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Ano 2013 Propriedade: Tupomi Contactos: 91 681 38 19 e-mail: [email protected] site: www.tupomi.com Distribuição: gratuita Edição:mensal JULHO Morada: Rua João Maia nº394-A, Código Postal: 4475-643 Contactos: 91 681 38 19 E-mail: [email protected] Site: www.tupomi.com Jornal Jornal E E x x é é r r c c i i t t o o d d e e O O x x a a l l á á Editorial: Editorial: Propriedade:Tupomi Distribuição: Mensal Gratuito Índice: p.2...........................XANGÔ – ORIXÁ DO MÊS p.3...........................Camarinha 2013 P.4 ….......................2012 o ano em que renasci p.5............................Eu vi Anjos no meu Terreiro p.6............................Os Intolerantes p.7............................Testemunhos de Fé e Roça de Santo p.8............................De olhos fechados - CONTO UMBANDISTA - Escola deCurimba Caboc lo Tupinambá - 5 anos - E interessante ressaltar que nas religiões Paternalistas como a Cristã, que impõe na figura do Homem o Poder Central e de Criação, na mitologia Africana coloca a mulher como ponto central de Criação, onde fora uma mulher que criara a Terra. Muito mais plausível e inteligível, visto que é a mulher que tem o Dom da Criação, ou seja o dom da Parturição e não o Homem. Baseado então em uma sociedade Matriarcal o mito Nagô, ressalta que após receber a incumbência do Deus Olorum, a princesa Ododuá, dirigiu-se até o Deus Orumilá, ouvindo-o seus conselhos e sugestões, cumprindo o Oráculo e fazendo os Ebós (oferendas) determinado pelo Deus da Sabedoria, sendo por isso, motivo precípuo da diligencia ter logrado êxito. A Criação da terra acontece em um episódio chamado ORGAMOS CÓSMICO, que conta que ao chegar no final do Orum, onde existia o Nada, para criar o Aye, a princesa acompanhada de seus batedores como os deuses Oxossi, Ogum, Aroni), depararam-se com o grande e inimaginário “Vazio” (buraco negro), onde todos ficaram abismados com a horrenda visão. Momento em que Ododuá tira do Apo iwa, conhecido saco da Existência dado pelo seu Pai, um pó mágico de Yerofá e o joga-o no Nada, onde naquele instante começa uma grande ventania que assustam a todos. Tomando proporção de furacão e de destruição, onde todos os Deuses Africanos ali presentes prostram-se em respeito aquela força celestial. Quando tudo parecia perdido a princesa Ododuá fala em tom alto e Vociferante: “Levanta-te e controla os Ventos Oyá/ Iansã, pois tu és a Deusa dos Trovões e das tempestades”.Onde a citada Deusa ergue os braços acalmando os ventos, estando então, formado o primeiro elemento da natureza o AR. Logo em seguida, Ododuá joga outro Yerofá (pó mágico) para cima que em contato com o vento / ar recém criado, começa a cair água do Céu, em forma de chuva que logo, inundando todo o final do Orum, e em contato com o vento, cria-se ondas gigantes que ameaçam engolir a todos, onde neste momento novamente Ododuá ordena que as Orixás Oxum controlasse as águas doces e Yemanjá controlasse as águas salgadas, dando os títulos a ambas de Deusas dos Águas, momento em que as grande ondas se acalma, criando-se então o segundo elemento a ÁGUA; Ainda neste momento segundo o mito, é criado o elemento terra, onde a princesa suprema, filha do Deus Olodum, saca do Apo iwa ( saco da Existência) um outro bocado do Pó de Yerofá e atira as águas que mistura-se com a mesma, formando um lamaçal pantanoso que começa a tudo tomar e a engolir os Deuses ali presentes, momento em que é retirado do Saco da Existência um Camaleão, animal sugerido para viagem pelo Deus da Sabedoria Orumilá que cospe fogo, cedido pelo Deus Xangô petrificando toda a lama transformando-a em magma terrestre. E assim sucessivamente criam-se os quatro elementos da natureza, Terra, fogo, água e Ar, que formarão o mundo material que os Deuses chamam de Ayê.

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Ano 2013

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Edição:mensal

JULHO

Morada: Rua João Maia nº394-A, Código Postal: 4475-643Contactos: 91 681 38 19

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JornalJornal

EExxéérrcciittoo

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OOxxaalláá

Editorial:Editorial:

Propriedade:TupomiDistribuição: Mensal

Gratuito

Índice:p.2...........................XANGÔ – ORIXÁ DO MÊSp.3...........................Camarinha 2013P.4 ….......................2012 o ano em que renascip.5............................Eu vi Anjos no meu Terreirop.6............................Os Intolerantesp.7............................Testemunhos de Fé e Roça de Santop.8............................De olhos fechados - CONTO UMBANDISTA -

Escola de Curimba Caboclo Tupinambá- 5 anos -

E interessante ressaltar que nas religiões Paternalistas como a Cristã, que impõe na figura do Homem o Poder Central e de Criação, na mitologia Africana coloca a mulher como ponto central de Criação, onde fora uma mulher que criara a Terra. Muito mais plausível e inteligível, visto que é a mulher que tem o Dom da Criação, ou seja o dom da Parturição e não o Homem. Baseado então em uma sociedade Matriarcal o mito Nagô, ressalta que após receber a incumbência do Deus Olorum, a princesa Ododuá, dirigiu-se até o Deus Orumilá, ouvindo-o seus conselhos e sugestões, cumprindo o Oráculo e fazendo os Ebós (oferendas) determinado pelo Deus da Sabedoria, sendo por isso, motivo precípuo da diligencia ter logrado êxito. A Criação da terra acontece em um episódio chamado ORGAMOS CÓSMICO, que conta que ao chegar no final do Orum, onde existia o Nada, para criar o Aye, a princesa acompanhada de seus batedores como os deuses Oxossi, Ogum, Aroni), depararam-se com o grande e inimaginário “Vazio” (buraco negro), onde todos ficaram abismados com a horrenda visão. Momento em que Ododuá tira do Apo iwa, conhecido saco da Existência dado pelo seu Pai, um pó mágico de Yerofá e o joga-o no Nada, onde naquele instante começa uma grande ventania que assustam a todos. Tomando proporção de furacão e de destruição, onde todos os Deuses Africanos ali presentes prostram-se em respeito aquela força celestial. Quando tudo parecia perdido a princesa Ododuá fala em tom alto e Vociferante: “Levanta-te e controla os Ventos Oyá/ Iansã, pois tu és a Deusa dos Trovões e das tempestades”.Onde a citada Deusa ergue os braços acalmando os ventos, estando então, formado o primeiro elemento da natureza o AR. Logo em seguida, Ododuá joga outro Yerofá (pó mágico) para cima que em contato com o vento / ar recém criado, começa a cair água do Céu, em forma de chuva que logo, inundando todo o final do Orum, e em contato com o vento, cria-se ondas gigantes que ameaçam engolir a todos, onde neste momento novamente Ododuá ordena que as Orixás Oxum controlasse as águas doces e Yemanjá controlasse as águas salgadas, dando os títulos a ambas de Deusas dos Águas, momento em que as grande ondas se acalma, criando-se então o segundo elemento a ÁGUA; Ainda neste momento segundo o mito, é criado o elemento terra, onde a princesa suprema, filha do Deus Olodum, saca do Apo iwa ( saco da Existência) um outro bocado do Pó de Yerofá e atira as águas que mistura-se com a mesma, formando um lamaçal pantanoso que começa a tudo tomar e a engolir os Deuses ali presentes, momento em que é retirado do Saco da Existência um Camaleão, animal sugerido para viagem pelo Deus da Sabedoria Orumilá que cospe fogo, cedido pelo Deus Xangô petrificando toda a lama transformando-a em magma terrestre. E assim sucessivamente criam-se os quatro elementos da natureza, Terra, fogo, água e Ar, que formarão o mundo material que os Deuses chamam de Ayê.

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Jornal Exercito de Oxalá XANGÔ - O Orixá do MêsXANGÔ - O Orixá do Mês

É um dos Orixás mais temidos pelo fato de ser Ele o determinador da Justiça e quem ativa a Lei em nossas vidas, fazendo valer o ponto que diz “quem deve paga e quem merece recebe”. Portanto, oferendar Xangô é muito forte e muito especial, é nesse momento que devemos baixar nossas cabeças e permitir que seja feita a vontade de Deus e não a nossa. E é esse o “espírito da coisa”: não se oferenda Xangô para pedir a nossa justiça, mas a justiça Divina. Infelizmente, isso pouco acontece, pois as pessoas estão viciadas em seus desejos e julgamentos e vão logo aos pés

do Grande Rei Xangô pedir seus desejos, o que é um grande erro. Devemos oferendar Xangô para buscar e pedir equilíbrio entre a razão e a emoção, a justiça, a sensatez, a razão, a determinação e a coragem para recebermos aquilo que merecemos. Pedimos a Ele que nos mantenha sensatos e livres de quaisquer julgamentos, tanto os que emitimos quando os que recebemos.

DIA: Quarta-Feira ; CORES: Vermelho (ou marrom) e branco; COMIDA: Amalá; SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê; ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas. DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas. SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!

Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os Orixás, nenhum possui mais Axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o Orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um Orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel? Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.

Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto Alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos Iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade paciente e tolerante do irmão irritava Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado. O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado. Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflecte a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua rectidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são

sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.

Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor. Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.

Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete. Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’ senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de “flirt” de Xangô? Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo. Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou. A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.

Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.

Características dos filhos de Xangô

É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo é sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado.

Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.

Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos de sua vaidade. São amantes vigorosos, uma pessoa só não satisfaz um filho de Xangô. Pobre das mulheres cujos maridos são de Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado de muitas mulheres, sejam suas amantes, sejam suas auxiliares, no caso de governantes, empresários e até Babalorixás, mas a tendência é que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.

Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

Adriano de Xangô

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Pai Diogo de Oxossi(in axiologia afro-brasileira)

NOSSA VIVENCIAEscola de Curimba Caboclo TupinambáEscola de Curimba Caboclo Tupinambá

CAMARINHA 2013

Passada que está a Camarinha deste ano, tenho pensado em cada momento, em todo os momentos que no seu conjunto fazem um dia Super-Especial.

É tarefa muito difícil, para a Minha Mãe, organizar uma saída para tanta gente! Começa por conseguir encontrar um dia em que todos estejam disponíveis. Depois, encontrar um lugar que dê para todos. Para além da logística que é necessária para tanta gente! Não contando obviamente, com a preparação dos trabalhos que só Minha Mãe pode preparar, e tratar. Por tudo isto, e por tudo o mais que talvez nem imaginemos, ou então temos apenas uma vaga ideia, com toda a humildade e gratidão, Muito obrigada Minha Mãe!

Para todos nós, foi um dia muito difícil! Sim, muito difícil, mas se pensarmos bem no que trouxemos…. Se eu pensar bem no que trouxe… há coisas que não vi, mas que senti! Outras que vi e senti. Outras que não vi nem senti. Duma coisa estou certa, cada um viu e sentiu o que lhe foi permitido, pela vontade Suprema e pelo seu merecimento. Não viu ou sentiu, quem não tinha de ver e sentir. Não adianta ter pena por ter perdido… Trouxe uma sensação de paz e bem-estar muito boa. Trouxe alguma pena por ter deixado para trás o resto da Minha Família… mas, cada um tem a vida que tem, e que tem de ter em cada momento. Trouxe algumas certezas, e mais algumas dúvidas…

Senti uma corrente de caboclos, como já há muito não sentia, mas que já senti! Com uma força, uma vibração que “não pertence a este mundo”, Okê Caboclo!. Uma corrente de Pretos-Velhos, com tamanha vibração e paz, que só quem sentiu pode avaliar, Adorei as Almas. Vi boiadeiros, que poucas vezes vejo, com grande pena minha, Xetruâ Seu Boiadeiro! Em todas as linhas, e em cada uma em particular, vi e senti uma corrente com muita força! Como diz a Minha Mãe, talvez noutro sentido mas que pode aplicar-se aqui todos Numa Linha Só!”.

Tive uma experiência sobrenatural, com o banho de cachoeira! Que começou mesmo antes do banho, no compasso de espera pela vez de tomar o banho! Numa só palavra, Divino! Ora ê eu, Mamãe Oxum!

Trouxe um sentimento de humildade que até hoje me acompanha. Não sei nada! Não sou nada! Ainda estou a aprender. Só aprendi ainda, o a,e,i,o,u! Contar, sei até 10! Neste momento, é suficiente, todos os dias irei aprender um pouquinho mais, se Deus quiser. Se não for todos os dias que seja todas as semanas. O tempo não importa, cada um tem o seu tempo. Peço a Deus que todos os dias me ajude a aumentar a minha fé! Que me ajude a ser melhor que no dia anterior, e a tratar cada dia melhor os que me rodeiam.

Obrigada Minha Mãe!

Obrigada a todos! Isto só é possível com todos( = corrente) Para Minha Mãe e Meu Pai!

Quero agradecer ao Pai Artur, pela presença, pelo apoio… O Pai, é aquela pessoa que quando não se ouve ou se vê, pergunta-se onde está! Nada é a mesma coisa sem a presença do Pai! Ás vezes, parece nem estar a dar importância ás conversas, mas se perguntarmos, o Pai sabe sempre do que falamos! Obrigada por tudo Meu Pai! Obrigada pela presença! Obrigada pela dedicação!

Quero agradecer-lhe Minha Mãe, por tudo o que tem feito por nós. Por todos os minutos da sua vida, que nos dedica! Tenho consciência, que não pensa em nós ou nas nossas dificuldades ou problemas, apenas nos momentos que está perto de nós. Em muitos momentos que deveriam ser seus, um ou outro de nós, se não todos, estamos em seu pensamento!

Obrigada por mais esta oportunidade. Obrigada por nos ensinar, sentimentos tão especiais! Obrigada por nos mostrar coisas que só vê quem quer ver, só sente quer sentir! Palavras, são palavras! Palavras… palavras leva-as o vento! Tudo isto que escrevo, são palavras… mas são palavras misturadas com muito respeito, muito amor, muita dedicação (embora com tempo curto) plenos de entrega, e sem qualquer expectativa de ressarcimento! Dar por dar! Só isto!

Se nós estávamos cansados, a Mãe … sem palavras!

Obrigada por este dia Minha Mãe!

Obrigada pela preocupação, Minha Mãe!

Obrigada pelo Cuidado, Minha Mãe!

Obrigada pela protecção, Minha Mãe!

Obrigada por ser Minha Mãe!

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Jornal Exercito de Oxalá Hoje falamos nós...Hoje falamos nós...

2012 o ano em que renasci Todos os dias são importantes, mas o dia em que nascemos ou renascemos é dos mais importantes, porque eles são o primeiro factor de inicio de uma ciclo reencarnatório em que vimos expiar e cumprir o nosso karma, o outro já é uma opção do espírito, que imbuído no cumprimento da sua missão para percorrer o seu karma, que lhe está destinado pela lei Maior. O ano passado tomei a decisão de renascer e, como todos os actos da minha vida, tomei essa opção na minha liberdade e utilizando o meio que Deus dispôs em cada um de nós para iniciarmos cada jornada da nossa vida, utilizando o livre arbítrio. Um ano não é nada, mas pode ser muito, altos e baixos na vida, alegrias e tristezas, aprendizagem diária, sofrimento no Amor e Amor em todos os gestos e atitudes. Tenho a noção e a certeza a quem entreguei o meu Ori, porque essa entrega foi um acto de Amor. Tenho orgulho em lhe ter entregue a minha cabeça Mãe Elsa, porque sei que trabalhou em mim com todo o sentimento e Amor que nutre pelos seus filhos. Dia 12 de Julho é um dia que jamais esquecerei e que será sempre um dia de alegria e de festa, porque é um dia tão especial na minha vida, que só posso agradecer aos Orixás que me protegem e se fazem sentir no meu dia a dia. Xangô – Senhor e Rei da Pedreira, Senhor da justiça, que me tem amparado e protegido das injustiças dos outros, fazendo com que o meu caminho seja uma estrada limpa onde a justiça esteja sempre no limiar da fronteira entre a razão e o sentimento. OXUM – Minha Mãe Querida, que com a sua água me lava e purifica dos actos e atitudes indesejáveis como ser humano. Ela me faz ver sempre que não somos deuses, mas simples humanos que erram, por isso, Ela quando preciso, me corrige, mas também me senta no colo e enxaguas as minhas lágrimas de dor ou de contentamento. OGUM - Guerreiro, que na vida comando o estado de alma para guerrear nesta vida em que nos encontramos inseridos. O seu ferro me dá alento para lutar contra as injustiças da vida e, ao mesmo tempo estando sempre disponível para acalmar a tempestade, para que as minhas Guerras sejam Guerras e não guerrinhas. A minha vida é comandada por eles, mesmo quando erro. Eles se fazem presentes, aconselhando para a correcção de atitudes menos correctas. Tento ser sempre um filho devotado e orgulhoso de Eles estarem comandando a minha vida.

Eu só posso estar grato e orgulhoso de ser se Filho e pertencer ao TUPOMI, mesmo quando as coisas não estão bem… Mas sempre com único objectivo de servir, porque sou, ou tento ser um eterno aprendiz, que só a humildade nos ensina. E quando se faz um Bori, só podemos estar gratos e compreender a responsabilidade que ele nos acarreta, somos filhos da vida e, a vida nos é proporcionada pelos nossos Orixás. Gratidão muito especial á minha Mãe Criadeira (Fernanda), que ao longo deste ano me tem acompanhado…dando-me nas orelhas, algumas vezes…sinal de preocupação e de Amor, como qualquer mãe que se preocupa com o melhor para os seus filhos. Pelos conselhos e acompanhamento do Pai Artur… pelo ensinamento e amizade do Pai Diogo, pelo apoio e carinho da Mãe Marta e a todos os que estiveram comigo nesses dias, acompanhando-me nessa minha opção de vida, não quero individualizar mas faço simbolicamente na Maria e no Manuel a representação desse grupo que me deu tranquilidade e um grande apoio que ainda hoje o sinto, não há palavras para definir o que se passou nesses dias. Se foi um ano perfeito…talvez não, mas foi um ano importante e imprescindível para a minha vida e para a minha evolução como ser na carne e no espírito. Para o fim, com a importância fundamental que tem na minha vida e sempre terá, o apoio sempre forte da mulher da minha vida, a ela devo tudo, porque sem ela nada se concretizaria, porque é uma Grande Mulher e eu tenho sorte de a ter a meu Lado – Obrigado Leonor. Por fim, mais uma vez, estou feliz pela opção que tomei, estou outro Homem, gostem, ou não gostem, sou o que sou…mas essencialmente sou um ser que ama e tenta transformar cada gesto na vida num acto de amor. Porque só o Amor é a energia que modifica e transforma tudo! Obrigado ao TUPOMI e a uma Grande Mulher – a minha Yalorixá Mãe Elsa por me deixarem caminhar sob a v/ protecção… Teófilo Pereira

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FILHOS DA MESMA CASAFILHOS DA MESMA CASA Jornal Exercito de Oxalá

EU VI ANJOS NO MEU TERREIRO

O TUPOMI é um Terreiro de Umbanda de Omolokô, que é dinâmico, não fica estacionário no dia de ontem. Ele se altera, se modifica, sempre no sentido evolutivo, porque esses são os desejos e propósitos dos Mentores Espirituais da Casa. As crianças do TUPOMI, são um factor de força, de sucessão e de defesa de tudo o que fazemos. Eles vêm de Aruanda, para nos dar tudo o que precisamos. As crianças que nos visitam espiritualmente (Erês) sentiram-se felizes pela presença física das nossas crianças a trabalhar e a aprender a servir as entidades que baixam no nosso Terreiro, para efectuar o seu trabalho de caridade. Em boa hora a Mãe Elsa quebrou um ciclo de entradas e saídas de quem muitas vezes não mereceu ser chamado para pisar este Terreiro vestido de branco, cambonando as nossas queridas entidades, que se servem da mediunidade da corrente para vir trazer a Palavra e o consolo de nosso Pai maior. Foi com alegria que os recebemos junto a nós e com muito amor que todas as Entidades as sentiram ao seu lado na sua caminhada que ainda agora se iniciou, mas que com esforço, dedicação e estudo irão servir o TUPOMI porque eu tenho a certeza que a semente vai dar bons frutos. É o caminho lógico das suas vivencias no Terreiro, são filhos da casa, muitos deles, ainda na barriga das mães, já participavam nos nossos trabalhos... já vibravam com o som dos atabaques...já sentiam a mão e a vibração energética dos médiuns que a eles chegavam. Por isso sem surpresa, talvez alguns ficarão no caminho, outros no futuro iniciarão a sua casa e desenvolverão outros filhos, mas sempre com a certeza da ligação à casa materna o TUPOMI, para isso temos todos que colaborar na sua aprendizagem e, um dia, quem sabe eles nos darão a ajuda que necessitamos também nós para evoluir na senda do caminho da Luz. Tenho a certeza de que não se vai arrepender deste acto…eles serão, o seu e o nosso futuro e essencialmente o futuro do TUPOMI.

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Jornal Exercito de Oxalá Filhos da UmbandaFilhos da Umbanda

OS INTOLERANTES

"Ah, meu Deus! Assisto com muita tristeza a pena da aspereza dilacerando a beleza de uma linda sinfonia. A aguarrás de juízes, ciumentos inflexíveis, descolorindo as matizes de uma linda pintura, só porque não gostam da assinatura?" "E vai com uma bailarina, com a inocência de menina, dançando em volta do sol, a Grande Mãe Terra. Enquanto muitas nações, governos, religiões ensaiam a dança da guerra." "Na verdade a bola azul quase nunca foi amada; é sempre penalizada. Tem um trabalho enorme, dedicação e talento para preparar a mistura, juntar os seus elementos para dar forma às criaturas, e elas, depois de paridas, desconhecem a matriarca e dizem, mal agradecidas: que a carne é fraca."

"E quando o planeta gera um Avatá, um iluminado assim como o Nazareno, tem logo quem se apresenta com conhecimento profundo e diz logo: não é desse mundo, só pode ser extraterreno."

"Ah, é difícil entender porque é que o homem, até hoje, cospe no prato que come. Algumas religiões, não sei por qual motivo, dizem que a Terra é um território com vocação para purgatório, não passa de sanatório... E que nós só seremos felizes longe dela, bem distante, lá onde os delirantes chamam de paraíso."

"Olha, eu vou dizer de coração. Na minha simples, dia após dia, me perdoem a liberdade, mas religião de verdade, mais parecida com a que Jesus queria, talvez seja sentimento de ecologia. Para esse sentimento não tem fronteiras e só reza um mandamento: preservação das espécies com urgência, sem adiamento."

"Hoje, ela pensa nas plantas, nos rios, no mar, nos bichos. Amanhã, com certeza, com a mesma dedicação e capricho, pensará com muito cuidado nos meninos abandonados."

"Ah, se ela tivesse mais força para sustentar sua zanga, evitaria, com certeza a fome cruel de Ruanda. Não tinha maturidade, ainda era uma menina, quando a impertinência sangrou, com a bola de fogo, a pobre Hiroshima. Mas ela cresce, se instala como uma prece no coração das crianças. Tenho muitas esperanças..."

"Eu tenho toda a certeza que nosso planeta um dia, mesmo cansado, exausto, terá toda a garantia e guardado por uma geração vigia, nunca mais verá a espada fria no Holocausto." "A intolerância, repito, é a mais triste das doenças. Não tem dó, não tem clemência. Deixa tantas cicatrizes nas pessoas, nos países, até as religiões, guardiãs da Luz Celeste, abandonam seus archotes para empunhar cassetete. E o que, na verdade, refresca o rosto de Deus, é um leque, que tem uma haste de Calvino e outra de Alan Kardec." "Na outra haste, as brisas, que vêm das terras de Shivas, são uma, dos franciscanos, e outra, dos beduínos. Não precisa ir muito longe... Jesus nasce entre os rabinos."

"Às vezes corações que crêem em Deus, são mais duros que os ateus. E jogam pedra sobre as catedrais dos meus deuses Yorubás. Não sabem que a nossa terra é uma casa na aldeia, religiões na Terra são archotes que clareiam."

DE ALTAY VELOSO

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TESTEMUNHOS DE FÉTESTEMUNHOS DE FÉ Jornal Exercito de Oxalá

ROÇA DE SANTO

O local onde se concentram e realizam os rituais e agrados aos Orixás. Roça de Santo – como referencia ao período colonial em que os escravos cultuavam os Orixás ás escondidas nas roças e fazendas dos senhores do engenho. Na roça existem distintos locais onde se concentra o Axé; Emanando as energias que protegem, encantam, equilibram e acentuam a Fé nos Orixás da Roça e colocando interiormente os visitantes. Por isso a Roça de Santo simboliza dois ambientes: o Público e o Sagrado. O Público será o local onde se pode fumar e beber e onde ser serve o Ajeum (refeição, comida) sendo um lugar em que é permitido maior descontracção. Chamemos-lhe o nosso Quintal. O Sagrado lugar onde se encontram os atabaques e onde é executado o Xiré do Santo, saídas e obrigações; Local onde se guardam todos os apetrechos e vestimentas dos Orixás – Peji; Lugar onde estão guardados todos os segredos da Roça de Santo e onde são realizadas as iniciações – Roncó; Lugar onde se preparam todas as comidas de Santo – Cozinha de Santo; Lugar onde ficam os Igbás e os objectos mais sagrados dos Orixás – Quarto de Santo

Somos o que somos, Orgulho de ser Filho de Nação, Omolokô…herdeiros de uma tradição que vem dos nossos ancestrais, somos Filhos do Tempo e com orgulho e sentimento de Filhos da Gameleira Branca… Não somos diferentes somos Povo que lutou na clandestinidade pelo culto aos seus Orixás e Hoje orgulhamo-nos da seguir os seus princípios e cultuamos os caboclos, Pretos-velhos e todas as entidades que dentro da Luz vêm organizar e ajudar a humanidade a virar-se para Deus e transformado o Mundo (um dia) num local onde o Amor seja o primeiro sentimento, somos filhos da Paz e da tolerância, porque acima de tudo amamos os nossos Orixás. Não somos melhores nem piores dos que as outras formas de cultuar a energia Divina…temos os nossos fundamentos e cremos seriamente que o nosso caminho está trilhado para um dia as religiões Afro-Brasileiras se tornarem efectivamente como o Pai Artur nos ensina uma religião sem fronteiras universal tendo como pontos de Ligação o Povo Africano, o Povo Luso e o Povo Brasileiro transformando-a na religião de todos Afro-Luso-Brasileira. Somos essencialmente filhos de uma Grande Senhora que nos ensina que a Umbanda de Omolokô tem o seu sentir na vida e que tudo transforma…e que sem preconceito temos os nossos fundamentos e tradições a respeitar que nos vem da Casa Mãe da qual a Mãe Elsa é a sua digna representante em Terras Lusas…Por isso eu digo…eu pertenço e sigo o culto de Omolokô e tenho orgulho em ser seu Filho… TEOPER - Porto, 7 de Junho de 2013

Não é nada fácil, falar de religião, ainda mais, quando é da sua própria!... mas, como temos ou devemos nos expressar, sobre tudo o que nos rodeia; vou deixar aqui a minha mensagem. O Tupomi, é a minha casa, como a de muitos irmãos que a frequentam, com fé, carinho e dignidade. Somos guiados pelos nossos pais de terreiro, com amor, carinho e compreensão, sabemos dante-mão, que não tem sido, e, não é nada fácil, gerir uma casa com tantos filhos (corrente) e também o povo da assistência; mas, com muito cuidado e com toda a sua experiência no campo espiritual, têm conseguido levar tudo a bom termo. Tupomi, é uma casa de caridade, de apoio a todos aqueles que a procuram, acolhendo todos de braços abertos, sem distinção a quem quer que seja. Tupomi, é uma família, como qualquer outra; ou seja: uma casa, onde tem pai , mãe e muitos filhos , que por vezes como é óbvio , nem sempre estão de acordo em um caso (situação) ou outro nesses momentos , aparece uma palavra de mãe ,ou pai para por, ou tentar por as coisas em seus devidos lugares... o que nem sempre , é fácil ;mas no final, dá tudo certo! Tupomi, vive momentos lindos de confraternizações; agrados a todos os Orixás, obrigações, festas pessoais, casamentos, batizados etc. ;Por muitas dificuldades que em determinadas alturas possamos passar, existe sempre a união entre todos, tanto nos momentos de festas, como de trabalho, em pról de nossa casa...a união tem sido uma força. Na última reunião mensal, fiquei (acho que todos) muito feliz, com a inclusão, dos médiuns mirins da casa; com o convite formal dos pais da casa, e a anuência dos pais dos novos médiuns, os mesmos, já irão fazer parte da corrente oficial geral do Terreiro; ou seja: médiuns de raiz ! Parabéns meus pais a nossa casa, vai ficar mais forte na fé de pai Oxalá e mãe Iansã. Viva o Tupomi. (Sérgio Cardoso)

Page 8: Editorial: - 5 anos - tupomi.pt JULHO2013_final.pdf · fazendo os Ebós (oferendas) determinado pelo Deus da Sabedoria, sendo por isso, motivo precípuo da diligencia ter logrado

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D E O L H O S F E C H A D O S

A u t o r : C a s s i o R i b e i r o ( U m b a n d i s t a , r a d i a l i s t a e p r e s i d e n t e d a F u c a b r a d )

S e n t a d o a l i e m f r e n t e d e s e u c o n g a o v e l h o p a i d e s a n t o r e l e m b r a c o m

s u r p r e e n d e n t e n i t i d e z s u a i n f â n c i a e s e u p r i m e i r o c o n t a t o c o m a

e s p i r i t u a l i d a d e . N i t i d a m e n t e e l e s e v ê n a t e n r a i n f â n c i a a b r i n c a r s o z i n h o n o

a m p l o q u i n t a l d a c a s a d e s e u s p a i s . L e m b r a - s e q u e a l g u m a c o i s a o f e z o l h a r

p a r a a s n u v e n s e d i a n t e d e l e u m a e s t r a n h a i m a g e m s e f o r m a : u m v e l h o

s e n t a d o a o r e d o r d e u m a f o g u e i r a e u m m e n i n o a o u v i r - l h e e s t ó r i a s . D e

a l g u m a m a n e i r a o m e n i n o a o v e r a q u e l a c e n a s a b i a q u e s e t r a t a v a d e l e

m e s m o .

O t e m p o p a s s o u e a c e n a j a m a i s e s q u e c i d a e t a m b é m j a m a i s r e v e l a d a , o

a c o m p a n h a e m s o n h o s e l e m b r a n ç a s . C r e s c e e a c a b a s e t o r n a n d o m é d i u m

U m b a n d i s t a . A o s p o u c o s v a i c o n h e c e n d o s e u s g u i a s , q u e v ã o t o m a n d o s e u

c o r p o n a s d i v e r s a s “ g i r a s d e d e s e n v o l v i m e n t o ” . P r i m e i r o o C a b o c l o q u e l h e

p a r e c e m u i t o g r a n d e e f o r t e , d e p o i s o s d e m a i s a t é q u e , a o c o m p l e t a r 1 8 a n o s ,

s e u E x u t a m b é m r e c e b e p e r m i s s ã o p a r a i n c o r p o r a r .

J á n ã o é m a i s m é d i u m d e g i r a , a b e m d a v e r d a d e o c u p a o c a r g o d e p a i

p e q u e n o d o t e r r e i r o . P e r c e b e q u e n ã o t i v e r a u m a a d o l e s c ê n c i a c o m o a d a

m a i o r i a d o s j o v e n s q u e l h e c e r c a m n a e s c o l a . N ã o v a i a b a i l e s , f e s t a s . . .

D e d i c a - s e c o m u m a c u r i o s i d a d e e u m a m o r c a d a v e z m a i o r a p r a t i c a d a

c a r i d a d e . O s a n o s p a s s a m e a c a b a p ô r a b r i r s e u p r ó p r i o t e r r e i r o . I n ú m e r a s

p e s s o a p r o c u r a m o s s e u s g u i a s e r e c e b e m u m l e n i t i v o , u m a p a l a v r a d e

c o n s o l o e e s p e r a n ç a . . . F o r a m t a n t o s o s p e d i d o s e t a n t o s o s t r a b a l h o s

r e a l i z a d o s q u e j á p e r d e r a a c o n t a . V i u i n ú m e r a s p e s s o a s q u e d e c l a r a v a m

a m o r e t e r n o p e l a U m b a n d a e b a s t a v a q u e a l g u n s p e d i d o s n ã o f o s s e m

a l c a n ç a d o s n a p l e n i t u d e d e s e j a d a q u e j á s e a f a s t a v a m c r i t i c a n d o o q u e o n t e m

l h e s e r a s a g r a d o . . . P r e s e n c i o u p e s s o a s q u e v i n d a s d e o u t r a s r e l i g i õ e s e q u e

e n c o n t r a r a m a p a z d e n t r o d o t e r r e i r o , m a n t i d o a d u r a s p e n a s , u m a v e z q u e

n a d a c o b r a v a p ô r t r a b a l h o s r e a l i z a d o s ( " D a i d e g r a ç a o q u e d e g r a ç a s

r e c e b e s t e s " ) . S o l t e i r o p e r m a n e c i a a t é h o j e p o i s e m b o r a t i v e s s e t i d o v á r i a s

m u l h e r e s q u e l h e f o r a m c a r a s , n e n h u m a d e l a s a g u e n t o u f i c a r a s e u l a d o , p o i s

p a r a e l e , a v i d a s a c e r d o t a l s e i m p u n h a a q u a l q u e r o u t r o t i p o d e

r e l a c i o n a m e n t o . A m a v a m e s m o a s s i m t o d a s a q u e l a s q u e l h e f i z e r a m

c o m p a n h i a e m s u a j o r n a d a t e r r e n a . B r i n c a v a , o v e l h o p a i d e s a n t o , q u a n d o

l h e p e r g u n t a v a m s e e r a c a s a d o e r e s p o n d i a , b e m h u m o r a d o , q u e s e c a s a r a

m u i t o c e d o , a i n d a m e n i n o .

A c u r i o s i d a d e d o s i n t e r l o c u t o r e s q u a n t o a o n o m e d a e s p o s a e r a s a t i s f e i t a c o m

u m a s ó p a l a v r a : U m b a n d a , e s t e e r a o n o m e d a e s p o s a . C o m o p a s s a r d o

t e m p o , a i d a d e f o i c h e g a n d o ; m u i t o s d e s e u s f i l h o s d e f é s e g u i r a m

s e u s d e s t i n o s v i n d o e l e s t a m b é m a a b r i r e m s u a s c a s a s d e c a r i d a d e .

O p e s o d a i d a d e n ã o o i m p e d e d e r e c e b e r s u a s e n t i d a d e s . A i n d a

e c o a , p e l o v e l h o e q u e r i d o t e r r e i r o , o b r a d o d e s e u C a b o c l o , o

c a c h i m b o d o p r e t o v e l h o p e r f u m a o a m b i e n t e , a g a r g a l h a d a d o E x u

a i n d a i m p r e s s i o n a , a a l e g r i a d o E r ê e m o c i o n a a e l e e a t o d o s . . . E n f i m ,

s e n t e - s e ú t i l a o t r a b a l h a r . . . H o j e n ã o t e m g i r a . O t e r r e i r o e s t á l i m p o , a s

v e l a s e s t ã o a c e s a s e t u d o p a r e c e n o r m a l . R e s o l v e a d e n t r a r a o t e r r e i r o

p a r a p a s s a r o t e m p o , p e r d e r a a n o ç ã o d a s h o r a s . A p u r a o s o u v i d o s e

s e n t e p a s s o s a s e u r e d o r , p e r c e b e q u e a l g u é m p u x a p o n t o s e q u e o

a t a b a q u e t o c a . E l e e s t a d e c o s t a p a r a t o d o s d e f r e n t e p a r a o c o n g a .

O c h e i r o d a d e f u m a ç ã o i n v a d e s u a s n a r i n a s . . .

S e u s o l h o s s e e n c h e m d e l á g r i m a s n a m e s m a p r o p o r ç ã o q u e s e u

c o r a ç ã o s e e n c h e d e a l e g r i a . E s t r a n h a m e n t e , n ã o s e n t e c o r a g e m o u

v o n t a d e d e o l h a r p a r a t r á s , a p e n a s c a n t a j u n t o o s p o n t o s .

F i x a s e u s o l h o s n a s i m a g e n s d o a l t a r , f e c h a o s o l h o s e a i n d a a s s i m v ê

n i t i d a m e n t e o C o n g á , p a r e c e q u e p e r c e b e o m o v i m e n t o d o t e r r e i r o

a u m e n t a r . V i r a d e c o s t a s p a r a o C o n g á e a c e n a o s u r p r e e n d e : v ê

c a b o c l o s , B o i a d e i r o s , P r e t o s V e l h o s , M a r u j o s , B a i a n o s , E r ê s e t o d a

u m a g a m a d e G u i a s a t é E x u s e P o m b a G i r a s e s t ã o a l i n a p o r t e i r a .

S e d á c o n t a q u e o s v ê c o m o s ã o , n ã o e s t ã o i n c o r p o r a d o s . T o d o s l h e s

s o r r i e m a m a v e l m e n t e . D e n t r e t a n t o s G u i a s , p e r c e b e a q u e l e s q u e

i n c o r p o r a m n e l e d e s d e c r i a n ç a . T e n t a b a t e r c a b e ç a e m h o m e n a g e m a

e l e s m a s é i m p e d i d o . O C a b o c l o , s e u g u i a d e f r e n t e , s e a d i a n t a , l h e

a b r a ç a , b r a d a s e u g r i t o g u e r r e i r o . . . o s d e m a i s o a c o m p a n h a m .

O v e l h o P a i d e S a n t o n ã o a g u e n t a e c h o r a e m o c i o n a d o . . .

A s l á g r i m a s l h e t u r v a m a v i s t a . F e c h a s e u s o l h o s e a o a b r i - l o s t o d o s

o s g u i a s a i n d a p e r m a n e c e m e m s e u s l u g a r e s e m b o r a c a l a d o s . . . N o t a

u m a l u z b r i l h a n t e e m s u a d i r e c ç ã o , Y a n s ã e O m o l u s e a p r o x i m a m , s e u

C a b o c l o o s s a ú d a e é c o r r e s p o n d i d o . A l u z o e n v o l v e c o m p l e t a m e n t e .

J á n ã o s e s e n t e m a i s v e l h o ; n a v e r d a d e s e n t e - s e j o v e m c o m o n u n c a .

S e u c o r p o e s t á l e v e e e l e l e v i t a e m d i r e c ç ã o à l u z . T o d o s o s g u i a s

f a z e m r e v e r ê n c i a . . . O t e r r e i r o v a i f i c a n d o l o n g e e n v o l t o e m l u z . . . E l e

s o r r i a l e g r e . . . A m i s s ã o e s t a v a c u m p r i d a . . . N o d i a s e g u i n t e , e n c o n t r a m

s e u c o r p o a o s p é s d o C o n g á . T i n h a n o s l á b i o s u m s o r r i s o . . .

F o n t e : C a n t o d o C a n t o d o A p r e n d i z

( h t t p : / / c a n t o d o a p r e n d i z . w o r d p r e s s . c o m / 2 0 1 3 / 0 7 / 1 6 / u m b a n d a - c o n t o s -

e - c a u s o s - 5 / )