Ediçao N.º 1579

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SEXTA-FEIRA, 27 JULHO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXI, N. o 1579 (II Série) | Preço: 0,90 Bombeiros apagaram 72 fogos nos últimos dois anos junto ao bairro da Esperança Avião de combate a incêndios despenha-se e larga combustível na barragem do Roxo pág. 7 JOSÉ FERROLHO JOSÉ SERRANO Leonel Cameirinha O comendador que começou do zero pág. 11 Ana Cabecinha Uma baleizoeira nas olimpíadas pág. 18 Fazer férias com as mãos postas na terra Até ao próximo domingo, 50 alunos do ensino secundário vão ter nas mãos enxadas, em vez de inchadas terem as mãos. Trata-se da Agroweek, uma iniciativa do Instituto Politécnico de Beja e da revista Forum Estudante, com o apoio do BES, que tem como lema “Tanta terra tanto tempo”. Uma semana de férias para brincar a sério à agricultura e para descobrir os segredos da terra. págs. 16/17 Governo fecha cinco escolas no distrito de Beja Semblana, em Almodôvar, Jungeiros, em Aljustrel, Pereiras-Gare e Amoreiras-Gare, em Odemira, e Panoias, em Ourique, são as localidades que vão acordar no próximo ano letivo sem escolas do primeiro ciclo. Todos reclamam. Menos Almodôvar. pág. 10 Serpa abriu portas à Casa do Cante No último sábado foi inaugurada em Serpa a Casa do Cante. Mais um passo em frente na candidatura dos cantares do sul a Património da Humanidade. Ou não estivessem presentes na inauguração os promotores da candidatura e o próprio embaixador da Unesco. pág. 12 Mina de São Domingos: oásis para lá do Guadiana A praia da Tapada Grande, este ano com Bandeira Azul, é um verdadeiro oásis nas terras quentes da Margem Esquerda do Guadiana. O que chama milhares de pessoas à velha Mina de São Domingos. Entre mergulhos e muitas histórias de vida por contar. págs. 4/5

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Diario do Alentejo

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SEXTA-FEIRA, 27 JULHO 2012 | Diretor: Paulo BarrigaAno LXXXI, N.o 1579 (II Série) | Preço: € 0,90

Bombeiros apagaram 72 fogos nos últimos dois anos junto ao bairro da Esperança

Avião de combate a incêndios despenha-se e larga combustível na barragem do Roxo

pág. 7

JOSÉ

FER

ROLH

OJO

SÉ S

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AN

O

Leonel CameirinhaO comendador que começou do zero pág. 11

Ana CabecinhaUma baleizoeiranas olimpíadas pág. 18

Fazer fériascom as mãos postas na terra

Até ao próximo domingo, 50

alunos do ensino secundário vão

ter nas mãos enxadas, em vez de

inchadas terem as mãos. Trata-se

da Agroweek, uma iniciativa do

Instituto Politécnico de Beja e da

revista Forum Estudante, com o

apoio do BES, que tem como lema

“Tanta terra tanto tempo”. Uma

semana de férias para brincar a

sério à agricultura e para descobrir

os segredos da terra. págs. 16/17

Governo fecha cincoescolas no distrito de BejaSemblana, em Almodôvar, Jungeiros, em Aljustrel, Pereiras-Gare e Amoreiras-Gare, em Odemira, e Panoias, em Ourique, são as localidades que vão acordar no próximo ano letivo sem escolas do primeiro ciclo. Todos reclamam. Menos Almodôvar. pág. 10

Serpa abriu portasà Casa do CanteNo último sábado foi inaugurada em Serpa a Casa do Cante. Mais um passo em frente na candidatura dos cantares do sul a Património da Humanidade. Ou não estivessem presentes na inauguração os promotores da candidatura e o próprio embaixador da Unesco. pág. 12

Mina de São Domingos:oásis para lá do GuadianaA praia da Tapada Grande, este ano com Bandeira Azul, é um verdadeiro oásis nas terras quentes da Margem Esquerda do Guadiana. O que chama milhares de pessoas à velha Mina de São Domingos. Entre mergulhos e muitas histórias de vida por contar. págs. 4/5

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EditorialFogoPaulo Barriga

O País está a arder. Lite-

ralmente. E as chamas

que o consomem ema-

nam não apenas da doença men-

tal de meia-dúzia de alienados.

Que se deleitam com o espetá-

culo infernal das labaredas. Eles

próprios inf lamados com o seu

criminoso padecimento. Por en-

tre o cheiro da terra queimada e o

fedor da demência, há outro odor

que se propaga com ferocidade.

O dos interesses, múltiplos, di-

versos, sempre económicos, que

fazem alastrar as chamas tão ou

mais intensamente que o próprio

vento. Mesmo quando, indomá-

vel, sopra sobre as serranias do

Algarve ou da Madeira. Cá está

um exercício interessante para

o Ministério Público ocupar as

longas férias judiciais: verificar

quanto custa ao País um verão

em lumaréu. E quanto e como e

quem recebe essas forras carbo-

nizadas. A nossa f loresta está di-

zimada. E as poucas manchas f lo-

restais que resistem, muitas delas

património do Estado, estão num

estado deplorável. Repletas de

mato, de material orgânico, de

lixo. As matas portuguesas são

uma verdadeira tentação para os

incendiários. Sejam eles meros

malucos ou sinistros calculistas.

Enquanto o Governo, igualmente

de forma incendiária, gasta pa-

pel de lei na liberalização genera-

lizada da plantação do eucalipto,

cedendo com ignomínia aos po-

derosos lóbis da indústria do pa-

pel, deveria antes prestar aten-

ção aos seus próprios matagais.

E exigir igual rigor aos produ-

tores particulares. No final, por

certo, as contas ficariam mais li-

geiras para o erário público. Já a

nossa região tem passado com al-

guma incolumidade a este verão

de Dante. Pouco resta para arder.

E ainda não é tempo de arder o

pouco que resta. Confessam os

bombeiros que a época de in-

cêndios, por cá, é mais tardia.

Acontece na reabertura da caça.

Quando as lutas entre couteiros

se acende, na verdadeira aceção

do verbo acender. Entretanto, os

nossos soldados da paz acorrem

às chamadas algarvias. Muitas

vezes sem meios. E por puro vo-

luntarismo. Homens e mulheres

assim há poucos. Cada vez me-

nos. E nós que tanto deles preci-

samos. Sempre. Muito.

“O distrito de Beja não precisa de sustentar o seu desenvolvimento no triângulo Alqueva/Sines/aeroporto. O porto de Sines não traz valor acrescentado para Beja”.

Mário Simões, deputado do PSD

Cristina Apolónia,

41 anos, comercianteConcordo. Temos que apoiar a nossa cidade. Embora haja regiões onde a cultura tauromáquica está muito mais enraizada. Como Barrancos ou Lisboa. Em Beja o gosto de ir às touradas tem vindo a diluir-se com o passar do tempo. Pessoalmente gosto mais da tourada espanhola.

Catarina Dias,

18 anos, estudanteNão concordo. Não sou a favor das touradas. Apesar de ser uma tradição portuguesa, não posso aceitar que um espetáculo viva à custa do sofrimento dos animais. Não é correto. Gostava, por isso, que as touradas acabassem de vez.

Carlos Baião,

47 anos, professorConcordo. Embora não seja aficionado, considero que as touradas fazem parte da nossa riqueza cultural. Os espetáculos tauromáquicos podem trazer mais gente de fora à nossa cidade. E isso pode ser economicamente importante. Não vou às praças, mas na televisão gosto de ver as pegas.

Irene Barriga,

57 anos, assistente operacional na Câmara Municipal de BejaNão concordo. Acho desnecessário. Aqui a tourada é só na Ovibeja. Não temos uma cultura tauromáquica que justifique. Não sou contra a tourada. Mas daí a ser património municipal…Em Barrancos e Espanha tudo bem, compreendo. Mas aqui em Beja?! Há coisas mais importantes a fazer.

Voz do povo Concorda com a passagem da tauromaquia a património municipal de Beja? Inquérito de José Serrano

Vice-versaEste governo “apanhou em execução uma estratégia” baseada nos projetos âncora de Sines, Alqueva, indústria mineira e aeroporto e “pôs-se contra tudo isto”.

Luís Pita Ameixa, deputado do PS

Fotonotícia A inauguração de uma velha ermida. Durante o Programa Polis ainda para ali lhe deram uma caiadela e lhe

fizeram uns arranjos à volta. Mas só esta semana, e depois de um investimento para cima dos 200 mil euros, é que foi reposta a total digni-

dade da Ermida de Santo André. A obra de recuperação foi promovida pela Associação de Desenvolvimento Regional Portas do Território,

que agora vê aumentado o parque bejense de monumentos sacros com interesse. Este, originalmente, foi mandado erguer no século XII pelo

rei D. Sancho I para celebrar a primeira conquista de Beja aos mouros. E agora foi, em boa hora, resgatado à ruína. PB Foto de José Ferrolho

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Rede social

Por que é que a ACOS decidiu reto-

mar o projeto da criação da Escola

Profissional Professor Mariano Feio?

Este é um projeto que remonta a finais de 2009, com o objetivo de ministrar cursos profissionais com uma forte componente prática de acordo com as necessidades da região. Propõe-se uti-lizar instalações que foram constru-ídas de raiz para a formação profis-sional agrícola situadas em Beja e em Évora. Adicionalmente propõe-se uti-lizar infraestruturas, equipamentos e recursos humanos já protocolados com o IPBeja e com a Universidade de Évora. A filosofia desta escola é es-tabelecer uma rede com outras insti-tuições de ensino profissional públi-cas e privadas, de modo a potenciar sinergias, complementar a oferta for-mativa, promover o diálogo e criar no-vos percursos formativos de modo a acompanhar o enorme investimento privado que se está a realizar em di-versos domínios, designadamente no regadio. A escola pretende ainda enca-minhar aqueles que optem por pros-seguir estudos superiores para as ins-tituições de ensino superior da região, fortalecendo a fixação de quadros téc-nicos qualificados no Alentejo.

Em que fase se encontra o projeto?

A candidatura da escola foi apresen-tada à Direção Regional de Educação do Alentejo em outubro de 2009, soli-citando autorização prévia de funcio-namento para o ano letivo 2010/2011. Em maio de 2010, por iniciativa do di-retor regional de Educação, foi solici-tada uma proposta de oferta forma-tiva para início imediato de atividade. Após esta data, jamais a ACOS recebeu qualquer comunicação oficial sobre a candidatura da escola, pese embora os sucessivos pedidos de informação so-licitados oficialmente. Recentemente, o presidente da Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional visitou a ACOS para se inteirar do processo in loco, tendo incentivado a ACOS a voltar a recandidatá-lo, uma vez que o mesmo vem ao encontro das prioridades atuais do Governo para o ensino profissional. A ACOS está a atualizar a candidatura. O objetivo é que funcione no ano letivo 2012/2013.

Que oferta formativa será disponibili-

zada e a quem se destina?

A oferta formativa insere-se nas áreas do regadio, da floresta, da pecuária e do agroalimentar. A ACOS pretende utili-zar as explorações dos seus associados como locais de estágio, assegurando, sempre que possível, emprego aos jo-vens diplomados. A escola destina-se a servir uma população estudantil dos centros urbanos de Beja e Évora e de localidades no seu eixo viário.

3 perguntasa Claudino

MatosMembro da direção da ACOS

– Agricultores do Sul

Semana passada

SÁBADO, DIA 21

MÉRTOLA VILA MUSEU APRESENTA CATÁLOGO DE MODA

A Câmara Municipal de Mértola, a Merturis e a Associação do Comércio, Serviços e Turismo do Distrito de Beja apresentaram o catálogo “Mértola, está na moda” – verão 2012. Mais do que um catálogo de moda ou de um roteiro comercial –, esta edição, adiantam os promotores, “é a afirmação de um território enquanto espaço de criatividade, de dinamismo e de valor humano e patrimonial”. Nas diferentes páginas do catálogo “é possível conhecer as ofertas de vestuário, calçado e acessórios disponíveis nas lojas do comércio local e simultaneamente conhecer alguns dos lugares de maior beleza e carisma do concelho de Mértola”. Uma das mais--valias desta iniciativa residiu, adiantam os responsáveis, “no facto de ser participada pela população local, de onde foram selecionados todos os modelos”. O catálogo está agora disponível nas lojas aderentes e em diferentes serviços públicos da vila e concelho. Está ainda disponível em www.cm-mertola.pt.

SINES PÚBLICO DO PRIMEIRO FIM DE SEMANA DO FMM MAIS DO QUE DUPLICOU O DE 2011

A organização do Festival Músicas do Mundo (FMM) estima que mais de 16 mil pessoas tenham estado em Sines nos três primeiros dias do evento, para uma viagem de descoberta pelos sons dos cinco continentes. Estes números mais do que duplicam os atingidos na edição de 2011, quando o primeiro fim de semana do festival, com os seus três dias, mobilizou perto de sete mil pessoas, um total igualado este ano num só dia, com o público do último sábado. “Está mais gente do que no ano passado. Vê-se a olhos nus, está muita gente em Sines e isto só faz bem, dá- -nos força”, disse à Lusa o diretor do festival, Carlos Seixas, em jeito de balanço na noite de sábado, a terceira e última da primeira parte do certame. O responsável manifestou-se satisfeito com a recetividade do público nestes três dias de FMM, sobretudo no primeiro concerto da tarde de sábado, dos portugueses Dead Combo, com o guitarrista norte-americano Marc Ribot.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23

ALENTEJO JOÃO ARAÚJO FOI NOMEADO DIRETOR REGIONAL DO INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO

João Araújo foi nomeado diretor regional do Alentejo do Instituto Português do Desporto e Juventude. João Araújo, natural de Cabeça Gorda, Beja, professor, foi delegado regional da Direção Geral de Desportos e estava, desde finais de agosto de 2011, como diretor regional adjunto da Direção Regional de Educação do Alentejo, noticiou a Rádio Voz da Planície.

SEGUNDA-FEIRA, DIA 23

MOURA ORGANIZAÇÃO DO FESTIVAL KAZANTIP ANUNCIA ENCERRAMENTO DO EVENTO

A primeira edição portuguesa do maior festival de música do mundo, o KaZantip, que arrancou na sexta-feira, 20, nas margens do Alqueva, foi encerrada, mas fonte da organização garantiu que a decisão “não é definitiva”. Na página oficial do festival na Internet, em kazantip.com, pode ler-se que o evento foi obrigado a encerrar porque ficou impossibilitado de vender bilhetes e comida, devido a um erro no licenciamento. O KaZantip, vulgarmente conhecido como o “festival das orgias”, já passou por vários países e, segundo a organização, o primeiro evento realizou-se na Ucrânia e, em 2002, foi obrigado a encerrar pelo governo ucraniano. A primeira edição portuguesa do festival era para decorrer sem parar até 26 de agosto nas margens do Alqueva, no concelho de Moura, com a presença de mais de 1 200 DJ e muitos desportos radicais. Contactada pela Lusa, a fonte da organização confirmou que o KaZantip pode vir a ser cancelado, devido a uma “questão burocrática” relacionada com uma licença para a restauração do evento, à qual a organização é “completamente alheia”.

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Os rapazes que seguram a bandeira são da”Inclusão pela Arte” Esta foi a marcha de apresentação do Torneio Nacional de Futebol de Rua que, no passado fim de semana, decorreu em Beja. Todos ganharam, inclusivamente a equipa da casa, o FutEsperança, numa competição cuja luta é pela inclusão social.

Nada melhor que uma escorregadela para a águaEsta foi apenas uma de entre as variadíssimas propostas de divertimento que a junta de freguesia preparou para a V Semana da Juventude em Ervidel. Mas também houve concursos, festas, torneios desportivos e muita música.

Quer dar um passeio por Beja agora que faz calor?Aos dias de semana, a proposta chama menos gente. Mas durante os fins de semana são muitas as pessoas que estão a aderir a esta bela iniciativa de percorrer as ruas da cidade, freguesia a freguesia, descobrindo os seus pequenos segredos.

Primeiro inauguram-se as tasquinhas, depois chega a músicaPetiscos e mais petiscos, variados e bons, na inauguração do programa Tasquinhas 2012, que esta semana se inaugurou em Sines. Um bom complemento, necessário, para as desnoites a que o Festival Músicas do Mundo sempre obriga.

Lá fora também há uma praia fluvial toda catitaA iniciativa leva pelo nome “Por terras do chapéu de ferro”. E a ideia é diversificar a oferta turística aos muitos veraneantes que por esta altura procuram o oásis da tapada da Mina. Aqui, uma exposição sobre a história da mineração.

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Mina de São DomingosPraia da Tapada Grande recebe “alguns milhares” de veraneantes na época balnear

Um oásis em terras quentesA

época balnear já vai a meio, mas é a partir desta última semana de ju-lho e até finais do próximo mês de

agosto que são esperadas “enchentes” de ve-raneantes na pacata aldeia de Mina de São Domingos, atraídos pela sua praia f luvial, que recentemente foi premiada com o ga-lardão ambiental Bandeira Azul e que os-tentava já as insígnias Praia com Qualidade de Ouro 2012, Praia Acessível e Praia Saudável.

Os veraneantes são, na sua grande maio-ria, naturais da aldeia – ex-trabalhado-res mineiros há muito a residir em outros pontos do País e no estrangeiro –, seus des-cendentes e amigos. E turistas estrangei-ros, principalmente espanhóis. A praia da Tapada Grande, inaugurada há pouco mais de uma década, recebe durante quatro me-ses, entre junho e setembro, “alguns milha-res” de pessoas, imprimindo uma nova di-nâmica à localidade, trazendo à memória coletiva os tempos em que era o mais im-portante complexo industrial mineiro alen-tejano (segunda metade do século XIX até à década de 1930). As duas barragens exis-tentes – Tapada Grande e Tapada Pequena – foram criadas durante o período de ex-ploração, então a cargo da companhia mi-neira inglesa Mason & Barry, arrendatária da concessionária francesa La Sabina, em-presa que criou de raiz a aldeia e que hoje detém uma percentagem residual do parque habitacional. A esmagadora maioria das ha-bitações já foi vendida “a familiares e des-cendentes de mineiros”.

“Se não fosse ali a praia, a tapada, não vi-nha aqui ninguém, isto estava tudo caído”. Joaquim Martins, 78 anos, um dos poucos mineiros do fundo ainda vivos, diz que com a praia “sempre vem mais rapaziada”, prin-cipalmente “da parte da tarde”, o que dá “um bocadinho mais de movimento”. “Isto para os cafés é uma alegria. Praticamente é quase tudo aqui da aldeia. Eu fui para a Bélgica, outros foram para Lisboa, Porto, Setúbal, Faro, para todo o lado. Oitenta por cento dos que vêm são daqui. Um traz um, outro traz dois, outro três… são os amigos, os conhecidos. E também alguns estrangei-ros, mas esses vêm mais de inverno, com as caravanas”.

Com o fim da extração do minério e a fa-lência da empresa Mason & Barry, em me-ados dos anos Sessenta, Joaquim Martins, casado e pai de uma menina, foi obrigado a emigrar. Primeiro para a Bélgica, onde também trabalhou para uma empresa mi-neira que entretanto fechou; depois para a França. Regressou há 15 anos, mas passa temporadas no país que o acolheu durante mais de três décadas e onde residem as duas filhas.

Galardão A praia fluvial foi premiada recentemente com a Bandeira Azul

A praia da Tapada Grande, inaugurada há pouco mais de uma década, re-

cebe durante quatro meses, entre junho e setembro, “alguns milhares”

de pessoas, imprimindo uma nova dinâmica à Mina de São Domingos,

na freguesia de Corte do Pinto (Mértola), trazendo à memória coletiva

os tempos em que era o mais importante complexo industrial mineiro

alentejano.

Texto Nélia Pedrosa Fotos José Ferrolho

para que ele possa procurar conceber a vi-vência diária duma família dentro de um espaço de 16 metros quadrados”.

Muitos dos visitantes chegam à Casa do Mineiro “à boleia” de uns dias passados na praia f luvial, diz Maria Bárbara Reis, res-ponsável pelas visitas guiadas ao espaço museológico e funcionária da fundação desde finais de 1998. “A partir da primavera são mais os turistas e as pessoas que regres-sam à terra e que depois vêm recordar os ve-lhos tempos. São pessoas que vêm à praia, a maior parte. Nos outros meses são mais escolas e universidades, também seniores. Temos muitas visitas marcadas”, acrescenta a assistente administrativa, a quem não res-tam dúvidas de que a praia “é muito impor-tante” em termos sociais e económicos, se bem que “nos últimos dois, três anos”, o im-pacto no comércio local não esteja a ser as-sim tão significativo. São os efeitos da crise, que levam os veraneantes “a trazem as coi-sas e só se faltar alguma coisa é que vão aos comércios locais”, diz. “Mas a praia traz muita gente, muitos turistas, e muita vida à Mina. Temos uma população entre 700 e 750 pessoas e há três anos, no final de ju-lho, princípio de agosto, tivemos cá 5 000 pessoas diariamente, alojadas nas casas que eram dos pais, dos avós, e que foram recupe-rando, e outras no turismo rural ou no ho-tel”, concluiu Maria Bárbara Reis, também ela neta de um ex-trabalhador mineiro.

Encarnação Branco, 60 anos, proprie-tária de um minimercado aberto há duas décadas, situado a poucos metros da es-trada de terra batida que conduz ao Centro Republicano e à praia fluvial, não se queixa de falta de movimento. Queixa-se sim “de coisas que acontecem nestes últimos tempos que não aconteciam há uns anos”. “Coisas como roubos”, lá diz a meia voz. “Aparecem aqui pessoas de todo o lado, já não é como era antigamente. Isto era um meio muito pacato, muito sossegado, mas é a evolução, isto faz falta”, adianta, ao mesmo tempo que confirma que nos meses de julho e agosto, “principalmente”, nota “bastantes diferen-ças” no negócio, assim como na Páscoa, “época que traz muita gente à terra”. No resto do ano, “são poucas as pessoas que cá vivem. Como não há empregos os jovens têm que sair, por isso esta é uma terra só de gente idosa”.

Bento Gemas, concessionário do bar/res-taurante da praia fluvial desde 2010, aponta para a esplanada com algumas mesas e ca-deiras ocupadas, que por estes dias “já de-via estar mais composta”. São os tais efeitos da crise, diz. Apesar do cenário, o empresá-rio mostra-se otimista em relação às próxi-mas semanas: “Penso que isto vai recuperar, estou convencido disso”.

“Havia muita gente aqui na Mina, havia futebol, de três em tês dias havia cinema, certos divertimentos, hoje não há nada, nada. Não se vivia melhor do que hoje, só comíamos três sardinhas, se houvesse di-nheiro para elas, mas havia mais vida na al-deia. Pelo São João isto era um paraíso, bai-les [que duravam] oito, 10, 15 dias seguidos, e hoje não há nada”, reforça.

A duas ruas de distância do café onde Joaquim Martins aproveita agora para co-locar a conversa em dia com dois ex-tra-balhadores mineiros, está instalada a Casa do Mineiro, gerida pela Fundação

Serrão Martins. Um espaço inaugurado em 2006 que, conjuntamente com o cen-tro de documentação da fundação, fun-ciona “num conjunto de quatro antigos alojamentos de operários da mina”. A Casa do Mineiro, que se resume a um des-ses quatro alojamentos, com apenas 16 metros quadrados, “mostra a realidade fí-sica do espaço de vivência de uma famí-lia mineira”, onde “os objetos, as memó-rias, os símbolos e as carências estão nela representados”. Acima de tudo, dizem os responsáveis, “pretende provocar a ima-ginação e a sensibilidade do visitante

“Havia muita gente aqui na Mina, havia futebol, de três em tês dias havia cinema, certos divertimentos, hoje não há nada, nada. Não se vivia melhor do que hoje, só comíamos três sardinhas, se houvesse dinheiro para elas, mas havia mais vida na aldeia. Pelo São João isto era um paraíso, bailes [que duravam] oito, 10, 15 dias seguidos, e hoje não há nada”.

António Martins

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Qual é o impacto que a praia fluvial tem em ter-

mos económicos e sociais?

O impacto é grande. A praia atrai à nossa fregue-sia milhares de visitantes, que acabam por fazer algum consumo nos nossos estabelecimentos. Por outro lado, os visitantes são de vários países e diferentes culturas, o que a nível social permite uma troca de saberes e experiências. Mas a Mina não é só procurada na época balnear. No inverno somos visitados por muitos caravanistas, pelo que foi necessário criar um posto de serviço para autocaravanas.

Falava-se, há meia dúzia de anos, na criação de uma

nova zona de lazer na Tapada Grande, a cargo da

Câmara de Mértola, e na construção de um parque

de campismo da responsabilidade da La Sabina.

Em que ponto estão os projetos?

Devido à atual situação económica do País, os pro-jetos estão parados. A nova zona de lazer necessita de fundos comunitários e de financiamento; o par-que de campismo, pelo que sei, tem projeto, mas a La Sabina procura um parceiro para o investimento.

Quantos residentes tem a aldeia, de acordo com

o Censos 2011?

Os resultados ainda são preliminares, mas a Mina tem à volta de 550 habitantes. Com menos de 18 anos são cerca de 10 por cento; com idade superior a 65 anos são, mais ou menos, 60 por cento. Na úl-tima década perdemos cerca de 200 pessoas.

A que setores de atividade se dedica atualmente

a população em idade ativa?

Serviços, agricultura e pecuária.

Quais são os principais problemas da aldeia?

O desemprego é um dos maiores problemas. Os empregadores são a câmara, o Centro Social Montes Altos e a Santa Casa da Misericórdia. As poucas empresas que existem são familiares, liga-das à construção civil, turismo e comércio. Temos famílias com mais do que um elemento desem-pregado. Os jovens terminam os estudos e não en-contram emprego. Por outro lado, e apesar da Mina estar bem servida por vias de comunicação, as mes-mas encontram-se em mau estado de conservação e com obras inacabadas, como é o caso da estrada de São Marcos. Se a obra estivesse terminada terí-amos muitos mais espanhóis a visitar-nos. Tudo depende do concelho vizinho de Serpa. Os arru-amentos na Mina ainda estão mais ou menos, a 30 por cento. Gostaria que já estivessem concluí-dos. Mas tudo depende de fundos comunitários e de muita burocracia. Outro problema é o envelhe-cimento da população. Temos falta de um lar e de um centro de dia na freguesia.

E as principais potencialidades?

A Mina integra um numeroso património histó-rico. Foi a primeira localidade a ter energia elé-trica e caminho de ferro no Alentejo. A nossa his-tória é o nosso maior tesouro, que precisa de ser explorado. As nossas tapadas são um atrativo que muitos gostariam de ter. Em breve vamos ter uma pista de canoagem na Tapada Grande, o que vai trazer vários atletas para a localidade.

Maioria dos equipamentosmetálicos do complexomineiro foram vendidospara sucata,vandalizados ou furtados

Para além da Casa do Mineiro (que recebeu 2 546 vi-sitantes em 2011) e do centro de documentação, a Fundação Serrão Martins gere um conjunto de equipamentos públicos outrora propriedade da La Sabina. A fundação proporciona ainda visitas guia-das ao complexo mineiro, visitas essas sujeitas a marcação prévia. Nas visitas à zona industrial – que são de dois tipos – é possível visitar “a zona de ex-tração e carregamento do minério (túneis encerra-dos e cais de descarga), oficinas e armazéns, central elétrica, malacate, lagoas de água doce, sistemas de drenagem e vestígios da mineração romana” e ainda o percurso do minério, “que consiste em seguir, por estrada de terra, o antigo caminho de ferro [que foi uma das principais linhas férreas do País] até ao porto fluvial do Pomarão”, numa extensão de 17 qui-lómetros. É possível visitar “o percurso da linha fér-rea (com algumas das suas obras suspensas e subter-râneas, além das estações), lagoas de tratamento de água ácidas, a Central de Britagem da Moitinha, a Fábrica de Enxofre da Achada do Gamo e o Porto Fluvial do Pomarão”. No folheto referente às visitas, a fundação frisa, “para evitar expetativas infunda-das”, que a maior parte dos equipamentos metálicos do complexo mineiro “foram vendidos para sucata, vandalizados ou furtados durante os vários anos que sucederam entre o fecho da mina em 1966 e as atu-ais ações de recuperação patrimonial, pelo que ape-nas podem ser visitadas, na maior parte dos caos, as instalações ou sítios onde estiveram as máquinas e equipamentos”.

João VenâncioPresidente da Junta de Freguesia de Corte do Pinto

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Atual

Deputados do Baixo Alentejo fazem balanço da legislatura

O estado da regiãoA

lqueva, porto de Sines e estruturas rodoviárias, bem como a situação social, foram, no essencial, os pon-

tos referenciados pelos representantes de Beja em São Bento. Mário Simões, o depu-tado do PSD, que substituiu no hemiciclo o eleito Carlos Moedas chamado a assumir funções governativas, faz uma “avaliação positiva” dos últimos 12 meses de governa-ção da coligação de direita, no que ao dis-trito de Beja diz respeito. “Houve uma mu-dança de paradigma na relação do Governo com a região”, defende, acrescentando que só “falando verdade poderemos saber qual é a nossa realidade”.

É, no seu entender, o que se passou com Alqueva onde, durante o anterior go-verno, se “foi vivendo de um conjunto de erros políticos ao nível do financiamento”, mas que com “a reprogramação das verbas do QREN será possível concluir em 2015”, exemplifica.

Luís Pita Ameixa contraria esta visão do deputado social-democrata. Para o socialista “o Governo descredibilizou o projeto, reti-rando-lhe verbas do QREN e do Proder” e agora está refém e “dependente de conversa-ções com Bruxelas” para concretizar a obra.

Também o comunista João Ramos chama a atenção para o facto de, apesar “de ter sido assumido o compromisso” para terminar o projeto “não há a certeza que

João Ramos, Mário Simões e Luís Pita Ameixa

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as medidas propostas sejam aceites” pela União Europeia.

Luís Pita Ameixa diz que este Governo “apanhou em execução uma estratégia” ba-seada nos projetos âncora de Sines, Alqueva, indústria mineira e aeroporto e “pôs-se con-tra tudo isto”, assinala. Para o socialista, este ano “fica marcado por esta inf lexão, sem apresentação de alternativas”.

João Ramos acusa o executivo de “de-morar a tomar decisões” e, como exemplo, aponta o caso do aeroporto de Beja, em que se “demorou seis meses a nomear um grupo de trabalho”.

Mário Simões diz que, em relação a este caso, o Governo “herdou uma infraestru-tura sem estratégia” e que foi preciso “co-meçar do zero” depois de “desmistificar a ideia” de que o aeroporto seria suficiente para resolver os problemas da região.

Para o deputado do PSD, “o distrito de Beja não precisa de sustentar o seu desen-volvimento no triângulo Alqueva/Sines/ /aeroporto”. Aliás, na sua opinião, “o porto de Sines não traz valor acrescentado para Beja”, afirma.

Pita Ameixa está em completo desacordo e diz que, de acordo com as últimas notí-cias, “a mudança de perfil da autoestrada vai desvalorizar Beja em relação a todas as capitais de distrito”, alerta.

João Ramos mostra-se muito preocupado

com a situação social. Os últimos dados que apontam para mais de 12 mil desempregados “exigem medidas concretas” por parte dos go-vernantes. A título de exemplo fala do Serviço Médico à Periferia – uma medida adotada no início do Serviço Nacional de Saúde – e que, permite, ainda hoje, que alguns clínicos se mantenham no território a prestar cuidados de saúde como médicos de família.

O deputado do PCP mostra-se total-mente contra “uma perspetiva empresarial da saúde” e alerta contra as medidas econo-micistas que promovem o encerramento de serviços públicos de proximidade e que po-tenciam o “despovoamento”.

Mário Simões admite que “as medidas necessárias de contingência tiveram efei-tos negativos” a nível social, nomeadamente nos níveis de desemprego, e que “há hoje mais famílias a precisar de apoio”. Para ate-nuar esta situação apresenta o “Programa de Emergência Social que vai ter um reforço de verbas”, mas Pita Ameixa diz que estas iniciativas são a “substituição do apoio so-cial pela caridade”.

Apesar de tudo, o deputado da maioria está “convicto de que o distrito tem um con-junto de potencialidades, que, mesmo em contraciclo com o resto do País, pode pôr a região na senda da recuperação econó-mica”, contando para isso com uma aposta mais forte na “agricultura de regadio”.

Pita Ameixa diz que o Governo “apanhou em execução uma estratégia” baseada em Sines, Alqueva, indústria mineira e aeroporto e “pôs-se contra tudo isto”, mas para Mário Simões “o distrito de Beja não precisa de sustentar o seu desenvolvimento no triângulo Alqueva/Sines/ /aeroporto”. Já João Ramos mostra-se muito preocupado com os últimos números do desemprego, que “exigem medidas concretas”.

Na passada quarta-feira teve lugar no Parlamento a última reunião plená-ria da legislatura resultante das elei-ções de 2011. Quinze dias antes, no dia 11, realizou-se o primeiro debate com Passos Coelho sobre o Estado da Nação. O “Diário do Alentejo” pe-diu aos três deputados eleitos por Beja que recentrassem as suas aten-ções sobre o estado da região, quando chega ao fim o primeiro ano de man-dato deste governo.

Texto Aníbal Fernandes

Ilustração Susa Monteiro

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Air Tractor A aeronave trazia nos tanques 1 400 litros de combustível jet

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Bombeiros do distrito ajudaram no combate O incêndio do Algarve contou com a participação diária de mais de 60 bombeiros da quase totalidade do distrito de Beja. Só as corporações de Aljustrel e Vila Nova de Milfontes não foram mobilizadas para este combate que, segundo Carlos Pica, do

CODU, foi “cumprido da melhor forma com o esforço e abnega-ção habituais”, por parte dos soldados da paz. Nesta operação em terras algarvias estiveram envolvidos, diariamente, dois GRIF (compostos por um carro de comando, quatro viaturas de combate a incêndio e duas de abastecimento) e mais uma

brigada. Como resultado do empenhamento de homens e ma-terial há assinalar alguns danos em viaturas das corporações de Almodôvar, Castro Verde e Beja. Não há a lamentar qualquer incidente que tivesse atingido a integridade física dos bombei-ros baixo alentejanos.

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de

Portugal (Aicep) afirmou-se esta semana convicto do “potencial” do

projeto Alqueva para captar investimentos e aumentar a produção

e as exportações de produtos agrícolas e agroindustriais. O projeto

Alqueva, um dos “centros nevrálgicos da economia portuguesa”,

tem “potencial” para contribuir para a captação de investimentos,

nomeadamente nos setores agrícola e agroindustrial, disse Pedro Reis.

Presidente da Aicep acredita

em Alqueva para captar

investimentos

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O incêndio que flagelou a floresta al-garvia na passada semana foi aquele que, desde sempre em Portugal, teve a presença de mais bombeiros e meios de ataque aos fogos. Entre os mais de mil soldados da paz presentes no tea-tro das operações, estiveram muitos das várias corporações do distrito de Beja. E um avião de combate a fogos acabou por fazer uma amaragem for-çada na barragem do Roxo, com 1 400 litros de combustível nos depósitos.

Texto Aníbal Fernandes

O incêndio que na quarta-feira, dia 18, deflagrou em Tavira e que alas-trou, posteriormente, a São Brás de

Alportel, consumiu cerca de 20 mil hectares de floresta algarvia, mas também deixou mar-cas na barragem do Roxo, em Beja, onde um avião que participava no combate às chamas largou 1 400 litros de combustível, após o afun-damento da aeronave.

Um dos Air Trator de combate a incêndios que participava nas operações amarou na bar-ragem, junto ao Monte do Ulmo, em Santa Vitória, após ter sido reabastecido de combus-tível na Base Aérea n.º 11, de Beja, e quando ten-tava, em vão, encher os depósitos de água, antes do regresso ao Algarve.

Era este o procedimento normal dos AT8T que estavam envolvidos no combate ao maior fogo florestal alguma vez visto em Portugal. Aviões e pilotos operavam a sul, mas tinham

Incêndio do Algarve foi o maior de sempre em Portugal

Avião de combate a fogos despenha-se e larga combustível na barragem do Roxo

na Base Aérea de Beja o seu local de reabasteci-mento e pernoita.

Os Bombeiros Voluntários de Beja foram chamados ao local no dia do acidente e mantive-ram-se no local até à terça-feira passada, dia em que o avião foi levado para Sevilha, Espanha. Após o acidente, que não teve consequências para o piloto, a maior preocupação eram os 1 400 litros de combustível nos depósitos da aeronave, uma vez que a água da barragem do Roxo abastece a população de Beja e Aljustrel.

A equipa de mergulhadores presente no

local, e que tinha como tarefa trazer o AT8T à superfície, constatou que o jet usado pelo apa-relho se tinha espalhado pela barragem, mas dadas as suas características, e a alta tempe-ratura que se fazia sentir desse dia, cerca de 90 por cento do combustível acabou por se evapo-rar. Os restantes 140 litros foram objeto de ma-nobras de contenção com insufláveis, levadas a cabo por uma equipa do porto de Sines, au-xiliada pelos Bombeiros Voluntários de Beja, disse ao “Diário do Alentejo” Pedro Barona, segundo comandante dos bombeiros de Beja,

tendo a ameaça de contaminação da água fi-cado resolvida.

Um Alouette da Base Aérea socorreu o pi-loto, que foi, de imediato, levado para o posto de saúde militar, onde se confirmou que não apresentava qualquer debilidade física resul-tante do embate.

Por sua vez, o avião, depois de ser trazido à superfície com a ajuda de boias, e rebocado até ao paredão da barragem, foi, com a ajuda de uma grua, colocado em cima de uma via-tura que o transportou para Sevilha.

No concelho de Beja não tem havido grandes incêndios, mas nem por isso os bombeiros da corporação da cidade

têm tido uma vida descansada. Pedro Baroana, segundo comandante dos BVB, disse ao “Diário do Alentejo” que este ano já foram chamados mais de duas dezenas de vezes para apagar “pe-quenas ignições noturnas”, só na freguesia de Santa Maria da Feira, sempre junto ao bairro da Esperança. O operacional não tem dúvida que, neste caso, “a grande maioria dos incêndios tem causa humana” e lembra que não é uma si-tuação nova: “Já em 2011 fomos chamados para 52 ocorrências” no mesmo local.

Mas existem outras causas para o surgi-mento de incêndios. Os hábitos agrícolas são um deles, e as queimadas a sua origem. A lei prevê a proibição total deste tipo de “limpeza” dos campos entre abril e setembro de cada ano.

No entanto, em outubro é tempo de sementeira e dá jeito as terras já estarem amanhadas, o que leva à realização de queimadas “camufladas” de incêndios acidentais.

Mesmo na época em que a lei permite a realização das limpezas pelo fogo, há muita gente que utiliza o mesmo estratagema para não ter de pagar as taxas devidas – que subi-ram muito nos últimos anos -; e nos canaviais, junto às linhas de água, onde a burocracia ainda é maior, pois obriga a autorizações de entidades responsáveis pelo ambiente, tam-bém é habitual o recurso a este tipo de expe-diente, o que traz trabalho acrescido para os bombeiros.

Já os fogos que se diziam ser ateados para afugentar a caça de um sítio para outro, se-gundo Pedro Baraona, desde a publicação da nova lei da caça, deixaram de ser significativos.

Muitos pequenos incêndios em Beja

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Vale 30 por cento da produção silvícola nacional

Cortiça exporta mais,

mas paga menos ao produtor

Na primeira década do século XXI o preço médio da cortiça pago ao pro-dutor desceu cerca de 50 por cento. Em 2011 assistiu-se a uma ligeira re-cuperação, mas os dados disponíveis da atual campanha apontam para uma nova queda.

Texto Aníbal Fernandes

O preço médio da cortiça pago pela indústria ao produtor está a re-gistar, na campanha de 2012, uma

queda de 10 por cento, quando comparado com os valores de 2011, soube o “Diário do Alentejo” junto de associações do setor.

Após uma queda significativa do preço nos primeiros cinco anos do século, o preço da cortiça arrecadado pelos produto-res manteve-se estável na segunda metade da década. Em 2011 assistiu-se a uma recu-peração de cerca cinco por cento, mas o va-lor agora praticado mostra um recuo de 10 por cento face ao último ano.

Para os produtores, “a concentração da procura”, com menos players no mercado, é uma das razões que explica a perda de valor da cortiça já que, de 2010 para 2011, se verificou um aumento de sete por cento na quantidade exportada, com uma subida de 6,9 por cento em termos de valor.

Segundo os produtores, o limiar da ren-tabilidade situa-se nos 25 euros por ar-roba, numa exploração de 200 hectares com uma produção de 10 mil arrobas, mas “há muitos produtores que já estão a baixo destes números”.

A consequência, a prazo, é um “quadro de abandono” com os produtores a trans-formarem-se em “coletores”, descurando, por falta de meios, a manutenção da quali-dade do montado.

Para inverter esta situação os produtores

reclamam medidas em três áreas: na co-mercial, aspiram a que a fileira da cor-tiça seja “mais concertada na partilha do valor”; da legislativa exigem uma “atitude pela positiva”, que possa passar, por exem-plo, por “incentivos fiscais e apoios ao in-vestimento”; e na área económica espe-ram que a Reforma da Política Agrícola Comum, agora em discussão, traga uma “convergência de preços a toda a europa”, o que consta do último relatório apresen-tado pelo deputado Capoulas Santos, um dos relatores europeus da matéria.

Dez anos de queda Segundo dados dis-ponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as vendas da cortiça na produção eram, em 2000, de 351 milhões de euros, mas 10 anos depois este valor ti-nha descido para 223 milhões de euros.

O INE explica a situação com “o estado de envelhecimento de alguns montados e à diminuição dos preços pagos ao produ-tor”. No entanto, com a reentrada do pro-duto nos mercados internacionais – nas rolhas, mas também em materiais para a construção e para a moda –, assistiu-se em 2010 a um aumento, quer no volume, quer no valor, de quatro e 6,1 por cento, respetivamente.

Outro dado adiantado pelo INE diz res-peito ao peso relativo da cortiça na produ-ção silvícola nacional, que passou de 50 por cento, no início da década passada, para apenas 30 por cento, ao contrário do que se passou com, por exemplo, a madeira para triturar, que passou de 20 por cento para o dobro, no mesmo período.

Há ainda a ter em conta que nestes 10 anos os custos de produção (energia, má-quinas, limpeza) aumentaram, sendo agora de 27,7 por cento do valor da produ-ção, contra 20,6 por cento anteriormente.

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62 por cento da quota mundial

Em 2011, Portugal atingiu uma quota mundial de 62 por cento no setor da cortiça, tendo exportado 169 mil toneladas, no va-lor de 806 milhões de euros, recuperando sete por cento face ao

ano anterior, divulgou o INE e o International Trade Center. França, EUA, Espanha e Itália foram os principais destinos da cortiça portu-guesa, com 20 por cento, 16 por cento, 11 por cento e 10 por cento do valor exportado, respetivamente. A exportação de rolhas de cortiça, que representam 70 por cento dos produtos exportados, aumentou cerca de seis por cento entre 2010 e 2011, passando de 529 para 564 mi-lhões de euros. As vendas de cortiça portuguesa no estrangeiro repre-sentam cerca de dois por cento das exportações totais e significam um saldo de 670 milhões de euros na balança comercial. Portugal é tam-bém o terceiro maior importador mundial de cortiça natural, que é ex-portada posteriormente sob a forma de produtos de consumo final.Em 2011, as importações atingiram 135 milhões de euros e 63 mil toneladas.

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Contestação avança a partir de 7 de agosto

Greve ao trabalho extra em Neves-Corvo

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Beja recebe 1.º Acampamento Regional de Escoteiros A região Sul da AEP – Escoteiros de Portugal pro-move entre hoje, sexta-feira, e dia 31, no Perímetro Florestal da Cabeça Gorda e Salvada, o ARSul 2012 – 1.º Acampamento Regional Sul. De acordo com os responsáveis, o evento, que é re-alizado no âmbito das comemorações dos 100 anos do escotismo

português, contará com a presença de cerca de 300 escoteiros dos distritos de Beja e Faro e ainda com a participação de alguns escoteiros convidados do norte e centro do País. Em cinco dias “de atividades e aventuras”, os escoteiros “irão enfrentar provas de orientação e caminhada, travessias aquáticas, artes tradicionais, sobrevivência, experiências científicas e conhecimento nacional,

estando ainda reservado um dia para atividades conjuntas com jovens das freguesias de Cabeça Gorda e Salvada”. O encontro culminará num concerto de música ao vivo com os Xeque-Mate no Parque da Cidade, no dia 30, pelas 21 horas, aberto gratuita-mente a toda a população. O acampamento tem o apoio logístico da Câmara de Beja e da Junta de Freguesia de Cabeça Gorda.

No âmbito das comemorações do 60.º aniversário da Força Aérea

Portuguesa, a Base Aérea N.º 11, em Beja, abre portas à população no

próximo domingo, dia 29, entre as 10 e as 16 horas. Os visitantes poderão

assistir a demonstrações cinotécnicas e de capacidades operacionais, visitar

a exposição estática das aeronaves ao serviço da Força Aérea, a Torre de

Controlo e a Secção de Assistência e Socorro, assim como pilotar o simulador

da aeronave Alpha-JET e realizar batismos em viaturas táticas militares.

Dia aberto na Base de Beja

nas comemorações do 60.º aniversário

da Força Aérea

Anacom vai testar sinal de TDT em Moura

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) vai fazer novos testes ao

sinal de Televisão Digital Terrestre (TDT) no concelho de Moura e pedir à PT

para reforçar as condições técnicas de receção. A intervenção da Anacom,

decidida numa reunião entre o vice-presidente da instituição e um vereador

da Câmara de Moura, surge a pedido do município e após “muitas” queixas

de habitantes do concelho “insatisfeitos com a má receção” de TDT. Segundo

o município, as pessoas, sobretudo em Moura e nas freguesias rurais de

Amareleja e Sobral da Adiça, queixam-se de “frequentes falhas” no sinal

de TDT, “mesmo depois de terem gastado dinheiro em descodificadores e

antenas”. A Câmara de Moura está a fazer um inquérito junto da população

do concelho para saber em que zonas persistem problemas de receção de

TDT e os resultados apurados serão comunicados à Anacom e à PT, empresa

à qual o município já pediu uma reunião com “caráter de urgência”.

Dádivas para o banco de mobiliário de Mértola

A Câmara de Mértola apelou a empresas e particulares para doarem bens

que já não precisam ao banco de mobiliário, eletrodomésticos e outros

equipamentos de uso doméstico do concelho, que precisa de dádivas.

Segundo a autarquia, os pedidos esgotam os produtos recolhidos pelo

banco “Não precisas tu, preciso eu!”, que “depende da ajuda de todos”

e é uma “mais-valia” para as famílias carenciadas do concelho.

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Os trabalhadores da mina de Neves Corvo, em Castro Verde, vão estar em greve ao

trabalhado extraordinário a partir de 7 de agosto para contestar a aplicação das alterações do Código do Trabalho, segundo o pré-aviso de greve.

Os trabalhadores da Somincor – Sociedade Mineira de Neves-Corvo avançaram para a greve “em defesa dos seus direitos, manutenção do des-canso compensatório e das percenta-gens atuais de acréscimos no trabalho suplementar”, lê-se no pré-aviso de greve do Sindicato dos Trabalhadores

da Indústria Mineira (STIM), entre-gue na terça-feira.

A greve vai traduzir-se na “não

realização de trabalho suplementar em todas as situações possíveis, nome-adamente prolongamento ou antecipa-ção do horário, feriado, folga, descanso obrigatório”, até que seja alcançado um acordo que evite o protesto.

A manutenção do descanso com-pensatório resultante do trabalho su-plementar e das percentagens atuais de acréscimo no trabalho suplemen-tar são os objetivos do protesto.

A Somincor é a concessionária das minas de Neves-Corvo e é detida pela companhia suecocanadiana Lundin Minning.

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Apenas Almodôvar não protesta

Câmaras de Beja contra fecho de escolas

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Diferente é a posição da Câmara de Almodôvar A vereadora Sílvia Batista está “satisfeita” com a forma como decorreu todo o processo de encerramento da escola de Semblana. “Foi tudo feito de comum acordo, e em conjunto com a DREA, tendo sempre como primeiro fator o interesse dos alunos”, diz ao “Diário do Alentejo” a autrarca. E sublinha: “Se esta escola funcionasse no próximo ano letivo ficaria com apenas quatro alunos, com tudo o que isso tem de inconvenientes pedagógicos, a frequentarem os 3.º e 4.º anos, ou seja, dentro em breve teriam que ir estudar para

a vila de Almôdovar e para uma escola grande, a que não estariam habituados”. Estes alunos vão para escola mais próxima, no Rosário, “que fica a 10 minutos e têm tudo assegurado, desde os trans-portes à alimentação, que são da responsabilidade da câmara”, afirma a vereadora, revelando que “houve outra escola no concelho que esteve em risco de fechar e a que a câmara se opôs, que foi a de Telhada, já na zona da serra, com 12 alunos, mas que fica distante de qualquer outra escola. Por isso, a câmara opôs-se ao seu encerramento e houve também aqui acordo com a DREA”. CJ

No total do País vão encerrar 239 escolas, 10 das quais nos

três distritos do Alentejo. A decisão foi anunciada pelo

Ministério da Educação no início da semana, através de um

comunicado onde se referia que “em todos os casos estes

encerramentos decorrem em articulação com as respetivas

autarquias, atendendo à melhoria da qualidade do ensino”,

e que os professores dessas escolas serão “enquadrados nos

seus grupos disciplinares e poderão contar com o apoio de

outros docentes”. Com este anúncio, o número de escolas do

primeiro ciclo encerradas desde o ano letivo 2005/2006 sobe

para 3 720. No próximo ano estarão em funcionamento 2 330

escolas a lecionar até ao quarto ano de escolaridade. CJ

Fecham239 escolas

no País, 10das quais

no Alentejo

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No próximo ano letivo cinco escolas bá-sicas do distrito de Beja já não vão abrir. As escolas a encerrar são as de

Semblana (Amodôvar), Jungeiros (Aljustrel), Pereiras-Gare e Amoreiras-Gare (Odemira) e Panoias (Ourique). Dos quatro municípios afe-tados, apenas o de Almodôvar (PSD) diz que foi tudo feito “de comum acordo e em con-junto com a Direção Regional de Educação do Alentejo”. Os autarcas de Ourique, Aljustrel e Odemira (todos do PS) contestam o encerra-mento de escolas nos seus concelhos e dizem que até agora só sabem da decisão “através da comunicação social”.

O presidente da Câmara de Ourique, Pedro do Carmo, diz não compreender que o Governo queira encerrar a escola EB1 de Panoias. “No conjunto, com o jardim de infância, andam ali

cerca 20 miúdos, e até hoje não sabemos para onde é que o Ministério da Educação os quer levar. O Centro Escolar de Ourique ainda não está pronto e a escola de Garvão não tem con-dições para os miúdos que lá andam, quanto mais para acolher os de Panoias”.

Em declarações ao “Diário do Alentejo”, o autarca revela que “há algum tempo” a Direção Regional de Educação do Alentejo (DREA) comunicou à Câmara de Ourique a “intenção de o ministério encerrar a escola e nós respondemos, por escrito, que não estáva-mos de acordo”.

Neste momento “não fomos informados de nada e estou em crer que esta decisão vai ser anulada porque não faz qualquer sentido”, re-fere Pedro do Carmo que, no final do dia de quarta-feira, endereçou uma carta à DREA

contestando o encerramento da escola de Panoias.

Idêntica posição tem a Câmara de Aljustrel. Em comunicado subscrito pelo seu presidente, Nelson Brito, a autarquia “por princípio, dis-corda” da decisão do Governo em encerrar a escola de Jungeiros, “repudiando, igualmente, a opção do Ministério da Educação e Ciência de comunicar esta resolução através dos jor-nais, o que coloca em causa as mais elementa-res regras de civilidade e relacionamento entre instituições que assumem, ambas, competên-cias ao nível da educação”.

O comunicado do presidente da Câmara de Aljustrel levanta ainda algumas questões. “Como irá este ministério, se não se dispõe a dialogar com a Câmara de Aljustrel, transpor-tar os alunos de Jungeiros para Montes Velhos

no próximo ano letivo? Quem pagará es-tas despesas? Quem explicará às famílias em causa como devem proceder no início do ano letivo? Qual é o papel da câmara e da junta de freguesia neste processo?”, pergunta a autar-quia, que convocou os encarregados de educa-ção dos alunos da EB1 de Jungeiros para uma reunião na tarde de quarta-feira, em cima da hora de fecho desta edição do “Diário do Alentejo”.

Também contra a decisão de encerrar duas escolas no concelho está a Câmara de Odemira. Até à hora de fecho desta edição, o “Diário do Alentejo” aguardou o contacto com o vereador do pelouro, Hélder Guerreiro. Tal não foi possí-vel. Mas, antes, o presidente da autarquia já ti-nha manifestado junto da comunicação social o seu descontentamento. Carlos Júlio

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Biografia de Leonel Cameirinha apresentada ontem, em Beja

O comendador que começou do nada

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Qual a necessidade de publicar uma biografia

nesta altura da sua vida?

Penso que é o momento mais certo para apre-sentar a biografia. Primeiro, porque tenho 86 mil quilómetros, o que é difícil muitas pessoas al-cançarem. Depois, em abril último, fiz 60 anos de vida empresarial. Por estes dois motivos, e após várias pessoas me falarem no assunto, pen-sei que não era descabido fazer a minha biogra-fia. Muitos amigos acham piada a algumas con-versas. Há muita coisa que lá não coloquei para não me chamarem vaidoso. Outras que também exclui, por este ou aquele motivo. Mas penso que dá uma ideia do que foi e continua a ser a minha vida empresarial, que foi muito rica em vários as-petos. Ganhei durante a minha vida muito di-nheiro e estou agradecido à população que me ajudou. O livro está bem escrito… o António José Brito deu um bom jeito àquilo.

O que gostaria de ter feito ao longo da sua vida

que não teve oportunidade de concretizar?

Foram várias coisas que não consegui… Há uma que ainda pode ser que para aí se dê um jeito, mas não vou dizer. Isto é tudo uma ques-tão de dinheiro. Se a pessoa tem dinheiro, pode fazer filantropia, pode fazer tudo. Se não tem, só faz conversa.

Mas há alguma coisa muito importante que te-

nha ficado para trás?

Não sabia como acabava a minha vida. E ainda não sei. Tenho coisas minhas que penso ven-der que vão dar dinheiro… e ainda está na minha ideia fazer um lar para crianças. Bem feito. Outras não consegui fazer de todo. Por

exemplo, há 30 anos fui falar com a dona Carolina Almodôvar e disse-lhe que gostava de fazer em Beja uma escola de artes e de ofícios. Tinha o apoio do Espírito Santo e necessitava de uns celeiros que eram propriedade da D. Lina. Fui propor isto ao governador civil. Que me re-cebeu tão mal que não queira saber. Não digo quem era. Há coisas que uma pessoa não pode fazer sozinha. E fazer uma coisa dessa dimen-são sem o Estado estar relativamente por detrás também não se podia fazer. Era uma coisa boa para a cidade. Em tempos também quis fazer uma fábrica para galvanizar ferro. Em Beja não havia nada disso. Em setúbal havia uma coisa pequena. Ia-se a Sevilha tratar as peças maio-res. Aqui era fácil montar uma coisa daquelas, bastava um engenheiro bom. Não consegui ar-ranjar sócios para isso.

Qual foi a sua maior realização?

Foi ter dado a dimensão que dei ao meu negócio. Cheguei a dar emprego a mais de 350 pessoas. Espalhadas por Beja, Évora, Grândola, Santiago do Cacém, Odemira. Dei trabalho de construção civil, com as obras que fiz, a milhares de pessoas. Numa empresa sediada no sul, ter 350 empre-gados já não é brincadeira. Iniciei a minha ati-vidade em 1952 e logo no ano seguinte aparece-ram os tratores a diesel, que vieram substituir os tratores de petróleo. Foi uma boa oportunidade e eu entrei na “guerra” dos tratores. O biógrafo fala no livro da questão da ambição. Eu não era propriamente ambicioso. A minha grande am-bição era ser o melhor naquilo em que me metia e até tinha inveja daqueles tipos de Lisboa, ven-dedores, que apareciam nesse tempo, muito bem

vestidos, com abotoadores de punho em ouro. Esses tipos, que foram os primeiros vendedores de tratores e de máquinas agrícolas, eram fidal-gos que tiveram que trabalhar por qualquer mo-tivo. E como tinham os amigos ricos metidos nos negócios das máquinas, andavam nisso. Tinha inveja desses gajos e os lavradores é que se apro-ximavam deles. Foi por isso que fui para Lisboa, para aprender com aquela gente. Havia muito mais diferença de Beja para Lisboa do que aquela que hoje existe. Fui, talvez, dos maiores vendedo-res de automóveis do País.

Sempre gostou da sua cidade e sempre nela in-

vestiu. O que lhe parece a sua cidade hoje?

A cidade continua a ser bonita. Eu não posso per-der o castelo de vista. Tenho-o em todos os meus papéis. As pessoas são boas, são agradáveis. A criminalidade aqui praticamente não existe. É uma cidade engraçada e boa para viver. Não tem é indústria nenhuma, o que é uma pena. Desde o tempo da Metalúrgica Alentejana, apenas agora surgiu uma empresa a fazer coisas de grande dimensão em Beja, no caso o engenheiro João Paulo Ramôa, que está a fazer aquelas tubagens gigantescas para a água do Alqueva. É a única coisa boa que temos aí. De resto, já não há nada. O Carlos Roeder ensinou o ofício a muitos milha-res de rapazinhos que necessitavam de aprender e trabalhar. E não tem uma rua em Beja. Carlos Roeder, engenheiro alemão que veio para cá fun-dar a Metalúrgica, e que chegou a ser dos maio-res empresários do País. Tinha uma armação de pesca e reparação de navios em Aveiro, tinha venda de equipamentos e motores em Lisboa e ti-nha a distribuição da energia elétrica a partir de

Olhão. Certo é que hoje, isto está um bocadinho falho de empresas que deem trabalho a muita gente. E isso é grave.

Como encara o futuro do País?

Com muita apreensão. Como deve calcular, não sou economista, mas a apreciação que lhe posso fazer é esta: sem dinheiro a circular o país não sai desta cêpa torta em que está metido. A banca não empresta dinheiro, está muito fechada. O que é um facto é que a nível do País há dificuldades tre-mendas por falta de circulação de dinheiro. Já disse isso pessoalmente a membros do Governo.

E obteve resposta?

Têm lá as políticas deles. Eles é que sabem. Eles é que são os donos da bola. Mas nunca se viu país nenhum em recessão que dela saia sem colocar dinheiro a circular. E isso aqui não acontece.

Em tempos quis comprar o “Diário do

Alentejo”…

Isso foi há muitos anos. Eu até tinha lá uma cota de 60 contos. Mas depois afastei-me quando che-garam os municípios. Tive um jornal. As cida-des só são cidades se tiverem um ou dois jornais bons, bombeiros, associações musicais, cultu-rais, desportivas. O “Diário do Alentejo” sempre fez muita falta à cidade. E eu precisava de um jor-nal para fazer a minha publicidade. Tanto que fiz um, quando não havia nenhum outro. Tive sem-pre o cuidado de criar coisas que faziam falta à ci-dade. Essa do jornal foi apenas uma. O cinema foi outra. Fui apenas duas vezes ao cinema, não fiz um cinema para mim. Enfim… sempre pro-curei melhorar a minha cidade.

AS CURIOSIDADES DE UMA LONGA VIDA

O pai era sargento da GNR, a mãe doméstica.

Teve aulas de música em Mina de São Domingos.

É asmático mas não dispensa os cigarros Dunhill.

É alérgico aos ovos e assético. Não passa sem um banho de emersão diário.

Aos 16 anos já vendiamobílias a prestações. E pouco depoisrolhas de cortiça para as farmácias.

O pai da esposa, já falecida, nãocompareceu ao casamento.

Foi testemunha abonatória noprimeiro julgamento político de João Honrado que, aliás, foi seu vendedor.

Deteve um grupo de trabalhadores seus que, no 25 de Abril, quis tomar de assalto a BA 11.

Começou a ganhar dinheiro na “guerra” dos tratores.

Conheceu Raymond Firestone, o magnata dos pneus.

Fez um cruzeiro com o paido atual rei de Espanha.

Prefere a fórmula 1 ao futebol.

Quis comprar o “Diário do Alentejo” mas criou o seu próprio jornal.

O sonho da sua vida foi ser agricultor. Concretizou-o há meia dúzia de anos.

Leonel Cameirinha é uma figura in-

contornável do século XX alentejano.

Nascido há 86 anos de famílias humil-

des, erigiu um verdadeiro império em-

presarial que, nos melhores tempos,

chegou a dar emprego a mais de 350

pessoas. O empresário diz ao “Diário

do Alentejo” que ainda lhe restam for-

ças para criar um lar para crianças, em

Beja, e que o seu principal desgosto foi

não ter conseguido implementar uma

escola de artes e ofícios na sua cidade.

Texto Paulo Barriga Foto José Ferrolho

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Novo equipamento abriu portas em Serpa, no último sábado

Uma casa para o cante e para “os que o defendem”

Com a inauguração da Casa do Cante, no úl-timo sábado, 21, Serpa “fechou um ciclo” no âmbito de uma estratégia de desenvol-vimento local assente na cultura. Para o cante, abre-se um novo capítulo, o da cria-ção e implementação do respetivo Plano de Salvaguarda, responsabilidade que surge no âmbito da candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Uma pre-tensão que o embaixador da Unesco em Portugal veio apoiar de viva voz como causa nacional.

Texto Carla Ferreira

“Povo que canta não morrerá”. A frase, do etnomusicólogo corso Michel Giacometti, que calcorreou Portugal

em busca das suas tradições musicais, é a divisa com que se apresenta ao visitante a Casa do Cante, inaugurada no sábado, 21, em Serpa. O equipa-mento abriu portas num edifício requalificado em pleno centro histórico, dotado de centro de docu-mentação, galeria de exposições temporárias, audi-tório, cafetaria e loja. Para a Câmara de Serpa, pro-motora da obra, é o “fechar de um ciclo”, no âmbito de uma estratégia de desenvolvimento local as-sente na cultura, e na música em particular, que vem sendo implementada desde a década de 90.

“Para o cante”, enquanto património cultural ima-terial, e “para todas as pessoas que estão com ele e que o defendem”, será o arranque de um novo capí-tulo na respetiva missão de salvaguarda em curso, sublinhou João Rocha, presidente da autarquia.

Numa cerimónia de inauguração em que es-tiveram representados os promotores da candi-datura do cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade – Confraria do Cante, Casa do Alentejo e associação MODA – foi sentida como especialmente simbólica a presença do embai-xador da Unesco em Portugal. António Almeida Ribeiro aproveitou a ocasião para exprimir o seu “apoio” ao projeto, que, sendo “tão caro aos alentejanos”, não deixa de ser um “projeto de Portugal”. “Esperamos muito que esteja suficien-temente avançada para ser apresentada à Unesco em 2013”, desejou o diplomata, sublinhando o ca-rácter “nacional” de uma candidatura que consi-dera “muito honrosa” e em cujo processo a Casa do Cante, agora aberta, “é um passo fundamen-tal” (ver caixa). Configurando uma “boa prática” na área da preservação e dinamização do patri-mónio cultural imaterial e “um exemplo a seguir por outras autarquias e organismos”, o novo equi-pamento, adiantou responsável, encontra-se em “perfeita sintonia” com os princípios defendidos pela Unesco, mais concretamente na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural

Imaterial, ratificada por Portugal em 2008. Na ocasião foi também apresentado um ex-

certo do documentário “Alentejo, Alentejo”, que o realizador Sérgio Tréfaut está a preparar sobre o cante alentejano. Um filme que dá conta de uma manifestação cultural que ainda persiste bem viva no quotidiano, e cujo carácter espontâneo e iden-titário não se perdeu com os grupos corais orga-nizados, a partir do início do século XX. O ponto lança a estrofe, o alto inicia a moda, depois entra o coro, retumbante. É assim até hoje, à volta de um copo de tinto, na taberna, ou numa atuação pú-blica, de traje a rigor. Onde quer que vivam comu-nidades de alentejanos. E é a essa realidade que a Casa do Cante quer estar aberta. “Este vai ser um espaço destinado à salvaguarda do cante alen-tejano e das polifonias tradicionais. Queremos que seja efetivamente um espaço em que os gru-pos se possam rever”, considerou o presidente da Câmara de Serpa. Com o centro Musibéria inau-gurado em 2011 e dotado “dos melhores estúdios de gravação que o País tem”, os grupos corais po-derão também ir a Serpa “gravar sem custos”. Uma contribuição preciosa atendendo ao carác-ter “voluntário” dos grupos corais no ativo, lem-brou ainda João Rocha, para quem o novo espaço é “uma homenagem àqueles que acreditam em projetos inovadores e que é possível desenvolver o País também através da cultura”.

A Comissão Nacional da Unesco decidiu-

-se pelo adiamento para 2013 da entrega

da candidatura do cante a Património

Cultural Imaterial da Humanidade, “para

que seja aprovado e não apenas candi-

dato”. Que garantias podem ser dadas

nesse sentido?

Eu penso que, justamente, a inauguração da Casa do Cante hoje é um passo funda-mental no processo de candidatura. Penso que há uma grande vontade por parte dos promotores da candidatura, e por parte do município de Serpa, em reforçarem a sustentabilidade do processo. E eu espero muito, conto muito e acredito que, para o ano, esteja tudo em condições e que a res-petiva comissão científica dê um parecer unânime a favor da candidatura. Por parte da Comissão Nacional da Unesco temos todo o gosto e todo o empenho em apoiar esta candidatura, que me parece muito in-teressante e que me parece que é de facto uma candidatura que diz respeito a uma coisa única no mundo e tão especial para o Alentejo e para Portugal. Não podemos dar qualquer tipo de garantias porque tudo de-pende das instâncias da Unesco. Nós ape-nas podemos dar garantias quanto à so-lidez do projeto que iremos apresentar à Unesco. A Unesco depois apreciará os mé-ritos da candidatura, mas estamos conven-cidos de que, se for uma candidatura bem sustentada, será certamente reconhecida.

E que apreciação faz daquilo que lhe foi

dado a conhecer até ao momento?

Parece-me que estão a fazer grandes pro-gressos e, mais uma vez digo, a inaugura-ção hoje da Casa do Cante é um dos passos que me parecem fundamentais para a sus-tentação e para a solidez da candidatura.

E por isso está aqui hoje?

E por isso estou aqui hoje. Até para expres-sar o meu apoio e o meu desejo de conti-nuar a ser um apoiante desta candidatura, o que faço com muito gosto. Acho que é uma candidatura boa para o Alentejo e boa para Portugal. A partir do momento em que uma candidatura é apresentada à Unesco, mesmo que parta apenas de um município ou de uma região, Portugal as-sume nessa altura a candidatura como sendo nacional. A partir do momento em que nós entregarmos à Unesco a candida-tura do cante, ela será uma candidatura de Portugal. Será sempre uma candidatura portuguesa a uma instância da Unesco. CF

António Almeida RibeiroEmbaixador da Unesco em Portugal

Casa do Cante é “fundamental” para sustentar a candidatura à Unesco

Ver, ouvir e ler o cante

No novo espaço, ficará disponível um auditório com ca-pacidade para 40 lugares sentados, destinado a uma programação que assentará “no diálogo entre público e

detentores do cante alentejano, assim como entre este e outras formas corais, portuguesas e estrangeiras”. É também aqui que o visitante pode aceder a conteúdos multimédia, sendo-lhe dada a oportunidade de participar no processo de construção da “me-mória do cante”, depositando o seu próprio testemunho. Nas pa-redes do auditório, que se apresentam sob a forma de Memorial do Cante, podem ler-se, por exemplo, os primeiros testemunhos etnográficos respeitantes a esta tradição musical. Na revista “A Tradição”, publicada em Serpa, escrevia Manuel Dias Nunes o seguinte, num excerto com data de 1902. “Os grupos de cantado-res atingem às vezes enormes proporções. Assim ocorre, geral-mente, por ocasião das festas religiosas (…) e também pelo apa-nho da azeitona, quando se realiza alguma diafa. E chega a ser deveras imponente a perspectiva de tão lindas procissões secula-res, compostas de homens e mulheres, em pêle-mêle, todos ves-tidos com os seus garridos trajos campesinos, e a cantarem em coro, alegremente, numa prodigiosa afinação e harmonia, como

se porventura obedecessem aos mais rigorosos preceitos da arte musical!”.

A Casa do Cante tem com promotor a Câmara Municipal de Serpa que, a pensar na dinamização do projeto, já realizou protoco-los de cooperação com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, Confraria do Cante, Biblioteca Nacional e Universidade Nova de Lisboa, entre outras entidades. A requalificação do edifício, situ-ado na rua dos Cavalos, bem no coração da cidade, teve um custo total de cerca de 640 mil euros, montante que foi cofinanciado no âmbito do programa Inalentejo.

Além de um centro de documentação onde se pode aceder a toda informação sobre o cante alentejano, assim como a biblio-grafia, em diferentes suportes, sobre a polifonia tradicional em Portugal, no Mediterrâneo e no mundo, o novo equipamento dis-põe de uma galeria de exposições temporárias, que acolherá ciclos anuais dedicados à temática do cante, procurando-se “a constru-ção de um diálogo entre as fine arts, documentação visual e obje-tos” associados. A mostra inaugural é do fotógrafo Augusto Brázio, também autor dos registos fotográficos que sustentarão a candida-tura do cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade. CF

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Perfil

Nessa altura não era muito vulgar um indivíduo da minha

condição viajar pelo estrangeiro. Ao contrário do que

hoje sucede, as viagens não eram baratas e o português

médio não tinha um espírito muito aventureiro”.

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Domingos Montemor: em nome da identidade alentejana

O licenciadoem memóriase “trapologia”

Os 74 anos que o bilhete de iden-tidade lhe atribui são desmenti-dos por uma vitalidade incomum.

Domingos Montemor é uma figura in-quieta, que se desdobra entre o associati-vismo, a fotografia e os apontamentos me-morialísticos em que recorda a sua infância na vila de Amareleja, a migração para a ci-dade e as viagens que efetuou pelos quatro cantos do mundo. Autodidata, diz-se “li-cenciado em ‘trapologia’”, porque traba-lhou muitos anos em lojas de roupa. Porém, até se especializar na “ciência” dos trapos e disso fazer a sua profissão, percorreu um longo e caminho.

“A minha família – pai, mãe e 10 filhos- foi das primeiras a mudar-se de armas e ba-gagens do Baixo Alentejo para a Grande Lisboa, no ano de 1950”, conta Domingos Montemor. “O meu pai, Agostinho Canhoto, era soldado da GNR, tinha um vencimento reduzido e a família era numerosa”, justi-fica. O irmão mais velho abriu caminho. “Conseguiu trabalho no Barreiro, e ali es-teve durante uns tempos. Quando teve con-dições, fretou uma camioneta para nos ir buscar a Amareleja e assim começámos uma nova vida na margem sul do Tejo.”

Término da linha férrea do Sul e Sueste, grande centro industrial, o Barreiro e as suas promessas de emprego em indústrias como a CUF, atraíram milhares de alente-janos nas décadas de 50 e 60 do século pas-sado. À semelhança de outras, a família Montemor radicou-se na localidade que, em 1930, um jornal considerava “um Brasil em miniatura”. Os filhos fizeram-se à vida. Domingos começou a trabalhar aos 12 anos numa padaria, cabendo-lhe a entrega do pão no domicílio dos clientes. “Após a pri-meira cozedura, às 7 horas da manhã, pe-gava no cesto e lá ia entregar o pão fresco a casa dos fregueses”, recorda. À tarde fa-zia pequenos serviços numa pastelaria, que, pormenor importante em tempos de escas-sez, lhe dava de almoçar…

“Depois disso fiz muitas outras coisas: andei pelas ruas a vender carvão, petró-leo e bolas de cisco, vendi peixe e traba-lhei numa drogaria”, assinala. O seu en-tretenimento era o futebol. E como tinha jeito para dominar a ‘re-dondinha’, um dia dirigiu-se ao campo do Barreirense para par-ticipar num treino de captação de jogadores. “Agradei ao treina-dor, mas, como era menor, o meu pai tinha de assinar um docu-mento em que me autorizava a jo-gar futebol. Como ninguém conse-guiu convencê-lo, a minha ‘carreira’ de futebolista frustrou-se e perdi a oportunidade de jogar ao lado de José Augusto e de outros craques do Barreiro dessa época”.

Um pouco mais velho, Domingos foi trabalhar para Lisboa, empre-gando-se na secção de retrosaria dos armazéns Eduardo Martins. “Aprendi alguma coisa neste

Domingos Montemor A sua família foi das primeiras a mudar-se do Baixo Alentejo para a Grande Lisboa

Domingos Montemor é um dos muitos alentejanos que na década de 50

se fixaram na Grande Lisboa. Contudo, nem as contingências da vida,

nem as muitas partes por onde andou, lhe fizeram esquecer as origens.

Antigo dirigente da Casa do Alentejo e doutras associações regionalistas,

foi distinguido em 2010 pelo seu contributo para a valorização da memó-

ria e identidade alentejanas.

Texto Alberto Franco

o, petró-e traba-seu en-

omo re-ao r-o a-eu u-o-se-ira’erdi o de es do

ingosmpre-

aria ns. ste

trabalho, mas a pressão da administração sobre os empregados era de tal ordem que não estive por lá muito tempo. Entre outras humilhações, os empregados eram revista-dos antes de saírem, para não levarem nada consigo… Felizmente, não demorei muito a conseguir outros trabalhos no ramo do vestuário, que é o que sempre me agradou mais. Por isso digo que nos balcões das lo-jas por onde passei me licenciei em ‘trapolo-gia’- a ‘ciência’ dos trapos”.

Com alguns tostões no bolso, Domingos Montemor começa a realizar um sonho an-tigo: viajar. “Comprei uma scooter de marca Heinkel e fiz-me à estrada. Comecei por co-nhecer algumas cidades espanholas e fiz o percurso Lisboa/Madrid/S. Sebastián/ /Santander/La Coruña/Figueira da Foz/ /Lisboa”. No final do périplo, o viajante e a sua Heinkel somavam muitos quilóme-tros e uma multa... “Quando estava em S. Sebastián dei um salto à cidade francesa de Biarritz. Por falta de capacete, fui multado por um polícia francês”. Voltou a Espanha no ano seguinte, desta vez para conhecer o sul do país.

Nos anos 70 viajou muito mais. “Nessa altura não era muito vulgar um indivíduo da minha condição viajar pelo estrangeiro. Ao contrário do que hoje sucede, as viagens não eram baratas e o português médio não tinha um espírito muito aventureiro”. Entre 1970 e 1977, Domingos Montemor peregrina por França, Itália, Alemanha, Inglaterra, União Soviética, EUA, Jugoslávia e Roménia. Do muito que viu, o que mais o impressio-nou foi a cidade russa de S. Petersburgo e os seus monumentos. “Emocionei-me es-pecialmente com o cemitério onde estão se-pultados 50 mil russos, vítimas da II Guerra Mundial, mas também com a Fortaleza de Pedro e Paulo, o Palácio de Inverno, etc.”.

O casamento e o nascimento de um filho vêm limitar os movimentos do globetrotter alentejano. No final dos anos 80, Domingos

Montemor centra-se no associativismo regional e entre 1991 e 1993 inte-gra a direção da Casa do Alentejo. Orgulha-se de ter representado a associação em eventos culturais na

região transtagana e na zona da Grande Lisboa e colaborado na organização das semanas concelhias do Alentejo na capital. Ainda no campo as-sociativo, foi um dos funda-dores do Centro de Estudos Documentais do Alentejo que, em 2010, o distinguiu

pelo seu contributo para a va-lorização da memória e identi-dade alentejanas.

A título individual, Domin-gos Montemor foi um dos obreiros do Centro Social de Amareleja, concebeu e apresen-tou exposições documentais so-bre a sua terra e sobre Barrancos e colaborou em pesquisas para li-vros de temática regional.

DR

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OpiniãoLembrançade Miguel SerranoViriato Teles Jornalista

Cada um de nós devia ter direito aos seus mestres. E devia lembrar-se deles a cada dia, não num mero exercício de saudade, mas porque assim os conseguimos manter por perto e de algum modo conti-nuar a usufruir do privilégio que foi tê-los conhecido.

Eu tive direito aos meus mestres, grandes mestres com

quem aprendi o mais importante do meu ofício e da vida. Alguns, poucos, ainda estão vivos e activos, a maioria in-felizmente já não, marca inexorável da minha própria an-tiguidade. Por pudor, não vou enumerá-los a todos, ficar- -me-ei pela lembrança grata de um deles, desaparecido está agora a fazer seis anos, e que teria cumprido 90 em Maio pretérito.

Chamava-se Miguel Serrano e nasceu em Moura, como bem sabem os meus leitores deste Alentejo de que ele nunca se afastou. Esteve ligado a este (hoje) semanário em que es-crevo e a mais uma mão cheia de projectos jornalísticos lo-cais, fez-se nome respeitado na grande Imprensa nacional, onde trabalhou durante mais de 30 anos. Na revista “Vida Rural”, que dirigiu, nas páginas da “Ocidente”, da “Vértice”, da “Seara Nova” ou da “Vida Mundial”, bem como nas pá-ginas literárias dos jornais “Comércio do Porto”, “Jornal do Fundão”, “Notícias da Amadora”, “Jornal de Notícias” ou “Diário de Lisboa”. Mas sobretudo nas redacções do “República”, do “Diário de Notícias” e de “O Diário”, onde passou a maior parte do seu tempo de jornais.

Conheci-o nesta última, embora os meus primeiros textos lhe tenham passado pelas mãos no tempo em que coordenava o suplemento “Juvenil” do “República”. Eu era pouco mais que um catraio arribado à grande cidade vindo de um lugar longe onde dificilmente se materializa-vam os sonhos. Ele era já então um cinquentenário ilumi-nado pelo brilho de profunda humanidade que lhe acen-dia o olhar.

Acamaradámos bem, apesar da diferença geracional. Ou talvez por causa dela. O Miguel – como todos lhe cha-mávamos, que nesse tempo não havia “doutores” nem “co-legas” nas redacções – era um ágil praticante do rigor, da palavra certa, da importância da notícia. A grande cultura e o profundo sentido de companheirismo, que o levavam a encarar cada camarada como um amigo, eram caracterís-ticas essenciais da sua personalidade.

Um dia – uma noite, talvez, em dia de piquete – ganhei coragem e mostrei-lhe uns textinhos não jornalísticos que tinha escrito, espécie de poemas uns, palavreado avulso os outros. O Miguel leu tudo, anotou, e no fim disse-me o que achava. Alguns reparos formais, qualquer coisa do es-tilo “gosto de ti, miúdo” e um animador “continua a escre-ver que escreves bem”. Não sei se fiz bem, mas continuei a escrever.

Com Miguel Serrano, meu mestre Miguel Serrano, aprendi muitas coisas. E sobretudo entendi a importância das qualidades humanas para o desempenho íntegro e inte-gral do jornalismo. Como, afinal, de qualquer ofício. Porque pode sempre ser-se um bom profissional sem se ser boa pes-soa. Pode, conheço alguns. Mas não é a mesma coisa.

Por opção do autor, este texto não segue o novo acordo ortográfico.

É precisomotivaras pessoasFrancisco Marques Músico

Ao longo de toda a minha vida ativa sempre trabalhei com e para pessoas. Desde bem cedo, já na altura em que dirigia a filarmónica da nossa “velhi-nha” Capricho e era o monitor da sua escola de música, que o meu trabalho estava ligado à formação e condução de pes-soas. Nessa altura a filarmó-

nica chegou a ter mais de 50 elementos, que tinham idades que iam dos sete aos 70 anos, e nem sempre era fácil en-contrar uma forma de levar todas aquelas pessoas a traba-lharem com vista a alcançar um mesmo objetivo. Tinha os mais novos e adeptos de um reportório mais atual que gos-tavam mais de tocar música ligeira, outros mais conserva-dores que preferiam as majestosas sinfonias e aberturas; uns que achavam que a filarmónica devia tocar marchas, paso-dobles, fazer desfiles; e outros preferiam uma filar-mónica para concertos. Enfim, havia uma diversidade de gostos e opiniões mas todos eles tinham uma coisa em co-

mum: a motivação para traba-lhar com vista a alcançar um único objetivo – fazer daquele grupo de pessoas uma filar-mónica “a sério” que pudesse dignificar o nome da coletivi-dade em que estava inserida e consequentemente o nome da cidade.

Hoje porém, a situação é muito diferente. A conjuntura socioeconómica em que vi-vemos tem causado um sen-timento oposto ao que rela-tava no parágrafo anterior.Ao longo destes anos, diversos fa-tores têm vindo a contribuir para uma grande desmotiva-ção geral que tem dado origem a diversas formas de manifes-tações: greves, marchas por esta ou aquela causa, vigílias, etc. Mas o mais grave é que este estado a que chegámos pa-rece estar para ficar durante mais alguns anos. O conjunto de medidas que têm vindo a ser tomadas pelas troikas que por aí têm andado não me pa-rece ter tido o impacto que era esperado por todos os que nele acreditavam. Continuamos a ter os mesmos problemas e, na maior parte dos casos, estes são hoje mais complicados e geram situações mais comple-xas que muitas vezes nem se-quer parecem ter uma solução.

Como alguém disse uma vez, “comportamento gera

comportamento”. Então não estará na altura dessas troi-kas pensarem que para sairmos desta “crise” que estamos a viver é necessário acima de tudo motivar as pessoas? Não me parece que sejam medidas que levam a que cada vez mais as pessoas tenham que dar mais de si em troca de receberem cada vez menos, que podem alguma vez contri-buir para invertermos o estado catastrófico e com o efeito de bola de neve em que vivemos nos dias de hoje. Se todos estivermos motivados, de certo que iremos trabalhar mais e juntos conseguiremos arranjar formas de ultrapassar esta situação e voltarmos a sentir vontade de viver neste belíssimo país chamado Portugal.

A planíciealentejana… Domitília Diogo Soares Investigadora

Cada viagem que faço para o Alentejo significa para mim a ale-gria do regresso a casa. Sempre as-sim foi! Ainda na A2, quando a ve-getação começa a mudar e surge um outdoor a anunciar “Alentejo”, penso: já estou em casa. Fui em-purrada para fora do aconchego desta paisagem, onde se situava a minha casa, porque no final da

década de 60, tal como hoje, o trabalho, apesar de escasso, era privilégio de alguns e inexistente para muitos outros. O grande desafio era tentar a sorte em Lisboa. Os pode-res políticos de então fingiam ignorar tais circunstâncias, bem como um conjunto de fatores que convergiam no pro-cesso de criação e reprodução das desigualdades sociais e da pobreza. A assimetria na distribuição dos rendimentos e a pobreza, como uma situação de privação para alguns, re-sultante da insuficiência de recursos e da sua injusta redis-tribuição, causava um sentimento generalizado de deses-

pero, e até mesmo de revolta, na maioria da população. Votadas ao abandono foram as múlti-plas potencialidades das gentes e terras alentejanas, com con-sequências nefastas para to-dos. Hoje, porém, o futuro do Alentejo joga-se a vários ní-veis: regional, nacional e inter-nacional, mas a vitalidade das jovens gerações é reveladora da força motriz capaz de ace-lerar o desenvolvimento da re-gião. Há uma indomável von-tade de conciliar a tradição e a inovação, preservar a riqueza das suas identidades, construir pontes entre o passado, o pre-sente e o futuro, numa dinâ-mica que se quer imparável e de apelo a uma coesão regional que permaneça viva e atuante… Por tudo isso, e muito mais, a planí-cie alentejana e as suas gentes, com a sua beleza e serenidade ímpares, continuam a exercer sobre quem a visita, e particu-larmente sobre mim, um fascí-nio e uma magia singulares.

Ao longo destes anos, diversos fatores têm vindo a contribuir para uma grande desmotivação geral que tem dado origem a diversas formas de manifestações: greves, marchas por esta ou aquela causa, vigílias, etc. Mas o mais grave é que este estado a que chegámos parece estar para ficar durante mais alguns anos.

Há uma indomável vontade de conciliar a tradição e a inovação, preservar a riqueza das suas identidades, construir pontes entre o passado, o presente e o futuro, numa dinâmica que se quer imparável e de apelo a uma coesão regional que permaneça viva e atuante…

E, se me perguntar se eu fiquei triste por acabar o cargo de governador civil, digo-lhe que não fiquei. É uma evidência que na nossa administração temos muita, muita gente a mais. Agostinho Moleiro à revista “30 Dias”, verão de 2012

14 Foi ontem apresentada ao público, no Hotel Melius, o primeiro hotel que Beja teve, a biografia do seu próprio fundador: Leonel

António CAMEIRINHA. Um empresário e cidadão bejense que ficará para sempre ligado ao empreendedorismo e aos investimentos nesta nossa região tão carenciada nas ideias e nas causas que criam emprego e desenvolvimento. Aos 86 anos, Cameirinha está de parabéns. E a sua cidade e a sua região também estão. PB

Não faz sentido que eu, estando reformado, ganhe um valor de reforma que corresponde a dois ou três ordenados dos meus dois filhos. Não faz sentido! Agostinho Moleiro à re-vista “30 Dias”, verão de 2012

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Penso que esse tipo de regionalização não é correto para o País. Devem ser descentralizados os serviços administrativos e haver responsabilidade local. Mas quanto ao resto, Portugal é pequeno para estar muito repartido e dividido. Agostinho Moleiro à re-vista “30 Dias”, verão de 2012

15Tirando um ou outro fogacho de ligeira intensidade, o distrito de Beja tem sido, de alguma forma, poupado à

onda de INCÊNDIOS que devastam o País. Mas mesmo assim, os bombeiros da região, principalmente os de Beja, foram chamados e participaram ativamente no crime horrendo que dizimou a floresta em Tavira e São Brás de Alportel. Lá, onde se têm que retirar consequências. E que se levar à Justiça os incendiários. PB

A Câmara Municipal de Beja decidiu unanimemente declarar a TAUROMAQUIA como Património Cultural Imaterial de

Interesse Municipal. Muitos outros municípios do País já anteriormente o haviam feito. E, de facto, Beja acaba por estar no epicentro de um vasto conjunto de ganadarias e por ter uma forte tradição taurina. Mas com tantos e tão graves problemas que assistem ao município, parece-me que esta decisão, fraturante, é perfeitamente desnecessária nesta altura. PB

Curiosidade

A família Victoria– raízesalentejanasno sul do BrasilJosé Filipe Murteira Beja

Nos países com uma história mais re-cente, fruto da colonização de povos oriundos de várias partes do mundo (como é o caso, por exemplo, dos Estados Unidos e do Brasil), existe, por parte dos seus habitantes, uma grande vontade em conhecer as suas raízes. Este fenó-meno é menos comum nos países como Portugal, com uma história mais longa, e em cujo território se estabeleceram povos tão diversos como os romanos, os visigodos ou os muçulmanos.

A não ser alguns descendentes de famílias nobres, dificilmente qualquer português conseguirá ir muito longe na sua genealogia, isto se conseguir encon-trar os registos paroquiais dos seus an-tepassados mais remotos.

Há algum tempo, numa pesquisa efetuada na Internet, tive conhecimento da existência de um blogue intitulado “Família Victoria” (http://familiavicto-ria.blogspot.pt/), da autoria de um cida-dão brasileiro, Arthur Victoria da Silva,

natural e residente no Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil.

Neste blogue, como o nome in-dica, procura-se reconstituir a família Victoria, desde a sua origem até à atuali-dade, reconstituição essa acompanhada por vários episódios marcantes ao longo dos quase 230 anos da sua existência.

De facto, segundo informações re-colhidas por Arthur Victoria, a famí-lia teve origem no casamento, em 1783, na localidade do Estreito, nesse estado, de Francisco José de Santa Victoria com Ana Joaquina de Jesus.

A noiva era descendente de açoria-nos, o que não é de estranhar, visto se-rem originários dessas ilhas atlânticas muitos dos povoadores dessa parte do Brasil, sobretudo na segunda metade do século XVIII. Há quem até considere os açorianos como o povo mais impor-tante na colonização do Rio Grande do Sul, e talvez não seja por acaso que um dos mais importantes prémios culturais desse estado, atribuído pela prefeitura da capital, Porto Alegre, tenha precisa-mente o nome de “Açorianos”.

Quanto ao noivo, de acordo com o que Arthur Victoria escreveu no seu blo-gue, “…deve ter sido militar que lutou contra os espanhóis [guerras pelo con-trole de territórios nas atuais fronteiras do Brasil e do Uruguai] e resolveu esta-belecer-se no Estreito”. O mais curioso, no entanto, é a sua origem. Citando de novo o blogue, “Francisco José de Santa Victoria, conforme registros de nasci-mentos de seus herdeiros, era nascido na freguesia de Santa Victoria, em Beja, Portugal”, vindo daí o apelido que iria

dar origem à família.Família que, diga-se em abono da

verdade, foi bastante numerosa, come-çando neste casal, que teve 10 filhos, que, por sua vez, vieram igualmente a reproduzir-se também em quantidades apreciáveis. Ainda que hoje haja descen-dentes dessa família espalhados em vá-rias partes do Brasil, a grande maioria radicou-se em localidades gaúchas, no-meadamente em Capão do Leão, mu-nicípio com cerca de 25 mil habitantes, “emancipado” há apenas 30 anos da ci-dade vizinha de Pelotas. Um dos mem-bros da família – Getúlio Victoria – exerceu por duas vezes as funções de prefeito desse município, em 1985 e em 1993.

Para completar o puzzle, faltava ape-nas a confirmação da data (que se pre-sume ser 1756) e o local do nascimento do alentejano que deu origem a esta fa-mília, o que me foi solicitado por Arthur Victoria.

Só que, infelizmente, nem no Arquivo Distrital de Beja, nem no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, se encon-tram os livros dos registos paroquiais de 1731 a 1771. Existe um hiato, não se po-dendo comprovar os registos de nasci-mentos, casamentos e óbitos da freguesia de Santa Vitória nesse período.

Ficou, assim, por provar, a verda-deira origem de Francisco José, o que não invalida a hipótese da existên-cia de raízes alentejanas na família Victoria, fundada no século XVIII, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e que, periodicamente, se reúne para confraternizar.

Há 50 anosHemingwayem Havana,as luzes de Bejae a sovinice

Há meio século, o “Diário do Alentejo” raramente publicava fotografias. Ilustrações em al-

guma publicidade (detergentes, automó-veis, máquinas agrícolas), imagens de eventos oficiais na capital e retratos de personalidades estrangeiras constituíam as exceções.

Na edição de 23 de julho de 1962, o jor-nal trazia na primeira página uma foto-grafia do escritor Ernest Hemingway sob o lacónico título “Imagens Internacionais” e com a seguinte legenda:

“A herdade de Ernest Hemingway, La Vigia, perto de Havana, foi, no pas-sado dia 21, data do 63.º aniversário na-talício do famoso escritor de ‘Fiesta’, ‘As Neves do Kilimanjaro’ e ‘Quando os Sinos Dobram’, inaugurada como museu. Entretanto, muitos cubanos têm visitado uma exposição de fotografias e de obras na Biblioteca Nacional, em Havana, desde 6 de Julho, primeiro aniversário da morte do escritor.”

A revolução socialista avançava então em Cuba, pelo que, à cautela – não fosse a notícia sobre o escritor norte-americano desaparecido interpretada como simpatia pelo país de Fidel e Che – o vespertino be-jense inseria, logo debaixo da fotolegenda, o omipresente aviso na imprensa desses tempos do fascismo em Portugal: “Visado pela Comissão de Censura”...

De diferente teor era o comentá-rio assinado por C. M. no “Varandim da Cidade” de Beja, uns dias mais tarde, na edição de 27:

“Eis uma falta que não sabemos a quem atribuir... Verificamos o facto e dei-xamo-lo à consideração da entidade res-ponsável, certos de que o remédio virá pronto e fácil.

Anteontem, eram precisamente 21 ho-ras e meia, a cidade ainda não tinha luzes públicas!

Áquela hora é noite. E noite que faci-lita os tropeções no muito cascalho, entu-lho e areia que pejam esses passeios, de-pois das obras municipais e outras com que a cidade, felizmente, se alinda.

A não ser dalguma luz dos estabele-cimentos adjacentes, as ruas de Beja têm áquela hora uma certa escuridão que se-ria romântica e evocadora... se não fosse perigosa!

Alguém aqui do lado nos segreda que ‘as luzes da cidade’ se acendem tarde por economia... E nós, munícipes, objectamos que a sábia economia, sempre tão aconse-lhável, tem um limite. Ás nove e meia da noite, manter a cidade às escuras é mais do que economia – é sovinice!”.

Carlos Lopes Pereira

De Santa Vitória para o Brasil Encontro dos Victoria em 15 de abril de 2010

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Fotorreportagem

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Até ao próximo do-

mingo, 50 alunos

do ensino secundá-

rio vão ter nas mãos

enxadas, em vez de

inchadas terem as

mãos. Trata-se da

Agroweek, uma ini-

ciativa do Instituto

Politécnico de Beja

e da revista Forum

Estudante, com o

apoio do BES, que

te m c o m o l e m a

“Tanta terra tanto

tempo”. Uma semana

de férias para brincar

a sério à agricultura e

para descobrir os se-

gredos da terra.

Fotos José Serrano

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Ana Cabecinha está de partida para os Jogos Olímpicos Londres 2012

“As minhas raízesestão em Baleizão”

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Desporto

Vinda de Navacerrada, nos arredo-res de Madrid, onde realizou o estágio de altitude, Ana Cabecinha venceu o Campeonato de Portugal e realiza a úl-tima etapa da sua preparação nos pi-nhais de Monte Gordo.

Texto Firmino Paixão

Uns dias antes de partir para Inglaterra, onde hoje se iniciam os Jogos Olímpicos Londres 2012, a atleta do

Clube Oriental de Pechão falou ao “Diário do Alentejo”. É a segunda presença de Ana Cabecinha, de 28 anos, em jogos olímpicos, depois do 8.º lugar na final dos 20 quilómetros marcha, em Pequim, em 2008 (com recorde nacional). Humilde como as grandes cam-peãs, mas com um discurso cheio de emoções, a atleta é moderada nas promessas, e a única que lhe exigimos que cumpra, porque sabe-mos que é um desejo íntimo, é o reencontro na sua terra natural, Baleizão, quando terminar a campanha olímpica. Até lá, vamos torcer pelo seu sucesso na prova de 20 quilómetros mar-cha que se realiza no dia 11 de agosto.

Os jogos olímpicos são o sonho de qualquer

atleta… Qualquer atleta sonha em estar presente nos jogos olímpicos, mas eu tive a realização desse sonho em 2008, em Pequim. Nestes jogos já tenho outra maturidade e vou querer vivê-los com outros olhos. Lutei tanto nestes últimos quatro anos para estar em Londres que para mim é algo mais que nem posso explicar.

Trabalhou muito para o conseguir?

Trabalhei muito para conseguir um lugar na seleção. Primeiro porque é um trabalho de quatros anos duros, e depois porque na mar-cha somos quatro atletas muito boas e só tra-balhando muito se consegue uma vaga. Os jogos olímpicos são o ponto mais alto da mi-nha carreira, ainda mais porque sendo a mi-nha segunda participação olímpica tem mais significado.

O apuramento para estes jogos teve alguma

dedicatória especial?

Teve sim. No último ano passei a pior fase da minha vida. Perdi a minha mãe em maio do ano passado e pensei em abandonar o atle-tismo porque nada mais fazia sentido. Mas tive o apoio do meu pai e dos meus irmãos, que estiveram sempre do meu lado e, de al-guma forma, também a memória da minha mãe. Então, prometi que iria lutar. No iní-cio da época disse ao meu treinador que não

ficaria de fora dos jogos e fiz tudo para cum-prir o que prometi à minha mãe, que ia a Londres, e aqui estou eu por ela, a minha mãe Catarina Cabecinha.

O que promete aos alentejanos que ficam a

torcer por si?

Confesso que não sou pessoa de criar mui-tas expectativas nas grandes competições,

muito menos para uns jogos olímpi-cos onde vão estar as melhores e

na máxima força. Só quero che-gar ao fim, e se conseguisse en-trar nas 12 primeiras seria ex-celente. Não posso prometer medalhas. Quem me conhece

sabe que sou bem realista, o que posso prometer é dar o meu melhor e chegar o mais à frente possível e com muito orgulho afir-mar que sou alentejana e da aldeia de Baleizão.

Como costuma lidar com o sucesso?

Lido de forma positiva, com humil-dade e esforço, porque consigo, atra-vés do meu sucesso, motivar os mais jovens para a prática do atletismo e da marcha. Mas é um orgulho repre-sentar o meu país. Sempre que sou se-lecionada para uma competição é uma

sensação maravilhosa e fico muito feliz.

E como gere a emoções dos grandes

momentos?

Não há tempo para gerirmos emoções, sen-timos uma mistura de sentimentos numa só competição que quando damos por isso já estamos a permitir que afete o nosso ren-dimento, e isso não é bom. Tento manter o meu equilíbrio para não ficar demasiado fo-cada numa coisa e nisso conto muitas vezes com a ajuda do meu treinador e do meu pai, que oiço sempre antes de partir para qual-quer parte do mundo.

O seu sucesso tem também a marca do seu

treinador?

Este sucesso só é possível porque tenho o me-lhor treinador do mundo. Paulo Murta é o meu único treinador e sem ele eu não seria a atleta que sou hoje. Ele acredita no meu valor e no que posso fazer em cada prova. E não erra. Passo mais tempo com ele do que com a famí-lia, ele basta olhar para mim para saber o meu estado de espírito. É meu treinador, faz de meu psicólogo, meu massagista e tudo isso faz com que o nosso sucesso seja possível.

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O Clube Oriental de Pechão será o seu em-

blema de sempre?

É o meu clube desde 1996 e já disse não a ou-tros emblemas para representar o clube que me criou e formou. Para já não penso deixá-lo. Já tive propostas de clubes grandes como FCP, JOMA, SLB, mas agora a minha transferência é cara e, com a crise, os clubes não têm como pa-gar esses valores.

Ainda se sente alentejana ou está mais

algarvia?

Esta é uma boa pergunta. Sou alentejana, nunca o neguei, e em todas as entrevistas que dou, e em que dizem “algarvia isto, algarvia aquilo”, eu corrijo sempre e faço questão que di-gam atleta alentejana. Por muitos anos que viva no Algarve serei sempre alentejana da aldeia de Baleizão.

Baleizão, terra onde nasceu, ainda é a sua re-

ferência? Quanto volta lá para rever as suas

gentes?

Baleizão será sempre a minha referência, sem-pre que posso vou lá. Foi ali que aprendi a an-dar e vivi até aos meus sete anos e por muitos anos que viva no Algarve as minhas raízes são ali na pequena aldeia de Catarina Eufémia. Fica aqui já prometido que quando vier dos jo-gos olímpicos irei às festas da aldeia com a mi-nha família para rever a minha gente.

O PerfilAna Cabecinha28 anos (n. 29 de abril de 1984)Baleizão, BejaEspecialidade: marcha atlética.Clube: Clube Oriental de Pechão (Algarve).Treinador: Paulo Murta.Títulos nacionais: 20 km estrada (2012), 10 km pista (2005/2008/2010) 3 000 m pista coberta (2012); re-cordes pessoais: 3 000 m (2012), 5 000m (2010) 10 000m (2008); recor-des nacionais: 10 km (2008), 20km (2008); destaques internacionais: 8.ª Jogos Olímpicos Pequim (2008), 8.ª Europeu (2010), 7.ª Mundial (2011), 8.ª Taça do Mundo (2010), 9.ª Taça do Mundo (2012), 1.ª Jogos Ibero Americanos (2006 e 2010), 3.ª Europeu de Juniores (2003).

A divisão de Desporto da Câmara Municipal de Beja e o Team

BTT Alacrau, de Penedo Gordo, organizam esta noite, a partir das

20 e 30 horas, o 3.º Passeio Noturno de BTT, inserido no projeto

Circuito BTT e Cicloturismo 2012. A concentração faz-se no

Parque da Cidade e o percurso tem a extensão de 30 quilómetros.

3.º Passeio Noturno

e BTTem Beja

DR

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9.ª Final Nacional

Beja/2012

1.ª jornada

9-8 Faro-Coimbra8-4 Lisboa-Viana do Castelo8-3 Porto-Cais1-18 Guarda-Faro3-6 Coimbra-Lisboa2-14 Viana do Castelo-Porto14-6 Cais-Guarda9-6 Beja-Madeira2-8 Açores-Bragança12-6 Aveiro-Setúbal4-10 Portalegre-Beja7-10 Madeira-Açores5-11 Bragança-Aveiro19-3 Setúbal-Portalegre

2.ª jornada

4-6 Faro-Cais5-8 Beja-Setúbal6-3 Coimbra-Guarda1-7 Madeira-Bragança14-2 Porto-Guarda12-11 Açores-Aveiro8-2 Cais-Viana do Castelo11-7 Madeira-Portalegre6-4 Setúbal-Bragança6-5 Beja-Açores6-7 Coimbra-Viana do Castelo5-8 Lisboa-Porto10-2 Aveiro-Portalegre

3.ª jornada

10-3 Beja-Bragança3-10 Coimbra-Porto4-5 Açores-Setúbal5-9 Madeira-Aveiro7-5 Lisboa-Cais6-5 Bragança-Portalegre13-3 Viana do Castelo-Guarda5-8 Beja-Aveiro3-9 Madeira-Setúbal4-7 Coimbra-Cais9-5 Lisboa-Guarda6-3 Açores-Portalegre

Meias-finais

5-6 Porto-Aveiro8-7 Setúbal-Lisboa

Apuramento do 3.º e 4.º luga-res5-4 Porto-Lisboa

Final

8-7 Aveiro-Setúbal

Classif icação f inal: 1.º Aveiro. 2.º Setúbal, 3.º Porto. 4.º Lisboa. 5.º Cais. 6.º Beja, 7.º Açores. 8.º Bragança. 9.º Viana do Castelo. 10.º Coimbra. 11.º Faro. 12.º Madeira. 13.º Portalegre.

Prémios Individuais: me-lhor guarda-redes: Paulo Alexandre (Açores); melhor jo-gador: Vítor Semedo (Lisboa); prémio simpatia: Luís Simões (Coimbra); melhor treinador: Rafael Santos (Madeira). A equipa de Portalegre ganhou o troféu “Fair-Play”.

Resultados

Futebol de Rua: triunfou Aveiro e Beja terminou em sexto lugar

As lições de vidacom a bola no pé...

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A equipa das “Florzinhas do Vouga”, do distrito de Aveiro, venceu a 9.ª Final Nacional de Futebol de Rua, organi-zada pela associação Cais e disputada na cidade de Beja com a presença de 13 equipas.

Texto e foto Firmino Paixão

Os aveirenses do Bairro de Santiago iniciaram o seu percurso desportivo em 2010 e desde então qualificaram-

se para todas as finais do torneio. Venceram em 2011 (em Aveiro) e repetiram em Beja o triunfo, superando a formação Criar-T, da Misericórdia do Seixal (Setúbal), numa fi-nal de grande qualidade competitiva dirigida por Gustavo Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol.

A equipa bejense do projeto “Inclusão pela Arte”, do Centro Social do Bairro da Esperança, classificou-se no sexto lugar, uma posição muito honrosa tendo em conta o va-lor das equipas do grupo em que se enqua-drou e o facto de ter perdido apenas com os dois finalistas.

Bruno Seco, técnico da equipa campeã, qualificou o êxito como “muito importante para os jogadores sentirem que a noção deles do limite está muito aquém daquilo que real-mente valem e a vitória serve para lhes pro-var que, quando querem, conseguem tudo aquilo que desejam”.

O treinador considerou o torneio “mais uma vez excelentemente organizado”: “Parabéns à organização, principalmente a Gonçalo Santos, que é o rosto visível da

Cais, e à equipa que o rodeou”. O técnico re-velou ainda: “Estamos sedeados num bairro social de Aveiro que é o Bairro de Santiago. Fizemos um torneio local com cerca de 10 equipas, escolhemos oito dos cerca de 60 jo-gadores que apareceram. Três dos que aqui estão já foram campeões no ano passado e tivemos duas semanas de treino diário para nos prepararmos”.

Do ponto de vista pessoal, o treinador deixou também o sabor deste triunfo: “Tem um significado muito grande, não pela vitó-ria desportiva, mas pela expressão de perso-nalidade e de humildade que tem sido possí-vel incutir nestes jogadores, porque, às vezes, não têm bem os pés assentes na terra, pen-sam que são os maiores do mundo e que não precisam de ninguém para nada, porque so-zinhos safam-se na vida e houve aqui uma li-ções de vida para alguns que tiveram que por os pés na terra, tiveram que chorar e pedir desculpa, humildemente, coisa que nunca fizeram em vinte e muitos anos que têm de existência”.

Bruno Seco é também o selecionador na-cional que escolherá a equipa para represen-tar Portugal no Mundial de Futebol de Rua, que se disputa em outubro no México. E so-bre as suas escolhas assumiu: “Levo apenas ideias, decisões ainda não tomei, tenho os jogadores observados, mas os critérios são muitos, não basta serem bons de bola, é pre-ciso ver a vida pessoal deles, analisar muito bem o relatório psicossocial que trazem. Temos uma lista de 13 ou 14 jogadores, va-mos ver os que preenchem os critérios e, a partir daí, serão escolhidos os oito elementos

que irão representar Portugal”. O “Diário do Alentejo” pode adiantar que a lista inclui um atleta de Beja.

Gonçalo Santos, coordenador do Projeto Futebol de Rua da associação Cais, deixou um balanço positivo desta realização: “O projeto só é possível com parcerias e o su-cesso desta organização passou, necessa-riamente, pela qualidade dos parceiros que aqui encontrámos, o município, o Regimento de Infantaria n.º 3, o Instituto Politécnico de Beja, o Despertar, todos foram extrema-mente importantes no êxito desta final”.

E salientou: “Mas sem o apoio da Câmara Municipal de Beja nada disto teria sido possí-vel. Fomos muito bem recebidos, as equipas ficaram satisfeitas, acho que se divertiram bastante. Na generalidade do torneio a com-petição não se sobrepôs ao convívio e isso é o mais importante, todos os participantes saí-ram daqui com boas recordações”.

Foi dado mais um passo para a inclusão destes jovens? “Não tenho dúvidas, o que aqui viveram e, especialmente, o que fizeram para chegar aqui, porque este foi o culminar de um trabalho feito ao longo de muitos me-ses por quem os acompanha localmente, es-peremos que todo esse trabalho dê bons fru-tos e quero acreditar que amanhã será já um tempo diferente para todos eles, é isso que nos move”.

Na hora da partida quisemos saber se a ci-dade de Beja poderá voltar a ser o porto de abrigo desta organização: “Esperemos que sim, isso é convosco, tudo dependerá de vós e dos parceiros locais”, concluiu Gonçalo Santos.

Final Lance entre Aveiro e Setúbal com os sadinos na posse da bola

A Associação de Futebol de Beja aproveitou a presença da equipa

do Nacional da Madeira na cidade de Beja para promover uma

ação de formação para treinadores, denominada “Do jogo

para o treino e do treino para o jogo”, ministrada pelo técnico

Pedro Caixinha e seus adjuntos, José Belman e Óscar Tojo.

Caixinha ministrou acção de

formação de treinadores

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Eusébio Rosa (SU Caparica) e Gema Borgas (Caja Rural) venceram a 8.ª Ultra Maratona Atlântica Melides/Troia, repetindo os triunfos do ano passado e batendo os seus recordes pessoais e da prova.

Texto e foto Firmino Paixão

Foi a quinta vitória (terceira consecutiva) de Eusébio Rosa, de 43 anos, atleta do Sport União Caparica, que tirou 4,41’ ao recorde

da corrida, conseguido por ele próprio na edição de 2007. A espanhola Gema Martin Borgas, de 24 anos, fez o mesmo; repetiu o triunfo de 2011, em que bateu o recorde da prova, e retirou cerca de oito minutos ao anterior registo. Um ano de recordes, que tinha começado pelo número de concorrentes inscritos para esta edição, ultra-passando as quatro centenas e prosseguiu com as novas marcas estabelecidas pelos grandes

vencedores desta duríssima maratona de 43 quilómetros pela espuma das ondas das praias na faixa costeira atlântica entre Melides e Troia. Uma excelente organização do município de Grândola, que é apadrinhada pelo antigo cam-peão olímpico Carlos Lopes.

O atleta de Viseu disse ao “Diário do Alentejo” que é “com muito orgulho” que apadrinha a prova, porque a vê “crescer de ano para ano”, o que se “deve ao trabalho extraordinário do pe-louro de desporto do município de Grândola”: “Eu, como padrinho da corrida, tenho que estar muito satisfeito e ter muito prazer em estar pre-sente todos os anos”. Carlos Lopes confessou não sentir nostalgia ao ver os atletas partir: “Não sou assim muito nostálgico, sempre vivi as coisas no momento e continuo a viver assim”. E acentuou as dificuldades da Ultra Maratona, referindo: “Além do talento, estes atletas têm que ter espírito de sa-crifício e um poder mental extraordinário. Correr

na areia não é nada fácil”. E adiantou: “Temos que ter a consciência de que a prova tem 43 quilóme-tros e que, só pela sua natureza e pela paisagem que nos oferece, é a prova mais bonita que há no nosso país e deve ser divulgada para o exterior. Só assim conseguiremos mostrar aos outros pa-íses as coisas bonitas que fazemos e a beleza das praias que temos, uma mais-valia para o futuro desta região”.

Eusébio Rosa, que, à partida, tinha assumido a sua responsabilidade de tricampeão e recordista, disse no final: “Vinha sozinho desde os cinco qui-lómetros, o que dá sempre um maior desgaste e acabei por ganhar e bater o meu próprio recorde, estou muito feliz por isso”. A receita para tanto su-cesso parece simples: “Moro perto do mar, faço muitos quilómetros todos os dias perto do mar e nas dunas, faço rampa e corro em estrada, mas é preciso ter muita força de vontade para treinar duas vezes por dia, descansar e alimentar-me

bem”. O campeão da Ultra Maratona revelou ainda: “Sou apoiado pelo fisioterapeuta Alberto Chaiça [atleta natural de Ervidel], que me acom-panha desde 2002, e pelo meu treinador, Américo Pinto. São duas pedras fundamentais no apoio psicológico, mas temos que ter muito espírito de sacrifício para treinar sozinho”.

Feliz estava também a atleta de Salamanca, Gema Borgas, que realçou: “É uma prova muito dura, mas muito bonita. Estou no bom mo-mento mas não sabia se conseguiria repetir a vi-tória de 2011, felizmente as coisas correram-me bem e ainda baixei o tempo recorde que trazia do ano passado”.

Um e outro prometem voltar em futuras edi-ções. Se para assinarem novos triunfos e novos registos de tempo, não sabemos, mas esta mara-tona, em que o último atleta a chegar (Joaquim Pereira, de Alcácer do Sal, 365.º lugar) gastou 7.41.09 horas, é já uma prova do outro mundo…

8.ª Ultra Maratona Atlântica em ano de recordes

Uma corrida do outro mundo...

Ultra Maratona Partida dos 400 atletas da praia de Melides rumo a Troia

Caja Rural Gema Borgas a cortar a meta em TroiaSU Caparica Eusébio Rosa a cortar a meta em Troia

Recordistas Eusébio Rosa e Gema Bogas bateram os seus recordes e da prova

Classificações gerais Masculinos 1.º Eusébio Rosa (SU Caparica), 2.46.30 horas. 2.º Custódio António (São Mamede), 2.58.01. 3.º Alexandre Canal (Alto Moinho), 2.59.10. 4.º Mário Cassaca (Oeiras), 3.03.52. 5.º Luís Magalhães (Jobra), 3.05.31. 6.º Luís Barbosa (CO Pechão), 3.06.54. 7.º Paulo Marques (Praças Armada), 3.12.20. 8.º António Silvino (São Mamede),

3.13.07. 9.º Luís Almeida (Oeiras), 3.14.42. 10.º Rafael Gomes (Sporting), 3.17.51. Femininos 1.º Gema Borgas (Caja Rural), 3.33.48 horas. 2.º Anabela Gomes (Águias), 3.36.32. 3.º Lídia Pereira (Mangualde) 3.47.18. 4.º Chantal Xervelle (AM Casal), 3.46.14. 5.º Patrícia Serafim (Praças da Armada), 3.53.19. 6.º Cristina Ponte (Camarnal), 3.55.00. 7.º Cármen Henriques (São

Mamede), 4.03.25. 8.º Amélia Costa (Alto Moinho), 04.04.29. 9.º Ana Vieira (Abrantes), 4.25.02. 10.º Vitorina Mourato (Portalegre). Equipas 1.º A C São Mamede. 2.º CDR Águias Unidas. 3.º Asics Oeiras. 4.º Clube Oriental de Pechão. 5.º Jobra. 6.º Monte Caparica. 7.º Praça da Armada. 8.º AC Portalegre. 9.º CP Mangualde. 10.º Clube Amigos Parque Paz.

Decorre amanhã, sábado, a partir das 10 horas,

o Dia Saudável no Parque Central de Vila Nova

de Santo André. Uma iniciativa de animação e

atividades desportivas, dirigida a crianças de

todas as idades, com organização da Câmara

Municipal de Santiago do Cacém, em parceria

com a Junta de Freguesia de Santo André.

Dia Saudável para crianças em Vila Nova

de Santo André

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Penitencio-me pela minha admiração pelo futebol de rua. O futebol vadio. Jogado, antigamente, de pé descalço e em espaços exíguos. Nesse mítico planeta despertaram alguns dos verdeiros craques mundiais. Aliás, na simbólica rua de uma aldeia, vila ou cidade, deram à luz malabaristas que ousaram vincar o seu nome nos grandes palcos futebolísticos universais. A esse lote de predestinados junto, ainda, outras figuras que acordaram para o jogo nas típicas savanas africanas ou em favelas recônditas no mais suburbano bairro de uma metrópole imensa. O futebol, numa conceção cabal, sempre se afirmou como uma modalidade aonde sobressaem modelares efeitos que levam o homem a sonhar. O “puto”, craque da bola, nasce com dotes insofismáveis que o conduzem ao mundo da fantasia. Veem no futebol um momento ímpar de sucesso. Deliram com o passe ancestral, a finta e o golo. Vibram com os eventuais aplausos das multidões. Uns conseguem atingir objetivos quiçá alvitrados. Outros, porém, caíram na armadilha do insucesso. Sucesso, na minha singela opinião, é o futebol de rua praticado por jovens que se dedicam desinteressadamente ao jogo pelo prazer de uma prática salutar e de civilidade física. Confesso que me encantou, e encanta, o Torneio Nacional de Futebol de Rua que a cidade de Beja acolheu. É um grito de afirmação para jovens, alguns portadores de excelentes qualidades para a prática do futebol, mostrarem ao público que a inclusão social é, também, sinónimo de um acolhimento profundo. Enalteço a sensibilidade, e entrega, da equipa do Centro de Cultura e Recreio do Bairro da Esperança no citado torneio, evento que tem como organização a associação Cais, mostrando que é na prática salutar do desporto que convergem as mais díspares opções pessoais. Diferentes mas todos iguais, sublinho. Bem-haja a vossa voluntariedade, rapazes.

O futebol de ruaJosé Saúde

É no caudal do rio Sava, na Eslovénia, que a partir de hoje flutuam os limites do so-nho de três jovens sul alen-tejanos que disputam os Campeonatos do Mundo de Pesca Desportiva em Água Doce.

Texto e foto Firmino Paixão

Nascido na Eslovénia, o Sava desliza suavemente pelo limite ocidental dos

Balcãs até à Sérvia, em cuja ca-pital se encontra com o Danúbio. E durante o fim de semana re-fresca e legitima a ambição de António Nunes, 16 anos, nascido em Alvito, de Luís Fernandes, l6 anos, de Viana do Alentejo, e de Ivo Figueira, 12 anos, natural de Beja, todos eles integrados na se-leção nacional que amanhã e do-mingo representa o nosso país na cidade de Radece-Sevnica, onde decorrem os Campeonatos do Mundo em Água Doce Sub/18 e Sub/14.

António Nunes, campeão do mundo individual e por nações em 2009 (em Coruche), promete: “Vamos fazer o melhor que pu-dermos”. E explica a subjetivi-dade: “Não devemos ir com as expectativas muito altas, não co-nhecemos os locais de pesca nem estamos habituais às espécies que lá existem”. Mas sublinha: “Preparámos bem este campe-onato, viemos antecipadamente para a Eslovénia para termos

ainda alguns dias de contacto com o rio Sava”.

Ivo Figueira, o benjamim da equipa, bicampeão nacional, dá uma achega: “Queremos sempre fazer o melhor, é nisso que nos devemos concentrar, neste cam-peonato como em todas as provas onde competimos”. Mas deixa es-capar que “gostava de trazer uma medalha”: “Vamos ver…”.

Luís Fernandes, também campeão por equipas em 2009, em Coruche, reforça a ideia: “Medalhas todos gostaríamos de trazer… mas só que fosse um de nós os três a ganhá-la, já seria muito bom, nem que seja por na-ções”. Todos foram unânimes em reconhecer: “É um grande orgu-lho representar o nosso país, é um peso enorme andar com 10 milhões de pessoas às costas”, brinca Luís.

António Pastagem Nunes, presidente do Clube de Amadores de Pesca do Baixo Alentejo (CAP), que os jovens pescado-res representam, sublinha: “Eles nascerem neste clube e têm-no representado sempre, apesar de terem convites de clubes maio-res, mas ainda são novos e nós pais, fundadores do clube, faze-mos questão que se mantenham aqui, porque também prestigiam e dão nome ao clube”.

O dirigente diz que os jovens despertaram para a pesca des-portiva por inf luência dos pro-genitores, todos eles praticantes da modalidade e determinantes

no seu percurso formativo: “A formação foi feita pelos pais, nós empenhamo-nos muito, e quando começaram a ser convo-cados para as seleções tiveram os treinadores nacionais, mas hoje, através das redes digitais, estão sempre em contacto com gran-des pescadores a nível mundial e trocam informações. A pesca hoje tem muita técnica e eles vão cruzando informações com atle-tas internacionais”.

Competição “difícil” As etapas de preparação para este mundial da Eslovénia passaram por: “Muito treino e ultimamente até estive-ram em Penacova, porque é ne-cessário treinar em cenários se-melhantes ao que vão encontrar e porque, sendo seleções nacio-nais, têm que cumprir o plano dos treinadores”, adianta o pre-sidente do CAP, dizendo ter uma ideia mínima do que vão encon-trar nos Balcãs: “Vai ser difícil, as espécies são diferentes, é um país muito perto da Itália e os nossos grandes adversários são mesmo os italianos, são bons pescadores, é lá que estão as grandes marcas e os grandes patrocínios e eles trei-nam muito naquele rio. Mas nós vamos lutar”, prometeu em nome dos três jovens.

E assumiu: “Será uma boa experiência e esperamos que a caminhada seja mais longa. É muito bom para a formação de-les, é um desporto que evita que derivem por maus caminhos, é

uma experiência muito positiva e saudável”. Três atletas que são o orgulho do clube: “Um orgu-lho muito grande, temos qua-tro anos de existência e é muito importante termos já esta repre-sentatividade. Eles são as gran-des bandeiras deste clube”.

Na hora de fazer contas ao investimento, Pastagem Nunes lembra: “Isto não fica barato, o equipamento dos miúdos viaja por terra num camião e para efeitos de seguro pediram-nos um relatório com os preços de custo e concluímos que cada um leva cerca de 10 000 euros e não é nada topo de gama, porque há melhor”.

E os apoios? “Pedimos ajudas a muita gente, mas o principal apoio é do município de Alvito. Eles são atletas federados e têm apoio à atividade. A Câmara de Viana deu-nos uma pequena ajuda, a de Beja nem nos respon-deu, e então eles têm que se go-vernar com os bolsos dos pais”, porque, “a federação comparti-cipa uma parte, mas a viagem é paga pelos atletas”.

Já em terras eslovenas, nas margem do Rio Sava com a ponta do anzol engodada pela ambi-ção, o sentimento revelado pelo presidente do clube é o de não querer sonhar muito alto, con-fessando, contudo: “Cá no fundo há sempre uma pequena espe-rança, mas não queremos que criem muitas ilusões, vamos lu-tar pelo melhor resultado”.

Três jovens alentejanos na elite mundial da pesca desportiva

Um sonho na ponta do anzol...

Pesca Desportiva António Pastagem Nunes, presidente do CAP, com os três jovens que estão na Eslovénia, António Nunes, Ivo Figueira e Luis Fernandes

Page 22: Ediçao N.º 1579

Diário do Alentejo27 julho 2012

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Page 23: Ediçao N.º 1579

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bília, centro da cidade.

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BEJA / FERREIRA DO ALENTEJO

†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA AUGUSTA DA FONSECA BATISTA CAMPANIÇO, de 97 anos, natural de Castro Daire, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 23, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Ferreira do Alentejo.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. CATARINA DO ROSÁRIO de 87 anos, natural de Beringel - Beja, solteira. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 24, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Beja.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA GUERREIRO RODRIGUES de 89 anos, natural de Sabóia l - Odemira, viúva. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 24, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA ESPADILHA BALCINHA, de 81 anos, natural de Ervidel - Aljustrel, casada com o Exmo. Sr. Alcibíades Maximino Arsénio. O funeral a cargo desta Agência, realizou-se no passado dia 25, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

VALE DE AÇOR

†. Faleceu o Exmo. Sr. ANTÓNIO DOS SANTOS PALMA, de 78 anos, natural de Alcaria Ruiva – Mértola, casado com a Exma. Sra. D. Maria da Conceição Caetano. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 25, da Igreja Paroquial de Vale de Açor, para cemitério local.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. GRACIETE FILOMENA GUERREIRO PEREIRA DE ALMEIDA., de 40 anos, natural Lourenço Marques, casada com o Exmº. Sr. Ricardo Nuno da Silva Romeiro Gil. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 26, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

Às famílias enlutadas apresentamos as nossas mais sinceras condolências.

Consulte esta secção em www.funerariapax-julia.pt

Rua da Cadeia Velha, 16-22 - 7800-143 BEJA Telefone: 284311300 * Telefax: 284311309

www.funerariapaxjulia.pt E-mail: [email protected]

Funerais – Cremações – Trasladações - Exumações – Artigos Religiosos

CANDIDATURAS ABERTAS

De 06 de Agosto a 14 de Setembro 2012

GAL – Margem Esquerda do Guadiana

PRODER

ABORDAGEM LEADER

EIXO 3 – DINAMIZAÇÃO DAS ZONAS RURAIS

Concurso nº 1/2012

3.1 - «Diversificação da Economia e Criação de Emprego»

3.1.1 - «Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola»

3.1.2 - «Criação e Desenvolvimento de Microempresas»

3.1.3 - «Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer»

Para mais informações consulte os Avisos de Abertura em www.proder.pt ou www.rotaguadiana.org ou

através dos contactos 284 540 220 ou [email protected].

Vidigueira

PARTICIPAÇÃO E

AGRADECIMENTO

Adelina Rosa

Vasco Morais

Filhos, noras, netos e restante

família cumprem o doloroso

dever de participar o faleci-

mento da sua ente querida

ocorrido no dia 17/07/2012, e

na impossibilidade de o fazer

individualmente vêm por este

meio agradecer a todas as

pessoas que a acompanha-

ram à sua última morada ou

que de qualquer forma mani-

festaram o seu pesar.

Marmelar

AGRADECIMENTO

José Caleiro Fialho

Nasceu 05.12.1934

Faleceu 21.07.2012

Sua família na impossibilidade

de o fazer pessoalmente agra-

decem por este meio a todas

as pessoas que a acompanha-

ram á sua última morada ou

de outro modo manifestaram

o seu pesar.

MISSA DE 30º DIA

Maria Rosalina

Dias Lopes

N. 12/04/1943

F. 30/06/2012

A família participa a todas as

pessoas de suas relações e

amizade, que será celebrada

missa pelo eterno descanso

da sua ente querida no dia

30/07/2012, segunda-feira,

pelas 18.00 horas na igreja

dos Salesianos em Lisboa,

agradecendo desde já a to-

dos que se dignarem com-

parecer.

Eugénia Rosa

Pinheiro Pinto

da Silva Pires6º Mês de Eterna Saudade

Marido, fi lhos, neto e genro re-

cordam com muita saudade o

sexto mês de ausência da sua

ente querida, falecida em 29 de

Janeiro de 2012.

Nossa Senhora

das Neves – Beja

António Fernando

Coelho PinheiroN. 30/12/1954

F. 23/07/1998

14º Ano de Eterna Saudade

Seus pais, irmãos, tios e so-

brinhos recordam com muita

saudade o décimo quarto

ano de ausência do seu ente

querido.

Mértola

PARTICIPAÇÃO E

AGRADECIMENTO

Francisco José do

Nascimento Vargas

Filha, fi lhos, genro, noras e

netos cumprem o doloroso

dever de participar o faleci-

mento do seu ente querido

ocorrido no dia 19/07/2012, e

na impossibilidade de o fazer

pessoalmente agradecem por

este meio a todas as pesso-

as que o acompanharam à

sua última morada ou que de

qualquer forma manifestaram

o seu pesar.

Reconhecidos, expressam

também a sua profunda gra-

tidão ao médico, enfermeiros

e auxiliares do 4º piso – servi-

ço de medicina II, do hospital

de Beja pelo profi ssionalismo

demonstrado, dedicação,

apoio e ajuda prestados du-

rante a sua doença e inter-

namento.

Beja – Paço de Arcos

PARTICIPAÇÃO

Maria Emília

Ribeiro Castilho

Filha, genro e netos cumprem

o doloroso dever de participar

o falecimento da sua familiar

ocorrido no dia 18/07/2012,

em Paço de Arcos, aos 94

anos. O funeral realizou-se

no dia 20/07/2012, às 15.30

horas da Igreja de Paço de

Arcos para o cemitério de

Oeiras.

Page 26: Ediçao N.º 1579

Diário do Alentejo27 julho 2012

26

28 000É o número de leitores que todas as semanas lê o “Diário do Alentejo” na sua versão papel.

No facebook, todos os dias, mais de 4 000 leitores seguem a atualidade

regional na página do “DA”

www.diariodoalentejo.pt facebook.com/diariodoalentejo

Diár

io d

o Al

ente

jo

Corr

eio

do A

lent

ejo

A Pl

aníc

ie

Notíc

ias d

e Be

ja

Fonte: Marktest. Relatório de resultados da imprensa regional no período compreendido entre abril de 2010 e março de 2011

Page 27: Ediçao N.º 1579

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27 ju

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2012

27No mês de agosto vais ter bom cinema, e à borla, no Pax Julia, em Beja. Toma nota do

programa: dia 10 é exibido o filme “Os Marretas” (versão portuguesa), às 21 e 30 horas;

dia 18 vais poder ver a animação de “Um Monstro em Paris” (versão portuguesa), às 11

horas; e no dia 24 nada mais nada menos do que “As Aventuras de Tintin – O Segredo do

Licorne”, o filme do grande realizador Steven Spielberg. Bom cinema, a não perder.

Agosto é mês de cinema

de animação no Pax Julia

Dica da semanaPaloma Valdivia é uma ilustradora catalã, que conta com vários livros ilustrados. Com per-sonagens muito característicos, tem povoado o universo de pequenos e graúdos com um grande sorriso.Sugerimos-te que viajes um pouco pelo blogue desta senhora e te delicies com as suas perso-nagens: http://palomavaldivia.blogspot.pt/

Pais

Pela tua mãoJason e Rick cruzam a porta do tempo e vão parar ao Egipto. Lá conhecem Maruk, que os ajuda a encontrarem o mapa de Kilmore Cove, mas acontece um pequeno contra-tempo: Olivia Newton prende--os e rouba-lhes o mapa.Será que conseguirão recupe-rar o mapa? Bia, 12 anos

À solta

A páginas tantas...Diógenes é uma micro novela isenta de qualquer boa intenção, feita de pequenos detalhes que se entrelaçam, misturam-se, fundem-se uns nos outros, entre um humor absurdo e uma ter-nura incomparável que levam o leitor a um final inesperado.Escrito pelo contista espanhol Pablo Albo e lindissimamente ilustrado pelo artista plástico Pablo Auladell.O protagonista da nossa história é um rapazinho com algumas, diria até, muitas fixações peculiares. Um menino que cole-ciona tudo o que encontra. Tudo é mesmo tudo. Encontra, apa-nha e leva-as consigo. Em boa verdade, toda a família faz o mesmo. Os avós, a irmã e até o tio têm o mesmo vício. O tio é um carteiro solteirão que coleciona cartas de amor e é com

ele que veremos que “aquilo que fazemos, às vezes, tem consequências inesperadas”….

Se te aguçou o interesse dá uma saltada ao blogue do ilustrador Pablo Auladell http://www.pabloauladell.com/

Continuamos a dar aos pais dicas para que as tuas refeições sejam sempre animadas. Espe-ramos que estejam a ter sucesso.

De certeza que deves ter aí por casa alguns ani-mais de plástico com que já não brincas. Em vez de ficarem perdidos naquela caixa de brin-quedos, deixamos-te aqui uma ideia para os reciclares e organizares as tuas coisas. Vais pre-cisar ainda de frascos e tinta spray nas cores que quiseres.

Page 28: Ediçao N.º 1579

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27 ju

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2012

Boa vidaComer Pernade porco assadono forno com tomilhoIngredientes:2,5 kg. de perna de porco,6 cebolas cortadas às rodelas, 2 dl. de azeite, 1 dl. de vinagre de vinho, 1 litro de vinho tinto alentejano, q.b. de pimenta preta em grão,1 molho pequeno de tomilho, 1 folha de louro, 4 cravinhos, sal grosso q.b..

Confeção:Depois da perna limpa, faça uns golpes superficiais e co-loque num tabuleiro de ir ao forno. Tempere com sal, pi-menta preta, tomilho, louro e os cravinhos.Leve ao forno a 200º por 15 minutos.Retire o tabuleiro do forno e junte à perna as cebolas, azeite, vinho e vinagre.Leve novamente ao forno regando sempre com o pró-prio molho até ficar assado. Se necessário adicione um pouco de água.Retifique os temperos e sirva com arroz de manteiga e legumes cozidos.Bom apetite…

Nota: Encontra facilmente o tomilho à venda em qual-quer supermercado.

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

LetrasO complexo de Portnoy

Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, de Mia Couto,

O Complexo de Portnoy, de Philip Roth e Más Maneiras de Sermos Bons Pais, de Eduardo Sá, são os mais recentes títu-los publicados pela Bis. Para os mais distraídos, trata-se da co-leção de livros de bolso da Leya, já com 113 títulos dos grandes clássicos e contemporâneos da literatura nacional e mundial editados e que oferece livros a preço mínimo, com um bom de-sign além de procurar satisfazer o colecionismo dos amantes de livros.

O lançamento destes três tí-tulos é sempre um bom pretexto para falar de Philip Roth e do seu extraordinário O complexo de Portnoy cuja narrativa é uma longa – e muito divertida – ses-são de terapia no divã do psi-quiatra.

Alexander Portnoy, um jo-vem advogado nova-iorquino, é incapaz de romper o cordão um-bilical mantendo uma relação obsessiva com a mãe. Num estilo realista e irónico, Roth constrói uma história em que o passado de Portnoy – do “menino de sua mãe” ao adolescente onanista que ensaia tentativas desespera-das de perder a virgindade – al-terna com o presente marcado por uma relação com uma mu-lher bela mas praticamente sem educação, a separação desta e o confronto com a sua impotência sexual como o desfecho de uma viagem a Israel.

Publicado originalmente em 1969, o livro foi um enorme êxito e ajudou a impôr Roth como um dos mais brilhantes autores norte-americanos.

Maria do Carmo Piçarra

FilateliaOs selosde Macaude 2012

No primeiro semestre deste ano, os correios de Macau puseram em cir-culação seis emissões de selos.

A primeira foi logo a 5 de janeiro e, como é habitual, celebrava o novo ano lunar que se aproximava, o “Ano Lunar do Dragão”. Seguiu-se, a 31 do mesmo mês, a emissão “Uma nova Era de Macau sem Fumo”. Em março foram emitidas duas séries: no dia 1a emissão “I Ching, Pa Kua VIII” e no dia 28 a dedicada à passagem do 70.º aniver-sário do Banco Tai Fung. A 18 de maio ho-menageou-se o património ligado ao mar e à pesca, com a emissão “Porto de Pesca do Passado”. A 10 de junho foi emitida a última emissão do primeiro semestre; assinalava a passagem do 80.º aniversário da Fundação da Escola Secundária Hou Kong

Para o segundo semestre os correios de Macau vão pôr em ci rcu lação ma is cinco emissões: a 8 de agosto a comemo-rativa da passagem do 120.º aniversário da Associação de Beneficência Tung Sin Tong; a 23, também de agosto, a referente ao 10.º grupo das Lendas e Mitos de Macau, emis-são que desta vez é dedicada a “O Pastor e a Tecelã”; a 14 de setembro é a vez de mais uma série do tema pintura, “Macau Visto por Lok Cheong”; a 9 de outubro, a emissão “Orbis – 30 Anos a Salvar a Visão”; e, f inal-mente, a 30 de novembro, será a vez da úl-tima das 11 emissões do ano. O motivo será “Literatura e Personagens Literárias – O Pavilhão das Peónias”.

A próxima emissão, a prevista para 8 de agosto, é composta de quatro selos e de um bloco respetivamente com as franquias de: 1,50; 2,50; 3,50; 4; e 10 patacas. É o bloco desta emissão que i lustra a “Fi latel ia” de hoje.

As emissões de Macau podem ser adqui-ridas em Portugal, em qualquer estação de correios, ou podem ser pedidas diretamente ao serviço de f i latelia de Macau pelo email [email protected]

Geada de Sousa

Philip RothDom QuixotePVP: 7,50 euros264 páginas

28 A Jessie é uma linda labradora sénior que ainda aguarda por uma família que lhe dê carinho e

atenção…Tem algumas dificuldades iniciais em mostrar alegria e contentamento com pessoas que

não conhece, mas depois de algum tempo recompensa os amigos com um doce abanar de cauda e um

olhar ternurento. Precisa muito de sair do canil. Venham conhecê-la ao Cantinho dos Animais de

Beja. Está esterilizada . Será vacinada e desparasitada antes da adoção.

Contactos: 962432844 [email protected]

BeberDe volta às garrafeiras

Muitos leitores, tal como eu, vão guardando vi-nhos na sua garrafeira pessoal. Muitos leitores, tal como eu, terão uma vida apressada que não

é compatível com um olhar carinhoso e regular para os vinhos da nossa vida que nela depositamos. Proponho ao leitor que aproveite um momento da vida espaçada das fé-rias para voltar à sua garrafeira, verificar as garrafas, recu-perar a sua história e, de preferência, levá-las para a mesa, na companhia da família e dos amigos.

Hoje em dia os consumidores de vinho preferem se-guir a regra logística: “Last in, first out” em que a última garrafa adquirida é a que se consome de imediato. Isto gera um considerável aumento do tempo de permanên-

cia das garrafas nas nossas caves. Se esta situação ocor-rer consigo então reveja algu-mas regras para a conserva-ção do seu tesouro. Mantenha um registo, desde a primeira garrafa, com a identificação mínima do produto. O local de compra e a data de com-pra pode vir a ser importante, para a ocorrência de alguma garrafa defeituosa. A luz deve estar continuamente ausente da sua cave, visto que exis-tem interações fisico-quími-cas entre os raios solares e o vinho em garrafa. A poeira tem um papel protetor mas não chegue a situações de lei-tura e acesso que façam lem-brar os “Salteadores da Arca Perdida”. É comum falar-se da bondade da guarda horizon-tal da garrafa. É necessário, porém, que no momento da rolhagem, esta operação não tenha deixado vincos longitu-dinais na cortiça e, ainda, que o produtor tenha deixado, por um período generoso, a gar-rafa na vertical para que a ro-lha recupere da compressão forçada a que é sujeita durante a sua colocação. Também há quem aponte que a integri-dade da rolha diminui com o contacto prolongado com o líquido. Outro facto ainda não provado cientificamente é que a evolução sensorial do vinho seja diferente em fun-ção da posição da garrafa du-rante a guarda.

Por último, garanta uma temperatura, se possível na-tural, que oscile entre 10 ºC e 14 ºC. Para não se preocupar mais com humidade, colo-que um recipiente com água na sua garrafeira e vá preen-chendo o volume gasto.

Aníbal Coutinho

Vinho de CalendárioJá se encontra on line

e de acesso gratuito

o novo guia “Copo &

Alma, 319 Melhores

Vinhos para 2012”.

Só tem de entrar

em www.w-anibal.

com e conferir. No

Alentejo um vinho que

tem sempre brilhado

nesta seleção é o

branco IG Alentejano

Sexy, Summer

Edition, de 2011.

Vinho DiárioUm dos vinhos que mais

me impressionou na

recente prova cega que

irá dar origem ao meu

Guia Popular de Vinhos,

edição 2013, disponível

em setembro nas livrarias

e nos supermercados,

foi o tinto IG Alentejano

Desigual de 2011.

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qualquer prateleira.

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PUB

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Petiscos

Das férias e das leituras

Eu não ando a ler com a necessária regulari-dade. Refiro-me, evidentemente, ao romance e à poesia. Ler acerca de política, a sério, faz-me

mal e provoca-me incuráveis arreliações. Ler acerca de cozinha é uma delícia mas exige tempo para tes-tar eficazmente o aprendido. História, natureza, bi-cheza vária e banda desenhada sempre se vai lendo mas o resto cansa. Acabei lendo em ficção bastante menos do que aquilo que acho que é próprio, moral-mente razoável e artisticamente conveniente.

Prefiro ler em português, salvo culinária, banda desenhada e alguns policiais. Divirto-me mais lendo em português. Talvez por isso, quando há mui-tos anos tive que escolher, li uma parte substancial dos escritores modernos portugueses, inclusive al-guns mais duros de gramar por mor da veia neorre-alista. Rapaziada, na sua altura, vulgarmente seca de carnes, assaz carrancuda, comunista de cartão em dia e quotas pagas. Li portanto de tudo, desde coisas maravilhosas, de ler e imediatamente reler, a outras consideravelmente mais aborrecidas, chatas, direi melhor, intragáveis. Descobri também que é muito raro um escritor manter a constância da minha preferência ao longo da obra. Não é só o Aquilino, o Torga, por exemplo, que tem páginas excelentes e outras, oh! doutor Adolfo, onde quer que esteja, não me leve lá a mal…

Há alguns, mais modernos, pelos quais ainda não me decidi. Outros, como o Sousa Tavares, pin-tam arrogância a mais para o meu gosto, já não leio.

Finalmente José Rodrigues dos Santos, um trabalha-dor incansável, braçal, a quem imagino a escrever de fato-macaco. Aí está, bom para férias.

Resolvi passar a uma revisão. Mudei-me para o Brasil. O meu Jorge Amado está posto em sossego na sua prateleira. Dele, li tudo o que havia sido editado pela Martins de São Paulo e comprado na Papelaria Correia, aqui em Beja, às escondidas, por debaixo do balcão. Li-o de rajada, o tal Amado; curioso o pouco que dele se tem falado nestes últimos tempos. Devem ser os leitores do José Saramago a tentarem evitar comparações. Têm razão, é mais prudente.

Na procura, tropecei noutros que, cá em casa, estão arrumados no mesmo sítio. José Cândido de Carvalho e o inesquecível Por que Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon; Machado de Assis e Memórias póstumas de Brás Cubas; Olhai os lí-rios do campo de Érico Veríssimo; João Guimarães Rosa e mais alguns. Não contando, na poesia, com a Antologia Poética de Carlos Drummond de Andrade, em destaque na prateleira dos “frequen-tes”. Para lhe ter mais pronto acesso.

O desaparecimento de Luísa Porto é lido regu-larmente aos amigos que cá passam, como a mim próprio fez o Jorge Pestana Bastos, há muitos anos. E a seguir? O Graciliano Ramos e pouco mais, falha minha. O Ferreira de Castro editado pela Guimarães e que ele me autografou pessoalmente, já muito ve-lhote, ali à rua da Misericórdia, em Lisboa, está fisi-camente perto, uma ponte entre os portugueses e os brasileiros.

Mas há tantos mais. Talvez seja uma boa oca-sião de procurar. Pode ser que esta minha conversa de pé de página acabe por ter um sentido didático: “Deixe-se de preguiças e de inutilidades televisivas e leia, já agora, um livro, nem que seja de cozinha”.

António Almodôvar

O meu Jorge Amado está posto em sossego na sua prateleira. Dele, li tudo o que havia sido editado pela Martins de São Paulo e comprado na Papelaria Correia, aqui em Beja, às escondidas, por debaixo do balcão. Li-o de rajada, o tal Amado; curioso o pouco que dele se tem falado nestes últimos tempos.

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Fim de semana

“Por um fio”. É assim que os artistas Elsa

Morgadinho e Marco Custódio, residentes em

Aljustrel, decidiram designar a instalação de

arte que hoje é inaugurada no espaço Oficinas,

pelas 18 horas. Expressão que qualquer um já

terá usado em dado momento da sua vida para

descrever situações de limite, “Por um fio”

é também, segundo os autores, o trajeto que

“fizemos desde o nosso nascimento, as voltas

que demos, os avanços e retrocessos e até as

recordações dos bons momentos”. “Por esta linha

da vida marcamos os projetos que realizámos

e os ainda por realizar. Definimos o passado, o

presente e orientamos o futuro”, concluem.

Instalação “Por um fio”

abre nas Oficinas

30

Entre hoje e domingo, 29

Entradas festeja

Noites em Santiago

A avenida de Nossa Senhora da Esperança, em Entradas, volta a ser palco a partir de hoje, sexta- -feira, de mais uma edição das Noites em Santiago.

As festividades anuais, que se prolongam até domingo, 29, incluem exposições, música, animação de rua, artesanato, celebrações religiosas, bailes e encontros de corais, além de atividades específicas para os mais novos, como insuflá-veis ou pinturas faciais. As primeiras iniciativas decorrem no polo local da Biblioteca Manuel da Fonseca. Pelas 15 ho-ras, arranca mais uma feira do livro, aberta ao público du-rante os dias de festa, e meia hora mais tarde é inaugurada uma exposição de trabalhos do ilustrador José Francisco. À noite, a partir das 22 horas, realiza-se a corrida de tou-ros “500 anos de foral”, que este ano leva à vila os cavalei-ros Luís Rouxinol, Marcos Bastinhas e Tito Semedo. O se-rão termina com baile, dinamizado pela Banda Diamante.

Amanhã, sábado, o entradense Napoleão Mira apre-senta em casa (polo da biblioteca, a partir das 17 e 30 horas) Fado, o seu primeiro romance. E o recinto das festas, na ave-nida de Nossa Senhora da Esperança, volta a ganhar vida ao fim da tarde, preparando-se para um baile noturno com Marcelo Filipe e para o espetáculo com o grupo Diapasão.

No domingo, já na reta final da festa, o Centro Recreativo de Entradas recebe um almoço que juntará à mesma mesa muitos entradenses, residentes e ausentes. A tarde prossegue com a tradicional procissão em honra de São Tiago e Nossa Senhora da Esperança e, de regresso ao recinto das festas, há mais um Encontro de Cante em Santiago, que coincide com o terceiro aniversário do grupo As Ceifeiras de Entradas. Atuam também As Rosas de Março, de Ferreira do Alentejo, a Associação de Cante Coral Alentejano do Concelho de Alvito e Os Caldeireiros, de São João de Caldeireiros. As Noites em Santiago 2012 terminam com um baile animado por Fábio Lagarto.

Noites de Rua Cheia pelos largos do concelho de Serpa Os Amiguinhos da Pinguinha são o grupo convidado para animar o

serão de hoje em Pias, no âmbito da iniciativa Noites de Rua Cheia,

que prossegue nos largos e praças de várias freguesias e lugares do

concelho de Serpa até 18 de agosto. Também hoje, Cláudia Estrela

estará por Brinches e Hugo Soft visita Vila Nova de São Bento.

Amanhã, sábado, é a vez de Vale do Poço receber Os Amiguinhos

da Pinguinha, enquanto que Santa Iria será brindada com a peça

“Uma ida ao teatro”, pelo Teatro Moura Encantada. Em Vila Verde

de Ficalho atuam os Ardila e, na Orada, o palco é de Cláudia Estrela.

Músicas do Mundo encerra em Sines Chega amanhã ao fim mais uma edição do Festival

Músicas do Mundo em Sines, mas restam ainda

12 propostas de viagem através dos sons. Hoje

ainda, o castelo da cidade atlântica recebe o

septeto português Diabo a Sete, a dupla Kouyaté-

-Neerman (França/Mali), o quarteto liderado

por Dhafer Youssef, alaudista e cantor tunisino,

a norueguesa Mari Boine, os Zita Swoon Group

(Bélgica/Burkina Faso) e ainda a parelha Juju,

composta pelo britânico Justin Adams e pelo

gambiano Juldeh Camara. Nova noite, última

viagem. No sábado, abre o palco o projeto nacional

Orquestra Todos, que reúne a partir de Lisboa

músicos portugueses e imigrantes, “num projeto

de aproximação de culturas através da música”.

Seguem-se Socalled (Canadá), Hugh Masekela

(África do Sul), Tony Allen’s Black Series (Nigéria/

/EUA), Jupiter & Okwess International (Congo).

Encerra Lirinha, um dos grandes cantautores da

música indie brasileira.

Cantigas do Baú em concerto no Pax Julia Novíssimo, com um ano de vida, o grupo Cantigas

do Baú protagoniza amanhã, sábado, um concerto

no Pax Julia Teatro Municipal, em Beja, com início

pelas 22 horas e entrada livre. O projeto assenta o seu

repertório na música de raiz tradicional, respeitando as

melodias originais mas sem deixar de lhes vestir uma

nova roupagem, quer pelos arranjos musicais, quer

pela interpretação. Clara Palma (voz), Luís Melgueira

(percussões), João Nunes (guitarra) e Gabriel Costa

(baixo) são os elementos desta formação bejense.

Tito Paris no Dia da Cidade de Santo André O compositor e cantor cabo-verdiano Tito Paris é o

convidado de honra das comemorações do Dia da

Cidade de Vila Nova de Santo André, protagonizando

um concerto amanhã, sábado, junto ao Parque Central,

a partir das 22 horas. Radicado em Lisboa, é um dos

responsáveis pela divulgação da música das ilhas da

Morabeza pelo mundo, além de uma figura de relevo

da comunidade africana na capital. A programação,

que contempla ao longo do dia diversas atividades

desportivas, é organizada pela Câmara de Santiago do

Cacém, com o apoio da junta de freguesia local.

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facebook.com/naoconfirmonemdesminto

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lusÓfona analisa cv

de fernando caeiros e atribui-lhe

seis licenciaturas, quatro

mestrados e trÊs doutoramentos

honoris causa

A polémica em torno da licenciatura de Miguel Relvas continua, e já chegou à política alentejana. Depois da impossibilidade de Fernando Caeiros trabalhar no InAlentejo por não ser detentor de licenciatura, o ex-autarca de Castro Verde foi convidado pela Universidade Lusófona para obter um grau académico. A Não confirmo, nem desminto teve acesso ao relatório de avaliação feito por aquela universidade (escrito num guardanapo), no qual se pode ler que os 32 anos de experiência autárquica conferem a Caeiros “equivalências suficientes para a obten-ção de seis licenciaturas, quatro mestrados e três doutoramentos honoris causa”. De destacar a “licenciatura em Paleontologia Política” e o “mestrado em Feira de Castro”, reconhecidos pelo Ministério da Educação. O mesmo relatório afirma ainda que, comparando com Fernando Caeiros, “Miguel Relvas tem o perfil académico de um estagiário borbulhento do McDonald’s”.

“Bode respiratório” – O “emigrola”

A pedido dos nossos queridos e imensos seguidores, e depois de inúme-

ras petições públicas que entupiram as caixas do correio da Assembleia

Distrital e do “Diário do Alentejo”, a Não confirmo, nem desminto deci-

diu apresentar, a partir de hoje, a crónica das crónicas. O seu título, “Bode

respiratório”, um trocadilho de enorme criatividade e profundidade com

a expressão “Bode expiatório”, levou quase dois dias a engendrar, mas

aqui está, cheio de força e pronto para rebentar com o espírito crítico dos

nossos leitores... Nesta primeira edição dedicamos a nossa visão raio x a

esse grande espécime da raça humana que é o “emigrola”.

Julho e agosto são meses dedicados aos emigrantes que, aos milhares,

aproveitam as férias para visitar família e amigos. Portugal sempre foi

um país de emigrantes. A grande maioria é gente honesta e trabalhadora.

Contudo, há dentro deste grupo uma categoria que exige a atenção das au-

toridades competentes: o “emigrola”.

O “emigrola” (junção inapropriada das palavras emigrante e gabarola) é uma

raça em crescimento acelerado. Os homens e mulheres desta espécie apre-

sentam características muito específicas que importa apontar: um delas é a

tendência para acrescentar termos estrangeiros a frases tipicamente portu-

guesas, o que lhes confere um aspeto “pseudo-cosmopolita”. Vejamos o caso

francês: “Ó Raoul, sai de ao pé da fenêtre!!! Nã faças isso que dás cabo da mai-

son do teu padrinho!!! Mauvais, mauvais, mauvais, mauvais!!!! (Mau, mau,

mau, mau!!!) Estás aqui, estás trancado na voiture blanche do teu pai!!!”. Além

disso, alguns “emigrolas”, sobretudo os oriundos de França, gostam de termi-

nar cada frase com uma espécie de interjeição que soa como um ããhh (exem-

plo: “O que é que tu vais levar à festa da aldeia, ããhh??”), som que já foi classifi-

cado pela equipa do BBC Vida Selvagem como um perigoso e inovador registo

sonoro que pretende estabelecer normas de conduta para rituais de acasala-

mento com outros “emigrolas”.

Do ponto de vista físico, o homem “emigrola” diferencia-se através de um

rabicho de cabelo que desce pela nuca. Este bocado de “caule capilar” serve

para “dar estilo” e acrescentar um ar distinto. Se o dito rabicho tiver menos

de cinco centímetros, existem fortes hipóteses de se tratar de uma colónia

de ácaros; se for superior, pode servir para guardar a coleção de traças ou a

discografia completa do Tony Carreira.

Já a mulher “emigrola” caracteriza-se por usar calções preferencialmente

brancos e extremamente curtos. Estudos feitos pelo Instituto Ricardo

Jorge, em parceria com a revista “Mariana,” dizem-nos que o grau de bom

gosto destas mulheres varia de forma proporcionalmente inversa à quan-

tidade de celulite que tenham nas pernas. Ou seja, quanto mais celulite

as “emigrolas” tiverem nas pernas, menor será o grau de bom gosto que se

manifesta de variadíssimas formas: na maneira de vestir, falar e interagir

com membros de outras espécies.

Por último, e mais importante, é o carro de um “emigrola”. Sabemos que o

veículo já foi alvo da “xunguice do emigrola” (aquilo a que os especialistas

chamam de tunning) se tiver matrícula estrangeira, estiver pintado de roxo

vivo e ostentar um CD no espelho retrovisor. Contudo, há que ter cuidado!

Se um “emigrola” se apresentar com um automóvel de alta cilindrada, que

não tenha sinais de “xunguice”, e passar a vida a dizer que “o carro é dele”,

isso significa mesmo que o bólide foi alugado imediatamente antes de pas-

sar a fronteira.

O que fazer quando encontrar um “emigrola”? Nada. O “emigrola” não tem

cura. Contudo, nos casos em que se manifestem os sintomas acima refe-

ridos de forma exacerbada, existe um velho ritual que consiste em bater

repetidamente com a sua cabeça na quina de uma mesa de pedra e, se-

guidamente, jogá-lo para dentro de uma piscina com pregos. Dizem que

o “emigrola” acalma logo.

Inquérito Caro aluno de Erasmus,

que balanço faz da sua estadia em Beja?

PETER SORENSEN, 22 ANOS

Antigo campeão intercontinental de curling sub-18

Não me dei lá muito bem. O meu maior obstáculo foi o

calor. Sinceramente, não sei como é que vocês aguen-

tam. Dias em janeiro com 16 e, às vezes, 17 graus? Tinha

de me meter numa banheira com cubos de gelo. Na rua

só andava de sandálias e t-shirt. Mesmo assim transpi-

rava mais do que o Isaltino Morais a fugir da prisão. Também não me consegui

dar muito com as pessoas de cá. Onde é que já se viu uma cidade que se diz evo-

luída e nem uma pessoa fala dinamarquês?

MARTINA MECKLENBURG-VORPOMMERN, 21 ANOS

Fundadora do clube de fãs de Milli

Vanilli na Cabeça Gorda

Adorei, é muito diferente da minha Alemanha. Aqui em

Beja há tempo para tudo: às 9 e 30 horas já eu tinha dado

uma caminhada à volta da cidade, ido ao banco, às com-

pras, telefonado à família, estudado para as frequên-

cias e feito croissants caseiros. Vocês nem têm noção da qualidade de vida! Na

Alemanha não tenho tempo para nada: a vida é tão preenchida que mal me lem-

bro da última vez que vi a minha mãe. Recordo-me de ver tudo enevoado e de uma

senhora me cortar o cordão umbilical, depois disso foi tudo uma confusão…

GIORGOS BUSCAPOULOS, 20 ANOS

Enteado de Demis Roussos

Gostei muito e espero f icar por cá. Vocês aqui levam

uma vida de luxo que nós na Grécia invejamos profun-

damente. Ordenado mínimo de quase 500 euros? Não sei

como é que cada um de vocês não tem um Bentley e uma

mansão na Colina do Carmo. Além disso, a viagem para

a Grécia é muito difícil. Eu que o diga! Cheguei cá a nado em cima de uma tá-

bua de engomar... Só trazia a roupa do corpo e um boião de cinco litros de io-

gurte grego.

Um avião da Proteção Civil, que estava a partici-par no combate aos incêndios no Algarve, acabou por amarar na barragem do Roxo quando tentava reabastecer-se de água. Ao que apurámos, o alerta terá sido dado, em código morse, por uma brigada de cabras anti-incêndios. O piloto saiu ileso e a pri-meira coisa que disse quando chegou ao hospital foi que amarou o avião porque teve de fugir a um inesperado tsunami na barragem do Roxo. A ver-são do piloto ainda levantou suspeitas de trauma-tismo craniano, mas uma testemunha que presen-ciou a manobra corrobora esta versão: “É verdade,

sim senhor. É raro o dia em que não há um tsunami aqui no Roxo… Regra geral, acontece quando a Otília Tallon vem tomar banho à barragem. De vez em quando ela lembra-se de mergulhar do pare-dão, o que não seria um problema se ela não pesasse 183 quilos e medisse menos de um metro e ses-senta. É com cada tsunami que não lhe digo nada! O último atingiu a freguesia de Messejana – aquilo foi tão mau que a carrinha de caixa aberta do meu primo foi parar a Alcácer do Sal!”, acrescentou o se-nhor José, pescador que ostentava 12 douradas pes-cadas no Intermarché de Aljustrel.

Incêndios: piloto que amarou avião na barragem

do Roxo afirmou que tentava fugir de um tsunami

Vacas alentejanas associam-se ao protesto contra o ministro Relvas

Vai estudar Relvas!

Page 32: Ediçao N.º 1579

Nº 1579 (II Série) | 27 julho 2012

RIbanho POR LUCA

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Hoje o céu vai estar nublado, verifi cando-se uma ligeira descida da temperatura, que andará entre os 15 e os 30 graus. Valores que se mantêm amanhã, apesar do céu limpo. No domingo, o termómetro marcará 33 graus de máxima.

Forcados de Moura lançam livro comemorativo dos 40 anos

Grupo de Forcados Amadores de Moura – 40 anos de

afición e amizade é o título de um livro apresentado

na passada semana, por ocasião das Festas de

Nossa Senhora do Carmo, em Moura. Assinada por

Alberto Franco e Armando Garcia, a obra revisita o

percurso taurino do prestigioso grupo da Margem

Esquerda, recordando bons e maus momentos e

pequenas estórias

vividas pelos rapazes

da jaqueta. O livro,

editado pela althum.

com, tem cerca de

200 imagens, entre

fotografias, cartazes

e ilustrações, e inclui

textos do ganadeiro

Joaquim Grave, que

assina o prefácio, Elísio

Summavielle, diretor-

geral do Património e aficionado, e Domingos

da Costa Xavier, conhecido cronista taurino. “O

Grupo de Forcados Amadores de Moura é um grupo

diferente. Existe uma empatia lógica, mas densa,

bonita, palpável com o seu quê de magia, entre o

público que preenche as bancadas da praça de toiros

de Moura e o grupo que, naquela arena doirada com

sabor a sul, dá tudo o que tem”, escreve Joaquim

Grave. Por sua vez, Elísio Summavielle destaca que a

“Festa Brava, o espetáculo taurino, estão fortemente

interiorizados desde a sua raiz, no maneio do

campo, das suas espécies, e constituem algo de

essencial, que assinala o culminar de todo um

ciclo de trabalho, entrega e dedicação de inúmeras

famílias”.

Mostra “Modos de Ver” para apreciar em Alvito

É inaugurada hoje, sexta-feira, no Centro Cultural

de Alvito, a exposição de pintura “Modos de Ver”, de

Micéu Nunes. Natural de Moçambique, a autora é

licenciada em Ciências da Educação, cursou Design

de Interiores e é atualmente professora de Educação

Visual. A mostra abre portas a partir das 17 horas e

manter-se-á patente até 16 de setembro.

Pronto desde a década de 80 e a aguardar o momento certo, Lendas de Beja – O touro e a co-

bra e outras lendas foi recentemente lançado na cidade onde o seu autor, José Rabaça Gaspar, ensinou a língua mãe du-rante cerca de 20 anos. Uma oportuni-dade, considera, para “devolver” aos be-jenses os seus mitos. Como o que conta como um pequeno povo, reunindo es-forços, se livrou de uma serpente devo-radora, sacrificando um touro que ainda hoje é o seu símbolo.

Tal como Pessoa tinha os seus heteró-

nimos, tem José Rabaça Gaspar os seus

“denómios”. Quem são e o que mais

os fascina nas lendas e tradições baixo

alentejanas?

Estava a ver que ninguém ligava aos meus “denómios”. Como “eu não sou, nem se-quer, o que eu penso que sou, nem muito menos o que os outros pensam que Eu Sou”, senti esta necessidade de eu próprio me poder ler/ver com um nome diferente. Com os meus “denómios”, quero con-tribuir para o enriquecimento da língua com algo que ponha as pessoas a pensar. São mais de mil, mas Sou sempre Eu, em diversas situações e estados de consciên-cia ou até humores. Creio que o que me fascina nas lendas e tradições é a sua ori-ginalidade e riqueza, a sua diversidade e atualidade, devido à sua renovação cons-tante pela oralidade.

Lecionou Língua Portuguesa durante

cerca de 20 anos em Beja. Lendas de Beja

– O touro e a cobra e outras lendas, o seu li-

vro mais recente, é um resultado natural

desta longa estadia?

Este livro não é o mais recente. Já estava pronto desde a década de 80 à espera duma

José Rabaça Gaspar74 anos, natural de ManteigasAtravés dos seus “denómios” – espécie de “musa inspiradora que escreve através do autor” – José Rabaça Gaspar tem publicadas cerca de uma centena de obras, muitas das quais dedicadas às lendas e tradições baixo alentejanas. Cursou Filosofia e Teologia na Guarda. Frequentou, depois, em Paris um curso intensivo de Animação Cultural para os Povos em Desenvolvimento. De regresso a Portugal, a partir de 1975, passou pelas cooperativas agrícolas e ingressou no ensino oficial como professor de português. Em Beja, lecionou cerca de 20 anos, “procurando levar os alunos a aprender o melhor da língua e da literatura portuguesas, a partir das suas raízes culturais”.

oportunidade ou de alguma entidade que o considerasse oportuno. Nasceu da neces-sidade visceral de mostrar aos alunos com quem tinha o privilégio de trabalhar que a língua materna é a nossa forma telúrica de comunicar, de dizer o que pensamos, o que somos e de saber “ouver” os outros. Concordo que este livro “é um resul-tado natural desta longa estadia” e a feliz oportunidade que a EDIA me proporcio-nou de o apresentar em Beja foi a ocasião ideal para devolver as “lendas de Beja” aos seus legítimos proprietários, personaliza-dos nos nomes quase verdadeiros dos alu-nos que ali aparecem como narradores. A Ana Maria, os três de nome Jorge, a Isabel Mateus, o Carlos, a Fátima dos olhos azuis e o Luís Filipe.

Há ensinamentos a retirar para os bejenses

de hoje nas muitas histórias antigas que es-

truturam toda uma identidade cultural?

Há com certeza, mas eu não tenho ensi-namentos a dar. Mesmo como professor, andei sempre a tentar aprender. Os indi-cadores, as variáveis e formas de expres-são que estruturam essa identidade são imensos e têm de ser objeto de estudo e reflexão de uma pluralidade de áreas e especialistas. Como válido e positivo, saliento a recente criação da Casa do Cante, em Serpa. É preciso fazer muito mais? Claro. Conta a lenda que a popula-ção se juntou, estudou uma solução, ou-viu os “sábios” e “os mais velhos”, e pô- -la em prática. “E, quando se viram livres do ‘monstro que tudo devorava’ puseram a ‘cabeça do touro’ nas armas da cidade, para jamais esquecerem a li-ção”. Esta lenda tem só uma dimensão local ou regional ou é mesmo planetá-ria? É uma lenda muito antiga ou tre-mendamente atual? Carla Ferreira

José Rabaça Gaspar reúne em livro os mitos bejenses

Lendas “devolvidas” a Beja

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