DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORALBandura e sua relação com a aprendizagem. Para...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
UM OLHAR DA NEUROCIÊNCIA: NEURÔNIOS-ESPELHO E
APRENDIZAGEM
Aline Penna de Carvalho
ORIENTADORA:
Profa. Marta Relvas
Rio de Janeiro
2018
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociências Pedagógica.
Por: Aline Penna de Carvalho
UM OLHAR DA NEUROCIÊNCIA: NEURÔNIOS-ESPELHO E
APRENDIZAGEM
Rio de Janeiro
2018
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo que Ele é para mim;
Aos meus pais, por todo amor e carinho;
Ao meu esposo e amigo, pelo companheirismo e apoio;
À minha irmã e meu cunhado por compartilharem cada momento;
Aos familiares e amigos, pelo suporte dado nos momentos difíceis e pelas
gargalhadas nos momentos alegres;
Aos professores e funcionários da Universidade Cândido Mendes (AVM) que
participaram da minha trajetória;
E à professora e orientadora Marta Relvas, pela atenção, paciência e
dedicação.
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DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais por sempre acreditarem no
meu potencial mesmo quando eu não acreditei.
Para mim, são exemplos de superação e
determinação.
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“Olhe com os olhos do outro, escute com os ouvidos
do outro e sinta com o coração do outro”
Alfred Adler
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RESUMO
Os neurônios-espelho foram descobertos por Giacomo Rizzolatti na década de 90. Os neurônios eram ativados quando o animal realizava um movimento com uma finalidade específica e também eram ativados quando o animal observava
outro indivíduo realizando a mesma tarefa. O presente estudo teve como objetivo central ressaltar o impacto da aprendizagem por intermédio dos neurônios-espelho. Buscou ainda, sumarizar o estudo de Rizzolatti e apontou
contribuições da Teoria Social Cognitiva demonstrando a relevância da aprendizagem social e sintetizou a relação entre neurônios-espelho e
aprendizagem. Pessoas podem aprender de maneiras diferentes. Através da observação se aprende, não necessariamente conscientemente. No entanto, através do dia-a-dia o indivíduo é capaz de selecionar pessoas para se
relacionar e estar por perto, aumentando a chance de aprendizado por imitação através de modelos escolhidos. Através da empatia e de outras emoções esse
aprendizado é reforçado. Este estudo dedica-se a apresentar as estruturas principais sobre os neurônios-espelho e apresentar os mecanismos básicos como a empatia, imitação, emoção e aprendizado. Considerando a importância
dos aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem como foco principal.
Palavras-chave: Aprendizagem, neurônios-espelho e imitação.
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METODOLOGIA
A técnica de pesquisa adotada para a realização da presente
monografia foi pesquisa bibliográfica e documental através da análise de livros,
de artigos, teses, dissertações e monografias. Usamos como autores chaves
Giacomo Rizzolati e colaboradores, Albert Bandura, Roberta Azzi, Marta
Relvas, Antônio Damásio, Barry Zimmerman, Eliane Falcone, Del Prette e Del
Prette entre outros autores que se destacam nas áreas de neurociências,
neurônios-espelho e aprendizagem por imitação.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
Giacomo Rizzolati e os Neurônios-espelho 11
CAPÍTULO II
Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura 21
CAPÍTULO III
Neurônios em espelho e Aprendizagem 29
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 37
ÍNDICE 42
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INTRODUÇÃO
No ano de 1990, na Universidade de Parma na Itália, Giacomo
Rizzolati e seus colaboradores, descobriram neurônios no cérebro que são
responsáveis pela aprendizagem por imitação, os neurônios-espelho. Segundo
Rizzolatti, esses neurônios identificam não apenas o movimento, mas as
intenções do outro (LAMEIRA, et al. 2006). Desta forma, além de imitar o outro,
é possível se colocar no lugar dele, criando o que chamado de empatia.
Psicologicamente, a empatia é considerada como uma experiência
indireta de uma emoção próxima à emoção vivida por outra pessoa
(EISENBERG & MILLER, 1987). Essa concepção aponta para uma condição
estruturante no ser humano: a potencialidade de pensar e elaborar um apoio,
social ou afetivo, ao outro, de ser, estar e ter uma cumplicidade com a situação
do outro (FORMIGA, 2012).
Em outras palavras, de acordo com Falcone (2001), Del Prette e Del
Prette (2001), a empatia é a sintonia fina de sentimentos e pensamentos com
outras pessoas, considerando-as como sujeitos únicos, singulares e originais, a
disposição e a capacidade de aceitação de como essas pessoas são, isto é, de
como elas pensam, sentem e se comportam. Em suma, empatia refere-se
fundamentalmente à capacidade de se colocar no lugar do outro.
Pessoas e até animais podem aprender observando e imitando os
outros. Desta forma, fica evidente o papel de um mediador no processo de
ensino-aprendizagem. Os modelos sociais são essenciais para que a
aprendizagem aconteça, seja ela funcional ou disfuncional.
Norteado por essa constatação, o presente trabalho teve como
objetivo central ressaltar o impacto da aprendizagem por intermédio dos
neurônios-espelho. Buscou ainda, sumarizar o estudo de Giacomo Rizzolati
baseado nos neurônios-espelho, apontar possíveis contribuições da Teoria
Social Cognitiva (BANDURA, 1989) demonstrando a relevância da
aprendizagem social e sintetizou a relação entre neurônios-espelho e
aprendizagem.
Para alcançar o objetivo proposto, foi desenvolvida uma pesquisa
bibliográfica e documental através da análise de livros, de artigos, teses,
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dissertações e monografias. Usamos como autores chaves Giacomo Rizzolati e
colaboradores, Albert Bandura, Roberta Azzi, Marta Relvas, Antônio Damásio,
Barry Zimmerman, Eliane Falcone, Del Prette e Del Prette entre outros autores
que se destacam nas áreas de neurociências, neurônios-espelho e
aprendizagem por imitação.
Com base no objetivo e metodologia propostos, o trabalho foi
estruturado em três capítulos, além da introdução e conclusão.
O primeiro capítulo teve como objetivo principal apresentar os
neurônios-espelho de Giacomo Rizzolati e apontar as principais relevâncias
desse estudo. O desenvolvimento do capítulo teve como eixo conceitual
publicações de Giacomo Rizzolati e colaboradores.
No segundo capítulo, foi abordada a teoria social cognitiva de Albert
Bandura e sua relação com a aprendizagem. Para Bandura (1989), o estudo do
comportamento humano está vinculado ao contexto social, enfatizando os
processos sociocognitivos do indivíduo. O desenvolvimento do capítulo foi
norteado por publicações de Albert Bandura, Marta Relvas, Del Prette e Del
Prette, e Eliane Falcone.
No terceiro capítulo foram apresentadas revisões bibliográficas a
respeito do tema, relacionando o papel dos neurônios-espelho no processo de
ensino-aprendizagem. O trabalho procurou ressaltar que o aprendente é um
ser biopsicossocial e interage com o outro de formas diversas. O
desenvolvimento do capítulo teve como eixo conceitual publicações dos
autores já citados.
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CAPÍTULO I
GIACOMO RIZZOLATI E OS NEURÔNIOS-ESPELHO
Os neurônios-espelho foram descobertos por Giacomo Rizzolatti e
colaboradores na área pré-motora de macacos Rhesus na década de 90
(RIZZOLATTI, FADIGA, GALLESE, & FOGASSI, 1996). Os neurônios da área
F5, localizada no lobo frontal, eram ativados quando o animal realizava um
movimento com uma finalidade específica e também eram ativados quando o
animal observava outro indivíduo realizando a mesma tarefa.
Esta descoberta teve muita relevância para a compreensão direta da
ação e/ou da intenção do outro animal ou ser humano (GALLESE et al., 1996;
RIZZOLATTI et al., 1996). Eles concluíram que, quando ativados, os neurônios-
espelho, pela observação de uma ação, permitem que o significado da mesma
seja compreendido automaticamente (de modo pré-atencional) que pode ou
não ser seguida por etapas conscientes que permitam uma compreensão mais
abrangente dos eventos através de mecanismos cognitivos mais sofisticados
(GALLESE, 2005).
Desta forma, fica evidente a importância dos neurônios-espelho no
processo de se relacionar com o outro, além do mais, quando o tema é
aprendizagem, sabe-se que ninguém aprende sozinho. O indivíduo está em
constante mudança e aprendizado com o outro, até porque, ele se torna um ser
biopsicossocial. O homem nasce com habilidades para a aprendizagem.
Porém, o aprender só se processa através da interação com o meio. Dessa
forma, o homem não pode ser estudado somente pelo seu aspecto biológico,
pois ele constrói e transforma, constituindo-se do produto de sua própria
história (VIGOTSKY apud MOLL,1999).
Assim, os neurônios espelho são células encarregadas de fazer com
que o indivíduo boceje quando vê outra pessoa bocejar ou faz com que se imite
um gesto de alguém próximo sem saber o motivo. Está diretamente
relacionado à parte comportamental, como é o caso da empatia, do
aprendizado por imitação, do comportamento de ajuda, demonstrando mais
uma vez que o homem se tornou um ser extremamente social.
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1.1. A descoberta dos Neurônios-espelho
O pesquisador Giacomo Rizzolatti observou que macacos faziam
certas atividades imitando outro macaco ou um humano. Observou-se que a
região pré-motora era ativada quando um espécime, ou mesmo um dos
pesquisadores pegava uma banana e os outros observavam, os efeitos de
ativação das áreas cerebrais eram os mesmos do macaco que realmente
estava pegando a banana para comê-la. Esse mecanismo foi chamado de
Neurônio-espelho. A importância dessa descoberta para a compreensão direta
da intenção do outro animal ou ser humano foi imediatamente percebida
(GALLESE et al., 1996; RIZZOLATTI & CRAIGHERO, 2004).
Elucidou-se que não é somente uma ação manual que é capaz de
ativar os neurônios-espelho. Existem neurônios-espelho que são ativados
quando o macaco executa e/ou observa ações relacionadas com a boca, tais
como lamber, morder ou mastigar alimentos. Além disso, na mesma região
onde são encontrados estes neurônios existe uma pequena porcentagem de
células que dispara quando o macaco observa o experimentador fazer ações
faciais comunicativas na sua frente (FERRARI, GALLESE, RIZZOLATTI, &
FOGASSI, 2003).
Desde a descoberta dos neurônios espelho em primatas (não
humanos), vários estudos utilizando ferramentas de neuroimagem tentam
localizar e mapear a presença desses neurônios em humanos. Os resultados
sugerem que existe um sistema de neurônios-espelho em humanos distribuído
em várias áreas corticais fronto-parietais (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKI &
PEREIRA JR, 2006). Utilizando análises de EEG (eletroencefalograma), MEG
(magnetoencefalografia) e fMRI (ressonância magnética funcional), foram
corroborados a existência de um sistema de neurônio-espelho em humanos.
Algumas diferenças fundamentais foram constatadas entre os
neurônios-espelho em macacos e humanos, o que nos garante maior poder de
aprendizagem. Tais neurônios ocupam um maior espaço cortical nos humanos
do que em macacos (RIZZOLATI & SINIGAGLIA, 2010). Nos humanos, os
neurônios-espelho respondem a atos intransitivos, ou seja, movimentos que
não são diretamente relacionados a nenhum objeto em particular, como por
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exemplo, mover o braço. Assim, expressões corporais que buscam passar um
significado podem ser identificadas, compreendidos e imitados pelo outro. Os
neurônios-espelho permitem não apenas a compreensão direta das ações dos
outros, mas também das suas intenções, o significado social de seu
comportamento e das suas emoções.
Os neurônios-espelho podem explicar muitas habilidades mentais
anteriormente sem solução. Além disso, os neurocientistas acreditam que o
aparecimento e o aprimoramento dessas células propiciaram o
desenvolvimento de funções importantes como linguagem, imitação,
aprendizado e cultura (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKI & PEREIRA JR, 2006).
Os neurônios espelho desempenham assim uma função crucial para
o comportamento humano. Eles são ativados quando alguém observa uma
ação de outra pessoa. O mais impressionante é o fato desse espelhamento
não depender obrigatoriamente da memória. Se alguém faz um movimento
corporal complexo que nunca foi realizado antes por outra pessoa, os
neurônios-espelho identificam no sistema corporal dessa pessoa os
mecanismos proprioceptivos e musculares correspondentes e o indivíduo tende
a imitar, inconscientemente, aquilo que é observado, ouvido ou percebido de
alguma forma (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKI & PEREIRA JR, 2006).
O que caracteriza e garante a sobrevivência dos seres humanos é o
fato de serem capazes de se organizar socialmente, e isso só é possível
porque são seres capazes de entender a ação de outras pessoas. Além disso,
também são capazes de aprender através da imitação e essa faculdade é a
base da cultura humana (RIZZOLATTI & CRAIGHERO, 2004).
Os neurônios espelho foram ligados a várias modalidades do
comportamento humano tais como imitação, teoria da mente, aprendizado de
novas habilidades e leitura da intenção em outros humanos (RIZZOLATTI,
FOGASSI, & GALLESE, 2006) e a sua disfunção poderia estar envolvida com a
gênese do autismo (RAMACHANDRAN & OBERMAN, 2006).
De forma geral, as principais características de uma criança autista
são a dificuldade de compartilhar a atenção com os outros, e reagir de forma
harmônica com as emoções das pessoas, dificuldade em identificar rostos e
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comportamentos sociais (GALLASE, 2006), tornando importante o diagnóstico
precoce.
O autismo é um bloqueio no desenvolvimento com causas
neurobiológicas e está dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA
refere-se a um grupo de transtornos caracterizados por um espectro
compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a
comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados (BRENTANI et
al., 2013). Ainda é um enigma para a neurociência e as pesquisas sobre esse
transtorno revelam que ele é de natureza multifatorial.
O autista possui grande dificuldade para se expressar, compreender
e imitar sentimentos como medo, alegria ou tristeza. Desta forma, se fecham
num mundo particular e acabam desenvolvendo sérios problemas de
socialização e aprendizado. O comportamento autista reflete um quadro
compatível com a falha do sistema de neurônios-espelho. O entendimento de
ações, a imitação e a empatia são funções atribuídas aos neurônios-espelho e
são exatamente essas funções que se encontram alteradas em pessoas com
autismo (RAMACHANDRAM & OBERMAN, 2006).
Aprender através da imitação e através da representação interna do
movimento é uma das principais modalidades de aprendizagem e consolidação
de novas habilidades motoras do ser humano (REYNOLDS, et al., 2017), por
isso a necessidade de mais pesquisas sobre o tema, as pesquisas ainda são
muito escassas. Novas descobertas podem ajudar na intervenção de pessoas
com dificuldades no sistema de neurônios-espelho, havendo assim uma
melhora na relação com o outro.
1.2. Neurônios-espelho e a linguagem
Os neurônios-espelho é uma rede fronto-parietal de neurônios
multimodais no sistema nervoso central (SNC) que tem um papel integrativo
nos processos, disparando quando uma pessoa observa, imagina, executa e
imita ações (DECETY, 1996; IACOBONI & DAPRETTO, 2006). Saber que
existem neurônios espelho que possibilitam progressos na comunicação,
compreensão e aprendizado dá ao educador um novo olhar (GALLO, 2017).
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Os neurônios-espelho não são ativados somente por observações
de movimentos, mas também a partir de comunicação. Em outro estudo foram
comparados à ativação pela comunicação dos cães através de latidos,
macacos em movimentos labiais e em humanos na fala em silêncio. Os
resultados em humanos mostraram que a observação na fala em silêncio atua
na área da Broca no hemisfério esquerdo (BUCCINO, BINKOFSKI, & RIGGIO,
2004).
Aprender a falar é uma das realizações mais importantes e mais
visíveis da primeira infância. Em questão de meses, e sem ensino explícito, as
crianças passam de palavras hesitantes para frases fluentes, e de um
vocabulário reduzido para um vocabulário que aumenta em seis novas palavras
por dia. As novas ferramentas da linguagem significam novas oportunidades
para a compreensão social, para aprender a respeito do mundo, e para
compartilhar experiências, prazeres e necessidades (JOHNSTON, 2010).
Crianças pequenas entendem a intenção comunicativa de quem fala
e utilizam essa informação para orientar sua aprendizagem de linguagem. Por
exemplo, já aos 24 meses de idade são capazes de inferir, apenas a partir do
tom excitado da voz de um adulto e do contexto físico, que uma palavra nova
deve referir-se a um objeto que foi colocado sobre a mesa enquanto o adulto
estava ausente (AKHTAR, CARPENTER & TOMASELLO, 1996).
A imitação é um mecanismo inato, comandado pelo neurônio-
espelho, com isso crianças menores de um ano já tem essa capacidade
(RIZZOLATTI et al., 1996), sendo o processo de imitação fundamental para o
desenvolvimento de uma criança, e estão ligadas a habilidades motoras, de
comunicação e interação social. As crianças aprendem vendo seus familiares,
de modo que influenciam as crianças visualmente tornadas assim os adultos
seus inspiradores. Essa ação é essencial para a comunicação verbal e não
verbal e encontra-se relacionada com os neurônios-espelho.
A frequência influência os processos cognitivos afetando a taxa de
aprendizagem. Crianças que, apesar de incomum, ouvem uma alta proporção
de exemplos de uma determinada forma linguística aprendem essa forma mais
rapidamente que crianças que recebem estimulação normal desses mesmos
exemplos (NELSON, et al., 1996).
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A área de Broca e a área F5 dos macacos, junto com a
comprovação recente da participação da área de Broca no sistema de
neurônios-espelho sugere que os neurônios espelho podem ter contribuído
para a gênese da linguagem humana, servindo de base para a apropriação
simbólica de atos motores (LAMEIRA, GAWRYSZEWSKI & PEREIRA JR,
2006).
Um estudo com fMRI demonstrou a ativação de áreas frontais (giro
frontal inferior e córtex pré-motor) em humanos durante a execução-
observação de ações realizadas com a mão, com a boca e com os pés. Além
disso, os autores demonstraram a ativação da área de Broca pela observação
de ações, confirmando resultados anteriores de Rizzolatti (BUCCINO et al.,
2004, GALLESE, 2005). Os resultados mostraram que a área de Broca não
está somente envolvida com o processamento da linguagem oral e do
significado de gestos linguísticos.
Em 1861, Pierre Paul Broca (1824-1880) correlacionou o fenômeno
clínico da afasia de expressão com o achado patológico de lesão da porção
posterior do giro frontal inferior. A observação de Broca sobre a afasia
popularizou o conceito de que funções corticais específicas poderiam ser
localizadas na superfície do cérebro. Esta ideia trouxe nova importância aos
giros cerebrais e Broca foi um dos pioneiros a fazer descrições precisas da
anatomia cortical (GOLDSTEIN,1953).
http://psicoativo.com/2016/01/area-de-broca-localizacao-funcao.html
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A área de Broca está localizada na porção esquerda do lobo frontal
e está envolvida na produção da fala. É a parte do cérebro humano
responsável pela expressão da linguagem, contendo os programas motores da
fala. A área de broca é conectada a outra região cerebral conhecida como área
de Wernicke, associada à compreensão e processamento da linguagem.
Vygotsky (1987) faz uma diferenciação entre processos psicológicos,
superiores rudimentares e processos psicológicos avançados. Nos primeiros,
ele colocaria a linguagem oral, como processo psicológico superior adquirido
na vida social mais extensa e por toda a espécie, e sendo produzido pela
internalização de atividades sociais, através da fala. A interação e a linguagem
têm um importante destaque no pensamento de Vygotsky, uma vez que irão
contribuir no desenvolvimento dos processos psicológicos, através da ação.
Vygotsky substituiu os instrumentos de trabalho por instrumentos psicológicos,
explicando desta forma, a evolução dos processos naturais até alcançar os
processos mentais superiores, por isso, a linguagem, instrumento de imenso
poder, assegura que significados linguisticamente criados sejam significados
sociais e compartilhados.
Vygotsky atribui importância à linguagem, pois além da função
comunicativa, ela é essencial no processo de transição do interpessoal em
intramental, na formação do pensamento e da consciência, na organização e
planejamento da ação, na regulação do comportamento e, em todas as demais
funções psíquicas superiores do sujeito, como vontade, memória e atenção.
As pessoas com autismo têm dificuldade de comunicar-se e interagir
com outras pessoas, no desenvolvimento tem o atraso da fala ou
aprendizagem. O TEA age no sistema nervoso (SN) podendo afetar os
neurônios espelhos que tem função de imitar gestos ou ações de outros, uma
intervenção nas estruturas de neurônios-espelho, poderia melhorar esse
aspecto da vida dos autistas (Geremias, Abreu & Romano, 2017).
1.3. Empatia
Um conceito central da nova perspectiva sobre a natureza humana é
o "cérebro social" que não é só capaz de se comunicar com o meio ambiente,
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mas de interagir diretamente com outros cérebros através de capacidades
neuronais de leitura mental, como a empatia. Muitos dos tópicos de interesse
da neurociência social se enquadram no domínio da psicologia social clássica,
por exemplo, o estudo de atitudes, preconceitos e estereótipos (MATUSALL,
2012). Além disso, o novo foco deste campo abrange emoção, empatia e
altruísmo (DECETY & ICKES, 2009; SINGER & LAMM, 2009).
A empatia é a capacidade da pessoa se colocar no lugar do outro,
sentir o que o outro sente, pensar o que o outro pensa, entender como ele está
se comportando frente a uma situação. Para poder, realmente, ser empático, é
preciso sair do canal do julgamento e entrar no canal de sintonia com a outra
pessoa, procurando compreendê-la (AZRAK, 2016). A empatia é um estado
afetivo, que deriva da partilha das emoções ou estados sensoriais de outra
pessoa. Além disso, a empatia é diferenciada da simpatia (também referida
como preocupação empática) ou compaixão.
Segundo Antônio Damásio (2004), estados de espírito como tristeza,
orgulho, empatia e amor são manifestações de um mecanismo biológico
responsável pelo equilíbrio geral do organismo, a homeostase.
O córtex pré-frontal é a estrutura cerebral responsável por promover
representações empáticas e de afinidade por meio de conexões neurais,
estando relacionada também com os raciocínios, emoções, intenções,
pensamentos e a consciência (RELVAS, 2016).
https://www.neuropsychotherapist.com/prefrontal-cortex/
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A imitação de expressões faciais por bebês humanos e primatas não
humanos (MYOWA-YAMAKOSHI et al., 2004) sugerem que estes são capazes,
desde muito cedo, de propriocepção, evidenciada pela representação mental
da expressão imitada. A hipótese mais aceita para explicar a imitação precoce
é um mecanismo de ressonância ou neurônios espelho.
De acordo com Marta Relvas (2016), os neurônios-espelho são
responsáveis por permitir aprendizados por imitação, como o que ocorre com
crianças ao verem seus pais. Ao se espelhar no outro, é possível compreender
qual é o ponto de vista ou a intenção de pessoas próximas, ou seja, se colocar
no lugar do outro. Essas células nervosas constituem o córtex cerebral, um
tecido neural que envolve a parte superior do encéfalo. Os neurônios espelho
realizam atividades metabólicas produzidas pelas sinapses elétricas, e são
capazes de se ativarem com disparos estimulantes, ou seja, através de
estímulos de fatores externos (do ambiente para o organismo).
A observação da expressão de nojo em uma outra pessoa que
cheira um líquido de odor desagradável ativa a parte anterior da ínsula,
estrutura que é também ativada quando a própria pessoa sente nojo (WICKER
et al., 2003). Assim, os neurônios-espelho estariam na base da capacidade de
empatia, principalmente no que diz respeito às emoções primárias como o
medo, a dor, nojo e alegria (RIZZOLATTI & SINIGAGLIA, 2008).
A descoberta dos neurônios-espelho proporcionou uma revolução no
interior das neurociências, pois possibilitou a compreensão de uma série de
comportamentos típicos dos seres humanos. Essa rede específica de
neurônios é ativada quando a pessoas realiza uma ação e quando ela observa
a mesma ação, sendo executada por outra favorecendo a base para o
comportamento de imitação e a empatia, variáveis que estão prejudicadas, ou
até mesmo suprimidas, nos sujeitos com TEA (LEAL-TOLEDO, 2010).
Pessoas portadores do TEA apresentam a dificuldade em se
comportar de forma empática, de imitar, de se colocar no ponto de vista dos
outros, de compreender seus próprios estados mentais, assim como, os alheios
causando um comportamento retraído e isolado, o que prejudica,
especialmente, os processos de aprendizagem tão importantes para um sujeito
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ativo na construção de seu mundo interno, assim como, do externo
(RAMACHANDRAM, 2014).
Marco Iacoboni (2014), pesquisador da Universidade da Califórnia
em Los Angeles, explica que os neurônios-espelho nos contam outra história.
Eles dizem que, literalmente, estamos na mente das outras pessoas. Os
neurônios-espelho enviam mensagens para o sistema límbico nos cérebros,
fazendo com que o indivíduo seja capaz de entrar em sintonia com os
sentimentos do outro, a empatia.
O sistema Límbico abrange o córtex cingulado, o hipocampo, o
hipotálamo, o tálamo, os corpos mamilares, a amígdala e o córtex associativo.
Este sistema contém centros de prazer do cérebro, os quais podem então ser
ativados por cheiros específicos, odores para alimentação ou sexo. Logo, ele
pode estabelecer um elo entro os comportamentos intencionais e
recompensas, fazendo com que uma pessoa ser esforce para conseguir um
parceiro sexual ou uma boa refeição. O centro de recompensas é fundamental
para aprendizagem e fornece motivação para realizar alguma coisa ou
sensação de satisfação por tê-la realizado (BENITEZ, 2011).
http://www.escoladepostura.com.br/main.asp?link=noticia&id=303
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CAPÍTULO II
TEORIA SOCIAL COGNITIVA DE ALBERT BANDURA
Os neurônios-espelho estariam, então, na base da linguagem, da
compreensão e da habilidade de adquirir cultura por meio da imitação e outras
formas de aprendizagem social. Os neurônios-espelho mostram que o
processo envolvido na imitação é provavelmente bem diferente dos processos
que intuitivamente acredita-se estar envolvidos (LEAL-TOLEDO, 2010).
O cérebro não precisa primeiro perceber, depois traduzir para o
corpo e por último coordenar a ação. Ele parece fazer isso de uma maneira
mais simples, mais econômica. Não são necessárias áreas distintas do cérebro
envolvidas em transformações complexas. O mesmo neurônio que percebe é
capaz de fazer aquilo que percebe e vice-versa. A separação entre neurônio
visual e neurônio motor não é necessária nesse caso. Para tal neurônio
perceber é fazer e vice-versa (LEAL-TOLEDO, 2010).
O que difere o ser humano dos animais é esse processo de
aprender e transformar o mundo. A teoria social cognitiva parte do pressuposto
de que o sujeito é agente do próprio desenvolvimento e interage com as
circunstâncias de sua vida de modo intencional para que as pessoas se
autorregulem e se auto-organizem. De acordo com Albert Bandura (1986) ser
agente significa influenciar o próprio funcionamento das circunstâncias de vida.
Pela visão da teoria social cognitiva, as pessoas são produto e produtoras do
ambiente em que vivem, podendo nele atuar de forma agêntica.
Para Bandura (1989), o estudo do comportamento humano está
vinculado ao contexto social, enfatizando os processos sociocognitivos do
indivíduo. O comportamento não precisa ser reforçado para ser aprendido ou
adquirido, pois o homem aprende e adquire experiências observando as
consequências dentro do seu contexto sociocultural, assim como as vivências
das pessoas aos quais convive.
Ao contrário de outras linhas teóricas, Bandura propôs que a
aprendizagem pode ocorrer devido à observação dos outros. As pessoas
aprendem coisas novas quando observam as ações dos outros.
22
2.1. A TSC e a antiga teoria da aprendizagem social
A teoria social cognitiva, inicialmente conhecida como teoria da
aprendizagem social, parte do pressuposto de que o sujeito é agente do próprio
desenvolvimento e interage com as circunstâncias de sua vida de modo
intencional para que as pessoas se autorregulem e se auto-organizem
(BANDURA,1977). De acordo com Bandura (2008), ser agente significa
influenciar o próprio funcionamento das circunstâncias de vida. Pela visão da
teoria social cognitiva, as pessoas são produto e produtoras do ambiente em
que vivem, podendo nele atuar de forma agêntica, ou seja, com a
intencionalidade de que sua ação produza efeito no ambiente, sendo também
por ele transformado (AZZI, 2011).
A TSC enquanto perspectiva teórica propõe a visão de agência para
o autodesenvolvimento, adaptação e mudança. Ser agente significa influenciar
o próprio funcionamento e as circunstâncias de vida de modo intencional. Para
Bandura (1986), não existe uma influência completa do meio sobre a pessoa,
pois está não é um ser passivo, pelo contrário, ela quem influencia todos os
processos em que se insere.
O estudo do comportamento humano está vinculado ao contexto
social enfatizando os processos cognitivos do indivíduo. O comportamento não
precisa ser reforçado para ser aprendido ou adquirido, o homem aprende e
adquire experiências observando as consequências dentro do seu ambiente,
assim como as vivências das pessoas aos quais convive (BANDURA, 1997).
Segundo Del Prette e Del Prette (2005), o homem, como um ser
social, depende de interações para seu pleno desenvolvimento e, desde os
primeiros dias de sua existência, procura formas de interagir com outros. Ainda
pequeno, procura seus pares para brincar, conversar, fazer amizade e, através
destas, aprende as noções básicas de socialização. A socialização está
relacionada com a assimilação de hábitos culturais, bem como ao aprendizado
social dos sujeitos. Isso porque é por meio dela que os indivíduos aprendem e
interiorizam as regras e valores de determinada sociedade.
Desde o nascimento, o indivíduo vivencia uma sequência de
experiências em seu ambiente, que podem favorecer comportamentos pró ou
23
antissociais. Diante dessa perspectiva, o Treinamento de Habilidades Sociais
(THS) tem demonstrado a importância de um repertório elaborado de
habilidades sociais nos mais diversos contextos de vida (DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 1999).
A promoção e o desenvolvimento do aluno no seu contexto social e
escolar têm grande vínculo com o repertório de habilidades sociais (OLIVEIRA
& RUEDA, 2015). Há uma relação existente entre aprendizagem e
desenvolvimento, no aspecto social e emocional. Entretanto, o ato de aprender,
bem como o fenômeno da aprendizagem em si, pode ter uma relação estreita
com a presença, ausência ou desenvolvimento de habilidades sociais
específicas. Desta forma, fica evidente a relação da TSC e os neurônios-
espelho.
Os neurônios-espelho de certo modo imitam imediatamente o que
outra pessoa faz. Imitação esta que é inibida por outra parte do cérebro, mas
que, quando a área inibitória falha, surge prontamente. É precisamente isso
que acontece em pacientes que sofrem de echopraxia. Um provável problema
na área inibidora dos neurônios-espelho, nesses pacientes, uma compulsão de
imitar os atos de outros de maneira imediata e reflexiva (RIZZOLATTI &
SINIGAGLIA, 2008).
A diferença entre realizar um movimento físico e pensar neste
movimento pode ser apenas que no segundo caso uma área inibitória do
cérebro está agindo. O cérebro pode precisar de mais esforço para não fazer
algo do que para fazê-lo, e antes desta área inibitória existir a própria noção de
“pensamento” pode não fazer tanto sentido. Pensar talvez seja apenas uma
consequência de inibir o movimento (LEAL-TOLEDO, 2010).
A TSC destaca que os fatores sociais, como influência social e
reforço desempenham um papel fundamental na aquisição, manutenção e
mudança de comportamento. Neste sentido, o comportamento individual é
resultado do reforço, das experiências individuais, aspirações, entre outros.
Alguns dos conceitos chave da TSC são modelagem, as expectativas de
resultados, autoeficácia, a definição de objetivos e autorregulação (AZEVEDO,
2016).
24
2.2. O modelo de reciprocidade triádica
A teoria social cognitiva explica o comportamento humano mediante
um modelo de reciprocidade triádica. Nesse modelo, a conduta, os fatores
pessoais internos (eventos cognitivos, afetivos e biológicos) e o ambiente
externo atuam entre si como determinantes interativos e recíprocos. Dessa
forma, o indivíduo cria, modifica e destrói o seu entorno. O indivíduo se torna
agente e receptor de situações que se produzem, e ao mesmo tempo essas
situações determinarão seus pensamentos, emoções e comportamento futuro
(BANDURA, 1989).
Bandura (1986) destaca a ação da aprendizagem observacional em
possibilitar que o meio e a ação social dos indivíduos interfiram no
desenvolvimento de seus mecanismos cognitivos complexos. Diferencia a
aquisição de aprendizagem do desempenho observável, que é baseado
naquele comportamento. Ou seja, na teoria social cognitiva, os fatores internos
e externos são importantes. Eventos ambientais, fatores pessoais e
comportamentos são vistos interagindo no processo de aprendizagem
(MÜLLER, 2002).
Os fatores pessoais (crenças, expectativas, atitudes e
conhecimento), o ambiente (recursos, consequências de ações e ambiente
físico), assim como o comportamento (atos e escolhas individuais e
declarações verbais) influenciam e são influenciados uns pelos outros
(BANDURA, 1986).
Bandura (1986) chama essa interação de determinismo recíproco,
porque existe uma relação direta entre estes fatores, um é reciprocamente
influenciador do outro. Compreendido este princípio, a partir das informações e
interpretações dos resultados de seu desempenho, o indivíduo altera seu
ambiente e suas autocrenças. Estas alterações no ambiente e nas autocrenças
individuais, podem gerar alterações subsequentes em seu desempenho. Desta
forma, ao ocorrer interação entre estes fatores surge a reciprocidade triádica,
que possui e permite a interdependência destes mesmos fatores, promovendo,
portanto, o determinismo recíproco.
25
No entanto, Bandura apontou que o estado mental interno
desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem. Ele
também apontou que a observação e aprendizagem de novos comportamentos
não garantem uma mudança comportamental completa.
As crianças enfrentam a tarefa de aprender a linguagem providas de
mecanismos perceptivos que funcionam de determinado modo, e com
capacidades finitas de atenção e de memória. Esses sistemas cognitivos irão,
no mínimo, influenciar quais partes da estimulação ambiental serão notadas, e
podem ser fundamentais para o processo de aprendizagem (JOHNSTON,
2010).
Da mesma forma, a experiência anterior da criança com o mundo
social e material fornece as bases iniciais para a interpretação do idioma que
ouve. Mais tarde, ela utilizará também pistas de linguagem. No entanto, o curso
da aquisição da linguagem não é movido apenas de dentro para fora. A
estrutura do idioma a ser aprendido e a frequência com que várias formas são
ouvidas também terão efeitos. As habilidades de linguagem refletem
conhecimentos e capacidades em praticamente todas as áreas, e não devem
ser vistas de forma isolada (JOHNSTON, 2010).
Bandura (1963) realizou um experimento com João-Bobo. Através
desta experiência, ele apontou que as crianças são influenciadas pelas ações
dos indivíduos na sociedade quando observam esses indivíduos. Ele
considerou estes indivíduos, tais como pais, professores, amigos, como
modelos. A criança não só observa, mas também imita essas ações. Se essas
ações são seguidas por reforços, as ações tendem a continuar, e se não, elas
podem desaparecer lentamente. Reforço não tem de ser externo todo o tempo;
ele pode até mesmo ser interno. Ambas as formas podem influenciar e mudar o
comportamento individual.
Com a visão de uma reciprocidade triádica o processo de
aprendizagem é visto como um processo e articulado, componentes pessoais
(cognitivas, motivacionais e emocionais), comportamentais e contextuais
interagem em diferentes fases do processo de aprendizagem autoregulada
(ZIMMERMAN & RISEMBERG, 1997).
26
Segundo Herculano-Houzel (2005), o SN tem propriedades
plásticas, ou seja, ele se modifica de acordo com o uso. Assim, os estímulos
recebidos do ambiente no qual o indivíduo está inserido, as atividades que
realiza irão estimular determinadas áreas do cérebro e gerar sinapses
correspondentes, logo provocando modificações nesse SN. O cérebro se
modifica de acordo com seu próprio funcionamento e experiências. Mais uma
vez a conduta, o ambiente e fatores internos estão interligados e conectados
(um influenciando o outro).
2.3. Autoeficácia acadêmica
A autoeficácia é tida como a percepção do indivíduo a respeito de
suas capacidades no exercício de determinada atividade. Bandura (1997) a
entende como “as crenças das pessoas a respeito de suas capacidades de
produzir determinados níveis de desempenho que exercem influência sobre
fatos que afetam suas vidas”. Essas crenças determinam como as pessoas se
sentem, pensam, se motivam e se comportam.
O campo educacional tem sido alvo de muitas investigações da
crença de autoeficácia, mais precisamente, no tocante às atividades inerentes
ao aprender (AZZI & POLYDORO, 2010). Neste campo, a autoeficácia
acadêmica tem sido definida como as crenças dos alunos sobre suas
capacidades de organizar e executar cursos de ações requeridos para produzir
certas realizações relacionadas aos aspectos intelectuais e de aprendizagem
(BANDURA, 1993).
Estudos mostram que estudantes com alta percepção de eficácia
acadêmica mostram-se mais engajados cognitivamente durante as aulas, o que
os ajuda a desenvolver as atividades educacionais. Também se mostram mais
persistentes diante dos desafios escolares, além de demonstrarem maior
disponibilidade para tarefas relativas aos estudos mesmo quando têm outras
atividades sociais para fazer (ZIMMERMAN, 1995).
O desempenho social da criança é influenciado por características
sociocognitivas, tais como autoeficácia e habilidades sociais empáticas. Esses
dados sugerem que alunos com mais autoeficácia e habilidades sociais
27
estabelecem relacionamentos interpessoais mais saudáveis no contexto
escolar. Essas variáveis além de contribuírem para o controle e funcionamento
psicológico individual, também funcionam como fatores de proteção para
comportamentos relacionados à bullying e à vitimização. Além disso, é sabido
que alunos com mais habilidades empáticas têm crenças de autoeficácia
funcionais (FALCÃ0, 2017).
Sendo a autoeficácia uma convicção sobre a própria capacidade
para realizar com sucesso os comportamentos requeridos para produzir
determinado resultado, as crenças de autoeficácia destacam-se como a
representante intrapessoal que mais influencia o comportamento humano visto
que esta pode influenciar os processos de motivação, as escolhas que os
indivíduos realizam, os cursos de ação que estes tomam e suas reações
emocionais, impactando de diversas maneiras as realizações do indivíduo
(BANDURA, 1986).
As crenças de autoeficâcia acadêmica desempenham um papel
importante na motivação humana, no bem-estar e nas realizações pessoais.
Estudantes mais autoeficazes aplicam-se mais no trabalho ainda que
encontrem obstáculos, têm mais otimismo e menor ansiedade e, em
consequência, apresentam melhores resultados acadêmicos (COIMBRA &
FONTAINE, 2010).
Assim, quando os aprendentes consideram que são capazes de
executar as atividades escolares sugeridas, usam mais estratégias cognitivas e
metacognitivas no seu desempenho escolar, definem metas mais desafiantes,
persistem mais na tarefa e alcançam níveis mais altos de realização.
(LOURENÇO & PAIVA, 2017).
A autoeficácia é considerada uma crença que o indivíduo tem sobre
sua capacidade de desempenho em atividades específicas, envolvendo, para
isso, o julgamento sobre suas competências (ZIMMERMAN, 2000).
Considerando-se o domínio específico de interesse, segundo Bandura, a
Autoeficácia acadêmica refere-se à crença do estudante em sua capacidade de
organizar e executar ações referentes às atividades e exigências acadêmicas,
estando relacionada às habilidades cognitivas imbricadas na construção de
28
novos conhecimentos, levando em conta, inclusive, as mudanças tecnológicas
da atualidade (JOLY & PRATES, 2011).
Alunos com bom nível de autoeficácia são mais motivados para
utilizar os processos de autorregulação. Assim, a crença de autoeficácia é um
fator que pode contribuir para a utilização de estratégias autorreguladas de
aprendizagem, como estabelecimento de metas e objetivos, seleção e adoção
de estratégias de aprendizagem. Sendo assim, os alunos autorregulados têm
maiores chances de se tornarem mais confiantes no seu sucesso acadêmico,
aumentando a crença de autoeficácia. Desse modo, pode-se considerar a
autorregulação como uma das fontes de autoeficácia, pois permitirá ao
estudante maiores experiências de sucesso (ZIMMERMAN, 2013; JOLY, et al.,
2016).
Para Bandura (1989), a autoeficácia robusta estabelece um elevado
nível de motivação que se traduz em maior esforço, em persistência perante as
dificuldades e obstáculos, em propósitos mais condizentes com o aprender e
com o interesse em cumprir as metas. Na escola, alunos confiantes em sua
capacidade de escrita antecipam notas altas nas tarefas que a envolve e
esperam, com a qualidade de seu trabalho, alcançar benefícios acadêmicos. Já
alunos com baixo senso de eficácia não acreditam poder se sair bem nas
atividades que realizam, além de não terem expectativas de ser reconhecidos
pelo seu desempenho. Dessa forma, fica claro que pensamentos de baixa
eficácia tendem a enfraquecer a motivação e a prejudicar seu desempenho.
29
CAPÍTULO III
Neurônios em espelho e Aprendizagem
Para a neurociência, aprender seria o processo de aquisição das
novas informações que podem ou não ser retidas na memória. Sendo um
conjunto de comportamentos que viabilizam os processos neurobiológicos e
neuropsicológicos da memória (LENT, 2010).
Por meio da aprendizagem, o indivíduo constrói e desenvolve os
comportamentos que são necessários para sobrevivência, pois não há
realizações que não resultem do aprendizado (RELVAS, 2011).
O aprendizado é consequência de alterações provocadas no SN do
indivíduo, especialmente dos neurônios, enquanto resposta às informações
recebidas do meio ambiente. As informações do meio atingem o SN através
dos sentidos que são captados sob forma de sinais elétricos e transmitidos
através dos neurônios por meio dos neurotransmissores, estabelecendo
conexões e reativando outras existentes (LENT, 2010).
A Neurociência Social está interessada em investigar os
fundamentos biológicos e evolutivos do comportamento social (FRITH &
FRITH, 2010). Os estudiosos argumentam que a biologia dos seres humanos é
muito mais social do que se pensava. À medida que a neurociência amadurece
fica claro que o ambiente social, o comportamento e o cérebro possuem
enorme influência mútua, e estão em contínuo processo de interdependência.
Esse movimento envolve o estudo interdisciplinar, em múltiplos níveis, de
mecanismos neurais, hormonais e celulares subjacentes a organizações, que
transcendem o indivíduo isolado (DECETY & CACIOPPO, 2012).
O conhecimento e a aplicação da neurociência pedagógica
perpassam por uma visão neurocientifica do processo de ensinar e aprender.
Contribui na identificação de uma analise biopsicológica e comportamental do
educando por meio dos estudos da anatomia e da fisiologia no SNC. Explica,
modela e descreve os mecanismos neuronais que sustentam os atos
perceptivos, cognitivos, motores, afetivos e emocionais da aprendizagem
(RELVAS, 2011).
30
3.1. O ser biológico/psicológico/social
O homem é um animal social e, por isso, esta abordagem perpassa
pelos argumentos: biológicos, psicológicos e sociais da construção do humano.
Ao longo do desenvolvimento humano, o cérebro foi moldado por milhares de
gerações de evolução até se transformar na mais sofisticada máquina de
processamento de informações existentes na Terra. Evidências científicas
demostraram que a existência de fatores genéticos vem previamente
programada individualmente para cada cérebro, porém o que garante o
desenvolvimento maturacional neurológico desse órgão é a sintonia com um
ambiente rico em oportunidades, vivências e experiências (RELVAS, 2017).
De acordo com Ramachandran (2006) “Somos criaturas
intensamente sociais”. A partir dos neurônios-espelho foi possível ver o ponto
de vista de outra pessoa. Mais do que os macacos, os seres humanos
inventaram maneiras de se conectarem, inventaram as danças, aperto de mão,
jogos, almoços com amigos, encontros e conversas.
Os seres humanos reconhecem os gestos de outras pessoas,
podem identificar as emoções de alguém só olhando para o seu rosto. Podem
nem sequer conhecer esse alguém, mas isso não impede que façam hipóteses
de como a pessoa se sente. E muitas vezes acertam. Desse modo, os
neurônios espelho também teriam relação com a interpretação que fazemos
das ações dos outros. Não só poderiam ajudar a interiorizar e repetir uma ação
que é vista, mas também por causa deles o humano é capaz de entender e dar
sentido, entender por que os outros atuam de certo modo e se precisam de
ajuda.
Quando esses neurônios especializados são ativados, outras zonas
do cérebro também o são, como o sistema límbico, responsável pelas
emoções. Desse modo, é possível que sejamos capazes de reconhecer gestos
faciais, ir até as recordações (memória) e aprendizagens prévias e unir toda
essa informação para interpretar a situação e dar a ela um significado.
O ser humano é muito influenciável. Tanto que o estado de ânimo
dos outros pode afetá-lo, fazendo com que o próprio humor mude. Quando
alguém ver o outro com quem trabalha triste e seu rosto transmite essa tristeza,
31
ele consegue identificar que algo está errado e o seu estado afetivo pode ser
alterado. É assim o meio pelo qual a empatia permite conhecer o que o outro
pensa, e também permite colocar-se no lugar do outro, em suas próprias
circunstâncias (PSICOLOGIA, 2017).
O ser humano é um ser biopsicossocial. Isso significa que existem
influências biológicas, psicológicas e sociais para a formação do indivíduo. E
isso ocorre desde seu primeiro contato com o mundo externo ainda na barriga
de sua mãe. O desenvolvimento integral se refere a diversos fatores que por
vezes não são avaliados. A importância de se observar todos os aspectos de
um aprendente se dá a partir da percepção do ser humano como um ser
biopsicossocial. Ou seja, o aluno é um ser completo (LOPES, 2017).
http://www.hospitalbomretiro.com.br/site/?page_id=77
32
3.2. O modelo de imitação
A aprendizagem por imitação não é uma das alternativas de
aprendizagem, mas uma necessidade universal. Segundo Bandura (1996), a
aprendizagem social ocorre pela observação dos comportamentos daqueles
com quem convivemos.
Wallon (1979) chama a atenção para duas formas distintas de
conceituar a imitação. A primeira diz que a imitação é um ato que reproduz um
modelo, mas isto implica admitir a representação anterior ao ato imitativo. Uma
segunda maneira de definir a imitação é pela semelhança entre dois atos, se os
seus protagonistas estiverem em situação de observação mútua.
Bandura (2008) fala da imitação através da aprendizagem por
modelagem, que tem como pressuposto um contexto de interações sociais
aonde se aprende comportamentos que permitem viver em sociedade e que
possibilite o desenvolvimento de capacidades especificas dos seres humanos,
como falar, ler e escrever.
A aprendizagem por observação ou aprendizagem social, ocorre
pela observação dos comportamentos daqueles com quem convivemos (pais,
irmãos, amigos, professores). Bandura (2008) designa por modelação ou
modelagem o processo de aprendizagem social feito com base na observação
e imitação sociais.
Além disso, Bandura (2008) defende que muitos dos
comportamentos que se aprende são adquiridos de uma forma bastante mais
rápida do que seria possível se fossem adquiridos por sucessivas
aproximações e reforços. Ao contrário da linha behaviorista, Bandura acredita
que o ser humano é capaz de aprender comportamentos sem qualquer tipo de
reforço. Para ele, o indivíduo é capaz de aprender através da observação do
comportamento dos outros e das suas consequências.
Os neurônios-espelho são disparados do mesmo modo quando
realizamos uma ação ou quando simplesmente observamos outras pessoas
realizando essa mesma ação. O fato de que o cérebro reage igualmente
nessas duas situações explica a aprendizagem por imitação, fingimento, e
33
também a empatia, já que se vive a ação do outro como se fosse própria, e
isso ajuda a compreendê-la.
Hennemann (2015) afirma que não se aprende somente com
aqueles que estão por perto, virtualmente também, um exemplo disso são os
desenhos que servem de babá para muitas crianças. Também há o enorme
repertório de filmes, novelas e comerciais que estão a modular muitos
neurônios-espelho.
http://meucerebro.com/celulas-que-imitam-descoberta-dos-neuronios-espelho/
Os neurônios-espelho incluem sensações, emoções e intenções
difusamente distribuídas pelo cérebro. Os resultados de pesquisas utilizando
fMRI sugerem indícios de neurônios-espelho em várias áreas corticais
frontoparietais, especialmente no córtex parietal inferior. Surpreende ainda o
fato de que o espelhamento neuronal vai além, podendo também ser detectado
em outras situações, como as que envolvem movimentos mais complexos e o
tato. Ou seja, quando você vê alguém correndo, o seu cérebro também o faz,
inconscientemente, uma proporção ainda desconhecida de neurônios-espelho
é ativada quando se corre e vê alguém correr. No córtex somatossensorial,
área responsável pelo tato, algumas partes também se ativaram quando o
pesquisador submetido ao exame era tocado e quando ele via alguém passar
pelo mesmo processo. O interessante é que a ativação desses neurônios não
se dá somente pela ação em si, mas também por algo que tenha com ela
alguma relação indireta, como o barulho da quebra da casca do amendoim, por
34
exemplo. Além disso, o espelhamento pode ocorrer a partir de certas atividades
faciais como morder, mastigar e lamber (CARTER, 2012).
O fenômeno do espelhamento emocional é algo ainda mais
surpreendente. Quando se observa alguém rindo, chorando, com raiva, enfim,
expressando emoções, há uma tendência em também se expressar de forma
semelhante. Inclusive as áreas do cérebro associadas a essas sensações são
ativadas; e, dessa forma, as emoções são compartilhadas. O choro do
telespectador ao ver o ator cair aos prantos é normal e, agora, estaria
cientificamente explicado. Há quem diga ainda que a transmissão cultural seria
questionável sem essas células. Sem os “neurônios imitadores”, a inteligência
interpessoal fica comprometida. Perde-se a capacidade de se colocar no lugar
do outro, mesmo que de forma inconsciente (CARTER, 2012).
3.3. A aprendizagem através dos neurônios-espelho
“Você vê, você aprende instantaneamente. Seus neurônios-espelho
começam a disparar para longe em seu cérebro, e você executou a mesma
sequência. Sequência complicada. Em vez de ir por milhões de anos de
evolução, você já fez isso em uma geração” (RIZZOLATTI, 2005).
É fundamental promover momentos reflexivos entre educadores e
educandos, a fim de provocar as mudanças de atitudes, que deverão permear
o processo de alteração de hábitos. Essas transformações também acontecem
no cérebro e na mente humana, pois são estruturas responsáveis pela
aquisição de novas aprendizagens (RELVAS, 2017).
É essencial que educadores conheçam as estruturas cerebrais como
interfaces da aprendizagem e do comportamento para a ininterrupção do
desenvolvimento e que seja sempre um campo a ser explorado. O estudo da
neurociência vem contribuindo para compreensão das dimensões cognitivas,
motoras, afetivas e sociais, no redimensionamento do sujeito aprendente e
suas formas de interferir nos ambientes pelos quais perpassar (RELVAS,
2011).
É imprescindível que os educadores conheçam o cérebro humano
para elaborar, definir e organizar melhor conceitos sobre aprendizagem,
35
identificando, por meio do SNC, seus processos e como produzem
modificações mais ou menos permanentes, que se traduzem por uma
modificação funcional ou comportamental, permitindo a melhor adaptação do
indivíduo ao seu meio como resposta a uma solicitação interna ou externa do
organismo (RELVAS, 2011).
Os neurônios-espelho possibilitam à espécie humana progressos na
comunicação, compreensão e no aprendizado. A plasticidade cerebral, ou seja,
o conhecimento de que o cérebro continua a desenvolver-se, a aprender e a
mudar, até a senilidade, também altera nossa visão de aprendizagem e
educação. Ela faz rever o fracasso e as dificuldades de aprendizagem, pois
existem inúmeras possibilidades de aprendizagem para o ser humano, do
nascimento até a morte (CHEDID, 2007).
Existem muitos estudos e pesquisas sendo realizadas com o
objetivo de compreender os processos neurológicos que envolvem a
aprendizagem. Na realidade, quanto melhor entendermos o cérebro, melhor o
poderemos educar (WOLFE, 2006).
É através dos neurônios-espelho que as crianças aprendem. A
aquisição inicial da fala se dá pela imitação, pela reprodução de sons e
palavras que as crianças escutam no contato com as pessoas com as quais
convivem, como pais, cuidadores, irmãos, etc. Essa é uma das razões pelas
quais é tão importante falarmos com as crianças, desde que são bebês. Por
esse mesmo recurso, outras aprendizagens ocorrem como as primeiras
interações com objetos, como os brinquedos, as primeiras tentativas de se
alimentar sozinho, as primeiras interações sociais com outras crianças, enfim,
seja do ponto de vista físico, emocional, social e cognitivo inúmeras conquistas
feitas pela criança se dão por meio da imitação (EDUCA, 2017).
As crianças observam todo o tempo e também são capazes de
reproduzir aquilo que efetivamente não se tem a intenção de ensinar. Quando
precensiam alguém gritando com outra pessoa, mesmo que isso não as
envolva, as crianças podem aprender que gritar com os outros é algo que elas
também podem fazer. Por isso, os modelos se tornam tão importantes,
principalmente nessa fase.
36
CONCLUSÃO
Viver em sociedade só aconteceu devido a base biológica do ser
humano capaz de permitir ativar sensações, sentimentos e emoções, como o
medo, a compaixão, a alegria, a preocupação, a repulsa, a felicidade. Sem tudo
isso a vida não teria qualquer significado, seríamos como coisas vazias, uma
civilização que não poderia ter desenvolvido nenhum tipo de linguagem.
Entender que o aprendizado também acontece através da imitação,
observação e empatia, favorece o educador no sentido de valorizar a sua
postura diante do aprendente. O professor não ensina apenas quando fala
algum conteúdo especifico, mas ensina também em atitudes, em como se
comportar com um idoso, por exemplo.
Há salas de aula onde indivíduos passam anos sentados com os
mesmos colegas, repetem os mesmos padrões de comportamento, deixam de
aprender e deixam de ensinar aos demais. O famoso espelho de classe é uma
ferramenta essencial, pois oportuniza que alunos aprendam a observar
diferentes colegas e ampliarem sua capacidade de aprendizagem.
A diferença que temos dos macacos, que também têm neurônios-
espelho que são ativados quando vem outro macaco realizar uma ação, é que
nós somos capazes de interpretar se alguém está simulando algo, de conhecer
a intencionalidade do outro ou de fazer hipóteses sobre isso. Talvez esta seja
uma das características que nos diferenciam: temos a habilidade de colocar
nomes nas ações dos outros, além de formular hipóteses, muitas vezes certas
e outras mal-intencionadas, sobre as intenções alheias.
Diante do que foi exposto, é valido ressaltar a importância dos
neurônios-espelho para o aprendizado, principalmente no que tange aos
primeiros anos de vida do indivíduo, contudo, novos estudos experimentais e
clínicos são necessários para esclarecerem os mecanismos deste sistema e
potencializarem os seus benefícios no cotidiano e dentro da sala de aula.
37
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04 EPÍGRAFE 05
RESUMO 06 METODOLOGIA 07 SUMÁRIO 08
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
Giacomo Rizzolati e os Neurônios-espelho 11
1.1. A descoberta dos Neurônios-espelho 12
1.2. Neurônios-espelho e a linguagem 14
1.3. Empatia 17
CAPÍTULO II
Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura 21
2.1. A TSC e a antiga teoria da aprendizagem social 22
2.2. O modelo de reciprocidade triádica 24
2.3. Autoeficácia acadêmica 26
CAPÍTULO III
Neurônios em espelho e Aprendizagem 29
3.1. O ser biológico/psicológico/social 30
3.2. O modelo de imitação 32
3.3. A aprendizagem através dos neurônios-espelho 34
CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 37