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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO IAVM A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COM CRIANÇAS DE 03 À 06 ANOS Por: Vivian Cordeiro do Espírito Santo Orientador Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO

IAVM

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COM

CRIANÇAS DE 03 À 06 ANOS

Por: Vivian Cordeiro do Espírito Santo

Orientador

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO

IAVM

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COM

CRIANÇAS DE 03 À 06 ANOS

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção de especialista em psicomotricidade.

Por: Vivian Cordeiro do Espírito Santo

Rio de Janeiro

2016

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, que tem cuidado de mim com tanto amor. Permitindo a realização de mais uma etapa da minha vida. Aos meus pais, à minha avó, meu irmão, à minha querida orientadora - Fátima Alves - meus familiares e amigos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe, que muito me apoiou, para jamais desistir. Dedico a minha orientadora Fátima Alves, que contribuiu bastante para que eu concluísse este trabalho, me ensinou bastante sobre muitas coisas e acima de tudo acreditou em mim. Dedico aos meus amigos irmãos do curso da AVM, pessoas fantásticas que passaram em minha vida e ficarão para sempre na lembrança. Dedico também à todos os professores (as), por terem cooperado para o meu aprendizado.

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RESUMO

A psicomotricidade é uma ciência de extrema importância para o

desenvolvimento do ser humano, e deve ser compreendida como tal e, a partir

de atividades psicomotoras nas aulas de educação física. O professor deve

proporcionar a seus alunos uma variedade de movimentos e expressões que

colaborem para o seu desenvolvimento global. Mostra-se a grande importância

da psicomotricidade na educação física escolar com o ato de aprender, com os

processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando garantir a formação

integral do aluno. A psicomotricidade defende uma ação educativa que deve

ocorrer a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes

corporais. Este estudo tem como objetivo analisar a importância da

psicomotricidade na educação física escolar e que a falta desta pode afetar o

desenvolvimento motor nas crianças que estão iniciando a vida escolar, ou

seja, na educação infantil. O desenvolvimento motor é a contínua alteração no

comportamento motor ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação

entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do

ambiente. O presente estudo relata aspectos relevantes relacionado ao tema

da pesquisa, como desenvolvimento motor e a relação entre a psicomotricidade

com a educação física.

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METODOLOGIA

Esta pesquisa será de caráter direto com a intenção de investigar a

contribuição da psicomotricidade na prática da educação física escolar com

crianças de 03 à 06 anos, utilizando uma pesquisa bibliográfica. Os fins da

pesquisa foram investigados e descritos, com o propósito de demonstrar a

importância da psicomotricidade nas aulas de educação física escolar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................08

CAPÍTULO I

O desenvolvimento e o desempenho motor da criança de 03 à 06 anos nas

aulas de educação física...................................................................................10

CAPÍTULO II

MOVIMENTO HUMANO: possibilidades e ferramentas no auxílio da formação

do aluno ............................................................................................................20

CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE: sua importância e contribuição das capacidades

cognitiva, afetiva e motora nas aulas de educação física..................................28

CONCLUSÃO....................................................................................................37

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................39

ÍNDICE...............................................................................................................41

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INTRODUÇÃO

Segundo Darido e Rangel (2011), A psicomotricidade é o primeiro

movimento mais articulado que surge a partir da década de 1970, em

contraposição aos modelos anteriores. Nele, o envolvimento da Educação

física é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os

processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando garantir a formação

integral do aluno. Na verdade, essa concepção inaugura uma nova fase de

preocupações para o professor de Educação Física, que extrapola os limites

biológicos e de rendimento corporal, passando a incluir e valorizar o

conhecimento de origem psicológica.

Dentro do capítulo I, o desenvolvimento do indivíduo num meio ambiente

humano portanto, cultural e social deve ser o objetivo principal,

independentemente de qualquer divisão que se tente fazer de seu conteúdo em

áreas de conhecimento. É preciso valorizar a tarefa coletiva; para isso, em se

tratando de Educação Física, possuímos diversos recursos, dentre eles o

privilégio de poder contar com os jogos, visto como simulações da vida social.

O objetivo da Educação Física deve ser levar a criança a aprender a ser

cidadã de um novo mundo, em que o coletivo não seja sobrepujado pelo

individual; em que a ganância não supere a solidariedade; em que a compaixão

não seja esmagada pela crueldade; em que a corrupção não seja referência de

vida; em que a liberdade seja um bem superior; em que a consciência crítica

seja patrimônio de toda pessoa, em que a inteligência não seja reduzida a

saber calcular e falar línguas estrangeiras. As técnicas ensinadas nas

disciplinas de educação física, de português, de matemática ou de química

podem ser muito importantes, mas não passam de acessórios de uma

formação maior, para a autonomia. A formação do cidadão de um novo mundo

só pode ser conseguida com a educação para a atitude autônoma, afinal,

quando estivermos maduros, seremos o somatório das atitudes tomadas ao

longo de nossas vidas (FREIRE E SCAGLIA, 2009).

Veremos no capítulo 2 que, quando pensamos no movimento humano, o

que logo vem a cabeça é a educação, mas o que hoje está em foco em razão

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de uma sociedade sedentária a educação física se tornou um fator importante

para esse desenvolvimento. Sabemos a importância de se fazer alguma

atividade física e evitar o sedentarismo, e isso deve ser trabalhado na

educação infantil, pois é na infância que condiciona o indivíduo a desenvolver

um esporte.

No capítulo 3, a psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo

com toda a sua história de vida e essa história se retrata no seu corpo, é o

corpo em movimento considerando o como um todo. Trabalha também o afeto

e dasafeto do corpo, desenvolve o aspecto comunicativo tornando possível

dominá-lo, economizar suas energia e pensar seus gestos a fim de trabalhar a

estética, de aperfeiçoar seu equilíbrio.

No âmbito da matriz teórica da psicomotricidade, o psiquismo é

entendido, concebido e compreendido como sendo composto pelo

funcionamento mental total, isto é, pelas sensações, percepções, emoções,

fantasmas, representações, projeções e condutas relacionais e sociais. Cabem

nesta concepção dinâmica, corporalizada e atuante no psiquismo, todos os

processos cognitivos que integram, processam, planificam, regulam e

executam a motricidade (FÁTIMA ALVES, 2016).

A educação física escolar veio para contribuir em sala de aula na busca

do aprimoramento motor e integrar o educando na cultura corporal. Ela é

considerada como um meio educativo privilegiado, pois abrange o ser na sua

totalidade, objetivando o equilíbrio, a saúde do corpo a aptidão física para a

ação e o desenvolvimento dos valores morais.

A educação física deve ser compreendida como uma disciplina que

introduz e integra o aluno na cultura corporal do movimento, alinhando-se aos

objetivos educacionais, facilitando e promovendo a educação do corpo e

movimento para a diversidade.

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CAPÍTULO I

O DESENVOLVIMENTO E O DESEMPENHO MOTOR DA

CRIANÇA DE 03 A 06 ANOS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

O desenvolvimento motor é um processo continuado e demorado, mas

as mudanças mais acentuadas ocorrem nos primeiros anos de vida. As

experiências que as crianças têm do nascimento aos seis anos determinarão,

em grande extensão, que tipo de adulto a pessoa se tornará.

O desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia na concepção

e cessa com a morte. O desenvolvimento inclui todos os aspectos do

comportamento humano e, como resultado, somente artificialmente pode ser

separado em “áreas”, “fases” ou “faixas etárias”. A aceitação crescente do

conceito de desenvolvimento “permanente” é muito importante e deve ser

mantida na mente. Da mesma forma que o estudo do atleta treinado na

adolescência e na idade adulta é importante, assim é o estudo do movimento

no período neonatal na primeira infância, na infância e na vida posterior. Muito

pode ser ganho com o aprendizado do desenvolvimento motor em todas as

idades e com a análise desse desenvolvimento como um processo que dura

toda a vida. As primeiras tentativas sérias de estudo do desenvolvimento motor

foram feitas a partir de perspectiva maturacional, conduzida por Arnold Gesell

(1928) e Myrtle Mcgraw (1935). Os aspectos dessa perspectiva argumentavam

que o desenvolvimento é função de processos biológicos inatos que resultam,

em sequência universal, na aquisição de habilidade motora infantil (GALLAHUE

E OZMUN, 2005).

Na primeira infância, mais que em qualquer período subsequente, o

brinquedo ou o jogo serão fundamentais para a vida das pessoas. Na escola,

nessa fase, na linha do que afirmou Jean Chateau há tanto tempo, deve

predominar o jogo educativo, isto é, o jogo como recurso pedagógico, vinculado

a um projeto pedagógico. Porém, o jogo dentro da escola, orientado pela

professora, não deve ser o mesmo de fora da escola, entre parceiros da

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mesma idade sem orientação de adultos. O jogo realizado como conteúdo da

escola deve ser aquele que se inclui num projeto, que tem objetivos

educacionais, como qualquer outra atividade. Pode estar pensando em

habilidades motoras, como as corridas, os saltos, os giros, ou em habilidades

perceptivas, como as ações de tempo e espaço, a manipulação fina de objetos.

Em outros momentos pode colocar ênfase na formação de noções lógicas,

como seriação, conservação e classificação (FREIRE, 2009).

1.1 Classificações etárias do desenvolvimento

Níveis de desenvolvimento podem ser classificados de muitas maneiras. O

método mais popular, mas frequentemente o menos acurado, é a classificação

pela idade cronológica ou a idade do indivíduo em meses e/ou anos é de uso

universal e constante (GALLAHUE E OZMUN, 2005).

O presente trabalho relata o desenvolvimento motor em crianças a partir

dos três anos, mas a seguir, será relatado desde o seu nascimento até os seis

anos de idade.

Segundo Bueno (1998, p.34) o desenvolvimento humano se dá, da

seguinte forma:

O primeiro ano de vida:

Após o nascimento, o bebê apresenta reações automática-reflexas

(movimentos involuntários).

1º mês:

Reação de atenção inata começa a olhar, deixa de chorar quando

alguém se aproxima;

Comunica suas necessidades através do choro.

2º mês:

Segue com os olhos os estímulos;

Emite sons vocais;

Brinca com as mãos;

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Figuras combinadas podem desencadear um sorriso.

3º mês:

Sacode o chocalho involuntariamente;

Sorri em resposta a outro sorriso;

Sai do estágio reflexo e entrando no mundo humano pela comunicação

do sorriso.

4º mês:

Aproxima-se dos objetos apalpando-os;

Ri alto, esconde-se;

Rola;

Começa a orientar-se no espaço.

5º mês:

Pega objetos ao seu alcance;

Senta-se com apoio;

Leva os pés à boca;

O desenvolvimento da preensão muda a visão do mundo.

6º mês:

Utiliza seu corpo e objetos no espaço;

Balbucia;

Alimentação sólida e com colher.

7º a 8º meses:

Procura objetos caídos, joga-os;

Simboliza presença e ausência (cadê? Achou!);

Engatinha;

Simboliza a aceitação e a rejeição, sorrindo ou chorando conforme quem

vê;

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Preensão ativa do polegar;

Crise de angústia distônica, ou seja, chora quando a mãe não está

perto;

Estabelece relação percebida e reconhecida do objeto;

Reconhece-se alegremente no espelho;

Transfere objetos de uma mão para outra;

Repete os atos que lhe interessam, ou seja, bete palmas, dá pontapés

em brinquedos suspensos no berço para vê-los alcançar;

Começa a demonstrar compreensão das palavras e emite sons,

parecendo gostar de ouvir sua própria voz;

Vocaliza sílabas.

9º mês:

Mantém-se de pé com apoio;

Pega objetos escondidos à sua frente;

Primeiras palavras de duas sílabas servindo para nomear tudo,

instituindo-se assim a memória;

Movimento de pinça.

10º mês:

Coloca-se em pé sozinho;

Bebe com copo;

Repete sons ouvidos;

Interrompe a ação ao ouvir ordens;

Aprende a falar as primeiras palavras, juntando sílabas;

Institui-se as noções de defesa a proibição.

11º a 12º meses:

Desenvolvimento da marcha com domínio do espaço físico e simbólico;

Linguagem: diz três ou quatro palavras, aumentando assim a

perspectiva de pensamento;

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Entende frases curtas.

A infância:

15º a 18º meses:

Anda sozinho;

Apresenta linguagem de ação com organizações rítmicas;

Maturação neurológica para controle esfincteriano (início da percepção);

Já faz rabiscos.

Dois anos:

Noção de totalidade corporal (mas não relaciona as partes);

Reconhece diferença sexual;

Usa colher e lápis;

Salta com os dois pés juntos;

O real está confuso com a fantasia – o que pensa e imagina é sempre

mais verdadeiro e realizável para a criança;

Controle total dos esfíncteres;

O vocabulário aumenta.

Três anos:

Utiliza o pronome “eu” – tomada de consciência de si;

Reconhece e explicações;

É capaz de classificar, identificar e comparar;

Vocabulário em torno de 200 palavras;

Demonstra cooperação;

Usa talheres e quer vestir-se e calçar-se sozinho;

Saltar em um pé só, dois ou três passos;

Andar de velocípede;

Sobe e desce escadas alternando os passos;

A coordenação motora fina se aperfeiçoa;

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Idade dos “porquês”;

Começa a se meter na conversa dos adultos;

Começa a usar a tesoura. O processo de desenvolvimento motor se revela principalmente através de

mudanças no comportamento motor. As crianças de zero à seis anos estão

primeiramente envolvidas em aprender a como se mover eficientemente.

Portanto, a melhor maneira de observar o processo de desenvolvimento motor

é através do desenvolvimento progressivo das habilidades de movimentos

como foi citado acima.

1.2 Desempenho motor nas aulas de educação física

Toda criança na primeira infância ela se arrasta, engatinha, corre, pula,

joga, fantasia, faz e fala coisas que nós adultos, nem sempre entendemos. De

qualquer maneira, sua marca característica é a intensidade da atividade motora

e a fantasia.

O conhecimento do mundo da criança na primeira infância depende das

relações que ela vai estabelecendo com os outros e com as coisas. O que

conhece de si e das coisas é insuficiente para estabelecer relações de grupo e,

por isso, centra seu brinquedo e sua própria atividade, em seus interesses.

Porém, é a partir de aproximadamente aos cinco anos, que este aspecto vai

sendo modificado pouco a pouco.

Algumas instituições não dão muita ênfase na importância do brinquedo e

da atividade física para a criança, se preocupando apenas com os aspectos

relativos à alfabetização, esquecendo dos demais aspectos do

desenvolvimento, como o social e o motor. A aprendizagem deve ser

significativa e o significado nessa primeira fase da vida, depende, mais que em

qualquer outra, da ação corporal.

Brincadeiras e atividades que desenvolvam habilidades nas crianças são

elementos relevantes e tem como objetivo transmitir a elas confiança em si

mesmas, compreensão para seu meio ambiente e disposição à comunicação.

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Isso só é possível quando a criança conhece sua própria capacidade de

expressão, sendo capaz de aplica-la. Uma possibilidade de expressão

importante nesta idade é o movimento, que transmite à criança a sensação de

espaço, tempo e material; além disso, o movimento é estimulante, encoraja e

aumenta o espaço de ação da criança. Assim, ela aprende a fazer uso, não só

de objetos, mas também de si mesma.

Boa parte das descrições sobre o desenvolvimento infantil referem-se a

movimentos básicos adquiridos que constatamos em quase todas as crianças.

O professor de Educação Física procura fazer com que a criança apresente em

cada período da vida e da melhor maneira possível, uma boa qualidade de

movimentos, de acordo com certos modelos teóricos apresentados, ou seja,

que aos três anos, por exemplo, corram ou andem com certa habilidade, que

saltem de uma certa forma aos seis anos, etc.

Em relação ao seu papel pedagógico, a Educação Física deve atuar como

qualquer outra disciplina da escola e não desintegrada dela. As habilidades

motoras precisam ser desenvolvidas, sem dúvida, mas deve estar claro quais

serão as consequências disso do ponto de vista cognitivo, social e afetivo

(FREIRE, 2009).

Diante das características da criança na primeira infância, não há por que

não valorizar a Educação Física. Se o contexto for significativo para a criança,

o jogo, como qualquer outro recurso pedagógico, tem consequências

importantes no seu desenvolvimento.

1.3 Entendimentos da Educação física A Educação Física pode ser compreendida de três maneiras diferentes:

como um componente do currículo das escolas, como uma profissão

caracterizada por uma prática pedagógica no interior das escolas ou fora delas,

e como uma área em que são realizados estudos científicos. No primeiro caso,

todos que passam pela Educação Básica tem aulas de Educação Física dentro

do currículo das escolas. Essas aulas são ministradas por professores que

possuem uma licença para exercer a docência específica da Educação Física,

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obtida em um curso de graduação, que serve para sua formação profissional

inicial. Essa graduação acadêmica no Ensino Superior deve ser fundamentada

em pressupostos das Ciências, que possibilitam a elaboração de

conhecimentos sobre a Educação Física. Há, portanto, relações entre os três

entendimentos de Educação Física e, para compreendê-las, vamos analisar

primeiramente o papel das Ciências em nossa área.

Verificamos historicamente que a Educação Física, entendida como

disciplina acadêmica, estudaria não apenas o corpo, mas o movimento

humano, sendo denominada Cinesiologia, termo que significa “estudo do

movimento”. Esse tipo de estudo, por sua vez, poderia abranger vários níveis,

desde elementos microscópicos (biológicos) a macroscópicos

(comportamentais), e até mesmo sociais e culturais (contextuais). A relação

entre cultura e movimento é essencial para a vida, sendo considerada até

como pertencente à própria definição de “vida”, segundo alguns cientistas. A

ontogênese (aspectos predominantemente culturais) e a filogênese (aspectos

predominantemente biológicos) da Motricidade, além de integradas, também

parecem essenciais para a compreensão do movimento e para sua

contextualização pelos professores de Educação Física (TANI et al., 1996).

As formas mais básicas de movimentação podem ser combinadas de

diferentes maneiras para se atender as demandas ambientais, que também

são sociais e culturais. Elas podem originar outras formas de movimentação

características de um período histórico, compartilhadas em uma mesma região

por segmentos sociais específicos, em todo um país ou por várias nações e

sociedades. O conjunto desses fenômenos ou manifestações expressivas

corporais tem sido denominado Cultura Corporal de Movimento, que consistiria

também em uma área de estudos vinculada à Educação Física escolar

(SOARES et al., 1996). O esporte é um dos fenômenos culturais característicos

dessa área, que vem sendo estudado cientificamente desde meados do século

XX, de forma cada vez mais sistemática, como nas Ciências do Esporte

(BRACHT, 1995). O esporte demanda determinado tipo de aptidão de quem o

pratica, nem sempre adequado à Aptidão Física relacionada com a Saúde.

Esta e outras controvérsias problematizam as possibilidades de integração da

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Educação Física no meio acadêmico, a partir de diferentes entendimentos –

Cinesiologia, Motricidade Humana, Cultura Corporal de Movimento, Ciência do

Esporte e Aptidão Física relacionada com a Saúde (DARIDO E RANGEL,

2011).

1.4 Conteúdos da Educação física na Escola

Para iniciar a discussão sobre conteúdos na educação Física escolar é

preciso esclarecer o seu conceito, uma vez que este termo é tão utilizado

quanto mal compreendido. Definem conteúdo como uma seleção de formas ou

saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, linguagens,

valores, crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta etc.

cuja assimilação é considerada essencial para que se produzam

desenvolvimento e socialização adequados no aluno.

É importante ressaltar que nem todos os saberes e formas culturais são

suscetíveis de constarem como conteúdos curriculares, o que exige uma

seleção rigorosa da escola (LIBÂNEO, 1994; COLL et al., 2000). Assim ,

conteúdos formam a base objetiva da instrução-conhecimento sistematizada e

são viabilizados pelos métodos de transmissão e assimilação.

Desta forma, quando nos referimos a conteúdos, estamos englobando

conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis, científicas, regras,

habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e

aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social,

valores, convicções e atitudes.

O fato é que o termo conteúdos foi, e ainda é, utilizado para expressar o

que se deve aprender, numa relação quase exclusiva aos conhecimentos das

disciplinas referentes a nomes, conceitos e princípios. É comum observarmos

os alunos afirmando que tal disciplina tem “muito conteúdo”, sinalizando o

excesso de informações conceituais.

A seguir são apresentados alguns exemplos de conteúdos da Educação

Física nas três dimensões.

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1.4.1 Dimensão conceitual

Conhecer as transformações por que passou a sociedade em relação

aos hábitos de vida (diminuição do trabalho corporal em função das

novas tecnologias) e relacioná-las com as necessidades atuais de

atividade física.

Conhecer as mudanças pelas quais passaram os esportes. Por

exemplo, que o futebol era jogado apenas pela elite no seu início no

País, que o Voleibol mudou as suas regras em função da televisão etc.

Conhecer os modos corretos da execução de vários exercícios e

práticas corporais cotidianas, tais como, levantar um objeto do chão,

como se sentar à frente do computador, como realizar um exercício

abdominal adequadamente etc.

1.4.2 Dimensão procedimental

Vivenciar e adquirir alguns fundamentos básicos dos esportes, danças,

ginásticas, lutas, capoeiras. Por exemplo, praticar a ginga e a roda da

capoeira.

Vivenciar diferentes ritmos e movimentos relacionados às danças, como

as danças de salão, regionais e outras.

Vivenciar situações de brincadeiras e jogos.

1.4.3 Dimensão atitudinal

Valorizar o patrimônio de jogos e brincadeiras do seu contexto.

Respeitar os adversários, os colegas e resolver os problemas com

atitudes de diálogo e não violência.

Predispor a participar de atividades em grupos, cooperando e

interagindo.

Reconhecer e valorizar atitudes não preconceituosas quanto aos níveis

de habilidade, sexo, religião e outras.

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É importante frisar que, na prática docente, não há como dividir os

conteúdos na dimensão conceitual, atitudinal e procedimental, embora possa

haver ênfases em determinadas dimensões. Por exemplo, o professor solicita

aos alunos para realizarem o aquecimento no início de uma aula; enquanto

eles executam os movimentos de alongamento e flexibilidade, o professor pode

conversar com eles sobre qual a importância de realizar tais movimentos, o

objetivo do aquecimento, quais grupos musculares estão sendo exigidos etc.

Assim, tanto a dimensão procedimental como a conceitual estão envolvidas

nessa atividade (DARIDO E RANGEL, 2011).

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CAPÍTULO II

MOVIMENTO HUMANO: POSSIBILIDADES E

FERRAMENTAS NO AUXÍLIO DA FORMAÇÃO DO

ALUNO

O movimento é inseparável ao ser humano. Qualquer um, em qualquer

lugar do planeta movimenta-se.

A educação física escolar nos dias atuais levou-nos a perceber as diversas

possibilidades de garantir a formação integral dos alunos por meio do

movimento humano.

A educação física é tão antiga quanto à humanidade, pois os primeiros

seres humanos eram obrigados a correr, saltar e lançar, entre outros

movimentos para manter a sua própria sobrevivência. Além disso, com o

surgimento do homem também surgiu a cultura desses grupos sociais, jogos,

danças para homenagear deuses, entre outras práticas corporais.

O movimento vem como resposta muscular à estimulação sensorial,

levando em consideração a informação motora, como reação involuntária,

como atos intencionais e reações globais do organismo aos estímulos do meio

( ALVES, FÁTIMA, 2016).

As ferramentas que utilizamos para auxiliar na formação da criança são

basicamente atividades lúdicas, para estimular a participação muitas vezes

desafiadoras, mas agradáveis.

Não podemos desprezar a natureza da criança que é gostar de brincar, e

essa brincadeira pode se tornar transmissão de conhecimentos do professor e

o aluno receptor das experiências lúdicas que são capazes de deslocar o eixo

da aprendizagem. O interesse e a aceitação por uma diretriz mais prazerosa

acabam sendo muito gratificantes. O professor ensina, e a criança aprende da

melhor forma possível (ALVES, FÁTIMA, 2016).

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2.1 As fases do desenvolvimento motor

O processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por

alterações no comportamento motor. Todos nós bebês, crianças, adolescentes

e adultos estamos envolvidos no processo permanente de aprender a mover-se

com controle e competência, em reação aos desafios que enfrentamos

diariamente em um mundo em constante mudança. Podemos observar

diferenças de desenvolvimento no comportamento motor provocadas por

motores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da tarefa

em si (físicos/mecânicos). Assim, um meio primário pelo qual o processo de

desenvolvimento motor pode ser observado é o estudo das alterações no

comportamento motor no decorrer do ciclo da vida (GALLAHUE E OZMUN,

2005).

O movimento observável pode ser agrupado em três categorias:

movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos. O movimento

estabilizador refere-se a qualquer movimento que tenha como objetivo obter e

manter o equilíbrio em relação a força da gravidade. O movimento locomotor

refere-se a movimentos que envolvem mudanças na localização do corpo

relativamente a um ponto fixo na superfície. E o movimento manipulativo

refere-se tanto à manipulação motora rudimentar quanto à manipulação motora

refinada. A manipulação motora rudimentar envolve aplicar força sobre objetos

ou receber força deles. As tarefas de arremessar, apanhar, chutar e derrubar

um objeto, bem como prender e rebater, são movimentos manipulativos

motores rudimentares. A manipulação motora refinada envolve o uso complexo

dos músculos da mão e do punho (GALLAHUE E OZMUN,2005).

2.2 Fase motora reflexa

Os primeiros movimentos que o feto faz são reflexos. Os reflexos são

movimentos involuntários, controlados subcorticalmente, que formam a base

para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade reflexa, o bebê

obtém informações sobre o ambiente imediato. As reações do bebê ao toque, à

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luz, a sons e a alterações na pressão provocam atividade motora involuntária.

Esses movimentos e a crescente sofisticação cortical nos primeiros meses de

vida pós-natal desempenham importante papel para auxiliar a criança a

aprender mais sobre seu corpo e o mundo exterior.

2.3 Fase de movimentos rudimentares

As primeiras formas de movimentos voluntários são os movimentos

rudimentares, observados no bebê desde o nascimento até, aproximadamente,

a idade de 2 anos. Os movimentos rudimentares são determinados pela

maturação e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento altamente

previsível. Esta sequência é resistente a alterações em condições normais. O

ritmo em que essas habilidades aparecem, porém, varia de criança a criança e

depende de fatores biológicos, ambientais e da tarefa.

2.4 Fase de movimentos fundamentais

As habilidades motoras fundamentais da primeira infância são

consequência da fase de movimentos rudimentares do período neonatal. Esta

fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças

pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das

capacidades motoras de seus corpos.

2.5 Fase de movimentos especializados

As habilidades motoras especializadas são resultado da fase de

movimentos fundamentais. Na fase especializada, o movimento torna-se uma

ferramenta que se aplica a muitas atividades motoras complexas presentes na

vida diária, na recreação e nos objetos esportivos. Este é um período em que

as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são

progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em

situações crescentemente exigentes (GALLAHUE E OZMUN, 2005).

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Foram relatados várias fases do desenvolvimento motor do ser humano

afim de contribuir para o enriquecimento nas aulas de educação física.

Segundo FREIRE e SCAGLIA, os conteúdos básicos da educação física

são as atividades lúdicas e o exercício corporal. Em nossa opinião, incorremos

em erro quando definimos os conteúdos lúdicos de nossa área, pois

costumamos considerar que os conteúdos básicos dessa disciplina são o jogo,

o esporte, a luta, a dança e a ginástica.

O equívoco está em nivelar categorias tão diferentes: o esporte, a dança, a

luta e a ginástica são manifestações, em diferentes contextos, do jogo, a

categoria maior. O esporte, por exemplo, é o jogo em seu contexto mais social,

porque universal e rigorosamente regado para permitir a convivência de muitos

povos. A manifestação do jogo na infância que acaba por nos acompanhar pelo

resto da vida, não tem sido mencionada: trata-se da brincadeira. Ao nosso ver,

dentre as possíveis manifestações do jogo, identificam-se, na educação física,

a brincadeira, o esporte, a luta, a dança e a ginástica; porém, há manifestações

em outros contextos, que, apesar de menos familiares à disciplina, não devem

ser descartadas. Sugerimos, assim, que sejam considerados conteúdos da

educação física quaisquer manifestações de jogo que tenham sido

incorporadas a essa área de conhecimento ou possa vir a sê-lo.

A educação física é um vasto campo de ensino e aprendizagem que

proposto pelo PCN e demais diretrizes que regem a educação, tem em seu

conteúdo objetivos que propõem a formação social do aluno, ensinando-lhes

através das diversas áreas da educação física a prática do respeito, dignidade

e solidariedade, principalmente, dentre outros desígnios importantes para o

desenvolvimento do caráter do alunado e sua vida em sociedade.

Os conhecimentos adquiridos nas aulas tem por finalidade ser

transpassados pelos alunos aos os cercam influenciando-os positivamente e

ensinando-os novas formas de socialização.

É durante a infância, que a criança tem os primeiros contatos com seus

amigos, seja ela na vizinhança ou na escola. A socialização é uma das

principais vantagens da prática da educação física escolar, pois é durante

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essas atividades que o aluno tem a oportunidade de se sentir aceita pelo grupo

e de desenvolver a autoconfiança e as habilidades motoras.

O movimento humano é algo fundamental, e que nos persegue a vida

inteira, desde intra uterina e cessa com a morte. Por isso saibamos utilizar o

nosso corpo de maneira correta para não prejudicá-lo no decorrer da vida.

2.6 Conhecimento sobre o corpo

Corpo e movimento talvez sejam os temas mais importantes para a

atuação profissional em Educação Física, tanto no meio escolar quanto fora

dele, pois, nessas áreas, trabalharmos com os corpos de nossos alunos,

fazendo-os se movimentar. Entretanto, na escola, deve haver uma

preocupação maior com a compreensão que nossos alunos têm de seus

próprios corpos e também da atitude que apresentam em relação aos mesmos,

além de saberem realizar e apreciar os movimentos.

Tendo isso em vista, tentaremos analisar algumas condições necessárias

para que saibamos ensinar nossos alunos a compreenderem melhor seus

corpos. Para isso, precisamos ter em mente que não existimos sem nossos

corpos e perceber a importância deste tema na vida de todos os seres

humanos.

O corpo, assim como a cultura, tem um caráter polissêmico, isto é, pode

assumir vários significados. E, ao pensarmos deste modo, conhece-lo pode

significar várias coisas. A elaboração de conhecimentos sobre o corpo passa

por suas atribuições de sentido ao longo do tempo, culminando na

complexidade dos dias atuais. São vários os elementos que tornam a

compreensão do corpo complexa, como o problema da dicotomia por exemplo.

Uma dicotomia pode ser entendida como uma separação entre duas

coisas, sempre com um conflito envolvido. As mais importantes para a

Educação Física são justamente aquelas que envolvem o corpo: as dicotomias

entre corpo e alma, e entre corpo e mente. Assim, a superação desses

entendimentos conflitantes pode ser um passo inicial para se conhecer o

próprio corpo.

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Neste sentido, a dicotomia entre “corpo” e “alma” relegou ao corpo um

papel inferior em relação a algo considerado absoluto, que seria a alma,

representando um modelo de perfeição. O teocentrismo foi conduzido a partir

dessas ideias. Já uma outra dicotomia, a separação entre “corpo” e “mente”,

fragmentou o ser humano, privilegiando a razão, em detrimento da

subjetividade. Ela também relacionou o corpo de maneira inferior a um modelo

relativo de superioridade, representado pela mente ou pela inteligência, enfim,

pela racionalidade humana. O antropocentrismo se originou a partir dessas

ideias.

A dicotomia entre corpo e alma significou um predomínio de noções

absolutas, denominadas dogmas, relegando o corpo a um papel secundário ou

menos nobre. O corpo foi considerado uma coisa relativa, parcial, que

atrapalhava a pureza da alma. Essa pureza dizia respeito à comunhão que os

homens poderiam ter com o Ser Absoluto e, consequentemente, com as

noções absolutas de Verdade, Justiça, Valor ou Beleza, entre outras.

Mais recentemente, as relações do corpo com o meio ambiente refletiram

uma tentativa de superação das dicotomias, integrando o ser humano em

corpo, mente e alma ou, pelo menos, em dimensões afetivas, sociais,

psicológicas e motoras, respeitando a subjetividade e as diferenças individuais.

Exemplos podem ser percebidos na teoria que apoia a existência de

inteligências múltiplas (GARDENER & GOLEMAN, 1995) e também em

propostas que visam estabelecer uma consciência ambiental (ENVIRON-

METRICS, 1996), um tipo de “ecocentrismo”, em que o meio ambiente seria o

centro de tudo. Uma limitação desse entendimento é a separação que se faz

entre o corpo, integrado à mente e à alma, e o meio ambiente que circunda o

corpo. Deste modo, não há continuidade entre o ser humano e o mundo, mais

uma separação ou ruptura entre os dois.

A superação desse limite poderia ocorrer com a integração entre corpo,

mente, alma e o meio ambiente em um tipo de “autoecocentrismo”. Essa

possibilidade refere-se a uma integração do ser humano com o meio, onde o

corpo representaria uma continuidade entre a individualidade e o amplo

contexto ambiental, que é físico, social, cultural, político, econômico etc.

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Algumas contribuições no campo filosófico permitem vislumbrar esse papel do

corpo, inclusive na Educação Física, a partir da fenomenologia (DREYFUS,

1992; MORGAN & MEIER, 1998).

Essa visão é voltada para a autonomia, a fim de capacitar os alunos para

compreender o corpo e sua relação com a cultura. Para isso, ao professor

compete elaborar aulas nas quais os alunos possam conhecer, usufruir e

transformar os limites e as possibilidades do seu próprio corpo. Aulas em que

possam também apreender de forma crítica a estética corporal e os modismos

que são veiculados pela mídia a respeito das práticas corporais. Esse tipo de

aula pode contribuir para a alteridade e evitar o predomínio do individualismo,

que prejudica a capacidade de se colocar plenamente no lugar do outro

(DARIDO E RANGEL, 2011).

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CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE: SUA IMPORTÂNCIA E

CONTRIBUIÇÃO DAS CAPACIDADES COGNITIVA,

AFETIVA E MOTORA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

De acordo com o seu significado a psicomotricidade é uma prática

pedagógica que visa contribuir para o desenvolvimento integral da criança no

processo ensino-aprendizagem, favorecendo os aspectos físicos, mental,

afetivo-emocional e sócio-cultural, buscando estar sempre condizente com a

realidade dos educandos.

É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo

em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.

Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das

aquisições cognitivas, afetivas e motoras. É sustentada por três conhecimentos

básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.

A psicomotricidade é a busca de um equilíbrio corporal e de um espírito

sadio e, por meio de atividades psicomotoras, mostra a sua importância. Ela

educa a criança para ela estabelecer princípios básicos na sua formação,

reeducando-a ao apresentar algumas defasagens, inabilidades e atrasos que

venham a dificultar suas aquisições necessárias para um bom desenvolvimento

(FÁTIMA ALVES, 2016).

A psicomotricidade permite ao homem sentir-se em com a sua realidade

corporal, possibilitando-lhe a livre expressão de seus sentimentos,

pensamentos, conceitos e ideologias. Mesmo que a psicomotricidade assuma

grande importância na resolução de problemas encontrados em sala de aula.

Ela necessariamente não é a única solução para as dificuldades de

aprendizagem, mas sim o meio de auxiliar a criança a superar os obstáculos e

prevenir possíveis inadaptações. Assim, essa procura proporciona o aluno

algumas condições mínimas ao um bom desempenho escolar. Pretende

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aumentar seu potencial motor dando-lhe recursos para que o aluno obtenha

progresso no âmbito escolar.

Segundo Vitor da Fonseca, da civilização oriental à civilização ocidental, e

dentro desta, desde a civilização grega, passando pela Idade Média, até aos

nossos dias, a significação do corpo sofreu inúmeras transformações. Desde

Aristóteles, passando pelo Cristianismo, o corpo é, de certo modo,

negligenciado em função do espírito. Descartes, e toda a influência do seu

pensamento na evolução científica, levou a considerar o corpo como objeto e

fragmento do espaço visível separado do “sujeito conhecedor”.

Em pleno século XIX o corpo começa a ser estudado, em primeiro lugar,

por neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas cerebrais, e

posteriormente por psiquiatras, para classificação de fatores patológicos.

A palavra Psicomotricidade surgiu em 1870 e foi Dupré, então em 1909,

que definiu a síndrome da debilidade motora, e daí outros estudiosos surgiram

e tiveram uma história com a Psicomotricidade, onde alguns deles e novos

estudiosos ainda contunuam a desenvolver o fabuloso universo da

Psicomotricidade, como:

Dupré – “O temo Psicomotricidade surgiu com ele pela primeira vez em

1920, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento e,

em 1909, já chamava a atenção para o desequilíbrio motor, denominando o

quadro de debilidade motriz, verificando que existia uma estreita relação entre

as anomlias psicológicas e as motrizes.

Jean Piaget – Aprofundou-se na relação aos processos do

desenvolvimento cognitivo, dando uma considerável importância à adaptação.

Para ele, a criança age e se ordena primeiro em função dos fatores biológicos,

que dão origem e provocam os primeiros mecanismos que encaminham as

interações constitutivas dos processos psicológicos.

Henry Wallon – Destacou, principalmente, o papel da emoção no primórdio

do desenvolvimento humano. Ao interar-se do desenvolvimento infantil, ele não

separa o aspecto cognitivo do afetivo, mas dá importância a outros processos,

Insiste no desenvolvimento neuromotor inicial, em particular, na função postural

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que vai oferecer possibilidades de reações orientadas, após as respostas

puramente reflexos do recém-nascido.

Pierre Vayer – Todas as experiências da criança (o prazer, a dor, o

sucesso ou o fracasso) são sempre vividas corporalmente. Essas experiências

acrescentam valores sociais que o meio dá ao corpo e em cada parte dele.

Este corpo é investido de significações, de sentimentos e de valores muito

particulares e absolutamente pessoais.

Jean Le Boulch – Acreditou que a educação psicomotora deveria ser

considerada uma educação de base na escola primária acodicionando todos os

aprendizados pré escolares, levando a criança a tomar consciência do seu

corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o seu tempo, adquirir

habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. Para ele, a educação

psicomotora deve ser praticada desde cedo. Dessa forma, previne

inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas.

Bernard Aucouturier – Acredita que ao favorecer um desenvolvimento

harmonioso da criança é, antes de tudo, dar-lhe a possibilidade de existir, de

tornar-se uma pessoa única, é oferecer-lhe, então condições as mais

favoráveis para comunicar-se, expressar-se, criar e pensar.

Edouard Guilman – Acredita que a reeducação psicomotora tem como

objetivo seguir em todas as crianças a organização das funções do Sistema

Nervoso à medida que se opera a maturação. Assim, dessa forma, podemos

reabilitar as manifestações.

Esteban Levin – Sua formação acadêmica, no início como professor de

Educação Física e posteriormente como psicólogo e psicanalista propicia o

aprofundamento na especificidade psicomotora vendo a Psicomotricidade

alcançar um novo campo conceitual quando olha, além do corpo orgânico e

expressivo, para este corpo receptáculo olhado, tocado, falado, marcado e

inserido em um discurso.

Júlián de Ajuriaguerra – Desenvolveu um trabalho profundo dentro da

Neurofisiologia e Neuropsiquiatria Infantil. Baseou-se muito em Edouard

Guilmain dividindo a atividade psicomotora em funcional e relacional.

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André Lapierre – Estudioso das relações, tudo como centro de atenção na

abordagem psicomotora. Dentre outros (FÁTIMA ALVES, 2016).

No campo patológico, parece dever-se a Dupré, 1909, o termo

“psicomotricidade”, quando introduz os primeiros estudos sobre a debilidade

motora nos débeis mentais.

Henri Wallon é, provavelmente, o grande pioneiro da psicomotricidade,

vista como campo científico. Médico, psicólogo e pedagogo, impulsiona as

primeiras tentativas de estudo da reeducação psicomotora.

A sua concepção de testes, os tipos de ação reeducativa e as primeiras

orientações metodológicas sobre reeducação psicomotora nascem de um

efeito estimulador da grande obra de Wallon.

O papel da função tônica (sobre a qual repousam as atitudes e os alicerces

da vida mental) e da emoção (como meio de ação sobre o e pelo outro) nos

progressos da atividade de relação, são encarados, de acordo com Wallon,

como processos básicos da intervenção psicomotora. A importância da

atividade postural e da atividade sensório-motora com pontos de partida da

atividade intelectual são eminentemente defendidos na perspectiva do

desenvolvimento da criança com os célebres estádios Wallonianos: impulsivo,

tônico-emocional, sensório-motor, projetivo e personalístico. Os estudos

clínicos sobre a síndrome psicomotora: infantilismo motor, assinergia,

extrapiramidal inferior, extrapiramidal médio, extrapiramidal superior,

cerebeloso, hipertonia, automatismo emotivo-motor e de insuficiência frontal,

são outro avanço significativo no estudo das relações entre a psicomotricidade,

a inteligência, a afetividade e a sociabilidade ( VITOR DA FONSECA, 1995).

Para Wallon, 1925, o movimento é a única expressão e o primeiro

instrumento do psiquismo. O alcance desta dimensão do movimento e do corpo

da criança permite a este célebre autor francês apresentar uma concepção

original da evolução mental. Wallon advoga, em 1929, que o desenvolvimento

psicológico da criança é o resultado da oposição e substituição de atividades

que precedem umas às outras. Esta concepção hierárquica e dialética é

amplamente defendida por muitos autores em vários quadrantes do mundo.

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O conceito de psicomotricidade ganhou assim uma expressão significativa,

uma vez que traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade

psíquica e a atividade motora. O movimento é equacionado como parte

integrante do comportamento. A psicomotricidade é hoje concebida como a

integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a

criança e o meio, e instrumento privilegiado através do qual a consciência se

forma e materializa-se (VITOR DA FONSECA, 1995).

Nas aulas de educação física o professor precisa ser muito claro qual o

caminho a seguir, quais as necessidades de seus alunos naquela etapa do

desenvolvimento em que se encontram e o que pretende alcançar com a

realização de determinada atividade, ou melhor, se sua proposta de trabalho

está realmente de acordo com as necessidades daquele grupo. Acontece,

muitas vezes, uma busca por receitas, como os procedimentos de um jogo, por

exemplo. Porém, dessa forma, o professor acaba esquecendo-se da base

fundamental, a instrumentalização teórica. De nada adianta conhecer a

brincadeira ou o jogo psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados no

processo de ensino-aprendizagem.

3.1 Elementos Básicos da Psicomotricidade

1) Esquema Corporal

“O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação

da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica

e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo”.

A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam,

em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma

progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas

possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta.

A criança se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em

que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se

mas também para agir.

Exemplos:

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Domínio corporal.

Uma criança corre durante o recreio e choca-se constantemente contra

seus companheiros. Em pouco tempo não se sentirá à vontade; não ousará

mais correr por não dominar bem seu corpo.

Conhecimento corporal.

Uma criança quer passar por baixo de um banco mas, esquecendo-se de

dobrar as pernas, acaba batendo as nádegas contra o banco.

Passagem para a ação.

A criança não transfere líquidos de uma vasilha para outra para brincar,

mas entorna um copo de limonada para beber.

Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo e capaz de situar

seus membros uns relação aos outros fará uma transposição de suas

descobertas: progressivamente localizará os objetos, as pessoas, os

acontecimentos em relação a si, depois entre eles.

A estruturação espaço-temporal fundamenta-se nas bases do esquema

corporal sem o qual a criança, não se reconhecendo em si mesma, só muito

dificilmente poderia apreender o espaço que a rodeia. Assim nos parece lógico

abordar a psicomotricidade através da constituição do esquema corporal antes

da estruturação espacial ou temporal.

Além disso, a forma como o sujeito se expressa com o corpo traduz sua

disposição ou sua indisposição nas relações com coisas ou pessoas. Esse

aspecto psicológico, muito importante, ajuda-nos a identificar melhor certas

perturbações devidas a fatores afetivos. Chama também atenção a

possibilidade de melhorar a vida social e afetiva das crianças, tornando

precisas suas noções corporais e fazendo com que adquiram gestos precisos e

adequados.

2) Lateralidade

Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral na

criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A

lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por

certos hábitos sociais.

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Como descobrir a dominância lateral?

A nível dos membros inferiores

Do ponto de vista da força:

Pede-se à criança que percorra um trajeto com um pé, depois com o

outro; o lado escolhido para o primeiro trajeto é muitas vezes o lado

dominante, mas a observação dos pulos revelará maior facilidade de um

lado: é esse lado que determina a dominância;

Convida-se a criança a chutar uma bola após uma corrida de dois a três

metros: o pé escolhido para o chute é o dominante;

Pede-se a criança que lance com precisão uma bola em um barril

colocado a alguns metros: o pé posicionado à frente é o lado forte dos

membros inferiores.

Do ponto de vista da precisão:

Fazer com que leve, com um pé, uma bola ou uma lata até determinado

lugar;

Fazer com que desenhe no chão, com um pé: um círculo, um quadrado

etc.

A nível de membros superiores

Pede-se à criança que faça diversos gestos do dia-a-dia e observa-se qual

a mão utilizada. É evidente que o material apresentado à criança não deve

influir na escolha da mão.

Do ponto de vista da força:

Lançar uma bola no jogo de “acerte no alvo”;

Bater um prego;

Abrir uma lata de conserva (a mão dominante segurará o abridor).

Levantar uma cadeira;

Pregar um percevejo.

Do ponto de vista da precisão:

Com uma mão, lançar uma bola em um cesto;

Distanciar um elástico com o polegar e i indicador;

Pregar um alfinete em um mural;

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Pentear-se;

Recortar papel com tesoura;

Colar selo em um envelope.

A nível dos olhos

- por meio do caleidoscópio;

- por meio do visor de uma máquina fotográfica;

- fazendo apontar: mostra-se um ponto preciso de um cartaz e pede-se à

criança que o indique com o dedo, estendendo o braço;

- fazendo olhar pelo buraco da fechadura.

Pode-se observar:

- uma lateralidade homogênea: a criança é destra ou canhota do olho,

da mão e do pé;

- uma lateralidade cruzada: a criança é, por exemplo, destra da mão e

do olho, canhota do pé;

- uma ambidestra: a criança é tão forte e destra do lado esquerdo quanto

do lado direito.

A lateralidade é importante na evolução da criança:

- influi na idéia que a criança tem de si mesma, na formação de seu

esquema corporal, na percepção da simetria de seu corpo;

- contribui para determinar a estruturação espacial: percebendo o eixo

de seu corpo, a criança percebe também seu meio ambiente em relação

a esse eixo: “O banco está do lado da mão que desenha”.

Aconselha-se a não empregar os termos “esquerda” e “direita” sem que

a lateralidade esteja bem definida.

3) A Estrutura Espacial

“É a orientação, a estruturação do mundo exterior referindo-se primeiro ao

eu referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posição estática ou em

movimento”. (J. M. Tasset).

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Lembremos que o esquema corporal é a tomada de consciência, pela

criança, de possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de

expressar-se.

4) A Orientação Temporal

A estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função:

Da sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante;

Da duração dos intervalos:

- Noções de tempo longo, de tempo curto (uma hora, um minuto);

- Noções de ritmo regular, de ritmo irregular (aceleração, freada);

- noções de cadência rápida, de cadência lenta (diferença entre a corrida e

o andar);

Da renovação cíclica de certos períodos: os dias da semana, os meses,

as estações;

Do caráter irreversível do tempo: “já passou... não se pode mais revivê-

lo”, “você tem cinco anos”... vai indo para os seus seis anos... quatro

anos, já passaram!”, noção de envelhecimento (plantas, pessoas).

As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de

serem adquiridas por nossas crianças (A. DE MEUR E L. STAES, 1989).

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CONCLUSÃO

Conclui-se com este trabalho que os professores devem estar realmente

compromissados com as crianças, no qual é a fase mais importante para o

desenvolvimento e a construção do sujeito. A psicomotricidade vinculada a

Educação Física, vem fazendo um diferencial nesta etapa quando realizada

com objetivos claros e concretos.

No decorrer da pesquisa observei que o bom desenvolvimento motor

contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico, mas

consequentemente afetivo e cognitivo da criança.

Analisei que o desenvolvimento motor pode ser alterado por condições

biológicas ou ambientais, podendo impedir que a criança se desenvolva como

seus companheiros da mesma idade.

Mas, felizmente, a partir de estudos e pesquisas aprofundadas, os

cientistas compreendem essas alterações, e puderam elaborar soluções

clínicas e preventivas, no qual auxiliam no pleno desenvolvimento motor da

criança.

A partir dessa descoberta, elaborou-se o conceito da educação

psicomotora, no qual foi atribuído o principal objetivo, que é ajudar a criança

chegar a uma imagem do corpo operatório, permitindo que ela se desenvolva

da melhor maneira possível, tirando o melhor partido de todos os seus

recursos, preparando-o para a nova etapa do desenvolvimento motor, afetivo e

cognitivo.

Este trabalho foi desenvolvido para mostrar que a Educação Física está

extremamente associada à psicomotricidade, ciência difundida nos tempos

atuais e que se ocupa do homem e seu corpo em movimento nas relações ao

nível interno e externo. A importância da Educação Física e da

Psicomotricidade numa das mais importantes manifestações infantis: os jogos.

A educação é um processo de aprendizagem extenso, talvez interminável.

A Educação Física, como um componente curricular pertencente à escola,

também compõe um quadro da formação para a cidadania e para a aquisição

de subsídios para o cidadão usufruir, conhecer e desfrutar da Cultura Corporal

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de Movimento, consciente de seus direitos ao lazer, à alimentação saudável,

ao hábito de práticas corporais com respeito aos próprios limites e aos dos

outros. Assistir a uma competição de futebol, basquete, natação, esgrima ou

qualquer seja a atividade competitiva emitindo senso crítico ou sabendo o

mínimo sobre o contexto para poder opinar, apreciar uma apresentação de

dança e possuir requisitos para poder valorizá-la, e sentir-se a vontade, e ter

um mínimo de criatividade para dançar, jogar, brincar, lutar, independente da

idade, são algumas das preocupações da Educação Física na formação

básica.

Observa-se que o desenvolvimento infantil na área afetiva é

significativamente melhorado, através da exploração de atividades como jogos,

brincadeiras, danças, brinquedo cantado que são trabalhadas de formas

elaboradas e planejadas no processo do desenvolvimento psicomotor. Esse

desenvolvimento da área afetiva, que consequência do trabalho psicomotor, é

muito importante na formação da personalidade do indivíduo, uma vez que

trabalha atributos como companheirismo, espírito de grupo, paciência,

tolerância, cooperação, compreensão e outros mais.

Por fim, é muito importante que o profissional de Educação Física

mantenha um processo constante e adequado na formação para desenvolver e

explorar o melhor do trabalho psicomotor na educação, a fim de proporcionar

subsídios ao pleno desenvolvimento das funções psíquicas e motoras.

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BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

O desenvolvimento e o desempenho motor da criança de 03 à 06 anos nas

aulas de Educação Física

1.1 Classificação etária do desenvolvimento 11

1.2 Desempenho motor nas aulas de Educação Física 14

1.3 Entendimentos da Educação Física 15

1.4 Conteúdos da Educação Física na escola 17

1.4.1 Dimensão conceitual 17

1.4.2 Dimensão procedimental 18

1.4.3 Dimensão atitudinal 18

CAPÍTULO II 21

Movimento humano: possibilidades e ferramentas no auxílio da formatação do

aluno

2.1 As fases do desenvolvimento motor 22

2.2 Fase motora reflexa 22

2.3 Fase de movimentos rudimentares 23

2.4 Fase de movimentos fundamentais 23

2.5 Fase de movimentos especializados 23

2.6 Conhecimento sobre o corpo 25

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CAPÍTULO III 28

Psicomotricidade: sua importância e contribuição das capacidades cognitiva,

afetiva e motora nas aulas de educação física

3.1 Elementos básicos da psicomotricidade 32

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41