Dra Sonia DEPRESSÃO

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ANSIEDADE Ansiedade – processo emocional caracterizado por um estado de apreensão, incômodo, preocupação, estado de alerta, sentimentos de perigo e medo de perda do controle da situação por parte do indivíduo. A ansiedade é um sintoma que pode estar presente em um grande número de doenças psiquiátricas e sendo de observação frequente na medicina geral. É característica e fundamental sua presença no quadro clínico de uma série de distúrbios específicos como por ex.: ansiedade generalizada, fobias, ataques de pânico e no transtorno obsessivo-compulsivo. O estado de ansiedade caracteriza-se pela presença simultânea de sintomas correspondentes à esfera psíquica = apreensão, sensação de alerta, aumento da tensão, sentimento de temor ou previsão de perigo, preocupação e hipervigilância, inquietude, desatenção, dificuldade de concentração, problemas de memória e insônia, e à esfera física = inquietude motora, sudorese, boca seca, tremores, palpitações, sensação de opressão torácica, sensação de falta de ar, sensação de vertigem e atordoamento, fadiga, náuseas, “nó na garganta”, anorexia, distúrbios gastrintestinais, polaciúria, cafaléia de tensão e mal estar físico. Tais sintomas representam a repercussão psicofisiológica normal da ansiedade. 1

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UM TRATADO DE PSICOLOGIA PARA AAS PESSOAS QUE PROCUREM UM UM CONSOLO NAS SUAS VIDAS..

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ANSIEDADE

Ansiedade – processo emocional caracterizado por um estado de apreensão, incômodo, preocupação, estado de alerta, sentimentos de perigo e medo de perda do controle da situação por parte do indivíduo.

A ansiedade é um sintoma que pode estar presente em um grande número de doenças psiquiátricas e sendo de observação frequente na medicina geral. É característica e fundamental sua presença no quadro clínico de uma série de distúrbios específicos como por ex.: ansiedade generalizada, fobias, ataques de pânico e no transtorno obsessivo-compulsivo.

O estado de ansiedade caracteriza-se pela presença simultânea de sintomas correspondentes à esfera psíquica = apreensão, sensação de alerta, aumento da tensão, sentimento de temor ou previsão de perigo, preocupação e hipervigilância, inquietude, desatenção, dificuldade de concentração, problemas de memória e insônia, e à esfera física = inquietude motora, sudorese, boca seca, tremores, palpitações, sensação de opressão torácica, sensação de falta de ar, sensação de vertigem e atordoamento, fadiga, náuseas, “nó na garganta”, anorexia, distúrbios gastrintestinais, polaciúria, cafaléia de tensão e mal estar físico.

Tais sintomas representam a repercussão psicofisiológica normal da ansiedade.

Em determinados casos, um distúrbio de ansiedade pode apresentar-se principalmente em forma de alteração somática, sendo esta o motivo do primeiro contato com o médico, existindo poucos sintomas de ansiedade psíquica e o indivíduo tem pouca consciência de seu problema de ansiedade que, ao contrário, é “vivido” e “descarregado” a nível somático = ansiedade “somatizada”. Casos típicos são os distúrbios gastrintestinais agudos ou crônicos (como por ex.: a irritação do cólon), certos casos de cefaléia de estresse, a denominada “neurose cardíaca”, que representam verdadeiros distúrbios psicossomáticos, de base ansiosa e que são frequentes na prática médica. Em pessoas com ataques de pânico em que os sintomas são predominantemente cardiovascular, parcialmente subjetivos e parcialmente objetivos, não raro, procuram inicialmente o cardiovascular.

Alterações psicofisiológicas modificações do equilíbrio neurovegetativo da tensão muscular (geral e/ou regional)

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da FC possível extrassistolia PA sistólica vasconstição periférica de temperatura cutânea frequência e irregularidade respiratória modificação da secreção de motilidade gastrintestinal dilatação pupilar da sudorese e da condutividade cutânea da resposta sexual hiper reflexia e consumo de 02

Alterações neuroendócrinas

dos níveis de adrenalina/noradrenalina dos níveis de ACTH e cortisol dos hormônios tireoideanos do hormônio somatotrófico da prolactina possível da endorfina beta plasmática

Diagnóstico Diferencial

1. Ansiedade de Base Orgânica – em alguns casos, um estado de ansiedade pode não ser de origem “psíquica”, porém secundária a uma enfermidade somática subjacente não conhecida.

Entre os distúrbios orgânicos mais característicos que podem imitar um quadro psiquiátrico foram mencionadas na literatura: doenças endócrinas como o hipertireoidismo (similar quadro ansiedade generalizada), feocromocitoma (episódio agudo ansiedade), estados hipoglicêmicos recorrentes (episódio agudo de ansiedade), quadros iniciais de demência (quadro de ansiedade generalizado), alterações cardiovasculares, por ex.: colapso de válvula mitral (episódios similares ao ataque de pânico).

Além desses quadros citados não podemos esquecer os tóxico-metabólicos (extratos tireoideanos, anfetaminas, levodopa, antihistaminícos aminofilina), cafeinismo e tabagismo, suspensão brusca de tratamento com psicofármacos (ansiolíticos, tricíclicos, etc), estados de abstinência em dependentes de certas substâncias (por ex.: álcool).

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2. Ansiedade Reativa Face a Enfermidades Somáticas – a maioria das enfermidades somáticas, de importância médica ou cirúrgica, podem desencadear, em determinados indivíduos, uma resposta ansiosa.

A enfermidade pode atuar como fator desestabilizador e como um verdadeiro indutor do estresse para a vida e o equilíbrio psíquico do indivíduo.

O infarto do miocárdio é um processo exemplar de intenso estresse, emocional, causado por uma enfermidade física, com possíveis repercussões tanto no curso da doença como na fase da convalescença posterior.

Nas enfermidades tumorais observa-se a presença da ansiedade em 30 a 70% dos pacientes.

Diferentes enfermidades somáticas podem representar uma fonte de estresse emocional e assumir potencialmente para um indivíduo, o significado psicológico de perigo ou ameaça, tanto do ponto de vista consciente como inconsciente, para a própria integridade física e psíquica. lança então mão dos mecanismos de defesa que poderão ou não levá-lo a controlar a angústia, com surgimento de uma resposta de ansiedade mais ou menos intensa e de duração variável.

Etiologia dos Distúrbios da Ansiedade - parece depender de uma interação entre predisposição, em parte determinada geneticamente, ou por experiências marcantes vivenciadas durante o desenvolvimento da personalidade e fatores ambientais precipitantes.

O componente hereditário parece ser maior no distúrbio do pânico, seguido das fobias e, finalmente, pelo distúrbio obsessivo-compulsivo.

No distúrbio de ansiedade generalizada há clara evidência de transmissão familiar, porém não genética.

Estudos sugerem que as fobias simples sejam exageros de medos naturais da espécie humana.

No caso da ansiedade generalizada os fatores ambientais parecem ser predominantes, por ex.: um estudo revelou uma incidência deste distúrbio em 20% dos pacientes de primeiro grau de parentes ansiosos, contra 4% nos parentes dos não-ansiosos.

Conclui-se que na gênese dos distúrbios de ansiedade, verifica-se uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais, aí incluídos os de natureza sócio-cultural.

Tratamento – os benzodiazepínicos, desde sua introdução na década de 60, dominaram quase que totalmente o tratamento dos quadros de ansiedade, principalmente o TAG, sendo todos eficazes. O efeito indesejável mais

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frequente e importante é a sedação e os problemas mnêmico, de concentração e ataxia. Podem ocorrer efeitos anticolinérgicos, mas em geral são brandos. A síndrome de abstinência (ansiedade, depressão, insônia, agitação, irritabilidade, tensão muscular e até crises convulsivas) pode ser evitada ou atenuada se observamos algumas medidas: 1. perceber só quando necessário, Ter previsão de prazo de retirada, e sobretudo alertar para o risco de depend~encia quando o uso for continuado; 2. Azospironas – buspirona parece ser eficaz apenas no TAG. Produa alguns efeitos inadequáveis: tonteiras, náuseas, vômitos e cefaléia; 3. Antidepressivos – eficácia dos tricíclicos e INAOS no tratamento do TAG; 4. Beta-bloqueadores – sintomas autonômicos periféricos (palpitação, tremor e sudorese) respondem aos beta-bloqueadores, sendo as mais usadas o propanolol e o atenolol. Não agem, contudo, nos sintomas psíquicos. Os efeitos indesejáveis mais frequentes são: cansaço, náusea, hipotensão e diminuição da concentração.

CARACTERÍSTICAS E DIAGNÓSTICO DOS DISTÚRBIOS DE ANSIEDADE OU TRANSTORNOS ANSIOSOS

F40 -Transtornos Fóbico-Ansiosos

F40.0 – Agorafobia

sintomas psicológicos e autonômicos devem ser primariamente/ manifestações de ansiedade e não secundários a outros sintomas, tais como delírios ou pensamentos obsessivos;

ansiedade deve estar restrita a pelo menos duas das seguintes situações: multidões, lugares públicos, viagem distante do domicílio e viagem desacompanhado;

a evitação da situação fóbica deve ser ou estar sendo um aspecto proeminente.

Início – começo da vida adulta; maioria sexo feminino; sintomas depressivos, obsessivos e fóbicos sociais podem estar presentes; 0,6% da população apresentará em algum período de sua vida a agorofobia e quase a totalidade terá o transtorno de pânico associado.

Caso não tratada adequadamente pode piorar com o passar dos anos.

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Tratamento sem transtorno do pânico – a técnica de dessensibilização com

exposição progressiva à situação fóbica é a que tem apresentado os melhores resultados.

com transtorno do pânico – ver no transtorno do pânico.

F40.1 - Fobias Sociais- início precoce (10 a 18 anos); afeta igualmente homens e mulheres; medo patológico de comer, beber, falar, escrever, na presença de outras pessoas, enfim expor-se ao que considera ridículo. Pode ser restrita a apenas um tipo de situação, ou generalizada, caracterizando-se pelo temor a todas ou a quase todas situações sociais. A esquiva é marcante e, em casos extremos, pode resultar no isolamento social. Característica importante é a ansiedade antecipatória, em que sono, apetite e concentração ficarão alterados por todo o período (ex.: se reunião durar 4 h, serão 4 h de extrema ansiedade).3 a 5% da população geral apresenta sintoma fóbicos sociais que resultam em diferentes graus de incapacitação e limitações sociais e ocupacionais.

Hipóteses etiológicas – fatores psicológicos, comportamentais e culturais estão certamente presentes na gênese da fobia social.

Tratamento – associação de psicoterapia e medicamentos é a técnica mais adequada e eficaz.

Se fobia social circunscrita usa-se beta bloqueadores (propanolol e atenolol); em sendo generalizada usa-se preferencialmente os antidepressivos inibidores de monoamino oxidase (IMAOS) – tranilcipromina (Parnate) ou moclobemida (Aurorix) estando atento para série de restrições alimentares. Os inibidores seletivos de recaptação de serotomina (ISRS) apresentam relatos escassos de eficácia bem como o uso dos antidepressivos tricíclicos. Dos benzodiazepínicos a escolha recai em alprazolan (Frontal) e clonazepan (Rivotril), sendo o uso discutível devido risco de dependência.

F40.2 Fobias específicas (isoladas) a determinados objetos ou situações a sangue, a injeção etc, etc.

F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica)(TP)ataques de ansiedade grave e aguda, recorrentes, sem fatores desencadentes; duração média 10’, podendo atingir 30’. Presença de quatro crises em um mês, pelo menos quatro dos sintomas abaixo, configura o transtorno

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Sintomas: 1. palpitação ou ritmo cardíaco acelerado 2. sudorese 3. tremores4. sensação de encurtamento da respiração ou sufocamento 5. sensação de asfixia 6. dor ou desconforto torácico 7. náuseas ou desconforto abdominal8. sensação de tonteira, instabilidade, vertigem ou desmaio 9. desrealização ou despersonalização 10. medo de enlouquecer ou perder o controle 11. medo de morrer 12. parestesias (formigamentos) 13. ondas de calor ou calafrios.

Início 20 aos 30 anos, mas também 40 aos 50 anos; mulheres apresentam duas vezes mais que o homenm o transtorno do pânico com agorafobia, não existindo diferença de sexo quanto ao TP sem agorafobia.

Diagnóstico Diferencial – crises de hipoglicemias, hipertensão, feocromocitoma intoxicação por estimulantes (anfetamina, cafeína), síndrome de abstinência (barbitúricos ou ansiolíticos).

É possível a coexistência de um distúrbio de humor (depressão) ou de um quadro de ansiedade generalizada.

Manifestação – crises repetitivas de pânico, temor de sofrer outras desencadeando medo de ficar só ou não sair desacompanhado. Pode levar a limitação temporária e compromete a funcionalidade psicossomática e relações interpessoais.

Tratamento – o tratamento farmacológico tem como objetivo bloquear os ataques de pânico, diminuir a ansiedade antecipatória e reverter a evitação fóbica.

Medicamentos de escolha: 1. ISRS – paroxetina (Aropax e Pondera); fluoxetina (Daforin, Eufor, Fluxene, Prozac, Psiquial, Verotina); sertralina (Serserin, Tolrest, Zoloft).2. Antidepressivos Triciclícos (ADT) – clomipramina (Anafranil).3. Benzodiazepínicos (BZD) – alprazolan (Frontal) e clonazepan (Rivotril).

F41.1 Trantorno de Ansiedade Generalizada (TAG) – transtorno caracterizado por preocupações irreais ou excessivas, com diversos sintomas somáticos.e psíquicos persistentes, geralmente crônico. O aspecto essencial é a preocupação constante.

Sintomas: 1. apreensão – preocupação sobre desgraças futuras, dificul-dade de concentração;

2. tensão motora – inquietação, cefaléias tensionais, tremo-res, dificuldade de relaxar; 3. hiperatividade – sensação de cabeça leve, sudorese, taqui-cardia ou , desconforto epigástrico, boca seca, etc.

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É o transtorno da ansiedade mais comum na prática médica geral, quatro vezes mais frequente que o TP, sendo o sexo feminino mais acometido que o masculino numa proporção de 2:1.

Idade média de início aos 20 anosO tag é crônico e como consequência precoce evidencia-se queda na

qualidade de vida do paciente, prejudicando seu desempenho social, familiar e laborativo. A maioria dos casos de tag é tratado por clínicos, cardio ou gastroenterologistas. A presença de sintomas variados em diferentes órgãos deve sempre levantar a suspeita do tag. Devido ao número elevado de sintomas físicos, muitos não admitem estar padecendo de um transtorno mental.

No ambulatório psiquiátrico, o tag se apresenta frequentemente como condição comórbida, sendo os trantornos mentais mais frequentes são a depressão, a distimia, o abuso de drogas, o transtorno de pânico e a fobia social.

Tratamento – abordagens psicológicas e farmacológicas, pois a primeira, qualquer que seja sua orientação, aumenta a adesão ao tratamento farmacológico e sua eficácia, diminuindo a duração.

Farmacoterapia – após sua introdução na década de 60 os benzodiaze-pínicos dominaram quase que totalmente o tratamento dos quadros de ansiedade, principalmente o tag, sendo todos eficazes no trtamento do tag. O efeito indesejável mais frequente e importante é a sedação e os problemas mnêmicos, da concentração, ataxia e efeitos anticolinérgicos podem ocorrer, mas em geral são brandos.

A síndrome de abstinência – ansiedade, depressão, insônia, agitação, irritabilidade, tensão muscular, diminuição do apetite e até crises convulsivas – pode ser evitada ou atenuada se tomadas algumas medidas – prescrição só quando necessária, prever prazo de retirada, orientar para o risco de dependência.

As doses devem ser individualizadas e mantidas baixas desde que eficazes.

Azospironas – busopirona parece ser eficaz apenas no tag. Até pelo sistema serotoninérgico, sendo um agonista parcial. Produz efeitos inadequáveis: tonteiras náuseas, vômitos e cefaléias.

Antidepressivos – diferentes estudos confirmam a eficácia de antide-pressivos triclícos e IMAOS no tratamento do tag, sendo as doses utilizadas as empregados na depressão ou no TP.

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Beta-bloqueadores – os autonômicos periféricos (palpitação, tremor e sudorese) respondem ao beta-bloqueadores. Os sintomas psíquicos não são atenuados. Os mais utilizados são o propanolol e o atenolol. Os efeitos indesejáveis mais frequentes são: depressão, cansaço, náusea, hipotensão, diminuição da concentração.

F42 Transtorno Obsessivo – Compulsivo – (TOC) - pelo CID 10 o TOC pode ser classificado de acordo com os seguintes subtipos: 1. predomínio de pensamentos obsessivos ou ruminações; 2. predomínio de atos compulsivos; e 3. formas mistas , em que pensamentos obsessivos e atos compulsivos coexistem, sem predominância.

Para que se tenha o diagnóstico definitiva do DOC, os sintomas obsessivos ou os atos compulsivos (ou ambos) devem estar presentes por no mínimo duas semanas consecutivas, levando a ansiedade e impedindo as atividades cotidianas.

Prevalência – 2 a 3% da população, atingindo igualmente ambos os sexos, iniciando mais precocemente nos homens (17 + ou – 6 anos) do que nas mulheres (20 + ou – 8 anos).

Obsessões mais frequentes: de agressão (52%), de contaminação (44%), somáticos (40%);

Compulsões mais frequentes: limpeza (57%), de verificação (56%), rituais de repetição (29%).

Diagnóstico Diferencial: 1. nos episódios depressivos é frequente a presença de “ruminações” ou idéias recorrentes; 2. na esquizofrenia observa-se comportamentos estereotipados, contudo não tem como no TOC a finalidade de anular ou prevenir algo.

Tratamento – no tratamento, o ADT preferido é a clomipramina (Anafranil) e ISRS dando-se preferência a fluvoxamina (Luvox), fluoxetina, sertralina, paroxetina ecitalopran (Cipramil). Frequentemente associa-se a terapia comportamental.

Depressão – o termo e o assunto pode referir-se a:

1. um sentimento ou sintoma, denominado de depressão normal;2. um conjunto de sintomas e sinais que precedem, acompanham ou

sucedem diversos eventos existenciais, patológicos ou não; 3. uma alteração afetiva patológica, constituindo uma doença ou

distúrbio afetivo.

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1. O sintoma depressão, a tristeza comum ou a depressão normal, é experimentado como um sentimento de desprazer, desânimo, indisposição ou perda de alguém ou de algo. Não há quem já não o tenha experimentado uma ou outra vez. Popularmente é referido como baixo astral, melancolia, humor baixo e também, equivocadamente de depressão.

Tem duração de horas ou quando muito, dias. Em alguns indivíduos provávelmente por motivos de ordem genético-constitucional pode-se fazer presente durante toda a vida. Não exige tratamento especializado.2. Reações depressivas ou depressões reativas - acompanham ou sucedem diversos eventos existenciais, patológicos ou não.

A intensidade e o tempo de duração dependem do valor que os indivíduos que as apresentam atribuem aos fatores que as desencadeiam. Pessoas que apresentam crises convulsivas de vários tipos, podem mostrar-se tristonhos, abatidos, pessimistas, inapetentes ou abúlicos, dias ou semanas antes de apresentarem uma crise convulsiva.Tais manifestações atenuam-se após a eclosão da crise convulsiva. As causas são ainda desconhecidas. Durante ou depois de vários processos tóxicos ou infecciosos como hepatites, meningites e encefalites podem ocorrer reações depressivas. Observa-se também no hipo, e mais raramente no hipertireodismo ou doenças da glândula supra-renal. Também estarão presentes após grandes cirurgias, como as cardíacas. Podem se dar também antes, durante ou depois de diferentes eventos existenciais ditos normais, não obstante infelicitantes ou consternadores. Ocorrem, ainda, nos indivíduos que sofreram desatres ambientais ou catástrofes econômicas, morais ou sociais.3. Doenças Depressivas – é o que relaciona a afetividade patologicamente perturbada. A rigor, só este tipo de perturbação da afetividade humana mereceria o nome de depressão, em que a tônica clínica é o rebaixamento do humor. É caracterizado pela presença de sintomas e sinais, cuja intensidade e duração são bem definidos, pelos passados pessoal e familiar dos seus portadores, pelas consequências que trazem à vida sócio-profissional dos que sofrem, e pelas respostas, em grande parte, positivas aos tratamentos biológicos.

Sintomatologia das Doenças Depressivas

- Perturbações da afetividade

1. humor disfórico – é alteração humoral, a qual se incorporam, confusamente, descontentamento, perda de alegria, desapontamento e

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ansiedade. É a dor moral dos antigos ou a chamada afetividade dolorosa. O indivíduo não se altera diante das estimulações ambientais. Nos episódios depressivos maiores podem ser identificados os 3 “D” clássicos dessas patologias: desânimo, desesperança e desamparo.2. desinteresse e falta de alegria – perdem o gosto pelas atividades habituais, não acham graça em nada e ninguém. Para alguns a ausência da alegria alcança dimensões trágicas. Seu desaparecimento total constitui a anedonia.

3. ansiedade – sente uma constante ameaça às suas integridades física, psíquica e/ou social. Está à espreita, constante e inútil, de um perigo iminente, desconhecido e situado em lugar incerto.

Em alguns dos diferentes tipos de doenças depressivas, a ansiedade chega a dominar o quadro clínico, dificultando o diagnóstico. A turbulência afetiva recebe, nesses casos, o nome de depressão ansiosa ou agitada. Há por outro lado doentes deprimidos que, apesar de intensamente ansiosos na vertente subjetiva do comportamento, apresentam do ponto de vista objetivo do mesmo uma inibição motora. Dá-se a essa condição, raramente encontrada nos dias de hoje, o nome de estupor melancólico. É tal diminuição ou acentuada inibição da atividade geral, mas a da motora, em particular que impede muitos doentes deprimidos de cometerem um ato suicida. Há que se ter cuidado ao sairem eles dessa inibição motora, particularmente se a mudança se der de forma rápida, após por exemplo o uso de eletroconvulsoterapia.

Estados de ansiedade generalizada, crises de pânico, obsessões ou conpulsões podem preceder, de semanas ou meses, a instalação de uma doença depressiva.

- Perturbações do comportamento = alterações da maneira de perceber o mundo circundante. As mais comuns são: 1.falta de concentração – focaliza atenção na sua mais recôndita intimidade / não consegue ler sequer um jornal / diminuição da capacidade de reflexão. 2. alterações de pensamento – as idéias podem ser muitas e repetirem-se ou escassas, e expoem-nas de forma lenta, arrastada. Nas depressões severas pode haver mutismo. Há também mudanças no seu conteúdo com idéias fóbicas e hipocondríacas. Com o crescimento da doença despertam as idéias de morte. 3. idéias de culpa – pela falta de capacidade de arcar com as obrigações profissionais e sociais, daí “sou um peso morto para a minha família”. 4. idéias de morte e suicídio –deve-se estar atento a indícios que apontem para tais ideações tendo tato e firmeza ao abordar tais questões.

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Perturbações Fisiológicas – são várias sendo as mais importantes:

1. perturbações do sono – hipersonia ou insônia; se inicial pensar em distúrbios depressivos, se intermediária em doenças depressivas e se terminal em depressões graves antigamente chamada depressão endógena , atualmente episódio depressivo maior ou melancolia.

2. perturbação do apetite – com inapetência, perda progressiva de peso; pode ocorrer também aumento do apetite com aumento do peso corporal, quase sempre nas depressões nas quais o componente ansioso é elemento clínico substancial.3. perturbações sexuais – diminuição no desejo e desempenho sexuais.4. perturbações fisiológicas diversas – constante fadiga, cansaço rápido e injustificado, sem força para executar atividades rotineiras, queixas vagas de cefaléia difusa, mal estar corporal indefinido.

Epidemiologia das Doenças Depressivas – trabalhos realizados apontam que em algum momento de suas vidas 5% das populações estudadas exibem sintomas depressivos passíveis de tratamento.

Etiologia da Doenças depressivas – 1. causas genéticas ou herdadas – estudos de familiares demonstram um importante papel de fatores genéticos na vulnerabilidade ao surgimento de distúrbios afetivos; 2. fatores ambientais – estudos afirmam a idéia de que acontecimentos estressantes podem desencadear ou surgimento de quadros depressivos, bem como outros fatores como a ausência de um bom apoio psico social; 3. determinadas doenças como hepatite, pneumonia viral, disfunção tireoideana, hiperparatireoidismo, esclerose múltipla, diabetes mal controlado, fases iniciais de demência e outros, assim como uso de determinados medicamentos como certos anti-hipertensivos (metildopa, reserpina), corticosteróides e contraceptivos orais, e o abuso de certas substâncias como anfetaminas, cocaína, barbitúricos e álcool podem levar a sintomas depressivos secundários. Tratamento – a escolha do medicamento deverá levar em conta uma série de fatores: 1. idade – em idosos deve-se evitar drogas com efeitos anti-colinérgicos; 2. gravidez – alguns apresentam risco menor, no primeiro trimestre de gravidez (ex.: fluoxetina); 3. aleitamento – escolha de drogas não excretadas pelo leite ou de excreção mínima, de fácil matabolização por parte do recém nascido (ex.: sertralina e nortriptilina); 4. sintomas associados ao quadro depressivo: se insônia ou ansiedades severas preferir amitriptilina,

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podendo-se associar bzd; 5. intensidade dos sintomas: se leves, só psicoterapia e/ou bzd; se moderados, ISRS ou tricíclicos; se severas tricíclicos ou ISRS (fluoxetina é o mais eficaz); 6. presença de sintomas psicóticos: associar-se anti-psicóticos; 7. presença de doenças ou problemas físicos: cardiopatias (bloqueio de ramo esquerdo ou prolongamento do intervalo QT) – excluir tricíclicos; epilepsia contra indica o uso de maprotilina e clomipramina; disfunções sexuais podem ser agravadas temporariamente pelos ISRS; 8. preço.

Depressão com relação a depressão certas idéias precisam ser melhor esclarecidas: 1. A medicina desconhece: a) causas da maioria das doenças, tendo-se apenas algumas hipóteses, daí deve-se ter o cuidado ao dizer ser psicológica ou biológica, quando o que ocorre em todas as doenças é uma complexa interação de fatores daí a importância de ver-se o doente e não a doença, de ver o todo e não fragmentos, de ver a floresta e não somente a árvore; 2. A ideação de morte é muito comum, sendo a oitava causa de morte em adultos, e deve ser tratada de forma aberta e clara; 3. Como em qualquer outra doença quanto maior for o conhecimento do paciente mais poderá ele se ajudar; 4. A família deve ser envolvida e esclarecida quanto aos sintomas e tratamento para que possa ajudar a diminuir psicologicamente o sofrimento do indivíduo, colaborando para sua reinserção nos diversos setores da sua vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Cordiolo, Aristides Volpato – Psicofármacos – consulta rápida, Porto Alegre, Artes Médicas, 2000

2. Gentil, Valentim e Lotufo-Neto, Francisco e Bernik, Márcio Antonini Pânico, fobias e obsessões, São Paulo, Edusp, 1997

3. Guz, Isaac – Depressão o que é, como se diagnostica e trata. São Paulo, Roca, 1990

4. Nardi, Antonio Egídio - Questões atuais sobre Depressão. São Paulo, Lemos Editorial, 1998

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5. Pessoa, Fernando – O eu profundo e os outros eus. RJ / SP. Ed. Record, 1980

6. Taborda, José G.V. e Lima, Pedro Prado e Busnello, Ellis D’Anijo e cols. – Rotinas em Psiquiatria, Porto Alegre, Artes Médicas, 1996

O ETER MORRÍ, E A NEGRA ESCURIDÃO DESCE SOBERANAMENTE O INFINITO, EM TODA AMPLIDÃO SE DESCORTINA À FRENTE.

SOU O NADA, NEGAÇÃO DO VERBO SERDA VIDA DESLIGADO...EIS ME ...O ETER.

LIVRE, LIVRE COMO FUMAÇA.SOU O AR, SOU O VENTO.SOU A BRISA LEVE QUE PASSAE SE ERGUE NO FIRMAMENTO.

VEJAM, ESTOU VOANDOPELO MUNDO QUE HABITEI. PARA OS ESPAÇOS LEVANDO OS SONHOS QUE DEIXEI.

FIM

ANSIEDADE E DEPRESSÃO

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“Súbita , uma angústia...Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!Que amigos que tenho tido!Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Devo formar qualquer coisa ou suicidar-me?Não: vou existir. Arre! Vou existir.E-xis-tir...E-xis-tir...”

Fernando Pessoa

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