de mundo que o jornalismo proporciona fizeram parte da

produção de “Portuárias - As mulheres no porto de Santos”. Agora, o documentário

contribui, da mesma forma, com um olhar diferente sobre a realidade da mulher

inserida em ambientes de trabalho majoritariamente masculinos.

CONCLUSÃO

PRINCIPAIS RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho portuário sempre foi predominantemente masculino. Dessa forma, a

presença feminina - inserida neste setor a partir da década de 90 - causou

estranhamento e muita discriminação. Inicialmente alocadas em postos de

administração e posteriormente diretamente no cais do porto, as portuárias

enfrentaram situações de constrangimento, falta de infraestrutura e até agressões

verbais e físicas por parte dos colegas de trabalho.

De acordo com um levantamento nos 46 terminais que atuam no porto de

Santos, a equipe comprovou que as mulheres ainda são minoria em todos os

trabalhos portuários. Já em relação às conquistas, elas tiveram que lutar muito para

assegurar seus direitos, tanto na lei quanto nas relações de trabalho.

DIÉGUEZ, Carla Regina Mota Afonso. A masculinidade do trabalhador

portuário: novas questões em tempos de automação. In Seminário

Internacional Fazendo Gênero 9, Florianópolis. Anais Eletrônicos... Florianópolis:

Universidade Federal de Santa Catarina, 2010. p. 1-9. Disponível em:

<http://migre.me/uUgAs>.

LUCENA, Luiz Carlos. Como fazer documentários - Conceito, linguagem e

prática de produção. Sammus Editorial, São Paulo - SP, 2012.

NOGUEIRA, Claudia Mazzei. A divisão sexual do trabalho no setor portuário.

In: Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 6, n. 2, p. 130-141,

dez. 2014. Disponível em: <http://migre.me/uUgMM>.

RAMOS, Fernão. Mas afinal... O que é mesmo documentário? São Paulo, SP:

Senac São Paulo, 2013.

REFERÊNCIAS