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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO
FÍSICA
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA
SOBRE ANSIEDADE, HUMOR, MODULAÇÃO
AUTONÔMICA E ATIVIDADE CEREBRAL EM MULHERES
COM SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL
Cinthia Beatriz da Fonseca
NATAL - RN
2016
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE ANSIEDADE,
HUMOR, MODULAÇÃO AUTONÔMICA E ATIVIDADE CEREBRAL EM MULHERES
COM SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL.
CINTHIA BEATRIZ DA FONSECA
Projeto de dissertação apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Física da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Educação
Física.
ORIENTADOR: Prof. Dr. HASSAN MOHAMED ELSANGEDY
CINTHIA BEATRIZ DA FONSECA
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE ANSIEDADE,
HUMOR, MODULAÇÃO AUTONÔMICA E ATIVIDADE CEREBRAL EM MULHERES
COM SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy
Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano
Prof. Dr. Marcelo Marcos Piva Demarzo
SUPLENTES
Prof. Dr. Kleverton Krinski
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo que alcancei e principalmente por me proporcionar forças
durante todos os momentos difíceis ao longo da jornada. A minha família que sempre
me apoiou e me ajudou no que fosse preciso e peço perdão pela ausência. Ao meu
namorado Paulo Henrique por todos os conselhos me ajudando a sempre tomar a
decisão correta e por estar ao meu lado em todos os momentos que precisei, com
muita compreensão, carinho e amor.
Ao meu orientador prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy, pelo qual expresso
enorme admiração como ser humano. Agradeço muito pela oportunidade, pela
confiança e por acreditar em mim e no meu trabalho. Além disso, por todo
aprendizado acerca de pesquisa e vida. Ao prof. Dr. Eduardo Caldas Costa pela
compreensão, disponibilidade e apoio em ajudar na solução de questões durante
minha formação desde a graduação. Aos professores Dr. Alexandre Hideki Okano e
Dr. Eduardo Bodnariuc Fontes pelo apoio e incentivo.
Aos Doutorando André Fonteles que me incentivou a chegar onde estou,
agradeço pela amizade, por acreditar em mim, pela disponibilidade e apoio de ajudar
sempre. Aos Doutorandos Luiz Fernando e Daniel Machado que me ajudaram muito
e sem dúvida não teria conseguido sem eles, agradeço pela amizade e por contribuir
para minha formação além de todos os momentos de descontração. Agradeço a
todos os membros de Grupo de pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
(GEPEBIEX) os quais passo mais tempo do que minha família que de alguma forma
ajudaram para minha formação. Aos antigos integrantes Thiago Farias e Rodrigo
Browne que contribuíram muito nesse grande passo da minha carreira.
Aos alunos da graduação Vinicius Moreira e Victor Moreira pela
disponibilidade de ajudar nas coletas. Agradeço a todas as voluntárias pela
disponibilidade e energia em todas as etapas do nosso estudo, pois sem elas esse
trabalho não existiria.
Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão da bolsa durante o último ano de mestrado.
Agradeço as minhas amigas Cris, Luana, Fernanda e Aline pela compreensão
das ausências, as palavras nos momentos difíceis e por todos os momentos felizes
v
nos quais me proporcionaram nessa jornada. Aos meus eternos amigos da
graduação que me acompanharam nessa jornada.
Enfim, a todas as pessoas, independente de terem sido citadas, que
contribuíram de alguma forma para minha formação e para meu amadurecimento
profissional e pessoal meus sinceros agradecimentos.
vi
EPÍGRAFE
“Talvez não tenha conseguido fazer o
melhor, mas lutei para que o melhor fosse
feito. Não sou o que deveria ser, mas graças
a Deus não sou o que era antes”.
(Marthin Luther King)
vii
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17
2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 19
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 19
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 19
3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 20
3.1 SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL: CONCEITO, DIAGNÓSTICO E EPIDEMIOLOGIA. ............................. 20
3.2 HORMÔNIOS SEXUAIS FEMININOS, MODULAÇÃO DE REGIÕES CEREBRAIS E FUNÇÃO
AUTONÔMICA. ........................................................................................................................................ 21
3.3 TRATAMENTOS UTILIZADOS A SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL. ................................................... 25
3.4 RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS. ......................................... 26
3.5 RESPOSTAS PSICOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS Á RAL E SUA UTILIZAÇÃO. .................................. 28
3.6 MECANISMOS DE AÇÃO DA RAL: MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CEREBRAL. ............................. 31
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 34
4.1 AMOSTRA ........................................................................................................................... 34
4.2 DESENHO DO ESTUDO ......................................................................................................... 34
4.3 AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS RELACIONADOS À SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL ............................. 36
4.4 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E AVALIAÇÃO FÍSICA INICIAL..................................................... 36
4.5 ANÁLISE DO ESTADO DE HUMOR .......................................................................................... 36
4.6 ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE ........................................................................................ 37
4.7 RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA .......................................................................................... 37
4.8 ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA (VFC) .............................................. 40
4.9 ANÁLISE DA ATIVIDADE CEREBRAL ....................................................................................... 40
4.10. PROCESSAMENTO DOS DADOS DO EEG ............................................................................ 41
4.11. LOCALIZAÇÃO DE FONTE DA ATIVIDADE DO EEG - ANÁLISE COM SLORETA ........................... 42
4.12. ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................................... 43
5. RESULTADOS ................................................................................................. 45
5.1 VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS ................................................................................................ 46
5.2 VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA ........................................................................ 49
5.3 ATIVIDADE CEREBRAL ......................................................................................................... 51
6. DISCUSSÃO..................................................................................................... 54
7. CONCLUSÃO ................................................................................................... 58
viii
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59
LISTA DE ANEXOS ................................................................................................. 67
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desenho do estudo;
Figura 2 – Demonstração do comportamento da frequência cardíaca em função da
respiração no grupo experimental;
Figura 3 – Demonstração do comportamento da frequência cardíaca em função da
respiração no grupo controle;
Figura 4 – Desenho das sessões experimentais;
Figura 5 – Comparação entre deltas do nível de ansiedade estado;
Figura 6 – Mapa de estatística paramétrica de diferença do sLORETA em θ (6,5-8
Hz), comparando o momento após (POS) a execução da respiração abdominal lenta
(RAL) com antes (PRE) dela;
Figura 7 – Mapa de estatística paramétrica de diferença do sLORETA em α-1 (8,5-10
Hz) comparando o momento após (POS) a execução da respiração abdominal lenta
(RAL) com antes (PRE) dela;
Figura 8 – Mapa de estatística paramétrica de diferença do sLORETA em β-3 (21,5-
30 Hz) comparando o momento após (POS) a execução da respiração abdominal
lenta (RAL) com antes (PRE) dela.
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização da amostra;
Tabela 2. Prevalência e intensidade dos sintomas da síndrome pré-menstrual.
Tabela 3. Comparação dos domínios de humor da escala de humor de BRUMS;
Tabela 4. Comparação dos índices de variabilidade da frequência cardíaca no
domínio do tempo e da frequência.
xi
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
CON – controle;
DSR - relatório de sintomas diários;
EEG – eletroencefalograma ou eletroencefalografia;
Hz – hertz;
RAL – respiração abdominal lenta;
SPM – síndrome pré-menstrual;
SNA – sistema nervoso autônomo;
sLORETA - tomografia eletromagnética padronizada de baixa resolução;
TDPM – transtorno disfórico pré-menstrual;
VFC – variabilidade da frequência cardíaca;
α – alfa;
β – beta;
θ – teta;
δ – delta;
Ω - potência total.
xii
RESUMO
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE ANSIEDADE,
HUMOR, MODULAÇÃO AUTONÔMICA E ATIVIDADE CEREBRAL EM MULHERES
COM SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL
Autora: CINTHIA BEATRIZ DA FONSECA
Orientador: Prof. Dr. HASSAN MOHAMED ELSANGEDY
Introdução: A síndrome pré-menstrual (SPM) é caracterizada por uma série de
sintomas emocionais, físicos e fisiológicos. Diversas estratégias têm sido utilizadas
para minimizar os sintomas causados pela SPM. Uma ferramenta alternativa que
vem sendo utilizada para o tratamento de doenças psicológicas é a respiração
abdominal lenta (RAL), que consiste na diminuição da taxa respiratória a uma
velocidade que estimule o barorreflexo. Alguns resultados mostram que essa técnica
melhora o estresse, ansiedade e humor negativo sugerindo que esse método pode
ser eficaz para a modulação de respostas emocionais. Objetivo: Verificar o efeito
agudo da RAL sobre ansiedade, humor, modulação autonômica e atividade cerebral
em mulheres com SPM. Métodos: 20 mulheres saudáveis com SPM foram alocadas
em dois grupos independentes em uma ordem aleatória (experimental n= 9 e
controle n= 11). O grupo experimental realizou RAL em seis ciclos/minuto e no
controle mantiveram sua taxa respiratória normal, ambas por 20 minutos. Antes e
depois da RAL ou controle foram avaliadas estado de ansiedade, humor,
variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e eletroencefalografia (EEG) em repouso.
Os dados do EEG foram analisados pelo programa sLORETA para localização das
regiões cerebrais as quais sofreram mudança. Resultados: A análise de covariância
xiii
evidenciou que não houve efeito na ansiedade nem no humor (P>0,05). A ANOVA de
dois fatores mista mostrou que houve apenas modificações nos índices de VFC,
ocorridos durante a RAL com uma diminuição do HF (P<0,001) e aumento do LF/HF
(P<0,000). Além disso, o sLORETA não evidenciou mudanças na atividade cerebral.
Conclusão: A RAL promoveu modulação simpática indicativo de estresse, bem
como não foi suficiente para promover melhoras agudas nos sintomas de ansiedade,
humor e modificar a atividade cerebral em mulheres com síndrome pré-menstrual.
Palavras-chaves: Biofeedback, ciclo menstrual, EEG.
xiv
i
ABSTRACT
ACUTE EFFECT OF SLOW ABDOMINAL BREATHING ON ANXIETY, MOOD,
AUTONOMIC MODULATION AND BRAIN ACTIVITY IN WOMEN WITH
PREMENTRUAL SYNDROME.
Author: CINTHIA BEATRIZ DA FONSECA
Advisor: Prof. Dr. HASSAN MOHAMED ELSANGEDY
Introduction: Premenstrual syndrome (PMS) is characterized by a series of
emotional, physical and physiological symptoms. Several strategies have been used
to ameliorate the symptoms caused by PMS. An alternative tool that has been used
for the treatment of psychological disorders is slow abdominal breathing (SAB), which
consists of reducing respiratory rate at a speed that stimulates the baroreflex. Some
studies have shown that this technique improves stress, anxiety and negative mood.
Suggesting that this method may be effective in the modulation of emotional
responses. Purpose: To evaluate the acute effect of SAB on anxiety, mood,
autonomic modulation and brain activity in women with PMS. Methods: 20 healthy
women with PMS were allocated into two groups in a random order independent
(experimental, n = 9; and control, n = 11). The experimental group performed SAB at
a rate of six cycles / min and the control group kept breathing at normal rate, both
groups for 20 minutes. Before and after SAB or control state of anxiety, mood, heart
rate variability (HRV) and electroencephalography (EEG) were measure in a seated
position. EEG data were analyzed by sLORETA for source localization. Results: The
analysis of covariance showed that there was no effect of SAB on anxiety or mood
(P> 0.05). The two mixed factors ANOVA showed that only change in HRV indices
occurred during SAB with a decrease in HF (P<0,001) and an increase in LF/HF
(P<0,000). Furthermore, the sLORETA analysis showed no changes in brain activity.
Conclusion: SAB acutely modulated sympathetic activity indicative of increased
xv
stress and did not improved symptoms of anxiety, mood nor modify brain activity in
women with premenstrual syndrome.
Key words: Biofeedback, menstrual cycle, EEG.
xvi
17
1. INTRODUÇÃO
A Síndrome pré-menstrual (SPM) é um transtorno recorrente na fase lútea do
ciclo menstrual, caracterizado por uma série de alterações físicas (cansaço, cefaleia,
mastalgia, dor abdominal, etc.), emocionais (irritabilidade, depressão, ansiedade,
etc.) e fisiológicas (hormonais, cardiovasculares, neurais), que afetam a vida das
mulheres 1–3. Os sintomas se agravam, geralmente, por volta do 24° ou 25° dia do
ciclo desaparecendo no início ou durante o fluxo menstrual 1. É importante destacar
que a SPM apresenta considerável prevalência, atingindo 75% das mulheres que
possuem idade fértil 4.
Recentemente, alguns estudos utilizando ressonância magnética observaram
que mulheres durante período pré-menstrual apresentam áreas corticais modificadas
responsáveis pelo controle emocional 5, tais como, maior ativação do córtex pré-
frontal 6 e dorsolateral 7. O mecanismo envolvido ainda não está claro, entretanto,
alguns estudos sugerem que os hormônios sexuais femininos além de causar
alterações na função autonômica 3 podem modular estas regiões cerebrais
envolvidas na SPM.
Para amenizar os sintomas da SPM, diferentes estratégias têm sido utilizadas
tais como o uso de contraceptivo oral, suplementação nutricional e o uso de drogas
que promovem receptação de serotonina. Entretanto, os resultados não são
satisfatórios 8–11. Recentemente, uma estratégia não farmacológica que tem sido
utilizada para melhora significativa sobre os estados emocionais (estresse,
ansiedade, estado de humor negativo) 12–14 é a respiração abdominal lenta (RAL).
Essa técnica de relaxamento consiste na diminuição da taxa respiratória a uma
velocidade que promova alterações na frequência cardíaca e estimule o barorreflexo
15.
Estudos têm sugerido que essa técnica altera o sistema nervoso autonômico
15,16 através da regulação do controle vagal cardíaco 14. Outros estudos mais
recentes têm sugerido que os efeitos da RAL são advindos da modulação cerebral
13,17. Em estudos utilizando eletroencefalografia (EEG), foram evidenciadas
alterações no giro cingulado (sistema límbico) e áreas responsáveis pelo controle
18
emocional 17,18 sugerindo que este método é eficaz para a modulação de respostas
emocionais 12–14.
Embora alguns estudos tenham avaliado os efeitos da RAL em aspectos
emocionais 19, fisiológicos 13 e neurais 20 em pessoas com ou sem patologias
psicológicas e em condições submetidas ao estresse, nenhum estudo se propôs a
verificar em mulheres com síndrome pré-menstrual. Desta forma, em função da sua
fácil aplicação e efeitos benéficos sobre estados emocionais, a RAL apresenta-se
como ferramenta promissora no controle dos sintomas emocionais e fisiológicos de
mulheres com SPM. Portanto, o presente estudo tem como objetivo verificar os
efeitos de uma única sessão de respiração abdominal lenta sobre ansiedade, humor,
modulação autonômica e atividade cerebral em mulheres com síndrome pré-
menstrual.
Com base nas evidências citadas anteriormente sobre os benefícios da RAL
agudos e crônicos em estados psicofisiológicos 13,15,16,19–25, acreditamos que apenas
uma única sessão de RAL promoverá diminuição de alguns sintomas emocionais
causados pela SPM (ansiedade e humor negativo). Em relação aos aspectos
cardiovasculares, esperamos uma modulação no sistema nervoso autônomo. Quanto
as repostas neurais, espera-se uma modulação do córtex pré-frontal e áreas límbicas
16,19,26, além disso, um aumento nas ondas alfa (α) e/ou teta (θ) (associadas a calma
e relaxamento), assim como diminuição das ondas β (associada a excitação) dessas
mulheres.
19
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Verificar os efeitos da respiração abdominal lenta sobre ansiedade, humor,
modulação autonômica cardíaca e atividade cerebral em mulheres com síndrome
pré-menstrual.
2.2 Objetivos específicos
a) analisar as possíveis influências da RAL sobre a ansiedade e o humor;
b) verificar as possíveis influências da RAL na função autonômica;
c) identificar as possíveis alterações no padrão de ativação cerebral e as
regiões cerebrais as quais sofreram mudança após uma sessão da RAL.
20
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Síndrome pré-menstrual: conceito, diagnóstico e epidemiologia.
Diversas mulheres em idade reprodutiva reportam alterações físicas 1,
cognitivas 3, emocionais 27 e comportamentais 28 durante a fase lútea do ciclo
menstrual 2. Tais sintomas, interferem de maneira significativa a vida diária das
mesmas no seu funcionamento ocupacional, social e com repetição a cada ciclo 29.
Essas alterações possuem diversas denominações como Tensão pré-menstrual,
Síndrome pré-menstrual (SPM), Transtorno disfórico da fase lútea tardia ou
Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) 29. Os sintomas se agravam por volta do
24° ou 25° dia do ciclo, possivelmente, entre 10 a 14 dias antes da menstruação, e
alivio rápido após o início do fluxo 1.
Devido ao grande número de sintomas relacionado a SPM, não existe um
consenso atribuído a uma definição precisa, mas sim uma postulação de que haja
diferentes tipos de acordo com as intensidades dos sintomas (leve, moderado,
severo), fatores ambientais e psicológicos associados 29. A intensidade e modificação
dos sintomas variam entre as mulheres, geralmente ocorre no período da menarca
até a menopausa 30. É importante destacar que a SPM apesar de sintomas similares
a depressão, ansiedade, por exemplo, ela se difere dessas e outras doenças
psiquiátricas 30.
Cerca de 80% das mulheres apresentam ao menos um sintoma leve durante o
período pré-menstrual sendo 20 a 50% intensidade moderada e 5% grave 31. Não
existe um exame ou teste em definitivo rígido como critério de diagnóstico na SPM 29–
31. Os critérios adotados pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
para diagnóstico (Premenstrual Dysphoric Disorder), são possuir cinco ou mais dos
11 sintomas possíveis no período pré-menstrual desaparecendo no início da
menstruação 32. Pelo menos um desses cinco deve ser tristeza, ansiedade, humor
deprimido e irritabilidade. O Colégio Americano de Ginecologia e obstetrícia utiliza
para diagnóstico da SPM, apenas um sintoma físico e/ou emocional durante os cinco
dias que antecedem a menstruação 33.
21
Por haver variabilidade dos sintomas recomenda-se que a mulher anote-os
como diário, geralmente, solicitado pelo médico durante dois ou três ciclos
consecutivos 2,30,32,33. Estudos epidemiológicos sugerem que existe uma alta
prevalência de mulheres com síndrome pré-menstrual 1,34,35. Metade destas mulheres
estão em idade reprodutiva 35. No estudo de Silva et al. 34 um estudo de base
populacional, observou que um quarto das mulheres apresentam esse problema de
saúde. No Brasil, um grande número de mulheres são acometidas por SPM 36. Os
sinais e sintomas que são frequentemente observados são: alterações de humor,
ansiedade, tensão (nervos à flor da pele), irritabilidade, sensibilidade nas mamas
(mastalgia), inchaço nas pernas (as vezes no corpo todo), ganho de peso, cefaleia,
raiva, fadiga, alterações de apetite, hipersonia ou insônia, depressão e dor nas
pernas 1,29–31,37.
Silva et al. 34 observaram que existe maior prevalência nos sintomas de
irritabilidade, desconforto abdominal, nervosismo, cefaleia, cansaço e mastalgia 34.
Corroborando com o estudo de Nogueira et al. 1 maior prevalência para irritabilidade
(86,4%), cansaço (70,9%), depressão (61,8%), cefaleia (61,8%), mastalgia (59,1%) e
desconforto abdominal (54,5%) 1. Muramatsu et al. 38 verificaram que a mastalgia
(83,7%), desconforto abdominal (69,7%), impaciência (79%) e relacionar-se mau
(34,8%), são os sintomas mais evidentes 38.
Assim como alguns transtornos psicológicos ainda não possuem uma teoria
em definitivo para explicar os mecanismos subjacentes da fisiopatogênese, ainda
não está claro na literatura sobre os possíveis fatores que desencadeiem a
sintomatologia da Síndrome pré-menstrual.
3.2 Hormônios sexuais femininos, modulação de regiões cerebrais e função
autonômica.
Diversas teorias têm sido propostas no intuito de explicar a fisiopatologia da
SPM. Por isso, é possível especular que os mecanismos ocorridos na SPM sejam de
ordem multifatorial e que ainda exista uma predisposição genética 39. O consenso
atual sugere que a função ovariana seja o principal responsável aos eventos
ocorridos no SNC e tecidos, provocando questionamentos em relação a
22
neuromodulação dos hormônios esteroides sobre os neurotransmissores que atuam
no comportamento e cognição 29,30.
Schmidt et al. 40 observaram que em mulheres com Síndrome pré-menstrual a
ocorrência dos sintomas representa uma resposta anormal dos hormônios esteroides
gonodais 40. Ziomkiewicz et al. 41 verificaram que há um efeito negativo do baixo nível
de progesterona no período pré-menstrual, associado aos sintomas de humor e
fadiga em mulheres saudáveis com idade reprodutiva 41. Portanto, mulheres com
SPM possivelmente têm excesso ou deficiência dos hormônios esteroides gonodais
que podem alterar o processamento de fatores como estresse e estados
comportamentais 42. Andreano et al. 43 observaram que durante a fase lútea, o nível
de cortisol aumenta quando os níveis de progesterona estão elevados, enquanto que
na fase folicular diminui quando as concentrações de estrógeno aumentam 43.
Rubinow et al. 44 observaram que o estrógeno pode regular a serotonina, um
neurotransmissor implicado na regulação do humor e da ansiedade, assim como na
regulação do apetite, sono e interesse sexual 44,45. O mesmo foi observado por
Kikuchi et al. 46 que através de uma análise de regressão linear verificou uma
correlação significativa entre o estrógeno e serotonina no sangue durante a fase
lútea (pré-menstrual), porém o mesmo não foi observado na fase folicular, logo
sugere-se que o estrógeno pode contribuir na modulação das concentrações de
serotonina e nas sinapses cerebrais, por conseguinte, mulheres com SPM
apresentaram humor negativo, tensão, ansiedade e fadiga 46. Desoto et al. 47
demonstraram que as oscilações de estrógeno em mulheres mais sensíveis,
promovem agravamento de sintomas relacionados ao humor, devido as flutuações
serotoquinérgicas que estão atreladas as alterações de estrógeno e progesterona.
Além disso, mulheres que utilizam contraceptivos possuem diferente variação
hormonal 47.
Em uma recente revisão sistemática, Toffoletto et al. 48 evidenciaram que os
hormônios sexuais esteroides são capazes de modular regiões corticais e
subcorticais implicadas no processamento emocional e cognitivo. Porém, se faz
necessário ainda a identificação dos mecanismos funcionais neurais do cérebro, para
tais alterações induzidas por hormônios esteroides sexuais 48. Gingnell et al. 49 em
um estudo preliminar observaram que pacientes com síndrome pré-menstrual severa
23
(TDPM) são caracterizados por circuito de processamento corticolímbico alterados
especificamente em resposta as emoções sociais, e que a progesterona, em parte,
influencia o processamento corticolímbico por ajuste em áreas de processamento
emocional 49.
Baller et al. 7 em um estudo de neuroimagem, observaram que ativação
anormal de memória de trabalho em pacientes de transtorno disfórico pré-menstrual,
especificamente no córtex pré-frontal dorsolateral, pode estar relacionado com
gravidade dos sintomas, a idade de início, e o fardo da doença 7. Além disso, Liu et
al. 50 observaram redução do ácido gama-aminobutírico e elevados níveis de
glutamato-glutamina no córtex cingulado anterior e córtex pré-frontal medial, em
mulheres com TDPM. Estes resultados suportam a hipótese de que a desregulação
do aminoácido neurotransmissor do sistema pode ser um importante mecanismo
neurobiológico que contribui para a patogênese da síndrome 50.
Rapkin et al. 51 demonstraram que a linha média de núcleos cerebrais, que
têm sido implicados em outros transtornos de humor, também pode contribuir para o
humor negativo em mulheres com síndrome pré-menstrual severa 51. Bannbers et al.
52, observaram maior diferença entre as pacientes com TDPM e controle durante a
resposta de inibição, devido as diferentes respostas na ínsula esquerda. Mulheres
com TDPM possui ativação diminuída da ínsula na fase folicular e aumento da
ativação durante a fase lútea. Além disso, essas mulheres apresentaram maior
atividade na ínsula durante a fase lútea em comparação com sua própria fase
folicular 52. Gingnell et al. 53 evidenciaram que o aumento da reatividade da amígdala
caracteriza as mulheres com TDPM e é linearmente associada aos níveis de
concentrações séricas de progesterona. Adicionalmente, houve uma correlação
positiva entre os sintomas de ansiedade e depressão com a reatividade da amígdala
53.
Em um estudo posterior de Gingnell et al. 6 foi observado que a mulher com
TDPM na fase lútea tem aumento da reatividade no córtex pré-frontal durante
antecipação emocional de tarefa, ou seja, as mulheres eram mais reativas à
antecipação de estímulos emocionais. Além disso, foi observado que os hormônios
esteroides ovarianos podem modular essas repostas cerebrais a estímulos
emocionais 6. Jeong et al. 54 demonstraram anormalidades na massa cinzenta,
24
hipocampo e giros parahipocampal na fisiopatologia TDPM. Estas anormalidades
nessas estruturas, podem refletir uma disfunção das áreas límbicas e paralímbicas
relacionados ao processamento emocional, memória emocional, e a auto regulação
54.
Além das alterações hormonais associadas aos diferentes padrões de
ativações de áreas corticais, alguns estudos demonstram que mulheres com
Síndrome pré-menstrual possuem alterações no sistema nervoso autônomo cardíaco
55–59. No estudo de Matsumoto et al. 57 foi observado que a alteração no
funcionamento do sistema nervoso autônomo cardíaco ao final da fase lútea pode
estar associada aos diversos sintomas psicossomáticos e comportamentais que
aparecem durante o período pré-menstrual. Além disso, quando os sintomas se
tornam mais graves, como visto em mulheres com TDPM, o balanço simpato/vagal
pode ser mais deprimido, independentemente do ciclo menstrual.
Zambotti et al. 59 verificaram que o ciclo menstrual possui impacto no
regulamento autonômico, causando uma mudança na frequência cardíaca e da
atividade vagal em meados da fase lútea, quando os níveis de progesterona são
mais elevados em mulheres com e sem SPM. Adicionalmente, Landén et al. 58
observaram que o transtorno disfórico pré-menstrual pode ser associado com a
redução do tônus vagal cardíaco, comparado ao controle, e que esta diferença é
mais aparente na fase folicular não-sintomática do ciclo menstrual. Em estudo
realizado com mulheres saudáveis avaliando a prática regular de yoga, foi observado
que durante o período pré-menstrual o estresse altera significativamente a função
autonômica e estado psicológico de jovens do sexo feminino 3.
Apesar de diversos estudos demonstrarem alterações hormonais relacionados
a padrões de ativações cerebrais, alterações de neurotransmissores e alterações no
sistema nervoso autonômico cardíaco, estes permanecem incerto e especulativo e
ainda não existe um consenso definitivo dessa patogênese. Por se tratar de uma
síndrome e não de uma doença, não existe até o presente momento tratamentos
específicos, tendo em vista que os sintomas variam muito de intensidade entre as
mulheres.
25
3.3 Tratamentos utilizados a síndrome pré-menstrual.
A abordagem terapêutica deve sempre levar em consideração alguns pontos
tais como: a individualidade da mulher, a intensidade ou gravidade dos sintomas, os
custos, as necessidades de cada paciente entre outros 30. Portanto, o tratamento
recomendado por médicos e especialistas deve ser individualizado para cada tipo de
paciente. Diferentes tipos de tratamentos têm sido utilizados para o alivio e
diminuição dos sintomas desde de intervenções medicamentosas como não
medicamentosas 8–11.
Atualmente os estudos têm utilizados intervenções como suplementação de
vitaminas 8, contraceptivos orais 9,11, ansiolíticos 60, terapias ocupacionais 61–64, entre
outros 30,65. Abdollahifard et al. 8 observaram que a utilização de vitamina B1 na fase
lútea pode reduzir a gravidade dos sintomas físicos e mentais da SPM, sendo
desnecessário usá-lo em todo menstrual ciclo. Além disso, a vitamina B1 não possui
efeito colateral e não altera o padrão de sangramento menstrual 8. Wichianpitaya et
al. 11 demonstraram que baixas doses de contraceptivos orais combinados contendo
desogestrel e drospirenona, reduz os sintomas pré-menstruais, sendo que o último
apresentou maior eficácia 11. O mesmo não foi verificado no estudo de Bakhshani et
al. 9, onde apesar da popularidade do uso de contraceptivos hormonais para
gerenciar os sintomas da SPM, tal efeito não foi observado no presente estudo 9.
Jang et al. 62 em uma revisão sistemática sobre os efeitos da acupuntura e
fitoterápicos na redução dos sintomas pré-menstruais, observaram que estas são
eficazes para diminuição de 50% dos sintomas, porém, há necessidade de um maior
número de evidências clínicas para comprovar tal eficácia 62. Yonkers et al. 60 em um
estudo piloto sugeriram a fluoxetina como grande benefício e pequeno ou nenhum
benefício de cálcio quando comparado ao placebo no tratamento da SPM 60. Danno
et al. 65 demonstraram que o tratamento homeopático foi bem tolerado e parecia ter
um impacto positivo sobre os sintomas da SPM 65.
O yoga também tem sido utilizado no tratamento da SPM 63,64. Sharma et al. 63
observaram que a prática de diferentes modalidades de yoga promoveu uma redução
na atividade simpática basal anormal e elevada, além de aumento do relaxamento
em mulheres com SPM 63. Wu et al. 64 em um recente estudo demonstraram que a
26
curto prazo o exercício yoga na fase lútea pode ser uma boa recomendação para
mulheres com SPM. Além disso, as mulheres com SPM poderiam ter um
desempenho melhor nas tarefas de atenção através desse exercício 64.
Apesar das evidências mencionadas demonstrarem que alguns tipos de
intervenções medicamentosas e não medicamentosas obtém melhora de alguns
sintomas da SPM, tais intervenções são de alto custo e podem causar efeitos
colaterais adversos 66. Kleinstauber et al. 10 em uma meta-análise investigando os
tratamentos cognitivo comportamental e farmacológicos para SPM e TDPM,
evidenciaram que a eficácia no tratamento da SPM não foi satisfatória 10. Devido à
baixa quantidade de evidências de ensaios clínicos randomizados, é sugerido que a
terapia cognitivo-comportamental possivelmente tem importante efeitos benéficos na
gestão de sintomas associados à SPM 67. Stevinson et al. 68 evidenciaram que a
investigação rigorosa de alternativas complementares de terapias para a SPM é
escassa, e nenhum tratamento tem demonstrado ser eficaz 68.
Assim, devido à grande diversidade dos resultados nas pesquisas
investigando os tratamentos utilizados para a SPM, ainda não está claro na literatura
qual tratamento deve ser utilizado com menor custo e maior benefício, necessitando,
portanto de mais investigações nessa área visando identificar intervenções com
resultados mais eficazes.
3.4 Respiração abdominal lenta: conceito e características.
Pesquisadores estimam que entre 60 a 90% das visitas feitas ao médico,
grande parte delas são devido a fatores psicológicos, emocionais e comportamentais
69. O Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa do Instituto
Nacional de Saúde dos EUA (2011), suponha-se que a respiração diafragmática é o
segundo recurso mais utilizado como estratégia terapêutica pelos adultos norte-
americanos. As doenças e queixas que geralmente são tratadas por esta técnica são
a ansiedade, estresse, insônia entre outras 69. Enquanto que no Brasil, segundo o
Programa de Prática Integrativa e Complementar no SUS (2008), a utilização de
técnicas de respiração variam entre 7 a 20% através de práticas mentais e corporais
69.
27
Devido a sua praticidade, as técnicas respiratórias de relaxamento têm sido
priorizadas em pacientes portadores de doenças ou queixas psicológicas, por serem
consideradas mais simples e acessíveis que a meditação ou imaginação guiada 69.
As repostas do organismo ao relaxamento não são tão rápidas quanto a episódio de
fuga ou perigo, por isso, as técnicas de respiração tem como um dos objetivos
potencializar o efeito da calma 69.
A respiração abdominal lenta (RAL) também conhecida como arritmia sinusal
respiratória é uma técnica de relaxamento que baseia-se na diminuição da taxa
respiratória a uma velocidade (seis ciclos por minuto) que estimule o barorreflexo,
proporcionando mudança positiva cardiovascular, emocional, cerebral aguda e
crônica 15,26,70. Trata-se da concentração e foco do controle respiratório que induzem
o relaxamento e permite a regulação da atenção, além disso, permite que os
indivíduos sintam sensações de calma e paz na mente 69,71–73. Existem três vias de
ação do relaxamento, cognitiva, autonômica e muscular, que estão diretamente
ligadas as técnicas respiratórias de meditação, diafragmática e relaxamento muscular
progressivo, respectivamente 69.
A RAL tem como objetivos principais aumentar a amplitude de arritmia sinusal
respiratória (aumento da variação do ritmo cardíaco que acompanha a respiração),
aumentar a sincronização cardiorrespiratória e aumento da utilização do diafragma
durante o ciclo respiratório 74,69. Durante a RAL, os indivíduos respiram a uma
velocidade que coincida com a frequência de ressonância, uma determinada
frequência onde os sistemas cardiovascular e respiratório oscilam em máxima
amplitude, na qual induz uma maior Variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e
pela ativação dos barorreceptores é possível estimular o barroreflexo. Além disso,
maior predominância parassimpática, em virtude das propriedades cardiovasculares
envolvida neste processo 74. A taxa respiratória de um indivíduo varia de 9 a 24
respiração por minuto, porém durante a RAL é orientado aos sujeitos respirarem a
seis ciclos por minuto (frequência de ressonância da maioria dos indivíduos) 74.
A prática da RAL tem sido implementada utilizando diferentes protocolos,
porém, nos últimos anos, grande parte dos estudos têm utilizado o protocolo
proposto por Lehrer et al. 74, que baseia-se na utilização de um aparelho de
biofeedback como guia da respiração pautando na frequência de ressonância do
28
sujeito, geralmente realizada em laboratório ou mesmo em sua rotina diária, durante
10 sessões de treinamento contínuo 74. Com o biofeedback, é possível verificar se o
indivíduo está respirando na frequência de ressonância estabelecida, uma das
vantagens da utilização desse aparelho 74. Durante a realização da RAL, na
frequência de ressonância a VFC possui um comportamento diferente da respiração
livre, caracterizado por um aumento da VFC 69.
Porém, o biofeedback tem suas limitações, por ser de alto custo e precisar de
uma pessoa treinada para o manuseio. Tendo em vista a dificuldade de realização da
prática através do biofeedback, a utilização da RAL com um simples guia de
respiração tem sido proposta visto a possibilidade de alcançar resultados similares
19,13. Wells et al. 19 compararam o efeito da RAL com e sem biofeedback sobre a
ansiedade e VFC em músicos ansiosos, sendo observado resultados similares entre
os dois métodos 19. Adicionalmente, Prinsloo et al. 23 afirmaram que o biofeedback é
apenas uma das maneiras de induzir a RAL e que outros métodos podem apresentar
efeitos semelhantes 23.
O baixo custo, a fácil aplicação e a segurança quando aplicada por um
avaliador treinado, faz com que a RAL e suas diferentes formas de aplicação seja
importante aos profissionais da saúde na tentativa dos pacientes dominarem a
técnica corretamente, ao mesmo tempo sendo capaz de responder os problemas
patológicos específicos da população 69.
3.5 Respostas psicológicas e fisiológicas á RAL e sua utilização.
Estudos têm demonstrado que a RAL tem diferentes efeitos fisiológicos em
diferentes populações 13,15,16,19,20,22–26. Nesse sentido, Lin et al. 15 verificaram que a
utilização da RAL através de biofeedback ou guia de ritmo respiratório promoveu
reduções na pressão arterial sistólica e diastólica em jovens pré-hipertensos, ao fim
de 10 sessões de treinamento aplicadas ao longo de cinco semanas. Adicionalmente,
essas alterações foram verificadas a partir da primeira sessão de intervenção. Houve
ainda uma redução nos índices de VFC e sistema barorreflexo. No entanto, o
biofeedback apresentou maiores resultados quando comparado ao guia de ritmo,
29
enquanto não houve diferença no grupo controle. Os efeitos perduraram por três
meses após o fim do tratamento 15.
Em um recente estudo, Lin et al. 25 observaram que a RAL através de
biofeedback, cerca de seis ciclos por minuto foi eficaz em promover o aumento da
atividade vagal eferente e moderar o nó sinoatrial, aumento total de VFC,
barorreflexo e diminuição no domínio da hostilidade (fator de risco que contribui para
diminuição da VFC) em pacientes com doença arterial coronariana 25 . Portanto, é
possível afirmar que a RAL com biofeedback é uma intervenção psicológica eficaz na
reabilitação cardíaca 25.
Estudos têm utilizado a RAL com biofeedback no âmbito do esporte,
almejando maior rendimento e menor ansiedade pré-competição 16,24,26. Lagos et al.
26 sugeriram que a RAL com biofeedback (10 sessões) provocou oscilações na
ressonância do sistema cardiovascular e, aparentemente, modulou o controle
autonômico cardíaco. Além disso, a RAL pode ter reforçado a capacidade do jogador
de lidar com o estresse 26. Da mesma forma no estudo de Paul e Garg 24 foram
realizadas 10 sessões em 10 dias consecutivos de biofeedback onde houve melhora
da VFC e autoeficácia que perdurou mesmo depois de um mês, em jogadores de
basquete 24.
O estudo do Prinsloo et al. 23 foi um dos primeiros a verificar o efeito agudo da
RAL através de biofeedback. Neste estudo, foi verificado que a RAL em curta
duração (10 minutos) é capaz de melhorar o desempenho cognitivo em executivos
submetidos a estresse relacionado ao trabalho, sugerindo que uma sessão aguda é
suficiente para promover efeitos fisiológicos positivos. Tais melhoras resultaram da
taxa respiratória lenta e aumento da VFC 23.
Nesse sentido, Prinsloo et al. 13 evidenciaram que uma sessão aguda de
respiração induzida por biofeedback em curto prazo modificou as respostas
fisiológicas tanto em repouso quanto após estresse induzido em laboratório,
observadas pelas modificações nos índices de baixa frequência que tem sido
associado com a atividade nervosa simpática e parassimpática, alta frequência que
reflete a atividade parassimpática 13. Wells et al. 19 evidenciaram que uma sessão da
RAL (30 minutos) foi o suficiente para aumentar a VFC e diminuir a ansiedade de
30
músicos com alto estado de ansiedade e que o biofeedback não é necessário para
que essas alterações ocorram 19.
Até o presente, os estudos têm atribuído os benefícios da RAL a mecanismos
periféricos através da via vagal aferente, porém, a interação com o sistema central
tem sido pouco explorada. Apenas dois estudos se propuseram a verificar os
possíveis efeitos sobre a atividade neural 20,22. Sherlin et al. 20 evidenciaram
diminuição da excitação cerebral em pessoas expostas ao estresse através do
aumento da frequência nas bandas α (alfa) e diminuição das bandas β (beta) em
áreas críticas na regulação do estresse 20. Além disso, houve modificações nas áreas
relacionadas com o processamento emocional. Prinsloo et al. 22 demonstraram que
uma única sessão de biofeedback com curta duração (10 minutos) é suficiente para
alterar a atividade cerebral através de Eletrocefalograma (EEG), sugerindo maior
relaxamento, maior atenção, redução da ansiedade durante e após a intervenção 22.
Além dos efeitos fisiológicos a RAL parece ser eficiente em modificar os
estados emocionais 21,24,26,75,76. Beckham et al. 75 observaram que a RAL com
biofeedback pode ter um papel promissor complementar para o tratamento da
depressão perinatal. O estudo demonstrou que esta terapia, pode ser particularmente
eficaz no tratamento dos sintomas de ansiedade proeminente de depressão
perinatal, como evidenciado pela redução significativa da ansiedade 75. Em um
recente estudo Zwan et al. 77 evidenciaram que a RAL com biofeedback pode
desempenhar um papel positivo na redução do stress e sintomas relacionados ao
estresse (ansiedade, depressão, qualidade do sono e bem-estar físico) 77.
Adicionalmente, Lagos et al. 26 teve como objetivo verificar se o efeito da RAL
através do biofeedback melhora o desempenho no golfe pela redução da ansiedade
competitiva. Essa técnica foi responsável por melhoras no humor, confiança, redução
do stress, e performance durante a competição 26. Similarmente foi observado no
estudo de Paul e Garg 24, onde a mesma técnica é capaz de reduzir a ansiedade pré-
esportiva de jogadores de basquete 24. Sherlin et al. 21 observaram que indivíduos na
condição RAL com biofeedback e condição controle com biofeedback, porém sem
nenhuma taxa respiratória especifica, obtiveram os mesmos resultados 21. Este
estudo sugere efeitos benéficos para redução de estresse, diminuição da ansiedade
e melhora no desempenho cognitivo em pessoas que relatam estresse 21.
31
Siepmann et al. 78 observaram que a RAL através de biofeedback promoveu
melhoras no quadro de depressão em indivíduos depressivos mediante aumento da
VFC e melhora no humor não sendo observado os mesmos resultados em pessoas
saudáveis e no grupo controle 78. Porém, esse estudo possui algumas limitações,
como a falta de um grupo controle para as pessoas depressivas, além disso, essas
pessoas mantiveram seu tratamento com medicamentos durante o período de
intervenção da RAL com biofeedback, o que não deixa claro se tais melhoras estão
associadas a medicação ou a intervenção 78.
Até o presente momento, apenas um estudo avaliou o efeito da RAL com
biofeedback em mulheres com SPM, porém, neste estudo foi avaliado apenas um
dos diversos sintomas característicos da SPM, a enxaqueca menstrual. Os
resultados indicaram que o treino com biofeedback, foi eficaz na redução da
enxaqueca e que os efeitos perduraram por seis meses. Além disso, os efeitos da
RAL demonstraram efeitos positivos na enxaqueca menstrual e fora do período
menstrual. As avaliadas realizaram um treinamento no período de 6 a 8 semanas,
com intervenções diárias 76. Nesse sentido, a RAL parece ter maiores efeitos em
pessoas com doenças psicológicas ou quando submetidas ao estresse, porém, ainda
não estão claros os mecanismos pelos quais esses benefícios ocorrerem 13,22,24,26.
3.6 Mecanismos de ação da RAL: modulação autonômica e cerebral.
Embora existam diversos benefícios da RAL para diferentes populações, ainda
não existe um consenso dos seus mecanismos de ação. Os principais estudos
apontam para as modificações autonômicas advindo de um efeito de ressonância e
sincronização com o mecanismo barorreflexo, além de maior VFC e maior arritmia
respiratória sinusal 13,15,16,19,21,23–26,79. A VFC é apontada como marcador que pode
regular as repostas emocionais 80 o que explicaria as modificações emocionais
ocorridas nos principais desfechos.
Jerath et al. 79 em uma recente revisão sobre a auto regulação da respiração
como um tratamento primário para a ansiedade, observaram que a respiração e as
emoções estão ligadas a um complexo ciclo de feedback. As técnicas de respiração
32
reduzem o estresse, ansiedade, depressão e outros estados emocionais negativos,
além disso, a arritmia sinusal respiratória tende a ser alterada em distúrbios
emocionais 74,79. Contudo, os mecanismos pelos quais estes e outros benefícios
ocorrem ainda não são consensuais. A proposta predominante é que o SNA é
modulado pela respiração de modo que passe de simpático dominante para
parassimpático dominante 79.
A RAL e a sincronização cardiorrespiratória podem levar um aumento das
membranas potenciais celulares e uma generalizada diminuição da excitabilidade
intrínseca de estimuladores cardíacos e neurais, como o coração e a amígdala,
causando inibição fisiológica das emoções negativas 79. Lagos et al. 26 atribuíram as
melhoras no humor, confiança e redução do stress que os atletas de golfe
vivenciaram durante a uma competição, as oscilações de alta amplitude na função
cardiovascular provocada pela RAL através de biofeedback que por sua vez
transmite reflexos autonômicos 26.
Paul et al. 16 atribuíram as melhoras na redução do tempo de resposta e
concentração de atletas de basquete a modulação do sistema nervoso autônomo
cardíaco, além disso, concluiu que a VFC é sensível a mudanças nos estados
emocionais 16. Sherlin et al. 21 associaram as melhoras no desempenho cognitivo e
diminuição do estado de ansiedade em pessoas estressadas a diminuição a
reatividade ao estresse, associado a indução de sentimentos de calma 21. Prinsloo et
al. 13, observaram que as melhoras promovidas pela RAL com biofeedback estão
associadas com modificações nos índices de baixa frequência e alta frequência,
sugerindo que os mecanismos são advindos da modulação vagal 13.
Lin et al. 15 sugeriram que a diminuição da pressão arterial em pré-hipertensos
ocorreu devido ao aumento da sensibilidade barorreflexa, além da diminuição nos
índices de VFC associados ao predomínio simpático e aumento do tônus vagal 15. O
mesmo foi observado em seu estudo mais recente, onde pacientes com doença
arterial coronariana obtiveram aumento da atividade vagal eferente, aumento da VFC
total e aumento da sensibilidade barorreflexa 25.
Em suma, a explicação plausível para tais mecanismos são que a RAL
melhora o perfil de VFC que está envolvida na regulação de estados emocionais,
associado a uma maior arritmia sinusal respiratória e maior eficiência barorreflexa
33
através da via vagal eferente. Porém, devido a inconsistência das explicações para
tais mecanismos propostos, estudos recentes têm associado tais melhoras advindas
da RAL a modificações da atividade cerebral e áreas corticais 20,22. Sherlin et al. 20,
associaram a diminuição de excitação cerebral em pessoas expostas ao estresse
através do aumento na potência espectral de α (relaxamento) e decréscimo em β
(excitação) 20. Prinsloo et al. 22 verificaram que as modificações na atividade cerebral
ocorrida (aumento espectral em α e θ), reflete as mudanças de maior relaxamento,
maior atenção, redução da ansiedade durante e após a intervenção associadas a
modulação autonômica 22.
A relação entre as modificações periféricas e centrais ainda não está clara.
Nesse sentido, Matthews et al. 81 evidenciaram que o funcionamento do córtex
cingulado anterior durante uma tarefa cognitiva está intimamente relacionado com a
modulação do SNA. Tarefas estressantes parecem perturbar o SNA, assim como
doenças psicológicas. 81. Lane et al. 82 verificaram que após exposições de diferentes
estados emocionais em mulheres saudáveis, a VFC e ativação de áreas corticais,
tais como, córtex pré-frontal medial apresentaram correlação, demonstrando que há
relação entre a VFC e áreas relacionadas a emoções.
Em uma recente revisão explorando os mecanismos advindos da RAL, foi
especulado que há relação da via vagal aferente e áreas corticais frontais
relacionadas a emoção 71. Portanto, os estudos atuais propõem que o principal
mecanismo relacionado aos efeitos advindos da RAL são promovidos pela via vagal
aferente que estão associados as modificações das respostas neurais envolvidas no
processamento emocional 19,21,22,69,71,72,74,79,80,83. Embora os estudos tenham
realizado especulações sobre os mecanismos periféricos e centrais, ainda não está
clara a conexão entre a VFC, modificações de áreas corticais e atividade cerebral
explorando os mecanismos supostos. Além disso, nenhum estudo se propôs a
realizar um mapeamento completo cortical para identificar quais possíveis regiões
podem sofrer modificação em função da RAL.
34
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Amostra
A amostra foi constituída de 20 indivíduos do sexo feminino, sendo quatro
sedentárias e 16 fisicamente ativas, classificadas através do IPAQ (Questionário
Internacional de Atividade Física versão curta para adultos) 84. Os critérios de
inclusão foram: mulheres saudáveis, em idade reprodutiva (entre 18 e 45 anos), com
ciclos menstruais regulares há pelo menos três meses (ciclos entre 25 e 34 dias),
sem uso de anticoncepcional há, pelo menos, seis meses, sem uso de medicação
psicotrópica, sem uso de medicação que afetasse a função cardiovascular, não
tabagistas, não obesas, não estivesse gestante e não possuir experiência em
respiração abdominal lenta. Os critérios de exclusão foram: gestantes, com
irregularidade no ciclo menstrual (oligomenorreia: ciclos menstruais com duração
maior que 35 dias; amenorreia: ausência de ciclos menstruais por mais de três
meses), aquelas que em algum momento não consigam concluir a tarefa proposta,
não participar de alguma das etapas do estudo, abandono voluntário ou
impossibilidade de análise dos dados.
A amostra foi selecionada por conveniência, sendo o seu recrutamento
realizado por meio da divulgação em murais e mídias sociais de folders contendo
informações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa e, aquelas que
demonstraram interesse e atenderam os critérios de inclusão foram envolvidas nele.
Todos os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), de
acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sobre as
recomendações éticas referentes à realização de pesquisas envolvendo seres
humanos. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (número do parecer: 910052).
4.2 Desenho do estudo
Estudo experimental, do tipo ensaio clínico randomizado e contra- balanceado.
As avaliadas passaram por duas sessões no decorrer da pesquisa. Na primeira visita
35
não-presencial via internet, as mesmas foram informadas a respeito dos
procedimentos do estudo, realizaram uma triagem pré-participação para diagnóstico
da SPM e quando confirmado preencheram o registro de sintomas diários
(questionário de diagnóstico da SPM). Na segunda visita (período pré-menstrual: 22º
ao 28º do ciclo menstrual), após o diagnóstico, as avaliadas assinaram o TCLE, foi
verificado o nível de atividade física e realizada aferição das medidas
antropométricas, as mesmas foram randomicamente alocadas (por sorteio) em
grupos independentes: respiração abdominal lenta (RAL) ou controle (CON) onde foi
avaliada a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), eletroencefalografia (EEG),
estado de ansiedade e humor em repouso, antes e após a RAL ou CON. Os testes
foram aplicados por avaliadores experientes e previamente treinados. Todos os
sujeitos foram avaliados no mesmo turno do dia para evitar efeito das variações
circadianas, com temperatura controlada entre 22°C a 24°C. Todas as etapas do
estudo ocorreram em uma sala do laboratório do Grupo de Estudo e Pesquisa em
Biologia Integrativa do Exercício (GEPEBIEX), pertencente ao Departamento de
Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Figura 1 – Desenho do estudo. RSR = relatório de sintomas diários; TCLE = termo de consentimento livre e esclarecido; NAT = nível de atividade física; ANT = antropometria; QST = questionários; VFC = variabilidade da frequência cardíaca; EEG = eletrocefalografia; RAL = respiração abdominal lenta; CON = controle.
36
4.3 Avaliação dos sintomas relacionados à síndrome pré-menstrual
Para avaliação dos sintomas relacionados à intensidade da síndrome pré-
menstrual (SPM) foi utilizado registro de sintomas diários (Daily Symptom Report,
RSD) proposto por Freeman et al. 85. Esse instrumento avalia 17 itens que podem ser
observados dias antes do início da menstruação (fase lútea, sem fluxo) e é
respondido de forma auto relatada através de escala de Likert: 0 = ausente; 1 =
mínimo; 2 = moderado; 3 = muito; 4 = grave. No presente estudo, as voluntárias
preencheram na semana anterior à menstruação (fase lútea, pré-menstrual) e na
semana posterior à menstruação (fase folicular, pós-menstrual). A presença de SPM
foi considerada quando houve ocorrência de três sintomas físicos e emocionais, pelo
menos um severo (3 ou 4 na escala) em, pelo menos, um dos cinco dias antes da
menstruação e que desapareçam até seis dias após a menstruação 85. Além disso,
foi calculado um escore de gravidade dos sintomas de SPM, considerando o
somatório dos aspectos avaliados no RSD na fase pré-menstrual 86.
4.4 Medidas antropométricas e avaliação física inicial
As medidas antropométricas foram realizadas com as avaliadas descalças,
vestindo o mínimo possível de roupa. A massa corporal e a estatura foram aferidas
em uma balança digital portátil com estadiômetro acoplado Welmy® (W 110 H, Santa
Bárbara d´Oeste, SP, Brasil), com precisão de 0,1 kg e 0,01 cm, respectivamente.
Adicionalmente, através da razão entre o peso e o quadrado da estatura (Kg/m²),
calculou-se o índice de massa corporal (IMC). Além disso, foi aplicado o questionário
IPAQ para determinar o nível atividade física habitual das avaliadas 84.
4.5 Análise do estado de humor
Antes e após a intervenção (RAL ou CON) foi mensurado o estado de humor
através da escala de humor de Brunel (BRUMS) 87 traduzida e validada para o
português 88. Esta escala contém 24 indicadores simples de humor, tais como as
sensações de raiva, disposição, nervosismo e insatisfação que são perceptíveis pelo
37
indivíduo avaliado. As 24 afirmações são divididas em seis domínios: fadiga, tensão,
vigor, depressão, confusão e raiva 88. Cada domínio é composto por quatro
indicativos de humor pode atingir uma variação de 0 a 16 pontos. As respostas são
dadas em escala tipo likert (0= nada; 1= um pouco; 2= moderadamente; 3= bastante;
4= extremamente) e leva cerca de um a dois minutos para ser respondido. A análise
ocorreu através da comparação da pontuação de cada domínio, reportado antes e
após cada respectiva sessão.
4.6 Análise do nível de ansiedade
Antes e após a intervenção (RAL ou CON) foram mensurados os níveis de
ansiedade estado através do inventário de ansiedade de Spielberger (IDATE)
validado para português 89. Cada componente consiste de 20 itens auto reportados
utilizando uma escala likert de 4 pontos variando de 1 (“absolutamente não”) à 4
(“muitíssimo”). Este formato permite uma pontuação total variando de 20 aos 80
pontos, sendo que os valores mais altos indicam maiores níveis de ansiedade. Os
escores para as perguntas de caráter positivo são invertidos, por exemplo, se o
paciente responder em um dessas questões o valor 4, atribui-se o valor 1 na
codificação. Assim, para essas questões positivas os valores das respostas ficam: 4
= 1; 3 = 2; 2 = 3; 1 = 4. Para o IDATE estado as perguntas negativas são: 3, 4, 6, 7,
9, 12, 13, 14, 17, 18; e as positivas são: 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20.
4.7 Respiração abdominal lenta
A intervenção com a RAL foi realizada por 20 minutos, onde as avaliadas
foram instruídas a seguir o guia respiratório exibido no computador. As avaliadas
realizaram a RAL em seis ciclos por minuto (inspiração e expiração) correspondente
a frequência de ressonância para maioria dos sujeitos 81. As avaliadas do grupo
experimental, durante a sessão foram inspecionadas visualmente para verificar se
estavam mantendo o ritmo respiratório solicitado. Além disso, foi verificado os ciclos
respiratórios a cada minuto através de contagem manual dos intervalos R-R (média
dos intervalos entre os batimentos) em ambos os grupos 74.
38
Um guia respiratório foi utilizado para manter as avaliadas na taxa respiratória
alvo. Este guia foi aplicado através do software (Universal breathing – Pranayama
2.05, Saagara). Sua apresentação é através de um círculo dividido em duas partes
com cores diferentes, cada uma representando uma fase do ciclo respiratório, que
vai se esvaziando ao mesmo tempo em que são reproduzidos sons compatíveis com
cada fase respiratória sendo exibido na tela pelo tempo correspondente a fase
respiratória as palavras “inale” e “exale”. As avaliadas foram instruídas a respirar na
taxa indicada pelo guia no computador, assim como a maneira correta de controle
respiratório. O grupo controle (CON) realizou uma sessão de relaxamento, onde as
avaliadas permaneceram sentadas confortavelmente e foram instruídas a relaxar o
máximo possível sem nenhum tipo de controle sobre a respiração, esvaziando suas
mentes, desligando-se do mundo exterior e respirando em velocidade normal
livremente durante 20 minutos.
Figura 2 - Demonstração do comportamento da frequência cardíaca em função da respiração no
grupo experimental.
39
Figura 3 - Demonstração do comportamento da frequência cardíaca em função da respiração no
grupo controle.
A sessão do grupo experimental foi conduzida da seguinte forma: as avaliadas
chegaram ao laboratório e responderam os questionários de ansiedade e humor,
logo depois foram preparadas para a análise do EEG. Em seguida, as mesmas
permaneceram sentadas confortavelmente, com olhos abertos para realização da
análise da linha de base (10 minutos) da VFC e EEG. Após estas medidas as
avaliadas iniciaram a respectiva sessão de acordo com a randomização pareada do
grupo durante 20 minutos. Em seguida, elas permaneceram sentadas
confortavelmente para análise pós dos questionários de ansiedade, humor, VFC e
EEG (10 minutos).
Figura 4 – Desenho das sessões experimentais (RAL = respiração abdominal lenta) e controle (CON). EEG = eletroencefalografia; VFC = variabilidade da frequência cardíaca; QST = questionários.
40
4.8 Análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC)
Os dados relativos à frequência cardíaca foram adquiridos por meio de um
frequencímetro Polar® (RS800cx, Kempele, Finlândia), cujo eletrodo com
transmissor foi posicionado no tórax dos sujeitos (na altura do osso “esterno”) após
aplicação de água para facilitar a condução do sinal. Todos os dados foram
transmitidos desse eletrodo para um relógio colocado próximo ao sujeito, e
posteriormente foi transmitido para um computador através de uma interface
USB/infrared, onde foram realizadas as análises posteriores da frequência cardíaca
absoluta e a VFC (domínio do tempo e da frequência).
Os dados relativos à VFC foram adquiridos por 10 minutos antes, depois de
cada sessão, e os 20 minutos durante (RAL ou CON), com as avaliadas sentadas
confortavelmente. Foi considerado para análise o trecho de cinco minutos mais
estável dos 10 coletados antes e após cada sessão. Em relação ao momento durante
a RAL e CON foi escolhido os cinco minutos mais estável dos 10 minutos
intermediários dos 20 coletados, sendo dispensados os cinco minutos iniciais e finais.
No domínio do tempo foi avaliado o desvio padrão de intervalos R-R normais (SDNN)
e a raiz quadrada da média da soma dos quadrados das diferenças entre intervalos
R-R normais adjacentes (RMSSD) para cada 30 segundos.
No domínio da frequência foram analisados os índices da transformação
rápida de Fourier: componentes de baixa frequência (LF, 0,04-0,15 Hz) que tem sido
associado com a atividade nervosa simpática e parassimpática; alta frequência (HF,
0,15-0,50 Hz) que reflete a atividade parassimpática; e a razão entre o componente
de baixa e alta frequência (LF/HF), que reflete o balanço simpato/vagal. Os dados
foram analisados utilizando o software Kubios HRV (2.0) integrando a densidade de
potência espectral nas respectivas faixas de frequência 90. Quando necessário, os
artefatos foram removidos através da interpolação dos intervalos RR 91.
4.9 Análise da atividade cerebral
A atividade cerebral foi avaliada através da técnica de eletroencefalografia
(EEG). Uma hora antes da coleta de dados, foi montada uma toca de EEG adaptada
41
ao tamanho da cabeça dos participantes (Easy-cap, Herrsching, Alemanha), com 64
eletrodos ativos de Ag-AgCl (Act-cap, Herrsching, Alemanha), além de um eletrodo
“terra” e um eletrodo de referência (montado em triângulo com Fp1, Fp2 e FZ). Os
eletrodos foram organizados de acordo com o sistema internacional EEG 10-20 de
modo bilateral sobre todos os córtices: frontal, parietal, temporal e occipital. A
colocação dos eletrodos foi realizada nas localizações Fp1, Fp2, AF7, AF3, AFz
(terra), AF4, AF8, F7, F5, F3, F1, Fz, F2, F4, F6, F8, FT9, FT7, FC5, FC3, FC1, FCz
(referência), FC2, FC4, FC6, FT8, FT10, T7, C5, C3, C1, Cz, C2, C4, C6, T8, TP9,
TP7, CP5, CP3, CP1, CPz, CP2, CP4, CP6, TP8, TP10, P7, P5, P3, P1, Pz, P2, P4,
P6, P8, PO7, PO3, POz, PO4, PO8, PO9, O1, Oz, O2, PO10.
A toca foi fixada com estrepe para evitar o deslocamento dos eletrodos
durante a análise, e também foi permeável a ar com o objetivo de evitar o
aquecimento durante a análise. A distância entre os eletrodos foi de
aproximadamente cinco (5) centímetros para prevenir uma possível comunicação
entre eletrodos, devido à formação de pontes salinas através do suor. Cada eletrodo
foi preenchido com um gel com ala viscosidade para eletrodos ativos SuperVisc
(EasyCap GmhH, Herrsching, Alemanha) com o objetivo de otimizar a transdução do
sinal. Foram utilizados eletrodos “ativos” (Brain Products, Gilching, Alemanha) que
permite a gravação da atividade eletro-cortical mesmo durante o exercício de alta
intensidade livre de artefatos proveniente da atividade elétrica muscular.
Assim sendo, eletrodos com impedância acima de 20 kΩ foram excluídos das
análises posteriores. Os sinais analógicos do EEG foram amplificados e convertidos
em sinais digitais utilizando um amplificador Brainamp DC (Brain Vision, Herrsching,
Alemanha) e guardado numa frequência de amostragem de 500 Hz no disco rígido
de um computador. As mensurações foram realizadas com as voluntárias sentadas
com os olhos abertos. A gravação do EEG foi realizada durante todo o período de
teste, embora sejam analisados apenas os 10 minutos pré e pós de cada grupo.
4.10. Processamento dos dados do EEG
Os dados do EEG foram pré-processados utilizando o Brain Vision Analyzer
(Brain Products, Muchen, Alemanha). Foram aplicados filtros altos e baixos de modo
42
que permaneça para a análise apenas a amplitude de frequência de 0,5 a 49 Hz
(constante de tempo de 0,3183 s e 24 dB por oitavo). Em seguida a inspeção visual
de artefatos e remoção de piscada. Devido à dificuldade de reconhecer artefatos nos
dados brutos os dados em 7,5 Hz ou acima serão adicionalmente checados por
análise espectral. Se existir algum sinal de interferência externa (por exemplo,
AC/DC de 60 Hz), isso deverá ser visível em todos os canais e, portanto, poderá ser
visível por analise espectral. Após esse processo, os dados foram segmentados em
segmentos de quatro (4) segundos onde será aceito uma sobreposição de 10%. Os
dados segmentados foram corrigidos pela “linha de base” e exportados para análises
posteriores no software sLORETA, fornecido pelo Instituto KEY para a pesquisa
cérebro-mente 92.
4.11. Localização de fonte da atividade do EEG - análise com sloreta
Para a localização de fonte foi utilizado o software sLORETA (sigla em Inglês
para tomografia cerebral eletromagnética de baixa resolução), que permite a
identificação espacial e a análise da atividade cortical cerebral através dos dados
convencionais do EEG 92,93. A atividade eletroencefalográfica gravada no escalpo é
evocada por potenciais pós-sinápticos sincronizados os quais são localizados nos
grupos de células piramidais 94. sLORETA torna possível determinar a orientação
tridimensional desses potenciais pós-sinápticos altamente sincronizados. O software
é baseado num volume cerebral probabilístico do Instituto Neurológico de Montreal
(MNI, sigla em Inglês), a qual foi digitalizada através de ressonância magnética em
uma resolução de 5-mm.
As coordenadas do MNI foram convertidas em coordenadas “corrigidas” de
Talairach, então foram alinhados com o Daemon Talairach. Os vóxels que foram
nomeados inequivocamente como matéria cinzenta e aqueles que caíram
inequivocamente dentro do compartimento cerebral foram mantidos. Dessa forma,
foram produzidos 6.239 vóxels corticais de substância cinzenta 92. As coordenadas
desse estudo se referirão ao padrão MNI 152. As regiões corticais são criadas pela
alocação dos valores brutos dos vóxels individuais do sLORETA em suas respectivas
áreas de Broadman ou giros cerebrais baseado nas coordenadas digitalizadas do
43
Atlas de Talairach 95. Primeiro, as coordenadas dos 64 eletrodos foram aplicadas a
um padrão anatômico probabilístico do Atlas de Talairach (Centro de Imagem
McConnell, Instituto Neurológico de Montreal e Universidade de McGill).
Estas coordenadas de Talairach foram então utilizadas para calcular a matriz
de transformação sLORETA. Após a transformação para calcular a média de
referência da atividade do EEG, uma quantidade mínima de 70 segmentos de 4
segundos livres de artefatos foram utilizados para calcular o “espectro-cruzado” no
sLORETA para cada sujeito das bandas: δ (1,5-6 Hz), θ (6,5-8 Hz), α-1 (8,5-10 Hz),
α-2 (10,5-12 Hz), β-1 (12,5-18 Hz), β-2 (18,5-21 Hz), β-3 (21,5-30 Hz) e potência total
(Ω) 92. Utilizando a matriz de transformação sLORETA, o espectro-cruzado de cada
sujeito e para cada banda de frequência foram então transformadas nos arquivos
sLORETA. Isto resultará na respectiva distribuição cortical tridimensional dos
geradores elétrico neurônios para cada sujeito 92.
Foram realizadas análises PRÉ vs PÓS através do teste t pareado no próprio
sLORETA para mostrar as mudanças induzidas pela RAL sobre a densidade de
corrente cortical em cada voxels. A significância estatística foi avaliada através de um
teste de randomização não paramétrica 96. Para corrigir por múltiplas comparações,
um teste não paramétrico uni-caldal foi utilizado para definir um limiar crítico de
significância (Lcritico). Vóxels com valores excedendo este limiar tiveram sua hipótese
nula rejeitada, ou seja, a hipótese de que não existe diferença na potência do EEG
entre os dois momentos. A hipótese coletiva (que todas as hipóteses dos vóxels são
verdadeiras) é rejeitada se o valor de um vóxel exceder o limiar crítico para um P <
0,05 definido por 5.000 randomizações. Mapas estatísticos paramétricos foram
mostrados com os valores de t para cada um dos vóxels.
4.12. Análise estatística
A normalidade e a homogeneidade das variâncias dos dados foram testadas
pelos testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. O nível de significância foi
fixado em P <0,05. Os procedimentos estatísticos foram realizados com auxílio do
SPSS para Win/v.19.0 (Statistical Package for Social Sciences, Chicago, IL, USA) e
STATISTICA® 7.0. O teste t independente e teste de Mann-Whitney foi aplicado para
44
comparar as variáveis de caracterização da amostra. Uma ANOVA one-way foi
aplicada para comparação dos sintomas pré-menstruais entre os cinco dias
anteriores a menstruação, seguido do post-hoc de Tukey para verificar o dia de maior
intensidade. O teste de Mann-Whitney foi aplicado para comparar os sintomas pré-
menstruais entre os grupos no dia de maior intensidade.
Variáveis psicológicas
A ANCOVA (analise de covariância) foi aplicada para comparar o nível de
ansiedade e humor entre (Δ×Δ) e diferenças entre os grupos, respectivamente. Os
escores basais foram inseridos como covariável afim de controlar as diferenças
individuais entre os sujeitos.
Variabilidade da frequência cardíaca
Os dados dos componentes da VFC foram normalizados pela transformação
logarítmica na base 10. ANOVA de dois fatores mista foi aplicada na comparação de
cada variável da VFC, separadamente. A hipótese de esfericidade foi verificada pelo
teste de Mauchly e, quando violada, os graus de liberdade foram corrigidos pelas
estimativas de Greenhouse-Geisser. O tamanho do efeito das variâncias foi
calculado pelo eta quadrado parcial (η2p). O post-hoc de Tukey foi utilizado para
identificação pontual das diferenças.
Atividade cerebral
A análise estatística dos dados do EEG foi analisada de acordo com o descrito
na seção “localização de fonte da atividade do EEG – Análise com sLORETA”.
45
5. RESULTADOS
As variáveis de caracterização da amostra são semelhantes entre os grupos
controle e experimental (P>0,05), como a idade, variáveis antropométricas,
frequência cardíaca de repouso e nível de ansiedade (Tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização da amostra de mulheres. As variáveis paramétricas estão apresentadas em
média e desvio padrão e, as não paramétricas, em mediana e intervalo de confiança de 95%.
Controle (n=11) Experimental (n=9) P-valor
Idade (anos) 25,4 ± 4,5 27,1 ± 4,3 0,392
MC (kg) 63,6 ± 10,0 58,2 ± 6,3 0,177
Estatura (m) 1,58 ± 0,05 1,58 ± 0,06 0,822
IMC (kg/m2) 24,1 (23,1-28,0) 22,6 (21,1-25,5) 0,169
FCrep (bpm) 72,7 ± 10,0 70,4 ± 11,0 0,632
Ansiedade (pts) 45,0 (39,8-50,2) 53,0 (43,2-57,2) 0,193
Ciclo respiratório (c/m) 14,5 ± 1,4 6,0 ± 0,1 0,002
FCrep, frequência cardíaca de repouso; IMC, índice de massa corporal; MC, massa corporal; c/m,
ciclo por minuto.
A intensidade dos sintomas foi calculada em valores percentuais através do
questionário do registro de sintomas diário, durante o ciclo menstrual anterior as
avaliações. Os sintomas estão em ordem de prevalência como mostra a tabela 2. A
ANOVA one way verificou diferença no momento [F(4, 76)= 2,87, P=0,028,
η2p=0,131]. Por meio do post-hoc verificou-se que há diferença entre o primeiro dia e
o quinto dia a ser respondido, demostrando que o dia de maior intensidade é o
primeiro dia antes da menstruação (P=0.019). O teste de Mann-Whitney demonstrou
que não há diferença dos sintomas entre os grupos no dia de maior intensidade.
46
Tabela 2 – Prevalência e intensidade dos sintomas da síndrome pré-menstrual.
Controle (n= 11) Experimental (n= 9)
Sintoma (%) Mínimo Moderado Muito Mínimo Moderado Muito
Cansaço 9,0 9,0 81,7 22,2 22,2 55,5
Compulsão alimentar 36,2 18,1 54,4 33,3 22,2 44,4
Ansiedade 18,0 27,2 54,4 22,2 33,3 44,4
Irritabilidade 45,3 18,1 45,3 33,3 33,3 33,3
M. de humor 36,3 36,3 27,1 33,3 44,4 22,2
Inchaço 18,0 18,1 63,6 22,2 44,4 33,3
Cólica 18,0 54,5 27,1 33,3 33,3 33,3
Tensão 45,3 36,3 18,1 55,5 33,3 11,1
Seios doloridos 36,2 27,2 36,2 44,4 33,3 22,2
Choro 36,2 18,1 45,3 55,5 22,2 22,2
Depressão 54,4 18,1 27,1 66,6 11,1 22,2
Cefaleia 63,5 18,1 18,1 77,7 11,1 11,1
Outros 87,1 1,8 10,8 73,2 6,6 19,9
Dados expresso em percentual %; Outros, sensação de perda de controle, dores contínuas, má
coordenação, confusão, insônia.
5.1 Variáveis psicológicas
O nível de ansiedade não diferiu de maneira significativa entre os grupos [F(1,
17)=0,793, P=0,793, η2p=0,045]. O mesmo foi observado para comparação entre os
deltas de melhora [F(1, 17)=1,64, P=0,217, η2p=0,088] (figura 3).
47
Figura 5 – Efeito da respiração abdominal lenta (RAL) sobre o nível de ansiedade em mulheres. Os dados estão apresentados em média e desvio padrão.
Os domínios de humor não apresentaram diferença significativa (tabela 2).
Domínio raiva [F(1, 17)=0,083, P=0,878, η2p=0,001], depressão [F(1, 17)=1,04,
P=0,613, η2p=0,014], confusão [F(1, 17)=0,383, P=0,544, η2
p=0,022], fadiga [F(1,
17)=0,201, P=0,660, η2p=0,012], tensão [F(1, 17)=2,13, P=0,162, η2
p=0,112] e vigor
[F(1, 17)=0,035, P=0,853, η2p=0,002]. O mesmo foi observado para os seus
respectivos deltas. Delta raiva [F(1, 17)=0,023, P=0,881, η2p=0,001], delta depressão
[F(1, 17)=0,005, P=0,945, η2p=0,000], delta confusão [F(1, 17)=0,476, P=0,500,
η2p=0,027], delta fadiga [F(1, 17)=0,256, P=0,619, η2
p=0,015], delta tensão [F(1,
17)=2,11, P=0,164, η2p=0,111] e delta vigor [F(1, 17)=1,13, P=0,302, η2
p=0,063].
48
Tabela 3 – Efeito da respiração abdominal lenta (RAL) sobre os domínios de humor em mulheres.
Controle (n=11) Experimental (n=9)
Domínio Pré Pós Δ Pré Pós Δ
Raiva (pts) 3,00 ± 1,94 1,54 ± 1,50 -1,45 ± 1,43 7,22 ± 3,41 2,33 ± 2,17 -4.,88 ± 4,07
Depressão (pts) 3,27 ± 2,00 1,81 ± 1,66 -1,45 ± 1,29 5,66 ± 2,95 3,55 ± 3,08 -2,11 ± 3,25
Confusão (pts) 3,36 ± 2,90 2,63 ± 2,61 -0,72 ± 3,06 4,44 ± 3,32 2,33 ± 2,12 -2,11 ± 3,05
Fadiga (pts) 7,09 ± 3,96 6,90 ± 4,01 -0,18 ± 2,44 9,77 ± 4,26 9,11 ± 3,14 -0,66 ± 3,87
Tensão (pts) 5,72 ± 2,28 5,90 ± 4,15 0,18 ± 3,09 6,33 ± 2,29 4,00 ± 2,91 -2,33 ± 3,87
Vigor (pts) 6,09 ± 3,38 4,36 ± 2,83 -1,72 ± 3,87 4,22 ± 1,09 3,77 ± 1,92 -0,44 ± 2,12
Dados expressos em média e desvio padrão.
49
5.2 Variabilidade da frequência cardíaca
Os dados descritivos de todos os componentes da VFC estão apresentados
na Tabela 3. Houve uma interação grupo×tempo [F(2, 36)=4,18, P=0,023, η2p=0,188]
e efeito no tempo [F(2, 36)=13,25, P<0,000, η2p=0,424] do intervalo RR. No entanto
não apresentou efeito do grupo [F(1, 18)=1,34, P=0,262, η2p=0,069]. Por meio do
post-hoc verificou-se que no grupo experimental houve um aumento nos intervalos
RR (tabela 3). No componente SDNN, houve uma interação grupo×tempo [F(2,
36)=6,97, P=0,002, η2p=0,279] e efeito no tempo [F(2, 36)=17,88, P<0,000,
η2p=0,498]. No entanto não apresentou efeito do grupo [F(1, 18)=1,27, P=0,274,
η2p=0,066]. Por meio do post-hoc verificou-se que no grupo experimental houve
aumento nesse índice.
Houve uma interação grupo×tempo [F(2, 36)=8,35, P=0,001, η2p=0,317] e
efeito no tempo [F(2, 36)=4,53, P=0,017, η2p=0,201] do RMSSD. Não houve efeito do
grupo [F(1, 18)=0,347, P=0,562, η2p=0,018]. Por meio do post-hoc verificou-se que no
grupo experimental houve aumento nesse índice. No componente pNN50, houve
uma interação grupo×tempo [F(2, 36)=4,48, P=0,018, η2p=0,199], mas não houve um
efeito no tempo [F(2, 36)=0,808, P=0,453, η2p=0,042] e do grupo [F(1, 18)=0,190,
P=0,667, η2p=0,010]. Portanto, não houve alteração nesse índice. Não houve uma
interação grupo×tempo [F(2, 36)=1,76, P=0,186, η2p=0,089], mas houve um efeito no
tempo [F(2, 36)=22,84, P<0,000, η2p=0,559] do LF. Não houve efeito do grupo [F(1,
18)=2,134, P=0,161, η2p=0,105].
No componente HF, houve uma interação grupo×tempo [F(2, 36)=8,07,
P=0,001, η2p=0,309], efeito no tempo [F(2, 36)=29,6, P<0,000, η2
p=0,621] e efeito no
grupo [F(1, 18)=8,63, P<0,008, η2p=0,324]. Por meio do post-hoc verificou-se que
houve uma diminuição do HF durante a RAL comparado a todos os momentos desse
grupo e ao grupo controle. Por fim, houve uma interação grupo×tempo [F(2,
36)=8,49, P=0,000, η2p=0,320], efeito no tempo [F(2, 36)=30,05, P<0,000, η2
p=0,625]
e efeito do grupo [F(1, 18)=8,60, P<0,008, η2p=0,327] da razão LF/HF. Por meio do
post-hoc verificou-se que houve aumento da razão LF/HF durante a RAL comparado
a todos os momentos desse grupo e ao grupo controle.
50
Tabela 4 – Efeito da respiração abdominal lenta (RAL) sobre os domínios de tempo e frequência da variabilidade da frequência cardíaca em mulheres com SPM.
Controle (n=11) Experimental (n=9)
Variável Pré Durante Pós Pré Durante Pós
Log, iRR (ms) 2,91 ± 0,05 2,90 ± 0,06 2,92 ± 0,06 2,93 ± 0,06 2,92 ± 0,05 2,97 ± 0,06*
Log, SDNN (ms) 1,75 ± 0,17 1,82 ± 0,15 1,81 ± 0,13 1,70 ± 0,15* 2,01 ± 0,16 1,94 ± 0,31
Log, rMSSD (ms) 1,70 ± 0,22 1,61 ± 0,19 1,71 ± 0,22 1,61 ± 0,20* 1,79 ± 0,30 1,80 ± 0,33
Log, pNN50 (%) 1,37 ± 0,42 1,23 ± 0,41 1,35 ± 0,43 1,25 ± 0,50 1,49 ± 0,15 1,43 ± 0,36
Log, LF (nu) 1,68 ± 0,13 1,83 ± 0,06 1,73 ± 0,11 1,68 ± 0,18 1,95 ± 0,01 1,78 ± 0,11
Log, HF (nu) 1,68 ± 0,11 1,47 ± 0,20 1,62 ± 0,12 1,63 ± 0,21 1,00 ± 0,33‡ 1,53 ± 0,23
Log, LF/HF (ms2) 0,32 ± 0,11 0,52 ± 0,20 0,37 ± 0,13 0,36 ± 0,21 1,00 ± 0,33‡ 0,46±0,24
Dados expressos em média e desvio padrão. *diferença em relação aos outros dois momentos no mesmo grupo (P<0,05); ‡ diferença em relação a todos os momentos de ambos os grupos (P <0,05).
51
5.3 Atividade cerebral
Não houve mudança significativa em nenhuma das bandas de frequência no
grupo controle comparação pré vs pós (P=0,450). δ (t=3,254), θ (t=3,080), α-1
(t=1,748), α-2 (t=1,852), β-1 (t=2,661), β-2 (t=2,616), β-3 (t= 2,454) e Ω (t= 2,578),
onde o valor de t para o Lcritico (P<0,05) = -3,371 (pré<pós) ou 3,371 (pré>pós).
Similarmente ao grupo controle, também não houve mudança significativa no grupo
experimental (P=0,074). δ (t= 4,905), θ (t= 3,112), α-1 (t= -3,108), α-2 (t= -2,717), β-1
(t= 4,677), β-2 (t= 5,412), β-3 (t= 6,439) e Ω (t= 2,506), onde o valor de t para o
Lcritico (P<0,05) = -0.653 (pré<pós) ou 0.658 (pré>pós).
Figura 6 – Mapa de estatística paramétrica de diferença do sLORETA em θ (6,5-8 Hz), comparando o
momento após (POS) a execução da respiração abdominal lenta (RAL) com antes (PRE) dela. A cor
vermelha indica aumento da atividade e a cor azul indica a diminuição da atividade que não foi
significativa em θ (6,5-8 Hz) após a RAL no giro frontal medial e superior (área de Brodmann 10). As
letras representam a direção, a saber: L= esquerda, R = direita, A = anterior e P= posterior.
52
Figura 7 – Mapa de estatística paramétrica de diferença do sLORETA em α-1 (8,5-10 Hz)
comparando o momento após (POS) a execução da respiração abdominal lenta (RAL) com antes
(PRE) dela. A cor vermelha indica aumento da atividade e a cor azul indica a diminuição da atividade
que não foi significativa em α-1 (8,5-10 Hz) após a RAL no giro frontal inferior (área de Brodmann 45).
As letras representam a direção, a saber: L= esquerda, R = direita, A = anterior e P= posterior.
Figura 8 – Mapa de estatística paramétrica de diferença do sLORETA em β-3 (21,5-30 Hz)
comparando o momento após (POS) a execução da respiração abdominal lenta (RAL) com antes
(PRE) dela. A cor vermelha indica aumento da atividade que não foi significativa em β-3 (21,5-30 Hz)
após a RAL no giro temporal médio (área de Brodmann 37). As letras representam a direção, a saber:
L= esquerda, R = direita, A = anterior e P= posterior.
Para comparação entre os grupos, não houve mudança significativa em
nenhuma das bandas de frequência (pós-controle vs pós-experimental) (P=0,408). δ
(t= 6,572), θ (t= 6,199), α-1 (t= 7,266), α-2 (t= 1,177), β-1 (t= 9,113), β-2 (t= 1,288), β-
53
3 (t= 1,728) e Ω (t= 9,253), onde o valor de t para o Lcritico (P<0,05) = -2,194
(pós<pós) ou 2,149 (pós>pós).
54
6. DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito da respiração abdominal
lenta (RAL) sobre a ansiedade, o humor, modulação autonômica cardíaca e atividade
cerebral em mulheres com síndrome pré-menstrual (SPM). O principal achado deste
estudo foi que uma única sessão de respiração abdominal lenta promoveu
modulação simpática, sem mudanças na ansiedade, humor bem como no padrão de
ativação cerebral das mulheres com SPM. A nossa hipótese de que uma única
sessão de RAL melhoraria a ansiedade e o humor, e modularia o controle
autonômico cardíaco e a atividade cerebral em áreas relacionadas ao processamento
de emoções em mulheres com SPM foi refutada.
Os resultados do presente estudo demonstraram que uma única sessão de
RAL não reduziu agudamente o sintoma de ansiedade de mulheres com SPM. Este
resultado é controverso aos achados de estudos prévios que analisaram o efeito
agudo da RAL sobre sintomas de ansiedade em outras populações 13,19,20. No
entanto, Wells et al.19 apresentam limitação na interpretação de seus resultados. Os
autores afirmaram que houve melhora da ansiedade com músicos em fase pré-
apresentação, porém a melhora é observada apenas no grupo experimental sem
diferença do grupo controle 19. Semelhantemente, Prinsloo et al.13 em um estudo
piloto afirmaram que não houve melhora na ansiedade que possa ser atribuída a
RAL. Portanto, parece que agudamente a RAL não melhora a ansiedade.
Apesar de a RAL ser utilizada como técnica de relaxamento, a sua aplicação
aguda em indivíduos não habituados a ela pode provocar uma resposta estressante.
As participantes do presente estudo não possuíam experiência com a RAL e a
maioria delas relatou dificuldade em executar a técnica respiratória durante a sessão
experimental, devido o ciclo inspiratório e expiratório ser mais lento que a respiração
normal e um longo período de concentração. Portanto, um período de adaptação
com a técnica de RAL, parece ter afetado o efeito relaxante da técnica respiratória
influenciando a melhora do sintoma de ansiedade das mulheres com SPM.
Em relação ao humor não foram observadas alterações agudas em nenhum
dos domínios (raiva, depressão, confusão, fadiga, tensão, vigor) após a realização da
RAL. Até o presente momento, este é o primeiro estudo que analisou o efeito agudo
55
da RAL sobre o estado de humor em um grupo de pessoas. Apenas um estudo de
caso com uma intervenção de 10 semanas com um jogador de golfe de 14 anos que
sofria de ansiedade pré-competitiva avaliou o efeito da RAL sobre o estado de humor
e verificou-se melhora nos domínios de tensão, depressão, raiva e fadiga 26. As
diferenças nos resultados podem ser explicadas pelo delineamento da intervenção,
onde no presente estudo foi realizado a RAL uma única sessão com 20 minutos de
duração, enquanto no referido estudo foi realizado uma intervenção ao longo de 10
semanas (45 a 60 minutos de duração). Adicionalmente, semelhante à resposta do
sintoma de ansiedade, a falta de experiência das voluntárias pode ter influenciado a
resposta aguda após a RAL. Assim, a adaptação prévia, a duração da sessão bem
como o tempo de intervenção parecem ser fatores importantes para a RAL
apresentar efeitos positivos sobre a ansiedade e humor dos indivíduos.
Os resultados da análise de VFC podem dar suporte a hipótese levantada no
presente estudo, de que uma única sessão com uma amostra inexperiente com a
RAL pode ter sido sentida como estressante. O único efeito de interação detectado
nas análises, indicaram uma queda no HF e aumento no LF/HF durante a RAL. O HF
é um índice que reflete a modulação autonômica parassimpática 90, e o LF/HF é
considerado como uma medida do balanço simpato/vagal 90. Estudos têm
demonstrado que o estresse cognitivo/físico/psicológico modifica a VFC
apresentando padrões similares ao verificado no presente estudo 97,98. Estes
resultados estão de acordo com os achados de estudos prévios que analisaram o
efeito agudo da RAL sobre o controle autonômico cardíaco 13,19. Prinsloo et al.13
evidenciaram que durante uma sessão de RAL houve diminuição nos índices do
domínio do tempo e da frequência, porém os mesmos afirmaram que houve aumento
da modulação vagal. Portanto, as únicas mudanças significativas entre os grupos
indicaram uma diminuição da modulação parassimpática e possível aumento
simpático, indicativo de um aumento no estresse sentido pelas avaliadas.
A respiração em seis ciclos por minuto, com maior duração da fase expiratória,
tem sido apontada como a frequência de ressonância que aumentaria a modulação
vagal cardíaca 71. Entretanto, a respiração nesta frequência respiratória gera uma
oscilação em 0,1 Hz, que coincide com o LF (0,04-0,15 Hz) associado a modulação
simultânea simpática e parassimpática e não ao HF (0,15-0,50 Hz) associado
56
somente a modulação parassimpática 74. Portanto, os resultados do presente estudo
juntamente com os apresentados na literatura sugerem que durante a RAL há uma
diminuição na VFC e não aumento como anteriormente proposto.
Adicionalmente, era esperado que após a execução da RAL o controle
autonômico cardíaco refletisse um predomínio vagal comparado ao momento pré-
RAL e ao grupo controle. Entretanto, não foi verificado efeito da RAL em nenhum dos
índices de VFC analisados. Prinsloo et al.13 após uma sessão de RAL verificaram
diminuição nos índices do domínio do tempo e da frequência em executivos
estressados crônicamente. Similarmente, Wells et al.19 verificaram diminuição no
balanço simpato/vagal em músicos que sofriam de ansiedade pré-apresentação.
Portanto, a análise da VFC indicou que após a RAL não há modulação autonômica
cardíaca em mulheres com SPM e inexperientes com a técnica.
Em relação à atividade cerebral, não foi encontrada modificação aguda em
nenhuma das bandas de frequências analisadas após a execução da RAL nas
mulheres com SPM. Considerando o mecanismo proposto que a RAL aciona a via
vagal aferente através do estímulo dos barorreceptores e o nodo sinoatrial cardíaco
71, possivelmente, o estímulo de uma única sessão de RAL não foi suficiente para
alcançar áreas cerebrais superiores relacionadas ao processamento emocional. No
estudo do Prinsloo et al.22 foi evidenciado um aumento na razão θ/β na região
posterior e centro-posterior, maior potência relativa das ondas θ na região posterior,
menor potência relativa de β na região central. De acordo com os autores essas
mudanças indicam que a RAL é capaz e promover mudanças na atividade cerebral
sugestiva de estados emocionais positivos. A divergência nos resultados pode ser
explicada pela forma de análise dos dados da eletroencefalografia. Enquanto no
presente estudo foi analisada a potência absoluta em cada banda de frequência
assim como a localização dos geradores bioelétricos desses sinais, no estudo de
Prinsloo et al.22 os resultados foram encontrados apenas quando analisados a
potência relativa e utilização de razões entre diferentes bandas. Adicionalmente,
Sherlin et al.20 utilizando a localização de fonte (sLORETA) verificaram aumento da
potência das ondas α e decréscimo em β no córtex cingulado anterior ventral que é
um componente cortical do sistema límbico, envolvido no processamento emocional.
Entretanto, tal modificação pode ter sido detectada devido ao fato de que os
57
indivíduos do referido estudo apresentaram diminuição na ansiedade, enquanto no
presente estudo não foram verificadas mudanças comportamental (ansiedade e
humor). Portanto, a mudança da atividade cerebral parece estar relacionada à
mudanças comportamentais e também pode ser influenciada pelo tipo de análise
realizada.
Para interpretação dos nossos resultados, algumas limitações devem ser
consideradas. Primeiro, o tamanho amostral, o fato das participantes da amostra não
poder estar em uso de anticoncepcional limitou devido à grande dificuldade no
recrutamento dessas mulheres. Segundo, a duração da sessão (duas a três horas)
pode ter influenciado nas respostas. O fato de ter que esperar a montagem do
eletroencefalograma e ficar sentada em uma sala silenciosa e escurecida pode ter
prejudicado os resultados. Terceiro, a adaptação das avaliadas em realizar a RAL e a
ausência de familiarização com a técnica pode ter contribuído para uma única sessão
não ter sido suficiente para mostrar os resultados positivos do efeito da RAL.
Adicionalmente, o fato da avaliação ter sido em um ambiente laboratorial
também pode ter contribuído para ausência de mudanças, pois os estudos que
verificaram os efeitos crônicos da RAL, grande parte os sujeitos realizavam a técnica
em casa. Além disso, a frequência de ressonância individual não foi medida, e pode
ter influenciado o efeito sobre o controle autonômico cardíaco. Este estudo foi o
primeiro a analisar o efeito agudo da RAL sobre aspectos psicológicos e fisiológicos
em mulheres com SPM. Adicionalmente, foi analisado um mapeamento cortical
completo por meio de eletroencefalografia. Foi demonstrado que uma única sessão
não tenha sido suficiente para gerar mudanças, tornando-se necessária a realização
de estudos longitudinais nessa população.
58
7. CONCLUSÃO
Uma única sessão de respiração abdominal lenta promoveu modulação
simpática indicativo de estresse, bem como não foi suficiente para promover
melhoras agudas nos sintomas de ansiedade, humor e modificar a atividade cerebral
em mulheres com síndrome pré-menstrual. Desse modo, a familiarização da técnica
e intervenções de longo prazo podem contribuir para se alcançar os efeitos benéficos
da RAL sobre estes parâmetros psicológicos e fisiológicos.
59
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67
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido;
Anexo 2 – Registro de sintomas diários (RSD);
Anexo 3 – Inventário de ansiedade (IDATE);
Anexo 4 – Escala de humor (BRUMS);
Anexo 5 – Parecer comitê de ética.
68
Anexo 1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Educação Física – Centro de Ciências da Saúde GEPEBIEX – Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
Campus Universitário BR 101 – Lagoa Nova 59072-970 / Natal – Rio Grande do Norte – Brasil Telefone: (084) 32153459 Fax: (084) 32153459
E-mail: [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa EFEITO AGUDO DA
RESPIRAÇÃO LENTA SOBRE AS RESPOSTAS EMOCIONAIS, CARDIOVASCULARES E
ATIVIDADE CEREBRAL DA SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL, que tem como pesquisador
responsável o aluno de nível mestrado Cinthia Beatriz da Fonseca, sob a orientação e
supervisão do Professor Dr. Hassan Mohamed Elsangedy, ambos da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN).
O objetivo dessa pesquisa é verificar os efeitos de uma única sessão de respiração
abdominal lenta sobre as respostas emocionais, cardiovasculares e atividade cerebral da
síndrome pré-menstrual.
Caso você decida tomar parte do nosso estudo, você terá de participar de duas (2)
visitas, a saber:
Dia 1 – No primeiro ciclo menstrual durante a semana anterior a sua menstruação
você receberá um questionário que avalia os sintomas da síndrome de tensão menstrual,
para responder durante a semana anterior á menstruação e após a menstruação.
Dia 2 – No segundo ciclo menstrual, será mensurada sua estatura e massa corporal.
Por meio de sorteio será realizada uma sessão controle (na qual você ficará por 20 minutos
sentados e sem realizar respiração abdominal lenta) ou uma sessão de 20 minutos sentada
realizando o exercício de respiração abdominal lenta. Em ambas as sessões serão avaliadas
a sua atividade cerebral (através de um aparelho de eletroencefalografia posicionado na sua
cabeça na forma de uma toca), a sua frequência cardíaca (através de um monitor de
frequência cardíaca colocado no tórax), sua ansiedade e suas alterações de humor (através
de questionários). Todas as avaliações serão realizadas na semana anterior a menstruação.
Durante a realização do estudo você será submetido à respiração abdominal lenta
que apresenta riscos mínimos, como por exemplo, tontura, ofegância, ou mesmo algum
desconforto respiratório. Contudo, tais reações serão minimizadas pelo fato de todos os
69
procedimentos serem supervisionados, além de termos escolhido a velocidade de respiração
que minimiza tais efeitos.
Por outro lado, você terá como benefício o recebimento de instrução a respeito da
forma correta da realização da respiração abdominal lenta que apresenta como um de seus
benefícios à redução da pressão arterial, além de ser relaxante e ajudar no controle do
estresse e ansiedade. Você também receberá uma avaliação física envolvendo as medidas
de peso corporal, estatura.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para
Cinthia Beatriz da Fonseca pelo número (84) 98704-9570. Você tem o direito de se recusar a
participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo
para você. Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados
apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado
que possa lhe identificar. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por
essa pesquisa em local seguro e por um período de cinco (5) anos.
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido
pelo pesquisador e reembolsado para você, caso solicite. Se você sofrer algum dano
comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização. Qualquer
dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone (84) 3215-3135. Este documento
foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável
Cinthia Beatriz da Fonseca.
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os
riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa
“EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO LENTA SOBRE AS RESPOSTAS EMOCIONAIS,
CARDIOVASCULARES E ATIVIDADE CEREBRAL DA SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL”, e
autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações
científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
Natal _______ de ________________ de 2015.
Nome do voluntário:
___________________________________________________________
Idade: ______anos R.G. _____________________ CPF:_____._____._____-____
Declaração do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo "EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO
LENTA SOBRE AS RESPOSTAS EMOCIONAIS, CARDIOVASCULARES E ATIVIDADE
CEREBRAL DA SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL", declaro que assumo a inteira
70
responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que
foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e
confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido
estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.
Natal _______ de ________________ de 2015.
____________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
71
Anexo 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM BIOLOGIA INTEGRATIVA DO EXERCÍCIO
Nome: ___________________________________________ Data: ___/___/_____
REGISTRO DE SINTOMAS DIÁRIOS (RSD)
Para cada sintoma presente na semana que antecedo o início do seu ciclo menstrual mostrado abaixo marque uma das alternativas de acordo com a legenda:
0 = ausente 1= mínimo (apenas levemente aparente para você) 2 = moderado (o sintoma é perceptível, mas não altera a rotina diária) 3 = muito (continuamente incomodada pelo sintoma e/ou o sintoma interfere na atividade diária) 4 = grave (o sintoma é maior do que se pode controlar/suportar e/ou impossibilita o prosseguimento da atividade diária)
1. Irritabilidade 0 1 2 3 4
2. Choro 0 1 2 3 4
3. Cansaço 0 1 2 3 4
4. Mudanças de humor 0 1 2 3 4
5. Compulsão para consumo de alimentos 0 1 2 3 4
6. Tensão (nervous tension) 0 1 2 3 4
7. Seios doloridos 0 1 2 3 4
8. Ansiedade 0 1 2 3 4
9. Inchaço 0 1 2 3 4
10. Depressão 0 1 2 3 4
11. Cólicas 0 1 2 3 4
12. Sensação de perda de controle 0 1 2 3 4
13. Dores contínuas 0 1 2 3 4
14. Má coordenação 0 1 2 3 4
15. Cefaléia 0 1 2 3 4
16. Confusão 0 1 2 3 4
17. Insônia 0 1 2 3 4
72
Anexo 3
IDATE ESTADO
Leia cada pergunta e faça um círculo ao redor do número à direita da afirmação que
melhor indicar como você se sente agora, neste momento. Não gaste muito tempo
numa única afirmação, mas tente dar uma resposta que mais se aproxime de como
você se sente neste momento.
AVALIAÇÃO
Muitíssimo------4 Bastante------3 Um pouco------2 Absolutamente não------1
1. Sinto-me calmo----------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
2. Sinto-me seguro--------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
3. Estou tenso---------------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
4. Estou arrependido -----------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
5. Sinto-me à vontade----------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
6. Sinto-me perturbado--------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
7. Estou preocupado com possíveis infortúnios---------------------------------------------------1 2 3 4
8. Sinto-me descansado-------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
9. Sinto-me ansioso-------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
10. Sinto-me “em casa”----------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
11. Sinto-me confiante-----------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
12. Sinto-me nervoso-------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
13. Estou agitado------------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
14. Sinto-me uma pilha de nervos-------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
15. Estou descontraído----------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
16. Sinto-me satisfeito-----------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
17. Estou preocupado------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
18. Sinto-me confuso-------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
19. Sinto-me alegre----------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
20. Sinto-me bem------------------------------------------------------------------------------------------------1 2 3 4
73
Anexo 4
A ESCALA DE HUMOR DE BRUNEL (BRUMS)
Data _____/_____/______ horário:_________
NOME:
_________________________________________________________________
Abaixo está uma lista de palavras que descrevem sentimentos. Por favor, leia
tudo atenciosamente. Em seguida assinale, em cada linha, o quadrado que melhor
descreve COMO VOCÊ SE SENTE AGORA. Tenha certeza de sua resposta para
cada questão, antes de assinalar.
Escala: 0 = nada 1 = um pouco 2 = moderadamente 3 = bastante
4= extremamente
0 1 2 3 4
1. Apavorado
2. Animado
3. Confuso
4. Esgotado
5. Deprimido
6. Desanimado
7. Irritado
8. Exausto
9. Inseguro
10. Sonolento
11. Zangado
12. Triste
13. Ansioso
14. Preocupado
15. Com disposição
16. Infeliz
17. Desorientado
18. Tenso
19. Com raiva
20. Com energia
21. Cansado
22. Mal-humorado
23. Alerta
24. Indeciso
74
Anex
o 5