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PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado EFEITO DA TENSÃO NA CINÉTICA DA FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE HIDRETOS EM NANOPARTÍCULAS METÁLICAS HENRIQUE PEREIRA GÓES JULHO DE 2017

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PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Dissertação de Mestrado

EFEITO DA TENSÃO NA CINÉTICA DA

FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE

HIDRETOS EM NANOPARTÍCULAS

METÁLICAS

HENRIQUE PEREIRA GÓES

JULHO DE 2017

HENRIQUE PEREIRA GÓES

EFEITO DA TENSÃO NA CINÉTICA DA FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE HIDRETOS EM NANOPARTÍCULAS

METÁLICAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya

de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

da UFF como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof.ª Dr. ª Ângela Cristina Cardoso de Souza

(PGMEC/UFF)

Prof. Dr. Fernando Pereira Duda

(COPPE-PEM/UFRJ)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI, 07 DE JULHO DE 2017

EFEITO DA TENSÃO NA CINÉTICA DA FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE HIDRETOS EM NANOPARTÍCULAS

METÁLICAS

Esta Dissertação é parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Área de concentração: Mecânica dos Sólidos

Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores:

Prof.ª Ângela Cristina Cardoso de Souza (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense

(Orientador)

Prof. Fernando Pereira Duda (D.Sc.) Universidade Federal do Rio de Janeiro

(Orientador)

Prof. Luis Carlos da Silva Nunes (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense

À Minha Família.

Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter iluminado meu caminho e me ajudado ao longo de mais

uma grande conquista.

Agradecimento especial à minha família, meu pai João, minha mãe Helena, meu

irmão Bruno e minha namorada Mariana por não terem poupado esforços em minha

educação e construção de caráter, pelo exemplo diário de dedicação, luta e persistência, e

pelo companheirismo, apoio e amor incondicional.

Aos meus amigos de longa data e tripulação pelo incentivo, apoio, força e confiança

para execução desse projeto.

Aos meus orientadores, professora Ângela Cristina e professor Fernando Duda pelo

conhecimento transmitido, dedicação, atenção e confiança. Em especial à professora

Ângela Cristina, por me conduzir à mais uma conquista.

A todos os professores que participaram da minha formação pela instrução e ajuda

para que alcançasse o sonho de me tornar mestre em engenharia mecânica.

Resumo

Hidretos metálicos são considerados candidatos promissores para o armazenamento

de hidrogênio em estágio sólido. Contudo, sua utilização em aplicações práticas continua

um desafio devido à limitação imposta pela vagarosa cinética de absorção e emissão do

soluto. Recentemente, nanopartículas metálicas atraíram a atenção como materiais

promissores para o novo sistema de armazenamento de hidrogênio, uma vez que possuem

características de rápida hidrogenação e desidrogenação. No presente caso, a compreensão

da cinética de absorção/emissão requer um entendimento do papel da tensão na formação e

crescimento do hidreto metálico. Tal tensão é devida ao desajuste presente entre as

estruturas metálica e os hidretos. Tomando como referência o trabalho de Duda e

Tomassetti, 2015 e 2016, um modelo contínuo foi formulado para investigar o papel da

tensão na cinética de formação e crescimento de hidretos em nanopartículas metálicas. A

novidade presente neste trabalho está na análise da influência da mobilidade de hidrogênio

dependente da tensão.

Palavras-Chave: tensão de difusão, forças configuracionais, sistemas de armazenamento

de hidrogênio, transformação de fases.

Abstract

Metal hydrides are considered promising candidates for solid-state hydrogen

storage. However, their use for practical applications remains a challenge due to the

limitation imposed by the slow kinetics of hydrogen uptake and release. Most recently,

metal nanoparticles have attracted much attention as advanced materials of new hydrogen-

storage systems since they display fast hydrogenation and dehydrogenation kinetics. In this

case, the understanding of the adsorption/release kinetics requires the understanding of the

role played by the stress on the hydride formation and growth. This stress appears due to

the misfit between the metal and the hydride lattice structures. Following Duda &

Tomassetti, 2015 and 2016, a continuum model was formulated to investigate the role

played by stress on the kinetics of hydride formation and growth in metallic nanoparticles.

The novelty here is that stress-dependent hydrogen mobility is allowed for.

Keywords: diffusion-induced stress, configurational forces, hydrogen-storage systems,

phase transformation.

SUMÁRIO

Lista de Figuras ....................................................................................................................... x

Lista de Tabela ....................................................................................................................... xi

Lista de Símbolos ................................................................................................................. xii

Capitulo 1. Introdução ....................................................................................................... 14

1.1 ConsideraçõesGerais........................................................................................................................................14

1.2 ObjetivoGeral......................................................................................................................................................20

1.3 ObjetivoEspecífico............................................................................................................................................20

1.4 Justificativa............................................................................................................................................................21

1.5 EstruturadoTrabalho......................................................................................................................................21

Capitulo 2. Teoria Geral ..................................................................................................... 23

2.1 Introdução.............................................................................................................................................................23

2.2 LeisdeEquilíbrio................................................................................................................................................24

2.3 EquaçõesdeGoverno.......................................................................................................................................26

Capitulo 3. Esfera Maciça com Mudança Dinâmica de Fases ........................................ 28

3.1 PartículaEsféricacomFasesDinâmicas..................................................................................................28

3.2 SuperfícieSeparadora......................................................................................................................................30

Capitulo 4. Cinética da Transformação de Fases ............................................................ 35

4.1 GeometriaEsférica.............................................................................................................................................35

4.2 MovimentodaInterface..................................................................................................................................37

4.3 MobilidadedeDifusão......................................................................................................................................38

4.4 Histerese................................................................................................................................................................40

4.5 EvoluçãodaInterfaceSeparadoradeFases...........................................................................................43

Capitulo 5. Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros ......................................... 45

Referências Bibliográfica ................................................................................................... 47

Lista de Figuras Figura 1-1 - Difusão de hidrogênio atômico no interior de uma estrutura metálica ............. 16

Figura 1-2 - Loop de histerese para absorção e emissão de hidrogênio. Fonte: Duda e

Tomassetti, 2015. .......................................................................................................... 17

Figura 3-1 - Esfera maciça imersa em meio saturado para duas fases dinâmicas ................ 29

Figura 3-2 - Superfície dinâmica S separadora das fases α e β ............................................. 31

Figura 4-1 - Histerese presente nos diferentes sentidos de transformação de fase. .............. 42

Figura 4-2 - Dependência temporal de (1-y(t)) durante processos de absorção de

hidrogênio, com B=0.1 e diferentes valores para A. .................................................... 44

Figura 4-3 - Variação relativa de t/Γ para espaço temporal integral de processos de

absorção de hidrogênio, valores distintos de A e B=0.1. .............................................. 44

Lista de Tabela

Tabela 2.1 - Equações de governo para processos macro e microscópicos ........................ 27

Tabela 3.1 - Condições de contorno governantes para deslocamento ................................ 32

Tabela 3.2 - Condições de contorno governantes para potencial químico ......................... 33

Lista de Símbolos

! – Tensor tensão de Cauchy;

" – Fluxo de soluto;

# – Concentração de soluto;

$ – Potencial químico;

ω – Energia livre de Gibbs;

λeG – Parâmetros de Lamé

* – Tensor deformação simétrico;

*+ – Tensor deformação elástico;

*, – Tensor deformação químico;

*- – Tensor deformação para o desarranjo de fases;

./ – Deformação de transformação de fases;

.- – Deformação incompatível entre as fases;

0 – Mobilidade de difusão;

1 – Vetor deslocamento;

Ω – Corpo esférico;

∂Ω – Superfície do corpo esférico;

4 – Superfície separadora de fases;

$5 – Potencial químico na superfície do corpo esférico;

$6 – Potencial químico na superfície separadora de fases;

$+7 – Potencial químico para equilíbrio de fases caso a transformação de fases

não fosse acompanhada por nenhum efeito mecânico;

8.9 – Fases distintas;

: – Raio variável da superfície separadora de fases;

; – Velocidade de de nucleação da superfície separadora de fases;

<, >.? – Coordenadas esféricas;

@ – Vetor unitário normal à superfície separadora de fases

∆$ – Laplaciano do potencial químico;

BCeDC – Constantes residuais de integração;

D – Coeficiente de difusão;

ΓF→H – Tempo para transformação8 → 9;

ΓH→F – Tempo para transformação9 → 8.

Capítulo 1

1 Introdução

1.1 Considerações Gerais

Comumente comportado como elemento do grupo dos halogênios, o hidrogênio, por

se tratar de um átomo bastante particular e abundante, também pode ser analisado e

estudado como metal ao se ligar a elementos como titânio, lítio, sódio, magnésio e paládio,

formando estruturas conhecidas como hidretos metálicos. Jain, Chhagan e Jain, 2010 [1].

Hidretos metálicos são materiais conhecidos pela concentração de hidrogênio

desprendida no seu interior. Alguns parâmetros externos como pressão, temperatura,

concentração do soluto ou escoamento forçado em sua superfície podem funcionar como

catalizadores deste processo, tornando-se de fundamental importância para sua

compreensão.

Em seu estudo, Wolf e Mansour, 1995 [2] comparam o paládio às esponjas devido à

sua invejável capacidade de absorção de hidrogênio no interior de sua estrutura. Os autores

revelam que, à temperatura e pressão ambiente, tal metal pode absorver novecentas vezes

seu próprio volume em hidrogênio. Ou seja, caso houvesse necessidade de acúmulo deste

elemento em um reservatório, necessitar-se-ia de uma enorme pressão para armazenar a

mesma quantidade de hidrogênio facilmente estocada pelo paládio para o mesmo volume.

Por se tratar de um átomo pequeno, o hidrogênio atômico tem relativa facilidade

para invadir a estrutura metálica de um material. Este processo é chamado de difusão e,

uma vez iniciado, duas estruturas cristalinas distintas tomam forma dentro da partícula

contaminada, diferindo entre si pela concentração de soluto (hidrogênio) dissolvido em seu

interior. A Figura 1.1 ilustra o processo de difusão do hidrogênio atômico no interior do

material contaminado.

Figura 1-1 - Difusão de hidrogênio atômico no interior de uma estrutura metálica

Esta diferença de concentração de soluto em seu interior gera, como consequência,

um fluxo de hidrogênio. De modo semelhante ao potencial gravitacional, onde um corpo se

movimenta de um potencial mais elevado para outro menor, as partículas dissolvidas no

interior da estrutura contaminada se movem respeitando seus respectivos potenciais

químicos, sendo este último o principal estímulo para o fluxo de hidrogênio direcionado ao

centro do corpo. Num ponto de baixo potencial químico, o sólido se encontra na fase 8,

caracterizada pela baixa concentração de soluto. Enquanto o processo de difusão continua,

o material desprendido se dissolve no sólido, até que o limite de solubilidade seja

alcançado. Se o processo de absorção se mantém, em um potencial químico constante, a

fase 9 começa a se constituir. Esta fase 9, evidenciada pela alta concentração de soluto

difundido em seu interior, caracteriza a formação do hidreto metálico. Havendo um

gradiente de potencial químico maior no campo exterior do corpo quando comparado ao

interior, o fenômeno de absorção se iniciará. Em contrapartida, uma vez reduzido o

IDissociação

IIAbsorção

IIIDifusão

IVRecombinação

potencial químico exterior ao corpo, sendo relativamente inferior ao interno, o processo de

emissão de soluto tomará forma, no entanto, a transformação reversa ocorre a um nível

inferior de potencial químico.

Schwarz e Khachaturyan, 1995 [3] examinaram um solvente sólido de duas fases

imerso em um ambiente provedor de soluto em forma de átomos intersticiais. Em seus

estudos, os autores mostram que a deformação gerada pela transformação induzida leva à

impossibilidade de coexistência das duas fazes em equilíbrio, sendo responsável pelo loop

de histerese observado no processo isotérmico cíclico onde o potencial químico do

reservatório é alterado, almejando induzir absorção e emissão de átomos. Uma intepretação

gráfica para este fenômeno está presente na Figura 1.2.

Figura 1-2 - Loop de histerese para absorção e emissão de hidrogênio. Fonte: Duda e

Tomassetti, 2015.

Por se tratar de um fenômeno de abordagem relativamente recente, barreiras para o

seu aproveitamento em escala industrial ainda existem. Todo o processo de nucleação da

camada separadora de fases de concentração se dá de forma lenta e gradual, sendo

necessário o desenvolvimento de novas tecnologias e procedimentos, de modo a acelerar o

processo de absorção e emissão do hidrogênio e viabilizar a utilização deste fenômeno tão

importante e de vasta aplicação.

Tratando-se de nanotecnologia, o estudo e entendimento deste processo se tornam

necessários e fundamentais, pois lançando mão destes materiais específicos - conhecidos

como hidretos metálicos - e uma vez compreendido o modelo de difusão e da sua cinética

de transformação, é possível aplicar o fenômeno para o armazenamento e transporte de

hidrogênio para locais predeterminados. Desta forma, ao utilizar estes metais particulares

como veículos para o transporte da inclusão em grande quantidade, seu conceito de difusão

em escala nanométrica pode ser aproveitado na indústria farmacêutica e médica, no

desenvolvimento de microcomponentes eletrônicos e, inclusive, como novas fontes

alternativas de energia através do estoque de combustível.

Como meio de estocagem energética, este fenômeno se torna interessante pois o

acumulo deste elemento é capaz de gerar uma grande quantidade de trabalho limpo,

produzindo, como resíduo do processo termomecânico, apenas água. Em seu artigo

científico Jain, 2009 [4] revela que, na última década, o hidrogênio foi protagonista devido

à sua capacidade energética, sendo estudadas novas tecnologias de trabalho e suas

principais barreiras, como é o caso da produção e formas de estocagem ou armazenamento.

Como principal motivação para o aprofundamento dos estudos, o autor destaca o

hidrogênio como fonte limpa, abundante, leve e de elevado fator energético por unidade de

massa. Além disso, se comparado às demais fontes de energia alternativa, este material se

destaca pela sua facilidade de transporte, versatilidade, formas de utilização, eficiência,

segurança e sustentabilidade.

Segundo Roversi, 2015 [5], se aplicados os estudos da difusão de hidrogênio em

escala nanométrica, sobretudo na medicina regenerativa e reparativa com o uso de

hidrogéis e na indústria farmacêutica pela formulação de nanopartículas, nanocápsulas,

sistemas micelares e conjugados, poder-se-á, além de promover um desenvolvimento

celular adequado, possibilitar uma entrega direcionada efetiva de drogas, resultando em

maior eficácia, segurança e estabilidade de agentes terapêuticos.

Por se tratar de um material acessível e abundante, o paládio, mais uma vez,

destaca-se pela capacidade e acumulação, podendo ser utilizado em larga escala em

combinação com o hidrogênio como veículo de armazenamento para a exploração do

fenômeno de difusão, podendo, por exemplo, desempenhar o papel, em combinação com o

soluto, de fonte alternativa de energia para fins automotivos e industriais.

Para tanto, visando a obtenção de um modelo que pudesse representar tal fenômeno

e de resolução analítica, Duda e Tomassetti, 2015 e 2016 [6] [7], usaram a Mecânica do

Contínuo para modelar o problema assumindo a existência de uma interface fina e contínua

de separação do sólido em duas regiões, fases α e β, obtendo uma equação de evolução

para tal superfície.

Contudo, tendo em vista o trabalho efetuado por Gronbeck e Zhdanov, 2011 [8], o

qual afirma que uma considerável deformação na rede pode influenciar no coeficiente de

mobilidade dos átomos intersticiais, foi proposto o estudo das consequências deste

parâmetro. Sendo assim, o objetivo principal deste trabalho é analisar o efeito da

deformação na rede na cinética desenvolvida por Duda e Tomassetti, 2015 e 2016 [6] [7],

baseado na dependência da mobilidade de difusão em parâmetros como a tensão.

1.2 Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo principal estudar e compreender o processo de

difusão do hidrogênio no interior de estruturas particuladas esféricas e verificar o

comportamento deste fenômeno associado a parâmetros como tensão e deformação,

considerando a dependência da mobilidade com a tensão.

1.3 Objetivo Específico

Visando alcançar o objetivo proposto, pretende-se:

Determinar as equações de balanço através da Conservação da Quantidade de

Movimento Linear e Primeira Lei da Termodinâmica.

Determinação das equações constitutivas do problema.

Analisar o problema de difusão em uma partícula esférica e verificar o

comportamento da transformação de fase em seu interior, estudando a cinética da camada

separadora de fases e comparando ambos os modelos, influenciados ou não pela

dependência da mobilidade com a tensão.

1.4 Justificativa

Por mais pequenos e silenciosos que certos fenômenos possam aparentar, visando a

adequação ao novo cenário contemporâneo, nenhum aspecto pode passar despercebido. A

aplicabilidade para o estudo de difusão de hidrogênio contempla áreas que vão desde

projetos de novas fontes de energia alternativas, através do desenvolvimento de métodos de

armazenamento e transporte deste elemento em grande escala, passando por revoluções nas

indústrias médica e farmacêutica, até desenvolvimentos de novos equipamentos eletrônicos.

Dessa forma, visando a sustentabilidade, racionalização do uso dos recursos naturais

cada vez mais escassos em nossa sociedade e avanços na saúde, promove-se o estudo de tal

fenômeno tão importante.

1.5 Estrutura do Trabalho

A estrutura deste presente trabalho seguirá a seguinte ordem de raciocínio: no

capítulo 2, será apresentada a teoria geral, com as leis básicas de balanço que regem o

problema, bem como as equações que o governam. No capítulo 3, será introduzido o objeto

de estudo, apresentando a teoria e as condições de contorno. No capítulo 4, estudar-se-á o

fenômeno de difusão, verificando o comportamento dinâmico das duas fases, distintas entre

si pela concentração do soluto prescrito e constante. O capítulo 5 apresenta as conclusões

do trabalho. Por fim, no capítulo 6, estarão disponíveis as referências consultadas para

construção do presente material.

Capítulo 2

2 Teoria Geral

2.1 Introdução

Seja o corpo maciço composto por moléculas dissolvidas em seu interior, sendo o

soluto não uniformemente distribuído, dar-se-á, portanto, margem para a formação de um

gradiente de concentração.

Diretamente relacionado à concentração de soluto, constata-se uma variação de

potencial químico em diferentes regiões interiores do corpo. Finalmente, respeitando os

potenciais particulares de cada zona, um fluxo de soluto toma forma.

Desta maneira, dois processos passam a existir em escalas distintas de grandeza:

• Macroscópico: Exclusivamente mecânico, ocorre devido à deformação gerada

no sólido;

• Microscópico: Devido ao fluxo de soluto no interior da estrutura sólida causado

pela diferença de concentração do material dissolvido.

2.2 Leis de Equilíbrio

Como método de descrição do problema de deformação e difusão do soluto contido

no interior do corpo, propõe-se, inicialmente, a aplicação das leis básicas da mecânica.

Nesse ponto, evidencia-se que não há forças de corpo atuantes e nem geração de soluto.

Assim, é possível reescrever a Conservação da Quantidade de Movimento em sua

forma local como:

DKL! = N (2-1)

De modo semelhante, sendo ℎ o fluxo de soluto relativo ao sólido e # sua

concentração, obtém-se o Balanço de Difusão como sendo:

−DKL" = # (2-2)

Segundo Duda e Tomassetti, 2016 [7], no caso analisado, a energia livre de

Gibbs,Q, é determinada pelo potencial químico,$, e a deformação, *, através da análise

constitutiva deste parâmetro para os diferentes estágios de difusão. Sendo assim, tem-se

seguinte equação constitutiva para Q:

Q = Q $, * (2-3)

Sendo a equação constitutiva para Q, Q $, * , a soma de dois termos separadamente

dependentes de $ e *, onde a dependência em$ linear. Fried e Gurtin, 1999 [9].

Q $, * = # $ − $+7 +S * (2-4)

Onde * é o tensor deformação simétrico infinitesimal definido pela Eq. 2.5. e S *

sendo:

S * = T *U V + W2 Y<*U V (2-5)

Para *U a parcela mecânica desta deformação, Eq. 2.11, T e W parâmetros de Lamé.

Segundo Duda e Tomassetti, 2016 [7], esta teoria é apropriada para descrever

processos onde a relação entre deformação, difusão e dinâmica da interface separadora de

fases envolve pequenas deformações e desvios do potencial químico de um valor de

referência, $+7 . Pode-se entender $+7 como sendo o potencial químico para que as duas

fases estejam em equilíbrio caso a transformação de fases não fosse acompanhada por

nenhum efeito mecânico.

* = (∇1)] = 12 (∇1 + ∇1

/) (2-6)

Ainda, segundo Duda e Tomassetti, 2016 [7], a concentração de soluto e a tensão, !,

para o fenômeno de difusão estudado podem ser representadas como:

# = −_Q($, *)_$ (2-7)

! = _Q($, *)_* (2-8)

Uma consequência eminente para as Eqs. 2.4 e 2.6 é a existência de concentrações

constantes e prescritas do soluto no interior da partícula. Sendo assim, tem-se:

# = 0 (2-9)

Reescrevendo, portando, a Eq. 2.2 como:

−DKL" = 0 (2-10)

2.3 Equações de Governo

Ao se considerar duas escalas de processos distintos, um puramente mecânico e

outro químico, torna-se necessário assumir os respectivos componentes de deformação

como sendo parte integrante do tensor *.

Definindo *U como o grupo de deformações elásticas (processo mecânico) e *a(a)

a parcela causada pelo soluto (químico), é possível expandir a Eq. 2.6 como:

* = *U + *a(a) (2-11)

Onde,

*a a = b # − #- c = d # c (2-12)

Para tanto, tem-se b como sendo um parâmetro positivo conhecido do material e #e

a concentração inicial de soluto para um dado estado de tensões.

Definindo 0 como a mobilidade de difusão, particular de cada região e dependente

da tensão e da concentração de soluto, tem-se o fluxo de soluto " como:

" = −0 !, # ∇$ (2-13)

Ainda, a partir das relações fornecidas por Coleman e Noll, 1963 [10], é possível

obter o tensor simétrico de tensões, !.

! = W Y<*U c + 2T*U (2-14)

A partir das equações constitutivas descritas acima e as aplicando nos campos 1, #,

" e $ , é possível organizar as equações que governam o problema nas duas escalas

dependentes descritas acima, de modo macro e microscópico, conforme a Tab. 2.1.

Tabela 2.1 - Equações de governo para processos macro e microscópicos

Processos Macroscópicos Processos Microscópicos

DKL! = N −DKL" = 0

! = _ω(*U, #)_*U

# = −_ω(*U, #)_$

*U = (∇1)] − d # c " = −0 !, # ∇$

Capítulo 3

3 Esfera Maciça com Mudança Dinâmica de

Fases

3.1 Partícula Esférica com Fases Dinâmicas

Seja uma partícula esférica,Ω, de raio f, constituída por duas fases distintas,8 e 9,

imersa em um meio saturado cujo o potencial químico é $5 e isolado de influências da

pressão externa conforme a ilustração dada pela Fig. 3.1. É definida por:

Ω = {h ∶ 0 ≤ |h| ≤ f} onde h = < (3-1)

Figura 3-1 - Esfera maciça imersa em meio saturado para duas fases dinâmicas

Sendo assim, tem-se:

$ f, Y = $5 (3-2)

E

!@m = N (3-3)

Onde,

@m =hh (3-4)

O deslocamento é dado por:

1 h, Y = n(<, Y)U (3-5)

Onde,

U = hh (3-6)

Neste ponto, define-se a interface dinâmica, 4, presente em Ω como:

S = {hdΩ ∶ p = : Y } (3-7)

c

µR

R

ρΩα

Ωβ

Sendo a velocidade de nucleação interface, L, é dada por:

; = : (3-8)

Ainda, estipula-se as diferentes camadas, qF e qH, como a interna, composta pela

fase 8, e a externa, 9. Dessa forma, tem-se:

qF = {hdΩ ∶ 0 ≤ p < :}, qH = {hdΩ ∶ : ≤ p < f} (3-9)

Onde o vetor unitário normal a S e externo a qF , definido por @, é apresentado

como:

@ = @m = U = hh (3-10)

3.2 Superfície Separadora

Seja um corpo maciço q esférico descrito por coordenadas esféricas (<, >, ?)

caracterizado anteriormente. Assume-se que qualquer deslocamento não nulo depende

exclusivamente de <. Como consequência, qualquer variável estará diretamente associada

ao raio da esfera e representada através das equações de balanço e teoria constitutiva

descritos no capítulo anterior.

O corpo q é constituído de duas fases sólidas distintas, 8 e 9, separadas entre si pela

superfície, 4 . Define-se as duas sub-regiões como qF e qH , sendo o vetor @ unitário e

exterior a 4 , conforme ilustrado na Fig. 3.2. Devido à diferença de potencial químico

presente nas fases, um fluxo de soluto se dá através de 4.

Figura 3-2 - Superfície dinâmica S separadora das fases α e β

Tomando como salto o balanço das quantidades imediatamente anteriores e

posteriores a 4 e o aplicando a determinado campo, assume-se que os saltos de potencial

químico, $, e de deslocamento, 1, são contínuos ao longo da interface de separação. Logo:

s = N, $ = 0

(3-11)

A continuidade de 1 e $ garante, respectivamente, que não haja desprendimento na

superfície 4 e que se preserve o equilíbrio químico.

Agora, considerando o comportamento dinâmico da camada separadora de fase, é

possível determinar que as seguintes equações de equilíbrio se satisfazem:

" . @ = c ; e ! @ = N

(3-12)

De modo a simplificar a apresentação deste presente texto, introduz-se v ∈ 8, 9 .

Descrevendo os processos distintos que ocorrem simultaneamente em ambas as fases.

Dessa forma, a Eq. 2.12 é reescrita como: *a a = bC #C − #-C − ./C c = dC # c (3-13)

S

Ωβ

Ωα

. n

Sendo a concentração de soluto, #, em cada região é dada por:

#(<, Y) = #F#H

, se< ∈ qF, se< ∈ qH (3-14)

Ainda, sabendo que, em 8, a deformação de transformação de fases, ./, é nula, é

possível reescrever a Eq. 3.13 como:

*a a =

bF #F − #-F c = dFcbH #H − #-H − ./ c = dHc

, sev = 8, sev = 9 (3-15)

Tem-se a deformação incompatível entre as duas fases, de , definida por Duda e

Tomassetti, 2016 [7], como:

d- = dH − dF (3-16)

Finalmente, a partir da Eq. 3.15, chega-se à deformação, *y , presente na rede

cristalina e causada pelo desarranjo entre as diferentes fases:

*y = d-c (3-17)

Em seguida, relacionando a Eq. 2.2 e Eq. 2.11, tem-se:

∆$ = 0 (3-18)

As condições de contorno que governam os problemas de deslocamento e potencial

químico podem ser resumidas nas Tab. 3.1 e 3.2 a seguir.

Tabela 3.1 - Condições de contorno governantes para deslocamento

Condição de Contorno Governante Local

DKL! = N qF(Y) ∪ qH(Y)

! = 2T* + W DKL1 c qF(Y)

! = 2T* + (W DKL1 + 2T + 3W d-)c qH(Y)

s = N 4(Y)

! @ = N 4(Y)

!@m = N _Ω

Tabela 3.2 - Condições de contorno governantes para potencial químico

Condição de Contorno Governante Local

DKL" = N qF(Y) ∪ qH(Y)

"| = −0| !|, #| ∇$ qF(Y)

"} = −0} !}, #} ∇$ qH(Y)

µ = 0 4(Y)

" . @ = # : 4(Y)

$ = $5 _Ω

Duda e Tomasseti, 2015 e 2016 [6] [7], revelam que, para descrever a cinética da

superfície fina separadora de fases, uma condição extra deve ser considerada. Tal condição

pode ser enxergada como uma consequência da continuidade da tensão configuracional ao

longo da membrana que, pressupondo que o movimento da interface é desprovido de

dissipação e os efeitos de curvatura são negligenciados, pode ser reduzida à condição

padrão de Maxwell.

ω− �1. @ . !@ = 0 (3-19)

Capítulo 4

4 Cinética da Transformação de Fases

4.1 Geometria Esférica

Nesse ponto do trabalho, analisar-se-á o objeto principal de estudo: a cinética da

transformação de fases. Para tanto, o foco será no processo associado à variação do

potencial químico e do conjunto tensão-deformação relacionado a este fenômeno no

interior da estrutura particulada esférica.

Graças à geometria esférica do corpo estudado, tem-se:

1 h = n < U, $ h = $ < , < = h

(4-1)

Ainda,

* = nÄU⨂U + n< (c − U⨂U) ! = ÇÉU⨂U + ÇÑ(c − U⨂U)

(4-2)

Lançando mão das relações presentes nas Eqs. 2.6, 2.11, 2.12, 2.14 e 4.2, as

componentes de tensão podem ser escritas como:

ÇÉ(<)C = W nÄ < + 2n(<)< + 2TnÄ < − (3W + 2T)dC

ÇÑ(<)C = W nÄ < + 2n(<)< + 2T nÄ << − (3W + 2T)dC

Y<!(<)C = ÇÉ(<)C + 2ÇÑ(<)C = (3W + 2T) nÄ < + 2n(<)< − dC

(4-3)

O balanço de forças, Eq. 2.1, pode ser reescrito como:

ÖÖ<

1<V

ÖÖ< <Vn(<) = 0 (4-4)

Sendo a solução geral dada por:

n(<) =

BÜF<

BÜH< +BÜH<V

, se0 ≤ r ≤ ρ, seρ ≤ r ≤ R (4-5)

A partir das condições de contorno evidenciadas nas Eqs. 3.1, 3.111 e 3.122, calcula-

se as constantes acima.

BÜF = dH −d-

3(2T + W) 3ä + 4T :f

å

BÜH = dH −4Td-

3(2T + W):f

å

BVH = − äd-:å(2T + W)

ä = 2T + 3W

(4-6)

Ainda, como o potencial químico é harmônico fora da interface, tem-se que $ <

satisfaz a equação:

ÖÖ< <V ÖÖ< $(<) = 0 (4-7)

Sendo a solução geral dada por:

$(<) =

DÜF

DÜH< +DÜH<

, se0 ≤ r ≤ ρ, seρ ≤ r ≤ R (4-8)

A partir das condições de contorno evidenciadas nas Eqs. 3.2 e 3.112, calcula-se as

constantes acima como:

DÜF = $ ρ = $ç

DÜH = $é −:

f − : $é − $ç

DVH =:ff − : $ç − $é

(4-9)

Finalmente, o potencial químico na superfície, $ç, obtido através das Eqs. 2.4, 2.14

e 3.19, pode ser definido.

$ç = $èê + $ë(2íå − 1) (4-10)

Onde,

$ë =6Täd-V

(2T + W)(#î − #ï) í = :

f

(4-11)

4.2 Movimento da Interface

Através da equação de evolução da interface, Eq. 3.12, do fluxo de solvente, Eq.

2.13, e do potencial químico, Eq.3.2, é possível concluir que:

" = hU (4-12)

Onde,

ℎC = −0C∇$

− 0$′ = #H − #F ;

(4-13)

Da Eq. 4.8, tem-se:

$′(<) =

0$é − $çf − :

:f<V

, se0 ≤ r ≤ ρ, seρ ≤ r ≤ R (4-14)

Finalmente, lançando mão das Eqs. 4.10, 4.111, 4.13 e 4.14, Duda e Tomassetti,

2016 [7] desenvolvem o sistema de equações aplicando do balanço de forças

configuracionais, chegando ao seguinte resultado para evolução da camada separadora de

fases:

ò 1 − í íí = 1 − $5$+7

+ $-$+7

2íå − 1 (4-15)

Onde,

ò = #H − #F#H

fV0H$+7

(4-16)

4.3 Mobilidade de Difusão

Um dos objetivos principais do presente trabalho, além de analisar a cinética da

transformação de fases no interior de partículas metálicas, está no estudo do

comportamento dinâmico da camada separadora relacionada à tensão gerada pelo fenômeno

de difusão do hidrogênio e formação de hidretos.

Sabendo-se da dependência da mobilidade de difusão na fase 9 com a tensão, !,

lançar-se-á mão dos estudos feitos por Gronbeck e Zhdanov, 2011 [8] e Zhdanov, 2010 [11]

para determinar a mobilidade de difusão na fase 9 , 0H, sendo definida por:

0H =Däôö

(4-17)

Onde D é o coeficiente de difusão, äô a constante de Boltzman e öa temperatura

absoluta.

Ainda, sabe-se que o coeficiente de difusão, D, pode ser escrito como:

D = D-.põ úíå (4-18)

Onde D- é o coeficiente de difusão para ú → 0 e

ú = 4d-ùT bH − bH∗

äôö

ù = 2T + 3W2T + W

(4-19)

Sendo o parâmetro bH, Eq. 3.15 é o acréscimo de volume por átomo de hidrogênio

durante a formação dos hidretos e bH∗ é o acréscimo de volume que corresponde ao estado

de transição de fases.

Finalmente, das Eqs. 4.17, 4.18 e 4.19, tem-se:

0H =Däôö

= D-äôö

.põ úíå (4-20)

Reescrevendo a Eq. 4.15, finalmente, obtém-se a equação da evolução da superfície

separadora de fases influenciada pelo efeito da tensão na mobilidade de difusão dada por:

ò 1 − í íí = .põ úíå −1 + ü 2íå − 1 (4-21)

Sendo,

í = :f

ü = $-$5 − $+7

(4-22)

4.4 Histerese

Conforme mencionado previamente, Duda e Tomassetti, 2015 [6], avaliaram a

presença de potenciais distintos dependendo da natureza da transformação. Por natureza da

transformação, entende-se o sentido que o fenômeno de difusão de hidrogênio ocorre, ou

seja, absorção ou emissão do soluto por parte da partícula metálica.

Interpretando os estudos feitos até então. Tomando como base as Eq. 4.21,

referentes à cinética da transformação de fases no interior da partícula, observa-se que, em

um primeiro caso, assumindo-se í 0 = 1, toda a solução encontrada analisará processos

onde o corpo particulado se encontra em sua totalidade na fase inicial 8. Uma vez imerso

em um meio saturado, a difusão tomará forma e, gradativamente, haverá a nucleação da

superfície de separação 4 e, consequentemente, o avanço da fase 9 , com í < 0 . Este

processo de absorção de hidrogênio será defino como transformação 8 → 9.

De modo semelhante, a transformação 9 → 8 ocorrerá quando o corpo se encontrar

inicialmente na fase de maior concentração, 9, ou seja, í 0 = 0, imerso em um meio

hipotônico. Através da diferença de potencial com o meio externo, a camada de separação

avançará a partir do núcleo do corpo à sua periferia com í > 0, encerrando-se o processo

quando o corpo estiver em sua totalidade na fase 8.

Em seu trabalho, Duda e Tomassetti, 2015 [6], ao estudarem a equação de

transformação de fases, analisaram os dois sentidos de transformação, concluindo a

existência do loop de histerese existente para os diferentes caminhos. Semelhante ao

raciocínio proposto pelos autores, aplicar-se-á ao presente trabalho, primeiramente, a

transformação9 → 8.

A partir da Eq. 4.21, e fazendo í 0 = 0, tem-se:

ü > −1 (4-23)

Ou seja,

$5 < $+7 − $- (4-24)

De modo semelhante, para transformação 8 → 9, sendo í 0 = 1.

ü ≤ 1 (4-25)

Obtendo, portanto:

$5 < $+7 + $- (4-26)

Sendo assim, conclui-se que:

• A transformação 8 → 9 ocorrerá somente se ü ≤ 1 ou $5 < $+7 + $-.

• A transformação 9 → 8 ocorrerá somente se ü > −1 ou $5 < $+7 − $-.

De modo a ilustrar o efeito descrito anteriormente, através da Fig.4.1 se tem o

diagrama de representação do fenômeno de absorção-emissão do soluto, onde o eixo

vertical é o potencial químico do reservatório e o horizontal a concentração média, # ,

definida por:

# = 1

Ω #ÖL°

(4-27)

Respeitando a concentração prescrita e constante, #F , no estado inicial (fase 8) o

momento exato onde ocorrerá o início da transformação de fase. A partir de determinado

estágio do potencial químico do reservatório, onde $5 < $+7 + $-, a estrutura cristalina se

alterará, passando da fase 8 para 9, finalmente, alcançando a concentração #H. Invertendo-

se o raciocínio, percebe-se que o retorno à fase inicial 8, dar-se-á a um nível de potencial

químico distinto e inferior ao primeiro caso, $5 < $+7 − $-.

Figura 4-1 - Histerese presente nos diferentes sentidos de transformação de fase.

µR

µeq+ µo

µeq ‒µo

⟨c⟩cα cβ

4.5 Evolução da Interface Separadora de Fases

Tendo em vista os efeitos presentes da parcela da mobilidade de difusão,

introduzida por Gronbeck e Zhdanov, 2011 [8] e Zhdanov, 2010 [11], sobre a cinética da

transformação de fases, estudada por Duda e Tomassetti, 2015 [6], sugere-se que sejam

estudadas as diferentes curvas de evolução da camada separadora de fases com tempo,

evidenciando, dessa forma, a contribuição dos estudos feitos até então.

Para tanto, primeiramente, definir-se-á parâmetros como ΓF→H e ΓH→F como sendo

o tempo para que as transformações 8 → 9 e 9 → 8 ocorram, respectivamente. Logo,

ΓF→H(í) = ò ¢ p ÖpÜ£ (4-28)

E

ΓH→F(í) = ò ¢ p Öp£e (4-29)

Sendo, ¢ p definido a partir da Eq. 4.21 como:

¢ p = 1−p p.põ úp3 −1+ü 2p3−1 (4-30)

Para ilustrar os efeitos da componente .põ úíå , na Fig. 4.2 é mostrada a

dependência temporal de 1 − í(Y) , distância da superfície separadora de fases à

extremidade externa da partícula, assumindo a constante ü fixa e igual a 0.1 e diferentes

valores para ú . Podemos observar que, conforme o objetivo principal do trabalho, o

parâmetro introduzido neste estudo influencia diretamente nos resultados obtidos durante

uma transformação 8 → 9.

Na Fig. 4.3, observa-se a interpretação dos resultados obtidos, onde, ao compará-los

com a curva original (ú = 0), verifica-se o comportamento e a variação da cinética da

transformação de fases assumindo o espaço temporal integral do fenômeno para os mesmos

valores de ú e ü.

Figura 4-2 - Dependência temporal de (1-y(t)) durante processos de absorção de hidrogênio, com B=0.1 e diferentes valores para A.

Figura 4-3 - Variação relativa de t/Γ para espaço temporal integral de processos de absorção de hidrogênio, valores distintos de A e B=0.1.

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.300.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

t

Γ

1-y(t)

+0,11

+0,04

-0,03-0,05

69% 25%

-19% -31% -100% -80% -60% -40% -20% 0% 20% 40% 60% 80% 100%

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0,15

0,2

-2 -1 0 1 2

t/Γ relativo a A=0 para y=0 e valores distintos de A.

Variação percentual relativa a A=0.

0,16

Capítulo 5

5 Conclusões e Sugestões para Trabalhos

Futuros

O objetivo principal deste trabalho é de investigar a influências de parâmetros como

tensão e deformação na cinética da transformação de fases no interior de uma partícula

metálica sob o efeito da difusão de átomos intersticiais de hidrogênio. Tais tensões

aparecem como efeito dos desarranjos presentes entre as diferentes fases devido à sua

impossibilidade de equilíbrio.

O foco dos estudos feitos girou em torno da análise dos efeitos da tensão na

mobilidade de difusão gerados pela presença de átomos de hidrogênio no interior da fase 9

após o processo de difusão.

Os resultados obtidos mostram que a tensão tem um papel importante e seus efeitos

na cinética da transformação de fases não podem ser menosprezados.

De modo a analisar e explorar o presente modelo para novos casos e geometrias,

comparações com dados experimentais podem ser feitas para verificar sua exatidão.

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