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FACULDADE DOM ALBERTO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO MOTOR DO DEFICIENTE FÍSICO
Marilete Maus Alberto
SANTA CRUZ DO SUL, SETEMBRO DE 2011.
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Marilete Maus Alberto
EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO MOTOR DO DEFICIENTE FÍSICO
Artigo científico apresentado no curso de Especialização em Educação Especial como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Especial: Atendimento Educacional Especializado.
SANTA CRUZ DO SUL, SETEMBRO DE 2011.
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EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO MOTOR DO DEFICIENTE FÍSICO
Marilete Maus Alberto1 Cleusa Schwantz2
Luana Teixeira Porto3
RESUMO Este estudo aborda a Educação Física como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento motor do deficiente físico. O trabalho tem como objetivo identificar estratégias de atividades pedagógicas que possam promover a realização de exercícios físicos com deficientes físicos, contribuindo para o seu desenvolvimento motor. Para desenvolver a investigação, foram usadas as pesquisas bibliográficas e documentais. Além disso, foi adotado o estudo de caso, tendo como objeto de estudo um aluno da rede municipal de uma escola da região central do Rio Grande do Sul. Os dados também foram alcançados através de entrevista padronizada realizada com a professora do aluno e uma anamnese com a mãe estudante. Com base nos resultados, verificou-se que as atividades de Educação Física Escolar constituem um processo de mediação no desenvolvimento motor e social do aluno com deficiência física e devem ser propostas a partir do nível de desenvolvimento real do educando, permitindo atividades que promovam o seu desenvolvimento motor. Ao realizar o estudo, constatou-se que o papel do professor encaminha-se não só no sentido de componente do grupo, mas também como um elemento mediador nas relações aluno-aluno e aluno-atividade, percebendo-se uma integração positiva. PALAVRAS-CHAVE: deficiente físico- desenvolvimento motor- aprendizagem.
ABSTRACT
This study discusses the physical education as a pedagogical tool for the motor development of the handicapped. The work aims to identify strategies of educational activities that can promote the realization of physical exercises with handicapped people, contributing with their motor development. To develop this research, documentary and bibliographic searches were used. In addition, it was used the case
1. Professora da Rede Municipal de Novo Cabrais, formada em Magistério, graduada em Educação Física e pós-graduanda pela Faculdade Dom Alberto. 2 Professora orientadora do trabalho. 3 Professora orientadora das questões metodológicas do trabalho.
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study, with the object of study a student from the municipal network of a school of the central region of Rio Grande do Sul state. The data were also achieved through standardized interview with the student's teacher and an anamnesis with student’s mother. Based on the results, it was found that the School Physical Activities constitute a mediation process in the motor and social development of the handicapped student and must be proposed from the actual level of development of educating, enabling activities that promote its motor development. To perform the study, it was found that the role of professor forwards not only to the component group, but also as a mediator in relations student-student and student-activity, realizing a positive integration. KEY - WORDS: handicapped, motor development, learning. 1. INTRODUÇÃO
Este estudo aborda dificuldades que alguns profissionais em educação
encontram para desenvolver ações pedagógicas com alunos com deficiências. Tal
dificuldade pode se intensificar quando se considera a disciplina de educação física.
E isso faz com que seja necessário apontar ações de intervenções que possam
ajudar os estudantes com barreiras de aprendizagem a realizarem as atividades
propostas de acordo com sua limitação. Considerando isso, este trabalho propõe um
estudo sobre deficiência física e sua interferência no processo de aprendizagem e
de desenvolvimento motor.
Para abordar este tema, estuda-se principalmente o processo de capacidade
motora de alunos com deficiência física. O norteamento deste estudo pauta-se nos
seguintes objetivos: identificar estratégias de atividades pedagógicas que possam
promover a realização de exercícios físicos com deficientes físicos, contribuindo para
o seu desenvolvimento motor; verificar como o discente portador de deficiência física
está inserido na escola e se ocorre o espírito de cooperação dos colegas em relação
ao discente portador de deficiência física; e ainda diagnosticar o nível de
desenvolvimento da capacidade motora de alunos com necessidades motoras.
A realização de um estudo sobre deficiência física interessa por haver poucos
trabalhos em educação especial que focalizam intervenções didáticas para alunos
portadores de deficiência física possuem e que possam colocá-los em situação de
igualdade de aprendizagem, já que devem ser inseridos em turma do ensino regular.
Além disso, a proposta de investigação mostra-se relevante em virtude do número
expressivo de alunos que estão inseridos no ensino das escolas regulares. No
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desenvolvimento deste estudo, busca-se contribuir para a construção de uma
reflexão sobre a aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais
e identificar estratégias pedagógicas que podem promover a aprendizagem/motora
de discente com deficiência física.
Por fim, destaca-se que esta pesquisa irá auxiliar no desenvolvimento de
práticas pedagógicas concretas na medida em que propõe a análise de um caso de
aluno com deficiência física e de seu processo de aprendizagem, auxiliando os
professores a qualificar suas intervenções de ensino na escola. Considerando que
todo discente tem direito a uma educação de qualidade, justifica-se analisar como
ocorre esta prática durante o processo de ensino aprendizagem.
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA: INTERFACES
2.1 EDUCAÇÃO ENCLUSIVA: APONTAMENTOS TEÓRICOS
A inclusão pressupõe que todas as crianças sejam aceitas como pessoas
únicas e diferentes entre si. Sabemos que somos diferentes, de uma forma ou de
outra, mas também sabemos que nossa sociedade ainda opõe resistência no
momento em que a criança portadora de déficits de qualquer tipo ingressa no ensino
regular.
Muitos professores das classes regulares acreditam que estas crianças
estariam mais bem atendidas em uma classe especial para seu tipo de deficiência
ou em uma escola especial. Estudos têm evidenciado que o convívio com pessoas
com deficiência promove o acesso a uma gama mais ampla de papéis sociais e o
respeito às diferenças, desenvolve a cooperação e a tolerância, favorece a aquisição
do senso de responsabilidade, além de melhorar o desempenho escolar (JOVER,
1999, p.13).
As pessoas com deficiência até meados de 1980 eram mantidos afastados do
convívio com os demais, poucos eram os que freqüentavam uma sala de aula e
mesmo esses iam para instituições exclusivas para deficientes. A inclusão de
crianças e jovens com deficiência no ensino regular só começou a ocorrer há duas
décadas com o direito a matricula, mas a inclusão somente ocorreu de fato mais
tarde, quando começaram a se preocuparem com a aprendizagem, também foi a
partir desse momento que a sociedade começou a mudar a forma de se referir a
eles, pois até então eram chamados de “portadores de deficiência, mas ela logo foi
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abandonada porque a deficiência não é algo que se carrega num momento e em
outro não. Hoje o mais correto é “pessoa com deficiência”. (MOÇO, 2011).
Uma escola inclusiva é vinculada a movimentos sociais mais expansivos, que
exige uma maior igualdade no acesso a bens e serviços. Com ligação a sociedades
democráticas que estão fundamentadas no mérito próprio e individual, na igualdade
de chances, as formas inclusivas salientam a desigualdade de trato como maneira
de restituir uma igualdade que foi desfeita por formas divergentes do ensino especial
e regular. O prevalecimento do direito à educação para todos não se limita ao
cumprimento do que está na lei e aplicá-la, regiamente, às situações
discriminadoras. O tema merece um entendimento mais aprofundado da questão de
justiça. O ambiente escolar justo e desejável para todos não se sustenta unicamente
no fato de os homens serem iguais e nascerem iguais. (MANTOAN, 2006).
2.2 DEFICIÊNCIA FÍSICA: CONCEITO TEÓRICO
Se a sociedade é preconceituosa, se o entorno escolar é preconceituoso, ela
pode se tornar-se preconceituosa. Mas ela pode e deve reagir a cultura do
preconceito, instaurando o diálogo e uma cultura da inclusão. A escola é ao mesmo
tempo, fator e produto da sociedade. Para ser transformadora, libertadora, ela
precisa construir relações novas, fundadas na liberdade, na solidariedade, e no
companheirismo.
Segundo o Decreto Federal nº. 3298/1999, considera-se deficiência física a
alteração completa ou imparcial de um ou mais seguimentos do corpo humano,
acarretando o comprometimento da função física. São elas: paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, e
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que produzam dificuldades para o desempenho de funções”.
Quando ocorre a suspensão dos movimentos, seja de um ou mais membros
inferiores, superiores ou ambos, dizemos que se tem nesse caso uma deficiência
física e de acordo com o grau ou o tipo de comprometimento do(s) membro(s)
teremos então a paralisia, essa por sua vez, diz respeito à capacidade perdida de
contração muscular voluntária, tanto por uma interrupção funcional como orgânica
em qualquer ponto da via motora.
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Conforme Souza (1994), o termo paresia origina-se do grego paresis e
significa relaxação e debilidade. Esse termo é utilizado quando se tem uma limitação
dos movimentos de um indivíduo, ou seja, uma semiparalisia.
2.3 APRENDIZAGEM MOTORA NO PROCESSO EDUCACIONAL PARA O
DEFICIENTE FÍSICO
Segundo Verderi (1998), a integridade física está, desde o início da
humanização, presente na existência do ser humano e esse usa a criatividade para
dar vida e significado aos seus movimentos, preenchendo assim significativamente
os espaços.
Diante dessas questões, torna-se necessário rever o conhecimento que cada
um tem de seu corpo, como traçar o perfil de sua corporeidade. Freitas (1999)
ressalta que “esse corpo expressivo e significativo não é uma representação da
consciência, não é um objeto exterior cuja presença eu posso explorar: ele é uma
permanência que eu vivencio” (p. 52).
Para Gallahue e Osmun (2001), o desenvolvimento de um ser humano não
ocorre em um vácuo, inúmeros fatores de todas as três áreas do comportamento
humano-cognitivo, afetivo e psicomotor influenciam no desenvolvimento, bem como
os fatores próprios do indivíduo, do ambiente e da tarefa em si. As diferenças entre
os seres humanos fazem lembrar-se do princípio de individualidade de todo
aprendizado e como já dito anteriormente, o processo de desenvolvimento motor
deveria lembrar-nos sempre das diferenças em relação à personalidade, mas
especificamente, em relação às características físicas.
2.4 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O
DESENVOLVIMENTO MOTOR DO DEFICIENTE FÍSICO
De acordo com Stokes (2000), uma criança com idade escolar pode dar
preferência para utilizar a cadeira de rodas, pois com a mesma ela terá facilidade de
se deslocar tanto no ambiente escolar quanto nos demais.
Para tanto, ela vai precisar de membros superiores fortes, o que pode ser
conseguido por exercícios de fortalecimento, juntamente com um programa
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esportivo, que pode ser natação e basquetebol em cadeira de rodas. Isso também é
importante no tocante à transferência da cadeira para a cama ou para o vaso
sanitário, embora precise se orientar a ter cuidado com a pele anestesiada. Toda
pessoa que estiver em fase de crescimento precisa de uma avaliação constante
para que não ocorra deformidade na sua coluna e as crianças que utilizam muletas
ou bengalas tem que serem ensinadas de como devem se apoiar ao caírem
eventualmente.
Segundo Duarte e Werner (1995), foi através da Resolução 3/87 do CFE
(Conselho Federal de Educação) que oficialmente apareceu nos cursos de
graduação de Educação Física, a Educação Física Adaptada que prevê a atuação
do professor dessa área com o portador de deficiência e outras necessidades
especiais. No entanto, sabe-se que muitos professores de Educação Física e hoje
atuantes nas escolas não receberam em sua formação conteúdos e/ou assuntos
pertinentes a Educação Física Adaptada ou a inclusão, também falta a preparação
das escolas para receber o deficiente, seja essa preparação, como foi dito
anteriormente, por parte dos seus professores, seja por parte dos próprios colegas
que não tem deficiência ou por último, mas não menos importante do espaço físico
adaptado.
A Educação Física Adaptada “é uma área da Educação Física que tem como
objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades
educativas especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às
características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças
individuais” (DUARTE; WERNER, 1995, p. 9).
Conforme Bueno e Resa (1995), a Educação Física Adaptada nada mais é do
que a mesma Educação Física nos conteúdos, mas com técnicas e preparação
diferenciados para a aplicação ao aluno deficiente.
Partindo do setor da cognição e sob a influência vygotskiana, J. Bruner
interpreta concretamente alguns autores, como Mosston (1978), que desenvolveram
uma teoria que pode ser aplicada a pessoas sejam elas com deficiência ou não, que
ele chamou de “espectro de estilos e dissonância cognitiva”, de que todos têm um
ritmo e maneira diferenciadas de aprender, ou seja, têm capacidades de aprender,
não importando se é uma criança com ou sem deficiência, sem distinção entre os
mesmos, que todos podem e devem participar das atividades esportivas e motrizes
de maneira lúdica.
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Os Parâmetros Curriculares Nacionais citam que por desconhecimento, receio
ou mesmo preconceito dos portadores de deficiência física, foram ou são excluídos
das aulas de Educação Física. Portanto, só tem benefícios a participação dessas
crianças nas aulas de Educação Física, pois as mesmas irão se desenvolver
afetivamente, interagir mais com seus colegas e com isso ocorrerá a inserção social.
É fundamental analisar o tipo de necessidade especial que esse aluno teme é
necessário que haja orientação médica para que esses alunos possam freqüentar as
aulas de Educação Física. Garantidas as condições de segurança, o professor pode
fazer adaptações, criar situações de modo a possibilitar a participação dos alunos
especiais. A aula não precisa se estruturar em função desses alunos, mas o
professor ser flexível fazendo adequações necessárias.
4. APRESENTAÇÃO DO CASO ESTUDADO
Para estudar a deficiência física e sua interferência no processo de
aprendizagem e de desenvolvimento motor, toma-se como foco de análise o caso do
menino Pedro, nome fictício de um estudante de sete anos de idade que apresenta
deficiência física. Pedro é proveniente de uma família de classe média baixa, seus
pais são agricultores e freqüenta a AACD, e a família recebe auxílio da previdência
para portadores de necessidades especiais.
A mãe descobriu que o filho era portador de necessidades especiais no
quarto mês de gestação, através da ultra-sonografia. Desde então, teve um período
gestacional conturbado, vivendo angústia e incertezas que amenizaram com o
passar do tempo. Os médicos acompanharam a gravidez e não houve necessidade
de realizar um parto prematuro, porque o quadro da doença não evoluiu muito. Até
hoje, o menino já realizou várias cirurgias. Quando Pedro nasceu, no nono mês de
gestação, permaneceu um mês no hospital, realizando cirurgias, uma delas de
correção na coluna e colocação de uma válvula na cabeça. A mãe relatou que seu
filho tem um desenvolvimento mental normal, é uma criança muito inteligente, está
no segundo ano escolar, interage muito bem com as pessoas e é muito feliz.
Começou a falar muito cedo, e, com apenas seis meses e meio, já dizia algumas
palavras. Escreve e lê fluentemente. Ele se auto-alfabetizou. Realiza sessões de
fisioterapia duas vezes por semana, mas ainda não caminha.
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5. EXPOSIÇÃO DA ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO
Este estudo realizado teve como objetivo investigar estratégias de
intervenções pedagógicas, que facilitassem o desenvolvimento da aprendizagem
motora e a prática da Educação Física do aluno com deficiência física. Para isso,
houve a investigação e a análise da participação do aluno Pedro nas aulas de
Educação física em sua escola. Percebeu-se que, de acordo com suas
possibilidades, ele é participativo, gosta muito das aulas e tem um bom desempenho
nas atividades realizadas.
A professora desse menino atua há mais de dez anos no magistério, trabalha
quarenta horas semanais. Participou de cursos em Educação Especial ao se
deparar com alunos com necessidades especiais. Ela elabora atividades em que
todos possam participar, usando estratégias de atividades em grupo em que um
ajuda o outro. Pedro, apesar de não caminhar, participa de jogos, exercícios físicos,
jogos com bola, atividades de recreação de acordo com seu potencial, não havendo
diferencial na elaboração das aulas pela professora. Segundo a docente, esses
recursos usados têm alcançado êxito, porque o aluno demonstra total interesse de
participar das aulas. Os movimentos manipulativos como receber, arremessar, rolar
a bola entre outros, envolvem o relacionamento de Pedro com os objetos movidos
através do corpo. Ao proporcionar essas vivências diversas, a docente permite ao
aluno conhecer novas possibilidades de movimentos, o que contribui para a
memória corporal dele.
De acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), as atitudes dos
alunos diante dessas diferenças é algo que será construído na convivência e
dependerá muito da atitude que o professor adotar. É possível integrar essa criança
ao grupo, respeitando suas limitações, e, ao mesmo tempo, dando oportunidade
para desenvolver suas potencialidades.
Baseado nas observações da professora sobre as atividades trabalhadas nas
aulas de Educação Física, além de estarem contribuindo no desenvolvimento motor
do aluno, foi sugerido pela autora desse trabalho dar prioridade aos exercícios de
fortalecimento muscular para os membros superiores, sendo esses mais solicitados
para as tarefas do dia-a-dia. O discente deve realizar os exercícios na posição que
se sentir melhor.
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Como já citado anteriormente, de acordo com Bueno e Resa (1995), a
Educação Física adaptada para portadores de deficiência não se diferencia da
Educação Física em seus conteúdos, mas compreende técnicas e formas de
organização que podem ser aplicados ao indivíduo deficiente. É um processo de
atuação docente com planejamento, visando atender às necessidades de seus
alunos.
É importante ressaltar que a Educação Física só faz sentido quando a
preocupação é compreender essa prática para transformá-la, sendo assim, deve-se
considerar na seleção de conteúdos a realidade material da escola, uma vez que a
apropriação do conhecimento da disciplina supõe adequação de instrumentos
teóricos e práticos, sendo que algumas habilidades corporais exigem, ainda,
materiais específicos.
Segundo Gallahue e Ozmun (2008), a socialização positiva em um ambiente
de Educação Física, recreação ou esporte, geralmente ocorre na forma de um jogo
justo, de comportamento cooperativo, e, em um bom esporte, todos os indicadores
de um comportamento moral positivo estão presentes. A participação em atividades
físicas geralmente ocorre num ambiente social, um local que requer que as crianças
tomem decisões sobre o comportamento cooperativo e competitivo. A atividade
física, então, tem um alto potencial para fomentar um crescimento moral entre seus
alunos. Em resumo, a criança positivamente socializada em sua cultura é aquela
que age moralmente, está preocupada com o bem-estar dos outros e está disposta a
trabalhar cooperativamente para atingir as mesmas metas.
A criança em questão foi observada ao longo de um semestre na realização
de exercícios físicos durante as aulas com sua turma. Foi uma experiência rica e
extremamente válida, pois a cada semana, após aplicação das atividades sob
monitoramento, foi feita uma avaliação, percebendo que foi muito importante para
união dos alunos que passaram a relacionarem-se melhor uns com os outros.
Percebeu-se o crescimento de Pedro em vários aspectos.
De acordo Mantoan (2006), uma preocupação central é a socialização como
algo que acontece pelo simples fato de pessoas fazerem uso do mesmo espaço, no
caso o escolar. Isso pode estar referendado o pressuposto de não devam ser
intencionalmente desenvolvidas atividades que potencializem o convívio e a
aceitação mútua entre alunos e professores. Ao reunir pessoas de diferentes origens
socioeconômicas, culturais, religiosas e com características individuais diversas, a
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escola e seus professores têm de planejar atividades favorecedoras da socialização,
pensando-a como processo de adaptação de um indivíduo a um grupo social e, em
particular, de uma criança à vida em grupo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As escolas de modo em geral estão recebendo alunos cada vez mais
diversificados no que se refere aos aspectos físicos, econômicos e culturais. Na
mesma proporção em que aumenta a diversidade, percebe-se que tem aumentado o
índice de preocupação por parte dos educadores em como agir com essa
diversidade. Por isso é preciso uma postura ética por parte do quadro docente que é
construída na escola. Nesta construção, são fundamentais o auxílio, a orientação
dos educadores, oportunizando situações práticas que possibilitam o exercício de
atividades em que abrangem os discentes em geral, dando enfoque no momento, na
participação do deficiente físico nas aulas de Educação Física.
A inclusão do deficiente no âmbito escolar é algo que deve ser
constantemente estimulado e compartilhado por todos, pois hoje em dia, vivemos
em um mundo interativo e não se pode, de forma alguma, excluir nenhum tipo de
elemento dessa mesma sociedade, pois cada um tem a sua autonomia e as suas
potencialidades e, sendo assim, nada mais justo e benéfico, que a inserção de todo
componente ativo desse conjunto, visando à produtividade e o cooperativismo do
elemento para com o seu meio.
Conclui-se que a Educação Física deve ser entendida não só como um
componente curricular, que procura possibilitar ao aluno a aprendizagem de
determinados conhecimentos, mas também como disciplina que proporciona
experiências vivenciais capazes de contribuir na formação cognitiva, afetiva, social e
motora, tão importante nesta fase de desenvolvimento do aluno.
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REFERÊNCIAS
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