DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · para o desenvolvimento das funções educar e...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A IMPORTÂNCIA DA ROTINA DE ATIVIDADES NA
EDUCAÇÃO INFANTIL – MODALIDADE CRECHE
Liane Barros Sampaio
ORIENTADOR: Professora Edla Trocoli
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento.
A IMPORTÂNCIA DA ROTINA DE ATIVIDADES NA
EDUCAÇÃO INFANTIL – MODALIDADE CRECHE
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
À Deus, ao meu querido filho, aos amigos, aos
professores, a orientadora, aos companheiros de
trabalho e ao Espaço de Desenvolvimento Infantil
em que atuo.
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EPIGRAFE
O educador italiano Loris Malaguzzi escreveu uma poesia sobre “As
cem linguagens da criança”. Nela, ele nos fala das cem maneiras diferentes de
a criança pensar, sentir, falar, inventar, sonhar... Mas, diz a poesia, os adultos
roubam noventa e nove dessas cem linguagens das crianças.
As Cem Linguagens da Criança
Loris Malaguzzi A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar. Tem sempre cem modos de estudar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois cem cem cem). Mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem cabeça, de escutar e não falar, de compreender sem alegrias, de amar e de maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe (do qual de cem roubaram-lhe noventa e nove, só deixando um). Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho; a realidade e a fantasia; a ciência e a imaginação; o céu e a Terra; a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: Que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem.
Não deixemos que roubem a possibilidade de a criança desenvolver
todas as suas potencialidades.
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RESUMO
Esta pesquisa teve como foco principal a importância da rotina de
atividades na educação infantil, destacando seus aspectos de regularidade, a
organização do tempo e do espaço e o planejamento de atividades de
interação. Objetivando possibilitar a internalização das ações do dia a dia,
favorecer a construção do conhecimento e proporcionar sentimento de
estabilidade e segurança, onde as crianças possam identificar tempo/espaço
para o desenvolvimento das funções educar e cuidar, promovendo uma
progressiva autonomia, incentivando a terem iniciativa, a fazerem escolhas, se
autocuidarem e se movimentarem no espaço da educação infantil em diversos
momentos e ritmos que favoreçam múltiplas interações, bem como o
sentimento de bem estar e confiança, a pesquisa pretende ressaltar que a
creche é um espaço de aprendizagem e seu trabalho necessita ser organizado
de forma tal que possa favorecer a construção de conhecimentos e o bem estar
da sua clientela e de seus profissionais.
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METODOLOGIA
Método é a forma de proceder ao longo de um
caminho. Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo. (MARCONI e LAKATOS apud TRUJILLO, 1974, p. 24)
O trabalho desenvolvido seguiu os preceitos do estudo exploratório,
por meio de uma pesquisa bibliográfica, a partir de material já elaborado, onde
se destacam alguns livros, documentos oficiais e artigos científicos que foram
importantes e deram referência ao tema.
Nesta perspectiva, a proposta foi utilizada nas seguintes etapas:
ü Documentos oficiais que apresentam uma reflexão sobre creches
relacionando âmbitos de experiência como: Formação Pessoal e Social e
Conhecimento de Mundo, os processos de construção da Identidade e
Autonomia e a construção das diferentes linguagens - Movimento, Música,
Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática,
e qualidade: o (RCNEI) Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, MEC (1998), as (DCNEI) Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil, MEC (1998), as (OCEI) Orientações Curriculares para a
Educação Infantil, PCRJ (2010) e (IQEI) Indicadores de Qualidade da
Educação Infantil (MEC, 2009).
ü Consultou-se ainda literatura específica sobre o trabalho com crianças
de 0 a 6: Critérios para o Atendimento em Creches que Respeita os Direitos
Fundamentais da Criança (Rosemberg e Campos, 1994), Por amor e por força.
Rotina na Educação Infantil (Barbosa, 2006) e Sabores, cores, sons, aromas. A
organização dos espaços na Educação Infantil (Horn, 2004).
ü E artigos sobre o tema: Múltiplas linguagens de meninos meninas no
cotidiano da Educação Infantil (Gobbi, 2010) e O currículo na educação infantil:
o que propõem as novas diretrizes curriculares (Oliveira, 2010).
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1 – Rotina de Atividades
CAPÍTULO II
2 – O Planejamento Pedagógico
2.1 – Percurso da Elaboração do Planejamento
CAPÍTULO III
3 – Organização do Tempo/Espaço
3.1 – Modalidade de Organização do Tempo
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
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INTRODUÇÃO
A rotina é a estrutura do dia a dia. Sua construção proporciona às
crianças a compreensão de que a dinâmica da vida segue um norte.
Na educação infantil ela tem grande importância, auxilia a criança a
construir sua localização no tempo, no espaço e nas atividades propostas. Para
Porciúncula (2007), isso não significa que todos os dias as ações serão as
mesmas ou que o ambiente perderá seu caráter interativo, mas sim que as
ações e o planejamento, mesmo norteados por uma rotina pedagógica, serão
sempre flexíveis e viabilizados conforme as necessidades evidenciadas pelas
crianças.
A rotina é um elemento importante por proporcionar à criança
sentimento de estabilidade e segurança, além de possibilitar maior organização
e manter distante o sentimento de descontrole que um amontoado de tarefas
desestruturadas pode causar. É imprescindível que nessa construção seja
garantido às crianças a ampliação de suas potencialidades, de suas
capacidades e o desenvolvimento de suas singularidades. A imaginação e a
criatividade precisam estar presentes na rotina e essa estrutura deve ser
produtiva, alegre e prazerosa, proporcionando diversas experiências e
interação com um ambiente estimulante e produtivo.
De acordo com as OCNEI (2010), a criança é um sujeito histórico e
de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia,
constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja,
aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a
natureza e a sociedade, produzindo cultura. E as propostas pedagógicas de
Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios:
ü Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do
respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades e singularidades.
ü Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do
respeito à ordem democrática.
ü Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade
de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais.
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Sendo assim, é possível afirmar que a rotina de atividades
estruturada nas características da turma e nas singularidades das crianças, o
planejamento pedagógico e a organização do tempo/espaço possibilitam a
internalização de ações do dia a dia, favorecem a construção de conhecimento
e ainda dão sensação de segurança?
É necessário refletir sobre a temporalidade na educação infantil.
Essa compreensão leva a uma estrutura destinada a regulação da vida, e
apesar dessa aprendizagem ser complexa ela contribui para a autonomia,
oportunizando à criança, experimentar, expressar-se, comunicar-se, sentir
segurança, ter autodomínio e compreender seu contexto.
É preciso estar atento, planejando, avaliando atividades,
selecionando materiais, organizando o tempo e os ambientes periodicamente
de forma a permitir que as crianças brinquem todos os dias, transitem de uma
atividade a outra de modo que isso se dê com tranquilidade e criando
condições para que também possam manifestar suas opiniões. É tarefa do
educador se perguntar se o trabalho educativo procura desenvolver e ampliar
as diversas formas de a criança conhecer o mundo e se expressar, se as
rotinas e as práticas adotadas favorecem essa multiplicidade e possibilitam a
criança desenvolver todas as suas potencialidades.
A instituição de educação infantil deve estar organizada de forma a
favorecer e valorizar essa autonomia da criança. Para isso, os ambientes e os
materiais devem estar dispostos de forma que as crianças possam fazer
escolhas, desenvolvendo atividades individualmente, em pequenos grupos ou
em um grupo maior e os educadores devem estar atentos para interagir e
apoiar as crianças nesse processo, planejando atividades variadas,
disponibilizando os espaços e os materiais necessários, de forma a sugerir
diferentes possibilidades de expressão, de brincadeiras, de aprendizagens, de
explorações, de conhecimentos, de interações.
Com esse trabalho, o desafio é entender a construção de uma rotina
como um processo importante de observação e escuta que pode sugerir novas
atividades a serem propostas, assim como ajustes no planejamento e troca de
experiências onde o resultado são crianças construindo sua autonomia,
relacionando-se com o ambiente natural e social, tendo experiências
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agradáveis e saudáveis com o próprio corpo; expressando-se por meio de
diferentes linguagens plásticas, simbólicas, musicais e corporais; tendo
experiências variadas e estimulantes com a linguagem oral e escrita;
reconhecendo suas identidades e valorizando as diferenças e a cooperação; e
principalmente tendo a brincadeira como forma de aprendizagem.
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CAPÍTULO I
ROTINA DE ATIVIDADES
A repetição de certos enquadres, de certas ações, de determinadas práticas dá estabilidade e segurança aos sujeitos. Saber que depois de determina tarefa ocorrerá outra dá um certo sossego às pessoas, sejam elas grandes ou pequenas. Barbosa (2006, p.38).
A infância é uma construção social e histórica. Neste período da
vida, as crianças são consideradas sujeitos históricos e de direitos, o que
constitui formas de estar no mundo, tanto nas relações quanto nas práticas
diárias por elas vivenciadas, experimentando a cada instante suas
brincadeiras, invenções, fantasias, desejos que lhe permitem construir sentidos
e culturas das quais fazem parte permitindo-nos afirmar que são ativos,
capazes, com saberes diversos, demonstrando suas capacidades de
compreender e expressar o mundo.
Segundo o RCNEI, “As crianças possuem uma natureza singular,
que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito
muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas
que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu
esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias
que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida
a que estão submetidas e seus anseios e desejos (1998, pag.21).
Ainda existe uma grande inquietação sobre qual seria a melhor
solução para os filhos: pô-los em uma instituição de educação infantil ou deixá-
los com os avós. Considerando que os pais tem o dever de proteger e
assegurar todo o potencial de desenvolvimento das crianças, bem como evitar
riscos desnecessários, essas instituições (levando-se em conta, o tipo, a
qualidade e a quantidade dos cuidados prestados) supõe-se ser uma excelente
opção no que diz respeito à interação social e ao desenvolvimento cognitivo e
da linguagem das crianças.
“...crianças que frequentaram a creche com menos de três anos obtiveram melhores resultados no desenvolvimento cognitivo e linguagem do que aquelas
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que ficaram até mais tarde em casa, com os pais ou com a mãe (Público.pt, 18/11/15).
Presume-se que numa instituição de Educação Infantil se propicie
experiências ricas e desafiadoras, que não se limite oportunidade de
descobertas e principalmente que deixe a criança ser criança, valorizando cada
expressão, cada tema que interesse e faça parte do seu cotidiano, cada leitura
de mundo, cada maneira de recriá-lo e todas as relações que se estabeleça em
suas interações com os outros. Sendo assim, organizar as atividades
cotidianas é desenvolver ações que, além de estruturar o fazer do educador e
possibilitar às crianças compreenderem a dinâmica da vida, viabilize o
favorecimento das necessidades evidenciadas nas interações, como também
na organização biológica e cognitiva.
De acordo com as OCNEI, (2010, pag.47), para introduzir um
exemplo de rotina, é importante esclarecer que esta deve se constituir de
diferentes momentos privilegiando a disposição das crianças em diferentes
partes do dia, isto é, alguns momentos calmos outros ativos, individualmente,
em pequenos e grandes grupos. Por exemplo:
ü Momentos ativos se constituem de atividades tais como, faz-de-conta;
blocos e construção; atividades motor amplo; cantar e dançar;
computador se a atividade envolver mais de 1 criança;
ü Momentos calmos se constituem de atividades que incluem quebra-
cabeças; olhar livros e revistas, encaixes (motor fino); escrever,
desenhar, pintar, moldar argila; experiências científicas; assistir filmes
(por curtos períodos de tempo).
No período da manhã, devem ser incluídos momentos ativos e
calmos dando prioridade às atividades cognitivas. As crianças, depois de uma
noite de sono, estão mais descansadas para ampliar sua capacidade de
concentração e interesse em atividades que envolvem a resolução de
problemas. É interessante incluir atividades físicas no período da manhã
também, observando o tempo e a intensidade de calor e sol ou frio.
O período da tarde deve ser iniciado com atividades calmas,
trabalhando o desenvolvimento criativo com atividades plásticas e artísticas,
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leituras individuais e em pequenos grupos passando para atividades físicas e
do lado de fora.
O número de horas que a criança permanece na instituição, a
amplitude dos cuidados físicos necessários ao atendimento, os ritmos e
diferenças individuais e a especificidade do trabalho pedagógico demandam
um planejamento constante da rotina.
Uma rotina clara e compreensível para as crianças é fator de
segurança. Considerada pelo RCNEI (1998, pag.73), um instrumento de
dinamização da aprendizagem, facilitador das percepções infantis sobre o
tempo e o espaço, ela pode orientar as ações das crianças, assim como dos
professores, possibilitando a antecipação das situações que irão acontecer.
Sendo assim, na Educação Infantil, ela deve ser pensada numa dimensão
lúdica, dedicando tempo também à brincadeira, tanto coletiva quanto individual,
onde materiais disponibilizados devem ser organizados de forma a desafiar o
brincar, o imaginário, a criatividade, a aprendizagem, o prazer, a autonomia,
respeitando as necessidades e possibilidades de cada grupo.
Pensar em rotina de atividades é propiciar situações interessantes
de aprendizagem e desenvolvimento, é possibilitar inovações deixando a
criança criar a partir daquilo que existe.
Segundo Barbosa (2006, p.37), as rotinas podem ser vistas como
produtos culturais criados, produzidos e reproduzidos no dia a dia, tendo como
objetivo a organização da cotidianeidade.
A rotina representa a estrutura sobre a qual será organizado o tempo
didático, deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações de
aprendizagens orientadas, os matérias e brinquedos disponibilizados
contribuem muito para o desenvolvimento dessas atividades. É importante que
o ambiente tenha muita afetividade. As crianças só se desenvolverão bem,
caso os educadores escutem suas necessidades, estejam em condições de
proporcionar-lhes segurança, tranquilidade e alegria, respeitem seu
desenvolvimento e possam encorajá-las em sua curiosidade, valorizando seus
esforços.
De acordo com as OCNEI (2010, pag.53), as crianças pequenas
aprendem principalmente por meio da exploração, observação e descoberta,
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em especial durante suas brincadeiras, da imitação dos outros e das
informações que lhes são dadas ao interagir com seus pares e adultos. Por
isso, os materiais e brinquedos são importantes nesta fase de
desenvolvimento, pois são através deles que acessam informações
importantes para a elaboração de suas explorações e brincadeiras. Sendo
assim, é igualmente importante que estes materiais e brinquedos estejam
disponíveis e acessíveis para as crianças durante todo o dia. Algumas
sugestões serão dadas nos próximos quadros de materiais e brinquedos que
devem estar disponíveis e acessíveis para a exploração das crianças, dando
subsídios aos seus interesses nas diversas áreas do conhecimento e das
linguagens:
Linguagens Materiais
Oral e Escrita
Livros de pano, papel e plástico; revistas e gibis; animais e figuras humanas de tecidos macios e laváveis e de plástico; Fotografias das crianças e suas famílias; fichas com seus nomes; bonecas e bonecos, roupas e fantasias, perucas, chapéus, gravatas, colares, sapatos, leques, bolsas e sacolas, tecidos, colchas, materiais e equipamentos de cozinha, de escritório, de supermercado (em tamanhos adequados à faixa etária); fantoches e marionetes, carros e carrinhos; painéis e murais com exposições das atividades que fazem com as crianças, para exploração com elas; cartões para construção de sequências de histórias e fatos; “palco” para teatrinho de fantoches etc.
Matemática
Blocos variados de tamanho adequado para encaixar, empilhar, empurrar, puxar, sequências de objetos e figuras para contagem; diferentes formas tridimensionais; cartões com figuras e cenas para ordenar como se fossem histórias; materiais que trabalhem diferentes categorias, modelos, formatos, sequências, semelhanças, diferenças, quantidade, respeitando a complexidade necessária para a faixa etária; materiais que possibilitem colocar e retirar etc.
Ciências Sociais e
Naturais
Livros com fotos de animais e plantas reais; brinquedos que retratem a vida animal e vegetal; móbiles com motivos da natureza; fotografias de animais, plantas, paisagens com nuvens, sol, chuva, vento; pequenas coleções de animais de plástico e elementos da natureza de tamanho adequado para bebês e crianças maiores; plantas para observação supervisionada; pás, recipientes de vários tamanhos e formatos para brincar na água e areia (com supervisão adequada); materiais para exploração dos sentidos (olfato, tato); observação e manuseio das plantas em área externa (com
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supervisão adequada); observação de animais (formigas, pássaros, etc.); quebra-cabeças de poucas e grandes peças com motivos científicos, encaixes com formatos diferentes e ilustrados com motivos científicos etc.
Corpo e Movimento
Móbiles com e sem sons musicais; bolas grandes para rolar e empurrar; barras de apoio para bebês andarem; blocos para encaixar e empilhar; brinquedos para puxar e empurrar; equipamentos para escorregar, balançar, aprender a pedalar e a escalar; apoio para sentar, engatinhar, andar e passar de um lugar para outro (túneis); bolas de vários tamanhos, de plástico e/ou tecido (de meia, por exemplo); espelho; fios grossos e contas grandes para enfiar; encaixes de diversos motivos e possibilidades etc.
Música
Instrumentos musicais tais como tambores, sinos, xilofones, pianinho, coquinho, triângulo, pauzinhos, guitarras; brinquedos e objetos que emitem sons variados; CDs de músicas infantis para ouvirem e cantarem (e não como música de fundo); músicas cantadas para trabalhar o corpo nos diferentes momentos do dia, música para as histórias etc.
Artes Visuais
Lápis, gizão de cera e canetas grandes; papéis de tamanhos, cores, texturas e formatos variados, colas líquidas e em bastão, tintas variadas (a dedo), com pincéis grandes, recipientes grandes com diversos recortes de formas geométricas, animais, pessoas, plantas, flores, estrelas, luas, sol, nuvens, de tamanhos grandes, texturas e cores diferentes, com e sem estampas; livros de arte para crianças para apreciação, revistas para rasgar e colar; acessórios como, por exemplo, algodão para colar, canetas de cola colorida etc.
A rotina de atividade oportuniza a criança poder se desenvolver e
aprender, onde ela modifica o meio e o meio gradativamente vai modificando-a.
Ela se torna capaz de aprender, de educar e ser educada. A criança sendo o
foco do planejamento dessa rotina, com suas características e necessidades,
requer sempre as mais diferentes estruturas didáticas organizadas em função
das intenções educativas, constituindo-se em um instrumento para o
planejamento do educador, favorecendo as interações e o ambiente de forma a
estimular e fortalecer a aprendizagem.
Uma rotina precisa ser organizada e planejada com múltiplas
experiências, criando ambientes e situações que estimulam a autonomia e a
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criatividade das crianças, respeitando as emoções e o afeto que é tão
importante quanto a construção do conhecimento.
Organizar essa rotina de atividades não significa que o ambiente
perderá o seu caráter interativo, e nem que todos os dias as ações deverão ser
as mesmas, ou até mesmo que teremos que seguir uma sequência rígida de
organização pedagógica, mas sim construir uma estratégia que possibilite a
aquisição de hábitos, relações positivas e solidárias, oportunidade de
aprendizagem às crianças, resultando em manifestações de alegria, de
seriedade e de responsabilidade tanto no guardar de um brinquedo ou sendo
ajudante do dia quanto colaborando na organização de uma rodinha de
conversa ou no refeitório.
Para Agnes Heller (s.d.), os seres humanos já nasceram inseridos
em uma cotidianeidade e, por viverem em grupos sociais, necessitam, desde
seus primeiros anos de vida, aprender os costumes, as regras e as tradições
de seu grupo cultural de permanência. As crianças, desde muito pequenas,
precisam interagir com os objetos aos quais estão expostos a aprender os
hábitos socioculturais da sua coletividade. Em nossa sociedade, por exemplo,
é preciso aprender a comer de talheres, a escovar os dentes, a definir e
compartilhar os brinquedos, entre outras aprendizagens. Para tanto, a
imitação e a realização conjunta de atividades é uma das formas que nós,
seres humanos, temos de sobreviver e assimilar as relações sociais produzidas
em nossa cultura.
A rotina na educação infantil pode ser facilitadora ou cerceadora dos
processos de desenvolvimento e aprendizagem. Rotinas rígidas e inflexíveis
desconsideram a criança e o educador, tornando seu trabalho monótono,
repetitivo e pouco participativo. Ela não precisa ser rígida, sem dar lugar para
invenção por parte do educador e das crianças, pelo contrário, ela pode ser rica
alegre e prazerosa, proporcionando espaço para construção diária do
planejamento pedagógico.
De acordo com Rosa Batista (2001), a dinâmica de um grupo de
crianças é maior que a rotina da creche. Isto significa que a rotina para cada
grupo de crianças só pode ser estabelecida pelo professor, no contato diário
com essas mesmas crianças.
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Uma Instituição de educação infantil é um espaço coletivo de
convivência, onde acontecem interações entre crianças, entre crianças e
adultos e entre adultos. Essas interações devem ser formadoras, no sentido de
que devem ser baseadas nos valores sociais que fundamentam sua proposta
pedagógica. A cidadania, a cooperação, o respeito às diferenças e o cuidado
com o outro são aprendidos na vivência cotidiana. É preciso que os adultos
estejam atentos à essas questões para modificar algumas práticas que tolhem
as oportunidades de desenvolvimento infantil. Favorecer interações humanas
positivas e enriquecedoras deve ser uma meta prioritária não só da turma, mas
da Instituição educacional como um todo.
A estrutura de uma rotina pensada em favor das crianças e
modificada em função de suas necessidades e potencialidades contribui
também para o respeito à dignidade das crianças, para o respeito ao ritmo das
crianças, para o respeito à identidade, desejos e interesses das crianças, para
o respeito às ideias, conquistas e produções das crianças e para a interação
entre crianças e crianças.
As práticas cotidianas precisam assegurar o respeito, a segurança,
os cuidados com a higiene e com a alimentação, condições para um bom
desenvolvimento infantil nessa faixa etária.
De acordo com Barbosa, “... podemos observar que a rotina
pedagógica é um elemento estruturante da organização pedagógica e de
normatização da subjetividade das crianças e dos adultos que frequentam os
espaços coletivos de cuidados e educação.” (2006, p.45)
É importante que as crianças tenham oportunidade para debater,
expor suas ideias, argumentar, criticar, relacionar-se com os outros e com isso
conhecer formas antigas e inventar novos modos de representar o mundo, bem
como criar espaços de favorecimento às expressões de suas ideias e a
materialização das mesmas.
Segundo Gobbi (2010, pag.4), é importante garantir ambientes em
que sejam respeitadas as especificidades das crianças na educação infantil,
bem como, dos saberes que elas portam quando chegam às creches e aqueles
que constroem durante o tempo de permanência nessas creches. As creches
constituem-se também como lugares em que o valor cultural e artístico dos
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diferentes grupos sociais estão presentificados na forma como o espaço é
organizado, em materiais com os quais as crianças brincam e criam desenhos,
esculturas, danças, pinturas cotidianamente.
Trabalhando em conjunto com as crianças, percebendo cada gesto
ou proposta, com certeza teremos uma criação conjunta buscando a
sensibilidade, a criação e a fantasia, o que permitirá uma constante flexibilidade
na rotina das crianças. Notando essa flexibilidade, elas ficaram muito mais a
vontade em suas manifestações expressivas e artísticas, entendendo que
poderão ganhar espaços cada vez maiores. Para isso, é importante que a
rotina seja planejada de forma a incentivar a curiosidade e a exploração,
garantir experimentos que considerem a plurisensorialidade; garantir às
crianças a comunicação por diferentes linguagens, o protagonismo e o prazer
em descobertas com seus pares.
Planejar uma rotina de atividades com cuidados e práticas
pedagógicas que compõem a proposta curricular da creche, estar atento às
características da turma, privilegiando a disposição das crianças em diferentes
partes do dia e ainda a singularidade de cada uma delas é reconhecer e
promover a imersão das crianças em diferentes linguagens e favorecer o
domínio gradativo de vários gêneros e formas de expressão, bem como
vivências com outras crianças e adultos, deixando-as aprender interagindo.
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CAPÍTULO II
O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO
“(...) planejar na educação infantil é planejar um
contexto educativo, envolvendo atividades e situações desafiadoras e significativas, que favoreçam a exploração, a descoberta e a apropriação de conhecimento sobre o mundo físico e social. Ou seja, nesta direção o planejamento estaria prevendo situações significativas que viabilizem experiências das crianças com o mundo físico e social, em torno das quais se estruturem interações qualitativas entre adultos e crianças, entre crianças e crianças, e entre crianças e objetos/mundo físico. (...)” (Ostetto, 2000:195)
Sendo a creche um espaço de aprendizagem, o seu trabalho
necessita ser organizado de forma tal que possa favorecer a construção de
conhecimentos e bem estar da sua clientela e seus profissionais. E é aí que
reside a importância do planejamento, norteado por uma rotina pedagógica, é
fonte de estruturação do trabalho, não só para o educador, uma vez que situa a
criança no seu contexto de construção de conhecimentos. E, a partir dessa
estrutura pode-se pensar em educação significativa, onde o conhecimento se
constituirá como fruto de um intenso trabalho de criação, significação e
ressignificação.
No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam
das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de
terem ideias e hipóteses. Nessa perspectiva as crianças constroem o
conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas
e com o meio em que vivem.
O professor deve estar atento à vida da comunidade, da cidade e do
bairro onde atua, buscando oportunidades interessantes, que se relacionem
aos projetos desenvolvidos ou a desenvolver em sua sala. Isto certamente
enriquece e amplia o projeto da Instituição como um todo, e deixa de ser
apenas um assunto a resolver dentro dos muros da creche.
O planejamento precisa considerar as necessidades das crianças,
as observações durante as atividades, a fala sobre os acontecimentos fora do
ambiente da creche e o tempo de construção de cada criança, confiando em
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suas capacidades. Respeitando essas singularidades, a turma pode dar pistas
importantes sobre a qualidade do que estão recebendo.
De acordo com os Critérios para o Atendimento em Creches que
Respeita os Direitos Fundamentais da Criança (documento que contém
critérios relativos à organização e ao funcionamento interno das creches, que
dizem respeito principalmente às práticas concretas adotadas no trabalho
direto com as crianças, afirmando compromissos dos políticos, administradores
e dos educadores de cada creche com um atendimento de qualidade), alguns
critérios podem ser adotados ao mesmo tempo como um roteiro para
implantação e avaliação e um termo de responsabilidade, visando um
atendimento que garanta o bem estar e o desenvolvimento das crianças:
ü Nossas crianças têm direito à brincadeira;
ü Nossas crianças têm direito à atenção individual;
ü Nossas crianças têm direito a um ambiente aconchegante, seguro e
estimulante;
ü Nossas crianças têm direito ao contato com a natureza;
ü Nossas crianças têm direito a higiene e à saúde;
ü Nossas crianças têm direito a uma alimentação sadia;
ü Nossas crianças têm direito a desenvolver sua curiosidade, imaginação
e capacidade de expressão;
ü Nossas crianças têm direito ao movimento em espaços amplos;
ü Nossas crianças têm direito à proteção, ao afeto e à amizade;
ü Nossas crianças têm direito a expressar seus sentimentos;
ü Nossas crianças têm direito a uma especial atenção durante seu período
de adaptação à creche;
ü Nossas crianças têm direito a desenvolver sua identidade cultural, racial
e religiosa.
Considerar que as crianças são diferentes entre si e respeitar seus
direitos fundamentais, implica propiciar uma educação baseada em condições
de aprendizagem que foque suas necessidades e ritmos individuais, visando
ampliar e enriquecer as capacidades de cada uma, ressaltando suas singulares
e suas características próprias, respeitando-as e valorizando-as enquanto
sujeito social e cultural.
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E como o planejamento pode trazer essas questões para dentro da
sala dos nossos pequenos?
O planejamento pedagógico é um importante instrumento de
trabalho, ajuda a traçar metas e percursos para atingir essas metas. É uma
construção coletiva que passa pela proposta da creche, pela forma de
organizar essa proposta e por uma rotina de atividades que deve ser prazerosa
e desafiante, e que traga contribuições importantes para o entendimento do
significado das interações, das vivências e do papel que desempenha no
desenvolvimento psicológico, físico, social e cultural das crianças.
O planejamento nos auxilia na programação de rotinas relevantes e
equilibradas, no desenvolvimento de atividades que impulsionem a
aprendizagem das crianças, no registro das nossas ações e, por fim, na
avaliação coletiva e individual de todos os envolvidos, portanto deve ser
elaborado de forma consistente e flexível, observando os objetivos do currículo
e as necessidades das crianças.
Sendo assim, o planejamento do educar, do cuidar e da vida
cotidiana na creche deve ser iniciado pelo conhecimento sobre a criança e
suas peculiaridades, e a organização de situações de aprendizagens deve ser
baseadas na escuta, na experimentação e na construção de conhecimento das
crianças.
Segundo o RCNEI, cabe ao professor a tarefa de individualizar as
situações de aprendizagens oferecidas às crianças, considerando suas
capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas assim como os
conhecimentos que possuem dos mais diferentes assuntos e suas origens
socioculturais diversas. Isso significa que o professor deve planejar e oferecer
uma gama variada de experiências que responda, simultaneamente, às
demandas do grupo e às individualidades de cada criança. (1997, pag. 32)
Através desse planejamento o professor deve oportunizar às
crianças a comunicação e expressão de seus desejos, desagrados,
necessidades, preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades
cotidianas; o reconhecimento progressivo do próprio corpo e das diferentes
sensações e ritmos que produz; a identificação progressiva de algumas
singularidades próprias e das pessoas com as quais convive no seu cotidiano
23
em situações de interação; a iniciativa para pedir ajuda nas situações em que
isso se fizer necessário; a realização de pequenas ações cotidianas ao seu
alcance para que adquira maior independência; o interesse e participação
pelas brincadeiras e pela exploração e escolha de diferentes brinquedos,
objetos e espaços para brincar; a participação e interesse em situações que
envolvam a relação com o outro; o respeito às regras simples de convívio
social; a higiene pessoal; o interesse em experimentar novos alimentos e
comer sem ajuda e a identificação de situações de risco.
A interação social em situações diversas é uma das estratégias mais
importantes do professor para a promoção de aprendizagens pelas crianças.
Propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens orientadas
que garantam a troca entre as crianças, de forma que possam comunicar-se e
expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um
ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a auto-estima é considerar os
conhecimentos que as crianças possuem, das mais variadas experiências
sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas.
A brincadeira é uma ação livre, favorece a auto-estima das crianças,
auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa.
Brincar contribui, assim, para reforçar o seu saber, para tomar decisões,
escolher o que quer fazer, interagir com pessoas, expressar o que sabe fazer e
mostrar seus gestos em um olhar, uma palavra, afirmando do que é capaz e de
como compreende o mundo. Essas significações atribuídas ao brincar dá
prazer, relaxa, envolve, ensina regras, linguagens, desenvolve habilidades e a
introduz no mundo imaginário, e ainda transforma a creche em espaço singular
de constituição infantil.
2.1. Percurso de Elaboração do Planejamento
Ao planejar, “o educador vai aprendendo e exercitando sua capacidade de perceber as necessidades do grupo” e as conquistas obtidas, que serão pistas para o avanço do trabalho. Assim, “o ato de planejar pressupõe o olhar atento à realidade.” (ibidem. p.178).
24
Numa Instituição de Educação Infantil, o planejamento deve ser
guiado, dirigido e norteado por alguns princípios básicos que garantam o rumo
de uma educação de qualidade. É importante estar sempre refletindo sobre a
nossa prática, tanto no cuidar como no educar, investigando sobre os mais
adequados conteúdos e metodologias de aprendizagem, oferecendo uma
multiplicidade de experiências numa desafiante proposta curricular que apoie a
criança na construção de sua autonomia e essencialmente, construindo com as
famílias das crianças uma relação de confiança mútua, baseada no diálogo, no
respeito.
Para dar vida a essa estrutura, de acordo com o Caderno
Pedagógico PCRJ (2011, pag. 11), o ponto de partida é o alinhamento de três
níveis do planejamento, para que seja possível visualizar a trajetória educativa
das crianças que estão em nossa instituição.
ü Planejamento a longo prazo – Quais são as nossas intenções relativas
ao que esperamos disponibilizar para as crianças, ao longo de sua
permanência na Educação Infantil? Qual é a nossa meta e qual é o
currículo previsto no PPP? Como relacioná-los com as políticas
nacionais e locais?
ü Planejamento a médio prazo – Quais são as nossas intenções relativas
à progressão das experiências que esperamos que as crianças
obtenham ao longo da Educação Infantil? Qual a diferença e a relação
entre o que oferecemos para as crianças nas suas diferentes idades, ao
longo do ano? P
ü Planejamento a curto prazo – Quais são as nossas intenções relativas
ao cotidiano das crianças em nossa turma? O que observamos e
registramos cotidianamente, de maneira a subsidiar o planejamento
diário?
Os planejamentos a curto prazo é o planejamento semanal que
deverá ser baseado naquilo que planejamos em relação à continuidade e
progressão das experiências das crianças e estes, por sua vez, serão
influenciados pelos objetivos de longo prazo conforme descritos nas
“Orientações Curriculares para a Educação Infantil” (SME, 2010) e a partir dos
registros dessas interações e experiências, das avaliações das crianças e de
25
suas conversas; das observações na instituição e fora dela, teremos material
para subsidiar o planejamento.
O quadro abaixo ilustra esta relação de interdependência entre os
três níveis de planejamento baseado em Siraj-Blatchford, 1996:
Níveis do Planejamento I - Planejamento a longo prazo – Proposta da instituição e suas metas
Observar a presença dos seguintes aspectos:
Equilíbrio e amplitude da proposta
Por sua vez, baseados:
Nos resultados e metas desejáveis
Abrangência do currículo proposto
Nas políticas nacionais e locais
Funcionamento da instituição
Nos estudos de currículo para EI
II – Planejamento a médio prazo – Atingindo as metas da EI
Observar a presença dos seguintes aspectos:
Progressão e continuidade
Por sua vez, baseados:
Nos planos em longo prazo
Ensino de conceitos,
conhecimento e atitudes / habilidades
Nas políticas nacionais e locais de currículo
Trabalho integrado com as várias áreas do
conhecimento e linguagens
No formato do funcionamento da instituição e do trabalho com as
crianças III – Planejamento a curto prazo – Planejamento para as turmas
Observar a presença dos seguintes aspectos:
Diferenciação e progressão
Por sua vez, baseados:
Nos planos em médio prazo
Intencionalidade da aprendizagem
Nas observações das crianças
Experiências e atividades
Nas avaliações anteriores da aprendizagem e desenvolvimento
Apoio e recursos Na avaliação da
rotina e experiências propostas
Avaliação institucional,
profissional, das atividades/experiências e das crianças
Na execução do planejamento, é de extrema importância que
monitoremos a evolução das crianças e que, ao mesmo tempo, estejamos
26
atentos às metas da Educação Infantil, como falar de forma clara, expressar
opiniões, demonstrar pensamentos e interesses, compreender e executar
instruções, interagir com livros, revistas, manipular lápis, pincel, desenhar,
pintar, modelar, criar, participar ativamente de atividades em pequenos e
grandes grupos, entre outros. Elas devem refletir no registro da evolução do
desenvolvimento e crescimento das crianças, mesmo compreendendo que
cada criança se desenvolve de maneira particular e contextualizada, é
necessário intervir de modo a garantir o seu bem-estar, assim como o processo
de aprendizagem de cada uma delas.
As metas servem para orientar nosso planejamento e nossas ações
diárias com as crianças. Manter as crianças pensando e de alguma forma
revelando o que pensam deve ser a nossa meta principal.
O planejamento é o principal instrumento metodológico da prática
pedagógica e a brincadeira deve estar ancorada a esse instrumento e ser
incluída nas experiências que compõem as aprendizagens das crianças nas
diversas dimensões, como: a linguagem oral e escrita, linguagens artísticas,
questões relativas à natureza e sociedade, conhecimentos matemáticos, corpo
e movimento. Nesse sentido, ela deve ser uma atividade diária no cotidiano da
Educação Infantil, possibilitando à criança aprender pelo brincar, criar e renovar
as brincadeiras. Sendo assim, deve perpassar por:
ü Vivências na linguagem oral no dia a dia, onde a criança vai aprender a
fazer uso da mesma, se apropriar do seu funcionamento e descobrir
forma de registro;
ü Vivências nas experiências matemáticas, onde as situações visem à
criação de atividades que proporcionem à criança o estabelecimento de
relações espaciais nos deslocamentos que são realizados no cotidiano
em que elas tratem o espaço e sua representação a partir de diferentes
pontos de referência, os deslocamentos possíveis, a representação dos
objetos, espaços e trajetos, noções de direção e posição, brincadeiras
com o corpo, copiando, espelhando movimentos a partir de um eixo;
ü Vivências com natureza e sociedade buscando explorar o mundo pelas
crianças, do próprio corpo, do espaço a que pertence, das pessoas e
dos objetos que estão nele, suas características e usos, dos elementos
27
que compõem seu bairro e cidade, da natureza, plantas, animais, a
água, a terra, encorajando-as a fazer perguntas e a construir
conhecimentos por meio da observação, formulação de hipóteses,
experimentação, registro, comunicação e interpretação de resultados;
ü Vivências com o corpo e seus movimentos, dando significado ao
ambiente em que vive, interagindo com as pessoas e objetos, sendo
interpretada por seus parceiros, vencendo obstáculos, expandindo assim
a sua capacidade física e motora;
ü Vivências com a música, que possibilita a comunicação e expressão
humana e integra aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos e
promove a interação social;
ü Vivências com a arte, a qual vai além da disponibilização de materiais
para produção de trabalhos artísticos, enfatizando o processo de
desenvolvimento e da apropriação da linguagem gráfico-plástica.
A criança deve ser autora de suas ações, de sua história, de seus
papéis e cenários, isso possibilita construir conhecimentos de forma compatível
ao modo e ao momento dela aprender.
28
CAPÍTULO III
ORGANIZAÇÃO DO TEMPO / ESPAÇO
“Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando” – costumava dizer Ana Terra. Mas entre todos os dias ventosos de sua vida, um havia que lhe ficara para sempre na memória, pois o que sucedera nele tivera a força de mudar-lhe a sorte por completo. Mas em que dia da semana tinha aquilo acontecido? Em que mês? Em que ano? Bom, devia ter sido em 1777: ela se lembrava bem porque esse fora o ano da expulsão dos castelhanos do território do Continente. Mas na estância onde Ana vivia com os pais e os dois irmãos ninguém sabia ler, e mesmo naquele fim de mundo não existia calendário nem relógio. Eles guardavam de memória os dias da semana; viam as horas pela posição do sol; calculavam a passagem dos meses pelas fases da lua; e era o cheiro do ar, o aspecto das árvores e a temperatura que lhes diziam das estações do ano. (Veríssimo, 1997, 35.ed)
A organização do tempo e do espaço deve prever possibilidades
diversas e muitas vezes simultâneas de atividades, para tanto é necessário
constituir um ambiente cada vez mais atraente, acolhedor, instigante e que
alavanque novas interações e aprendizagens com a participação dos diversos
sujeitos que nele imprimirão novos significados.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil, para efetivação de seus objetivos, as propostas pedagógicas das
instituições de Educação Infantil deverão prever condições para o trabalho
coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos (2010, p.19).
A organização dos espaços e dos materiais se constitui em um
instrumento fundamental para a prática educativa independentemente do
ambiente, pode ser em uma sala de aula, em um espaço externo da creche ou
até mesmo fora dela, o importante é planejar sua organização da forma mais
adequada, assim como introduzir materiais específicos para criar novos
ambientes, aproveitando cada um deles para enriquecer e potencializar as
aprendizagens.
De acordo com HORN (2004, p. 61), as escolas de educação infantil
têm na organização dos ambientes uma parte importante de sua proposta
29
pedagógica. Ela traduz as concepções de criança, de educação, de ensino e
aprendizagem, bem como uma visão de mundo e de ser humano do educador
que atua nesse cenário. Portanto, qualquer professor tem, na realidade, uma
concepção pedagógica explicitada no modo como planeja suas aulas, na
maneira como se relaciona com as crianças, na forma como organiza seus
espaços na sala de aula.
A estruturação do espaço (salas, paredes, mobílias, decoração...), a
forma como os materiais estão organizados, a qualidade e adequação dos
mesmos são elementos essenciais para as interações que se estabelecem
entre crianças e adultos: seus jeitos de ser, a maneira como pensam e como se
organizam, mantendo um constante diálogo com todos que por ali passam,
refletindo vários sentidos e significados, além de favorecer as relações
interpessoais, o acolhimento e as aprendizagens.
Para HORN, o olhar de um educador atento é sensível a todos os
elementos que estão postos em uma sala de aula. O modo como organizamos
materiais e móveis, e a forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e
como interagem com ele são reveladores de uma concepção pedagógica.
Aliás, o que sempre chamou minha atenção foi a pobreza frequentemente
encontrada nas salas de aula, nos materiais, nas cores, nos aromas; enfim, em
tudo que pode povoar o espaço onde cotidianamente as crianças estão e como
poderiam desenvolver-se nele e por meio dele se fosse mais bem organizado e
mais rico em desafios (2004, p. 15).
Espaço físico, materiais, brinquedos e mobiliários constituem-se em
poderosos auxiliares da aprendizagem e são indicadores importantes para a
definição de práticas educativas de qualidade em uma creche, precisam estar
dispostos de forma acessível, permitindo seu uso autônomo, sua visibilidade,
bem como uma organização que possibilite identificar sua ordenação,
propiciando condições para que as crianças possam utilizá-los em favor do seu
desenvolvimento, usando, usufruindo, cuidando e mantendo os materiais de
forma a complementar suas aprendizagens.
É preciso explorar todas as possibilidades que o espaço oferece,
podendo até mesmo criar variados cantinhos de atividades (artes, leitura,
blocos de construção, dramatização, natureza...). Nesses espaços é
30
interessante oferecer diversos tipos de materiais, onde atendam às demandas
das crianças e elas consigam ter mobilidade para acessar todos, de acordo
com o momento que desejar.
O espaço é muito importante para a criança pequena, pois muitas,
das aprendizagens que ela realizará em seus primeiros anos de vida estão
ligadas aos espaços disponíveis e/ou acessíveis a ela (LIMA, 2001, p.16).
As crianças ampliaram suas possibilidades de exercitar a autonomia,
a liberdade, a iniciativa, a livre escolha, quando o espaço está adequadamente
organizado. Quando as crianças brincam em espaços organizados ás suas
necessidades, ficam mais tempo interagindo com outras crianças e com a
atividade que está sendo ali realizada. Solicitam menos a atenção do educador
que, dessa forma, pode acompanhar seu desenvolvimento, focalizando-as e
observando se os materiais oferecidos estão atendendo aos objetivos que
deseja alcançar, percebendo o momento de reorganizar ou modificar esses
espaços propostos para motivar mais as crianças e proporcionar a elas novas
aprendizagens como: tomar água sozinha, movimentar o corpo, estimular os
sentidos e ter a sensação de segurança e confiança.
Maria Carmen Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Horn
pesquisam a organização do espaço e do tempo na escola infantil e afirmam
que: organizar o cotidiano das crianças na Escola Infantil pressupõe pensar
que o estabelecimento de uma sequencia básica de atividades diárias é, antes
de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças,
a partir, principalmente, de suas necessidades. É importante que o educador
observe o que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem,
o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o que lhes chama
mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranquilos ou mais
agitados. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-
temporal tenha significado. Ao lado disto, também é importante considerar o
contexto sociocultural no qual se insere e a proposta pedagógica da instituição,
que deverão lhe dar suporte. (BARBOSA; HORN, 2001, p. 67).
Assim como o espaço, o tempo também deve ser organizado
levando-se em conta o objetivo da Educação Infantil de promover o
desenvolvimento integral das crianças.
31
3.1. Modalidade de Organização do Tempo
De acordo com o RCNEI (1998, pag.55), esta estrutura didática pode
ser agrupada em três grandes modalidades de organização do tempo. São
elas: atividades permanentes, sequência de atividades e projetos de trabalho.
ü Atividades Permanentes
São aquelas que respondem às necessidades básicas de cuidados,
aprendizagem e de prazer para as crianças, cujos conteúdos necessitam de
uma constância. A escolha dos conteúdos que definem o tipo de atividades
permanentes a serem realizadas com frequência regular, diária ou semanal,
em cada grupo de crianças, depende das prioridades elencadas a partir da
proposta curricular. Consideram-se atividades permanentes, entre outras:
• Brincadeiras no espaço interno e externo;
• Roda de história;
• Roda de conversas;
• Ateliês ou oficinas de desenho, pintura, modelagem e música;
• Atividades diversificadas ou ambientes organizados por temas ou
materiais à escolha da criança, incluindo momentos para que as
crianças possam ficar sozinhas se assim o desejarem;
• Cuidados com o corpo.
ü Sequência de Atividades
São planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma
aprendizagem específica e definida. São sequenciadas com intenção de
oferecer desafios com graus diferentes de complexidade para que as crianças
possam ir paulatinamente resolvendo problemas a partir de diferentes
proposições. Estas sequências derivam de um conteúdo retirado de um dos
eixos a serem trabalhados e estão necessariamente dentro de um contexto
específico.
ü Projetos de Trabalho
Os projetos são conjuntos de atividades que trabalham com
conhecimentos específicos construídos a partir de um dos eixos de trabalho
32
que se organizam ao redor de um problema para resolver ou um produto final
que se quer obter. Possui uma duração que pode variar conforme o objetivo, o
desenrolar das várias etapas, o desejo e o interesse das crianças pelo assunto
tratado. Comportam uma grande dose de imprevisibilidade, podendo ser
alterado sempre que necessário, tendo inclusive modificações no produto final.
Sendo assim, as modalidades de organização do tempo se
constituem em instrumentos que possibilitam um contato com as práticas
sociais reais que necessariamente precisam ser significativas e representar
uma questão comum para todos. Para tanto é imprescindível que se faça um
levantamento dos conhecimentos prévios das crianças, um levantamento do
que desejam e na medida do possível procurar as informações com toda
comunidade escolar (as crianças, os familiares e os demais funcionários da
creche).
O importante é que nessa interação, às crianças possam
estabelecer múltiplas relações, ampliando suas ideias sobre diversos assuntos
e buscando complementações com conhecimentos pertinentes aos diferentes
eixos. Que elas aprendam porque sua participação é intensa, porque está
dentro do seu contexto, porque seu potencial de aprendizagem é valorizado,
porque o caráter lúdico é primordial para aguçar o prazer e a alegria e que
essas situações ofereçam oportunidades de trabalhar sua individualidade,
personalizando seu ambiente, fazendo dele um local recheado de experiências
significativas para o seu desenvolvimento.
O desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio. (PIAGET apud KRAMER, 2000, p. 29)
Conforme Maria Barbosa e Maria Horn (2001), é necessário que
haja uma sequência de atividades diárias que sejam pensadas a partir da
realidade da turma e da necessidade de cada aluno. Neste momento, é
essencial que haja a sensibilidade do educador para entender a criança como
sujeito ativo, reconhecendo as suas singularidades, considerando não somente
o contexto sociocultural deste aluno como também o da instituição.
Para dispor de tais atividades no tempo é fundamental organizá-las
tendo presentes as necessidades biológicas das crianças como as
33
relacionadas ao repouso, à alimentação, à higiene, e à sua faixa etária; as
necessidades psicológicas que se referem às diferenças individuais como, por
exemplo, o tempo e o ritmo que cada uma necessita para realizar as tarefas
propostas; as necessidades sociais e históricas que dizem respeito à cultura e
ao estilo de vida, como as comemorações significativas para a comunidade
onde se insere a escola e também as formas de organização institucional da
escola infantil (BARBOSA, HORN, 2001, p. 68).
Esta organização do tempo que chamamos de rotina deve ser
construída a partir deste conjunto de atividades que possibilitam, entre outras
competências, a iniciativa, a segurança, a confiança, conforme descrito no
Capítulo I. Para proporcionar estas atividades é necessário que a organização
do tempo e do espaço assegure além do reconhecimento das especificidades
das crianças ou dos espaços externos ou internos, o direito a ser criança, e a
importância da sua participação ativa neste processo.
Através de um ambiente rico e estimulante, as atividades propostas
possibilitarão a espontaneidade e a interação das crianças.
Exemplo disso é a roda de conversa, que além de proporcionar
situações onde se sintam acolhidas, seguras e pertencentes àquele grupo,
favorece a troca ideias, a fala sobre suas vivências e o conhecer melhor o
outro, já que estarão sentados de forma a se verem, o que também fomenta as
conversas, estimula as crianças a falarem e promove o respeito pela fala de
cada um.
Pode-se citar também a realização de atividades ligadas ao projeto,
onde o professor planeja e oferece ao grupo atividades diversificadas, em que
cada criança escolhe, dentre as várias atividades disponíveis, qual realizará
primeiro, ou atividades corporais oportunizando o conhecimento do próprio
corpo, experimentando as possibilidades que ele oferece (força, flexibilidade,
equilíbrio,...) ou até mesmo a ida ao parquinho, um momento de desafio, de
desenvolver sua motricidade.
E com a arte? Onde as crianças possam fazer experimentações com
diversas técnicas e materiais, produzindo e expressando-se através as suas
próprias obras.
34
Tem também as histórias e contos de fadas que são momentos
valiosos de ouvir, pensar, sonhar e ainda mostra a função social da escrita.
Imagina tudo isso incrementado com músicas, fantasias, pinturas, imagens,
enfim muita imaginação.
Outra que não pode faltar é a brincadeira, a mais importante
linguagem natural da criança, onde elas podem expressar suas ideias,
sentimentos, conflitos, como é o seu mundo, o seu dia a dia, experimentar
papéis, simplesmente não fazer nada, mas estar atento e aprendendo com
outro, livre para criar, imaginar, movimentar, explorar, desenvolver, optar,
expressar, pensar, interagir e comunicar.
Depois de tanta atividade... E a alimentação? E o descanso? E a
higiene? Esse momento proporciona às crianças hábitos saudáveis e a
possibilidade de independência e as oportunidades de aprenderem sobre o
cuidado de si, do outro e do ambiente.
E sempre que possível, que tal uma atividade extraclasse, uma visita
a um espaço diferente ao da creche. O educador deve estar atento à vida da
comunidade, buscando oportunidades interessantes, isto certamente
enriquecerá e ampliará o conhecimento das crianças e o projeto que está
sendo desenvolvido.
Um ambiente verdadeiramente estimulante, educativo, seguro,
afetivo, com educadores realmente preparadas para acompanhar a criança
nesse processo de descobertas e de crescimento influenciará todo o
desenvolvimento da criança.
Sabendo-se que o ambiente exerce influências na educação da
criança, a organização dos espaços e do tempo na Educação Infantil é
essencial, pois desenvolve potencialidades e propõe novas habilidades
cognitivas, motoras e afetivas. Assim, as aprendizagens que acontecem
nesses espaços disponíveis à criança são fundamentais na construção de sua
autonomia e de seu conhecimento. Um ambiente organizado, alegre e
democrático facilita esse processo de integração.
Jaume (2004), destaca algumas necessidades significativas em
relação ao planejamento e a organização do tempo e espaço em geral,
pensando em todos os envolvidos na construção de um trabalho de educação
35
infantil de qualidade: necessidade afetiva, de autonomia, de movimentos, de
socialização, fisiológicas, de descoberta, exploração e conhecimento e dos
adultos.
Atendendo a essas necessidades, com a organização de uma rotina
personalizada e de espaços harmônicos, que expressem sensibilidade e
busquem pelo bem estar de todos, o resultado são relações que favorecem o
estreitamento de laços de amizades e trocas afetivas.
Além desses aspectos, é importante lembrar ao planejar a
organização do tempo, que a rotina deve ser garantida para ajudar a criança a
apresentar uma estabilidade comportamental, pois como destaca JAUME
(2004, pag. 367), rotinas conferem à criança um ponto de referência
indispensável para seu desenvolvimento. Essa maneira de sentir e entender a
sucessão temporal é reforçada associando-se cada um dos espaços ou
cenários da escola a um determinado momento do dia.
Através dessa organização, tanto o educador quanto a criança serão
beneficiados: o educador terá a oportunidade de pensar e enriquecer seu
planejamento e de se ajustar gradativamente para atender as necessidades do
grupo a medida que as crianças se socializam, se desenvolvem e vivenciam as
suas experiências.
Para finalizar, Paulo Camargo transcreve uma simples e objetiva
opinião sobre a organização do tempo e do espaço nas creches:
Os espaços de nossa infância nos marcam profundamente. Sejam
eles berço, casa, rua, praça, creche, escola, cidade, país, sejam eles bonitos
ou feios, confortáveis ou não, o fato é que influenciam definitivamente nossa
maneira de vermos o mundo e de nos relacionarmos com ele. (CAMARGO,
2008, p. 45).
36
CONCLUSÃO
Considerando a pesquisa realizada neste trabalho, é possível
evidenciar diferentes configurações na construção de uma rotina de atividades
na educação infantil, destacando seus aspectos de regularidade, a organização
do tempo e do espaço e o planejamento de atividades de interação.
Essas configurações, além de preencher algumas lacunas existentes
no verdadeiro motivo e na importância de construir uma rotina de qualidade na
educação infantil, possibilita fornecer subsídios para as creches que, com
essas indicações, podem organizar seus recursos humanos, de tempo, de
espaço físico e de materiais, assim como auxiliar na compreensão e utilização
desse local como uma estratégia promotora de bem-estar, qualidade de vida e
aprendizagem tanto para crianças e quanto para os adultos.
As Orientações Curriculares para a Educação Infantil orientam que
um espaço de Educação Infantil deve garantir o respeito à criança, tendo como
premissa os seguintes aspectos (2010, p.14):
ü Proteção à saúde e segurança;
ü Construção de relações positivas;
ü Criação de oportunidades para a aprendizagem.
Sendo assim, o espaço e a sua organização dessa estrutura de
atividades diária devem colaborar com o desenvolvimento da autonomia, com
as interações e com a construção da identidade, entrevendo o respeito devido
a cada criança, em particular, e à infância, como um todo.
É imprescindível lembrar de transformar cada jornada de trabalho
em algo prazeroso e cheio de descobertas, onde o lúdico esteja sempre
presente e cada dia represente uma nova aventura cheia de desafios, e o
cotidiano dessas instituições inspirem sempre afeto e alegria, refletindo uma
dimensão humana em que a criança seja valorizada como sujeito que merece
respeito às suas necessidades especificas. Nessa dinâmica também é
importante ressaltar o respeito e o cuidado com que a instituição se relaciona
com a família, isso reflete clara e instantaneamente no comportamento e na
segurança da criança em relação à creche.
37
Quanto ao planejamento, é importante que fique claro que este é um
excelente instrumento de trabalho para o educador. Ter como norteador
documentos oficiais que apresentam reflexão relacionando âmbitos de
experiência na Educação Infantil é uma opção de peso, eles colaboram com a
prática pedagógica e dialoga com fundamentos que a embasam, além de
ajudar a planejar e executar as atividades e experiências que são essenciais
para as crianças. Ressalto “norteador”, não podemos abrir mão de um
planejamento consistente e flexível na sua execução, observando os objetivos
do currículo e as necessidades de cada grupo de crianças.
É preciso estar atento à programação de rotinas relevantes e
equilibradas, ao desenvolvimento de atividades que impulsionem a
aprendizagem das crianças, ao registro das nossas ações, à avaliação coletiva
e individual de todos os envolvidos e a potencialização de propostas de
organização e construção dos ambientes que complementem e enriqueçam os
conhecimentos já existentes, mexendo, reorganizando, atendendo a novas
necessidades visando à garantia de uma educação de qualidade, que é direito
de nossas crianças.
38
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Trocando em Miúdos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil. Rio de Janeiro, CECIP, UNICEF, s/d, v.7
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 EPIGRAFE 05 RESUMO 06 METODOLOGIA 07 SUMÁRIO 08 INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I Rotina de Atividades 12 CAPÍTULO II O Planejamento Pedagógico 20 2.1. Percurso da Elaboração do Planejamento 23 CAPÍTULO III Organização do Tempo/Espaço 28 3.1. Modalidade de Organização do Tempo 31 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 38 ÍNDICE 40