Economia compartilhada -...

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ECONOMIA COMPARTILHADA OPORTUNIDADES PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS

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Economia compartilhada

oportunidadEs para os pEquEnos nEgócios

sEBraE nacional

Presidente do Conselho Deliberativo: Robson Braga de AndradeDiretor-Presidente: Guilherme Afif DomingosDiretora Técnica: Heloísa Regina Guimarães de MenezesDiretor de Administração e Finanças: Vinícius Nobre Lages

unidade de acesso à inovação, tecnologia e sustentabilidade do sebrae nacional

Gerente: Célio Cabral de Sousa JúniorTécnico: Alexandre de Oliveira Ambrosini

sEBraE Em mato grosso

Presidente do Conselho Deliberativo: Hermes Martins da CunhaDiretor-Superintendente: José Guilherme Barbosa RibeiroDiretora Técnica: Leide Garcia Novaes KatayamaDiretora Administrativo Financeira: Eneida Maria de Oliveira

cEntro sEBraE dE sustEntaBilidadE

Gerente: Suenia SousaEquipe: Elton Menezes, Isabela Rios, Jéssica Ferrari, José Santiago, Luanna Duarte, Nager Amui, Raquel Apolônio, Renata Taques e Rogério SousaRevisão de conteúdo: Luanna Duarte, Jéssica Ferrari e Renata Taques

EdiÇÃo: iaBs – instituto BrasilEiro dE dEsEnvolvimEnto E sustEntaBilidadE

Direção técnica: Luís Tadeu Assad e Paulo Sandoval Jr.Revisão Técnica: Carolina Gomes Redação: Eric J. Sawyer Coordenação editorial: Flávio Silva Ramos Revisão textual: Stela Máris ZicaDiagramação e infografia: Editora IABSFoto de capa: Fotolia

Economia Compartilhada: oportunidades para os pequenos negócios. / Cuiabá, MT: Sebrae, 2017. 31p.:Il. Color.

1.Inovação; 2. Sustentabilidade; 3. Economia; 4. Pequenos negócios I. Titulo

ISBN: 978-85-7361-099-4CDU: 502.131.1:33

Economia compartilhada

oportunidadEs para os pEquEnos nEgócios

cuiabá/mt • 2017 • 1ª edição

um mundo com rÁpidas E constantEs mudanÇas .........................................................................................................................5

os nEgócios dE compartilhamEnto:

uma nova Economia Em BasEs colaBorativas ........................................................6O QUE SÃO E COMO SURGIRAM? ......................................................................................................................... 6OPORTUNIDADES ..............................................................................................................................................................................12POR QUE TRABALHAR COM NEGÓCIOS DE COMPARTILHAMENTO .....................15BENEFÍCIOS DOS NEGÓCIOS DE COMPARTILHAMENTO.................................................20DESAFIOS ENFRENTADOS PELA ECONOMIA COLABORATIVA .................................20 COMO OS PEQUENOS NEGÓCIOS PODEM USUFRUIR

DA ECONOMIA COMPARTILHADA .......................................................................................................................25NÃO FIQUE DE FORA DESSA OPORTUNIDADE .................................................................................26

rEfErências ................................................................................................................................................................................29

notas............................................................................................................................................................................................................31

sumÁrio

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Considerando os limites de reposição de recursos naturais de nosso planeta, torna-se cada vez mais evidente

a necessidade de buscar formas mais sustentáveis de fazer negócios. Isso significa não apenas reduzir o consumo que leva à exploração desses recursos, como também repensar nossa forma de produzir e descartar.

Uma alternativa que tem ganhado muita força se encontra nos negócios de compartilhamento, que visam à otimização do uso de bens já produzidos, aproveitando seu tempo ocioso para que mais pessoas possam desfrutar destes, sem ter que comprar um novo produto. Essa modalidade, que também funciona para serviços, gera economia para quem usa, e renda para quem fornece.

Comparadas com a propriedade exclusiva e individual, essas novas formas de negócio vêm mudando a maneira de usar carros, apartamentos e até mesmo equipamentos, por meio da partilha.

Esse novo consumo está se multiplicando tão rapidamente que existem milhares de empresas concorrendo com as empresas tradicionais em todos os tipos de atividades. Sejam essas iniciativas pequenos, médios ou grandes negócios, a maioria ainda não existe no Brasil, e podem ser uma ótima oportunidade para você adaptar e implementar algumas dessas grandes

um mundo com rÁpidas E constantEs mudanÇas

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ideias. Afinal, cada vez mais fica claro que o modelo tradicional de empresa tem seus dias contados – com tantas transformações é preciso inovar para se manter vivo nesse mercado cada vez mais competitivo. A sobrevivência de seu negócio pode depender dessa capacidade de adaptação.

os nEgócios dE compartilhamEnto: uma nova Economia Em BasEs colaBorativas

o quE sÃo E como surgiram?

São iniciativas com foco na atividade de partilha, troca, compra ou venda de qualquer produto ou serviço para atender às necessidades das pessoas, nem sempre em troca de dinheiro, mas procurando sempre algum tipo de benefício para todos os atores.

Esses negócios conectam compradores e vendedores, gerando uma transformação social que reforça o poder de coesão, promove a capacidade de compra dos consumidores e dá a eles um maior acesso aos produtos e serviços.

Esse sistema baseado em trocas não é novo, antigamente isso era feito de forma natural, especialmente no meio rural. Entretanto, depois da industrialização, a sociedade entrou em ciclos de consumismo extremo que, com o aumento da população, vem deteriorando o nosso planeta, com danos que podem ser irreversíveis.

Entre os principais objetivos que movem esses negócios estão: criar novas formas de economia e melhorar a qualidade

VOCÊ CONSEGUE VISUALIZAR SUA EMPRESA ENTRANDO NESTE NOVO MUNDO?

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de vida das pessoas e a economia local. Esses objetivos buscam um impacto positivo na sociedade e no mundo, deixando de lado conceitos como lucro a qualquer custo, que passam para o segundo plano.

Os negócios de compartilhamento seguem a linha dos três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Além de economizar dinheiro, reduzem o uso de recursos naturais que já são escassos, aproveitando melhor os produtos e serviços existentes que agora são compartilhados, e diminuem também as emissões de gases de efeito estufa. Dessa maneira, são gerados benefícios ambientais que são repartidos entre toda a sociedade.

Por outro lado, aproveitar o tempo ocioso de nossos bens significa otimizar processos, que na administração de empresas já é uma prática implementada há muito tempo. Isso sem falar no vínculo que esses negócios geram entre as pessoas envolvidas.

O desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação foi responsável por dar um impulso a essa forma de consumo baseada na confiança entre os usuários, que está conquistando espaço ante a economia tradicional.

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COMPAR-TILHAR

A ideia de compartilhamento aparece pela primeira vez no livro “What´s mine is yours” (O que é meu é teu) de Roo Rogers e Rachel Botsman. Esses autores argumentaram que a sociedade centrada no “eu” seria transformada em uma cultura de “nós”, normalizando a cultura colaborativa e deixando de ser algo alternativo e reservado a apenas algumas pessoas.

GUIA DA ECONOMIA COMPARTILHADA: COMO TIRAR O MELHOR PROVEITO.goo.gl/D3byMs

5 DICAS PARA SE DAR BEM NA ECONOMIA COLABORATIVAgoo.gl/hJY57i

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Segundo Rogers e Botsman, os bens e serviços que podem ser compartilhados se encaixam em algumas categorias, como:

• sistemas baseados em partilha de produtos ou serviços sem remuneração monetária: não comprar, mas ter acesso à experiência que proporcionam os produtos ou serviços, como a troca de apartamentos em determinadas datas;

• sistemas de partilha com remuneração: disponibilizar produtos e serviços para outras pessoas em troca de uma remuneração, seja porque não usa mais, como produtos de segunda mão, ou que não é usado o tempo todo, como aluguel do carro particular no final de semana;

• Estilos de vida colaborativos: compartilhar tempo, espaço, habilidades... e todo mundo se beneficia com essa troca, como o aluguel de um único escritório dividido entre diferentes empresas.

Quando as trocas se faziam pessoalmente, para começar a relação comercial era necessário que a transação fosse garantida ou ratificada por um amigo, um conhecido ou um intermediário confiável.

Hoje, graças à internet e às redes sociais é possível realizar essa troca com certo grau de segurança sem a necessidade dessa terceira pessoa. As plataformas incorporam sistemas de reputação que permitem validar a confiança entre as partes colocando opiniões e avaliações.

Outro fator que ajudou a impulsionar os negócios de compartilhamento foi a crise econômica. Os usuários utilizam essas plataformas para comprar, vender ou trocar o que queiram. A pessoa que vende ou aluga, ganha dinheiro com algo que não está sendo usado, e a pessoa que compra economiza o dinheiro, pois esses produtos e serviços tendem a ser mais baratos.

“quEm podEria prEvEr quE os nEgócios dE compartilhamEnto sE tornariam uma

concorrência tÃo fortE para as grandEs EmprEsas?”

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Já existem milhares de empresas nessa modalidade de negócios atuando em praticamente todos os setores e tipos de atividades. A seguir são apresentados alguns exemplos, mas vale lembrar que o limite para os negócios de compartilhamento é a imaginação de quem busca essas novas formas de criar empresas mais sustentáveis e adaptadas a uma realidade em constante transformação.

1. Formas de arrecadar dinheiroEm microfinanças, “crowdfunding” já é uma realidade.

Serve para financiar uma ideia ou projeto de alguém através de contribuições financeiras dos usuários. Alguns exemplos são Kickstarter, GoFundMe ou Verkami, que já financiaram mais de 700 projetos em apenas dois anos.

2. Serviçosturismo colaborativo surge do desejo de viajar, oferecendo

acesso a alojamento temporário na casa de um desconhecido, como no caso das empresas Couchsurfing, Airbnb e Hipmunk.

A operação desse tipo de plataforma é simples: os anfitriões oferecem alojamento para os viajantes, que podem, assim, experimentar uma nova maneira de viajar, porque eles podem dormir, comer, fazer compras e socializar com e como os moradores locais. Por sua vez, o proprietário da casa, quando acolhe seus convidados, conhece pessoas de todo o mundo e também se beneficia do dinheiro extra que os visitantes pagam.

a internet, as redes sociais e a crise econômica levaram à criação de muitas empresas que permitem a troca ou compartilhamento de tudo aquilo que as pessoas precisam.

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Na mesma linha, há a troca de casas em feiras como IntercambioCasas, uma das maiores redes do mundo, com mais de 50.000 lares em 150 países, ou Knok.com, com sede em Barcelona, que se dedica a promover a troca de casas durante um período de tempo entre os 14.000 usuários de 145 países diferentes.

Também é possível oferecer acomodação em troca de aulas de idiomas, como no caso da iniciativa GoCambio.

3. comidagrupos de consumo de proximidade são uma das

tendências mais importantes na compra de alimentos. Nessa modalidade se encontram as lojas Km0, que colocam os consumidores em contato com os produtores mais próximos ao seu local de residência, assim reduzindo as emissões de gases de efeito estufa envolvidos na logística e promovendo o desenvolvimento local.

números azuis é uma plataforma on-line criada pelas Nações Unidas e outras agências para colocar os agricultores de todo o mundo em contato. Nessa rede social os agricultores mostram e avaliam os seus produtos, compartilhando conhecimentos e práticas, além de estabelecer contatos com potenciais clientes.

4. benstrocas ou distribuição gratuitas como no caso de

NoLoTiroTeLo Regalo, sem condições, ou Toys2help. São iniciativas que demonstram que alguns produtos ainda podem ter vida após esgotarem seu uso para os donos originais e encontram uma forma de dar-lhes uma saída.

trocas ou redistribuição com pagamento como no caso da grande Ebay, que se tornou referência global para compra/venda on-line, ou Wallapop, um aplicativo móvel de venda de produtos de segunda mão. Nessas plataformas, o usuário pode obter, por um bom preço, itens de marca, que na maioria das vezes foram pouco usados. Assim se promove uma forma de consumo mais responsável.

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Software livre tem uma relação com a economia colaborativa direta, pois para a existência desse tipo de software, toda a comunidade disponibiliza seu conhecimento e tempo para construir em conjunto um sistema para uso e aproveitamento de todas as pessoas.

5. transportemobilidade partilhada é outra modalidade que teve

sucesso, considerando-se que, em alguns casos, em 92% do tempo, os carros particulares estão estacionados. Muitas variantes foram desenvolvidas, como é o caso das viagens para dividir custos de gasolina e taxas e reduzir o tráfego e o impacto ambiental (Carpooling ou BlaBlaCar). Não se trata apenas de uma forma de economizar, também serve para que as pessoas se conheçam e novos laços sociais sejam estabelecidos.

Por meio do carsharing, em vez de alugar ou possuir um carro na cidade, é possível partilhar veículos (Zipcar, Sidecar, Lyft, Bluemove, Getaround) ou táxis (JoinUpTaxi).

Há também iniciativas desse tipo envolvendo outros meios de transporte, como o trem: usando as tarifas de grupo, se obtém os preços mais baixos (ComparteTren); o uso de bicicletas públicas (CirculaEnBici e Bicicleta Pública); ou aluguel de veículos recreativos entre particulares (Areavan).

6. espaçoshortas urbanas compartilhadas são uma alternativa

para cultivar na ausência de uma horta própria. São oferecidas parcelas com, por exemplo, 100 m2 a pessoas que querem ingressar na agricultura orgânica. As colheitas são compartilhadas entre os usuários ou, em alguns casos, distribuídas como cestas sociais entregues para os mais necessitados. O objetivo, além da alimentação, é a conscientização acerca do impacto da alimentação no CO2, da agricultura orgânica e suas potenciais vantagens sobre a agricultura intensiva.

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Compartilhar o espaço de trabalho entre os diferentes profissionais, tais como Coworking ou troca de tempo ou habilidades com Cronection.

Esses são apenas alguns exemplos de negócios de compartilhamento. Entretanto, cabe lembrar que todos os dias surgem novas ideias para projetos colaborativos.

por quE traBalhar com nEgócios dE compartilhamEnto

Alguns especialistas dizem que as crises econômicas têm sido responsáveis por uma mudança de valores, uma vez que as pessoas têm deixado de dar importância à propriedade para descobrir a verdadeira extensão do uso dos bens e serviços.

Ao mesmo tempo, há uma percepção generalizada de que quase tudo nessa modalidade são benefícios – os intermediários são suprimidos, são criados fóruns e comunidades interativos, os recursos são menos usados e satisfazem as necessidades por um custo menor. Tudo isso é possível por causa da existência de um senso de comunidade.

Além de economizar, compartilhar bens torna as pessoas mais felizes. “As necessidades tangíveis de objetos ou produtos de consumo, como alimentos, calor ou casa, só representam 10% das necessidades humanas. A maioria delas tem a ver com os aspectos emocionais da identidade ou reconhecimento, pertencente à esfera das relações com outras pessoas”, lembra Joana Conill, pesquisadora de economias alternativas da Universidade Aberta da Catalunha.

“Esses negócios transformam um bem em um meio para se conectar com as pessoas. E sempre é preciso relacionar-se com a comunidade”, confirma Paul Zak, especialista em neuroeconomia na Claremont Graduate University, que descobriu que nesses contextos os humanos produzem oxitocina, o hormônio do bem-estar.

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oBjEtos

• Há 460 milhões de casas no mundo desenvolvido;

• Cada uma tem itens inutilizados com valor médio de aproximadamente US$3 mil, apenas ocupando espaço;

• 69% das pessoas compartilhariam esses itens se pudessem lucrar com isso;

• Isso significa compartilhamento de bens no valor de US$1,4 bilhão.

atividadEs

• 65% das pessoas aprendem melhor em um grupo ou equipe;

• 75% das pessoas preferem comer com alguém;

• 90% das pessoas preferem esportes coletivos.

370 bilhões de dólares em nível global é o valor da economia compartilhada no ano de 20131.

Veja a seguir alguns números que podem se traduzir em oportuni-dades para quem quer entrar no mundo dos negócios compartilhados.2

carros

• Existem 1 bilhão de carros nas ruas e estradas;

• 740 milhões são ocupados por apenas 1 pessoa;

• 470 milhões de pessoas estariam dispostas a compartilhar o uso do veículo se possível.

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insatisfaÇÃo no traBalho

• Uma pessoa trabalha em média 90 mil horas ao longo de sua vida;

• 80% das pessoas não estão satisfeitas com seus trabalhos;

• Isso significa 9 mil dias de infelicidade e insatisfação;

• 4 em cada 10 jovens querem começar seu próprio negócio.

sociEdadE

• 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo têm acesso à internet;

• 78% delas acreditam que o mundo virtual as preparou para compartilhar no mundo real;

• Há 7 bilhões de pessoas no planeta, e 8 em cada 10 delas dizem que compartilhar “aumenta a felicidade”;

• Isso significa que 5,7 bilhões de pessoas estão prontas para participar de uma nova economia com negócios de compartilhamento.

solidÃo

• Há 1,2 bilhão de pessoas no mundo desenvolvido;

• 26% dessas pessoas passam mais de 20 horas por semana a sós;

• Isso significa que 300 milhões de pessoas passam mais de 20% de seu tempo sozinhas, apesar de tantas formas de interagir.

a economia colaborativa foi considerada pela revista times3 em 2011 como uma das 10 ideias que vão mudar o mundo nos próximos anos.

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BEnEfÍcios dos nEgócios dE compartilhamEnto

• Economia de dinheiro: o custo para adquirir um produto ou serviço quase sempre é menor. Esse tem sido o principal motivo do rápido crescimento dessa modalidade de negócio.

• um sistema mais humano: as pessoas são uma parte ativa do processo, a tecnologia serve apenas como apoio à interação entre oferta e demanda. Podem ser ao mesmo tempo usuários e clientes, que oferecem e adquirem serviços e produtos diretamente de outras pessoas, com voz ativa na avaliação da qualidade dos serviços.

• Em alguns casos, essas plataformas são sem fins lucrativos, o que une pessoas com interesses comuns, e dão suporte para negócios lucrativos.

• Benefícios ambientais: aproveita o uso de recursos e reduz as emissões de gases de efeito estufa.

• menos barreiras de entrada ao mercado: possibilita o acesso a todo tipo de produtos.

dEsafios EnfrEntados pEla Economia colaBorativa

Em uma era em que aqueles que ficam alheios às mudanças são deixados para trás, incapazes de digerir sozinhos toda a quantidade de informações que recebem todos os dias, torna-se cada vez mais importante o sentido de comunidade e de apoio mútuo. De que serve a era da informação se não formos capazes de filtrar o que realmente importa entre todo o conteúdo disponível?

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Por isso é necessário compreender como a internet influenciou a nossa sociedade desde o seu surgimento e como nos relacionamos com ela atualmente. Existem críticas acerca da era da informação e como vem alienando as pessoas, fazendo com que estejam juntas fisicamente, porém distantes, cada uma com seu aparelho móvel, vivendo experiências virtuais. Portanto, há que encontrar formas de usar o potencial que essas plataformas detêm para gerar comunidades que aproximem ao invés de afastar as pessoas – esse é um dos princípios dos negócios de compartilhamento.

Outro dos princípios básicos desse modelo é que ele requer a confiança como instrumento fundamental para construir e relançar as relações sociais (e comerciais). A internet desempenha um papel crucial, porque reafirma o enorme potencial do princípio de “quanto mais você dá, mais você recebe”. As pessoas desconfiam em princípio de alguém que tem a intenção de fornecer ou dar um bem que não usa, porque a economia tradicional tem sido regulada por regras que falam de interesse e benefício. No entanto, em seguida, verifica-se que isso não só é possível, como também é útil, desejável e gratificante.

“A existência de redes sociais tem permitido que tudo seja mais fácil, já que as pessoas que não se conhecem, mas têm interesses comuns, podem se encontrar e satisfazer as suas necessidades de consumo”, explica Mauro Fuentes, diretor da empresa social@Ogilvy.

Graças às redes sociais e às pessoas, hoje é mais fácil gerar confiança mútua. A oferta e a demanda se encontram de uma forma simples em uma única plataforma que faz o papel de intermediário. O usuário pode ser capaz de ver quase toda a informação instantaneamente acerca do serviço prestado ou do produto oferecido. Assim, se torna possível promover o desenvolvimento das economias que enfatizam a solidariedade em vez do desperdício individual.

Mediante comentários e avaliações de outros usuários, você pode conhecer a pessoa que fornece esse serviço ou produto. Os

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próprios usuários, por meio de sua participação, são os responsáveis por desenvolver essas plataformas. Se um proprietário deixa um comentário negativo sobre um usuário, vai ser mais complicado que qualquer outro aceite compartilhar algo com essa pessoa. As plataformas estabelecem, assim, uma espécie de filtro natural.

Apesar da clara importância que as tecnologias da informação têm para esses negócios, sabe-se que elas têm sido um desafio para as empresas brasileiras.

Devido ao fato de que os negócios de compartilhamento, da forma como vêm surgindo atualmente, são relativamente recentes, existem outros desafios para os quais ainda faltam respostas adequadas.

falta de regulamentação: os negócios de compartilhamento normalmente nascem da interação entre seus criadores e usuários, com uma plataforma tecnológica que serve de apoio e facilitadora, com novas modalidades surgindo todos os dias. Isso torna a regulamentação dos serviços um desafio – e pode significar uma falta de proteção ao usuário. Às vezes, essa falta de regulamentação faz com que não se saiba aonde recorrer se o produto ou serviço não atende às expectativas.

concorrência desleal: há quem condene tais iniciativas por considerarem que introduzem a concorrência desleal, promovem a evasão fiscal e distorcem o mercado de trabalho. As pessoas que alojam hóspedes, por exemplo, não pagam os impostos que os hotéis são obrigados a pagar.

Devido a esses desafios, surgem algumas questões como:

como adaptar o marco regulatório e fiscal para a economia colaborativa?

Por se tratar de formas inovadoras de fazer negócios, os mecanismos do governo para fiscalizar e regulamentar as atividades nem sempre estão adequados. Nesse caso, vale uma reflexão por parte tanto do governo quanto dos empresários

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e usuários sobre a melhor forma de regulação e fiscalização que garanta a qualidade e a competitividade.

como estabelecer pontes com as empresas tradicionais e entre as próprias plataformas de economia colaborativa?

Por maior que seja o sucesso da economia colaborativa, ela não vai substituir as empresas tradicionais, porém essas empresas deverão se adaptar as novas tendências. Para que as duas modalidades possam conviver em harmonia, é preciso encontrar formas de compatibilizar as suas atividades para que identifiquem seus nichos de mercado e se apoiem mutuamente.

como verificar a identidade digital de seus usuários?

Para fechar negócios por uma via digital, com uso das atuais tecnologias, é importante que se possa estabelecer formas inequívocas de identificar o usuário que realiza uma transação. Isso confere segurança ao empresário e transparência para a plataforma.

como evitar a concorrência desleal?

Até que ponto os negócios colaborativos devem ser regulados? Se existe uma intervenção muito forte por parte do governo, podem perder sua essência de colaboração e confiança. Por outro lado, na ausência total do Estado, as empresas tradicionais não podem concorrer – as locadoras de filmes foram extintas pelo compartilhamento ilegal via internet, por exemplo.

como as instituições públicas podem apoiar iniciativas auto-organizadas?

Mais que regular, o papel do Estado é apoiar essas iniciativas que trazem tantas vantagens. Uma vez estabelecidas

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as formas de impedir a concorrência desleal, é importante que se busquem formas de fomentar novas e criativas maneiras de fazer negócios que serão capazes de promover a sustentabilidade para o pequeno empreendedor.

como os pEquEnos nEgócios podEm usufruir da Economia compartilhada

Além das diversas oportunidades para os pequenos empreendedores no estabelecimento de novas formas de realizar negócios apresentadas ao longo desta cartilha, é importante lembrar que também é possível usufruir dessa modalidade para tornar os processos internos ao seu negócio mais dinâmicos e sustentáveis. A seguir, alguns exemplos.

A primeira possibilidade seria arrecadar recursos para realizar um projeto de seu negócio. Normalmente, isso consiste em criar um vídeo que explique o que será feito, e porque a sua ideia merece o apoio de financiadores. Se os usuários dessas plataformas de crowdfunding se sentem convencidos, podem apoiar seu projeto com diferentes valores, viabilizando o capital de giro necessário para implementar a ideia. Em troca, os apoiadores recebem reconhecimento pelo apoio, um ou mais dos produtos finalizados (antes que estejam disponíveis para o mercado), ou outras formas de retorno, que costumam variar de acordo com a contribuição financeira realizada.

Também é possível terceirizar pequenas tarefas, como design de novas marcas, desenvolvimento de aplicativos ou sites, entre outros. Em vez de contratar diretamente esses profissionais temporários ou lançar mão de um freelancer, existem plataformas como AskForTask, onde se pode anunciar a necessidade de seu negócio e vários fornecedores, avaliados por outros usuários, vão competir para conseguir o contrato.

Mais uma possibilidade, para o caso de viagens de negócios mais longas, a destinos comuns, é compartilhar um

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apartamento com outras pessoas que precisam estar no mesmo destino e no mesmo período de tempo, como o caso de Airbnb ou Friendly Rentals, que geralmente são mais baratos do que um hotel e podem oferecer flexibilidade no espaço fornecido de acordo com a necessidade.

Outra possibilidade seria dar uso a espaços de sua empresa que não estão sendo utilizados, como salas de reunião ou galpões. Isso pode gerar uma receita extra durante o tempo em que esses espaços estariam ociosos.

Pode-se concluir que todas as modalidades de negócios compartilhados oferecem oportunidades para os pequenos negócios, que podem gerar economias e aumentar a sustentabilidade de seus processos simplesmente por utilizarem esses serviços. Sugerimos que sempre se tenha em mente as possibilidades existentes para todos os processos de seu negócio. Antes de realizar qualquer transação, pergunte-se:

nÃo fiquE dE fora dEssa oportunidadE

A economia compartilhada é muito mais que uma simples moda passageira, está mudando para sempre a economia mundial.

Na América Latina e no Caribe foi realizado um estudo com o objetivo principal de analisar as iniciativas compartilhadas. O Brasil foi identificado como o país com o maior número de iniciativas desse tipo, com 32% do total da região, seguido pelo México, Argentina e Peru.

EXistE alguma forma dE consEguir o quE prEciso dE forma colaBorativa,

quE sEja mais EconÔmica E sustEntÁvEl para minha EmprEsa?

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Lugar de fundação da empresa

Setores que operam as iniciativas (admitindo múltiplas respostas)

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Nesses países, essas iniciativas já estão presentes nos mais variados setores, entre os quais se destacam: as empresas de serviços (26%), os meios de transporte (24%) e o espaço físico (19%)4.

Além desses números apresentados para a América Latina, que evidenciam a liderança do Brasil no setor, vale destacar que nos Estados Unidos 45 milhões de pessoas já trabalharam em empresas desse tipo. É evidente que os negócios de compartilhamento têm um papel importante no crescimento da economia dos norte-americanos, conforme indica o número de usuários, que já supera os 86 milhões5.

Por tudo isso, pode-se considerar que o consumo colaborativo chegou para ficar. A sociedade está mudando, e os números de usuários dessas plataformas são a prova disso. As crises econômicas em todo o mundo e o desenvolvimento de novas tecnologias tornaram possível a participação ativa da sociedade em setores anteriormente controlados exclusivamente por grandes empresas.

São muitas iniciativas que surgem a cada dia, inovando nas formas de fazer negócios e de interagir com outros usuários e empreendedores que ainda não foram implementados no Brasil. Para o CSS, já está claro que o modelo tradicional de produção, consumo e descarte não é sustentável. Consideramos que os negócios de compartilhamento são uma alternativa muito interessante que pode trazer oportunidades de ampliar o alcance dos pequenos negócios para chegar a todos os que queiram fazer parte deles. Se esse tema é de seu interesse, procure o Sebrae para mais informações, caso tenha dúvidas!

hÁ muitos tipos dE nEgócios dE compartilhamEnto, Basta EscolhEr qual

lhE intErEssa mais E comEÇar a faZEr PaRte deLe. Não deiXe de coNSuLtaR o sEBraE para apoiar sua EstratÉgia!

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para saBEr maisECONOMIA COLABORATIVA: A CONFIANÇA NO OUTRO 04. JAN. 2016.goo.gl/HCvjT7

RUTA BBVA 2016: ECONOMIA COLABORATIVA POR iniTLAnD PARA BBVAgoo.gl/0xiwRn

I INFORME ECONOMIA COLABORATIVA NA AMÉRICA LATINA DE iE BUSinESS SCHOOL E O FUNDO MULTILATERAL DE INVESTIMENTOS (FOMIN), MEMBRO DO GRUPO BID 2016.goo.gl/XGwUel

QUAIS SÃO AS ESTATÍSTICAS CONVINCENTES NO CONSUMO COLABORATIVO DE HOJE?goo.gl/B4kkOZ

rEfErências

BOTSMAN, R.; ROGERS, R. (2011). What’s mine is yours: how collaborative consumption is changing the way we live. London: Collins.

Informe executivo OCU (Oficina de Cooperación Universitaria) 2016. Collaboration or business? Collaborative consuption na Faculdade de Sociologia da Universidade Politécnica de Madrid.

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notas

1 Segundo Benita Matofska, conhecida especialista na área, fundado-ra de The People who Share. Disponível em: <http://www.elmundo.es/elmundo/2012/12/20/economia/1355994693.html>.

2 Fontes: UN and Population Reference Bureau, US Census, Ameri-can Community Survey, Co-operatives UK, Russell Sage Founda-tion, Oxford University Department of Sociology, Deloitte’s Shift Index Survey, Huffington Post, Kauffman Foundation for Entrepre-neurship, Uniiverse analysis

3 10 ideas That Will Change the World. Por Bryan Walsh. Quinta-feira, 17 de maio de 2011.

4 Segundo o estudo ECONOMIA COLABORATIVA EN AMERICA LATINA do Instituto de Empresa de Madrid.

5 Segundo o relatório elaborado conjuntamente pela empresa de comunicações estratégicas e relações públicas Burson-Marsteller, The Future of Work initiative del Aspen institute e a revista Time. O estudo está baseado em mais de 3.000 entrevistas on-line com adultos dos Estados Unidos.

Esta cartilha compõe uma série de oito volumes com temas fundamentais para você aprimorar seus conhecimentos. Boa leitura!