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Renato Henrichs: consulta popular online em estudo | Roberto Hunoff: Joinville voa melhor que Caxias | Mato Sartori: enfim, trilha desobstruída Caxias do Sul, maio de 2010 | Ano I, Edição 23 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S8 |D9 |S10 |T11 |Q12 |Q13 |S14 CLÍNICA SINDICAL A trajetória e os métodos de Marlonei dos Santos, líder dos médicos grevistas A má qualidade do ar, causada principalmente pela poluição de veículos automotores, pode ser revertida com o uso de tecnologias limpas. A indústria caxiense tem alternativas prontas e testadas. Basta o poder público incentivar a sua adoção IDEIAS CONTRA A POLUIÇÃO M. Damasceno/O Caxiense

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A má qualidade do ar, causada principalmente pela poluição de veículos automotores, pode ser revertida com o uso de tecnologias limpas. A indústria caxiense tem alternativas prontas e testadas. Basta o poder público incentivar a sua adoção

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Renato Henrichs: consulta popular online em estudo | Roberto Hunoff: Joinville voa melhor que Caxias | Mato Sartori: enfim, trilha desobstruída

Caxias do Sul, maio de 2010 | Ano I, Edição 23 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S8 |D9 |S10 |T11 |Q12 |Q13 |S14

CLÍNICA SINDICALA trajetória e os métodos de Marlonei dos Santos, líder dos médicos grevistas

A má qualidade do ar, causada principalmente pela poluição de veículos automotores, pode ser revertida com o uso de tecnologias limpas. A indústria caxiense tem alternativas prontas e testadas. Basta o poder público incentivar a sua adoção

IDEIASCONTRA APOLUIÇÃO

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Índice

Expediente

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A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Em Joinville, equipamento garante pousos e decolagens mesmo com clima ruim

Retratos do tempo | 5A imagem que ficou na memória da família Tomazoni após quase 60 anos dedicados à fotografia

Sinal Verde | 8Parque Municipal Mato Sartori está com inscrições abertas para aulas de preservação ambiental

Perfil clínico | 10Quem é Marlonei Silveira dos Santos, o sindicalista que lidera as greves médicas

Pavilhões gaudérios | 12Multidão tradicionalista se reúne na 22ª edição do Rodeio Crioulo Nacional

Conscientização no ar | 13Empresas como a Tuttotrasporti e a Agrale já trabalham em produtos de tecnologia limpa, mas a cidade não parece disposta a adotá-los

Guia de Cultura | 16 Fragmentos femininos na Galeria Municipal e uma visão aguda da moral protestante no Ordovás

Artes | 18Perguntas no lugar onde há espera por respostas

Guia de Esportes | 19A classificada dupla CA-JU disputa a última rodada da primeira fase no Sub-20

Depoimentos grenás | 20Torcedores relatam por escrito a emoção das glórias do Caxias

Expectativa alviverde | 21Lauro, o ídolo em campo, aceitará defender o Ju fora dele?

Renato Henrichs | 23Presidente da Câmara avalia ideia de consulta popular pela internet para projetos polêmicos

COMENTÁRIOS NO SITE (Acompanhe em www.ocaxiense.com.br)

Greve dos médicos | Concordo plenamente com a greve, apesar de não atender em Ca-

xias. O trabalho médico está desvalorizado há muito tempo. Àqueles que nos apontam nos “lembrando” de nosso juramento, digo que reivindicar remuneração justa não o fere. A maioria de nós somos médicos em tempo integral… eu adoraria ser, por exemplo, uma empresária, e ser médica apenas nas horas vagas, mas amo o que faço (e procuro fazer o melhor possível) e isso exige tempo integral. Nosso curso dura 6 anos, sem contar (no meu caso) 4 anos de residência, inúmeros cursos, congressos e gastos com livros, visando a constante atualização. Ainda tenho muito a dizer, mas paro por aqui. Desejo aos colegas de Caxias que tenham muito sucesso.

Giovana Sebben, em 4 de maio

GALERIA DE FOTOS(Veja em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

Confira a galeria de fotos com imagens da exposição Frag-mentos, do artista plástico Victor Hugo Porto.

Erramos | O nome do avião conhecido como Seringueiro é Piper J-3 Cub, e não “Club”, como publicado na edição anterior (Aprender a voar).

Capa | Arte de Marcelo Aramis.

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

Edição 22 |@danieldalsoto Uma capa diferente, com proposta ecoló-gica, sem contar o conteúdo do jornal, que está muito bom! Pa-rabéns novamente @ocaxiense.

Daniel Dalsoto, em 2 de maio

SER Caxias |@MartaDetanico @ocaxien-se Muito bom ler reportagens assim. É este tipo de imprensa que tanto queríamos e que agora temos. Parabéns.

Marta Detanico, em 7 de maio

Diskoteke Elpídio fecha |@anaseerig Isso é lamentável!

Ana Seerig, em 6 de maio

@lbgomes Parabenizo @ocaxiense pela matéria sobre a loja de discos do Elpídio. Vai deixar saudades!

Lucas Bonan Gomes, em 3 de maio

@RicaMartini É um prazer ler @ocaxiense. A matéria sobre a loja do seu Elpídio me fez retroceder 20 anos.

Ricardo Martini, em 2 de maio

Regularização do título de eleitor | @bruno_txt @ocaxiense O tempo médio da fila para fazer o título é de 4 horas. Quatro horas, cara!

Bruno Parizotto, em 6 de maio

@AnnaElisaM Passei por lá e a fila tava imensa! Ana Elisa Minuscoli, em 6 de maio

Cesta básica |@Sechaus Quem ganha 1 salário mínimo tá na dieta.

Maurício Sechaus, em 5 de maio

Mato Sartori |@gustavotoigo @ocaxiense O Mato Sartori merece destaque pois vai precisar de preservação e acompanhamento fortes.

Vereador Gustavo Toigo, em 4 de maio

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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Renato Henrichs comenta a ida de comitiva caxiense para a África do Sul | Roberto Hunoff fala do prêmio do Sebrae concedido a Sartori | Na entressafra, Caxias e Ju semeiam o futuro | A herança musical de Elpídio se cala

Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 22 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S30|S1° |D2 |S3 |T4 |Q5 |Q6 |S7

Em processo acelerado de urbanização, Caxias necessita de um projeto de arborização e conscientização ambiental

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CARREIRA EM ALTAExpansão do setor e paixão por voar atraem candidatos a piloto de avião

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A SemanaComeça 5ª etapa de vacinação contra H1N1; mais de 113 mil já foram imunizados em Caxias

Inclusão digital

Novo aeroporto

Caxias receberá novos telecentros

Local deve ser confirmado após eleições

Caxias do Sul poderá receber até 24 novos telecentros. O projeto encami-nhado pela Secretaria de Planejamen-to ao programa do governo federal Telecentros.Br foi um dos 63 aprova-dos entre os 1.071 inscritos em todo Brasil. O coordenador do Comitê de Inclusão Digital, Peterson Danda, explica que o projeto encaminhado ao governo prevê a instalação de 24 telecentros, com foco principal nas comunidades de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município. “Destes, 20 são novos espaços e quatro serão destinados para revitalização de espaços já existentes, que sofreram algum tipo de dano em seus equipamentos, como é o caso do Ciad (Centros de Inclu-são e Alfabetização Digital) de Vila Oliva, que teve seus equipamentos danificados pelo raio que atingiu o distrito no início deste ano”, informa.

O impasse sobre a definição do local do novo aeroporto tomou novos rumos. O deputado federal Ruy Pauletti (PSDB) acredita que a gover-nadora Yeda Crusius irá divulgar a localidade escolhida (Monte Bérico ou Vila Oliva) apenas após as eleições de outubro. O relatório de viabilida-de encomendado pelo governo será concluído ainda neste mês, como confirma a assessoria de imprensa

da Secretaria de Infraestrutura e Logística. “Acredito que ela (a gover-nadora Yeda) vai se reunir com sua assessoria e não vai achar conveniente divulgar o resultado do relatório tão logo. Provavelmente irá fazer isso depois das eleições”, diz o deputado.

“Fiquei surpreso ao ouvir isto do deputado Pauletti. A governadora disse que ficaria pronto o estudo entre o final de abril e início de maio. Ficamos muito chateados com essa nova informação. A Serra preci-sa desse aeroporto, independente do local que seja. Assim perdemos mais um ano”, diz Milton Corlatti, presidente de Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), instituição que luta pela vinda do novo aeroporto para Caxias.

Cerca de 113.362 pessoas receberam a vacina contra o H1N1 em Caxias do Sul. O número, segundo a coordena-dora da Vigilância em Saúde, Arlete Viezzer, está dentro do esperado, e mostra que a cidade tem se destacado do restante do Estado. No sábado (8), inicia quinta etapa da vacinação para pessoas de 30 a 39 anos. Também está sendo realizada a vacina contra a gripe comum em pessoas de 60 anos ou mais. Até quarta-feira já haviam sido atendidas 22.098 pessoas. No caso de idosos portadores de do-enças é aplicada a vacina contra a gripe H1N1 num braço e a da gripe sazonal no outro. “A vacina da gripe sazonal para os idosos é até mais importante do que a da gripe H1N1 porque é o vírus que mais circula no nosso Estado, e até no Brasil. E a gripe comum é tão grave quanto a H1N1. Devido as campanhas de vacinação se percebe que diminuíram o núme-ro de internações e de mortes por doenças respiratórias”, explica Arlete.

Seis homens e treze mulheres con-correm às 10 vagas para conselheiros tutelares de Caxias. Na apresentação, quase todos os candidatos disseram já ter experiência em trabalhos com crianças e adolescentes. A votação que elegerá cinco conselheiros para cada Conselho Tutelar – Macro Região

A Keyworks Tecnologia da Informa-ção, empresa caxiense de desenvolvi-mento de softwares, começou a pres-tar serviços para a Trensurb, empresa responsável pelo trem que liga Porto Alegre a São Leopoldo. A Keyworks venceu a licitação realizada em de-zembro do ano passado, e o serviços começaram a ser prestados a partir do dia 12 de abril, data em que foi oficia-lizado o contrato entre as duas partes. O contrato tem um ano de duração e pode ser renovado por até cinco. “Nós somos responsáveis pela manuten-ção do site e da intranet (rede local onde estão as informações corpora-tivas da empresa)”, conta o diretor da Keyworks, Julio Cesar Machado. Apesar da distância, analistas serão deslocados até a sede da Trensurb.

Norte e Macro Região Sul – será aber-ta à comunidade e ocorre no dia 30 de maio. O resultado deverá ser conhe-cido no mesmo dia. Os conselheiros eleitos assumirão em outubro, e ficam nos cargos até 2013. O salário de um conselheiro tutelar é de R$ 2,7 mil. Confira os candidatos às dez vagas de conselheiros tutelares: Cecilia Silveira Leite, Cleonice de Fátima AndradeCleusa de Fátima Oliveira da Silva, Daiane da Cruz, Fabian Tamura, Giane Neitzke Kuhn, Janaína Santos Gil, Janice Armino, Jucimara Fátima Vidal, Loci Teresinha de Almeida Prux, Marcelo Valmir Vanzin da Silva, Marcos Antonio Castilhos Abreu, Marien Regina AndreazzaMerindiara Godinho Rodrigues, Paulo Roberto Borges, Paulo Rodrigo Toledo Inda, Rosane Biurrun Mar-tins Curto, Terezinha Marli Pescador Andreazza e Zeferino de Freitas.Negócios

Em abril o caxiense precisou desembolsar R$ 505,67 para adquirir a cesta de produtos básicos. O valor representa aumento de 1,32%, ou R$ 6,57 absolutos, na comparação com março. Em 12 meses é o segun-do maior aumento, atrás apenas de junho, que foi de 1,67%. O indicador é apurado mensalmente pelo Ins-tituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade de Caxias do Sul com base nos preços de 47 itens coletados em cinco supermercados.

O resultado foi influenciado pelos produtos alimentícios, em alta de 2%, superando o valor de R$ 402. O custo dos produtos não-alimentares declinou 1,25%, passando para R$ 103,65. A coxa de frango foi o item de maior aumento, com 16,47%. Seguiram-se o tomate, 12,6%; cebola, 13,92%; leite longa vida, 6,58%; e carne bovina, 3,58%.

H1N1

Eleições

NegóciosCesta básica

Mais de 113 mil já foram vacinados em Caxias

Conselho Tutelar tem 19 candidatos

Empresa caxiense presta serviços para Trensurb

Alimentação eleva custo

SEGUNDA | 3 de maio

TERÇA | 4 de maio

QUINTA | 6 de maio

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Caxias teve projeto de inclusão digital aprovado e receberá recursos federais para até 24 novos telecentros, como o Centro de Inclusão Digital (Ciad) de Vila Cristina

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Desenvolvido inicialmente para sensi-bilizar alunos da rede pública e privada, o vídeo Simecs Ambiental será agora difundido para toda a comu-nidade, tornando-se oficialmente tema de campanha da entidade neste ano. O trabalho de aproximadamente seis minutos foi editado em três versões, focando aspectos de preservação do meio ambien-te: água, lixo e energia. O personagem central é “Sid-Sementinha”, que apresenta as ações que visam à preservação ambien-tal.

Roberto [email protected]

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos orgulha-se pela agilidade e rapidez com que faz as entregas de corres-pondências. Mas este orgulho não pode ser dividido com a sua agência Centro de Caxias do Sul, que tem atendimento pre-cário. Quem precisou postar uma simples correspondência na tarde de quarta-feira (5), aguardou, no mínimo, 45 minutos. De 12 caixas dispostos para atendimento, apenas a metade funcionava no meio da tarde. Já quem postava um sedex ou uma encomenda, obviamente serviços mais caros, tinha preferência no atendimento, algo que deve ser rotina. Fica aqui uma sugestão aos vereadores, sempre ciosos em regular, no que estão certos, o tempo máximo de espera de um cliente nas filas de bancos e supermercados, por exemplo. Façam o mesmo com os serviços públi-cos, começando pela Agência Centro dos Correios.

O Grupo PCP Participações, de Caxias do Sul, escolheu a Dinâmica Comunicação Empresarial para a prestação de serviços de assessoria de imprensa. A corporação, fundada em 1978 para atuar na representação comercial de empresas dos ramos siderúrgico e metalúrgico, desde 1990 também manufatura chapas e tubos de aço. Atualmente, o grupo está dividido em cinco uni-dades: PCP Produtos Siderúrgicos, PCP Serviços de Corte em Aço, Unylaser Indústria Metalúr-gica, Tuboservice e Imefer, afiliada do Grupo Galeazi de São Paulo. Já a Enter Comunicação fechou contratos com a Qualytool Consulting-Group, empresa caxiense de consultoria empre-sarial, pesquisa e educação executiva, e Emporio Arredo, fábrica de móveis de Garibaldi.

A Spassus Stands Promocionais, de Porto Ale-gre, abriu escritório em Caxias do Sul para pres-tar serviços em desenvolvimento e montagem de estandes personalizados para feiras, congressos, exposições e eventos. A diretora Paula Schafiro-witz estima que a localização de filial na Serra elevará em 50% o faturamento da empresa nos próximos dois anos.

Responsável por média mensal de 730 cirurgias no ano passado, o Hospital Saúde trabalha com meta de elevar o número em 10%. Para sustentar a expansão conta agora com 20 leitos para recuperação e nove salas cirúrgicas no Centro Cirúrgico. Desde o ano passado, o estabelecimento vem ampliando sua estrutura.

Com a perspectiva de elevar as vendas do Dia das Mães de seus lojistas em 15%, o Prataviera Shopping desenvolve a campanha Essência de Mãe Prataviera Shopping. Por meio dela, ocorre até sábado, dia 8, a distri-buição de aromatizantes de ambientes personalizados para compras acima de R$ 100.

O dia 8 de maio marca os 30 anos de exis-tência do Dall’Onder Grande Hotel, de Bento Gonçalves. Ele se originou a partir da compra do Hotel Atlântida pelo empresário Rodolpho Elia Dall’Onder, que levou para administração do empreendimento o genro Tarcisio Michelon. À época, eram 26 apartamentos; atualmente são 265, distribuídos em seis categorias, além de estrutura para alimentação, lazer e eventos. Para marcar a data, a rede Dall’Onder, ainda formada pelos hotéis Vittoria e Vinocap, elaborou progra-mação que se estende até junho.

Com a proposta de oferecer móveis exclusivos e contemporâneos, os em-presários Fernando Bazzo e Fernanda Hackbart criaram a Carmella Chic Mobiliário. Com 10 anos de experi-ência no comércio internacional de móveis, os empreendedores buscam as novidades em países asiáticos, como

Tailândia, Filipinas, Malásia, Vietnã e China. A loja tem área construída de 500 metros quadrados, ocupando três andares de uma residência da área central, e jardim de 700 metros qua-drados. O horário de funcionamento é outro diferencial da loja: atende das 14h às 20h.

Maior município do vizinho estado de Santa Catarina, Joinville guarda muitas semelhanças com Caxias do Sul, espe-cialmente quanto à economia. Ambas cidades têm forte vínculo com a indústria metal-mecânica. Também têm um proble-ma em comum: as condições climáticas interferem seguidamente no funciona-mento de seus aeroportos. Mas, neste caso, há uma grande diferença: Joinville se mobilizou e conseguiu, via governo federal, a instalação do ILS, equipamento capaz de garantir pousos e decolagens em situações de visibilidade comprometida – algo que Caxias conhece muito bem. Quem sabe não se faz o mesmo por aqui, já que o novo aeroporto, por tudo que se vê e ouve, vai demorar décadas. Se nada for feito os clientes continuarão sendo brindados por promoção muito especial da Gol. Ao comprar uma passagem de Caxias-São Paulo, se tem direito a trechos adicionais sem ônus: Caxias-Porto Alegre, Porto Alegre-Guarulhos e Guarulhos-São Paulo. O inconveniente é que a viagem de, no máximo, 1h30, se transforma numa de quase oito horas. Para terminar: Joinville também tem voos da TAM e da Azul.

Pode até não parecer, porque não tratou de PIB, inflação, investimen-tos, mas a palestra do ex-governador Antônio Hohlfeldt nesta semana foi uma das mais importantes e signifi-cativas já promovidas pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Sua abordagem tocou num ponto crucial da comunida-de local: a comunicação não é vista como instrumento de promoção, de divulgação, de fortalecimento da ci-dade. É avaliada tão somente como um gasto de pouco ou quase nenhum retorno. Isso vale para iniciativa pri-vada e pública. Pois o ex-governador foi feliz em toda a sua manifestação

e fez ver como a comunicação pode ser decisiva para uma cidade ou or-ganização. As poucas empresas de Caxias que fazem uso, e bem, des-ta ferramenta sabem o quanto ela é importante. Que as demais milhares de organizações caxienses se abram para a comunicação. Elas têm muito a ganhar. O ex-governador aprovei-tou para comunicar a realização do 33º Congresso Brasileiro de Ciên-cias da Comunicação (Intercom), com o tema Comunicação, Cultura e Juventude, no período de 2 a 6 de setembro próximo na Universidade de Caxias do Sul, com expectativa de reunir cinco mil participantes.

No tranco do jabuti

Novas contas

Suporte às feiras

SaúdeBrinde aromatizado

Comemoração

Sofisticação

Campanha ambiental

Em Joinville dá!

Para reflexão

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A Qualytool ConsultingGroup foi contrata-da pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) para assessorar seu projeto de integração de sistemas de gestão. Caberá à empresa caxiense integrar cinco normas de certificação - meio ambiente, qualidade, saúde e segurança ocupacional, segurança da informa-ção e responsabilidade social -, em um único sistema, conferindo maior eficiência e agilidade à gestão e aumentando a competitividade do cliente no cenário mundial de mineração. A CBMM, com matriz em Araxá (MG), é a única produtora de nióbio com presença em todos os segmentos de mercado e subsidiárias na Europa, Ásia e América do Norte.

Contrato

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A CIC de Caxias do Sul promove a partir das 19h30 de terça-feira (11), em sua auditório, palestra com Wal-dez Ludwig. Ele falará sobre o tema A gestão do capital intelectual como di-ferencial competitivo.

Na quarta-feira (12), a partir das 18h, ocorre no auditório da CIC de Caxias do Sul, a segunda edição do Diálogos da Comunicação. Serão abordados os temas Eventos e negócios

e sua relação com a imagem e A im-prensa como quarto poder.

O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul e prefeito de Sentinela do Sul, Marcus Vinícius Vieira de Al-meida, palestrará na reunião-almoço de segunda-feira (10) na CIC de Ca-xias do Sul. O político falará sobre o tema Pacto federativo: ficção ou reali-dade.

Curtas

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por VALQUÍRIA [email protected]

letreiro luminoso vermelho e azul da Tomazoni foi desligado no final do ano passado. Desde a década de 1980, quando o neon foi instalado no telha-do do prédio de sete andares da famí-lia, no bairro de Lourdes, as palavras Kodak e Tomazoni podiam ser vistas de longe, piscando e iluminando as noites, as casas e os prédios vizinhos. Quando o principal administrador das lojas de fotografia, João Alberto To-mazoni, o Joni, faleceu, em março de 2009, não havia mais motivos para que o letreiro ficasse ligado. Era o que fal-tava para o negócio, que já não ia bem, fechar as portas, poucos meses antes da data em que completaria 60 anos de existência.

Quando tinha 12 anos, Maria Lúcia Tomazoni adorava passar as tar-des fotografando as amigas no Parque Monteiro Lobato (próximo ao colégio Emílio Meyer), no bairro Exposição, com uma câmera de filme em rolo, que fazia até 12 poses. Presente do pai, o fotógrafo Clemente Tomazoni. Maria Lúcia é uma das poucas adultas, hoje na faixa dos 60 anos, que possuem muitas fotos do tempo de infância. “Eu e o Joni, principalmente, que éramos os filhos mais velhos, sempre tivemos acesso às câmeras, o pai sempre foi muito de deixar a gente usar”, conta Maria Lúcia, que hoje, em vez de foto-grafar as amigas com uma pequena câ-mera analógica, tira fotos digitais dos netos. “Mas sinto falta de abrir álbuns e manusear as fotografias.”

Maria Lúcia considera a fotogra-fia algo extremamente sentimental. “Quando a gente olha para uma foto antiga é como se a gente revivesse, como se um filme passasse na cabeça.

A foto sempre diz alguma coisa”, expli-ca. Revelando emoções, a imagem que fica, diziam os slogans da Tomazoni.

O valor que Maria Lúcia atribui à fo-tografia certamente é herança de Cle-mente, que aos 15 anos, ao trabalhar com um irmão, em Erechim, descobriu que a foto faria parte de sua vida. Na época, o garoto que nada entendia do ramo aprendeu a profissão da forma mais eficiente que existe: na prática. Fazia fotos de estúdio, eventos sociais, clubes e até para a polícia e funerais. “Meu pai já fotografou morto, mas não aqui em Caxias, era mais nas colônias que solicitavam isso”, conta a outra fi-lha, Maria Cristina. Em maio de 1950, já casado há cinco anos com Odila Su-zin e conhecido pelo nome comercial de C. Tomazoni, Clemente veio para Caxias e abriu seu próprio estúdio ao lado do tradicional Clube Juvenil. No Natal de 1958, saiu do aluguel e mu-dou-se para uma casa na Rua Sinimbu, na época uma rua pacata, onde hoje fica uma loja de emoldurações, ao lado do prédio da Tomazoni. Além de ven-der produtos fotográficos, a loja era conhecida pelas fotos de indústrias e pelas fotos sociais feitas por Clemente, que também registrava jogos de fute-bol – o que ele chamava de “reporta-gens”.

Sérgio Mazzochi entrou na Tomazoni em 1971 e de lá só saiu no fechamento da empresa, em 2009. Iniciou como aprendiz, assim como Clemente, e foi acompanhando todas as etapas da fotografia. “Desde a bacia até o digital”, diz ele, fascinado com os processos químicos, elétricos, óticos e digitais pelos quais a foto passou ao longo do tempo.

No início dos anos 70, a passagem do preto e branco para o colorido foi, de acordo com Sérgio, o que mudou o

modo de fazer fotografia para sempre. “Foi aí que começaram as revelações para amador. Antes, existia revelação no preto e branco, mas era muito pou-co. O preto e branco era mais simples, dois banhos no máximo. E o colorido era técnica alemã, demorava uma se-mana para chegar à fotografia final, pois eram 14 banhos para revelar o fil-me e depois vinha o processo do papel. Era muito artesanal”, explica Sérgio.

Tamanha foi a transformação que a Tomazoni, no início chamada La-boratório Fototécnico Reunidos, depois La-boratório Fototécnico Tomazoni, mudou de nome, para Tomazoni Laboratório Fotográfi-co a Cores. Era ainda administrada por Cle-mente, junto com Sér-gio, um sobrinho, Antô-nio, e o filho mais velho, Joni.

Em 1975, aos 15 anos, a irmã mais nova de Joni, Maria Cristina, entrou no negócio da família. Aten-dia clientes e retocava fotografias – na época, intervenções para tirar peque-nas sujeiras das fotos eram feitas com tintas específicas, nada parecido com os retoques digitais de hoje. Logo ela começou a fotografar: “Passava as sex-tas e os sábados dentro de um estúdio fotografando. Naquela época, por in-crível que pareça, faziam fila para bater foto dos filhos. Era hábito, nos sábados, pegar os filhos, bater fotografias e fazer pôsteres. Era uma coisa tradicional. Não se marcava horário, era por che-gada. Parecia uma fila de vacinação”.

Sérgio e Maria Cristina se co-nhecerem na Tomazoni e, anos depois, casaram-se. Até hoje moram no pré-

dio da família. Juntos, relembram um momento importante da Tomazoni: a parceria com a com a norte-americana Kodak, que quando entrou no merca-do, por volta de 1975, ajudou a popu-larizar a fotografia, até então elitizada. “Eram câmeras fáceis e baratas, como hoje o celular, que todo mundo tinha. A Kodak foi um show. E fez com que a revelação ficasse mais rápida, trou-xe equipamentos automatizados, que propiciavam alta produção. Dos anos 70 para 75 houve uma evolução muito

grande da fotografia. E de 75 para os anos 80 houve um pulo gran-dioso, com muita gen-te fotografando”, conta Sérgio.

Como a Tomazoni foi a primeira a traba-lhar com a Kodak no Estado, e foi sua única revendedora autori-zada por muitos anos, a marca dava suporte à empresa caxiense, cedendo materiais,

cursos e até o letreiro de neon. Com o impulso da Kodak, a Tomazoni passou a ter muito mais serviço e parou de fa-zer as “reportagens” – que exigiam que os sócios fotografassem nos finais de semana. “Parar com isso foi uma bai-ta besteira que fizemos na época. Olha hoje, qual é a loja de fotografia que faz o social, formaturas e casamentos, que não tem seu próprio laboratório? O ne-gócio da fotografia está todo junto, é o inverso do que nós pensávamos. Se nós tivéssemos continuado, estaríamos como as grandes lojas de fotografia es-tão hoje”, explica Sérgio, que fala do so-gro como se fosse um pai. “Era um ne-gócio familiar e, enquanto o Clemente era vivo, para mim era muito bom. Ele não deixava que as divergências

Registros da memória

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ÁLBUM DE FAMÍLIAA história dos Tomazoni, unidos por um negócio de quase seis décadas e incontáveis imagens

“Era hábito, nos sábados, pegar os filhos, bater fotografias e fazer pôsteres. Parecia fila de vacinação”, relembra Maria Cristina

O letreiro instalado sobre o prédio da família, onde ficava a matriz, em Lourdes, teve suas luzes apagadas no fim de 2009

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acontecessem. Era uma pessoa muito otimista, positiva, tinha visão de fu-turo das coisas, acreditava nas pessoas e dava oportunidade, sabia em quem apostar. E era uma pessoa simples, não tinha muito estudo. Eu gostava muito dele. Ele era a mola propulsora.”

Em 1979 a Tomazoni abriu a pri-meira filial, na Galeria Jotacê, na Júlio de Castilhos. Neste mesmo ano, Maria Lúcia começou a trabalhar na Tomazo-ni. Fazia o que mais gostava e atendia ao público. “Alguns clientes iam buscar as fotos e contavam a vida para nós. Eu ficava pasma, ouvindo, e criava um vínculo muito grande com eles”. Ela lembra de uma cliente que costumava viajar muito para a Europa e, na hora de retirar as fotos reveladas, contava tudo sobre a viagem. “Viajei tanto, mas nunca saí da loja”, brinca Maria Lúcia.

Nos anos seguintes novas filiais da Tomazoni abriram, inclusive em ou-tras cidades, como Novo Hamburgo, Farroupilha e Bento Gonçalves. A em-presa chegou a ter oito lojas abertas.

Clemente morreu em 1990, dei-xando a administração para Joni e sua esposa, Odessa Toss, e as irmãs dele, Maria Lúcia e Maria Cristina. Na pas-sagem para os anos 2000, a chegada da fotografia digital começou a abalar a empresa, que já enfrentava problemas internos desde a morte do fundador. “A grande frustração da fotografia di-gital é que não mandam revelar. Hoje se tem imagem, não a foto. Ela está no computador. Antigamente tinha-se a fotografia, porque tinha que passar para o papel para saber se saiu de olho fechado”, diz Sérgio. Mesmo assim, ele afirma que o momento atual é o me-lhor da fotografia, pois com a tecnolo-gia digital se produz fotos em grande escala e em alta qualidade. A Toma-zoni contratou profissionais que já dominavam as novas técnicas: “Foi na Tomazoni que eu decidi que queria fo-tografar”, conta o fotógrafo Silas Abreu. Na loja de Lourdes e sob supervisão de

Joni, ele trabalhou durante três anos, fazendo revelação e edição de imagens no computador. “Eu aprendi muito lá. Tive contato com fotógrafos e com outros tipos de trabalho de fotografia, como de casamento. A gente editava e tratava as imagens de fotógrafos de ca-samento do Brasil inteiro, e fotógrafos grandes”, completa Silas, hoje dono de um estúdio.

A Tomazoni tentou, mas as lojas não conseguiram superar financeiramen-te a queda provocada pela fotografia digital. O custo operacional ficou alto diante de um lucro muito pequeno. “Trabalhamos no vermelho alguns anos. Lembro que em abril de 2000 houve uma queda de 50% nos números, que nunca mais subiram. E ter apenas 50% do faturamento do que se imaginava, em ques-tão de um ano se fica no vermelho e não se sai mais”, afirma Maria Cristina. “Houve um enxugamento geral da empresa. Tivemos tam-bém diversos roubos, perda de equipamen-tos valiosos, problemas trabalhistas com funcionários. Esses fatores também nos abateram. Assim como a concorrência”, complementa Sérgio.

Maria Cristina e Maria Lúcia saíram da empresa, deixando apenas Sérgio, Joni e Odessa na administração. “A sensação foi muito triste. Foi uma per-da, uma coisa que meu pai começou, a gente deu a vida praticamente para que continuasse e teve que terminar. Quando começou a história do com-putador, o Joni já dizia que a foto ia morrer, sabíamos que mais dia menos dia iria acabar”, relata Maria Lúcia. “Nós começamos a ficar velhos, não vieram ideias novas e gente nova”, ana-lisa Sérgio.

Os dois filhos de Odessa e Joni não quiseram levar adiante o empreen-

dimento, assim como os de Maria Lúcia. Às vésperas do Natal de 2009, com dívidas de impostos acumula-das, a Tomazoni fechou para as festas de fim de ano e nunca mais abriu. A morte de Joni, meses antes, convencera Odessa entender que não seria possí-vel continuar sem ele, ainda mais com os problemas que a empresa vinha en-frentando.

Na sala do apartamento de Odessa há apenas fotos de Joni. Sempre sorrindo e com o bigode escuro que o caracterizava, Joni aparece exibindo grandes peixes, trazidos das pescarias com os amigos. “Ele sempre dizia que

se a fotografia não fos-se a profissão, seria o hobby. O hobby era a pesca, embora ele não gostasse de comer pei-xe. Nunca vou enten-der isso”, conta Odessa.

Por dois longos anos, ela cuidou do marido em sua luta contra o câncer. Aos poucos, Joni teve que ir se des-ligando da adminis-tração da Tomazoni. Odessa ficou viúva em

18 de março de 2009, cinco dias antes do aniversário do marido, que faria 60 anos. “A alma da Tomazoni era ele”, re-sume.

Odessa testemunhou o envolvimen-to de Joni com a fotografia desde que os dois eram namorados. À noite, ela o ajudava no estúdio, para que não tivesse que trabalhar sozinho. “Ele fotografava e trabalhava nos laboratórios. Era o re-lações públicas, fazia compras, manti-nha relações com fornecedores e, nos finais de semana, fazia ‘reportagens’”, relembra. “Ele tinha um entusiasmo muito grande com isso. Era como o pai, no espírito empreendedor e em valorizar as pessoas. E nasceu com o espírito da fotografia. Porque o pai dele sempre fotografou e o Joni sempre cir-culou por lá. Até mesmo quando ainda

estava na barriga da mãe, que ajudava na revelação. Ele dava muita força para quem manifestava vontade de entrar no ramo”, diz Odessa, contando que foi Joni quem incentivou Clemente a colo-car o processo de revelação colorida na década de 1970.

Odessa diz que restam ainda muitas fotos de clientes da Tomazoni que nunca foram retirá-las. De vez em quando ela liga para alguns telefones, para ver se alguém pode ir buscar as fotos. Por enquanto, estão todas guar-dadas. Alguém chegou a sugerir que ela fizesse como as lavanderias, que vendem as peças que não são busca-das. Mas Odessa logo respondeu que não há como fazer isso, vender algo tão pessoal como uma foto.

A fotografia na família Tomazoni era mais do que uma fonte de renda. Era uma paixão, que envolveu de uma for-ma ou outra todos os seus membros. Com a falência da empresa, o que mais dói hoje em seus antigos sócios é a fal-ta do contato com a fotografia, e não tanto a renda que ela gerava. “Algumas pessoas não entendiam, mas comía-mos e dormíamos fotografia. Aquilo era tão normal para nós”, explica Maria Lúcia.

“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração”, disse o célebre fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson. Seja no tapete antigo, com a inscrição “Studio Tomazoni”, esticado até hoje no hall do prédio da família, seja nas fotos de um sorridente Joni espalhadas pela sala de Odessa ou no grosso álbum com re-cortes montado para o aniversário de 50 anos da empresa, fica a memória de que a Tomazoni soube, pelo tempo em que resistiu, alinhar a cabeça, o olho e o coração.

No ponto onde ficava a matriz, na Rua Sinimbu, abrirá dentro de alguns meses uma outra loja de fotografia, de São Paulo. Uma outra empresa, com uma outra história.

“Era uma pessoa muito otimista, positiva, tinha visão de futuro, acreditava nas pessoas e dava oportunidade” diz Sérgio sobre o sogro, Clemente

1. Odila Suzin em frente à primeira loja To-mazoni 2. Sérgio, aos 15 anos, no laboratório a cores. 3. João Alberto, o Joni 4. Clemente, o fundador 5. Loja matriz, em 1987

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por MARCELO [email protected]

s alunos da Escola Municipal de En-sino Fundamental Luiz Antunes, a maioria moradores do 1° de Maio, já conheciam o Mato Sartori, uma área de 6,6 hectares que faz divisa com o bairro. Sabiam que ali havia um atalho para o Centro e que era um lugar peri-goso à noite, mas, durante o dia, apesar das toneladas de lixo, era perfeito para brincar. Em março de 2008, máquinas e operários invadiram o grande quin-tal. Na escola, diziam que o Mato seria transformado em um parque voltado à educação e à preservação do meio ambiente. Recomendaram que não se depositasse mais lixo. Pediram que não brincassem mais por lá. As crianças de-moraram algum tempo para entender, mas se engajaram na causa ecológica. Entediaram-se com a obra, lançada em 2007 e concluída só em março deste ano, depois de diversas promessas de inauguração.

No último dia 3, o parque finalmen-te abriu, para a imprensa e morado-res vizinhos. Neste sábado (8) ocorre a inauguração oficial, e na próxima terça-feira (11) a ansiedade de 40 alu-nos do colégio Luiz Antunes termina. Junto com a Escola Municipal de Ensi-no Fundamental Abramo Randon, da mesma região, eles são convidados es-peciais para o primeiro dia de funcio-

namento do Parque Municipal Mato Sartori.

Em 2009, Rosi do Carmo de Olivei-ra, professora de Artes do Luiz Antu-nes, fotografou o Mato Sartori. Levou as fotografias para a sala de aula e propôs que os alunos fizessem releitu-ras das imagens, que concorreram ao Calendário Ecológico 2010. Confor-me a diretora, Elaine Kuwer, esse foi o primeiro passo para conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação ambiental e a nova função do parque, um trabalho realizado em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. “Aquela área não era utilizada adequadamente. Fizemos um grande trabalho pedagógico de conscientização. Hoje se percebe um respeito muito maior”, comemora Elai-ne. A temática ambiental foi abordada de forma interdisciplinar, as famílias foram convidadas a colaborar e o novo olhar sobre o Mato se disseminou entre todas as casas da comunidade. No ano passado, durante a preparação para o Desfile de 7 de Setembro, as turmas fi-zeram caminhadas pelo bairro e, com gritos de guerra, apelaram pela preser-vação. Se o desfile não tivesse sido can-celado por mau tempo, o público teria lido nas faixas da escola as mensagens que os alunos aprenderam bem: Inspire um novo estilo de vida; Expire consciên-cia ambiental; Respire no Mato Sartori; A natureza ensina no Centro de Caxias.

O Mato Sartori funcionará de terça-feira a domingo e atenderá a dois gru-pos por dia, de no máximo 40 pessoas cada. Na segunda-feira, o parque fecha para manutenção. As trilhas, guiadas por dois monitores, são realizadas me-diante agendamento, pelo fone 3224-8093. No início da visita, os grupos assistem a um audioslide sobre a histó-ria do parque e as normas de visitação. Depois passam pela Sala de Exposi-ções – uma mostra de rochas, folhas, sementes e madeira da mata nativa – e seguem por uma das três trilhas que o Mato oferece.

Conforme a gerente do parque, An-dréia Borghetti Verza, as trilhas pos-suem diferentes níveis de dificuldade, e a escolha é feita conforme a idade dos visitantes e o currículo escolar. “As trilhas têm um enfoque na preservação ambiental, mas os monitores adaptam a ‘aula’ à faixa etária de cada grupo de visitantes. O objetivo de receber alunos aqui é mostrar in loco o que eles estão aprendendo em sala de aula”, explica Andréia. Às terças, quartas e sextas-feiras e nos fins de semana, a Secretaria do Meio Ambiente oferece transporte gratuito. Andréia informa que o ser-viço é distribuído igualmente entre os colégios, conforme a demanda. “Como as visitas são limitadas a 40 pessoas, as escolas acabam marcando mais de uma para atender diversas turmas. Oferece-mos o transporte em uma visita para

cada escola para contemplar todas.”

Com 200 metros de extensão e baixo nível de dificuldade, a Trilha do Carrapicho reserva duas grandes atra-ções. A primeira parada é no Recanto das Bromélias, onde uma árvore der-rubada por um temporal interrompe a trilha e serve de viveiro para diversas flores que, como aprendem os visitan-tes, são da mesma família do abacaxi. Mais adiante, faz-se uma pausa para descanso em um passeio suspenso construído sobre as raízes expostas de um carrapicho. Com 20 metros de altura e cerca de 200 anos, a árvore é representante de uma das espécies predominantes na flora local. A Trilha dos Pinheiros, de média dificuldade, tem 1.090 metros. Na metade do tra-jeto, um observatório de 20 metros de altura, construído com palanques de eucalipto, oferece uma vista panorâmi-ca. Lá de cima, percebe-se o predomi-nante cinza da cidade e Mato torna-se uma ilha. O observatório era uma das preocupações do secretário do Meio Ambiente, Adelino Teles, que chegou a cogitar a instalação de cabos de aço, pelos quais os alunos subiriam, presos com cintos, os 75 degraus. Conforme o secretário, telas de arame instaladas ao redor do observatório e sob os degraus resolveram o problema de segurança. As visitas são limitadas a cinco pessoas por vez e à idade mínima de 12 anos.

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EDUCAÇÃO MATO ADENTRO

Mato Sartori encerra a longa espera pela inauguração e abre as portas para a dar lições de preservação

No último dia 3, vizinhos, imprensa e algumas autoridades, como a primeira-dama Maria Helena Sartori (C), passearam pelas trilhas

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No percurso mais difícil do parque, a Trilha da Pinguela, os visitantes são conduzidos por 180 metros de percur-so, na maior parte bastante íngreme. No meio da trilha há uma pinguela sobre um córrego. Antes, a vertente era poluída pelo esgoto dos bairros vi-zinhos. O esgoto foi desviado e, sob a pequena queda d’água, foi construída uma cascata artificial, que utiliza dois tanques e um sistema de bombeamen-to para aumentar o volume de água. Todas as trilhas se cruzam no chama-do ponto X. Ali, o monitor Roberto de Araújo Vianna Trävel, 21 anos, fez uma longa parada com os primeiros grupos a visitarem o Mato e pediu si-lêncio. “Aqui é um lugar onde dá para ouvir o barulho do mato e o barulho da cidade fica mais longe”. Era de tarde e já fazia tempo que os pássaros tinham cessado a diária cantoria ao nascer do sol. Mesmo assim, o som do trânsito se resumia a um leve zunido e a natureza falava mais alto.

Além das trilhas já formatadas para os passeios, a Secretaria do Meio Ambiente prepara outros projetos educacionais para complementar as visitas. O primeiro, que ocorre no pró-ximo mês, é o Cultivando Histórias. Realizada em parceria com a Biblioteca Municipal Dr. Demétrio Niederauer, a atividade promove sessões de contação de histórias com a temática ambiental. Na semana do Meio Ambiente, de 5 a 12 de junho, o parque recebe o proje-to Tela Verde, do Ministério do Meio Ambiente, e promove mostra de do-cumentários nacionais sobre preser-vação.

Segundo o secretário Adelino Teles, com o tempo a programação e a es-trutura do parque sofrerão mudanças, conforme a demanda das visitas. Além

da construção de um lago artificial, parceria em tratativas com a Viação Santa Tereza (Visate), Teles espera re-ceber, nas fichas de avaliação preen-chidas após as visitas, sugestões que contribuam para melhorias no Mato Sartori. “O parque não está pronto. É uma área de constante manutenção e adaptações para atender aos objetivos de um parque de educação ambiental”, enfatiza o secretário.

Declarado área de utilidade públi-ca em 1959, pelo prefeito Bernardino Conte, o Mato Sartori foi uma herança deixada por Miguel Moretto à filha Ag-nes. Casada com Ludovico Sartori – daí o nome pelo qual a área ficou conheci-da –, Agnes teve dez filhos. A família morava próximo ao mato que, desde aquela época, já era cenário para aven-turas de criança. Em 1984, a prefeitura indenizou os herdeiros de Ludovico e tratou de preservar o lugar. Dez anos antes, Teresinha Ferretto Giachini comprava a casa onde mora até hoje, a duas quadras do parque. “Quando eu cheguei e vi esse mato pela primeira vez, me encantei. Me sentia como se tivesse na colônia”, lembra.

Na segunda-feira (8), Teresinha per-correu as trilhas do Mato e descobriu que, aos 72 anos, ainda tinha muito a aprender com a natureza. “Acho bom que esse lugar sirva para ensinar as pessoas. Se fosse aberto, para qualquer um visitar a qualquer hora, não teria segurança, e tudo o que foi construído não duraria muito tempo.” Há 36 anos, quando Teresinha tornou-se vizinha do Mato Sartori, a expansão urbana já havia cercado a área verde. Para ela, a preservação do parque é o que mantém a beleza daquela região. “Quando me perguntam onde moro, eu respondo: ‘no melhor lugar que Deus poderia ter reservado para mim’”.

Dentro do parque, os sons da natureza abafam o barulho da cidade

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por ROBIN SITENESKI

primeira vista, Marlonei Silveira dos Santos não parece o sindicalista de lín-gua afiada e métodos polêmicos que defende um reajuste considerável para profissionais que admitem não cum-prir seus horários. Ele fala quase sem-pre com calma, medindo as palavras. Essa postura muda quando o assunto é o conflito com a administração muni-cipal. Desde julho de 2009, o presiden-te do Sindicato dos Médicos de Caxias já proclamou três greves, e desde que a prefeitura conseguiu uma liminar im-pedindo as paralisações, luta na Justiça para retomar o movimento grevista.

Marlonei Silveira dos Santos, que neste sábado completa 61 anos, é na-tural de Guaíba. Envolveu-se com movimentos sociais desde cedo. Aos 14 anos se alistou no “exército do Bri-zola”. Na época, participava do grêmio de sua escola. Quando houve a tenta-tiva de golpe contra o presidente João Goulart, em 1961, Brizola convocou a juventude a fazer parte da resistência. Marlonei e outros colegas do movi-mento estudantil foram a Porto Alegre atender ao chamado.

“Mas não fazíamos nada de violen-to, somente participávamos dos atos e das manifestações”, relembra Marlonei. Seu pai, Florisbelo Santos, era getulis-ta, porque, segundo Marlonei, “Brizola ainda não estava no auge” quando ele faleceu, em 1958. Apesar de a mãe, Maria de Lurdes da Silva, também ser brizolista, não ficou feliz quando des-cobriu do envolvimento do filho com a resistência.

“Não contei pra ela logo que me alis-tei. Mas, quando descobriu, me deu um pitaco. Imagina, com 14 anos que-rendo ir pra guerra?”, ri. Apesar de não ter feito parte do Diretório Central dos

Estudantes enquanto estudava medi-cina na UCS, Marlonei diz que atuava nas questões internas do curso. “Quem estuda Medicina não tem tempo para participar de outros movimentos. Mas eu era líder de classe na faculdade, sempre fui”, conta. Ele escolheu a pro-fissão aos 17 anos, enquanto cursava o Ensino Médio por influência de ami-gos filhos de médico. Depois de forma-do, em 1976, trabalhou como legista no Hospital Saúde, onde atua até hoje na emergência, e na Polícia Civil.

A ditadura militar estava terminan-do quando Marlonei começou a tra-balhar na polícia. Apesar de conhecer legistas em Caxias que teriam sofrido pressão durante o regime, ele diz nunca ter sido intimidado. “Não tenho quei-xa nenhuma quanto a isso. Nunca se meteram comigo”, afirma. E completa: “Imagina. Não teriam essa petulância.”

Marlonei entrou para o sindicato em 1979, como suplente, um ano depois de ser contratado pela Universidade de Caxias do Sul. Passou por vários cargos entidade e, em 1988, assumiu a presi-dência. Ocupa esse cargo desde então, exceto por um período em que foi se-cretário municipal da saúde.

Na UCS, ministrou as matérias de Ética Médica e Medicina Legal. Perma-neceu na instituição até 2006. Ele con-fessa que incentivava o corporativismo como professor. “Sempre. Dentro da aula, sem dúvida.” O médico alega que sua saída ocorreu por causa de uma de-savença. “Houve um desentendimento político com a reitoria e a coordenação do curso da época. Entendia que o en-sino da Medicina deveria ser diferente da proposta deles. Tinha muito a ver com a lei do Ato Médico. Então, fize-mos um acordo na Justiça. Saí porque quis”, afirma.

A diretora do Centro de Ciências da

Saúde na época, Nilva Rech Stédile, apresenta razões diferentes. Ela conta que, no momento da saída, o curso de Medicina passava por uma reformula-ção. “Existiam 70 disciplinas, que fo-ram agrupadas em 20 unidades médi-cas. Havia necessidade de um número menor de professores e ele não tinha mestrado ou doutorado, nem pers-pectivas de fazê-los”, relembra. Sobre motivações políticas, a professora diz desconhecê-las. O que sabe é que o médico teve um desentendimento com o então presidente da Fundação Uni-versidade de Caxias do Sul, Nestor Perini.

“Ele agrediu verbal-mente o presidente em uma assembleia do cur-so. O afastamento dele foi feito pela direção da unidade, a diretora do centro, que era eu, e o colegiado do curso. Mas Perini nunca me pediu que o afastasse por causa da discussão”, afirma Nilva.

A militância sin-dical de Marlonei não se limitou a Caxias. Na Federação Nacional dos Médicos, foi secretário geral e vice-presidente. Em 1985, se tornou conse-lheiro do Conselho Regional de Medi-cina do Rio Grande do Sul (Cremers), do qual foi vice-presidente entre 1993 e 1998. Também representou o Esta-do no Conselho Federal de Medicina. Ele afirma que o envolvimento com o sindicalismo veio quase que de forma natural. “Sempre gostei do movimen-to estudantil. Aí é um passo. Ou você entra na política, ou no movimento sindical.”

Mas Marlonei também se envolveu

com política. De centro-esquerda e bri-zolista, ele garante nunca ter se filiado a um partido. Apesar disso, em 1989, assumiu, na administração Mansueto Serafini Filho, a recém-criada Secre-taria da Saúde, cargo que ocupou até 1993. Da época em que foi o primeiro secretário de saúde de Caxias e presi-dente do Conselho Municipal de Saú-de, Marlonei guarda lembranças ruins. “Não me deixou nenhuma boa recor-dação. Não sei se hoje ainda é assim, mas foi muito complicado trabalhar na área administrativa. Especialmente

numa secretaria que estava em implanta-ção, sem infraestrutura nenhuma. Antes, era a Secretaria de Habita-ção que atendia pes-soas que não tinham plano de saúde. Em seguida, veio o SUS”, relembra.

O médico recorda que participou de to-das as conferências que criaram o projeto do que viria a se tor-nar o Sistema Único de

Saúde. Entre a 8ª Conferência Nacio-nal da Saúde e a aprovação da lei que regulamentava o SUS no Congresso, em 1990, representou a Federação e o Sindicato nas discussões. “O projeto é bom, o que falta é o financiamento. Em Caxias, não houve vontade política do prefeito para implantar a municipali-zação logo que foi aprovada. O pessoal tinha medo e, até certo ponto, tinham razão. Ainda hoje, são cerca de 17 mu-nicípios no Estado que têm SUS com gestão plena.”

Com a experiência de 31 anos no sindicalismo, 18 deles como presiden-

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“Eles fizeram uma proposta de aumento e retiraram, só Deus sabe por que”, diz Marlonei, queixando-se da prefeitura

“NÃO TENHO TRAVAS NA LÍNGUA”Primeiro secretário municipal de Saúde, em 1989, o brizolista

Marlonei hoje abre fogo da trincheira contrária

Marlonei explica as reivindicações: “Os R$ 7 mil e o plano de carreira são metas a serem alcançadas. O imediato é o reajuste que eles tinham que propor”

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te, Marlonei afirma que a participação nesse movimento exige muito de quem se envolve com ele. Aposentado como legista da polícia desde 1994, hoje atende nos plantões da Unimed e do Hospital Saúde, além de fazer parte da Comissão Nacional pelo Ato Médico. No Sindicato, precisa conciliar o tra-balho com as atribulações de um dos períodos mais complicados de sua ges-tão. “O Sindicato atua na esfera pública e na privada. Esse é o momento mais difícil na pública. Na privada, já tive-mos ‘peleias’ grandes com os planos de saúde e hospitais.”

A mobilização para a greve, revela Marlonei, é feita pela internet. “Os mo-dernos movimentos de hoje são assim. Não tem alto-falante. Durante a greve, se institui uma comissão. Mas a maio-ria dos médicos adere por comando de voz. Não vai trabalhar, não vai. Vai, vai”, expõe. De acordo com o Código de Ética dos médicos, o profissional que não aderir ao movimento grevis-ta pode ser denunciado ao Conselho Regional de Medicina e sofrer um pro-cesso ético profissional. “Nem precisa denunciar. Agora, por causa da limi-nar, vamos ter dificuldades de manter a emergência. Todo mundo quer parar, estão revoltados”, alega. Ele espera re-verter a decisão judicial para, imedia-tamente, retomar a greve.

A reivindicação do Sindicato é que se crie um plano de carreira para a categoria e que o piso dos médicos que trabalham 20 horas na rede mu-nicipal passe de R$ 2.114,43 para R$ 7.503,18, reajuste 254,8% – embora Marlonei não gosta de falar em per-centuais. O valor é baseado em duas propostas de lei que tramitam no Con-gresso. “Não estamos pedindo percen-tual de aumento de salário. Os R$ 7 mil e o plano de carreira são metas a serem alcançadas. O imediato é o reajuste que eles tinham que propor. Queremos que a categoria ganhe carreira de Esta-do, como promotores e juízes, porque temos formação adequada”, defende Marlonei. O sindicalista reconhece, no entanto, que somente quem ocupa car-gos de direção ou de confiança no sis-tema recebe valores semelhantes hoje.

Marlonei também cita uma suposta proposta que a prefeitura teria redigido em reunião entre o Sindicato e a Secre-taria da Saúde – e que ele apresentou

publicamente em uma audiência na Câmara. “Eles fizeram uma proposta de aumento e retiraram, só Deus sabe por que”, alega.

Segundo o secretário de Recursos Humanos, Edson Mano, a prefeitu-ra não redigiu tal proposta. “Em uma reunião interna foi feita uma minuta, que seria avaliada pela prefeitura. O que o Marlonei tentou induzir foi que houve uma proposta. Não foi uma ati-tude muito ética”, critica. Mano conta que, depois da reunião, mais duas mi-nutas teriam sido feitas para apresentar ao Sindicato. Uma sugeriria a diminui-ção da carga de 20 para 10 horas, outra era sobre modificação dos salários dos médicos para o sistema de subsídios, como os servidores da Polícia Federal. Nesse regime, explica Mano, o servidor é contratado com um salário maior, mas o salário-base é congelado, so-mente corrigido pela inflação. O secre-tário revela que, diante da atitude de Marlonei na Câmara, a prefeitura desistiu de apresentar a ele essas minutas.

A resolução do conflito entre médicos e prefeitura não pare-ce estar próxima. Para Marlonei, a ação judi-cial dificultou o diálo-go. Na quinta-feira (6), em uma reunião entre representantes do Sin-dicato dos Servidores Municipais (Sin-dserv) e cinco secretários para discutir o aumento do funcionalismo público, a questão dos médicos retornou à pau-ta. De acordo com Edson Mano, esse item voltará a ser tratado no próximo encontro, que dará continuidade à dis-cussão do reajuste dos municipários. A dificuldade está, segundo ele, na di-ferença entre o aumento pedido pelos médicos e o solicitado pelos demais servidores do município. “O problema está no impacto com o resto dos ser-vidores. O que concedermos para os médicos como aumento, mais cedo ou mais tarde, terá que que ser dado para os outros”, argumenta.

Segundo o presidente do Sindserv, João Dorlan, há divergências entre os dois sindicatos. “A diferença está na metodologia do que reivindicamos. Queremos atrelar o aumento de salá-

rio ao das receitas do município e dar continuidade à política de trimestrali-dade conquistada no governo Pepe. A meta dos médicos é uma luta nacional. Respeitamos, mas é uma meta difícil de ser alcançada”, avalia. Apesar disso, Dorlan afirma ter colocado o Sindserv à disposição dos médicos.

Outro fator que pode influen-ciar a negociação é um processo mo-vido pelo Ministério Público contra o Município. A ação questiona o acordo firmado entre a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs) e a prefeitura em 2004. Em Caxias, 108 médicos são contra-tados pelo convênio. Eles trabalham no Samu, no Projeto de Saúde Bucal e no Programa de Saúde da Família. De acordo com o segundo promo-tor de Justiça Especializada de Caxias do Sul, Adrio Rafael Paula Gelatti, o

acordo fere a exigência constitucional de con-tratação de servidores por concurso público. “São funções próprias da saúde do municí-pio, chefiadas por ele e que necessitam de con-curso para ingresso”, argumenta Gelatti. O Tribunal de Contas do Estado também consi-derou o acordo ilegal.

A ação civil pública contra o município e a

Faurgs, que busca a anulação dos con-tratos, começou em março de 2007. De acordo com o promotor, na semana passada a última testemunha do pro-cesso, a secretária municipal da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, foi ouvi-da, e uma sentença deve sair até a me-tade do ano.

Além desse processo, Gelatti fez uma recomendação ao município sobre a si-tuação do atendimento médico na rede pública de Caxias. A partir de uma in-vestigação do MP, que comprovou que os médicos não cumprem o horário pelo qual são contratados e que o mu-nicípio não fiscaliza para que o façam, a recomendação foi emitida, em 2 de março de 2009. De acordo com o in-quérito civil, a promotoria e a Secre-taria da Saúde se reuniram diversas vezes entre junho e outubro de 2008 e se verificou desinteresse da adminis-

tração municipal em resolver de forma consensual as situações apuradas pela investigação.

Houve um prazo de seis meses, prorrogado para mais seis em feve-reiro, para que o município seguis-se a recomendação. Ela sugere, entre outras coisas, que a fiscalização das horas trabalhadas seja feita através de ponto eletrônico, ação estendida a todos os servidores municipais, e que se implante um plano de carreira com remuneração condizente com a carga horária dos médicos. Ao final do novo prazo, caso a administração não aten-da ao MP, pode ser alvo de uma medi-da judicial com objetivo de obrigar o município a agir.

O promotor reconhece a dificuldade de resolver o problema. “Essa situa-ção não é isolada de Caxias do Sul, é uma situação histórica que acontece em vários municípios. Mas, na cida-de, há uma situação extrema, que salta aos olhos: um cumprimento de carga horária muito inferior ao que está es-tipulado em contrato”, afirma. Gelatti critica a atitude do Município e diz que ele fecha os olhos ao problema. “Isso cria um desajuste de atendimento e um problema com os demais setores. É uma categoria que é contratada por horas de trabalho, não por número de atendimentos ou por produtividade”, alega. Para o promotor, terminado o novo prazo e sem ações efetivas, não há possibilidade de nova prorrogação. “A investigação está pronta. Não aten-dida a recomendação, podemos entrar imediatamente com a ação.”

Temperamental com a imprensa, Marlonei tanto pode conceder longas entrevistas como simplesmente igno-rar tentativas de contato. Também já não surpreendem suas bruscas mu-danças de ideia: uma fotografia mar-cada pode ser cancelada momentos antes do horário combinado – como aconteceu nesta reportagem, aliás. Entretanto, na tarde de terça-feira (4), quando recebeu apenas o repórter, Marlonei foi solícito. No encerramento da entrevista, disse que acabou falando sobre mais assuntos do que havia pro-gramado. E despediu-se indicando que sua artilharia verbal, tão utilizada nos últimos tempos, está longe de ficar sem munição: “Eu não tenho segredos. Não tenho travas na língua”.

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Nos postos de saúde, profissionais já entraram em greve três vezes desde o ano passado. A última foi suspensa por liminar que obrigou-os a voltar ao trabalho

“O que o Marlonei tentou induzir foi que houve uma proposta. Não foi uma atitude muito ética”, rebate o secretário Mano

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12 8 a 14 de maio de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

por JOSÉ EDUARDO [email protected]

obre um saibro fino, encharcado em alguns pontos e com pequenas poças em outros, cavalos com as crinas cui-dadosamente penteadas aguardam a avaliação do veterinário da Associação Brasileira do Cavalo Crioulo (ABCC), Luiz Drummond Mello. A inspeção é exigente. Os animais precisam ter as medidas mínimas de 17 centímetros de canela, 167 de tórax e entre 1,40 e 1,50 metro de altura. “Atualmente se está procurando na raça um cavalo retangular, com cabeça triangular, ore-lhas pequenas, bastante cerda e colo”, explica o vice-presidente do Núcleo dos Vinhedos, Jorge Luiz Sehbe.

Os equinos devem saber caminhar, trotar e galopar, entre outras habilida-des. “Se marchar, já está fora, automa-ticamente. Cavalo crioulo não marcha”, completa Jorge. Formando um grande círculo, próximo ao monumento Jesus Terceiro Milênio, peões e suas monta-rias esperam ansiosos pelo momento decisivo da avaliação. Ainda em sua baia, Sanga Funda Último Tango, apa-renta tranquilidade. Já passou por essa avaliação no ano passado, em Vacaria. A quietude do animal de três anos, per-tencente à cabanha caxiense Centro de Treinamento Iuri Barbosa, só se altera, em forma de relinchos, quando cru-zam por ele os adversários. “O cavalo fica nervoso com a presença de outros animais que não conhece”, diz Leonar-

do Zatti, representante da cabanha.É quarta-feira (5), o céu está nubla-

do, e a atividade é intensa. Enquanto homens montam barracões, fazem ins-talações elétricas, testam geradores e apuram outros ajustes, os animais dão início à 6ª Festa do Cavalo Crioulo – organizada pelo Núcleo dos Vinhedos – e decretam: os Pavilhões são, nova-mente, o abrigo da confraternização tradicionalista.

Esse prelúdio do evento parale-lo, protagonizado pelos cavalos, é uma amostra da grandiosidade do 22º Ro-deio Crioulo Nacional, aberto na noite de sexta-feira (7), que segue até o dia 16. A programação está mais ampla do que na edição anterior, conta o coor-denador da 25ª Região Tradicionalista, Jó Arse. “Temos a 2ª edição do Festi-val César Passarinho. No ano passa-do, tivemos 87 inscritos. Neste ano, o número subiu para 402. Um dos dife-renciais é a qualidade das músicas e a gravação em DVD do festival”, destaca. Com relação à parte campeira, os ín-dices também revelam crescimento. O coordenador lembra que em 2009 410 duplas concorreram na prova de laço. Para esta edição, acredita que cheguem a quase 600. Grande parte desse au-mento nas inscrições, segundo Arse, se deve aos investimentos realizados na construção da cancha coberta, que passou por seu primeiro teste na Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fe-cars), em março. “Acredito que esta

seja a principal mudança.”Para organizar e montar grandes

eventos é necessário dedicação e tem-po. Jó Arse diz que a preparação do ro-deio começou logo após o término da última edição, em 2009. Para isso foi necessário contar com a participação de dezenas de trabalhadores. “Temos uma equipe com mais de 100 pessoas envolvidas”, salienta. E o resultado de todo esse esforço poderá ser percebido nos 10 dias de rodeio, principal-mente com a adesão da sociedade e dos parti-cipantes. “Esperamos pelo menos 10 mil concorrentes nas diver-sas provas campeiras e artísticas do rodeio e a presença de pelo me-nos 150 mil visitantes”, projeta Arse.

O otimismo dessas expectativas causa um pouco de apreensão ao di-retor da parte campeira, Flávio Keller. Acompanhando os preparativos du-rante a semana, ele já notava as pri-meiras barracas do acampamento, ins-taladas ainda na segunda-feira. “Vem gente de todo o Estado, de Santa Cata-rina, Paraná, São Paulo e até de Rondô-nia. Ficamos um pouco preocupados com o espaço, mas vai dar tudo certo.”

Deixando de lado a lida do campo e o manejo com os animais, o vice-co-

ordenador da 25ª Região e diretor da parte artística, Rubens Tissot, ressalta a consolidação do Festival César Pas-sarinho e a apresentação do 1º Festival de Poesias Inéditas como diferenciais desta edição. O que não diminui em nada a importância da prova mais tradicional, que continua sendo pro-tagonizada pelas prendas e peões dos

mais diversos CTGs e suas coreografias in-cansavelmente ensaia-das. “As invernadas de dança movimentam um grande número de pessoas. Os grupos re-únem no mínimo seis e no máximo 12 pares. Atrás deles, há todo um grupo vocal e en-saiadores. Além disso, existe um grande in-centivo com o valor das premiações”, enumera

Tissot. Somadas as cifras dos prêmios dos primeiros lugares das categorias mirim, juvenil, adulta e veterana che-ga-se ao valor de R$ 6 mil.

Para as apresentações que incluem danças tradicionais, espetáculos musi-cais, declamações, chula, trovas, entre outros, foram montados cinco palcos: o principal, no Pavilhão 2, um inter-mediário, no Pavilhão 1, e três meno-res. Esses locais devem revelar grandes performances de artistas já consagra-dos e outros nem tanto – ao todo, serão pelo menos 1,2 mil.

Confraternização gauchesca

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TERRITÓRIO DOTRADICIONALISMO

A 22ª edição do Rodeio Crioulo de Caxias do Sul espera receber 150 mil pessoas nos Pavilhões

Evento paralelo ao rodeio, a 6ª Festa do Cavalo Crioulo exibe animais que devem saber caminhar, galopar e trotar. “Se marchar, está fora. Cavalo crioulo não marcha”

“Vem gente de todo o Estado, de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e até de Rondônia”,diz o diretor da parte campeira, Flávio Keller

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por ROBERTO [email protected]

econhecida mundialmente pelo seu potencial produtivo de veículos acaba-dos e de autopeças para o transporte de cargas e coletivo de passageiros, além de equipamentos agrícolas, Caxias do Sul também se destaca pela preocupa-ção de seu empresariado em desenvol-ver tecnologias que criem condições de mudar a atual matriz energética destes segmentos, sustentada quase que ex-clusivamente pelo diesel – derivado do petróleo, e juntamente com a gasolina e álcool dos veículos de passeio, um dos principais causadores da poluição atmosférica. Estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) mos-trou que, em 2008, foram gastos R$ 2,3 bilhões de recursos públicos somente com doenças e mortes decorrentes da poluição automotiva em seis regiões metropolitanas do Brasil: Belo Hori-zonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Trabalho do Laboratório de Poluição Atmosfé-rica da USP acrescenta que, em dias de alta contaminação do ar, o risco de morte por doenças respiratórias e car-diovasculares aumenta de 12% a 17% em São Paulo.

A Companhia de Tecnologia de Sa-neamento Ambiental (Cetesb) do Es-tado de São Paulo destaca na abertura de sua página na internet que entre 10 e 12 pessoas morrem diariamente na capital paulista em decorrência da poluição do ar. Também lembra que habitantes de cidades como São Pau-lo vivem, em média, um ano e meio a menos do que as pessoas que moram em municípios de ar mais limpo. No mundo, segundo estudo da Organi-zação Mundial da Saúde e do Banco

Mundial, a poluição atmosférica mata de 2,5 milhões a 4 milhões de pessoas por ano. “A frota automotiva é a verda-deira vilã do problema de poluição do ar”, sustenta o professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Laboratório de Poluição, Paulo Saldi-va. Segundo dados da Cetesb, os meios de transportes são responsáveis por 90% da poluição de São Paulo.

A poluição atmosférica carac-teriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas no ar. As principais causas desse fenôme-no são a eliminação de resíduos por certos tipos de indústrias, como side-rúrgicas, petroquímicas e de cimento, e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aque-cimento doméstico. A fumaça dos ve-ículos a diesel contribui com 40% das partículas inaláveis respiradas em São Paulo e 97% do monóxido de carbono liberados na atmosfera partem do es-capamento dos veículos.

São cinco os principais poluentes emitidos pelos veículos motorizados na atmosfera: monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxo-fre (SOx) e material particulado (MP). Alguns saem diretamente do cano de escape para o sistema respiratório, como o material particulado inalável (MP10), por exemplo. Outros passam por reações químicas e geram novos poluentes tóxicos, como o ozônio (O3).

Os veículos leves movidos a gasolina ou álcool são os principais geradores do monóxido de carbono, que reduz a oxigenação do sangue. Os pesados, como ônibus e caminhões, são os maiores emissores de material particu-lado, que provoca mal-estar, irritação

nos olhos, garganta e pele, dor de ca-beça e enjoo, bronquite, asma e câncer de pulmão. Também emitem os óxidos de nitrogênio, causadores do “smog” fotoquímico, fenômeno que reduz a visibilidade da atmosfera e provoca ir-ritação e danos nos olhos, na pele e nos pulmões, secura nas membranas pro-tetoras do nariz e da garganta, altera o sistema imunológico e agrava doenças respiratórias, como asma.

A Organização Mundial de Saúde preconiza como limite para a qualidade do ar 20 microgramas por m³ de material inalável. São Paulo apresenta o dobro, mas não é a ca-pital com a pior quali-dade do ar: no Rio de Janeiro o índice é de 60 microgramas por m³.

Em Caxias do Sul a situação parece não ser tão grave. Pelo me-nos é o que se imagina. O problema é que não há controle al-gum sobre a qualidade do ar respirado na cidade. O diretor geral da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sem-ma), Nerio Susin, observa que o mo-nitoramento do ar é uma atribuição da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam). Admite, no entanto, que algo poderia ser feito no âmbito municipal para amenizar os impactos da poluição do ar: a efetiva adoção da inspeção veicular anual.

Outro problema é que a estação de monitoramento da qualidade do ar em Caxias do Sul, localizada no bair-ro São José e mantida pela Fepam, está em manutenção desde o dia 21 de ou-tubro do ano passado. A última aferi-

ção, em 20 de outubro, dava como boa a qualidade do ar. Assim, não se sabe exatamente o que estamos respiran-do hoje. Por consequência, o fato de a Secretaria Municipal da Saúde não ter informação alguma sobre mortes de-correntes da poluição atmosférica não surpreende.

Para tentar reverter este quadro, que não é exclusivo dos gran-des centros urbanos, empresas de

Caxias do Sul, como a Tuttotrasporti e a Agrale, investem no desenvolvimento de tecnologias limpas para aplicação no segmento automotivo pesado, especialmente para o transporte coletivo. As propostas incluem o gás natural veicular, hidrogênio, sistema hí-brido de eletricidade e diesel e elétrico puro, já aplicado com sucesso

em algumas linhas de São Paulo, mas que foi aperfeiçoado, com possibilida-de de movimentação a partir de ener-gia gerada pela incineração do lixo.

É o que garante o empresário Agenor Boff, diretor da Tutto, que em abril co-locou em operação, para um período de testes, nova versão do trólebus, ve-ículo elétrico agora capaz de transpor-tar até 300 passageiros. “Estes veículos são 100% ecológicos, pois não emitem fumaça. Com a utilização da energia elétrica produzida pela incineração do lixo em usinas, se tornarão duplamente ecológicos, pois estaremos resolvendo o sério problema de destinação de resí-duos”, sustenta Boff.

Esta crença, porém, não encontra

Preocupação ambiental

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TECNOLOGIAS DESPOLUENTES

Além da força no setor automotivo, a indústria caxiense se destaca por ter projetos prontos para limpar a emissão de gases do transporte urbano

“A frota automotiva é a verdadeira vilã da poluição do ar”, assegura o coordenador do Laboratório de Poluição, Paulo Saldiva

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Nova versão do trólebus desenvolvido pela Tuttotrasporti está sendo testado em São Paulo: “Estes veículos são 100% ecológicos, pois não emitem fumaça”, diz Agenor Boff

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respaldo em Nerio Susin. Ele é a favor do uso da energia elétrica, que vê como alternativa de futuro não muito distan-te, mas não acredita que a matriz seja o lixo. Segundo ele, a sua produção é cara e a capacidade de gerar energia é muito baixa. “Mas indepen-dentemente da origem da energia o uso desta matriz precisa ser ana-lisado com muita aten-ção. Não apenas pela questão da poluição do ar, mas também pela sonora, já que há forte redução na emissão de ruídos.”

Boff afirma que o sis-tema em testes em São Paulo possibilita a substituição dos ve-ículos movidos a óleo diesel por mode-los que utilizam trações elétricas 100% ecológicas, evitando o acúmulo de ga-ses tóxicos produzidos pela queima de derivados do petróleo. “Também não teremos armazenamento de lixo, pois sua queima será diária. O subproduto será apenas cinza, um material inerte, que pode ser usado em blocos petrifi-cados para aplicação em calçamento de ruas e construção de casas.”

Segundo Boff, toda cidade com população próxima a 1 milhão de ha-bitantes produz em torno de 1 mil to-neladas diárias de lixo. Este volume, segundo seus cálculos, pode gerar até 750 mil kw de energia elétrica, sufi-ciente para movimentar até 217 ônibus com capacidade de 160 passageiros. Em São Paulo são produzidas 15 mil toneladas diárias, o que poderia resul-tar em energia para uso em 3.255 ôni-bus com capacidades de 90, 150 e 300 passageiros.

Ele defende o uso de usina terme-létrica a lixo, que teria condições de utilizar todos os resíduos orgânicos e industriais estabelecidos pela nor-ma 1004 da Associação Brasileira de

Normas Técnicas. São usinas dotadas de plas-ma térmico apropriado para queima inclusive de lixos tóxicos. Se-gundo ele, este mesmo processo é usado no interior de São Paulo na queima do bagaço da cana-de-açúcar, que gera a energia elétrica necessária para o abas-tecimento de usinas sucroalcooleiras. Além da energia provenien-

te da incineração do lixo, os veículos também podem ser movimentados com o uso de gás metano, que se ori-gina da decomposição natural dos re-síduos. Para Nerio Susin, da Semma, uma possibilidade bem mais real de ser concretizada.

Boff assegura que, em virtude dos avanços tecnológicos existentes, a construção das subestações e rede aé-rea para movimentação dos veículos elétricos é de rápida implantação e a custos competitivos em qualquer cida-de do país. Também há estudos para a colocação de sistemas com baterias a bordo do chassis que permitirão o des-locamento de até 50 quilômetros dos veículos sem a necessidade de conexão às redes aéreas.

O projeto da Tutto tem a parceria de grandes empresas nacionais e interna-cionais. Um dos diferenciais é o uso do mais recente lançamento da WEG, uma das maiores fabricantes mundiais de motores. Trata-se de um modelo de

tração compacto, refrigerado a água, especial para aplicação em ônibus ur-banos e transporte de cargas. Com isso o espaço dedicado ao motor reduziu-se de forma significativa, pondo fim a um dos mais sérios problemas nas versões anteriores.

A Bosch do Brasil participa com equipamentos de informações por meio de câmeras internas e externas e sistema de GPS, que permite o moni-toramento em tempo real, transmitin-do informações referentes ao desloca-mento. A Dimelthoz, de Caxias do Sul, agregou o computador de bordo para gerenciamento técnico e operacional, e a Iluminatti é responsável pela integra-ção de todo o sistema eletro-eletrônico. O encarroçamento foi feito pela Ibrava (Indústria Brasileira de Veículos Auto-motores), localizada em Feliz.

A Tutto possui projetos de chas-sis para ônibus com 9, 12, 15, 18 e 28 metros de comprimentos com capa-cidades respectivas para 30, 80, 110, 160 e 300 passageiros. Eles podem ter im-plantação imediata nos corredores exclusivos já existentes nas prin-cipais cidades, pois não requerem grande infra-estrutura. “Esta é uma solução de curto prazo, de fabricação nacional, que também poderá atender aos eventos esportivos da Copa do Mundo e Olimpíadas”, enfatiza Boff.

A Tutto tem um histórico em desenvolvimento de tecnologias lim-pas. Sua primeira experiência foi em 1996, quando fabricou 281 chassis no-vos e integralizou todo o sistema me-

cânico e pneumático, possibilitando o encarroçamento dos trólebus de São Paulo que estavam fadados ao desapa-recimento. Atualmente esses veículos ainda estão em operação em linhas concedidas para a Himalaia Transpor-tes, responsável pelos testes finais do novo veículo.

Outro desenvolvimento da Tutto é o primeiro chassi híbrido movido a hi-drogênio, que utiliza células da linha automotiva, entregue ao governo do Estado de São Paulo em julho de 2009. Na Festa da Uva de 2004 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conheceu o chassi Tutto de 15 metros híbrido que utiliza tração elétrica e combustíveis alternativos, como gás, GNV, álcool, biodiesel, hidrogênio e energia do lixo. “O Brasil não tem necessidade de im-portar veículos de grande capacidade, como trens ou monotrilhos, de custo cinco vezes superior ao que estamos propondo. Basta decisão política para colocar estas tecnologias à disposição

do mercado”, aponta o empresário.

Outras iniciativas de tecnologia limpa têm origem na Agrale. O mais recente desen-volvimento é o mode-lo de ônibus híbrido, movido por sistema diesel elétrico, criado pela Siemens. O veícu-lo foi apresentado no final do ano passado em Santiago do Chile e em Buenos Aires, na

Argentina. No final de maio estará em exposição numa feira de mobilidade que ocorre no Rio de Janeiro. A empre-sa projetava boas vendas no Chile, mas o recente terremoto acabou forçando

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Em Caxias não há controle sobre as emissões de poluentes. A estação de monitoramento está em manutenção desde outubro

“Estes veículos são duplamente ecológicos: não emitem fumaça e ainda resolverão o sério problema de destinação do lixo”, sustenta Agenor Boff

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Modelo de ônibus híbrido da Agrale, que combina dois motores elétricos com um a diesel, reaproveita energia das frenagens e desacelerações e reduz emissão de gases em 30%

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e nova opção para a destinação dos re-cursos públicos.

O veículo utiliza dois motores elétri-cos como fonte de tração e um motor a diesel como fornecedor de energia. O sistema de gerenciamento eletrônico garante o reaproveitamento da energia gerada por frenagens e desacelerações, que é armazenada em ultracapacitores para ser utilizada na alimentação dos motores elétricos. O sistema da Sie-mens mantém o motor diesel em níveis ideais de rotação, gerenciando o forne-cimento da potência necessária. Com isso obtém-se economia de combustí-vel e de manutenção, redução de gases de emissão e de ruídos.

O gerente de engenharia do produto da Agrale, Pedro Soares, garante que o veículo reduz o consumo de combus-tível em aproximadamente 30% e, por consequência, a emissão de poluentes na mesma proporção. É indicado para sistemas de transporte público urbano de grandes cidades, especialmente em áreas planas. Em regiões mais aciden-tadas o rendimento não é tão eficiente.

O modelo Green foi desenvol-vido pela Agrale para abastecimento com GNV (Gás Natural Veicular). Por enquanto as vendas estão concentra-das exclusivamente no Peru. Havia negocia-ções encaminhadas no Brasil, mas a crise de fornecimento de gás pela Bolívia fez com que os frotistas recuas-sem. “Por aqui as defi-ciências no suprimento do combustível, aliadas a um preço inicial de venda superior ao do veículo convencional, tornam-se um obstá-culo adicional.”

Mas Soares garante que tanto no Green quanto no híbrido o retorno do investimento se dá de forma mais rápida em função da economia no combustível e do menor custo de ma-nutenção. “Estamos nos antecipando e oferecendo alternativas tecnológicas diferenciadas para o mercado. Mas a consolidação, como qualquer outra ação na área ambiental, depende mui-to de políticas públicas que incentivem o seu uso.”

É o que está fazendo o governo da Nova Zelândia, que estabeleceu metas para a fabricação e oferta de carros elétricos no país. Por meio da chama-da Estratégia de Energia para 2050, o governo pretende que nos próximos 40 anos toda a frota de veículos seja elétri-ca ou movida a combustíveis renová-veis. Até 2020 cerca de 5% dos veículos terão de ser elétricos e 25% precisarão usar biocombustíveis.

A Cetesb de São Paulo, em sua polí-tica de atuação, defende o uso de veí-

culos de baixo impacto poluidor, como os elétricos, híbridos, a gás natural e movidos a diesel com menor teor de enxofre ou que sejam equipados com sistemas avançados de controle de emissões. Destaca, no entanto, que é preciso privilegiar a tração elétrica.

A Viação Santa Tereza (Visate), concessionária do transporte coletivo urbano de Caxias do Sul, tem uma fro-ta de 313 veículos, responsáveis pelo consumo médio mensal de 750 mil litros de óleo diesel. Para manter sob controle as emissões de gsases, den-tro dos padrões estabelecidos por lei, a empresa faz dois tipos de monitora-mento.

Todos os meses, nas dependências da empresa, ocorrem testes, por amos-tragem, para verificação da opacidade da fumaça expelida pelos ônibus. O gerente de manutenção de frota e su-primentos, João Carlos Cardoso, afir-ma que os níveis atuais são de 19%, en-quanto a legislação estabelece máximo de 30%.

Outro controle é feito a cada seis me-ses por meio do programa Despoluir, uma iniciativa da Confederação Na-cional dos Transportes. No último tes-te a Visate apurou opacidade de 0,188.

A Fepam estabelece máximo de 0,208 e a le-gislação federal, 0,303. “Tanto em um quanto em outro controle nos-sos parâmetros são me-lhores do que os exigi-dos em lei”, destaca.

De acordo com Car-doso, uma das carac-terísticas da frota da Visate é que em sua composição já há 50% de ônibus dotados com motores eletrô-

nicos, onde os níveis de emissão são menores. Em relação ao combustível, principal responsável pelo material particulado, a empresa utiliza o que é oferecido pelas distribuidoras, no caso óleo diesel com adição de 5% de biodiesel, percentual que crescerá nos próximos anos. O biodiesel é extraído de óleos vegetais, como de soja e ma-mona, dentre outros.

Sobre a possibilidade de a empresa vir a utilizar energia elétrica como ma-triz de combustível, o gerente não acre-dita que isto ocorra em prazo inferior a 20 anos. Cardoso observa que se trata de uma tecnologia social e ambiental-mente correta na sua aplicação, mas problemática na sua origem. O gerente cita, por exemplo, a geração de energia a partir do carvão. “É uma das matrizes mais poluentes nas cidades onde é ge-rada. Em relação às hidrelétricas, fonte principal da nossa energia, é cada vez maior a pressão ambientalista contra novas usinas.”

“Existem alternativas tecnológicas. Mas sua consolidação depende muito de políticas públicas”, cobra Pedro Soares, da Agrale

Edital dE iNtiMaÇÃO dE EdER BERtOllO E OSCaR SaNtO BERtOllO

5ª Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul. Prazo de: 30 dias. Natureza: Cobrança. Processo: 010/1.05.0124185-2. Autor: Joao Carlos Finger. Réu: Eder Bertollo e outros. Objeto: INTIMAÇÃO dos requeridos EDER BERTOLLO e OSCAR SANTO BERTOLLO para que o(a) (s) devedor (a) (es) pague (m), por depósito judicial ou diretamente ao credor (com recibo), no PRAZO DE QUINZE DIAS, o débito indicado de R$ 25.070,88, mais cor-reção monetária e juros de mora incidentes no período, sob pena de incidência de multa de 10% sobre o total e prosseguimento com penhora e alienação judicial de bens.

Caxias do Sul, 10 de Agosto de 2009.

Servidor: Rosane Zattera Freitas. Juiz: Zenaide Pozenato Menegat.

Fumaça expelida pela frota da Visate é analisada periodicamente

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l Detroit Metal City | Anime. Sábado, 15h | Ordovás

Menino tímido se torna vocalista de uma banda de death metal. Baseado no mangá de Kiminori Wakasugi. Di-rigido por Toshio Lee. Com Ken'ichi Matsuyama e Rosa Kato. 104 min, leg.. Matinê Anime Caxias.

l Direito de amar | Drama. De quinta (13) a domingo, 20h | Ordovás

Professor de inglês perde compa-nheiro de 16 anos e tenta manter sua rotina, suas amizades e sua vida. Diri-gido por Tom Ford. Com Colin Firth e Julianne Moore. 14 anos, 101 min., leg..

l Missão Quase Impossível | Co-média. 13h50, 16h20, 19h30 e 22h | Iguatemi

Ex-espião da CIA tenta conquistar os filhos da namorada, mas os pesti-nhas acabam ajudando terrorista rus-so a encontrá-lo. Dirigido por Brian Levant. Com Jackie Chan e Lucas Till. 10 anos, 94 min., dub..

l Loucas por amor, viciadas em dinheiro | Comédia. Quinta (13), 15h | Ordovás

Dona de casa arranja emprego para sustentar seu confortável estilo de vida. Lá, conhece duas mulheres e, juntas, elas resolvem assaltar o ban-co em que trabalham. Dirigido por Callie Khouri. Com Diane Keaton e Ted Danson. 10 anos, 104 min., leg.. Matinê às 3.

AINDA EM CARTAZ - Alice no País das Maravilhas. Aventura. 13h30, 16h, 18h30 e 21h (dub.) e 14h, 16h30, 19h e 21h30 (leg.). Iguatemi | Chi-co Xavier – O Filme. Drama. 13h40, 16h10, 18h50, 21h20. Iguatemi | Como treinar seu dragão. Animação. 16h40. Domingo, 16h. UCS | Dupla Implacá-vel | Ação. 18h15. UCS | Homem de Ferro 2. Ação. 14h10, 16h40, 19h10 e 21h40 (dub.) e 14h20, 16h50, 19h20 e 21h50 (leg.). Iguatemi | Ilha do medo.

Suspense. 20h. UCS.

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Pre-ferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sába-do, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Dis-trito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Var-gas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316

l A Mulher Sem Pecado | Sexta (15), 20h |

Peça de Nelson Rodrigues, apresen-tada pelo grupo EDZ, em que um casal sofre com o ciúme.Teatro do SescR$ 5 (comerciários, estudantes e sênior) e R$ 10 | Moreira César, 2462, Centro | 3221-5233

l Boi de Mamão | Quinta (13) e sex-ta (14), às 10h30, 14h, 15h30 e 20h |

Espetáculo de bonecos do grupo Aprontação Experimental.Teatro Municipal – Casa da CulturaR$ 3 (matinê) e R$ 5 (noite) | Dr. Mon-taury, 1.333, Centro | 3221-3697

l Cinta-Liga/Desliga | Sexta (14), 20h |

Esquete teatral sobre as particula-ridades do universo feminino, vistas com bom humor. Saguão – OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312,

Panazzolo | 3901-1316

l Medida por Medida | Sábado, 20h |

Peça de William Shakespeare, com os atores Luiz Salém, Rodolfo Bottino e Pedro Neschling. Teatro Municipal – Casa da CulturaR$ 5 (comerciários), R$ 20 (meia en-trada) e R$ 40 (público em geral) | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697

l Paz e Humor... | Sábado, 20h30 |O humorista Paulinho Mixaria con-

ta causos dos pampas.Teatro São CarlosR$ 20 (estudante e sênior), R$ 30 (ante-cipado) e R$ 40 (na hora) | Feijó Júnior, 778, São Pelegrino | 3221-6387

l Salada Mista | Terça (11) e quarta (12), 10h e 14h |

Espetáculo infantil do grupo Teatro Luz e Cena, de Novo Hamburgo.Teatro Municipal – Casa da CulturaR$ 5 | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

l A Espera | De terça a domingo, das 8h às 20h |

Obras de Giovana Mazzochi e Mar-cos Clasen.Jardim de Inverno – SescEntrada franca | Moreira César, 2.462, Centro | 3221-5233

l Maria e Madalenas | Sexta (14), às 20h |

Exposição fotográfica de Giovana Mazzochi e Douglas Trancoso.Saguão – OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Mulheres | Até terça (11) |Telas de Cristiane Marcante.

Câmara de VereadoresEntrada franca | Alfredo Chaves, 1.312, Exposição | 3218-1600

l Soul Art | De terça a sábado, das 17h às 21h |

CINEMA

TEATROEXPOSIÇÕES

[email protected] de Cultura

As Marias de Victor Hugo Porto aparecem em múltiplas versões na exposição Fragmentos, que retrata as diferentes fases de sua obra

16 8 a 14 de maio de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Exposição | FragmEntos

Tesoura, cola e algumas extravagâncias

l Fragmentos | Até o dia 30 de maio |

Com 12 telas em técnica mista, a exposi-ção de Victor Hugo Porto reúne elementos de diversas fases da obra do artista.Galeria Municipal de ArteEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221.3697

Online | Veja uma galeria de imagens da ex-posição em www.ocaxiense.com.br.

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por MARCELO ARAMIS

A seis meses da vernissage de Fragmentos,aberta quinta-feira (7), na Galeria Municipal de Arte, Victor Hugo Porto havia pintado somente uma das 12 telas que integram a exposição. Oquadro retrata duas de suas Marias, mulheresde proporções gigantescas, mas cheias de feminilidade. Na cena, as personagens que são marca da obra de Victor Hugo se debruçam sobre uma escultura feminina, na perfeita anatomia humana. Uma perfeição de deixar pasmas as gordas e curvilíneas Marias, que estremecem o chão onde pisam e são capazes de agarrar o mundo com as mãos. Olham para a escultura com a curiosidade de quem admira a arte, convictas de que “aberrações” desse tipo, no seu “mundo real”, ficam restritas à arte.

A anatomia perfeita protagonizou mais duas telas da série. E os três quadros eram tudo o que Victor Hugo tinha a 40 dias da expo-sição. Musas estavam em toda a parte, mas faltava-lhe inspiração. O artista quis desistir, mas voltou atrás. No tempo. Em um velho baú,remexeu lembranças desgastadas, projetos deobras que nunca haviam passado de rascunhose ideias cheirando a mofo. Em recortes, asMarias sorriram para o seu criador. Ali estava a matéria-prima da exposição.

Victor Hugo colou os pedaços. Prazos apertados nunca atrapalharam o seu processo criativo. Em 40 dias pintou os nove quadros restantes. Nessa inspiradora corrida contrao tempo, o artista pôde visualizar o conjuntoda exposição e teve coragem para experimentaro novo. Usou pincéis – inclusive os do Photoshop –, carvão e esponja. Misturou colagens, fios de lã, tinta acrílica, serigrafia e impressão digital. Entre os carimbos se-rigráficos, enigmáticos nus sem rostoresgatam a segunda fase da obra do artista,quando recém havia abandonado o traço acadêmico das paisagens, retratos e naturezasmortas. As Marias estão nos detalhes.Coloridas ou em preto e branco, ainda sesobressaem aos nus realistas. Com olharesinquietos e as bocas sempre prontas parao grito, elas protagonizam o erotismo despretensioso de Victor Hugo, sem o pudor de esconder a cara.

Andar entre os fragmentos de Victor Hugo é encontar harmonia no caos. A exposição não se ajusta aos padrões: é cubista por natureza,realista na nudez, tem pinceladas surrealistase é desordenadamente dadaísta. Ainda dá parasentir o cheiro de tinta fresca das obrasassinadas quando já estavam na galeria. Acima de tudo, Fragmentos é uma extravagância, que só se permite aos grandes artistas.

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Fotografias de Lauro Grivot.Teatro Moinho da EstaçãoEntrada franca | Augusto Pestana, s/n°, São Pelegrino | 8404-1713

AINDA EM EXPOSIÇÃO – Calen-dário Ecológico. Até sábado (15). Ibis Hotel. 3209-5555 | Caxias Cultural. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h30, e sábados, das 8h30 às 12h30. Farmá-cia do Ipam. 3222-9270 | Desenhos. Até 18 de maio. Campus 8 – UCS. 3289-9000 | Sentimentos. De segunda a sexta, das 8h às 19h. Teatro São Car-los. 3221-6387 | Vitrine da História. De terça a sexta, das 9h às 17h. Arqui-vo Histórico Municipal. 3218-6114.

l Rodas de Leitura | Segunda (14), 15h |

Grupo de leitores é mediado pelo es-critor Uili Bergamin.Biblioteca Pública MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Thomas Mann e o pensamento filosófico | Quarta (12), das 18h às 19h40 |

Palestra com Fernando Fantinel, parte do curso Filosofia e Literatu-ra – Leitura Recomendada de Textos Clássicos.Auditório do Bloco E – UCSEntrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2100

l 22° Rodeio Crioulo Nacional de Caxias | Até 16 de maio |

Apresentações artísticas, como o Festival César Passarinho e o Festival de Poesia Gaúcha.

Sábado: Angelo Franco. 19h. Iní-cio do Festival César Passarinho. 20h.

Joca Martins. 22h30. Grupo Querên-cia. 23h | Domingo: Final do Festival César Passarinho. 19h. César Olivei-ra e Rogério Melo. 21h | Segunda (11): Xiruzinho. 21h | Terça (12): Os Campeiros. 20h. Jairo Lambari. 21h | Quarta (13): Robson Boeira. 20h. Shana Müller. 21h | Quinta (14): Da-niel Barros. 20h. Lisandro Amaral e Marcelo Oliveira. 21h30 | Sexta (15): Ernesto Nunes. 20h. Lúcio Yanel. 21h. Mano Lima. 22h. Grupo Criado em Galpão. 23h30.Pavilhões da Festa da UvaIngressos: quinta (a partir das 18h) e sexta, R$ 3; sábado e domingo, R$ 4. De segunda a quinta, entrada franca | Ludovico Cavinatto, 1.431 | 3221-1118

l Fenawiki 2010 | Até 23 de maio | Cerca de 120 expositores, gastronomia típica, shows, cultura e esporte são as atrações da festa.Parque CinquentenárioIngressos normal, R$ 5; promocional, R$ 4. Sextas, das 14h às 22h, e sábados e domingos. das 10h às 22h. Ingresso para o Festival do Moscatel, R$ 35 | Av. Prefeito Arno Domingos Busetti, s/nº, Cinquentenário | Farroupilha

l Quiz Beatles | Todas as quartas de maio |

Durante todo mês, às quartas-feiras, quiz sobre os Beatles. O vencedor ga-nhará um mês de aulas do instrumen-to a sua escolha na escola Acordes.Leeds PubEntrada franca | Os 18 do Forte, 314 | 3238-6068

l Orquestra Municipal de So-pros | Domingo, 20h |

Regido pelo maestro Gilberto Sal-vagni e com participação especial do cantor tradicionalista Cristiano Que-vedo e Banda, o espetáculo Aurora Serrana apresenta canções que tradu-

zem o espírito gaúcho.Teatro Municipal – Casa da CulturaEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: A4. Pop rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Apocalypse. Progressivo. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Dead Fish e Zava. Hardcore. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Gustavo Reis. MPB. 22h30. São Patrício. 30285227 | Kadu e André. Pop rock. 22h. Badulê. 3419-5269| Izequiel Carraro. Pop/música eletrônica. 23h. La Boom. 3221-6364 | Le Freak. Anos 80 e 90. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Dan-ceteria. 3222-2002 | Rutera. Reggae. 22h. Zarabatana. 3901-1316 | Satur-day Night. Música eletrônica. 22h. Havana. 3215-6619 | Ton e os Karas. Rock. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Top Deejays. Música eletrônica. 23h. Move. 9198-3592 | Velho Hippie. Rock. 22h. Aristos London House. 3221.2679 | Vera Loca. Rock. 23h. Roxx. 3021-3597 | Vintage. Anos 70, 80 e 90. 23h. La Barra. 3028-0406 | Domingo: DJ Zé Beto. 17h. Zarabatana. 3901-1316 | Segunda (10): Ligante Anfeta-mínico, M.A.D.E.R.A, Ravana e 500 a. C.. Festival Contramão. 21h. Vagão. 3223-0007 | Terça (11): Ro-drigo Campagnolo e Graziano. Rock. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Terça Jazz. Jazz. 22h. Leeds. 3238-6068 | Quarta (12): Arena. Sertane-jo universitário. 22h. Portal Bowling. 3220-5758 | Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Ton e os Karas. Rock. 22h. La Barra. 3028-0406 | Quinta (13): Paulinho Cardoso e Marquinhos Michelon. 21h. Zarabatana. 3901-1316 | Trio Pa-rada Blues. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Sexta (15): Bad Medicine – Bon Jovi Cover. Rock. 23h. Vagão. 3223-0007 | Creedence Clearwater Revival Tribute. Rock. 22h30. Missis-sippi. 3028-6149 | Infiltrados. Rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Os Vulkanianos. Surf music. 22h. Zara-batana. 3901-1316.

FESTA

MÚSICA

LITERATURA

FILOSOFIA

TRADICIONALISMO

A Fita Branca, ganhador da Palma de Ouro e do Globo de Ouro, está em cartaz neste fim de semana

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CinEma | a Fita BranCa

Um olhar autoral sobre o autoritarismopor RENATO HENRICHS

Você anda com saudade de assistir a um filme diferenciado, duro, seco, len-to, que não faz concessões ao público e, mesmo assim, prende o espectador à pol-trona durante mais de duas horas?

Pois A Fita Branca é esse filme, um produto cinematográfico que foge do óbvio exaustivo que se instalou na programação dos cinemas de shopping. Apresentado em preto e bran-co, sem trilha sonora, sem qualquer tipo de efeito hollywoodiano, mas com uma história original o suficiente para oferecer diversas interpretações, o trabalho do austríaco Micha-el Haneke é um dos filmes mais intrigantes exibidos na cidade nos últimos tempos. Não é por acaso que, em 2009, ele foi distinguido com a Palma de Ouro em Cannes e saiu-se vitorioso no Globo de Ouro deste ano, duas premiações que valem ser consideradas.

Quando parecia que o tema raízes do auto-ritarismo (do nazismo e, principalmente, do fascismo) tinha sido explorado o suficiente. A Fita Branca surge como uma perturbadora fábula sobre a intolerância, realizada com a rigidez (in)digna de uma educação de moral protestante – por sinal, colocada no filme de forma impiedosa. Os acontecimentos que se passam num vilarejo alemão, no início do século passado, como diz o narrador, “são de extrema importância para se compreender os eventos dramáticos que aconteceriam na Alemanha, décadas depois”. Com essa fala, a associação da história com o despertar do nazismo e a ocorrência do Holocausto é imediata, embora o filme vá muito além disso. Na verdade, Haneke faz um estudo amplo e profundo sobre as consequências de uma educação por vezes cruel na sua repressão, da observância insana a regras de civilidade que não resistem a um avançar de portas.

Por sinal, há muitas portas fechadas, muita penumbra, muitos rostos em primeiro plano no desenrolar da trama, revelando o que se esconde por detrás das normas impostas pelas aparências ou pelo excesso de disciplina. Dessa forma, o espectador vê cenas como um pai bolinando a própria filha na madrugada; e outro, justamente o pastor da comunida-de, amarra as mãos do filho adolescente na cama para que ele não possa se masturbar. Mais do que coisas assim, porém, o público se depara com uma série de crimes e aciden-tes que não se explicam. Apenas reforçam a ideia de que autoritarismo gera autoritaris-mo. Ou de como uma sociedade doente pode gerar uma doença social como o nazismo.

Apesar de tudo o que é mostrado, o diretor não cede a conclusões fáceis. Ao contrário, impõe-se uma desconfiança a respeito da autoria dos crimes, estabelecendo-se uma dúvida a respeito da bondade e/ou ingenui-dade das crianças. O final fica em aberto. Como a dizer: certas feridas não cicatrizam.

l A Fita Branca | Sábado e domingo, 20h | Ordovás

Em 1913, vilarejo alemão é tomado por estra-nhos acidentes, com caráter punitivo, levan-tando clima de desconfiança geral. Dirigido por Michael Haneke. Com Susanne Lothar e Ulrich Tukur. 16 anos, 144 min., leg..

Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz na cidade em www.ocaxiense.com.br.

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Marcos Clasen| A espera |

Neste óleo sobre tela, o artista mostra que em momentos de espera todos são iguais, independentemente de idade, gênero e cor. Há o guarda-chuva e o cão, mas além disso não temos nenhuma informação sobre estas pessoas que estão na mesma situação, nuas e frágeis. As telas fazem parte da exposição de Marcos Clasen com a artista Giovana Ma-zzochi, que produziu um videoarte, e podem ser vistas no Sesc (Moreira César, 2.462), de 12 a 31 de maio.

LUGARESN

por MÔNICA MONTANARI

ão me pergunte onde estamos, porque podemos estar em qualquer lugar.

Lembro bem que na última vez que nos encontramos – e já faz tempo isso – você já me perguntava onde estáva-mos, para onde iríamos, onde querí-amos chegar.

Eu não sabia o que responder pra você. Nunca soube o que responder pra você e ficava fazendo aquela cara blasé. Eu não sabia o que dizer e tam-bém não sabia por que você queria

saber. Que diferença fazia onde estáva-

mos ou para onde iríamos se era ine-vitável continuar a caminhada e não sabíamos onde ia dar aquela estrada?

Muito tempo estas dúvidas. Há muito tempo perguntas sem respos-tas. Espelhos sem reflexos. Reflexões. Agora nos encontramos aqui e esta minha veia de poeta fracassado, ou não, mas, enfim, um daqueles que abandonou o limite e se tornou uma confusão, me fez pensar que em al-gum lugar há respostas, hoje – para esta pergunta.

Onde estamos?Penso que podemos estar em qual-

quer lugar ou em todos os lugares, mas acho que há um momento em que o caminho cansa e a bagagem pesa demais e nós resolvemos, naque-le momento, parar com tudo aquilo.

Largamos a bagagem.Abandonamos o caminho.Nosso endereço já não mais é en-

contrado no Google Earth.Bloquearam nosso CPF, nossas

contas bancárias, nossos cartões de crédito.

Perdemos a Carteira de Identidade.

Nosso registro troca de livro, do A para o C.

Assim é que nos encontramos. Nesse lugar que hoje estamos.

Pelo menos “penso que estamos no beco dos ratos.

Onde os mortos seus ossos deixa-ram.” (T.S. Eliot)

Você não percebe como está leve?Você não ouve o barulho deles a

passear sobre você?

Do livro A louca e outros contos de ônibus. Ed. Belas-Letras, R$ 15.

18 8 a 14 de maio de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

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l Juventude x Brasil-Fa | Quarta (12), 15h30 |

O Juventude faz em casa o último jogo da primeira fase do Campeona-to Gaúcho Sub-20 contra o Brasil de Farroupilha. Independentemente do placar, a equipe alviverde classifica-se em primeiro lugar do grupo.Centro de Formação de Atletas e Ci-dadãos (CFAC)Entrada gratuita | Atílio Andreazza, Parque Oásis

l Caxias x Esportivo | Quarta (12), 15h30 |

A equipe do Caxias, matematica-mente classificada entre os três pri-meiros no Grupo 4 do Gauchão Sub-20, e enfrenta o Esportivo pela última rodada da primeira fase. Estádio Municipal Homero Solda-telliEntrada gratuita | Barros Cassal, 377, Flores da Cunha

l Campeonato Municipal | Sába-do, 13h15, 14h e 15h15 |Neste sábado serão recuperados os jogos da segunda rodada da categoria Suplente, que não foram realizados devido à chuva. No dia 15, as demais

séries retomam os jogos.SÉRIE SUPLENTE - Sábado, 13h15:

Guarani x Ouro Verde (Enxutão), Sé-culo XX x XV de Novembro (Munici-pal 1) | 14h: Londrina x Águia Negra (Sagrada Família) | 15h15: Unidos x Az de Ouro (Enxutão), Fiorentina x União de Zorzi (Municipal 1). Campos: Municipal 1, Enxutão e Sa-grada FamíliaEntrada gratuita

l Copa União | Sábado, 13h30 e 15h30 |

Nona rodada da competição. As equipes São Francisco da 6ª Légua e Pedancino permanecem invictas na categoria juvenil, somando 18 pontos. Apenas seis gols a mais no saldo colo-cam o São Francisco na primeira posi-ção. Na categoria sênior, o São Virgílio continua líder isolado, somando 22 pontos em oito jogos.

Juvenil, 13h30: Bevilacqua x São Cristóvão, Pedancino x Botafogo, For-quetense x São Francisco |

Sênior, 15h30: São Cristóvão x Bo-tafogo, Pedancino x Conceição, São Francisco x Bevilacqua, Diamantino x Forquetense, Canarinho x Juvenil.Campo do time mandanteEntrada gratuita

l Futebol Sete Série A | Sábado,

14h15 e 15h15 |Na terceira fase do campeonato,

restam quatro equipes. Os vencedores farão a final no próximo sábado (15). Sábado, 14h15: Voges x Agrale | 15h15: Randon x Guerra Centro Esportivo do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

l Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 17h |

O jogo amistoso entre as equipes Santa Catarina e UCS faz a abertura da Copa Ipam de Futsal Feminino. A partida deve ocorrer logo depois da solenidade, programada para as 17h, no ginásio do Enxutão. O campeonato é disputado em duas divisões. Na 1ª, 15 equipes disputam o título, e na 2ª, são sete. A primeira rodada está mar-cada para os dias 15 e 16. EnxutãoEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l Campeonato Citadino Adul-to | Terça (11) e quinta (13), 19h45 e 20h45 |

A terceira rodada do campeonato inicia na próxima terça (11). O Torino é a única equipe a vencer nas duas pri-meiras rodadas, e lidera a Chave B.Terça, 19h45: São Paulo FC x Real

Futsal | 20h45: ASF Futsal x Os Deva | Quinta, 19h45: Juventus x São Vi-cente | 20h45: SER Suruba x Planalto.EnxutãoEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l Copa RS Infanto-Juvenil | Sá-bado, 9h, e domingo, 10h |

No sábado, a partir das 9h, a UCS/Prefeitura de Caxias do Sul enfrenta o Projeto Vôlei Nova Petrópolis e o Notre Dame, de Passo Fundo. No do-mingo os jogos têm início às 10h, e a UCS busca a vitória contra a Associa-ção Vôlei Futuro, de Santa Maria, e o Languirú, de Estrela.Ginásio Poliesportivo da UCSEntrada franca | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis

l 2° Intercâmbio | Terça (11), das 8h às 15h30 |

O evento reúne grupos do Programa de Jogos Adaptados para Adultos e 3ª Idade na modalidade Câmbio, seme-lhante ao vôlei, com adaptações. EnxutãoEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

Guia de Esportes

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No campeonato de Juniores, a dupla CA-JU disputa a última rodada da fase já classificada. O Ju enfrenta o Brasil de Farroupilha; o Caxias pega o Esportivo

FUTEBOL

FUTEBOL

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w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 198 a 14 de maio de 2010 O Caxiense

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20 8 a 14 de maio de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

por MARCELO [email protected]

ue as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.

Da série: “poesia numa hora des-sas?”. Pois é. O viciado torcedor de fu-tebol não suporta mais a bola tranca-da dentro do armário. Enquanto isso, o clube tenta distrair os apaixonados grenás com uma revisão sobre os 75 anos de história da Sociedade Espor-tiva e Recreativa Caxias. Rever é para quem tem coragem. Tivesse o Caxias um passado só de tristezas, a maioria preferiria colocar uma pá de cal, des-lizar cimento molhado sobre o assunto e esquecer tudo. E para encerrar a cena de filme pastelão, o tal do pedreiro fi-nalizaria sua participação assoviando e saindo de fininho do Estádio Cente-nário amontoado de lajes e pedras do esquecimento.

Feliz do time que tem glórias para re-ver, como o Caxias. “Ah, mas nunca foi Campeão do Mundo”, resmunga aque-le turista porto-alegrense. Realmente, o Caxias não é campeão da Taça Toyo-ta, nem campeão da Taça FIFA. Mas o esquadrão grená já silenciou o Está-dio Olímpico. Foi em 2000. Antes da derradeira partida, na casa do tricolor – que pode ser imortal, mas teve uma das vidas de gato ceifadas pelo Caxias de Adão, Titi, Maurício, Gil Baiano e cia. –, o Grêmio padeceu no Estádio Centenário. Levou três, “ao natural”, como lembrou o zagueiro Paulo Turra, em recente reportagem d’O Caxiense.

A essa altura o Caxias já não era considerado uma zebra e, com certa facilidade até, vence o jogo de ida no

Centenário por 3 a 0. Um empate sem gols em Porto Alegre bastou para sagrar o Caxias campeão gaúcho pela primeira vez na sua história. Um título mereci-do, fruto do sacrifício de um grupo de abnegados e sonhadores entre os quais estava Adão, com a sua pureza e a inata virtude de marcar gols.

O fragmento acima faz parte do texto Adão sem Pecados, uma crônica do caxiense Lúcio Saretta, 37 anos, so-bre a conquista do título de Campeão Gaúcho em 2000. Lúcio é um dos mui-tos torcedores grenás que encararam o desafio de rever momentos importan-tes do clube sob a ótica de quem os vi-veu, mas fora de campo. O projeto do departamento de marketing do Caxias pretende “aproximar a torcida e os as-sociados para que eles possam contar suas experiências com o clube nesses 75 anos de aniversário, uma versão além da história oficial, de como o clu-be se formou etc.”, explica a gerente de comunicação e marketing do Caxias, Daniela Goulart.

É natural que boa parte das histórias que o clube esteja recebendo, cerca de 30 até a semana passada, tenham como alvo o maior título do Caxias até hoje, mas o mundo grená descortina-se tam-bém em gestos fora de campo. Com a palavra, Bruno Caldart, 19 anos:

Meu nome é Bruno, sou estudante e tenho várias histórias relacionadas ao Caxias, mas vou contar a que mais me marcou. Foi em 2008. Passei por várias cirurgias e fazia um mês que estava in-ternado. Ganhei um rádio para ouvir os jogos do Caxias, não perco um! Um dia meu padrinho foi me visitar e tive uma grande surpresa. Ele trouxe os jo-gadores Kempes e Marília, autor do gol do título na final da Copa Amoretty, na qual eu estava presente. Foi uma visita totalmente inesperada, ganhei uma ca-

misa autografada e um quadro com o autógrafo de todos os jogadores da épo-ca. Fiquei muito emocionado e agradeço meu padrinho até hoje pelo que ele fez! Realmente foi um dia especial.

O fragmento faz parte do texto Uma visita inesperada. E Bruno enviou até uma foto para comprovar. Kempes e Marília, guerreiros em campo, foram gentis sem a bola. “Minha história foi muito emocionante, pois estava no hospital e pra falar a verdade estava desanimado. Eu tinha recém feito a cirurgia e não estava me recuperando como prevíamos (mais tarde tive que fazer outras três cirurgias). Não gos-tava muito que as pessoas me vissem naquele estado. Mas aquele dia foi es-pecial, realmente não esperava”, conta Bruno, que ainda se trata de uma do-ença inflamatória intestinal. “Marília e Kempes eram meus ídolos, a visita foi ótima. São muito legais e ainda me de-ram uma camisa autografada!”

O caxiense Valmor Fantinel, 35 anos, é outro torcedor que revive os tempos de Uva Mecânica, quando o Caxias patrolou todo mundo e ergueu a taça de melhor do Estado. “Minha história foi motivada na emoção que aquele título gaúcho provocou. Foi um campeonato inesquecível por todos os fatos que o marcaram. A equipe desa-creditada, os salários atrasados, o clube vivendo um período de muitas dificul-dades financeiras e políticas e, mesmo assim, um grupo de jogadores coman-dados por um grande líder consegue alcançar esse feito, igualando-se ao nosso co-irmão”, explica Valmor, que escreveu Bandeirão contagiante.

Os textos citados nesta reportagem estão publicados no site www.sercaxias.com.br. E os torcedores podem enviar seus relatos, inclusive com fotos, até 21 de junho – o histórico dia do título

de Campeão Gaúcho em 2000 – pelo e-mail [email protected]. “Não sabemos ainda se isso tudo vai resultar num livro, vamos avaliar depois que todo o material estiver conosco”, des-pista Daniela.

Não importa o estilo do texto. Pode ser mais rebuscado e envolvente, como o de Lúcio: Adão era um rapaz alto, de semblante calmo e sorridente. E, ao contrário do seu homônimo que foi expulso do Paraíso por morder a fruta proibida, não costumava pecar na hora das conclusões. Ou mais próximo de um bate-papo, como o de Bruno: Mi-nha irmã Gabriela, de 10 anos, também é torcedora do Caxias. Na série C do ano passado, ela entrou em campo com os jogadores carregando a bandeira do Caxias, eu fiquei dentro do campo espe-rando ela, nunca tinha estado dentro do campo, sentindo o barulho da torcida! Foi muito legal também, principalmente pra ela. O jogo foi contra o Criciúma e o Caxias saiu vencedor.

Olha o Criciúma aí, gente! Sempre é bom rever a história, ainda mais quando nos estimula a encarar o futuro. Principalmente relembrar de vitórias contra times que vamos enca-rar novamente, como o Criciúma. Mas, como ensina o poeta Ferreira Gullar, autor dos versos do início desta repor-tagem: metade de mim é partida, / mas a outra metade é saudade.

Lúcio, Bruno e Valmor pretendem escrever uma nova história no final de 2010. “A história que tenho certeza todo grená quer contar tem esse títu-lo: O ano em que o Caxias encontrou o seu devido lugar, a Série B!”, anuncia Valmor. Que assim seja. Já dá vontade de sentir saudades desse título que ain-da não veio só pra ler a continuidade da vida grená nas memórias de seus fiéis e eternos torcedores.

Enciclopédia não oficial

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HISTÓRIAS DA ARQUIBANCADAConvidados a homenagear os 75 anos do clube, torcedores escrevem suas melhores memórias grenás

Bruno Caldart relembrou o dia em que os campeões Kempes e Marília foram visitá-lo no hospital: “Foi muito emocionante”

Page 21: Edição 23

por FABIANO [email protected]

m 1998, sentado nas sociais do Está-dio Alfredo Jaconi, Lauro concedeu entrevistas porque estava sendo em-prestado pela Parmalat, patrocinadora do Juventude, ao Palmeiras. Não sabia quanto tempo iria ficar, ou se a partir de São Paulo teria outro rumo. Foi a primeira vez que ele saiu do Juventude. Retornou, foi para o Etti-Jundiaí (hoje Paulista) e de lá para o Grêmio, passou pela Ulbra (atual Universidade) e, des-de 2004, veste a camisa alviverde no-vamente. A mesma pela qual seu filho, João Pedro, quatro anos, a mulher, Ma-nuela, 28 anos, e a sogra, Sueli – mais conhecida pelos amigos como Neca –, torcem apaixonadamente. Passados 12 anos, as entrevistas também são em tom de despedida, mas Lauro sabe que, desta vez, não voltará a atuar pelo Ju. Pelo menos não dentro das quatro linhas.

Na semana passada a direção apresentou uma proposta para o ídolo papo se tornar um auxiliar técnico ou, ainda, trabalhar junto ao departamento de marketing, como uma espécie de garoto-propaganda do clube que lhe abriu as portas no distante ano de 1990. “Quando se é guri se faz cada coisa... Viajei a São Paulo e outras ci-dades do Rio Grande do Sul para fazer testes. O seu Adão Pereira, que treinou o Flamenguinho de Alegrete e depois trabalhou no Ju, foi quem me trou-xe para Caxias do Sul. Nem fiz teste, cheguei e comecei a jogar”, orgulha-se em contar. Lauro Antônio Ferreira da Silva, 36 anos, é uma pessoa sincera. O mesmo Lauro que conversou com jornalistas sentado tranquilamente na sombra da arquibancada do Jaconi no final da década passada abre a porta de sua casa hoje, próximo de completar 37 anos (em 20 de junho), para mos-trar o quanto é feliz.

Quando chegou em Caxias, co-meçou na categoria Juvenil. Treinou forte, mostrou empenho e foi para os Juniores. Em 1994, logo em janeiro, participou da Copa São Paulo de Fu-

tebol Júnior. Ao lado de companhei-ros como o goleiro Humberto (hoje treinador de goleiros das categorias de base do alviverde), do volante Itaqui e do zagueiro Baggio, levou o Juventude ao 5º lugar, feito inédito para um time até então desconhecido, que estrea-va na Copinha. O treinador era José Luiz Plein. Devido ao desempenho na competição, a maioria dos jogadores imediatamente foi promovida ao pro-fissional. No final daquele mesmo ano, numa tarde ensolarada de domingo (4 de dezembro), o Ju sagrou-se campeão da Série B diante do Goiás. “Foi quan-do nosso futebol apareceu para o Bra-sil”, lembra Lauro.

Ao retornar para Caxias do Sul de-pois de atuar pelo Palmeiras, o Baixi-nho, natural de Alegrete, ergueu outra

taça, a de Campeão Gaúcho invicto, em 1998. No ano seguinte foi a vez da Copa do Brasil, o maior títu-lo conquistado pelo Ju, que lhe garantiu a participação na Copa Libertadores de 2000. Além desses títulos, Lauro foi campeão do Mercosul pelo Palmei-ras (1998) e, com o Etti-Jundiaí, em 2001, campeão da Série A2

(segunda divisão) do Paulistão e da Série C do Brasileiro. “Deus usou o Juventude para me abençoar. Sei que tudo o que tenho hoje eu devo ao Ju-ventude. Minha casa, minha carrei-ra e, principalmente, minha família, pois conheci minha esposa em Caxias do Sul e meu filho nasceu aqui”, diz o Baixinho, olhando para o horizonte na sala de casa enquanto saboreia o chi-marrão.

Lauro se considera uma pessoa feliz, com a bênção de Deus. “Foi tam-bém após ter vindo para o Juventude que conheci a palavra do Senhor. Não gosto muito de falar em religião, até para me preservar. A Bíblia é meu ma-nual de conduta”, resume o volante que tornou-se evangélico em 1995. Tudo é creditado a Deus, inclusive a experiên-cia em outros clubes do país. “Eu fui, apesar de não gostar muito de mudan-ças. Ganhei experiência. Não tenho como separar o Ju da minha vida. Tive

Aceita ou não aceita?

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“TUDOVALEU MUITOA PENA”Ídolo da torcida e papo de coração, Lauro avalia a proposta da direção para abandonar o futebol e tentar ajudar o clube de outra maneira

Lauro diz que a turbulência já passou: “Estou com a cabeça tranquila para decidir”

“Sei que tudoo que tenhohoje eu devoao Juventude.Minha casa,minha carreirae, principalmente,minha família”,diz o Baixinho

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22 8 a 14 de maio de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

alegrias no passado e derrotas mais recentemente; tudo valeu”, constata, tecendo um elogio ao amigo Marcelo Costa, meia do Caxias formado nas categorias de base do Jaconi e eleito craque do Gauchão 2010, em votação promovida pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF).

A experiência cita-da pelo Baixinho e, aci-ma de tudo, seu empe-nho dentro de campo e seu caráter fizeram com que fosse abençoado também pelas arquiban-cadas. Poucos sabem falar com a torcida como o ídolo que já vestiu 570 vezes a camisa do clube fundado em 1913. “O cidadão Lauro foi criado pelo Juventude. Tenho plena consciência de que a papada fez o Lau-ro. Eu joguei muitas vezes empurrado pela torcida. É por isso que eu jogo, por um ideal. Foram os juventudistas que fizeram a maior propaganda do joga-dor Lauro”, agradece. Poucos atletas são elogiados ou cobrados respeitosa-mente em público como o pai do João Pedro.

Enquanto dá atenção ao filho e à esposa e aguarda o horário do culto, Lauro respira fundo, esfrega a mão no rosto e pensa. Até sexta-feira (7), não havia tomado uma decisão sobre a pro-posta da direção. E nunca pensou que seria tão difícil. “Mas é bom saber que o Juventude me quer. Sei que o clube não está virando as costas para o Lauro. Chegaria uma hora em que eu deveria parar de jogar. Digo para a torcida que não tenho mágoa, mas sim felicidade por todas as vezes que vesti e honrei a

camisa. Acho até melhor parar agora, lembrado por todos, do que acabar no esquecimento. Por outro lado, tenho amor pelo jogo, sei que poderia jogar

mais algum tempo. Enfim, não é tão sim-ples quanto parece de-cidir”, contextualiza o jogador.

Enquanto abraça o filho, Lauro para e diz, calmo como nas entrevistas de 1998, que a turbulência já passou. “Estou com a cabeça tranquila para decidir.” A turbulên-cia a que o Baixinho

se refere ocorreu na semana retrasada. A reapresentação do grupo profissio-nal estava marcada para 26 de abril, visando ao início dos trabalhos para a disputa da Série C a partir de 18 de julho (a Confederação Brasileira de Futebol deve divulgar a tabela e o re-gulamento da competição até o final de maio), e Lauro não apareceu no Jaconi. Segundo o vice-presidente de futebol, Juarez Ártico, o jogador com contrato até novembro de 2010 fora liberado para tratar de assuntos particulares – mais especificamente, do curso de Educação Física que faz na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG).

Como o assunto vazou, e para evitar mal-entendidos, a direção divulgou no final da manhã de 29 de abril uma nota oficial sobre as negociações enca-minhadas com Lauro. No mesmo dia, por volta das 18h15 e depois de uma reunião com Ártico e com os assesso-res do departamento de futebol, Juarez Marcarini, e da presidência do Ju, Rai-mundo Demore, o Baixinho concedeu

uma entrevista coletiva. Cabisbaixo e abatido, Lauro falou que iria pensar com carinho na oferta. “Nossa inten-ção é ter o Lauro junto do Juventude, as portas estão abertas. Talvez façamos um jogo de despedida. É um projeto novo, não como jogador”, diz Ártico, reforçando o convite.

Com o passar dos dias, Lauro diz que “esfriou a cabeça” e, com a ajuda de Deus e da família, está avaliando as possibilidades. “O clube não me deu um prazo, porém, não gosto de ficar postergando decisões. E também não quero me precipitar. Como disse an-tes, não é fácil, mas creio que terei a serenidade necessária para finalizar a questão”, pondera. O anúncio da di-reção alviverde dividiu a torcida e até funcionários do clube. Enquanto par-te agradece e elogia o empenho do atleta Lauro nos cerca de 17 anos de Jaconi, outros acham que houve falta de respeito em convidar o jogador a se aposentar. Diz a nota assinada pelo presidente Milton Scola: “A direção alviverde, em momento algum, tratou o assunto com a intenção de desqualificar a repre-sentatividade daquele que é considerado um ídolo e participante ativo nas principais conquistas do clube e exemplo de pro-fissional comprometido com a causa esmeraldina. Ou seja, é fundamental que o torcedor do Juven-tude saiba que em mo-mento algum a diretoria deixou de considerar a contribuição de Lauro e sua trajetória no clube.”

O primeiro momento de indefini-

ção na carreira de Lauro no Ju ocorreu no final do ano passado. Com contrato finalizado em novembro, ele aguardou uma proposta da direção recém-eleita. O valor do salário foi reduzido, devi-do ao déficit nos cofres do Jaconi, e o Baixinho renovou até novembro de 2010. Como sempre fez, chegou cedo aos treinos, cumpriu horários, suou a camisa.

A saída de Lauro do campo também deixará um vácuo na imprensa. Prefe-rido para dar entrevistas, sempre falou bem, ponderadamente. Tanto nas ho-ras boas quanto nas ruins. Foi assim no rebaixamento do ano passado. O Bai-xinho se apresentava para dar explica-ções. “Estamos tentando recolocar o clube nos trilhos. Particularmente, fico triste com isso porque sempre atuei em equipes vencedoras aqui no Juventu-de”, diz, ao comentar a fraca atuação da equipe no Campeonato Gaúcho de 2010.

Para Lauro, o nervosismo é a princi-pal dificuldade para quem vive de jogar futebol. E o mesmo vale fora do grama-do. Hoje ele ressalta ser capaz de pensar assim devido à expe-riência de vida, devi-do ao Juventude. As articuladas entrevis-tas no Estádio Alfre-do Jaconi poderão se repetir, caso ele aceite o convite da direção esmeraldi-

na e siga no clube, em outras funções. Trata-se de decisão que não deve tar-dar. “O que posso dizer é que tudo va-leu muito a pena”, declara o Baixinho. Em tom de despedida?

“Acho até melhor parar agora, lembrado por todos, do que acabar no esquecimento”,analisa o ídolo alviverde

“Digo para atorcida que não tenho mágoa, mas felicidade,por todas asvezes que vestie honrei a camisa”, discursa Lauro

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O Procon atende hoje uma média de 100 reclamações diárias. As pessoas aprenderam a exigir seus direitos ou a qualidade dos serviços oferecidos pelas empresas e/ou instituições piorou?

São as duas coisas. Os consumido-res estão, sim, mais conscientes de seus direitos. Isso é muito bom e nos deixa contentes, visto nos-sa constante preocupação em divulgar e introduzir os direitos do consumi-dor ao cidadão caxiense. Por outro lado, há ainda empresas que arriscam, avaliando o custo bene-fício de seus atos e não cumprindo com a qualida-de dos serviços/produtos oferecidos. Mas, cada vez mais, essas empresas ou instituições vêm sofrendo as consequências.

A telefonia ainda é o segmento que mais rende reclamações dos consumidores?

Sim, as empresas de telefonia plantam no varejo e colhem no ata-cado. Não consideram as questões de custo/beneficio de suas ações. Ocorrem constantes cobranças ao consumidor, sobre serviços não

solicitados, ou mesmo cobranças indevidas ou por vezes em duplici-dade. A telefonia é serviço essencial. Havendo qualquer irregularidade, esta deve ser notificada e resolvida prontamente pela empresa fornece-dora.

Em geral, as reclamações têm

obtido que média de retorno, de resposta ou indenização?

O Procon, sendo órgão administrativo e não judiciário, realiza acordos amigáveis, negociações entre con-sumidor e fornecedor, servindo como órgão conciliador e media-dor. Atualmente temos

obtido em média 75% de acordos/resultados positivos. Podemos melhorar, mas já consideramos este um bom índice diante da deman-da de reclamações que recebemos diariamente. Como órgão admi-nistrativo, o Procon não tem poder para indenizar, agindo assim em companhia de outros órgãos, como o Ministério Público e Juizados, quando há necessidade de ressarci-mento ao consumidor.

Renato [email protected]

Sou contra o gasto exagerado neste momento e desta forma

Vereador Marcos Daneluz (PT), sobre a missão organizada pela CIC que levará oito representantes de entidades caxienses à África do Sul

Para o coordenador do Procon Caxias, o cidadão/consumidor está mais consciente de seus direitos, mas algumas empresas não zelam pela qualidade dos produtos

perguntas paraDagoberto dos Santos

Depois de evitar qualquer contato com o presidente do Sindicato dos Médicos, Mar-lonei dos Santos, o prefeito José Ivo Sartori começou a discutir a reivindicação dos profissionais da área da saúde em outra instância: o SindiServ.

Sob o comando de João Dorlan da Silva, a entidade dos servidores municipais incorporou o pleito dos mé-

dicos, como item de número 25 da sua pauta de reivindi-cações. Mas o pedido de re-ajuste do funcionalismo tem um percentual mais discreto: 8,93%. Mesmo assim é muito - para uma categoria que não tem qualquer perda salarial com a adoção, em 1996, da trimestralidade (repasse ao salário, a cada três meses, do percentual de inflação do período).

O número de eleitores caxienses projeta um dado também significativo, a ser confirmado no censo deste ano: ao que tudo indica, Caxias do Sul, em que pese toda a expansão dos últimos tempos, ainda não chegou aos 500 mil habitantes.

Ou será que os novos moradores da cidade não transferiram o título eleitoral para cá?

Serão muitas as comemorações relativas aos 100 anos da chegada do trem a Caxias do Sul. A mais festiva talvez tenha sido acertada nesta sexta-feira em reunião na prefeitura: o baile do trem. Será um baile municipal temático (o tema, obviamente, será o centenário da linha férrea), a ser realizado no dia 26 de junho, no Clube Juvenil (que comemora no mesmo mês 105 anos de fundação).

A organização do baile terá apoio da Comissão Comunitária da Festa da Uva, com a participação de diversos setores da administração municipal.

O Rodeio Crioulo Nacional de Caxias do Sul é promovido de comum acordo pela prefeitura e pela 25ª Região Tradicionalista. Mas chama a atenção o fato de que, em função dos apoiadores, o evento tenha adquirido cunho oficial – sem qualquer patrocí-nio privado.

Câmara de Vereadores, Codeca, Sa-mae, Conselho Municipal de Turismo, Festa da Uva e, exceção à regra, Uni-versidade de Caxias do Sul assinam a realização do rodeio, motivo maior para a construção da cancha, digo, do Espaço Multicultural do parque de eventos Mário Bernardino Ramos.

Em diferentes níveis de convicção, os deputados federais Pepe Vargas (PT) e Ruy Pauletti (PSDB) não de-cepcionaram o eleitorado na votação do reajuste de 7,72% às aposentado-rias da Previdência e do fim do fator previdenciário. Pelo menos não terão, durante a campanha eleitoral, cartazes anunciando que votaram contra os aposentados. Pauletti lembrou, em plenário, que nos dois governos FHC os benefícios aos aposentados acima de um salário mínimo tiveram reajuste real de 18,81%, enquanto que no perí-odo Lula o aumento real foi de 3,5%.

A escolha do vice-reitor da UCS está prometida para terça-feira (11).Na última reunião do Conselho Di-retor, decidiu-se que os conselheiros levariam para discussão de suas ins-tituições os 5 nomes elencados pelo reitor Isidoro Zorzi: o subreitor do campus de Bento, José Carlos Köche;

Homero Camargo, de Vacaria; o pró-reitor acadêmico Evaldo Kuiava; o ex-representante da Mitra no Con-selho, Roberto Boniatti; e o vice da primeira gestão de Zorzi, José Carlos Avino. Um sexto indicado, cujo não nome não foi divulgado, passou a integrar o grupo desde a sexta-feira.

O ministro dos Esportes Orlando Sil-va, que é filiado e indicado ao cargo pelo PC do B, estará na cidade na próxima sexta-feira, 14. Oficialmente, virá falar e ouvir sobre a possibilidade de Caxias do Sul ser subsede da Copa do Mundo de 2014. Na prática, virá reforçar a can-didatura do vereador e sindicalista Assis Melo à Câmara Federal.

Depois do “Câmara vai aos bairros”, o presidente Harty Moisés Paese (PDT), avalia a possibilidade de colocar em prática outra ideia inovadora: a consulta popular online. Com esse sistema, a po-pulação caxiense teria condições de dar sua opinião sobre projetos polêmicos ou sugerir temas para audiências públicas – sempre por meio da internet.

Um ponto está definido: só poderiam participar da consulta pessoas com domicílio eleitoral em Caxias do Sul. Para isso, um software específico preci-sa ser desenvolvido. Aliás, é claro que um projeto assim vai demandar muitos estudos, para que possam ser adequadas desde questões técnicas até implicações políticas.

Exatos 309.403 eleitores estão aptos a votar em Caxias do Sul nas eleições de outubro. É um número significativo que, bem utilizado, poderá significar uma ampliação e/ou fortalecimento da representação política caxiense na As-sembleia Legislativa e Câmara Federal. Alguém poderia iniciar uma campanha: eleitor caxiense vota em candidato caxiense.

O presidente da CIC, Milton Corlatti, defende com segurança e propriedade a iniciativa da missão à África do Sul, questionada na Câmara depois que a Mesa Diretora resolveu abrir mão da participação do vereador Alaor de Oliveira (PMDB).

Os nomes dos viajantes serão de-finidos nesta segunda-feira – todos representantes de entidades como CIC, CDL, Sindilojas, prefeitura e UCS. Para Corlatti, são entidades preocupadas e engajadas com o futuro da cidade, “que também passa por um bom aproveita-mento da realização no Brasil da Copa do Mundo 2014”.

Se um projeto desse nível já estivesse em prática, a Câmara de Vereadores po-deria ter perguntado ao eleitor caxiense: você é contra ou favor da prorrogação do contrato com a Visate? Ou: você acha importante que o Legislativo mu-nicipal esteja representado na missão da CIC que irá à África do Sul?

Mudança de endereço

Meio milhão?

Baile do trem

Rodeio oficial

De olho nas urnas

Escolha do viceA campanha continua

Consulta online Colégio eleitoral

Aliás

Na prática

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