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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
YOSLAYDY MATOS RODRÍGUEZ
EDUCAÇÃO SEXUAL COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DOS
ÍNDICES DE GRAVIDEZ PRECOCE EM ADOLESCENTES DA
COMUNIDADE AMARINO ALMEIDA, MUANÁ (PA).
MUANÁ / PARÁ
2018
1
YOSLAIDY MATOS RODRÍGUEZ
EDUCAÇÃO SEXUAL COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DOS ÍNDICES DE
GRAVIDEZ PRECOCE EM ADOLESCENTES DA COMUNIDADE AMARINO
ALMEIDA, MUANÁ (PA).
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Profa. Me. Mônica Florice Albuquerque Alencar.
MUANÁ / PARÁ
2018
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YOSLAIDY MATOS RODRÍGUEZ
EDUCAÇÃO SEXUAL COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DOS ÍNDICES DE
GRAVIDEZ PRECOCE EM ADOLESCENTES DA COMUNIDADE AMARINO
ALMEIDA, MUANÁ (PA)
Banca examinadora
Profa. Me. Mônica Florice Albuquerque Alencar – Fundação Hospital de Clínicas
Gaspar Vianna
Profa Dra. Silvia Helena Arias Bahia – Universidade Federal do Pará.
Aprovado em Belém, em 18 de Dezembro de 2018.
3
DEDICATÓRIA
À minha mãe, Magali e ao meu pai, Pedro, pelo exemplo
de luta e superação, por terem me propiciado uma vida
digna e feliz. A vocês, todo o meu amor e gratidão.
4
AGRADECIMENTOS
Depois de ter passado por este curso repleto de desafios,
tenho muito a quem dizer obrigada....
Ao meu querido Deus, por ser minha fortaleza nos
momentos de dificuldade e pela eterna proteção.
Aos meus pais, pelo imenso amor e apoio que me
dedicam.
À minha família, que, mesmo distante, torce pelo meu
sucesso e de quem sinto muitas saudades.
Enfim, agradeço a todos que participaram comigo na
realização desse sonho. Muito obrigada!
5
RESUMO
Gravidez e maternidade em adolescentes causam preocupação na sociedade em geral, principalmente porque foram construídas como um problema que resultou em consequências negativas, tanto para os adolescentes como para as suas famílias. A gravidez na adolescência decorre, principalmente, da não utilização de métodos contraceptivos e, em menor porcentagem, do uso de métodos inadequados. A pobreza afeta a probabilidade de mulheres jovens engravidarem; nesse caso, entram em um círculo vicioso, uma vez que a maternidade precoce geralmente compromete seus resultados acadêmicos, como o seu potencial econômico. Compartilhar informações sobre sexo seguro, prevenção de doenças transmissíveis e gravidez precoce, defender a educação sexual no ambiente escolar e familiar e promover temas de saúde integral para adolescentes, são objetivos específicos do nosso projeto. O projeto de intervenção abordará questões de educação sexual para 20 adolescentes entre 13 e 17 anos, na escola estadual da comunidade Amarino Almeida, com uma pesquisa que será aplicada no final de cada atividade para avaliar a qualidade do mesmo. Uma reunião semanal será realizada durante um mês. A atividade será realizada pelo médico, enfermeiro e psicólogo da Equipe de Saúde da Família (ESF) que atuam na comunidade. Espera-se como resultado, que possamos aumentar a conscientização sobre as questões relacionadas à gravidez e, o uso, de métodos contraceptivos para prevenir DST, bem como informações para a comunidade escolar, sobre as consequências de uma gravidez indesejada, direta ou educacionalmente.
Palavras-chave: Anticoncepção; Educação Sexual; Estratégia Saúde da Família; Gravidez na Adolescência; Muaná.
6
ABSTRACT
Pregnancy and maternity in adolescents causing concern in society in General, mainly because they were built as a problem that resulted in negative consequences, both for young people and for their families. Teenage pregnancy was due mostly to the non-use of contraception and, to a lesser percentage, the use of inappropriate methods. Poverty affects the likelihood of young women become pregnant; in this case, enter a vicious circle, since early motherhood usually compromises their academic results, as your economic potential. Share information about safe sex, prevention of communicable diseases and early pregnancy, defend the sexual education in the school and family environment and promote full health topics for teens, are specific goals of our project. The intervention project will address issues of sexual education for teenagers between 13 and 17 20 years, in the State School of the community, with a search Amarino which will be applied at the end of each activity to assess the quality of the same. A weekly meeting will be held for a month. The activity will be performed by doctor, nurse and psychologist at family health Team (ESF) who work in the community. It is expected as a result, we can raise awareness about issues related to pregnancy and the use of contraception to prevent STDs, as well as information to the school community, about the consequences of an unwanted pregnancy, directly or educationally.
Keywords: Contraception; Sexual Education; Family Health Strategy; Teenage Pregnancy; Muaná.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 9
1.1 Aspectos gerais do município 9
1.2 Aspectos da comunidade 10
1.3 O sistema municipal de saúde 10
1.4 A Unidade Básica de Saúde de Amarino Almeida 10
1.5 A Equipe de Saúde da Família Amarino Almeida, da Unidade
Básica de Saúde Amarino Almeida
11
1.6 O funcionamento da Unidade Básica de Saúde da Equipe
Amarino Almeida
11
1.7 O dia a dia da Equipe Amarino Almeida 11
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da
comunidade (primeiro passo)
12
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano
de intervenção (segundo passo)
13
2 JUSTIFICATIVA 15
3 OBJETIVOS 17
3.1 Objetivo Geral 17
3.2 Objetivos Específicos 17
4 METODOLOGIA 18
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19
5.1 Definição conceitual de gravidez na adolescência 19
5.2 Contextualização histórica e social 20
5.3 Epidemiologia da gravidez na adolescência no Brasil 21
6 PLANO DE INTERVENÇÃO 23
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo) 23
6.2 Explicação do problema selecionado (quarto passo) 24
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo) 25
6.4 Desenho das operações (sexto passo) 26
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 28
8
REFERÊNCIAS 29
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
EDUCATIVA
30
APÊNDICE B – CONVITE AOS ADOLESCENTES PARA
PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADE EDUCATIVA
31
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspetos gerais do município
Muaná é um município brasileiro do estado do Pará, localizado na Ilha de
Marajó pertencente à Microrregião de Arari. Este foi o primeiro município do Estado
do Pará a aderir à Independência do Brasil, ocorrida em 28 de maio de 1823, sendo
comemorado anualmente em uma celebração cívica, com desfiles escolares na
cidade.
A cidade vive basicamente de agricultura (açaí) e pecuária. A festividade mais
popular da Cidade é o Festival do Camarão, que é considerado a maior festa cultural
da região do Marajó, o Festival acontece todos os anos no início de Junho e reúne
mais de 30 mil pessoas entre turistas e moradores locais, e já tem mais de 30 anos.
Por esta razão, Muaná é conhecida como a terra do camarão.
O município possui uma população estimada em 37.977 mil habitantes
distribuídos em 3.763,199 km² de extensão territorial, sendo o 4° município mais
populoso do Marajó, atrás de Breves, Portel e Afuá. É a 5° cidade com o maior
Índice de Desenvolvimento Humano da Ilha do Marajó, com um IDH de 0,653, e o 7°
da região na soma total do PIB, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE, 2016).
O município de Muaná tem um dos maiores índices de crescimento
populacional do Estado do Pará – dado este favorecido pelo processo migratório
acentuado nas décadas de 1980 e 1990 e que continua ocorrendo. O crescimento
populacional não foi acompanhado por políticas habitacionais, o que resultou em
grande adensamento urbano desordenado e ocupação de áreas de várzeas que
sobrecarregam a infraestrutura básica, propiciando o surgimento de moradias em
áreas de risco, loteamentos clandestinos e consequentes formações localizadas
sem o suporte necessário, gerando bolsões de pobreza. A este aspecto,
acrescentou-se o fato da população migrante constituir-se abandonada por uma
política nacional, desprovida de educação formal e qualificação de mão de obra, de
saúde (sobrecarregando o serviço) e previdência.
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1.2 Aspectos da comunidade
A comunidade Amarino Almeida está localizada no centro do Município de
Muaná. Seus 4.350 moradores vivem basicamente de agricultura (açaí), pecuária e
da economia informal. Além disso, existem desempregados, é uma população
pobre. A população conserva hábitos e costumes próprios da população rural
brasileira e gosta de comemorar as festas religiosas, em particular as festas juninas
e a festa do Camarão.
A comunidade possui 3 escolas, 3 igrejas, 1 creche, 1 centro de saúde, 1
hospital, 1 farmácia. Existem várias iniciativas de trabalho na comunidade por parte
da Igreja e ONGs. Esses trabalhos estão bastante dispersos e desintegrados e, em
sua maioria, voltados para crianças, adolescentes e mães, segundo dados do Plano
Municipal de Saúde da Secretaria Municipal de Muaná (PARÁ, 2012).
1.3 O sistema municipal de saúde
Segundo dados do Plano Municipal de Saúde da Secretaria Municipal de
Muaná (PARÁ, 2012), os serviços de saúde do município são descentralizados,
cada Unidade de Saúde da Família desenvolve suas ações e é responsável pelas
mesmas, sendo que o Financiamento dessas ações ocorre pelo sistema de
Transferência.
A Secretaria Municipal de Saúde de Muaná tem Conselho de Saúde, com
composição paritária: 50% usuários, 25% de profissionais de saúde e 25% de
prestadores de serviços e representantes do governo municipal. O sistema municipal
de saúde conta com 6 Unidades Básicas de Saúde com Estratégia Saúde da
Família, 1 Assistência Farmacêutica, 1 Hospital Municipal, 1 sala de estabilização e
5 postos de saúde que auxiliam as equipes de Saúde da Família. Todos os
moradores, visitantes ou qualquer pessoa que esteja no município, até mesmo
moradores dos municípios vizinhos, têm acesso aos serviços de saúde sem
restrições (jovens, crianças e adultos), todos têm acesso às medicações da farmácia
básica, sendo que o atendimento é feito mediante apresentação da receita médica.
1.4 A Unidade Básica de Saúde Amarino Almeida
A Unidade de Saúde Amarino Almeida está localizada na Rua Manoel Izidoro
da Silva, Bairro Centro, em Muaná, Pará. É uma casa alugada, adaptada para ser
11
uma Unidade de Saúde. Sua área pode ser considerada inadequada considerando a
demanda e a população atendida, embora o espaço físico seja muito bem
aproveitado. A área destinada à recepção é pequena, razão pela qual, nos horários
de pico de atendimento (manhã), cria-se certo tumulto na Unidade. Isso dificulta
sobremaneira o atendimento e é motivo de insatisfação de usuários e profissionais
de saúde. Não existe espaço nem cadeiras para todos, e muita gente tem que
aguardar o atendimento em pé.
Quanto à estrutura física, a Unidade apresenta 1 arquivo, 2 consultórios
médicos, 1 consultório de odontologia, 1 sala de vacinação, 3 consultórios de
enfermagem, 2 banheiros e 1 cozinha, não há sala de reuniões. As reuniões com a
comunidade são feitas no salão da Igreja, que fica perto da Unidade de Saúde.
1.5 A Equipe de Saúde da Família Amarino Almeida, da Unidade Básica de
Saúde Amarino Almeida
A equipe é formada pelos profissionais apresentados a seguir:
1 Médico;
1 Enfermeiro;
2 Auxiliares de Enfermagem;
5 Agentes Comunitários de Saúde, que cuidam de 689 famílias cadastradas;
1 Dentista;
1 Auxiliar de consultório dentário;
1 Psicóloga.
1.6 O funcionamento da Unidade Básica de Saúde da Equipe Amarino Almeida
A unidade de saúde funciona das 8:00h às 18:00h, de segunda à sexta-feira,
com o apoio dos agentes comunitários de saúde, que se revezam durante a
semana, segundo uma escala, em atividades relacionadas à assistência, como
recepção e arquivo, sempre que os auxiliares de enfermagem ou o enfermeiro está
presente na Unidade.
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1.7 O dia a dia da Equipe Amarino Almeida
A comunidade Amarino Almeida é formada por uma população de 4.350 moradores
atendidos por nossa Equipe de Saúde da Família, dividida em 5 microáreas,
atendidas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da seguinte forma:
ACS da Microárea 1: cuida de 141 famílias cadastradas.
ACS da Microárea 2: cuida de 138 famílias cadastradas.
ACS da Microárea 3: cuida de 132 famílias cadastradas.
ACS da Microárea 4: cuida de 145 famílias cadastradas.
ACS da Microárea 5: cuida de 133 famílias cadastradas.
O tempo da equipe está ocupado quase que exclusivamente com as
atividades da demanda espontânea e com o atendimento de alguns programas
como: Pré-Natal, Puericultura, Saúde Bucal, Prevenção do Câncer de Colo do Útero,
Tuberculose, Hipertensos e Diabéticos. Também fazemos palestras educativas
sobre as doenças agudas, crônicas e infecciosas que mais afetam nossa
comunidade.
Oferecemos consultas agendadas, atendimentos de urgência e atendimento à
demanda espontânea. Nós fazemos 2 dias de consulta de Hiperdia no turno da
manhã e pela tarde fazemos planejamento familiar. Em outro dia, fazemos visita
domiciliar sempre em companhia do agente comunitário de saúde e enfermeiros.
Realizamos 4 consultas de Puericultura e Pré-Natal 2 vezes por semana,
alternando-se médicos e enfermeiros. Os enfermeiros também fazem coleta do
PCCU e vacinação 2 vezes por semana. No último dia do mês, reunimos a equipe
para avaliação da produtividade, quando se planeja as ações para o próximo mês.
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade
(primeiro passo)
Uma vez conhecidas as caraterísticas gerais do município, do ponto de vista
geográfico, socioeconômico, cultural, higiênico, ambiental e a situação atual dos
serviços de saúde, a equipe de Saúde da Família Amarino Almeida se reuniu e se
organizou de forma estratégica para a pesquisa de informações acerca dos
principais problemas de saúde enfrentados pela comunidade.
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Alguns integrantes da Equipe pesquisaram em bases de dados, outros
coletaram informações diretamente no território; e a enfermeira e eu coletamos
dados a partir de nossa vivência diária nas consultas, com base nos registros de
atendimentos.
Na sequência, em outra reunião, cada membro explicou os problemas
encontrados, suas causas e consequências e, aplicando o método de estimativa
rápida, definiu-se que os principais problemas de nossa comunidade são:
Município de difícil acesso;
Baixo nível econômico e educacional;
Não existência de uma Central de Regulação;
Baixo risco associado a não percepção do desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e infecciosas;
Aumento da gravidez precoce em adolescentes;
Falta de recursos e pessoal de saúde.
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de
intervenção (segundo passo)
Uma vez listados os problemas, a equipe da Estratégia Saúde da Família
Amarino Almeida fez a priorização dos mesmos, considerando o seu nível de
importância, avaliando este aspecto de forma qualitativa (alta, média, baixa). Logo,
foi avaliada a urgência do problema, utilizando uma escala numérica com um
máximo de 30 pontos; e a capacidade de enfrentar a solução do problema (total,
parcial, fora), ficando da seguinte forma:
1) Aumento da gravidez precoce em adolescentes;
2) Baixo risco associado a não percepção do desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e infecciosas;
3) Não existência de uma Central de Regulação;
4) Falta de recursos e pessoal de saúde;
5) Baixo nível econômico e educacional;
6) Município de difícil acesso.
14
Quadro 1. Classificação de prioridade para os problemas identificados no diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde Amarino Almeida, Unidade Básica de Saúde Amarino Almeida, município de Muaná, estado do Pará.
Problemas Importância* Urgência** Capacidade de enfrentamento***
Seleção/ Priorização****
Aumento da gravidez
precoce em adolescentes Alta 30 Total 1
Baixo risco associado a não
percepção do
desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e
infecciosas.
Alta 25 Total 2
Não existência de uma
Central de Regulação Alta 25 Parcial 3
Falta de recursos e pessoal
de saúde Média 20 Parcial 4
Baixo nível econômico e
educacional Média 15 Fora 5
Município de difícil acesso
Baixa 10 Fora 6
Fonte: Registros da Equipe de Estratégia Saúde da Família Amarino Almeida, Muaná/PA. *Alta, média ou baixa ** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30 ***Total, parcial ou fora ****Ordenar considerando os três itens
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2 JUSTIFICATIVA
Nas últimas duas décadas, a gravidez na adolescência se tornou um
importante tema de debate e alvo de políticas públicas em praticamente todo o
mundo. A gravidez na adolescência teve uma queda de 17% no Brasil segundo
dados preliminares do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) do
Ministério da Saúde (2004 a 2015). Em números absolutos, a redução foi de 661.290
nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos em 2004 para 546.529 em 2015. A
região com mais filhos de mães adolescentes é o Nordeste (180.072 – 32%),
seguido da região Sudeste (179.213 – 32%). A região Norte vem em terceiro lugar,
com 81.427 (14%) nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos, seguida da região
Sul (62.475 – 11%) e Centro Oeste (43.342 – 8%).
O Pará é o estado brasileiro com o maior índice de gravidez de jovens com
idades entre 10 e 19 anos, de acordo com dados do Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (DATASUS). O levantamento do DATASUS mostra uma média
de cerca de 2.600 partos por mês dentro da faixa etária no Estado. De acordo com
dados da Santa Casa de Misericórdia do Pará, dos 782 partos mensais realizados entre
os meses de Janeiro e Outubro de 2015, 23% foram de mães adolescentes.
Segundo o ginecologista e obstetra Nelson Santos, a gravidez precoce traz riscos
tanto para a mãe, como a ocorrência de partos prematuros e o alto índice de
abortamentos, como para o bebê, como o nascimento prematuro e o baixo peso nos
recém-nascidos. Para o psicólogo Altieri Ponciano, a iniciação sexual tem sido cada vez
mais precoce. Segundo ele, o relacionamento com os pais, questões culturais e a falta
de educação sexual influenciam diretamente nas estatísticas.
Pela minha experiência de trabalho como médica clínica, a gravidez pode
estar associada à anemia, hipertensão, prematuridade, maior número de partos
cesarianos com suas consequências como hemorragia e infecções e por tanto
ingressos hospitalares mais prolongados, que elevam os custos. Em minha atividade
profissional, como médica de Família na comunidade Amarino Almeida e, de acordo com
a pesquisa realizada pela nossa equipe de saúde para identificar os principais problemas
de nossa comunidade, observou-se um número elevado de adolescentes grávidas na
área de abrangência da Unidade de Saúde.
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Foi observado em nossa comunidade que ao engravidar, as adolescentes
ficam envergonhadas e abandonam a escola. Em outras ocasiões, este afastamento
se dá por alguma condição ginecológica que exige da adolescente, biologicamente
imatura, repouso absoluto. Do ponto de vista psicológico, sofrem a não aceitação
por parte da família da ideia da gravidez de uma filha não casada, incapacitando-a a
um apoio adequado. Outra polêmica é a de mães solteiras que, por serem muitos
jovens não assumem um compromisso sério, além do afastamento do grupo de
amigos e o agravamento das condições de vida já em situação econômica
desfavorável.
Diante do exposto, o referido trabalho tem o objetivo de reduzir a incidência
da gravidez na adolescência na comunidade. Além de promover questões de
educação sexual no ambiente escolar e familiar. Será realizada uma intervenção
educacional onde serão abordados temas de educação sexual, como sexo seguro,
prevenção de doenças transmissíveis e gravidez precoce.
Pelo exposto, a realização deste trabalho é justificada pela alta prevalência da
gravidez na adolescência na comunidade Amarino Almeida. Tornou-se uma
prioridade da Equipe tentar reverter esta situação, uma vez que apresenta
complicações à esfera biológica, psicológica e social.
17
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Reduzir a incidência da gravidez na adolescência na comunidade Amarino
Almeida, Município de Muaná, estado do Pará.
3.2 Objetivos Específicos
Planejar com a equipe de saúde, grupos educadores e sociais, visando o
desenvolvimento de atividades de prevenção da gravidez na adolescência;
Realizar ações de orientação aos adolescentes sobre educação sexual e
gravidez;
Criar espaços relacionais como forma de promover o empoderamento e
desenvolvimento saudável dos adolescentes.
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4 METODOLOGIA
Serão promovidas atividades educativas no ambiente escolar e familiar, onde
serão abordados temas de educação sexual como sexo seguro, prevenção de
doenças transmissíveis e gravidez precoce, que durarão uma hora semanal durante
um mês, e, ao final de cada reunião será avaliada a qualidade da atividade realizada
(APÊNDICE 1).
As reuniões terão lugar no salão de uma igreja da Comunidade, com a
participação de 20 adolescentes entre 13 e 17 anos, que serão convidados a
participar através de convites entregues pela agente comunitária de saúde
(APÊNDICE 2), na escola e casas dos mesmos.
A intervenção será realizada pelo médico de família da comunidade de
Amarino Almeida, com a colaboração da enfermeira da Equipe de Saúde da Família
(ESF). Além disso, serão realizadas discussões com a equipe de trabalho, uma vez
por semana (quatro encontros), para fortalecer o entendimento teórico e analítico do
tema, desde as perspectivas psicológicas e sociológicas.
As atividades educativas foram divididas em três Projetos:
“Saber mais”, que pretende criar espaços saudáveis para trocas de
experiência e educação sexual;
“Cuidar melhor”, que pretende promover ações de educação sexual nas
escolas e distribuição de preservativos; e
“Mais saúde”, que pretende formar um grupo de apoio aos adolescentes na
UBS de Amarino Almeida.
Cada Projeto será desenvolvido no período de 1 mês, sendo que a avaliação
das atividades será realizada ao longo de cada Projeto. Concluídas as ações
educativas, será avaliada a efetividade das atividades.
A duração total do Plano de Intervenção, contendo os três Projetos, será de 3
meses, com início previsto para fevereiro e conclusão em abril de 2019.
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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1 Definição conceitual de gravidez na adolescência
A gravidez adolescente ou gravidez precoce é aquela gravidez que ocorre em
uma adolescente, entre a adolescência inicial ou puberdade e o final da
adolescência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece a adolescência
entre 10 e 19 anos. O termo também se refere a mulheres grávidas que não
atingiram a maioridade legal, variável de acordo com os diferentes países do mundo,
bem como a adolescentes grávidas que dependem da família de origem (COATES,
2013).
A partir da puberdade, o processo de mudanças físicas começa a transformar
a menina em um adulto capaz de reprodução sexual. Isso não significa, no entanto,
que a menina está pronta para ser mãe (ibid.). Por esta razão, a OMS considera
essencial promover a educação sexual, o planejamento familiar, o acesso aos
anticoncepcionais e os cuidados de saúde universais no âmbito da saúde pública e
dos direitos reprodutivos, a fim de evitar os problemas associados à gravidez na
adolescência (BARROSO; VIEIRA; VARELA, 2003).
A gravidez na adolescência decorre, principalmente, da não-utilização de
métodos contraceptivos e, em menor porcentagem, da utilização inadequada desses
métodos (GAZZINELLI et al., 2005). Muitos adolescentes inexperientes podem usar
o preservativo incorretamente e os adolescentes geralmente esquecem de tomar
anticoncepcionais orais (BUENO, 2010). A taxa de falha contraceptiva (índice de
pérola) é maior nas mulheres adolescentes, especialmente nas pobres, do que nas
mulheres mais velhas.
Nos adolescentes, mais de 80% das gravidezes são indesejadas, e mais da
metade das gravidezes indesejadas ocorrem em mulheres que não usam
contraceptivos e a maioria das outras gravidezes indesejadas são devido ao uso
incorreto de contraceptivos (SANTOS; MARLI, 2014). Um estudo realizado na
América Latina demonstrou que menos de 20% dos homens e menos de 15% das
mulheres usavam algum método anticoncepcional na primeira relação (BRANDÃO,
2011).
20
Representantes dos Ministérios da Saúde e Educação da Argentina, Uruguai,
Brasil, Chile e Paraguai acordaram, em junho de 2017, um conjunto de estratégias
regionais para reduzir a gravidez na adolescência, dado que dois em cada três
nascimentos de mães adolescentes na América Latina estão registrados no Cone
Sul. Entre as estratégias, merece destaque garantir o acesso a anticoncepcionais de
longo prazo e reforçar a educação abrangente da sexualidade (AMERICA, 2017).
5.2 Contextualização histórica e social
O tema da maternidade adolescente tem sido amplamente abordado nas
últimas três décadas e explorado como objeto de estudo a partir de diferentes
perspectivas analíticas e teóricas, tornando-se uma questão prioritária na saúde
sexual reprodutiva. As recentes transformações socioeconômicas e culturais, como a
liberação gradual dos papéis de gênero, a crescente participação das mulheres na
esfera pública, a massificação da educação, as mudanças na dinâmica familiar e a
objetivação da adolescência como período em transição, contribuíram para tornar
visível a maternidade adolescente como um problema recente que deve ser
abordado através de políticas públicas (CORRÊA, 2010).
A pobreza afeta a probabilidade das mulheres jovens engravidar e, se for
esse o caso, entram em um círculo vicioso, uma vez que a maternidade precoce
geralmente compromete seus resultados acadêmicos e seu potencial econômico.
Embora a OMS considere a gravidez adolescente como um problema culturalmente
complexo, ela incentiva o atraso da maternidade e o casamento para evitar altas
taxas de mortalidade materna e mortalidade do recém-nascido, bem como outras
complicações de saúde, associadas à gravidez em adolescentes jovens (HORTA;
SENA, 2010).
De acordo com as informações disponíveis no Instituto Guttmacher, ter
práticas sexuais aos 20 anos de idade é considerado um hábito normal em todo o
mundo. Em países com baixos níveis de gravidez na adolescência, a maternidade
prematura não é considerada adequada, mas as relações sexuais entre
adolescentes, sim, uma vez que é proporcionada informação completa e equilibrada
sobre a sexualidade, facilitando o acesso aos métodos contraceptivos (PANTOJA,
2003).
21
O consumo de álcool e outras drogas produz uma redução na inibição que
pode estimular a atividade sexual indesejada. Antes da idade de 15 anos, a maioria
das experiências de primeira relação sexual nas mulheres não são voluntárias: o
Instituto Guttmacher descobriu que 60% das meninas que tiveram relações sexuais
antes dos 15 anos foram forçadas por homens, em média, seis anos mais velhos
que elas (PANTOJA, 2003).
5.3 Epidemiologia da gravidez na adolescência no Brasil
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), todos
os anos dão à luz 16 milhões de adolescentes, entre 15 e 19 anos, em todo o
mundo, sendo que 95% destes partos ocorrem em países em desenvolvimento
(ROCHA; SIMÕES, 1999). As mortes perinatais são 50% maiores entre os bebês
nascidos de mães com menos de 20 anos que entre aqueles que nasceram de mães
entre 20 e 29 anos (COATES, 2013).
Os nascimentos em mães adolescentes, quando comparados a todos os
nascimentos, oscilam em torno do 2% na China e 18% na América Latina e o
Caribe. Em todo o mundo, sete países representam a metade sozinha de todos os
partos em adolescentes: Bangladesh, Brasil, a República Democrática do Congo,
Etiópia, Índia, Nigéria e os Estados Unidos da América (SANTOS; MARLI, 2014).
Segundo o UNICEF, hoje 21,2 milhões de pessoas no Brasil possuem entre
12 e 18 anos de idade. Isso representa 12,5% da população total do Brasil, que
equivale a 174 milhões de habitantes. Desde 1990, ano em que o governo aprovou o
Estatuto da Criança e do Adolescente, o Brasil fez esforços para melhorar sua
atenção às necessidades específicas desse segmento da população. Muitos novos
programas foram implementados e há uma mudança notável na atitude e no
comportamento dos adolescentes; porém, tanto Governo quanto Organizações Não
Governamentais concordam que ainda há muito a ser feito (BARROSO; VIEIRA;
VARELA, 2003).
Uma pesquisa do Centro de Análise e Planejamento do Ministério da Saúde,
realizada entre dezembro de 1997 e dezembro de 1998, mostrou que 61% dos
jovens entre 16 e 19 anos praticavam relações sexuais. Destes, 40% disseram que
sua primeira vez ocorreu quando tinham menos de 15 anos. Em média, os homens
praticaram sexo antes das mulheres. Esta mesma pesquisa descobriu que os
22
adolescentes que viviam com seus pais e que tinham educação formal tendiam a
iniciar a atividade sexual mais tarde (BUENO, 2010).
No Brasil, a precocidade nas relações sexuais é o problema de saúde mais
grave enfrentado pela população adolescente. Entre as consequências
preocupantes desta atividade sexual inicial estão às gravidezes e as DST’s,
incluindo AIDS (ATTA, 2010).
“A atividade sexual no Brasil já não é tão controlada como antes”, diz Maria
Helena Brandão Vilela, especialista em educação sexual. “A vida sexual de crianças
e jovens hoje não está sujeita ao mesmo nível de repressão que a geração de seus
pais”. Muitas dessas liberdades se refletem nos programas de televisão,
especialmente nas famosas telenovelas brasileiras que lidam abertamente com
assuntos sexuais. Muitas instituições e famílias continuam ligadas ao antigo sistema
de valores e, por isso, crianças e jovens acabam recebendo mensagens
contraditórias sobre sexualidade e reprodução (ATTA, 2010).
Em uma pesquisa realizada em 2002 em áreas urbanas, nas 14 maiores
cidades do Brasil, 60% dos pais não dispunham de informações suficientes sobre
sexualidade e reprodução para transmitir esse conhecimento aos seus filhos e 32%
nunca recomendou aos seus filhos o uso de preservativos. Com relação aos
professores, 47% disseram que seu conhecimento sobre sexualidade e reprodução
foi insuficiente (PRADO, 2011).
Existem várias agências governamentais brasileiras envolvidas em projetos
cujo objetivo é melhorar a saúde dos jovens. Iniciativas que concentram seus
esforços na capacitação de profissionais de saúde, educadores e assistentes
sociais, para que eles possam abordar adequadamente as questões específicas que
os adolescentes devem enfrentar. Algumas regiões do Brasil, que desfrutam de uma
melhor infraestrutura social, como o sul e o sudoeste do país, podem aproveitar
essas iniciativas. No norte e no centro-oeste do Brasil, no entanto, ainda existem
fortes obstáculos culturais à educação sexual (RIBEIRO et al., 2000).
23
6 PLANO DE INTERVENÇÃO
A gravidez na adolescência figura como um problema que atinge parcelas
crescentes da população da comunidade Amarino Almeida, gerando preocupação
por parte da escola e do município, especialmente quanto à relação entre a gravidez
precoce e o abandono da escola.
A adolescência é um período de vida que merece atenção, pois essa
transição entre a infância e a idade adulta pode resultar ou não em problemas
futuros. A gravidez na adolescência é um desses problemas, diante do qual a escola
deve assumir a sua função social, promovendo ações que possam auxiliar na
sensibilização da comunidade através de projetos estruturantes.
Dessa forma, este projeto de prevenção à gravidez na adolescência torna-se
essencial para que sejam abertas as discussões acerca do problema aqui exposto,
pois através da realização de atividades educativas que contarão com a participação
e apoio de professores, pais e alunos da escola-sede de nosso município,
buscaremos a sensibilização dos adolescentes e a reflexão sobre as consequências
de uma gravidez indesejada.
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo)
A gravidez precoce na adolescência constitui 75% das adolescentes da
comunidade Amarino Almeida, que ainda estão em uma etapa da vida no qual a
mulher não está totalmente preparada para enfrentar.
A gravidez na adolescência é muitas vezes encarada de forma negativa do
ponto de vista emocional e financeiro das adolescentes e suas famílias, alterando
drasticamente suas rotinas, podendo acarretar em consequências emocionais,
sociais e econômicas para a saúde da mãe e do filho. A maioria das adolescentes
que engravida abandona os estudos para cuidar do filho, o que aumenta os riscos
de desemprego e dependência econômica dos familiares. Esses fatores contribuem
para a perpetuação da pobreza, baixo nível de escolaridade, abuso e violência
familiar, tanto à mãe como à criança. Além disso, a ocorrência de mortes na infância
é alta em filhos nascidos de mães adolescentes.
24
A situação socioeconômica e a falta de apoio e de acompanhamento da
gestação (pré-natal) contribuem para que as adolescentes não recebam informações
adequadas em relação à alimentação materna apropriada, importância da
amamentação e vacinação da criança. Também é grande o número de adolescentes
que se submetem a abortos inseguros, usando substâncias e remédios para abortar
ou em clínicas clandestinas. Tais fatores ocasionam grandes riscos para a saúde da
adolescente e até mesmo risco de vida, sendo uma das principais causas de morte
materna. Tudo isso acarreta prejuízo às crianças, impacto na saúde pública, além da
limitação no desenvolvimento pessoal, social e profissional da gestante.
6.2 Explicação do problema selecionado (quarto passo)
Há diversos fatores de natureza objetiva e subjetiva que levam à gravidez no
início da vida reprodutiva, tais como:
Falta de conhecimento adequado dos métodos contraceptivos e como usá-
los;
Dificuldade de acesso a esses métodos por parte do adolescente;
Dificuldade e vergonha das meninas em negociar o uso do preservativo pelo
parceiro;
Ingenuidade e submissão;
Violência;
Abandono;
Desejo de estabelecer uma relação estável com o parceiro;
Forte desejo pela maternidade, com expectativa de mudança social e de
obtenção de autonomia através da maternidade;
Meninas com início da vida sexual cada vez mais precoce.
O ambiente familiar também tem relação direta com o início da atividade
sexual. Experiências sexuais precoces são observadas em adolescentes em famílias
onde os irmãos mais velhos já apresentam vida sexual ativa. É comum encontrar
adolescentes grávidas cujas mães também iniciaram a vida sexual precocemente ou
engravidaram durante a sua adolescência.
25
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo)
Os nós críticos identificados foram:
1) Preconceito das gerações anteriores: Seja por separação, seja pela rotina
corrida do dia a dia, os pais estão cada vez mais afastados de seus filhos, o
que dificulta o diálogo e dá ao adolescente uma liberdade sem
responsabilidade. Os pais, além do afastamento dos filhos enfrentam
dificuldades para conversar sobre essas questões. Isso se dá devido à
formação moralista que tiveram. A população interiorana tem costumes e
tradições muitos enraizadas, o que dificulta a livre divulgação do tema da
prevenção da gravidez na adolescência em algum espaço. As informações
sobre sexualidade são tardias, em função dos pais considerarem sempre
precoce falar sobre sexo com seus filhos;
2) Adolescentes com práticas sexuais inseguras: A busca pela liberdade e
independência da autoridade familiar, conflitos quanto à própria aceitação no
círculo de amigos, criação de uma identidade ao se inserir em um grupo
social: tudo isso contribui para o começo precoce das relações sexuais. A
queda dos comportamentos conservadores; a liberdade idealizada; o hábito
de “ficar” em encontros eventuais; a não utilização de métodos
contraceptivos, embora haja distribuição gratuita pelos órgãos de saúde
pública; fazem com que cada dia a atividade sexual infantil e juvenil cresça e
consequentemente haja um aumento do número de gravidezes na
adolescência;
3) Baixo nível de informação acerca do risco da gravidez: Os adolescentes
recebem pouca informação sobre sexualidade em seu ambiente familiar. Os
pais apresentam dificuldade para conversar essas questões. A escola e o
governo também não dão ênfase a estas questões, o tema é tratado
esporadicamente e geralmente só se aborda informação a respeito de
métodos contraceptivos.
26
6.4 Desenho das operações (sexto passo)
Quadro 2 – Operações sobre o “nó crítico 1” relacionado ao problema “Gravidez precoce na adolescência” na população da Equipe de Saúde da Família Amarino Almeida, do município Muaná, Estado do Pará. Nó crítico 1 Preconceito das gerações anteriores.
Operação Criar espaços saudáveis para trocas de experiência e educação
sexual.
Projeto “Saber mais”
Resultados esperados Aumentar o nível de informação e conscientização da população.
Produtos esperados Melhora no grau de informação.
Recursos necessários
Estrutural: médico de família da UBS e enfermeira da ESF.
Cognitivo: informação sobre o tema.
Financeiro: recurso para impressão de folhetos e questionários.
Político: mobilização social (apoio de pais, professores e alunos).
Recursos críticos Políticos: articulação com a secretaria de educação.
Controle dos recursos
críticos Secretaria Municipal de Educação. Motivação: favorável.
Ações estratégicas Não serão necessárias.
Prazo 1 mês
Responsável(is) pelo
acompanhamento das ações Médico de família da UBS e enfermeira da ESF.
Processo de monitoramento
e avaliação das ações
Serão realizadas discussões com a equipe de trabalho, uma vez
por semana (quatro encontros), para fortalecer o entendimento
teórico e analítico do tema, desde as perspectivas psicológicas e
sociológicas.
Concluídas as ações educativas, será avaliada efetividade da
atividade de intervenção.
Quadro 3 – Operações sobre o “nó crítico 2” relacionado ao problema “Gravidez precoce na adolescência” na população da Equipe de Saúde da Família Amarino Almeida, do município Muaná, Estado do Pará Nó crítico 2 Adolescentes com prática sexuais inseguras.
Operação Ações de educação sexual nas escolas e distribuição de
preservativo.
Projeto “Cuidar melhor”
Resultados esperados Diminuir 90% de casos de gravidez no grupo escolar.
Produtos esperados Orientação voltada para cada caso.
Recursos necessários
Estrutural: médico de família da UBS e enfermeira da ESF.
Cognitivo: informação sobre o tema.
Financeiro: recurso para impressão de folhetos e questionários.
Político: mobilização social (apoio de pais, professores e alunos).
Recursos críticos Políticos: vontade de aumentar os recursos pela educação em
saúde.
Controle dos recursos Prefeitura Municipal de Saúde. Motivação: Favorável.
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críticos Secretaria Municipal de Saúde. Motivação: Favorável.
Fundo Nacional de Saúde. Motivação: Indiferente.
Ações estratégicas Apresentar e discutir o Projeto.
Prazo 1 mês
Responsável(is) pelo
acompanhamento das ações Médico de família da UBS e enfermeira da ESF.
Processo de monitoramento
e avaliação das ações
Serão realizadas discussões com a equipe de trabalho, uma vez
por semana (quatro encontros), para fortalecer o entendimento
teórico e analítico do tema, desde as perspectivas psicológicas e
sociológicas.
Concluídas as ações educativas, será avaliada efetividade da
atividade de intervenção.
Quadro 4 – Operações sobre o “nó crítico 3” relacionado ao problema “Gravidez precoce na adolescência” na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Amarino Almeida, do município Muaná, estado do Pará Nó crítico 3 Baixo nível de informação acerca do riscos da gravidez.
Operação Formar grupo de apoio ao adolescente na UBS.
Projeto “Mais saúde”
Resultados
esperados Aumentar o nível de informação e conscientização o da população.
Produtos
esperados Frequência regular nas reuniões mensais do grupo.
Recursos
necessários
Estrutural: médico de família da UBS e enfermeira da ESF, sala de reuniões,
melhorar acesso a consultas.
Cognitivo: informação sobre o tema.
Financeiro: recurso para impressão de folhetos e questionários.
Político: mobilização social (apoio de pais, professores e alunos).
Recursos críticos Financeiros: aquisição de recursos audiovisual, folhetos educativo.
Políticos: conseguir local, mobilização social.
Controle dos
recursos críticos Secretaria Municipal de Saúde. Motivação: Favorável.
Ações estratégicas Não serão necessárias.
Prazo 1 mês
Responsável(is)
pelo
acompanhamento
das ações
Médico de família da UBS e enfermeira da ESF.
Processo de
monitoramento e
avaliação das
ações
Serão realizadas discussões com a equipe de trabalho, uma vez por semana
(quatro encontros), para fortalecer o entendimento teórico e analítico do
tema, desde as perspectivas psicológicas e sociológicas.
Concluídas as ações educativas, será avaliada efetividade da atividade de
intervenção.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto trará informações para a comunidade escolar e para as famílias
sobre as consequências de uma gravidez indesejada, já que a mesma afeta
diretamente o desempenho educacional, uma vez que essas adolescentes se
afastam das atividades escolares devido aos cuidados necessários antes e depois
dessa fase.
O projeto de intervenção aqui desenhado proporcionará discussão ao tempo
em que irá sensibilizar os adolescentes da comunidade Amarino Almeida para as
questões relativas à gravidez e o uso de métodos contraceptivos para a prevenção
das DST. Por fim, irá fortalecer o trabalho em equipe interdisciplinar e intersetorial.
29
REFERÊNCIAS
AMERICA, G. Salud-embarazo. Diario UNO, p. 1–1, 2017. ATTA, M. Características do comportamento sexual de adolescentes grávidas. Ribeirão Preto: FUNPEC, 2010. BARROSO, M. G. T.; VIEIRA, N. F. C.; VARELA, Z. M. Educação em saúde no contexto da promoção humana. Fortaleza (CE): Edições Demócrito Rocha, 2003. 120p. BRANDÃO, M. A mãe solteira e as questões legais. on line. Belo Horizonte: Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM, 22 ago. 2011. BUENO, S. Dicionário da Língua Portuguesa. Brasília (DF): FAE, 2010. COATES, V. Gravidez na adolescência: sexualidade e saúde reprodutiva na adolescência. São Paulo (SP): Atheneu, 2013. CORRÊA, M. D. Riscos médicos da gravidez na adolescência. Brasília DF: Rev Saúde Pública, 2010. GAZZINELLI, A. et al. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Rio de Janeiro (RJ), Cad. Saúde Pública, v. 21, n. 1, p. 200-206, jan./fev.2005. HORTA, N. de C.; SENA, R. R. de. Abordagem ao adolescente e ao jovem nas políticas públicas de saúde no Brasil: um estudo de revisão. Rio de Janeiro (RJ), Physis, v. 20. n. 2, p. 475-495, 2010. PANTOJA, A. L. N. “Ser alguém na vida”: uma análise sócio antropológica da gravidez/ maternidade na adolescência, em Belém do Pará, Brasil. Rio de Janeiro (RJ), Cad. Saúde Pública, v. 19, n. 2, p. 335-343, 2003. PRADO, L. Gravidez não planejada. Paraná: Rev Saúde Pública, 2011. RIBEIRO, E. R. O. et al. Comparação entre duas coortes de mães adolescentes em município do Sudeste do Brasil. Sudeste do Brasil. São Paulo (SP), Rev. Saúde Pública, v. 34, n. 2, p. 136-142, abr. 2000. ROCHA, J. S. Y.; SIMOES, B. J. G. Estudo da assistência hospitalar pública e privada em bases populacionais, 1986-1996. São Paulo (SP), Rev. Saúde Pública, v. 33, n. 1, p. 44-54, fev. 1999. SANTOS, A.; MARLI, G. Coordenadoras do Movimento de Mulheres Olga Benário. Paraná: Ministério da Saúde, 2014.
30
PARÁ. Governo do Estado do Pará. Secretaria Municipal de Saúde do Município de Muaná. Plano Municipal de Saúde de Muaná: 2012-2015. Muaná: Conselho Municipal de Saúde, 2012.
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE EDUCATIVA
Sexo: M ___ F ___
1. Você gostou da atividade? Sim___ Não___ Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2. O assunto abordado hoje foi interessante para você? Sim___ Não___
3. Você já tinha algum conhecimento sobre este assunto? Sim___ Não___
4. Seus pais falaram com você sobre este problema em casa? Sim___ Não___
5. Você foi informado sobre este assunto na escola? Sim___ Não___
6. Você acha que a gravidez inicial ocorre devido à falta de conhecimento de
adolescentes? Sim___ Não___ Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7. Você avalia esta atividade como: Bom___ Regular___ Ruim___ Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8. Há outros problemas de gravidez precoce que você gostaria de saber?
Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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APÊNDICE B - CONVITE AOS ADOLESCENTES PARA PARTICIPAÇÃO EM
ATIVIDADE EDUCATIVA
CONVITE
A equipe de Estratégia Saúde da Família, da Unidade Básica de Saúde
Amarino Almeida, convida os adolescentes da comunidade Amarino Almeida para
participar de encontros sobre Educação Sexual, com a finalidade de obter
conhecimentos, além de esclarecer dúvidas e compartilhar ideias sobre esta
temática. Os encontros acontecerão no salão da Igreja Assembleia de Deus, no mês
de março/2019, às 16 horas, sendo um encontro semanal de uma hora.
CRONOGRAMA
SEMANA 1
HORÁRIO ATIVIDADE
16h00 Assuntos a seres discutidos: - Sexo seguro - Prevenção de doenças transmissíveis - Gravidez precoce
16h40 Lanche
16h50 Questionário
17h00 Encerramento
SEMANA 2
HORÁRIO ATIVIDADE
16h00 Assuntos a seres discutidos: - Sexo seguro - Prevenção de doenças transmissíveis - Gravidez precoce
16h40 Lanche
16h50 Questionário
17h00 Encerramento
SEMANA 3
HORÁRIO ATIVIDADE
16h00 Assuntos a seres discutidos: - Sexo seguro - Prevenção de doenças transmissíveis - Gravidez precoce
16h40 Lanche
16h50 Questionário
17h00 Encerramento
SEMANA 4
HORÁRIO ATIVIDADE
16h00 Assuntos a seres discutidos: - Sexo seguro - Prevenção de doenças transmissíveis - Gravidez precoce
16h40 Lanche
16h50 Questionário
17h00 Encerramento