EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA … · Análise da variabilidade da frequência...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO AERÓBIO Samara Karla Anselmo da Silva NATAL – RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO

FÍSICA

EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA

SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE

EXERCÍCIO AERÓBIO

Samara Karla Anselmo da Silva

NATAL – RN

2016

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EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE

EXERCÍCIO AERÓBIO

SAMARA KARLA ANSELMO DA SILVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

ORIENTADOR: Prof. Dr. ALEXANDRE HIDEKI OKANO

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. HASSAN MOHAMED ELSANGEDY

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SAMARA KARLA ANSELMO DA SILVA

EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS

PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO AERÓBIO

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano

Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

Prof. Dr. Bruno Lobão Soares

Prof. Dr. César Renato Sartori

SUPLENTE

Prof. Dr. Eduardo Bodnariuc Fontes

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AGRADECIMENTOS

A dissertação que agora se apresenta é resultado de uma etapa repleta de

aprendizado, na qual recebi apoio e estímulo de muitas pessoas. Assim, os méritos que

ela possa ter eu compartilho com todos que, durante a sua elaboração, me

proporcionaram ensinamentos pessoais e profissionais. Foram vocês que tornaram isso

possível.

Agradeço a Deus por mais uma etapa concluída. Agradeço aos meus pais João

Maria Anselmo da Silva e Maria do Socorro da Silva, os quais me inspiram a ser uma

pessoa melhor todos os dias, assim como pelo carinho e apoio dado sempre em todas

as minhas decisões. Mesmo com as dificuldades, vocês me ajudaram a atingir mais um

objetivo. Agradeço ainda a família maravilhosa que construíram ao meu redor. Aos

meus irmãos Soraya Karla e João Carlos, a Beta, a minha cunhada Luciana C. e meu

sobrinho João Paulo.

Agradeço aos professores Alexandre Hideki Okano e Hassan Mohamed

Elsangedy pela orientação dada durante esses anos, pela disponibilidade em ajudar,

pela dedicação ao trabalho desenvolvido no grupo e pela compreensão nos momentos

de dificuldade. Aos dois, a minha admiração e o meu respeito. Agradeço ainda aos

professores que fizeram parte da banca: Bruno Lobão Soares e César Renato Sartori,

por colaborarem de maneira bastante positiva com minha formação e com esta

dissertação de mestrado.

Agradeço imensamente aos meus grandes amigos e companheiros de estudo,

que, por estarem diariamente comigo (fisicamente ou não), participaram efetivamente

do meu crescimento e da minha formação. Além disso, são amigos que jamais

esquecerei. São eles: Daniel Machado (e Rebeca L.), Luiz Inácio, Luiz Fernando, André

Fonteles, Pedro Agrícola e Gertrudes.

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Agradeço a todos os integrantes do Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia

Integrativa do Exercício (GEPEBIEX), aos quais também tenho grande apreço e aos

amigos da turma de mestrado, em especial Amanda Maria, Ana Camila Campelo e

Reneê Caldas.

Por fim, e não menos importante, agradeço aos voluntários do presente estudo

pela compreensão e contribuição dada à pesquisa.

A todos, o meu sincero agradecimento.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................12

2. OBJETIVOS .......................................................................................................................14

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................................ 14

2.2. Objetivos específicos ................................................................................................................ 14

3.1. Respiração Abdominal Lenta ................................................................................................... 15

3.1.1. Arritmia respiratória sinusal, frequência de ressonância e conceito ..........................15

3.1.2. Efeitos Psicológicos da RAL .....................................................................................17

3.1.3. Mecanismos dos efeitos psicológicos da RAL ..........................................................18

3.2. Respostas psicofisiológicas ao exercício físico .................................................................... 20

3.2.1. Afeto ........................................................................................................................20

3.2.2. Respostas afetivas ao exercício físico ......................................................................23

3.2.3. Percepção Subjetiva de Esforço ..............................................................................25

4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................28

4.1. Amostra ....................................................................................................................................... 28

4.2. Desenho do estudo ................................................................................................................... 29

4.3. Avaliação antropométrica ......................................................................................................... 31

4.4. Teste Incremental Máximo ....................................................................................................... 31

4.5. Teste Retangular ....................................................................................................................... 33

4.6. Análise do afeto ......................................................................................................................... 34

4.7. Análise da percepção subjetiva de esforço ........................................................................... 34

4.8. Análise do nível de ansiedade ................................................................................................. 34

4.9. Análise do estado de humor .................................................................................................... 35

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4.10. Análise da variabilidade da frequência cardíaca .................................................................. 36

4.11. Intervenção com a Respiração abdominal lenta .................................................................. 37

4.12. Análise estatística ...................................................................................................................... 38

5. RESULTADOS ...................................................................................................................39

5.1. Parâmetros perceptuais e psicológicos ................................................................................. 39

5.1.1 Afeto ........................................................................................................................39

5.1.2. Percepção subjetiva de esforço ...............................................................................39

5.1.3. Nível de ansiedade ..................................................................................................40

5.1.4. Nível de humor .........................................................................................................41

5.2. Parâmetros fisiológicos ............................................................................................44

5.2.1. Frequência cardíaca e SD1 durante o exercício físico..............................................44

5.2.2. Variabilidade da frequência cardíaca .......................................................................45

6. DISCUSSÃO ......................................................................................................................54

8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS a

RAL e PÓS exercício físico.

Tabela 2 – Comparação dos índices de VFC nos domínios do tempo e da

frequência nos momentos PRÉ e PÓS exercício físico.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de curva “U” invertido da relação dose-resposta entre

intensidade de exercício físico e benefícios afetivos.

Figura 2 – Relação dose-resposta entre intensidade do exercício físico e

resposta afetiva, segundo Teoria do modelo duplo.

Figura 3 – Modelo Teórico do Governador Central.

Figura 4 – Diagrama do protocolo que foi utilizado durante a visita 1.

Figura 5 – Diagrama do protocolo que foi utilizado durante as visitas 2 e 3.

Figura 6 – Dispositivo para controle da respiração em seis (6) ciclos por minuto.

Figura 7 – Comparação das respostas afetivas no 5º, 10º, 15º e 20º minuto

durante o teste retangular na condição RAL e CON.

Figura 8 – Comparação da percepção subjetiva de esforço (PSE) nos momentos (5’,

10’, 15’, 20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.

Figura 9 – Comparação do nível de ansiedade nos momentos pré, pós e pós

exercício físico (Pós_EF) nas condições RAL e CON.

Figura 10a – Comparação da Frequência Cardíaca (FC) nos momentos (5’, 10’, 15’,

20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.

Figura 10b – Comparação do SD1 nos momentos (5’, 10’, 15’, 20’) durante o teste

retangular nas condições RAL e CON.

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

BFB – biofeedback;

CON – controle;

RAL – respiração abdominal lenta;

TImáx – Teste Incremental máximo;

PSE – Percepção subjetiva do esforço

AF - Afeto

FC – Frequência cardíaca;

SD1 – Desvio padrão da variabilidade instantânea (batimento a batimento);

VFC – Variabilidade da frequência cardíaca;

RMSSD - raiz quadrada da média da soma dos quadrados das diferenças entre

intervalos R-R normais adjacentes;

SDNN - desvio padrão de intervalos R-R consecutivos;

LF – Componente de Baixa frequência. Decorrente da ação conjunta dos

componentes vagal e simpático sobre o coração, com predominância do simpático;

HF – Componente de Alta frequência. Indicador do nervo vago sobre o

coração;

LF/HF – Razão entre índice de baixa frequência e alta frequência. Caracteriza

o balanço simpato-vagal sobre o coração;

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RESUMO

EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO AERÓBIO

Autor: Samara Karla Anselmo da Silva

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano

Co-orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

Introdução: A Respiração abdominal lenta (RAL) é uma estratégia não-invasiva

para modular a atividade biológica, a qual demonstrou efeitos psicológicos e

emocionais positivos. Estudos utilizando a RAL encontraram melhoras na

ansiedade, estresse, estados de humor, auto-confiança, auto-eficácia, e controle de

desejo de alimentos. No entanto, nenhum estudo avaliou o efeito da RAL nas

respostas psicofisiológicas durante o exercício e o prazer/desprazer. Sendo essas

respostas importantes, uma vez que o prazer que as pessoas se sentem durante o

exercício influencia as suas decisões sobre a aderência. Objetivo: Verificar o efeito

agudo da RAL sobre as respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio.

Métodos: Dezessete homens (27,4 ± 8,4 anos, 76,2 ± 10,7 kg, 1,75 ± 0,09 m)

foram submetidos a um teste de esforço progressivo, e duas sessões de carga

constante em exercício aeróbio de 20 min, com e sem a RAL, realizada de maneira

randomizada e cruzada. Antes de cada sessão, a variabilidade da frequência

cardíaca (VFC), inventário de ansiedade-estado (AN), e a escala estados de humor

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(HUM) foram coletados. Durante o exercício, a frequência cardíaca (FC), o desvio-

padrão da FC (SD1), as respostas afetivas (AF) e percepção subjetiva de esforço

(PSE) foram registrados a cada cinco minutos. Após o exercício, VFC, AN, e HUM

foram novamente medidos. Resultados: A ANOVA de duas vias com medidas

repetidas mostrou que não houve efeito da RAL no AF (p>0,05) e PSE (p>0,05),

FC (p>0,05) e SD1 durante o exercício (p>0,05). Similarmente, não houve efeito na

VFC (p>0,05), AN (p>0,05) e no HUM (p>0,05). Conclusão: A Respiração

abdominal lenta realizada e forma aguda não melhora respostas psicofisiológicas

durante o exercício aeróbico. Além disso, não melhora a ansiedade-estado e humor

em repouso ou após o exercício, em indivíduos fisicamente ativos e sem alterações

emocionais.

Palavras chaves: Afeto, exercício físico, respiração abdominal lenta.

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ABSTRACT

ACUTE EFFECT OF SLOW ABDOMINAL BREATHING IN PSYCHOPHYSIOLOGICAL RESPONSES DURING AEROBIC EXERCISE

Autor: Samara Karla Anselmo da Silva

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano

Co-orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

Introduction: Slow abdominal breathing (SAB) is a non-invasive strategy to modulate

biological activity that has shown positive emotional and psychological effects. Studies

using SAB have found improvements in anxiety, stress, mood states, self-confidence,

self-efficacy, and food craving. However, none study have assessed the effect of SAB

on the psychophysiological responses during exercise, and the pleasure/displeasure

people feel during exercise that influences their decisions regarding adherence.

Purpose: The aim of this study was to assess the acute effects of SAB on the

psychophysiological responses during aerobic exercise. Methods: Seventeen males

(27,4 ± 8,4 years, 76,2 ± 10,7 kg, 1,75 ± 0,09 m) underwent to a graded exercise test,

and two sessions of 20-min constant load aerobic exercise with and without SAB,

performed in crossover and random order. Before each session, heart rate variability

(HRV), state-anxiety (SA), and mood states (MS) were measured. During exercise,

heart rate (HR), the standard deviation of HR (SD1), affective responses (AF), and

ratings of perceived exertion (RPE) were registered every five minutes. After exercise,

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HRV, SA, and MS were also measured. Results: A two-way ANOVA with repeated

measures showed that there was no effect of SAB on AF (p>0.05), RPE (p>0.05), HR

(p>0.05), and SD1 (p>0.05). Similarly, there was no effect on HRV, SA, and MS

(p>0.05). Conclusion: Slow abdominal breathing does not improve

psychophysiological responses during aerobic exercise. Additionally, it does not

enhance state-anxiety and mood at rest or after exercise, in physically active and

healthy individuals.

Key words: Affect, physical exercise, slow abdominal breathing

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1. INTRODUÇÃO

Estudos têm demonstrado o papel central da emoção a tudo o que fazemos,

sendo esta capaz de influenciar a tomada de decisão e definir o nosso comportamento

diante de uma determinada tarefa1. Esse tema tem sido foco de bastante atenção uma

vez que o combate à inatividade física (considerada um dos maiores problemas de

saúde do século XXI2) baseado na educação e modelos cognitivos tem sido

minimamente eficaz3. Ainda, cerca de 31% dos adultos no mundo são considerados

insuficientemente ativos4 pois não atingem as recomendações de atividade física

sugeridas para promoção da saúde5. Diante disso, pesquisadores6 têm argumentado

que o principal aspecto comportamental do exercício físico é o sentimento de prazer e

bem-estar experienciados durante o mesmo, a qual gera um comportamento favorável

à essa prática7,8.

De fato, quanto maior é o prazer sentido durante o exercício físico maior é a

quantidade de tempo despendido por dia e por semana pelos indivíduos para

realização do mesmo7–9 e menor são os sentimentos aversivos, como cansaço/fadiga

após o exercício9. Além disso, a percepção subjetiva de esforço durante o exercício

físico também está intimamente ligada a fatores emocionais10. Essa informação é

bastante relevante uma vez que a decisão consciente de manter, aumentar ou diminuir

a intensidade ou até mesmo finalizar o exercício pode ser resultado de um equilíbrio

entre motivação e afeto e a sensação de esforço físico11. Assim, intervenções que

otimizem as experiências afetivas positivas sentidas durante o exercício físico parecem

ser estratégias importantes para favorecer a tomada de decisão e um comportamento

favorável à programas de atividade física6.

Nesse sentido, a respiração abdominal lenta (RAL) é uma técnica que consiste

na redução da taxa respiratória próximo à frequência de ressonância12, a qual é

conhecida por gerar maior oscilação na frequência cardíaca83. Esse procedimento pode

ser realizado tanto com o auxílio de um aparelho de biofeedback12 como sem a

presença do mesmo13 e, apesar da eficiência com o uso do aparelho, técnicas de

respiração sem a utilização do aparelho de biofeedback desempenham efeitos

benéficos semelhantes13. A utilização da RAL apresenta efeitos psicológicos positivos,

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como a diminuição de estados de humor negativo reportado pela ausência de tensão,

depressão e fadiga14, redução da ansiedade14–16, aumento do relaxamento17, aumento

da auto-confiança16, entre outros benefícios18–23. O principal mecanismo relacionado ao

efeito modulatório da RAL sobre as respostas psicológicas tem sido atribuído a

estimulação do sistema barorreflexo16 e a melhora do controle autonômico14, tendo em

vista que estressores psicológicos, como por exemplo a ansiedade, são

frequentemente associados com um aumento do tônus cardíaco simpático e diminuição

no tônus parassimpático, ou ambos. Uma forma de observar essa melhora tem sido

através da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), a qual reflete as variações da

frequência cardíaca instantânea entres os batimentos cardíacos consecutivos24, sendo

o seu aumento atribuído, principalmente, à modulação parassimpática e,

consequentemente, havendo melhora do controle autonômico. Recentemente estudos

identificaram a capacidade da RAL em modular também a plasticidade cerebral17,25 em

áreas relacionadas ao sistema límbico e córtex pré-frontal, as quais estão envolvidas

no processamento de respostas psicofísicas ao estresse e controle emocional26. Tais

resultados foram observados tanto durante a prática da RAL (com aumento de

relaxamento e diminuição da ansiedade), quanto no momento pós RAL (com aumento

da atenção interna e persistência de relaxamento). Ademais, a RAL apresenta baixo

custo e pode ser facilmente utilizada no dia a dia, sem que apresente efeitos

colaterais27.

Portanto, considerando a importância das respostas psicofisiológicas durante o

exercício físico para a manutenção de um comportamento favorável a programas de

atividade física e sabendo que a RAL pode modificar positivamente as respostas

comportamentais e a atividade cerebral13–16,23,25,28,29, acreditamos que a RAL realizada

previamente ao exercício físico possa modular o padrão de respostas psicofisiológicas

durante o exercício.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Analisar o efeito agudo da respiração abdominal lenta (RAL) sobre as

respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio.

2.2. Objetivos específicos

Verificar o efeito da RAL sobre a frequência cardíaca (FC) e limiar de

variabilidade da frequência cardíaca (SD1) durante o exercício físico aeróbio;

Verificar o efeito da RAL sobre a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no

momento pós exercício físico;

Verificar o efeito da RAL sobre a ansiedade (AN) e humor (HU) nos momentos

pré (RAL/CON), pós (RAL/CON) e pós exercício físico;

Verificar o efeito da RAL sobre o afeto (AF) e a percepção subjetiva de esforço

(PSE) durante o exercício aeróbio a cada cinco minutos do total de vinte

minutos de teste;

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Respiração Abdominal Lenta

3.1.1. Arritmia respiratória sinusal, frequência de ressonância e conceito

A respiração pulmonar é um processo natural do ser humano e envolve as

fases de inalação (entrada de ar nos pulmões) e expiração (saída de ar dos

pulmões). Tal processo, apesar de ter um comportamento involuntário, também pode

ser parcialmente controlado pelo indivíduo, o que possibilita ao mesmo interagir com

outros sistemas corporais sobre os quais a respiração exerce influência, como por

exemplo, o sistema nervoso autônomo e cardiovascular30. A FC aumenta durante o

processo de inalação e diminui durante a expiração31. Nesse sentido, a arritmia

sinusal respiratória é o termo utilizado para a variação na frequência cardíaca (FC)

que acompanha o processo respiratório12.

Em um adulto saudável a taxa respiratória normal possui de 9-24 (0.15 – 0.4

Hz) respirações/minuto que é equivalente a variações na FC de alta frequência. Já

frequências respiratórias mais baixas de 3-9 respirações/minuto (0.05-0.15 Hz)

equivalem a variações de baixa frequência e maior amplitude nos parâmetros

cardíacos para ume stado basal12, o que parece ser mais interessante, uma vez que

a diminuição da amplitude de variação da FC está envolvida com desordens

emocionais como ansiedade, depressão32,33 e patologias associadas ao sistema

cardiovascular34,35. Assim, pesquisadores têm demostrado que as pessoas podem

indiretamente produzir aumento na amplitude dessas oscilações da FC36 respirando

em uma frequência respiratória na qual a amplitude é consideravelmente maior. Essa

frequência é chamada de frequência de ressonância. Cada indivíduo possui uma

frequência de ressonância específica sendo que, para maioria das pessoas, ocorre

em torno de 6 respirações/minuto ou 0.1 Hz12. Várias pesquisas que utilizam o

controle respiratório como uma abordagem alternativa para exercer efeitos benéficos

ao organismo utilizaram protocolos nos quais buscava-se atingir ou respirar numa

frequência que coincidia com a frequência de ressonância18,20.

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Nesse sentido, a respiração abdominal lenta (RAL) é uma técnica que consiste

na redução voluntária da taxa respiratória normal próximo à frequência de

ressonância12. A RAL pode ser realizada tanto com o auxílio de um aparelho de

biofeedback12 como sem a presença do mesmo13. A técnica utilizando o aparelho de

biofeedback é chamada de biofeedback de variabilidade da frequência cardíaca

(BVFC), biofeedback de arritmia sinusal respiratória ou feedback de frequência de

ressonância12 e envolve o uso de instrumentos bioeletrônicos para gravar e transmitir

em tempo real os batimentos cardíacos do indivíduo e, através de um padrão

respiratório lento o indivíduo atinge sua frequência de ressonância. Nos últimos anos,

tem sido substancial o uso do biofeedback para uma variedade de disfunções e para

melhoria do desempenho atlético37. Entretanto, apesar da eficiência deste

procedimento com o uso do aparelho, técnicas de respiração sem a utilização do

aparelho de biofeedback desempenham efeitos benéficos semelhantes13. Wells et

al.13 em seu estudo comparando a RAL com e sem o uso do biofeedback sobre a

ansiedade e variabilidade da frequência cardíaca (VFC) dos indivíduos concluiu que

não houve diferença entre esses procedimentos com relação aos efeitos benéficos

da RAL, havendo diminuição da ansiedade e melhora na VFC em ambos. Outros

estudos sem utilizar o aparelho de biofeedback também apresentam, em seus

resultados, modificações fisiológicas positivas18,20,38.

A RAL, ainda, pode ser confundida com algumas técnicas orientais, as quais

podem apresentar efeitos semelhantes aos da RAL, uma vez que, durante os

exercícios de meditação, induzem as pessoas a respirarem em suas taxas de

frequência de ressonância39. Entretanto, essas técnicas orientais não são bem

padronizadas, podendo ser ensinadas de diversas formas, dependendo do instrutor e

do objetivo. Ainda, são consideradas complexas e nem todos os seus componentes

podem ser eficazes no controle fisiológico de um sistema particular ou tratamento de

patologias específicas12. Nesse sentido, a RAL é uma técnica de aplicação simples e

imediata e segue um padrão direcionado para mudanças fisiológicas podendo ser

facilmente aprendida pela maioria dos indivíduos12. Ademais, ao contrário da maioria

das intervenções farmacológicas, nenhum efeito colateral foi reportado pelo uso da

RAL15.

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3.1.2. Efeitos Psicológicos da RAL

O sistema respiratório é bastante sensível às variações na emoção e pode ser

um componente importante na regulação emocional40. De fato, já está bastante

evidente que a atividade respiratória diminui durante estados de repouso ou de

relaxamento41 e aumenta durante situações de estresse42, como acontece com

indivíduos com altos níveis de ansiedade43–45, os quais mostram elevação da

frequência respiratória, bem como excitação fisiológica elevada e maior percepção

de sintomas somáticos46,47. Diante disso, e, considerando a existência de uma

estreita associação entre a respiração, atividade autônoma cardíaca e aspectos

emocionais13,27, é possível dizer que os indivíduos são capazes de alterar seus

estados emocionais utilizando o controle voluntário da respiração48.

Nesse sentido, pesquisas utilizando a RAL têm demonstrado efeitos benéficos

crônicos sob diversos aspectos emocionais16,49. Paul et. al.16 examinando a

efetividade do treinamento da RAL sobre o estado de ansiedade de jogadores de

basquetebol mostrou que a RAL exibiu considerável redução na ansiedade, quando

comparada ao grupo placebo e controle, após treinamento com a RAL por 10 dias

consecutivos. Este efeito perdurou por um mês após treinamento com a RAL. Já

Lagos et al.14 em um estudo de caso com um jogador de golfe, demonstraram que a

RAL, praticada durante 10 semanas consecutivas, conseguiu reduzir a ansiedade

cognitiva (associada a preocupação) e somática (associada a excitação fisiológica)50.

Além disso, o indivíduo reportou completa ausência de tensão, depressão, raiva,

fadiga e aumento da autoconfiança.

Por outro lado, efeitos agudos15,17,28 também são vistos após intervenção com

a RAL. Em uma única sessão, Wells et. al.15 verificaram redução do estado de

ansiedade e melhora na VFC, indicando aumento da influência parassimpática na FC

em resposta ao estresse psicossocial durante performance de musicistas. A melhora

na regulação da excitação fisiológica antes da performance dos musicistas foi

associada ao aumento da modulação vagal, uma vez que a mesma está associada

com maior controle executivo e capacidade de inibir respostas emocionais

associadas ao medo.

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3.1.3. Mecanismos dos efeitos psicológicos da RAL

O padrão respiratório é fortemente associado a estados emocionais e

psicológicos51,52. De maneira recíproca, um padrão respiratório controlado pode

refletir a eficiência e resiliência fisiológica, contribuindo para auto regulação e

manutenção geral da saúde do indivíduo53. Nesse sentido, estudos têm demonstrado

que a RAL causa modificações fisiológicas positivas, principalmente associadas a

regulação do sistema nervoso autônomo (SNA) observadas através de modificações

na VFC16,54, a qual gera informações importantes sobre a flexibilidade autonômica e

a capacidade do indivíduo regular suas respostas emocionais55, uma vez que o

aumento na VFC reflete modulação parassimpática24 e, consequentemente melhora

na flexibilidade autonômica e a diminuição da VFC reflete maior influência simpática,

sendo forte indicador de risco relacionado a eventos adversos56.

Assim, o principal mecanismo por trás dos efeitos da regulação emocional da

RAL tem sido relacionado ao estímulo que esse padrão respiratório exerce nas

propriedades de ressonância do sistema cardiovascular (por exemplo, arritmia

sinusal respiratória)57. Mais precisamente, a RAL estimula e exercita os reflexos

autonômicos, tornando-os mais eficientes. Em casos de patologias desse sistema, a

RAL atua na restauração e regulação do balanço entre a modulação simpática e

parassimpática58. Lin et al.27 tentando explorar o potencial mecanismo da RAL,

observaram o aumento da sensibilidade barorreflexa, o aumento da modulação

parassimpática e redução da modulação simpática, melhorando assim o controle

autonômico cardíaco em indivíduos pré-hipertensos. De fato, tal mecanismo parece

ser plausível, uma vez que a ansiedade e o estresse, por exemplo, são

frequentemente associados com o aumento do controle cardíaco simpático e

diminuição no controle parassimpático, ou ambos59,60.

Nesse sentido, Lagos et al.14 avaliando a RAL como estratégia de redução na

ansiedade competitiva em um jogador de golfe atribuíram a melhora da performance

e aspectos emocionais ao efeito da RAL na regulação autonômica. Do mesmo modo,

Wells et al.15 objetivando avaliar o efeito da RAL sob o estresse de músicos antes de

uma apresentação, observou que com apenas uma única sessão de 30 minutos,

Page 23: EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA … · Análise da variabilidade da frequência cardíaca ... Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS

19

houve aumento do tônus vagal e redução do balanço simpato-vagal. A melhora na

regulação da excitação fisiológica antes da performance dos musicistas foi associada

ao aumento da modulação vagal, uma vez que a mesma está associada com maior

controle executivo e capacidade de inibir respostas emocionais associadas ao medo.

De fato, altos níveis do índice de alta frequência da VFC em repouso indicam

habilidade do sistema autonômico em inibir a excitação simpática61, aumentando a

flexibilidade comportamental frente ao estresse e a ansiedade.

Mecanismos corticais também são especulados por alguns autores25,28. Esses

estudos apontam através da análise por eletroencefalograma (EEG) mudanças no

encéfalo causadas pela RAL como, por exemplo, Sherlin et al.25 mostraram aumento

de ondas α (alfa; associada ao aumento da atenção interna e relaxamento) no giro

cingulado anterior como também diminuição de ondas β (beta; associadas ao

aumento de excitação cortical) no giro cingulado posterior. Além disso, Prinsloo et

al.17 relataram aumento de ondas θ (teta; associada ao relaxamento) na linha média

na região frontal, central e parietal (Fz, Cz, Pz), diminuição de ondas β em Fz, Cz e

aumento do índice θ/β em Fz, Cz e Pz durante a RAL, sugerindo aumento do

relaxamento e diminuição da ansiedade. No período pós RAL foi demonstrado, neste

mesmo estudo, aumento na área posterior de θ, diminuição na área central de β e

aumento na área posterior e central do índice θ/β, resultando no aumento da atenção

interna e persistência de relaxamento17. No entanto, ainda não está clara a

relação/conexão entre os efeitos periféricos e centrais da RAL. Outros mecanismos,

como as alterações no potencial de membrana de células neuronais através de

técnicas de respiração lenta, também têm sido propostos com o objetivo de

demonstrar a estreita relação entre a respiração, atividade cardíaca, atividade

autonômica e emoção62. Entretanto, nenhum estudo utilizando o procedimento da

RAL verificou tais mecanismos.

Page 24: EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA … · Análise da variabilidade da frequência cardíaca ... Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS

20

3.2. Respostas psicofisiológicas ao exercício físico

3.2.1. Afeto

Buscando discutir e compreender a terminologia do afeto, Ekkekakis e

Petruzello 63, propuseram o “afeto base” como sendo uma valência mais ampla e

subconsciente do que emoção e “estados distintos de afeto” que incluem emoções e

humores mediados por um processo de avaliação cognitiva (raiva, medo,

constrangimento, dentre outros), sendo ele definido como o componente

característico elementar de respostas do tipo contrastante (prazer/desprazer,

conforto/desconforto, positivo/negativo, entre outras). Assim, enquanto emoção

necessita de uma avaliação cognitiva de um estímulo, o afeto pode ocorrer como um

dos componentes da emoção (ex.: constrangimento é desprazeroso) ou

independente dela (sem avaliação cognitiva), como ocorre ao sentirmos uma dor64.

De acordo com Damasio65–67, a emoção é definida como uma coleção de

mudanças nos estados corporais periféricos (somáticos) e cerebrais provocadas por

um sistema que responde a conteúdos específicos de suas percepções reais ou

recordatórias, em relação a um objeto ou evento particular. Essas alterações podem

ser internas e viscerais, como por exemplo na frequência cardíaca, contração

muscular, entre outras, como podem ser externas e visíveis, como expressão facial,

comportamentos específicos, dentre outros. As respostas corporais destinadas ao

encéfalo levam a liberação de neurotransmissores, modificações de estados ativos

de algumas regiões encefálicas e modificações de sinais a partir do corpo para

regiões somatossensoriais. Esse conjunto de sinais proporcionam ingredientes

essenciais para serem percebidos como um sentimento, um fenômeno perceptível ao

indivíduo.

Considerando a influência do sentimento no comportamento humano68 e

buscando compreender além de parâmetros fisiológicos periféricos como o indivíduo

se sente durante a prática de exercício físico, Hardy e Rejeski69 propuseram a escala

de valência afetiva com a finalidade de avaliar o prazer/desprazer experienciados

durante o mesmo70. Essa escala se fundamenta no aspecto mais forte das reações

emocionais, geralmente com sentimentos bons ou ruins, sem avaliar as diversas

Page 25: EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA … · Análise da variabilidade da frequência cardíaca ... Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS

21

categorias da emoção (depressão, alegria, vigor, entre outros). Dessa forma, as

respostas afetivas podem ser definidas como modificações no prazer/desprazer

autorreportado.

Ainda no contexto do exercício físico, a relação dose-resposta entre

intensidade de exercício físico e respostas afetivas tem sido uma área de pesquisa

proeminente dentro da psicobiologia, principalmente pela crescente expectativa na

elucidação dos possíveis mecanismos que envolvem a relação de intensidade e a

aderência a programas de exercício físico71–74. Afim de compreender essa relação, o

modelo de curva em “U” invertido75,76 (Fig.1) evidencia os benefícios afetivos na

intensidade moderada, enquanto que em intensidades leves e vigorosa isso parece

não ocorrer. Entretanto, tal modelo deve ser observado com cautela, uma vez que o

mesmo é insatisfatório para explicar a relação entre intensidade e afeto77. Um dos

motivos para essa insatisfação é que o modelo não se encaixa bem aos dados,

confirmado em estudo realizado em intensidade moderada (60% Vo2 máximo)

demonstrando que alguns indivíduos relatam aumento da resposta afetiva prazerosa

e, outros, decréscimos no prazer78. Ainda, foi observado que não é considerado a

variabilidade inter-individual nas respostas afetivas que se modificam em função da

intensidade64,78. Por último, esse modelo é descritivo e não mecanicista, dessa

forma, não possui hipóteses testáveis a fim de elucidar as causas das mudanças

afetivas evidenciadas79. Erros metodológicos também foram constatados em uma

revisão da literatura realizada por Ekkekakis et al.79 relacionados a intensidade das

sessões de exercício físico, análise das mudanças de respostas afetivas e ao

momento da avaliação da resposta afetiva (pré-exercício; durante o exercício; pós-

exercício). Em cima de tais erros metodológicos, surge a Teoria do modelo duplo80.

Page 26: EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA … · Análise da variabilidade da frequência cardíaca ... Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS

22

Figura 1. Modelo de curva “U” invertido da relação dose-resposta entre intensidade

de exercício físico e benefícios afetivos (Adaptado de Berger) 81.

A Teoria do modelo duplo80 postula que as respostas afetivas ao exercício

físico são determinadas pela relação entre fatores cognitivos (ex.: auto eficácia,

planejamento) e estímulos interoceptivos (ex.: sinais provenientes do corpo), que

atuam em função da intensidade do exercício físico. Nessa perspectiva, as respostas

afetivas são determinadas pelos fatores cognitivos em intensidades abaixo ou

próxima ao limiar ventilatório. Já fatores interoceptivos determinam as respostas

afetivas em intensidades que excedem o limiar ventilatório. De modo mais detalhado,

isso ocorre porque em intensidades abaixo do limiar ventilatório o estado fisiológico é

estável, o que permite o indivíduo planejar suas ações, avaliando a sua percepção e

sensação com relação ao exercício físico praticado. Por outro lado, acima do limiar

ventilatório o estado fisiológico é instável, influenciando a atenção dos indivíduos

para sinais interoceptivos (sinais corporais) que passam a determinar as respostas

afetivas79,80. Portanto, ao sumarizar essas informações, a teoria do modelo duplo

prediz que80: em intensidades abaixo do limiar ventilatório as respostas afetivas são

homogêneas, prazerosas e possuem pouca influência de fatores cognitivos; em

intensidade próxima ao limiar ventilatório, as respostas afetivas possuem

variabilidade, com uns indivíduos reportando prazer e outros reportando desprazer,

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23

sofrendo também uma maior influência cognitiva; em intensidades acima do limiar

ventilatório as respostas afetivas são homogêneas, desprazerosas e possuem maior

influência interoceptiva (Fig. 2)

Figura 2. Relação dose-resposta entre intensidade do exercício físico e resposta

afetiva, segundo Teoria do modelo duplo80.

3.2.2. Respostas afetivas ao exercício físico

Dada a gama de benefícios que a participação em programas de exercício

físico pode proporcionar à saúde do ser humano82–84, a Organização Mundial da

Saúde (OMS)85 tem encorajado o desenvolvimento de políticas públicas e programas

que promovam a saúde através da prática de exercício físico baseado,

principalmente, sob uma perspectiva cognitiva, além dos fatores sociais86 e

ambientais87, assumindo, dessa forma, que os indivíduos se envolvem em um

processo racional (considerando os custos e benefícios) de suas escolhas

comportamentais88. Entretanto, o desenvolvimento dessa proposta obteve sucesso

limitado, principalmente quando se trata da manutenção desses exercícios89.

De acordo com a teria hedônica, as pessoas são levadas a querer

experiências positivas (agradáveis) e, dessa forma, a participação regular em

programas de exercício físico seria aumentada para aqueles que experienciassem a

sessão de exercício físico de forma prazerosa fazendo com que reforçasse esse

Abaixo do limiar ventilatório

(Intensidade leve)

Próximo ao limiar ventilatório

(Intensidade moderada)

Acima do limiar ventilatório

(Intensidade severa)

Homogeneidade Variabilidade Homogeneidade

Prazer Prazer/Desprazer Desprazer

Influência Cognitiva

Influência Cognitiva

Influência Interoceptiva

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24

comportamento, enquanto que experiência desprazerosa exerceria o efeito inverso90.

De fato, Dishman6 notou que o prazer e bem-estar são motivos mais fortes para a

prática contínua de exercício físico do que o conhecimento sobre os benefícios que o

mesmo promove. Ainda, estudos como os de Schneider 7, Kwan e Bryan9 e Williams8

demonstraram que quanto maior o prazer experienciado durante a realização da

atividade física mais tempo de prática por dia e por semana os indivíduos realizaram,

sendo um único aumento na unidade de valência afetiva (escala de Hardy &

Rejeski69) associado com aproximadamente 41 minutos adicionais de atividade física

por semana 12 meses depois8, além de diminuir a sensação de cansaço físico após

exercício9. Esses resultados tornam-se relevantes quando consideramos as diretrizes

do Colégio Americano de Medicina do Esporte5 para melhoria da saúde, onde os

minutos semanais associados com a intensidade são considerados pontos

importantes na prescrição de exercício físico.

Ainda, embora subjetiva, a resposta afetiva ao exercício físico parece ser um

método alternativo de regulação do exercício físico. Rose e Parfitt91 examinaram a

utilidade da escala de afeto69 para regular a intensidade do exercício em mulheres

sedentárias. Nesse estudo, as mulheres se exercitaram de modo que sentissem o

exercício como sendo “bom” (+3 na escala de afeto) e “razoavelmente bom” (+1 na

escala de afeto) em quatro sessões consecutivas para cada intensidade. Foi

observado que as mulheres que sentiram o exercício como “bom” se exercitaram em

uma intensidade ligeiramente inferior (64% da FC máx) quando comparadas a

intensidade selecionada pelas mulheres que se exercitaram sentindo o exercício

como sendo “razoavelmente bom” (68% da FC máx). Em ambas condições, em

média, a intensidade foi de 7- 8% abaixo do limiar ventilatório). Logo, tais resultados

sugerem que a escala afetiva pode ser utilizada para autorregular a intensidade do

exercício para atingir uma dada resposta afetiva e, para manter essa resposta

afetiva, a intensidade passa a ser aumentada ao longo do tempo. Estudo relatando

resultados semelhantes foram realizados com indivíduos ativos fisicamente92.

Dessa forma, especula-se que esse aumento da intensidade a partir do uso da

escala de valência afetiva pode alcançar benefícios à saúde uma vez que o exercício

físico realizado próximo ao limiar ventilatório ao longo do tempo melhora a aptidão

Page 29: EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA … · Análise da variabilidade da frequência cardíaca ... Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS

25

fisiológica93. Adicionalmente, baseado no papel desempenhado pelos fatores

cognitivos (experiências prévias, personalidade, objetivos pessoais, entre outros) e

fatores interoceptivos (sinais provenientes do corpo como, por exemplo, a respiração

pulmonar) na relação da intensidade de exercício e afeto da teoria do modelo

duplo94, o ritmo do esforço (intensidade) deve aumentar em resposta a uma maior

adaptação fisiológica associada ao aumento da aptidão do indivíduo. Com esse

aumento de intensidade os estímulos interoceptivos sinalizam para um possível

ajuste à intensidade selecionada para atingir uma resposta afetiva prazerosa (“bom”;

+3 na escala de afeto). Se a melhora na aptidão e as adaptações fisiológicas são

evidentes, a regulação do exercício através de respostas afetivas pode auxiliar a

atingir as recomendações de atividade física para promoção de saúde. Ademais, de

acordo com a teoria da autodeterminação95, a autonomia concedida ao indivíduo

para que o mesmo controle a intensidade do exercício apoia o desenvolvimento de

um comportamento de motivação intrínseca.

3.2.3. Percepção Subjetiva de Esforço

O modelo clássico apresentado nos livros de fisiologia do exercício afirma que

o controle da intensidade de exercício físico e fadiga física apresenta uma relação

linear com mudança de metabolismo, demanda energética, respostas

cardiovasculares e respiratórias, entre outros96–98. Entretanto, objetivando buscar um

instrumento que avaliasse o nível de esforço físico de outra forma que não através de

marcadores fisiológicos, Gunnar A. V Borg99, em meados da década de 60,

encontrou uma correlação entre uma escala, chamada de percepção subjetiva de

esforço (PSE) e a frequência cardíaca em teste máximo realizado em ciclo

ergômetro. Diante disso, uma nova possibilidade de obtenção da quantificação do

nível de esforço durante o exercício físico foi proposta. Posteriormente, outros

estudos também mostraram a relação entre essa escala e variáveis fisiológicas como

lactato sanguíneo e ventilação100 e consumo de oxigênio101, contribuindo ainda mais

para aceitação da mesma.

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26

A escala de PSE desenvolvida por Borg102 contém quinze números (6 a 20) e

sete descritores verbais, que vão de “Muito leve” a “Muito pesado” dispostos de

maneira crescente e linear. De acordo com Borg102,103, a PSE é uma variável que

sofre influência de informações intrínsecas como, por exemplo, a frequência

cardíaca, a tensão muscular/articular e informações extrínsecas como, por exemplo,

a motivação pessoal e resistência imposta. Tais informações geram a percepção do

quão desgastante está sendo a tarefa realizada pelo indivíduo, através do envio de

informações dos receptores sensoriais localizados na musculatura, articulações e

vísceras para regiões do encéfalo que, junto com informações extrínsecas, geram

uma percepção do esforço físico. Essa conceituação é baseada no mecanismo geral

da percepção. Entretanto, além da interpretação das informações intrínsecas e

extrínsecas, a PSE também é conceituada como uma habilidade de detectar tais

informações104,105 e utilizam, para isso, o modelo explanatório global o qual diz que o

aumento da tensão no músculo executado durante o exercício físico é

simultaneamente seguido por sinais eferentes de retroalimentação provenientes do

córtex motor e transmitidos ao córtex sensorial. As informações são refinadas e

ajustadas por fatores cognitivos, resultado assim, na resposta periférica que pode ser

respiratória e global (todo o organismo).

De fato, a sensação de fadiga é um fenômeno bastante complexo e está

associada a percepção consciente do indivíduo às mudanças das funções corporais

(ex.: aumento da ventilação respiratória, sensação de “estar quente” pelo do aumento

da temperatura e a sensação de atividade muscular aumentada)106. No entanto,

funções cognitivas também estão associadas a essa sensação de fadiga, incluindo o

nível de motivação do indivíduo durante o exercício físico, a memória de sessões de

exercício anteriores e um componente de tomada de decisão que relaciona a

sensação sentida no momento (sensório-motor) com experiências prévias107. Assim,

se nos basearmos no modelo clássico da quantificação do nível de esforço através

dos marcadores fisiológicos, o exercício físico seria, certamente, finalizado quando a

demanda imposta ao organismo excedesse a capacidade de um ou mais sistemas

orgânicos, causando a chamada “falha catastrófica do sistema” 97,98. Esse modelo

não inclui parâmetros importantes como os feedbacks aferentes nem os aspectos

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27

psicofisiológicos que influenciam o comportamento no exercício. Diante disso,

modelos mais recentes, como o modelo teórico do governador central proposto por

Noakes e colaboradores108 (Fig. 3) descrevem a importância do encéfalo no controle

e gerenciamento do esforço físico, assim como a tomada de decisão mediante

informações aferentes vindas dos sistemas periféricos, resultando na PSE109–111.

Dessa forma, informações psicológicas e periféricas antes do início do exercício

físico estabelecem o ritmo de esforço inicial do indivíduo como, por exemplo,

experiências prévias, motivação, expectativa de distância, entre outros97. Como

resultado, essas informações são utilizadas para regular o comportamento do

exercício físico pela modificação contínua do número de unidades motoras

recrutadas nos músculos exercitados. Esse modelo permite que o encéfalo antecipe

a falha sistêmica e modifique o comportamento para assegurar a homeostase e

prevenir a falha catastrófica dos sistemas fisiológicos97.

Figura 3. Modelo teórico do governador central (Adaptado de Noakes).

Noakes110 realizando um teste incremental máximo em condições de hipóxia e

normóxia observou que em condições de hipóxia a concentração de lactato e o

recrutamento muscular eram menores que em condições de normóxia. De modo que

em hipóxia, a concentração de lactato e recrutamento muscular tendem a aumentar

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28

devido à dificuldade de captação de oxigênio, os resultados apresentados pelo

estudo tiveram um comportamento diferente, concluindo assim que para evitar

catástrofe do sistema fisiológico em hipóxia o cérebro modulou a PSE, aumentando a

dificuldade e desgaste físico para que o indivíduo parasse o exercício antes e, dessa

forma, preservasse a homeostase do sistema. A PSE, portanto, atua como uma

interpretação consciente dessas informações, objetivando evitar a falha catastrófica e

modulando o comportamento e tomada de decisão durante a realização do exercício

físico através da contínua comunicação entre o cérebro e demais sistemas

fisiológicos, considerando o componente emocional.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Amostra

A amostra foi composta por 17 indivíduos do gênero masculino, fisicamente

ativos com VO2máx médio de 40 ml/kg/min, idade média de 27,4 ± 8,4 anos, peso

médio de 76,2 ± 10,7 kg e estatura média de 1,75 ± 0,09 m. Os critérios de inclusão

adotados no estudo foram: idade a partir de 18 anos até 40 anos, não possuir

doenças cardiometabólica, respiratórias ou osteomioarticular que impedissem a

realização dos testes ou que pudessem ser agravadas pelos mesmos e possuir

índice de massa corporal (IMC) <30. Os critérios de exclusão foram: não cumprir

todas as etapas do estudo, abandonar voluntariamente o estudo, incapacidade de

realizar a RAL e/ou exercício físico ou impossibilidade de análise dos dados

coletados.

A amostra foi selecionada por conveniência, através de folhetos e cartazes

divulgados nas mídias sociais com informações pertinentes ao estudo. Todos os

sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), de

acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sobre as

recomendações éticas referentes à realização de pesquisas envolvendo seres

humanos. Previamente ao início do estudo, o mesmo foi submetido ao Comitê de

Ética em Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção

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29

do parecer liberatório, sendo este devidamente aprovado (número do parecer:

1.029.242) (Apêndice B).

4.2. Desenho do estudo

O estudo foi laboratorial, randomizado com delineamento cruzado, ou seja, os

avaliados representavam a sessão controle deles mesmos em uma das sessões

realizadas. Dos 17 avaliados, 9 realizaram a sessão experimental antes da sessçao

controle e 8 realizaram as sessões na ordem inversa. As avaliações ocorreram em

três visitas diferentes (Fig.4), sendo estas em dias intercalados, ao laboratório. Na

primeira visita os avaliados foram novamente informados acerca dos objetivos e

procedimentos do estudo, assim, os que concordaram assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE), de acordo com a resolução 466/12, do

Conselho Nacional de Saúde, sobre as recomendações éticas referentes à

realização de pesquisas envolvendo seres humanos. Logo após assinarem o TCLE

foram submetidos à coleta de dados pessoais e verificação do nível de atividade

física através do questionário do nível de atividade física (IPAQ). Ainda nesta

primeira visita, os avaliados foram submetidos a um teste incremental máximo para

coleta da frequência cardíaca máxima, durante o qual houve a familiarização com os

procedimentos utilizados no estudo (escala de PSE e AF). O procedimento de

familiarização com as escalas será detalhado no tópico do Teste Incremental máximo

(TImáx.).

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30

Figura 4. Diagrama do protocolo utilizado durante a visita 1.

Na segunda e terceira visitas, o procedimento foi realizado de acordo com a

figura 5, onde os participantes, inicialmente, ficaram 10 minutos de repouso para

coleta da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e a aplicação de questionários

de ansiedade e humor. Em seguida, os avaliados foram randomicamente inseridos

nas sessões de respiração abdominal lenta (RAL) e controle (CON). Na sessão de

RAL o avaliado realizou 20 minutos de respiração controlada (guiada por um

dispositivo móvel). Já na sessão CON, os avaliados realizaram 20 minutos de

respiração espontânea. Ao final de cada sessão (RAL ou CON), foi realizado

novamente a aplicação de questionários de ansiedade e humor. Em seguida, os

avaliados foram submetidos à 20 minutos de exercício aeróbio em cicloergômetro

com carga constante (teste retangular), no qual foi coletado dados referentes a FC,

AF e PSE, as duas últimas a cada cinco minutos. Ao final do exercício, os avaliados

voltaram a ficar 10 minutos em repouso para coleta final da VFC e aplicação de

questionários de ansiedade e humor. Todos os procedimentos foram realizados por

avaliadores experientes. As visitas ocorreram com um intervalo mínimo de 48 horas e

máximo de 72 horas entre elas, em um só turno do dia a fim de evitar variações

circadianas (entre 14-18h), com temperatura controlada (22ºC a 24ºC). Todas as

avaliações foram realizadas no laboratório de pesquisa do Grupo de Estudo e

Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício (GEPEBIEX), localizado no Ginásio

Poliesportivo I da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus central.

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31

Figura 5. Diagrama do protocolo que foi utilizado durante as visitas 2 e 3. AF = Afeto;

PSE = Percepção subjetiva de esforço; QUEST= Questionários; VFC = Variabilidade

da Frequência Cardíaca; FC = Frequência Cardíaca; RND = Randomização; RAL =

Sessão de Respiração Abdominal Lenta; CON = Sessão Controle.

4.3. Avaliação antropométrica

As medidas antropométricas de massa corporal e estatura foram realizadas

com os avaliados utilizando roupas leves. A massa corporal (kg) e a estatura (cm)

foram aferidas em uma balança digital (Welmy®) com estadiômetro acoplado

(precisão de 0,1 kg e 0,01 cm, respectivamente). A partir dessas medidas, o índice

de massa corporal (IMC) foi calculado pela razão entre a massa corporal e quadrado

da estatura (kg/m²). Para determinar o nível atividade física habitual, os avaliados da

pesquisa foram classificados de acordo com as recomendações mínimas do

American College of Sports Medicine - ACSM5 (150 min de atividade

moderada/semana ou 75 min de atividade intensa/semana).

4.4. Teste Incremental Máximo

Antes da realização do Teste Incremental Máximo (TImáx.), houve

familiarização com as escalas de Afeto (AF) e Percepção subjetiva de esforço (PSE).

A familiarização ocorreu da seguinte forma: as informações a respeito da utilização

da escala de PSE foi repassada individualmente aos avaliados, em um procedimento

denominado ancoragem de memória112. Resumidamente, foi informado que: “O

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32

esforço percebido é definido como a intensidade de esforço, estresse, desconforto

e/ou fadiga que é sentida durante a realização do exercício físico. Por favor, utilize os

números dessa escala para nos informar sobre o que seu corpo sente durante a

pedalada. Observe atentamente o número 7 na escala, descritor numérico de

“extremamente fácil”. Este número representa o seu mais baixo esforço imaginável.

Agora, observe o número 20 da escala, descritor numérico de “esforço máximo”. Este

número representa o seu mais alto esforço físico imaginável. Se você sentir um

esforço como algo entre o mais baixo esforço imaginável (designado como 7) e o

mais alto esforço imaginável (designado como 20), aponte para um dado número

entre 7 e 20. A cada minuto do TImáx., solicitaremos para você apontar para um dado

número que deve informar o que seu corpo, como um todo, está sentindo, incluindo

suas pernas e sua respiração, durante a pedalada. Lembre-se que não há números

certos ou errados105.

Posteriormente, informações acerca da escala de Hardy e Rejeski69 também

foram repassadas aos avaliados da seguinte forma: “Afeto é definido como

componente característico básico de todas as respostas contrastantes, por exemplo,

negativo/positivo, prazer/desprazer, entre outras. Neste estudo, definimos as

respostas afetivas especificamente como modificações na sensação de prazer e

desprazer. Observe, inicialmente, os números positivos da escala, os quais

representam o prazer. O número +1 designa uma sensação “levemente prazerosa”,

enquanto o número +5 designa uma sensação “muito prazerosa”. Agora observe os

números negativos da escala. O número -1 designa uma sensação “levemente

desprazerosa”, enquanto o número -5 designa uma sensação “muito desprazerosa”.

Finalmente, observe o número 0 da escala. Ele designa o ponto de transição entre as

sensações positivas (prazerosas) e negativas (desprazerosas). Nós gostaríamos que

você indicasse um número dessa escala para nos informar como você se sente a

cada minuto durante o teste, em termos de prazer e desprazer relacionado ao

esforço que estará fazendo. Lembre-se, novamente, que não há números certos ou

errados63,64,69,113.

Logo após esse procedimento, o teste incremental máximo (TImáx) foi realizado

em cicloergômetro. Foi utilizado um protocolo escalonado individualizado, com carga

inicial de 25 Watts e incremento de 20 W/min (1 Watt a cada 3 segundos). A

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33

cadência de pedalada foi entre 70 e 80 rotações por minuto (rpm) até a exaustão. A

frequência cardíaca foi mensurada durante todo o teste através de um

cardiofrequencímetro (Polar RS800 cx). Durante o teste foi dado encorajamento

verbal aos voluntários. O teste foi considerado máximo após 1) razão de troca

respiratória (R) > 1,1; 2) platô no consumo de oxigênio (VO2max); 3) exaustão

voluntária máxima ou se os sujeitos não permanecessem na cadência estabelecida

(<5 RPM) por mais de cinco segundos. Foi solicitado que os participantes evitassem

a realização de atividades físicas, bem como o consumo de álcool, energéticos e

bebidas cafeinadas, nas 24 horas que precederam o teste incremental.

As análises de gases respiratórios resultantes do TImáx. foram feitas por

analisador automático Quark CPET (Cosmed, Roma, Itália) com sistema de análise

respiração-a-respiração, devidamente calibrado antes de cada teste a partir de um

cilindro com gases cujas concentrações de O2 e CO2 foram conhecidas e a turbina foi

calibrada com uma seringa de 3 I (Hans Rudolph, Vacumed, Ventura, USA), de acordo

com o recomendado pelo fabricante. Os dados foram filtrados em intervalos de 20

segundos. O consumo de oxigênio de pico (VO2pico) foi definido como o maior valor

atingido num período de 20 segundos.

4.5. Teste Retangular

Os participantes realizaram duas sessões de exercício físico em

cicloergômetro, com protocolo retangular e em ritmo pré-determinado, com duração

de 20 minutos em dias diferentes e ordem aleatória, que se deu da seguinte forma:

(1) previamente ao exercício físico, foi aplicado de maneira randomizada as sessões

(RAL ou CON) repassando todas as instruções referentes aos procedimentos da

técnica utilizada; (2) logo após, foi realizado aplicação de questionários de ansiedade

e humor. (3) em seguida iniciamos o teste retangular, no qual a intensidade

moderada (54,5% do Vo2máx atingido no TImáx e 70% da FCmáx)5 foi adotada do início

ao final em função desta ser a intensidade recomendada para promoção de saúde e

qualidade de vida5. Durante todo o teste retangular foram coletados dados referentes

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a escala de AF e PSE a cada 5’ (min), além da FC. Os cuidados prévios ao teste

foram os mesmos do teste incremental máximo.

4.6. Análise do afeto

O AF foi mensurado utilizando a escala de afeto (feeling scale) desenvolvida e

validada por Rejeski e Kenney47 (Anexo 1). A escala de afeto é uma escala bipolar

com intervalo de +5 a -5 com descritores verbais: +5 = muito bom; +3 = bom; +1 =

razoavelmente bom; 0 = neutro; -1 = razoavelmente ruim; -3 = ruim; -5 = muito ruim.

Os indivíduos foram informados e subsequentemente relembrados que a escala

mensura o componente emocional ou afetivo do exercício, assim como se a

sensação de esforço durante o exercício é prazerosa ou desprazerosa, e não o nível

real de força ou trabalho físico.

4.7. Análise da percepção subjetiva de esforço

A PSE foi mensurada globalmente, através da aplicação da escala de esforço

percebido de Borg103 (Anexo 2). Esta escala mensura os sentimentos gerais da

sensação subjetiva de esforço que acompanha o exercício. A escala foi

cuidadosamente explicada para todos os sujeitos durante a familiarização e antes de

cada sessão de teste. Ainda, foi enfatizado que a escala mensura a força ou trabalho

físico exercido.

4.8. Análise do nível de ansiedade

Os sintomas de ansiedade foram avaliados por meio do Inventário de

Ansiedade Traço-Estado (IDATE) de Spielberg114 validado para o português115. Esse

inventário possui 40 afirmações divididas em duas partes (cada parte com 20

afirmações). A parte I analisa a ansiedade-estado que está relacionada ao estado

emocional temporário do sujeito. Já a parte II analisa a ansiedade-traço, que se

relaciona às medidas de personalidade do sujeito. Na escala de IDATE-estado

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(Anexo 3), o participante descreve “Como se sente agora, nesse momento”, através

de 20 itens abordados em uma escala de 4 pontos, que vai de 1 = absolutamente

não à 4 = muitíssimo. Na escala de IDATE-traço (Anexo 4), o participante descreve

“como ele, geralmente, se sente”, também em uma escala de 4 pontos, que vai de 1

= quase nunca à 4 = quase sempre. Isto permite uma pontuação total variando de 20

aos 80 pontos, sendo que os valores mais altos indicam maiores níveis de

ansiedade. Os escores para as perguntas de caráter positivo são invertidos, por

exemplo, se o paciente responder em um dessas questões o valor 4, atribui-se o

valor 1 na codificação. Assim, para essas questões positivas os valores das

respostas ficam: 4 = 1; 3 = 2; 2 = 3; 1 = 4. Para o IDATE estado as perguntas

negativas são: 3, 4, 6, 7, 9, 12, 13, 14, 17, 18; e as positivas são: 1, 2, 5, 8, 10, 11,

15, 16, 19, 20. Para o IDATE traço, as perguntas negativas são: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11,

12, 14, 15, 17, 18, 20; e as positivas são: 1, 6, 7, 10, 13, 16, 19.

4.9. Análise do estado de humor

Para análise do humor utilizamos a escala de humor de Brunel (BRUMS)116

traduzida e validada para o português117 (Anexo 5). Esta escala contém 24

indicadores simples de humor, tais como sensações de raiva, disposição, nervosismo

e insatisfação que são perceptíveis pelo indivíduo que está sendo avaliado. As 24

afirmações são divididas em seis domínios: tensão (questões 1, 13, 14 e 18), raiva

(questões 7, 11, 19 e 22), vigor (questões 2, 15, 20, 23), fadiga (questões 4, 8, 10 e

21), depressão (questões 6, 12, 5 e 16) e confusão mental (questões 3, 9, 17, 24).

Cada domínio é composto por quatro indicativos de humor que variam de 0 a 16

pontos117. As respostas são dadas em escala tipo likert (0= nada; 1= um pouco; 2=

moderadamente; 3= bastante; 4= extremamente) e leva cerca de um a dois minutos

para ser respondido. A análise foi realizada por meio da comparação da pontuação

de cada domínio (0-16 pontos) antes e após cada respectiva. A forma que se

questiona o avaliado é: “Como você se sente agora? ”.

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4.10. Análise da variabilidade da frequência cardíaca

Os dados referentes à frequência cardíaca foram registrados durante toda a

sessão por meio do cardiofrequencímetro Polar® (RS800cx, Kempele, Finlândia).

Todos os dados coletados foram transmitidos para um computador através da

interface USB/Infrared, onde foram realizadas as análises posteriores de

Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC). Assim, foi considerada para análise da

VFC apenas os cinco minutos de maior estabilidade nos momentos pré, durante e

pós intervenção (RAL ou CON) e pós exercício físico. Os indivíduos permaneceram

confortavelmente sentados em uma cadeira e em silêncio. A frequência respiratória

não foi controlada neste estudo, pois têm-se reportado reprodutibilidade similar nos

índices de VFC entre respiração espontânea e controlada118. Para análise da VFC

utilizamos o método linear no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF), onde no

DT foram considerados o desvio padrão de intervalos R-R normais (SDNN) e a raiz

quadrada da média da soma dos quadrados das diferenças entre intervalos R-R

sucessivos (rMSSD). No DF foram analisados os componentes de baixa frequência

(LF; 0,04 – 0,15Hz) e alta frequência (HF; 0,15 – 0,5Hz) e a razão entre eles,

conhecida como balanço simpato-vagal (LF/HF). Os dados foram armazenados em

arquivos de texto e transferidos para o software HRV Kubios (Universidade de

Eastern Finland) para posterior análise. Os dados, cujo comportamento era resultado

de interferências não fisiológicas, foram filtrados e substituídos pela média do valor

anterior e do posterior119.

Adicionalmente, utilizamos as informações referentes ao desvio padrão da

variabilidade instantânea batimento-a-batimento (índice SD1), o qual é indicador da

modulação parassimpática120,121 para verificar o comportamento da modulação

parassimpática durante o exercício aeróbio. Valores do exercício medido pelo SD1

abaixo de 3 ms, segundo os critérios de Lima e Kiss122, caracterizam mudança de

intensidade do exercício físico. Para a análise do SD1, foi observado os valores de

SD1 a cada 5 minutos durante os 20 minutos de exercício aeróbio.

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37

4.11. Intervenção com a Respiração abdominal lenta

Os participantes foram instruídos a realizarem a respiração abdominal lenta

em uma frequência de seis ciclos por minuto (fases de inspiração e expiração),

sendo a fase de expiração realizada por um tempo mais prolongado quando

comparado a fase de inspiração. Um dispositivo (Fig.6) foi utilizado como ferramenta

para guiar a respiração abdominal lenta, mantendo os participantes respirando dentro

da taxa de respiração alvo exibida na tela de um aparelho celular (modo avião). A

respiração a ser seguida era controlada por meio de um círculo dinâmico contendo

duas fases (inalação e exalação) com cores e sons distintos e específicos para cada

uma destas. Além disso, um “modelo humano” apresentado ao lado deste círculo,

auxiliou o controle da respiração, demonstrando os momentos de inalação e

exalação do ar através de movimentos corporais dinâmicos. Foi instruído aos

participantes: Inspirar primeiramente empurrando para fora a parte superior do

abdômen e, logo depois expandir o peito; expirar primeiro puxando para dentro a

parte superior do abdômen para ajudar a esvaziar a base dos pulmões e, só depois,

permitir que o peito recolha. Logo após, foi realizado a intervenção propriamente dita,

com duração de 20 minutos. O grupo controle (CON) permaneceu sentado sem

nenhuma atividade, respirando espontaneamente durante 20 minutos. O aplicativo

utilizado foi o Pranayama Universal Breathing (Saagara®) disponível para iOs e

Android – versão free.

Figura 6 – Dispositivo para controle da respiração em seis (6) ciclos por

minuto. Fase de inspiração (“inale” - Esquerda) e Fase de expiração (“exale” -

Direita).

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Após esse procedimento, os participantes permaneceram sentados (10

minutos) para análise pós (RAL ou CON) dos dados referentes aos questionários de

ansiedade e humor. Ao final desses procedimentos, os participantes foram

submetidos à um teste retangular com carga fixa (54,5% do Vo2máx atingido no TImáx

e 70% da FCmáx) durante 20 minutos em um cicloergômetro, no qual foram coletados

dados referentes as escalas de AF e PSE a cada cinco minutos e FC.

4.12. Análise estatística

As análises descritivas (média e desvio padrão) foram utilizadas para

caracterização da amostra e análise das variáveis do estudo. Para verificar a

normalidade quanto à distribuição dos dados utilizamos o teste de Shapiro Wilk. A

ANOVA de duas vias com medidas repetidas foi utilizada para comparar os dados

referentes aos índices da VFC, assim como o nível de Ansiedade-Estado, estado de

humor, FC, AF e PSE durante o exercício físico. Os fatores utilizados para a

comparação da VFC foram a condição (RAL e CON) e o momento (pré e pós

exercício físico). Os fatores utilizados para a comparação do nível de ansiedade e

humor foram a condição (RAL e CON) e o momento (pré, pós e pós exercício físico).

Os fatores utilizados para a comparação da FC, AF e PSE foram a condição (RAL e

CON) e o momento (5’, 10’, 15 e 20’). A esfericidade dos dados foi verificada por

meio do teste de Mauchly, e quando está não foi assumida, adotou-se a correção de

Greenhouse-Geisser. O post hoc de Tukey foi utilizado para identificação pontual das

diferenças. Aplicou-se ajuste logarítmico para os dados de VFC, com o objetivo de

permitir comparações através de estatística paramétrica que assumem distribuições

normais. O pacote estatístico STATISTICA® 7.0 foi utilizado para realizar as análises

e adotou-se um P < 0,05.

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5. RESULTADOS

5.1. Parâmetros perceptuais e psicológicos

5.1.1 Afeto

A ANOVA de duas vias com medidas repetidas (Fig.7) demonstrou que não

houve efeito da condição [F (1;16) = 0,57; p=0,45], do momento [F (3;48) = 0,50;

p=0,68], nem da interação condição-momento [F (1,6;26) = 0,16; p=0,81].

Figura 7 – Comparação das respostas afetivas nos momentos (5’, 10’, 15’ e 20’)

durante o teste retangular nas condições RAL e CON.

5.1.2. Percepção subjetiva de esforço

Na análise da PSE (Fig.8) foi observado na ANOVA de duas vias que não

houve efeito da condição [F (1;15) = 0,76; p=0,396], do momento [F (1;22) = 0,213;

p=0,74] e da interação condição-momento [F (1,9;28) = 0,50; p=0,59].

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Figura 8 – Comparação da percepção subjetiva de esforço (PSE) nos momentos

(5’, 10’, 15’, 20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.

5.1.3. Nível de ansiedade

O nível de ansiedade-traço médio dos sujeitos foi de 33,9 ± 5,7 (n=17). Com

relação ao nível de ansiedade-estado dos participantes, a ANOVA de duas vias

(Figura 9) demonstrou que não houve efeito do momento [F (2;32) = 1,34; p=0,27] e

da interação condição-momento [F (2;32) = 0,93; p=0,40]. Entretanto, houve

resultado marginalmente significativo da condição [F (1;16) = 4,34; p=0,05], onde o

estado de ansiedade no momento pré da condição experimental foi ligeiramente

maior que na condição controle (p<0,05).

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Figura 9 – Comparação do nível de ansiedade-estado nos momentos PRÉ, PÓS e

PÓS exercício físico, nas condições RAL e CON.

5.1.4. Nível de humor

A comparação entre os grupos RAL e CON relacionada à análise do estado de

humor, nos diferentes domínios (tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga e confusão

mental) estão apresentados na tabela 1. A Anova de duas vias com medidas

repetidas mostrou os seguintes resultados: Com relação ao domínio tensão houve

resultado marginalmente significativo da condição [F (1;16) = 3,72; p=0,07], ainda,

houve efeito do momento [F (1;17) = 7,91; p=0,01] e da interação condição-momento

[F (2;32) = 4,47; p=0,01]. Com relação à análise do domínio depressão não houve

efeito da condição [F (1;16) = 0,00; p=1,00], do momento [F (1;21) = 2,69; p=0,10] e

nem da interação condição-momento [F (2;32) = 0,17; p=0,83]. No domínio raiva, não

houve efeito da condição [F (1;16) = 1,13; p=0,30], do momento [F (2;32) = 0,29;

p=0,74] e da interação condição-momento [F (1;20) = 0,69; p=0,45]. Com relação ao

domínio vigor, não houve efeito da condição [F (1;16) = 0,66; p=0,42], do momento [F

(1;21) = 1,99; p=0,17] nem da interação condição-momento [F (2;32) = 0,00; p=0,99].

No domínio da fadiga foi observado que não houve efeito da condição [F (1;16) =

0,98; p=0,33], do momento [F (1;19) = 2,32; p=0,14] e da interação condição-

momento [F (2;32) = 1,16; p=0,32]. Já no domínio de confusão mental foi observado

que não houve efeito da condição [F (1;16) = 0,54; p=0,47], nem da interação

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42

condição-momento [F (2;32) = 0,86; p=0,43]. Entretanto, houve efeito do momento [F

(2;32) = 4,98; p = 0,01].

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Tabela 1 - Comparação (Anova de duas vias com medidas repetidas) da escala de humor, nos diferentes domínios, nos

momentos PRÉ, PÓS e PÓS exercício físico (EF) nas condições RAL e Controle (n=17).

DOMÍNIO RAL CONTROLE

PRÉ RAL PÓS RAL PÓS EF PRÉ CON PÓS CON PÓS EF P

Tensão 3,29 ± 2,75 1,64 ± 1,65* 1,29 ± 1,35* 1,76 ± 2,01* 1,35 ± 1,80 1,17 ± 2,03 < 0,05

Depressão 0,47 ± 0,94 0,29 ± 0,77 0,11 ± 0,33 0,52 ± 1,06 0,29 ± 0,58 0,05 ± 0,24 Ns

Raiva 0,05 ± 0,24 0,11 ± 0,33 0,11 ± 0,33 0,29 ± 0,84 0,23 ± 0,75 0,11 ± 0,48 Ns

Vigor 7,23 ± 2,77 6,82 ± 2,92 7,76 ± 3,11 7,64 ± 2,93 7,17 ± 3,18 8,17 ± 3,37 Ns

Fadiga 3,23 ± 2,51 3,35 ± 2,20 2,82 ± 2,55 2,88 ± 2,08 3,41 ± 1,93 2,11 ± 2,02

Ns

Confusão mental 0,94 ± 1,29 0,70 ± 1,10 0,29 ± 0,77* 0,64 ± 0,93 0,76 ± 1,39 0,17 ± 0,52 β

< 0,05

Nota: * = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE RAL (P<0,01); β = diferença estatisticamente significativa e relação ao momento PÓS CON (P<0,01). Ns = diferença não significativa.

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5.2. Parâmetros fisiológicos

5.2.1. Frequência cardíaca e SD1 durante o exercício físico

Com relação à análise da FC (fig. 10a) dos participantes durante o exercício

físico, a análise da ANOVA de duas vias com medidas repetidas mostrou que não

houve efeito da condição [F (1;15) = 0,76; p=0,396], do momento [F (1;22) = 0,213;

p=0,74] e nem da interação condição-momento [F (1,9;28) = 0,50; p=0,59]. Já no

SD1 (fig. 10b) a ANOVA de duas vias mostrou que não houve efeito da condição [F

(1;16) = 0,30; p=0,58], nem da interação condição-momento [F (1;27) = 0,10; p=0,87].

Entretanto, houve efeito do momento [F (1;26) = 0,21; p=0,00]. O post hoc de Tukey

demonstrou que o SD1 no momento 5’ da sessão experimental, foi estatisticamente

diferente quando comparada aos momentos 10’, 15’ e 20’. Do mesmo modo, o SD1

no momento 5’ da sessão controle, foi estatisticamente diferente quando comparada

aos momentos 10’, 15’ e 20’.

Figura 10a – Comparação da Frequência Cardíaca nos momentos (5’, 10’, 15’,

20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.

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Figura 10b – Comparação do SD1 nos momentos (5’, 10’, 15’, 20’) durante o teste

retangular nas condições RAL e CON.

5.2.2. Variabilidade da frequência cardíaca

Os resultados referentes aos índices de variabilidade da frequência cardíaca

dos participantes estão apresentados na Tabela 2. Foi necessário excluir 2 sujeitos

da análise devido à presença de artefatos. A Anova de duas vias com medidas

repetidas mostrou os seguintes resultados: com relação à análise do SDNN não

houve efeito da condição [F (1;14) = 1,69; p=0,21, n2p=0,22], nem da interação

condição-momento [F (1;14) = 0,77; p=0,39, n2p=0,12], mas houve efeito do

momento: [F (1;14) = 26; p < 0,01, n2p=0,99]. Do mesmo modo, para o RMSSD, não

houve efeito da condição [F (1,14) = 1,84; p=0,19, n2p=0,24], nem da interação

condição-momento [F (1;14) = 0,52; p=0,48, n2p=0,10], mas houve efeito do

momento: [F (1;14) = 33,4; p< 0,01, n2p=0,99]. Para o LF também não foi observado

efeito da condição [F (1;14) = 0,98; p=0,33, n2p=0,15], nem da interação condição-

momento [F (1;14) = 0,03; p=0,85, n2p=0,05], mas houve efeito do momento: [F

(1;14) = 22,6; p< 0,01]. Já na análise do HF, foi observado que não houve efeito da

condição [F (1;14) = 1,15; p=0,29, n2p=0,17] nem efeito da interação condição-

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momento [F (1;14) = 0,03; p=0,86, n2p=0,05]. Entretanto, foi observado efeito do

momento: [F (1;14) = 27; p<0,01, n2p=0,99]. O balanço simpato-vagal (LF/HF)

analisado da mesma forma, mostrou efeito da condição [F (1;14) = 56; p<0,01,

n2p=1,00] e da interação condição-momento [F (1;14) = 105; p<0,01, n2p=1,00], e

resultado marginalmente significativo do momento [F (1;14) = 3,56; p<0,01,

n2p=0,42]. Com relação à análise do iRR, foi observado não que houve efeito da

condição [F (1;14) = 1,82; p=0,19, n2p=0,24], nem da interação condição-momento [F

(1;14) = 0,37; p=0,54, n2p=0,08], mas houve efeito do momento [F (1;14) = 38;

p<0,01, n2p=0,99].

Tabela 2 - Comparação dos índices de variabilidade da frequência cardíaca no

domínio do tempo e da frequência nos momentos pré (RAL ou CON) e pós exercício

físico (EF) entre a sessão experimental e controle.

VARIÁVEL RAL CONTROLE

PRE RAL POS EF PRE COM POS EF

iRR (ms) 960,98 ± 124,78 771,86 ±110,7*

999,59 ± 151,24 796,4 ± 94,2 #

LogRMSSD (ms) 1,67 ± 0,15 1,26 ± 0,33 * 1,75 ± 0,24 1,30 ± 0,28 #

LogSDNN (ms) 1,80 ± 0,13 1,53 ± 0,28 * 1,88 ± 0,19 1,55 ± 0,18 #

LogLF/HF (ms2) 0,37 ± 0,26 0,60 ± 0,36 * 0,32 ± 0,36

† 0,52 ± 0,32

#

LogLF (ms2) 3,26 ± 0,21 2,76±0,50 * 3,32 ± 0,39 2,76 ± 0,41

#

LogHF (ms2) 2,88 ± 0,31 2,06 ± 0,77 * 3,00 ± 0,47 2,16 ± 0,65

#

Nota: * = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE RAL (P<0,01); # = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE CON (P<0,01).† = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE RAL (P<0,01);

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6. DISCUSSÃO

O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito agudo da RAL sobre as

respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio. O nosso principal achado foi

que a RAL não melhorou as respostas psicofisiológicas dos sujeitos durante o

exercício aeróbio, o que vai de encontro à hipótese do presente estudo, uma vez que

estudos anteriores demonstraram que a RAL exerceu efeitos benéficos sobre

aspectos emocionais, controle autonômico e modificações cerebrais em áreas

envolvidas no processo emocional.

Ao analisarmos as respostas afetivas (Figura 7), podemos observar que houve

um comportamento de respostas similares entre as condições RAL e CON. De fato,

em ambas as condições os sujeitos realizaram o exercício aeróbio o sentindo como

“prazeroso” (1,6 ± 0,08 e 1,8 ± 0,10, RAL e CON, respectivamente). O coeficiente de

variação para ambas as sessões foi ~5%, evidenciando que mesmo para uma

variável subjetiva (prazer/desprazer) a resposta foi extremamente homogênea. A

hipótese do marcador somático123 sugere que a reação a um estímulo depende de

um processamento emocional prévio. Assim, os indivíduos fisicamente ativos

possivelmente possuíam memória positiva associada a prática de exercício físico. De

fato, indivíduos fisicamente ativos respondem de forma mais positiva ao exercício

físico, tendo maior probabilidade de voltar a realiza-lo8,9 do que indivíduos fisicamente

inativos ou com sobrepeso, por exemplo125–127. Portanto, acreditamos que o fato de a

amostra ser fisicamente ativa contribuiu para que não houvesse efeito modulatório da

RAL nas respostas afetivas. Possivelmente, em indivíduos que apresentem um perfil

de respostas afetivas desfavoráveis ao exercício, como obesos ou sedentários, o

efeito seria mais evidente.

Considerando que estudos com a RAL demonstraram a sua capacidade de

modular a atividade do sistema nervoso autônomo através de modificações na VFC

associadas a modulação parassimpática no repouso15,27, esperávamos que a RAL

influenciasse a modulação vagal também durante o exercício aeróbio, refletindo em

um maior SD1 e possivelmente numa menor frequência cardíaca (FC) na sessão

experimental quando comparado ao controle. O SD1 se refere ao desvio padrão dos

intervalos RR e o ponto onde este índice fica abaixo de três milissegundo durante o

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exercício é considerado como o ponto da retirada da modulação parassimpática

sobre o coração e esse ponto demarca a transição entre o domínio de intensidade do

exercício leve a moderada120,121. Nesse sentido, em ambas as condições a partir do

décimo minuto de exercício os indivíduos apresentaram valores próximos à três

milissegundos. Isso era esperado, visto que a intensidade do exercício proposta no

presente estudo era moderada. Entretanto, a RAL não foi capaz de promover

maiores valores de SD1 ou mesmo atrasar a retirada parassimpática durante o

exercício. A ausência de efeito pode ser explicada pelo nível de aptidão dos

avaliados, uma vez que as respostas cardíacas durante o exercício são

influenciadas, dentre outros fatores, pelo condicionamento físico128. Portanto, a RAL

não modificou as respostas do controle autonômico durante o exercício físico.

Similarmente ao afeto, a PSE não foi modificada com a RAL. A média da

sessão foi classificada como moderada (12,0 ± 0,15 e 12,2 ± 0,13, RAL e CON,

respectivamente). O coeficiente de variação para ambas as sessões foi de apenas

~1%. Esperava-se que a RAL modificasse o controle autonômico cardíaco e

consequentemente a FC que é um dos fatores centrais na formação da PSE.

Entretanto, nem a FC nem o SD1 sofreram modificações com a utilização da RAL,

logo, a PSE também não foi modificada. Até o presente, nenhum outro estudo

avaliou o efeito da RAL sobre as respostas psicofisiológicas durante o exercício, o

que não permite realizar comparações. O presente estudo apresenta como

contribuição o fato de que em indivíduos fisicamente ativos a RAL realizada

agudamente não modifica as respostas de PSE e afeto.

Com relação a VFC no momento pós exercício físico, nenhum dos índices da

VFC diferiram entre as condições. Esperava-se que a RAL influenciasse a

modulação parassimpática, fazendo com que o reativação vagal fosse mais rápida na

sessão experimental quando comparada a sessão controle. A diferença encontrada

foi apenas no momento pré (RAL ou CON) e pós exercício físico em ambas

condições. Esse resultado já era esperado, uma vez que durante o exercício físico,

tanto a modulação parassimpática quanto a simpática transmitem impulsos ao

coração, modificando o ritmo intrínseco cardíaco, elevando a frequência cardíaca

(FC)122. Assim, o intervalo entre os batimentos cardíacos consecutivos (logiRR) e,

consequentemente a VFC ao final do exercício estaria menor em comparação aos

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56

valores de repouso. De fato, no presente estudo verificamos que o logiRR no

repouso foram maiores (960,98 ± 124,78 e 999,59 ± 151,24; RAL e CON,

respectivamente) quando comparadas ao momento pós exercício físico (771,86

±110,7 e 796,4 ± 94,2; RAL e CON, respectivamente) em ambas as condições.

Nenhum estudo verificou o efeito da RAL sobre o controle autonômico pós exercício

físico, não sendo possível a comparação com resultados prévios. Entretanto, sabe-se

que a reativação parassimpática pós esforço físico é um importante indicador de

saúde.

Sobre a ansiedade, foi verificado apenas um resultado marginalmente

significativo entre as condições, onde o estado de ansiedade foi maior na avaliação

pré RAL comparada a pré controle. Esse dado foi semelhante aos valores de tensão

na escala de humor. No melhor de nosso conhecimento, não sabemos a razão para

esse resultado. Poderia ser especulado que um efeito do conhecimento prévio da

sessão ou a ordem destas poderia ter gerado um aumento no estado de ansiedade.

Contudo, não acreditamos que essa tenha sido a razão, tendo em vista que os

avaliados não conheciam a sessão da qual estavam fazendo parte até o momento da

intervenção/controle e que dos 17 avaliados 9 realizaram a sessão experimental

antes do controle e 8 realizaram as sessões na ordem inversa. Adicionalmente, não

houve efeito da combinação entre RAL e exercício aeróbio. Existem diversos estudos

demonstrando os efeitos benéficos da RAL realizada de forma aguda em diversos

aspectos emocionais, dentre eles, na diminuição da ansiedade14,15,17,25, assim como

a prática regular do exercício físico é associada a redução do nível de ansiedade129–

132. Entretanto, o estado e traço de ansiedade dos indivíduos do presente estudo era

considerado normal114. Assim, era de se esperar que indivíduos que não possuíam

alteração no nível de ansiedade apresentassem menor propensão a reduções

associadas aos efeitos da intervenção. Ademais, o nível de ansiedade inicial está

relacionado à redução promovida pela RAL, sendo que aqueles mais ansiosos

experimentam maiores reduções15 e os estudos que apresentaram mudança na

ansiedade foram realizados com os sujeitos submetidos a estresse crônico25,28.

Em relação ao humor, observamos alterações no domínio da tensão e

confusão mental. Na avaliação pré RAL os indivíduos apresentaram os maiores

níveis de tensão, e por isso acreditamos está tenha sido reduzida após o exercício

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enquanto na condição controle os níveis mantiveram-se estáveis. Já em relação a

confusão mental houve redução no momento, tanto na sessão controle como na

sessão experimental, sendo essa redução observada apenas após o exercício,

indicando que o feito foi do exercício e não da RAL. Nesse sentido, uma sessão

aguda de exercício físico melhora o estado de humor133–135. Adicionalmente, até o

presente, apenas um estudo avaliou o efeito da RAL sobre o humor e verificou

através de uma intervenção crônica (10 semanas de RAL) em um indivíduo com

estresse competitivo, melhora na autoconfiança e redução nos domínios de tensão,

depressão, raiva e fadiga14. A diferença entre os resultados pode ser devido à

duração da intervenção (aguda vs. crônica) e amostra (indivíduos saudáveis vs.

atleta com estresse competitivo). Esse foi o primeiro estudo a avaliar o efeito

combinado da RAL realizada de forma aguda e do exercício aeróbio sobre as

respostas de ansiedade e de humor.

Dentre as limitações encontradas nesse estudo, temos que o procedimento foi

realizado sem a presença do aparelho de biofeedback. Esse procedimento faria com

que a respiração dos avaliados durante a prática, de fato, estivesse na frequência de

ressonância e, assim, o efeito poderia ter sido otimizado. A taxa respiratória do

presente estudo se deu através da frequência de ressonância correspondente a

maioria dos indivíduos14,27,. Outro fator importante foi o controle da técnica, o qual se

deu apenas por inspeção visual. Assim, a falta de controle como os indivíduos

realizaram a técnica pode também ter influenciado o resultado.

Apesar de tais limitações, o presente estudo se propôs a estudar o efeito da

RAL (verificado até o momento apenas em repouso), sobre as respostas

psicofisiológicas durante o exercício físico. Sob essa perspectiva, traz uma nova

abordagem da técnica voltada para intervenções no contexto da saúde pública

associada a prática de exercício físico. Ainda, os estudos que verificaram o efeito da

RAL sob os aspectos psicológicos foram realizados em sujeitos com alterações

psicológicas ou submetidos a situação de estresse. O presente estudo é pioneiro e

nos traz a informação de que em indivíduos sem alteração psicológica crônica ou

momentânea, a RAL não exerce efeito de forma aguda.

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58

7. CONCLUSÃO

A Respiração abdominal lenta realizada de forma aguda não influencia as

respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio, assim como a combinação

desta com o exercício não promovem melhoras do controle autonômico, das

respostas de humor e ansiedade em indivíduos fisicamente ativos e sem alterações

emocionais.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Educação Física

Centro de Ciências da Saúde

Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este termo é um convite para você participar da nossa pesquisa intitulada como: Efeito da Respiração

abdominal lenta sobre as respostas psicofisiológicas durante o exercício aeróbio, que tem como pesquisador

responsável a aluna de mestrado Samara Karla Anselmo da Silva, sob a orientação e supervisão do professor Dr.

Hassan Mohamed Elsangedy.

O objetivo da pesquisa é verificar se a respiração realizada de forma controlada e mais lenta antes do exercício

muda a forma que você percebe o exercício (esforço e prazer).

O motivo que nos leva a realizar este estudo é que, a inatividade física tem crescido bastante em nossa

sociedade apesar de seus benefícios serem frequentemente divulgados pela mídia. Esse abandono parece estar

relacionado a como o indivíduo sente o exercício físico, se é prazeroso ou desprazeroso. Desse modo, a respiração

abdominal lenta que é uma técnica simples e acessível, tem mostrado efeitos emocionais positivos (melhora da

autoconfiança, diminuição da ansiedade e estresse, melhora no afeto e no humor, entre outros), sendo assim uma

possível estratégia a ser realizada antes do exercício físico.

Caso aceite participar do nosso estudo, terá que participar de três (3) visitas ao nosso laboratório, a saber:

Visita 1 – Será medido sua estatura e peso corporal, responderá a um questionário que mede seu nível de

atividade física, que durará cerca de três a cinco minutos. No mesmo dia, será feita a familiarização com a respiração

abdominal lenta, e ao final você será realizará a um teste de esforço máximo em bicicleta ergométrica.

Visitas 2 e 3 – Em dias diferentes, será realizada uma visita controle, na qual você ficará por 20 minutos sentado

respirando normalmente, e uma visita de 20 minutos sentado realizando a respiração abdominal lenta. Logo após essa

etapa, você irá realizar um exercício físico em bicicleta ergométrica durante 20 minutos em intensidade moderada.

Nestas visitas iremos avaliar sua frequência cardíaca (monitor de frequência cardíaca colocado no tórax) e será

aplicado também alguns questionários para avaliação de aspectos como ansiedade, humor, percepção de esforço e

prazer. A ordem das sessões será determinada por sorteio.

Durante a realização do estudo você será submetido à respiração abdominal lenta que apresenta riscos

mínimos, como por exemplo, tontura, ofegância, ou mesmo algum desconforto respiratório. Contudo, tais reações serão

minimizadas pelo fato de todos os procedimentos serem supervisionados, além de termos escolhido a velocidade de

respiração que minimiza tais efeitos. Além disso, você será submetido a um teste máximo em bicicleta ergométrica, no

qual poderá sentir (ou não) tontura, falta de ar, dor muscular ao final do teste ou a persistência da mesma até o dia

seguinte devido a quantidade de esforço realizado. Caso algum destes problemas sejam sentidos, o avaliador

responsável deverá ser imediatamente comunicado. Esse teste é contraindicado para indivíduos com doença

cardiometabólica, respiratória ou osteomioarticular que impeçam a realização do mesmo.

O benefício relacionado a sua participação será o recebimento de instrução a respeito da forma correta da

realização da respiração abdominal lenta que apresenta como um de seus benefícios a redução da pressão arterial,

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além de ser relaxante e ajudar no controle do estresse e ansiedade. Você também receberá uma avaliação física

contendo as medidas de peso corporal, estatura, índice de massa corporal e nível de atividade física (importantes na

avaliação de saúde).

Você tem o direito de recusar a participar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem que

haja nenhum prejuízo a você. Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados

serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de cinco (5) anos.

Quando informado com antecedência e acordado com o pesquisador(a), os gastos relacionados a sua

participação nessa pesquisa (transporte, alimentação...) serão assumidos pelo pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado. Qualquer dúvida sobre

os aspectos éticos desta pesquisa você poderá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, telefone (84) 3215-3135. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a

outra com o pesquisador responsável Samara Karla Anselmo da Silva.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa

pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os

meus direitos, concordo em participar da pesquisa Efeito da Respiração abdominal lenta sobre as respostas

psicofisiológicas e neurofisiológicas durante o exercício físico, e autorizo a divulgação das informações por mim

fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, ______ de _____________________ de 2015.

__________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Nome: ________________________________________________________________________

Idade: ______anos R.G: __________________ CPF: _______. ________.________-______

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Efeito da Respiração abdominal lenta sobre as respostas

psicofisiológicas e neurofisiológicas durante o exercício físico, declaro que assumo a inteira responsabilidade de

cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao

participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e

diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –CNS, que regulamenta as pesquisas

envolvendo ser humano.

Natal, _____ de ______________________ de 2015.

_________________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

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APÊNDICE B

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ANEXO 1

Escala de Afeto de Hardy e Rejeski

Fonte: HARDY e REJESKI (1989)

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ANEXO 2

Escala de Percepção de Esforço de Borg

Fonte: BORG (1982)

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ANEXO 3

IDADE – Estado

Fonte: Gorenstein (1996)

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ANEXO 4

IDATE – Traço

Fonte: Gorenstein (1996)

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ANEXO 5

Escala de Humor de BRUNEL (BRUMS)

Fonte: BRUMS (2008)