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  • Prof. Roque Enrique Severino

    MANUAL DE BUDISMO

    1 Edio

    So Paulo Edio do Autor

    2011

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    OS ENSINAMENTOS VIVOS DE BUDA

    Introduo O Buda Disse: As 20 coisas mais rduas Cap. 1 - Pg. 8 Nascimento de Sidarta Gautama Vida de Sidarta Gautama Sidarta Gautama torna-se Buda ou um Iluminado Os trs Giros da Roda do Dharma Primeiro Giro da Roda do Dharma - Introduo As Quatro Nobres Verdades A Nobre Verdade do Sofrimento A Parbola da Semente de Mostarda A Nobre Verdade da Origem do Sofrimento A Nobre Verdade da Cessao do Sofrimento A Nobre Verdade que Conduz ao Fim do Sofrimento O Nobre ctuplo Caminho Explicao Detalhada do ctuplo Caminho Uma Breve Histria Relacionada Famlia de Sakya Muni A destruio do cl As Vidas Passadas do Buddha Histria e Expanso do Budismo - O proselitismo de Asoka A ascenso do budismo Mahayana A expanso do budismo Mahayana (sculo I - sculo X) ndia Centro e Norte da sia sia Central: Bacia de Tarim Coreia Japo Sudeste asitico Imprio Srivijaya Imprio Khmer (sculos IX-XIII) Emergncia do budismo Vajrayana (sculo V) O renascimento do budismo Theravada Expanso asitica O mundo helenstico Interao greco-budista (sculo II a.C. - sculo I a.C.) Expanso do budismo no Ocidente Cap. 2 -Pg. 31 O Dhammapada Os Conclios Budistas - Primeiro Conclio O Cnone Pali Existem dois tipos de Arhats Segundo Conclio Terceiro Conclio Quarto Conclio

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    Cap. 3 -Pg. 38 Abhidharma A Origem do Abhidharma A Filosofia do Abhidharma Anlise da Conscincia O Abhidharma e o Mestre do Dharma O Conhecimento do Abhidharma Indispensvel? Abhidharmatha Sangaha Cap. 4 - Pg. 42 A Roda da Vida Discusso sobre os seis reinos Os 12 Elos da Interdependncia A sabedoria desperta nos doze elos Outro modo pelo qual os artistas s vezes representam os doze elos No precisa haver exatamente doze elos Duas outras teorias baseadas nos doze elos desenvolveram-se aps a vida do Buddha Os Dois Aspectos do Co-surgimento Interdependente Estudo sobre a Mente O carro tem necessidade de um condutor Escuta, reflexo, meditao Os quatro vus O vu da ignorncia O vu dos condicionamentos latentes O vu das emoes conflituosas O vu do karma Pureza e desabrochar Trs suportes de existncia Conscincias diferenciadas Os rgos oriundos das conscincias Os objetos dos sentidos Cap.5 - Pg.65 O "Segundo Giro da Roda do Dharma" e As Primeiras Escolas As primeiras escolas Mahasanghika: Sarvastivada Vaibhashika Sautrantika O Caminho dos Sravaka: Mtodo de Meditao para eliminar o sofrimento causado na idia do eu O Convencional e o Real Cap.6 - Pg.70 O Terceiro Giro da Roda do Dharma A Via dos Cittamatra Reflexo sobre esta Via

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    A natureza imaginria Natureza dependente Natureza finalmente existente Refletindo sobre a via dos Cittamatra Enfoque da Vacuidade: A Pessoa como um carro O ensinamento sobre a causalidade ou causao universal. A filosofia Yogachara enumera oito conscincias Purificao Dois tipos de conscincia nascem do alaya: manas e vijnana. Natureza imaginada ou imputada: Natureza dependente Natureza totalmente estabelecida, perfeita, absoluta ou ltima: Madhyamaka / Madhyamika / Shunyavada: Um pouco de sua Histria Cap. 7 - Pg.86 A Prtica da F no Budismo Prajna Paramita ou Perfeio do Conhecimento Transcendental Sutras: O Sutra da Grande Sabedoria - Ou o Maha Prajna Paramita Hridaya Sutra. O Sutra do Esprito da grande Sabedoria que permite ir mais Alm O Sutra da Grande Compaixo - ou o Sutra do Corao O Sutra Surangama Mtodo de Avalokiteswara para atingir a completa Iluminao Meditao sobre o rgo do ouvido. O Sutra da Contemplao de Amitayus Buda. Vimalakirti Nirdesa Sutra - Breve Exposio Cap. 8 - Pg.115 O Tibete Pr Budista a Tradio Bon por Alexander Berzin Traando as Origens do Bon Shenrab Miwo A Conexo Iraniana Khotan Descrio do Universo e da Vida Aps Morte O Exlio dos Bonpos Textos-Tesouro Bon Enterrados Comparando Bon com o Budismo Tibetano Cultura Tibetana e Ensinamentos Essenciais Concluso As Diferentes Escolas de Budismo no Tibete A Tradio Nagpa A Tradio Ngakchang - Ngak Chang Rimpoche Praticantes no monsticos da Yoga Budista Transformao Introduo do Budismo no Tibete As Diferentes Escolas de Budismo No Tibete - Escola Nigmapa Escola Skayapa Escola Gelupa Escola Kagyupa.

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    A Linhagem dos Karmapas. A linhagem Shangpa Kagyu Cap. 9 - Pg.134 O que o Tantra? A Exposio do Dharma Segundo a Perfeita Explicao ou o Tantrayana Historia Linguagem oculta dos Tantras Os Votos tntricos ou os 14 Votos Vajrayana: Ensinamentos de Kyabje Kalu Rimpoche Os trs corpos de Buda As qualidades dos Budas Os 4 estados sublimes da mente O precioso corpo humano: As 8 liberdades As 10 aquisies. Dificuldade de ter um corpo humano precioso Seu verdadeiro sentido A impermanncia - A impermanncia do Universo. A impermanncia de todos os seres A impermanncia de tudo o que nos rodeia. Mantra a palavra sagrada - Funo dos mantras Mantras especficos Cap. 10 - Pg.152 Karma Cap 11 - Pg. 164 Refgio As Prticas do Refgio nas Trs Jias e na Bodhichita (Esprito do Despertar) O Dharma tem dois aspectos: Quando voc toma refgio A palavra "jia" no termo "As Trs Jias" Quando ao tempo de tomar refgio Conselho para evitar obstculos: Conselho para colocar o refgio em prtica: Conselho geral para a prtica do refgio nas Trs Jias: Nunca renuncie s Trs Jias, mas confie nelas Os benefcios de se tomar refgio: Um olhar mais minucioso sobre o Refgio As caractersticas de um Buda Os dois aspectos do Dharma so: Os objetos de refgio material O objeto de refgio absoluto: O objeto de refgio resultante: As Trs Razes: Bodhichita

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    Cap. 12 - Pg. 172 Um Altar em Casa Guru Yoga de Bokar Tulku Karma Ngedon Chokyi Lodro Cap. 13 - Pg.178 As Stupas e Seu Simbolismo O Dharma e a Construo da Stupa Interna A Stupa inclui em si mesma a tripla perfeio dos trs corpos de Buda Os Aspectos Consagrados da Stupa Base Nivel Medio Bumpa Tsog Shing (Arvore da vida) Disco do Sol e da Lua Simbolismo da Stupa A primeira plataforma representa as quatro fundaes da conscincia plena: A segunda plataforma representa as quatro restries verdadeiras: A quarta plataforma como as cinco faculdades espirituais: A fundao e suporte da harmika (olhos) como o caminho ctuplo: As dez aes virtuosas geram mrito e virtude, a base para o caminho espiritual. O tronco da vida como os dez conhecimentos: As treze rodas como os dez estgios de Bodhisattva: O Tempo, A experincia do Tempo e a Stupa A diminuio do tempo de vida pode ser entendido de duas maneiras: O Vajrayana e a Construo da Stupa. Bibliografia consultada Currculo: Professor Roque E. Severino (Naljorpa Zopa Norbu)

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    Introduo O Dharma de Buda vasto e profundo, uma vida dedicada somente ao estudo do Dharma no seria suficiente para abranger todas as palavras do Buda Sakyamuni. Entender o Dharma de Buda? Penso que deve durar muitas vidas; Treinar o Dharma de Buda? Comear hoje e no desistir at que nos iluminemos. Ento para ajudar aos nossos amigos que esto querendo trilhar este caminho insondvel organizei um material que nos brinda um suporte para que possamos ter ao menos uma linha bsica de ensinamentos. No minha inteno colocar nele interpretaes pessoais sobre os ensinamentos do Sr. Buda. Minhas fontes de pesquisa so os sutras conservados nas tradies Japonesas, Chinesas e Tibetanas. Particularmente sigo os ensinamentos do Mui Ven. Bokar Tulku Rimpoche e Kyabje Tenga Rimpoche. Quando coloco palestras ou sermes proferidos pelos mestres renomeados do Budismo contemporneo como sua Santidade o XIV Dalai Lama, ou Kalu Rimpoche, Chogyam Trungpa Rimpoche, e outros coloco sempre a foto do mesmo ao lado do ttulo para que possamos identificar estes grandes seres e assim aumentar a nossa devoo e gratido pelos seus ensinamentos. No concernente ao Jardim do Dharma, j conseguimos realizar muitos sonhos, trouxemos vrios Rimpoches, construmos a Grande Stupa que contem as relquias do prprio Buda Sakyamuni, do Patriarca Bodhidharma, entre outros Mestres Iluminados. Depois construmos as oito Stupas que levam relquias de Bokar Tulku e Dilgo Kientse Rimpoche entre outros. Trouxemos o Kangyur e o Tangyur completo mais toda a obra literria que utilizada nos Mosteiros Kagyupas, alm de todos os ensinamentos da linhagem Shangpa Kagyu. Agora somente nos falta praticar at a iluminao. Nos falta construir a Stupa Interna!! Que este manual seja de ajuda e de guia. Com carinho. No Santo Dharma. Prof. Roque Severino - Naljorpa Karma Zopa Norbu

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    O Buda Disse:

    Minha Doutrina implica o pensar que est alm do

    pensamento; Executar aquilo que est alm da execuo; Falar de aquilo que est alm das palavras; Praticar aquilo que est alm da prtica

    Aqueles que podem chegam a isto progridem, no entanto os estpidos voltam.

    A Via que pode expressar-se em palavras pequena; nada h que possa ser apreendido.

    Se estais equivocado por to pouco como a milsima parte de um cabelo, num instante perdereis o Caminho

    Do Sutra de 42 Partes.

    O Buda disse: Observa aqueles que pedem o Conhecimento do Caminho. Ajud-los uma grande felicidade e assim podero obter muitos benefcios. Um Sramana perguntou: H algum limite para estas bnos?. O Buda Falou: So como o fogo de uma tocha da qual milhares de pessoas podem ascender a sua. A luz devora as trevas e aquela tocha a origem de tudo. H 20 coisas que so rduas para os seres humanos Praticar a caridade quando se pobre

    Agentar os insultos sem contestar com ira

    Refrear-se de definir as coisas como se fossem algo ou no algo

    Estudar o caminho quando se ocupa um cargo de grande autoridade

    Ter poder e no t-lo em considerao

    Entrar em contato com uma clara percepo do caminho

    Entregar a vida aproximao da morte inevitvel

    Ter contato com as coisas sem que estas nos afetem

    Perceber a prpria natureza e mediante esta percepo estudar o Caminho.

    Lograr a oportunidade de ler os sutras

    Estudar tudo extensamente e investigar tudo completamente

    Ajudar os outros Iluminao de acordo com suas variadas necessidades

    Ter nascido diretamente num meio Budista

    Vencer o egosmo e a desdia rduo olhar o fim do caminho sem se comover

    Agentar a luxria e o desejo sem se entregar a eles

    Falar sem sentido por no ter estudado o caminho

    rduo tirar fora as correntes, que nos amarram roda da vida e da morte, medida que se apresentam as oportunidades

    Olhar algo atraente sem desej-lo

    Manter a mente em equilbrio Estas so as 20 coisas mais rduas.

    Do Sutra de 42 partes

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    Cap. 1: Nascimento de Sidarta Gautama

    Obs. Para tornar as informaes contidas neste tpico o mais fidedigno possvel consultei vrias fontes tradicionais e outras modernas que incluem comentrios de mestres Budistas Japoneses, Chineses e Tibetanos. Quando considero necessrio, tambm incluo minha prpria interpretao. No ano 624 antes de Cristo, num pequeno reino, nascia um menino especial, que ofereceria ao mundo uma doutrina capaz de libertar o ser humano do sofrimento. Sidarta Gautama ou Sakyamuni, um nome composto que significa: Sakya, que correspondia ao nome da famlia real no seio da qual ele nasceu; e Muni, que quer dizer o Capaz. Seu lugar de nascimento chama-se Lumbini, situado originalmente ao norte da ndia, hoje territrio pertence ao Nepal. Sua me chamava-se Mayadevi, nome composto que significa

    Iluso Luminosa, e o nome de seu pai era Shuddodana. Mayadevi teve um sonho no qual via que um elefante branco vinha visit-la, este elefante no vinha sobre a terra e sim do cu. O fato de este elefante ingressar no seu tero, simbolizava que tinha concebido uma criana pura e poderosa. Basicamente, na ndia o elefante simboliza a sabedoria, porm a Rainha sabia que ele vinha do cu Tushita, a terra pura onde habita o Buda Maitreya. Ao compreender que o momento do nascimento da criana estava perto, a Rainha pediu para seu esposo que a levasse casa de seu pai. O Rei concordou e quando estavam atravessando o Jardim de Lumbini, chegou a hora. Foi preparado ento um leito sob uma rvore que (segundo conta a tradio oral) curvou-se para dar sustento rainha na hora do parto. A tradio oral conta que no momento de dar a luz criana, a Rainha no sentiu as dores do parto, e teve uma viso muito especial e pura, na qual ela estava segurando o galho desta rvore que se curvou para ajud-la enquanto Brama e Indra tiravam uma criana de seu lado direito. Tambm viu que os Lipikas (anjos no misticismo cristo), aqueles que esto associados com a reencarnao e o Karma, desceram dos seus mundos para segurar os varais dos palanquins que o Pai, o Rei Shuddhodana , tinha mandado construir para transportar seu filho at o palcio. Estes anjos ocultaram seu esplendor, vestiram roupas humildes de carregadores a fim de adorar o futuro prncipe da humanidade. Teve tambm uma viso de que este menino andou sete passos e que a cada passo dado nascia uma flor de lotos, smbolo do homem que estando no mundo (simbolizado pelas razes na lama) mantm-se completamente puro e imaculado (simbolizado pela prpria flor, que nascendo no meio do lodo, nas suas ptalas no pode aderir nenhuma partcula de p ou qualquer tipo de sujeira). Este o motivo pelo qual todos os Budas e Bodhisatwas so sempre representados descansando seus ps encima de lotos. Naquele tempo morava perto do palcio um Rishi (Vidente da Verdade) chamado Asita, que levava no bosque uma vida de santo eremita. Tambm era um Sacerdote ou Bramam, cujos ouvidos estavam fechados para a vida mundana e somente abertos para os sons celestiais. Atravs de sua profunda meditao escutou os cnticos dos Devas (anjos), adorando o novo ser que tinha nascido. Por sua idade, pelos intensos jejuns, pelo seu ascetismo e poderes da clarividncia era considerado muito sbio e fiel interpretador de sonhos e pressgios de homens puros. Por ter esta fama o Rei o mandou chamar para ver o Prncipe Sidarta (nome dado pelo pai ao nascer). Quando o velho o contemplou no pde conter as lgrimas e suspirou profundamente. O Rei ao ver este homem santo chorar e suspirar ficou profundamente assustado e perguntou-lhe: Que vistes em meu filho que te deixou to magoado? Mas o velho asceta no estava chorando de pena e sim de gozo, porm quando viu a grande preocupao que tinha causado ao rei disse:

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    rei, qual lua em sua plenitude, deve sentir alegria sua Majestade porque gerou um filho de maravilhosa nobreza. No adoro Brama, porque adoro este menino, ao qual os prprios Deuses abandonaram para virem ador-lo.

    Afasta todo tema de dvida, afasta todo temor. Os pressgios espirituais indicam que o recm nascido veio para salvar o mundo.

    Mas lembrai-vos de que sou velho e que no pude conter as lgrimas; pois meu fim se aproxima. A pureza de sua doutrina se assemelhar margem que recebe o nufrago; seu poder de meditao ser como a frescura de um lago, e toda criatura inflamada no ardor da luxria, se tranqilizar espontaneamente.

    Ele abrir as pesadas portas do desespero e livrar todas as criaturas da trama das redes que elas mesmas teceram na sua loucura e ignorncia.

    Ele apareceu para liberar da escravido os miserveis e desesperados. E terminou falando: Oh criana, eu te adoro. s ele. Vejo a luz rosada impressa na planta de seus ps, o suave desenho

    da sustica, os trinta e dois sinais sagrados e os oitenta secundrios. Tu sers Buda, pregars a Lei e salvars a todos os que aprenderem.

    Depois disse Rainha: Me do menino, doce rainha amada dos deuses e dos homens. Devido a este magno acontecimento j ests demasiado sagrada para continuar sofrendo. Como a vida sofrimento, daqui a sete dias chegars sem dor ao fim da dor. Passados os sete dias e vendo que a hora tinha chegado, a me de Sidharta chamou sua irm Pradjapati e disse: A me que deu a luz ao futuro Buda, no ter outro filho. Eu abandonarei este mundo, o rei meu esposo e meu filho Sidharta. Quando eu no mais existir, seja a me dele. Na mesma noite a rainha dormiu sorrindo e no despertou mais de seu sonho.

    Vida de Sidarta Gautama Conforme crescia, o jovem prncipe dominava todas as artes e cincias tradicionais sem precisar de muito esforo. Conhecia sessenta e quatro lnguas, cada qual em seu prprio alfabeto, alm de ser

    perito em matemticas. A pedido do pai ingressou numa escola onde apreendeu vrias artes em especial o manejo do arco e flecha e as artes marciais, encorajando constantemente seus amigos a viver de acordo com as regras da espiritualidade e da moralidade. Ainda jovem casou-se com a filha de um rei chamada de Yasodhara com quem teve um filho chamado Rahula. O Pai tinha mandado construir palcios diferentes em composio e tamanho para afrontar as estaes do ano.

    Os trs encontros Um palcio de cedro quente para o inverno, outro de mrmore para o estio e outro de ladrilhos cozidos para o outono. Uma vez instalados nos palcios o pai tentou de afastar pouco a pouco tudo o que lembrasse dor e aflio deste mundo, a fim de que o prncipe ignorasse os males do mundo. Porm o destino de Sidarta faz com que escute uma melodia triste

    dentro do seu palcio produzindo este sentimento estranho chamado melancolia. Esta melancolia tornou-se to forte que se transformou em profunda dor, e ao no saber o que estava acontecendo com ele o prncipe sente uma intensa necessidade de sair do palcio para conhecer o que estava alm dos muros. Foi assim que o pai mandou afastar os mendigos, doentes e velhos e mandou que todas as casas fossem enfeitadas com cortinas e bandeiras.

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    Quando Sidarta passou por um determinado lugar, encontrou-se frente a frente com dois homens velhos. Perguntou ao cocheiro: Quem esse? Sua cabea branca, seus olhos tremem e tem o corpo maltratado, apenas pode sustentar-se com o seu basto... O cocheiro aflito decidiu contar-lhe a verdade e respondeu: - Esses so os sinais da velhice. Esse homem foi uma criana, depois um adolescente cheio de entusiasmo e de prazer, porm, os anos passaram; agora seu porte desapareceu e seu vigor no existe mais. Profundamente aflito pelas palavras do cocheiro, Sidarta suspirou e disse pari si mesmo: Que gozo e que prazer podem experimentar os homens quando sabem que a velhice vir e os far sofrer e caminhar penosamente. Aps estas reflexes e com seu esprito profundamente perturbado, se depara com outra viso, a de um homem enfermo, ofegante, desfigurado pela dor e a lepra, convulso e gemendo de dor. O prncipe indagou ao cocheiro: Que classe de homem esse?. E o cocheiro falou:Esse homem est enfermo, os quatro elementos (Terra, fogo, gua e ar) de seu corpo esto confusos e em desordem. Todos esto sujeitos aos mesmos acidentes: os pobres, os ricos, o ignorante, o sbio, enfim, todas as criaturas que tm corpo esto sujeitas ao mesmo mal. Sidarta comoveu-se ainda mais. Todos os prazeres lhe pareciam em vo e sentiu desgostos pelos prazeres da vida. O Cocheiro percebendo o estado de esprito do prncipe fustigou os cavalos a fim de afastar-se o mais rpido possvel do lugar em que estavam, porm o sbio destino quis que sua corrida chegasse de pronto ao seu fim, mostrando ao prncipe o ltimo espetculo: um cortejo fnebre. Quatro pessoas levavam um cadver e o prncipe enternecido ante a viso do corpo privado de vida, interrogou ao cocheiro: Quem so estas pessoas? O que levam? O cocheiro informou: Levam um morto, seu corpo est rgido, a vida fugiu dele e seu pensamento se extinguiu. Sua famlia e amigos levam seu corpo para o lugar de cremao. O prncipe cheio de horror e espanto perguntou: isto uma condio excepcional ou h no mundo outros exemplos semelhantes?. Com o corao oprimido o cocheiro respondeu-lhe: Isto igual para todos, todos os que nascem devem morrer algum dia, ningum escapa da morte. Com a voz apagada o prncipe exclamou. Oh, homens mundanos, quo fatal vosso erro. Inevitavelmente vosso corpo se transformar em

    p e no obstante continuais vivendo descuidados e despreocupados. Passado um tempo, o prncipe pede ao pai que o deixe olhar a cidade tal qual exatamente vem a ser e no como ele queria mostrar. Resultou que disfarado de mercador junto com o seu cocheiro encontraram um cortejo fnebre, no momento de cremao do cadver. Sidarta observou tudo isto enquanto o cocheiro lhe dizia que tudo o que o homem tinha vivido, sonhado, desejado, estava somente ali, num pouco de cinzas e segundo ensinavam as doutrinas Bramnicas ele iria renascer em outro lugar, em outros tempos, porm ningum sabia onde, e esse renascer estaria caracterizado pelas mesmas inquietudes, gozos e tristezas que caracterizaram a vida deste personagem; e que outra vez a morte o tomaria para si a fim de que o homem descanse um pouco do sofrimento de viver neste mundo. Sidarta pensou ento como seria possvel que se Brama fosse to poderoso e fosse o criador deste mundo, depois de ter criado, como o abandonaria desgraa?... Seria impossvel a existncia da desgraa, se Brama fosse onipotente e bondoso, porm ao no ser assim, portanto ele tambm est sujeito a vida e morte, por conseqncia no pode ser chamado de Deus. Aos vinte e nove anos o prncipe teve uma viso na qual todos os Buddhas das dez direes apareceram diante dele e falaram em unssono, dizendo: Tempos atrs havias decidido tornar-te um Buddha conquistador para ajudar todos os seres vivos que esto presos no ciclo do eterno sofrimento. Agora chegou o momento de realizares isto. O prncipe imediatamente comunicou ao seu pai a deciso de se retirar para viver em meditao: Pai, desejo recolher-me a um lugar tranqilo na floresta, onde possa engajar-me em profunda meditao e rapidamente atingir a iluminao. Depois de ter atingido a iluminao, eu serei capaz de recompensar a gratido e bondade de todos os seres vivos, e em especial, vossa grande bondade comigo. Assim peo vossa permisso para abandonar o palcio.

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    Diante da negativa do pai, o prncipe Sidarta disse ao pai: Pai, se puderes me outorgar permanente liberdade diante dos sofrimentos do nascimento, da

    doena, do envelhecimento e da morte, permanecerei no palcio; mas se no fores capaz disto, terei de partir e tornar minha vida humana significativa.

    O Rei tentou por todos os meios impedir que o prncipe pudesse abandonar o palcio, e para tal fim, com a esperana de que o filho mudasse de idia, cercou-o de lindas moas, danarinas, banquetes e todo o tipo de encantos tentando seduzi-lo, porm esta tentativa somente dava mais fora ao prncipe de realizar sua fuga. Um dia aps o pai ter reforado a guarda, para evitar uma fuga secreta, Sidarta usa de seus poderes para induzir ao sono profundo tanto guardas como servidores, enquanto escapava do palcio com um auxiliar de confiana. Depois de cavalgar nove quilmetros, o prncipe desmontou e se despediu do ajudante, cortou seus cabelos e os jogou ao cu para que fossem apanhados pelos deuses, tendo recebido em troca as tnicas de cor de aafro dum mendicante religioso. Em troca o prncipe ofereceu uma vestimenta real. Deste modo tronou-se a si mesmo monge. Depois durante um perodo de seis anos, treinou a meditao junto a um grande Rishi chamado Drang Song Nhonmongme, que quer dizer O Sbio sem emoes. Durante este tempo estudou e dominou diferentes tipos de meditao e estados de absoro mundanos. Praticou o ascetismo junto com cinco ascetas que tinha encontrado nas suas peregrinaes, procurou outros sbios e encontrou somente sutilezas intelectuais, porm quando meditava sobre o sofrimento percebia que todo intelectualismo era derrubado como uma folha ao vento, pois ningum encontrava soluo a este dilema. Como escapar ou como resolver o sofrimento humano? De tanta austeridade e meditao seu corpo foi reduzido a um esqueleto, ainda assim venceu o medo, domesticou os apetites da carne, desenvolveu as capacidades da concentrao e da mente ao seu extremo. Porm ainda assim no conseguia a libertao verdadeira. s margens de um rio, enquanto ele fazia seus exerccios de meditao, o sbio destino lhe faz escutar um ensinamento de um mestre de ctara para seu aluno, onde este lhe explicava que para que a ctara soasse corretamente ele no poderia nem esticar demasiadamente as cordas nem deix-las completamente frouxas. Foi neste momento que ele encontrou o caminho do meio, porque ao estar refletindo sobre a mente e a forma correta de meditar, este ensinamento lhe outorgava a resposta certa. Imediatamente uma pastorinha lhe entregou uma cuia com arroz com leite e ao com-la compreendeu que de nada servia a mortificao do corpo. Neste momento ele compreendeu que tanto o apego aos prazeres mundanos como as mortificaes levariam o meditante aos estados neurticos da mente. Resolveu comer novamente, e sentindo-se descansado e refrescado sentou-se ao p da arvore Bodhi em Bodhygaya, onde numa noite de lua cheia do quarto ms do calendrio lunar, e em postura de meditao, jurou no emergir da meditao antes de atingir a perfeita iluminao.

    Sidarta Gautama Torna-se Buda O Iluminado. Sutra Nipata III.

    Estando Sidarta Gautama, o Buda, prximo ao rio Nerajara, esforando-me em meditao, para conquistar a segurana contra o cativeiro, Namuci veio, com seus exrcitos de demnios. (Namuci, que significa Aquele que no solta com facilidade o controle sobre os seres humanos - um nome para Mara ou o demnio)

    Manifestou hostes de tenebrosos demnios, que atiravam flechas, lanas, flechas com fogo, pedras. Contudo Sidarta permaneceu silencioso e completamente impassvel. Pela fora de sua concentrao e por estar sua mente limpa de todo dio e noo de certo e errado, todas estas vises e acontecimentos se assemelhavam a chuva de flores perfumadas e o fogo transformava-se em luzes de arco-ris.

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    Mara observou que o medo no iria perturbar Sidarta, em vez disso tentou distra-lo manifestando grande nmero de belas mulheres que de todo modo tentava seduzi-lo. Sidarta respondeu com uma concentrao mais profunda. Deste modo triunfou sobre todos os demnios deste mundo, motivo pelo qual se tornou mais conhecido como Buddha Conquistador. Mara falando palavras com compaixo enganadora; dirigindo-se a Sidarta Gautama, o Buda: Voc est emaciado, parece doente, voc est prximo da morte. A morte tem mil partes suas e apenas uma frao sua est viva. Viva, bom senhor! A vida melhor. Vivo voc pode fazer atos meritrios. Vivendo em celibato, realizando o sacrifcio do fogo, muito mrito realizado. Qual benefcio lhe trar o esforo? O caminho do esforo difcil de seguir, difcil de realizar, difcil de manter. E para aquele Mara, que disse aquilo, o Abenoado respondeu o seguinte: Companheiro dos negligentes, Diablico, porque voc veio at aqui? Aqueles que precisam de mrito: esses so aqueles a quem Mara deve se dirigir. Eu tenho f, energia, sabedoria. Estando decidido pelo esforo, porque voc me pede que eu viva? Este vento poderia secar at mesmo as guas de rios. Por que, estando decidido, meu sangue no deveria secar? Na medida em que meu sangue blis e fleuma secam. Na medida em que a carne consumida, a mente se torna mais tranqila; ateno plena, sabedoria, concentrao se firmam. Permanecendo dessa forma, alcanando a ateno mxima. (A mxima equanimidade que pode ser alcanada atravs de jhana-sabedoria) A mente no tem interesse nos desejos sensuais. Veja: a pureza de um ser! Diablico O seu primeiro exrcito chamado de Sensualidade. O segundo chamado Descontentamento. O terceiro Fome e Sede. O quarto chamado Desejo. O quinto Preguia e Torpor. O sexto chamado Medo. O stimo Dvida. O oitavo Hipocrisia e Teimosia, O nono ganhos, honrarias, fama e status obtidos de forma incorreta, e qualquer um que se vanglorie e menospreze outros. Esse, Namuci, o seu exrcito. A fora de ataque do Negro. (O Negro ou Kanha, outro nome para Mara. e personifica as paixes sensuais. Ele leva consigo um alade, que mencionado no fim do discurso, tocando o alade ele cativa os seres. Os outros acessrios que ele dispe so um arco e flecha, um lao e um anzol). Um covarde e preguioso no pode venc-lo. Porm quem o derrota conquista a felicidade E Buda pergunta ao Demnio: Eu carrego a erva muja? (A erva Muja era o equivalente na antigidade, na ndia, bandeira branca. Um guerreiro acreditando que talvez tivesse que se render levava consigo para a batalha a erva muja. Para se render ele deitava no cho com a erva muja na boca. O Buda, perguntando esta questo retrica, est indicando que ele no o tipo de guerreiro que carregaria erva muja. Se derrotado, ele preferiria morrer a render-se)

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    Eu cuspo na minha vida!!! Morte na batalha seria melhor do que, se derrotado, eu sobrevivesse. Alguns brmanes e contemplativos, no so vistos aqui se esforando, to imersos eles esto no mundo. Eles no conhecem o caminho trilhado por aqueles com a conduta perfeita. Vendo o exrcito que me cerca pronto para a luta com Mara montado no seu elefante, eu vou para a luta de modo que ele no me mova da minha posio. Esse seu exrcito, que o mundo com os seus anjos incapaz de subjugar, Eu esmagarei com a sabedoria, igual a uma cermica que no foi cozida por uma pedra. Tendo domesticado a mente, a ateno plena bem estabelecida, eu irei, de reino em reino, treinando muitos discpulos. Diligentes e energticos na prtica dos meus ensinamentos, os ensinamentos daqueles desprovidos de desejos sensuais, eles iro aonde, tendo ido, no h sofrimento. Aps escutar as palavras do Bendito, Mara responde: Por sete anos, segui de perto os passos do Abenoado, mas no tive uma oportunidade para derrotar esse plenamente atento. Perfeitamente Iluminado. E cantou: Um corvo sobrevoa uma pedra com a cor da gordura. Ele pensa: Talvez tenha encontrado algo tenro ali. Talvez seja algo para comer. Mas no encontrando nada comestvel, o corvo vai

    embora. Igual ao corvo e a pedra, eu deixo Gotama, desalentado. Tomado pela tristeza, o alade caiu do seu brao. E aquele esprito deprimido, exatamente ali desapareceu. Aps ter vencido o chefe dos demnios, Sidarta Gautama continuou meditando at o amanhecer, nesse momento ele contemplou seus anteriores nascimentos, sua causa e seu consecutivo sofrimento. Esqueceu o eu egosta que amarra o homem aos seus caprichos, elevou sua conscincia ao ltimo degrau onde somente permanece a Luz que est mais alm de todo pensamento, de toda construo conceitual, de toda dualidade. Ao fim, estando toda a terra silenciosa no momento da lua cheia, realiza o estado do completamente Aberto e Desperto. Sua mente torna-se completa e livre de qualquer obstruo. Acordando do sono da ignorncia, eliminando as obstrues da

    mente, ele passa a conhecer tudo do passado, do presente e do futuro, espontaneamente, simultaneamente, diretamente. Alm disso, ele desenvolveu a compaixo, que inteiramente imparcial e abarca todos os seres sem discriminao. Aps quarenta e nove dias de sua Iluminao os deuses Brama e Indra solicitam que Sidartha inicie seus ensinamentos: Oh Buddha tesouro de Compaixo, h seres que somente possuem um pouco de p nos seus olhos, eles esto ameaados de cair nos reinos inferiores. No h outro protetor que vs neste mundo. Assim, por favor, emersa de sua profunda meditao e gire a roda do Dharma. Foi assim que Sidarta Gautama o Buddha inicia seu apostolado em prol da liberao do gnero humano fazendo girar a Roda do Dharma por trs vezes.

    Os trs giros da Roda do Dharma O Budha apresentou a "Viso do Caminho do Meio" muitas vezes de maneiras diferentes, as quais se acham sumarizadas nos "Trs Giros da Roda do Dharma". Ele ensinou primeiramente em Sarnath, pouco aps sua iluminao, a um grupo de seres que no tinham nem grande energia, nem mentes expansivas. Ministrou-lhes as "Quatro Nobres Verdades": ensinou que toda existncia comum

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    sofrimento, que tal sofrimento resulta de nosso prprio carma e que este carma gerado atravs do condicionamento degradado de nossas prprias mentes. A mente degradada, afirmou, provm de nosso apego noo de uma individualidade, ou ego. Assim, o Budha demonstrou a natureza sofredora da existncia no mundo e suas causas. Em seguida, mostrou

    a possibilidade da liberao do sofrimento ao alcanarmos o Nirvana. Para se alcanar o Nirvana, no suficiente ter inclinao moral, ou o sentimento de poder alcan-lo: deve-se estar compelido a praticar o caminho a fim de atingir a completa cessao das degradaes e do conseqente sofrimento; cessao esta que o Nirvana. Neste contexto, "o caminho" significa contra-agir ao apego noo de ego e auto-existncia. No "Primeiro Giro da Roda do Dharma", o Shakyamuni no ensinou especificamente a Vacuidade, embora tenha sugerido indiretamente. A ausncia de ego que ele proclamou naquela oportunidade no era a ausncia de individualidade num sentido ltimo, mas no sentido mais simples de que no existe nenhum ego, ou auto-natureza, permanente e solidamente individual. O "Primeiro Giro da roda do Dharma", o primeiro

    ensinamento sobre as Quatro Nobres Verdades, etc., geralmente diz respeito ao Hinayana.

    Primeiro Giro da Roda do Dharma. Introduo.

    Obs. Os giros da Roda do Dharma so os momentos em que Buda enunciou um ensinamento para platias diferentes. Os conclios surgem aps o parinirvana do Buda e foi realizado pelos seus seguidores.

    Sidarta Gautama o Buda ps em movimento pela primeira vez a Roda do Dharma em Varanasi (Benares), uma cidade situada perto do rio Ganges. Nesse momento enuncio o primeiro ciclo de seus ensinamentos em frente aos cinco Rishis , ou os cinco yogues que tinham acompanhado o Buda durante os primeiros momentos de seu desenvolvimento espiritual. Eles foram ordenados diante de Buda. Quando Buda chegou a este lugar existiam no mesmo quatro tronos, trs dos quais estavam ocupados pelos trs Budas do Passado. Buda circumbalou os quatro tronos e sentou-se no quarto, quando se sentou os outros trs desapareceram. Primeiro ensinamento aos cinco yogues Foi nesse momento que em frente aos cinco ascetas e uma assemblia de oitenta mil seres divinos promulgou as Quatro Nobres Verdades dirigindo-se a eles da seguinte maneira: O Tathagata, Irmos, O Bendito, O Plenamente Iluminado, em Isipatana, no parque das gazelas em Benares, tem estabelecido o supremo reinado da Verdade, e ningum pode suport-la; e o fazer conhecer, assinalar, expor, revelar, e explicar, tornar evidente ...

    As Quatro Nobres Verdades Que so estas Quatro Nobres Verdades? A nobre verdade do sofrimento A nobre verdade da causa do sofrimento. A nobre verdade do fim do sofrimento. A nobre verdade do caminho que leva a extino do sofrimento, ou o ctuplo Nobre Caminho. E o Bendito Falou:

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    Irmos, no entanto meu conhecimento e intuio no que respeita as quatro nobres verdades, no era muito claro, eu duvidava de ter logrado uma completa intuio desse conhecimento que no superado nem no Cu nem na Terra, que no tem referncia entre todas as grandes quantidades de ascetas e sacerdotes, de seres invisveis e de homens comuns. Porm, enquanto, Irmos, meu conhecimento e intuio no que respeita a cada uma delas chegar a ser perfeitamente claro, surgiu em mim a segurana de que tinha conseguido uma completa compreenso desse conhecimento, por este motivo Irmos:

    A Nobre Verdade do Sofrimento Que , agora, a Nobre Verdade do Sofrimento?: Nascer sofrimento, decair sofrimento, morte sofrimento, pena, lamentar-se, dor, pesar e desespero sofrimento. No conseguir o que se deseja sofrimento, ser separado do que se ama sofrimento. Os cinco agregados da existncia so sofrimento. Mas Irmos que nascer? Conceber, germinao, manifestao dos agregados e do surgimento da atividade sensria, isto nascimento. Que irmos decair? chegar a velho, e murchar, a decrepitude, ficar com os cabelos brancos, o se esvaziar da fora vital, o enfraquecimento dos cinco sentidos, isto decair. Que Irmos a morte? separao, desaparecimento, o desgarramento, a runa, a dissoluo, o fim do perodo vital, o fim dos cinco agregados da existncia, a putrefao, isto a morte Que Irmos pena? Tudo o que atravs desta ou outra perdida que se padece, infortnio produz pena, preocupao, aflio, desespero interno pena. Que Irmos lamentao? Tudo o que, Irmos, atravs desta ou daquela perda se padece, e a queixa, e o lamento, o gemido, isto lamentao. Que Irmos a dor? Tudo o que desagradvel e penoso para o corpo, feridas, chagas, cortes, pus, isto chamado de dor. Que Irmos o pesar? Tudo o que doloroso para a mente, desagradvel para a mente, isto pesar. Que Irmos Desespero? a conscincia da perda, a pena que se experimenta, o desalento, a impotncia, isto chamado de Desespero. Que Irmos o sofrimento de no lograr o que se deseja? E tendo conscincia de todos os problemas e aflies humanas exclamaram: Oh! Se no tivssemos diante do decair, a enfermidade, morte, a dor, o lamento, a pena, o pesar, o desespero. Porm isto no pode se lograr somente pelo mero desejo; por isso no conseguir o que se deseja sofrimento. Que so pois em soma, Irmos, os cinco agregados da Existncia? a existncia material, o sentimento, a percepo, as diferenciaes subjetivas, a conscincia. Existem trs tipos de sofrimento. O primeiro sutil e est em todos os seres vivos; o fundamento da existncia. O segundo o sofrimento produzido pele eterna mudana, pela constante impermanncia. O terceiro sofrimento conhecido como sofrimento do sofrimento, este a dor concreta que experimentamos quando nosso corpo material sofre.

    A Parbola da Semente de Mostarda

    Krisha Gotami teve um filho e este morreu. Transtornada de dor, ia com o filho morto de casa em casa, pedindo um remdio, e as pessoas diziam: -Est doida, a criana est morta." Finalmente, Krisha Gotami encontrou um campons que respondeu sua splica dizendo: -No posso dar um remdio para a criana, porm sei de um mdico capaz de o dar. E Krisha Gotami respondeu: -Suplico-te que me digas quem .

    -Vai ver o Buda.

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    Krisha Gotami foi ver o Iluminado e exclamou, chorando: -Senhor meu e mestre. Meu filho estava brincando entre as flores e tropeou numa serpente que se enroscou no seu brao. Ficou logo plido e silencioso. No posso aceitar que ele deixe de brincar ou que deixe o meu colo. Senhor meu mestre, d-me um remdio que cure o meu filho.

    O Iluminado respondeu:

    - Sim, irmzinha, h uma coisa que pode curar teu filho e a ti, se puderes consegui-la, porque os que consultam os mdicos tomam o que lhes receitado. Procura uma simples semente de mostarda preta, porm s deves receber de uma casa onde nunca tenha entrado a morte, onde no tenha ainda morrido pai, me, filho nem filha, nem irmo, nem irm, nem escravo, nem parente. Aflita, Krisha Gotami foi de casa em casa pedindo o gro de mostarda. As pessoas se compadeciam dela e lhe davam, porm, quando ela pergunta se j tinha morrido algum naquela casa, lhe respondiam: -Ah! Poucos so os vivos e muitos os mortos. No despertes nossa dor. Agradecida, ela lhes devolvia a mostarda e dirigia-se a outros que lhes diziam: -Aqui est a semente, porm j morreu nosso escravo. -Aqui est a semente, porm o semeador morreu entre a estao chuvosa e a colheita. E no encontrou nenhuma casa onde no tivesse morrido algum. Krisha Gotami voltou chorosa para o Iluminado dizendo-lhe: -Ah! Senhor, no pude encontrar mostarda em casa onde no tivesse havido morte. Ento, entre as flores silvestres, na margem do rio, deixei meu filho que no queria mamar nem sorrir, e volto para ver teu rosto e beijar teus ps suplicando-te que me digas onde encontrar essa semente, sem deparar ao mesmo tempo com a morte, pois, apesar de tudo no posso crer na morte de meu filho, como todos me disseram e temo tenha acontecido.

    O mestre respondeu-lhe:

    -Minha irm, procurando o que no podes encontrar, achaste o amargo blsamo que eu queria dar-te. Sobre teu seio, o ser que amas dormiu hoje o sono da morte. Agora j sabes que todo mundo chora uma dor semelhante tua. O sofrimento que aflige todos os coraes pesa menos do que se concentrado num s.

    Escuta! Derramaria eu meu sangue se derram-lo pudesse deter tuas lgrimas, imais conduzidos por seus donos. Nenhum nascido pode evitar a me descobrir como o segredo do amor causa angstia, e atravs de prados floridos conduzir-vos ao sacrifcio qual mudos anorte. Assim como os frutos maduros caem da rvore, assim os mortais esto expostos morte desde que nascem. A vida corporal do homem acaba partindo-se como a vasilha de barro do oleiro. Jovens e adultos, nscios e sbios, todos esto sujeitos morte. Porm, o sbio que conhece a Lei no se perturba, porque nem pelo pranto nem pelo desnimo obtm a paz, mas ao contrrio, isso tudo aviva as dores e os sofrimentos do corpo. A morte no faz caso de lamentaes. Morre o homem, e seu destino est determinado por suas aes. Embora viva dez ou cem anos, acaba o homem por separar-se de seus parentes ao sair deste mundo. Quem deseja a paz da alma, deve arrancar de sua ferida a flecha do desgosto, da queixa, da lamentao. Feliz ser aquele que consegue vencer a dor. Sepulta tu mesma o teu filho. Extenuada pela dor, Krisha Gotami sentou-se beira do caminho, ps-se a meditar no silncio do entardecer e disse consigo: "Quo egosta sou eu em minha dor! A morte o destino comum de tudo quando vive. Porm, neste vale desolado h um caminho que conduz imortalidade - aquele que elimina de si todo egosmo. E sufocando o amor egosta que sofria por seu filho, enterrou-o no bosque. E foi logo refugiar-se no Iluminado, e encontrou consolo que alivia o corao dilacerado pela dor.

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    A Nobre Verdade da Origem do Sofrimento Qual Irmos, a Nobre Verdade da Origem do Sofrimento? o desejo que d surgimento a um novo renascimento amarrado pela sede de prazer, agora aqui, agora l, sempre encontra um novo deleite. Esta sede que nos impele constantemente a agir tem trs manifestaes. A primeira a Sede sensual. A segunda a Sede da Existncia Individual. A terceira a Sede da Auto aniquilao. Porm Irmos onde esta sede tem origem, de onde ela surge? Olho agradvel, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente todas so agradveis e causam prazer para os

    homens. Formas, sons, odores, sabores, contatos corporais e idias so agradveis e causam prazer para os

    homens. A conscincia que se origina mediante o contato do olho, ouvido, nariz, lngua, o corpo e a mente

    so agradveis e causam prazer aos homens. O contato que surge atravs do olho, ouvido, nariz, lngua, corpo e mente agradvel e causa prazer

    aos homens. As sensaes que surgem mediante o olhar, escutar, cheirar, saborear, tocar e pensar, so agradveis

    e causam prazer aos homens. A percepo de formas, sons, cheiros, sabores, contatos corporais e idias, so agradveis e causam

    prazer aos homens. A ansiedade das formas, dos sons, dos odores, dos sabores, do contato corporal e das idias so

    agradveis e causam prazer aos homens. Pensar e refletir sobre as formas, sons, odores, sabores, contatos corporais sobre as prprias idias,

    torna-se agradvel e causam prazer aos homens. Assim Irmos, quando o ser experimenta ou contempla uma forma com o olho, escuta um som, cheira uma fragrncia, experimenta um sabor com a lngua, sente um contato com o corpo, experimenta uma idia com a mente. Se estes Irmos, resultarem prazenteiras , ento o sentido de agradvel aparece, se for desagradvel aparece o sentido da averso. Agora bem, seja qual for o sentimento que aparecer, bom, mau ou neutro, sempre aprovado e sempre o homem se apega imediatamente a ele. O ato de apegar-se o ato de atar-se existncia, atar-se a existncia a causa do futuro nascimento; O nascimento d origem ao decaimento e a morte, a pena, a lamentao, dor, ao pesar e ao sofrimento. Assim surge toda massa de sofrimento. Impulsionado em verdade pelo desejo sensual, somente por este vo desejo, os reis fazem a guerra

    para outros reis, os prncipes aos prncipes, os sacerdotes aos sacerdotes, os cidados aos cidados, a me com o filho, o filho com o pai, os irmos entre si, os amigos tornam-se inimigos.

    Assim, entregues a esta discrdia ferem-se mutuamente com paus, pedras, facas, armas de todo tipo. Procuram a morte rapidamente, causam a morte rapidamente, afundam os seus seres que teriam que amar nas piores das misrias. Todos estes sofrimentos, Irmos, somente tm como causa o Desejo sensual. Ademais Irmos, por causa deste desejo, as pessoas rompem os contratos, roubam os pertenas dos outros, furtam, traem, seduzem as mulheres casadas, andam pelo mau caminho em palavras, pensamentos, e fatos que os acompanham at depois da morte caindo em estados de existncia onde cada vez mais existem sofrimentos insuportveis.

    Porque se tem dito: No no ar, nem no mais profundo do oceano, nem nas cavernas das montanhas, nem em parte alguma encontrar um lugar onde possas estar livre dos maus atos.

    A Nobre Verdade da Cessao do Sofrimento Que ento, Irmos, a Nobre Verdade da Cessao do Sofrimento? a completa extino do desejo, e rejeitar o desejo, e libertar-se dele. Porm irmos, como chega a desaparecer este desejo? Existem trs formas:

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    Refletindo profundamente sobre o prprio infortnio. Refletindo sobre o infortnio dos outros. Refletindo sobre o infortnio prprio e dos outros. Assim, refletindo profundamente sobre o infortnio e sobre as causas do infortnio, os homens compreendem que a raiz de seus males est radicado na sede sensual. Derrotando esta sede, extirpando esta sede, o homem no experimenta sofrimento mental, nem angustia, nem dor. Este o Nirvana visvel nesta vida, atrativo, acessvel ao sbio discpulo.

    A Nobre Verdade que Conduz ao Fim do Sofrimento Oh Irmos! Existem dois extremos que devem ser evitados por aqueles que procuram a liberao do sofrimento. E quais so estes? Um e o apego aos prazeres mundanos, s paixes, aos gozos, o qual vo, vulgar e ignbil. O Outro a mortificao de si mesmo, o qual doloroso, vo, vulgar e ignbil. Evitando estes dois extremos, Irmos, o Buda percebeu o caminho do meio que produz a percepo interior, confere o conhecimento, conduz calma, a suprema sabedoria, a iluminao interior e ao Nirvana. E qual o caminho do meio, Irmos?

    o Nobre ctuplo Caminho o qual est constitudo por: Correta compreenso. Correta inteno. Correta palavra. Correta ateno. Correto viver. Correto esforo. Correta aplicao. Correta meditao. Obs: O termo Correto usado no budismo no pretende dizer que ser Correto o oposto ao errado. Porm esta palavra tem que ser entendida dentro de vrios aspectos que se relacionam com o cotidiano das pessoas. Convencionalmente o Correto a contrapartida do incorreto, por conseqncia correto igual a certo e incorreto igual ao errado. Para o Budismo, a palavra correto deriva da palavra Snscrita Samyak, que significa Completo, incluindo assim a ideia de se bastar a si mesmo e no necessitar de convenes inventadas pelas pessoas comuns. Completo inclui a idia de Puro, sem misturas, sem falsas interpretaes. Quando um esforo, palavra ou ato completo encerra em si mesmo a totalidade. Encerrando a totalidade, esta no pode ser entendida dubiamente. Por conseqncia, a palavra correto ou completo inclui a idia de cem por cento. Sofrimento, Amor, experincia pura completa em si mesma.

    Explicao Detalhada do ctuplo Caminho Qual pois, Irmos, a Correta compreenso? Quando o discpulo compreende o mal, compreende a raiz do mal, compreende o bem e a raiz do bem; isto, Irmos, a reta compreenso. Que Irmos o mal? Matar - Furtar - Relaes sexuais desonestas - mentir - caluniar - usar linguagem irada - falar sem sentido - cobiar o alheio - opinar com erro ou equivocadamente, todos estes fatores so o mal E qual a raiz do mal? A Cobia, a Ira e a Iluso so a raiz do mal. E qual a raiz do Bem? E estar livre da Ira, da Cobia e da Iluso a raiz do Bem? Ademais, Irmos, quando o discpulo compreende o sofrimento, a causa do sofrimento, e o caminho que leva ao fim do sofrimento, isto, irmos, a reta compreenso. Quando o discpulo observa que a forma, o sentimento, a percepo, as tendncias, e a conscincia so transitrias, neste caso, ele possui a Reta Compreenso. Mas se algum falasse: no quero seguir estes ensinamentos a no ser que o Buda me fale se o mundo e temporal ou eterno; se o mundo e finito ou infinito; se a personalidade idntica ao corpo, se a personalidade e a alma (Atmam) so diferentes ou idnticos; se Buda segue existindo ou no depois da

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    morte; se a alma imortal ou se ela perece junto com o corpo, tal pessoa, Irmos, morrer antes que o Buda lhe possa explicar tudo isto. Isto como que se um homem fosse atravessado por uma flecha envenenada e seus amigos, companheiros e familiares procurassem a um mdico e ele falasse assim, No quero que tirem esta flecha enquanto no conhea ao homem que me feriu, enquanto no conhea a que casta pertence, qual seu nome, como sua famlia, se ele alto ou baixo, Irmos, seguramente que este homem morrer sem que possa chegar a conhecer tudo isto Porque, existindo ou no estas teorias, certamente que h nascimento, decaimento, envelhecimento, doena, morte, lamentao, sofrimento, pesar e desespero.

    Que , pois, Irmos a Correta Inteno? O pensamento livre de sensualidade O pensamento livre da m vontade O pensamento livre da crueldade.

    Que , pois, Irmos a Correta Palavra? O Homem, Irmos, h vencido a mentira, venceu a falsidade. Diz a verdade, devoto da verdade, digno de confiana, no engana as pessoas. Quando levado perante um Juiz e o mesmo lhe pergunta vamos bom homem, fala o que sabes, responde, se nada sabe nada sei e se sabe sei; se nada tem olhado responde, nada vi se olhou responde vi. Assim nunca diz mentiras conscientemente, nem por amor ao prprio proveito, nem por amor ao proveito de outra pessoa, nem por amor a proveito algum. A vencido a calnia, no injria, O que escutou aqui, no o repete l, para assim no ser causa de desentendimentos nem de brigas. Torna-se elemento reconciliador, alegra-se na concrdia, difunde com suas palavras a concrdia. Tem renunciado linguagem com ira, fala palavras suaves para o ouvido, palavras que despertam o amor no corao das pessoas, palavras que so corteses, palavras que deixam muitas pessoas felizes, palavras que elevam aos muitos. Venceu a charla ociosa, fala no momento justo, de acordo com os fatos, fala com oportunidade. Fala somente do Dharma ou guarda santo silncio. Fala dos fatos dos grandes mestres e estimula a que sigam seu exemplo. Sua fala tida como de muito valor, e no contradiz seu pensamento.

    Que , pois, Irmos, a Correta Ao? Irmos, este homem renunciou a matar, de nenhuma forma, seja com a mo seja com armas. Este homem compassivo, cheio de simpatia, ama a bondade e tem piedade de todos os seres vivos. Renunciou ao furto e ao roubo, somente pega o que lhe foi dado, guarda o que lhe foi encomendado a guardar, enfim evita se apoderar de qualquer objeto que no lhe pertence. Renunciou a qualquer tipo de relao sexual desonesta,, no seduz as mulheres casadas, no tem relaes sexuais perto das moradias de homens santos, ou discpulos que esto meditando, nem perto ou dentro de lugares considerados santos. No tem relaes sexuais com comerciantes do sexo, nem com crianas. Isto Irmos chamado de correta ao.

    Que , pois, Irmos, o Correto Viver? Correto viver ou Correto meio de Vida, se abster dos cinco tipos nefastos de comrcio: de armas, de seres vivos, de carne, de bebidas embriagadoras e de drogas ou venenos. Enfim, Correto modo de Vida inclui ser honesto no trabalho que se esteja realizando, e obter o sustento da vida da forma mais honesta possvel.

    Que , pois, Irmos, o Correto Esforo? H irmos, quatro grandes esforos: Esforo de Evitar: que estar atento e engendrar em si mesmo a vontade de vencer o mal e as

    coisas impuras que ainda no tem surgido, e, invocando suas foras luta e se esfora em manter a

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    mente constantemente em alerta para que os pensamentos, palavras e atos errados no se materializem.

    Esforo de Vencer: que estar atento e conceber em si mesmo a vontade de vencer o mal e as coisas impuras que j tem surgido, e invocando toda sua fora, luta e se esfora, incitando a sua mente para vencer.

    Esforo de Desenvolver: Constantemente est dirigindo sua mente para desenvolver pensamentos positivos, de amor e de concrdia. Desenvolve estado de constante ateno para evitar ou aniquilar estados mentais que no estejam de acordo com a compaixo, a cordialidade e o amor ao prximo.

    Esforo de Manter: estando em alerta suprimindo estamos mentais negativos, e desenvolvendo estados mentais positivos tenta constantemente manter a mente em harmonia com o seu meio ambiente e com todos os seres com a finalidade de ajudar ao desenvolvimento da mente calma.

    Que , pois, Irmos, a Correta Aplicao?

    O discpulo, Irmos, vive em contemplao do corpo, das sensaes, da mente, dos fenmenos internos, incansavelmente, claramente consciente, com os sentidos despertos, tendo vencido os desejos mundanos. Atravs da Correta Aplicao dos Quatro Fundamentos anteriormente detalhados, ele conduzido ao conseguimento da pureza, a vencer a dor, a lamentao, ao fim do sofrimento e a pena ao Nirvana.

    Que , pois, Irmos o Correto Samadhi? Fixar a mente num ponto, isto Samadhi. Os quatro fundamentos da Aplicao, estes so os objetos do Samadhi. Os Quatro Grandes Esforos, estes so os meios necessrios para o Samadhi. Praticar, cultivar e desenvolver estes itens so chamados Desenvolver o Samadhi..

    Uma Breve Historia Relacionada Famlia de Sakya Muni = Sakya (cl) Muni (jia) O Cl dos Sakyas

    Na poca do Buddha, a ndia no era um pas unificado. O subcontinente indiano estava dividido em pequenos estados, alguns monrquicos e outros no-monrquicos. Os estados monrquicos eram os dezesseis grandes reinos de: Anga, Magadha, Ki, Kaula, Vrji, Mall, Chedi, Vatsa, Kuru, Pacla, Matsya, rasena, Avaka, Avanti, Gandhra e Kambhoja. Estes estados eram governados por grandes reis ou marajs, que permaneciam no poder em carter vitalcio e hereditrio. J os estados no-monrquicos eram: Os kyas de Kapilavastu; Os Malls de Pv e de Kuinagara; Os Licchavis de Vaial; Os Videhas de Mithila; Os Koliyas de Ramagam; Os Bulis de Allkapa; Os Kalingas de Resaputra; Os Mauryas de Pipphalvana; E os Bhaggas da colina Sumsumara. As famlias nobres de cada um destes estados assumiam o poder alternadamente. O chefe da famlia governante recebia o ttulo rja, ou rei, mas esta funo no era vitalcia. Estes governantes locais rivalizavam entre si com o objetivo de estabelecer estados maiores. O Buddha nasceu na casta guerreira do cl dos kyas, ou hbeis. Sua famlia chamava-se Gautama ou vaca mais excelente. Este um nome muito auspicioso para os padres da ndia, onde a vaca considerada sagrada.

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    No se sabe exatamente se a raa dos kyas era riana ou no. De acordo com alguns textos, o progenitor da tribo dos kyas chamava-se Mahsammata. Reis famosos dos clssicos indianos seriam considerados membros deste cl. Os governantes dos kyas intitularam-se descendentes de um heri vdico, o rei solar Iksvku. Ele teria sido filho de Manu, o pai da humanidade e progenitor da dinastia solar dos dityas Em muitas tradies existem referncias a uma suposta dinastia solar, isto , uma dinastia de luz. As escrituras jainistas tambm afirmam que Mahvra era descendente do sol. Na poca do nascimento de Buddha, o governo era exercido por seu pai, uddhodana Gautama, membro da casta guerreira. Mais tarde, o ttulo de rja foi passado para o prncipe Bhaddhiya, que ento passou a exercer o governo. Certa vez, um jovem brmane atacou o Buddha, dizendo que os kyas eram grosseiros, vulgares, imprudentes e violentos. Ele tambm os acusou por no venerarem os brmanes nem fazerem oferendas a eles. H registros de que, em tempos antigos, houve at mesmo casamentos entre irmos para preservar a linhagem dos kyas. O casamento entre primos era muito comum, particularmente com aqueles do reino dos Koliyas. Kapilavastu e as terras dos kyas A tribo dos kyas sediava-se entre o nordeste da ndia e as montanhas do Himlaya, no sul de Nepal. Sua capital, a cidade de Kapilavastu, talvez tenha recebido este nome em homenagem a Kapila, fundador da escola Samkhya uma filosofia no-vdica, baseada na dualidade da matria e do esprito. No se conhece a localizao exata de Kapilavastu; muitos identificam como a atual Tiralur Kt, no

    Nepal. Outra hiptese a de que tenha se situado em Piprahw, na ndia, onde foram encontradas relquias atribudas ao Buddha. Apesar da grande atividade agrcola particularmente de arroz e gado, os kyas estavam passando por graves problemas polticos. Seu estado era independente, mas eles tinham de pagar tributos aos seus suseranos. No passado, eles estavam subordinados ao prspero reino de Magadha (atual estado de Bihar). Sua capital era a cidade de Rjagaha, atual Rjagr, depois transferida para Paliputta, atual Patna. O reino era governado por Seniya Bimbisra, pai do

    prncipe Ajtaatru . O prncipe foi um dos responsveis pela morte do prprio pai. Na poca do Buddha, os kyas no eram mais vassalos do reino de Magadha, mas sim de Kaula, cuja capital chamava-se rvast. O reino de Kaula era governado por Prasenajit , que tambm era suserano de outras localidades importantes como Ayodhy e K atual Vrnas. Assim como os governantes dos kyas, os reis de Kaula consideravam-se descendentes de uma raa solar.

    A Destruio do Cl Sakya Quando tinha dezesseis anos de idade, o prncipe Viddbha visitou seus avs na capital dos kyas. Quando esteve l, uma escrava lavou o lugar onde ele tinha se sentado com gua e leite. Isto teria sido feito para purificar as impurezas de Viddabha sua av Ngamund tinha sido uma escrava, por isso sua me Khattiy era considerada impura, inferior. Para se vingar desta humilhao, o prncipe jurou lavar aquele mesmo lugar com o sangue dos kyas.

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    Aps a morte do pai, Viddabha assumiu o trono e decidiu massacrar os kyas. Por trs vezes, ele viu o Buddha meditando sob uma rvore na fronteira do pas e desistiu de atacar. Porm, na quarta e ltima empreitada, suas tropas marcharam sobre Kapilavastu. Apesar de estarem armados, os kyas no atacaram e foram completamente aniquilados. Algumas fontes afirmam que 77.000 pessoas foram mortas e 80.000 crianas foram raptadas. Os registros afirmam que 500 mulheres foram levadas ao harm de Viddabha, mas como no quiseram se submeter, elas tiveram seus membros cortados e foram mortas. Os nicos poupados por Viddabha foram o seu av Mahnma e os seguidores dele. O prprio Mahnma foi aprisionado e convidado a participar de uma refeio, na qual deveria comer a carne do filho de uma escrava. Para escapar, Mahnma pediu para se banhar em um lago, onde tentou se suicidar e teria sido milagrosamente salvo pelos mticos ngas. Pouco tempo depois, durante uma noite, Viddabha e seus soldados foram levados por uma enchente noturna, morrendo afogados. O Buddha faleceu no ano seguinte, atingindo a liberao final. Alguns kyas fugiram para os Himalyas, onde fundaram a cidade de Maurya-nagara. Nesta cidade originou-se a dinastia Maurya, responsvel pela unificao da ndia nos tempos do imperador budista Aoka Pandu, filho de Amitodana dos kyas, tambm teria conseguido escapar, cruzando o Ganges e fundando uma cidade do outro lado do rio. Sua filha Bhaddakaccn casou-se com o rei Panduvsu-deva do r Lank. Seis irmos de Bhaddakaccn tambm foram para o r Lank. A cidade de Kapilavastu caiu em runas provavelmente aps a morte do rei Kaniska dos Kunas (sculos I-II a.C.).

    Os Textos Tradicionais Sobre Buda Os textos tradicionais sobre o Buddha kyamuni e suas vidas passadas esto repletos de alegorias que foram adicionadas ao longo dos sculos. Apesar de no poderem ser tratados como registros histricos, os elementos mitolgicos possuem uma importncia espiritual muito grande, expressando verdades

    profundas de maneira simples. Desta forma, o budismo tornou-se acessvel a um nmero maior de pessoas e h mais de 2.500 anos tem inspirado geraes de praticantes laicos e monsticos. A histria de Buddha, pode-se dizer, no um mito. Na verdade possvel desemaranhar da lenda de Buddha, assim como da histria de Cristo, um ncleo de fato histrico. Fazer

    isso e demonstrar claramente seu preceito tem sido uma grande realizao do ensino oriental durante o ltimo meio sculo. Aqui, entretanto, iremos nos preocupar com a histria mtica do Buddha, tal como esta relatada em vrios trabalhos que no so, estritamente falando, histricos, mas tm um inquestionvel valor literrio e espiritual. H mais de meio sculo, os eruditos ocidentais passaram a estudar o mito por uma perspectiva que contrasta sensivelmente com a do sculo XIX, por exemplo. Ao invs de tratar, como seus predecessores, o mito na acepo usual do termo, isto , como "fbula", "inveno", "fico", eles o aceitaram tal qual era compreendido pelas sociedades arcaicas, onde o mito designa, ao contrrio, uma "histria verdadeira" e, ademais, extremamente preciosa por seu carter sagrado, exemplo e significativo. Mas esse novo valor semntico conferido ao vocbulo "mito" torna o seu emprego na linguagem um tanto equvoco. De fato, a palavra hoje empregada tanto no sentido de "fico" ou "iluso" como no sentido familiar, sobretudo aos etnlogos, socilogos e historiadores de religies de "tradio sagrada, revelao primordial, modelo exemplar. Compreender a estrutura e a funo dos mitos nas sociedades tradicionais no significa apenas elucidar uma etapa na histria do pensamento humano, mas tambm compreender melhor uma categoria dos nossos contemporneos. O mito conta uma histria sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do "princpio". Em outros termos, o mito narra como, graas s faanhas dos entes

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    sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o cosmo, ou apenas um fragmento. Uma possibilidade a de ver o Buddha como uma figura histrica particular, uma pessoa que viveu no que hoje o norte da ndia, no V e VI sculos a.C. e que passou por um despertar transformador aos trinta e cinco anos de idade. Podemos nos remeter de uma forma muito humana e histrica, compreendendo suas lutas, sua busca, sua iluminao, da perspectiva de um ser humano em relao a outro. Outro nvel de relacionamento o de ver o Buddha como um arqutipo fundamental da humanidade; isto , como a manifestao plena da natureza do Buddha, a mente que est livre de aviltamento e distoro, compreendendo sua histria de vida como uma grande jornada representando alguns aspectos arquetpicos bsicos da existncia humana. Olhando a vida do Buddha dessas duas maneiras, como um personagem histrico e como um arqutipo, torna-se possvel ver o desenrolar dos princpios universais dentro do contedo particular de sua experincia de vida. Podemos ento ver a vida do Buddha no como a histria abstrata e remota de algum que viveu h 2.500 anos, porm como uma que revela a natureza do universal dentro de todos ns. Isto se torna um meio de entender nossa prpria experincia num contexto maior e mais profundo, um que conecta a jornada do Buddha nossa prpria. De qualquer forma, existe um ncleo comum a todos os registros tradicionais sobre o Buddha. Os aspectos mais importantes da sua vida e do seu ensinamento so os mesmos em todas as escolas budistas. A funo do mito consiste em revelar os modelos e fornecer assim uma significao ao mundo e existncia humana. Da seu imenso papel na constituio do homem. Graas ao mito, despontam lentamente as idias de realidade, de valor, de transcendncia. Graas ao mito, o mundo pode ser discernido como cosmo perfeitamente articulado, inteligvel e significativo. Ao narrar como as coisas foram feitas, os mitos revelam por quem e por que o foram, e em quais circunstncias. Todas essas "revelaes" engajam o homem mais ou menos diretamente, pois constituem uma "histria sagrada". Os mitos, em suma, recordam continuamente que eventos grandiosos tiveram lugar sobre a Terra, e que esse "passado glorioso" em parte recupervel. A imitao dos gestos paradigmticos tem igualmente um aspecto positivo: o rito fora o homem a transcender os seus limites, obriga-o a situar-se ao lado dos deuses e dos heris mticos, a fim de poder realizar os atos deles. Direta ou indiretamente, o mito "eleva" o homem. Em suma, as experincias religiosas privilegiadas, quando so comunicadas atravs de um enredo fantstico e impressionante, conseguem impor a toda a comunidade os modelos ou as fontes da inspirao. Nas sociedades arcaicas como em todas as outras partes, a cultura se constitui e se renova graas s experincias criadoras de alguns indivduos. Mas, como a cultura arcaica gravita em torno dos mitos, e como estes ltimos so continuamente reinterpretados e aprofundados pelos especialistas do sagrado, a sociedade em seu conjunto conduzida para os valores e as significaes descobertas e veiculadas por esses poucos indivduos. Nesse sentido, o mito ajuda o homem a ultrapassar os seus prprios limites e condicionamentos, e incita-o a elevar-se para "onde esto os maiores". Todo um estudo poderia ser dedicado s relaes entre as grandes personalidades religiosas, sobretudo os reformadores e os profetas, e os esquemas mitolgicos tradicionais. Os movimentos messinicos e milenaristas dos povos das antigas colnias constituem um campo de investigaes quase ilimitado. Pode-se reconstituir, ao menos em parte, o cunho de Zaratustra na mitologia iraniana ou de Buddha nas mitologias tradicionais indianas. Quando ao judasmo, a poderosa "desmistificao" realizada pelos profetas h longo tempo conhecida. H uma riqueza de material fonte quanto ao Buddha Gautama, muito mais do que para Confcio ou Jesus Cristo, por exemplo. O problema, assim, torna-se de seleo. H tambm, como Erich Frauwallner que apontou muito mais fatos histricos disponveis para o Buddha do que para seus contemporneos prximos, os gregos Tales e Pitgoras. No h dvida quanto existncia da pessoa que advogou o pensamento nico que atribumos a ele. A histria da vida do Buddha tem um grande significado para ns. Ela exemplifica os grandes potenciais e capacidades que so intrnsecos existncia humana. No meu ponto de vista, os eventos que conduziram [o Buddha] iluminao completa do um exemplo adequado e inspirador aos seus

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    seguidores. Resumindo, sua vida faz a seguinte afirmao: "Esta a maneira pela qual vocs devem seguir o seu caminho espiritual. necessrio ter em mente que atingir a iluminao no um trabalho fcil. Exige tempo, vontade

    e perseverana".

    As Vidas Passadas do Buddha Estrias sobre 550 vidas passadas do Buddha kyamuni so relatadas em antigos contos indianos denominados Jtakas. Um Jtaka completo geralmente compreendia quatro sees: 1) Uma histria situada no presente que fornece as circunstncias que levaram o Buddha a revelar seu nascimento anterior; 2) histria do nascimento anterior;

    3) Os versos originais dos quais as histrias so comentrios; 4) e a revelao do Buddha de quem so os personagens nas vidas atuais. No cnone escrito em idioma pli, preservado pela tradio budista Theravda, estes contos aparecem no Vinaya Piaka e no Khuddaka Nikya (um dos conjuntos de textos que compem o Sutta Piaka). Neste ltimo, as estrias so encontradas nos livros intitulados Jtaka e Cariya Pitaka. O Comentrio sobre os Jtakas atribudo ao monge Buddhaghosa. Esta antologia rene todos os versos dos Jtakas em pli acompanhados pela traduo das estrias relacionadas a eles. Como no encontrou nenhuma verso desses comentrios na ndia, Buddhaghosa teria traduzido textos cingaleses para o pli. O Jtaka introduzido por um texto chamado Histria das Origens. Sua primeira seo, o Drenidna, narra os eventos que teriam acontecido nas vidas passadas do Buddha kyamuni desde a vida como Sumedha at o seu penltimo renascimento, no paraso de Tusita. O budismo Mahyana chins, coreano, japons e vietnamita, assim como o budismo Vajrayna tibetano, baseiam-se nas tradues de textos posteriores que foram escritos em snscrito hbrido budista. Nestas obras, os Jtakas aparecem no: 1) Mahvastu Avadna, muitas vezes considerado parte do Vinaya Piaka da tradio Mahsanghika; 2) no Lalitavistara Stra da tradio Sarvstivda; 3) no Abhinikramaa Stra da tradio Dharmaguptaka; 4) no Jtakamla do escritor ryara (sculo I a.C.); 5) e no Buddhacarita do poeta Avaghosa (sculo II), que contm influncias hindus. Na literatura em snscrito, um Jtaka tambm pode ser chamado de Avadna narrativa dos nobres atos de um grande ser porque registra as aes de algum que est no caminho do despertar. Na sia, os Jtakas tm sido usados h sculos como parbolas infantis, ilustrando o que o bom e o ruim, o que o certo e o errado, o que deve ser feito e o que no deve. Muitos desses contos tambm foram levados para pases no-budistas. Algumas estrias chegaram a ser adaptadas para outros contextos e figuram entre as Histrias de Sinbad, As Mil e Uma Noites e As Fbulas de Esopo.

    Histria e expanso do Budismo O Rei Asoka, tambm conhecido como Aocavardana (273 a.C. - 232 a.C.) Foi um notvel imperador, neto de Chandragupta Muria, e reinou de 247 a.C. a 236 a.C. Asoka tornou-se budista e fez muito para a divulgao do budismo, atravs de missionrios.

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    O proselitismo de Asoka O rei muria Asoka converteu-se ao budismo aps a conquista brutal que empreendeu do territrio de Kalinga (hoje Orissa), no este da ndia. Arrependido pelos horrores provocados pelo conflito, o rei decidiu renunciar violncia e propagar a religio budista construindo stupas e pilares nos quais se apela renncia de toda violncia contra as pessoas e os animais. Este perodo corresponde primeira expanso do budismo para fora da ndia. De acordo com os pilares e as placas deixados por Asoka ("ditos de Asoka"), foram enviados missionrios a vrios territrios situado a oeste, como ao reino greco-bactriano. tambm possvel que estas misses tenham alcanado o Mediterrneo, segundo inscries em pedras deixadas por Asoka. A partir destes acontecimentos importantes conclios tiveram lugar, embora o que sabe deles baseia-se em fontes posteriores.

    A ascenso do budismo Mahayana A ascenso do budismo Mahayana a partir do sculo I a.C. est relacionada com as complexas mudanas polticas ocorridas no noroeste da ndia. Os reinos indo-grecos foram gradualmente aniquilados e a culturas destes absorvidas pelos Citas e mais tarde pelos Yuezhi, fundadores do Imprio Kushana (12 a.C.).Os Kushanas apoiaram o budismo e um quarto conclio budista seria mesmo convocado pelo imperador Kanishka por volta do ano 100 a.C. em Jalandhar ou em Caxemira. Este conclio est associado emergncia do budismo Mahayana e separao deste da tradio Theravada, que no reconhece a validade do conclio, o qual denomina como "conclio dos monges herticos". Kanishka teria juntado quinhentos monges em Caxemira, liderados por Vasumitra, para editar o Tripitaka. Esta nova forma de budismo caracterizava-se por tratar o Buda quase como um deus e pela ideia de que todos os seres possuem uma natureza de Buda. A expanso do budismo Mahayana (sculo I - sculo X) A partir de ento e no perodo de alguns sculos, o budismo Mahayana floresceu e espalhou-se a este, da ndia ao sudeste asitico e em direo sia Central, China, Coreia e Japo (em 538).

    ndia Aps o fim do Imprio dos Kushanas, o budismo floresceria na ndia durante a dinastia dos Guptas (sculos IV-VI). Vrios centros do saber Mayahana seriam criados, como Nalanda no nordeste da ndia, que se tornaria umas das universidades budistas mais importantes durante vrios sculos, com mestres conhecidos como Nagarjuna. O estilo gupta de arte budista tornou-se influente medida que a religio se difundiu do sudeste asitico China. No sculo VII o budismo indiano comeou a entrar em decadncia em consequncia das invases dos Hunos Brancos e do Islo. No entanto, teria um renascimento durante a poca do imprio Pala, entre os sculos VIII e XII. Um dos acontecimentos mais marcantes na decadncia do budismo indiano ocorreu em 1193 com a destruio de Nalanda por povos turcos islmicos liderados por Muhammad Khilji. No final do sculo XII, aps a conquista islmica do baluarte budista de Bihar, os budistas deixaram de ser uma presena significativa na ndia. Para o desaparecimento do budismo tambm contribuiu o revivalismo hindu expresso atravs da escola Advaita Vedanta e no movimento Bhakti.

    Centro e Norte da sia - sia Central: A sia Central esteve sob influncia do budismo provavelmente deste o tempo do Buda. Segundo uma lenda preservada em pali (a lngua da tradio Theravada) dois irmos mercadores da Bctria, Tapassu e Bhallika, visitaram o Buda e tornaram-se seus discpulos. Quando regressaram Bctria construiram templos dedicados ao Buda. A sia Central era j h muito tempo o ponto de encontro entre o mundo chins, indiano e persa. Durante o sculo II a.C., a expanso da Dinastia Han para ocidente fez com que entrassem em contacto com as civilizaes helensticas da sia. Depois disso, a expanso do budismo para o norte levou

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    formao de comunidades e de reinos nos osis da sia Central. Algumas cidades da Rota da Seda era compostas praticamente por stupas e mosteiros budistas, sendo provvel que um dos seus objectivos seria acolher os viajantes entre este e ocidente.O budismo na sia Central entrou em declnio com a expanso do islo no sculo VII. Os muulmanos no consideraram os budistas como "Povos do Livro" e consequentemente no os toleraram.

    Bacia de Tarim A regio oriental da sia Central (Xinjiang, Bacia de Tarim) tem revelado ricas obras de arte budista (pinturas murais, esculturas, objectos rituais...), que mostram influncias helensticas e indianas.A sia Central parece ter desempenhado um importante papel na difuso do budismo para o oriente. Os primeiros tradutores das escrituras budistas para o chins eram naturais da sia Central (da Prtia, Sogdiana ou de Kushan). Os monges budistas da sia Central e do Extremo Oriente parece terem estabelecido contatos culturais significativos, como mostram os frescos da Bacia de Tarim. China provvel que o budismo tenha chegado China por volta do sculo I d.C., vindo da sia Central (algumas tradies falam tambm de um monge budista que teria visitado o pas no tempo de Asoka).A introduo oficial do pas religio data de 67 d.C. com a chegada dos monges Moton e Chufarlan. Em 68, sob patrocnio imperial, eles estabeleceram o Templo do Cavalo Branco, que ainda existe hoje em dia, perto da capital imperial Luoyang. No final do sculo II, uma prspera comunidade budista existia em Pengcheng (atualmente Xuzhou).Os primeiros textos conhecidos do budismo Mahayana so tradues em chins realizadas pelo monge Lokaksema em Luoyang, entre os anos de 178 e 189 d.C.. Os objetos mais antigos que se conhecem relacionados com o budismo na China so "rvores de dinheiro", datadas de cerca de 200 d.C., refletindo o estilo de Gandhara. O budismo na China floresceu no incio da dinastia Tang. Esta dinastia caracterizou-se de incio por uma forte abertura em relao a contatos com o estrangeiro, tendo se verificado entre os sculos IV e XI vrias viagens de monges budistas chineses ndia. A capital da dinastia, Changan (actualmente Xian) tornou-se um importante centro de pensamento budista. A partir dali o budismo chegaria Coreia.No entanto, no fim da dinastia Tang, as influncias exteriores passaram ser mal encaradas. Em 845 o imperador Wuzong proibiu todas as religies "estrangeiras" (cristianismo nestoriano, zoroastrismo e budismo), com o objetivo de apoiar o taosmo. Ao longo do territrio o imperador mandou confiscar os bens budistas e destruir templos e mosteiros. Apesa disso, o budismo Chan e o budismo Terra Pura prosperaram durante alguns sculos. O budismo Chan foi bastante importante durante a era da dinastia Sung, tendo os seus mosteiros funcionado como grandes centros do saber. Hoje em dia a China possui uma das mais importantes colees de arte budista do mundo. Coreia O budismo chegou Coreia em 372 d.C., quando embaixadores chineses visitaram o reino de Koguryo, trazendo consigo textos e esculturas. O budismo viria a florescer na Coreia, em particular na sua forma Seon (Zen) a partir do sculo VII. A partir do sculo XIV, com o incio da dinastia confucionista Yi o budismo seria discriminado e praticamente erradicado, com exceo do movimento Seon. Japo O Japo tomou contato com o budismo no sculo VI, quando monges coreanos viajaram at s ilhas levando consigo escrituras e obras de arte. No sculo seguinte o estado japons adotaria o budismo como religio oficial. O fato de estar situado no fim da Rota da Seda faria com que o Japo preservasse muitos aspectos do budismo numa poca em que este comeava a desaparecer na ndia, sia Central e China. A partir de 710 vrios templos e mosteiros seriam construdos em Nara, entre os quais o pagode de cinco andares ou o templo de Kfuku-ji. Sob patrocnio real seriam realizadas inmeras esttuas e pinturas. A criao de uma arte budista japonesa ocorreria durante os perodos Nara, Heian e Kamakura.

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    Sudeste Asitico Durante o sculo I d.C., o comrcio na parte terrestre da Rota da Sede tendeu a restringir-se devido ascenso no Mdio Oriente da Prtia, um inimigo de Roma. Ao mesmo tempo, entre os Romanos crescia a procura por produtos de luxo de origem asitica. Esta procura reavivou os contatos por mar entre o Mediterrneo e a China, funcionando a ndia como intermediria. A partir desta altura, graas aos contatos comerciais e at mesmo intervenes polticas, a ndia passaria a influenciar o sudeste asitico. Rotas comerciais uniam a ndia com a Birmnia, com o sul e o centro de Sio e com o sul do Camboja e do Vietn. Durante mais de mil anos a influncia cultural da ndia foi um fator de unidade cultural entre os pases da regio. As lnguas pali e snscrita, o budismo Theravada e Mahayana, o bramanismo e o hindusmo foram transmitidos regio atravs de contato direto e de textos literrios como o Ramayana e o Mahabharata. Entre o sculo V e o sculo XIII, o Sudeste asitico conheceu imprios poderosos e tornou-se bastante ativo nas tradies artsticas e arquitectnicas budistas. Dado que a influncia vinha por via martima a partir da ndia estes pases acabariam por adotar a tradio Mahayana. Imprio Srivijaya O imprio martimo Srivijaya, centrado em Palembang na ilha de Sumatra, Indonsia, adotou o budismo nas suas formas Mahayana e Vajrayana por ordem dos soberanos Sailendra. Este imprio difundiu a arte budista durante a sua expanso no sudeste asitico. As vrias esttuas de Bodhisattvas que se encontram por toda a regio datadas deste perodo caracterizam-se por um grande refinamento e sofisticao tcnica. Um importante legado deste perodo o templo budista de Borobodur, em Java, a maior estrutura deste tipo do mundo, cuja construo iniciou-se em 780. Imprio Khmer (sculos IX-XIII) Entre os sculos IX e XIII o imprio Khmer, de religio budista Mahayana e hindu, dominou a maior parte da pennsula do sudeste asitico. Sob o domnio Khmer, mais de novecentos templos budistas foram construdos no Camboja e na Tailndia. Angkor foi o centro deste desenvolvimento, com um complexo de templos e organizao urbana capaz de suster um milho de habitantes. Um dos reis Khmer mais importantes, Jayavarman VII, construiu grandes estruturas budistas em Bayon e Angkor Thom. Na sequncia da destruio do budismo Mahayana na ndia no sculo XI, o budismo Mahayana entrou em declnio no sudeste asitico, sendo substitudo pelo budismo Theravada difundido a partir do Sri Lanka. Emergncia do budismo Vajrayana (sculo V) O budismo Vajrayana, tambm conhecido como budismo tntrico, surgiu em primeiro lugar no leste da ndia entre os sculos V e VII d.C.. por vezes visto como uma escola do Mahayana ou chamado como "terceiro veculo" do budismo. O Vajrayana uma extenso do budismo Mahayana no sentido em que no oferece novas perspectivas filosficas; em vez disso, introduz novas tcnicas (upaya ou "mtodos eficazes"), entre as quais se incluem o recurso s vizualies e s prticas de ioga. Muitas das prticas do budismo tntrico derivam tambm do bramanismo. Os primeiros praticantes do budismo Vajrayana eram homens que viviam nas florestas margem da sociedade (mahasiddas), mas por volta do sculo IX o Vajrayana j se tinha introduzido em centros da tradio Mahayana. semelhana do que sucedeu com os outros budismos da ndia, o Vajrayana entrou em decadncia com as invases islmicas do sculo XII. Esta forma de budismo existe ainda hoje no Tibete, onde foi introduzido no sculo VII. O Renascimento do Budismo Theravada A partir do sculo XI, a destruio do budismo no subcontinente indiano, provocada pelas invases islmicas, levou ao declnio da tradio Mahayana no sudeste asitico. Uma vez que as rotas continentais pela ndia estavam comprometidas, desenvolveram-se novas rotas martimas entre o Mdio Oriente e a China que passavam pelo Sri Lanka. Em consequncia, o budismo Theravada acabaria por se difundir pela sia. O rei Anawrahta, fundador do imprio birmans, adotou o budismo Theravada como religio oficial. Este fato geraria a construo de milhares de templos budistas na

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    capital, Pagan, entre os sculos XI e XIII. Cerca de dois mil deles ainda permanecem de p. O poder dos Birmaneses decaiu com a ascenso dos Thai e com a tomada da capital pelos Mongis em 1287; apesar disso, o budismo Theravada continua a ser a principal religio na Birmnia at hoje. O budismo Theravada foi tambm adotado pelo recm-formando reino tailands de Sukhothai por volta de 1260. Durante o perodo Ayutthaya (sculos XIV-XVIII) o budismo seria reforado como religio, tornando-se parte integrante da sociedade tailandesa. Nas reas continentais a tradio Theravada continuou a sua expanso para a Laos e o Camboja no sculo XIII. No entanto, a partir do sculo XIV, nas regies costeiras e nas ilhas do sudeste asitico cresceu a influncia do islo, que se expandiu para a Malsia, Indonsia e na maior parte das ilhas at s Filipinas. Contudo, desde os anos sessenta o budismo tem conhecido um renascimento na Indonsia, que se deve em parte s polticas de Suharto que recomendavam aos indonsios a adoo de uma das cinco religies tradicionalmente praticadas na Indonsia: islo, protestantismo, catolicismo, hinduismo ou budismo. Hoje em dia estima-se que existam cerca de dez milhes de budistas na Indonsia, sendo grande parte deles de ascendncia chinesa. Expanso Asitica Nas regies ao leste do subcontinente indiano (aquilo que corresponde atualmente ao Myanmar), a cultura indiana viria a influenciar o povo Mons. Este povo teria sido convertido ao budismo por volta de 200 a.C. graas influncia proselitista de Asoka, antes do cisma entre o budismo Mahayana e o budismo Hinayana. Os templos budistas Mon mais antigos tm sido datados como pertencentes a um perodo entre o sculo I e o sculo V da era comum. A arte budista dos Mons foi influenciada pela arte indiana do perodo Gupta e ps-Gupta, tendo o seu estilo maneirista se difundido pelo sudeste asitico em resultado da expanso do reino Mon entre os sculos V e VIII. A tradio Theravada espalhou-se pela regio norte do sudeste asitico sob influncia Mon, at ao sculo VI quando comeou a ser substituda pela tradio Mahayana. O budismo teria chegado ao Sri Lanka no sculo II a.C. devido ao de um dos filhos de Asoka, Mahinda, que por ali teria passado acompanhado com mais seis homens. O grupo teria convertido o rei Devanampiya Tissa e muitos nobres. Foi nesta poca que foi construdo o monastrio de Mahavihara, centro da ortodoxia cingalesa. O Mundo Helenstico Alguns do ditos de Asoka revelam o seu esforo em difundir o budismo pelo mundo helenstico, que na poca formava um espao coeso que ia da fronteira da ndia Grcia. Os ditos mostram um claro entendimento da organizao poltica do mundo helenstico: os nomes e a localizao dos principais monarcas da poca so indicados. Os monarcas helensticos Antoco II do reino Selucida, Ptolomeu II Filadelfo do Egito, Antgono Gonatas da Macednia, Magas de Cirene e Alexandre II de piro so apresentados como alvos da mensagem budista. Para alm disso, de acordo com as fontes em pali, alguns dos emissrios de Asoka era monges budistas de origem grega, o que revela intercmbios culturais entre as duas culturas. No se sabe at que ponto estes contatos podem ter sido influentes, mas alguns autores apontam para a existncia na poca de um certo sincretismo entre o pensamento helenstico e o budismo. conhecida a existncia de comunidades budistas em cidades do mundo helenstico como Alexandria e aponta-se influncias do budismo Theravada na ordem dos Therapeutae.

    Interaco Greco-Budista (sculo II a.C. - sculo I a.C.) Nas regies a ocidente do subcontinente indiano existiam reinos gregos na Bctria (norte do Afeganisto) desde o tempo da conquista de Alexandre Magno em 326 a.C.. Cronologicamente surgiria primeiro o reino dos Selucidas e mais tarde o reino greco-bactriano (a partir de 250 a.C.). O rei greco-bactriano Demtrio I invadiu a ndia at Pataliputra em 180 a.C., tendo estabelecido um reino indo-greco que duraria em partes do norte da ndia at o sculo I a.C.. O rei indo-greco Menandro I (rei entre 160-135 a.C.) teria se convertido ao budismo. As moedas deste rei apresentam a referncia "Rei Salvador" em grego e por vezes desenhos da "roda do Dharma". Aps a sua morte, a honra de partilhar os seus restos mortais foi disputada pelas cidades que governou, tendo

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    sido os seus restos colocados em stupas. Os sucessores de Menandro inscreveram a frmula "Seguidor do Dharma" em vrias moedas e retrataram-se realizando a mudra vitarka. A interaco entre a cultura helenstica e budista pode ter tido alguma influncia sobre a evoluo do Mahayana, pois esta tradio apresenta uma perspectiva filosfica e um tratamento do Buda como um deus que faz lembrar os deuses gregos. tambm por esta altura que surgem as primeiras representaes antropomrficas de Buda. Menandro I conhecido como Milinda em snscrito foi um dos governantes do reino indo-grego, no norte da ndia e no Paquisto dos dias atuais, de 155 ou 150 a 130 a.C. Ele , historicamente, o primeiro ocidental documentado que se converteu ao budismo.

    Um Renomado Rei Indo-Grego Os seus territrios cobriam os domnios ocidentais do imprio grego dividido da Bactria (das reas de Oanjsir e Kapisa e estendiam-se at a provncia moderna do Punjab, no Paquisto), a maior parte dos estados indianos de Ounjab Himachal Pradesh e a regio de Jammu, com tributrios difusos no sul e no leste, provavelmente alcanando Mathura. Supe-se que a sua capital teria sido Sagala, uma cidade bastante prspera no norte do Punjab (no Paquisto) que acredita-se ser Sialkot dos dias atuais, poucos quilmetros a oeste do que agora a fronteira entre a ndia e o Paquisto. Ele um dos poucos reis bactrianos mencionados por autores gregos, entre eles Apolodoro de Artmita, citado por Estrabo, que alega que os gregos de Bctria foram conquistadores maiores ainda que Alexandre, o Grande, e que Menandro foi um dos dois reis bactrianos, o outro sendo Demtrio, que mais estenderam o seu poder na ndia: "Os gregos que fizeram que a Bctria se revoltasse tornaram-se to poderosos a bem da fertilidade do pas que tornaram-se mestres, no s de Ariana, mas tambm da ndia, como Apolodoro de Artmita diz: e mais tribos foram subjugadas por eles que por Alexandre-- por Menandro em particular (), que algumas foram subjugadas por ele pessoalmente e outras por Demtrio, filho de Eutidemo, o rei dos bactrianos; e eles tomaram posse, no s de Patalena, mas tambm, no resto da costa, do que chamado de reino de Saraostus e Sigerdis." (Estrabo 11.11.1). Estrabo tambm sugere que essas conquistas gregas alcanaram a capital Pataliputra, no norte da ndia (Patna dos dias atuais): "Aqueles que sucederam Alexandre foram ao Ganges e a Pataliputra (Estrabo, 15.698). Os registros indianos tambm descrevem ataques gregos a Mathura, Panchala, Saketa e Pataliputra. Esse particularmente o caso de algumas menes da invaso por Patanjali, por volta de 150 a.C., e do Yuga Purana, que descreve eventos histricos indianos em forma de profecia: "Aps ter conquistado Saketa, o pas dos panchalas e dos mathuras, os Yayanas (gregos), malvados e valentes, alcanaro Kusumadhvaja. Alcanadas as grossas fortificaes de lama em Pataliputra, todas as provncias estaro em desordem, sem dvida. Enfim, uma grande batalha se seguir." (Gargi-Samhita, Yuga Purana, No. 5). No oeste, Menandro parece ter repelido a invaso da dinastia do usurpador Greco-Bactriano Eucrtides, consolidando o governo dos reis indos-gregos no norte do sub-continente indiano. O Milinda Panha d uma idia dos seus mtodos militares:

    "- J te aconteceu, rei, que reis rivais levantassem contra ti como inimigos e oponentes? -Sim, certamente. -Ento, fars, suponho que fossos sejam escavados, e fortificaes levantadas, e torres de guarda eretas, e fortalezas construdas, e armazns de comida?

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    -No. Tudo isso j fora preparado com antecedncia. -Ou sers treinado no controle de elefantes de guerra, e na habilidade em lidar com cavalos, e no uso da biga de guerra, e na arte de manobrar arco e flecha e na esgrima? -Tambm no. Eu j aprendera isso antes. -Mas por qu? -Com o objetivo de precaver-me contra um perigo futuro." (Milinda Panha, Livro III, Cap. 7).

    O seu reinado foi longo e bem-sucedido. Numerosos achados de moedas comprovam a prosperidade e a extenso do seu imprio (com achados to longe quanto a Gr-Br