Educar crianças confiantes e competentes

27
“À conversa com pais” « Educar crianças confiantes e competentes » Colaboração entre o webcuco e a USF Egas Moniz webcuco.blogspot.com ww.facebook.com/webcuco

description

Material que serviu de apoio a uma apresentação feita na USF Egas Moniz no âmbito do ciclo de tertúlias "À conversa com os pais". Aborda-se a construção da auto-estima, da confiança em si próprio e da competência. Aponta algumas ideias sobre formas de promover a auto-estima nas crianças. Útil para pais e educadores.

Transcript of Educar crianças confiantes e competentes

Page 1: Educar crianças confiantes e competentes

“À conversa com pais” « Educar crianças confiantes e competentes »

Colaboração entre

o webcuco e a USF Egas Moniz

webcuco.blogspot.com ww.facebook.com/webcuco

Page 2: Educar crianças confiantes e competentes

Plano de apresentação

Definições :

Conceito de Si Próprio

Auto-estima ou Estima de Si

Auto-conceito

Determinantes :

Conhecimento de Si

Dimensão social : sentimento de pertença

Sentimento de competência

Sentimento de confiança

Page 3: Educar crianças confiantes e competentes

Conceito de Si Próprio

É um conceito muito social. É a produção da

identidade individual com o contexto onde se

encontra.

A criança constrói o seu “Si Próprio” graças

aos outros. A ideia que ela tem de si vem dos

outros.

Page 4: Educar crianças confiantes e competentes

A auto-estima constrói-se…

Se, numa crítica, faço uma diferença entre o João e o que o

João fez, ele pode melhorar para ir mais longe.

Isso implica a noção de erro :

Quando o que faço não corresponde ao que eu deveria fazer sobre o

plano factual: é um erro e isso corrige-se.

Quando o que faço não corresponde ao que eu deveria fazer no plano

afectivo, entramos na noção de culpabilidade e isso pode-se reparar.

Quando o que eu faço não corresponde ao que eu deveria fazer no

plano moral, entramos numa noção de moralidade, o que provoca a

vergonha

Page 5: Educar crianças confiantes e competentes

A auto-estima constrói-se…

Sendo a criança uma “esponja”, se fazemos coexistir sobre o

mesmo acto estes 3 planos, podemos provocar na criança

inibições que se tornam em limitações para ela.

No plano pedagógico é necessário distinguir estes 3 planos.

Um bom pedagogo ajuda a criança a aprender com os seus

erros: se lhe dizemos que não é dotado, colocamos-lhe uma

etiqueta que ela conservará toda a sua vida.

Quando a criança diz «eu não vou conseguir», é importante

mostrar-lhe o erro que ela fez e, sobretudo, como corrigir

esse erro para melhorar.

Page 6: Educar crianças confiantes e competentes

Auto-estima

Valor que um sujeito atribui à sua própria pessoa;

julgamento de valor sobre si.

Precisa de ter previamente elaborado as cognições

sobre si. Se estas estão erradas, a auto-estima terá

fortes riscos de não reflectir a realidade da pessoa.

A auto-estima é uma necessidade (na pirâmide de Maslow:

necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de realização).

Page 7: Educar crianças confiantes e competentes

Auto-Estima / Auto-Conceito

Auto-Conceito

Conhecimento

do Eu Ideal do Eu

Auto-Estima

Page 8: Educar crianças confiantes e competentes

Auto-Estima / Auto-conceito

Auto-conceito é a forma como nos vemos. É

quem e o que – consciente ou

inconscientemente – achamos que somos.

Refere-se ao aspecto descritivo da pessoa (dimensão descritiva)

A auto-estima refere-se a uma avaliação

global que cada um faz do seu valor pessoal (dimensão avaliativa)

Page 9: Educar crianças confiantes e competentes

Conceito de Si Próprio (Si) : desenvolvimento

Emergência : de 0 a 2 anos

Diferenciação do seu próprio corpo.

Sentimento de vinculação precoce (sentir-se

amado e com valor) que precisa do amor

incondicional dos pais.

A criança necessita de ser cuidada com carinho e

ternura (especial relevo para o toque).

Page 10: Educar crianças confiantes e competentes

Conceito de Si Próprio (Si) : desenvolvimento

Confirmação do Si : dos 2 aos 5 anos

Consolidação dos primeiros conceitos

Pela linguagem, as identificações, a posse do que sente como seu, os feed-backs…

Sobrestimação das competências

Conceito do Si global e unidimensional

Conceito do Si limitado ao concreto

Page 11: Educar crianças confiantes e competentes

Conceito de Si Próprio (Si) : desenvolvimento

Expansão de Si Próprio (dos 5 aos 7-8 anos)

Complexificação das capacidades cognitivas

Multiplicação das experiências

Permitem:

Comparação social

Imagem de Si Próprio mais diferenciada

Page 12: Educar crianças confiantes e competentes

Conceito de Si Próprio (Si) : desenvolvimento

Nascimento da estima de Si ou auto-estima

(dos 7-8 anos aos 10-12 anos)

Capacidades de auto-crítica

Comparação social mais fina

Page 13: Educar crianças confiantes e competentes

Conceito de Si Próprio (Si) : desenvolvimento

Diferenciação de Si Próprio (dos 10-12 anos aos 15-18 anos)

Procura de Si Próprio em pequenas variações

Vontade de se diferenciar / identificar

Capacidades de abstracção permitem a confrontação entre o Si Próprio Real e Ideal

Estima de Si repousa também sobre aspectos psíquicos

Page 14: Educar crianças confiantes e competentes

Conhecimento de Si

Necessidade que se desenvolve desde o nascimento

Premissa indispensável à auto-estima

Funda-se sobre o processo de vinculação

Papel do adulto de focar a atenção nos aspectos positivos aquando dos feed-back enviados à criança

O pai / educador deve fazer o luto da criança ideal

Page 15: Educar crianças confiantes e competentes

Dimensão social

A influência importante do contexto social na

formação da auto-estima

Noção de « espelho social » : se os outros re-

enviam uma imagem positiva, ela influencia a auto-

estima no mesmo sentido (idem para a imagem

negativa)

Depende dos pais, da família, do grupo, dos

educadores, dos adultos significativos em graus que

variam com o tempo.

Page 16: Educar crianças confiantes e competentes

Comparação social

Nós avaliamo-nos comparando-nos com os outros.

Uma comparação favorável leva a um aumento da

auto-estima (o contrário também é verdade)

Os sujeitos « chico espertos » ou « que gostam de

se armar » podem proteger a sua auto-estima

comparando-se com pessoas menos capazes que

eles.

Page 17: Educar crianças confiantes e competentes

Sentimento de pertença

A necessidade de pertencer a um grupo não pode ser satisfeita apenas pela família.

Necessidade de habilidades sociais : colaboração, cooperação, descentração, generosidade,…(que se aprendem: é necessário que a criança

aprenda a sair do seu egocentrismo para regular as suas necessidades em função dos outros e para ser aceite no grupo e dele tirar benefício).

Pertencer ao grupo deve permitir sentir-se útil a esse grupo, importante para ele, responsável nele, reconhecido por ele.

Page 18: Educar crianças confiantes e competentes

Sentimento de Competência

Com o crescer dá-se a multiplicação de experiências de

autonomia, que permite conhecer as suas competências.

Necessidade de vivenciar o sucesso para desenvolver um sentimento de competência. Para adquirir a convicção de que « eu posso »

Necessidade de vivenciar o sucesso para ousar envolver-se numa actividade, manter-se motivado e perseverar face às dificuldades.

O educador deve propor actividades/desafios adaptados às capacidades da criança (evitar o fracasso sistemático).

Page 19: Educar crianças confiantes e competentes

Sentimento de Competência

Auto-estima

Envolvimento e

perseverança

Sentimento

De eficácia/

orgulho

Motivação

Page 20: Educar crianças confiantes e competentes

Sentimento de Competência

Noção de « locus de contrôle » (a que causa tenho tendência de atribuir os meus sucessos e fracassos: a mim ou ao exterior?):

Os indivíduos com uma alta auto-estima tendem a atribuir a si os seus sucessos mas justificam os seus fracassos por causas exteriores.

No caso de baixa auto-estima observamos : sobre-generalização dos fracassos – por vezes culpabilização – atribuição externa mais frequente em caso de sucesso

Explicar à criança que o seu sucesso se deve a ela, não à sorte ou azar, ou aos outros.

Explicar e relativizar as causas dum fracasso.

Na sociedade actual a ansiedade de desempenho manifesta-se cada vez mais cedo (por vezes desde o pré-escolar), o que pode, simplesmente, bloquear a criança nos seus feitos.

Page 21: Educar crianças confiantes e competentes

Sentimento de Confiança

Considerada como uma necessidade universal (necessidade de segurança física e depois psicológica)

O sentimento de confiança evoluí do sentimento de segurança física e depois psicológica

O sentimento de confiança funda-se no fenómeno de vinculação, como o conceito de Si Próprio.

Page 22: Educar crianças confiantes e competentes

Sentimento de Confiança

O sentimento de confiança depende :

Segurança e estabilidade do meio ambiente

A segurança psicológica face ao adulto

Estabilidade dos intervenientes

Estabilidade dos comportamentos, previsibilidade das reacções do adulto

Fiabilidade das promessas do adulto

Com confiança, a criança aprende a aceitar os atrasos na satisfação das suas necessidades, a tolerar a frustração

Page 23: Educar crianças confiantes e competentes

Síntese dos determinantes

Estima de Si

Ou

Auto-estima

Aspectos subjectivos :

Conceito de Si

Capacidades cognitivas de auto-avaliação

Valores próprios, domínios julgados importantes

Relação entre sucesso e expectativas

Dimensão social:

Influência dos pares

Comparação social

Espelho Social

Quadro de referência:

Papel social

Contexto social

Influência parental:

-limites/liberdade

-aprovação

-respeito

-afeição

-apoio

Page 24: Educar crianças confiantes e competentes

Síntese dos Determinantes (2)

Estima de Si

Ou auto-estima

Aspectos subjectivos Dimensão social Influência parental

CONHECIMENTO

DE

SI

SENTIMENTO

DE

CONFIANÇA

SENTIMENTO

DE

PERTENÇA

SENTIMENTO

DE

COMPETÊNCIA

Page 25: Educar crianças confiantes e competentes

Consequências da baixa auto-estima

Consequências nas relações familiares

Consequências nos resultados escolares

Consequências nas relações com os pares

Consequências na relação consigo próprio

O nível de auto-estima influencia as emoções sentidas pelo indivíduo (depressões).

Problemas do comportamento

ansiedade – agressividade – timidez excessiva…

Page 26: Educar crianças confiantes e competentes

O Conceito de Nós Próprios Fernando Pessoa, in 'Teoria e Prática do Comércio'

Cada homem, desde que sai da nebulose da infância e da adolescência, é em grande parte um produto

do seu conceito de si mesmo. Pode dizer-se sem exagero mais que verbal, que temos duas espécies de

pais: os nossos pais, propriamente ditos, a quem devemos o ser físico e a base hereditária do nosso

temperamento; e, depois, o meio em que vivemos, e o conceito que formamos de nós próprios - mãe e

pai, por assim dizer, do nosso ser mental definitivo.

Se um homem criar o hábito de se julgar inteligente, não obterá com isso, é certo, um grau de

inteligência que não tem; mas fará mais da inteligência que tem do que se julgar estúpido. E isto, que se

dá num caso intelectual, mais marcadamente se dá num caso moral, pois a plasticidade das nossas

qualidades morais é muito mais acentuada que a das faculdades da nossa mente.

Ora, ordinariamente, o que é verdade da psicologia individual - abstraindo daqueles fenómenos que são

exclusivamente individuais - é também verdade da psicologia colectiva. Uma nação que habitualmente

pense mal de si mesma acabará por merecer o conceito de si que anteformou. Envenena-se

mentalmente.

O primeiro passo passou para uma regeneração, económica ou outra, de Portugal é criarmos um estado

de espírito de confiança - mais, de certeza, nessa regeneração. Não se diga que os «factos» provam o

contrário. Os factos provam o que quer o raciocinador. (…) E como assim é, tanto podemos crer que

nos regenaremos, como crer o contrário. Se temos, pois, a liberdade de escolha, porque não escolher a

atitude mental que nos é mais favorável em vez daquela que nos é menos?

Page 27: Educar crianças confiantes e competentes

FIM DA EXPOSIÇÃO

Questões – respostas – comentários