Ed. 19 Outubro 2015 - O Mirante

12
DISCURSO e PRÁTICA Outubro - 2015

description

Neste mês, a equipe de O Mirante convida você a refletir o quanto pode melhorar a sua prática para que ela de fato reflita no mundo as suas boas intenções. Gláucia Gama nos conta uma história de sucesso que premia a coerência com um programa que tem o objetivo de construir um mundo de negócios melhor. Thiago Capodeferro nos convida a uma reflexão sobre a importância de correr risco e fazer o que deve ser feito, mesmo que nem tudo ainda esteja em um contexto perfeito. Dante Montovani nos dá um depoimento sobre a importância da coragem de ouvir. Confira.

Transcript of Ed. 19 Outubro 2015 - O Mirante

DISCURSO e PRÁTICA

Outubro - 2015

Editorial

01 Outubro 2015 - Discurso e Prática

[email protected]

O momento atual é de enfrentar os medos e as dificuldades para construímos uma nova forma de relação dentro e fora das organizações em busca de mais parceria, integração, sinergia e mais trabalho. Precisamos superar barreiras bem altas, em um cenário árduo e muitas vezes desanimador.

É fácil escutar pessoas falando que o outro não colabora, não está engajado, não sabe relacionar-se. Mas o que chama a atenção é que o que mais “berra” a favor de um trabalho em equipe quer de fato é colocar os outros trabalhando a favor dele próprio – e se não é obedecido, o outro é o grande vilão. É o sintoma de uma forte crise de confiança, da falta de uma liderança que inspire a todos a segui-la em busca de um resultado comum, que favoreça a todos de verdade.

O caos do instante que vivemos, e vai passar, é fruto também do distanciamento entre discurso e prática. Quando as ações não são coerentes com o que é pregado, assistimos a grandes e pe-quenas derrotas, sorrindo quando o outro também perde. Já viu isto acontecer? A liderança diferenciada é aquela capaz de transformar sapos em príncipes. Mas alguns insistem em trans-formar príncipes em sapos. Em momentos de crise tudo fica mais claro e exposto.

Para fugir desta armadilha, Gláucia Gama nos conta uma história de sucesso que premia a coerência com um programa que tem o objetivo de construir um mundo de negócios melhor. Thiago Capodeferro nos convida a uma reflexão sobre a importância de correr risco e fazer o que deve ser feito, mesmo que nem tudo ain-da esteja em um contexto perfeito. Dante Mantovani nos dá um depoimento sobre a importância da coragem de ouvir.

Neste mês, a equipe de O Mirante convida você a refletir o quanto pode melhorar a sua prática para que ela de fato reflita no mundo as suas boas intenções.

Abraços e até breve.

02

Dante MantovaniConsultor DorseyRocha Consulting

O que você faz fala tão alto, que não consigo escutar o que você diz.

RALPH WALDO EMERSON 1

“Venha fazer a diferença em nossa organização!” dizia o presidente de maneira sedutora ao seu entrevistado. “Preciso muito transformar a empresa e sua experiência será essencial.” João Neto aceitou ser o novo diretor industrial, certo de ter carta branca e apoio da presidência para implan-tar o que fosse necessário.

Ainda que suas intenções fossem genuínas, o presidente não resistia a seu conhecido hábito de in-terferir nas decisões que cabiam aos diretores, desautorizando-os. João Neto não entendeu nada – por que no discurso era uma coisa e na prática outra? E de fato não sobreviveu mais do que um ano na posição.

Enquanto isto, na empresa do prédio ao lado, Marcos, o gerente de marketing, conversa com seus subordinados: - “Gente, obrigado pelo feedback que me deram na avaliação 360 graus. Claro que nem tudo são flores. (risadas). Eu agradeço justamente por isso. Com o que vocês escreveram, aprendi mais sobre mim. Mesmo pensando que estava com um estilo de liderança adequado, perce-bi que não e que posso melhorar.”

A equipe ouve atenta. Ele acrescenta: “Por exemplo, eu me achava bom ouvinte, e que dava feed-back o suficiente. Vocês me mostraram que em ambos os pontos preciso agir diferente, e quero realmente fazer isto.”

Marcos combinou formas de tornar seu diálogo mais aberto e participativo, e ao pedir co-mentários, sentiu um bom clima para isto se concretizar. A relação de confiança vem sendo nutrida desde quando assumiu a posição há 2 anos.

03 Outubro 2015 - Discurso e Prática

A CORAGEMDE OUVIR

stes dois exemplos mostram a importância da coerência entre o discurso e a prática. O primeiro é baseado em fatos reais, e sem final feliz. O segundo foi criado com base em pesquisas que apontam a tendência de gestores de superavaliar sua própria capacidade de escuta.

A coerência entre o que fala e o que faz é algo que todo líder deve buscar se quiser se tornar melhor. Não basta confiar na própria percepção, pois o que conta é como somos percebidos sob os olhos dos outros. A coerência entre discurso e prática é algo que fortalece a confiança que um líder transmite para sua equipe, é até objeto de pesquisa de clima “Os líderes aqui praticam o que falam.”

A avaliação 360 é uma ferramenta que funciona, e ajuda a gerenciar essa per-cepção. E para casos que a prática não está implementada, é possível sim-plesmente pedir para as pessoas que nos ajudem a entender o impacto que causamos, os pontos fortes e os que podemos desenvolver. Sabendo como somos percebidos, fica mais fácil alinhar o discurso com nossa prática.

Termino com uma frase inspiradora de Lao Tsé2: “Aquele que conhece os outros é sábio. Aquele que conhece a si mesmo é iluminado”.

1 Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um escritor, ensaísta e filósofo norte-americano.2 Lao-Tsé (571 A.C. – 531 A.C.) foi um filósofo da China antiga, conhecido como o autor do “Tao Te Ching”, a obra basilar da filosofia taoísta.

04

A CORAGEMDE OUVIR

QUE VOCÊ CADA VEZ MAIS ACENDA SUA LUZ!

E

05 Outubro 2015 - Discurso e Prática

gestão de pessoas visa valorizar os profissionais e o ser humano. Para isso, hoje observamos um grande esforço em mudar o antigo modelo burocrático para uma gestão envolvendo novas técnicas orçamentárias, descentralização administrativa de alguns setores, re-dução de hierarquias e implantação de instrumentos de avaliação de desempenho organizacional.

A

Gláucia Gonçalves GamaDiretora Executiva na

Ernst & Young

[email protected]

Percebemos o colaborador mais participa-tivo, com maior autonomia em suas ativi-dades, cooperando com seus gestores nas decisões; possui facilidade na interação, aprendizagem, conhece a empresa e par-t icipa dos negócios.

Na EY temos o propósito de Construir um Mundo de Negócios Melhor e todos os anos comemoramos o modo como vivemos nos-sos valores com o programa C h a i r m a n’s Va l u e s Awa r d ( C VA ) . A premiação foi cria-da em 2006 e, desde então, foram mais de 19 mil nomes indicados e um total de 420 profissionais reconhecidos nos últimos oito anos pelo trabalho de destaque na empresa.

É uma forma de reconhecer aqueles que colocam em prática diariamente o conjun-to de valores da empresa – profissionais que demonstram integridade, respeito e tra-balho em equipe, têm energia, entusiasmo e coragem para liderar e constroem relaciona-mentos fazendo a co isa cer ta . A lém dis-so, também é uma maneira de ajudar nossos profissionais a reconhecer as pessoas inspi-radoras que estão ao seu redor, dispostas a fazer mais por seus clientes, colegas e co-munidades.

A gestão corporativa precisa pensar e gerir não só as pessoas, o físico, mas também o im-pensado, o elemento criativo, todo um universo simbólico de valores e desejos que moldam as ações humanas, por meio da implantação de processos de transformação cultural e inovação.

Os grandes obstáculos para o crescimento corporativo são a falta de pessoas eficientes, a perda de entusiasmo, a falta de motivação. Em muitos casos, parece que o essencial da questão é garantir que os valores da empresa sejam observados nas ações do dia a dia – e os problemas seriam resolvidos.

Nada pior do que trabalhar em uma organização que tem um discurso de “melhores práti-cas”, mas a realidade nos bastidores mostra um cenário bem diferente - um abismo entre o discurso e a realidade!

Os funcionários não são apenas técnicos ou recursos. São seres humanos dotados de intel igência, razão, emoção, sentimentos, que precisam ser valorizados de forma integral. Se forem vistos como parceiros, corresponsáveis pelo negócio, terão maior produtividade e desenvolvimento; estarão preocupados e envolvidos com as metas, resultados, clientes; com a empresa, com os colegas de trabalho, com o próprio bem-estar social, pessoal e dos demais ao seu redor.

O grande desafio da área de gestão de pes-soas é contribuir estrategicamente com a participação, capacitação e envolvimento das pessoas que compõem a empresa e que

representa o seu Capital Humano .

06

Em busca da coerência, aceitamos o desafio de transformar discurso em prática.

07 Outubro 2015 - Discurso e Prática

orrerei quando o tempo esquentar mais um pouco. Farei aquela viagem programa-da há anos assim que sobrar um tempinho. Colocarei o projeto em prática logo que tiver uma folga no orçamento. Já percebeu quantas coisas ficam sem fazer à espera das condições perfeitas que não chegam – e talvez nunca se concretizem?

Ao ficar à mercê delas, acabamos presos ao discurso, sempre planejando e planejando, mas sem partir para a ação, na vida pessoal, em situações do cotidiano e no ambiente corporati-vo – afetando os resultados de toda a equipe, da nossa imagem e dos resultados que tanto desejamos atingir. Guardar na gaveta projetos e medidas esperando por uma semana mais tranquila ou por mais verba no orçamento pode fazer com que estas ideias fiquem esqueci-das, prejudicando o crescimento de todos e até o alcance das metas estipuladas.

Planejar é importante – sem dúvida – mas é preciso coragem para tomar a ati-tude de ir em frente, começar a executar, tirar do papel, dar um passo adiante. Uma vez que nos sentimos bem preparados, é hora de se lançar rumo aos desafios de um novo projeto.

Um bom líder sabe se adaptar e trazer os resultados mesmo em um terreno ou cenário que não é completamente favorável a ele. A habilidade de contornar con-tratempos, solucionar problemas e guiar toda a equipe é determinante para o suces-so. Sempre haverá imprevistos e percalços: um projeto que entrou em cima da hora, uma reunião convocada às pressas, uma crise que requer sua intervenção. Alinhar o discurso à realidade e agir fazendo aquilo que deve ser feito é essencial.

Uma vez que reunir todas as condições que julgamos ideais torna-se uma pos-sibilidade remota, ficam algumas perguntas: Quanto do seu discurso você consegue colocar em prática, mesmo sem todas as circunstâncias a seu favor? Como saber a hora certa e encontrar o meio termo de dar este passo sem ser pre-cipitado, mas sem prender-se no “quando” por muito tempo?

O segredo talvez seja se preparar o máximo que puder; estudar, planejar, refletir sobre os problemas e dificuldades que possam aparecer e fazer a transição do discurso para a prática.

Pode ser que nem tudo saia como o previsto, que erros aconteçam e situações inusitadas surjam no decor-rer do caminho. Neste caso, fica a experiência, a vivência e a bagagem que vão evitar futuros deslizes e, com certeza, contribuir em outros projetos.

Ficar conhecido como alguém que apenas fala – e não faz – prejudica a imagem, principalmente como líder e gestor. Fazer algo apenas quando se tem completa segurança – sem arriscar-se – é o sonho de per-feccionistas e acomodados.

A capacidade de arriscar, abrir mão do certo e da zona de conforto, ousar e agir é o que determina o quão longe podemos chegar. É o que nos torna mais confiantes e nos acrescenta bagagem para diversas situações que ainda iremos enfrentar em nossas jornadas pessoal e profissional.

O receio e a insegurança não podem nos prender ao discurso. As oportunidades não devem ficar apenas no “e se”. MÃOS À OBRA!

Planeje, mas não se esqueça de colocar em prática!

Prepare-se, mas não tire os olhos do seu objetivo.

C

08

FAZERÉ PRECISO

Thiago CapodeferroJornalista e Gestor de Marketing Digital

da Agência D’lucca | Jota

09 Outubro 2015 - Discurso e Prática

DORSEY ROCHA indicaQUEM INDICAMaurício França / Consultor DorseyRocha Consulting

POR QUE INDICOU?Retrata a história real vivida por Josey Aimes . Ao ser admitida em uma mina de ferro ela vê uma oportunidade para realizar seu sonho de comprar uma casa e proporcionar bem-estar a seus filhos. Entretanto, as hostilidades logo aparecem e o ambiente lhe im-põe escolhas difíceis. Ela se mantém coerente na direção do considera correto e justo. Enquanto a protagonista busca por seus direitos, outros membros da empresa – com seus discursos socialmente corretos em público – agem de forma antiética e imoral.

SINOPSETerra Fria narra o drama de Josey Aimes (interpretado por Charlize Theron), uma mulher que abandona o marido que a espancava e volta para sua cidade natal. Lá precisa en-frentar os traumas do passado e batalhar para superar os desafios do presente: enfrentar preconceitos, discriminação e assédio sexual, e sustentar seus dois filhos. A história se passa no estado de Minnesota, nos EUA. Na vida real este caso marcou a conquista e diversos direitos trabalhistas às trabalhadoras dos EUA e do mundo.

Thomas Edson(1847 -1931, inventor e cientista dos estados Unidos)

“As conquistas humanas são compostas de 1% inspiração e 99% transpiração”.

“Nunca fiz nada dar certo por acidente; nem nenhuma das minhas invenções surgiu por acidente; Elas vieram do meu trabalho”.

“Não existe substituto para trabalho árduo”.

PONTO DE

VISTA

10

O MIRANTE É UM PROJETO DORSEY ROCHA & ASSOCIADOS

Conselho Editorial:

Rodolpho RochaMarta Castilho

Ádrice Fernanda

Conecte-se conosco:

WWW.DORSEYROCHA.COM