Economia Dos Recursos Naturais 1

21
UNESP/FCL/Depto Economia ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE Luciana Togeiro de Almeida Economia dos Recursos Naturais

Transcript of Economia Dos Recursos Naturais 1

Page 1: Economia Dos Recursos Naturais 1

UNESP/FCL/Depto EconomiaECONOMIA DO MEIO AMBIENTELuciana Togeiro de Almeida

Economia dos Recursos Naturais

Page 2: Economia Dos Recursos Naturais 1

“Economia dos Recursos Naturais”

�Um campo da teoria microeconômica que emerge das análises neoclássicas a respeito da utilização das terras agrícolas, dos recursos minerais, dos peixes, dos recursos florestais madeireiros e não madeireiros, da água, enfim de todos os recursos naturais reprodutíveis e os não reprodutíveis.

Page 3: Economia Dos Recursos Naturais 1

Classificação dos recursos naturais

�Critério: a capacidade de recomposição de

um recurso no horizonte do tempo

humano.

�Renováveis: solo, ar, água, fauna e flora.

�Não renováveis: minérios em geral e os

combustíveis fósseis (petróleo e gás

natural), uma vez que são necessárias eras

geológicas para sua formação.

Page 4: Economia Dos Recursos Naturais 1

Classificação dos recursos naturais

� De recursos renováveis para não renováveis: quando a taxa da sua extração excede a sua taxa de renovação.

� De recursos exauríveis para renováveis: com avanços tecnológicos e crescimento da reciclagem.

� “Um recurso que é extraído mais rápido do que é reabastecido por processos naturais é um recurso não renovável. Um recurso que é reposto tão rápido quanto é extraído é certamente um recurso renovável”.

Page 5: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis

�Reserva mineral: medição física sobre teor e a quantidade de concentração mineral in situ; extração tecnologicamente viável.

�Recurso: existência conhecida, mas não medida.

�Recursos hipotéticos: são todos os recursos conhecidos e não conhecidos, mas possíveis de existir em uma determinada porção da crosta terrestre e capazes de serem utilizados no futuro.

Page 6: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis:

Limitações:

�Não incorpora questões ambientais e

sociais.

�O critério “economicamente viável” não

incorpora o fluxo energético: a energia

requerida para extração pode ser maior que

a energia obtida a partir da extração.

Page 7: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis:Decisões intertemporais

� Opções feitas no presente terão consequências no futuro.

� Taxa de juros (δ) (“taxa de retorno”, “taxa de desconto”, “taxa de atualização” ): quanto mais alta, maior risco e incerteza quanto ao futuro; favorece ações de curto prazo.

� Valor presente líquido (VPL): o montante do futuro descontado (ou atualizado)

� Juros compostos VF = VPL(1+δ)n, onde:

VPL = valor presente

VF = valor futuro

δ = taxa de juros

n = período de tempo

Page 8: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis:Taxa ótima de esgotamento do recurso

� “Resources in the ground” (conservação do recurso no solo ou a sua não extração) como ativos de capital ou um investimento em estoque: se o seu valor cresce à taxa igual ou superior à taxa de juros de mercado (custo de oportunidade) há interesse na sua conservação; caso contrário: incentivo a intensificar o ritmo de extração.

� Para seguir uma trajetória “ótima”, os preços dos recursos exauríveis devem evoluir ao ritmo da taxa de desconto, que é igual à taxa de juros de mercado.

Page 9: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis:Esgotamento ótimo

A regra de Hotelling (1931)

�∆P/P = a taxa de ganho de capital.

�∆P/P = δ o proprietário da jazida (ou reserva) será indiferente entre explorar o recurso ou conservá-lo no solo.

�Se ∆P/P < δ aumenta a taxa de extração, encurtando o prazo de esgotamento do recurso.

�Taxas de juros elevadas indicam forte valorização do consumo presente em detrimento da sua conservação para uso pelas gerações futuras.

Page 10: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis:Esgotamento ótimo

A regra de Hotelling (1931)

�O preço de um recurso natural qualquer resulta do confronto de duas forças: escassez (induz alta de preço) e progresso tecnológico (efeito ambíguo: reduz o custo da sua exploração mas também cria backstop technologies – alternativas tecnológicas).

�Backstop technologies: supõe-se que à medida que o preço do recurso finito se eleva surgirão substitutos para o mesmo.

Page 11: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos exauríveis:Esgotamento ótimo

A regra de Hotelling (1931)

� Trajetória ótima de exaustão do recurso: deve-se extrair o recurso a uma taxa que permite uma transição suave da exploração do recurso existente para o recurso alternativo (backstop resource).

� Taxa de extração acima da ótima: o recurso se esgota antes que o seu substituto esteja disponível ou esteja, mas a um preço muito elevado.

� Taxa de extração abaixo da ótima: ainda restará estoque de recurso (resources in the ground) quando a transição para uma fonte alternativa de recurso (backstop source) já for considerada mais barata.

Page 12: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� A característica essencial de um recurso renovável: seu estoque não é fixo; pode aumentar ou diminuir. Exs: peixe, floresta.

� Máximo estoque: nenhum recurso renovável pode regenerar a níveis acima da capacidade de suporte — carrying capacity — (k): é o estoque máximo que pode ser mantido indefinidamente sem comprometer a capacidade de regeneração do recurso.

� Rendimento máximo sustentável (RMS): ou extração máxima sustentável (xRMS) é a taxa de extração que mantém o estoque no nível de crescimento máximo (RMS).

Page 13: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:Capacidade de suporte e rendimento máximo

sustentável

Page 14: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� Recurso renovável pode desaparecer: se a taxa de extração exceder a taxa de crescimento natural do recurso ao longo do tempo.

� Também: se a população do recurso cair abaixo de certo nível crítico, por causa de excesso de extração (sobrepesca, p.ex.) ou motivos outros não relacionados ao uso direto do recurso (ex.: destruição de habitats).

Page 15: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� O uso ótimo de recursos renováveis - função “logística” (peixe): a níveis baixos de estoque, os peixes se multiplicam, mas à medida que começam a competir por alimentos, espaço físico, oxigênio etc., a sua taxa de crescimento diminui até o estoque atingir um nível máximo (k), que corresponde à capacidade de suporte do ecossistema para essa espécie.

� O rendimento máximo sustentável (RMS) corresponde ao ponto em que o excedente explorável é máximo (máxima taxa de crescimento do recurso): se for extraído o RMS do recurso, este se regenera sucessiva e periodicamente (respeitando o tempo necessário para o recurso se regenerar) e continuamente poderá ser extraído RMS do recurso.

Page 16: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� Taxa ótima de extração do recurso: deve-se extrair o recurso a uma taxa que permite o seu rendimento máximo sustentável. Opções:

1) Extrai tudo (zera o estoque): não terá mais nada para extrair nos próximos anos;

2) Não extrai nada: mantém o estoque em k, porém a população não cresce;

3) Extrai RMS anualmente por tempo indeterminado e ainda conserva o estoque xRMS do recurso (manejo).

Page 17: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� Opção 3 (taxa de extração = RMS) parece atrativa: o recurso sobreviveria “para sempre” e seria extraído o máximo em cada período.

� Objeções:� Baseada exclusivamente em critério biológico

válido para uma espécie isolada e de comportamento padrão. As espécies são interdependentes; há espécies com grandes variações naturais.

� Desconsidera critérios econômicos; o RMS não corresponde ao “ótimo econômico”.

Page 18: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� “Ótimo econômico”:

� x = G (x(t)) – h(t)

� x = estoque do recurso G em qualquer tempo t

� G (x(t)) = taxa natural de recomposição de x

� h(t) = taxa de utilização de x

� O lucro (π): π = π [x(t); h(t)]

� G’x = δ a taxa de crescimento do estoque do recurso deve ser igual à taxa de desconto.

Page 19: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:O rendimento máximo sustentável

� “Ótimo econômico”:

� Se G’x < δ ; o custo de oportunidade do recurso é

alto; aumenta a taxa de extração no curto prazo;

motivação para a sobrepesca (ou pesca predatória)

e investir a receita no mercado financeiro.

� Apenas na remota hipótese de δ ser nula (igual a

zero) é que valerá a pena deixar algum peixe para o

futuro.

Page 20: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:A tragédia dos comuns

� O problema dos recursos de propriedade comum. Ex.: peixes

� p = preço da tonelada

� y = quantidade pescada

� c = custo unitário da pesca

� x = insumos utilizados

� A “renda de oportunidade” do pescador (embutida em c) = salário que ele receberia em alguma outra atividade alternativa à pesca.

Page 21: Economia Dos Recursos Naturais 1

A teoria dos recursos renováveis:A tragédia dos comuns

� O lucro (π): receita (py) - custos (cx): π = py – cx

� A condição de otimização: preço (p) = custo marginal (cmg).

� Pescador não conhece cmg nem a produtividade marginal (pmg): orienta-se pela receita média (py/x).

� Enquanto py/x > c o pescador se mantém na pescaria; seu rendimento com a pesca é maior que o salário alternativo da economia; atrai novos pescadores até π = 0.

� O efeito do “congestionamento” é inerente à ausência do direito de propriedade.