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EXERCÍCIOS SOBRE: III – A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS Grupo I - Teoria do Consumidor ou da Procura O nosso objectivo é explicar porque é que, em determinado momento, o consumidor opta por consumir dada quantidade de um bem. Quais são então os factores que influenciam a quantidade procurada ou consumida de um bem? Podemos identificar 4 grandes factores: - o preço de um bem; - o rendimento do consumidor; - os gostos ou preferências do consumidor que vão determinar a satisfação ou utilidade que retira do consumo; - o preço de outros bens. Temos assim vários factores que explicam a quantidade procurada de um bem pelo que temos que decidir por onde é que queremos iniciar a explicação do consumo de determinada quantidade do bem. Como o consumidor vai adquirir o bem porque este lhes permite satisfazer uma necessidade, ou seja, porque estes lhe confere satisfação ou utilidade, então a quantidade procurada depende desde logo da satisfação ou utilidade que o consumidor retira do consumo de diferentes quantidades de um bem. Vamos assim começar por estudar a relação entre a quantidade consumida de um bem e a satisfação que se retira desse consumo. Depois avaçaremos para o estudo da influência dos outros factores Questão 1 A lei da utilidade marginal decrescente diz-nos que, quanto maior for a quantidade consumida de um bem, menores são os acréscimos de satisfação ou utilidade associados ao consumo de mais uma unidade do mesmo.

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EXERCÍCIOS SOBRE:

III – A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS

Grupo I - Teoria do Consumidor ou da Procura

O nosso objectivo é explicar porque é que, em determinado momento, o

consumidor opta por consumir dada quantidade de um bem.

Quais são então os factores que influenciam a quantidade procurada ou consumida

de um bem? Podemos identificar 4 grandes factores:

- o preço de um bem;

- o rendimento do consumidor;

- os gostos ou preferências do consumidor que vão determinar a satisfação ou

utilidade que retira do consumo;

- o preço de outros bens.

Temos assim vários factores que explicam a quantidade procurada de um bem pelo

que temos que decidir por onde é que queremos iniciar a explicação do consumo de

determinada quantidade do bem.

Como o consumidor vai adquirir o bem porque este lhes permite satisfazer uma

necessidade, ou seja, porque estes lhe confere satisfação ou utilidade, então a quantidade

procurada depende desde logo da satisfação ou utilidade que o consumidor retira do

consumo de diferentes quantidades de um bem.

Vamos assim começar por estudar a relação entre a quantidade consumida de um

bem e a satisfação que se retira desse consumo. Depois avaçaremos para o estudo da

influência dos outros factores

Questão 1

A lei da utilidade marginal decrescente diz-nos que, quanto maior for a

quantidade consumida de um bem, menores são os acréscimos de satisfação ou utilidade

associados ao consumo de mais uma unidade do mesmo.

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Questão 2

A lei da utilidade marginal decrescente pressupõe que:

1) o consumidor é capaz de medir a utilidade ou satisfação que retira do consumo

de diferentes quantidades do bem, ou seja, é capaz de atribuir um valor à sua

satisfação;

2) o consumo de todos os outros bens permanece constante.

Questão 3

A satisfação ou utilidade que um consumidor retira do consumo de um bem pode

ser medida de duas formas:

- Utilidade Total: a satisfação que o consumidor retira do consumo de determinada

quantidade de um bem, que vai variar com a quantidade consumida.

- Utilidade marginal: acréscimos de satisfação obtidos pelo consumidor com o

consumo de mais uma unidade do bem.

Vamos estudar o comportamento dos dois tipos de satisfação com a quantidade

consumida através dos respectivos gráficos, como nos é pedido.

Comecemos por representar a curva da utilidade total e analisemos o seu

comportamento.

Curva da Uilidade Total

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

0 1 2 3 4 5 6

quantidade consumida

uti

lidad

e to

tal

Quanto mais consumirmos de um bem, em princípio maior é a satisfação que

retiramos do consumo, logo a Utilidade Total é crescente com a quantidade

consumida.Supunhamos que estávamos com fome e estavámos a analisar a satisfação

retirada do consumo de bolos. Se o consumidor não consumir nenhum bolo então não vai

ter qualquer satisfação. Se consumir 1 bolo a sua satisfação é de 4, se consumir 2 de 7 e

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assim sucessivamente, ou seja, quanto mais bolos consumir, maior é a sua satisfação, pelo

menos até ao consumo de 4 bolos. Note-se que a partir do consumo de 4 unidades de

comida a satisfação ou utilidade deixa de aumentar dizendo-se que o consumidor atingiu

o ponto de saciedade.

A curva da utilidade total tem uma forma em arco que é já nossa conhecida, isto é,

a curva é côncava. Esta forma da curva da utilidade total deve-se ao comportamento da

utilidade marginal.

Podemos, para verificar o que dissémos, calcular para o consumo de comida a

respectiva utilidade marginal:

Quantidade consumida

Utilidade Total

Utilidade marginal

0 0 1 4 4-0=4 2 7 7-4=3 3 9 9-7=2 4 10 10-9=1 5 10 10-10=0

Verificamos que a utilidade marginal associada ao consumo de mais uma unidade

de comida é decrescente, ou seja, quanto maior for a quantidade consumida, menor é a

satisfação que o consumidor retira do consumo de uma unidade adicional.

Este fenómeno é conhecido por lei da utilidade marginal decrescente. Já sabemos

que quantos mais bolos o consumidor comer maior é a sua satisfação. Mas os acréscimos

de satisfação são decrescentes. Se o consumidor tem muita fome, então o primeiro bolo

que come traz-lhe um grande acréscimo de satisfação (4). Se ainda tiver fome, o consumo

do segundo bolo também lhe traz um aumento de satisfação significativo mas menor do

que o primeiro bolo pois a fome já não é tanta, e o mesmo para os restante bolos

consumidos até ao quarto bolo. A paritr do quarto bolo, podemos assumir que o

consumidor já não tem fome nenhuma pelo que o quinto bolo não lhe traz qualquer

acréscimo de satisfação. Se insistisse no consumo de bolos a sua satisfação total podia

mesmo diminuir pois tantos bolos provavelmente iriam causar-lhe algum mal estar (uma

grande dor de barriga).

Graficamente também podemos analisar o comportamento da Utilidade Marginal

(Umg) através da curva da Utilidade Total. Os segmentos de recta a vermelho

(horizontais) correspondem a cada nova unidade do bem consumida. Os segmentos de

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recta a azul (verticais) traduzem o acréscimo de utilidade correspondente. Como podemos

verificar, cada novo segmento vertical é inferior ao anterior, ou seja, a Umg é

decrescente.

Como podemos concluir a curva da utilidade total é suficiente para analisar o

comportamento dos dois tipos de utilidade mas como no exercício nos é pedido para

representar graficamente a utilidade marginal vamos também fazê-lo (Podíamos

representar no memso gráfico ou em separado. Optou-se pela segunda representação para

facilitar a análise da utilidade total.)

Curva da Utilidade Marginal

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6

quantidade consumida

uti

lidad

e m

arg

inal

Pelo comportamento da curva da utilidade marginal constatamos o facto desta ser

decrescente. A curva tem declive negativo pelo que quanto maior é quantidade

consumida, menor é o acréscimo de satisfação associado.

Questão 4

A curva de procura individual relaciona a quantidade procurada ou consumida de

um bem por parte de um consumidor individual com o respectivo preço, ou seja, dá-nos a

quantidade de um bem que o consumidor está disposto a adquirir para cada preço. Esta

curva é decrescente o que significa que quanto maior for o preço do bem menor é a

quantidade que o consumidor está disposto a adquirir.

Suponhamos que estávamos a analisar a procura de filmes por parte de um dado

consumidor e que essa procura podia ser representada pelo gráfico em baixo.

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Procura de Filmes

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5 6 7

nº de idas ao cinema/mês

pre

ço d

o b

ilhet

e

Queremos saber porque é que quando o preço de um bilhete de cinema diminui o

consumidor aumenta o número de idas ao cinema. Se o preço do bilhete for de 800$00, o

consumidor está disposto a ir 2 vezes ao cinema por mês. Ora ele só estará disposto a ir,

por exemplo, 4 vezes ao cinema se o preço do bilhete baixar para 600$00.

Isto acontece devido ao facto da Umg ser decrescente.

Umg=Acréscimo de satisfação ou benefício que o consumidor retira do consumo

de mais unidades do bem

Preço=Sacrifício que o consumidor tem que suportar para consumir mais unidades

do bem

O consumidor só vai estar disposto a consumir maiores quantidades de um bem se

o seu preço diminuir pois este representa o sacrifício que tem que fazer para adquirir o

bem, enquanto a Umg representa o benefício com o seu consumo.

Como o benefício que retira do consumo é decrescente com a quantidade

consumida, então o sacrifício que está disposto a fazer para adquirir o bem também é

cada vez menor, ou seja, o preço que está disposto a pagar pelo bem para consumir

maiores quantidades vai ser cada vez menor.

Questão 5

A curva de procura de mercado relaciona a quantidade procurada do bem por

todos os consumidores nele interessados com o respectivo preço.

A curva de procura de mercado vai resultar do comportamento de procura

individual de todos os consumidores que fazem parte do mercado, ou seja, todos os

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consumidores que desejam consumir esse bem. Assim, a quantidade procurada no

mercado para cada preço vai ser igual à soma das quantidades procuradas por cada

consumidor.

Consideremos o mercado do bem X composto por apenas dois consumidores, o sr

Silva e o sr Castro, dos quais sabemos as quantidades procuradas.

Se para cada preço somarmos as quantidades procuradas pelos srs Silva e Castro

obtemos a quantidade procurada nomercado.

Px Sr Silva Sr Castro Mercado 0 2 3 2+3=5 5 1 1,75 1+1,75=2,75

10 0 0,5 0+0,5=0,5 Também podemos fazer a dedução gráfica da curva de procura de mercado:

Dedução gráfica da curva de procura total

0

5

10

15

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5

quantidade

pre

ço

Tendo a representação gráfica das curvas de procura individuais, para chegar à

representação da procura de mercado vamos, para cada preço, somam-se as procuras

individuais. Assim, a azul representamos as quantidades procuradas pelo Sr Silva e a

vermelho as quantidades procuradas pelo Sr Castro. A procura de mercado corresponde à

soma dos dois segmentos de recta para cada preço, unindo-se em seguida os pontos que

se conhecem.

Questão 6

Os factores que influenciam a procura de um bem de que falámos até aqui e que

são: o preço do bem; o rendimento do consumidor; o preço dos outros bens; os gostos ou

preferências do consumidor.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 7

Outros factores podem ainda ser apontados tais como, as expectativas do consumidor;

factores culturais do meio onde está inserido.

Questão 7

Quando analisamos a procura de um bem através da curva da procura estamos a

relacionar explicitamente a quantidade procurada do bem com o respectivo preço,

supondo que todos os outros factores que não o preço permanecem constantes (hipótese

ceteris paribus).

Quando se constrói a curva da procura até aqui todos os outros factores que

influenciam a quantidade procura que enunciámos na questão anterior são supostos

constantes.

Questão 8

O bens consumidos podem ser classificados de acordo com a influência de

variações do rendimento sobre a quantidade procurada dos mesmos.

Temos então:

- Bens normais: alterações do rendimento provocam variações do mesmo sinal da

quantidade procurada, por exemplo, um aumento do rendimento aumenta a

quantidade procurada. Estes bens dividem-se ainda em bens de primeira necessidade,

se a alteração da quantidade é menos do que proporcional em relação à alteração do

rendimento, e bens de luxo, se a alteração da quantidade é mais do que proporcional

em relação à variação do rendimento;

- Bens inferiores: alterações do rendimento provocam alterações de sinal contrário da

quantidade procurada, por exemplo, um aumento do rendimento provoca uma

diminuição da quantidade procurada.

Para responder à questão colocada vamos considerar um exemplo.

Suponhamos um estudante que faz 8 refeições por semana na cantina do ISCA e

apenas 2 refeições na cantina da Sereia pois o seu rendimento não lhe permite fazer todas

as refeições na Sereia.

O estudante arranja um emprego em part-time e vê o seu rendimento aumentar. O

que acontece à procura de refeições no ISCA e na Sereia?

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 8

8.1. Se aumenta o rendimento do consumidor então ele vai poder e querer consumir mais

de um bem normal mesmo que o seu preço não se tenha alterado. No caso, ele vai preferir

tomar as refeições mais vezes na Sereia agora que o seu rendimento o permite, mesmo

sem alteração do preço das refeições.

8.2. Se aumenta o rendimento do consumidor este vai diminuir a quantidade procurada de

um bem inferior pois pode agora substituir parte do seu consumo por bens de qualidade

superior que o seu nível de rendimento até aqui não lhe permitia adquirir.

Exemplos: livros e fotocópias; viagens de avião e autocarro, campismo e hotéis

Questão 9

Os bens podem também ser classificados de acordo com a influência de variações

no preço de outros bens consumidos sobre a quantidade procurada do bem.

Assim temos:

q

p

nº ref

Preç

o re

feiç

ão

2 4

8 6

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 9

- Bens substitutos se alterações do preço de outro bem provoca alterações com sinal

contrário da quantidade procurada do bem. Por exemplo, um aumento do preço de um

substituto provoca um aumento da quantidade procurada do bem;

- Bens complementares se alterações do preço de outro bem provoca alterações com o

mesmo sinal da quantidade procurada do bem. Por exemplo, o aumento do preço do

bem complementar provoca uma diminuição da quantidade procurada do bem;

- Bens independentes se alterações do preço de outro bem não tem qualquer influência

sobre a quantidade procurada do bem.

Como exemplos dos primeiros temos os bens que satisfazem o mesmo tipo de

necessidades diferindo apenas ligeiramente as suas características, tais como refrigerantes

de marcas diferentes, o Cinema Avenida e Girassolum, livros de capa duro (hardback) ou

mole (paperback), livros e fotocópias.

Os bens complementares são bens que os consumidores necessitam de consumir em

conjunto para satisfazerem uma determinada necessidade, como por exemplo, cinema e

pipocas, bife e batatas fritas, café e tabaco, saídas e bebidas.

Como exemplos de bens independentes temos o pão e os livros, ou o chá e o

turismo.

Questão 10

Se o bem A é complementar do bem B e o seu preço diminui então a quantidade

procurada do bem B vai aumentar.

A diminuição do preço do bem A permite aumentar o seu consumo mas como ele

é consumido em conjunto com B, apesar do preço deste não se ter alterado, a respectiva

quantidade procurada vai também aumentar.

Exemplo

Suponhamos que quando vamos ao cinema 2 vezes por mês e gostamos de beber

um café para apreciar devidamente o filme.

Se o preço do cinema diminuir passamos a ir 3 vezes o que se vai reflectir na

nossa procura de café. Apesar do preço do café não se ter alterado vamos aumentar o

consumo para 3 cafés caso contrário não apreciamos o cinema.

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Para cada preço a quantidade procurada é agora superior pelo que a curva da

procura se desloca para a direita.

Até aqui analisámos várias facetas da procura de um bem a partir de uma curva da

procura negativamente inclinada, cuja justificação assentou na lei da utilidade marginal

decrescente. Ora esta lei pressupõe que o consumidor é capaz de atribuir valores

concretos à satisfação que retira do consumo de um bem. Esta teoria do consumidor é por

isso conhecida por teoria cardinal da procura.

Existe outra teoria que explica o comportamento do consumidor, conhecida por

teoria ordinal da procura, que chega também a uma relação negativa entre quantidade

procurada e preço sem pressupôr que o consumidor atribui valores específicos à

satisfação, mas apenas que ele é capaz de ordenar as diferentes combinações de consumo

de acordo com a diferente satisfação que delas retira.

Questão 11

Essencial à dedução da curva da procura nesta nova teoria é o conceito de curva

de indiferença.

Genericamente, uma curva de indiferença dá-nos todas as combinações de

consumo de dois bens que conferem ao consumidor o mesmo grau de satisfação total.

q

p

2 3

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 11

Supondo, por exemplo, que o consumidor consome apenas dois bens, filmes e

refeições, então a curva de indiferença dá-nos todas as combinações de consumo de

filmes e refeições que conferem ao indivíduo o mesmo grau de satisfação total.

Consideremos as seguintes combinações de consumo pertencentes a 3 curvas de

indiferença diferentes e a respectiva representação gráfica.

Curva de Indiferença I Curva de Indiferença II

Curva de Indiferença III

Filmes Refeições Filmes Refeições Filmes Refeições 1 10 1 11 1 12 2 6 2 7 2 8 3 3 3 4 3 5 4 2 4 3 4 4

Mapa de Curvas de Indiferença

C Ind IC Ind IIC Ind III

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5filmes

refe

içõ

es

A cada curva de indiferença está associado um nível de satisfação diferente.

Quanto mais para nordeste estiver uma curva de indiferença, maior é o nível de satisfação

que lhe está associado. Por exemplo, à curva de indiferença II está associado um nível de

satisfação maior do que à curva I pois consome-se mais de pelo menos 1 dos bens, neste

caso, consomem-se masi refeições. Também à curva III está associado um nível de

satisfação superior em relação ás curvas I e II pela mesma razão.

O conjunto de curvas de indiferença que traduzem os gostos do consumidor

designa-se por mapa de curvas de indiferença.

Questão 12

A curva de indiferença é uma curva decrescente e convexa.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 12

É uma curva decrescente pois quanto mais se consome de um bem menor terá que

ser a quantidade consumida do outro para que a utilidade total não se altere.

É uma curva convexa pois quanto maior for a quantidade consumida de um bem

menor é a quantidade do outro bem a que podemos prescindir de forma a manter a

utilidade total constante.

A taxa marginal de substituição de um bem X dá-nos a quantidade do bem Y a

que o consumidor tem que prescindir para aumentar o consumo do bem X em 1 unidade e

manter a utilidade total constante.

Para o nosso exemplo, a taxa marginal de substituição de filmes dá-nos a

quantidade de refeições a que o consumidor tem que prescindir para aumentar o consumo

de filmes em 1 unidade e manter a utilidade total constante.

Quanto maior for a quantidade consumida de um bem menor é o seu valor relativo

de substituição devido ao facto da utilidade marginal ser decrescente, ou seja, menor é a

taxa marginal de substituição.

Consideremos a curva de indiferença da alínea anterior e calculemos a taxa

marginal de substituição para cada nova unidade de filmes.

Filmes Refeições Taxa marginal substituição 1 10 2 6 6-10=-4 3 3 3-6=-3 4 2 2-3=-1

Curva de Indiferença I - Taxa marginal de substituição

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3 4 5

filmes

refe

içõ

es

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 13

Se aumentamos o consumo de filmes sempre de uma unidade sabemos, pela lei da

utilidade marginal decrescente, que o acréscimo de utilidade associado a cada nova

unidade é cada vez menor.

Por outro lado, se diminuíssemos o consumo de refeições também sempre de uma

unidade, pela mesma razão, a perda de utilidade seria cada vez maior. Mas como estamos

sempre na mesma curva de indiferença, por definição, a utilidade total nunca se altera,

pelo que os aumentos resultantes de um maior consumo de um bem têm que ser

exactamente compensados por um menor consumo do outro. Como as utilidades

marginais são decrescentes isto implica que a cada nova unidade de consumo de comida

esteja associada um decréscimo cada vez menor do consumo de refeições.

Se o decréscimo fosse igual a perda de utilidade com a diminuição do consumo de

comida seria cada vez maior enquanto o ganho de utilidade com o consumo de filmes

seria cada vez menor não se compensando de forma a manter constante a utilidade total.

Questão 13

A recta do orçamento dá-nos as combinações de consumo de dois bens, X e Y,

que o consumidor pode adquirir com o seu rendimento e é representada por uma recta

com a seguinte equação:

Preço X x Quant Cons X + Preço Y x Quant Cons Y = Rendimento

Para o nosso exemplo, a recta do orçamento dá-nos as combinações de consumo

de filmes e refeições que o consumidor pode adquirir com o seu rendimento e que é

representada pela recta seguinte:

Preço Ref x Refeições +Preço filmes x Filmes =Rendimento

Suponhamos que:

Pf=1000$00, Pr=500$00, Rendimento=5000$

A equação da recta é dada por:

1000$00xQ filmes+500$00xQ refeições=5000$00

Então algumas das combinações que pertencem a esta recta do orçamento são:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 14

Filmes Refeições Rend=Despesa Total

Desp F Desp R

0 10 5000 0 5000 1 8 5000 1000 4000 2 6 5000 2000 3000 3 4 5000 3000 2000 4 2 5000 4000 1000 5 0 5000 5000 0

Para obter a respectiva representação gráfica basta considerarmos os pontos de

intersecção com os eixos:

No ponto de intersecção com OX não se consomem refeições logo todo o

rendimento é gasto em filmes podendo-se adquirir no máximo: Rendimento/Preço

filmes=5000/1000=5filmes.

No ponto de intersecção com OY não se consomem filmes logo todo o

rendimento é gasto em refeições podendo-se adquirir no máximo: Rendimento/Preço

refeições=5000/500=10 refeições.

Unindo estes dois pontos temos a representação gráfica da recta do orçamento.

Recta do Orçamento

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3 4 5 6

filmes

refe

içõ

es

Combinações situadas para lá da recta não podem ser consumidas pois exigem um

rendimento superior (exº: 4 filmes e 6 refeições=> gastar 7000$00). Combinações

situadas aquém da recta correspondem a não gastar totalmente o rendimento (exº: 1 filme

e 2 refeições=>gastar 2000$00).

Além disso, em qualquer ponto da recta, se quisermos aumentar o consumo de

filmes em 1 unidade temos que prescindir de 2 unidades de refeições de forma a não

ultrapassarmos o rendimento. Note-se que 1000$00/500$00=2. Para consumirmos mais 1

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 15

filme temos que gastar 1000$00 que vamos buscar ao consumo de refeições do que

resulta o consumo de menos duas refeições.

Questão 14

O equilíbrio do consumidor vai resultar do problema de maximização da utilidade

total face ao rendimento disponível, ou seja, da melhor afectação (melhor do ponto de

vista da utilidade) do rendimento entre o consumo dos vários bens.

As curvas de indiferença informam-nos sobre a utilidade total associada a

diferentes combinações de consumo.

A recta do orçamento dá-nos as combinações de consumo que o consumidor pode

adquirir com o seu orçamento.

Em equilíbrio o consumidor irá a escolher a combinação de consumo que lhe

confere a maior satisfação e respeita a sua restrição orçamental.

Em termo gráficos vai corresponder ao ponto de tangência ou ponto em que a

recta do orçamento toca a curva de indiferença mais afastada da origem possível face ao

seu rendimento.

Retomando o nosso exemplo inicial, temos agora que representar em conjunto a

recta do roçamento e o mapa de curvas de indiferença deste consumidor.

Equilíbrio do Consumidor

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6

filmes

refe

içõ

es

O consumidor maximiza a sua utilidade total quando consome 3 filmes e 4

refeições o que em termos gráficos corresponde ao ponto em que a sua recta do

orçamento toca ou é tangente à curva de indiferença II.

O consumo de por exemplo, 2 filmes e 6 refeições, apesar de não violar a restrição

orçamental não é um ponto de equilíbrio pois não maximiza a utilidade. O consumo de 4

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 16

filmes e 2 refeições também não é um ponto de equilíbrio, pois apesar de respeitar a

restrição orçamental também não maximiza a UT.

Questão 15

Segundo nos é dito no exercício, a satisfação que o consumidor retira do consumo

de qualquer uma das cinco combinações de consumo de X e Y é igual, pelo que em

termos de satisfação é indiferente ao consumidor a escolha de qualquer uma delas.

Mas é provável que às diferentes combinações correspondam diferentes valores

de despesa não podendo o consumidor escolher uma combinação que ultrapasse o seu

rendimento.

Temos então que calcular a despesa associada às diferentes combinações e

verificar qual é a que respeita a sua restrição orçamental.

Quant. X

Quant. Y

Despesa X (escudos)

Despesa Y (escudos)

Despesa total (escuddos)

A 10 15,8 1000x10=10000 1157x15,8=18280,6 28280,6 B 12 13,7 1000x12=12000 1157x13,7=15850,9 27850,9 C 14 12,1 1000x14=14000 1157x12,1=13999,7 27999,7 D 16 10,9 1000x16=16000 1157x10,9=12611,3 28611,3 E 20 9,1 1000x20=20000 1157x9,1=10528,7 30528,7

Das cinco combinações consideradas apenas a combinação B corresponde a gastar

a totalidade do rendimento do consumidor. Todas as outras exigem um rendimento

superior.

Assim, a combinação de consumo óptima ou de equilíbrio corresponde a

consumir 12 unidades do bem X e 13,7 unidades do bem Y.

Se quiséssemos também poderíamos representar graficamente a escolha do

consumidor:

Se gastarmos todo o rendimento no consumo do bem X podemos adquirir no

máximo 27,85 unidades deste (=27850$00/1000$00). Se gastarmos todo o nosso

rendimento no consumo do bem Y podemos adquiri no máximo 24 unidades deste

(=27850$00/1157$00). Unindo os dois pontos de intersecção com os eixos obtemos a

representação gráfica da restrição orçamental deste consumidor.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 17

Representando as cinco combinações para as quais o nível de preferência ou

satisfação do consumidor é igual e unindo-as obtemos a representação gráfica da curva de

indiferença à qual pertencem.

Como podemos verificar a combinação óptima ou de equilíbrio, B, corresponde

ao ponto de tangência ou ao ponto em que a recta do orçamento toca a curva de

indiferença.

Grupo II - Teoria do Produtor ou da Oferta

O nosso objectivo agora é tentar perceber porque é que, em determinado

momento, um produtor decide oferecer uma dada quantidade do bem que produz.

Queremos chegar também a uma relação entre o preço de um bem e a quantidade

oferecida do mesmo, relação conhecida por lei da oferta.

Na determinação das quantidades que vão oferecer os produtores têm desde logo

que ter em conta os custos de produção, ou seja, os custos que têm que suportar para

produzir um bem. Ora esses custos decorrem da utilização dos factores de produção

necessários para realizar a sua produção.

Para percebermos como é que evoluem os custos de produção com a quantidade

produzida vamos começar por relacionar a quantidade produzida com a quantidade de

factores utilizada.

Bem Y

Bem X 27,8

2

B

1

13,

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 18

Questão 1

Suponhamos que se verificou um aumento da procura que vai levar o produtor a

aumentar a sua produção, para o que tem que variar a quantidade utilizada de factores.

O horizonte temporal das decisões de um produtor pode ser classificado em curto

ou longo prazo atendendo ao número de factores cuja quantidade utilizada varia para

responder ao acréscimo da procura.

Assim, diz-se que o produtor está a tomar uma decisão de curto prazo se existe

pelo menos um factor de produção cuja quantidade utilizada está fixa, ou seja, para

aumentar a quantidade produzida apenas varia a utilização de alguns factores de

produção. Por exemplo, se a empresa antevê que o aumento da procura é temporário,

então vai responder a essa procura acrescida utilizando mais matérias primas e

subsidiárias ou utilizando horas extraordinárias dos seus trabalhadores, mas não vai

construir novas instalações. No curto prazo, temos então factores fixos (edifícios,

máquinas) e factores variáveis (matérias, horas de trabalho).

Diz-se que o produtor está a tomar uma decisão de longo prazo se para variar a

quantidade produzida vai alterar a quantidade utilizada de todos os factores de produção.

Se, ao contrário do exemplo anterior, antevê que o aumento da procura é permanente

então a empresa decide construir mais edifícios e comprar mais máquinas, além de

utilizar mais matérias primas e subsidiárias e mais horas de trabalho. No longo prazo

todos os factores são variáveis.

Questão 2

Podemos começar por estudar a relação entre a quantidade de factores utilizada e

o produto obtido considerando o caso mais simples, aquele em que, no curto prazo, o

produtor utiliza apenas um factor variável, que para o nosso exercício é o trabalho.

O Produto Total corresponde à quantidade de produto obtida para cada

quantidade utilizada do factor variável, o trabalho.

2.1. O Produto Médio é a quantidade de produto por unidade de factor variável utilizada,

ou seja, é o produto que cada trabalhador produziu em média:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 19

trabalhode Quantidade

totalProdutomédio Produto =

O Produto Marginal é o acréscimo de produção associado à utilização de mais

uma unidade do factor variável, o trabalho.

Trabalho Produto Total Produto médio Produto marginal 0 0 1 2000 2000/1=2000 2000-0=2000 2 3000 3000/2=1500 3000-2000=1000 3 3500 3500/3=1167 3500-3000=500 4 3800 3800/4=950 3800-3500=300 5 3900 3900/5=780 3900-3800=100

Como podemos verificar, apesar do produto total aumentar com a utilização de

mais trabalhadores, produto médio e produto marginal decrescem. A justificação para

este comportamento é dada na alínea 3.

2.2. Representemos graficamente a curva do produto total, ou seja, o produto associado a

cada quantidade utilizada do factor trabalho:

Produto Total

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

0 1 2 3 4 5 6

quantidade de trabalho

pro

du

to t

ota

l

Como podemos constatar a curva tem inclinação positiva, pelo que o produto total

aumenta com a quantidade de trabalho utilizada. Mas ele é também côncava o que

significa que o produto total cresce mas a um ritmo decrescente.

Representemos agora as curvas do produto total e do produto marginal,

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 20

Produto médio e marginal

0

500

1000

1500

2000

2500

0 1 2 3 4 5 6

quantidade de trabalho

Produto médio

Produto marginal

As curvas do produto médio e do produto marginal têm inclinação negativa o que

significa que quanto maior é quantidade utilizada do factor trabalho menor é o produto

médio e o produto marginal.

2.3. Como dissémos atrás a curva do produto total é côncava em relação ao eixo das

abcissas o que significa que o produto total cresce mas a um ritmo decrescente, ou seja, a

cada nova unidade de trabalho utilizada está associada uma menor quantidade de produto

(o que é o mesmo que dizer que o produto marginal é decrescente).

Este comportamento do produto total deve-se à já nossa conhecida lei dos

rendimentos decrescentes que nos diz que, utilizando uma empresa pelo menos um factor

fixo, a acréscimos sucessivos e iguais do factor variável estão associados acréscimos cada

vez menores de produto.

Ora se o produtor está a tomar decisões no curto prazo então, por definição, pelo

menos um dos factores que utiliza está fixo.

A lei dos rendimentos decrescentes é então a responsável pela concavidade da

curva do Produto Total e pela inclinação negativa das curvas do Produto Médio e do

Produto Marginal.

A representação gráfica da relação entre a quantidade de factor variável utilizada

e a produção obtida traduzida na curva do produto total que analisámos na questão 2

pressupõe que a empresa utiliza apenas um factor variável. Neste caso, para produzir

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 21

determinada quantidade a empresa tem obrigatoriamente que escolher a quantidade do

factor variável que permite obter essa produção, não tendo escolhas a fazer relativamente

à quantidade de factor variável a utilizar para obter o produto pretendido.

Contudo, se uma empresa utilizar mais do que um factor variável e esses factores

foram substituíveis, i.é., se puderem ser combinados em diferentes proporções de forma a

obter um determinado nível de produto, então o produtor terá que fazer uma escolha: tem

que escolher de entre as várias combinações de factores de produção possíveis aquele que

mais lhe convém para obter o nível de produção que pretende.

Questão 3

Suponhamos que o nosso produtor é uma exploração agrícola que no curto prazo

apenas pode variar a quantidade utilizada de terra e trabalho. Para obter o mesmo nível de

produção pode praticar uma agricultura intensiva, utiliza relativamente mais o factor

trabalho, ou uma agricultura extensiva, utiliza relativamente mais o factor terra. Existem

então várias combinações de terra e trabalho que permitem obter a mesma produção.

Consideremos que este produtor enfrenta uma restrição orçamental, i.é., uma

restrição nos custos, só podendo gastar 12um. Consideremos também os dados seguintes

relativos às combinações de terra e trabalho pertencentes a três isoquantas:

Produção=346 Produção=490 Produção=600 trabalho terra trabalho terra trabalho terra

A 1 6 2 6 3 6 B 2 3 3 4 C 3 2 4 3 D 6 1 6 2 6 3

3.1. O problema deste produtor é saber qual a combinação de terra e trabalho que deve

utilizar de forma a produzir o máximo mas respeitando a sua restrição orçamental.

São-nos fornecidas combinações de terra e trabalho que permitem obter três níveis

de produção diferentes, ou seja, que pertencem a três isoquantas diferentes. Por exemplo,

o produtor só pode escolher uma combinação que permite produzir 600 unidades se esta

não ultrapassar a sua restrição orçamental de 12 um.

Para sabermos qual a quantidade óptima de produção temos que saber qual o

custo associado às diferentes combinações de terra e trabalho de forma a verificar quais

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 22

as que respeitam a restrição orçamental de 12 um. Se mais do que uma combinação

respeitar esta restrição então a óptima será aquela que permite obter o maior nível de

produção.

Se Pt=2um e Pte=3um, podemos calcular o custo associado a cada uma das quatro

combinações das várias isoquantas:

Produção=346 trabalho terra Custo

A 1 6 1x2+6x3=20 B 2 3 2x2+3x3=13 C 3 2 3x2+2x3=12 D 6 1 6x2+1x3=15

Produção=490 trabalho terra Custo

A 2 6 2x2+6x3=22 B 3 4 3x2+4x3=18 C 4 3 4x2+3x3=17 D 6 2 6x2+2x3=18

Produção=600 trabalho terra Custo

A 3 6 3x2+6x3=24 B C D 6 3 6x2+3x3=21

A combinação óptima corresponde à utilização de 3 unidades de trabalho e 2 de

terra e permite a obtenção de 346 unidades de produto. Esta é a única combinação das

três isoquantas que respeita a restrição orçamental do produtor.

Este problema do produtor, escolher a combinação de factores de produção que

maximiza a produção respeitando uma restrição orçamental ou de custos, pode também

ser facilmente resolvido através do recurso a um gráfico. Nesse gráfico têm que estar

representados os dois aspectos do problema: a quantidade de produto associada ás

diferentes combinações de terra e trabalho, por um lado, e o custo das diferentes

combinações, por outro.

3.2. A equação da recta de isocusto, combinações de terra e trabalho que têm o mesmo

custo total, que corresponde a um custo total de 12um é dada por:

Preço trabalhoxQuantidade.Trabalho+Preço terraxQuantidade.Terra=Custo Total

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 23

2T+3Te=12

Para representarmos graficamente a recta precisamos de dois pontos sendo os

mais fáceis de determinar os pontos de intersecção com os eixos:

Te=0=>2T+0=12=>T=12/2=6

T=0=>0+3Te=12=>Te=12/3=4

Podemos já representar graficamente a recta de iscocusto:

Isocusto: custo total=12um

0

2

4

6

0 1 2 3 4 5 6 7trabalho

terr

a

3.3. Com os dados que temos podemos representar três isoquantas, combinações de terra

e trabalho que permitem obter o mesmo nível de produção. Quanto mais afastada da

origem estiver uma isoquanta, maior é o nível de produção que lhe está associado.

Mapa de Isoquantas

Prod=346

Prod=490

Prod=600

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7

trabalho

terr

a

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 24

3.4. As várias opções de produção são representadas pelas isoquantas, enquanto a

restrição orçamental é representada pela isocusto1. Para determinarmos a combinação de

factores que maximiza a produção de uma unidade de produção que enfrenta uma

restrição orçamental temos que representar em simultâneo as isoquantas e a isocusto:

Em termos gráficos, a combinação de factores de produção óptima corresponde ao

ponto em que a isocusto toca a isoquanta o mais afastada da origem possível.

3.5. O ponto de equilíbrio corresponde à utilização de 2 unidades de terra e 3 de trabalho,

o que permite obter uma produção de 346 unidades com um custo de 12um e que

graficamente corresponde, como dissémos, ao ponto em que a a recta de isocusto toca ou

é tangente, á isoquanta o mais afastada da origem possível.

Questão 4

Consideremos agora que o nosso produtor, a exploração agrícola, enfrenta não

uma restrição orçamental, mas uma restrição na quantidade a produzir. O problema do

produtor agora é escolher a combinação óptima de terra e trabalho para produzir as 346

unidades de produto, ou seja, a combinação que permite obter este produto ao menor

1 Note-se que o problema que o produtor enfrenta é em tudo semelhante ao problema enfrentado pelo consumidor: tendo em conta a sua restrição orçamental vai determinar a combinação de bens que maximiza a sua utilidade total e respeita o orçamento. O produtor, tendo também em conta a sua restrição orçamental, vai determinar a combinação de factores de produção que maximiza a quantidade produzida e respeita os custos.

E q u i l í b r i o d o P r o d u t o r

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7

t r a b a l h o

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 25

custo. Novamente, a solução deste problema é analisada facilmente em termos gráficos

pelo que temos que representar no nosso gráfico todos os dados do problema do produtor.

Em primeiro lugar temos que representar as combinações de terra e trabalho que

permitem obter a produção pretendida, ou seja, temos que representar a isoquanta

correspondente à produção de 346 unidades do bem.

Em seguida temos que representar o custo associado à utilização de cada uma das

combinações de factores. Uma recta de isocusto dá-nos todas as combinações de terra e

trabalho associadas ao mesmo nível de custos. Se as quatro combinações tiverem custos

totais diferentes então pertencem a quatro rectas de isocusto diferentes.

4.1. Consideremos os seguintes dados para a nossa exploração agrícola:

trabalho terra A 1 6 B 2 3 C 3 2 D 6 1

Conhecemos quatro combinações de trabalho e terra que permitem obter as

mesmas 346 unidades de produto. Podemos representar graficamente estas combinações e

uni-las para obtermos a representação gráfica da isoquanta correspondente à produção de

346 unidades:

Isoquanta (Produção=346 unidades)

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7

trabalho

terr

a

A isoquanta é decrescente pois se utilizamos uma maior quantidade de um factor,

para que a quantidade total produzida não se altera, temos que diminuir a quantidade

utilizada do outro factor.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 26

A isoquanta é convexa pois quanto maior é quantidade utilizada de um factor

menor é a quantidade do outro factor a que se pode prescindir de forma a manter a

produção total constante, devido à lei dos rendimentos decrescentes.

4.2. Se a empresa quiser produzir 346 unidades vimos que o pode fazer utilizando

diferentes quantidade de terra e trabalho. O seu objectivo será então produzir as 346

unidades utilizando a combinação dos dois factores que implique um menor custo, ou

seja, o seu objectivo é minimizar os custos.

A escolha da combinação de factores que minimiza os custos depende desde logo

do preço que a empresa tem de pagar pelos factores. Atendendo ao preço dos factores

podemos, para cada valor de custos, encontrar várias combinações de terra e trabalho que

correspondem a esse custo.

Uma recta de isocusto dá-nos todas as combinações de terra e trabalho que

implicam o mesmo custo e pode ser representada pela seguinte equação:

Preço trabalhoxQuantidade.Trabalho+Preço terraxQuantidade.Terra=Custo Total

Se Pt=2um e Pte=3um, podemos calcular o custo associado a cada uma das quatro

combinações da nossa isoquanta:

trabalho terra Custo total

A 1 6 1x2+6x3=20 B 2 3 2x2+3x3=13 C 3 2 3x2+2x3=12 D 6 1 6x2+1x3=15

Cada uma das combinações pertence a uma recta de isocusto diferente, para os

mesmos preços dos factores o custo total que lhe está associado é diferente.

Temos então que representar quatro rectas de isocusto diferentes. Para representar

uma recta precisamos apenas de dois pontos da mesmas e os pontos mais fáceis de

determinar são os pontos de intersecção com os eixos.

Vamos então escrever a equação da recta de isocusto á qual pertence cada uma

das combinações para ver como é que determinamos os pontos de intersecção:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 27

trabalho terra Custo total Equação da recta Intersecção OX

(Te=0)

Intersecção OY

(T=0)

A 1 6 20 2.T+3.Te=20 T=20/2=10 Te=20/3=6,7 B 2 3 13 2.T+3.Te=13 T=13/2=6,5 Te=13/3=4,3 C 3 2 12 2.T+3.Te=12 T=12/2=6 Te=12/3=4 D 6 1 15 2.T+3.Te=15 T=15/2=7,5 15/3=5

No ponto de intersecção com o eixo OX a quantidade de Terra utilizada é nula:

Pt.T+Pte.Te=CT =>Pt.T+0=C => T=CT/Pt

No ponto de intersecção com o eixo OY a quantidade de Trabalho utilizada é

nula:

Pt.T+Pte.Te=C => 0+Pte.Te=C => Te=C/Pte

Podemos já representar as quatro rectas de isocusto:

Rectas de Isocusto

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

trabalho

terr

a

CT20

CT15

CT13

CT12

Quanto maior for o custo total mais afastada da origem está a recta de isocusto.

As isocustos são rectas porque qualquer que seja o ponto da mesma se quisermos

aumentar a quantidade utilizada de um factor em 1 unidade temos que prescindir sempre

da mesma quantidade do outro factor de forma a manter o custo total constante.

Custo Total=20

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

trabalho

terr

a

CT20

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 28

Sendo o preço da terra de 3um e o do trabalho de 2um, se quisermos aumentar o

trabalho em 1 unidade temos que retirar 2 um à utilização de terra para que o custo

permaneça constante. Mas como 1 unidade de terra custa 3um, a sua utilização só vai

diminuir de 2/3=0,67 unidades de terra. Como os preços dos factores são constantes este

valor é igual ao longo de toda a isocusto pelo que ela é uma recta.

As isocusto são decrescentes pois se aumentamos a quantidade utilizada de um

factor e queremos que o custo total permaneça igual temos que diminuir a quantidade

utilizada do outro factor, ou seja, a sua inclinação é negativa.

Finalmente, as várias isocusto são paralelas porque considerámos que o preço dos

factores não varia entre elas. Se o preço variasse entre elas continuariam a ser rectas e

decrescentes mas já não seriam paralelas. Por exemplo, se o preço do trabalho fosse de

3um e o da terra de 2um, as combinações de terra e trabalho que correspondem agora à

recta de isocusto de 20 serão diferentes das anteriores:

Isocustos para diferentes preços dos factores

CT=20;pt=3;pte=2

CT=20;pt=2;pte=3

0

2

4

6

8

10

12

0 2 4 6 8 10 12

trabalho

terr

a

4.3. Das quatro combinações aquela que implica um menor custo é a combinação C que

corresponde à utilização de 3 unidades de trabalho e 2 unidades de terra. Isto implica um

custo total de 12 um.

4.4. Em termos gráficos, para conhecermos a condição que garante que o produtor está a

escolher a combinação de factores que minimiza os custos tendo em vista a obtenção de

um determinado nível de produção, temos que considerar conjuntamente a isoquanta que

representa a restrição na quantidade a produzir que a empresa enfrenta e as várias

isocusto, que representam os níveis de custo das várias combinações da isoquanta.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 29

O objectivo do produtor é então produzir 346 unidades de produto utilizando a

combinação de terra e trabalho com o menor custo possível.

Em termos gráficos isso acontece no ponto em que uma das rectas de isocusto

toca ou é tangente à isoquanta. A combinação correspondente é a que minimiza os custos.

4.5. Representemos graficamente os dados que dispomos para a nossa empresa:

Equilíbrio do Produtor

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

trabalho

terr

a

O ponto de equilíbrio de custo mínimo é o ponto em que a recta de isocusto mais

próxima da origem toca ou é tangente à isoquanta. Este ponto corresponde à utilização de

unidades de trabalho e 2 unidades de terra, estando-lhe associado um custo de 12

unidades monetárias e permitindo obter a produção de 346 unidades do bem.

Questão 5

Este problema é semelhante ao anterior, ou seja, o problema do nosso produtor

consiste em saber qual a combinação de terra e trabalho que deve utilizar de forma a

produzir, agora, 490 unidades do bem.

trabalho terra Custo total

A 2 6 22 B 3 4 18 C 4 3 17 D 6 2 18

5.1. Temos quatro combinações de terra e trabalho que permitem obter as mesmas 490

unidades do bem, ou seja, que pertencem à mesma isoquanta:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 30

Isoquanta (Produção=490)

0

1

2

3

4

5

6

7

0 1 2 3 4 5 6 7

trabalho

terr

a

terra

5.2. Podemos novamente construir três rectas de isocusto uma vez que das quatro

combinações de factores duas têm o mesmo custo total:

trabalho terra Custo total Equação da recta Intersecção OX

(Te=0)

Intersecção OY

(T=0)

A 2 6 22 2.T+3.Te=22 T=22/2=11 Te=22/3=7, B 3 4 18 2.T+3.Te=18 T=18/2=9 Te=18/3=6 C 4 3 17 2.T+3.Te=17 T=17/2=8,5 Te=17/3=5,7 D 6 2 18 2.T+3.Te=18 T=18/2=9 Te=18/3=6

Tendo os pontos de intersecção podemos já representar graficamente as três rectas

de isocusto:

Rectas de Isocusto

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 2 4 6 8 10 12

trabalho

terr

a

CT17

CT18

CT20

5.3. Das quatro combinações que conhecemos, a combinação de terra e trabalho que

minimiza os custos é a combinação C que corresponde à utilização de 4 unidades de

trabalho e 3 unidade de terra e tem um custo total de 17um. Esta será a combinação que

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 31

minimiza os custos de entre todas as que pertencem à isoquanta, mesmo relativamente

aquelas que não conhecemos, se graficamente corresponder ao ponto de tangência entre a

isocusto de 17um e a isoquanta.

5.4. Representemos graficamente a isoquanta e as isocusto para determinarmos

graficamente a combinação de equilíbrio:

Equilíbrio do Produtor

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 2 4 6 8 10 12

trabalho

terr

a

Efectivamente, a combinação C corresponde ao ponto de tangência entre a

isoquanta e a isocusto de 17 um logo é a combinação óptima.

5.5. O preço do factor terra alterou-se pelo que temos que refazer o exercício para este

novo dado, ou seja, temos que determinar qual é agora a combinação de factores que

permite obter a produção de 490 unidades ao custo mínimo.

A isoquanta não sofre alterações temos é que desenhar novas rectas de isocusto

pois o preço de um dos factores alterou-se logo o custo total de cada combinação também

se altera.

trabalho terra Custo total Equação da recta Intersecção OX

(Te=0)

Intersecção OY

(T=0)

A 2 6 2x2+6x1=10 2.T+1.Te=10 T=10/2=5 Te=10/1=10 B 3 4 3X2+4x1=10 2.T+1.Te=10 T=10/2=5 Te=10/1=10 C 4 3 4x2+3x1=11 2.T+1.Te=11 T=11/2=5,5 Te=11/1=11 D 6 2 6x2+2x1=14 2.T+1.Te=14 T=14/2=7 Te=14/1=14

Temos que representar três isocusto:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 32

Novas Rectas de Isocusto

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 1 2 3 4 5 6 7 8

trabalho

terr

a

CT10

CT11

CT14

Podemos também comparar as novas isocusto com as iniciais para perceber as

diferenças registadas:

Comparação das rectas de isocusto novas e antigas

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 2 4 6 8 10 12

trabalho

terr

a

Apesar de todas as isocusto serem rectas e decrescentes já não são paralelas pois

desenhámos dois conjuntos de isocustos diferentes para diferentes preços do factor terra.

Tendo em conta as novas isocusto já podemos determinar a nova combinação de

factores que minimiza os custos:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 33

Novo Equilíbrio do Produtor

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 1 2 3 4 5 6 7 8

trabalho

terr

a

Das combinações que conhecemos nenhuma corresponde ao ponto de tangência

entre a isoquanta e uma isocusto. Com os dados que temos não podemos dizer

exactamente qual é a combinação de equilíbrio mas apenas que se situa entre a

combinação A e a combinação B, ou seja, corresponde a utilizar uma quantidade de

trabalho entre 2 e 3 unidades e uma quantidade de terra entre 4 e 6 unidades.

Relativamente à combinação de equilíbrio antes do preço da terra se ter alterado,

(4T,3Te), isto significa que se vai utilizar mais terra e menos trabalho uma vez que, sendo

agora o factor terra mais barato, o produtor vai substituir o factor trabalho pelo factor

terra utilizando relativamente mais deste último.

Questão 6

Já sabemos como relacionar a quantidade produzida com a quantidade de factores

utilizada e como determinar a combinação de factores que minimiza os custos de

produção de uma determinada quantidade.

Para a determinação da quantidade oferecida por cada empresa interessa-nos

raciocinar ao contrário, ou seja, ver como evoluem os custos em função da quantidade

produzida, aonde se chega facilmente a partir da análise anterior uma vez que os custos

de produção derivam da quantidade de factores de produção necessária para produzir uma

determinada quantidade.

O Custo Total é o custo associado à produção de uma determinada quantidade que

varia com a quantidade produzida. Ao falarmos em custo total estamos a supôr que é o

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 34

custo associado à utilização da combinação de factores que permite obter determinada

produção ao custo mínimo (questão 4).

Como no curto prazo a unidade de produção utiliza dois tipos de factores, fixos e

variáveis, podemos também dividir o custo total em custos fixos e em custos variáveis:

Custo Total = Custo Fixo + Custo Variável

O Custo Fixo é o custo associado à utilização do factor fixo o que significa que

não varia com a quantidade produzida. Ou seja, quer a empresa não produza, quer

produza 1000 unidades tem que suportar estes custos. São por exemplo as rendas dos

edifícios e terrenos e os prémios de seguros.

O Custo Variável é o custo associado à utilização dos factores variáveis pelo que

vai variar com a quantidade produzida. Se a unidade de produção produz mais então tem

que utilizar uma maior quantidade de factores variáveis donde o custo aumenta. São por

exemplo as horas extraordinárias pagas aos trabalhadores ou as matérias-primas.

6.1. Dispomos dos custos fixos e variáveis para vários níveis de produção pelo que

facilmente chegamos ao custo total:

quantidade produzida

Custo fixo

Custo Variável

Custo total

0 55 0 55+0=55 1 55 30 55+30=85 2 55 55 55+55=110 3 55 75 55+75=130 4 55 105 55+105=160 5 55 155 55+155=210 6 55 225 55+225=280

Como podemos verificar o custo total aumenta com a quantidade produzida

devido à utilização de maiores quantidades de factores variáveis, ou seja, porque aumenta

o custo variável.

O custo fixo não se altera com a quantidade produzida.

6.2. Graficamente vem:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 35

Custos de Produção

0

50

100

150

200

250

300

0 1 2 3 4 5 6 7

quantidade produzida

cust

os Custo fixo

Custo Variável

Custo total

A recta do custo fixo é paralela ao eixo horizontal pois este não varia com a

quantidade produzida.

A curva do custo total tem inclinação positiva pois este aumenta com a quantidade

produzida devido ao aumento dos custo variáveis.

A curva dos custos variáveis tem o mesmo comportamento da curva do custo total

mas situa-se mais abaixo pois não inclui os custos fixos.

A diferença entre curva do custo total e curva do custo variável é constante e igual

ao montante de custos fixos.

6.3. A partir das noções de custos anteriores podemos chegar a outras essenciais para a

determinação da quantidade a produzir. São elas os custos médios e o custo marginal.

Comecemos por determinar os vários custos médios.

O Custo Total Médio, ou simplesmente Custo Médio, diz-nos quanto é que em

média cada unidade custa a produzir e obtém-se :

Produzida Quantidade

Total CustoMédio Custo =

O Custo Fixo Médio diz-nos que parte dos custos fixos cabe em média a cada

unidade produzida e obtém-se:

Produzida Quantidade

Fixo CustoMédio Fixo Custo =

O Custo Variável Médio diz-nos que parte dos custos variáveis cabe em média a

cada unidade produzida e obtém-se:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 36

Produzida Quantidade

Variável CustoMédio Variável Custo =

Podemos já calcular os três custos médios para o nosso exercício:

quantidade produzida

Custo fixo médio

Custo variável médio

Custo médio

0 1 55/1=55 30/1=30 85/1=85 2 55/2=27,5 55/2=27,5 110/2=55 3 55/3=18,3 75/3=25 130/3=43,3 4 55/4=13,75 105/4=26,25 160/4=40 5 55/5=11 155/5=31 210/5=42 6 55/6=9,17 225/6=37,5 280/6=46,67

6.4. Representemos graficamente:

Custos de produção

0102030405060708090

0 1 2 3 4 5 6 7

quantidade produzida

cust

os Custo fixo médio

Custo variável médio

Custo médio

Como podemos constatar a curva do CFM é decrescente uma vez que, sendo o

custo fixo constante, à medida que aumenta a quantidade produzida é repartido por um

número cada vez maior de unidades produzidas.

Já o CVM e o CM têm um ramo inicial decrescente mas passam depois a ser

crescentes. Ou seja, inicialmente, quanto maior é a quantidade produzida menor é custo

médio, total e variável, associado a cada unidade. Mas para níveis de produção mais

elevados os custos médios passam a ser crescentes, i.é., quanto maior é a quantidade

produzida maior é o custo de cada unidade.

Na alínea 7 vamos ver o porquê deste comportamento dos custos médios.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 37

6.5. Chegamos ao nosso último conceito de custos, o Custo Marginal, talvez o mais

importante no que respeita à determinação da quantidade a produzir.

O Custo Marginal corresponde ao acréscimo de custos associado a cada nova

unidade produzida:

quantidade da Variação

Total Custo do VariaçãoMarginal Custo =

Podemos já calcular o custo marginal para o nosso exemplo:

quantidade produzida

Custo total Custo marginal

0 55 1 85 85-55=30 2 110 110-85=25 3 130 130-110=20 4 160 160-130=30 5 210 210-160=50 6 280 280-210=70

E representemos o custo marginal em conjunto com o custo médio:

Custos de Produção

020

4060

80100

0 1 2 3 4 5 6 7

quantidade produzida

cust

os Custo médio

Custo marginal

6.6. Que relações podemos identificar entre o custo médio e o custo marginal? Olhando

para o gráfico vemos que:

- enquanto o custo marginal é inferior ao custo médio este é decrescente;

- quando o custo marginal é superior ao custo médio este é decrescente;

- os dois são iguais no ponto em que o custo médio é mínimo.

Que explicação para este comportamento?

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 38

Como custo médio corresponde ao custo por cada unidade produzida se a produção de

uma nova unidade tem um custo inferior à média das anteriores então vai puxar o custo

médio para baixo, se a produção de uma nova unidade tem um custo superior à média das

anteriores então vai puxar o custo médio para cima. Se a produção de uma nova unidade

tem um custo exactamente igual à média anterior então o custo médio é igual ao custo

marginal e atinge o seu valor mais baixo.

6.7. Atendendo à lei dos rendimentos decrescentes podemos já explicar o porquê das

curvas de custos marginais e médios terem um ramo decrescente e um ramo crescente.

A lei dos rendimentos decrescentes diz-nos que, inicialmente, se acrescermos o

factor variável mantendo um factor fixo, os acréscimos de produção são crescentes de

onde resulta que, para produzir mais uma unidade á necessária uma quantidade cada vez

menor de factor pelo que o custo de cada nova unidade é decrescente. Até aqui ainda não

entraram em acção os rendimentos decrescentes.

Mas como há pelo menos um factor que está fixo a partir de algum nível de

produção começará a ser sobre-utilizado e os rendimentos decrescentes vão começar a

fazer-se sentir: a cada nova unidade do factor variável está associado um acréscimo cada

vez menor da produção pelo que para acrescermos a produção sempre de uma unidade

temos que utilizar uma quantidade cada vez maior de factor pelo que o custo de cada

nova unidade é crescente.

Este comportamento do custo marginal devido à lei dos rendimentos decrescentes

reflecte-se depois no custo médio devido à relação entre os dois que vimos anteriormente.

Grupo III

Questão 1

O produtor vai escolher produzir e vender a quantidade que maximiza o seu

lucro, ou o que é o mesmo, a diferença entre as suas receitas totais e os seus custos totais.

A condição de maximização do lucro de um produtor de concorrência pura e

perfeita corresponde a produzir a quantidade para a qual o P=Cmg, donde se conclui que

a curva da oferta coincide com a curva dos custos marginais.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 39

Esta nossa análise não responde contudo ao facto da curva da oferta ter inclinação

positiva uma vez que existe um intervalo de preços e quantidades para o qual a curva do

custo marginal tem inclinação negativa.

Porque é que então o produtor só produz quantidades para as quais os custos

marginais são crescentes?

A resposta a esta questão tem a ver com dos dois tipos de custos totais que o

produtor enfrenta, fixos e variáveis. Escrevamos então a função lucro com os dois tipos

de custos:

L = RT - CF - CV

O objectivo do produtor é maximizar os seus lucros pelo que poderíamos ser

levados a pensar que só lhe interessam produzir quantidades para as quais os lucros são

positivos. Mas tal não é exactamente assim pois, mesmo que não produza nada, o

produtor tem sempre que suportar os custos fixos.

Então, para determinada quantidade, mesmo que tenha prejuízo, se este for

inferior ao prejuízo de quando não produz nada (igual ao valor dos custos fixos),

interessa-lhe produzir.

Daqui resulta que vai produzir quantidades positivas desde que o preço seja igual

ao custo marginal e simultaneamente superior ao custo variável médio, logo na parte

crescente da curva de custos marginais:

L(Q=0) = 0-CF-0 = -CF

L(Q>0) = RT-CF-CV

Produz Q>0 se L(Q>0) for superior a L(Q=0) ó

RT-CF-CV > -CF ó

PxQ > CV ó

P>CVM

Para P>CVM o produtor produz quantidades positivas e a curva da oferta coincide

com a parte crescente da curva do Cmg.

Para P<CVM, a quantidade produzida é nula pelo que a curva da oferta tem a

forma de um segmento de recta horizontal ao nível da origem.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 40

Em relação à questão 1 do grupo III, o produtor em questão só estará disposto a

produzir quantidades positivas do bem quando o preço de mercado for igual ao custo

marginal e superior ao CVM, ou seja, para preços de mercado superiores a 10,75um.

Quando P=Cmg=minCVM=10,75 vai produzir 2,5 unidades do bem e o seu

prejuízo é igual ao valor dos custos fixos.

Para Q>2,5, tere-se-á P=Cmg>CVM pelo que os seus lucros serão maiores em

relação à situação em que nada produz.

Questão 2

Sabe-se que o produtor A actua no mercado do bem X e que tem a seguinte

função oferta:

Oferta Individual do Produtor A

05

101520253035404550

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

quantidade

pre

ço

Quanto maior for o preço do bem X, maior é a quantidade que o produtor A está

disposto a oferecer deste bem, devido aos custos crescentes.

Para além do produtor A, actuam neste mercado mais 99 produtores com idênticas

funções custo pelo que a quantidade de X que estão dispostos a oferecer para cada preço

é a mesma do produtor A.

Podemos assim facilmente determinar a oferta de mercado uma vez que esta

corresponde à soma de todas as ofertas individuais. Neste caso, para cada preço a

quantidade oferecida no mercado é igual à quantidade oferecida pelo produtor A vezes

100:

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 41

Preço Produtor A Mercado

15 4,46 4,46x100=446 18 5,24 5,24x100=524 21 5,88 5,88x100=588 24 6,44 6,44x100=644 27 6,94 6,94x100=694 30 7,392 7,392x100=739,2 33 7,81 7,81x100=781 36 8,21 8,21x100=821 39 8,58 8,58x100=858 42 8,93 8,93x100=893 44 9,16 9,16x100=916

Se quisermos representar graficamente, obtemos novamente uma curva com

inclinação positiva:

Oferta de Mercado

05

101520253035404550

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

quantidade

pre

ço

Questão 3

Para o mesmo mercado, conhecemos também a procura:

Curva da Procura

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

quantidade

pre

ço

Quanto maior for o preço do bem X menor é a quantidade que os compradores

estão dispostos a adquirir.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 42

3.1. Uma vez que conhecemos já a procura e a oferta de mercado podemos determinar o

preço de equilíbrio, ou seja, o preço para o qual a quantidade oferecida é exactamente

igual à quantidade procurada não desejando qualquer dos intervenientes, para esse preço,

alterar as quantidades transaccionadas:

Preço Oferta Procura Excesso de Procura

15 446 1478 1032 18 524 1232 708 21 588 1056 468 24 644 924 280 27 694 821,3 127,3 30 739,2 739,2 0 33 781 672 -109 36 821 616 -205 39 858 568,6 -289,4 42 893 528 -365 44 916 504 -412

Equilíbrio de Mercado

Oferta

Procura

05

101520253035404550

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

quantidade

pre

ço

O preço de equilíbrio é 30 pois é o preço para o qual os compradores desejam

adquirir 739,2 unidades de X e os vendedores desejam também desfazer-se de 739,2

unidades.

Por exemplo, ao preço de 15 a procura é superior à oferta em 1032 unidades.

Neste caso, compradores que não conseguiram todas as unidades de X que desejavam

estão dispostos a oferecer um preço superior, ou seja, não estão satisfeitos.

Para o preço de 44, a oferta é superior á procura em 412 unidades pelo que

vendedores que não conseguiram vender o que produziram vão oferecer X a um preço

inferior, ou seja, também não estão satisfeitos.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 43

3.2. Como podemos constatar para preços superiores ao preço de equilíbrio, 30, a oferta é

superior à procura, ou seja, há um excesso de procura negativo. Neste caso, produtores

que não conseguiram vender tudo o que produziram estão dispostos a oferecer X a um

preço inferior, mas à medida que o preço diminui a procura aumenta e a oferta diminui

pelo que o excesso de procura negativo é cada vez menor, até que deixa de existir quando

se restabelece o equilíbrio, ou seja, quando o preço volta a ser igual a 30.

Excessos de Procura Negativos=Excessos de Oferts

OfertaExcesso de Oferta

Procura

05

101520253035404550

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

quantidade

pre

ço

3.3. Para preços inferiores ao preço de equilíbrio, 30, o excesso de procura é positivo, ou

seja, a procura é superior à oferta. Neste caso, compradores que não conseguiram adquirir

todas as unidades de X que desejavam estarão dispostos a oferecer um preço superior.

Mas à medida que o preço aumenta a procura diminui e a oferta aumenta tornando-se a

desigualdade cada vez menor até que desaparece quando é restabelecido o equilíbrio.

Excesso de Procura (positivo)

Oferta

Excesso de ProcuraProcura

05

101520253035404550

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

quantidade

pre

ço

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 44

Grupo IV - Fixação autoritária de preços

Questão 1

1.1. Suponhamos que o bem Y é o pão. Conhecemos a procura e a oferta do pão. O preço

de equilíbrio do mercado do pão é o preço para o qual a quantidade procurada é igual à

quantidade oferecida.

Comparando as quantidades procuradas e oferecidas para os vários preços

verificamos que é ao preço de 30 que a quantidade oferecida, 340, é igual à quantidade

procurada, 340.

Preço de Equilíbrio = 30 Quantidade de Equilíbrio = 340

1.2. Suponhamos que se trata de um ano agrícola muito mau devido às condições

climatéricas, o que se traduz numa escassez temporária de pão. Isto é, as quantidades

transaccionadas no mercado em equilíbrio são anormalmente baixas devido às más

condições climatéricas.

Dado que se trata de um bem essencial, isto pode significar que o preço de

equilíbrio é demasiado elevado no sentido que não vai permitir aos consumidores com

rendimentos mais baixos ter acesso às quantidades mínimas necessárias de pão.

Neste caso o Estado intervém fixando um preço máximo para o pão com o

objectivo de permitir o acesso ao mesmo por parte dos consumidores referidos

anteriormente.

Assim, o preço máximo fixado tem que ser inferior ao preço de equilíbrio do

mercado caso contrário não produziria os efeitos desejados. Se o mercado for deixado

funcionar livremente o preço que se vai estabelecer para o pão é o preço de equilíbrio.

Ora este preço é considerado demasiado elevado, logo não faria sentido fixar um preço

máximo superior ao preço de equilíbrio.

1.3. Sabendo que o preço máximo fixado é de 25, inferior ao preço de equilíbrio,

necessariamente terá que existir um desequilíbrio entre as quantidades procuradas e as

quantidades oferecidas pois só ao preço de equilíbrio é que estas se igualam.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 45

Podemos calcular o desequilíbrio de quantidades existente recorrendo às

expressões analíticas das curvas da oferta e da procura:

P=25 => Qo=25+310=335 Qp=-2x25+400=350

Excesso de procura = Qp - Qo = 350 - 335 = 15

A quantidade procurada é superior à quantidade oferecida em 15 unidades o que

significa que há compradores que a este preço não vêem todos os seus desejos satisfeitos.

1.4. A representação gráfica da situação descrita corresponde a:

Mercado do bem Y

05

1015202530354045

310 320 330 340 350 360 370 380 390

quantidade

pre

ço

Oferta

Procura

Excesso de Procura

1.5. Com a fixação de um preço máximo este deixa de cumprir a sua função de

racionamento das quantidades uma vez que a procura é superior à oferta, i.é., não é

garantido que quem está disposto a pagar o respectivo preço pelo bem o consiga

efectivamente adquirir.

Neste caso vão surgir mecanismos alternativos de racionamento tais como as filas

de espera (quem está à frente na fila é quem consegue adquirir o bem), senhas de

racionamento ( o Estado distribui as senhas que dão direito a determinada quantidade do

bem pelos consumidores em função de algum critério), ou é o vendedor que decide a

quem quer vender o bem.

1.6. Como há compradores que não vão conseguir tudo o que queriam do bem estando

dispostos a pagar por ele um preço superior ao fixado pelo Estado estão criadas as

condições para que surja o mercado negro, i.é., um mercado à margem do mercado oficial

onde o bem é transaccionado a um preço superior ao fixado.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 46

GrupoV

Questão 1

Para cada preço, o produtor de concorrência pura e perfeita escolhe a quantidade

que maximiza o lucro e que isso acontece quando P=Cmg. Temos então que analisar para

cada uma das três alternativas propostas se a quantidade sugerida é aquela que maximiza

o lucro para o respectivo preço de mercado.

Hipótese 1

Quando se produzem 3,513 unidades do bem o custo marginal correspondente é

de 12,38. Como o preço de mercado é também de 12,38, então temos que P=Cmg, logo

esta é a quantidade que o produtor vai decidir produzir para aquele preço de mercado.

Hipótese 2

Quando se produzem 5,655 unidades do bem o custo marginal correspondente é

de 19,88. Como o preço de mercado é de 13,63, então temos que P≠Cmg, logo esta não é

a quantidade que o produtor vai decidir produzir para aquele preço de mercado.

Hipótese 3

Quando se produzem 7,392 unidades do bem o custo marginal correspondente é

de 30. Como o preço de mercado é também de 30, então temos que P=Cmg, logo esta é a

quantidade que o produtor vai decidir produzir aquele preço de mercado.

Questão 2

Os sobrelucros associados a cada decisão de produção são dados pela expressão,

Lucros = Receitas Totais - Custos Totais = PxQ – CMxQ

Hipótese 1

L=12,38x3,513-12,38x3,513=0

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 47

P

Q Q

Procura de Mercado

Qin=3,513

Procura Individual

Oferta de Mercado

Qmerc3

=minCM=12,3

Hipótese 3

L=30x7,392-16,212x7,392=101,92

P

Q Q

Procura de Mercado

Oferta de Mercado

Pmerc=30

Qmerc Qind=7,392

Procura Individual

Questão 3

Para P=19,88 a quantidade que maximiza o lucro é 5,655. Se este produtor decidir

aumentar o seu preço para 21 para aumentar os seus lucros vai deixar de conseguir vender

o bem pois este é um mercado de concorrência perfeita em que os produtores são

tomadores de preços, i.é., a sua dimensão é tão reduzida face à dimensão do mercado

imediatamente os outros produtores absorvem os seus clientes se decidir vender acima do

preço de mercado.

Grupo VI

Questão 1

A função custo total de longo prazo dá-nos o custo mínimo de produção de uma

determinada quantidade quando o produtor toma todos os factores de produção como

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 48

variáveis, ou seja, tem implícita a escolha da dimensão da unidade de produção que

permite produzir essa quantidade ao custo mínimo.

Já a função custo total de curto prazo dá-nos o custo mínimo de produção de uma

determinada quantidade quando o produtor toma pelo menos um factor de produção

como fixo, em geral a dimensão da empresa. Isto significa que, para dada dimensão da

empresa, nos dá o custo mínimo de produção da quantidade pretendida.

Questão 2

O equilíbrio de curto prazo de um produtor individual acontece quando o preço é

igual ao custo marginal. Nesta situação a empresa pode registar lucros positivos desde

que o preço seja superior ao custo médio. Mas a realização de lucros num mercado vai

atrair outros produtores.

Quando estudamos o equilíbrio de curto prazo do produtor estamos a supôr que o

número de produtores pode variar. Quando estudamos o equilíbrio de longo prazo, o

número de produtores a actuar no mercado está fixo.

Diz-se então que o produtor está em equilíbrio de longo prazo quando não há

qualquer incentivo à entrada ou saída de produtores do mercado. Como estas decisões são

função dos lucros realizados tal vai acontecer quando os produtores de concorrência

realizam lucros nulos, ou seja, quando P=Cmg=CM.

Se, por exemplo, os produtores estiverem a realizar lucros positivos, novos

produtores vão entrar no mercado o que provoca um deslocamento da curva de oferta de

mercado para a direita e logo uma diminuição do preço de mercado. Com a diminuição

do preço do mercado cada produtor vende agora uma quantidade inferior e vê os seus

lucros diminuírem. Se os lucros forem ainda positivos mais produtores entram no

mercado e novamente a curva da oferta se desloca para a direita e o preço desce. Quando

o preço tiver descido de forma que passa a ser igual ao custo médio os produtores deixam

de realizar lucros e não há novos produtores a querer entrar no mercado.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 49

Equilíbrio de Curto Prazo 1

P

Q Q

Procura de Mercado

Oferta de Mercado CP

Pmerc

Qmerc Qind

Procura Individual

Os produtores individuais são idênticos e, ao preço de mercado, realizam lucros

positivos. Isto vai atrair novos produtores para o mercado (se eram 1 milhão, passam a

ser, por exemplo, 1,5 milhões) o que vai fazer aumentar a oferta de mercado, ou seja, ao

mesmo preço a quantidade oferecida passa a ser maior, o que nos remete para um nova

situação de equilíbrio.

Equilíbrio de Curto Prazo 2

P

Q Q

Procura de Mercado

Oferta de Mercado CP1

Pmerc2

Qmerc1 Qin

Procura Individual

Oferta de Mercado CP2Pmerc1

Qmerc2

A entrada de novos produtores no mercado vai deslocar a curva de oferta de

mercado para a direita: para o mesmo preço a quantidade oferecida é agora superior uma

vez que há mais produtores a actuar no mercado. Ao preço de equilíbrio inicial verifica-se

um excesso de oferta o que vai determinar uma diminuição do preço de mercado. O novo

preço de equilíbrio passa a ser pmerc2.

O lucro de cada produtor individual é agora menor mas ainda é postivo pelo que

ainda vão entrar mais produtores no mercado e novamente a oferta vai aumentar.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 50

Consideremos que a nova situação é já a correspondente ao equilíbrio de longo

prazo.

Equilíbrio de Longo Prazo

P

Q Q

Procura de Mercado

Oferta de Mercado CP1

Pmerc2

Qmerc1 Qin

Procura Individual

Oferta de Mercado CP2Pmerc1

Qmerc2

Oferta de Mercado CP3

Qmerc3

Oferta de Mercado LPnCM

Para o novo preço de mercado, a quantidade que maximiza o lucro do produtor

individual é Qind, quantidade para a qual se tem preço igual ao custo marginal e ao custo

médio. Sendo o preço igual ao custo médio o lucro do produtor individual é nulo não

havendo novos produtores a querer entrar no mercado. Atinge-se assim a situação de

equilíbrio de longo prazo.

A nova situação corresponde ao equilíbrio de longo prazo uma vez que os

produtores deixam de realizar lucros logo não haverá novos produtores a querer entrar no

mercado.

Questão 3

A curva de oferta de longo prazo de um mercado de concorrência pura e perfeita é

uma recta horizontal para o preço de mercado igual ao mínimo do custo médio, único

ponto em que este é igual ao custo marginal. Qualquer que seja a quantidade oferecida

pelos produtores o seu lucro é nulo.

Grupo VII - Concorrência Imperfeita

Questão 1

Um mercado diz-se de concorrência imperfeita quando os seus intervenientes têm

capacidade de influenciar o preço a que o bem é transaccionado no mercado, ao contrário

do que acontece num mercado de concorrência perfeita em que os produtores são

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 51

classificados como tomadores de preços dado que alterações na quantidade oferecida por

cada produtor individual não provocam alterações do preço de mercado, face à sua

reduzida dimensão.

Questão 2

É através da curva da procura que cada produtor enfrenta que podemos distinguir

a concorrência perfeita da concorrência imperfeita.

Se, para um produtor de concorrência perfeita alterações na quantidade oferecida

não influenciam o preço de mercado isto significa que enfrenta uma curva de procura

horizontal:

A venda de maiores quantidades não implica uma redução do preço de mercado

dada a reduzida dimensão do produtor face à dimensão total do mercado.

Já um produtor de concorrência imperfeita tem capacidade para influenciar o

preço de mercado o que significa que alterações das quantidades que decide oferecer vão

alterar o preço de mercado. Em termos de procura, isto significa que enfrenta uma curva

de procura com inclinação negativa:

Procura dirigida ao produtor individual de concorrência perfeita

quantidade

preço

Preço de mercado

Procura dirigida ao produtor individual de concorrência imperfeita

quantidade

preço

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 52

Se o produtor de concorrência imperfeita decidir vender uma quantidade superior

vai provocar uma descida do preço de mercado pois os consumidores só aceitam comprar

maiores quantidades se o preço descer.

Questão 3

Face às cinco características que definem um mercado de concorrência pura e

perfeita, atomicidade, homogeneidade, livre entrada, transparência e mobilidade dos

factores de produção, não é de estranhar que seja praticamente impossível encontrar na

realidade económica exemplos deste tipo de mercados. Talvez os mercados que mais se

aproximem desta estrutura sejam os mercados agrícolas, como algumas Bolsas de Cereais

que existem nos EUA em que o número de vendedores é muito elevado e cada um tem

uma reduzida dimensão face ao mercado.

Questão 4

Na concorrência imperfeita identificam-se normalmente três tipos de mercado: o

monopólio, o oligopólio e a concorrência monopolística.

O monopólio caracteriza-se pela existência de um único produtor que vende um

bem sem substitutos próximos. Como exemplos temos os telefones da rede fixa, a água

ou o gás natural.

O oligopólio caracteriza-se pela existência de um reduzido número de produtores

que podem vender um produto homogéneo ou diferenciado. Como exemplos de mercados

do primeiro tipo temos as indústrias do petróleo e do segundo as indústrias do ramo

automóvel.

A concorrência monopolística caracteriza-se pela existência de muitos vendedores

que vendem produtos diferenciados. Como exemplos temos o comércio a retalho em que

a localização é um factor de diferenciação ou as diferenças de qualidade do

estabelecimento.

Questão 5

O tipo de custos que uma empresa tem que suportar para participar num

determinado mercado é uma das causas da concorrência imperfeita.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 53

No longo prazo, só interessa a uma empresa manter-se num determinado mercado

se tiver perspectivas de realizar lucros positivos ou nulos. Ora enquanto a sua curva de

procura estiver acima da curva de custo médio o seu lucro é positivo e interessa-lhe

aumentar a sua dimensão.

Assim se as curvas de custos médios e marginais forem decrescentes para níveis

elevados de produção relativamente à dimensão total do mercado este permite a actuação

de um reduzido número de empresas caso contrário realizarão lucros negativos.

Consideremos o seguinte gráfico:

Se apenas um produtor actuar neste mercado a curva de procura que enfrenta é a

curva de procura de mercado e pode realizar lucros positivos pois há um intervalo de

quantidades para as quais o preço é superior ao custo médio, i.é., para as quais a curva de

procura está acima da curva de custo médio.

Se outro produtor decidisse entrar no mercado, na melhor das hipóteses os dois

produtores dividiriam igualmente a procura entre si pelo que cada um enfrentaria uma

curva de procura que já não é a curva de procura de mercado mas a curva a tracejado.

Como se pode verificar, não existe agora nenhum intervalo de quantidades para o qual o

preço é superior ao custo médio o que significa que o novo produtor vai realizar lucros

negativos pelo que não lhe interessa entrar neste mercado.

Procura de mercado

Custo médio

quantidade

preço

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 54

Face ao tipo de custos, este é um mercado de monopólio pois só permite a

actuação de um produtor.

Questão 6

No caso do oligopólio, o tipo de custos que as empresas têm que enfrentar permite

a actuação de apenas um reduzido número de produtores no mercado, ou seja, as curvas

de custos médio e marginal também são decrescentes para níveis elevados de produção

embora não tão elevados como no caso do monopólio.

Consideremos o gráfico seguinte:

Neste mercado, a estrutura de custos permite a actuação de mais ou menos três

empresas. Supondo que as três empresas repartem a procura igualmente entre si, a curva

de procura que cada uma enfrenta corresponde a 1/3 da curva de procura de mercado

(curva a tracejado) e existe um intervalo de quantidades para o qual o preço é superior ao

custo médio, ou seja, é possível realizarem lucros positivos.

Já a entrada de uma quarta empresa no mercado levaria a que cada empresa

enfrentasse uma curva de procura correspondente a aproximadamente ¼ da curva de

procura de mercado (curva a ponteado) para a qual não existe nenhum intervalo de

quantidades em que o preço é superior ao custo médio, ou seja, não é possível realizar

lucros positivos pelo que não lhe interessa entrar neste mercado.

Procura de mercado

Custo médio

quantidade

preço

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 55

Grupo VIII - Equilíbrio do Produtor de Concorrência Imperfeita

Questão 1

1.1. Um produtor monopolista vai escolher produzir a quantidade que lhe permite obter o

lucro máximo. Isto acontece quando a receita marginal é igual ao custo marginal:

Rmg=-2q+10 Cmg=3q+1

Rmg=Cmg ó -2q+10=3q+1 ó q=1,8

O monopolista vai produzir 1,8 unidades. Para saber a que preço vai vender cada

unidade tem que recorrer a sua curva de procura que coincide com a curva de procura de

mercado e que nos diz o preço a que os consumidores estão dispostos a adquirir esta

quantidade:

q=-p+10 óp=10-q=10-1,8=8,2

O monopolista vai vender as 1,8 unidades do bem a 8,2 u.m. cada.

1.2. O lucro de qualquer produtor é dado pela diferença entre as receitas totais e os custos

totais:

Lucro = Receita Total – Custo Total

Lucro = pxq – 1,5q2-q-1,5 = 8,2x1,8 – 1,5x(1,8)2-1,8-1,5= 6,6

O monopolista tem um lucro de 6,6 u.m..

1.3. Para representarmos graficamente a situação de equilíbrio do monopolista

necessitamos das curvas de custos médio e marginal, da curva de procura, que neste caso

coincide com a curva de procura de mercado, e da curva da receita marginal.

Das várias curvas só não conhecemos o comportamento da curva da receita

marginal. A curva da receita marginal tem inclinação negativa pois quanto maior for a

quantidade vendida menor é o acréscimo de receitas que lhe está associado dado que a

procura é decrescente com o preço. Por outro lado, situa-se sempre abaixo da curva de

procura pois a receita marginal é sempre inferior ao preço. Mais especificamente, quando

a curva de procura é linear, único caso que vamos considerar, a curva da receita marginal

corresponde à mediana do triângulo formado pela curva de procura e os eixos.

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 56

O produtor monopolista vai produzir a quantidade qm ao preço pm. Se o mercado

fosse de concorrência pura e perfeita, a quantidade oferecida seria qc ao preço pc, ponto

em que o custo marginal é igual ao preço. Assim, num monopólio as quantidades

oferecidas são inferiores e preço de mercado é superior ao praticado num mercado de

concorrência pura e perfeita.

Questão 4

Um cartel é um grupo de empresas que actua como se tratasse de uma empresa só

repartindo de igual forma o mercado entre si.

Questão 5

5.1/2/3. O nosso oligopólio é constituído por cinco empresas idênticas que actuam em

conluio, ou seja, que repartem o mercado igualmente entre si. Isto significa que cada

empresa enfrenta uma curva de procura que corresponde a um 1/5 a curva de procura de

mercado. A situação de equilíbrio é igual para qualquer dos oligopolistas escolhendo a

quantidade que maximiza o lucro, i.é., a quantidade para a qual a receita marginal é igual

ao custo marginal.

quantidade

preço

qm qc

pc

pm

Custo marginal Custo

médio

Procura de mercado

Receita marginal

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 57

Comparando com a situação de monopólio, verificamos que o preço praticado é

inferior e a quantidade vendida superior. Relativamente à situação de concorr~encia

perfeita, o preço de oligopólio é, tal como o preço de monopólio, superior e a quantidade

oferecida inferior.

Questão 6

6.1. Cada produtor de concorrência monopolística enfrenta uma curva de procura para o

seu produto com inclinação negativa e que não coincide com a curva de procura de

mercado. Tem então algum poder de mercado mas mais reduzido que nas outras formas

de concorrência imperfeita uma vez que existem muitos substitutos para o bem que

produz. A curva de procura que enfrenta é assim muito instável. Como qualquer outro

produtor o seu objectivo é maximizar o lucro o que acontece quando produz a quantidade

para a qual a receita marginal é igual ao custo marginal.

quantidade

preço

Custo marginal

Custo médio

Procura de mercado

Receita marginal 1/5 Procura de mercado

qc qo qm

pm

po

pc

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 58

Equilíbrio de curto prazo

6.2. No longo prazo, em equilíbrio não há novos produtores a querer entrar no mercado.

Novamente isto acontece quando os produtores já a actuar no mercado realizam lucros

nulos, ou seja, quando o preço é igual ao custo médio.

Se os produtores estiverem a realizar lucros positivos novos produtores vão entrar

no mercado o que vai determinar uma redução da procura dirigida aos produtores já

instalados. Esta redução da procura continua enquanto novos produtores entrarem, ou

seja, enquanto os lucros forem positivos. Quando a situação de equilíbrio acontecer no

ponto em que o preço é igual ao custo médio os produtores a actuar no mercado realizam

lucros nulos e não há novos produtores a querer entrar. Nesta situação atingiu-se o

equilíbrio de longo prazo.

quantidade

preço

Custo marginal

Custo médio

Procura do produtor

Receita marginal

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Exercícios Resolvidos – Marta Simões 59

Equilíbrio de longo prazo

Como o preço é dado pela curva da procura, paraa que este venha iguaal ao custo

médio a curva da procura tem que ser tangente à curva do custo médio para a quantidade

que maximiza o lucro, ou seja, em que a receita marginal é igual ao custo marginal.

quantidade

preço

Custo marginal

Custo médio

Procura de curto prazo do produtor

Procura de longo prazo