Dossier Pessoa
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Agrupamento de Escolas Albufeira Poente - Escola Secundária de Albufeira
A Arca de Pessoa
João Pimenta ,nº16, Vanessa Pires, nº34 -12ºA
Professora: Fernanda Lamy
Disciplina : Português 30 Novembro 2013
"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha
biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."
Ano letivo 2013-2014
Introdução............................................................................................................. Página 4
Breve nota biográfica............................................................................................ Página 5
Fotobiografia .........................................................................................................Página 6
Breve Antologia.................................................................................................... Página 8
Ortónimo ...................................................................................................Página 9
Heterónimo............................................................................................. Página 13
Época de Pessoa.................................................................................................. Página 23
Pessoa visto pelos outros.................................................................................... Página 25
Lista Bibliográfica.............................................................................................. Página 27
Diário Pessoa...................................................................................................... Página 28
Conclusão........................................................................................................... Página 30
Webgrafia........................................................................................................... Página 31
A este dossier temático , intitulamo-lo de " A Arca de Pessoa", pois neste
trabalho revive-se Pessoa, voltamos a memória de um grande génio, descobrindo mais
sobre a sua época, tanto a nível cultural como também a nível histórico e bibliográfico.
As escolhas efetuadas neste dossier foram feitas de modo a ser mais dinâmico,
de não ficar tao repetitivo de forma a abordar as várias temáticas de Pessoa e dos seus
heterónimos Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
As dificuldades na realização deste trabalho não foram muitas, apenas o
trabalho necessitava de ser feito com tempo, pois a seleção era essencial , para que o
trabalho ficasse coeso.
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de Junho de 1888.
Passa a juventude em Lisboa, viajando mais tarde para África do Sul, donde
regressa com 17 anos, frequentando o curso de letras. Ficou sobretudo conhecido como
grande prosador do modernismo em Portugal. Expressa-se tanto com o ortónimo, como
através de heterónimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Em vida
apenas publicou um livro em Português: o poema épico Mensagem, deixando um
extenso espólio que ainda não foi completamente analisado e publicado.
Pessoa morre a 30 de Novembro de 1935 (Lisboa), de uma grave crise hepática.
2.Fernando Pessoa com 2 anos
3.Fernando Pessoa com 10 anos
4.Fernando Pessoa com 17 anos, momento
em que regressa de Durban para Portugal.
5.Fernando Pessoa nos seus
primeiros anos em Lisboa
6.Fernando Pessoa em 1928
7.Fernando Pessoa num dos seus cafés predilectos o
Martinho da Arcada
1
Fernando pessoa com 1 ano
2 3
4 5
6
7
83.Fernando Pessoa (lado esquerdo), sua
mãe Maria Nogueira, seu irmão Luis
Miguel, seu padrasto João Miguel Rosa
e sua irmã Maria Henriqueta
9.Café que Fernando
Pessoa frequentava com
regularidade, A Brasileira
10.A sua ultima fotografia
8
9
10
Fontes: http://finestrino.files.wordpress.com/2011/01/brasileira-pessoa.jpg ;
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=4287
Se tudo o que há é mentira
Se tudo o que há é mentira,
É mentira tudo o que há.
De nada nada se tira
A nada nada se dá.
Se tanto faz que eu suponha
Uma coisa ou não com fé,
Suponho-a se ela é risonha,
Se não é suponho que é.
Que o grande jeito da vida
É por vida com jeito.
Fana a rosa não colhida
Como a rosa posta ao peito.
Mais vale é o mais valer,
Que o resto ortigas o cobrem
E só se cumpra o dever
Para as palavras sobrem.
Fosse eu apenas, não sei onde ou como
Fosse eu apenas, não sei onde ou como,
Uma cousa existente sem viver,
Noite de Vida sem amanhecer
Entre as sirtes do meu dourado assomo …
Fada maliciosa ou incerto gnomo
Fadado houvesse de não pertencer
Meu intuito gloriola com ter
A árvore do meu uso o único pomo …
Fosse eu uma metáfora somente
Escrita nalgum livro insubsistente
Dum poeta antigo, de alma em outras gamas,
Mas doente, e, num crepúsculo de espadas,
Morrendo entre bandeiras desfraldadas
Na última tarde de um império em chamas …
Meus versos são meu sonho dado
Meus versos são meu sonho dado,
Quero viver, não sei viver,
Por isso, anónimo e encantado,
Canto para me pertencer.
que salvamos, o perdemos.
O que pensamos, já o fomos.
Ah, e só guardamos o que demos
E tudo é sermos quem não somos.
Se alguém sabe sentir meu canto
Meu canto eu saberei sentir.
Viverei com minha alma tanto
Tanto quanto antes vivi.
Não tenhas nada nas mãos
Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.
RICARDO REIS
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.
À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,
E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
(Não para mais nos serve
A negra ida do Sol) —
Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.
E assim, Lídia, à lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõe roupas
O outrora componhamos
Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.
30 - 7 - 1914
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, 2000
RICARDO REIS
Cumpre a lei, seja vil ou vil tu sejas
Cumpre a lei, seja vil ou vil tu sejas.
Pouco pode o homem contra a externa vida.
Deixa haver a injustiça.
Não odeies nem creias.
Não tens mais reino do que a própria mente.
Essa, em que és dono, grato o Fado e os Deuses,
Governa, até à fronteira,
Onde mora a vontade.
Aí, ao menos, só por inimigos
Os grandes deuses e o Destino ostentas.
Não há a dupla derrota
Da derrota e vileza.
Assim penso, e esta mórbida justiça
Com que queremos intervir nas coisas,
Expilo, como um servo
Infiel da ampla mente.
Se nem de mim posso ser dono, como
Quero ser dono ou lei do que acontece
Onde me a mente e corpo
Não são mais do que coisas?
Basta-me que me baste, e o resto mova-se
Na órbita prevista, em que até os deuses
Giram, sóis centros servos
De um movimento imenso.
29 - 1 - 1921
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, 2000
RICARDO REIS
Não será melhor
Não será melhor
Não fazer nada?
Deixar tudo ir de escantilhão pela vida abaixo
Para um naufrágio sem água?
Não será melhor
Colher coisa nenhuma
Nas roseiras sonhadas,
E jazer quieto, a pensar no exílio dos outros,
Nas por haver?
Não será melhor
Renunciar, como um rebentar de bexigas populares
Na atmosfera das feiras,
A tudo,
Sim, a tudo,
Absolutamente a tudo?
ÁLVARO DE CAMPOS
Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
14 - 4 - 1928
ÁLVARO DE CAMPOS
Ah! Ser indiferente!
Ah! Ser indiferente!
É do alto do poder da sua indiferença
Que os chefes dos chefes dominam o mundo.
Ser alheio até a si mesmo!
É do alto do sentir desse alheamento
Que os mestres dos santos dominam o mundo.
Ser esquecido de que se existe!
É do alto do pensar desse esquecer
Que os deuses dominam o mundo.
(Não ouvi o que dizias…
Ouvi só a música e nem essa ouvi…
Tocavas e falavas ao mesmo tempo…
Com quem?
Com alguém em quem tudo acabava no dormir do mundo…)
12 - 1 - 1935
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002
ÁLVARO DE CAMPOS
Quando vier a primavera
Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
ALBERTO CAEIRO
Para além da curva da estrada
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
In Poemas Inconjuntos
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001
ALBERTO CAEIRO
Vive, dizes, no presente,
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
In Poemas Inconjuntos
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001
ALBERTO CAEIRO
1.Ultimato Inglês de 11 de janeiro de 1890
Fonte: http://lagosdarepublica.wdfiles.com/local--files/xxvi-o-ultimatum/26.jpg
2.A morte do rei D.Carlos ( regicídio de 1 de
Fevereiro de 1908).
Fonte:
http://files.essl11.webnode.pt/200000014-
664fc6749c/regicidio-01-a.jpg
1
2
3.A Implantação da república no dia 5
de Outubro de 1910
Fonte:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/c
ommons/2/20/Estremoz13.jpg
4.-1º Guerra Mundial (1914-1918)
Fonte: http://molhoingles.com/wp-
content/uploads/2012/10/Soldados-
Brit%C3%A2nicos-I-Guerra-
Mundial.jpg
5.Golpe de estado de 28 de Maio de
1926 e o aparecimento da Ditadura
militar
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-
TLCL46tYZXw/T8NBXPkXIDI/AAA
AAAAABFA/wdwyNhAmns0/s1600/
800px-
Desfile_de_tropas_28_de_Maio_1926.
jpg
6.Estado Novo de 1933
Fonte:
http://www.parlamento.pt/Parlamento/PublishingI
mages/constitucionalismo/Imagens_grandes/estad
o_novo_recepcao.jpg
3
4
5
6
(…) Curioso é o modo como se refere ao papel desempenhado por Cesário no
aparecimento de Alberto Caeiro. Cesário teria atuado apenas como um estímulo, como
um ponto de partida; o caminho traçado por Caeiro, depois, só a ele pertenceria. O
exemplo de Cesário teria posto em movimento, teria acionado uma energia que veio a
regular-se a si própria, a encontrar a sua própria direção. Cesário teria atuado junto de
Caeiro como um agente catalítico, como uma voz que o ajudou a descobrir-se, a revelar-
se a si próprio. A sua influência no autor de O Guardador de Rebanhos não se
processara, assim, ao nível da transmissão de «qualquer espécie de inspiração»; agira,
antes, como estímulo, como detonador da «inspiração». (…)
[Fernando J. B. Martinho, Pessoa e a poesia portuguesa – do “Orpheu” a 1960,
Biblioteca Breve ICLP, 1983, pág. 21]
(…) E, no entanto, aí estão os factos: de 1915 até 1917, Pessoa escreveu oito poesias,
cuja temática está relacionada com a Grande Guerra, e que nos permitem a nós definir
com toda a clareza desejável a sua posição perante o fenómeno da guerra na
generalidade. Creio que esta definição possui, nos tempos que correm, algum interesse,
pois o testemunho moral dum grande autor convém ser ouvido, mesmo que não exerça
qualquer influência imediata nos acontecimentos. (…)
[Georg Rudolf Lind, Estudos Sobre Fernando Pessoa, INCM, 1981, Fernando Pessoa
Perante a Primeira Guerra Mundial, págs. 425/426]
(…) Para Fernando Pessoa, recordar não é reviver, é apenas verificar com dor que
fomos outra coisa cuja realidade essencial não nos é permitido recuperar. Vimos da
sombra e vamos para a sombra. Só o presente é nosso, mas que é o presente senão a
linha ideal que separa o passado do futuro? Assim toda a vida é fragmentária, a
personalidade una é uma ilusão, não podemos apreender em nós uma constante que nos
identifique. O sentimento heraclitiano da transitoriedade das coisas conduz à negação do
eu. Viver no tempo é depararmo-nos com o vazio de nós próprios: «Quem me dirá
quem sou?» (…)
[Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, Editorial
Verbo, 1979, Ser e Conhecer-se, pág. 89]
(…) Não: a vida de Pessoa é na verdade a vida ideal do poeta; Pessoa é, como homem, a
imagem da imobilidade. Ninguém quis ser menos aparente; toda a sua vida se envolve,
não direi, porque detesto romantizar, de mistério, mas sim de discreto pudor, de amor ao
silêncio e à contemplação. (…)
[Adolfo Casais Monteiro, A Poesia de Fernando Pessoa, INCM, 1985, O Insincero
Verídico, pág. 89]
(…) Quais as razões psicológicas da inaptidão para o amor concreto e real – anímico e
físico –, tão dolorosamente manifestada por Fernando Pessoa?
Já vimos que o poeta foi um idealista e um grande romântico. E já observámos o seu
lado-Álvaro de Campos, isto é, uma certa pulsão homossexual, transparente nalgumas
das Odes do «engenheiro naval» e confessada em página íntima, onde diz: «sou um
temperamento feminino com uma inteligência masculina»; e «É uma inversão sexual
frustre. Pára no espírito».
Junto de Ophélia, o problema pode ter estado prestes a resolver-se, apesar das
interferências (episódicas) de Álvaro de Campos, isto é, do seu demónio interior, talvez
menos antimulher do que anticasamento. (…)
[António Quadros, Fernando Pessoa – vida, personalidade e génio, Publicações Dom
Quixote, 1984, pág. 174]
(…) Fernando Pessoa sabia perfeitamente (e desde muito cedo na vida) que, apesar do
génio de um ou outro dos seus amigos e companheiros, e de alguns outros na geração
seguinte, a primeira metade do século XX, em poesia escrita em português, seria sua,
para lá da grandeza que lhe daria um lugar muito próximo de Camões na história
literária. Eu ainda conheci muitas pessoas da geração dele, dos grandes e dos menos
grandes, e pude por mim próprio verificar quanto se curvavam ou tinham curvado à sua
indisputada superioridade intelectual, do mesmo passo que defendiam com unhas e
dentes de serem devorados ou transformados em «heterónimos» - o que faziam com
sorrir-se de tais mistificações, ou com acentuar a que ponto Pessoa insistia em dizer que
morreria sem realizar por completo a sua obra… (…)
[Jorge de Sena, Fernando Pessoa & Cª Heterónima (estudos coligidos 1940-1978),
edições 70, 2000, Fernando Pessoa: o homem que nunca foi, págs. 357/358]
Duarte, L. (2011 ). Potência e Negatividade em Fernando Pessoa. Editora Veredas &
Cenários
Castro, E. ( 2012). O paganismo em Fernando Pessoa - e sua projeção. Editora
Annablume
Martins, F. (2010). Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo. Editora Leya
Brasil
Pais, A. (2009) Fernando Pessoa, o menino da sua mãe . Editora Companhia das Letras
Moises, C. (2007) Conversa com Fernando Pessoa. Editora Ática
Saramago,J.(1998).O ano da morte de Ricardo Reis-14ªedição- Lisboa: Caminho
Lisboa, 21 de Novembro de 2013
Levanto-me com esperança que hoje não hajam tantos pensamentos a invadir o
meu ser, mas nada posso fazer, eles já me encontraram, o que eu dava para não ter este
sofrimento de pensar em demasia, apetece-me entrar numa maratona de escrita mas não
posso, combinei com Álvaro de Campos no Martinho da Arcada para tomar um café, ele
disse me que iria levar um amigo, questiono me quem será...
Saio de casa num passo acelerado, para ter a certeza que não perco o metro , ao
entrar nele não é com enorme espanto que encontro um amigo dos velhos tempos em
que vivia em Durban, Alexander Search era o nome dele, grande amigo não falava
muito bem português mas também não havia problema, pois o tempo que passei na
África do Sul permitiu me aprender inglês fluentemente.
Chego então á Praça do Comércio e avisto outro grande amigo, este era algarvio,
o grande Álvaro de Campos. Estava acompanhado com um sujeito de pele morena e
um pouco mais baixo que eu, chamava-se Ricardo Reis, era do Porto e médico. Após as
devidas apresentações entramos no Martinho da Arcada para bebermos o nosso café.
Reis mostrava ser de certa forma culto, tal como o meu amigo Álvaro mas cada um com
suas ideias. Todos nós gostávamos de escrever, enquanto Reis apoiava ideias como
epicurismo que procurava a felicidade através da tranquilidade , da moderação nos
prazeres de forma a evitar que sofressemos, Álvaro apoiava o futurismo e o
sensacionismo em que falava da sua atração pelas máquinas e elogiava a evolução da
industria, e eu nem sei ao certo definir esta minha escrita só compreendida por quem
sente esta minha alma de tão perdida que eu me vejo e estou sem mim. Depois de uma
boa tarde de convívio e de discussão dos mais variados temas , despedi-me então dos
meus queridos amigos e cada um seguiu o seu caminho .
Decidi então dar uma volta pelos Armazéns do Chiado, e acabo encontrando a
minha amada Ofélia, bela como sempre e sem nunca perder o seu brilho, lá estava ela de
volta dos livros na Fnac, fui ao encontro dela e convidei-a para almoçar, ela de bom
grado aceitou e lá fomos nós comer, sem nunca demonstrar muitos afetos um ao outro
pois sou um pouco reservado. Eu não gosto de chamar namoro ao que existe entre nós, é
uma palavra muito pesada, é algo mais semelhante com uma brincadeira de crianças
algo tão inocente e divertido que nos mantêm sempre com vontade de continuar a
brincar sem nunca nos fartarmos.
Fomos então ao café A Brasileira, que era um dos meus cafés prediletos, comer
algo para satisfazer o bichinho da fome, continuamos a nossa conversa ambos sempre
com um sorriso envergonhado na cara mas chegou a hora de voltarmos para nossas
casas de maneira a que o pai de Ofélia não desconfiasse de nada.
Finalmente ,cheguei a casa e os pensamentos que estavam dentro de mim
explodiram, agarrei na coisa mais semelhante a uma folha e larguei toda a minha alma
em versos. Pois eu não sou um poeta, quanto muito escrevo versos.
https://www.youtube.com/watch?v=CxC2P4YJOws
Este trabalho foi importante, pois permitiu nos contextualizarmos melhor sobre
o assunto retratado em sala de aula e num alargamento dos nossos conhecimentos,
vimos o papel que Fernando Pessoa teve a nivel da literatura nacional, através dos
heterónimos e do ortónimo em si usando vários estilos de escrita tornando-o um escritor
excepcional, através destas informações todas será nos mais fácil interpretar os poemas
tanto do ortónimo como do heterónimo. A atividade que gostamos mais desse dossier ,
foi a página do diário de Pessoa , que nos permitiu "reviver" e “recriar” o dia-a-dia de
Pessoa, imaginado á nossa maneira, sendo jovem e situado na nossa época.
http://www.tualinhas.pt/InfantoJuvenil/displayconteudo.do2;jsessionid=004764CDD31
6BDCC215F35E395F951CC?numero=23604
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=4291
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=4290
http://www.truca.pt/ouro/biografias1/fernando_pessoa.html
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=4289
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2250
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa
http://www.suapesquisa.com/biografias/livros_fernando_pessoa.htm