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  • Documentos 72

    Fred Carvalho Bezerra

    Produção de Mudas de Hortaliçasem Ambiente Protegido

    Fortaleza, CE2003

    ISSN 1677-1915

    Dezembro, 2003Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCentro Nacional de Pesquisa de Agroindústria TropicalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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    1a edição1a impressão (2003): 300 exemplares

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    CIP - Brasil. Catalogação-na-publicação

    Embrapa Agroindústria Tropical

    Bezerra, Fred Carvalho.

    Produção de mudas de hortaliças em ambiente protegido. / FredCarvalho Bezerra. - Fortaleza : Embrapa Agroindústria Tropical, 2003.

    22 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 72).

    1. Hortaliça - Muda - Produção. I. Título

    CDD 635

    © Embrapa 2003

  • Fred Carvalho BezerraEng. agrôn., Ph.D., Embrapa Agroindústria Tropical, RuaDra. Sara Mesquita 2.270, Pici, tel.: (85) [email protected]

    Autor

  • Apresentação

    Francisco Férrer BezerraChefe-Geral da Embrapa Agroindústria Tropical

    Na agricultura brasileira o cultivo de hortaliças apresenta-se com expressivodestaque e a propagação de plantas tem grande importância para o sistema deprodução.

    Um dos componentes mais importantes no cultivo de hortaliças é a utilização demudas de qualidade, tornando-o mais competitivo do ponto de vista de maiorprodutividade e diminuição de riscos. Com base nesse princípio a pesquisa temavançado com o objetivo de disponibilizar ao produtor informações que melho-rem as suas atividades.

    Assim, a tecnologia de produção de mudas de hortaliças sob o cultivo protegidotrará benefícios ao produtor com avanços na produtividade, competitividade,precocidade e melhores condições no aspetcto fitossanitário da cultura.

    Esta publicação, portanto, é mais uma contribuição da Embrapa AgroindústriaTropical para melhorar o sistema de produção de hortaliças.

  • Sumário

    Apresentação ............................................................. 5

    Introdução ................................................................. 9

    Cultivo protegido ...................................................... 11

    Substratos ............................................................... 12

    Recipientes .............................................................. 15

    Irrigação .................................................................. 16

    Outras considerações ................................................ 17

    Referências Bibliográficas .......................................... 18

  • Produção de Mudas deHortaliças em AmbienteProtegidoFred Carvalho Bezerra

    Introdução

    O cultivo de hortaliças representa uma parcela expressiva na agricultura. Aprodução anual brasileira de hortaliças é de 14 milhões de toneladas, movimen-tando no mercado acima de 5 bilhões de reais. Geralmente, o cultivo de hortali-ças é conduzido próximo aos grandes centros consumidores, em pequenas áreasno entorno de grandes cidades, oferecendo oportunidade de emprego, por seruma atividade que demanda muita mão-de-obra.

    As hortaliças possuem um alto valor nutritivo, principalmente pelo conteúdo desais minerais e vitaminas, portanto, recomendado o seu consumo no cardápiocomo forma de suprir as necessidades diárias desses elementos. Além disso, oconsumo de hortaliças facilita a digestão dos alimentos (Makishima, 1992).

    O sucesso do cultivo de hortaliças depende em grande parte da utilização de mudasde alta qualidade, o que torna o cultivo de hortaliças mais competitivo, com oaumento de produtividade e diminuição dos riscos de produção (Minami, 1995).

    A produção de mudas de hortaliças sob cultivo protegido tem apresentado umcrescimento expressivo, em decorrência das vantagens em relação ao sistematradicional, geralmente conduzido em sementeira a céu aberto, como por exemplo:

    • Maior precocidade.• Menor possibilidade de contaminação fitopatogênica.

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    • Maior relação percentual entre sementes plantadas e mudas obtidas.• Melhor aproveitamento da área destinada à produção de mudas.• Maior facilidade na execução de tratos culturais como desbaste, irrigação,

    adubação, tratamento fitossanitário.

    • Menor estresse por ocasião do transplantio.

    Além das vantagens acima citadas, o plantio através de mudas obtidas sobcultivo protegido, em bandejas, reduz o ciclo da cultura no campo (Tabela 1),permitindo maior número de cultivos no mesmo local.

    Tabela 1. Comparação entre prazos de formação de mudas e o ciclo no campo,em dias, nos sistemas tradicional (sementeira) e de recipiente (bandeja) dealgumas espécies (Carmelo, 1995).

    Espécie Tradicional Bandeja Tradicional Bandeja

    Alface 30-35 20-25 45 35

    Repolho 40-45 20-25 90 80

    Couve-flor 40-45 20-25 90 80

    Tomate (copinho) 35-40 20-25 130-150 120-150

    Pimentão 40-45 30 40-140 30-140

    Berinjela 40-45 30 40-140 30-140

    Formação da muda (dias) Ciclo no campo (dias)

    Vários fatores estão envolvidos na formação de uma muda em sistema protegido,enumerando-se como principais o substrato, o recipiente e a irrigação. Essesdevem proporcionar um bom desenvolvimento da muda durante a sua permanên-cia no viveiro, visando um bom desempenho da futura planta (Leskovar &Stoffela, 1995). As mudas de hortaliças são, normalmente, formadas a partir desementes, porém, algumas espécies, como por exemplo tomate, podem serproduzidas por meio do enraizamento de estacas axilares.

    As informações contidas neste documento tratam da produção de mudas dehortaliças em ambiente protegido, a partir de sementes.

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    Cultivo Protegido

    A agricultura praticada nos moldes tradicionais está sujeita à sazonalidadeclimática, fazendo com que somente alguns períodos do ano sejam favoráveis aodesenvolvimento das plantas. As mudas de hortaliças são produzidas normal-mente, em canteiros, a céu aberto, para posterior replantio no local definitivo.Essa prática provoca danos ao sistema radicular das mudas, que poderãocomprometer o desenvolvimento da futura planta. Além disso, as mudas ficamexpostas às intempéries e ao ataque de pragas e doenças. Outro sistema utilizadoé o plantio direto, porém, em virtude de fatores ambientais e da própria semente,a germinação nem sempre é satisfatória, fazendo-se necessário um replantio commudas para obtenção de um estande adequado e com máximo rendimento. Issoé importante, principalmente, quando se utilizam sementes muito caras, ondequalquer alteração ambiental, como por exemplo, chuva em excesso, podecomprometer o plantio.

    Com o advento do sistema de cultivo protegido, a produção de mudas, emgeral, vem apresentando um nível tecnológico mais elevado, resultando emmaterial de qualidade com riscos bastante reduzidos. Dessa forma, o produtorpode elaborar um cronograma de produção de mudas por um período maior e,consequentemente, obter melhor remuneração, como também maior estabili-dade dos preços das mudas durante o ano, uma vez que fatores ambientaiscomo temperatura, umidade, luminosidade, dentre outros, podem ser contro-lados, proporcionando um microclima favorável, principalmente nos estádiosiniciais de desenvolvimento das mudas. Além disso, o controle fitossanitáriopode ser conduzido com mais eficiência, contribuindo para a produção demudas sadias.

    Os tipos mais comuns de cultivo protegido são ripados, telados e estufas. Osripados/telados são normalmente construídos de madeira com cobertura comripas, palha ou tela plástica, que têm como objetivos reduzir a luminosidade eproporcionar temperaturas mais amenas, como também minimizar o efeito dechuvas e ventos fortes e evitar o acesso de animais. A quantidade de luz nosripados/telados é controlada de acordo com a colocação da madeira, da palha ouda tela plástica (escura), porém o controle da água das chuvas não é muito eficiente.

    Estufas são estruturas onde se pode criar e/ou manter microclimas favoráveis aocultivo de qualquer espécie de planta, independente das condições ambientais

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    existentes. Nesse tipo de estrutura, as condições ambientais podem ser melhorcontroladas do que nos ripados e telados.

    Existem vários tipos de estufas, que podem ser utilizadas de acordo com o tipode exploração ou região. Para o Nordeste brasileiro, o ideal será uma estruturacoberta com plástico transparente (150 micra), laterais com telas e de preferên-cia com lanternim na parte mais alta para facilitar a saída do ar quente. Asestruturas das estufas podem ser construídas em madeira ou metal. As estrutu-ras metálicas têm sido preferidas por serem mais práticas e de manutenção maisfácil e possuem maior durabilidade, porém são mais caras. A altura da estufadeve ter um pé-direito acima de quatro metros e o comprimento até 50 metros,para evitar aumento da temperatura interna.

    Nas estufas, as condições ambientais podem ser alteradas/mantidas por meio devários equipamentos como ventiladores/exaustores, aquecedores, nebulizadores,lâmpadas, tela escura, outros. Esses equipamentos podem ser controladosmanualmente ou por sensores que ativam os vários equipamentos (previamenteprogramados) responsáveis pelo controle do ambiente. A escolha do tipo de estufavai depender da relação custo/benefício. Mais informações sobre tipos de estufas,construção, outros, podem ser encontradas na literatura (Sganzerla, 1997).

    Substratos

    Substrato é todo material sólido, natural, sintético ou residual, mineral ouorgânico, puro ou em mistura, que proporciona condições favoráveis para odesenvolvimento do sistema radicular (Abad & Noguera, 1998)

    O substrato exerce a função do solo, fornecendo à planta sustentação, nutrien-tes, água e oxigênio. Os substratos podem ter diversas origens, animal (esterco,húmus) , vegetal (tortas, bagaços, xaxim, serragem, pó de coco), mineral(vermiculita, perlita, areia) e artificial (espuma fenólica, isopor). Dentre ascaracterísticas desejáveis dos substratos, destacam-se: custo, disponibilidade,teor de nutrientes, capacidade de troca de cátions, esterilidade biológica,aeração, retenção de umidade, boa agregação às raízes (torrão) e uniformidade(Gonçalves, 1995).

    A condutividade elétrica (CE) e o pH dos substratos são duas característicasmuito importantes para o desenvolvimento das mudas. A condutividade elétrica

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    está diretamente relacionada ao teor de sais solúveis, que pode afetar negativa-mente o desenvolvimento das mudas. As espécies respondem diferentementeaos teores de sais no meio de cultivo e esses devem ser mantidos em níveisaceitáveis, em torno de 1,0 dS/m. O nível de acidez do substrato (pH) interferena absorção de nutrientes pelas plantas, na vida microbiana e no desenvolvimentodo sistema radicular. O pH ideal deve estar em torno da neutralidade, levando-seem consideração que substratos com alta acidez devem ser corrigidos (Kämpf &Fermino, 2000).

    A escolha e o manejo correto do substrato são de suma importância para aobtenção de mudas de qualidade (Backes & Kämpf, 1991).

    Normalmente, os substratos são formulados pelos próprios produtores, utilizandodiversos materiais, puros ou em misturas, disponíveis nas suas regiões. Os materiaismais usados na formulação de substratos são casca de arroz carbonizada/natural,casca de árvores, vermiculita, fibra/pó de coco maduro, húmus de minhoca,composto orgânico, terra, lã de rocha, entre outros. Várias pesquisas vêm sendodesenvolvidas no sentido de se caracterizar e testar esses materiais e outros compotencial para serem usados como substratos, de maneira criteriosa (Cañizares et al.,2000; Nunes, 2000; Carrijo et al., 2001).

    O uso de substrato como meio de cultivo é relativamente novo no Brasil, porém,seu mercado vem crescendo a cada ano. Vislumbrando a expansão dessemercado, algumas empresas estão se especializando na sua produção. Depen-dendo de sua formulação, os substratos comerciais apresentam diferentesrespostas na produção de mudas de hortaliças, o que pode ser constatado emvários estudos (Luz et al., 2000; Calvet & Santi, 2000; Smirdele et al, 2000).

    Vários tipos de resíduos vêm sendo utilizados como substrato para plantas,como por exemplo lixo urbano (Backes & Kämpf, 1991) e resíduo da produçãode papel (Chong, 1999), visando oferecer alternativa para minimizar o impactoambiental provocado por esses materiais. Estudos recentes mostram o usopotencial do resíduo da indústria da água-de-coco (pó da casca de coco verde)como substrato para a produção de mudas.

    A busca de materiais alternativos para serem usados como substrato tem comoobjetivo, também, reduzir os efeitos nocivos da retirada de material da natureza.No hemisfério norte, por exemplo, o ‘sphagnum peat’ e o ‘sedge peat’ e a

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    palhada de coníferas (coniferours forest litter) são os substratos preferidos pelosagricultores em virtude de suas excelentes características. Entretanto, a intensaexploração desses materiais tem sido questionada por ecologistas, em virtudedos efeitos danosos para os respectivos ecossistemas de onde são coletados(Barber, 1993).

    Dependendo dos materiais usados na formulação de substratos, os teores denutrientes nem sempre são suficientes para promover o desenvolvimentosatisfatório das mudas. Para se corrigir essa carência de nutrientes, muitosprodutores de mudas lançam mão da suplementação de nutrientes, que tem comoobjetivo produzir mudas mais vigorosas, tornando-as menos suscetíveis aosdanos provocados por ocasião do transplantio e, também, possibilitando ummelhor desempenho da cultura no solo. Nesse sentido, Dufault (1986) mostrouque plantas de melão apresentavam melhor ramificação no campo quando asmudas foram tratadas com doses elevadas de NPK do que mudas tratadas combaixas doses desses nutrientes. A produção e a qualidade de beterraba forammais elevadas quando as mudas foram fertirrigadas em bandejas em relaçãoàquelas sem suplementação de nutrientes (Santos et al., 2000).

    A suplementação de nutrientes no substrato pode ser feita tanto por enriqueci-mento com fertilizantes adicionados por ocasião de sua formulação (Peixoto etal., 2000; Nunes, 2000) como também por meio de irrigações/pulverizaçõesperiódicas com solução nutritiva, durante o desenvolvimento das mudas (Kratky& Mishima, 1981; Tremblay & Gosselin, 1986).

    Uma nova técnica de produção de mudas de hortaliças é o sistema denominadode flutuante (floating). Esse sistema consiste em se colocar bandejas comsubstrato em um tanque contendo solução nutritiva, que fornecerá nutrientespara o desenvolvimento das mudas, independente da fertilidade do substrato,servindo, ainda, como suprimento de água e dispensando o uso de irrigação(Borne, 1999). Esse sistema também é conhecido como sistema hidropônicopara produção de mudas. Considerando que essa técnica é muito recente noBrasil, estudos estão sendo conduzidos para se estabelecer as melhores combi-nações entre diferentes substratos e soluções nutritivas, para que esse sistemapossa ser indicado para as diversas espécies hortícolas (Boemo et al., 2000;Hamazaki et al., 2000).

  • 15Produção de Mudas de Hortaliças em Ambiente Protegido

    Recipientes

    Os recipientes proporcionam melhor utilização do espaço na estufa, facilitandoos trabalhos de semeadura e tratos culturais (desbaste, irrigação, controlefitossanitário, manuseio, dentre outros), além de exigirem pequenas quantidadesde substratos. Todos esses fatores podem interferir no custo final da muda.Mudas produzidas em recipientes (células) pequenos têm seus custos reduzidosquando comparados com os custos de produção em recipientes maiores; poroutro lado, mudas produzidas em recipientes pequenos, normalmente, sãomenores e menos vigorosas do que aquelas produzidas em recipientes grandes.

    Na escolha do recipiente devem ser considerados o custo, material, tamanho,forma, facilidade de manuseio e peso (Gonçalves, 1995). Os recipientes maisusados na produção de mudas de diversas espécies são bandejas de plásticoWeston & Zandstra, 1989; Masson et al., 1991), bandejas de isopor (Aguiar& Monogios, 1988; Verdial et al., 1998), copinhos de papel (Martins et al.,1998), sacos plásticos (Graff et al., 1995), tubetes (Aguiar et al., 1992),entre outros.

    Os recipientes mais usados atualmente na produção de mudas de hortaliças sãobandejas multicelulares com diversos tamanhos de células, que vão determinar ovolume de substrato disponível para as raízes O tamanho do recipiente devepermitir um bom desenvolvimento do sistema radicular da muda durante a suapermanência no viveiro, para proporcionar um bom desempenho da futura planta(Leskovar & Stoffela, 1995). Recipientes maiores permitem um maior volume deraízes, aumentando a área de absorção de nutrientes. Segundo Nesmith & Duval(1998), citados por Pereira & Martinez (1999), a absorção de nutrientes éafetada pela restrição do desenvolvimento das raízes, causada pelo tamanho dorecipiente. Para compensar o pouco volume de substratos em determinados tiposde células e, conseqüentemente, aumentar a disponibilidade de nutrientes para asmudas, pode-se fazer a suplementação de nutrientes. Com o objetivo de estudara interação entre o volume de raiz e a nutrição de mudas de pimentão, Bar-Tal etal. (1990) mostraram que o peso de mudas de pimentão aumentava à medidaque o volume de substrato e a concentração de nutriente na água de irrigaçãoaumentavam. Resultados semelhantes também foram encontrados por Marsh &Paul (1988), para couve-flor.

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    Irrigação

    A água é um dos fatores limitantes da produção agrícola, considerando suaparticipação nos vários processos metabólicos da planta. Portanto, a água deveser fornecida às mudas na quantidade necessária e no tempo certo. Excesso deágua pode propiciar condições anaeróbicas em torno das raízes, reduzindo arespiração e limitando a fotossíntese e, ainda, favorecendo o aparecimento dedoenças foliares e do solo. Por outro lado, o suprimento de água insuficienteprovoca perdas excessivas de água por meio da transpiração, conduzindo aenrolamento, amarelecimento e queda de folhas. O ideal é manter um forneci-mento de água necessário para evitar esses problemas (Scarpare Filho,1995;Martins et al., 1999).

    O manejo adequado de água para a germinação das sementes e desenvolvimentodas plântulas é feito por via de irrigação. A água de irrigação deve apresentarboa qualidade, isto é, livre de excesso de sais solúveis e de produtos poluentes.A irrigação pode ser feita de várias maneiras, nebulização, microaspersão esubirrigação.

    • Nebulização: fornece água em forma de gotículas, o que proporciona menordanos às mudas, principalmente nos primeiros estágios de desenvolvimento. Éusada também para controlar temperatura/umidade relativa em casa de vegeta-ção, estufa e em viveiro de enraizamento.

    • Microaspersão: a água é liberada em forma de círculo ou semicírculo e a vazãoe a área molhada variam de acordo com o microaspersor. A perda de águanesse sistema pode ser maior do que no de nebulização.

    • Subirrigação: é feita por inundação das bancadas ou do próprio piso onde seencontram os recipientes usados na formação das mudas. Nesse caso, asbancadas/pisos possuem declives e a água é colocada na parte superior, apósa absorção, a água é drenada na parte inferior. A subirrigação permite manter afolhagem seca, o que pode contribuir para a pouca incidência de doenças,como também a perda de água minimizada. O custo da irrigação por meiodesse método pode ser elevado, dependendo do sistema escolhido.

    O sistema de irrigação a ser utilizado e o seu dimensionamento dependem,principalmente, do estágio de desenvolvimento das mudas, da disponibilidade deágua e de recursos disponíveis.

  • 17Produção de Mudas de Hortaliças em Ambiente Protegido

    Outras Considerações

    Além dos fatores abordados, outros, também importantes, devem ser considera-dos na obtenção de mudas de hortaliças de qualidade.

    Outras estruturas necessárias são construção de bancadas para suporte debandejas, com altura adequada para proporcionar conforto ao trabalhador,depósitos para armazenamento de adubos, bandejas, sementes, vasos,substratos, equipamentos, e barracão para formulação de substratos, enchimentodas bandejas e semeadura.

    Bandejas, vasos, equipamentos (pá, enxada, pulverizadores, carrinhos e outrosequipamentos) devem passar por desinfestação para se evitar a contaminaçãodas mudas.

    No planejamento do viveiro devem ser considerados, também, fatoressocioeconômicos, como disponibilidade de mão-de-obra, energia, vias de acesso,distância do local de consumo, fornecedores de insumos e de sementes comcomprovada qualidade.

  • 18 Produção de Mudas de Hortaliças em Ambiente Protegido

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