DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · o verdadeiro significado e logo a sua...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
UM OLHAR DIFERENCIADO À EDUCAÇÃO ESPECIAL E
INCLUSIVA
Por: Roselina Costa da Silveira
Orientador
Profª. Mary Sue
Rio de Janeiro
2015
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
UM OLHAR DIFERENCIADO À EDUCAÇÃO ESPECIAL E
INCLUSIVA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Especial e
inclusiva
Por: Roselina Costa da Silveira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que plantou em mim
um sonho que hoje se materializa.
Ao meu esposo Carlos Ellan, pelo
carinho, dedicação, paciência e
incentivo.
À minha querida filha Carolina por
compreender minhas ausências e
omissões.
À minha cunhada e amiga Keilla que
segurou muitas barras ao longo desse
ano por mim.
A todos os amigos e familiares que
compartilharam da minha caminhada e
àqueles que mesmo distantes torceram
por mim.
A todos os professores que dedicaram
seu tempo e sua sabedoria para que
minha especialização fosse um
aprendizado de vida.
Finalmente, a todos que fizeram parte
desta longa e salutar jornada, os meus
mais sinceros agradecimentos.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus, por ser essencial em minha vida,
autor de meu destino, meu guia, socorro
presente na hora da angústia, ao meu
esposo Carlos Ellan, a minha filha
Carolina e Monique, uma mãe que,
mesmo não conhecendo a doença e o
processo de inclusão, tem nos ensinado a
incluir o diferente no meio dos diferentes
e seu lindo filho Dalmo, que tem nos
mostrado que dificuldades e barreiras
existem... mas um dia de cada vez deve
ser seguido e contado.
5
RESUMO
Observamos que tanto politicamente, quanto instituições educacionais
ou trabalhistas, e completando, os profissionais que estão diretamente ou
indiretamente relacionados a esta chamada educação especial e inclusiva,
desconhecem a verdadeira complexidade da educação especial, desconhecem
o verdadeiro significado e logo a sua importância no reconhecimento de cada
doença e perceber que cada indivíduo é único em suas diferenças, porém
amplo em todas as suas capacidades, se desenvolvidos adequadamente.
Relatamos a situação atual da educação especial e inclusiva,
levantando as condições das instituições educacionais e seus ambientes
físicos, mostrando a importância da formação continuada aos profissionais
envolvidos no processo de educação especial e inclusiva. Divulgando assim
em âmbitos gerais sobre a importância de um melhor desenvolvimento e
investimento, desde a formação continuada, envolvimento familiar e equipe
multidisciplinar, ambientes físicos, e um olhar diferenciado ao indivíduo
portador de necessidades especiais.
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METODOLOGIA
A elaboração para todo o exposto nesta monografia foi composto por
uma coletânea de pesquisa, com utilização de livros relacionados as
problemáticas, bem como soluções; matérias de revistas educacionais e
político pedagógicas, consultas em portais do governo para obter acesso as
leis que determinam as políticas da educação especial e inclusiva;
questionários e pesquisas elaboradas por universidades em busca de
levantamentos sobre o tema em questão. E utilizando observações e vivências
educacionais dentro ambiente educacional. A leitura minunciosa e busca pelo
entendimento do processo da política educacional da educação especial e
inclusiva, ampliou um leque de considerações e revelações sobre a atualidade
e realidade existente em nosso contexto educacional.
.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Situação atual da Educação Especial e Inclusiva 10
CAPÍTULO II
Condição das Instituições Educacionais e seus ambientes físicos 19
CAPÍTULO III
A importância da formação continuada dos profissionais envolvidos no
processo de Educação Especial e Inclusiva
28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41
8
INTRODUÇÃO
“A escola é direito de todos”. Esta frase aguça em muitos professores
questionamentos, pois quando constatam, em suas salas de aula, a realidade
da diversidade humana.
A origem da educação tradicional fez com que alguns profissionais de
educação despertassem o desejo de nivelar os conhecimentos dos alunos. A
proposta da educação inclusiva deu um novo aspecto à educação, visando um
olhar diferenciado sobre as singularidades humanas.
É necessário que a escola e mais especificamente o professor lance
um olhar diferenciado sobre os alunos com necessidades especiais com a
finalidade de valorizar os aspectos positivos de uma criança com essas
dificuldades, procurando melhorar sua qualidade de vida e seu desempenho
escolar.
O professor exerce papel fundamental neste processo, mantendo
contato direto com a família e profissionais da saúde. Além do tratamento
multidisciplinar (psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, psicomotricistas,
etc.), é fundamental que os alunos com necessidades especiais sintam-se em
um ambiente adequado e receptivo, aberto às diferenças e às variações no
ritmo de aprendizagem. A criança precisa se sentir amada, incentivada, segura
e com a autoestima elevada.
De acordo com a Wikipédia, a enciclopédia livre, a educação
inclusiva aponta para a transformação de uma sociedade inclusiva e é
um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes
nos estabelecimentos de ensino regular.
Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das
políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à
diversidade dos alunos. É uma abordagem humanística, democrática,
que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o
crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.
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Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se
realiza em parte consciente, em parte inconscientemente, constituindo um
sistema mais ou menos corrente de pensar, agir fazer, relacionar-se, posicionar-
se perante o Absoluto, e, enfim, reproduzir-se. (GOMES, 2008. P.36 de pensar)
A inclusão perpassa pelas várias dimensões humanas, sociais e
políticas, e vem gradualmente se expandindo na sociedade
contemporânea, de forma a auxiliar no desenvolvimento das pessoas em
geral de maneira e contribuir para a reestruturação de práticas e ações
cada vez mais inclusivas e sem preconceitos.
E, portanto, é preciso entender que toda a cultura tem sua própria
maneira de pensar, seus hábitos e os costumes que representam,
identifica seu modo de ser, com sua própria lógica dando ao homem
características e comportamentos.
Por sua vez a escola não deve difundir ideias e conceitos que
fortaleçam o preconceito e a discriminação das pessoas com
necessidades especiais no ambiente escolar, e a não consideração
dessas questões como temas a serem discutidos também por toda a
sociedade, irá continuar abrindo espaço para práticas equivocadas e
preconceituosas.
Trata-se de repensar uma renovação nas praticas pedagógicas
visando atender e realmente expressar a riqueza das diversidades
culturais, sociais e étnicas presentes no espaço educacional relacionadas
aos alunos com necessidades especiais, oferecendo de forma igualitária
as múltiplas possibilidades de leitura da vida, expressão cultural, formas
de ser e viver, maneiras e jeitos que caracterizam os seres como
humanos, mas para isso é preciso obter uma formação
docente qualificada e eficiente que vise todas as necessidades e volte
suas metodologias para a construção de um saber que respeite as
diferenças e adeque cada indivíduo com suas necessidades, mais que
especiais.
10
CAPÍTULO I
Situação atual da Educação Especial e Inclusiva
O esforço pela inclusão social e escolar de pessoas com necessidades
especiais no Brasil é a resposta para uma situação que perpetuava a
segregação dessas pessoas e cerceava o seu pleno desenvolvimento.
“Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do
significado do processo de Educação inclusiva, estamos
considerando a diversidade de aprendizes e seu direito à
equidade. Trata-se de equiparar oportunidades,
garantindo-se a todos - inclusive às pessoas em situação
de deficiência e aos de altas habilidades/superdotados, o
direito de aprender a aprender, aprender a fazer,
aprender a ser e aprender a conviver. (CARVALHO,
2005).
A Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da
escola regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a
diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter
necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar.
Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa
no processo de aprendizagem e que exigem uma atitude educativa específica
da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados
para garantir a aprendizagem de todos os alunos.
A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do
pleno desenvolvimento e do fortalecimento da personalidade. O respeito aos
direitos e liberdades humanas, primeiro passo para a construção da cidadania,
deve ser incentivado.
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Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um
mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa
negar as dificuldades dos estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as
diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa
variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e
desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.
Preservar a diversidade apresentada na escola, encontrada na
realidade social, representa oportunidade para o atendimento das
necessidades educacionais com ênfase nas competências, capacidades e
potencialidades do educando.
Nossas leis educacionais sempre dedicaram capítulos à educação de
alunos com deficiência, como um caso particular do ensino regular.
A educação especial figura na política educacional brasileira desde o
final da década de 50 e sua situação atual decorre de todo um percurso
estabelecido por diversos planos nacionais de educação geral, que marcaram
sensivelmente os rumos traçados para o atendimento escolar de alunos com
deficiência.
A evolução dos serviços de educação especial caminhou de uma fase
inicial, eminentemente assistencial, visando apenas ao bem-estar da pessoa
com deficiência para uma segunda, em que foram priorizados os aspectos
médico e psicológico Em seguida, chegou às instituições de educação escolar
e, depois, à integração da educação especial no sistema geral de ensino. Hoje,
finalmente, choca-se com a proposta de inclusão total e incondicional desses
alunos nas salas de aula do ensino regular.
Essas transformações têm alterado o significado da educação especial
e deturpado o sentido dessa modalidade de ensino. Há muitos educadores,
pais e profissionais interessados que a confundem como uma forma de
assistência prestada por abnegados a crianças, jovens e adultos com
deficiências. Mesmo quando concebida adequadamente, a educação especial
no Brasil é entendida também como um conjunto de métodos, técnicas e
recursos especiais de ensino e de formas de atendimento escolar de apoio que
12
se destinam a alunos que não conseguem atender às expectativas e
exigências da educação regular.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Nº 4.024/61,
garantiu o direito dos "alunos excepcionais" à educação, estabelecendo em
seu Artigo 88 que para integrá-los na comunidade esses alunos deveriam
enquadrar-se, dentro do possível, no sistema geral de educação. Entende-se
que nesse sistema geral estariam incluídos tanto os serviços educacionais
comuns como os especiais, mas pode-se também compreender que, quando a
educação de deficientes não se enquadrasse no sistema geral, deveria
constituir um especial, tornando-se um sub-sistema à margem.
Esta e outras imprecisões acentuaram o caráter dúbio da educação
especial no sistema geral de educação. A questão que se punha na época
era: Enfim, diante da lei, trata-se de um sistema comum ou especial de
educação? O mesmo está acontecendo atualmente com relação à inserção de
alunos com deficiência no ensino regular.
Em 1972, o então Conselho Federal de Educação em Parecer de
10/08/72 entendeu a "educação de excepcionais" como uma linha de
escolarização, ou seja, como educação escolar. Logo em seguida, Portarias
ministeriais, envolvendo assuntos de assistência e de previdência social,
quando definiram a clientela da educação especial, posicionaram-se segundo
uma concepção diferente do Parecer, evidenciando uma visão terapêutica de
prestação de serviços às pessoas com deficiência e elegeram os aspectos
corretivos e preventivos dessas ações, não havendo nenhuma intenção de se
promover a educação escolar.
Ainda hoje, fica patente a dificuldade de se distinguir o modelo médico/
pedagógico do modelo educacional/escolar da educação especial. Esse
impasse faz retroceder os rumos da educação especial brasileira, impedindo-a
de optar por posições inovadoras, como é o caso da inserção de alunos com
deficiência em escolas inclusivas.
O que parece estar claro é que os legisladores estabeleceram uma
relação direta entre alunos com deficiência e educação especial. Essa
correspondência binária nem sempre é a que mais nos interessa,
13
principalmente quando temos como objetivo a inserção total e incondicional de
todos os alunos, nas escolas regulares, ou melhor, em uma escola aberta às
diferenças.
Apesar das definições, estudos, e demais maneiras de se diferenciar a
clientela da educação especial, ainda não existem instrumentos legais e
respostas conclusivas sobre qual é o verdadeiro alunado da educação
especial, ou seja, qual é a sua clientela específica.
No discurso oficial, nos planos educacionais, nas diretrizes curriculares
nacionais para o ensino de pessoas com deficiência a clientela é bem
delimitada. Via de regra, os alunos que lotam as classes especiais ainda hoje
não são, na grande parte dos casos, aqueles a quem essa modalidade se
dirige e pela ausência de laudos periciais competentes e de queixas escolares
bem fundamentadas, correm o risco de serem todos admitidos e considerados
como alunos com deficiência. Trata-se de alunos que não estão conseguindo
"acompanhar" seus colegas de classe ou que são indisciplinados, filhos de
lares pobres, negros, e outros desafortunados da nossa sociedade entre
alguns poucos realmente deficientes.
Essas indefinições justificam todos os desmandos e transgressões do
direito à educação e à não discriminação que algumas redes de ensino estão
praticando por falta de um controle efetivo dos pais, das autoridades de ensino
e da justiça em geral.
Todas estas situações, que implicam problemas conceituais,
desconhecimento dos preceitos da Constituição Federal e interpretações
tendenciosas da legislação educacional, têm confundido o sentido da inclusão
escolar e prejudicado os que lutam por implementá-la nas escolas brasileiras.
Essas questões estão na base da compreensão das políticas de educação
especial e regular e têm sido, responsáveis por caminhos incertos, trilhados
pelos que pensam, decidem e executam os planos educacionais brasileiros.
A mudança da nomenclatura – "alunos excepcionais", para "alunos
com necessidades educacionais especiais", aparece em 1986 na Portaria
CENESP/MEC nº 69. Essa troca de nomes, contudo, nada significou na
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interpretação dos quadros de deficiência e mesmo no enquadramento dos
alunos nas escolas.
O MEC adota até hoje o termo "portadores de necessidades
educacionais especiais – PNEE ao se referir a alunos que necessitam de
educação especial. Mesmo incluindo entre esses alunos os que apresentam
dificuldades de aprendizagem, os que têm problemas de conduta e de altas
habilidade, a clientela da educação especial não fica ainda bem caracterizada,
pois mantém-se a relação direta e linear entre o fato de uma pessoa ser
deficiente e freqüentar, o ensino especial, na compreensão da maioria das
pessoas.
A Constituição Brasileira de 1988, no Capítulo III, Da Educação, da
Cultura e do Desporto, Artigo 205 prescreve: "A educação é direito de todos e
dever do Estado e da família". Em seu Artigo 208, prevê: " o dever do Estado
com a educação será efetivado mediante a garantia de:.."atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino".
Este e outros dispositivos legais referentes à assistência social, saúde
da criança, do jovem e do idoso levantam questões muito importantes para a
discussão da educação especial brasileira, não apenas com relação à
adaptação de edifícios de uso público, quebra de barreiras arquitetônicas de
todo tipo, transporte coletivo, salário mínimo obrigatório como benefício mensal
às pessoas com deficiência que não possuem meios de prover sua
subsistência e outros. Entre essas questões desponta atualmente a inclusão
escolar e novamente se questiona aqui a destinação da educação especial.
O esclarecimento da referida questão envolve a consideração de três
direções possíveis aos encaminhamentos dos alunos às escolas:
a) a que implica um sentido de oposição entre educação especial e
regular, em que os alunos com deficiência só teriam uma opção para seus
estudos, ou seja, o ensino especial;
b) a que implica uma inserção parcial, ou seja, a integração de alunos
nas salas de aula do ensino regular, quando estão preparados e aptos para
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estudar com seus colegas do ensino geral e sempre com um
acompanhamento direto ou indireto do ensino especial e
c) a que indica a inclusão dos alunos com deficiência nas salas de aula
do ensino regular, sem distinções e/ou condições, implicando uma
transformação das escolas para atender às necessidades educacionais de
todos os alunos e não apenas de alguns deles, os alunos com deficiência,
altas habilidades e outros mais, como refere a educação especial.
O debate atual está centrado nas direções b) e c) acima citadas isto é,
entre integração escolar e inclusão escolar. O assunto cria inúmeras e
infindáveis polêmicas, provoca as corporações de professores e de
profissionais da área de saúde que atuam no atendimento às pessoas com
deficiência - os paramédicos e outros que tratam clinicamente de crianças
e jovens com problemas escolares e de adaptação social e também "mexem"
com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de
assistência às suas clientelas. Afetam também, e muito os professores da
educação especial que se sentem temerosos de perder o espaço que
conquistaram nas escolas e redes de ensino. Os professores do ensino regular
consideram-se sem competência para atender às diferenças nas salas de aula,
especialmente aos alunos com deficiência nas suas salas de aulas, pois seus
colegas especializados sempre se distinguiram por realizar unicamente esse
atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos olhos de todos. Há
também um movimento contrário de pais de alunos sem deficiências, que não
admitem a inclusão, por acharem que as escolas vão baixar e/ou piorar ainda
mais a qualidade de ensino se tiverem de receber esses novos alunos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB mais recente,
Lei nº 9.394 de 20/12/96 destina o Capítulo V inteiramente à educação
especial, definindo-a no Artg. 58º como uma ... "modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos que apresentam necessidades especiais" Este destaque seria de
fato um avanço? Sem dúvida, avançamos muito em relação ao texto da Lei Nº
4.024/61, pois parece que não há mais dúvidas de que a "educação dos
excepcionais" pode enquadrar-se no sistema geral de educação, mas
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continuamos ainda atrelados à subjetividade de interpretações, quando
topamos com o termo "preferencialmente" da definição citada..
No Artigo 59 a nova LDB dispõe sobre as garantias didáticas
diferenciadas, como currículos, métodos, técnicas e recursos educativos;
terminalidade específica para os alunos que não possam atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude da deficiência;
especialização de professores em nível médio e superior e educação para o
trabalho, além de acesso igualitário aos benefícios sociais.
A LDB definiu finalmente o espaço da educação especial na educação
escolar, mas não mencionou os aspectos avaliativos em nenhum ítem e esta
ausência gera preocupação, pois não se sabe o que fazer a respeito – pode-se
tanto proteger esses alunos com parâmetros específicos para esse fim, como
equipara-los ao que a lei propõe para todos.
Sobre a "terminalidade específica" dos níveis de ensino, o texto da lei
fica também muito em aberto, principalmente no que diz respeito aos critérios
pelos quais se identifica quem cumpriu ou não as exigências para a conclusão
desses níveis e o perigo é que a idade venha a ser o indicador adotado.
A qualificação do professor para assegurar a operacionalização do
ensino de alunos com deficiência suscita muitas questões, devidas igualmente
à imprecisão do texto legal. Acreditamos que mais urgente que a
especialização é a formação inicial e continuada de professores par atender às
necessidades educacionais de todos os alunos, no ensino regular, como
proposto pela inclusão escolar.
Pesquisas recentes de Mestrado e de Doutorado realizadas por
membros do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade –
LEPED / Universidade Estadual de Campinas- São Paulo/ Brasil, mostram
claramente que os professores carecem de uma boa formação para ensinar a
todos e não especificamente os deficientes.
Como concluiu Brito de Castro (1997) em seu Mestrado sobre a
implantação da inclusão escolar na rede municipal de ensino de Natal/ Rio
Grande do Norte/Brasil, o professores têm evidenciado dificuldades para
trabalhar com os alunos em geral, não apenas com aqueles com deficiências,
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dadas as precárias condições de trabalho e de formação docente. A pesquisa
constatou que as professoras necessitam de mais conhecimentos do que já
possuem para desenvolver uma prática de ensino que considere as diferenças
em sala de aula, e não uma capacitação especializada nas deficiências, como
propõem a lei e as políticas educacionais brasileiras. Recentemente, em abril
de 2001, foi colocado em discussão na Câmara do Ensino Básico do Conselho
Nacional de Educação um documento que trata das Diretrizes Curriculares da
Educação Especial. O que mais surpreende, neste documento é que, a
despeito da ampla discussão entre os educadores, legisladores, pais e
pessoas com deficiência, o conceito de inclusão escolar não avançou, do
ponto de vista das suas aplicações na mesma medida em que vem sendo
esclarecido, do ponto de vista teórico. No referido Documento como em muitos
outros, fica evidente esse descompasso, quando se afirma, por exemplo, que:
"Operacionalizar a "inclusão escolar" de todos os alunos,
independentemente de classe, raça gênero, sexo ou características individuais
é o grande desafio a ser enfrentado , numa clara demonstração do respeito à
diferença" (p.21).
Ele defende a inclusão, mas sugere em todo o texto ações que não
respeitam os princípios de uma escola para todos, sem discriminações e
preconceitos, sem ensino à parte. De fato, o Documento orienta confusamente
essa operacionalização, quando se refere à educação escolar dos alunos com
deficiência e à formação inicial dos professores.
É interessante percebermos que a inclusão do aluno na escola se dá,
essencialmente, pela mudança de atitudes e não apenas pela disponibilidade
de recursos tecnológicos ou de condições especiais. Isso porque a maioria das
escolas supera as dificuldades por meio da criatividade, improvisação e
compromisso dos profissionais que nela atuam. Além das adaptações
curriculares, recursos e acessibilidade, na visão dos profissionais a inclusão
social e educacional de pessoas com deficiências só será concretizada partir
de uma interação estreita entre escola e comunidade, que favoreça a
retroalimentação do sistema inclusivo, de tal modo que a escola possa influir
na comunidade, gerando um efeito multiplicador através suas ações, ao
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mesmo tempo em que pode ser modificada pela comunidade. Do lado da
família, de modo geral, os pais de alunos com deficiências se ressentem da
cobrança feita pelas escolas regulares para que seus filhos sejam mantidos.
Muitas famílias que desistem de manter seus filhos em escolas regulares, pois,
além de lutar por esse direito, têm que manter uma freqüência constante na
instituição escolar e, muitas vezes, fornecer todo o suporte à escola (“correr
atrás do diretor, da orientadora, dos professores, dos alunos, dos pais dos
outros alunos, apoiar o professor na produção de material pedagógico, ajudar
nas festinhas, acompanhar os passeios” etc...).
19
CAPÍTULO II
Condição das Instituições Educacionais e seus
ambientes físicos
Para quem não enxerga ou não consegue se movimentar,
equipamentos, objetos e brinquedos inclusivos possibilitam um aprendizado
mais fácil. A criança chega à escola sem falar ou mexer braços e pernas. É
possível ensiná-la a ler, por exemplo? Sim, e na sala regular. Para quem
tem deficiência, existe a tecnologia assistiva, composta de recursos que
auxiliam na comunicação, no aprendizado e nas tarefas diárias. As
chamadas altas tecnologias são, por exemplo, livros falados, softwares ou
teclados e mouses diferenciados. "Existem recursos para comandar o
computador por meio de movimentos da cabeça, o que ajuda quem tem
lesão medular e não move as mãos", afirma a fisioterapeuta Rita Bersch,
diretora do Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil, em Porto
Alegre. Já as baixas tecnologias são adaptações simples, feitas em
materiais como tesoura, lápis, colher ou materiais recicláveis.
Temos então duas situações: a primeira que seria, a “ideal” ou
“correta”. E a segunda, uma adaptação do não investimento financeiro ou
visão para a realidade das necessidades dos portadores de algum tipo de
deficiência.
Um modelo de atendimento hoje estipulado por Leis, seriam de que,
toda escola deve receber para inclusão, e não somente interação essas
crianças com necessidades especiais. Hoje em dia, aumenta no mundo
todo, o interesse em se conceber os ambientes de forma mais abrangente e
menos restritiva, ou seja, com atenção à diversidade das pessoas, suas
necessidades e possibilidades físicas e sensoriais. É o reconhecimento das
diferenças de habilidade entre os indivíduos e as modificações pelas quais
passa o nosso próprio corpo durante a vida.
A aceitação dessa realidade modifica conceitualmente os espaços
edificados, apontando para um projeto mais responsável e compromissado.
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Ao reconhecermos a diversidade das pessoas, cabe-nos trabalhar os
ambientes de forma a atender uma gama cada vez maior de usuários. As
vantagens dos ambientes livres de barreiras beneficiam 100% dos usuários
e não apenas determinado segmento, e a acessibilidade é considerada
como um item dentre os demais, tal como iluminação ou ventilação
adequadas.
No Brasil, um país com cerca de 160 milhões de habitantes,
envolvido em grandes problemas sociais e econômicos, falar-se
em Desenho Universal ainda pode soar como novidade revolucionária em
certos meios. No entanto o processo de acessibilidade - de projetar um meio
ambiente cada vez mais abrangente e menos restritivo - é uma tendência
mundial, irreversível, como todo processo que confere qualidade de vida ao
ser humano. Porém, esbarramos nas instalações já edificadas, as quais
tem tido dificuldades para essa adaptação à essas necessidades imediatas,
principalmente quando nos referimos aos Instituições Educacionais
privadas, as quais devem seguir as Leis e normas, porém sem um apoio
financeiro dos Órgãos públicos, o que dificulta essa adequação.
No ambiente escolar em especial, um meio físico acessível pode
ser extremamente libertador e pode transformar a possibilidade de
integração entre as crianças e o seu desempenho. Os ambientes
inacessíveis são fator preponderante na dificuldade de inclusão na escola
para as pessoas com deficiência e podem determinar que alguns sejam
excluídos também do mercado de trabalho. O meio pode reforçar uma
deficiência valorizando um impedimento ou torná-la sem importância
naquele contexto.
Na última década, com a reformulação de condutas nos meios de
educação modernos, incorporou-se o conceito de Educação Inclusiva, que
trouxe para as salas de aula do ensino regular, muitas das crianças
anteriormente educadas em escolas especiais, devido a deficiências físicas
e sensoriais as mais diversas. A conjunção dos conceitos atuais
de Educação Inclusiva e Desenho Universal, nos leva a rever com
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premência a escola de hoje, não apenas como instituição de ensino, mas
como espaço arquitetônico que a contém.
As escolas passaram então, a receber um contingente de alunos
que apresentam diferentes formas para caminhar, deslocar-se,
escrever, brincar . E se espera das instituições, que seus professores, seu
espaço, seu mobiliário, estejam adequados a recebê-los. No entanto, não é
essa a realidade que encontram, por exemplo, crianças que apresentam
algum comprometimento motor ou que chegam em seu primeiro dia de aula
em cadeiras de rodas.
Ao se receber os alunos com barreiras, que impedem alguns ao
simples acesso à sala de aula, ao computador ou a ida ao banheiro com
autonomia, está instaurado um poderoso fator de exclusão social e não
haverá inclusão de fato, baseada unicamente na dedicação e boa vontade
dos professores e funcionários, que se desdobram para que ela aconteça. É
preciso que a infra-estrutura da escola seja coerente com os princípios de
inclusão, e espelhe o respeito a estes alunos, através do cuidado com
instalações aptas a recebê-los sem restrições, em um meio-ambiente atento
às suas diferenças.
Atualmente, em algumas cidades brasileiras - e geralmente devido
à legislação municipal vigente - quando uma escola entra em obras de
reforma, já se inserem de imediato as adaptações para acessibilidade. Na
maioria das vezes, as obras se limitam a adaptações bastante restritas, no
máximo, a execução de pequenas rampas e adaptação de banheiros,
realizadas num padrão técnico quase sempre inadequado. Existe a vontade
de acertar, mas o investimento nas obras é realizado sem maiores projetos.
Ao fim, temos adaptações que não são utilizáveis devido à baixa qualidade
técnica: rampas muito íngremes, pisos deslizantes ou banheiros adaptados
inacessíveis. Os órgãos municipais, por exemplo, não costumam buscar
assessoria técnica adequada para seus projetos e obras.
Cabe ressaltar, que em muitos empreendimentos de obras públicas
de construção civil, a qualidade do acabamento de modo geral deixa a
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desejar, e não corresponde ao padrão adequado. Isto se refere aos diversos
quesitos, e dentre eles os que visam a acessibilidade.
Ainda hoje, a acessibilidade não costuma estar incluída dentre as
exigências dos clientes, dos arquitetos, ou dos engenheiros que fiscalizam
as obras. As exceções se devem geralmente ao caso de alguma
fiscalização local exigente. Num país que apresenta déficit de operários
qualificados para obras com acabamento mais detalhado, e que ademais,
não possui a tradição da acessibilidade, torna-se especialmente difícil sua
adequada inserção.
Em grande parte das vezes, são realizadas obras de adaptação de
escolas devido à solicitação para atendimento às necessidades de
determinado aluno com deficiência. É comum, em algumas escolas, se
tratar da adaptação como “a rampa do Zezinho”, por exemplo. Como não
provêm de um planejamento amplo, visando acessibilizar as escolas da
região, por exemplo, estas obras costumam apresentar um caráter
emergencial, ou mesmo temporário, destinadas apenas a solucionar as
questões relacionadas às especificidades, geradas pelo determinado aluno,
e que, portanto, um dia, espera-se não sejam mais necessárias.
Quando encaradas desse modo, resultam em adaptações pobres
em termos de solução, tanto quanto à operacionalidade, como quanto aos
materiais empregados, já que não são entendidas
como benfeitorias incorporadas às melhorias definitivas do prédio, e
portanto, não merecedoras de muita atenção ou investimento. De modo
geral, a "produção da acessibilidade", seja em equipamentos, edifícios e
adaptações, é muito artesanal, em termos de produtos ou projetos. Os
resultados são limitados em sua abrangência e custo. Muitas reformas são
executadas empiricamente e de forma improvisada. Às vezes são atendidos
os quesitos para acessibilidade física, mas a desinformação acaba por
anular seus resultados, como ocorre com os banheiros acessíveis que se
tornam depósitos ou estão sempre fechados.
A acessibilidade em todos os níveis, é indispensável à inclusão de
todas as pessoas na sociedade da informação e do conhecimento.
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Devemos contar com as formas adequadas de divulgação sobre os
conceitos de inclusão, acessibilidade e deficiência como importantes aliadas
neste processo. Observamos que constantemente, a falta de comunicação
entre as Secretarias de governo e conseqüentes iniciativas
desarticuladas, ocasiona perda de tempo, de verba e de qualidade
referentes à implantação da acessibilidade. Consideramos que essa é uma
questão recorrente, de difícil solução no panorama brasileiro. Há que se
estruturar uma política integrada de acessibilidade entre os diversos setores
governamentais, uma vez que, para considerarmos determinada escola
(pública ou privada) como inclusiva, precisamos que não somente sua
edificação, mas também seu entorno, o transporte e a forma de se chegar a
ela , sejam adequados.
Ao se fazer opção pela construção de um sistema educacional
inclusivo, em consonância com os postulados da Declaração de Salamanca
(1994), é iniciada, no Brasil, uma reconfiguração das modalidades de
atendimento e serviço aos alunos com deficiência, entre as quais figura a
sala de recursos.
No texto das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica (BRASIL, 2001) encontra-se o conceito desse serviço de
apoio à inclusão, pelo qual deve ser desenvolvido o atendimento
educacional especializado (AEE) na escola, envolvendo-se professores com
diferentes funções:
Salas de Recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por
professor especializado, que suplementa (no caso dos superdotados) e
complementa (para os demais alunos) o atendimento educacional realizado
em classes comuns [...]. Esse serviço realiza-se em escolas, em local
dotado de equipamentos e recursos pedagógicos adequados às
necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se a
alunos de escolas próximas, nas quais ainda não exista esse atendimento.
Pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, para alunos
que apresentem necessidades educacionais especiais semelhantes, em
24
horário diferente daquele em que freqüentam a classe comum. [...].
(BRASIL, 2001, p.50).
Os estados da Federação passaram a considerar a oferta da sala de
recursos, no espaço escolar do ensino regular, como um dos atendimentos
da Educação Especial, que visa contribuir para a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais matriculados em classes comuns.
Para demonstrar a aceitação da posição da Secretaria de Educação
Especial do Ministério da Educação passaram, também, a legislar sobre
esse serviço.
O Estado do Paraná, considerando os preceitos legais que regem a
Educação Especial como: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Nº 9394/96 (BRASIL, 1996); as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, Resolução CNE n° 02/01 (BRASIL, 2001), a
Deliberação Nº 02/03 - CEE (PARANÁ, 2003), inicialmente regulamentou a
oferta da sala de recursos com a Instrução 04/04 (PARANÁ, 2004) e, em
seguida, com a Instrução nº 015/08 (PARANÁ, 2008), ambas da SEED/DEE
- PR. Todavia, em 2011 é emitida a Instrução 016/11 (PARANÁ, 2011) que
amplia a terminologia desse serviço de apoio para sala de recursos
multifuncional - tipo I, adequando-se às orientações do MEC, contidas no
Decreto Federal nº 7611, de 17 de novembro de 2011, assim definindo-a:
Sala de Recursos Multifuncional - Tipo I, na Educação Básica é um
atendimento educacional especializado, de natureza pedagógica que
complementa a escolarização de alunos que apresentam deficiência
Intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do
desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, matriculados na Rede
Pública de Ensino. (PARANÁ, 2011).
Moretti e Corrêa (2009, p.487) valorizaram esse serviço, afirmando
que na perspectiva inclusiva a sala de recursos tornou-se muito importante,
"pois visa oferecer o apoio educacional complementar necessário para que
o aluno se desempenhe e permaneça na classe comum, com sucesso
escolar".
25
Além das oportunidades de sucesso acadêmico que são oferecidas
no contexto da classe regular, pelas adequações curriculares possíveis e
recomendadas pela legislação, ao aluno está sendo garantido o direito ao
apoio especializado, a fim de complementar seu aprendizado em período
diverso daquele em que frequenta a classe regular.
Sobre a função e a importância da sala de recursos, Arnal e Mori
(2007, p.3) alertam para o fato de que a sala de recursos só pode ser
considerada instrumento de inclusão "[...] desde que consiga atender à
diversidade, assegurando ao aluno a inclusão em situações de
aprendizagem no ensino regular".
No objetivo da inclusão, o direito à aprendizagem e o acesso a
níveis mais elevados de educação fazem parte do que está posto como
igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos.
Nesse ponto, importa registrar outra legislação emanada do
Ministério da Educação trata-se da Resolução Nº 4, de 2 de outubro de
2009 (BRASIL, 2009), que instituiu as Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade
educação especial.
O artigo 4º, dessa Resolução, especifica o público alvo descrito em
um amplo grupo de alunos como objeto do atendimento educacional
especializado -AEE. Nessas diretrizes são considerados como público-alvo
do AEE:
1. Alunos com deficiência;
2. Alunos com transtornos globais do desenvolvimento;
3. Alunos com altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2009).
Observa-se, no teor do documento, a ampla função da sala de
recursos, tendo-se em vista a população à qual ela se destina e o seu
caráter multifuncional e, ainda, a diferença da Instrução Nº 016/11
(PARANÁ, 2011) que apresenta como público alvo os alunos com
transtornos funcionais específicos - TFE, omitindo os alunos com altas
habilidades/superdotação.
26
Conhecendo-se os documentos e tendo-se ciência de quais alunos
poderão ser recebidos para o AEE, embora com divergências, depara-se
com uma série de dúvidas e questionamentos, tais como: a
multifuncionalidade da sala, o suporte pedagógico para as diferentes áreas
abrangidas; a condição de atendimento eficiente e eficaz e outras que,
certamente, já são ou serão objeto de pesquisas. Destaca-se, também, o
enunciado do Item 4 da Instrução paranaense que estabelece os critérios
para a organização funcional da SRM - TI a qual diz que o serviço deverá
"obrigatoriamente estar contemplado no Projeto Político Pedagógico e
Regimento da Escola, funcionará com características próprias em
consonância com as necessidades específicas do aluno nela matriculado".
Essa exigência traz preocupações, não pelo fato da institucionalização do
AEE, que é algo extremamente positivo no processo inclusivo, e sim pela
forma como o assunto será ou está sendo inserido no PPP. Não se trata,
apenas, de transcrever o texto do dispositivo legal, mas de dar
características próprias da escola para o atendimento. Considera-se, aqui,
que para isso tem de haver, nos espaços de discussão, profissionais com
formação específica e ou professores especializados e empenhados em
contribuir para a construção desse documento.
Certamente a infraestrutura escolar é um dos fatores que dificultam
as possibilidades de uma educação eficiente à sociedade brasileira. Sem
dúvidas que uma escola que esboça uma boa aparência e conta com
recursos e tecnologias modernas poderá oferecer melhor qualidade de
ensino e, portanto cumprir o seu papel. Não devemos, contudo, imaginar
que essa falta de infraestrutura se restringe aos aspectos aparentes dos
prédios escolares, mas principalmente, a escassez do espaço e/ou a
maneira como os espaços pedagógicos são ocupados. Um dos maiores
problemas que o processo ensino-aprendizado enfrenta, principalmente nas
escolas públicas, é a superlotação de salas de aulas cujo o número de
alunos – em média de 40 alunos – sobrecarrega as atividades do professor,
deixando-os sem o tempo ideal para um bom acompanhamento do
aprendizado do aluno.
27
Quanto a participação da comunidade ou das famílias nas escolas, o
que podemos observar é a falta de estímulos e atratividades que despertem
o interesse das famílias de estar dentro das escolas, acompanhando o
desenvolvimento de seus filhos. Não há um sentimento de pertencimento à
escola por parte da comunidade, e, por outro lado, a escola parece estar
engessada pelas políticas das hierarquias superiores que através de
regulamentos restringem as ações mais ousadas no que tange o alcance à
comunidade em seu redor. Podemos perceber também o
descomprometimento por parte do corpo administrativo escolar, quando
atividades consideradas extras, ou seja, aquilo que vai além de suas
obrigações previstas. Nesses casos, costuma-se medir o que se ganha em
termos de salários e não se vê motivado a qualquer esforço a mais que o
mínimo necessário para cumprir sua tarefa.
O problema da inclusão é uma necessidade que veio tardiamente
fazer parte do processo educacional, porém falta muito para se chegar ao
satisfatório há de se melhor preparar o corpo docente e administrativo das
escolas para atender a demanda, e isso inclui abrir mão ou se despir de
certos preconceitos que ainda permeiam o imaginário brasileiro, além de
equipar os estabelecimentos escolares de acordo com as necessidades dos
alunos.
Em resumo, que faltam sensibilidade, interesse, pertencimento e
compromisso de todos envolvidos no processo educacional, sem visar o
lucro, prejuízo ou o benefício pessoal, mas vislumbrar e almejar sim um
futuro melhor onde todos serão beneficiados socialmente, culturalmente,
politicamente, e economicamente. Isso não significa dizer que estaríamos
esgotando todos os problemas da educação, mas certamente já estaríamos
dando os primeiros passos para um processo de inclusão adequado para
uma sociedade que hoje tem em seu quadro uma realidade que não dá para
fugir aos olhos.
28
CAPÍTULO III
A importância da formação continuada dos
profissionais envolvidos no processo de Educação
Especial e Inclusiva
“Traga dúvidas e incertezas, doses de ansiedade,
construa e desconstrua hipóteses, pois aí reside a base
do pensamento científico do novo século. Um século
cansado de verdades, mas sedento de caminhos.”
(Cláudia Werneck)
Educar na diversidade exige um direcionamento para o estudo de
práticas pedagógicas que valorizem as diferenças e a diversidade nas salas
de aula. Devem ser considerados dois importantes eixos na formação e
atualização dos profissionais: o primeiro refere-se ao conteúdo e o segundo,
à forma de desenvolvê-lo.
O programa curricular dos cursos de formação de professores
prioriza o estudo das deficiências quanto às suas caracterizações e
condições específicas. Esse programa mantém o modelo conhecido da
Educação especial, que sobrepõe a formação do especialista à formação do
professor comum.
Nessa configuração, os conteúdos parecem apontar para a falta de
temas pragmáticos no processo de ensino e aprendizagem; a ausência da
articulação entre educação especial, rede de apoio e o ensino comum, e a
carência das dimensões da perspectiva inclusiva. São visíveis no currículo
as falhas de conteúdo relacionadas aos serviços de apoio inseridos na
escola, à integração com a família, ao papel dos gestores, à gestão da sala
de aula, etc.
Quanto à metodologia, vários estudos afirmam que os processos de
análise e reflexão da própria ação são um importante instrumento para a
transformação da prática do professor. Há necessidade de as informações,
29
nos cursos iniciais, serem atualizadas e inter-relacionadas com o cotidiano
escolar.
Pesquisas apontam que as lacunas presentes nos cursos de
formação podem deixar a prática dos professores desconectada da
realidade dos alunos. Vale destacar que a metodologia dos programas de
atualização deve considerar a prática, as experiências e o saber fazer do
professor. Quer dizer, é preciso considerá-lo protagonista no contexto em
que atua.
Uma boa alternativa para a atualização profissional é a
implementação de espaços de discussão em que se valorize a observação,
análise e reflexão crítica sobre a própria prática, com a participação de toda
a equipe na própria unidade escolar.
Os profissionais da educação especial e dos serviços de apoio
podem complementar essa formação, participando de reuniões ou
proferindo encontros e cursos na própria unidade. Os gestores poderão
exercer o papel de mediadores, ao articular o conhecimento dos
profissionais da educação especial com as necessidades e experiências dos
professores da sala regular. Professores que têm a oportunidade de
participar de cursos, também podem atuar como multiplicadores de
conhecimento para a equipe.
Quando o conceito de inclusão escolar é efetivamente
compreendido, dificuldades vivenciadas na prática são solucionadas. Muitas
vezes, valores pré-concebidos pelas pessoas, informações incorretas, até
mesmo a falta de informação e de conhecimento constituem os maiores
obstáculos à prática inclusiva.
David Rodrigues destaca, no artigo "Educação inclusiva: mais
qualidade à diversidade", destaca: "A Educação Inclusiva é, pois, uma
ruptura com os valores da escola tradicional. Rompe com o conceito de um
desenvolvimento curricular único, com o de aluno padrão e estandardizado,
de aprendizagem como transmissão, de escola como estrutura de
reprodução. É, assim, muito ambiciosa como objetivo. Os professores,
30
apesar de serem muitas vezes apontados como ‘os bodes expiatórios’ da
inclusão, são a esperança dela. Eles são parte das suas ‘boas’ notícias."
Há de se reconhecer que o educador transpôs barreiras
significativas no processo de transformação que a escola vivencia nos
últimos dez anos. O professor não pode mais ser responsabilizado pelo
discurso da resistência ou da negação. A educação inclusiva já é realidade
no ensino regular e isso se deve aos esforços dos educadores.
Estamos vivendo um momento de ajustar as necessidades dos
profissionais da educação às necessidades dos alunos. Para isso,
direcionemos agora os nossos esforços na atuação dos gestores, no
aproveitamento dos recursos, na reorganização dos sistemas de ensino
para que seja possível guiar o professor, como propulsor que é; apoiá-lo a
não esperar esquemas pré-definidos; acompanhá-lo na construção dos
saberes - para que possa, com autonomia, efetivar a sala de aula inclusiva e
tornar-se sujeito da aprendizagem e de sua atuação profissional.
Uma das ações como prioritárias, é se conscientizar os professores -
mesmo aqueles que ainda não tem alunos com necessidades especiais em
suas salas de aula - sobre as necessárias adaptações e os recursos físicos,
arquitetônicos e pedagógicos necessários, para que estejam
adequadamente equipados, quando surgirem esses alunos diferentes.
É necessário investir-se simultaneamente na formação dos futuros
profissionais, acompanhando junto às universidades, sobretudo nos cursos
tecnológicos: engenharia, arquitetura, informática, desenho industrial, etc,
para que seja consolidada a inclusão de conteúdos e disciplinas específicas
de acessibilidade. Para tal, é indispensável a capacitação dos professores
universitários na questão, já que em sua maioria, sentem-se desestimulados
por não dominarem o assunto. Uma das causas do desconhecimento por
parte dos profissionais do ensino regular e gestores, quanto aos
equipamentos e tecnologias necessárias para facilitar a inclusão de alunos
com deficiência, se dá por conta destes alunos virem sendo até a pouco,
tratados à parte, em instituições especiais de ensino. À medida que estes
usuários estejam por toda parte, suas necessidades serão reconhecidas e
31
incorporadas às demais questões nas escolas e em outros ambientes. Com
a prática da educação inclusiva, a demanda por acessibilidade será
deflagrada até se tornar inquestionável. A formação docente, em especial
os percursos formativos continuados, tem composto a agenda política das
gestões públicas de modo enfático a partir da implementação da Política
Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva
(2008). O ingresso daquele que aprende em modos e tempos “diferentes” ao
ideal de homogeneização expresso na maioria dos currículos escolares
produz os pilares da problematização sobre a relação entre os
conhecimentos e os fazeres docentes para os processos inclusivos.
Portanto, mais que construir respostas às questões sobre essa relação
buscamos fortalecê-las e ampliar a reflexão em torno da formação
continuada docente para a Educação Inclusiva articulada aos modos de
conhecer. Além de aprender a adaptar o planejamento e os procedimentos
de ensino, é preciso que os educadores olhem para as competências dos
alunos, e não apenas para suas limitações. Daniela Alonso, psicopedagoga
especialista em Educação inclusiva, destaca a importância de que formação
inicial e continuada estejam conectadas ao cotidiano escolar
Nas últimas décadas do século XX, o direito de todos à educação foi
debatido de uma forma mais integral que nos anos anteriores. A
necessidade de constituir uma escola em que a prática pedagógica seja
estruturada de modo a contemplar as necessidades de todos, de forma
igualitária, foi discutida e assumida a partir de documentos legais nacionais
e internacionais, como a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), a
Declaração Mundial Sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990), a
Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (BRASIL, 1996). No início deste século, há um
incremento da legislação que contempla a pessoa com deficiência, como a
Convenção da Guatemala ( 2001), a Convenção dos Direitos das Pessoas
com Deficiência, ratificada e incorporada a Constituição como Decreto
Legislativo nº 186/2008 (BRASIL, 2008) entre outros dispositivos legais.
32
A inclusão de estudantes com deficiência no sistema regular de
ensino está baseada nessa perspectiva de educação para todos, pois, ao
serem feitas adaptações pedagógicas para um aluno que tenha algum tipo
de deficiência, leva-se em conta distintas formas de aprender e de ensinar.
Pensando em como realizar da melhor maneira as práticas inclusivas para
essas pessoas, de forma a desenvolver suas potencialidades, busca-se
também a qualidade do ensino para todos os estudantes,
independentemente de terem ou não deficiência. O uso de estratégias de
ensino adequadas a diferentes tipos de necessidades específicas de
aprendizagem só vem a contribuir para o desenvolvimento de todos os
estudantes envolvidos no processo, ou seja, indivíduos com diferentes
deficiências ou necessidades educacionais específicas, de diferentes
origens socioeconômicas e contextos culturais distintos, com habilidades
igualmente distintas entre si, poderão beneficiar-se de estratégias didático-
metodológicas heterogêneas; afinal, em uma escola cada vez mais plural e
democrática, não se pode supor que exista uma única forma de ensinar e
aprender.
Mas o fato é que muitas vezes os profissionais envolvidos com a
educação têm se mostrado apáticos diante da estrutura educacional
existente no país, e resistem a mudar o seu jeito de trabalhar, não vendo
saída para alterar sua prática pedagógica cotidiana. Acrescente-se a isso o
fato das classes serem muito numerosas, por vezes com mais de quarenta
alunos, piorando a situação.
A inclusão não é uma tarefa fácil, mas é, sem dúvida, possível. E se
a realidade enfrentada é difícil, faz-se necessário buscar formas para mudá-
la: salas lotadas; alunos indisciplinados; quadro negro e giz na maioria das
escolas, enquanto existem novas tecnologias que muitas vezes não são
disponibilizadas para uso, por medo de que os alunos quebrem, ficando, por
isso, "bem guardadas" e trancadas; esses são alguns dos entraves. Isso,
quando existe mobiliário e ambiente adequados para que os alunos
estudem.
33
Perrenoud (1993) explicita que há necessidade de reformulações na
formação inicial do professor de ensino básico. Ele aponta para uma grande
dose de idealismo nestes cursos e para o fato de que grande parte do que
se aprende não é possível ser aplicado na prática, visto que muitos
formadores desconhecem a realidade da sala de aula, das escolas e do
sistema educacional. Porém não existem receitas acabadas, mesmo porque
cada educando é único, assim como são únicas as diferentes situações de
aprendizagem.
Assim, Mazzotta (2003) atenta para a necessidade de não serem
feitas generalizações quanto às necessidades especiais de alunos com
deficiência, pois todo aluno e toda escola são especiais em sua
singularidade. Por isso, somente nas situações concretas em que se
encontram os alunos nas escolas pode-se interpretar as necessidades
educacionais escolares como comuns ou especiais.
Dessa forma, a educação toma como base a diversidade como uma
característica intrínseca ao ser humano e é nesse contexto, como afirma
Santos (2003), que há a necessidade de formar cidadãos responsáveis -
que se deve instruí-los e propiciar educação para todos. Assim, para
Ferreira (2006), o educador deve, além de proporcionar o acesso à
educação desses estudantes, combater barreiras que possam provocar a
exclusão educacional destes.
No mesmo sentido, Carvalho (1997) ressalta que, embora tenham
ocorrido avanços no que diz respeito à remoção de barreiras arquitetônicas
nas escolas, muitas vezes os alunos estão no mesmo espaço físico que os
demais, sem participar efetivamente das atividades escolares e
verdadeiramente incluídos na aprendizagem, acrescentando que, para que
a inclusão realmente ocorra, a prática pedagógica precisa ser mudada.
Faltam a muitos dos professores informações sobre estratégias que
deram certo; não para que sejam feitas cópias, mas que sejam tomadas
como ponto de partida para que outras sejam pensadas, tendo em vista o
conhecimento sobre o que está sendo feito e que pode funcionar. Para isso,
é fundamental que sejam conhecidos os processos da aprendizagem, assim
34
como aspectos relativos às diferentes etapas do desenvolvimento humano
e, nesse sentido, faz-se necessária a formação continuada do educador,
constituindo-se cada vez mais como pesquisador de sua própria prática
pedagógica.
Para Perrenoud (1999, p. 2):
Quase que a totalidade das ações humanas exige algum tipo de
conhecimento, às vezes superficial, outras vezes aprofundado, oriundo da
experiência pessoal, do senso comum, da cultura partilhada em um círculo
de especialistas ou da pesquisa tecnológica ou científica. Quanto mais
complexas, abstratas, mediatizadas por tecnologias, apoiadas e modelos
sistêmicos da realidade forem consideradas as ações, mais conhecimentos
aprofundados, avançados, organizados e confiáveis, elas exigem.
Corroborando essa afirmação de Perrenoud, Ferreira (2006, p. 3-4)
afirma que:
A construção de escolas de qualidade e inclusivas para todos deve,
dessa forma, necessariamente envolver o desenvolvimento de políticas
escolares de desenvolvimento profissional docente com vistas a prepará-los
pedagogicamente para trabalhar com a pluralidade sócio-cognitiva e
experiencial dos estudantes por meio de enriquecer [sic] conteúdos
curriculares que promovam a igualdade, a convivência pacífica, a
aprendizagem mútua, a tolerância e a justiça social.
Assim, faz-se importante que as formas de preconceito sejam
combatidas para além do discurso, através de ações efetivas.
Dessa forma, para Ferreira (2006, p. 6):
O processo de mudança da pedagogia tradicional (leitura, cópia,
exercícios no caderno ou livro, etc.) para uma pedagogia inclusiva, pouco a
pouco transforma o docente em pesquisador de sua prática pedagógica,
pois a nova dinâmica de ensino faz com que adquira habilidades para refletir
sobre sua docência e aperfeiçoá-la continuamente. O docente aprende a
reconhecer o valor e a importância do trabalho colaborativo e da troca de
experiências com seus colegas professores, os quais podem contribuir de
35
forma sistemática sobre novas formas de ensinar, de lidar com velhos
problemas e de se desenvolver profissionalmente.
A Educação para Todos é um Trabalho de Parcerias.
Faz-se igualmente necessária, para uma efetiva inclusão dos
estudantes com deficiência nas escolas regulares, a participação dos
profissionais do ensino comum e da educação especial em reuniões
conjuntas, para a tomada de decisões sobre estratégias e adaptações
necessárias para promover o desenvolvimento das potencialidades e o
aprendizado dos alunos com deficiência, de acordo com as características
de cada um.
Nesse sentido, Carvalho (1998, p. 91), enfatiza que:
Os próprios professores têm se queixado de sentimentos de
segregação. Os que atuam em educação especial lamentam não serem
incluídos em todas as reuniões pedagógicas que acontecem na escola ou
nas Secretarias de Educação, ficando limitados às que são organizadas
pela educação especial. Curiosamente, seus pares que trabalham em
turmas regulares também não são convidados a participar dos trabalhos
pedagógicos promovidos pela educação especial.
Batista (2004), apresentando contribuições sobre práticas de
profissionais de saúde e educação voltadas às crianças com deficiência
visual e a outros problemas orgânicos, sob uma perspectiva inclusiva,
ressalta que a atuação desses profissionais, em diferentes momentos da
vida da criança, pode significar passos em direção à inclusão em ou
redução da participação dessa criança na sociedade, se basearem em
prognósticos negativos.
Assim, tornam-se necessárias, como formas de enfrentamento dos
preconceitos e estereótipos existentes no ambiente educacional, ações em
políticas públicas voltadas à formação inicial e continuada dos educadores,
buscando uma educação que estimule as potencialidades de seus
educandos e que assegure o aprendizado sem ignorar a pluralidade dos
alunos reais existentes nas escolas.
36
Desse modo, são importantes os estudos e ações que enfoquem a
educação e as necessidades educacionais dos estudantes, bem como
informações à comunidade escolar sobre as deficiências e a busca de
estratégias que propiciem o aprendizado e o pleno alcance das
potencialidades dos alunos, através da parceria entre escola regular e
especial, quando necessário, e de debates envolvendo todos os atores do
processo educativo: educadores, funcionários das escolas, alunos e seus
familiares. Esse processo não é fácil, mas é necessário e urgente,
sobretudo em uma época que nos desafia a ampliar a prática de uma
educação que atenda verdadeiramente a todos os alunos.
37
CONCLUSÃO
O princípio que orienta a estrutura inclusiva é o de que escolas
deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras.
Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas.
No contexto desta Estrutura, o termo "educação inclusiva" refere-se
a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais
especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de
aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem
e, portanto possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto
durante a sua escolarização. Escolas devem buscar formas de educar tais
crianças bem sucedidamente, incluindo aquelas que possuam desvantagens
severas.
Existe um consenso emergente de que crianças e jovens com necessidades
educacionais especiais devam ser incluídas em arranjos educacionais feitos
para a maioria das crianças. Isto levou ao conceito de escola inclusiva. O
desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao
desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem
sucedidamente educar todas as crianças.
O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que elas
sejam capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas as
crianças: o estabelecimento de tais escolas é um passo crucial no sentido
de modificar atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e
de desenvolver uma sociedade inclusiva.
Sociedade essa que deve oferecer educação gratuita e de qualidade
para todos.
A formação de professores especializados exige a perseverança e o
envolvimento no processo de todos que buscam a escola aberta às
diferenças. Os caminhos da mudança fazem-se constantemente e não tem
fim.
Devemos promover uma efetiva participação dos alunos com deficiência nas
38
atividades escolares, identificando necessidades destes alunos. No entanto
só saberemos identificá-las se eles estiverem, de fato, nas redes.
Passados 25 anos da promulgação da Constituição percebemos que
caminhamos a passos lentos em direção a uma sociedade igualitária em
direitos no que se refere à educação inclusiva. Embora sendo norteadora de
princípios gerais e base para reivindicações legítimas, seu impacto na
escola real ainda não é profundo. As mudanças necessárias implicam, entre
outras, em vontade política tanto na esfera micro como macro, na
necessidade de investimento em políticas públicas capazes de traduzir a
letra da lei maior em realidades objetivas, capazes de escrever uma história
de respeito e valorização da diferença como característica básica da
condição humana.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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inclusão: reflexão sobre uma estratégia de apoio à inclusão escolar, 2002.
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CARVALHO, Rosita Edler. Temas em educação especial. Rio de janeiro: WVA,
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