EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA AGENDA 21 ESCOLAR · que a sua construção é responsabilidade de...
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA AGENDA 21 ESCOLAR
Estela Lidia Schmitt1
Prof. Drª Mafalda Nesi Francischett2
Resumo: Este estudo em Educação Ambiental através da agenda 21 escolar tem por objetivo fazer um diagnóstico sobre a implementação dessas agendas nas escolas públicas estaduais de Francisco Beltrão; e, analisar como ocorreu o processo de elaboração deste documento, bem como verificar as mudanças ocorridas nas escolas decorrentes da elaboração e do uso da Agenda 21escolar, como uma possibilidade de despertar o trabalho de Educação Ambiental integrado a realidade e necessidade local da Escola. A Agenda 21 Escolar é resultado do estudo das Agendas 21 global, brasileira, estadual e local, na Rio 92. A Agenda 21 escolar é um documento da comunidade escolar onde se procura trazer representantes de todos os segmentos para participar e interagir no processo de discussão, passando a ser um processo para a escola debater as questões socioambientais. Tem o papel de trazer para discussão as questões ambientais do cotidiano escolar, junto aos conteúdos disciplinares, desenvolvendo parcerias em busca de soluções.
Palavras chave: Educação Ambiental; Agenda 21 Escolar; Implementação.
1 INTRODUÇÃO
Trabalhar a Educação Ambiental no dia-a-dia é mais um dos principais desafios
que hoje enfrentam os professores nas escolas. Embora o processo educativo tenha
evoluído substancialmente nestes últimos anos, tanto nos aspectos teóricos como
metodológicos, políticos e legais, a sua prática deixa muito a desejar na maioria das
escolas brasileiras.
Este estudo sobre Agenda 21 no âmbito escolar busca organizar e viabilizar o
seu uso para os professores, assim como possibilitar aos alunos aquisições de
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Graduada em Geografia, pós-graduada em Metodologia de ensino, Supervisão Escolar. Psicopedagogia. Professora de Geografia da Rede Publica de Ensino do Estado do Paraná. Aluna do Programa Educacional do Estado do Paraná – PDE turma 2010 do NRE de Francisco Beltrão. E-mail: [email protected].
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Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil(2002)Professora Adjunto nível D da Universidade Estadual do Oeste do Paraná , Brasil e Orientadora do PDE. E-mail: [email protected]
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conhecimentos, reconhecendo teoricamente e na prática aspectos relacionado ao meio
ambiente e sua sustentabilidade, levantando os problemas do entorno da escola e suas
possíveis soluções. Sugerimos o uso da Agenda 21 como uma possibilidade para
trabalhar Educação Ambiental integrado a realidade e a necessidade local da escola.
O pressuposto neste trabalho é colaborar com sugestões para que as escolas
reorganizem a sua agenda 21 escolar, partindo do princípio de que cada uma crie a sua e
a coloque em prática através da realização das atividades, atingindo em primeiro
momento os alunos da escola, e aos poucos envolvendo toda a comunidade escolar,
chegando assim a formação de cidadãos efetivamente comprometidos com as questões
ambientais.
Neste contexto iniciamos esse trabalho através de um diagnóstico sobre a
implementação da Agenda 21 nas escolas públicas estaduais no município de Francisco
Beltrão, por meio de questionário, com professores pedagogos dessas escolas para
entender como ocorreu a participação deles no processo de elaboração da Agenda 21.
Neste artigo além da análise dos questionários, será apresentado um breve
histórico sobre o surgimento da Agenda 21, sua situação atual e sugestões para
implementação e reorganização da Agenda 21 no âmbito escolar.
2 Educação Ambiental na escola
No Brasil, existe uma lei específica que trata da Educação Ambiental. A Lei
número 9.795 de 27 de abril de 1999, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, a qual determina que não pode ser tratada como disciplina para que se
efetive de forma interdisciplinar, como uma prática educacional integrada, continua e
permanente. Devendo ser considerada na abordagem de todos os conteúdos específicos,
ao longo da educação básica, proporcionando a todos os alunos em fase escolar a
possibilidade de adquirir os conhecimentos, e os sentidos de valores para adquirir
atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente. A Educação Ambiental é
entendida como o processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, essencial para qualidade de vida e sua sustentabilidade
de forma saudável.
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A escola através da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar os
valores que o conduzam a uma convivência mais harmoniosa, e mais consciente ao
ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar
criticamente os princípios que tem levado à destruição inconsequente dos recursos
naturais e de várias espécies, tendo a clareza de que a natureza não é fonte inesgotável
de recursos, suas reservas são finitas, e devem ser utilizadas de maneira racional,
evitando o desperdício.
Desenvolver uma postura crítica com os alunos é muito importante, orientar os educandos que devemos reavaliar os valores que nos são imputados pelos inescrupulosos, perceber as várias determinantes, valorizar os conhecimentos trazidos de casa os ajudará a agir com visão mais critica e mais segura diante da realidade em que vivemos (DCES de Geografia, 2006).
Ao referir-nos aos espaços formais de educação, a escola é o ambiente, onde os
indivíduos dedicam à maior parte de seu tempo, sendo um espaço onde podem existir as
discussões sobre os problemas ambientais e sistematizá-los fazendo o uso da Agenda 21
escolar, dando sentido a interdisciplinaridade, onde é possível relacionar os conteúdos
escolares de acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do
Paraná.
Não podemos desconsiderar que na maioria das vezes os professores trabalham
Educação Ambiental através de exposições de determinado conteúdo sobre meio
ambiente, de forma compartimentada e isolada, só em algum período do ano letivo, ou
datas comemorativas, obtendo poucos resultados na prática devido a dificuldade em ser
trabalhada de forma interdisciplinar.
2.1 A agenda 21 escolar
A Agenda 21 escolar é um documento que procura trazer o maior número de
segmentos desta comunidade para participar e interagir neste processo de discussão das
questões socioambientais e propõe, junto com a comunidade escolar, possíveis soluções
aos problemas encontrados nela e em seu entorno, não tem o papel de resolver as
questões, mas sim de trazer a discussão para o cotidiano escolar, junto aos conteúdos
disciplinares, desenvolvendo as parcerias em busca de soluções com ações a curto,
médio e longo prazo.
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O termo "agenda" foi concebido no sentido de intenções, desígnio, desejo de
mudanças para um modelo de civilização em que predominasse o equilíbrio ambiental e
a justiça social entre as nações.
O objetivo da Agenda 21 escolar é promover mudança de atitudes, de um repensar
as relações do homem e a natureza para construir um futuro melhor para todos, sendo
que a sua construção é responsabilidade de toda a comunidade escolar.
A Agenda 21 tem caráter interdisciplinar, com o propósito de relacionar os
conteúdos escolares, de acordo com as Diretrizes da Educação Básica do Paraná. Desta
forma, a escola deve problematizar questões envolvendo a sua realidade, buscando uma
interferência com a participação da comunidade na solução dos problemas ambientais.
A equipe de Educação Ambiental na SEED, junto com a Coordenação de
Desafios Educacionais Contemporâneos (CDEC) no Paraná, vinculada à Diretoria de
Políticas e Programas Educacionais (DPPE), foram responsável pela realização da
implantação e dos trabalhos que envolveram a Agenda 21 Escolar.
A comunidade internacional concebeu e aprovou a Agenda 21 durante a Rio 92,
(Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano),
assumindo, assim, compromissos com a mudança no desenvolvimento do século XXI. É
um dos documentos de referência às preocupações voltadas ao desenvolvimento dos
países sem prejuízos ambientais e com justiça social do século 21.
O Brasil foi um dos 179 países que assinaram o documento. O programa
recomenda às nações que promovam uma consciência ambiental e ética, valores e
atitudes, técnicas e comportamentos de acordo com o desenvolvimento sustentável.
Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento
participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município,
região, setor e planeja o futuro de forma sustentável.
2.2 Agenda 21 nas Escolas Estaduais de Francisco Beltrão
Em 2004 e 2005 se promoveu a elaboração no Estado do Paraná das agendas 21
escolares, onde cada estabelecimento de ensino de educação básica do estado do Paraná
deveria elaborar sua agenda 21 escolar, e encaminhar ao Núcleo Regional de Ensino de
seu município. Depois dessa época constatou-se que o seu objetivo no âmbito escolar
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não se efetivou. Foram deixadas no esquecimento por uma grande parte dos
estabelecimentos escolares e sua comunidade escolar, passando a ficarem adormecidas.
Para constatar a situação atual dessas agendas realizamos visitas aos 15 (quinze)
estabelecimentos estaduais de ensino do município de Francisco Beltrão, destes, apenas
(4) quatro encontraram em seus arquivos suas agendas escolares e os outros
estabelecimentos não as localizaram, porém declararam que em 2005 ela foi elaborada
na escola. Foi questionado o motivo de a terem deixado em desuso e a resposta foi
unânime que não foi mais colocada em pauta nas reuniões e cursos pela Secretaria de
Estado e Educação e, como não foram “exigidas” foram abandonadas. Relataram que
durante sua elaboração em 2005 foram inseridos projetos de Educação Ambiental que
desenvolviam na escola como parte da Agenda 21 escolar. Apesar do desuso da agenda
21 escolares disseram que continuam desenvolvendo trabalhos em Educação ambiental.
Para a Agenda 21 Escolar existir com sucesso deve seguir um planejamento que
defina a realização de cinco etapas: mobilização, criação de um fórum permanente de
discussões, diagnóstico da escola, definição de um plano de ação e avaliação e
principalmente deve estar vinculado ao Projeto Político Pedagógico (PPP) e que todos
da escola devem conhecer seu conteúdo e significado .
Verificamos que em nenhuma das escolas a Agenda 21 fazia parte do PPP da
escola.
2.3 Criação do Fórum Local da Agenda 21
Para a elaboração da Agenda 21 escolar é indicada a criação formal do Fórum,
como espaço democrático permanente, definindo-se como momento de encontro com
data, local e horário.
O fórum, além de catalisar os debates e preocupações da comunidade escolar,
incorpora um momento formativo, onde se apresenta alternativas a problemas
socioambientais, enriquecido através de debate em busca das soluções tornando-se
momentos de formação e informação sobre temas relevantes a escola.
Para que o trabalho da implantação ou reorganização da Agenda 21 Escolar
tenha sucesso é necessário fundamentar com a concepção teórica da Agenda para que
todos os envolvidos possam entender e se envolver no trabalho com a agenda 21. No
Colégio Estadual Professor Vicente de Carli, no bairro São Miguel em Francisco
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Beltrão_PR, foi aplicada a proposta dessa implementação. Teve inicio com os alunos da
8ª série que fizeram o levantamento histórico do surgimento e importância das
conferências sobre Meio Ambiente e da agenda 21 através de leitura e pesquisa com o
objetivo de tornarem-se os multiplicadores desse conhecimento. Para suas pesquisas
usaram o material de apoio “Formando com Vida”, encontrado no portal do MEC
(Ministério da Educação e Cultura) e os slides sobre a elaboração da Agenda 21 no site
do governo do MMA (Ministério do Meio Ambiente), também os 16 princípios da Carta
da Terra, por meio da leitura de seus princípios, debate, e confecções de cartazes, e o
livro didático Construindo a Geografia: Cenário do Mundo Contemporâneo da 8ª série
escrito por Regina Araujo, Raul Borges Guimarães e Wagner Costa Ribeiro.
Além desse embasamento teórico, foram abordados os principais problemas
socioambientais mundiais, para então chegar aos locais, além de difundir a própria
Agenda 21 e a sustentabilidade.
Após essa leitura e pesquisa, tornaram-se multiplicadores, apresentando suas
pesquisas para as demais turmas do Colégio.
A sensibilização da comunidade escolar para a criação do fórum da Agenda 21 é
de fundamental importância. O conhecimento sobre a concepção teórica da Agenda 21
possibilita esse envolvimento.
Após os estudos sobre as conferências mundiais sobre as questões ambientais e o
significado da Agenda 21, foram realizadas as convocações dos alunos desejos em
participar da criação e da eleição do fórum para o trabalho com a Agenda 21 do colégio,
através de editais no saguão da escola e nas salas de aula.
Com a criação e a eleição do fórum, inicia-se o levantamento e diagnóstico dos
problemas da escola e seu entorno pelos membros do fórum da Agenda 21 escolar.
É de suma importância para o funcionamento da Agenda 21 que após a
organização do fórum e o seu planejamento, exista sempre alguma atividade em
andamento, que alimentará as discussões e também o envolvimento de todos durante o
ano, tendo em vista que o fórum da Agenda 21 ocorre mediante a realização do
diagnóstico participativo que oferece o desafio de construir a escola de forma
democrática e participativa, promovendo a compreensão de que cada aluno precisa
enxergar os problemas que envolvem a escola, para passar a se comprometer com as
soluções.
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O problema é diagnosticado de forma participativa com o objetivo de desperta
um sentimento de pertencer ao espaço escolar e o compromisso com a construção de
soluções adequadas e viáveis para os problemas.
Com a realização de oficinas de estudos sobre a Carta da Terra e Agenda 21 (Eco
92) e reuniões como estratégias de mobilizar e diagnosticar os problemas, é possível
obter um amplo relato das indignações e inconformidades dos alunos em relação aos
problemas levantados.
Em fase de consolidação, o Plano de Ação articula as demandas da escola que
giraram neste primeiro momento em torno do: a) excessivo ruído produzido pelos
alunos, (poluição sonora); b) desperdício de água e a necessidade de reaproveitá-la; c)
arborização da escola; d) coleta seletiva de lixo pouco eficiente e reciclagem de papéis;
e) economia de luz; f) higiene com os banheiros e escola em geral; g) a violência.
Nesta fase o desafio é aproximar os atores (alunos, professores, equipe
pedagógica da escola, direção, pais e demais profissionais da escola) e fortalecer
compromissos. Surge a necessidade da busca das possíveis soluções junto à comunidade
escolar que participou do debate, e que seja perceptível que algo concreto está sendo
realizado, de forma a fortalecer o processo, estimulando a participação.
2.4 A Agenda 21 escolar como parte da vida da Escola
Surge juntamente com o desenvolvimento da Agenda 21 escolar a necessidade
de cursos de formação que contemple o corpo docente, discente e demais funcionários
da escola, realizando reuniões de sensibilização e qualificação.
Para que ocorra a verdadeira implantação da Agenda 21 é necessário começar
com a Formação Continuada de Docentes, para o aprofundamento conceitual.
Fundamentar toda a comunidade escolar sobre a história e sua importância, para que a
Agenda 21 escolar ganhe sentido e agregue significação ao contexto e as práticas
docentes concretas e a suas práxis.
Os compromissos colocados na Agenda 21 da escola devem ser retomados em
cada reunião do fórum com a comunidade escolar, podendo ser a cada trimestre com
análise sobre as atividades realizadas na escola sobre as ações e soluções alcançadas
juntamente com os componentes do fórum.
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É necessário obter resultados visíveis com mudanças de atitudes e valores dos
alunos, professores e funcionários, passando socialmente a serem compromissados,
praticando ações transformadoras, tanto na atuação individual como na coletiva, com
vistas à identificação e a solução de problemas socioambientais da escola.
Outra sugestão para manter o fórum ativo é através da criação de um calendário
para o ano letivo com atividades da Agenda 21. Uma das sugestões pode ser de
organizar palestras e atividades práticas para trabalhar os assuntos levantados na
intenção de ocorrer à informação sobre o tema e a formação.
Envolver a comunidade escolar na Agenda 21 também é um desafio, para isso é
necessário começar convidando para um ciclo de palestras sobre temas que envolvam o
meio ambiente como poluição, coleta de lixo seletiva, separação de lixo domiciliar,
horta orgânica, separação de óleo, lixo nas ruas, poluição dos rios entre outros,
utilizando a dinâmica de debates, como uma possibilidade em fazer com que a
comunidade venha a se interessar pelos problemas que os assolam e assim passarem a
participar efetivamente das ações da Agenda 21.
Outra possibilidade para manter o fórum ativo o ano todo, seria associar a
discussão da Agenda 21 com acontecimentos que insistem em ocorrer todos os anos por
conta de ações antrópicas principalmente, que nos remetam diretamente à discussão do
meio ambiente como: Enchentes, impermeabilização do solo; Surto de gripes, noções
básicas de higiene, limpeza, cuidados com a alimentação, imunidade, consumo de
alimentos orgânicos, inversão térmica, poluição do ar; problemas com poluição dos
córregos e rios; destino do lixo doméstico, e outros. Assim poderíamos manter o fórum
permanentemente ativo, incluindo esses temas e mantendo a comunidade atenta a esses
possíveis eventos.
2.4 A Agenda 21 no Projeto Político Pedagógico da Escola
Segundo a SEED a Agenda 21 escolar deveria estar vinculada ao projeto Político
pedagógico das escolas (PPP). De acordo com a pesquisa feita nos 15 (quinze)
estabelecimentos de ensino de Francisco Beltrão, constatou-se que a maioria das
escolas não possui a Agenda 21, e que grande número de professores da Rede Pública
Estadual desconhece o que é a Agenda 21, e consequentemente as Agendas não estão
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contempladas nos PPPs. Atribuem à inexistência das Agendas 21 escolares pela falta de
conhecimento sobre a mesma e devido à falta de cobrança pela SEED.
É no PPP que em especial deveria estar o compromisso da escola e de todos
sobre as questões ambientais. Se cada professor dentro de seu planejamento atender ao
PPP e se este estiver claro como cada um poderá (ou deverá) contribuir, com certeza
haveria maior participação e engajamento na elaboração das Agendas 21 escolares.
Provavelmente a "desinformação" em relação à temática Agenda 21, ter gerado estas
falhas.
É muito comum o "desconhecimento" da equipe pedagógica e da grande maioria
dos professores sobre a importância da escola possuir sua Agenda 21 e em esta fazer do
PPP. Por isso, da importância na participação de toda a comunidade escolar no processo
de elaboração do PPP e da Agenda 21 e o acompanhamento da inserção da agenda no
PPP. Uma das alternativas citadas seria durante a reelaboração do P.P.P para o ano
letivo seguinte cada escola acrescentasse a Agenda 21 da escola, e a cada ano novas
ações da Agenda 21 seriam incluídas no PPP pois muitas atividades de Educação
Ambiental estão vinculadas mesmo não sendo citadas. O ideal seria que a Agenda 21
fizesse parte das políticas públicas do nosso estado.
Outra sugestão levantada nas pesquisas é que durante as semanas pedagógicas
houvesse uma preocupação maior em oferecer sugestões efetivas para o trabalho
docente, propostas adequadas para que os professores, funcionários, diretores e
comunidade escolar conseguissem elaborar um plano anual prevendo ações como a
Agenda 21.
Cursos de formação e aperfeiçoamento seriam importantes para que a elaboração
e implementação da Agenda 21 escolar ocorresse, o que daria mais segurança para sua
efetivação, assim seria possível exigir da escola ações práticas sobre Educação
Ambiental baseadas nas ações da Agenda 21. Além da capacitação continuada
aperfeiçoando os professores para trabalhar o tema nas escolas da Agenda 21 é
necessário manter o fórum eleito, com o auxilio de um tutor (professor) conhecedor da
Agenda 21 para liderar as ações e organizar os eventos.
A efetivação das ações da Agenda 21 nas escolas é um grande desafio, pois
envolve muitas pessoas, e o conhecimento onde a escola está inserida. A nós educadores
cabe trabalhar com os alunos no dia a dia da escola, ações e atitudes com relação à
educação ambiental, não importando a disciplina.
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É preciso compreender a importância de todo o coletivo escolar estar envolvido
para que de fato ocorra o trabalho com a Agenda 21.
Temos a convicção que obstáculos sempre aparecerão, mas não podemos desistir
de nossos objetivos, e a agenda 21 escolar, é uma possível alternativa para trabalharmos
Educação Ambiental na prática e de forma interdisciplinar.
Infelizmente as questões ambientais não são tratadas em sala de aula como
deveria ser. Os alunos não possuem uma Educação Ambiental de forma que os
possibilite a dar sentido e significado para sua interação especialmente no seu local de
vivencia.
Devido a amplitude do tema, a Educação Ambiental deveria estar inserida nas
aulas independente da disciplina na qual o professor leciona, e especialmente no
documento que determina o direcionamento da escola, chamado PPP.
A implantação da Agenda 21 Escolar, permite atingirmos o cerne da questão:
educação. Educar para a vida mais sustentável, equilibrada, possibilitando
conhecimento para que cada um faça sua parte, atuando na escola, no seu entorno, na
sua comunidade.
A Agenda 21 não tem o papel de resolver as questões, mas sim de trazer a
discussão para o cotidiano escolar, junto aos conteúdos disciplinares, desenvolvendo as
parcerias em busca de soluções com ações a curto, médio e longo prazo. É no cotidiano
da escola que as alternativas concretas surgem porque os elementos reais ali estão
presentes.
3 Considerações Finais
A utilização da Agenda 21 Escolar como parâmetro das discussões sobre o meio
ambiente é sem sombra de dúvida o melhor caminho a ser tomado e é partindo dessa
premissa que a possibilidade de acerto tende a ser maximizada.
Fazendo o uso da Agenda 21 Escolar, criam-se alternativas que ajudam na
Educação Ambiental mais eficaz, indicando um caminho de como trabalhar as questões
ambientais. Ela faz um diagnóstico local, ou seja, analisa a realidade dos alunos,
tornando mais fácil acompanhar e intervir.
A partir dos apontamentos concluimos que o processo de construção da Agenda
21 escolar, por envolver os mais diversos atores e segmentos sociais, é um processo
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conflituoso, que deve estar pautado pela busca do bem estar coletivo e do
desenvolvimento sustentável em todas as suas facetas. Tal processo, apesar de
interdisciplinar deve ter a comunidade escolar como protagonista, para que possa
efetivamente representar a criação e a implementação de políticas públicas voltadas ao
desenvolvimento sustentável.
Os problemas ambientais são comuns a todos e cabe a nós educadores nos
envolvermos para manter a Agenda 21 na escola.
Obstáculos sempre aparecerão, mas se acreditarmos que a agenda 21 escolar, é
uma possível alternativa para trabalharmos Educação Ambiental na prática, teremos
resultados visíveis com mudanças de atitudes e valores dos alunos, professores e
funcionários, passando socialmente a serem compromissado, praticando ações
transformadoras.
Os objetivos educativos e os objetivos do desenvolvimento sustentável nem
sempre têm as mesmas prioridades. Na educação, o que importa não é o tema em
estudo ou qual o resultado visível que se espera da ação, mas que a escolha do tema
resulte das idéias e opiniões dos alunos e que os professores se preocupem com o
desenvolvimento do pensamento crítico e a convicção de valores quando os alunos
estão a investigar e a resolver problemas da Agenda 21 escolar.
A água ou a energia, os lixos, o barulho ou a arborização do pátio da escola
são exemplos de questões em que a participação é fundamental, para as quais não
há soluções simples e onde há espaço para a incerteza. Isto implica ter em conta
diferentes pontos de vista e o exercício da democracia na partilha e tomada de
decisão.
Também é importante que os professores esclareçam os alunos sobre o
poder das relações - sociais, institucionais, econômicas para que não fiquem com a
falsa impressão de que poderão, sozinhos, tomar a decisão final ou resolver todos
os problemas.
Os resultados podem ter mais ou menos sucesso, sem que com isso deixe nos
alunos um sentimento de frustração. Em muitos casos, acompanhar as mudanças
obtidas é mais difícil do que a mudança em si. Esta questão pode constituir matéria
para a reflexão dos alunos e de toda a escola e tornar-se um hábito.
Entendemos que se a Agenda 21 escolar estiver no PPP ela pode tornar-se
um documento com o compromisso de toda a escola e seu entorno, surtindo
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maiores e melhores resultados, onde todos poderão estar envolvidos na
organização das suas ações.
REFERÊNCIAS
AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente edesenvolvimento. Rio de Janeiro, 1992.
ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul; RIBEIRO, Wagner. Construindo a Geografia: Cenários do Mundo Contemporâneo. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2005.
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