EDUCAÇAO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA- adoção de plataforma de segunda geração na formação de...

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ROLIM, A. L. S. ; XAVIER NETO, J. ; ARAUJO, T. S. ; GONCALVES, V. H. ; GOMES, A. S. . EDUCAÇAO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA: adoção de plataforma de segunda geração na formação de técnicos de nível médio em telecomunicações pelo SENAI RN. In: VIII Congresso Internacional de Tecnologia na Educação, 2010, Recife : SENAC PE, 2010. v. 1. p. 1-5.

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ROLIM, A. L. S. ; XAVIER NETO, J. ; ARAUJO, T. S. ; GONCALVES, V. H. ; GOMES, A. S. . EDUCAÇAO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA: adoção de plataforma de segunda geração na formação de técnicos de nível médio em telecomunicações pelo SENAI RN. Anais do VIII Congresso Internacional de Tecnologia na Educação. Recife : SENAC PE, 2010.

EDUCAÇAO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA: adoção de plataforma de segunda

geração na formação de técnicos de nível médio em telecomunicações pelo SENAI RN

Introdução

Desprezada pelas elites por quase um século, como se fosse menos nobre, a formação

profissional técnica é prioridade absoluta na atual política educacional brasileira. Em 2006,

por meio do Decreto nº 5.622, a educação a distância tornou-se uma modalidade educacional

reconhecida. Com a criação programa do Governo Federal chamado Programa Escola Técnica

Aberta do Brasil (Etec – Brasil) em 2007, o Ministério da Educação, articulando a Secretaria

de Educação a Distância – SEED e a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica –

SETEC, lançou o Edital 01/2007/SEED/SETEC/MEC dispondo sobre o referido programa.

Atualmente há um aumento na procura do Ensino Técnico, pelo fato concreto de que

essas escolas estão conseguindo adaptarem-se às demandas reais da economia, onde 95% dos

jovens formados saem empregados, afirma Durham (2008).

A idéia do programa Etec é a disponibilização do ensino para jovens que moram na

periferia das grandes cidades, dando oportunidade para estes percorrerem uma trilha de

empregabilidade. Bielschowsky (2008) diz: “Temos interesse em fortalecer os arranjos

produtivos locais no interior do Brasil [...]. É importante desenvolver e manter a atividade

econômica no interior e evitar o fluxo migratório para as grandes cidades”.

É neste contexto de política de expansão do ensino técnico a distância no país,

implementada pelo MEC, que a Educação à Distância - EaD tornou-se uma modalidade de

ensino importante no desenvolvimento de uma mão-de-obra qualificada.

Neste trabalho, analisamos a experiência realizada no SENAI do Rio Grande do Norte,

na formação de técnicos de nível médio em telecomunicações, realizada na modalidade a

distância. A instituição foi pioneira na utilização de uma plataforma de gestão de

aprendizagem de segunda geração, o Amadeus.

Neste estudo, realizamos entrevistas com atores do SENAI e da empresa parceira para

entender a aceitação dessa nova modalidade de ensino e a aceitação da tecnologia adotada. Ao

analisar os dados foi encontrado um resultado não esperado: a evolução da plataforma, que

passou a adotar funcionalidades mais adequadas à formação requerida.

Referencial Teórico

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A demanda crescente de qualificação dada à expansão do parque industrial brasileiro

levanta questões sobre a eficácia de formas alternativas de formação, que não apenas a

formação presencial em sala de aula.

Alguns trabalhos como o de Forte, C. et al (2008), e o de Luz, R. A. et al (2008),

relatam a necessidade de igualdade de possibilidades de aprendizagem entre os alunos

educados na modalidade presencial e a distância, porque há uma problemática relacionada

com a necessidade de experimentação para o ensino técnico.

Formação a distância de técnicos de nível médio em telecomunicações pelo senai rn1

O desenho curricular deste curso foi elaborado com base no perfil profissional de

competências validado pelo Comitê Técnico Setorial para o profissional Técnico em

Telecomunicações e nas competências profissionais gerais definidas pelo MEC para a

respectiva área. Foi pautado, principalmente, nos princípios da flexibilidade,

interdisciplinaridade e contextualização, em consonância com o enfoque de formação por

competências e respeitando os preceitos metodológicos da modalidade Educação a Distância.

O itinerário formativo tem carga horária de 2.000 horas, sendo estabelecidas 1.840

horas para a fase escolar e 160 horas para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC). O tempo médio de duração do curso é de 2 anos. O detalhamento do itinerário

formativo é o seguinte: Módulos Básicos I e II, e Módulos Específicos I, II e III. Após

cumprido, apresentado e aprovado o Trabalho de Conclusão de Curso -TCC, obtém-se a

habilitação de Técnico em Telecomunicações.

Adotou-se como ambiente de ensino e aprendizagem on-line o “Agentes Micromundos

e Análise de Desenvolvimento no Uso de Instrumentos – AMADEUS” onde, as estratégias

pedagógicas adotadas propiciam aos alunos a participação ativa na construção de seu

conhecimento e competências, bem como no desenvolvimento de sua capacidade cognitiva.

Ressalta-se, porém que as avaliações de conclusão de cada componente curricular são

realizadas presencialmente, conforme determina a legislação específica.

O site que disponibiliza o curso, em seis meses, foi visitado 14.000 vezes, desde a sua

criação em 2009 até abril de 2010. Diante desses dados, verificamos que a demanda do curso

é boa, Podemos dizer ainda, que há interesse e necessidade de capacitação de técnicos em

Telecom.

1 http://www.cti.org.br.

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A plataforma utilizada foi criada pelo grupo Ciências Cognitivas e Tecnologia

Educacional do Centro de Informática da UFPE que vem desenvolvendo o sistema Amadeus

(http://amadeus.cin.ufpe.br/), um sistema de gestão do aprendizado (ou LMS, do inglês

Learning Management System) de segunda geração do e-learning, com a abordagem de

blended learning e com uma visão construtivista (manipulações sobre representações) e

sócio-interacionista de aprendizagem (colaboração, engajamento, imersão em contexto de

jogos), onde a expansão dos estilos de interação respeita a diversidade de formas de

aprendizagem e está alinhada com os propósitos modernos do design instrucional.

Até o momento, o sistema foi projetado para condições de uso por unidades de ensino

superior, para formação de professores e para a instrução formal. Foram realizados mais de

dezesseis (16) estudos de mestrado e doutorado sobre os estilos de interação com esse tipo de

sistema. Em seu estado-da-técnica, o sistema Amadeus como resultado da criação de novos

mecanismos de interação e colaboração, concebeu: Estilos simples de interação com a

interface do LMS; Visualização da atividade de grupo na interface LMS, percepção social;

Manipulação direta em componentes de aprendizagem síncronos; Controle e discussão da

exibição de vídeos a distância; Manipulação e colaboração no contexto de jogos

multiusuários; Visualização de mensagens e materiais fóruns em interface móvel, m-learning;

entre outras.

Metodologia

Neste trabalho, apresentamos a experiência pioneira de implantação de uma

plataforma de segunda geração realizada há dois anos pela empresa VH Consultores para o

SENAI, em sua unidade Regional do Rio Grande do Norte. Adotamos um paradigma de

pesquisa qualitativo e focamos nossa coleta em entrevistas narrativas com os diferentes atores

que atuaram no projeto. Foram entrevistados professores, coordenadores do projeto, suporte

técnico da empresa VH Consultores e alunos. A empresa VH Consultores foi responsável pelo

treinamento do pessoal para utilizar a plataforma e pelo suporte técnico do AmadeusLMS.

Além do docente responsável pelo componente curricular, os alunos são

acompanhados, diariamente por monitores. Os monitores fazem o acompanhamento

diretamente pelo ambiente, verificando a participação dos alunos nas atividades organizadas.

Dos alunos atuais, aproximadamente 500 alunos ativos na plataforma, 248 alunos são

do curso de Telecom, os quais possuem o seguinte perfil: faixa etária entre 18 e 34 anos; nível

de escolaridade – ensino médio completo ou em finalização; abrangência da região – 14

cidades do RN, onde 12 estão a 350 Km de Natal; gênero predominante – masculino (92%);

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90% trabalham e tem faixa de renda entre 1 e 4 salários mínimos porém, 70% são bolsistas

(compromisso de gratuidade do SENAI).

Resultados

De uma forma geral, o SENAI RN tem obtido uma boa taxa de aceitação em seu novo

produto. Serão descritos a seguir os dados interpretados a partir da coleta com os atores

envolvidos com o projeto de formação do referido curso.

A aceitação dos professores tem sido extremamente positiva, eles consideram que

estão tendo a oportunidade de interagir de forma mais significativa com cada aluno em

comparação às atividades integralmente presenciais. Assim, as possibilidades são vastas, na

medida em que mais recursos estão sendo utilizados para enriquecer e dinamizar esta

interação. O coordenador do curso, explica: “A simplicidade e objetividade dos recursos do

ambiente tornam as atividades mais dinâmicas. O acesso, tanto do docente quanto do aluno,

é facilitado pelas características da construção do ambiente”. Com essa fala temos indícios

iniciais de uma boa aceitação também por parte dos alunos.

É importante registrar o impacto causado na região, uma vez que, além dos 248 alunos

ativos do curso técnico em Telecom, temos mais de 250 alunos ativos no curso de

nivelamento, tendo isso sido conseqüência da ampliação do objetivo inicial do projeto. Como

resultados práticos, além do número de alunos têm-se: a inclusão, com alunos de 14 cidades

do RN participando do curso (pelo menos 12 cidades distantes 350 km de Natal), o que não

seria possível caso o curso fosse totalmente presencial; e a flexibilidade, já que 90% dos

alunos trabalham e não dispõem de tempo para participarem de cursos presenciais.

Com relação a efetividade da plataforma para a formação naquela região, segundo

o coordenador do curso no SENAI RN: “A plataforma tem nos auxiliado de forma

considerável a cumprir a nossa missão de formar profissionais para o mercado de trabalho,

possibilitando que ampliemos as modalidades de oferta dos cursos[...]”.

Como resultados inesperados durante a análise dos dados, obtive-se alguns ganhos

para a evolução da plataforma nesse projeto. Pelo fato do Amadeus ser uma plataforma

distribuída com licença livre e pública, existe a possibilidade de que fornecedores de serviço

de e-learning melhorem ou façam adequações no produto às necessidades de suas

instituições.

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Durante os últimos 3 meses, com o auxilio da ferramenta “VH – Suporte”

(http://suporte.vhconsultores.com.br), foi feito um estudo que mostra alguns dos números

relevantes da demanda de suporte, como quantidade de problemas relatados (chamados),

número de chamados por categoria e número de chamados por status. Na interação do SENAI

RN com VH Consultores houve duas categorias de contribuições ao Projeto Amadeus: a

criação de novas funcionalidades e a eliminação de defeitos.

Os dados coletados junto a equipe de suporte da VH Consultores mostram uma consistente

diminuição da quantidade de chamados, fig. 1.

Figura 1. Evolução do número de chamados de suporte.

Esse fenômeno dá indício de que a cooperação entre SENAI RN e VH Consultores

permitiu tornar o Amadeus uma ferramenta mais adequada, confiável e estável dentro do

contexto de ensino a distância do SENAI.

Considerações finais

Neste artigo apresentamos dados iniciais de uma experiência de adoção de plataforma

de segunda geração na formação de técnicos de nível médio em telecomunicações pelo

SENAI RN. Os dados indicam que a tecnologia Amadeus foi bem aceita pelos usuários do

sistema. Para além desses resultados, a análise dos dados mostrou um fenômeno interessante:

evolução da estrutura da plataforma, o que foi incorporado no código nacionalmente

distribuído pelo Ministério do Planejamento, devido a relação entre o fornecedor de serviços

de e-learning e o SENAI RN.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a equipe do SENAI RN e da empresa VH Consultores pelo

acesso às informações do suporte.

Referências

BIELSCHOWSKY, C. E. A Formação Técnica mais Próxima Graças ao Ensino a Distância. Entrevista na Folha Dirigida. Disponível em: http://tidia-ae.incubadora.fapesp.br/portal/sala-de-noticias/noticias-gerais/a-formacao-tecnica-mais-proxima-gracas-ao-ensino-a-distancia. Acesso em: 06 de outubro de 2008.

DURHAM, EUNICE. Fábrica de maus professores. Entrevista feita por: Monica Weinberg. Revista VEJA, edição 2088. 26 de novembro de 2008. Disponível em: < http://www.ime.usp.br/~abe/lista/msg03200.html>. Acesso em: 17 de outubro de 2009.

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FORTE, C.; SANTIN, R.; OLIVEIRA, F. C. e KIRNER, C. Implementação de Laboratórios Virtuais em Realidade Aumentada para Educação à Distância. In: 5º Workshop de Realidade Virtual e Aumentada – WRVA, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: Unesp – Bauru – SP, 19 a 21 de novembro de 2008. LUZ, R. A.; RIBEIRO, M. W. de S.; CARDOSO, A.; LAMOUSIER Jr.,E.; ROCHA, H. e SILVA, W. Análise de Aplicações de Realidade Aumentada na Educação Profissional: Um Estudo de Caso no SENAI DR/GO. In: 5º Workshop de Realidade Virtual e Aumentada – WRVA, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: Unesp – Bauru – SP, 19 a 21 de novembro de 2008.