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Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos Salvador-Bahia 2012 GEOTECNOLOGIAS NA ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL DA RAIVA DOS HERBÍVOROS E NA EPIDEMIOLOGIA PAISAGÍSTICA DOS QUIRÓPTEROS NO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO E SEUS LIMÍTROFES, BAHIA Marta Mariana Nascimento Silva

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Universidade Federal da Bahia

Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia

Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos

Salvador-Bahia

2012

GEOTECNOLOGIAS NA ANÁLISE ESPAÇO

TEMPORAL DA RAIVA DOS HERBÍVOROS E NA

EPIDEMIOLOGIA PAISAGÍSTICA DOS

QUIRÓPTEROS NO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO E

SEUS LIMÍTROFES, BAHIA

Marta Mariana Nascimento Silva

Cristiane Carina Yuki

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MARTA MARIANA NASCIMENTO SILVA

GEOTECNOLOGIAS NA ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL DA RAIVA DOS

HERBÍVOROS E NA EPIDEMIOLOGIA PAISAGÍSTICA DOS QUIRÓPTEROS NO

MUNICÍPIO DE SANTO AMARO E SEUS LIMÍTROFES, BAHIA

Dissertação apresentada à Escola de Medicina

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da

Bahia, como requisito para a obtenção do título de

Mestre em Ciência Animal nos Trópicos, na área de

Saúde Animal.

Orientador: Drª. Maria Emília Bavia

Salvador – Bahia

2012

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Sistema de Bibliotecas - UFBA

Silva, Marta Mariana Nascimento.

Geotecnologias na análise espaço temporal da raiva dos herbívoros e na epidemiologia

paisagística dos quirópteros no município de Santo Amaro e seus limítrofes, Bahia / Marta

Mariana Nascimento Silva. - 2012.

96 f.: il.

Orientador: Profª Drª Maria Emilia Bavia.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária e

Zootecnia, Salvador, 2012.

1. Raiva - Epidemiologia - Aspectos ambientais. 2. Herbívoro - Doenças - Raiva.

3. Fatores abióticos. 4. Morcego - Distribuição geográfica. 5. Sistemas de

informação geográfica. I. Bavia, Maria Emília. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de

Medicina Veterinária e Zootecnia. III. Título.

CDD - 636.0896953

CDU - 636.09:616.98

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GEOTECNOLOGIAS NA ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL DA RAIVA DOS

HERBÍVOROS E NA EPIDEMIOLOGIA PAISAGÍSTICA DOS QUIRÓPTEROS NO

MUNICÍPIO DE SANTO AMARO E SEUS LIMÍTROFES, BAHIA

MARTA MARIANA NASCIMENTO SILVA

Dissertação defendida e aprovada para obtenção do grau

de Mestre em Medicina Veterinária Tropical.

Salvador, 29 de fevereiro de 2012

Comissão Examinadora:

___________________________________________________

Drª Maria Emília Bavia – MEV/UFBA

Orientadora

____________________________________________________

Drª Verena Maria Mendes de Souza – ADAB Salvador -Ba

________________________________________________________

Dr. Antonio Sergio Ferraudo – UNESP – Jabotical- SP

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iv

Dedico aos meus pais, irmãos e minha sobrinha

Gaby com muito carinho. Amo muito vocês!

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me dado o discernimento para prosseguir e

força para enfrentar nesta minha caminhada;

Aos meus pais Ailton e Marinalva pelo apoio incondicional sempre, amor, carinho e por

eu estar aqui hoje e aos meus irmãos Marina, Júnior e Alex por estarem sempre a disposição

quando eu preciso;

A Prof.ª Maria Emília pela orientação, acompanhamento, incentivo, amizade, apoio

incondicional, interesse declarado, pela confiança depositada e pelas oportunidades dadas à

minha carreira profissional;

Ao Prof. Antonio Sergio Ferraudo por ter me dado a oportunidade de trabalhar em

parceria com o Departamento de Estatística da Universidade Estadual de São Paulo, permitindo a

troca de experiências, tão importante para a formação de trabalhos, assim como a sua amizade;

A Agência de Defesa Agropecuária da Bahia pela liberação dos dados e apoio logístico

da pesquisa, em especial ao Médico Veterinário José Neder pelo respeito e disposição em ajudar

sempre. Sem você esse trabalho seria muito mais difícil! E também aos veterinários Paulo

Santana e Evandro Moraes pela ajuda nas atividades de campo. Obrigada!

Ao Centro de Desenvolvimento da Pecuária (CDP) pelo apoio na coleta de dados a

campo;

Á toda equipe do Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo Sistema de

Informação Geográfica (LAMDOSIG): a Deborah Carneiro, Luciana Cardim, Moara Martins e

Valdirene Brito pelo apoio e amizade. Aos mais novos integrantes da equipe: à Joara, pelo apoio

e responsabilidade, à Josélia pelo grande companheirismo em campo e nas palavras positivas

constantes, à João Kotula e Lázaro Reinaldo e Ricardo Lisboa pelo suporte. Aos alunos da

graduação Bruna Martins, Luciana Santos e Liliane;

Á Karelma Frontera pela amizade, paciência e sempre poder contar com você, muito

obrigada mesmo!

Aos amigos e colegas da pós-graduação Luciana Bahiense, Cândida Conrado, Paulo

Baiano, Gustavo Rodamilans, Elitiere Neto pelos momentos de descontrações e trocas de

experiências e amizade;

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para o meu trabalho.

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vi

“ Quem não sabe o que procura, nunca se reconhece no que encontra...”

(Autor desconhecido)

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ x

LISTA DE QUADROS ...................................................................................................... xi

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................ xii

RESUMO ............................................................................................................................ xii

ABSTRACT ........................................................................................................................ xiv

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 4

2.1. A Raiva ........................................................................................................................ 4

2.1.1. Brave Histórico ......................................................................................................... 4

2.1.2. Etiologia ................................................................................................................... 6

2.1.3. Distribuição Geográfica ............................................................................................ 7

2.1.4. Perdas Econômicas .................................................................................................... 9

2.1.5. A Cadeia Epidemiológica de Transmissão da Raiva ................................................ 10

2.1.6. Sinais e Evolução do Quadro Clínico ....................................................................... 12

2.1.7. Diagnósticos ............................................................................................................. 14

2.1.8. Tratamento ................................................................................................................ 16

2.1.9. Susceptíveis e Reservatório ...................................................................................... 17

2.1.10. Os Quirópteros ........................................................................................................ 18

2.1.11. Ecologia dos Desmodus Rotundus Relacionado à Epidemiologia da Raiva .......... 21

2.1.12. A Raiva e a Saúde Pública ...................................................................................... 26

2.1.13. Vigilância Epidemiológica – PNCRH .................................................................... 27

2.1.13.1. Fatores de risco e Ações de Surto ........................................................................ 29

2.2. Epidemiologia Paisagística e Geografia Médica ......................................................... 31

2.2.1. Geotecnologia ........................................................................................................... 32

2.2.2. Cartografia ................................................................................................................ 33

2.2.3. Global Positioning System (GPS) ............................................................................. 35

2.2.4. Modelo Digital de Terreno ....................................................................................... 36

2.2.5. Sistema de Informação Geográfica (SIG) ................................................................ 37

2.3. Modelo Linear Generalizado ....................................................................................... 38

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viii

2.3.1. Modelo Binomial ...................................................................................................... 39

3. ARTIGO .......................................................................................................................... 41

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 63

5. TRABALHOS EM ANDAMENTO .............................................................................. 63

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 64

7. ANEXOS ........................................................................................................................ 76

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ix

LISTA DE TABELAS

Página

ARTIGO

Tabela 1. Evolução espaço-temporal do índice de positividade para a raiva em herbívoros e

quirópteros diagnosticados no Estado da Bahia, na região estudada e no município de Santo

Amaro no período de 2004- 2009. ..................................................................................... 50

Tabela 2. Estimativas dos parâmetros do modelo para o período, “Deviance Residual – (DR)”,

Grau de Liberdade (GL) e p-valor da Deviance (sem influência da variável ano da apresentação

de casos) . ........................................................................................................................... 55

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x

LISTA DE FIGURAS

Página

REVISÃO DE LITERATURA

:

Figura 1: Distribuição do Risco da Raiva no Mundo ......................................................... 8

Figura 2: Cadeia Epidemiológica de Transmissão da Raiva ............................................... 11

Figura 3: Sinais Clínicos apresentados em bovinos ........................................................... 13

Figura 4: Imunofluorescência direta (IFD) .......................................................................... 16

Figura 5: Teste biológico ..................................................................................................... 16

Figura 6: Diaemus youngi .................................................................................................. 19

Figura 7: Diphylla ecaudata ............................................................................................... 19

Figura 8: Desmodus rotundus .............................................................................................. 20

Figura 9: Exemplos de Abrigos Artificiais: Ponte e Bueiro. ............................................... 22

Figura 10: Exemplos de Abrigos Naturais: Cavernas ......................................................... 22

Figura 11; Modelo Digital de Terreno ................................................................................. 36

Figura 12; Esquema de Montagem do SIG ......................................................................... 38

ARTIGO

Figura 1: Área de estudo: Santo Amaro e seus municípios limítrofes, Bahia. .................... 45

Figura 2: Mapas da evolução dos casos de raiva no período de 2004 a 2009 na área

estudada. .............................................................................................................. 53

Figura 3: Mapa da distribuição de abrigos em relação à altitude da área estudada ............ 56

Figura 4: Mapa da distribuição dos abrigos em relação à declividade

da área estudada . ................................................................................................. 57

Figura 5: Mapa da distribuição dos abrigos em relação á distribuição dos rios ................. 58

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xi

LISTA DE QUADROS

Página

ARTIGO

Gráfico 1: Distribuição das amostras de materiais biológicos de herbívoros e

quirópteros enviadas para o diagnósticos da raiva na Bahia e na área

estudada no período de 2004 a 2009. . .............................................................. 48

Gráfico 2 : Distribuição dos casos de raiva em herbívoros e quirópteros diagnósticados

pelo LACEN na Bahia e na área estudada no período de 2004 a 2009. . ......... 48

Gráfico 3: Distribuição dos casos de raiva e do índice pluviométrico mensal nos período

estudado. ........................................................................................................... 54

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS

ADAB: Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia

CDC: Centers for Disease Control and Prevention

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

DAS: Departamento de Saúde Animal

MDT: Modelo Digital de Terreno (Digital Terrain Model)

ESRI: Environmental Systems Research Institute

GPS: Global Positioning System

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFD: Imunofluorescência Direta

MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MDT: Modelo Digital de Terreno

NAVSTAR: Navigation System with Timimg and Ranging

OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde

PNCRH: Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros

RNA: Ácido Ribonucléico

SIG: Sistemas de Informações Geográficas

SINAM: Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SNC: Sistema Nervoso Central

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xiii

SILVA, M.M.N. Geotecnologias na Análise Espaco Temporal da Raiva dos Herbívoros e na

Epidemiologia Paisagística dos Quirópteros no Município de Santo Amaro e Seus

Limítrofes, Bahia. Salvador – Bahia. 96p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal nos

Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, 2012.

RESUMO

A raiva é uma zoonose viral, aguda, fatal e a sua epidemiologia está ligada a fatores ambientais

acometendo todos os mamíferos causando sérios prejuízos econômicos ao rebanho nacional. O

estado da Bahia é considerado endêmico para raiva e, no período de 2008 a 2009 foi registrado

um surto no município de Santo Amaro com acometimento macivo entre os bovinos. O número

de casos, praticamente, triplicou (74 casos) em relação aos demais municípios circunvizinhos e o

índice de positividade registrado para a doernca foi de 40,46% . Este trabalho teve como

objetivo mapear a evolução epidemiológica espacial e temporal da raiva entre os herbívoros e

quirópteros no município de Santo Amaro e seus limítrofes durante o período de disponibilidade

de dados (2004 a 2009), bem como analisar a influência de fatores abióticos relacionados ao meio

ambiente em relação à distribuição espacial dos abrigos de quirópteros na área de estudo. Para

distribuição temporal foram construídos mapas temáticos e utilizado o modelo linear

generalizado para verificação da associação entre a sazonalidade e o número de casos indicando a

existência de maior associação na estação de outono (OR = 2,6). Em relação aos fatores abióticos

foi evidenciada, através do modelo numérico de terreno, uma tendência para localização dos

abrigos em áreas de declividade acentuada (>40%) e altitude com variação de 44 a 178m. Já a

relação entre a hidrografia e a localização dos abrigos, mostrou uma distância com variabilidade

entre 8 a 3.518m. Estes resultados ratificaram a potencialidade do uso das ferramentas de

geoprocessamento para estudos epidemiológicos da raiva, admitindo um estudo dinâmico da

doença e suas variáveis ambientais, através da produção de mapas temáticos, oferecendo

informações para o poder decisório dos órgãos de defesa animal em suas intervenções.

Palavras Chave: geotecnologias, raiva, herbívoros, ecologia, quirópteros

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xiv

SILVA, M.M.N. Geotechnologies in the spatial temporal analysis of rabies in herbivores

and in the landscape epidemiology of the chiroptera in the municipality of Santo Amaro

and borderline areas, Bahia. Salvador, Bahia, 96p. Dissertation (Master in Animal Science in

the Tropics) - Veterinary Medicine School, Federal University of Bahia, 2012.

ABSTRACT

Rabies is a fatal, acute, viral zoonosis and its epidemiology is linked to environmental factors. It

affects all mammals, causing serious economic losses to the country’s herds. The state of Bahia is

considered endemic for rabies, and during the years of 2008 and 2009, in an outbreak in the

municipality of Santo Amaro, the positive cases tripled (74 cases) in comparison with

neighboring municipalities, being cattle the most affected group with positivity index calculated

in 40.46% of the cases. This study aimed to map the spatial and temporal epidemiological

evolution of the rabies outbreak among herbivores and chiroptera (bats), in the municipality of

Santo Amaro and borderline municipalities in Bahia State during the period of 2004 to 2009: as

well as analyze the influence of abiotic factors related to the landscape ecology such as

hydrography, altitude and slope in the spatial distribution of bats and their shelters in the study

area. Thematic mapping for temporal distribution were constructed and a general linear model

was used for investigating the association between seasonality and the number of cases, which

indicated a great association in the fall season (OR=2,6). Regarding abiotic factors, it was

evidenced, through a numeric elevation model, a tendency for the shelters to be located in areas

with accentuated slope (>40%) and altitude with variability between 44 to 178m. The relationship

between hydrography and the location of shelters, showed a distance with variability between 8

to 3.518m. Such results ratify the potential use of geo-processing tools for epidemiological

studies of rabies, assuming a dynamic study of the endemic and its environmental variables,

through the production of thematic maps, which provide information for decision-making

organizations of animal welfare in their interventions.

Keywords: geotechnologies, rabies, herbivores, chiroptera ecology

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1

1. INTRODUÇÃO

A raiva, encefalomielite aguda, uma das mais antigas viroses zoonóticas de altíssima

letalidade, traz na sua cadeia epidemiológica o Desmodus rotundus, morcego hematófago, como

principal transmissor da enfermidade para os herbívoros na América Latina e representa não só

um entrave para o desenvolvimento da pecuária em virtude dos prejuízos econômicos, mas

também, contemporiza a característica de grande problema de saúde pública (FERNANDES,

2007; MENEZES et al., 2008; KOTAIT et al., 2010).

Caracterizada por possuir uma alta capacidade de adaptação viral e ainda por adotar

como reservatórios várias espécies de animais, a raiva é considerada uma enfermidade

cosmopolita (KISSI, 1995; BELOTTO, 2000; BRADANE, 2001). Sua distribuição geográfica é

considerada mundial, entretanto alguns países como Japão, Nova Zelândia, Reino Unido,

Antártida e ilhas como Havaí são consideradas áreas livres, uma vez que não apresentaram

registros de casos autóctones da patogenia, em seres humanos e animais, durante um período de 2

anos (WHO, 2011).

Na América Latina, a raiva dos herbívoros é endêmica, obtendo altos índices de

mortalidade com registro anual de 100.000 bovinos acometidos, gerando prejuízos econômicos

ao redor de 30 milhões de dólares (KOTAIT et al., 1998; BRASIL, 2005). Segundo dados oficiais

do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2005), metade desse prejuízo ocorre no Brasil, onde essa

zoonose se apresenta com graus diferenciados de endemicidade de acordo com a região

geográfica observada. O prejuízo causado pela raiva no Brasil nos últimos dez anos é estimado

em, aproximadamente, 25 milhões de dólares a cada ano e vem se tornando mais um motivo de

grande preocupação e desafio por parte dos órgãos oficiais de prestação de serviço (KOTAIT et

al., 2010).

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2

No Brasil a doença é endêmica, apresentando variações de acordo com a região

geográfica afetada. Em face de sua distribuição desigual, em um mesmo país podem existir áreas

livres e outras endêmicas, apresentando eventuais epizootias (BRASIL, 2009a). Na Bahia,

estudos sobre a distribuição da raiva ainda estão em desenvolvimento e Santos et al., (2008)

verificaram que a doença entre os bovinos está distribuída por todo o Estado. Porém, a

identificação de áreas sem notificação sugere a possibilidade de possíveis equívocos na

interpretação da gravidade da doença em algumas áreas no estado.

O comportamento ecológico do Desmodus rotundus está diretamente relacionado à

presença de água, alimentos e a disponibilidade de abrigos que são fundamentais e, portanto

indissociáveis no norteamento da ocupação do espaço geográfico. Entre outras variáveis, a

declividade a hidrografia e sazonalidade também têm sido apontadas como facilitadores da

colonização desses animais.

Os morcegos hematófagos são bastante propensos a mudanças, consequentemente têm

uma grande capacidade de se adaptarem às modificações introduzidas pelo homem ao meio

ambiente (GREENHALL, 1963). Estudos para o controle da raiva vêm sendo direcionados

paralelamente aos de comportamento, controle e dinâmica de populações do morcego Desmodus

rotundus e, consequentemente, dos aspectos geográficos que favorecem a existência de abrigos

em certas áreas, em detrimento de outras (KOBAYASHI, 2006; KOTAIT et al., 2010).

Por sua vez, a epidemiologia do vírus da raiva pode sofrer influências dos fatores de

ordem ambientais desencadeados pelo homem principalmente, devido a alguns tipos de atividade

econômicas que geram alterações na natureza, como uso e cobertura do solo. Assim, para o

conhecimento do modelo epidemiológico da raiva, torna-se imperativo a compreensão da

organização do espaço geográfico em que a mesma se insere (SILVA, 2001, FERNANDES,

2007; GOMES, 2007; GOMES e MONTEIRO, 2011).

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3

O Estado da Bahia, que comporta 417 municípios é o maior rebanho comercial de

bovinos do nordeste brasileiro (BRASIL, 2006) e considerado endêmico para o vírus da raiva

entre os herbívoros e quirópteros. No entanto, no período de 2008 a 2009, o panorama

epidemiológico da doença sofreu modificações devido ao aumento do número súbito de casos

registrados na região do município de Santo Amaro e seus limítrofes, onde o percentual de

positividade praticamente triplicou deflagrando a ocorrência de um surto, passando, essa área a

ser considerada como de alta vulnerabilidade para a doença (BAHIA, 2008).

Com o objetivo de se conhecer a distribuição espaço temporal da raiva entre os

herbívoros e quirópteros, na região de ocorrência do surto, foram produzidos, para o período

2004-2009, mapas temáticos, que de acordo com Assunção et al., (1998) são importantes

instrumentos não somente para a análise espacial de determinadas doenças, pela sua capacidade

de descrição e simples visualização da distribuição espacial e temporal da ocorrência do evento

numa região de interesse, mas também, pelo seu poder exploratório que consiste em sugerir os

determinantes locais do evento e fatores etiológicos desconhecidos para a área permitindo dessa

maneira, a formulação de hipóteses a serem investigadas. Assim, esse trabalho se propôs também,

a analisar os índices de positividade, a frequência da distribuição da raiva entre os herbívoros e

quirópteros bem como, a influência de fatores abióticos relacionados ao meio ambiente como

clima, hidrografia e relevo.

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4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A RAIVA

2.1.1 Breve Histórico

O significado da palavra raiva se origina do sânscrito Rhabas, que significa fazer

violência. Considerada como um dos males mais temidos da humanidade, a raiva é uma das

enfermidades infectocontagiosa mais antiga do mundo (MEGID, 1996).

Os primeiros registros constam nos escritos de milhares de anos da Mesopotâmia e do

Egito gerados a partir das mordidas de cães “loucos”. Século XXX antes de Cristo, os cães de rua

eram denominados de “deuses da morte”, e a doença era reconhecida como sendo transmitida

desses animais para os humanos (BLAISDELL, 1994; KOPROWSKI, 2009).

Megid (1996) destaca os registros sobre a doença no Código de Eshumuna da Babilônia,

século XVIII antes de Cristo, onde foram encontrados os primeiros relatos em que descreviam a

enfermidade em cães e a evolução letal da doença.

No final do século XVI o italiano Girolamo Fracastoro descreveu pela primeira vez a

raiva furiosa em humanos com referência ao contágio em “feridas incuráveis”. A associação do

cão com a raiva já é conhecida desde a Antiguidade, em que o deus egípcio Sírius era imaginado

na forma de cão furioso e a raiva parecia ser prevalente durante o final do verão. Muitos filósofos

na época atribuíam esta questão sazonal devido ao stress pelo calor, fome e sede e esta teoria se

estendeu até o século XX (RUPRUCHET, 2002).

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5

O cientista alemão Zinke, em 1804, demonstrou a infecciosidade da saliva de cães

raivosos pela inoculação em coelhos sadios nos quais reproduziram a doença (MEGID, 1996).

Em 1813, François Mangendie e Gilbert Breschet efetuou a inoculação de saliva de paciente

humano raivoso em cães sadios, caracterizando, assim, que a raiva do cão e do humano era uma

só enfermidade (BEER, 1999).

Em 1879, Galtier estabeleceu a infecção rábica em coelhos por passagem seriada,

possibilitando a Pasteur em 1885 um enorme progresso com a produção da primeira vacina anti-

rábica, baseada na atenuação da amostra de “rua”, por passagens seriadas em coelhos que resulta

na perda da virulência para outras espécies, e no aumento da virulência da espécie que serviu para

as passagens. E estas linhagens são denominadas “vírus fixos ou de rua” sendo assim o ponto

culminante para a primeira vacinação em humanos (CORRÊA e CORRÊA, 1992; ACHA e

SZYFRES, 2003).

Nos animais silvestres a raiva já ocorria na Europa desde os tempos medievais. Foram

descritos na literatura entre as raposas, lobos, texugos e ursos assim como nos animais (MEGID,

1996).

Na América, foi descrito por Málaga-Albas (1954), a existência de morcegos

hematófagos desde a descoberta por Cristóvão Colombo na Ilha de Trindade em 1498.

Observou-se nesta época do início do período colonial que os bovinos e equinos morriam por

consequência das mordeduras de morcegos, porém atribuía-se erroneamente as mortes por perda

de sangue. A partir daí, estudos importantes sobre o diagnóstico da doença foram elucidados por

exames histopatológicos onde eram identificados os corpúsculos de Negri (BAER, 1975).

Já no Brasil, a raiva bovina foi descrita em 1911, pelo pesquisador italiano Antônio

Carini, em Santa Catarina nas margens do Rio Itajaí, no qual fez a alusão ao morcego hematófago

como o possível transmissor da raiva com base nos relatos de espoliações, sintomas clínicos e

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exames histopatológicos. (MALAGA-ALBA, 1954). Porém, somente em 1934, Queiroz Lima e

Álvaro Salles esclareceram definitivamente a modalidade da transmissão dos surtos de raiva

pelos morcegos hematófagos que ocorreriam naquela localidade e também no Estado do Mato

Grosso e solicitou maior atenção dos serviços de defesa sanitária em vista da extensão que essa

epizootia vinha assumindo na América Latina.

Silva et al., (2001), relatou em seu trabalho que a raiva bovina nas décadas de 10 a 40,

esteve localizada principalmente no litoral brasileiro e ainda teria uma possivel associação com

os processos de ocupação de solo.

2.1.2 Etiologia

O agente etiológico da raiva é um vírus de RNA com filamento único possuindo um

envelope lipoprotéico, com determinantes antigênicos específicos, onde é responsável pela

estimulação da formação de anticorpos neutralizantes, pertencente à família Rhabdoviridae que

compõem os gêneros Vesiculovirus (vírus da estomatite vesicular); Efermovirus (vírus da febre

efêmera bovina); Novirhabdovirus (vírus hematopoiético infeccioso) e Lyssavirus cujo

representante mais importante é o vírus da raiva, e espécie Rabie Vírus (RABV), (CORRÊA &

CORRÊA, 1992; KOTAIT et al.,1998).

Inicialmente os pesquisadores acreditavam que somente uma espécie do vírus da raiva

era responsável por causar a doença. Porém, foi possível classificarem o vírus através da

aplicação dos anticorpos monoclonais (KOTAIT et al., 2010). A Organização Pan-Americana de

Saúde (OPAS), desde 1996, iniciou um projeto para estudo da epidemiologia molecular do vírus

da raiva isolados nas Américas e no Caribe, utilizando painéis de anticorpos monoclonais cedidos

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7

pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Atlanta, USA e tornou-se possível a

identificação de seis perfis antigênicos pré-estabelecidos:

Variante 1 ou 2: cão, também isolada de humanos e animais silvestres terrestres.

Variante 3: Desmodus rotundus, também isolada de outras espécies de morcegos, animais

de companhia, domésticos, silvestres terrestres e humanos.

Variante 4: Tadarida brasiliensis, também isolada de outras espécies de morcegos não

hematófagas e animais de companhia.

Variante semelhante à variante 5: também relacionada a isolamentos de morcegos

hematófagos e em animais de companhia (BRASIL, 2005).

O gênero Lyssavirus, tinha então uma identificação inicial de quatro sorotipos. E esse

termo sorotipo foi substituído em 1994 pelo termo “genótipo” até então utilizado. Hoje em dia, a

classificação possui sete genótipos em todo o mundo, porém no Brasil somente o genótipo 1 foi

identificado (CARRIELLE JR et al., 2006).

2.1.3 Distribuição Geográfica

Caracterizada por possuir uma alta capacidade de adaptação viral e ainda por adotar

como reservatórios várias espécies de animais, a raiva é considerada uma enfermidade

cosmopolita (KISSI, 1995; BELOTTO, 2000; BRADANE, 2001).

Apenas em alguns países a raiva se encontra erradicada, como na Inglaterra, Irlanda,

Japão e países escandinavos que com medidas severas de vigilância e quarentena conseguiram

sua erradicação (FUNASA, 2002). No Brasil a doença é endêmica, apresentando variações de

acordo com a região geográfica e com grande importância dos quirópteros na manutenção da

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8

cadeia de transmissão selvagem. Em face de sua distribuição desigual, em um mesmo país podem

existir áreas livres e outras endêmicas, apresentando eventuais epizootias (KOTAIT et al., 2010).

Na Bahia, estudos sobre a distribuição da raiva ainda estão em desenvolvimento.

Entretanto, Santos et al, (2008 ) verificaram que a doença entre os bovinos está distribuída por

todo o Estado mostrando a identificação de áreas sem notificação sugerindo uma situação de

possíveis sub-notificações.

Figura 1: Distribuição do Risco da Raiva no Mundo

Fonte: Instituto Pasteur, 2008

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9

2.1.4 Perdas Econômicas

Além dos problemas causados à saúde pública, a raiva é um dos eventos desapontadores

do agronegócio mundial, pela perda total do animal que se converte em grandes prejuízos

econômicos (BRASIL, 2008).

Sendo endêmica, em quase todo o mundo, a raiva afeta aproximadamente 40 a 100.000

pessoas e cerca de 40 a 70.000 bovinos por ano. Estimativas do impacto econômico global dessa

enfermidade indicam um prejuízo ao redor de 44 milhões de dólares, principalmente em países

em desenvolvimento (BRASIL, 2008).

Ao se falar em prejuízos econômicos causados pela raiva em herbívoros, devemos levar

em consideração não somente as perdas diretas com as mortes dos animais de interesse

econômico para a pecuária, associadas à quebra da produção leiteira e da carne, mas também, às

perdas indiretas causadas pelo ataque dos morcegos hematófagos que ocasiona perda de sangue,

mudanças fisiológicas, perda do couro e infecções secundárias. Deve-se considerar também, a

mortalidade de outras espécies de morcegos benéficas ao homem e fundamentais ao meio

ambiente e o custo com o tratamento anti-rábico (BRASIL, 2008; OPAS, 2007).

No Brasil, mais de 40.000 casos foram notificados nos últimos dez anos. As avaliações

mais recentes indicam prejuízos aproximados de 25 milhões de dólares a cada ano, sendo

considerado um dos países que mais tem sofrido com as conseqüências da raiva dos herbívoros

(KOTAIT et al., 2010).

Em São Paulo, Valente e Amaral (1972) estudaram a incidência da raiva bovina e os

respectivos prejuízos econômicos, e observaram que cada notificação apontada por diagnóstico

clínico ou laboratorial correspondia à existência em média de seis animais mortos.

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10

Feital e Confaloniere (1998), no Rio de Janeiro durante o período de 1980 a 1992

consideraram como perdas diretas, um valor aproximado de US$ 5.778,386. 20 consequente da

redução da produção de leite e de carne. Com as perdas indiretas, foram estimadas em torno de

US$ 8.667,540. 30 para o pecuarista. A perda avaliada pelo poder público foi de

aproximadamente US$ 2.600,262. 09 referentes aos impostos não recolhido devido à perda na

produção, perfazendo um total aproximado de U$$ 17.046,162. 59 de prejuízos.

Na Bahia, não foi observado nenhum relato desse tipo de estudo.

2.1.5 A Cadeia Epidemiológica de Transmissão da Raiva

A raiva é uma encefalite viral aguda, disseminada em diversos países do mundo, seu

ciclo epidemiológico é classicamente dividido em: ciclo urbano, ciclo rural, silvestre terrestre e

silvestre aéreo (VELASCO – VILLA et al., 2006).

O ciclo urbano é mantido principalmente pela infecção de cão pra cão, sendo que através

deste ocorre à transmissão para o homem, considerado desta forma um grave problema de saúde

pública, por causa do relacionamento tão próximo entre as pessoas e seus animais de companhia

(FERNANDES, 2001).

O ciclo rural é transmitido principalmente por morcego hematófago, em especial o

Desmodus rotundus, que no campo infecta os herbívoros, tem sido, portanto, historicamente o

principal transmissor da doença nos animais de produção na América (UIEDA et al., 1998;

FERNANDES, 2001; KOTAIT et al., 1998).

Acredita-se que antes da inoculação dos rebanhos em uma pastagem formada

recentemente, os morcegos hematófagos viviam concentrados e deviam explorar a fauna silvestre

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11

como alimento, principalmente mamíferos e aves. Com a introdução de novos animais houve o

aumento da população de morcegos e sua expansão territorial (SAZIMA, 1978).

O ciclo silvestre da raiva possui grande relevância, pois dentro de um determinado

ecossistema, morcegos e outros animais silvestres, como carnívoros e roedores, podem ser

potenciais transmissores do vírus. No Brasil, foi identificado o vírus rábico em diversos animais

da fauna silvestre, como raposas (Dusicyon vetulus), guaxinins (Procyon cancrivorus), saguis

(Callithrix sp.), jaritatacas (Conepatus sp), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), morcegos

hematófagos (Desmodus rotundus) e não hematófagos (ictiófagos, insetívoros, etc) (UIEDA,

HARMANI e SILVA, 1995; GOMES, 2006; ALBAS et al., 2009).

Figura 2: Cadeia Epidemiológica de Transmissão da Raiva (Ciclos urbano, rural,

silvestre aéreo e silvestre terrestre) Fonte: Guia das Zoonoses

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12

2.1.6 Sinais e evolução do quadro clínico

É de fundamental importância conhecer os sintomas da raiva. O exame clínico correto

permite recomendar o sacrifício de animais em fase paralítica da doença para não causar prejuízo

ao diagnóstico laboratorial, para isto é necessário ter o conhecimento dos aspectos anatômicos e

fisiológicos dos mesmos. (KOTAIT et al, 2010).

O curso da doença é caracterizado pelo período de incubação variável e longo quando

comparado com outras viroses (CARRIERI et al., 2006). Esta variabilidade deve-se à idade do

animal (em animais jovens o período de incubação é menor), da localização e gravidade da

mordedura, com a proximidade de troncos nervosos e a quantidade de inóculo (JACKSON, 2002

e ACHA E SZYFRES, 2003).

Nos herbívoros domésticos (bovinos, equinos, asininos, caprinos e ovinos) o período de

incubação varia de 30 a 90 dias ou mais (BRASIL, 2008) em casos de ocorrência natural. Já em

infecções experimentais a média para os bovinos é de 15 dias, em ovinos é de 10 dias; em

equinos 12 dias e no homem varia de 2 a 10 semanas, em média 45 dias, embora exista relato na

literatura de até seis anos (LIMA et al., 2005).

O vírus da raiva aparece na saliva do D. rotundus duas semanas depois da infecção,

podendo se prolongar por três meses. Alguns morcegos podem morrer e outros podem

sobreviver. Após 48 horas dos primeiros sintomas, pode vir à morte dos quirópteros raivosos. O

período de incubação dos morcegos infectados naturalmente é de aproximadamente 30 dias,

experimentalmente, 17,5 dias (BREDT e SILVA, 1998).

Após esse período vêm os sintomas prodômicos no qual é facilmente confundido com

outras patologias possuindo sinais clássico tais como febre, cefaléia, inquietação, calafrios,

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13

cansaço e alteração no sistema respiratório (dispnéia, irritação da mucosa) e digestório (anorexia,

vômitos, diarréias). Já a média do curso clínico da doença é de 3,7 dias em bovinos, 3,25 dias em

ovinos e 5,5 dias em equinos (RADOSTITS et al., 2002).

Os seus aspectos clínicos podem ser apresentados em duas formas distintas, a raiva na

forma furiosa e na forma paralítica. A forma furiosa os animais infectados se comportam de

maneira agressiva podendo até atacar outros animais sendo considerada rara e, com sinais

clínicos de tremores musculares, inquietude, priapismo, hipersensibilidade no local de mordedura

do morcego hematófago e em muitas vezes ocorre o aumento da libido do animal (KOTAIT et al,

1998).

Já na forma paralítica, a mais predominante, o animal manifesta sinais de depressão,

prostração, incoordenação dos membros pélvicos, seguida de paresia e paralisia deles, ausência

do reflexo anal, paralisia da cauda, tremores da cabeça, diminuição da visão, opistótono,

bruxismo, salivação, fezes ressequidas ou escassas, retenção ou incontinência urinária e mugidos

e roncos (Figura 3) (REIS et al., 2003; LIMA et al, 2005).

.

Figura3: Sinais Clínicos apresentados em bovinos

Fonte: Instituto Mineiro (IMA)

REIS et al. (2003) em estudo com casos clínicos de raiva de bovinos no Estado da

Bahia, mostraram que 77,38% dos animais apresentaram apatia, 72,62% dos animais

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14

apresentaram reflexos centrais e periféricos diminuídos, 29,76% apresentaram movimentos de

pedalagem 44,05% dos animais apresentavam paralisia flácida e somente 22,62% apresentaram

comportamento agressivo.

No homem, as manifestações clínicas da encefalite rábica, baseiam-se em duas

alterações fisiológicas: hiperestesia e paralisia dos grupos de fibras musculares (CARRIERI, et

al., 2006). Portanto, o paciente apresenta hipersensibilidade aos estímulos sensoriais e alterações

no comportamento muscular, miofascirculações, sendo uma conseqüência da paralisia em grupo

de fibras musculares de diferentes músculos e com dificuldade de coordenação motora,

voluntarias ou involuntária (BRASIL, 2009; KOTAIT et al., 2010).

Os principais sinais clínicos da raiva em D. rotundus são: hábito alimentar diurno,

hiperexcitabilidade, agressividade, incoordenação motora, espasmos musculares, paralisia e

morte (KOTAIT et al., 1998). A infecção subclínica pode ocorrer quando o vírus se multiplica no

seu tecido adiposo sem invadir o sistema nervoso central (SNC). Isto os torna eficientes

reservatórios que podem causar infecções por meses ou anos por eliminação de secreção e saliva

(KOTAIT et al., 2007).

2.1.7 Diagnóstico

Como os sinais clínicos são variados e inespecíficos, o apoio laboratorial é

imprescindível para o diagnóstico da raiva (LANGOHR et al., 2003). É indispensável um

laboratório de diagnóstico da raiva para orientação e controle do programa da raiva, bem como

para orientar a vigilância epidemiológica visando à profilaxia nas áreas geográficas onde os casos

positivos forem notificados (ALBAS et al., 2005).

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15

O Artigo 34, das Normas Técnicas da Instrução Normativa Nº 05, publicada em

04/03/2002 (ANEXO 1), informa que todo animal suspeito deve ter o sistema nervoso central

coletado e rapidamente encaminhado ao laboratório para diagnóstico e rápida adoção de medidas

de controle, bem como 10% (dez por cento) dos morcegos hematófagos capturados.

De acordo com o Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva, (BRASIL, 2008) toda a

amostra deve ser encaminhada em condições de análise e devidamente identificada, e o tempo de

envio deve ser respeitado, ou seja, se a previsão de envio for de até 24h deve-se enviar

refrigerada, caso a previsão for entre 24 a 48h deve-se encaminhar congelada.

Atualmente, a imunofluorescência direta (IFD) em tecidos refrigerados ou congelados é

considerada a técnica de escolha, ou seja, padrão ouro para o diagnóstico da raiva pela sua

rapidez e acurácia (ZIMMER et al., 1990). Esta técnica consiste no exame microscópico de

fragmentos do sistema nervoso do animal infectado. Em muitas ocasiões, o material é enviado

fixado ao laboratório, impossibilitando a realização da análise (LANGORH et al., 2003) (Figura

4).

Para maior segurança, pode-se fazer a prova biológica, que consiste na inoculação do

vírus rábico em camundongos ou células para posterior realização de IFD do sistema nervoso

central. Tal técnica, quando realizada por profissional experiente, proporciona uma sensibilidade

de até 90% porém tem a desvantagem de demorar cerca de 3 semanas (GERMANO et al., 1977;

BRASIL, 2008) (Figura 5).

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16

Figura 4: Imunofluorescência direta (IFD) Figura 5: Teste biológico

Fonte: Instituto Pasteur Fonte: Instituto Pasteur

Além dessas duas, existe a prova para isolamento do vírus rábico em cultivo celular,

(BRASIL, 2008) e ainda a técnica histológica (coloração de Sellers) (KOTAIT et al, 1998).

2.1.8 Tratamento

Caracterizada como doença aguda, progressiva e fatal, ainda não existe tratamento para

a raiva animal, uma vez iniciados os sinais clínicos (BRASIL, 2009). O tratamento paliativo visa

minimizar o sofrimento do paciente (KOTAIT et al, 2009).

Somente para o ser humano, as vacinas anti-rábicas são indicadas para tratamento pós-

exposição. Há também o recurso da aplicação de soro anti-rábico homólogo ou heterólogo . A

imunidade passiva, conferida pela imunoglobulina anti-rábica, persiste, no máximo, por apenas

21 dias (BRASIL, 2009b).

O primeiro relato na literatura internacional, do tratamento de cura da raiva em humanos

foi nos Estados Unidos, em 2004 em que foi utilizada a sedação profunda e antiviral no protocolo

denominado Milwaukee e no Brasil (Protocolo Recife), tratamento semelhante foi efetuado num

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17

paciente de 15 anos em Pernambuco, no qual se obteve o mesmo sucesso (BRASIL, 2009b).

Entretanto, o tratamento da raiva ainda é um desafio para a saúde pública principalmente em

países em desenvolvimento.

2.1.9 Susceptíveis e Reservatórios

São susceptíveis a raiva todos os mamíferos, pois o vírus já foi isolado em quase todas

as espécies (WOLDEHIWET, 2002). Um reservatório é responsável pela manutenção do agente

em ciclos endêmicos entre os indivíduos, representando uma fonte de infecção para outras

espécies animais e para o ser humano.

Na América do Norte os principais reservatórios responsáveis pelo número mais elevado

de casos são os gatos seguidos pelos bovinos e canídeos (GROVES et al, 2008). Na América

Latina os tradicionais reservatórios são os cães (área urbana), os morcegos hematófagos e o

mangusto (Herpeste aeropuncatus) (área silvestre) (NADIN-DAVIS, 2000).

Porém, estudos filogenéticos e esquemas de vigilância epidemiológica têm demonstrado

um maior conhecimento de outros possíveis reservatórios (morcegos insetívoros (KOBAYASHI

et al., 2005), raposas (GOMES A, 2004), sagui-de-tufo-branco (Callitrix jacchus)

(FAVORETTO, 2001) e veados (PETERSEN et al, 2012) e a sua distribuição geográfica,

(KOBAYASHI et al,2005) com isso observa-se que dentro de um mesmo ecossistema uma ou

mais espécies de mamíferos podem transmitir o vírus (ACHA E SZYFRES, 2003).

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18

2.1.10 Os Quirópteros

Os quirópteros são os únicos mamíferos que têm a capacidade de voar, devido a seus

membros superiores transformados em asas, sendo por isso denominados de quirópteros, palavra

de origem gregra: “quiro” significa mão e “ptero” asa, possuem também hábito noturno e um

sistema de ecolocalização que lhes permite a orientação noturna e localização de suas vítimas ou

fontes de alimentos, denominado de “sonar dos morcegos” (NEUWEILER, 2000).

Os morcegos estão inseridos na Ordem Chiroptera que correspondente a segunda maior

ordem de mamíferos, superada apenas pelos roedores, e constituída por aproximadamente 1020

espécies reconhecidas e 117 gêneros pertencentes a 18 famílias (REIS et al., 2007). Entretanto,

possui duas subordens: Meegachiroptera (freqüentemente conhecido como morcegos frutívoros)

e Microchiroptera (MICKLEBURGH, HUTSON e RACEY, 2002). A primeira compreende uma

única família a Pteropodidae, sendo exclusiva do Velho Mundo, com 42 gêneros e 185 espécies.

Enquanto que a Microchiroptera possui 17 famílias, 157 gêneros e 928 espécies, onde está

disseminada em todo o mundo (MICKLEBURGH, HUTSON e RACEY, 2002; GUNNEL e

SIMMON, 2005). No entanto, esse número deve aumentar com a realização de inventários onde

existem lacunas de conhecimento, em especial, nas regiões Norte e Nordeste (PACHECO et al.,

2010).

Já foram registrados em todas as áreas do mundo, exceto no Ártico e Antártica e em

algumas ilhas oceânicas (MICKLEBURGH, HUTSON e RACEY, 2002). Esses animais

constituem uma grande variedade de fauna de mamíferos, em número de espécies e densidade

populacional, o que representa aproximadamente um quarto da fauna de mamíferos mundial

(TADDEI et al., 1991).

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19

Desempenham um importante papel na natureza, principalmente, em diversas áreas

tropicais e subtropicais, já que são responsáveis por espalhar as sementes, pela polinização de

flores e controle da população de insetos. Em muitos países, os morcegos são os principais

contribuintes para a biodiversidade dos mamíferos, enquanto que em alguns, em especial as

pequenas ilhas oceânicas, eles são os únicos mamíferos nativos e podem desempenhar um papel

vital como espécie chave nos ecossistemas (PORTELLA, 2010).

Apesar de sua função ecológica, os morcegos podem também ser transmissores de várias

doenças na America Latina (LANGONI et al., 2008), como a tripanossomíase em equinos

(RODRIGUES et al., 2005), brucelose, salmonelose, candidíase (CONSTANTINE, 1988) e

leishmanioses (LAMPO, 2000) e ainda caracterizados como o maior transmissor da raiva entre os

humanos e os outros animais (MEDIG, 2006; LANGONI et al., 2008). A forma mais comum de

se contrair infecção da raiva entre os morcegos é contato direto intra e inter espécies

(PACHECO, 2005).

O hábito da sanguivoria é conhecido em apenas três espécies de morcegos, pertencente

às subfamílias Desmodontinae e Phyllostomidae. O Diaemus youngii (Figura 6), Diphylla

ecaudata (Figura 7) que sugam sangue de aves, e Desmodus rotundus (Figura 8), que atacam

aves e mamíferos (REIS, 2007).

Figura 6: Diamus youngii Figura 7: Diphylla ecaudata

Fonte: UIEDA, 1996 Fonte: UIEDA, 1996

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20

Figura 8: Desmodus rotundus.

Fonte: SES- RJ.

No Brasil, a principal espécie animal transmissora da raiva ao ser humano é o Desmodus

rotundus, ficando o cão em segundo lugar, podendo ainda o morcego ser o principal responsável

pela manutenção do vírus no ambiente silvestre (SOUZA et al., 2005; BRASIL, 2010). Esta

espécie possui ampla distribuição em território nacional, seja em ambiente natural ou

antropizado, sendo assim a mais estudada, devido a sua grande importância econômica, social e

na saúde pública (KOTAIT et al., 2010).

Nas Américas foram notificados no período de 1995 a 2000 cerca de 105 casos de raiva

humana transmitida por morcegos (BELOTTO, 2001) e no Brasil, de acordo com o SINAN, 2009

(Sistema de Informação de Agravos de Notificação), nos últimos dez anos, houve uma mudança

no perfil epidemiológico da doença em que foram notificados 163 casos humanos, sendo que

47% (77/163) foram transmitidos por cães e 45% (73/163) por morcegos. Na década anterior

foram registrados 412 casos, dos quais 72% (297/412) tiveram o cão como agressor e 12%

(49/412), os morcegos. Isso demonstra a reemergência do ciclo silvestre e o controle do ciclo

urbano no país (BRASIL, 2010).

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21

2.1.11 Ecologia do Desmodus rotundus relacionados à epidemiologia da Raiva

A epidemiologia do vírus da raiva pode estar diretamente influenciada por fatores de

ordem ambientais desencadeados pelo homem e como este desempenha a atividade econômica na

natureza, como uso e cobertura do solo. Portanto, para conhecimento do modelo epidemiológico

da raiva, deve-se necessariamente compreender a organização do espaço (SILVA, 2001,

FERNANDES, 2007; GOMES, 2007; GOMES e MONTEIRO, 2011).

Os morcegos hematófagos são bastante propensos a mudanças, consequentemente tem

uma grande capacidade de se adaptarem às modificações introduzidas pelo homem ao meio

ambiente (GREENHALL 1963, GREENHALL, 1964).

Estudos para o controle da raiva vêm sendo direcionados paralelamente aos de

comportamento, controle e dinâmica de populações do morcego Desmodus rotundus e,

consequentemente, de aspectos geográficos que favorecem a existência de abrigos em certas

áreas, em detrimento de outras (KOBAYASHI, 2006; GOMES e MONTEIRO, 2011).

Os morcegos hematófagos utilizam como habitat uma variedade de abrigos, tanto em

ambientes naturais (Figura 9), como toca de pedra, grutas, cavernas e ocos de árvore, raízes a

beira dos rios e cupinzeiros ou em estruturas construídas pelo homem (Figura 10) como casas

abandonadas, pontes, bueiros, fornos de carvão, desde que se mantenha uma temperatura média

entre 21 e 23ºC e um mínimo de 45% de umidade (FLORES-CRESPO e ARELLANO-SOTA,

1991; GOMES, 2007; REIS, 2007; BRASIL, 2009a).

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22

Figura 9: Exemplos de Abrigos Naturais: Cavernas

Fonte: Méd. Vet. José Neder (ADAB)

Figura 10: Exemplos de Abrigos Artificiais: Ponte e Bueiro

Fonte: Méd. Vet. José Neder (ADAB)

As modificações da paisagem, principalmente em relação ao agronegócio, com aumento

da pecuária, as ações antrópicas que levam a adaptações de novas culturas têm contribuído para o

desalinho na morada tradicional dos morcegos, fazendo com que os mesmos migrem para outras

áreas e com isso há dispersão do vírus rábico (SILVA, 2001).

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23

Em relação a sua adaptabilidade, os morcegos hematófagos podem utilizar diferentes

tipos de abrigos para a sua sobrevivência. Os abrigos diurnos ou permanentes são aqueles que

alojam os morcegos na maior parte do tempo das 05:00 h às 18:00 h (TADDEI et al., 1991).

Existem também, os abrigos noturnos, onde os queirópteros permanecem o tempo

necessário para a digestão após a alimentação para voltar ao abrigo permanente. Esses abrigos

são geralmente usados de modo temporário e servem como locais de descanso e ambientação,

podendo ser utilizados antes ou após as refeições (SAZIMA, 1978).

Em estudo elaborado por Gomes e Uieda (2004) no estado de São Paulo sobre a

caracterização da estrutura física de 12 abrigos diurnos dos Desmodus rotundus, encontraram

tanto em abrigos artificiais (pontes, casas abandonadas, bueiros e fornos de carvão) (66,7%)

como em abrigos naturais (grutas) (33%) colônias demonstrando mais uma vez a versatilidade

adaptativa desses morcegos.

De acordo com agrupamento existem abrigos tipo “maternidade” em que agrupam as

fêmeas, seus filhotes e machos dominantes. Estes se caracterizam por apresentar elevado grau de

umidade e ambientes escuros e frescos, o que é mais comumente encontrado em grutas naturais

que só recebem sol pela parte da manhã. Os abrigos de machos solteiros são chamados de abrigos

“satélites” nos quais abrigam indivíduos jovens que não atingiram a maturidade sexual para

formar seus haréns (BRASIL, 2009a).

Algumas pesquisas sobre as condições ecológicas (registro da temperatura e umidade

relativa do ar) em abrigos observaram que os morcegos hematófagos necessitam de temperaturas

amenas para a sua sobrevivência. Os trabalhos de Villa –R e Villa-Cornejo (1971) na Argentina

mostram que as temperaturas dos abrigos colonizados variavam de 15,0ºC a 20ºC não obtendo

oscilações maiores que 3ºC. Malaga-Alba et al, (1971) no Peru conferiram que as temperaturas

nunca poderiam ser abaixo de 15ºC e umidade relativa em torno de 60,0%.

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24

Alencar (1994), no nordeste do Brasil observou que as temperaturas médias dos abrigos

eram de 22, 3 e 25, 5ºC e umidade relativa média foi de 79,5 e 89,0%. Portanto, características

ambientais não encontradas nestes abrigos, de acordo com Ruschi (1951), fariam com que os

morcegos hematófagos migrassem desses abrigos no período invernoso para outros municípios da

faixa litorânea, percorrendo um raio de 50 km em linha reta.

Taddei et. al. (1991), em relação à hidrografia, em seus estudos no estado de São Paulo

observou a existência de uma relação entre a distância dos rios e a presença de morcegos

hematófagos ocorrendo assim o desenvolvimento maior da epidemia da raiva nos municípios

banhados por estes rios.

Gomes e Monteiro (2011) apontaram que há uma aparente concordância espacial entre a

raiva e o relevo montanhoso, pelo fato dessas áreas oferecerem ambiente afável para o Desmodus

rotundus.

Ao estudar a reprodução e o ciclo reprodutivo das fêmeas de Desmodus rotundus,

Greenhall, (1964) em Trindad e Alencar (1994) no nordeste do Brasil concluíram que esta

espécie pode se reproduzir durante todo o ano, sem um período definido de reprodução, ou seja,

é considerada uma espécie poliéstrica e com gestação longa, podendo atingir 7 meses, nascendo

um filhote por vez, raramente gêmeos (KOTAIT et al., 2010). Entretanto, a maioria dos

nascimentos dos filhotes indica estar concentrada na estação mais quente e mais chuvosa

(TADDEI et al., 1991; ALENCAR et. al., 1994).

Wimsatt e Guerriere (1962), ao estudar a capacidade de alimentação dos Desmodus

rotundus no México durante o verão de 1957 e 1958, verificaram que as médias de sangue

consumido pelo morcego foram de 15,3ml a 16,0 ml. Já Greenhall (1964), em seus estudos

observou uma média de 18 ml de sangue desfibrinado por morcego durante a noite chegando até

25 ml, este também relatou que a água é essencial para o bem-estar dos morcegos hematófagos,

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25

ofertando a estes durante o dia nos meses de maio a junho até 150 ml de água, e a noite uma

variação do consumo de 10 a 113 ml.

Com relação aos quirópteros, alguns autores como Winsatt e Trapido (1952) e Málaga-

Alba (1954) estudaram a reprodução e ciclo reprodutivo de fêmeas da espécie Desmodus

rotundus murinus concluindo que o mesmo ocorria durante todo o ano não existindo, portanto

estação sexual definida.

Málaga-Alba (1954) concluiu também que esses animais deixam seus abrigos à procura

de alimento, percorrendo um raio de 15 a 20 km. Já Rusch (1951), no Espírito Santo sugere que o

Desmodus rotundus rotundus deixaria os seus abrigos no período de inverno e migraria para

outros municípios da faixa litorânea, percorrendo um raio de 50km em linha reta.

Goodwin e Greenhall (1961) observaram também em Trinidad, que os surtos de raiva se

iniciavam ao final da estação chuvosa, quando a precipitação pluviométrica era prolongada e

intensa, ocorrendo uma diminuição no período da seca.

Com as pesquisas de Greenhall (1964), sobre a biologia e ecologia dos morcegos, com

base nos estudos anteriores e também em decorrência das perdas anuais pelos surtos epidêmicos

da raiva na América Latina ressaltaram que a ocupação pelo homem e seus rebanhos alteraram a

ecologia dos morcegos hematófagos, tornando-os transmissores da raiva entre os animais

domésticos e o homem.

Taddei et al.(1991), ao analisar a raiva no Estado de São Paulo registraram o maior

número de casos no período de abril a julho e ainda um reduzido número de colônias de

morcegos no período da seca e frio. Verificaram também, que a expansão da doença pode ocorrer

numa velocidade mensal de 16 a 21 km, considerando os dois sentidos a partir do foco.

Em 1994, Alencar et al., analisaram a ocorrência da reprodução dos Desmodus rotundus

rotundus, na região tropical do nordeste brasileiro, existia em qualquer estação do ano, em

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26

consonância aos trabalhos anteriores de Winsatt e Trapido (1952) e Málaga-Alba (1954).

Verificaram também, que as condições termométricas ideais para a manutenção e fixação de

colônias na região nordeste do Brasil apresentavam médias de 22,3 a 25,5°C de temperatura e de

79,5% a 89,0% de umidade relativa do ar respectivamente.

Embora os avanços significativos nas pesquisas ocorram, a raiva permanece sendo um

grave problema de saúde pública e uma séria ameaça ao rebanho, sobretudo nos países

subdesenvolvidos e particularmente na América Latina dada a complexidade da sua cadeia

epidemiológica, que envolve um amplo número de espécies silvestres, dentre elas o morcego

hematófago (CAPORALE et al., 2009; FABER, DIETZSCHOLD e LI, 2009).

2.1.12 A Raiva e a Saúde Pública

A raiva pode ser considerada uma doença em re-emergência, possivelmente em razão

do relaxamento nas medidas de controle do morcego Desmodus rotundus, vetor da doença

(BARROS, 2009).

Os países da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) na década de 80 firmaram

como meta a eliminação da raiva humana transmitida por cães nas Américas até o ano de 2005 e

embora esta meta ainda não tenha sido alcançada, observa-se que num período de vinte anos

(1982 a 2003), um decréscimo de 91% no número de casos (OPAS, 2007).

Embora seja uma doença imunoprevenível, a raiva ainda representa um respeitável

problema de saúde pública em muitos países da Ásia, África, América Latina e no Oriente

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27

Médio pela sua evolução letal causando morte de mais de 55.000 pessoas a cada ano, e também,

pela quantidade de pessoas expostas ao risco (BELLOTTO, 2000; KNOBEL, 2005; CDC, 2010).

Um único caso de raiva humana representa a falência de um sistema de saúde

(BRASIL, 2000; BRASIL, 2006). A maioria dos tratamentos anti-rábicos pós-exposição ocorre

em áreas desfavorecidas de países em desenvolvimento, onde há sub-notificação de casos de

raiva humana, falta de diagnóstico e negligência de tratamento (SCHNEIDER et al., 1996).

O aumento de detecção de casos de raiva em outros mamíferos, como morcegos, raposas

e sagüis, e a identificação de novas variantes virais vêm apontando para uma mudança no perfil

epidemiológico da raiva no país, nos últimos dez anos, com a caracterização dos ciclos aéreo e

silvestre terrestre, além dos ciclos urbano e rural (BRASIL, 2010).

2.1.13 Vigilância Epidemiológica – Programa Nacional de Controle da Raiva em

Herbívoros (PNCRH)

O conceito de Vigilância no Brasil até a década de 50 era compreendido como o

conjunto de ações de observação sistemática sobre as doenças na comunidade, voltadas para

medidas de controle. Somente a partir da década de 60, essas ações ganham uma estruturação de

programa, incorporando as medidas de intervenção (WALDMAN, 1998).

Desde 1966, o Ministério da Agricultura, por meio da Divisão de Defesa Sanitária

Animal, instituiu o Plano de Combate à Raiva dos Herbívoros. Em 1973, foi criado o Programa

Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR) do Brasil, o qual consistia na promoção de atividades de

combate a esta doença, atuando no controle dos animais infectados, e no tratamento dos humanos

que tenham, possivelmente, entrado em contato com estes. (BRASIL, 2009a).

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28

Em 1976, foi criada a Portaria Ministerial nº 126, a qual expunha as atividades

profiláticas referentes à Raiva. Com este programa, observou-se uma redução no número de

casos, de 73 em 1990 para 17 em 2003. (BRASIL, 2005).

Atualmente, o programa denomina-se Programa Nacional de Controle da Raiva dos

Herbívoros (PNCRH) com legislação federal que aprova as normas técnicas a Instrução

Normativa Ministerial nº 5, de 1º de março de 2002 (Anexo I) e é executado pelo Departamento

de Saúde Animal (DAS) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

(BRASIL, 2009a).

Este programa se baseia em ações de Educação Sanitária cujo intuito é expor e

esclarecer as ações e medidas profiláticas relacionadas à raiva; defesa sanitária, como a vacinação

dos herbívoros e controle dos transmissores. (BRASIL, 2009a)

Na educação sanitária, deve-se utilizar a maior quantidade de fontes e meios de

informação possível, desde mídia impressa, mídia televisiva, representantes políticos ou

educacionais, para que o máximo de pessoas, criadores, ou membros da comunidade, sejam

atingidos, e tomem conhecimento da situação e risco (BRASIL, 2009a).

A vacina, criada em 1886 pelo microbiologista francês Louis Pasteur, possui duas

versões, atenuada e inativada. Nas medidas para controle da raiva, a versão utilizada é a vacina

inativada, administrada pelo proprietário do animal, bovídeos com idade igual ou superior a 3

anos, sendo os primovacinados, necessariamente, revacinados apos 30 dias. A imunidade

conferida pela vacina é no máximo, 12 meses. (BRASIL, 2009a)

O método utilizado para controle, efetivo, da população do Desmodus rotundus, e

também o recomendado e utilizado pelo PNCRH, é a aplicação de substâncias anticoagulantes ao

redor dos ferimentos causados pelos mesmos, também conhecido como método indireto, porém,

há outras formas, como a captura do morcego, método direto, que consiste na aplicação de pasta

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29

vampiricida no ventre do mesmo, seguido de soltura, para que, devido a seus hábitos de lamber

uns aos outros, estes possam ingerir a solução, e assim diminuir a quantidade de indivíduos

(ACHA E SZYFRES, 2003).

Existe também, não sendo, em hipótese alguma, a menos importante, o monitoramento

dos refúgios, onde é realizada uma análise topográfica e mapeamento do local, ou seja, do

município onde se localiza a propriedade. É feita a identificação de abrigos, ou refúgios, sejam

eles naturais ou artificiais, e seu devido georeferenciamento (BRASIL, 2009a).

2.1.13.1 Fatores de Risco e Ações de Surto

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL,

2009a), os principais fatores que contribuem para disseminação da raiva estão ligados à análise

de dois componentes:

Receptividade: que significa o conjunto de variáveis relacionadas com a capacidade de o

ecossistema acolher o Desmodus Rotundus, considerando-se a disponibilidade de

alimentos e de abrigos. A receptividade pode ser classificada como alta, média, baixa e

nula.

Os principais determinantes da receptividade:

o Ligados ao alimento: densidade de herbívoros/área útil; herbívoros/área de

pastagem.

o Ligados aos abrigos aptos: % de área com solo calcário; % de área de matas

permanentes; declividade do terreno; número e localização de abrigos naturais

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30

permanentes e temporários; quantidade de abrigos artificiais e número de

edificações com potencial utilização como abrigos para o transmissor; altitude.

Vulnerabilidade: conjunto de fatores relacionados à capacidade de ingresso do agente

transmissor numa área e a circulação viral. Estes fatores têm a função de propiciar a

difusão da doença para novas áreas e servem de facilitadores para que tal processo ocorra.

A vulnerabilidade pode ser alta, média, baixa ou nula. São determinantes da

vulnerabilidade:

o Instalação de usinas hidrelétricas, desmatamentos, construção de novas rodovias e

ferrovias, formação de novas áreas de pastagem, retirada abrupta de fonte

alimentar, inundações e outras alterações ambientais.

o Casos de raiva em herbívoros ou Desmodus rotundus no município e/ou em

municípios vizinhos.

o Casos de raiva em outros quirópteros e em outros mamíferos (variante 3)

(BRASIL, 2005).

Na Bahia, Lima et. al., (2007) identificaram áreas de risco para raiva dos herbívoros, de

acordo com estes componentes e verificaram que em todas as 16 Coordenadorias Regionais da

Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) que efetuam a vigilância nos 417

municipios baianos apresentaram risco em graus variados. Este estudo relacionou a concentração

de animais à substituição das coberturas naturais de cada região por grandes extensões de áreas

de pastagens. Tal fator propicia a alimentação abundante e de fácil acesso às colônias de

morcegos hematófagos.

Dias et. al., (2011) no Estado de São Paulo avaliaram qualitativamente, através da

metodologia de análise de risco pelos componentes de receptividade e vulnerabilidade, a

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31

probabilidade de ocorrência da raiva em herbívoros e sua associação á localização geográfica das

propriedades e concluíram que as áreas de risco poderiam ser prevenidas caso fossem adotada a

vacinação estratégica em áreas de risco elevado para a circulação viral.

2.2 Epidemiologia Paisagística e Geografia Médica

De acordo com Almeida Filho e Rouquayrol (2006), a epidemiologia é uma ciência

básica da saúde coletiva e que atualmente se constitui na principal ciência da informação em

saúde. O seu contexto se fundamenta nos elementos básicos de foco de investigação “Pessoa,

lugar, tempo”.

O uso do espaço como categoria de análise para compreensão da determinação e

distribuição das doenças nas coletividades é bastante antiga, atribui-se a Hipócrates (480 a.C) os

primeiros registros sobre a relação entre doença, local e ambiente onde ela ocorre (GONDIM,

2008).

De acordo com Milton Santos (2006), o espaço é o resultado do “casamento” da

paisagem com a sociedade. Estas relações são decorrentes da interação genética, ambiental e

entre pessoas (BARCELLOS E RAMALHO, 2002), e hoje inseridos, neste contexto, estão os

animais. O conhecimento do espaço geográfico em que a doença ou evento se configura e suas

inter-relações são elementos fundamentais na promoção de subsídios para a formulação das

estratégias para os programas de controle e tomadas de decisões.

Para Pignatti (2004), as condições para a transmissão de várias doenças são propiciadas

pela forma com que são realizadas as intervenções humanas no ambiente e que os problemas

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32

ambientais locais, tais como a degradação da água, do ar e do solo, do ambiente doméstico e de

trabalho, tem trazido impactos promovendo movimentação de animais e concentração de vetores.

O estudo das relações entre o espaço geográfico e as condições de saúde das populações

é feito pela geografia médica que também é conhecida como a geografia da saúde, Ecologia da

saúde ou mesmo Epidemiologia Geográfica que para Pessoa (1978) é a ciência que estuda a

distribuição e a prevalência das doenças na superfície da terra, bem como de todas as

modificações que nelas possam advir por influência dos mais variados fatores geográficos e

humanos.

Kitron (1998), ao estudar a epidemiologia e a ecologia da paisagem de vetores informou

que a distribuição espacial das doenças transmitidas por estes é ou está restrita tipicamente pela

distribuição geográfica do hospedeiro e/ou reservatórios e, por suas preferências de habitat.

Muitas doenças possuem um padrão geográfico bem definido tornando o seu

mapeamento imprescindível, principalmente, quando se considera a necessidade de vigilância

diante de uma epidemia, pois o conhecimento do padrão geográfico de distribuição das doenças

pode fornecer, entre outras, as informações sobre a etiologia e a fisiopatologia de determinados

eventos mórbidos (COSTA, 2002).

2.2.1 Geotecnologias

O Geoprocessamento é uma expressão, que engloba diversas tecnologias de tratamento e

manipulação de dados geográficos, através de programas computacionais. Dentre essas

geotecnologias, destacam-se: A Base Cartográfica, Sistemas de Posicionamento Global (GPS),

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e o Sensoriamento Remoto, que compreende em

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33

quatro elementos básicos que operam em um contexto institucional: hardwares, software, dados

e profissionais (CARVALHO, PINA e SANTOS, 2000; CARVALHO JR et. al., 2003). Por suas

características, as técnicas de geoprocessamento, em especial o SIG, em que a sua aplicação pode

ser um poderoso instrumento gerando considerações em vários estudos da epidemiologia

(CARVALHO, PINA e SANTOS, 2000; BAVIA, 2005).

De acordo com Bavia (2005), estas ferramentas vêm sendo úteis na identificação de

fatores de risco e de áreas favoráveis à manutenção de doenças, principalmente as que trazem na

sua cadeia epidemiológica a presença do hospedeiro intermediário ou do vetor.

2.2.2 Cartografia

Com a necessidade de entender o processo da relação existente entre a vida e o espaço

geográfico no qual estava inserido, o homem há centenas de anos, criou a cartografia para

representar o espaço e facilitar sua compreensão. Foi assim que nasceu a Cartografia e que

segundo Oliveira, (1998) a cartografia não é uma ciência, nem uma arte, mas um método

científico destinado a expressar fatos e fenômenos observados na superfície da terra.

Os mapas são representações gráficas, geralmente em uma superfície e em determinada

escala, das características naturais ou artificiais terrestres ou subterrâneas. Cada mapa tem a sua

própria característica representando elementos selecionados de um determinado espaço

geográfico (CARVALHO 1998; ROCHA, 2000).

Na visualização cartográfica os mapas são entendidos como ferramentas de análises,

tanto para planejadores como para cientistas e hoje, com o advento das novas tecnologias nas

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34

áreas de informática e computacional, a cartografia vem se tornando uma área cada vez mais

especializada, onde os seus dados são georreferenciados e, provenientes de levantamentos com

GPS, ortofotos e imagens de satélite, transformados em pontos, linhas ou polígonos em um plano

cartesiano georreferenciado, associados a símbolos e convenções que auxiliam sua leitura e

compreensão (ROJAS, BARCELLOS E PEITER, 1999).

O mapa básico é um mapa de orientação ou informações generalizadas e, absolutamente,

insuficientes para muitas e determinadas necessidades. Já os mapas temáticos devem cumprir a

sua função de identificação, localização e ainda de informação relativas ao local de ocorrência de

determinado fenômeno geográfico. Elaborados com a utilização de técnicas que objetivam a

melhor visualização e comunicação, distinguem-se, essencialmente, dos topográficos por

representarem fenômenos, geograficamente distribuídos sobre a superfície terrestre possibilitando

ainda, a visualização da informação desejada do ponto de vista qualitativo e quantitativo

(DEMERS, 1999)

A construção de mapas temáticos contendo dados de saúde depende da compatibilização

das informações tabulares epidemiológicas com as bases cartográficas digitalizadas, cuja

disponibilidade depende da unidade espacial escolhida. Dentre as possíveis unidades espaciais de

referência para dados ambientais e sanitários encontram-se o setor censitário, o bairro, a bacia

hidrográfica, o distrito sanitário, o distrito administrativo e o município (BARCELLOS E

BASTOS, 1996).

A maioria dos mapas epidemiológicos é formada por mapas temáticos. Os mesmos

representam instrumentos valiosos com três objetivos para a sua produção: O primeiro é

descritivo e consiste da simples visualização da distribuição espacial da doença na região de

interesse; o segundo, exploratório, consiste em sugerir possíveis determinantes locais de doenças

e fatores etiológicos desconhecidos que possam ser formulados em termos de hipóteses a serem

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35

investigadas e um terceiro objetivo que visa distinguir associações entre fontes potenciais de

contaminação e áreas de risco.

2.2.3 GPS – Global Position System

O Navigation System with timimg and Ranging – NAVSTAR – Global Positioning

System (GPS), consiste de 24 satélites que orbitam ao redor da Terra duas vezes ao dia em

trajetórias muito precisas e transmitem informações de posicionamento. O sistema GPS calcula

posições na terra, no mar e no ar a partir de posições conhecidas desses satélites no espaço.

(LETHAM, 1996).

O satélite GPS transmite continuamente sinais de rádio, que viajam a velocidade da luz,

levando somente seis centésimos de segundo para atingir o receptor no solo. O sistema é

composto por 24 satélites não geostáticos, a uma altitude de 20.200 km, distribuídos em seis

planos orbitais com uma inclinação de 55° em relação a linha do equador. Essa configuração

garante que, no mínimo, quatro satélites estejam sobre o céu do receptor de um usuário em

qualquer local da superfície terrestre a qualquer hora do dia, emitindo sinais codificados

(MONICO, 2000).

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36

2.2.4 Modelo Digital de Terreno

Um Modelo Digital de Terreno (MDT) é uma representação matemática computacional

da distribuição de um fenômeno espacial, que ocorre dentro uma região da superfície terrestre

(FELGUEIRAS, 2002). Dados de relevo, informação geológica, levantamentos de profundidades

do mar ou de um rio, informação meteorológica, dados geofísicos e geoquímicos são exemplos

típicos de fenômenos representados por um MDT (Figura 11) (FELGUEIRAS, 1997).

O MDT pode ser definido como a representação matemática de uma superfície, através

de coordenadas X, Y, e Z. O termo Digital Terrain Model – DTM foi utilizado inicialmente no

Massachusetts Institute of Tecnology – MIT, por volta de 1955, para projetos de estradas.

Atualmente, esta expressão traduz, não apenas a feição altimétrica de uma região, mas qualquer

outra característica do terreno a ser representada de forma contínua, como por exemplo,

temperatura, vegetação, hidrologia, geologia, poluição, tipo de solo, regiões do corpo humano e

outras (ROCHA, 2002).

Figura 11: Modelo digital de Terreno

Fonte: Prof. Rubens Angulo Filho

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37

2.2.5 Sistema de Informação Geográfica (SIG)

O SIG´s são ferramentas computadorizadas que possibilitam o manejo, o processamento

e a análise de informação (incluindo o de múltiplas variáveis, simultaneamente), permitindo

integrar grandes quantidades de dados de fontes diversas em mapas, gráficos e quadros, o que

significa que o SIG permite o processamento múltiplo de dados que normalmente exigem a

utilização de dois ou três programas computadorizados (CÂMARA E DAVIS, 2000).

As principais características de um SIG estão relacionadas com a sua capacidade de

inserção e integração, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de dados

cartográficos, dados censitários, imagens de satélite e modelos numéricos de terreno, oferecendo

mecanismos para combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação e análise

(CÂMARA E DAVIS, 2000).

Para que os SIG’s possam ser utilizados nas análises epidemiológicas é necessário o

acesso ao banco de dados relevantes a saúde. A integração do SIG e de dados epidemiológicos

ambientais, socioeconômicos entre outros, sobre determinado evento ou doença permite

visualizar os padrões de acontecimentos na saúde pública (BARCELLOS et al., 1998).

Assim, a investigação através de um SIG passa a ser o ponto de encontro de muitos

assuntos ligados a informação e a comunicação sendo possível recuperar informações não apenas

com base em suas características alfanuméricas, mas também através de sua localização espacial

(CÂMARA, 1996) (Figura 12).

A maior vantagem destes sistemas é o seu ambiente que proporciona a integração e

manipulação dos dados espaciais e seus atributos com o objetivo de se obter soluções rápidas e

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38

precisas para problemas relacionados ao comportamento espacial dos dados em análises ou

refinamentos sucessivos de análises por um processo interativo (BAVIA, 2005).

Nesse contexto, os SIG´s podem ser considerados como uma das mais efetivas

tecnologias existentes para facilitar os processos de informação e tomada de decisões em saúde

pública.

Figura 12: Esquema de Montagem do SIG.

2.3 Modelo Linear Generalizado

Em geral as modelagens estatísticas vinham sendo realizadas através da regressão

clássica. muito embora a aplicação deste tipo de modelagem exija fortes pressupostos sobre a

distribuição da variável resposta, que comumente não estavam satisfeitos (CORDEIRO E

S I

G

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39

DEMÉTRIO, 2007). Pensando-se em estabelecer modelos alternativos, que descrevessem bem

os dados observados, Nelder e Wedderburn (1972) propuseram os Modelos Lineares

Generalizados (MLG´s) como uma extensão da regressão clássica para casos em que a variável

resposta não seja necessariamente contínua e/ou normalmente distribuída. Sendo assim,

considerado entre os Estatísticos uma ferramenta bastante eficiente, tornando a modelagem mais

flexível para diversos tipos de dados (CORDEIRO E DEMÉTRIO, 2007).

Os MLG´s podem ser separados em três componentes:

o aleatório do modelo (membro da família exponencial de distribuições), a variável resposta; o

sistemático (η), constituído pelas variáveis independentes (descrevendo a estrutura linear do

modelo) e seus respectivos parâmetros e uma função monótona e diferenciável que liga o

componente sistemático ao aleatório (entre a média da variável resposta e a estrutura linear),

denominada função de ligação. Este modelo possue várias distribuições de probabilidade

importantes (discretas ou contínuas) como a normal, gama, poisson, binomial, normal inversa,

etc., são membros da família exponencial.

2.3.1 Modelo Binomial

O modelo o binomial que por sua vez é usado, principalmente, no estudo de dados na

forma de proporcões, e na análise de dados binários, como nos casos das análises probito

(FINNEY, 1952), logística (ou logit). A seguir o modelo será apresentado juntamente com sua

média e variância.

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40

A distribuição binomial com parâmetros e , tem função descrita pela

seguinte equação: . A média e a variância da

distribuição binomial são respectivamente, e , a segunda

também pode ser reescrita como função da média, , quando a função de

ligação utilizada é a função log (logito) tem-se o modelo logístico que descrito da seguinte pela

equação, também são apresentados o logito, a “odds” e a “odds ratio”.

.

Modelação estatística depende das características dos dados disponíveis. Para dados

dicotômicos com distribuições binomiais, o log (OR) ainda é o meio mais conveniente para

modelar a probabilidade de eventos resultado (NURMINEN, 1995).

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41

3. ARTIGO

Geotecnologias na análise espaço temporal da raiva dos herbívoros e na epidemiologia

paisagística dos quirópteros no município de Santo Amaro e seus limítrofes, Bahia.

Marta Mariana Nascimento Silva1; José Neder Moreira Neves

3; Otávio Alves Passos Neto

2;

Valdirene Silva de Brito1 Paulo Santana Amorim

3; Evandro Moraes

3 e Maria Emília Bavia

1

1 Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo Sistema de Informações Goegráficas

2 Instituto de Matemática – Universidade Federal da Bahia

3Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia

RESUMO

A raiva é uma zoonose viral, aguda, fatal e a sua epidemiologia está ligada a fatores ambientais

acometendo todos os mamíferos causando sérios prejuízos econômicos ao rebanho nacional. O

estado da Bahia é considerado endêmico para essa doença e no período de 2008 a 2009 foi

registrado um surto no município de Santo Amaro onde o número de casos praticamente triplicou

em relação aos demais municípios tendo os bovinos sido classificados como os animais mais

acometidos, com índice de positividade de 40,46%. Este trabalho teve como objetivo mapear a

evolução epidemiológica espacial e temporal da raiva entre os herbívoros e quirópteros no

município de Santo Amaro e seus limítrofes durante o período de disponibilidade de dados (2004

a 2009) e, analisar a influência de fatores abióticos relacionados ao meio ambiente em relação à

distribuição dos abrigos dos morcegos na área de estudo. Para distribuição temporal foram

construídos mapas temáticos e foi utilizado o modelo linear generalizado para verificação da

associação entre a sazonalidade e o número de casos indicando a existência de maior associação

na estação de outono (OR = 2,6). Em relação aos fatores abióticos foi evidenciado, através do

modelo numérico de terreno, uma tendência para localização dos abrigos em áreas de declividade

acentuada (>40%) e altitude com variação de 44 a 178 m, e com distância de 8 a 3.518 m de

fontes hidrográficas. Os resultados ratificaram a potencialidade do uso das ferramentas de

geoprocessamento para estudos epidemiológicos, no caso da raiva facilitou o estudo dinâmico da

doença e suas interações com as variáveis ambientais, a produção de mapas temáticos,

oferecendo informações substanciais para o poder decisório dos órgãos de defesa animal no

preparo das suas estratégias de controle da doença.

Palavras Chave: geotecnologias, raiva, herbívoros, ecologia, quirópteros

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42

Geotechnologies in the spatial temporal analysis of rabies in herbivores and in the

landscape epidemiology of the chiroptera in the municipality of Santo Amaro and

borderline areas, Bahia

Marta Mariana Nascimento Silva1; José Neder Moreira Neves

3; Otávio Alves Passos Neto

2;

Valdirene Silva de Brito1 Paulo Santana Amorim

3; Evandro Moraes

3 e Maria Emília Bavia

1

1 Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo Sistema de Informações Goegráficas

2 Instituto de Matemática – Universidade Federal da Bahia

3Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia

ABSTRACT

Rabies is a fatal, acute, viral zoonosis and its epidemiology is linked to environmental factors. It

affects all mammals, causing serious economic losses to the country’s herds. The state of Bahia is

considered endemic for rabies, and during the years of 2008 and 2009, in an outbreak in the

municipality of Santo Amaro, the positive cases tripled (74 cases) in comparison with

neighboring municipalities, being cattle the most affected group accounting for 40.46% of the

cases. This study aimed to map the spatial and temporal epidemiological evolution of the rabies

outbreak among herbivores and chiroptera (bats), in the municipality of Santo Amaro and

borderline municipalities in Bahia State during the period of 2004 to 2009: as well as analyze the

influence of abiotic factors related to the landscape ecology such as hydrography, altitude and

slope in the spatial distribution of bats and their shelters in the study area. Thematic mapping for

temporal distribution were constructed and a general linear model was used for investigating the

association between seasonality and the number of cases, which indicated a great association in

the fall season (OR = 2,6). Regarding abiotic factors, it was evidenced, through a numeric

elevation model, a tendency for the shelters to be located in areas with accentuated slope (>40%)

and altitude with variability between 44 to 178m. The relationship between hydrography and the

location of shelters, showed a distance with variability between 8 to 3.518m. Such results ratify

the potential use of geo-processing tools for epidemiological studies of rabies, assuming a

dynamic study of the endemic and its environmental variables, through the production of

thematic maps, which provide information for decision-making organizations of animal welfare

in their interventions.

Keywords: geotechnologies, rabies, herbivores, chiroptera, ecology

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43

INTRODUÇÃO

A raiva, encefalomielite aguda, uma das mais antigas viroses zoonóticas de altíssima

letalidade, se apresenta como endemica em toda a América Latina entre os herbívoros com

índices de mortalidade altos e registro anuais estimados em 100.000 bovinos, gerando prejuízos

econômicos ao redor de 30 milhões de dólares (KOTAIT, et al. 1998; BRASIL, 2005). Segundo

dados oficiais do Ministério da Agricultura (2005), metade desse prejuízo ocorre no Brasil, onde

essa zoonose se apresenta com graus diferenciados de endemicidade de acordo com a região

geográfica observada.

O estado da Bahia, que comporta 417 municípios e o maior rebanho comercial de bovinos

do nordeste brasileiro (IBGE, 2006) é considerado endêmico para o vírus da raiva entre os

herbívoros e quirópteros mantendo na sua cadeia epidemiológica o Desmodus rotundus, morcego

hematófago, como principal transmissor da enfermidade (FERNANDES, 2007; MENEZES et al.,

2008; KOTAIT et. al., 2010). No periodo de 2008 a 2009 o panorama epidemiológico da doença

sofreu modificações devido ao aumento súbito no número de casos registrados na região do

município de Santo Amaro e seus limítrofes, onde o percentual de positividade praticamente

triplicou deflagrando a ocorrência de um surto, levando essa área á categoria de alta

vulnerabilidade para a doença (BAHIA, 2008).

Levando-se em consideração que o comportamento ecológico do morcego vetor está

diretamente relacionado à presença de água, alimentos e à disponibilidade de abrigos que são

fundamentais e, portanto indissociáveis no norteamento da ocupação do espaço geográfico e a

presença de outras variáveis como a declividade a hidrografia e sazonalidade que também têm

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44

sido apontados como facilitadores da colonização desses animais em determinadas áreas, esse

estudo foi desenhado com o objetivo de se conhecer a distribuição espaço temporal da raiva entre

os herbívoros e quirópteros, na região de ocorrência do surto, seus índices de positividade;

frequência da distribuição; a influência de fatores abióticos relacionados ao meio ambiente como

clima, hidrografia e relevo,com relação aos abrigos de quirópteros e, ainda, fornecer subsídeos

para formulação de estratégias de controle da doença .

MATERIAL E MÉTODOS

A área geográfica desse estudo compreende o município de Santo Amaro e seus 11

municípios limítrofes (Amélia Rodrigues, Cachoeira, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe,

Feira de Santana, São Francisco do Conde, São Gonçalo dos Campos, São Sebastião do Passé,

Saubara e Terra Nova (figura 1), distribuídos em 4.144 km², representando 0,73% do espaço

geográfico do Estado da Bahia que abriga um efetivo bovino de aproximadamente 201.090

cabeças (BRASIL, 2006). A região apresenta clima úmido a sub-úmido, temperatura média anual

de 24ºC, precipitação de 1100 a 2000 mm apresentando período chuvoso entre maio a outubro e

altitude média de 40m; a vegetação é composta por caatinga, floresta estacional e floresta

estacional decidual (BRASIL, 2007; BRASIL, 2009c).

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45

Figura 1 – Área de Estudo: Santo Amaro e seus municípios limítrofes, Bahia.

A população foi composta a partir das fichas de informações dos materiais biológicos

encaminhados para diagnóstico da raiva no Laboratório Central de Saúde Pública – Professor

Gonçalo Moniz (LACEN/BA) no período de 2004 a 2009. As informações coletadas das fichas

foram: resultados positivos e negativos do diagnóstico de raiva em herbívoros (asininos, bovinos,

caprinos, equinos, muares e ovinos) e quirópteros notificados pela Agência Estadual de Defesa

Agropecuária da Bahia (ADAB); municípios de procedência do material, mês e ano de ocorrência

e espécie animal acometida. Foi calculado o índice de positividade (número de amostras positivas

/ nº. amostras examinadas x 100).

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46

A análise descritiva dos dados foi executada no software EPI Info 6,0 (CDC, 2000). A

partir desses resultados construiu-se os modelos lineares generalizados (MLGs) preconizados por

Nelder e Wedderburn (1972) utilizando o software R 2.8.0 (R Development Core Team, 2007)

como uma extensão da regressão clássica para verificar a associação entre as estações do ano e os

resultados das amostras enviadas ao LACEN/BA no período em estudo. Como esta variável

tinha 4 categorias (primavera, verão, outono e inverno), foram criadas 3 novas variáveis dummy

(Est-primavera, Est-verão, Est-Outono) tomando como referência a categoria inverno por

apresentar maior número de casos. Para tanto, utilizou-se um modelo logístico para dados

binários com família binomial e função de ligação log (logito)

, onde: π(x): E(Y) média da variável resposta e X=

Estações do ano que permite o valor de OR

.

Para testar a significância dos parâmetros do modelo empregou-se o teste Z (Teste de

Wald) e para a adequacidade do modelo utilizou-se a Deviance Residual (Desvio).

O Sistema de Informação Geográfica (SIG) foi montado a partir da sobreposição de

camadas de todos os abrigos georreferenciados dos morcegos hematófagos identificados pela

ADAB em malha cartografica digitalizada, da area de estudo, na projeção Universal Transversa

Mercator – UTM, Zona 24 S Datum WGS 1984; composta por mapas da divisão política,

hidrografia e rodovias oriunda do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado da Bahia

(2005).

Os dados usados na costrução do Modelo Digital de Terreno - MDT (elevação e

declividade) foram obtidos a partir das informações extraídas das imagens Shuttle Radar

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47

Topography Mission (SRTM) disponíveis no site da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA, 2005) com 90m de resolução espacial.

Através do módulo ArcMap software ArcGIS versão 9.3 (ESRI, 2009) foram criados

mapas temáticos mostrando a evolução dos casos da raiva entre os herbívoros e quirópteros no

período janeiro de 2004 a dezembro de 2009 assim como a relação das variáveis ambientais

(hidrografia, modelo numérico de altitude do relevo e declividade) com os abrigos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Estado da Bahia, a raiva entre os herbívoros e quirópteros tem sido relatada

constantemente em níveis diferenciados de endemicidade. De acordo com os registros do

LACEN/BA, no período de janeiro 2004 a dezembro de 2009, dos 417 municípios baianos,

57,6% (241) encaminharam material para diagnóstico da doenca. Das 1.593 amostras examinadas

de herbívoros e quirópteros, 0,56% (09) estavam sem condições de serem processadas e 23,38%

(372) foram diagnosticadas como positivas para toda Bahia. No mesmo período, o município de

Santo Amaro e circunvizinhos, área geográfica que representa 2,6% dos municípios baianos,

encaminharam 30,13% (480/1593) das amostras para exame laboratorial, sendo 46,46%

(223/480) de herbívoros; 13,15% (63/480) de quirópteros hematófagos e 40,41% (194/480) não

hematófagos.

Em todo a Bahia e na área em estudo verificou-se, pelo Gráfico 1, o aumento na taxa de

envio de amostras para exames laboratoriais para a raiva entre os quirópteros e para todas as

espécies de herbívoro. O mesmo aumento foi observado em relação ao número de casos da

doença (Gráfico 2). Um dos fatores contribuíntes para essas observações pode estar relacionado

ao incremento das atividades de vigilância epidemiológica na área (BAHIA, 2008). No entanto,

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48

280

472

60

292

160

263

186223

33412523

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

2004 2005 2006 2007 2008 2009

Nº de amostras na

Bahia

Nº de amostras na

área estudada

37

57

86

95

5

25

4941

56

1 3 5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2004 2005 2006 2007 2008 2009

Nº de casos na

Bahia

Nº de casos na área

estudada

deve-se levar em consideração as estimativas de subnotificações. Knobel et al. (2005),

assumiram como estimativa para subnotificação dessa doença, na África e Ásia, a taxa de 1 caso

notificado para 10 casos subnotificados. No Brasil fato semelhante pode ser observado em

algumas regiões (VALENTE e AMARAL, 1972; OPAS, 2007). Essa invisibilidade da ocorrência

pode estar relacionada ao não conhecimento dos sintomas da doença assim como, a falta de

fatores que propiciam o acesso ao serviço sanitário animal ou mesmo a ausência de um

laboratório de diagnóstico (OPAS, 2007).

Gráfico 1 - Distribuição das amostras de materiais biológicos de herbívoros e quirópteros

enviadas para o diagnóstico da raiva na Bahia e na área estudada, no período de 2004 a

2009.

Gráfico 2 - Distribuição dos casos de raiva em herbívoros e quirópteros diagnosticados pelo

LACEN na Bahia e na área estudada, no período de 2004 a 2009.

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49

A literatura indica que na epidemiologia viral, o vírus rábico é relatado mundialmente

entre os animais silvestres e os domésticos expostos à infecção (KOTAIT et al., 2009). Os

resultados dos índices de positividade em todo o Estado da Bahia foram de 33,42% (361/1080)

entre os herbívoros; 3,98 % (10/251) entre os quirópteros hematófagos e 0,39% (1/253) entre os

não hematófagos. Em relação às espécies envolvidas, nos 11 municípios estudados, 88 casos de

raiva foram diagnosticados sendo 40,46% (70/173) pela positividade entre os bovinos. Fato como

esse, vem sendo relatado para outros estados por Swango, (1997) e Albas, (2005) sinalizando

uma maior susceptibilidade dos bovinos para a enfermidade, porém devemos levar em conta a

proporção da densidade bovina nas áreas, pois esses dados podem superestimar esta suposta

susceptibilidade devido ao grande número de bovinos na área. Entre os demais herbívoros, os

equinos apresentaram positividade de 23,80% (5/21); ovinos de 15,40% (4/26) e asininos de

100% (1/1) estes animais foram avaliados somente a partir de 2008 em relação ao índice de

positividade para o vírus rábico. Entre os caprinos e muares não foi registrada a presença do

vírus. Os casos de raiva entre os ovinos são considerados raros no Brasil, sendo relatado na

Região Sul, por Rissi, (2008) e Patrício, (2009) no Rio Grande do Sul e no Paraná

respectivamente. Na Região Nordeste foram também relatados por Lima et al (2005) dois surtos

no sertão da Paraíba, onde um deles, aparentemente, ocorreu através da mordida de um cão e o

outro sem a devida apuração da fonte de infecção. Já na área estudada foram observados quatro

casos, um caso no município de Feira de Santana em 2008 e três casos no município de Santo

Amaro em 2009.

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50

Tabela 1. Evolução espaço-temporal do índice de positividade para a raiva em

herbívoros e quirópteros diagnosticados no Estado da Bahia, na região estudada e no

município de Santo Amaro no período de 2004- 2009.

Anos Bahia (n) Região Estudada (N) Santo Amaro (N)

2004 41 1 (2,4%) * 0 (0 %)**

2005 37 3 (8,1%) * 0 (0 %)**

2006 56 5 (8.9%) * 0 (0 %)**

2007 57 5 (8,7%) * 0 (0 %)**

2008 86 25 (29,0%) * 12 (14,0%)**

2009 95 49 (51,6%) * 33 (34,7%)**

Total 363 88 45

(*) Frequência de positividade da área em estudo em relação ao estado.

(**) Frequência de positividade do município de Santo Amaro em relação ao estado.

Com relação aos quirópteros, o Desmodus rotundus (Geoffroy, 1810), foi a única

espécie de morcego diagnosticada como positiva para o vírus rábico na área de estudo. O

acompanhamento dos casos de raiva se apresentava em situação de silêncio epidemiológico até

2004 pelo serviço veterinário oficial, deixando uma lacuna nos registros dos órgãos oficiais

responsáveis pelas informações sobre a doença. A partir do ano de 2004, a ADAB passou a

monitorar, e registrou até 2009 o total de 504 quirópteros na Bahia. Na área de Santo Amaro e

adjacências, 4,58% (257) do total dos quirópteros foram enviados para o LACEN, sendo 63

hematófagos. Nos anos de 2008 e 2009 foram observados em áreas indene para a doença um alto

índice de positividade de 12,69% (8/63), como nos municípios: Conceição do Jacuípe com 6,34%

(4/63), Santo Amaro 4,78% (3/63) e São Gonçalo dos Campos 1,58% (1/8) coincidindo com o

registro de casos positivos entre os herbívoros. É importante ressaltar que ações de controle dos

morcegos hematófagos, educação em saúde e a vacinação preventiva contra a raiva,

principalmente as espécies susceptíveis de interesse econômico, sob hipótese alguma pode ser

negligenciada.

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51

Os mapas temáticos, construidos mostraram que de acordo com Assunção et al., (1998)

são importantes instrumentos não somente para a análise espacial de determinadas doenças, pela

sua capacidade de descrição e simples visualização da distribuição espacial e temporal da

ocorrência do evento na região de interesse, mas também, pelo seu poder exploratório que nos

permitiu checar, atraves do efeito visual, a distribuição espaço temporal da raiva no municipio de

Santo Amaro e limitrofes (Figura 2). Nota-se que no início do trabalho (2004), apesar da

encefalite viral pelo Desmodus rotundus ser uma enfermidade de notificação compulsória,

45,45% (5/11) dos municípios foram classificados como silenciosos, ou seja, sem informações

epidemiológicas da doença. No período de 2004 a 2006 observou-se um decréscimo,

considerável, no número de municípios silenciosos porem, em 2007, a situação novamente

surpereende ao registrar 54,54% dos municipios como silenciosos (6/11). Nota-se também, a

partir do ano de 2008, o panorama epidemiológico da doença sofreu modificações, que sugerem

os possíveis efeitos positivos das ações da vigilância epidemiológica e educação sanitária nessas

áreas.

Verifica-se também na Tabela 1, que, na área de estudo, o percentual de casos positivos

da doença praticamente triplicou, sendo ainda maior em 2009 passando a representar 51,57%

(49/95) de todos os casos positivos ocorridos no Estado da Bahia originando o surto, ou seja, o

aparecimento súbito de grande número de casos da doença no município de Santo Amaro, cuja

área geográfica definida comporta uma extensão territorial menor que 1% da área total do Estado

da Bahia (JEKEL, 2005; CDC, 2000) causando muita preocupação por parte dos criadores e

profissionais responsáveis pelo serviço oficial de defesa agropecuária do Estado. Considerando-

se que a média de casos positivos para a doença em todo o Estado, no período de estudo, foi

X =60,5 com grande variabilidade na sua distribuição (S = 22,43), pode-se observar também pela

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52

Tabela 1 que essa média esteve sob forte influência do período do surto da doença ocorrido nesse

município, nos dois últimos anos do experimento (2008-2009).

Observou-se que município de Feira de Santana (Figura 2), que tem como limítrofes os

municípios de Conceição do Jacuípe, Santo Amaro e São Gonçalo, mantinha a epizootia desde o

início desse estudo, apesar de não registrar a presença de quirópteros infectados no seu território.

Porém, cabe registrar que os abrigos dos morcegos hematófagos foram detectados a partir de

2005. Esse fato nos leva a sugerir a existência de fatores intrínsecos e extrínsecos, inerentes aos

morcegos e aos herbívoros, que não foram contemplados nesse estudo, como o desequilíbrio

ecológico em decorrência das ações antrópicas e a destruição de áreas de alta biomassa, como as

encontradas nos municípios de Conceição de Jacuípe, Santo Amaro e São Gonçalo dos Campos,

que somadas às facilidades ambientais oferecidas e também a falta de vigilância dos animais

silvestres vem permitindo a movimentação de infectados para áreas sem circulação viral podendo

se tornar a fonte de contaminação dos herbívoros e quirópteros produzindo surtos de alta

proporção.

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53

Figura 2- Mapas da evolução dos casos de raiva no período de 2004 a 2009 na área de

Santo Amaro e muncipios limitrofes

Além disso, também podemos sugerir outras formas de transmissão para a doença, como

os animais silvestres terrestres como os canídeos silvestres e os primatas não humanos da área,

bem como reforçar a emergência na fiscalização da inter-relação da raiva com o ciclo silvestre,

assim como a raiva canina no meio rural.

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54

A distribuição temporal (sazonalidade) da ocorrência da raiva em herbívoros observada

no Gráfico 3, explicou um aumento considerável do número de casos durante o outono (meados

de março até junho) que apresenta, na Bahia, características históricas de período muito chuvoso

com precipitação pluviométrica média ao redor de 300 mm e temperaturas homogêneas variando

de 22ºC a 32ºC; e, no inverno (junho,

julho e agosto) onde as temperaturas são consideradas climatologicamente amenas variando de

20,3ºC a 26,4ºC (INMET,2009).

Gráfico 3: Distribuição dos casos de raiva e do índice pluviométrico mensal nos período

estudado.

Na análise do modelo linear generalizado foi testada a variável “estações do ano” sendo a

deviance residual (444,28) favorável a sua hipótese de adequacidade, visto que o valor obtido da

mesma esta próximo aos graus de liberdade de uma distribuição Qui-Quadrado com N-P graus de

liberdade (471) (Tabela 2). Esse resultado foi confirmado com o p-valor (p-valor = 0,8067> α =

0,05) mostrando que a variável Est-Outono foi significante no período, ou seja, esta estação do

ano se apresentou estatisticamente significante para o aparecimento de casos de raiva na região

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55

estudada. A chance (OR) de se obter o resultado positivo do teste de diagnostico (Y=1) no outono

(X1=Est-Outono=1) é 2,60 [1,4797; 4.5958] vezes maior do que essa chance no inverno

(X1=Est-Outono=0). Informações semelhantes foram relatadas no Rio de Janeiro e em Minas

Gerais (FEITAL E CONFALONIERI, 1998 e MENEZES et al., 2008). De acordo com esses

autores tais observações podem estar relacionadas a um possível aumento do número de

movimentos migratórios dos morcegos, normalmente reduzido no período de primavera/verão

período em que há aumento da precipitação pluviométrica, nessa região. Segundo Fernandes,

2001 a sazonalidade pode estar também, relacionada, ao ciclo biológico do morcego onde os

machos, na primavera, disputam as fêmeas e, após agressões mútuas, prevalece o dominante que

estimula os demais a procurarem outras colônias, levando consigo o vírus. Porém, Gomes e

Monteiro (2011), não encontraram respaldo na sazonalidade para os casos de raiva registrados no

estado de São Paulo sinalizando que os municípios com menores precipitações pluviométricas

podem induzir o deslocamento dos morcegos para áreas mais úmidas. Tais observações foram,

também, registradas nos nossos estudos (Gráfico 3).

Tabela 2- Estimativas dos parâmetros do modelo para o período, “Deviance Residual –

(DR)”, Grau de Liberdade (GL) e p-valor da Deviance (sem influência da variável ano da

apresentação de casos).

Parâmetros Estimativa

Erro

padrão

Deviance

Residual

(Desvio)

GL

p-valor

OR

Est-Outono 0,9585 0,2891

444,28

471 0,8067

2,60 [1,4797 ; 4.5958]

Quanto ao habitat dos morcegos, foram identificados um total de 90 abrigos com

características naturais (grutas, furnas e oco de árvores) e abrigos artificiais (pontes, casas,

cisternas abandonadas e bueiros), numa área de 4.144 km², havendo um aumento crescente com o

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56

passar dos anos. Como apresentado nas Figuras 3 e 4, o município de Santo Amaro foi o que

apresentou maior aglomeração de abrigos, obtendo 33% do total cadastrado na área. Pelo modelo

numérico de terreno e a carta de declividade verificou-se que estes abrigos estão localizados, em

maior intensidade, nas áreas onde o relevo se apresenta com altitude variando de 44 a 178m

coincidindo com as observações do Manual Técnico de Controle da Raiva dos Herbívoros, que

cita a predileção do Desmodus rotundus, em se abrigar em áreas com altitude menor que 2000

metros (BRASIL, 2009a). Com relação à declividade foi observado a presença de abrigos em

áreas declivosas (> 40%) caracterizados por Di Biasi (1992) como de relevo montanhosos e de

vales e confirmadas no estado de São Paulo por Gomes e Monteiro (2011). No contexto geral,

baseados na literatura clássica da raiva, essas informações indicam a receptividade desses

ambientes naturais ao estabelecimento dos abrigos.

Figura 3: Mapa da distribuição de abrigos em relação à altitude da área estudada.

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57

Figura 4: Mapa da distribuição dos abrigos em relação à declividade da área estudada.

As distâncias dos rios (Figura 5), até os abrigos foram calculadas entre 3.518m a 8m.

Informações semelhantes foram visualizadas por Taddei et al. (1991) e Gomes e Uieda (2004)

que apontaram áreas próximas aos rios e afluentes como locais de preferências para formação de

abrigos o que indiretamente poderá vir a facilitar o aparecimento de possíveis epizootias de

raiva. Considerando-se a ecologia dos morcegos, segundo (BOURHY, 1999 e RUPPRECHT et

al., 2002) esses fatores geográficos podem também operar como barreiras físicas promovendo a

evolução viral em nichos específicos.

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58

Figura 5 – Mapa da distribuição dos abrigos em relação à distância dos rios.

CONCLUSÃO

O uso das geotecnologias possibilitou o georreferenciamento dos abrigos, a sobreposição

dos mesmos e dos casos da doença, em malhas cartograficas permitindo a elaboração de mapas

temáticos georreferenciados da circulação viral da raiva e a sua evolução na área, bem como a

sua relação com a epidemiologia paisagística da região de estudo.

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59

A falta de consistência dos dados nos anos anteriores ao início da pesquisa atuou como

fator de impedimento para eleboração da análise retrospectiva histórica da área o que daria maior

sustentação aos nossos achados referentes à sazonalidade.

O conhecimento dos fatores ambientais associados à epidemiologia da doença pode vir a

ser utilizado como subsídio na revisão das estratégias atuais de controle e prevenção da raiva em

áreas consideradas de alta vulnerabilidade para a doença no estado da Bahia, porém os dados

obtidos necessitam de análise especificas com relação ao fator risco.

AGRADECIMENTOS

Á Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia pelo apoio logístico e utilização dos

dados.

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60

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste trabalho pode-se observar mais uma vez a importância das geotecnologias

nos estudos ecológicos permitindo correlacionar os fatores ambientais facilitadores da circulação

viral e sua visualização através dos mapas temáticos.

5. TRABALHOS EM ANDAMENTO

5.1 Estimativa Kernel no contexto da raiva em herbívoros e quirópteros no município Santo

Amaro e seus municípios limítrofes, Bahia.

5.2 Modelagem dos nichos ecológicos dos morcegos hematófagos capturados na Bahia

5.3 Análise de fatores para o uso e ocupação do solo na identificação de áreas de risco

para a raiva em herbívoros e quirópteros.

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76

7 ANEXO

7.1 Anexo 1

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 1º DE MARÇO DE 2002

Publicada no Diário Oficial da União de 04/03/2002, Seção 1, Página 3

Aprova as Normas Técnicas para o controle da raiva dos herbívoros domésticos.

O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso

da atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo único, da Constituição, tendo em vista

o disposto no art. 86, do Regulamento de Defesa Sanitária Animal, aprovado pelo Decreto

nº 24.548, de 3 de julho de 1934, e o que consta do Processo nº 21000.009298/2001-82,

resolve:

Art. 1º Aprovar as Normas Técnicas para o controle da raiva dos herbívoros domésticos, em

conformidade com o Anexo a esta Instrução Normativa.

Art. 2º O item “b”, do art. 3º, da Portaria nº 516, de 9 de dezembro de 1997, passa a vigorar com

a seguinte redação:

b) a incorporação da encefalopatia espongiforme bovina, da paraplexia enzoótica dos ovinos

(scrapie) e outras doenças com sintomatologia nervosa de caráter progressivo no sistema de

vigilância da raiva dos herbívoros domésticos, na forma a ser estabelecida em ato do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Fica revogada a Portaria nº 126, de 18 de março de 1976.

MARCUS VINICIUS PRATINI DE MORAES

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77

NORMAS TÉCNICAS PARA O CONTROLE DA RAIVA DOS HERBÍVOROS

DOMÉSTICOS

Capítulo I

Das Disposições preliminares

Art. 1º Para efeito destas Normas, considera se como proprietário aquele que seja possuidor,

depositário ou a qualquer título mantenha em seu poder animais susceptíveis à raiva.

Art. 2º O proprietário deverá notificar de imediato, ao Serviço Veterinário Oficial, a

ocorrência ou a suspeita de casos de raiva, assim como a presença de animais atacados por

mor-cegos hematófagos ou a existência de abrigos de tal espécie.

Art. 3º O Serviço Veterinário Oficial deverá tomar as providências necessárias ao atendimento

dos animais e à coleta de material para diagnóstico da raiva e de outras encefalites

diferenciais.

Art. 4º Os servidores que trabalham em laboratório ou em atividades de controle da doença

devem estar protegidos mediante imunização preventiva, segundo esquema recomendado pela

Organização Mundial da Saúde.

Capítulo II

Do objetivo e da estratégia de atuação do programa

Art. 5° O Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros tem como objetivo baixar a

prevalência da doença na população de herbívoros domésticos.

Art. 6º A estratégia de atuação do Programa é baseada na adoção da vacinação dos herbívoros

domésticos, do controle de transmissores e de outros procedimentos de defesa sanitária animal

que visam à proteção da saúde pública e o desenvolvimento de fundamentos de ações futuras para

o controle dessa enfermidade.

Capítulo III

Da Vacinação

Art. 7° Na profilaxia da raiva dos herbívoros, será utilizada vacina inativada, na dosagem de 2

(dois) ml, administrada pelo proprietário, através da via subcutânea ou intramuscular.

Art. 8º Nas áreas de ocorrência de raiva, a vacinação será adotada sistematicamente, em bovídeos

e eqüídeos com idade igual ou superior a 3 (três) meses, sob a supervisão do médico veterinário.

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78

§ 1° A vacinação de bovídeos e eqüídeos com idade inferior a 3 (três) meses e a de outras

espécies poderá ser realizada a critério do médico veterinário.

§ 2° Animais primovacinados deverão ser revacinados após 30 (trinta) dias.

Art. 9° O atestado de vacinação anti-rábica será expedido por médico veterinário, sendo válido

pelo período de proteção conferido pela vacina usada.

Parágrafo único. Para complementar a comprovação da vacinação, poderá ser solicitado ao

proprietário dos animais:

I - a nota fiscal de aquisição da vacina, a qual deve constar o número da partida, a validade e o

laboratório produtor;

II - a anotação da data da vacinação, o número de animais vacinados por espécie e a

respectiva identificação dos animais.

Art. 10. A duração da imunidade das vacinas para uso em herbívoros, para efeito de revacinação,

será de no máximo 12 (doze) meses.

Capítulo IV

Da Produção, Controle e Comercialização de Vacinas

Art. 11. A produção e o controle de todas as partidas de vacina obedecerão às normas do

Departamento de Defesa Animal, junto ao qual todas as vacinas deverão estar previamente

licenciadas.

Art. 12. Só será aprovada vacina com prazo de validade igual ou superior a 1 (um) ano.

Art. 13. Desde a produção até seu uso, a vacina anti-rábica deverá ser mantida em temperatura

entre dois e oito graus centígrados.

Art. 14. Sempre que exigido pelo Serviço Veterinário Oficial, o estabelecimento responsável

pela comercialização da vacina fica obrigado a comunicar a compra, a venda e o estoque de

vacina.

Art. 15. Sempre que necessário, será procedida a coleta, para análise fiscal, de vacinas anti-

rábicas, elaboradas no país ou importadas, onde quer que se encontrem, visando à avaliação da

sua eficácia.

Capítulo V

Do Controle de transmissores

Art. 16. As equipes que atuam em focos de raiva deverão realizar inquéritos para determinação de

outras espécies que não a dos morcegos, que possam atuar como transmissores.

Art. 17. O método escolhido para controle de transmissores dependerá da espécie animal, da

topografia da região e das possíveis restrições legais.

Art. 18. Até que sejam realizados estudos a respeito de outros produtos, o método para o

controle de morcegos hematófagos basear-se-á na utilização de substâncias anti-coagulantes.

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79

Art. 19. A aplicação de substâncias anti-coagulantes em morcegos hematófagos deverá ser

realizada sob a supervisão de médico veterinário.

Art. 20. A aplicação de substâncias anti-coagulantes, ao redor das lesões recentes

provocadas por morcegos hematófagos em herbívoros, deverá ser feita pelo produtor, sob

orientação de médico veterinário.

Art. 21. As substâncias anti-coagulantes e as redes de “nylon” empregados no controle de

morcegos hematófagos constituem materiais de uso exclusivo do programa.

Art. 22. Em refúgios, recomenda-se a utilização de outros métodos de controle de morcegos

hematófagos, desde que os locais sejam de fácil acesso e apresentem condições para os

trabalhos, a critério do médico veterinário.

Art. 23. Os refúgios de morcegos hematófagos, notadamente os da espécie Desmodus rotundus,

notificados ao Serviço Veterinário Oficial, deverão ser cadastrados e revisados

periodicamente, visando a manter o efetivo controle das

populações de morcegos neles existentes.

Art. 24. Ocorrendo raiva em carnívoro silvestre, deverá ser realizado levantamento

epidemiológico, a fim de verificar a origem do caso e, se existir um surto atingindo uma ou mais

espécies, promover-se-á o controle dessa população, por meio de capturas sistemáticas, para

determinar a atividade viral e a extensão do surto.

Capítulo VI

Das outras medidas de Vigilância Epidemiológica

Art. 25. Na vigilância epidemiológica da doença, será estabelecido um sistema de informações

que compreenderá a notificação obrigatória de casos e informações contínuas.

Art. 26. Será efetuado um diagnóstico permanente da situação epidemiológica, bem como a

análise dos fatores condicionantes, a magnitude, a distribuição e a propagação da raiva.

Art. 27. Será considerada área de ocorrência de raiva aquela onde a doença tenha sido confirmada

durante os 2 (dois) anos precedentes.

Art. 28. Será considerada zona ou área controlada aquela na qual o controle da raiva tenha

alcançado níveis satisfatórios, com os bovídeos e eqüídeos devidamente vacinados e a população

de transmissores reduzida.

Art. 29. Será considerada área de atuação imediata aquela na qual seja reconhecido estado

endêmico de raiva, bem como a que requeira pronta intervenção.

Art. 30. A realização de vacinações focais e perifocais compreenderão todas as propriedades

existentes na área infectada, abrangendo um raio de até 12 (doze) km, devendo ser procedida do

mesmo modo com relação ao combate aos transmissores.

Art. 31. A vigilância dos transmissores deverá ser constantemente mantida por meio da

verificação do coeficiente de mordeduras e da dinâmica de suas populações.

Capítulo VII

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80

Da Coleta de Material e dos Exames

De laboratório

Art. 32. A coleta de material de animais suspeitos de raiva será orientada por médico veterinário

e efetuada por este ou por auxiliar que tenha recebido treinamento adequado e que esteja

devidamente imunizado.

Art. 33. Do animal suspeito de raiva deverão ser coletadas amostras do sistema nervoso central

após o óbito, ou quando sacrificado na fase adiantada da doença (fase paralítica).

Art. 34. Ao laboratório deverão ser remetidas amostras do sistema nervoso central do animal

suspeito, bem como 10% (dez por cento) dos morcegos hematófagos capturados.

Art. 35. Os exames dos materiais coletados serão processados por meio da técnica de

imunofluorescência direta e prova biológica (inoculação em camundongos ou células), ou

outra técnica que venha a ser recomendada pela OrganizaçãoMundial da Saúde, em laboratório

oficial ou privado, credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento −

MAPA.

Capítulo VIII

Da educação sanitária e divulgação

Art. 36. Na educação sanitária e divulgação, deverão ser utilizados todos os meios e informações

disponíveis, assim como representantes dos níveis políticos, eclesiásticos e educacionais,

visando a atingir o maior número possível de criadores e outros membros da comunidade rural.

Art. 37. A organização dos diferentes atores sociais da comunidade em Conselhos Municipais

ou Intermunicipais de Sanidade Animal, integrados a um Conselho Estadual de Sanidade

Animal, determina uma condição fundamental para a efetiva solução do problema raiva dos

herbívoros domésticos.

Capítulo IX

Disposições Gerais

Art. 38. O pessoal técnico e auxiliar encarregado do controle da raiva deverá receber

treinamento especializado contínuo nos setores de controle de vacina, epidemiologia,

estatística, planejamento e administração de campanhas sanitárias, diagnóstico de laboratório,

bioecológia e controle de morcegos hematófagos, manejo de não-hematófagos e educação

sanitária.

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81

Art. 39. As atividades de combate à raiva terão caráter nacional e as unidades da federação

deverão estabelecer legislação específica baseada nas presentes Normas.

Art. 40. Os laboratórios produtores de vacinas terão o prazo de 180 (cento e oitenta) dias,

após a publicação da presente Instrução Normativa, para as adequações necessárias ao

atendimento pleno da mesma.

Art. 41. Incorporar a vigilância da encefalopatia espongiforme bovina, da paraplexia enzoótica

dos ovinos (scrapie) e de outras doenças que apresentem sintomatologia nervosa de caráter

progressivo, ao sistema de vigilância da raiva dos herbívoros domésticos.

Art. 42. A Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA, do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, baixará instruções complementares sobre a matéria e resolverá

os casos omissos.

8.2 Anexo 2

LEGISLAÇÕES COMPLEMENTARES PORTARIA Nº 34, DE 28 DE MAIO DE 2004

Publicada no Diário Oficial da União de 01/06/2004, Seção 2, Página 4

Estabelece a composição do Comitê Científico Consultivo sobre Raiva dos Herbívoros - CCR.

8.3 Anexo 3

PORTARIA SDA Nº 8, DE 31 DE JANEIRO DE 2003

Publicada no Diário Oficial da União de 03/02/2003, Seção 1, Página 5

Institui o Comitê Científico Consultivo sobre Raiva – CCR

8.4 Anexo 4

INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA Nº 69, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2002

Publicada no Diário Oficial da União de 16/12/2002, Seção 1, Página 29

Determina o uso de um selo de garantia (holográfico) em todos os frascos de vacinas

contra a raiva dos herbívoros das partidas aprovadas e liberadas para comercialização

pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de forma a assegurar sua

conformidade com as normas de controle da produção e comercialização de vacinas

contra a raiva dos herbívoros.