DOMING-O, 22 DE DEZEMBRO DE 1901 23 tàflò•t- >C · ração da humanidade, ha vemos de acabar...
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/ a n n o DOMING-O, 22 DE DEZEMBRO DE 1901 N.° 23
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SEM AN A R I O N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A
A sslg n a h iraAnno, iSooo réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio do vale.Avulso, no dia da publicação, 20 réis.
. EDITOR— José Augusto Saloion RUA DE JOSE MARIA DOS SANTOS |i
A LDEGALLEGA
IM ildicaçóesAnnuncios— i.a publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,
PS 20 réis. Annuncios na 4.° pagina, contracto esp:-cial. Os auto- ;; graphos não se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
e x p e d i e n t e
A c c c i t a n í - s e c o m g r a t i
d ã o < ju a e s 9gaaer n o t i c i a s
q u e s e j a m t le i o t c r e s s c
p u b l i c o .
ATalvez os senhores ima
ginem que a escravatura acabou, pelo facto de ter sido abolida por um decreto. Pois eng‘anam-se completamente; a escravatura existe ainda, com todas as suas misérias, com todas as suas ignominias.
O que somos nós todos senão escravos? Os proprios altos potentados teem de curvar-se a uma vontade superior á sua e muitas vezes até dependem de entes muito inferiores a elles na escala social.
O operário, o que tudo produz, o que devia ter no mundo a grande suprema cia, é o escravo dos patrões; o ministro é o escravo dos que o influenciam e lhe fazem até ás vezes com metter erros e desacatos que estão bem longe de Ih calar no intimo; os homens mais sabios, mais eloquentes, mais talentosos, são ás vezes escravos de mulhe res de intelligencia acanhada e mesquinha. Todos nós finalmente somos escravos das nossas paixões.
Vae alli aquelle sujeito, acompanhado da esposa e dos filhos, uma familia respeitável. Passa junto del- les uma d’essas mulheres que se vendem e elle encara-a com altaneira sobran ceria. Mas o que os senhores não sabem è que elle esteve na vespera em casa dessa mulher, comprando- lhe as caricias, submetten- do-se aos seus caprichos, sendo emfim o escravo daquella para quem agora olhou com desdem.
Passa um individuo no rigor da moda, vestindo a primor, luvas, flor na botoeira, finalmente de um rigor irreprehensivel. Todos imaginam que é um grande senhor, um homem altamente collocado. Pois
enganam-se; esse sujeito vive de expedientes, a sua vida é um enygma que só os agiotas conhecem; se o alfaiate, o sapateiro, o lu- veiro, o chapelleiro, quizes- sem fazel-o, podiam, no meio da rua, em publico, tirando-lhe o que era d’el- les, pôl-o exactamente como a mãe o deu á luz. Esse homem é portanto escravo dos credores.
E a escravatura da mulher? A prostituição que comeca nas fabricas e vae »acabar no lupanar? Quantas desgraçadas, victimas da fome e da miséria, cedem aos galanteios dos que lhe estão superiores em je- rarchia e são depois atira das sem dó, como uma coi sa inutil, para a lama das ruas! Foram apenas um objecto de prazer; passada a febre vem a saciedade e vão depois desfolhar-se novas flores.
Sim, senhores, a escravatura existe, e nós, os que pensamos, os que trabalhamos de alma e coração na grande obra de regeneração da humanidade, havemos de acabar com ella. Supprimindo-se as causas da miséria, não havendo parasitas que suguem o sangue dos que produzem, expulsando da sociedade os entes inúteis que nada fazem e só servem para im pedir a obra do progresso, nós, prestando um serviço a todos os homens honestos, teremos apagado a no- doa infamante que ainda hoje mancha o mundo e é uma vergonha para os que se dizem superiores aosani- maes.
Joaquim d o s A n jo s
0 POYO E 0 TRABALHO
Ainda que o amor do trabalho se recommenda por si mesmo, e pelas ina- preciaveis vantagens que delle resultam aos indivíduos e á sociedade, não será comtudo supérfluo nem inutil, que as leis e os legisladores empreguem o seu zêlo e auctoridade em inspiral-o e persuadil-o aos povos, já promettendo e
distribuindo com descri- Dção adequados prémios e recompensas ás pessoas industriosas e laboriosas, já castigando com justa severidade a inerte ociosidade dos preguiçosos.
O interesse é uma das grandes molas do coração uimuno; e quando elle é bem entendido e subordinado ás leis, e ás regras da ustiça e da virtude, está
tão longe de ser reprovado pela boa e sã moral, que, antes pelo contrario, é um dos mais poderosos meios de que ella se serve para inspirar e fazer amar a pratica das suas maximas. Deus mesmo, que tem na sua mão o coração do homem, não lhe quiz impôr lei alguma, que não fosse sanc- cionada com a promessa do premio e com a ameaça do castigo.
As nacões mais illustra- »das, antigas e modernas, as leis de todos os povos, a prudência de todos os grandes legisladores teem sem pre tido em vista animar com prémios e recompen sas todo o genero de trabalho proveitoso, excitar a industria, estimular a emulação entre os homens la
» . . • boriosos, reprimir e castigar a indolência, a preguiça, a ociosidade, e favorecer com particulares benefícios as profissões uteis, especialmente a agricultu ra, rainha de todas ellas, e base fundamental da pros peridade dos estados.
Entre os egypcios não ha via ófficio ou profissão que não fosse estimada e que não merecesse a protecção das leis, comtanto que fosse produetiva de algum tra balho util.
Aquelle illustrado povo tinha por acção criminosa menosprezar o cidadão, de cujo trabalho resultasse algum proveito á sua patria.
Os nossos bons monar- chas seguiram sempre mesma politica. Está cheia a historia portugueza, não só de leis e providencias mas até de exemplos dos nossos principes a favor da industria, do trabalho, das artes e do commercio. D
Fernando promettia e dava ?remios a quem fabricasse navios: queria que todos se empregassem em algum honesto mister. São notáveis as suas leis contra os vadios e ociosos, contra os que não tinham modo de vida, nem queriam dar-se ao trabalho, e até contra os proprietários desmazellados, que não cuidavam de cultivar as suas terras.
A preguiça e a ociosidade são origens fecundas de muitos outros odiosos vicios: a maledicencia, a mentira, a calumnia, a gula, o roubo, nascem desta má e venenosa raiz.
Quem tem occupação, somente pensa no seu tra balho; não faz mal aos seus visinhos; não murmura, não levanta falsos testemunhos; não se dá á gula e á ebriedade ; não frequenta as tabernas, nem as casas do jogo.
Os preguiçosos e ociosos arruinam a saude própria; arruinam as suas casas e os seus bens; dão maus exem pios a seus filhos; entregam-se a rixas e contendas perigosas; acham-se em to dos os ajuntamentos da plebe insana e tumultuaria e zombam das leis; parece que nenhum interesse legitimo os liga á sociedade commum.
E comtudo a cada passo ouvireis estes homens perigosos falar em politica censurar e reprovar a sabedoria das leis, queixar-s do peso dos encargos públicos, querer prescrevei maximas de boa administração. Estes péssimos cidadãos sabem tudo, rnenos trabalhar e fazer o bem.
Deus disse ao homem «trabalha, e eu te ajudarei» Deus não protege nem ajuda a nossa preguiça e os nossos vicios: castiga-os severamente quando a sua bondade se cança, digamos assim, de nos soffrer e esperar.
mem e uma mulher, chegando aquelle a arrastal-a Delos cabellos e batendo- he desapiedadamente.
A mulher conseguiu fugir e recolheu-se em casa de Manuel Branco, o qual fechou a porta.
Pois o grande tratante, apezar dos gritos de soc- corro dados por diversas pessoas, arrombou a porta aos soccos e pontapés e trouxe a mulher para a rua aonde continuou a maltra- tal-a.
Com respeito a cabos de policia, nem um só appare- ceu, apezar de alguns, segundo nos informam, morarem proximo do logar do conflicto e acharem-se em casa.
Esta gravíssima aggres- são foi presenceada por diversas pessoas e um homem valente subjugou o bruto, conseguindo a desgraçada, amparada por almas caridosas, refugiar-se em ontra casa.
Ao illustre administrador pedimos todo o rigor para um malvado d’esta ordem.
Cirave aggressâoNa quarta-feira, 17, pe
las 7 horas da noite, deu-se uma grave aggressão, na Estrada Nova, entre um ho
MENDES PINHEIilO
Tem passado incommodado de saude este nosso tão illustrado quanto ama- vel collaborador. Dezeja- mos-lhe o prompto e completo restabelecimento.
DOMINGOS TAVARES
Acha-se gravemente incommodado de saude este honrado lavrador e mui digno presidente da camara. Estimamos-lhe o completo restabelecimento.
Respondeu no dia 16 de dezembro em audiência commercial proveniente de quebra, o sr. Evaristo Simões Quaresma, que felizmente foi absolvido. Enviamos-lhe os nossos sinceros parabéns.
ttalão V enturaTerá logar, hoje, pelas 8
horas e meia da noite, uma grande sessão de illusionis- mo pelo artista Augusto Fortuna, em beneficio de Sebastião Pequenino. O es-
O DOMINGO
pectaculo constará dos me-1 Costa e Antonio Pereira lhores jogos do trabalho ~ de Fortuna, que na verdade é um artista consum- mado digno de todos os applausos.
Sebastião Pequenino, já confiado na protecção do generoso publico aldegal- lense, espera ter uma boa casa, o que antecipadamente agradece a todos.
E’ hoje, que o publico terá o prazer de. admirar o artista Fortuna.
Com a comparência de grande numero de com- merciantes de todas as classes, realisou-se no dia 18 do corrente, naséde da Sociedade i." de Dezembro a segunda reunião para se tratàr da fundação da Ás- sociaçao Çbmmérciál.
A’ reunião presidiu o sr. Antonio Maximo Ventura, servindo de secretários os srs. Diogo ígnacio Lucas e Izidoro Maria d’OHveira.
Aberta a sessão, o sr. presidente usou da palavra, enaltecendo o valor da Associação e os relevantes serviços que poderá prestar ao commercio desta villa, sendo no final do seu discurso alvo duma calorosa salva de palmas.
Em séguida procedeu-se á leitura da acta da sessão anterior e dos estatutos, pelos' quaes se deve reger a nova Associação, os quaes foram approvadospor unanimidade depois de uma breve discussão do art. 2. § 3.°.
Procedeu-se tambem á constituicão, em conformi-J 7
dade com o art. 2.0 § 3.° dos estatutos, de formação das mesas que ficaram compostas assim:
Pelos negociantes e fabricantes de carnes, Francisco da Costa Rodrigues, presidente, Emilio de Jesus Bisca e Joaquim Sequeira, secretários.
Pelos logistas, Antonio Victorino Rodrigues, presidente, José Antonio da
Duarte, secretáriosComo estes senhores se
não achassem presentes o sr. presidente deliberou que se officiasse, consultando-os, se acceitam ou não os cargos para que foram nomeiados.
Tomou depois a palavra o sr. Joaquim Miguel de Campos, que elogiou os trabalhos da Commissão Installadora e lhe propôz uni voto de louvor.
Não havendo outros assumptos a discutir o sr. presidente deu por encerrada a sessão;
Completou hontem, 2 1 do corrente, o i.° anniversario natalicio, o menino Joaquim, estremecido filho do nosso amigo Joaquim dos Santos Oliveira, digno secretario da administração do concelho.
As nossas felicitacÕes.
ISelivrssínce Deu á luz, com muita fe
licidade, no dia 19 do corrente, uma robusta crean ça do sexo masculino í estremecida esposa do nosso amigo, sr. José Maria de Vasconceilos Junior.
Parabéns.
C alce tan acssíoConsta-nos que a Cama
ra vae continuar em janeiro proximo com as obras de calcetamento, começando pela rua Formosa.
nt Está sendo levantada a planta e organisado o respectivo orçamento especial paraaconstrucção do novo mercado, afim de subir á approvação superior.
CASA LUCAS & Ç .aEstes senhores recom-
mendam ao publico o seu estabelecimento, que se acha completamente fornecido de bebidas finas de todas, as qualidades, próprias desta occasião.
Vidé 4-a pagina.
C O F R 1 O E P B R 03L«jy§
O P O R T A - B A N D E I R AAo major Mousinho dAlbuquerque
Eu ouso falar ao povo, que atravéz do mundo novo náo sabe como exultar;que em favor da sua crença, pela voz sublime,.immensa, seu brado faz escutar!
Sou um heroe do passado, a meu ver, inda que ousado, dos. mais.fracos nó condão; más p ’lo Direito e Justiça prompto-a-partilhar da liça,, d^endcndo o meu pendão.
le n h o a alma dum v.alente, e qual outro peito ar.lente esse què Èlv;is só proclama, voz levanto em toda a parte; erguendo, altivo, o Estandaite assignalado pela Fama!
E a Fama p Y o que é soldado e um dia se vê coroado o mais austero caudilho, que: na Patria — solio qu’rido, é sempre, inda que ferido, mais que um heroe,— e um filho!
Filho é o que empunha a lança da Justiça, e jamais cança quando luta com afan; que não recua nem foge,
.0 grande coração d'hoje, o campeão d’ámanhã!
Filho é todo o què batalha, o que rasga a alva mortalha, que envolve O Erro e a Luz, é o que ,dita a Verdade, e aponta co’a Liberdade essas Quinas de Jesus.
ANTONIO JOSÉ. HENRIQUES.
P E N S A M E N T O SA amisade é como um bom café; uma res frio não se
aquece sem pefder bastante do seu sabor'. — Kant.— Agouros em amor são prophecias escriptas na
areia.— Camillo C. Branco.— A mulher que se riu uma ve do marido não póde
mais amal-o. — Balzac.— A liberdade começa onde a ignorancia acaba.— Vi
ctor Hugo.— Sempre que nos nego cios do Estado os cidadãos
di^em: que me importa? deve-se crer logo que o E s lado está perdido. — Rousseau.
A N E C D O T A S
No comboio:— Jorge, meu filho, olha que se te debruças tanto, o
vento leva-te 0 chapeu.0 pae (tirando de repente 0 chapeu da cabeça do fi
lho, e escondendo-a alra7l das costas):— Bonito! Id se f o i elle!O pequeno solta um gi'ito, e quer começar a chorar,
mas 0 pae dii~lhe:— Socega, pequeno. Em eu assobiando, o chapeu
volta.Assobia, e põe o chapeu na cabeça do pequeno Jorge.— Vícs? cá está elle.0 pae e a mãe começam a conversar, nisto Jorge
atira com o chapeu pela portinhola, e di\ muito contente:— 0' papd, assobie outra ve .
_iiMiimimiiiMinmi_---------i i i f i i i i i i i i i M i i m i m ---------
0 lio Pancracio entra na casa dum amigo, e dispõe-se a afagar um rafeiro que encontra.
■--Não lhe toques, que te morde, brada-lhe o dono da casa.
— Então porquê?— Porque te não conhece.— Essa é boa! di\-lhe que sou o Pancracio, e logo
me fica conhecendo.
filhimiaaação eleetrieaFoi approvado por de
creto de 16 do corrente publicado no Diario do Governo n.° 287, o contracto da illuminação electri- ca desta villa, celebrado entre a Camara Municipal de Aldegallega e os senhores constructores Cardoso, Dargent & C.a.
Itesslí©Queixou-se na adminis
tração do Concelho, Antonio Cordeiro Catran, de que 110 dia 17 do corrente pelas duas horas da madrugada, Antonio Cebola e Eleuterio Domingues Junior, se introduziram no seu estabelecimento por meio de chave falsa, 11a Praça Serpa Pinto, e dahilhesub- trahiram uma porção de tabaco, 8 kilos de bacalhau e 240 réis em dinheiro, tudo no valor approximado a 4 $ 5 o o réis.
AGRICULTURA
U íliisaçãiíí textll «Ia giesta
Quem percorrer as vastas charnecas do paiz, a? alcantiladas serranias do interior ou os areaes fixados do litoral, terá occasião de obsevar a abundancia de giestaes que revestem e embellezam o nosso solo. Esta vegetação, tão es- pontanea entre nós, é muito secundariamente utilisa- da, senão, quasi em absoluto desprezada pela agricultura e inteiramente desconhecida pela industria, que, com bastante interesse, a poderia aproveitar. A giesta, sparlium junceum L., é uma planta têxtil; como tal se cultiva em toda a Asia, na Toscania, em França, na Hespanha, em Provença, etc., e para a sua utilisação fabril pratica-se do seguinte modo: Em seguida á épocha de floração cortam-se as giesteiras á foice e dispõem-se em feixes de 10 centímetros de diâmetro pouco mais ou
23 FOLHETIM
Traduccão de Ji DOS ANJOS
 ULTIMA CRUZADAxxvm
Fora de si, tendo arrancado do rosto a mascara glacial com que cumprimentará aquèllás pessoas cuja alegria secreta adivinhava, cujos .mentirosos apertos de mão mais lhe exacerbavam a dor, Guilherme atirou com os farrapos das luvas para o tapete.
A sr.a de Taillemaure estaca sentada. Voltara4he: as. costas e parecia inanimada.
O silencio obstinado da marqueza exasperava o sr. de Taillemaure.
Levantou-a com um movimento violento e ápertou-Ihé os pulsos que estallaram.
— A senhora é amante d’aquelle patife, confesse! gritou o sr. de Taillemaure.
Regina, fustigada por aquelle insul- ío, deitou-íhe um olhar máu.
— O senhor tem maneira de rústico, meu caro, não o sabia ainda! disse ella friamente.
Elle teve vergonha do seu arrebatamento, da sua força de homem. Perante o audaci.oj.o desafio da marqué- za to: nava.se dmido e tornou còm uma anyustia real:
^-Supplico-lhe, Regina...— E rinda que assim fosse, inter
rompeu, ella, ainda que tivesse cetíi- dõ.ás síipplicas do conde Mohilow,: dé' quem è:a a culpa?-. .. Tenho porventura cincoenta annos? Tenho fi
lhos que mé retenham em casa?... Só, sempre só ... Um marido que não sae da Bolsa, que não quer saber da mulher para nada!
A sr.a de. Taillemaure elevava a voz, prevenia as censuras com quei- xumès de esposa abandonada. Pintava a sua existencial como uiri longo martyrio em que as illusões se juntavam umas ás outras.
A final rjão. tivera defeza para o amor qne se lhe infiltrava no coração.
Quem a defenderá das-tentações?O marido esquecendo se d’élla du
rante o vefãq todo, nos banhos do mar, náo lhe escreve do, em tres me zes.de solidão, seiião. cartas abçrreci- das, eenquando o conde Mohilow a acompanhava pòr toda a pãrtè como uma sombra, ássaltava-a com as-suas ternuras respeitosas, ajudava-a, em
todas as horas lentas, a soffrer menos com o seu isolamento continuo.
E, com todo o impudor, Regina quasi que confessara o seu adultério. Glorificava-se d’elle, provocava o ma rido indignado. Depois mudou de comedia; correram-lhe as lagrimas. Soluçava.
Devia elle querer-lhe mal por ella ter procurado trazel-o para si excitando-lhe o ciume? Não amava, nunca amára seriamente senão a elle. O outro importunava a.
Mentia descaradamente, percebendo- bem que Guilherme a acreditava e não pensava senão em lhe perdoar.
— Náo falemos mais nTs.so, queres? disse'ella enxugando-os olhos e amei- gando-o com as doces entoações da sua voz.
Deitou-se nos braços do marquez
e. como elle lhe beijava loucamente os cabellos louros, disse-lhe algumas palavras em voz baixa.
O sr. de Taillemaure não-foi á Bolsa.
Fòra bom e clemente. Regina achou-o tolo, falto de energia.
O escandalo foi promptamente abafado. Não houve duello. nem processo de separação, como esperava a sr.a Stockford.
Arthur Krubstein' habitava n’um dos palacios seculares da rua Lou:s-le- Grand.
Recostado na poltrona, risonho, at- favel, recebia toda a gente, distribuia palavras melifluas, êvangelisava por conta da sociedade. Representava n’um dia vinte papeis differentes..
(Continua).
O DOMINGO
menos, que, por meio de uni maço de madeira dura, são fortemente batidos e collocados depois num fosso onde se conservam durante uma semana em permanente humidade, á custa de regas diarias nas hervas e palhas com que se cobre o fosso. São dalli retirados os molhos quando se nota que a giesta se acha amollecida suficientemente, o que de ordinário tem logar ao cabo de uma semana, e então soffre nova batedura até que as fibras se destaquem facilmente; seccam-se estas ao sol e espera-se pelo inverno para se proceder á es- padellagem. A filaça que resulta d’esta operação é assedada com um sedeiro de ferro, depois do que se dobra em estrigas, ficando assim prompta para se fiar em roca ou na roda. Trans- formada por este processo a fibra da giesta, obtem-se delia um producto textil delgado, flexivel e muito resistente.
M. Alexandre Vitalis, re- ferindo-se a elle, diz que nas aldeias pobres de Bas- Languedoc, raras são as pessoas que não usam a roupa branca fabricada com teia de giesta, um pouco avermelhada ao principio, embranquecida, porém, com o tempo, grosseira mas forte. Em Ceven- nes, onde o commercio deste textil é importante, emprega-se egualmen- te para factura de cordas, de redes e de saccas de duração egual á que teem as fabricadas com a pasta de papel.
Não é moderna esta ap- plicação das fibras de tão vulgar planta, pois que já pelos gregos, romanos e carthaginezes eram empregadas na fabricação das velas para os seus navios.
UM S O N H OfConclusiio)
Sahiram a respirar o ar puro da noite. Ella trajava de azul branco, como se o céo lhe tivesse dado um retalho do seu manto e a lua um beijo da sua luz prateada. Era um verdadeiro encanto.
— Amas-me, Deolinda?— Se te amo! Sinto-me
transfigurada por este amor que me enlouquece, que m enche de jubilo e de satisfação intima, que me faz voar o espirito para as regiões da phantasia, e dahi contemplar absorta o Universo naimmensidade das suas scenas maravilhosas, no
que elle tem de magestoso e sublime, de grandioso e divino, e afigura-se-me ver em tudo isto, perfeitamente estampado, esse teu perfil risonho, ouvir no mur- murio da brisa essa tua voz tão meiga, e admirar na scintillação das estrellas o brilho insinuante desses teus olhos, donde dimanam filtros, mágicos de amor; e hoje que temos por tecto o firmamento estrellado, por testemunhas estas florzi- nhas que a primavera faz desenvolver, por lampada- rio a lua, que banha de luz esta casa tão isolada, hoje, mais que nunca, sinto dilatar-se o meu coração de contentamento, porque te amo, porque te adoro, porque te estremeço, meu querido Luiz, anjo puro da minha alma! E confio tanto em ti e na tua dignidade, e é tão ardente este amor, que a esta hora, e num sitio tão deserto, da melhor vontade te concedi a entrevista que me tinhas pedido.
— Ah! quanto sou feliz em te ouvir essas palavras que traduzem um sentimento tão radicado no teu espirito, sentimento que brotou tão espontâneo, e que cá está, cá está gravado no intimo da minha alma, aureolado pela paixão que o gerou, illuminado pela chamma de um amor infindo, sentimento em que se resume esse meu idyllio querido, esse idyllio dos nossos amores, que é o meu thesouro, que é o nosso thesouro, Deolinda! Oh! amo-te muito, muito, Deolinda ...
As arvores, agora agitadas pela brisa, soltavam não sei que namorados queixumes; o rouxinol, oc- culto na folhagem, cantava mais ternamente; e a lua, a virgem das regiões side- raes, essa lá continuava arrastando o seu manto de luz no chão azul escuro do firmamento. Convulso, tremente, cheio de enthusias- mo, Luiz tentava cingil-a nos braços, e com aquelle esforço de imaginação, acordou.
Do exaltado sentimentalismo lyrico descambou no positivismo theorico, e assim pensava nesse sonho tão delicioso, tão phantas- tico e tão aureolado das rescendentes flores da poesia!
MENDES PIN HEIRO
Pedimos aos srs. assi- gnanles a quem já mandámos o recibo, a finesa de nos satisfazerem essa im- portancia em carta registrada, afim de nos evitarem mais despegas.
OS NOSSOS 1uitfMXimj A ecaisam os as. segsaisa- íc s assigiEaíssras recehi-
: elasDos éxm:ns srs. :
Antonio Marques Cepi- nha, um semestre, 5oo réis
José Maria de Vasconcellos Junior, um semestre, 5oo réis.
(ContinuaJ
A ssig u a tiira s dc fóra
Simphronio Fernandes Carvalho, um semestre, 5oo reis.
Antonio Ferreira dos Santos, um semestre, 5oo réis.
José Maria da Silva, um anno, iooo réis.
José Antonio Branco, um semestre, 5oo réis.
Joaquim Paulo da Costa, um semestre, 5oo réis.
D. Maria Pereira da Silva, um semestre, 5oo réis.
Manuel Ferreira de Vasconcellos, um anno, iooo réis.
Hypolito da Silva, um anno, iooo réis.
Francisco dos Santos Quaresma, um anno, iooo réis.
todos os credores incertos para assistirem á dita arrematação, e ahi usarem dos seus direitos.
Aldegallega, 3o de novembro de 1901.
o ESCRIVÃ O
Antonio Augusto da Silva Coelho.
Verifiquei a exactidão.
O JUIZ DE D IR E IT O
Antonio Augusto Nogueira Souto.
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ÍATEJANNU3STCIO
(!g.a P iiblieaiçã»)
No dia 29 do corrente mez, pelo meio dia, á porta do tribunal judicial (festa villa de Aldegallega, e nos autos de acção executiva por divida de fóros, que Domingos Tavares, viuvo, desta mesma villa, move contra João Pereira, serralheiro, residente na Moita, se ha de arrematar em hasta publica a quem maior lanço offerecer so bre o valor da sua avalia ção, o dominio util duma fazenda denominada «a Loureirai), situada nas Ar- rotheias, freguezia de Alhos Vedros, que se compõe de terras de semeadura, ba- cello novo e arvores de fru cto, foreira ao exequente em 9^600 réis annuaes, com laudemio de vintena avaliado em 5o i^ 6oo réis. Pelo presente são citados
ALDEGflLLENSEQuerendo o proprietário
deste acreditado estabelecimento provar a todos os seus estimáveis freguezes 0 seu excessivo reconhecimento, e dispensar-lhes eguaes attenções ás que todos lhe teem dispensado, resolveu mais esta vez por este meio, e por prospectos que mandará distribuir hoje e terça-feira, participar-lhes que no seu estabelecimento se acha á venda um semnumero de generos alimenticios, magníficos estimulantes do appe- tite, os quaes prenderão a attenção de todo aquelle que queira dignar-se visitar este. estabelecimento.
Penhoradissimo, pois, se mostra o proprietário para com os seus numerosos freguezes, enviando-lhes as BÓAS FESTAS, filhas da gratidão e não do interesse.
Este estabelecimento acaba de receber as finíssimas
B R O A S DE M I L H Ocom cidrão, e de especie.
Além das broas, muitos mais artigos que di\em respeito a mercearia.
B HO A S !!! B R O A S !!!
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ções de jornaes, taes como: Seculo, Pimpão, Parodia, Supplemento ao Seculo, e outros; assim como livros antigos de diversos idiomas.
N esta redacção se trata.
M A P P A S D E P O R T U G A L
Ha para vender mappas de Portugal, não coloridos, ao preço de 6o réis cada um.
Nesta redaccão se diz iquem os vende.
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4 O DOMINGO
D E P O S I T O DE l  I E i l i f í D E C J M f l t l í C C l ORUA DA PONTE — aldegallega
Tijolos das fabricas mais acreditadas do pais, em todas as qualidades, taes como: tijolo burro, furado, inteiro, de alvenaria, curvo para poços e mais applica- ções, rebatido, para ladrilho, assim como grande f o r necimento de telha de Alhandra, etc.
PREÇOS SEM OOMPETEN CIAp e d i d o s A C S r e s o r i o « J o s é A l e o h i a
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CORREEIRO E SELLEIRO 18, RUA DO FORNO, 18
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JOSE’ AUGUSTO SALOIOEncarrega-se de todos os
trabalhos typographicos.R. DE JOSÉ MARIA DOS SANTOS
A I.D K C ÍA I.i.iiC íA
COMPANHIAFABRIL SINGERP o r Soo réis semanaes se adquirem as cele
bres machinas SINGER para coser.Pedidos a AURÉLIO JO Ã O DA CRUZ, cobrador
da casa ArocòOK t& c .a e concessionário em Portugal para a. venda das ditas machinas.
Envia catalogas a quem os desejar, yo, rua do Rato y o — Alcochete.
MERCEARIA ALDEGALLENSEDE
José Antonio Kunes
A N T I G A M t R C E A I U A D 0 P O V ODl-;
D O M I N G O S A N T O N I O S A L O I OX ' e s í c e s t a h e S e c iM s a c j s ío e a i f o s o á r a - s e ã r e s i d a s»e5«s j s r e e o s m a i s e o u r i -
« l a t i v o s . i i u i r a s* ía < l« s o r t i n i e n í o <Ie g è x e r o s i t r o j í r i o s «1« S4‘ai r a m o «Se e o m - i n e r c i o . s»ffei*eí*e3E«l« |5«s‘ i s s « a s m a i o r e s g a r a i s á l a s a o s s e a i s e s t i m a r e i s f r e - S i s e x e s e a o r e s p e i t a r e i » Q ii» i ie o .
R U A DO C A E S — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
C d I M O DO POVOALDEGALLEGA DO RIBATEJO
Grande estabelecimento de /acendas por preços limitadíssimos, pois que vende todos os seus artigos pelos preços das principaes casas de Lisboa, e alguns
AINDA m a is b a r a t o sGrande collecção ddrtigos de Retroseiro.Bom sortimento d'artigos de F A N Q U E IR O .Setins pretos e de côr para Jorros de fatos para homem, assim como todos os
accessorios para os mesmos.Esta casa abriu uma SECCÃO ESPECIAL que muito util é aos habitantes
desta villa, e que e<T COMPRA EM LISBOA de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o \êlo na escolha, e o preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.
B O A C O L L E C Ç Ã O de meias pretas para senhora e piuguinhas para creança s de todas as edades.
A CO R PRETA D’ESTE A RTIG O E GARANTIDA A dima desta casa c GANHAR POUCO PARA VENDER MUITO.
JOÃO BENTO & N I N E S D E CARVALHO88, R. DIREITA, 90-2, R. DO CONDE, 2
D E P O S I T OD E
VINHOS, V INAGRES E AGUARDEN TESE FABBICA DE LICORES
fíiai iLiPtstrt 1 1 itiiiim i nitici it
JÍNSEN i C.— LISBOADE
CERVEJAS, GAZOZAS, PIROLITOSVENDIDOS PELO PRECO DA FABRICA
— L U C A S & C.A —L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
Neste estabelecimento encontra-se d venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos proprios do seu ramo de commercio, podendo por isso offerecer as maiores garantias aos seus estimáveis fregueses e ao respeitável publico em geral.
Visite pois o publico esta casa.
1 9 - L A . R a O T > J ± E G R E J A - 1 9 - A
Aldegallega «lo R ib atejo
Ot nO>t-1t - 1t nO>.
V in h osVinho tinto de pasto.de 1.». litro 5o rs.
)) » » » » 2.a, )) 40 »» branco » » i.a » 70 »)) verde, tinto.. . . » » 100 »» abafado, branco » » i 5o »)) de Còllãres, tinto » garrafa 160 »» Carcavellos br.Cu » ' » 240 »)) de Palmella.. . . >) » 240 »)) do Porto, superior » 400 »» da Madeira . . . . . . . » 5oo »
V inagresVinagre t nto de i.*,- litro.......... 60 rs,
» » n 2.ã, » .......... 5o »» branco » i.a, » .......... 80 »» » •» 2.a, » *.•..... 60 »
U e o r e sLicor de ginja de i.ai litro.. , ,. 200 »
)) » aniz » » » ........ 180 »)) 180 »» 180 »)) » hortelã pimenta......... 180 »
280 »Com a garrafa mais 6o réis.
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j A gu ard entes1 Alcool 40o.......... . . . . . . . l it r o| Aguardente de prova 3o°. »1 » ginja.................... »
» de bagaço 20o » i.aJ i) » » 20o » 2.a
» » » 18o.»» d figo 20o. »» » Evora 18o. »
Canisa ISraueaI Parati................................ litro1 Cabo Verde............................. »
1 Genebra........................ »
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O320 rs. U J320 » —1240 )) - J160 )) <i 5o140
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120 » U J140 )) Q
— 1<700 rs.
600 » |f18200 » ■tiS^oo » .136o»
1 CERYEJAS, GAZOZAS E PIROLITOSPosto em casa do consumidor
| Cerveja de M. rço, duzia....... 480 rs.| » Pilcener, » ....... 720 »1 » da pipa, meio barril . 75o »I Gazozas, duzia ..! Pirolitos, caixa, 24 garrafas...
420 »36o »
(a p ilé . l itr o « 8 0 eeis- com garrafa * 4 0 ré isE M A IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
PARA REVENDERV E N D A S A D IN H E IR O
PEDIDOS A LUCAS & C,A — ALDEGALLEGA