Edição 17

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QUADRO NEGRO O colégio que luta contra uma conta terrível: 57% de reprovação no ensino médio Renato Henrichs fala da expectativa pelo balanço da Festa da Uva | Roberto Hunoff conta que as mulheres de Caxias trabalham mais | Um refúgio culinário perto de Galópolis | Como anda a discussão do transporte coletivo Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 17 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S27 |D28 |S29 |T30 |Q31|Q|S2 Maicon Damasceno/O Caxiense Expulsos da região na metade do século XIX para dar lugar aos imigrantes, os índios Kaingang também foram apagados da memória A HISTÓRIA QUE NÃO SE CONTA

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Expulsos da região na metade do século XIX para dar lugar aos imigrantes, os índios Kaingang também foram apagados da memória

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QUADRO NEGRO

O colégio que luta contra uma conta terrível:

57% de reprovação no ensino médio

Renato Henrichs fala da expectativa pelo balanço da Festa da Uva | Roberto Hunoff conta que as mulheres de Caxias trabalham mais | Um refúgio culinário perto de Galópolis | Como anda a discussão do transporte coletivo

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 17 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S27 |D28 |S29 |T30 |Q31|Q1° |S2

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Expulsos da região na metade do século XIX para dar lugar aos imigrantes, os índios Kaingang também foram apagados da memória

A HISTÓRIAQUE NÃO SE CONTA

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Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Os números do trabalho feminino caxiense

Problema a resolver | 5O fantasma da reprovação apavora alunos, pais e professores no colégio estadual Emílio Meyer

Atraso não remunerado | 7O debate de alternativas para evitar um aumento da tarifa – e a promessa da Visate de não cobrar pela demora

Prazer gastronômico| 9Torpedos de celular abrem o apetite de uns poucos felizardos na noite caxiense

Guia de Cultura | 10Um jovem virtuoso da guitarra embala as horas do dia

Artes | 12Leveza abstrata e paisagem de viagem

Passado Kaingang | 13Como viveram – e sumiram das páginas da História – os índios que habitavam Caxias antes dos imigrantes

Votos na balança | 16Depois de ouvir a comunidade acadêmica, a UCS decide a porta fechadas quem será o(a) novo(a) reitor(a)

O jovem Ju | 18A média de idade do time que vem jogando é de apenas 22 anos

Guia de Esportes | 20Com perspectivas bem distintas, a dupla CA-JU vai a campo pelas rodadas finais do Gauchão

Histórias da bola | 21Confrontos marcantes, para lembrar e para esquecer, mobilizam o Caxias contra o Inter

Renato Henrichs | 23O presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul explica o dilema da consulta acadêmica

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

16ª edição |@AlineZilli_Ueba @ocaxiense Adoramos o jornal, parabéns! Está cada dia melhor! Grande abraço!Aline Zilli, em 24 de março

@SamyGranel Não são nem 5h da manhã e eu já estou lendo a 16ª edição do jornal @ocaxiense! =PSamantha Hunoff, em 20 de março

@cristiansr Ao jornalismo inteli-gente do jornal @ocaxiense lindas capas e excentes reportagens de uma equipe que merece respeito.

Cristian Rodrigues, em 19 de março

Inclusão digital | @chaydanda Parabéns a toda equipe do @ocaxiense pela reportagem sobre Inclusão Digital. Excelente. Completa e com muitas informa-ções importantes.

Chay Rodrigues Danda, em 22 de março

@petersondanda Excelente reportagem do @ocaxiense sobre a in-clusão digital em Caxias do sul, vale a leitura! Parabéns ao Eduardo, Maicon e toda a equipe do @ocaxiense , jornalismo com compromis-so social

Peterson Danda, em 20 de março

Reitoria da UCS |@RoseBrogliato A melhor cobertura das eleições para reitoria da UCS aconteceu no @ocaxiense, sem dúvida. Isto também é um sinal?

Rose Brogliato, em 22 de março

PLURK(Acompanhe em www.plurk.com/ocaxiense)

Médicos reivindicam aumento |Queria saber o que os “doutores” tem a mais que as outras catego-

rias trabalham o mesmo número de horas e têm o mesmo salário. E no momento que a prefeitura aumentar o salário dos “doutores” ela vai aumentar também do restante do funcionalismo, também concur-sado?

Vera Lucia Mariani da Silva, em 22 de março

Capa | Kaiani Ribeiro, moradora da comunidade indígena Kaingang de Farroupilha, fotografada por Maicon Damasceno.

FACEBOOK(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense)

Médicos reivindicam aumento |R$ 2.055,70 não deve pagar nem a disciplina mais em conta de uma

faculdade de medicina.Leonardo Brum, em 23 de março

O que é Medicina mesmo? As ciências ditas humanas são tão mais “baratas” e tão importantes quanto... ainda assim R$ 2.055,70 é utópi-co para um professor do estado.

Natalia Borges, em 23 de março

Esse aumento deveria ser dado aos educadores de qualquer classe. Até médicos precisam de professores.

Aline Dondé, em 23 de março

Moinho da Estação |Sempre gostei desse lugar em Caxias...E quanto mais opções me-

lhor, boa notícia!!!Simone Santos, em 23 de março

Reitoria da UCS |A comunidade da UCS confia nos valores democráticos amplamen-

te e livremente difundidos no Brasil desde o fim da ditadura.Julio Cesar Kunz, em 23 de março

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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CONFISSÕES DO DNA

Como a polícia recolhe os rastros de culpa

em crimes que poderiam ser insolúveis

Um talento incalculável desponta no Jaconi | Na saúde e na doença, o esquadrão grená avança unido | Renato Henrichs conversa sobre as folias do Carnaval caxiense | Roberto Hunoff analisa a redução da jornada de trabalho

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 16 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S20 |D21 |S22 |T23 |Q24 |Q25 |S26

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O acesso à tecnologia é apenas o ponto de partida. Há muito a se fazer para que o computador sirva à toda sociedade

OS PASSOS DAINCLUSÃODIGITAL

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A SemAnAMédicos do município pedem aumento de 264,83% e prometem greve

SEGUNDA | 22 de março

TERÇA | 23 de março

QUARTA | 24 de março

Comércio

Bancos

Aumento

Cultura

Iniciativa

1.200 DVDs piratas são apreendidos

Punição para falta de sanitários

Médicos reivindicam 264,83%

Caxias tem novo teatro

Grupo Kastelão inaugura supermercado

Cerca de 1.200 DVDs falsificados foram apreendidos em dois pontos de Caxias do Sul, no último sába-do. Além disso, alguns vendedo-res ambulantes foram removidos. Conforme a prefeitura, as ações fazem parte de uma operação da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU), em conjunto com a Guarda Municipal para conter o comércio irregular. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 3218.6139.

Depois de permanecer fechado por quase dois anos, o espaço do antigo Bongô Bar, no largo da Rua Augusto Pestana, passará a abrigar a nova Pizzeria Vesúvio. Rebatiza-da de Estação Vesúvio, a casa está prevista para inaugurar até a metade de abril. Com a chegada ao comple-xo Moinho da Estação, o endereço anterior da Vesúvio, na Rua Pinheiro Machado, 1.426 (antigo palacete da família Gazola), fechou as portas nesta segunda e passa a atender somente pela telentrega. Conforme o empresário Jadir Ribeiro, o local funcionará de segunda a segunda, a partir das 18h – de quinta a sábado, estenderá o atendimento até as 3h. Serão oferecidos 80 sabores de pizzas a la carte e pastas. A novidade ficará por conta das minipizzas individuais.

A reunião do Orçamento Comuni-tário do bairro de Lourdes reivindica uma nova escola para o Helen Keller. O novo prédio, segundo a diretora Maria Alice Rodrigues, atenderia as questões de acessibilidade que hoje não são supridas pela estrutu-ra. A escola atual tem três andares e os alunos cadeirantes precisam de ajuda para subir os quatro lances de escada. Além disso o terreno do pátio não é plano, o que também dificulta

O novo lar da companhia “Tem Gente Teatrando” chama-se Casa de Teatro, e literalmente está estabeleci-do em uma residência, na Rua Olavo Bilac, 300, São Pelegrino. A inaugu-ração foi na sexta com a apresentação da peça “Maldito coração me alegra que tu sofras”. Conforme a coorde-nadora do grupo, Zica Stockmans, a Casa de Teatro surgiu da necessida-de de os diversos grupos de Caxias terem oportunidade de ficar uma temporada com suas apresentações. “O Teatro Municipal é ótimo, mas também muito concorrido. Os teatros particulares são muito caros. Não é tão eficaz o espetáculo ficar apenas duas noites em apresentação. A ideia é manter por temporadas. Essa é uma tendência contemporânea”, revela.

Conforme anunciado por O Caxiense no início do mês, o grupo Kastelão Smart acelerou o ritmo de obras para abrir sua quinta unidade na Serra de forma estratégica: às vés-peras da Páscoa e de olho no incre-mento de vendas gerado por produtos como chocolates, ovos, cestas e afins. O novo súper inaugurou na quinta-feira na Avenida Rio Branco, 136, quase defronte à Igreja São Pelegrino e próximo ao futuro San Pelegrino Shopping Mall – mais um indicativo de que toda aquela área deve ganhar status de ponto comercial mais nobre do bairro a partir do segundo semes-tre, quando está prevista a inaugura-ção do shopping. Segundo o diretor do grupo, Ildemar Bressan, o novo ponto gerou 45 vagas de trabalho e chega com diferenciais em relação as outras unidades. O espaço total do prédio chega a 4,8 mil metros qua-drados, sendo que 1,3 mil é ocupado pela loja. O restante dilui-se entre o depósito e os dois pavimentos de garagem – são 62 vagas, com duplo acesso de veículos, pela Avenida Rio Branco e pela Rua Feijó Júnior.

para os alunos que têm algum tipo de dificuldade. A escola hoje atende 140 alunos, que variam de crianças com menos de um ano de idade até alunos de 60 anos. Deste total, 49 tem algum tipo de comprometimento, sendo que seis precisam se locomo-ver com cadeiras de rodas. “Para se deslocarem pela escola é necessário ajuda de outras pessoas sempre. Teria que ter rampas e banheiros adapta-dos, já que temos diferentes alunos: além dos de cadeiras de rodas, há os que têm obesidade mórbida, parali-sia cerebral e os alunos da educação infantil”, afirma a diretora, que diz que a nova escola custaria de R$ 1,6 milhão a R$ 1,8 milhão. Maria Alice explica que a proposta será a cons-trução de um novo prédio, já que não há como fazer reformas no atual. Um terreno público, de acordo com ela, está sendo estudado pelo Secretário Municipal do Planejamento, Paulo Dahmer, para abrigar a nova escola.

Trabalho

Gastronomia

Helen Keller

Paim defende reduçãode jornada

Moinho da Estação tem nova opção

Nova escola é solicitação no OC

Foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores a proposta do vereador Gustavo Toigo (PDT) de alteração do Código de Posturas em relação a instalação de bebedouros e sanitários nas áreas de atendimento das agências bancárias da cidade. A nova redação prevê punição de mil VRMs (Valor de Referência Muni-cipal), atualmente equivalendo a R$ 19.370,00 para quem não cumprir as exigências. O prazo para adapta-ção das agências bancárias será de 90 dias. Se a alteração for sancio-nada pelo prefeito José Ivo Sartori (PMDB), a instalação de banheiros, masculino e feminino, com aces-so individual a deficientes físicos e bebedouros será fiscalizada. Também serão exigidos cartazes com grande visibilidade, indicando os locais.

Reunidos em assembleia, médicos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade decidiram pela reali-zação de greve a partir de 5 de abril.

O senador Paulo Paim (PT-RS) es-teve em Caxias do Sul na quarta-feira e palestrou no Sindicato dos Meta-lúrgicos sobre a Proposta de Emen-da à Constituição (PEC) 231/2005, que reduz a jornada de trabalho, das atuais 44 horas para 40 horas semanais e defende o aumento no adicional da hora extra de 50% para 75%. Segundo Paim, caso a proposta seja aprovada, a mudança poderá gerar mais de 3 milhões de empregos. “O avanço tecnológico substitui o trabalho do homem por máquinas. A tecnologia não vai retroceder. Para a automação acontecer com respon-sabilidade social temos que ter uma resposta a este avanço.” Paim diz que a aplicação das mudanças não corre risco de estimular demissões ou a informalidade e simplifica a fórmula do desenvolvimento econômico.

“A partir da redução da jornada de trabalho, as empresas precisa-rão contratar mais empregados. Teremos mais pessoas trabalhan-do, recebendo e consumindo.”

SEXTA | 26 de março

QUINTA | 25 de março

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Moinho da Estação oferece mais uma alternativa para lazer; Helen Keller pede nova escola com acessibilidade; Paim defende criação de 3 milhões de empregos

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Segundo o presidente do Sindicato Médico de Caxias do Sul, Marlonei dos Santos, a futura paralisação acontecerá pelo não atendimento das reivindicações da categoria. A principal delas é piso salarial de R$ 7,5 mil, para 20 horas semanais de trabalho. Os 368 médicos concursa-dos têm piso atual de R$ 2.055,70 por quatro horas de trabalho. Marlonei defende que para cumprirem as horas exigidas em contrato os médicos do SUS, devem receber R$ 7,5 mil, um acréscimo de 264,83%. Aplicando esse mesmo índice nas outras faixas, médicos com jornada de seis ho-ras ganhariam cerca de 12,5 mil.

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Roberto [email protected]

A contadora Magda Regina Wormann, da Meta Contabili-dade, recebeu o prêmio Mulher em foco, instituído pelo Sescon-Serra Gaúcha e Sincontec Caxias. O objetivo dos sindicatos é o de homenagear uma profissional ou empresária contábil que contri-bui para o crescimento e fortale-cimento do setor. Magda Regina foi a primeira diretora mulher do Sescon-Serra Gaúcha e atualmen-te atua na integração regional da entidade. A distinção foi entregue pelo presidente do Sescon-Serra Gaúcha, Tiago De Boni Dal Corno.

De terça a quinta-feira da sema-na que vem, a Secretaria Munici-pal da Agricultura promove a 14ª Feira do Peixe Vivo e a 2ª Feira do Vinho da Semana Santa na Praça Dante Alighieri. As atividades reu-nirão 10 produtores de peixes e seis cantinas de Caxias do Sul e região.

Atente para os preços por quilo: carpa capim, R$ 6,80; carpa húngara, prateada e cabeça grande, R$ 5,80; jundiá, R$ 7,50; e bagre, R$ 9,50.

Haverá venda de vinhos de mesa. Cada garrafa será comercia-lizada a R$ 3,50 e das variedades Bordô, Moscato e Lorena a R$ 4. A bebida também será vendida em garrafões. Eles custarão R$ 10 ou R$ 12, com o casco; os vinhos de uvas das variedades Bordô, Moscato e Lorena serão vendi-dos a R$ 12 ou R$ 14 com casco.

A Mostra Flores 2010, que se encerra neste domingo, é uma oportunidade para compras de malhas, confecções, móveis e vinhos. A estrutu-ra montada no Parque da Vindima Eloy Kunz, em Flores da Cunha, também oferece farta gas-tronomia e muitas atrações artísticas. Não há cobrança de ingresso nem de estacionamento.

A Primatas Serigrafia e o Cen-tro Tecnológico RGR, de Caxias do Sul, marcaram presença nesta semana na etapa nacional do MPE Brasil - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, promovido pelo Sebrae em Brasília. Elas integraram o grupo de 13 em-presas vencedoras da etapa gaúcha de 2009. O prêmio reconhece os pequenos negócios que promovem o aumento da qualidade, da pro-dutividade e da competitividade pela aplicação de conceitos e utili-zação de boas práticas em gestão.

Parte de um amplo processo de revitalização da estrutura da sede, o restaurante da CIC de Caxias do Sul ganhou novo palco. A estrutura possui 45 centímetros de altura e 3 metros de profun-didade. O fundo e as laterais foram revestidos em madeira e dois novos painéis serão criados para contemplar os patrocinadores e apoiadores do evento. Responsável por esta etapa inicial, o diretor de Política Turística e Enogastrono-mia, Adriano Medeiros, afirmou que o atendi-mento desta antiga reivindicação só foi possível por meio de parceria com a empresa Florense.

Ocupantes de 41% das quase 157 mil vagas formais existentes no ano de 2008, as mulheres de Caxias do Sul têm jornada de trabalho superior às trabalhadoras de outras regiões do país. Isso decorre da alta con-centração de empregos no segmen-to industrial. É o que revela, dentre outros dados, uma pesquisa realiza-da pelo Observatório de Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS) em parceria com o Dieese. O estudo mostra que 76,8% das mulhe-res formalmente empregadas traba-lham de 41 a 44 horas por semana.

Outra constatação do levantamen-to é que a indústria tem a segunda maior diferença salarial: elas ganham apenas 56,8% do salário médio hora pago aos homens, abaixo apenas da atividade extrativa mineral. O setor da construção civil, por exemplo, re-munera melhor as mulheres, na or-dem de 4%, situação que se estende ao serviço público, onde os rendi-mentos médios femininos são qua-se 25% superiores aos dos homens.

No geral, no entanto, as mulheres ganham, em situações iguais de traba-lho, 73,6% da remuneração masculina.

Distinção 

Semana Santa

Fim de festa

Competitividade

Revitalização

Só o salário é menor

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O consumidor gaúcho segue otimista com a situação econômica do país. A Pesquisa de Inten-ção de Consumo das Famílias do Rio Grande do Sul marcou 127,8 pontos numa escala de zero a 200 – acima de 100 o resultado é considerado oti-mista. Também revelou que 44% dos entrevista-dos estão seguros em relação ao próprio emprego, 64,5% acreditam que melhorarão na atual ocupa-ção e 47,6% consideram que a renda familiar au-mentou na comparação com março de 2009. Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, os dados mos-tram que o consumidor definitivamente deixou a preocupação com a crise para trás. Realizada pela Confederação Nacional de Comércio, a pesqui-sa foi divulgada pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado.

Olhar à frente

OcupaçõesO estudo também mostra que as

mulheres são maioria nas atividades de serviços, ocupando 55% dos em-pregos, e na administração pública, 72%. No comércio há equilíbrio e, na indústria, os homens têm 69% das vagas. Na construção civil o predo-mínio é masculino: 92%. Para efeitos de comparação, na Região Metropo-litana de Porto Alegre as mulheres já ocupam 45% das vagas formais, com distribuição por atividade econômica muito similar à de Caxias do Sul. A maior diferença é nos serviços públicos, onde elas têm participação de 64%.

EscolarizadasOutra importante constatação é a

de que as mulheres são mais escolari-zadas do que os homens e ingressam no mercado de trabalho com mais idade. Em termos de escolaridade os homens são maioria até o médio incompleto. A partir daí as mulheres passam a predominar. Este fato com-prova que a remuneração inferior a dos homens não tem relação alguma com menor qualificação. A maioria das trabalhadoras recebe entre 1,5 e dois salários mínimos, enquanto entre os homens a maior concen-tração está entre dois e três salários mínimos.

A XP Investimentos Caxias promoverá dia 31, quarta-feira, nas dependências da CIC, o evento As escolhas financeiras das mulheres con-temporâneas. Haverá palestra da psi-canalista e consultora em programas de educação financeira Márcia Tolot-ti; bate-papo com Neira Mello, presi-dente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Caxias do Sul; e apre-sentação de novas oportunidades de investimentos pela gestora comercial e assessora de investimentos da XP Caxias, Juliana Petriks.

 A primeira edição do evento

Fim de Tarde CDL Jovem está pro-gramada para dia 29, segunda-feira, a partir das 19h, no Bergson Execu-

tive Flat. A iniciativa mensal do CDL Jovem objetiva discutir assuntos da atualidade de maneira descontraída e promover uma troca de cartões entre os participantes. O primeiro pales-trante, frei Jaime Bettega, falará sobre Espiritualidade nas organizações, dife-rencial para os novos tempos.

 O consultor ambiental da

ERM Brasil, Bráulio Pikman, será o palestrante de segunda-feira, 29, da CIC de Caxias do Sul. Abordará o tema Mudanças climáticas - apoio ao mercado de carbono e mecanismo de Kyoto. Após o encontro, o profissio-nal fará atendimento sem custo aos interessados na Sala Empresarial. As vagas são limitadas.

Curtas

4 27 de março a 2 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

A fabricante de móveis Florense tem meta ousada: con-correr em condições de igualdade com os principais pro-dutores mundiais, principalmente italianos. Investiu, para tanto, nos últimos dois anos, R$ 40 milhões na moderni-zação dos equipamentos e na instalação do maior centro de acabamento do Brasil. Dotada de tecnologia ecologica-mente correta, esta linha assegura a produção de móveis altamente sofisticados, com acabamento de laca alto-brilho e defeito zero sem similar nas Américas. “A etapa final se compara ao polimento automotivo. Vamos atender o grau máximo de exigência do consumidor,” assinala o vice-pre-sidente Gelson Castellan. A meta de 2010 é faturar em tor-no de R$ 200 milhões, em alta de 20% sobre o consolidado no ano passado. Parte já virá desta nova linha, que pode ter ambientes comercializados a R$ 150 mil.

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por JOSÉ EDUARDO [email protected]

som estridente e contínuo da campai-nha anuncia o fim do período da aula e o início do recreio. Quase no mesmo instante, dezenas de jovens descem as escadas correndo em direção à secre-taria. Meninas andam em grupo e pa-recem se divertir com algum assunto particular. Os rapazes aproveitam os 10 minutos de intervalo para conversar e liberar a energia contida nas horas em que estiveram em aula. Os profes-sores tentam fugir desse turbilhão e se abrigam na sala dos professores. Ago-ra, os corredores e o pátio pertencem quase que exclusivamente aos alunos. Do saguão, a imagem do professor Henrique Emílio Meyer, fixada no alto da parede, observa a agitação. O sinal da campainha soa novamente, e em minutos os corredores ficam desertos. É quando a típica alegria juvenil cede lugar à preocupação. Nesse ambiente silencioso circula o fantasma da repro-vação, transformando os três anos do ensino médio em um período sem data para acabar.

A Escola Estadual Henrique Emílio Meyer, fundada em 1931, abriga cerca de 1.400 alunos, nos turnos da manhã, tarde e noite. É comandada por uma direção reeleita com mais de 90% dos votos. A vigilância sobre os estudantes é contínua. O horário de entrada e sa-ída é mantido rigidamente. O unifor-me é obrigatório, mesmo que muitos deem um jeitinho de não usá-lo. Seria, enfim, uma escola normal, não fosse o altíssimo grau de reprovação no ensino médio. Dos 882 adolescentes matricu-lados no ano de 2009, apenas 291, 33%

do total, conseguiram atingir ou ultra-passar as notas mínimas. O restante da conta é dramático: 386 reprovações (43,7%), 101 abandonos, 96 transfe-rências e oito cancelamentos. Do total de alunos que concluíram o ano, 57% estão tendo que repeti-lo.

A orientadora do turno da tarde e professora de religião Maria Elisa está preocupada com esse quadro, que se agravou no último ano. Para ela, os motivos do alto índice de repetência no ensino médio são muitos. O prin-cipal é a falta de apoio da família. “No ensino fundamental, os pais estão mais presentes, vêm às reuniões, estão intei-rados sobre a vida escolar dos filhos, e assim o índice de reprovações é bem baixo”, compara a professora. A ligação dos responsáveis com a escola se alte-ra – ou desaparece – nos três anos em que os estudantes passam da adoles-cência à juventude. “Esses alunos têm problemas que os pais nem imaginam. Eles chegam muito carentes devido ao distanciamento da sua relação familiar. Já houve casos em que ameacei chamar os pais e o aluno respondeu ‘que bom, eles vão olhar para mim.’”

Na sala de orientação, sentada em frente a uma escrivaninha repleta de documentos, Maria Elisa continua tentando encontrar razões para o as-sombroso percentual de reprovação. Ela relata que muitas meninas abando-nam os estudos porque engravidam e alguns rapazes optam por fazer o su-pletivo, pois já completaram 18 anos. Entretanto, o desinteresse geral dos alunos é a causa mais apontada para as repetências. “Se fores perguntar para alguns estudantes por que eles vêm à aula, te dirão que são obrigados pelos

pais, porque fazem o Senai ou têm con-trato de estágio e precisam estar estu-dando”, explica Maria Elisa.

A coordenadora da 4ª Coordena-doria Regional de Educação (CRE), Marta Fattori, diz que a situação do Emílio é atípica em Caxias. “As nossas orientações são iguais para todas as instituições. Escolas do mesmo porte do Emílio, como Cristóvão de Mendo-za, Imigrante, Irmão José Otão, Maria Aracy Trindade Rojas, Melvin Jones, Santa Catarina e Escola Técnica apre-sentam índice de reprovação abaixo de 30%”, revela. Marta entende que o cor-po docente e a direção do Emílio de-vem investigar as causas do problema. “Será que o projeto pedagógico está tendo resultados positivos? Muitos alunos do ensino médio podem chegar na escola sem os subsídios necessários para acompanhar o conteúdo. A escola tem de se adaptar e proporcionar um ensino especial para esses alunos que têm um ritmo mais lento”, sugere.

Ao ouvir o sinal para o primei-ro período após o intervalo, o profes-sor de História e Geografia e coordena-dor do Conselho Escolar João Lucena se dirige à sala de aula do 2º ano. Os alunos, que deveriam estar alinhados em filas, agrupam-se formando peque-nas ilhas. Trinta classes estão dispostas aleatoriamente. Após a chamada, o professor cobra os exercícios de tema. “Rodrigo, responda para os teus cole-gas a primeira questão”, pede o profes-sor. No fundo da sala, se mostrando um pouco embaraçado, o aluno balan-ça a cabeça negativamente. “Professor, fiz todas as outras questões, menos a 1. A partir da 2, podes pedir qualquer

uma”, responde. Dos quase 30 adoles-centes na sala, 15 levantaram o dedo quando o professor perguntou quem tinha feito o exercício.

O burburinho contínuo de conver-sas paralelas prossegue por toda a aula. Uma divisão bem tênue separa a maio-ria das meninas, que preferem sentar na frente, dos rapazes que ocupam o fundo. “Nessa turma tenho vários re-petentes. Para eles, a escola é um espa-ço de convivência. Eles não têm com quem conversar. Os pais não têm mais tempo para falar com eles. Ainda as-sim, estes alunos estão mais educados. Antigamente eles costumavam afron-tar os professores, fato que não aconte-ce mais”, avalia João.

As colegas Bruna Natálie Renosto e Leila Regina Trombetta, do 3º ano, nunca rodaram. Ambas cursaram o ensino fundamental na Escola Esta-dual Abramo Eberle. Ao ingressar no Emílio, o choque foi imediato. “O pri-meiro ano foi muito difícil. Também estranhei esse monte de regras. Usar uniforme, horário para sair, horário para entrar”, lembra Bruna, que plane-ja cursar Gastronomia na universida-de. As amigas contam que acompanhar o ritmo exigido pelos professores foi uma tarefa complicada. “No ano pas-sado, peguei provão em Português”, diz Leila. Bruna fez o exame em Português e Química. Parte de uma minoria, elas não se impressionam ao dizer que, dos 30 alunos da turma 203 no ano passa-do, apenas nove alcançaram a nota mí-nima para avançar de série.

Apesar do êxito de Bruna e Leila, a vice-diretora da manhã, Cristiane Sil-va, afirma que a migração de alunos de outras escolas é um fator importante

Dramas educacionais

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Mais da metade dos alunos do Emílio Meyer que foram até o fim do último ano letivo estão repetindo a série em 2010

A professora de Religião e orientadora Maria Elisa: “Ainda buscamos meios de cativar os estudantes”

ENSINA-ME A NÃO REPROVAR

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nas reprovações no ensino médio. “Os alunos que rodam são, na maioria, oriundos de outras escolas, principal-mente municipais, que não qualificam os seus estudantes ao nível exigido no Emílio. Neste ano, temos como meta diminuir as repetências, adequando o conteúdo aos novos estudantes”, anun-cia a vice. Ela conta que foi montada uma turma de 1° ano em 2009 só com estudantes da 8ª série do Emílio e o ín-dice de reprovação foi bem menor.

Conforme Cristiane, as matérias que mais reprovam são matemática e quí-mica. Há 30 anos ensinando a tabela periódica, Vera Lúcia Venzan Varela acredita que pelo fato de ser uma dis-ciplina exata os alunos têm mais difi-culdades e ressalta que, por ter tido uma graduação muito exigente, acaba cobrando bastante dos estudantes. “Na verdade, quando precisam e se em-penham, eles conseguem alcançar as notas. O problema é que muitos não querem mais estudar.” Contradizendo as informações da 4ª CRE, a professora diz que muitas instituições estaduais estão passando pela mesma situação que o Emílio. “Temos reuniões entre os professores de várias escolas, e o pro-blema da reprovação é comum a todas. A educação fugiu da família e ficou centrada só na escola”, conclui.

A professora de Matemática Ileane Cristina Scapin tem menos tempo de profissão, mas não é menos exigente com seus alunos. Ao longo dos três anos em que está no corpo docente da escola, ensinou centenas de adolescen-tes a realizar os mais diversos tipos de

cálculos. “Muitos alunos têm dificul-dades em matemática. Eu dou diversas oportunidades de se recuperarem, mas eles não querem. Acreditam que rela-cionando-se bem com os professores nós vamos passá-los”, relata a profes-sora, que costuma dizer aos estudantes que conhecimento é a única coisa que não se pode retirar do indivíduo.

Os estudantes da turma 102 se preparam para mais uma aula de Religião com a profes-sora e regente Maria Elisa. Dos quase 30 alunos é possível con-tar nos dedos de uma só mão o número dos que nunca reprovaram. Por estarem em maio-ria na sala e na escola, os demais criaram um sentimento de grupo que permite não se sen-tirem excluídos ao falar abertamente da situação de repetência. Daiane é a primeira a expor o seu caso. Reprovou pela primeira vez e está repetindo o 1° ano. “Nos deparamos com dificul-dades, dúvidas que ficaram para trás. Sempre fui assim, deixo as coisas para mais tarde. O conteúdo é muito am-plo. Mesmo repetindo de ano a gente esquece o que foi passado”, explica. Em 2009, ela sentava no fundo da sala. Agora fica em lugar mais próximo da professora. A reprovação fez com que Daiane se empenhasse mais nos estu-dos. “Meu pai sabe que reprovei, mas

não tive coragem de contar. Ele soube pela minha mãe”, completa.

Outro problema comum levantado pelos alunos é a situação da família. “Muitas pessoas querem estudar mas têm problemas em casa, e isso atrapa-lha bastante”, revela Henrique. Ele con-ta que rodou na 7ª série quando seus pais se separaram. A segunda reprova-ção se deu no 1° ano, quando entrou

no Emílio. “Quando ingressei na escola eu não conhecia ninguém e tinha vergonha de perguntar.” A lista de justificativas continua. O grau de exigência da escola, dizem eles, eleva o número de re-provações. Jenifer diz que esse foi o seu caso. A aluna fez o ensino fundamental em uma escola municipal e não conseguiu se adaptar à

mudança. “O colégio em que estuda-va não tinha um bom ensino. Quando rodei, meus pais ficaram muito decep-cionados, com sentimento de culpa”, revela a aluna, reprovada em quatro matérias.

Há, ainda, a questão do trabalho. Muitos estudantes se dividem entre as aulas e um emprego. “Trabalho no caixa de um mercado. É muito cansa-tivo conciliar as duas atividades”, conta Joice. O mais velho da turma é Rafael. Tem 18 anos e repete pela terceira vez o 1° ano. A ideia de trocar o colégio por um supletivo para tentar compensar o

atraso escolar é inevitável. “Pretendo terminar este ano no Emílio e depois fazer o Neja (Núcleo de Educação de Jovens e Adultos).”

Enquanto os alunos se conformam, tentam estudar mais ou fazem planos de mudar para um supletivo, a escola toma algumas medidas para diminuir as reprovações. A orientadora Maria Elisa diz que o colégio não conta com professores substitutos. “Fizemos um acordo, quem estiver de folga ocupa a vaga de um professor que tiver de se ausentar. Não vamos mais dispensar alunos.” No ano passado, o colégio ex-perimentou dar um ensino diferencia-do aos repetentes. A turma 104 reuniu apenas alunos que já haviam repro-vado e trabalhou com a valorização do indivíduo. Apesar disso, a maioria rodou novamente. “Fiquei muito de-sapontada. Ainda buscamos meios de cativar os estudantes”, diz Maria Elisa.

A aproximação da família é uma das metas do Conselho Escolar para com-bater a repetência e a evasão. O coor-denador João Lucena ressalta que se os pais estiverem presentes o desempenho do aluno será muito melhor. “Sábado (dia 27) teremos reunião com os pais das 11 turmas de 1° ano, que somam por volta de 400 alunos. Se vierem 100 deles, o encontro pode ser considerado um sucesso. Esse número é baixo por-que, em alguns casos, o aluno reprova-do assina o chamado pelo pai e ele nem fica sabendo. Alguns dos que recebem a solicitação não querem ir, pois sabem os filhos que têm. Para eles, o trabalho vem em primeiro lugar.”

“Trabalho no caixa de um mercado. É muito cansativo conciliar as duas atividades”, diz Joice, que está cursando de novo o 1ºano

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por CÍNTIA [email protected]

preço da passagem de ônibus em Ca-xias é uma discussão cercada de te-mores. Os idosos e os estudantes, por exemplo. Estão receosos com a possi-bilidade de sofrer cortes nas isenções e descontos, respectivamente. Os de-mais passageiros, a grande maioria, preocupam-se com a ameaça de ter que desembolsar 30 centavos a mais nas catracas. No meio de tantas vozes divergentes – que convergem apenas na vontade de não ter que pagar mais –, porém, pode-se ouvir uma palavra tranquilizadora. É a da Visate. A con-cessionária do transporte coletivo, que em janeiro repassou ao Município o cálculo do aumento previsto, de R$ 2,20 para R$ 2,50, assegura que não irá cobrar dos usuários, mais adiante, esses meses de indefinição. “Não existe defasagem reaplicada à tarifa. O au-mento vale a partir da data estabeleci-da pelo governo e veiculada na mídia”, diz a assessora de imprensa da empre-sa, Camila Borghetti.

É uma garantia tímida, verdade. Mas ameniza (ou pelo menos não agrava) esse período de incerteza para quem depende de ônibus e faz as contas de quanto gasta para utilizá-lo. Ou de quanto não gasta, no caso de quem se beneficia do Dia do Passe Livre, uma das gratuidades mais questionadas. Uma possível revogação dessa gratui-dade conduziria o prejuízo da redis-cussão tarifária diretamente para os bairros mais pobres de Caxias. O Belo Horizonte é um deles. Numa casa sim-ples, de fundos, que se alcança por um trajeto de chão batido e uma escadaria improvisada com tábuas, mora a famí-lia de Nair Antunes. Ela costuma apro-veitar os domingos de passe livre, um por mês, principalmente para visitar uma cunhada em outro bairro humil-de, o Fátima. Vai com o marido, José de Matos Santos, e os sete filhos. Se a gratuidade deixasse de existir, ela sen-tiria falta. “A gente sente quando não tem, né?”

Nair, que trabalha em casa, cuidando de duas simpáticas crianças pequenas, filhas de vizinhas, não usa o transporte coletivo durante a semana. Mas sabe bem quanto ele custa. Quem exempli-fica é José: “Precisamos ir em um ani-versário perto de Galópolis e tivemos que pegar quatro ônibus, dois para ir, dois para voltar. Nisso tudo gastamos R$ 56”.

Esses domingos em que a família de Nair pode passear unida, entretanto, não transcorrem sem problemas. In-segurança e carros superlotados são os principais, aponta a moradora. “Muito cheio, falta de respeito, muita gente sem educação”, queixa-se.

O Dia do Passe Livre, como se vê, é motivo de reclamação mesmo de seus beneficiários. Mas isso também resulta do seu alcance. Graças a ele, anualmente, 97.200 passageiros andam de ônibus sem pagar. No último do-mingo de cada mês, os carros da Visate normalmente rodam sem cobrador, já que não há o que cobrar. Por outro lado, a ausência desse funcionário tira a segurança das viagens. É nesses dias que os veículos da empresa são mais

Incertezas coletivas

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Pelo menos por enquanto: a Visate garante que não irá cobrar o atraso no reajuste que todos tentam evitar

DEBATERNÃO CUSTA NADA

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depredados. Mas a discussão sobre o Dia do Passe

Livre engloba alternativas ao simples corte da gratuidade. As opções giram em torno de reduzir o número de dias, dos atuais 12 para seis, e mesmo de cobrar pas-sagem, em valores mais baixos. Ou com 50% de desconto, custando R$ 1,10, ou com super-desconto: R$ 0,50, tari-fa módica. Segundo o secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Vinicius De Tomasi Ribeiro, isso ajudaria a trazer maior segurança, acrescen-tando-se a presença do cobrador, e ainda permitira o uso do ônibus por famílias de baixa renda.

O presidente da União das Associa-ções de Bairros (UAB), Daltro da Rosa Maciel, tem opinião formada sobre a questão. A entidade tem cadeira cati-va no Conselho Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade e participa-ção ativa na discussão. “Dizer que tem muita máfia, insegurança, isso é discri-minatório. Deve-se botar mais ônibus e pedir mais segurança para desenvol-ver um bom trabalho. Quando nosso pessoal dos bairros paga passagem du-rante a semana, sustenta o passe livre. No fim do mês, vem gente de tudo que é lugar. O passe livre é muito bom para a comunidade”, discursa Maciel.

Foi na UAB, no último dia 20, que o debate sobre essa e outras me-didas possíveis para se deter o reajuste da tarifa ganhou terreno. No Fórum de Usuários do Transporte Coletivo, o secretário Vinicius fez uma apresenta-ção das alternativas, que, além do Dia do Passe Livre, envolvem isenções e descontos concedidos a idosos, estu-dantes, professores, policiais, cartei-ros, portadores de deficiência física, integração tarifária e avaliadores po-pulares. “O que foi apresentado foi o impacto das gratuidades na tarifa”, as-sinala Vinicius.

As gratuidades e benefícios obe-decem às diretrizes e obrigações do

transporte coletivo estabelecidas pela Lei Municipal 7.082/09. E ela diz que só serão permitidas novas gratuidades ou abatimentos tarifários se houver receita correspondente para supri-los.

Também trata, por exemplo, do passe livre para idosos. Por lei fe-deral, ele é obrigatório para quem tem 65 anos ou mais. A lei munici-pal antecipa em cinco anos esse benefício, mas agora com uma condição: vinculação da gratuidade com a renda do idoso, na fai-xa dos 60 aos 65 anos, mediante a comprova-ção de renda familiar

inferior a cinco salários mínimos (atu-almente, valendo R$ 510) ou de renda per capita inferior a dois salários.

Uma opção em estudo é limitar o número de passagens liberadas para essa faixa etária a 40 por mês, até para evitar abusos na utilização. “Teve ido-so que pegou ônibus 30 vezes num dia”, diz o secretário, com cara de espanto. Outra proposta, menos realista, seria o Município arcar com o valor total dos passes para idosos e assim não gerar esse ônus aos demais usuários.

O presidente da Associação de Apo-sentados e Pensionistas de Caxias do Sul, Jorge Gilberto Leite, não acredita na possibilidade de mudança nessa gratuidade. “O estatuto do idoso é in-tocável”, defende. O que mais lhe tirava o sono era a obrigatoriedade – agora extinta – do idoso passar a catraca. “Não querem que meus velhinhos atra-palhem”, queixa-se Gilberto.

O presidente da UAB admite que deve haver critérios para gratui-dade. “Tem que evitar gratuidades sem interesse nenhum, só para o bem pró-prio. Tem gente que quer só para levar vantagem. Tudo tem que ser estudado, mas nenhuma gratuidade será tirada, senão vai dar pau. Se é pra mexer, que seja nas dos idosos e estudantes”, afir-ma Daltro.

Tanto secundaristas quanto univer-sitários têm 50% de desconto na tari-

fa, além de professores e funcionários de instituições de ensino, que têm o direito assegurado pela Lei Municipal 5.323/2000. Uma das propostas é regu-lar esse benefício pela renda familiar: até dois salários mínimos, mantêm-se os 50%; acima disso, o desconto é de 25%.

Membro da direção da União dos Estudantes Secundaristas de Caxias do Sul (Uces), a adolescente Ana Jú-lia Souza Pereira diz que a entidade acompanha a discussão, e se mobili-zaria para reagir a qualquer tentativa de tirar esse benefício das jovens mãos estudantis. “Muitos não têm condições financeiras e precisam desse desconto para estudar. Quanto maior o descon-to, melhor. São mais oportunidades para ir à escola.” Para a irmã da diri-gente, Franciele, ex-presidente da Uces e universitária de Serviço Social, essas decisões geralmente são tomadas nas épocas em que os estudantes dificil-mente se organizam, como o período de férias. “São táticas contra a mobili-zação”, acusa.

O coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Caxias do Sul, Leonel Ferreira, diz que a entidade dos universitários não participou de nenhuma discussão so-bre o assunto e que, portanto, não pode se posicionar. Porém, ele tem uma opi-nião pessoal. “A postura é defender o passe estudantil para quem precise. Faz diferença esse valor, até pelo custo do curso que frequenta. Tem ca-sos de pessoas que não necessitam desse bene-fício e acabam impac-tando no custo da pas-sagem como um todo”, avalia Ferreira.

Embora a discus-são esteja aberta, algu-mas das alternativas já parecem inviáveis ao secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilida-de, como a extinção do Dia do Passe Livre. Outras podem ter mais chances de aplicação, e muitas mais, segundo Vinicius, serão ouvidas e estudadas até

o fim deste debate (sem data prevista, aliás). “Não quero que aumente a pas-sagem, e para isso foi iniciada uma sé-rie de ações para que isso não aconte-ça. Direitos e benefícios permanecem. Deve-se discutir critérios para mantê-los”, enfatiza o secretário.

Para que qualquer mudança acon-teça, ele garante que o principal pré-requisito é o apoio da comunidade. “Os trabalhadores têm que querer. Eles que pagam a conta. Quem paga é quem mais precisa do transporte”, res-salta. Para Vinicius, o que é preciso é arrumar uma maneira de a tarifa não aumentar. “Se continuar subindo des-sa forma vai quebrar, a não ser que se trabalhe com receita. Quanto maior a tarifa, menos pessoas utilizarão o transporte. Consecutivamente, mais carros, mais congestionamento. É um efeito cascata.”

Os números revelam a dimensão do tema. São 150 mil usuários por dia – 4,5 milhões por mês – que transitam pelos ônibus da Visate nos bairros da cidade. Com cadastro ativo, são 17 mil a partir dos 65 anos, 13 mil na faixa dos 60 aos 65 anos, 26 mil estudantes e 2.780 deficientes e 218 avaliadores populares (integrantes das Associa-ções de Moradores de Bairros). O ônus mensal de cada categoria é de R$ 0,13 (estudantil), R$ 0,17 (idosos), R$ 0,04 (deficientes), R$ 0,04 (integração), R$ 0,05 passe livre no domingo e R$ 0,01

(avaliadores). E ne-nhum deles quer sair perdendo.

Por enquanto, a úni-ca previsão possível é a de que a discussão sobre o preço da pas-sagem ainda irá se es-tender por um tempo razoável. Ainda assim, quando o debate aca-bar, a falta de consenso ou de uma determina-ção do órgãos respon-sáveis pode resultar

no aumento de R$ 2,20 para R$ 2,50. “Pode ser que, no final do debate, che-gue-se à conclusão de que Caxias op-tou pelas gratuidades e por uma tarifa elevada”, admite Vinicius.

“Nenhuma gratuidade será tirada, senão vai dar pau. Se é pra mexer, que seja nas dos idosos e estudantes”, afirma Daltro, da UAB

“Pode ser que, no final do debate, chegue-se à conclusão de que Caxias optou pelas gratuidades e por uma tarifa elevada”, afirma Vinicius

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Nair, moradora do Belo Horizonte que utiliza o Dia do Passe Livre para visitar uma cunhada no Fátima: “A gente sente quando não tem, né?”

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por RODRIGO LOPES

xiste um lugar em Caxias que muita gente já ouviu falar, apenas alguns co-nhecem de fato e outros acham até que não passa de lenda. Funciona como uma espécie de confraria, recebe uma clientela fiel, a maioria conhecida entre si, e não está nem um pouco preocu-pado se a propaganda é a alma do ne-gócio. Para eles, quanto menos pessoas souberem, melhor. Integrar a lista de contatos da Ju, do Bistrô Rural, é um privilégio para poucos.

Ju é Juracema Oliveira Figueiredo, aquela que informa o cardápio, acredi-tem, via torpedo pelo celular. Retornar a ligação para o tal número é desneces-sário. Para confirmar presença, basta responder ok e informar quantas pes-soas vão – a quantidade de comida a ser preparada é definida a partir daí. O inusitado desse convite é um dos char-mes do Bistrô Rural, espécie de segun-da casa de Ju e do marido, o empresá-rio Carlos Roberto Menetrier.

O lugar funciona somente às sextas-feiras à noite e costuma receber pra-ticamente os mesmos clientes, ami-gos do casal e amigos dos amigos, os únicos que conhecem o caminho. A ideia, aliás, é não colocar o espaço em nenhum roteiro gastronômico da Serra – como funciona no esquema de boca-a-boca, você só integrará a lista da Ju se for convidado por algum dos conheci-dos dela.

Ao anoitecer de sexta, os grupos co-

meçam a chegar, dividindo espaço no mesmo carro ou em caravana. Os “no-vatos” costumam seguir os “iniciados”, já que perder-se pelo caminho virou rotina. Na estreita e mal iluminada es-trada de chão, não há placa indicativa do casarão, avisos de quantos quilô-metros faltam, tampouco sinalização. Apenas uma tocha acesa na porteira da chácara indica que você, finalmente, achou. Sobre o endereço, sabe-se que o Bistrô fica na Linha Maternidade, em direção a Galópolis. E só.

Chegando lá, nada de sofisticação ou frescuras. O “tchan” do lugar está na rusticidade dos móveis coloniais, nas antiguidades de família, nos pratos e canecas dependurados nas vigas, nas paredes de madeira e barro, no chão batido, nos panelões sobre o fogão a lenha e na fila de convivas de prato na mão, após Ju avisar, lenço na cabeça, badalando um sino ou no grito mesmo, que “a comida tá na mesa!”. O sistema é o self service, com todos pacientemente esperando sua vez de provar algumas das especialidades da chef. Que não são poucas, dependendo da sexta-feira em questão: filé de panela com purê de batata gratinado, camarão com aipim, codorna recheada com polenta cremo-sa, escalopes de filé com cogumelos, arroz com amêndoas e calzones dos mais variados recheios, de calabresa e brócolis a abobrinha, quatro queijos e margherita. Deu para sentir o cheiro?

Na noite de 19 de março, o Bistrô abriu oficialmente a temporada 2010,

depois de dois meses fechado. O mo-tivo é mais do que justificável: nesse período, Ju trabalhou na colheita da pera, uma das tantas culturas mantidas no sítio e que servem de base para a preparação dos mais variados pratos – para se ter uma ideia, todo o cardápio leva ingredientes plantados e colhidos por ela e pelo marido – pêssego, amei-xa, figo, amora, uva, alface, ervas e es-peciarias, nada chega de fora das cerca-nias do terreno. Nem o vinho e o suco de uva, fabricados artesanalmente para consumo do casal e dos clientes.

Foi essa intimidade com a terra que deu o pontapé inicial para o embrião da bodega. Tudo começou há seis anos, quando Ju mantinha uma plantação de shitake. Consumidores dos cogumelos sugeriram unir o útil ao agradável – plantar, cozinhar e receber –, e Ju re-solveu expandir os negócios. Uma casa de massas chegou a funcionar no velho porão, mas o que vingou mesmo foram os jantares que ela passou a improvisar para receber amigos nos finais de se-mana. A cobrança cresceu, e da saleta apertada, com apenas três mesas, para o bistrô tal e qual é hoje, foi um pulo.

Desse grupo inicial, todos, sem ex-ceção, frequentam o restaurante sema-nalmente. E meio sem querer, forma-ram uma confraria – até com código de posturas. O comerciante André Fran-zoi, 47 anos, e a artista plástica Adriana Menezes, 42 anos, são tão íntimos que, quando o negócio “aperta”, ajudam até a servir as mesas. “Não estou em um

restaurante, estou em casa”, resume ele. Adriana, que ajudou a decorar o lugar, vai além. “Só volta aqui quem entra no clima harmônico da casa.”

Os irmãos Ronaldo e Rosângela Brandão Karnal, dois dos frequenta-dores mais antigos, recordam de uma cliente que não entrou nesse clima. “Botou defeito em tudo, uma mala. Ninguém fez questão que voltasse”, lembra Ronaldo, que conhece grande parte da clientela pelo nome – e se não conhece, apresenta-se. Convidada de Rosângela e estreante na casa na noite desta reportagem, a advogada Eliana Giusto logo entendeu a “lei” do lugar. “Não se enturmou, tá fora.”

Por esse clima informal de reunião entre amigos, as poucas mesas e ca-deiras ficam ocupadas a noite toda. Ninguém se preocupa também com o avançado da hora. A palavra de ordem, depois da comilança, é relaxar nos al-mofadões do quiosque ao ar livre, no verão, ou defronte à lareira e ao fogo de chão, no inverno. Melhor ainda saboreando um café passado na hora ou aquelas sobremesas do tempo dos avós, como as compotas de pêssego e figo, o doce de abóbora em calda, as ambrosias, a mousse de chocolate, o sagu com creme de baunilha. E diante da “dolorosa”, nada de cartões de crédi-to. Dinheiro vivo ou cheque e a certeza de que, na próxima semana, o ritual se repetirá. Tudo começando com um torpedo no seu celular. Se você integrar a lista de contatos da Ju, claro.

Mistérios culinários

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Um bistrô isolado em meio às montanhas subverte a máxima de que propaganda é a alma do negócio

Somente clientes conhecidos – e eventuais convidados destes – podem desfrutar do aconchegante restaurante escondido na área rural de Caxias, perto de Galópolis

O SEGREDOÉ O PRATO DA CASA

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l Carlota Joaquina: Princesa do Brazil | Comédia. Terça (30), 20h. Entrada franca | Sesc

Vida de Carlota Joaquina, que ca-sou-se com o príncipe de Portugal e sentiu-se contrariada quando a corte portuguesa veio ao Brasil. Dirigido por Carla Camurati. Com Marieta Se-vero e Marco Nanini. 100 min..

l Como treinar o seu dragão | Animação. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30 | Iguatemi

Mundo de adolescente viking vira de cabeça para baixo quando ele co-nhece um dragão que desafia tanto ele quanto seus companheiros a enca-rarem o mundo de um ponto de vis-ta totalmente diferente. Dirigido por Dean DeBlois e Chris Sanders. Livre, 98 min., dub..

l Dupla Implacável | Ação. Quin-ta (1), 21h50. Pré-estreia | Iguatemi

Agente da Embaixada Americana na França alia-se a um espião para impedir ataque terrorista em Paris. Dirigido por Pierre Morel. Com John Travolta e Jonathan Rhys Meyers. 12

anos, 93 min., leg..l Histórias e Pessoas da Mon-tanha | Documentário. Sábado, 18h | Ordovás

Dirigido por Jorge Valmini, mostra a rotina dos integrantes do Projeto Gentencena nos núcleos Santa Lúcia do Piaí e Ana Rech.

l Quem quer ser um milionário? | Drama. Quinta (1), 15h. Entrada franca | Ordovás

Na Índia, jovem se inscreve em pro-grama de TV e encontra em fatos de sua vida as respostas das perguntas feitas. Dirigido por Danny Boyle. Com Dev Patel e Freida Pinto. 16 anos, 120 min., leg.. Matinê às 3.

l Vício Frenético | Drama/Ação. De sábado a quinta, 14h, 16h40, 19h10 e 21h50 | Iguatemi

Policial viciado em analgésico e co-caína tem, ao trabalhar em um caso, seus padrões morais comprometidos pelo próprio envolvimento com ati-vidades ilegais. Dirigido por Werner Herzog. Com Nicolas Cage e Eva Men-des. 18 anos, 121 min., leg..

AINDA EM CARTAZ - A Vida Ín-tima de Pipa Lee | Sábado e domingo,

20h. Ordovás | Alvin e os Esquilos 2. De sábado a quinta, 16h. UCS. No domingo, sessão extra às 14h, com in-gresso único a R$ 3 | Idas e Vindas do Amor. Comédia Romântica. De sába-do a quinta, 14h20 e 19h40. Iguatemi |Ilha do Medo | Suspense. De sábado a quinta, 13h30, 16h10, 19h e 21h40. Iguatemi | Lembranças. Romance. De sábado a quinta, 18h50 e 21h20. Iguatemi | O Fada do Dente. Comé-dia. De sábado a quinta, 18h. UCS | O Fim da Escuridão | Suspense. De sá-bado a quinta, 20h. UCS | O Livro de Eli. Ação. De sábado a quinta, 14h10, 16h50, 19h20 e 22h. Iguatemi | Percy Jackson: o Ladrão de Raios. Aventura. De sábado a quinta, 13h50. Iguatemi | Simplesmente Complicado. Comédia romântica. De sábado a quinta, 17h e 22h10. Iguatemi | Vírus. Suspense. De sábado a quinta, 16h30. Iguatemi.

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Prefe-rencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crian-ças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12

CINEMA

[email protected] de CulturA

Música | carpe DieM

O valor de um dia

Inspirado nas horas do dia, Sasha Zavistanovicz lança seu primeiro CD na Casa da Cultura

por CÍNTIA HECHER

Nome de origem lituana. Influência norte-americana. Conflito? Que nada, é puro rock & roll. Não se deixe enganar pelos 19 anos do guitarrista Sasha Zavistanovicz, pelo cabelo de anjinho e carinha meiga. Esse menino tem fogo nas mãos. Seu primeiro CD, intitulado Car-pe Diem, reconhecidamente a expressão em latim para aproveite o dia, recebe uma longa citação (também em latim) no belo encarte, decorado com algarismos romanos, que inicia com o conselho: colhe o instante, sem confiar no amanhã. Viva um dia de cada vez, fazendo o seu melhor. O álbum traz nove faixas, cada uma descrevendo instrumentalmente uma fase do dia, com títulos em inglês. A primeira faixa é Sunrise, com uma guitarra de influên-cia hard rock. A segunda, Waking Up, começa com um galo cantando e chama para um dia agitado. Um piano calmo é acompanhado por um baixo marcando o ritmo em Lunch Break, terceira faixa, que mostra Sasha mais suave, mas sem perder nada da energia que o acompanha, não somente nas composições de Carpe Diem, mas também em suas apresenta-ções ao vivo. As faixas seguintes desenham o passar do tempo, com o trabalho, o movimento da volta para casa, o sol se pondo, a noite e o sonhar. A última faixa, porém, é chamada The Nightmare, mais obscura e com pegada metal. Por que terminar com um pesadelo, afinal? “Sonho é bonzinho demais. O pesadelo é pra dar um equilibrada. É acordar agitado no dia seguinte”, explica Sasha. A temática foi escolhida para facilitar a composição. Muitos dos álbuns de bandas que o guitarrista gosta têm essa característica conceitual também. O hard rock com certeza é o denominador comum de cada uma das composições do CD e influência de Sasha, mas não só ele. O ecle-tismo o inspira, com a admiração por bandas de grande qualidade musical mas com sons totalmente diferentes, como Dream Theater e Guns N’ Roses, esta última berço do instru-mentista favorito dele e fonte de seu desejo de tocar: o guitarrista cabeludo Slash. Sasha até faz parte de uma banda tributo a Guns N’ Roses, a Bad Obsession. Com direito a car-tola e tudo. No show de domingo, no Teatro Pedro Parenti, interpretará as músicas do CD e alguns covers que admira, acompanhado pelos músicos Johnatan Macedo na outra guitarra, Benhur Lima no contrabaixo, Diego De Toni na bateria e Maurício Pezzi no teclado. Carpe Diem convida para curtir cada momento de maneira especial e única. Com linhas de gui-tarra que traduzem o passar das horas e fazem do rock sua melhor companhia, Sasha mostra a que veio. Outras bandas utilizaram a mes-ma expressão em latim em suas composições, como Metallica e o próprio Dream Theater. Não é exagero afirmar que o jovem Sasha vai pelo mesmo caminho. Talento e dedicação exemplar, sem dúvida, conduzem sua carreira.

l Sasha Zavistanovicz | Domingo, 20h |

Lançamento do CD Carpe Diem, contem-plado pelo Fundoprocultura.Teatro Municipal – Casa da CulturaR$ 10 e R$ 15 (com CD) | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697

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INCENTIVO

TEATRO

anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professo-res e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Univer-sitária | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Mo-reira César, 2462, Pio X | 3221-5233

l Financiarte | Até 7 de abril |Inscrições abertas para projetos cul-

turais. Esclarecimentos e instruções sobre preenchimento de formulários podem ser obtidos nas segundas-fei-ras, às 14h, na Secretaria Municipal de Cultura. O edital está disponível no www.caxias.rs.gov.br. Secretaria de Cultura Augusto Pestana, 50, São Pelegrino | 3901-1381

l 12° Caxias em Cena | Até 14 de maio |

O festival recebe inscrições de gru-pos e companhias, que devem enviar ficha de inscrição, ficha técnica, cur-rículo do espetáculo, necessidades técnicas, material de divulgação, cli-pping e DVD/Vídeo do espetáculo na íntegra. O material pode ser entregue pessoalmente ou pelo e-mail [email protected]. Regulamen-to e ficha de inscrição: www.caxias.rs.gov.br.Secretaria Municipal de CulturaLuiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Show de improvisos | Sábado, 20h |

Grupo caxiense In Peça apresenta espetáculo que mistura esporte e tea-tro: uma competição de improviso em que duas equipes recebem sugestões da plateia para as cenas.Teatro do SescR$ 10 (público em geral), R$ 7 (estu-dantes, idosos e empresários) e R$ 5 (comerciários) | Moreira César, 2462, Pio X | 3221-5233

l O Urso | Sábado, 20h30 |

Comédia de costumes que brinca com a guerra dos sexos e revela ma-zelas de sociedade regida por moral rígida. Casa da CulturaR$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estu-dante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

APRESENTAÇõES GRATUITAS: Grupo Arte Sem Lona. 14h. Praça Avelino Avrela, Cruzeiro | Laranjas Rolantes. 14h30. Praça da Bandeira, São Pelegrino | Ou isto ou aquilo. 14h30. Livraria do Maneco, Centro | Espetáculo A Megera Domada. 15h. Estacionamento em frente à UCS TV, Petrópolis | Jam Session de Teatro. 15h30. Parque dos Macaquinhos | A Lua. 16h. Parque da Lagoa, Desvio Rizzo | Espetáculo Multicircus. 16h. Shopping Iguatemi Caxias | Fanfarra. 17h. Parque dos Macaquinhos | Jorval Conta. 17h. Ordovás | Fragmentos do espetáculo Paranoia. 17h30. Praça Dante Alighieri.

l IV Clic Ambiental | Até 30 de abril |

Concurso promovido pela Secreta-ria Municipal de Meio Ambiente, cujo tema comemora os 100 anos da che-gada do trem à Caxias. O objetivo é conscientizar ecologicamente a popu-lação e promover a educação ambien-tal. Regulamento e inscrições no site www.caxias.rs.gov.br. SMAMRubem Bento Alves, 8308 | 3901-1445

l Mulher em foco | De segunda a sexta, das 8h às 20h |

Fotografias de Franciele Teles e Carolina Delgado retratam beleza da mulher caxiense.Jardim de Inverno - SescEntrada franca | Moreira César, 2462, Pio X | 3221-5233

l Um olhar sobre a CIC | Até 6 de abril |

Alunos do curso de Fotografia da Universidade de Caxias do Sul, Maurí-cio Concatto, Adriana Kury, Flora Si-mon, Milena Leal, Isadora Secchi Sil-veira, Jonas Ramos e Luiz Coutinho, transmitem suas visões pessoais sobre o cotidiano da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Caxias do Sul.Centro de Convivência da Universi-dade de Caxias do SulEntrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2100

AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva . De segunda a sexta, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221-2423 | Mulheres nos trilhos da história de Caxias do Sul. Até domingo, das 15h às 21h. Ordovás. 3901-1316 | Paisagens cósmicas. Até quarta (31), das 8h às 11h30 e das 13h30 às 18h. Sala de Exposições Temporárias – Museu de Ciências Na-turais da UCS. 3218-2100 | Simbiose. Até sábado, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697

l 2ª Maratona de Contação de Histórias de Caxias do Sul | Até quarta (31) |

Inscrições abertas para evento que será realizado na Praça Dante Alighie-ri em 19 de abril durante o dia todo. Haverá contação de histórias da tra-dição popular universal pelo grupo de contadores de histórias da Biblio-teca Pública Municipal e convidados. Evento alusivo à Semana do Livro.Biblioteca PúblicaDr. Montaury, 1333, Centro | 3214-6083 ou 3221-1118, com Jane ou Clarina

l 44° Concurso Anual Literá-rio de Caxias do Sul | Até 15 de abril |

Concurso premia melhores obras literárias, contos, crônicas e poesias. Regulamento e ficha de inscrição na Biblioteca Pública Municipal.Biblioteca PúblicaDr. Montaury, 1333, Centro | 3214-5937 ou 3221-1118

l Livro Livre | Sábado e domingo, das 10h às 22 |

Troca e leitura de livros, em frente às Lojas Renner.Shopping Iguatemi CaxiasRSC-453, 2.780, Distrito Industrial | 3289-9292

l Feminismo X sexismo: análise cultural e reflexão do papel de gênero | Sábado, 18h |

O psiquiatra Caetano Frenner de Oliveira e o médico, escritor e poeta Marco Menezes participam do ciclo de painéis Cirandas do Pensamento debatendo temas como sexualidade, sexismo, machismo e pensamento fe-minino, passando por biografias de mulheres artistas.Zarabatana CaféEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Festa Anos 80 | Sábado, 22h |Antes do DJ Jamur Bettoni animar a

festa, terá pocket aula de dança com o professor Giovani Monteiro.Clube BallroomR$ 15 (feminino), R$ 20 (masculino) e R$ 30 (casal) | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

l Dança de salão para casais | Sextas, 19h às 20h30 |

Inscrições abertas, com início das aulas em 2 de abril.

Clube BallroomR$ 160 mensais | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

l Tango para iniciantes | Quar-tas, 20h30 às 22h |

Inscrições abertas, com início das aulas em 7 de abril. Clube BallroomR$ 160 mensais | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

l Na Estrada Rock Fest | Rock. Sábado, 23h30 |

Segunda edição do festival promo-vido pelo bar, apresenta show das ban-das caxienses Oltz, Rosa Vermelha e Pindorália, todas tocando músicas de composição própria.

A Oltz tem uma base no universo pop com a mistura eclética de blues, rock, country, soul music, hard rock e música brasileira. A Rosa Vermelha é rock e tem influências como Nickleba-ck, Incubus e Foo Fighters. A Pindo-rália tem inspiração na psicodelia do final dos anos 60 e mistura tendências contemporâneas a esse espírito expe-rimental.Roxx Rock BarR$ 10 ou 8 com nome na comunidade | Júlio de Castilhos, 1343, Centro | 3021-3597

Sábado: Astafix, Torvo e Pantera Cover. Metal. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Dance Floor. Música eletrô-nica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | DJ Mause. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Fabrí-cio Beck Trio. Rock. 23h. La Barra. 3028-0406 | Flash Back. Anos 70, 80 e 90. 23h. Portal Bowling – Martcen-ter. 3220-5758 | Gustavo Reis. MPB e pop rock. 22h30. Badulê American Pub. 3419-5269 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Dan-ceteria. 3222-2002 | O diabo veste Prada. Música eletrônica. 23h. Studio-54Mix. 9104-3160 | The Blues Beers. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Trahma. Pop Rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Vitrine do Samba, Unidade Sem Segredos e K-Samba. Pagode. 22h. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Domingo: Pagode Junior. Pagode. 21h. Europa Loun-ge Garden. 3536-2914 ou 8401-2029 | Victor Hugo e Samuel. Sertanejo Universitário. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Quinta (1): A4. Pop rock. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Misstake e DJ Jorgeeenho. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Sexta (2): The Beaters. Rock/Beatles cover. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758.

MÚSICA

FOTOGRAFIA

SEMANA DO TEATRO

PAINEL

DANÇA

LITERATURA

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Mirian Garcia| Abstrato colorido |

Uma experiência de contrastes. Essa é a proposta da obra de Mirian Garcia. O im-pacto das cores da tinta acrílica interage com a transparência do pastel seco, presente em diversas telas da artista. A obra faz parte de uma série que aventura-se na liberdade dos temas abstratos e é desafiada a pintar com cores vibrantes sem perder a leveza das pétalas, marca registrada de Mirian, conhecida pela pintura de florais.

12 27 de março a 2 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Cheguei no tempocaminhando sobre as águaslendo aos naviosa geografia do porto.

Fluem planície e montanhae um riobanhando de fertilidadeas margens.

Os olhos limpos da viagempaisagem, casa e sonho,três estratagemas.

Andei oculto nas águasdo antigo testamento.

VIAGEMpor JAYME PAVIANI

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por VALQUÍRIA [email protected]

ierre François Mabilde, engenheiro belga naturalizado brasileiro, fazia seu trabalho de agrimensor quando foi capturado por índios Kaingang em 1836. Os chamados selvagens coroa-dos eram conhecidos por não poupar a vida de seus reféns, inclusive crian-ças e bebês de colo, pois seu choro po-deria atrair inimigos. Mabilde, porém, carregava consigo uma luneta. Foi sua salvação. Ele mostrou a utilidade do objeto, a facilidade com que fazia as coisas todas parecerem mais próximas do que realmente estavam, e por isso lhe deixaram viver.

Durante cerca de dois anos Mabilde foi prisioneiro dos Kaingang. Obser-vou seus costumes, rituais, comidas. Descobriu, por exemplo, que os ín-dios, indiferentes ao frio e ao calor, andavam completamente nus. Que por causa da necessidade de defesa ti-nham visão e olfato apurados, a ponto de reconhecer o odor do fumo mesmo depois de horas, sendo capazes de se-guir a caminhada desse fumante sem dificuldade. Que depois de uma guerra vencida comemoravam tomando licor de jerivazeiro que eles mesmos produ-ziam. E que, mesmo sendo poligâmi-cos, consideravam o adultério um dos mais graves crimes na tribo, ocasio-

nando pena de morte.Depois deste período, Mabilde con-

seguiu fugir. Com ele levou memórias de um grupo de índios que arrumava os cabelos finos e escuros em formato de coroa – os cabelos do centro eram arrancados à mão, como o restante dos pelos do corpo – e se alimentava, basi-camente, de pinhão. Os coroados, ou Kaingang, que aprisionaram Mabilde, não são uma tribo exótica da Amazô-nia. Esses índios, cuja memória é hoje praticamente ignorada ou simples-mente inexiste, habitaram por muitos anos a região de Caxias do Sul antes da chegada dos imigrantes.

O relato de Mabilde estampa as pági-nas do livro Colônia Caxias: Origens, de Mário Gardelin e Rovílio Costa, uma das poucas obras sobre os índios locais nas bibliotecas. Esmagada pelos livros que tratam da imigração italia-na, a bibliografia existente em Caxias a respeito da cultura indígena só não é mais escassa do que o conhecimento dos seus moradores sobre o tema.

Normalmente, quando se fala de índios, o termo que todos da região conhecem é o pejorativo “bugre”. Tan-to que Caxias do Sul levava o nome Campo dos Bugres, que hoje identifica um viaduto. O termo bugre, segundo o livro de Gardelin e Costa, significa “incivilizado” e “falso”.

Assim como muito do que se sabe dos índios em Caxias, a indicação geo-gráfica do Campo dos Bugres original é confusa. O local mais apontado é o da região das atuais ruas Olavo Bilac, Feijó Júnior, Ernesto Alves e Marechal Floriano. As quadras onde hoje es-tão o colégio São Carlos e a Praça da Bandeira, se estendendo até a Estação Férrea, podem guardar valiosos res-quícios indígenas sem que os moradores da cidade saibam disso.

O Campo dos Bugres não era um local de re-sidência permanente. Os Kaingang, grandes famílias seminômades que circulavam pela re-gião, ocupavam o ter-ritório eventualmente. Olhando para a cidade em que se transformou Caxias, fica difícil con-ceber índios morando nessas áreas. O documentário Cam-po dos Bugres, dirigido por Juliano Flores, ajuda a construir uma imagem mais clara dessa presença.

Numa dramatização do filme, o ban-deirante Antonio Machado de Souza, ao abrir uma estrada de comunicação entre Montenegro e São Francisco de Paula, em 1864, chega à região onde hoje é Caxias. Aqui, encontra vestígios

de um grande acampamento indígena já abandonado. Trata-se de um des-campado, cortado por uma nascente de água e rodeado por árvores com escadas de cipó que iam até as copas.

O documentário também mostra dois montes de terra encontrados no Campo dos Bugres. Seriam cemitérios, indicativos de que ali teria havido um embate entre dois grupos de indígenas

rivais – os mortos es-tariam sepultados no próprio campo de ba-talha. Essa história faz parte de uma das len-das indígenas de Ca-xias, a de que a Praça da Bandeira (onde fica o Camelódromo) está construída em cima de um cemitério com corpos de índios que aqui viveram, lutaram e morreram.

Para o pesquisador do Laboratório de Ensino e Pesquisa Arqueológica da Universidade de Ca-xias do Sul (UCS) José Alberioni dos Reis, ainda há dúvidas de que a de-nominação Campo dos Bugres tenha origem numa expressão documentada ou se foi algo dito por alguém e con-sagrado na oralidade. “Não foi escla-recido o suficiente pela História. Não encontramos até hoje evidências mate-

Herança indígena

As quadras onde estão o colégio São Carlos e a Praça da Bandeirapodem ocultar resquícios da presença dos índios

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Anos antes da chegada dos imigrantes, Caxias era terra dos Kaingang – um povo expulso de sua terra e do próprio passado

Na aldeia mais próxima, em Farroupilha, 98 índios preservam sua origem nos traços físicos. De memórias e costumes, pouco sobrou

ESQUECIDOSPELA HISTÓRIA

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riais de lugar que atestariam a existên-cia do Campo dos Bugres em Caxias. Pistas, hipóteses existem várias. Mas ninguém foi atrás. O que não significa que não exista”, explica Alberioni, para quem o Campo dos Bugres está mais para lenda do que para fato histórico.

Foi a perspectiva de ser da mesma família de um dos mais – senão o mais – conhecidos caciques da região que fez o analista de ensino do Núcleo de Estudos Avançados da Facul-dade da Serra Gaúcha (FSG) Márcio André Braga pesquisar sobre os Kaingang. O cacique Braga, habitante da região de Caxias do Sul, era líder de uma tribo de cerca de 2 mil índios. “Ele tinha de 50 a 60 esposas. O número de casamentos indicava status social dentro do grupo. Quanto mais importante o cacique era, maior era a sua possibilidade de ter mais casamen-tos. Claro que nem todas essas esposas eram biblicamente nupciadas. A maior parte eram selos políticos entre ele e outros caciques”, conta Márcio Braga.

Depois de um tempo de estudo, ele descobriu que os traços indígenas na sua família não tinham parentesco com o famoso cacique Braga, mas isso não o desestimulou a continuar a pes-quisa. Assim, soube que os Kaingang se originam do grande grupo Jê, etnia presente no centro e no sudeste do país e no nordeste do Rio Grande do Sul, área histórica de ocupação Kaingang. “Os Jê eram habitantes do planalto, das

altitudes”, completa o professor Albe-rioni.

Os Kaingang migraram da região de Palmas, no Paraná, por volta de 1808,

quando a Coroa Por-tuguesa declarou caça aos índios da região. Aqui, eles moraram em estruturas subterrâne-as, conhecidas como buracos de bugre. Eram grandes cavida-des no solo cobertas com um telhado. Por ficarem abaixo do ní-vel do chão, protegiam os moradores dos ven-tos fortes e gelados. Os Kaingang construíram

algumas dessas moradias, conforme Márcio Braga, mas também usaram outras que já existiam há muito tempo, feitas por seus ancestrais Jê. A partir de escavações, sabe-se que algumas cons-truções encontradas têm um tempo de ocupação estimado em 700 anos.

De acordo com Braga, os coroados eram caçadores-coletores (viviam de caça, pesca e coleta de frutos, folhas e raízes) e tinham como hábito o con-sumo de pinhão. “É uma herança co-nhecida do Kaingang. Ele se instalava nessa região justamente por causa das grandes reservas de pinhão.” O pinhão, que depois os índios transformavam em pão, era conservado em cestos im-permeáveis no fundo d’água. Era tão cobiçado que motivava brigas com outras tribos, principalmente com os botocudos (outra nação indígena que existia no Rio Grande do Sul), quando estes tentavam pegar o pinhão maduro dos coroados.

Braga confirma o que dizia Mabilde: os Kaingang andavam nus. “No inver-no, nus com frio.” Não usavam muitos adereços, a não ser as pulseiras e cola-res feitos com sementes. Tinham a pele de tom amarelado, eram de estatura média e, em geral, não eram muito musculosos. “Usavam flechas feitas de madeira, bambu, lasca de pedra, osso. Mas não era um índio arqueiro, era ín-dio de floresta. Para se defender usava borduna (um porrete grande e quadra-do) e faca”, descreve Braga.

Diferente dos Guarani, os Kaingang não eram antropófagos, e, talvez por isso, tinham uma grande preocupação com a ocultação do sangue. “Quando esses grupos estavam em deslocamen-tos e uma das mulheres menstruava, ela era deixada um pouco para trás e passava por controle da menstruação através de chás para suprimir a mens-truação. Assim, o sangramento não deixava rastros nem chamava a aten-ção de animais e de outros índios”, explica o pesquisador.

Uma população representativa habitava a região de Caxias do Sul. Estudos mostram que a ocupação vem desde o século III até o século XIX, quando chegam os imigrantes. Braga fala de vários grupos de 600 a 700 pessoas cada. O docu-mentário Campo dos Bugres men-ciona que durante o século XIX mo-raram no planalto três mil Kaingang. Os índios, porém, não tiveram conta-

to algum com os imigrantes italianos quando estes chegaram a Caxias em 1875. Isso porque o Império removera toda a população indígena para alde-amentos no Norte do Estado, pois a região tinha de estar livre para receber os imigrantes.

Os índios foram empurrados para fora de suas terras pelo avanço da co-lonização. “O alemão passou muito trabalho com o Kaingang na região onde hoje seria Taquara, Nova Petró-polis (os alemães fixaram-se nos vales dos rios). Ali se deu um embate dire-to. Mas quando chegaram os italianos, o Império havia sido muito eficiente. Restringiu e literalmente reduziu o espaço de ocupação indígena. Isso entre 1845 e 1850. Foi um processo longo”, diz Braga. “Quando os italia-nos chegaram aqui já não havia mais índio nenhum. Na medida em que se colonizavam as terras, os índios tam-bém fugiam, porque as matas eram

destruídas”, completa a professora de História e pesquisadora da UCS Loraine Slomp Giron.

Os índios eram cap-turados e levados à força até esses aldea-mentos, onde ficavam sob tutela do Esta-do. Na época, havia o chamado “bugreiro”, um caçador de índio, contratado para fazer especialmente este tra-balho. Até mesmo um

conhecido líder indígena, o cacique Doble, foi pago por muito tempo pelo Estado para caçar nativos fugidos. Se-gundo o livro Anotações Históricas de

“A ocupação da memória histórica recente foi apagada e socialmente coberta pelo discurso do índio mau”, analisa Braga

“Na medida em que se colonizavam as terras, os índios também fugiam, porque as matas eram destruídas”, destaca Loraine

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Sítios arqueológicos como o buraco onde os índios teriam construído uma de suas peculiares casas, em Criúva, estão desaparecendo nos últimos anos

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Caxias do Sul, de Jimmy Rodrigues, outro encarregado de expulsar os ín-dios à bala foi Luiz Antônio Feijó Ju-nior, que hoje dá nome a uma rua de Caxias – rua que desemboca na Praça da Bandeira.

Por conta dessa política de remoção dos índios, há uma falsa memória de que nossa história inicia com a chegada dos imigrantes. Para Bra-ga, o que ocorre é um apagamento social da memória anterior para que a atual se justifi-que: “É um discurso de silêncio. A própria ideia de os italianos não tocarem no assunto ou repudiarem o índio aponta para esta memória. Não se fala porque não é interessante. A memória cons-truída na cidade de Caxias tem por base histórica o culto ao trabalho do italiano, e aí se desmontariam alguns mitos sociais”, explica. Segundo ele, na época não se podia anunciar para a Europa que no interior ainda havia le-vas de índios circulando nus, atacan-do os colonos, saqueando residências, e muito menos dizer que estes reagiam com armas.

Como a terra tinha que estar vazia para a chegada do imigrante, o Im-pério retirou com todas as suas for-ças qualquer resquício indígena. Isso também contribui para a dificuldade de encontrar material Kaingang hoje. Em Caxias, no Museu de Ciências Na-turais da UCS há apenas objetos dos Guarani, e o Museu Municipal guarda alguns pedaços de cerâmica e pontas de flecha resgatadas em escavações que remetem a índios de período bem anterior. “A ocupação de 1 mil anos atrás faz parte da memória antiga, a dos 100 anos faz parte da memória histórica recente. Esta foi apagada e socialmente coberta pelo discurso do índio mau”, conta Braga.

A professora de Sociologia e pes-quisadora da UCS Vânia Herédia diz que a historiografia contribui para uma visão hegemônica ao não desta-

car a posição dos índios em Caxias e privilegiar o europeu na sua forma-ção inicial. “Existem estudos sobre a importância indígena no processo de ocupação do território rio-grandense.

Eles mostram a hege-monia do europeu em detrimento dos povos indígenas e a forma de como estes sofreram a ação da Lei de Terras de 1850, que promove a expulsão dos índios no sul do país”, afirma.

Além da ausência de memória dos índios em Caxias, há uma desvalorização do seu patrimônio. O arque-

ólogo Rafael Corteletti, autor do livro Patrimônio Arqueológico de Caxias do Sul, faz um levantamento para de-terminar o que há de pré-histórico na cidade, tema que, segundo ele, inco-moda algumas pessoas e cutuca a feri-da da falta de políticas estatais de pre-servação desse patrimônio no Brasil. Através do estudo de sítios arqueoló-gicos, Corteletti percebeu que, desde o último registro de patrimônio – o das casas subterrâneas, feito há 40 anos pelo arqueólogo Fernando La Salvia –, 40% dos sítios não existem mais.

Há registros de sítios arqueológicos em Ana Rech, Criúva, Fazenda Souza e Água Azul, entre muitas outras lo-calidades. “As pessoas depredam bu-racos subterrâneos. Lembro de uma escavação onde o dono do espaço, por medo de perder a terra para a reserva arqueológica, encheu o buraco de lixo e cobriu, daí o buraco desapareceu. Mas a existência desses buracos é real, são indícios de que houve índios aqui”, afirma Braga.

Diferentemente de Braga, Cortelet-ti pesquisa sobre índios muito mais antigos, das populações Jê. “Estamos investigando sistematicamente esse grupo. Sabemos que eles tinham uma organização social estável lá pelo ano 1500, tinham territórios estáveis, hie-rarquia, grandes festas cerimoniais, eram agricultores, ceramistas, faziam cestaria e tinham um projeto de cons-

trução dessas estruturas subterrâneas”, explica Corteletti.

Só a ideia de construir um parque com temática indígena foi su-ficiente para causar revolta em alguns moradores de Criúva. Como parte do Termo de Ajustamento de Conduta firmado com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente por causa do cor-te de cerca de 1,5 mil árvores sem li-cença para a instalação de pequenas centrais hidrelétricas, a Hidrotérmica construirá, a partir de abril, o Parque Municipal Palanquinhos. No projeto apresentado à comunidade, quiosques com tetos arredondados davam a im-pressão de que o parque estaria base-ado na cultura indígena. Mas tanto o secretário Adelino Teles quanto a Hi-drotérmica desmentem a hipótese.

“Quando saiu na mídia, choveu de reclamações de moradores de Criú-va, dizendo que não tinha nada a ver, que lá é área de camponeses, não de indígenas. Os moradores disseram que não iam aceitar se fosse indígena. Conversei com eles e disse que não ia ser. Não queríamos de jeito nenhum entrar em confronto com a comuni-dade”, explica Teles.

“As construções foram projetadas para ficarem o mais inseridas possível na paisagem, e as figuras que compu-nham o projeto eram meramente ilus-trativas”, diz Karin Freitas, gerente de meio ambiente da Hidrotérmica, em relação aos quiosques em formato de ocas.

Para Corteletti, há um medo de relacio-nar o território caxien-se com esse passado. “Não querem ouvir fa-lar de indígenas vivos ou mortos por perto. Os sítios arqueológi-cos foram ocupados há mais de 500 anos. Mas, mesmo assim, ‘é índio, não, não preci-samos disso aqui’.”

Nas anotações do livro de Corte-letti, um parque indígena em Criúva faria sentido – e devolveria ao índio, ao menos, o direito da memória sobre

aquela terra. Foi numa propriedade de Palanquinhos que o arqueólogo en-controu um talhador (artefato para ra-char madeira e ossos) e dois fragmen-tos de cerâmica da tradição Taquara, resquícios inegáveis da presença de índios na região, há mais tempo do que os habitantes atuais podem ima-ginar.

Hoje, grande parte das reservas indígenas que abrigam Kaingang está no Norte do Estado. Há, porém, uma aldeia próxima de Caxias, nos arredo-res de Farroupilha. São 98 Kaingang que vivem em casas simples de ma-deira no chão batido, em um cercado de araucárias que a prefeitura farrou-pilhense concedeu a eles há cerca de seis anos. Não fosse pelos traços fortes e característicos dos rostos dos seus moradores, porém, o local não pare-ceria uma aldeia. Algumas casas têm antena parabólica e máquina de lavar. E uma das construções chama logo a atenção: uma igreja da Assembleia de Deus.

O professor das crianças da comu-nidade, Aurelino Góg Ribeiro, fez uma pausa em sua aula para cerca de 15 alunos na tarde de terça-feira (23) para explicar que a aldeia é uma ba-talha que o grupo venceu. Antes dela, muitos índios ficavam em acampa-mentos nas imediações da rodoviária de Farroupilha. “Vivemos de venda de artesanato, como cestas, bichinhos de

madeira, flechas. Ven-demos em várias cida-des, até em Caxias.”

Ribeiro sabe de cor os nomes de todas as crianças da tribo – muitas mantêm nomes característicos, como Raiz, Kaiani e Yafei. Pouco sabe, porém, do passado distante da tribo. Admirado ao ver a capa do livro de Cor-teletti, com a ilustração de como seriam os ín-

dios ancestrais dos Kaingang (abai-xo), revela um desejo: conhecer um arqueólogo que lhe fale mais sobre a sua história.

O Império removeu todos os índios para aldeamentos no norte do Estado a fim de deixar a região serrana livre para os imigrantes

“Não se fala de índio porque não é interessante. A memória em Caxias tem por base o culto ao trabalho do italiano”, constata Braga

No Museu Municipal, setas de flechas usadas por antepassados dos Kaingang; na ilustração, a morada indígena sob as araucárias – para colher o pinhão

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por VALQUÍRIA [email protected]

ove pessoas escolherão nesta segunda-feira (29) quem ocupará o cargo da reitoria da Universidade de Caxias do Sul (UCS) até 2014. Os integrantes do Conselho Diretor, encarregados de de-cidir o futuro de uma instituição de 35 mil alunos e 2,2 mil funcionários, não estão lá por acaso. São representantes de entidades que de uma forma ou ou-tra ajudaram a construir a universida-de, e, por conta disso, são até hoje os principais agentes decisórios do que acontece na UCS.

O Município de Caxias do Sul criou, em 1949, a Escola Superior de Belas Artes. A Mitra Diocesana criou a Fa-culdade de Ciências Econômicas em 1958. Dois anos depois, a Sociedade Hospitalar Nossa Senhora de Fátima criou a Faculdade de Direito. Prefei-tura, Mitra e Fátima ocupam cadeiras do Conselho. A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, o Estado do Rio Grande do Sul e o Ministério da Educação apoiaram a universidade quando esta passou por uma forte crise administrativa em 1973. São as outras três entidades no Conselho. Dos nove votos que elegerão

o novo reitor, quatro são do Estado – um representante do governo gaúcho, um da prefeitura e dois do MEC –, e quatro da sociedade – dois represen-tantes da CIC, um da Fátima e um da Mitra. O último voto é do reitor.

Este ano, pela segunda vez na histó-ria da UCS, houve uma consulta aca-dêmica para a escolha da reitoria. Alu-nos, professores e funcionários foram convidados a indicar quem achavam que teria maior capacidade de admi-nistrar a universidade pelos próximos anos: o atual reitor Isidoro Zorzi, o professor Nestor Basso ou a professo-ra Nilva Stédile. A consulta apontou Nilva como preferida, com 50,17% dos votos. Uma votação tão expressiva que, se tivesse ocorrido em uma eleição, não haveria necessidade de segundo turno, pois os votos dos outros dois candidatos juntos não somariam essa porcentagem. Zorzi recebeu 36,31% e Basso, 11,77%. A maior diferença de voto entre os dois primeiros colocados foi na soma dos alunos: Nilva foi vo-tada por 5.324 estudantes e Zorzi por 2.316. No cálculo dos votos de pro-fessores os números não ficaram tão distantes: Nilva recebeu 446 votos dos docentes e Zorzi, 384.

A consulta foi encaminhada ao

Conselho Diretor, que, na sexta-feira à tarde ouviu as propostas dos três candidatos pela última vez antes da votação, em uma espécie de sabatina. Por ordem alfabética, Isidoro Zorzi apresentou as propostas e respondeu perguntas às 16h. Nestor Basso fez o mesmo às 17h, e Nilva Stédile, às 18h. Para alguns membros do Conse-lho, essa última etapa de entrevistas, a portas fechadas, com os candidatos foi mais significativa para a uma decisão final do que a própria consulta acadê-mica. “A consulta... bom, a consulta é uma consulta”, resume Milton Corlatti, presidente da CIC e um de seus repre-sentantes.

“O Conselho tem a liberdade de es-colher quem ele quer. Não era consul-ta eletiva, era indicativa. O pessoal faz confusão disso”, completa o represen-tante do Ministério da Educação, Ro-que Grazziotin.

Quando o presidente do Con-selho Diretor, João Paulo Reginatto, é questionado sobre o porquê da reali-zação da consulta acadêmica, já que o que vale é a decisão do Conselho, ele repete a mesma frase duas vezes: “É uma boa pergunta.”

Sem medo de parecer antidemocrá-

tico, Reginatto afirma que a validade da realização de uma consulta que es-cute alunos e professores deve ser ana-lisada: “Na minha opinião, não deveria ter consulta. Se não vai decidir, por que vão consultá-los?”.

Ele explica que o resultado da con-sulta não é, de forma alguma, visto como decisão final, já que quem res-ponde pela instituição é o Conselho. “Pode ter uma influência subjetiva, mas objetivamente não. E é uma influ-ência não coletiva, para uns têm mais peso, para outros menos. O voto é in-dividual”, afirma Reginatto. “A consulta influencia, claro. O resultado pesa, mas não define. Cada conselheiro é livre para votar em quem quiser”, salienta Roque.

Na quinta-feira (25), o representante da Mitra Diocesana de Caxias, Paulo César Nodari, ainda discutia com o bispo Dom Paulo Moretto o voto no Conselho. “A decisão não é minha, é da Mitra. Os três candidatos estiveram com ele (o bispo) e comigo, e nós ainda não decidimos”, explicava.

A decisão da reitoria, segundo No-dari, é muito mais complexa do que simplesmente validar ou negar o resul-tado da consulta, que consagrou Nilva como vencedora. “Creio que o Conse-

Disputa pela reitoria

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Depois dos 10.748 votos da consulta acadêmica, chega a hora de o Conselho Diretor escolher, em nove votos, quem comandará a UCS

Nilva Stédile é a indicada por alunos, professores e funcionários; Isidoro Zorzi acredita em vitória no Conselho, onde também vota; Nestor Basso corre por fora

O PESODE CADA VOTO

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lho considerará a consulta universitária, mas isso não significa que deva necessariamente decidir por isso. Os conselheiros que lá estão representam instituições e os votos são delas. É uma questão de ouvir os candidatos mais uma vez. Não temos discriminação com ninguém”, afirmava um dia antes da sabatina.

O representante do governo do Estado no Conselho, Ildoino Pauletto, era ainda mais cauteloso do que Nodari na hora de falar sobre possíveis cenários para a eleição na quinta-fei-ra: “Os três candidatos têm condições de ad-ministrar a universidade. Temos na mão uma questão decisiva para a UCS. Seria até temerá-rio se tivéssemos uma decisão agora.”

No movimento estudantil, que não votará na segunda-feira, é possível perceber, além de muita expectativa para o anúncio do novo reitor, uma divisão de opiniões. Para o coordenador de formação do Diretório Cen-tral dos Estudantes (DCE) e representante da Chapa Movimentação, Vinicius Postali, o Conselho deve concordar com a vontade ex-pressada pelos acadêmicos na consulta. “Acho que se o Conselho tiver coerência, eles vão aca-tar, assim como há quatro anos referendaram o nome do Zorzi. Mas a gente vê que algumas entidades já tinham comprometimento com candidatos antes da consulta. É um quadro indefinido. Anali-sando a formação do Conselho, vejo que existe uma ala mais progressista, de ideias, de abrir o Conselho, e uma ala mais conservadora”, interpreta.

Postali diz que se o Conselho não referendar o nome de Nilva para a reitoria a consulta se tor-nará uma espécie de “pesquisa de mercado”. “Sofrer um golpe agora seria muito ruim para a comunidade acadêmica, para quem fez campanha e estimu-lou a participação. Não podem nos dizer agora que era só uma consulta.”

O coordenador do DCE e representante da chapa O DCE Por Você, Leonel Ferreira, res-salta que a consulta teve problemas que põem em dúvida sua relevância, como a possibili-dade de votos duplos (quem fosse professor e aluno de pós-graduação ao mesmo tempo, por exemplo, poderia ter votado duas vezes) e de professores, que, segundo ele, direcionaram alunos a votar em determinado candidato.

O DCE foi criticado por ter se posicionado durante a campanha, apoiando o candidato Zorzi. “Todos da comissão eleitoral tinham posicionamento, mas só o DCE assumiu”, defende-se Leonel. Como coordenador do DCE, ele encara com tranquilidade o fato de a maioria dos estudantes terem ido contra o apoio da entidade estudantil. “Nos posiciona-mos porque o estudante não teve acesso aos candidatos, ao planejamento deles. Apoiamos um candidato, mas o nosso candidato perdeu”, resume Leonel.

Para a candidata Nilva Stédile, a adesão à votação é significativa, tendo em vista que o tempo de campanha foi curto e que o voto era voluntário. A felicidade por ter sido a mais vo-tada, porém, não faz com que ela se esqueça que apenas uma etapa foi vencida. “A decisão virá com base no desempenho nessa última entrevista e também no resultado da consulta, que ganhou em termos de relevância e signi-ficado por eu ter mais de 50% dos votos. Se a consulta não fosse relevante para eles, ela não teria sido aprovada”, entende Nilva.

Nestor Basso, o terceiro colocado na consul-ta acadêmica, prefere se manifestar o menos possível sobre o assunto. “A universidade não precisa de polêmica, mas de união. Fica nas

mãos deles (do Conselho). Eles saberão o que é melhor para a UCS.”

Isidoro Zorzi insiste que as pessoas não entenderam ainda o real sentido da con-sulta acadêmica e faz questão de ressaltar vá-rias vezes que a participação dos alunos, fun-cionários e professores era apenas uma das etapas do caminho que levará à escolha do rei-tor. “O que a comunidade fez não foi eleição. É feita uma consulta porque a regra do jogo é essa. Cabe ao Conselho eleger o reitor, está no estatuto e até agora não abriram mão disso. Abriram a possibilidade de a comunidade se manifestar. Eles dizem ‘eu quero esse, aquele’. Tudo bem, então têm três. O papel da comuni-dade é homologar a lista e entregá-la pra que o Conselho escolha”, afirma Zorzi.

O atual reitor tem sido cobrado pela oposi-ção por causa da afirmação que fez no debate realizado no UCS Teatro, na semana anterior à votação, de que apoiaria o resultado da con-sulta. “Não é isso. Acato e referendo o resulta-do da consulta, mas quem escolhe o reitor é o Conselho. Eu só tenho que referendar o resul-tado da consulta. Mas é consulta. Se fosse uma eleição, eu só teria que apoiar quem ganhou”, afirma.

Outra cobrança que tem tirado a paciência do reitor é em relação ao tre-cho de seu discurso de posse em 2006, quando venceu a consulta e foi escolhido pelo conselho. “A Universidade in-dicou seu nome de preferência. E o Conselho Diretor, dando início a uma nova era, referen-dou a opção preferencial da comunidade acadêmica”, disse Zorzi naquele discurso. “E foi uma nova era”, completa hoje. “Mas o pessoal não sabe toda a história. Quem cobra isso não sabe o que é democracia. De-

mocracia tem regras que foram estipuladas e que devem ser respeitadas, senão ela não exis-te.”

O reitor-candidato diz não existir democra-cia sem transparência e abertura de informa-ções financeiras, e que nesse aspecto sua admi-nistração não pode ser criticada. “Eu duvido que exista universidade no Brasil que esteja tão aberta quanto a UCS. Eu viajei ontem (quarta-feira, dia 24) a Bom Princípio, almocei e o fiz com meu dinheiro. Mas se vou a Brasília e me hospedo, tenho que prestar contas do que gas-tei. A comunidade acadêmica pode ver até a nota de tudo o que o reitor gastou.”

Zorzi está confiante na reeleição no Conse-lho Diretor. Principalmente porque alega que a consulta acadêmica não teve números repre-sentativos. Dos quase 40 mil que poderiam ter votado, cerca de 11 mil o fizeram. “Isso dá 1/4 do total. Não foi a comunidade acadêmica que, entre aspas, elegeu a professora Nilva. A comu-nidade ficou silenciosa”, avalia Zorzi.

Na segunda-feira, o reitor diz que estará na sala do Conselho Diretor como membro e como candidato. “Evidentemente estarei com as duas funções. Sou membro que, por aciden-te, é candidato. O que se vai fazer. Não pode ter um clone.”

Nos corredores e salas de aula da UCS, co-mentários tanto de estudantes quanto de pro-fessores demonstram que independentemente do resultado haverá barulho. Um abaixo-assi-nado tem circulado pela universidade pedindo que o Conselho acate a decisão da maioria dos votantes da consulta e referende a professora Nilva. Na segunda-feira, a partir das 17h, um grupo de alunos promete ficar de vigília em frente ao Bloco A até a hora do resultado, que deve sair logo após as 18h.

“Na minha opinião, não deveria ter consulta. Se não vai decidir por que vão consultá-los?”, questiona Reginatto

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 1727 de março a 2 de abril de 2010 O Caxiense

ARTUR LORENTZ / PALESTRA NO SIMECS A Inovação no Rio Grande. Surge um novo amanhã. Este será o tema da

palestra que o Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, Artur Lorentz apresentará no dia 29 de março, 16 horas no auditório do SIMECS. Objetivo do evento promovido pelo SIMECS para as empresas dos segmentos automo-tivo, eletroeletrônico e metalmecânico de Caxias do Sul e região é disseminar informações sobre os benefícios da Lei Estadual de Inovação. Artur Lorentz irá prestar esclarecimentos sobre os incentivos fiscais da Lei de Inovação e os programas lançados recentemente como o Pró-Inovação / RS e o PGtec – Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos. Lorentz é engen-heiro civil, administrador de empresas e empresário do setor da construção civil. Foi vice-prefeito de Santa Rosa, diretor-presidente da Sulgás e atual Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia. As vagas para este evento são limitadas. Inscrições pelo fone: (54) 3228.1855.

DISTINÇÃO INDÚSTRIA 2010 / INSCRIÇÕESO SIMECS informa às empresas do seu segmento que estão abertas até 09

de abril as inscrições para o Prêmio Fiergs/Ciergs Distinção Indústria Edição 2010. Com o propósito de estimular o desenvolvimento da indústria gaúcha, o prêmio Distinção Indústria foi instituído em 1971 e tem por objetivo distinguir novos produtos de empresas industriais do estado, que apresentem notáveis avanços tecnológicos em design, inovação em projetos que caracterizem in-editismo e tenham viabilidade de utilização e comercialização. Serão premia-dos com placa de ouro, até 3 (três) produtos ou projetos sendo que a comissão julgadora poderá conceder ainda, uma menção honrosa. Informações e in-scrições pelo fone: (51) 33478702.

MISSÕES TÉCNICO-COMERCIAISAs empresas que desejarem participar das Missões Técnico-Comerciais do

SIMECS para o exterior, já podem manifestar seu interesse junto à entidade. O SIMECS está ultimando os preparativos para formar o grupo de empresários que em setembro visitará as feiras Automechanika em Frankfurt e IAA em Han-nover, ambas na Alemanha. A Automechanika é uma feira voltada para o setor automotivo e especializada em equipamentos para oficinas, acessórios para automóveis, reparação de automóveis, plataformas elevatórias, carroçarias, pintura de veículos, entre outros. Enquanto isso, A IAA International é a Feira mais completa da indústria automotiva e terá a exposição de caminhões de carga, ônibus e trailers, logística, equipamento para garagem e automóveis. Oportunamente serão abertas as inscrições aos interessados. Informações: (54)3228.1855

AUTOMEC PESADOS / FEIRA DA MECÂNICAJá estão formados os grupos que irão participar de duas importantes feiras

em São Paulo nos meses de abril e maio de 2010. O SIMECS promoverá visitação à Automec Pesados e a Feira Internacional da Mecânica. A Auto-mec Pesados é um evento bienal especializado em peças, equipamentos e serviços para veículos pesados e comerciais. Já a Feira Internacional da Mecânica irá expor: máquinas para trabalhar metal, plástico, madeira, além de ferramentas e uma série de outros equipamentos.

TAXA DO IBAMAA renovação do Cadastro Técnico Federal do Ibama e o envio do Relatório

Anual de Atividades vencem no dia 31 de março. O alerta é da Comissão de Meio Ambiente do SIMECS. A finalidade do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Naturais, é o controle e monitoramento das atividades potencialmente poluidoras ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. As empresas devem ficar atentas a esta necessidade para que se mantenham legalizadas, prevenindo-se de multas e autuações.

CAPACITAÇÃO DE FORNECEDORESNo dia 28 de abril o SIMECS realizará em seu auditório importante pales-

tra sobre Capacitação de Fornecedores. O evento tem por finalidade instru-mentalizar as empresas metalúrgicas participantes para uma melhor relação cliente/fornecedor. Também visa garantir uma adequada interpretação e des-dobramento dos requisitos dos clientes, para as áreas de desenvolvimento, fabricação e fornecimento de PPAP – Processo de Aprovação de Peças de Produção, por meio da implementação de ferramentas técnicas e de capaci-tação gerencial, permitindo o seu ingresso como fabricante e fornecedor no competitivo mercado de peças, componentes e serviços do setor automotivo. Será palestrante João José Bastos Graduado em Administração de Empre-sas pela Universidade de Caxias do Sul com foco em Gestão Estratégica da Qualidade. É auditor do Sistema ISO 9001 e Sistema TS 16949 e Sistema ISO 14000. Informações e Inscrições pelo fone: (54) 3228.1855.

RELATÓRIO DE IMPACTO NO SISTEMA ELÉTRICOAcontecerá no dia 13 de abril, às 16 horas, no auditório do SIMECS a pales-

tra RISE – Relatório de Impacto no Sistema Elétrico. O que o empresário pre-cisa saber. Exigência para expansões ou novas ligações de energia elétrica na área da RGE. A apresentação do evento estará a cargo da Engenheira Danu-sia de Oliveira de Lima. Graduada em Engenharia Elétrica e Mestre em Siste-mas de Potência pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atuando desde 2001 na Rio Grande Energia S.A. – RGE, possui experiência em sistemas de distribuição, com ênfase em Proteção e Qualidade de Ener-gia Elétrica. As inscrições são gratuitas para as empresas do segmento do SIMECS. Informações pelo fone: (54) 3228.1855.

REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO Representantes do SIMECS integraram a comitiva de 60 industriais e en-

tidades de classe patronais do Rio Grande do Sul que esteve em Brasília no dia 17 de março. Liderada pela FIERGS, a comitiva participou de uma ação de mobilização contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 231/95) que reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais e aumenta o adicional na hora extra de 50% para 75% do valor da hora trabalhada. Na oportunidade os empresários gaúchos estiveram reunidos com líderes par-tidários e com os deputados da Bancada Federal do Rio Grande do Sul. A comitiva foi recebida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Te-mer. Segundo o diretor executivo do SIMECS Odacir Conte, a expectativa é de que esta matéria possa ser apreciada em 2011 e que se for aprovada, irá causar sérios transtornos às empresas, elevando os custos de produção e provocando perda de competitividade. O SIMECS esteve representado em Brasília por Astor Schmitt, Valter Gomes Pinto, Odacir Conte, Osmar Piola e Eduviges Rossa.

REPARAÇÃO VEICULAR / CERTIFICAÇÃO IQAUm grupo de empresários do setor da Reparação Veicular associadas da

ASERV – Associação Serrana das Empresas da Reparação Veicular – bus-cam melhorar suas empresas através da certificação de serviços automotivos IQA (Instituto da Qualidade Automotiva). Por meio da parceria envolvendo o SIMECS, ASERV e SEBRAE, está sendo disponibilizado mais uma oportuni-dade para as oficinas mecânicas. Essa certificação trará resultados no siste-ma de Gestão da Qualidade. A certificação IQA é acreditada pelo INMETRO.

SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 - Caixa Postal 1334 Fone/Fax: (54)

3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul - Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br - [email protected]

INFORME COMERCIAL

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por ROBERTO [email protected]

uando assumiu a presidência do Es-porte Clube Juventude, após vencer José Antônio Boff numa das mais acir-radas disputas eleitorais da agremia-ção, Milton Scola deixou muito claro para toda a comunidade alviverde: será um ano de limitações, com poucos in-vestimentos em novas contratações e valorização da prata da casa de forma a encaminhar a recuperação financeira, fortemente abalada nos últimos exer-cícios. A considerar que, em 2010, por força das circunstâncias, ou seja, a que-da para Série C do Campeonato Bra-sileiro, o ingresso de reais se tornaria ainda mais restrito.

E a política realista foi posta em prática. Poucas contratações, nada de jogadores de grande renome nacional, e valorização dos atletas formados nas categorias de base do clube. A escolha pelo técnico Osmar Loss, com 15 anos de experiência pelo Inter nesta área do futebol, respaldava a filosofia então

iniciada. A torcida precisava, sim, en-tender a nova realidade e apoiar aquele grupo formado por alguns veteranos e muitos jovens.

O que não se esperava, no entanto, é que estes jovens tivessem que assumir a titularidade em número bem acima do que se pretendia. Nos últimos dois jogos do Juventude pelo segundo turno do Campeonato Gaúcho, dos 14 atletas que entraram em campo em cada par-tida, nove tinham até 20 anos. “A mé-dia de idade foi de 22 anos”, confirmou o técnico Osmas Loss, na quinta-feira à tarde, nos camarotes do clube onde assistia ao jogo do Caxias contra o Ve-ranópolis, acompanhado do presidente Milton Scola e do vice de futebol, Jua-rez Ártico.

Para o presidente Milton Sco-la, o uso de número tão representativo de atletas jovens, a maioria formada no

clube, não era a proposta inicial, situ-ação que se consumou, principalmen-te porque jogadores mais experientes acabaram se lesionando, casos de Um-berto, Ferreira e Júlio César. Já Sílvio Luiz passou para o banco nos últimos jogos, abrindo espaço para o jovem go-leiro Carlão, que ganhou a titularidade por estar num momento técnico me-lhor. Na verdade, a revelação alviverde já trazia a experiência do ano passado, quando foi reserva de Juninho e de ou-tros e, neste ano, de Tiago Rocha, hoje terceiro goleiro. Por opção de Osmar Loss também Lauro foi para o banco, entrando no decorrer dos jogos.

Diante deste quadro e com grupo reduzido não restou saída que não a de usar mais os atletas da base, contra-riando a ideia inicial. “A gente pensava em algo meio a meio”, confirmou o vice Juarez Ártico.

Dos 33 jogadores que formam o atual elenco, 15 tem até 20 anos de idade. Nesta faixa há cinco com 17 anos: o goleiro Follmann, que ainda

não jogou, mas está integrado ao gru-po principal, o zagueiro Bressan, o vo-lante Gustavo – ambos titulares nos úl-timos jogos -, o meia Hiago e o volante Goiano, também já aproveitados.

Na avaliação de Osmar Loss, a média de idade de 22 anos está adequada aos padrões do futebol. Ressalva, no entan-to, que para se obter o rendimento es-perado é preciso tempo suficiente para trabalhar o grupo técnica e fisicamente. Não foi o caso do Juventude, que teve apenas duas semanas de preparação em janeiro antes de estrear no campe-onato. Mas para Loss é inquestionável que houve evolução no segundo turno. “Estamos tendo mais tempo para tra-balhar porque não há aquela sequência de dois jogos na semana como no iní-cio”, observa.

Esta visão do técnico encontra res-paldo em Milton Scola. A torcida pode até não gostar ou aceitar, mas o presi-

dente sustenta que o grupo cumpriu a missão, que era de não cair para a se-gunda divisão do Gauchão. “Estamos praticamente livres do rebaixamento. Sem esta pressão o time tem tudo para render mais e pode até surpreender”, acrescen-ta.

Scola é muito claro e objetivo: o clube preci-sa lançar mais jogado-res formados na base para o grupo principal para valorizar e mos-trar o seu patrimônio. “É daí que sairão os re-cursos necessários para a superação das difi-culdades financeiras”, acrescenta.

Sobre a possibilidade de jogado-res potenciais serem “queimados” em decorrência de desempenhos muito abaixo do que poderiam apresentar em outras condições, o presidente respon-de que é preciso arriscar. Para ele, não é mais possível esperar a idade-limite

para colocar os jogadores em campo. “Os clubes europeus não estão olhando para atletas experientes. Eles buscam aqueles que têm 17, 18 anos. Por isso, este patrimônio precisa ser mostrado,” define.

Assim é que outros jogadores da base devem ascender em breve entre os profissionais. Não nesta reta final do Gauchão, até porque no sábado o Ju-ventude faz sua estreia no Estadual de Juniores. Mas para a Série C esta pos-sibilidade é bastante concreta. “Pode ser que mudem algumas peças, mas a filosofia será a mesma”, antecipa. Scola sustenta que não está sendo feita uma avaliação do grupo, mas individual de cada atleta.

De acordo com Osmar Loss, ne-nhum jogador da base é aproveitado nos profissionais sem uma preparação anterior. Lembra que os cinco de 17 anos tiveram um período de adapta-

ção no vestiário para absorver a nova cultura, diferente daquela a que eram acostumados. “O ingresso é gradual até para tirar aquela pressão natural”, reconhece o técnico. Em favor destes

contou a participação histórica do Juventu-de na Copa São Paulo, chegando até as semi-finais.

Que tipo de refle-xos a utilização de joga-dores jovens acima do planejado pode ter cau-sado na base? Receio, medo, temor, pressão? “Incentivo”, responde sem qualquer dúvida o vice-presidente das

categorias de base, Antônio Cumer-latto, para quem a atual situação do clube exige a adoção desta estratégia. Segundo ele, os jogadores formados no Juventude têm potencial e precisam suprir as necessidades atuais do time titular. “O resultado histórico na Copa

São Paulo é argumento mais do que suficiente para que se acredite nestes meninos. Eles precisam ganhar opor-tunidades e provar nos titulares o que mostraram nos juniores. Logicamente que dentro de um processo gradual, com acompanhamento e preparação.”

Cumerlatto também lembra a políti-ca do clube de formação de jogadores, que se inicia nas escolas de recreação e competição, e segue nas categorias se-guintes a partir dos 13 anos até alcançar os juniores. Segundo o vice-presidente, este trabalho objetiva, essencialmente, criar nos atletas algo pouco comum no futebol atual: identificação e compro-metimento com o clube do coração, aquele que lhe deu a oportunidade de vencer na vida como jogador. “Esta fi-losofia é respeitada em todo o Brasil e já seguida por alguns clubes. Com ela geramos o potencial que o Juventude precisa e, quando necessário ou surgi-

Juventude em campo

“Este grupo, formado a partir de limitações financeiras, cumpriu a missão de manter o Juventude na elite do Estadual”, afirma Scola

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18 27 de março a 2 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Dos 33 atletas do grupo principal, 15 tem até 20 anos. Nos últimos jogos, a idade média do time foi de 22 anos

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rem oportunidades, os negócios para garantir a sobrevivência financeira da agremiação.”

Cumerlatto observa que o clube continua tendo sucesso nas in-vestidas que faz para trazer atletas para as categorias de base. Ini-cialmente havia receio em função da queda do time para a terceira divisão do futebol bra-sileiro. “Não é isto que ocorre. Está bem claro nestes jovens que o Ju-ventude está, momen-taneamente na Série C, mas não é time para fi-car nesta condição.”

Para que o clube for-me não apenas atletas, mas também cidadãos, há um grupo multifuncional encarregado de trabalhar o emocional dos jogadores. Há psicopedagoga, que, dentre outras atividades, acompanha a questão educacional, cobrando de-sempenho positivo, psicóloga, fisio-terapeuta, nutricionista e fisiologista, tal qual é oferecido aos profissionais. Além de diretores por categoria, res-ponsáveis por dar o suporte institu-cional em nome do clube e defender os seus interesses.” Mais de 90% dos jogadores da base já têm empresários. Por isso, precisamos estar atentos per-manentemente.”

Crítico da Lei Pelé, que para ele be-neficiou empresários, um pouco os atletas e quase nada os clubes, Cumer-latto destaca o trabalho junto aos fa-miliares. Sem isto, dificilmente a agre-miação teria condições de usufruir do retorno futuro do investimento feito. “É preciso ficar muito próximo das fa-

mílias, dando o apoio e acompanhando a movimentação de terceiros”, explica.

De acordo com Cumerlatto, a presença de Osmar Loss como técni-co dos profissionais é essencial para o

aproveitamento dos jo-vens. Pela experiência de 15 anos nas bases do Internacional, é sensí-vel e aberto ao trabalho de formação. “Toda a transição de um atleta é discutida e avaliada pela diretoria e comis-sões técnicas das duas categorias. Ele sabe das dificuldades e recebe os jogadores de forma diferente, colocando os desafios, mas dando o

apoio que é necessário.”Para o vice das categorias de base,

a convivência com os profissionais é fundamental para o crescimento dos juniores ou juvenis, que conseguem absorver sem dificuldades um eventual retorno para as suas categorias. Tanto é que atletas como o goleiro Follmann, que já figura no elenco principal, es-tarão no Estadual de Juniores a partir deste sábado defendendo o Juventude. “Eles sabem que a oportunidade virá na hora certa.”

Enquanto isto, os torcedores espe-ram que os jovens esmeraldinos façam mais do que cumprir a missão primei-ra. Querem vitória nos jogos contra Avenida, na segunda, em Santa Cruz, e Grêmio, no dia 4 de abril, no Jaconi, para que o Juventude esteja dentre os oito classificados ao mata-mata, como no primeiro turno. Mas para isto é pre-ciso paciência e muito carinho, como os pais fazem com seus filhos.

“A utilização de vários atletas formados na base tem incentivado e atraído mais jogadores para o Juventude”, salienta Cumerlatto

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Apesar da pouca experiência, Carlão conquistou a titularidade no gol do Ju

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l Torneio de Tênis | sábado e do-mingo, 8h |

A competição deve reunir aproxi-madamente 50 tenistas neste final de semana, no naipe masculino. Os jogos são individuais, nas classes de pontu-ação A, B e C. Os jogadores são divi-didos em grupos, e os dois melhores passam para a fase eliminatória. De-vem competir tenistas de 18 a 60 anos. Mas o principal objetivo, conforme a organização, é proporcionar um mo-mento de confraternização entre os praticantes do esporte. Quadra Tinoco Esportes, na Vila Olímpica da UCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis

l Campeonato Municipal de Fu-tebol | sábado, 13h15 e 15h15 |

Neste sábado será realizada a segun-da rodada do Campeonato Municipal de Futebol. Jogos das 13h15: Esperança x São Victor Cohab (Enxutão), Vindima x R. Unidos da Esperança (Municipal 1), Fiorentina x União de Zorzi (Munici-pal 2), Cristal x Fonte Nova (Serrano), Bom Pastor x Unidos (Fátima) | Jo-gos das 15h15: Esperança x Mundo Novo (Enxutão), Vindima x Fiorenti-na (Municipal 1), Águia Negra x Ouro Verde (Serrano), União Reolon x XV de Novembro (Fátima).Campos do Enxutão, Municipal 1 e 2, Serrano e FátimaEntrada gratuita

l Copa União | sábado, 13h30 |Neste sábado será realizada a quarta

rodada da Copa União, nas categorias sênior e juvenil. O São Francisco da 6ª Légua é líder na categoria juvenil, com

três vitórias. Entre os sêniors, o Espor-te Clube São Virgílio lidera, também com três vitórias. Os jogos são realiza-dos nos campos dos times mandantes. Juvenil, 13h30: São Cristóvão x Be-vilacqua, Botafogo x Pedancino e São Francisco x Forquetense | Sênior, 15h30: São Virgílio x Botafogo, São Cristóvão x Canarinho, Diamantino x Bevilacqua, Pedancino x Juvenil e Conceição x Forquetense.Campo do time mandanteEntrada gratuita

l Campeonato Sesi Futebol Sete Livre Série A | sábado, 14h15 e 15h15 |

Os melhores colocados de cada gru-po da fase inicial se classificaram para a segunda fase do campeonato, em que novamente os times jogam entre si em duas chaves. Jogos das 14h15: Voges x Guer-ra, Madal x Marcopolo | Jogos das 15h15: Pisani x Agrale, Randon x Fras-le.Centro Esportivo SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

l Circuito Caxiense de Futebol 7 Society | domingo, 8h30 |

O campeonato encerra neste do-mingo. Os oito times classificados se enfrentam nas quartas de final, no iní-cio da manhã. As semifinais e a final ocorrem na sequência. Ao fim dos jo-gos, serão premiadas as três melhores equipes. A entrada é franca. Entretan-to, é necessária a apresentação de um ingresso, distribuído gratuitamente. Ele pode ser obtido no Ginásio Arena ou no Departamento de Esportes do Sindicato dos Metalúrgicos, localiza-do na Rua Bento Gonçalves, 1.513.Jogos das 8h30: BSC x SE Planalto, Esporting GBC Casa Lataria x Torino, Nápoli x 1° de Maio, Aguirros Fútbol x AcadêmicosSede do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul

Entrada gratuita | Linha Rádio Nor-deste, Capela Nossa Senhora das Do-res, Travessão Cavour, Flores da Cunha | Para mais Informações: 9999-1705. Falar com Jair Oliveira

l Caxias x Internacional | do-mingo, 16h |

Cada dia mais líder, o Caxias tem mais uma partida importante neste final de segundo turno, contra o In-ternacional. A principal ausência é o zagueiro Neto, xerife do time grená, expulso contra o Veranópolis. O meia Marcelo Costa, o volante Itaqui e o atacante Everton devem retornar ao time.

Se o Caxias está embalado e vive o melhor momento da competição, o Inter está em crise. Depois de alguns tropeços no Gauchão, a torcida anda pegando no pé do time e do treinador Jorge Fossati. Mesmo assim, o Inter garante que virá à Serra com um time misto. Deve sair com: Muriel (que jo-gou no Caxias em 2009); Índio, Wag-ner e Ronaldo; Bruno Silva, Josimar, Glaydson, Andrezinho e Juan; Edu e Thiago Humberto.

O Caxias deve entrar em campo com Fernando Wellington; Edu Silva, Anderson Bill, Saleti e Álisson; Mar-cos Rogério, Itaqui, Edenílson e Mar-celo Costa; Cristian Borja e Everton.Estádio CentenárioIngressos a R$ 10. Acompanhante de sócio, R$ 15. Cadeira, R$ 20. Estudan-tes e pessoas acima de 60 anos, R$ 5. Mulheres e sócios com mensalidade em dia não pagam ingresso. Torcedores do Inter, R$ 30 | Thomas Beltrão de Quei-roz, 898, Marechal Floriano

l Avenida x Juventude | segunda, 20h30 |

O Juventude precisa vencer o Aveni-da, último colocado da Chave 10 para se reabilitar no campeonato e entrar no grupo que avança para a fase final. O alviverde não contará com o zaguei-ro Fred, que recebeu o terceiro cartão

amarelo. O volante Júlio César ainda estará fora devido a dores no músculo posterior da coxa direita, e o atacante Amoroso é dúvida – sofreu uma pe-quena lesão no joelho durante o trei-no de quinta-feira. Osmar Loss deve começar com Carlão; Victor, Bressan, Jorge Felipe e Calisto; Umberto, Tia-go Renz, Gustavo e Roberson; Luan e Marcos Denner.Estádio dos EucaliptosIngressos a R$ 20. Mulheres, idosos e estudantes pagam meia | São José, 487, Santa Cruz do Sul

l Abertura do jogos escolares | sábado, 14h |

A competição que reúne as escolas estaduais, municipais e particulares de Caxias terá sua solenidade de aber-tura neste sábado, às 14h, no Largo da Estação Férrea. Logo mais, às 15h, quase 800 estudantes disputam uma mini-rústica nas categorias mirim, infantil e juvenil. Os jogos, que se es-tendem até novembro, incluem vôlei, basquete, handebol, futsal, futebol, xadrez e atletismo. Em 2009, a escola campeã foi o Murialdo, de Ana Rech.Largo da Estação Férrea Entrada gratuita | Rua Augusto Pesta-na, São Pelegrino

l Campeonato Gaúcho de Rugby 2010 | sábado, 16h |

A primeira rodada do Campeonato Gaúcho ocorre no final de semana. Sá-bado, às 16h, a equipe do Serra Rugby enfrenta o San Diego, de Porto Alegre, atual campeão gaúcho. O rugby, pou-co difundido no Brasil, é um dos es-portes mais praticados no mundo.

Clube Cruzeiro de São Gotardo Entrada gratuita | Distrito de São Go-tardo, Flores da Cunha

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Líder do grupo, o Caxias espera o Inter no Centenário; o Juventude vai a Santa Cruz do Sul em busca de reabilitação contra o lanterna Avenida

TÊNIS

FUTEBOL

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20 27 de março a 2 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

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por MARCELO [email protected]

tempo. Com vaguidão, desprezo, ido-latria, amor ou ódio, o tempo é im-piedoso. Não tem começo, não tem fim. Antes de a bola rolar ele desvela o cenário e os sentimentos envolvi-dos numa partida de futebol. Seja ela decisiva ou só mais uma pelada entre amigos. Há quem se veja perdido entre os tique-taques das horas, tentando re-primir a arritmia, a boca seca, o olhar trêmulo. Com a bola cravada entre as travas da chuteira e o prado verde, na-quele instante antes do apito inicial, o jogador pressente que o tempo parou.

Mas ele nunca para. Um time recém patrolado por outro terá de enfrentar logo após o apito final horas e dias arrastados até o próximo confronto. Porque uma partida de futebol dura 90 minutos, mas seu resultado pode durar para sempre. E não só porque o placar foi absurdamente elástico, derrubou o treinador ou, ainda, deu o título a um determinado clube. Como escreveu Raduan Nassar, no livro Lavoura Ar-caica: “Embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento”.

E nada como um dia depois do ou-tro para escrever-se uma nova história. Um dia, o Caxias perdeu de 8 a 1 para o Internacional. No outro, pode devol-ver a goleada, porque o ex-algoz anda levando surra de vara curta de quem passe pelo seu caminho. O tempo é implacável. Redistribui os papéis como se fosse um diretor de teatro contem-plativo, que a tudo vê, mesmo a distân-cia, amparado pelo pêndulo ritmado

do tempo. Caxias e Inter enfrentam-se neste domingo, dia 28 de março de 2010. Já na estação do outono. Estação de contemplação, de revisão, que nos conduz do excitante e verborrágico ve-rão ao sossegado e intimista inverno.

 Daquele primeiro confronto,

em 13 de dezembro de 1947, quase tudo mudou. O futebol tinha outro tempero, outro perfume, outros por-quês. Inter e Caxias não tinham sequer os estádios que hoje possuem. O time grená tinha até outro nome. Chamava-se Flamengo. Inter e Flamengo dispu-taram seu primeiro duelo no Estádio dos Eucaliptos, a casa dos colorados antes do Gigante da Beira-Rio. O Inter tinha no gol Harri. O arqueiro do Fla-mengo chamava-se Ary.

Os clubes disputavam o Campeona-to de Aspirantes. O primeiro gol foi do Inter, aos 25 minutos do 1º tempo, com o atacante Eliseu. No 2º, Sady, do Fla-mengo, descontou, logo aos 10. Termi-nava em empate o que ficou marcado na linha do tempo do mundo da bola o primeiro confronto entre o time da Serra e o da Capital.

Mais de 60 anos separam o primei-ro gol grená contra o Inter do último, marcado por Lê, em 1º de novembro de 2009, na vitória de 1 a 0 sobre o Inter B, pela Copa Arthur Dalegrave. Rever disputas entre dois clubes causa uma estranha sensação. É como se as par-tidas não tivessem fim, como se uma fosse continuação da outra. É o tal do tempo “inconsumível”, uma entre tan-tas metáforas desenhadas por Raduan Nassar para descrever-nos nessa dura

caminhada através dos anos. analisar apenas os números

dos confrontos, as vitórias e derrotas, gols feitos e sofridos, é reduzir o es-porte a um trabalho mecanicista, em que sequer importam as peças distri-buídas por esse tabuleiro de grama. E resta o quê depois de computar que os times grená e colorado dis-putaram 146 partidas (isso aglutinando a história de Flamengo e Caxias), segundo o historiador extra-ofi-cial do Caxias, Jorge Roth. Ou ainda, 158, entre Inter A, B, aspi-rante, amistosos e jo-gos oficiais, conforme o site Arquivo Grená, coordenado por Ra-fael Bernardi Rizzon. Números criam tramas infinitas de percepção da rea-lidade. Embora, descontextualizados, desumanizem o futebol e o afastem do real sentido: emocionar o torcedor.

Mais vale a relação de êxtase e pieda-de revelada por Adenor Bacchi, o Tite. O treinador estava do lado colorado naquele 19 de abril de 2009, uma tarde inesquecível de outono. Inesquecível para os torcedores do Inter, pela gole-ada de 8 a 1, e que lhes deu o título de Campeão Gaúcho. E inesquecível para o torcedor grená, que arrepia-se com as cenas dos oito gols como se fosse o pior – e interminável – pesadelo de suas vidas. Naquela tarde, Tite sorria porque erguia a taça pelo Inter, mas

sofria, em silêncio, porque sabia da dor do outro lado. Não apenas por ter sido vitorioso com o Caxias, nem por ter deixado saudade no clube. Mas porque sabe a dor que é perder, e de goleada.

“Nesse jogo, quando deu o quarto gol, eu não vibrava mais. Ficava come-dido, na casamata. Estavam decidos o

jogo e o título. Não ti-nha necessidade de eu vibrar mais, como for-ma de respeitar a dor do outro”, revela Tite, por telefone, do seu aparta-mento em Porto Alegre. Atualmente sem clube, Tite reconstitui calma-mente a partida.

 “Estávamos num

momento muito bom da equipe. Um dos momentos em que o

Inter atingiu o ápice de sua condição técnica. Jogávamos de forma bonita, mas efetiva. Com muita triangulação e muita agressividade, no ataque e na defesa. O resultado foi atípico, não imaginava que fosse dessa forma. Mas tudo isso foi reflexo dos primeiros 45 minutos perfeitos da equipe. O time estava muito focado, intenso na marca-ção, praticamente erro zero. E quando ia pro ataque convertia em gols”.

Há quem tente justificar o que acon-teceu. E há quem não consiga explicar por que sorria mesmo levando tantos gols. Nelson D’Arrigo, presidente do Caxias, em 2000, quando o clube ven-ceu o Campeonato Gaúcho, já disse, aqui n’O Caxiense: “Ao perdedor cabe

Memórias do clássico

Mais de 60 anos separam o primeiro gol grená contra o Inter, feito por Sady, do último, marcado em 2009 por Lê, contra o time B

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Caxias e Inter enfrentam-se pela 147ª vez, neste domingo,rememorando confrontos históricos, antigos e recentes

Ex-goleiro grená, Bagatini teve a oportunidade de fazer, contra o Internacional, aquela que ele considera a defesa mais bonita de sua carreira

CONFRONTOMUITO ALÉM DE UM

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justificar a derrota”. Nem sempre é fá-cil, nem possível. E não há tempo que apague perder de 8 a 1. Mesmo que da-qui para frente o Inter perca todas para o Caxias, daqui a 100 anos, os filhos dos filhos colorados ainda vão dizer que já venceram os grenás por 8 a 1.

Assim como está escrito na história que o Caxias venceu o imbatível colo-rado em 1976. Era o primeiro jogo do Estádio Centenário, oficialmente Fran-cisco Stedile, nome do então presiden-te grená. Em campo, além do hoje ilus-tre – e na época zagueiro ruim de bola – Luis Felipe Scolari, estava um outro homem de bigode, Cézar Angelo Baga-tini. O goleiro, nascido em Encantado e que veio em 1968 para Caxias jogar nos juvenis do Flamengo, descreve a partida como se estivesse narrando um filme. Uma epopeia, na verdade, já que o Inter, no mesmo ano, conquistara o oitavo título gaúcho seguido, e havia vencido, em 1975, o título nacional.

O jogo foi disputado dia 12 de se-tembro de 1976. Quinze mil pessoas estavam no estádio, especialmente construído para o Campeonato Brasi-leiro. O árbitro foi Armando Marques, de tantas Copas do Mundo. “Havia uma motivação a mais para os jogado-res por estarmos enfrentando um dos times da dupla Gre-Nal. É nesse mo-mento que o jogador aparece na vitri-ne. Jogarmos o Campeonato Nacional, então, foi uma motivação maior ainda, porque sabíamos que o jogo era im-portante, pela própria ascensão do Ca-xias. E ter vencido o Inter fechou com

chave de ouro”, conta Bagatini, hoje com 58 anos.

O Caxias venceu aquele jogo do Campeonato Brasileiro com gols de Osmar e Bebeto – este, segundo Jorge Roth, fazia sua estreia como centroa-vante grená. O Inter descontou no se-gundo tempo, com Valdomiro, confor-me súmula do jogo publicada no site Arquivo Grená. Na primeira edição d’O Caxiense, Jorge Roth descrevia em detalhes os gols do Caxias nesta conquista importante diante do Inter, que no mesmo ano venceria mais uma vez o Brasileiro, não sem antes cair diante do Caxias, no Centenário.

“O Caxias ganhou de 2 a 1. E foi um dos únicos a vencer o Inter naquele ano. O primeiro gol do Caxias foi do Osmar, que chutou uma falta no ângu-lo. O segundo foi do Bebeto. O Caxias rouba a bola na defesa, em poucos to-ques a bola é cruzada, atravessa a área e chega ao peito de Bebeto, que domina e chuta forte, um canhão no ‘fundo dos cordéis’, como diziam os antigos”.

Na mesma partida, o goleiro Bagati-ni seguraria a vitória, com uma defesa de cinema. Fosse numa Copa do Mun-do, Bagatini seria hoje tão conhecido e venerado como o inglês Gordon Banks (o homem que parou Pelé). “Nesse jogo, fiz a defesa mais bonita da minha carreira. O Inter veio numa triangula-ção e entrou na área. Saí num dos ata-cantes, que estava na marca do pênal-ti, mas este passou para o Valdomiro quase na pequena área, mais a frente. O Valdomiro chutou, eu saltei e defen-

di de mão trocada. O jogo estava 2 a 1”, recorda, sorrindo, Bagatini.

 Tite, justiça seja feita, não foi

apenas algoz do Caxias. Já deu muitas alegrias ao torcedor grená, como trei-nador e jogador. Tite não lembra se era em 1978 ou 1979. Mas Roth e suas pes-quisas confirmam: o referido jogo em que Tite fez gol no colorado ocorreu em 3 de agosto de 1980.

“O Benites era o goleiro do Inter. Nós vencemos por 2 a 0. O Centenário estava lotado. Eu era um meia armador mais avançado, jogava ou com a 8, ou a 10. Meu gol foi assim: teve um cruza-mento do lado esquerdo, não sei se de falta ou com a bola rolando. Me anteci-pei ao zagueiro e cabeceei no chão, no pé da trave. Saí vibrando na Ferradu-ra. Não sabia se estava flutuando, ou o quê, era um momento de êxtase. Eu ti-nha 18 anos...”, recorda Tite, feliz como se tivesse acabado de fazer o gol.

Roth recorda de pelo menos outras duas vitórias grenás diante do Interna-cional. “Destaco a vitória no octogonal do 1º turno do Campeonato Gaúcho em 15 de abril de 2000, ano do título grená. Mais uma vez tendo Tite como treinador. O Caxias venceu por 2 a 0, com gols de Delmer e Adão. E teve ain-da, em 4 de fevereiro de 1999, na Copa SulBrasileira, mais uma vitória de 2 a 0, desta vez no Beira-Rio, com gols de Washington e Grizzo. Na época, Wa-shington se tornava o maior artilheiro do Caxias, com 53 gols, recorde que depois veio a ser superado pelo Del-

mer”, lembra Roth. Entram e saem jogadores,

como um teatro inextinguível, com um texto de improviso a cada nova gera-ção. O cenário muda. Pode ser em dias de outono, de folhas secas espalhadas pelas calçadas ao redor dos estádios. Pode ser em noite de luar, de veranico de maio. Pode ser sob o olhar atônito de uma torcida que imagina viver um sonho ou pesadelo coletivo. Mas to-dos os que já vestiram as cores grená e colorada parecem reencontrar-se em cada nova batalha. E tudo vem à tona numa fração de segundos. Porque se Cristian Borja perder um gol na cara do goleiro, algum torcedor vai lembrar que Bebeto não teria perdido. Da mes-ma forma, no lado colorado, se Fabia-no Eller furar e deixar o campo aberto para o Caxias fuzilar as redes do gol colorado, algum torcedor vai lembrar que Figueroa não teria permitido.

Esse tempo de angústias e felicidades dribla os torcedores de futebol. Seja na era pré-histórica, quando o jogo tinha a cadência de uma partida entre ami-gos, ou mesmo era na pós-moderna, do avanço veloz dos alas em profusão. O tempo, não aquele dos 90 minutos de uma partida, mas o tempo incon-sumível, revelado por Raduan Nassar, “é o maior tesouro de que um homem pode dispor”. O escritor complemen-ta: “rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo”. Na goleada ou na justa vitória por 1 a 0, com gol aos 47 do 2º tempo.

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A torcida do Caxias, que ainda não esqueceu a derrota de 8 a 1 para o Inter, assistirá mais esperançosa ao confronto com o rival neste domingo

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O processo eleitoral deixou clara o suficiente a prerrogativa do Conselho Diretor de escolher o reitor da Uni-versidade de Caxias do Sul?

O processo eleitoral, os editais e as informa-ções a respeito deixaram bem claro: quem escolhe o reitor ou a reitora é o Conselho Diretor. Não há qualquer dúvida a respeito disso. Quando o processo foi para o meio acadêmico, houve uma distorção. Para algumas pessoas interessa-das nisso, inclusive setores da imprensa, a consulta vi-rou eleição. Acabaram partidarizando e ideologizando a consulta. Não era essa a intenção. A intenção era – e é – bus-car o melhor reitor, qual a pessoa mais preparada para desempenhar a função. Com 1.200 professores na universida-de, com todo esse universo, eu esperava ao menos cinco ou seis candidatos. Com mais inscritos, certamente não haveria o problema que se criou. Foi um erro fazer essa consulta generaliza-da com poucos candidatos.

Mas o processo não foi encaminha-do pelo próprio Conselho Diretor?

Sim, esse é um problema. Mas foi o Conselho Diretor que o criou. Ago-

ra tem que embalá-lo e resolvê-lo. De qualquer forma, a decisão conti-nua sendo independente. Quem toma a decisão, quem escolhe, são os integrantes do Conselho. É uma questão individual, com voto secreto.

Por que o sistema de escolha não mudou?

Não podia. É um procedimento estatutário. E, mes-mo com as mudanças previstas nos estatutos, vai continuar sendo assim: a escolha é do Conselho, que pode ouvir a comunidade universitária a fim de reunir elementos para essa escolha, mas é quem escolhe. E o Conselho tem consciência de sua responsabilidade. O presidente do grupo é o responsá-vel maior pela fundação. Existe uma implicação aí dentro e isso também não pode ser descartado.

Renato [email protected]

Estar na comissão é matar um leão todos os dias

Vereadora Ana Corso (PT), ao afirmar que uma parcela da população não entende o trabalho da Comissão de Direitos Humanos da Câmara,

de lutar pelos direitos de todos, sem distinção

O presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul é categórico: quem escolhe o reitor da UCS é o Conselho Diretor

perguntas paraJoão Paulo Reginatto

Nem na Festa da Uva, tampouco neste período pré-campanha eleitoral. A ministra Dilma Rousseff abandonou de vez a ideia de visitar Caxias en-quanto ainda responde pela Casa Civil do Palácio do Planalto. A presença de Dilma aqui chegou a ser anunciada para este sábado. Ela visitaria obras que estão sendo feitas pela prefeitura com parte de financiamento da União (Loteamento Victorio Trez e barragem do Marrecas).

O fim de semana de Dilma vai ser utilizado para os últimos ajustes ao PAC 2, antes de deixar o governo para disputar a presidência da República.

O Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul define o novo reitor da UCS em meio à mobili-zações de estudantes que querem fazer valer o resultado da consulta realizada na semana passada – mesmo que eles soubessem do caráter indicativo da lista de nomes votados.

A reeleição do reitor Isidoro Zorzi é tida como certa. Talvez sem os votos dos dois representantes do Ministério da Educação, Roque Grazziotin e Mari-sa Formolo. A manifestação da verea-dora Denise Pessôa, esta semana, lança uma pista a respeito do posicionamento de ambos.

Depois de proferir palestra no audi-tório do Sindicato dos Metalúrgicos, quarta-feira, o senador Paulo Paim (PT) participou da festa de aniversá-rio de um velho amigo, o empresário Adão Marques da Silva, dono da PHD Guindastes. Também estava presente o prefeito José Ivo Sartori.

O clima reinante foi de camarada-gem, apesar de a imensa maioria dos convidados ser contrária à proposta de emenda à Constituição defendida por Paim, que reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais e aumenta o adicional na hora extra de 50% para 75% do valor da hora trabalhada.

Volta e meia a bancada do PT tenta encontrar alguma forma de desgastar o Samae ou a direção da autarquia. Desta vez, com motivos. Na sessão de quinta-feira da Câmara, conseguiu aprovar – por unanimidade – requeri-mento que solicita informações sobre a qualidade e a falta de água na cidade.

Os petistas, com o respaldo dos demais parlamentares, querem saber a respeito de um problema recorrente: o motivo para a água ter coloração e sabor acentuado. O requerimento quer saber também a extensão da rede de abastecimento da cidade.

A apresentação do balanço da Festa da Uva 2010 ficará para depois da Páscoa. Na próxima semana, deverá haver a divulgação do resultado de uma pesquisa de satisfação realizada entre os visitantes do evento. Consta que os números são positivos.

Tirando os investimentos feitos este ano no parque – da cobertura do Espa-ço Multicultural à construção do Salão Paroquial da festa –, a um custo de R$ 3,4 milhões, o balanço financeiro tam-bém será positivo. Público computado? Algo em torno de 850 mil pessoas

O vereador Mauro Pereira (PMDB) saiu em defesa do ex-governador Germano Rigotto, criticado pelo tom governista adotado na palestra proferida na última segunda-feira (22) na CIC.

“Sei que algumas lideranças critica-ram Rigotto por seu discurso otimista na CIC, mas as pessoas devem entender que ele faz parte, a convite de Lula, do Conselho de Desenvolvimento Econô-mico e Social. Vem acompanhando todo esse processo desde o tempo em que era deputado federal e presidia a comissão de reforma tributária. Conhecia todos os servidores que trabalharam no plano econômico, ainda no tempo de Itamar Franco, e depois, no período Fernando

Henrique. E são os mesmos que traba-lham até hoje. Quando Rigotto diz que a economia está bem estruturada, que é positiva, é porque conhece tudo isso e tem que ser coerente com o que está assistindo, vendo o momento atual e o futuro de uma forma otimista. Isso, na minha opinião, não é ser governista, é ser realista.”

Também para Mauro, o presidente Lula foi inteligente ao manter a equipe econômica de Fernando Henrique, tida como responsável pela estabilização da economia.

“Os técnicos são os mesmos, não mudou nada. Por isso dá para confiar na espinha dorsal da economia.”

O anúncio dos resultados terá um desdobramento: a realização de amplo debate a respeito do futuro da Festa da Uva. A comissão comunitária e a dire-ção da empresa estão cientes da neces-sidade de se discutir o atual modelo da festa. E essa discussão deverá acontecer no mais breve espaço de tempo possí-vel. Para que os problemas enfrentados e também os acertos verificados não se percam.

É no mínimo estranha a posição de alguns peemedebistas diante da decisão de Germano Rigotto de disputar uma vaga no Senado. Todos dizem que apoiam o ex-governador, mas a cada dia surgem novas possibilidades.

Uma delas é a reivindicação do, digamos, controverso deputado Eliseu Padilha de também concorrer a essa vaga. Além dele, agora Ibsen Pinheiro se apresenta como alternativa.

Com duas casas pagas à disposição de dois soldados, com a reforma de um carro Palio e a compra de uma moto-cicleta, a associação dos moradores do Colina Sorriso está garantindo policia-mento no bairro. A essa quase privati-zação, a Brigada Militar dá o nome de Policiamento Comunitário.

Na verdade, com a iniciativa, a BM corre sério risco de ter sua boa imagem arranhada. Isso porque o sistema passa a impressão de que, se há dinheiro, há segurança.

A exposição de motivos do projeto que propôs a concessão do título de cidadão caxiense a Zé do Rio, assinado pela bancada petista da Câmara de Ve-readores, apresenta tantos elogios, atri-bui tantas qualidades e méritos a ele que uma pergunta se impõe: como foi que o PT, nos oito anos de governo da Frente Popular, abriu mão de contar com os préstimos de tão peculiar personagem? No mínimo, ele poderia ter redigido discursos inflamados, uma característi-ca do homenageado do próximo dia 15 (a data estava reservada antes mesmo da aprovação da proposta).

Impossibilitada

Conclusiva é agora

Jornada reduzida

Sabor de veneno

Balanço da festa

Coro de otimistas

No calor da hora

Posto concorrido

Privatização da BM

Jogado fora

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4 9 a 15 de janeiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Leo

Bur

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Bra

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Dia 27 de março,

apague as luzes entre

20h30 e 21h30 e participe

da Hora do Planeta,

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