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JÚLIO CÉSAR DE OLIVEIRA LEAL EFEITO DO ESTROGÊNIO NA MEMÓRIA PARA OBJETOS EM RATAS WISTAR: ESTAMPA TEMPORAL Natal 2015

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JÚLIO CÉSAR DE OLIVEIRA LEAL

EFEITO DO ESTROGÊNIO NA MEMÓRIA PARA OBJETOS EM RATAS

WISTAR: ESTAMPA TEMPORAL

Natal

2015

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JÚLIO CÉSAR DE OLIVEIRA LEAL

EFEITO DO ESTROGÊNIO NA MEMÓRIA PARA OBJETOS EM RATAS

WISTAR: ESTAMPA TEMPORAL

Dissertação apresentada à

Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, para obtenção do título de

Mestre em Psicobiologia.

Orientador: Dr. John Fontenele

Araújo

Natal

2015

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Leal, Júlio César de Oliveira.

Efeito do estrogênio na memória para objetos em ratas Wistar: estampa temporal / Júlio César de

Oliveira Leal. – Natal, RN, 2015.

99 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. John Fontenele Araújo.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.

Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.

1. Memória. – Dissertação. 2. Ciclo estral. – Dissertação. 3. Reconhecimento de objetos. –

Dissertação. 4. Estampa temporal. Dissertação I. Araújo, John Fontenele. II. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 159.953.2

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TÍTULO: EFEITO DO ESTROGÊNIO NA MEMÓRIA PARA OBJETOS EM RATAS

WISTAR: ESTAMPA TEMPORAL

Autor: Júlio César de Oliveira Leal

Data de defesa: 28/08/2015

Banca Examinadora:

____________________________________________

Prof. Dra. Rhowena Jane Barbosa de Matos

Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte

Universidade Federal de Pernambuco, PE

____________________________________________

Prof. Dra. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo

Departamento de Fisiologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

____________________________________________

Prof. Dr. John Fontenele Araújo

Departamento de Fisiologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Pós-

Graduação em Psicobiologia. E à Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento da pesquisa.

Ao meu orientador Prof. Dr. John Araújo, pela oportunidade de orientação

prestada, pelo incentivo, apoio e disponibilidade.

Aos colegas de laboratório, Ádison Mitre, Cleanto Fernandes, Felipe Oliveira,

Fernanda Kolodiuk, Kathiane Santana, Laura Ahumada, Luana Gabrielle,

Patricia Vidal, Prof. Mário Miguel, Rafael Cavalcanti, Valciclenio Macedo, pelo

apoio pessoal. Aos estudantes da iniciação científica Halan Dyego e Luiz

Ricardo, que sempre se mostraram disponíveis para com a pesquisa.

Sou muito agradecido a minha família, em especial meus pais Fátima e

Cezario, e meus avós Edite e Francisco, que sempre me apoiaram nas

decisões tomadas.

E as demais pessoas que contribuíram para a realização desta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS 5

LISTA DE FÍGURAS 8

LISTA DE QUADROS 11

RESUMO 12

ABSTRACT 13

1. INTRODUÇAO 14

1.1 O Ciclo Estral 17

1.2 Estrogênio e Memória 18

1.3 Estampa Temporal 22

1.4 Memória para o Reconhecimento de Objetos 25

1.5 Estrogênio e Ritmicidade Circadiana 27

2. OBJETIVO GERAL 29

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 29

3. HIPÓTESE E PREDIÇÕES 30

4. MATERIAIS E MÉTODOS 31

4.1 Sujeitos 31

4.1.1 Critérios de Inclusão 32

4.2 Desenho Experimental 33

4.2.1 Experimento 1 – Efeito do ciclo estral na estampa temporal da tarefa do Reconhecimento de

Objetos 33

4.2.2 Experimento 2 – Efeito da ovariectomia na estampa temporal da tarefa do Reconhecimento de

Objetos 36

4.3 Tarefa Comportamental: Reconhecimento de Objetos 39

4.5 Coleta de Dados 41

4.5.1 Reconhecimento de Objetos 41

4.5.2 Actogramas e Gráficos em forma de onda 42

4.6 Análise de Dados 43

4.6.1 Reconhecimento de Objetos 43

4.6.2 Parâmetros do Ritmo de Atividade Locomotora 43

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4.5.4 Relação entre os Índices de Reconhecimento e os Parâmetros do Ritmo de Atividade

Locomotora 45

5. RESULTADOS 47

5.1 Estampa Temporal 47

5.1.1 Experimento 1 – Efeito do ciclo estral na Estampa Temporal da tarefa de Reconhecimento de

Objetos 47

5.1.2 Experimento 2 – Efeito da ovariectomia na Estampa Temporal da tarefa de Reconhecimento de

Objetos 48

5.2 Actogramas e Gráficos em forma de onda 50

5.2.1 Grupo Intacto 50

5.2.2 Grupo Sham 51

5.2.3 Grupo Ovariectomizado 53

5.3 Parâmetros do Ritmo de Atividade Locomotora 54

5.3.1 Acrofase do ritmo 55

5.3.2 Amplitude do ritmo 57

5.3.3 Duração da fase ativa 59

5.3.4 Total de atividade nas 24 horas 61

5.3.5 Total de atividade na fase de Claro 63

5.3.6 Média de atividade na fase de Claro 65

5.3.7 Total de atividade na fase de Escuro 67

5.3.8 Média de atividade na fase de Escuro 69

5.4 Relação entre os Índices do Reconhecimento de objetos e a Acrofase do ritmo. 71

6. DISUSSÃO 72

6.1 CONCLUSÃO 78

6.2 LIMITAÇÕES 78

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 79

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80

ANEXO 89

I PARECER DO COMITE DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS – CB/UFRN 89

II ACTOGRAMAS E GRÁFICOS EM FORMA DE ONDA: GRUPO INTACTO (dias do proestro estão

representados por um circulo preto no lado esquerdo do actograma). 90

III ACTOGRAMAS E GRÁFICOS EM FORMA DE ONDA: GRUPO SHAM (dias do proestro estão

representados por um circulo preto no lado esquerdo do actograma). 96

IV ACTOGRAMAS E GRÁFICOS EM FORMA DE ONDA: GRUPO OVARIECTOMIA 98

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LISTA DE FÍGURAS Figura 1 Oscilações hormonais durante o ciclo estral, considerando uma rata de 4 dias (96

horas). Hormônio luteinizante (LH) em vermelho, progesterona (P) em azul, e estrogênio (E2).

FONTE: Adaptada de Barha e Galea, 2010. ................................................................................. 18

Figura 2 Esquema de mecanismos a) genômicos e b) mediado por membrana, para o aumento

de espinhas dendríticas e de memória dependente de estrogênio. FONTE: Adaptada de Luine e

Frankfurt 2013. ............................................................................................................................ 22

Figura 3 Módulo Isolador - Laboratório de Experimentação 2, espaço onde os animais

permaneciam alojados durante o experimento. No interior dos isoladores existe um sistema de

exaustão de ar, e um controle de luminosidade feito através de LEDs, e um sistema de registro

de atividade locomotora, feito por meio de sensores por infravermelho. Cada animal era

mantido em uma gaiola individual, feita de polipropileno, com livre acesso a comida e água

(cada isolador tem capacidade para manter até 6 gaiolas). FONTE: Laboratório de

Neurobiologia e Ritmicidade Biológica - LNRB, 2014 (Natal/RN). .............................................. 32

Figura 4 Imagens de microscopia do padrão de esfregaço vaginal durante 4 dias do ciclo estral

em ratas dimensão 10/0.25 160/-. A. Metastro, B. Diestro, C. Proestro e D. Estro. FONTE:

Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica - LNRB, 2014 (Natal/RN). ...................... 34

Figura 5 Esquema do procedimento do experimento 1. Nele são mostrados: as etapas

experimentais com respectivas durações, grupo experimental e n amostral. ........................... 35

Figura 6 Esquema do procedimento do experimento 2, com relação ao grupo Ovariectomizado.

Nele são mostrados: as sessões experimentais com respectivas durações, grupo experimental

e n amostral................................................................................................................................. 38

Figura 7 Esquema do procedimento do experimento 2, com relação ao grupo Sham. Nele são

mostrados: as sessões experimentais com respectivas durações, grupo experimental e n

amostral. ..................................................................................................................................... 39

Figura 8 Desenho esquemático demonstrando como é realizada a tarefa de Reconhecimento

de Objeto. No treino os animais são expostos a dois objetos iguais e é medido o tempo de

exploração de cada objeto. Durante o teste um dos objetos é substituído por um novo, da

mesma forma o tempo de exploração é registrado. Cada fase do experimento dura 5 minutos e

o intervalo entre uma sessão e outra varia de acordo com o grupo. FONTE: Macedo, V. V. P. C.

LNRB, 2014. ................................................................................................................................. 40

Figura 9 Esquema dos intervalos entre o treino e o teste utilizados no estudo. As barras

brancas e pretas representam o claro e o escuro, respectivamente. As setas verticais indicam o

horário do treino e as setas horizontais indicam o intervalo entre o treino e o teste a) em

horários coincidentes, 24 horas; e b) em horários não coincidentes, 28 horas. ........................ 41

Figura 10 Percentual de exploração dos objetos antigo (barra escura) e novo (barra clara).

Teste t de Student para amostras pareadas (** denota p < 0,001). Resultados expressos em

Média ± EP. Estro Horário Não Coincidente = p < 0,001; Estro Horário Não Coincidente p =

0,074; Proestro Horário Coincidente p < 0,001; Proestro Horário Não Coincidente p < 0,001. . 48

Figura 11 Percentual de exploração dos objetos antigo (barra escura) e novo (barra clara).

Teste T de Student para amostras pareadas (* denota p < 0,05). Resultados expressos em

Média ± EP. Ovariectomia Horário Coincidente p = 0,181; Ovariectomia Não Horário

Coincidente p = 0,171; Sham Horário Coincidente p = 0,042; Sham Horário Não Coincidente p =

0,004. ........................................................................................................................................... 49

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Figura 12 Representação gráfica do ritmo de atividade e repouso de R419, indivíduo

pertencente ao grupo Intacto (Experimento 1), através de 1. Um Actograma e 2. Quatro

Gráficos em forma de onda. Cada gráfico em forma representa média de 3 dias de cada fase do

ciclo estral, que estão discriminados no actograma através de setas nas cores

correspondentes: a) metaestro em verde, b) diestro em laranja, c) proestro em azul e d) estro

em vermelho. A linha média, em cada gráfico em forma de onda, representa a média dos

dados de atividade. A barra escura no topo do gráfico em forma de onda representa a fase de

escuro do ciclo CE 12:12, no qual os animais foram submetidos. .............................................. 51

Figura 13 Representação gráfica do ritmo de atividade e repouso de R811, indivíduo

pertencente ao grupo Sham (Experimento 2), através de 1. um Actograma e 2. quatro Gráficos

em forma de onda. Cada gráfico em forma representa a média de 3 dias de cada fase do ciclo

estral, que estão discriminados no actograma através de setas nas cores correspondentes: a)

metaestro em verde, b) diestro em laranja, c) proestro em azul e d) estro em vermelho. A

linha média, em cada gráfico em forma de onda, representa a média dos dados de atividade. A

barra escura no topo do gráfico em forma de onda representa a fase de escuro do ciclo CE

12:12, no qual os animais foram submetidos. ............................................................................ 52

Figura 14 Representação gráfica do ritmo de atividade e repouso de R62, individuo

pertencente ao grupo Ovariectomizado (Experimento 2), através de 1. um Actograma e 2.

quatro Gráficos em forma de onda. Cada gráfico em forma representa a média de 3 dias de

cada bloco anestro, que estão discriminados no actograma através de setas nas cores

correspondentes: a) anestro I em verde, b) anestro II em laranja, c) anestro III em azul e d)

anestro IV em vermelho. A linha média, em cada gráfico em forma de onda, representa a

média dos dados de atividade. A barra escura no topo do gráfico em forma de onda representa

a fase de escuro do ciclo CE 12:12, no qual os animais foram submetidos. ............................... 54

Figura 15 Efeito do ciclo estral na acrofase do ritmo de atividade locomotora para o grupo

Intacto, n = 34, (* denota p < 0,05 e ** denota p < 0,001). ANOVA de medidas repetidas, dados

expressos em Média ± EP. Proestro diferente de Metaestro e Diestro, respectivamente p <

0,001 e p < 0,001. E Estro diferente de Metaestro e Diestro, respectivamente p = 0,006 e p =

0,011. ........................................................................................................................................... 55

Figura 16 Efeito do ciclo estral na acrofase do ritmo de atividade locomotora no grupo Sham, n

= 10, (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Proestro diferente de estro, metaestro e diestro, respectivamente p = 0,002, p = 0,022 e p =

0,014. ........................................................................................................................................... 56

Figura 17 Efeito da ausência de estrogênio na acrofase do ritmo de atividade locomotora no

grupo Ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ±

EP. ................................................................................................................................................ 56

Figura 18 Efeito do ciclo estral na amplitude do ritmo de atividade locomotora no grupo

Intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ..................... 57

Figura 19 Efeito do ciclo estral na amplitude do ritmo de atividade locomotora no grupo Sham,

n = 10 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Diestro diferente de proestro, estro e metaestro, respectivamente p = 0,022, p = 0,018 e p =

0,003. ........................................................................................................................................... 58

Figura 20 Efeito da ausência de estrogênio na amplitude do ritmo de atividade locomotora no

grupo Ovariectomizado, n = 15 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados

expressos em Média ± EP. ........................................................................................................... 58

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Figura 21 Efeito do ciclo estral na duração da fase ativa no grupo Intacto, n = 34. ANOVA de

medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ................................................................ 59

Figura 22 Efeito do ciclo estral na duração da fase ativa no grupo Sham, n = 10. ANOVA de

medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ................................................................ 60

Figura 23 Efeito da ausência de estrogênio na duração da fase ativa no grupo Ovariectomizado,

n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. .................................. 60

Figura 24 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora nas 24 horas no grupo Intacto,

n = 34. ANOVA de Friedman, dados expressos em Média ± EP. ................................................. 61

Figura 25 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora no período de 24 horas no

grupo Sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ............. 62

Figura 26 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora nas 24 horas no

grupo Ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ±

EP. ................................................................................................................................................ 62

Figura 27 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de claro no grupo

Intacto, n = 34. ANOVA de Friedman, dados expressos em Média ± EP..................................... 63

Figura 28 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de claro no grupo

Sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ....................... 64

Figura 29 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora na fase de claro

no grupo Ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ±

EP. ................................................................................................................................................ 64

Figura 30 Efeito do ciclo estral na média da atividade locomotora na fase de claro no grupo

Intacto, n = 34. ANOVA de Friedman, dados expressos em Média ± EP..................................... 65

Figura 31 Efeito do ciclo estral na média de atividade locomotora na fase de claro no grupo

Sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ....................... 66

Figura 32 Efeito da ausência de estrogênio na média de atividade locomotora na fase de claro

no grupo Ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ±

EP. ................................................................................................................................................ 66

Figura 33 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo

Intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ..................... 67

Figura 34 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo

Sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ....................... 68

Figura 35 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora na fase de escuro

no grupo Ovariectomizado, n = 15 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados

expressos em Média ± EP. Anestro IV diferente de anestro II e anestro III, respectivamente p =

0,003 e p = 0,005. ........................................................................................................................ 68

Figura 36 Efeito do ciclo estral na média da atividade locomotora na fase de escuro no grupo

Intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ..................... 69

Figura 37 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo

Sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. ....................... 70

Figura 38 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora na fase de escuro

no grupo Ovariectomizado, n = 15 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados

expressos em Média ± EP. Anestro IV diferente de anestro II e anestro III, respectivamente p =

0,002 e p = 0,003. ........................................................................................................................ 70

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Grupos utilizados no experimento 1 ........................................................................... 36

Quadro 2 Grupos utilizados no experimento 2 ........................................................................... 39

Quadro 3 Variáveis Paramétricas do Ritmo de Atividade e Repouso ......................................... 43

Quadro 4 Variáveis de Correlação ............................................................................................... 45

Quadro 5 Percentual de exploração dos objetos A1 e A2 durante a sessão treino da tarefa de

Reconhecimento de Objetos, para os grupos Intactos. O resultado de p foi obtido por meio do

teste T de Student para amostras pareadas. Dados são expressos em Média ± EP. .................. 47

Quadro 6 Percentual de exploração dos objetos A1 e A2 durante a sessão treino da tarefa de

Reconhecimento de objeto, para os grupos Ovariectomia e Sham. O resultado de p foi obtido

por meio do teste T de Student para amostras pareadas. Dados são expressos em Média ± EP.

..................................................................................................................................................... 49

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RESUMO

Alguns estudos têm demonstrado um efeito do estrogênio na memória dependente de hipocampo. Por exemplo, roedores no proestro tem melhor desempenho cognitivo que roedores no diestro, fases do ciclo estral associadas à elevados e reduzidos níveis de estrogênio, respectivamente. Além da sua modulação circadiana, memória também é sujeita ao fenômeno de estampa temporal, no qual a evocação de memória é melhor quando as fases circadianas de treino e teste coincidem. O objetivo deste estudo foi investigar o efeito do estrogênio na evocação de memória em horários coincidentes e em horários não coincidentes na tarefa de reconhecimento de objetos, além de verificar se mudanças que ocorrem ao longo do ciclo estral no ritmo de atividade locomotora modulam o desempenho cognitivo. Utilizamos 59 ratas Wistar, arranjadas em 3 grupos: intacto (n = 34), sham (n = 10) e ovariectomizado (n = 15). Os indivíduos foram treinados e testados em horários coincidentes (ZT 14 – ZT 14) ou em horário não coincidente (ZT 14 – ZT 18), os testes foram realizados no proestro ou estro. Os resultados demonstram que ratas testadas no proestro exploram mais o objeto novo que o objeto antigo, independente da coincidência de fases circadianas entre o treino e o teste. Todavia, quando o teste foi realizado no estro, encontramos uma memória de estampa temporal na tarefa do reconhecimento de objetos. No grupo ovariectomizado, as ratas falharam em lembrar do objeto antigo tanto em horários coincidentes quanto em horários não coincidentes na tarefa de reconhecimento de objetos. Com relação à ritmicidade, a acrofase do ritmo de atividade mudou conforme a fase do ciclo estral, ocorrendo mais tarde no proestro. Entretanto nenhuma correlação foi encontrada entre a acrofase e o desempenho cognitivo na tarefa de reconhecimento de objetos Assim, sugerimos que níveis elevados de estrogênio facilitam a evocação de memória, independente do horário. Além disso, alterações nos parâmetros rítmicos, conforme a fase do ciclo estral, na linhagem de ratos Wistar que são exclusivas à acrofase, não influenciam no desempenho cognitivo na tarefa de reconhecimento de objetos.

Palavras-chave: Ciclo estral, Estampa temporal, Reconhecimento de objetos.

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ABSTRACT

Previous studies have demonstrated an effect of the estrogen in hippocampus-

dependent memory. For example, proestrous rodents outperforming diestrous

rodents, estrogen high levels and estrogen low levels, respectively. Besides its

circadian modulation, memory is also subjected to the 24-h time stamp

phenomenon, in which memory recall is best when the circadian times of the

testing and training match. The aim of this study was investigated the effect of

estrogen on memory recall on matching times or non-matching times in an

object recognition task, and identify if changes which ocurr during the estrous

cycle on locomotor activity rhythm modulate the cognitive performance. We

used 59 young adult female Wistar rats, arranged in 3 groups: intact (n = 34),

sham-operated (n = 10) and ovariectomized (n = 15). Animals were trained and

tested in matching times (ZT 14 - ZT 14) or non-matching times (ZT 14 - ZT 18),

testing made on proestrous or estrous phase. The results demonstrated that

rats tested in proestrous phase explore more the new object than the old object,

independent of the circadian coincidence between training and testing phases.

Whatever, when the tests were made during estrous phase, we found the time

stamp memory in an object recognition task. In ovariectomized groups, rats

failured in memory recall of new object on matching times and non-matching

times in an object recognition task. Moreover, the acrophase of the locomotor

activity rhythm changed according to the phase of estrous cycle, later on

proestrous. But no correlations were found between acrophase and cognitive

performance in an object recognition task. We suggest that high levels of

estrogen facilitate memory recall regardless of time of the day. Additionally,

changes on locomotor activity rhythms according to the estrous cycle in Wistar

rats that is exclusively in acrophase, don’t influence cognitive performance on

object recognition task.

Key words: Estrous cycle, Time stamp, Object recognition.

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1. INTRODUÇAO

Os comportamentos dos seres vivos são moldados diariamente por

fatores ambientais, através de modificações no comportamento em respostas a

desafios ecológicos. Essa adequação, que é de extrema importância no

processo adaptativo, só é possível graças a comportamentos cognitivos

complexos, tal como a aprendizagem e memória. A memória dos homens e dos

animais não-humanos é o armazenamento e evocação das informações

adquiridas através das experiências. Já o aprendizado é a denominação para a

aquisição das informações (Izquierdo 1989).

Os trabalhos de psicólogos permitiram a classificação da memória em

diferentes tipos. Por exemplo, a memória pode ser classificada segundo a sua

natureza. Quando a memória pode ser verbalizada ou descrita por meio de

palavras, é denominada memória declarativa. Por outro lado, quando a

memória não necessita de palavras para ser descrita é chamada de memória

não-declarativa (Lent 2008). Essa classificação é com relação a humanos.

Quando se refere a animais não-humanos, para evitar antropomorfização,

utiliza-se os termos memória explicita para a memória declarativa, e memória

implícita para a memória não-declarativa (Quillfeldt 2010).

A memória explicita ainda é subdividida em memória semântica, que se

refere aos conhecimentos gerais de mundo sem qualquer associação de tempo

e de espaço, por exemplo memorizar “quais são os planetas que compõem o

sistema solar”; e memória episódica, que é relacionada a memória para

eventos em um contexto temporal e espacial, correspondente a uma

associação de três questões, “o que?, onde? e quando?” (Tulving 2002, 2005).

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Como o termo “memória episódica” é inadequado para se referir a animais não-

humanos, visto que estes não são capazes de verbalizar suas experiências, o

termo “memória tipo episódica” é utilizado para quando animais não-humanos

demonstram associação para as três questões o que?, onde? e quando?

(Barbosa et al. 2010, 2012).

Outra maneira de classificar a memória é quanto ao tempo de retenção,

podendo ser classificadas como memória de curto prazo ou memória de longo

prazo (Kandel et al. 2000). O que distingue estes dois tipos de memória, além

do fator temporal, é que para a memória de longo prazo ser formada é

necessário que ocorra síntese de proteínas em um fenômeno na região

hipocampal, a long term potetation - LTP (Kandel et al. 2000).

O processo de formação de memória é constituído de três etapas. Estas

etapas ocorrem simultaneamente, mas a fim de um caráter didático, elas serão

descritas seguindo uma sequência. Na aquisição, informações sensoriais de

diversas naturezas são captadas pelos órgãos dos sentidos, codificadas em

informações elétricas e enviadas ao encéfalo. Essas informações irão gerar

mudanças a nível celular, nos neurônios, e posteriormente serão codificadas e

armazenadas como novas memórias, a consolidação. Por fim, é possível ter

acesso às informações armazenadas para utilizá-las na cognição e na emoção

ou para exterioriza-las através do comportamento, etapa conhecida como

evocação de memória (Kandel et al. 200). Por exemplo, um grupo de leoas,

tenta predar um porco-espinho, mas saem feridas, posteriormente tenderão a

evitar atacar porcos-espinho, a fim de evitar os ferimentos novamente. É

importante ressaltar que a informação não é armazenada permanentemente,

uma memória consolidada pode ser esquecida, o que é acreditado ser

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16

funcional como prevenção de sobrecarga das áreas de associação com a

memorização (Kandel et al. 2000).

Dentre as diversas formas de memória, uma que garante ao indivíduo

julgar alguém como familiar, mas incapaz de recordar qualquer informação

qualitativa, tal como o nome ou onde o conheceu é a memória de

reconhecimento. Esta pode ser dividida em duas formas: o reconhecimento

baseado na recordação que depende de um processo lento, que gera

informações qualitativas sobre eventos prévios; e o reconhecimento baseado

na familiaridade que reflete uma memória puramente quantitativa (Rugg e

Yonelinas 2003). Hensen e colaboradores (1999) demonstraram que o

reconhecimento baseado em familiaridade é associado ao hipocampo e outras

regiões do lobo medial temporal, o córtex entorrinal/perirrinal anterior direito

(Hensen et al. 1999, citado por Rugg e Yonelinas 2003).

Além de a memória de um indivíduo poder ser modulada pelo meio, ela

também sofre influencia de fatores endógenos. Alguns estudos têm investigado

o efeito dos hormônios gonadais na memória através de vias neurais

relacionadas ao hipocampo, que é uma região associada ao processo de

formação de memória (McGaugh 2000). Por exemplo, o hormônio ovariano

estrogênio, tem sido demonstrado como modulador de aprendizagem e

memória dependentes de hipocampo (Luine 2014). Os níveis deste hormônio

naturalmente oscilam durante um período conhecido como ciclos reprodutivos

ou ciclos ovarianos.

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17

1.1 O Ciclo Estral

Pode-se afirmar que um indivíduo obtém sucesso reprodutivo quando

consegue sobreviver e deixar o maior número de descentes viáveis. Esta

habilidade está intimamente ligada ao comportamento de reprodução. Em

mamíferos, os sistemas neural e reprodutivo de machos e fêmeas são

organizados diferentemente, de modo que em fêmeas, as funções reprodutivas

funcionam de maneira cíclica. Os ciclos reprodutivos têm um caráter infradiano,

ou seja, ocorre com uma frequência de menos de um ciclo a cada 24 horas, por

exemplo, o ciclo estral em roedores dura 4 ou 5 dias, e o seu correlato em

mulheres, o ciclo menstrual tem a duração de 28 dias. Nestes ciclos ocorrem

oscilações nos níveis dos hormônios gonadais, a progesterona e o estrogênio.

Estrogênio ou estrógeno é um termo genérico utilizado para designar um

grupo de hormônios gonadais sintetizados e secretados predominantemente

pelos ovários, mas também pelo hipocampo (Kato et al. 2013), através de

reações de conversão de testosterona em estrogênio. Os estrogênios

provenientes de fontes endógenas são comumente chamados de E1 (estrona),

E2 (17α-estradiol e 17β-estradiol) e E3 (estriol), sendo o 17β-estradiol o mais

potente e abundante estrogênio (Luine 2014). Neste estudo, utilizaremos o

termo estrogênio.

Através de comando da adeno-hipofise, via hormônio folículo-

estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), células endócrinas dos ovários

sintetizam e secretam o estrogênio. Em se tratando de roedores, o ciclo estral é

constituído de 4 fases, nas quais os níveis hormonais variam. Na primeira fase,

o metaestro, os níveis de estrogênio estão reduzidos. Ao final do diestro, ocorre

uma elevação gradativa até o proestro, quando os níveis de estrogênio atingem

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seu pico plasmático e declinam rapidamente. No estro, que é a fase do ciclo

estral após o proestro, as concentrações estrogênicas retornam aos níveis

basais (Barha & Galea, 2010). Uma visão geral das flutuações do estrogênio,

entre outros hormônios, durante o ciclo estral é apresentada na Figura 1.

Figura 1 Oscilações hormonais durante o ciclo estral, considerando uma rata de 4 dias (96 horas). Hormônio luteinizante (LH) em vermelho, progesterona (P) em azul, e estrogênio (E2). FONTE: Adaptada de Barha e Galea, 2010.

1.2 Estrogênio e Memória

Nas últimas décadas tem acontecido uma revolução na compreensão

sobre as ações do estrogênio no corpo. Inicialmente, por ser sintetizado nos

ovários, o estrogênio era conhecido como “o hormônio feminino”, levando a

utilização da terapia de reposição hormonal para os sintomas da menopausa e

pós-menopausa. Ao passar dos anos, alguns estudos têm demonstrado que o

estrogênio também combate doenças do envelhecimento, tal como a doença

do Alzheimer (Brinton 2004). Estas descobertas abriram perspectivas que

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haveria outros tecidos alvos do estrogênio, além do trato reprodutivo feminino,

sobretudo regiões corticais (Kato et al. 2013).

Atualmente, o papel do estrogênio nas funções cerebrais tem sido

expandido a comportamentos não sexuais, tais como o humor, as desordens

psiquiátricas e a cognição (Gillies e McArthue 2010). Com relação à cognição,

estudos que utilizam os roedores como modelo experimental têm demonstrado

que flutuações endógenas de estrogênio no ciclo estral têm um impacto na

cognição, de tal forma que níveis elevados de estrogênio são associados ao

desempenho aprimorado em algumas tarefas cognitivas dependente de

hipocampo, que é uma região abundante de receptores estrogênicos (McEwen

e Alves 1999).

No protocolo destes estudos, as sessões de treino e de teste são

realizadas no mesmo dia, para garantir que ambas as sessões ocorram na

mesma fase do ciclo estral (Paris e Frye 2008). Na tarefa de esquiva inibitória,

que basicamente requer que o animal aprenda a evitar entrar em um espaço

aversivo, indivíduos no proestro tiveram uma maior latência para entrar no

lugar aversivo que os indivíduos no diestro, com o teste sendo realizado 4

horas após o treino (Rhodes e Frye 2004).

Resultados similares são encontrados em estudos realizados para

investigar a memória para o reconhecimento de objetos, uma tarefa de

memória não-espacial e o reconhecimento de objetos no espaço, a versão do

reconhecimento de objetos para memória espacial (Paris e Frye 2008; Walf et

al. 2006, 2009). Nestes trabalhos, os indivíduos no proestro demonstraram

ótimo desempenho cognitivo quando comparados aos indivíduos em outras

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fases do ciclo estral, quando o teste foi realizado 4 horas após o treino (Paris e

Frye 2008; Walf et al. 2006, 2009). Entretanto, quando o teste foi realizado 1

hora após o treino, nenhuma diferença entre as fases do ciclo estral foi

observada, ou seja, os animais demonstraram reconhecimento para objetos

quando testados em todas as fases do ciclo estral (Sutcliffe et al. 2007),

sugerindo que o estrogênio é essencial para uma memória que necessite de

mais tempo para ser consolidada (Luine et al. 2003).

O momento da falha ovariana em roedores, no qual ocorre a transição

para a meia-idade e é caraterizado inicialmente por ciclos estrais usualmente

prolongados e irregulares, ou eventualmente pela perda do ciclo, é chamado de

estropausa (Chakraborty e Gore 2004). Neste momento, ocorre um declínio

nos níveis plasmáticos dos hormônios ovarianos, tal como o estrogênio, similar

ao que ocorre na menopausa em mulheres.

Para mimetizar o fenômeno da estropausa, estudos laboratoriais têm

utilizado um modelo de declínio hormonal, a ovariectomia - procedimento

cirúrgico no qual se remove os ovários (Chakraborty e Gore 2004). É

observado que em roedores, a ausência de estrogênio é associada com um

declínio no desempenho em tarefas comportamentais dependentes de

hipocampo, tal como o reconhecimento de objetos (Wallace et al. 2006).

Entretanto, a reposição de estrogênio em animais ovariectomizados consegue

reverter o declínio cognitivo (Frye e Rhodes 2002; Frye et al. 2005; Inagaki et

al. 2010; Vedder et al. 2013).

Suportando estas evidências comportamentais, estudos anatômicos

demonstraram que o estrogênio regula a densidade de espinhas dendríticas

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(Kinsley et al. 2006). Flutuações de aproximadamente 30% na densidade de

espinhas dendríticas, em neurônios das células piramidais da região CA1 no

hipocampo, ocorrem ao longo do ciclo estral, de modo que há um aumento na

densidade destas espinhas quando o estrogênio está elevado no proestro, o

que facilita sinapses dendríticas e memória (Woolley e McEwen 1992).

O declínio nos níveis estrogênicos na estropausa tem como

consequência um declínio na densidade das espinhas dendríticas da região

CA1 em ratas (Gould et al. 1990; Wallace et al. 2006), bem como diminuição na

densidade de espinhas dendríticas no córtex pré-frontal em ratas (Gould et al.

1990; Wallace et al. 2006) e em macacos Rhesus (Macaca mulatta) (Tang et al.

2004). Entretanto, já é demonstrado que reposição de estrogênio a ratas sem

ovários consegue restaurar os níveis de densidade de espinhas dendríticas na

área CA1 (Gould et al. 1990).

O efeito do estrogênio nos tecidos alvos é mediado por interação com os

receptores estrogênicos, o tipo alfa (ER-α) e tipo beta (ER-β) (McEwen e Alves

1999). Com relação ao efeito na memória, este pode ocorrer de duas maneiras.

No efeito genômico, o estrogênio liga-se aos receptores nucleares e este

complexo atua como fator de transcrição nuclear por ligar-se a sítios

específicos no DNA no gene do BDNF, que é um fator neurotrófico derivado do

cérebro e é reconhecido por ter um papel importante no desenvolvimento,

manutenção e plasticidade cortical, principalmente em regiões relacionadas à

cognição (Driscoll et al. 2012). Esta ligação estimula transcrição de BDNF, que

aumenta sinapse dendrítica e promove memória (Luine e Frankfurt 2013) (ver

Figura 2)

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Adicionalmente, no efeito mediado por membrana, o estrogênio pode se

ligar a receptores estrogênicos, como também a receptores do tipo NMDA

associados à membrana (Lewis et al. 2008; Walf et al. 2009; Vedder et al.

2013). E através da sinalização mediada por membrana, ativa vias de proteínas

kinases, tal como Raf/ERK, IP3 e P13-K, que por sua vez ativam o CREB no

DNA (Luine e Frankfurt 2013). CREB aumenta a transcrição dos filamentos de

actina e da proteína RhoA, necessárias na formação de espinhas, e diminui a

transcrição de cofilinas, proteína que impede a formação dos filamentos de

actina, e assim promove o aumento na densidade de espinhas e memória

(Kramár et al. 2013) (ver Figura 2).

Figura 2 Esquema de mecanismos a) genômico e b) mediado por membrana, para o aumento de espinhas dendríticas e de memória dependente de estrogênio. FONTE: Adaptada de Luine e Frankfurt 2013.

1.3 Estampa Temporal

O tempo tem um papel crucial em diversas funções biológicas, desde as

mais básicas, como a alimentação, até os processos cognitivos complexos,

como aprendizagem e memória. A capacidade de um indivíduo relacionar

informações de um lugar e de um horário do dia específicos é chamada de

memória espaço-temporal (Mulder et al. 2013). Dessa forma, os indivíduos têm

a habilidade de se antecipar a condições naturais diárias, com uma alta

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probabilidade de estas condições ocorrerem novamente próximo ao horário de

uma experiência prévia, tal como a disponibilidade de alimento, predadores e

parceiros reprodutivos.

Evidências de que animais não-humanos retém uma memória para o

horário do dia são investigadas em paradigmas comportamentais que

envolvem um treinamento e um teste de retenção. Nesses paradigmas, quando

ocorre ótimo desempenho dos indivíduos apenas se os horários do treino e do

teste coincidem, admite-se que houve um efeito de estampa temporal (Cain et

al. 2007).

O primeiro registro da estampa temporal foi descrito pelo pesquisador

Leon J. Kamin, que observou ratos em um paradigma de esquiva passiva, em

um intervalo de 24 horas, evocavam memória mais facilmente, mesmo que

este seja extendido por 19 dias (Kamin, 1953). O achado foi nomeado “Efeito

Kamin”. Duas décadas depois, foi descoberto que o Efeito Kamin é na verdade

uma retenção de memória influenciada pela periodicidade circadiana. Holloway

e Wansley (1973b) mostraram que independente da fase do dia em que o

treino ocorria, os animais apresentavam retenção apenas quando o teste era

feito no mesmo horário, na esquiva passiva e ativa.

Como a retenção é dependente da periodicidade circadiana, gerada por

um oscilador, ou uma rede de osciladores (Carneiro e Araújo 2012), parece ser

responsáveis por registrar o horário do dia, para regulação da evocação de

memória e para o desempenho de acordo com a proximidade do horário da

aprendizagem. Este oscilador ainda não identificado tem sido chamado de

oscilador sincronizado ao contexto (do inglês context-entrainable oscillator -

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CEO), um oscilador que tem sido demonstrado aparentemente por atuar

sincronizando os indivíduos a possíveis eventos recorrentes e importantes para

a sua sobrevivência (Cain et al. 2004a).

Um primeiro candidato a ser a fonte do oscilador sincronizado ao

contexto foram os relógios biológicos, que em mamíferos são dois núcleos

hipotalâmicos - os núcleos supraquiasmáticos (NSQ). Stephan e Kovacevic

(1978) mostraram que ratos da linhagem Sprague-Dawley com NSQ

lesionados pararam de apresentar retenção de memória (Stephan e Kovacevic

1978). Porém hamsters (Mesocricetus auratus) na mesma condição

continuaram a exibir ritmo de condicionamento de lugar, condicionamento

aversivo e esquiva passiva (Cain et al. 2012; Cain e Ralph 2009). Entretanto,

Ralph e colaboradores (2013) recentemente demonstraram que embora os

NSQ não sejam responsáveis pela criação e expressão da estampa temporal,

eles atuam como um marcapasso para o oscilador sincronizado ao contexto,

quando associações temporais aprendidas deixam de serem reforçadas (Ralph

et al. 2013). Portanto, a estampa temporal parece ser um sistema

multioscilatório.

O fenômeno de estampa temporal tem sido amplamente estudado

utilizando tarefas de condicionamento de lugar com reforço positivo (alimento)

ou negativo (choque elétrico) (Ralph et al. 2002; Cain et al. 2004a). Nesses

protocolos, hamsters experenciam o aparato para garantir a neutralidade ao

contexto em uma fase de habituação, seguido de 8 dias de condicionamento

com estímulo, sempre em um horário específico do dia, e um dia após o

condicionamento, ocorre o teste no mesmo horário que o condicionamento foi

realizado ou em outro horário, sem a presença de estímulos. Os resultados

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mostraram que apenas aqueles animais que foram submetidos ao teste no

mesmo horário que ocorreu o condicionamento, evocaram memória,

demonstrando que a memória é dependente de estado, nesse caso o estado

fisiológico circadiano.

Ainda usando paradigma de condicionamento com estímulo alimentar,

Cain e colaboradores (2004c) observaram que ratos da linhagem Wistar, mas

não da linhagem Long Evans, exibiram memória para o horário do dia,

mostrando que a performance nesses protocolos pode ser dependente da

linhagem utilizada. Similarmente, foi observado em um modelo primata. Saguis

(Callithrix jacchus) exibiram preferência por lugar, motivados por recompensa

alimentar, apenas quando os horários de treino e teste coincidiam (Valentinuzzi

et al. 2008), demonstrando que a estampa temporal não é restrita a roedores.

O fenômeno de estampa temporal também é observado em tarefas

comportamentais de um único treino, tal como a Esquiva Passiva e o

Reconhecimento de Objetos (Cain et al. 2012). Estas tarefas utilizam um

protocolo que não exige um condicionamento de múltiplos dias e dessa forma,

o treino é realizado em um único dia, e o teste é realizado no dia seguinte, em

um intervalo em torno de 24 horas.

1.4 Memória para o Reconhecimento de Objetos

O paradigma do reconhecimento de objetos envolve uma memória

episódica para itens, e tem por finalidade investigar a tendência natural de

roedores em explorar objetos desconhecidos. Sua introdução em 1988

forneceu um método para se testar memória episódica em roedores similar aos

métodos utilizados em neuropsicologia clínica (Ennaceur e Delacour 1988).

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Desde os anos de sua introdução, o reconhecimento de objetos tem sido

prevalente nos estudos de aprendizagem e memória em roedores, sendo

utilizado sozinho ou dentro de uma bateria de testes para se investigar efeitos

de lesões, manipulações genéticas ou farmacológicas (Fernandez et al. 2008;

Walf et al. 2009; Gervais et al. 2013).

Esta tarefa é adequada para se investigar processos moleculares na

formação de memórias, que ocorre na região hipocampal. Primeiramente

porque o paradigma possui a vantagem de acessar o comportamento natural

dos animais em explorar estímulos desconhecidos. Além disso, a memória

pode ser medida na ausência de perturbações como, por exemplo, o estresse

causado por privação de alimento ou por choque elétrico. Segundo, por ser

uma tarefa que utiliza um único treino (Tuscher et al., 2014). Isto a torna ideal

para se estudar o efeito de drogas e hormônios, que podem ser administrados

de forma aguda previamente a sessão treino ou em diferentes momentos após

o treino, tal como a administração exógena de estrogênio, ou mesmo em

flutuações endógenas (Luine et al. 2003; Walf et al. 2009). Essas

características possibilitam a investigação das diferentes fases do processo de

formação de memória no hipocampo, tal como a consolidação e a evocação

(Tuscher et al. 2014).

A peculiaridade desta tarefa comportamental em combinar uma tarefa de

um único treino e um ambiente livre de estresse tem auxiliado investigadores

em identificar mecanismos moleculares através dos quais os hormônios

gonadais influenciam a memória em todas as fases da vida dos roedores

(Tusher et al. 2014). Por tais fatos, o reconhecimento de objetos tem sido

largamente utilizado para se estudar o efeito dos hormônios gonadais na

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aprendizagem e memória hipocampal em roedores, o que facilitou optarmos

por esta tarefa neste estudo.

1.5 Estrogênio e Ritmicidade Circadiana

Como já citado anteriormente, o sistema circadiano utiliza os NSQ, para

se adaptar e responder a mudanças ambientais. Adicionalmente, tem sido

demonstrado que o sistema circadiano é modulado parcialmente por mudanças

na sinalização hormonal através do ciclo reprodutivo, como também durante o

período gestacional (Baker et al. 2007; Mahoney 2010), sugerindo que os

hormônios gonadais, como por exemplo o estrogênio, ocasionam um efeito na

ritmicidade.

De fato, alguns estudos utilizando roedores gonadalmente intactos têm

demonstrado que a atividade durante as 24 horas muda conforme a fase do

ciclo estral, de modo que ela é aumentada na fase de proestro quando as ratas

são sexualmente receptivas, correspondente ao momento no qual níveis de

estrogênio estão elevados (Wollnick e Turek 1988). A diminuição da síntese de

estrogênio diminui o total de atividade durante as 24 horas em camundongos e

em degus (Octogum degus), um roedor de hábito diurno (Labyak e Lee 1995;

Ogawa et al. 2003). Porém este efeito é revertido através de reposição de

estrogênio (Morin et al. 1977; Labyak e Lee 1995).

Além disso, tem sido demonstrado que o estrogênio encurta o período

em livre curso (o tau) e avança o início da atividade diária em roedores (Morin

et al. 1977). Estas mudanças que ocorrem nos parâmetros do ritmo conforme a

fase do ciclo estral não são atribuídas a todo o período das 24 horas do ciclo

claro-escuro. Um estudo realizado para investigar mudanças nos parâmetros

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de ritmicidade na fase de claro e na fase de escuro separadamente,

demonstrou que as mudanças no ritmo de atividade locomotora conforme a

fase do ciclo estral são exclusivas na fase de escuro (Prendergast et al. 2012).

Os mecanismos neurais que desencadeiam os efeitos do estrogênio na

ritmicidade ainda não estão claros, entretanto um estudo recente demonstrou

que os parâmetros rítmicos requererem especificidade dos tipos de receptores

(Royston et al. 2014). Enquanto ativação de ER-α está relacionado com o total

da atividade e a amplitude do ritmo de atividade, mecanismos dependentes de

ER-β são associados com a distribuição da atividade na fase escura, avanço

do ângulo de fase e atraso do horário do pico de atividade, a acrofase. A

exceção à essa especificidade foi o tau, que teve o comprimento alterado

mediante estimulação de ambos os receptores (Royston et al., 2014).

Como em diversas áreas de estudo, os trabalhos em estampa temporal

em sua totalidade utilizam roedores machos como modelo. Assim, há uma

lacuna no campo em entender como as fêmeas se comportam, levando em

consideração as flutuações do estrogênio durante o ciclo estral. Portanto, no

atual estudo utilizamos fêmeas para averiguar se a modulação que o

estrogênio exerce sob alguns processos cognitivos, pode ter influência na

memória de estampa temporal. Além disso, Analisamos as alterações em

alguns parâmetros do ritmo de atividade locomotora, conforme a fase do ciclo

estral, para verificar se há relação entre estas alterações e o desempenho

cognitivo no reconhecimento de objetos.

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2. OBJETIVO GERAL

Verificar se o estrogênio modula a memória de estampa temporal

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

o Verificar o efeito das flutuações nos níveis de estrogênio na evocação de

memória, em um intervalo de no mínimo 24 horas entre o treino e o

teste;

o Verificar o efeito da ausência de estrogênio na evocação da memória,

em um intervalo de no mínimo 24 horas entre o treino e o teste;

o Avaliar a relação entre o padrão de alguns parâmetros rítmicos conforme

a fase do ciclo estral e o desempenho cognitivo na tarefa de

reconhecimento de objetos.

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3. HIPÓTESE E PREDIÇÕES

Hipótese 1: Níveis elevados de estrogênio modulam a memória promovendo

uma maior evocação;

o Predição 1. Animais na fase de proestro apresentarão maior exploração

do objeto não familiar na sessão de teste da tarefa comportamental,

independente da coincidência de fases circadianas;

o Predição 2. Animais ovariectomizados apresentarão maior exploração

do objeto não familiar na sessão de teste da tarefa comportamental,

apenas se as fases de treino e teste coincidirem.

Hipótese 2: Alterações nos parâmetros do ritmo de atividade locomotora,

conforme a fase do ciclo estral, influenciam o desempenho cognitivo;

o Predição 3. Animais que apresentarem um aumento na atividade

locomotora e na duração da fase ativa, como também mudanças na

acrofase e na amplitude, nos dias da sessão teste da tarefa

comportamental, terão melhor desempenho cognitivo.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Sujeitos

O estudo atual foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEUA/UFRN nº 019/2014),

parecer no Anexo I. Foram utilizadas 59 ratas Wistar (entre 80 e 120 dias de

idade) provenientes do Biotério Setorial do CB/UFRN. Os animais foram

alocados em gaiolas de polipropileno individuais (30 x 19 x 13 cm) dentro de

módulos de isolamento de madeira, com ciclo claro/escuro - CE 12:12, e

temperatura (22 ± 1°C) controlados, água e ração à vontade no Laboratório de

Experimentação 2 do Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica

(LNRB) (Figura 3). A atividade locomotora foi monitorada continuamente

através de sensores por infravermelho. A manutenção dos animais era

realizada uma vez por semana sempre no mesmo dia, porém em horários

diferentes, para que não houvesse nenhum tipo de antecipação à atividade do

experimentador.

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Figura 3 Módulo Isolador - Laboratório de Experimentação 2, espaço onde os animais permaneciam alojados durante o experimento. No interior dos isoladores existe um sistema de exaustão de ar, e um controle de luminosidade feito através de LEDs, e um sistema de registro de atividade locomotora, feito por meio de sensores por infravermelho. Cada animal era mantido em uma gaiola individual, feita de polipropileno, com livre acesso a comida e água (cada isolador tem capacidade para manter até 6 gaiolas). FONTE: Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica - LNRB, 2014 (Natal/RN).

4.1.1 Critérios de Inclusão

As fêmeas foram incluídas na amostra apenas quando apresentaram 3

ciclos estrais regulares. 43 fêmeas foram excluídas da pesquisa por

apresentarem ciclos estrais interrompidos, similares ao estado de anestro.

Dialogando com outros pesquisadores, foi levantada a hipótese que talvez a

espessura das pipetas utilizadas no esfregaço vaginal, que tinha um diâmetro

grande e provavelmente era agressiva para os animais, pudesse ter contribuído

para a estagnação do ciclo estral. A solução tomada foi a adaptação de uma

Sensor infravermelho

Modulo isolador

Caixa de polipropileno

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33

ponteira de micropipeta às pipetas. Após essa alteração, o número de ratas

com interrupção de ciclo diminuiu consideravelmente.

4.2 Desenho Experimental

Os animais foram divididos em 3 grandes grupos com relação à

manipulação. No experimento 1, foram utilizadas 34 ratas, pertencentes ao

grupo Intacto (indivíduos que não passaram por processo cirúrgico). No

experimento 2, foram utilizadas 10 ratas no grupo Sham (indivíduos que foram

submetidos ao procedimento cirúrgico mas tiveram seus ovários preservados),

e 15 ratas no grupo Ovariectomizado (indivíduos que foram submetidos ao

procedimento cirúrgico de ovariectomia).

4.2.1 Experimento 1 – Efeito do ciclo estral na estampa temporal da tarefa

do Reconhecimento de Objetos

O experimento foi constituído de 3 etapa (Figura 6). 34 ratas foram

submetidas gradualmente (avanço de 3 horas/dia) a um ciclo claro/escuro (CE

12:12) invertido, luzes acendendo as 20h00 por 15 dias. Nos últimos 3 dias,

foram realizadas sessões de manipulação para habituação ao experimentador

(etapa 1 – linha de base).

Em seguida, foi realizada a determinação do ciclo estral através da

técnica de esfregaço vaginal diariamente entre 08h00 e 10h00. A coleta foi

realizada inserindo uma pipeta para ratos contendo água destilada no orifício

vaginal das ratas, para a coleta de células endometriais. Estas eram colocadas

em lâminas de vidro e coradas com azul de metileno. Após isso, foram

realizadas leituras no microscópio à dimensão 10/0.25 160/-. Cada fase do

ciclo estral foi determinada pelas seguintes características: metaestro pela

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34

presença de leucócitos e células cornificas, e células nucleadas eventuais;

diestro pela predominância de leucócitos e células nucleadas eventuais;

proestro pela predominância de células nucleadas; e estro pela predominância

de células cornificadas (Pompili et al. 2010). Uma visão geral das fases do ciclo

estral é apresentada na Figura 4 (etapa 2 – determinação do ciclo estral).

Figura 4 Imagens de microscopia do padrão de esfregaço vaginal durante 4 dias do ciclo estral em ratas dimensão 10/0.25 160/-. A. Metastro, B. Diestro, C. Proestro e D. Estro. FONTE: Laboratório de Neurobiologia e Ritmicidade Biológica - LNRB, 2014 (Natal/RN).

Após a verificação de três ciclos estrais regulares consecutivos, as ratas

foram submetidas à tarefa comportamental quando em diestro ou em proestro,

sendo divididas em 4 grupos. Indivíduos treinados em diestro e testados em

proestro com coincidência de fases circadianas (Proestro Horário Coincidente,

n = 8) e sem coincidência de fases circadianas (Proestro Horário Não

Coincidente, n = 8); e indivíduos treinados em proestro e testados em estro

com coincidência de fases circadianas (Estro Horário Coincidente, n = 9) e sem

coincidência de fases circadianas (Estro Horário Não Coincidente, n = 9). Os

grupos foram nomeados baseados em: a fase do ciclo estral na qual o teste foi

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realizado; e se o teste foi realizado no mesmo horário ou em horário diferente

do treino (etapa 3 – tarefa comportamental).

Figura 5 Esquema do procedimento do experimento 1. Nele são mostrados: as etapas experimentais com respectivas durações, grupo experimental e n amostral.

Os intervalos, entre o treino e o teste, utilizados no estudo atual foram de

24 horas para horário coincidente, e 28 horas, 4 horas a mais que o dia

anterior, para horário não coincidente (ver Figura 10). O intervalo de 28 horas

foi escolhido de modo a garantir que os indivíduos ainda estejam na fase estral

subsequente a fase estral do treino. Algumas características dos grupos

utilizados no experimento 1 estão demonstradas no Quadro 1.

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36

Quadro 1 Grupos utilizados no experimento 1

4.2.2 Experimento 2 – Efeito da ovariectomia na estampa temporal da

tarefa do Reconhecimento de Objetos

O experimento foi constituído de 5 etapas (Figuras 7 e 8). Após uma

habituação ao módulo isolador por 7 dias (etapa 1 – linha de base), as ratas

foram submetidas ao procedimento de ovariectomia ou de cirurgia sham (etapa

2 – procedimento cirúrgico). Posteriormente, os animais retornaram a suas

gaiolas individuais e tiveram 30 dias para recuperação ao procedimento, sendo

os últimos 3 dias com sessões de manipulação para habituação ao

experimentador (etapa 3 – recuperação e habituação ao ciclo CE). Para os 15

indivíduos do grupo ovariectomizado, foi realizada a verificação da estropausa,

através de esfregaços vaginais por 5 dias, para assegurar que as ratas

permaneciam em anestro, o estado sem ciclo estral. Para os 10 indivíduos do

grupo sham, que tiveram seus ovários preservados, a determinação do ciclo

estral ocorreu por 3 ciclos estrais regulares consecutivos, similar ao protocolo

utilizado para os indivíduos do grupo intacto do experimento anterior (etapa 4 -

determinação do ciclo estral).

Após a verificação do ciclo estral ou da estropausa, os animais foram

submetidos à tarefa comportamental, divididos em 4 grupos. Animais sem

Grupos

Estro Horário

Coincidente

Estro Horário Não Coincidente

Proestro Horário

Coincidente

Proestro Horário Não Coincidente

Treino / sessão 1 ZT14 (proestro)

ZT14 (proestro)

ZT14 (diestro) ZT14 (diestro)

Teste / sessão 2 ZT14 (estro) ZT18 (estro) ZT14 (proestro)

ZT18 (proestro)

Intervalo entre as sessões

24 horas 28 horas 24 horas 28 horas

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ovários treinados e testados com coincidência de fases circadianas

(Ovariectomia Horário Coincidente, n = 8) e sem coincidência de fases

circadianas (Ovariectomia Horário Não Coincidente, n = 7); e animais sham

treinados em diestro e testados em proestro com coincidência de fases

circadianas (Sham/Proestro Horário Coincidente, n = 5) e sem coincidência de

fases circadianas (Sham/Proestro Horário Não Coincidente, n = 5) (etapa 5 –

tarefa comportamental). Algumas características dos grupos utilizados no

experimento 2 estão demonstradas no Quadro 2.

4.2.2.1 Ovariectomia e Cirurgia Sham

Inicialmente, os animais passaram por um jejum pré-operatório de

alimento e água em torno de 6 horas. As ratas foram anestesiadas com a

utilização do medicamento Ketamina (50g/ml) via intraperitoneal, cuja dose foi

calculada em função do peso do animal. Em seguida, os flancos direito e

esquerdo foram tricotomizados e as ratas foram posicionadas em uma mesa de

cirurgia específica para pequenos animais e foi realizada a limpeza da pele

com antisséptico (povidine – 100ml).

Com o animal em decúbito lateral, foi realizada uma pequena incisão

através da pele e da musculatura abdominal entre o bordo superior da coxa e a

última costela. Através desse orifício, o ovário foi identificado e exteriorizado.

Foi realizado um ponto de ligadura das tubas uterinas e artérias ováricas, a fim

de evitar sangramentos excessivos, e então o ovário foi removido. A tuba

uterina foi reposicionada dentro do abdômen, e a incisão foi fechada com fios

de sutura (Shalon – Sertix, Brasil) 3.0 para a pele, sendo realizada uma nova

assepsia local. O mesmo procedimento foi realizado contralateralmente. Ao

final, os animais foram transferidos para uma gaiola individual sobre uma

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38

manta térmica para minimizar os efeitos hipotérmicos provocados pelo

anestésico.

A cirurgia sham seguiu os mesmos procedimentos da ovariectomia, com

exceção da remoção dos ovários. A inclusão dos grupos sham funciona para

anular a variável de estresse causada pela cirurgia.

Figura 6 Esquema do procedimento do experimento 2, com relação ao grupo Ovariectomizado. Nele são mostrados: as sessões experimentais com respectivas durações, grupo experimental e n amostral.

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Figura 7 Esquema do procedimento do experimento 2, com relação ao grupo Sham. Nele são mostrados: as sessões experimentais com respectivas durações, grupo experimental e n amostral.

Quadro 2 Grupos utilizados no experimento 2

4.3 Tarefa Comportamental: Reconhecimento de Objetos

A tarefa comportamental foi realizada na arena de campo aberto circular

com o uso de dois tipos de objetos de cor e formato diferente, sendo dois

objetos A idênticos, dois potes de plástico azuis, e um objeto B, uma taça de

Grupos

Ovariectomia

Horário Coincidente

Ovariectomia Horário Não Coincidente

Sham/Proestro

Horário Coincidente

Sham/Proestro

Horário Não Coincidente

Treino/sessão 1 ZT14 ZT14 ZT14 (diestro) ZT14 (diestro)

Teste/sessão 2 ZT14 ZT18 ZT14 (proestro)

ZT18 (proestro)

Intervalo entre as sessões

24 horas 28 horas 24 horas 28 horas

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plástico verde (todos os objetos utilizados foram cimentados para impedir que

os ratos conseguissem movê-los). Na sessão treino (aquisição), os animais

foram permitidos exploras os dois objetos A por 5 minutos. Houve um intervalo

entre as sessões de 24 horas ou 28 horas. Na sessão teste (evocação), um

dos objetos A (objeto antigo) foi substituído por um objeto B - taça de plástico

verde (objeto novo). A posição do objeto B é escolhida aleatoriamente, fazendo

com que alguns animais tenham o objeto B na posição esquerda, e outros na

direita. Cada uma das sessões durou 5 minutos. Foram medidos o tempo de

exploração e o número de contatos com cada objeto. Somente foi considerado

exploração quando o animal estabeleceu contato por meio do focinho e/ou

patas. Um Índice de Reconhecimento (IR) foi calculado através da razão entre

o tempo de contato com o objeto novo e o tempo total explorando os dois

objetos, sendo que IR > 0,5 refletiu o reconhecimento do objeto antigo. Um

esquema da tarefa é apresentado na figura 5.

Figura 8 Desenho esquemático demonstrando como é realizada a tarefa de Reconhecimento de Objeto. No treino os animais são expostos a dois objetos iguais e é medido o tempo de exploração de cada objeto. Durante o teste um dos objetos é substituído por um novo, da mesma forma o tempo de exploração é registrado. Cada fase do experimento dura 5 minutos e o intervalo entre uma sessão e outra varia de acordo com o grupo. FONTE: Macedo, V. V. P. C. LNRB, 2014.

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Figura 9 Esquema dos intervalos entre o treino e o teste utilizados no estudo. As barras brancas e pretas representam o claro e o escuro, respectivamente. As setas verticais indicam o horário do treino e as setas horizontais indicam o intervalo entre o treino e o teste a) em horários coincidentes, 24 horas; e b) em horários não coincidentes, 28 horas.

4.5 Coleta de Dados

4.5.1 Reconhecimento de Objetos

As sessões da sessão treino foram realizadas em Zeitgeber Time (ZT)

14 (10h00), e as sessões da sessão teste em ZT 14 ou ZT 18 (14h00). ZT 00 =

20h00, foi o horário de início do claro. Todos os experimentos foram realizados

no escuro, com o auxílio de uma luz vermelha de baixa intensidade (< 5 lux).

As sessões de treino e de teste foram filmadas por uma câmera por

infravermelho.

Todos as sessões de treino e de teste da tarefa comportamental foram

analisados através do programa gratuito PlusMZ (disponível em

http://blog.sbnec.org.br/2010/07/softwares-gratuitos-para-analise-do-labirinto-

em-cruz-elevado-e-campo-aberto/). Esse programa foi desenhado para análise

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42

dos testes de labirinto em cruz elevado e campo aberto. No entanto, também

pode ser utilizado para análise da tarefa de reconhecimento de objetos.

4.5.2 Actogramas e Gráficos em forma de onda

A atividade locomotora em ratas foi registrada por sensores por

infravermelho. Estes sensores ficavam acoplados na parte superior de cada

gaiola a uma altura de 5 centímetros (figura 3, círculo em vermelho), e, seu

acionamento acontecia toda vez que o animal atravessava o feixe de

infravermelho. O software utilizado no controle do claro-escuro foi o SAP -

Sistema para Acionamento Programado (desenvolvido por nosso grupo,

responsável Marconi Rodrigues). Os dados foram registrados continuamente, e

a cada 5 minutos a atividade era totalizada pelo software, num total de 288

registros diários para cada animal.

O ritmo circadiano de atividade locomotora foi processado através do

software El Temps (A. Díez-Noguera, Universitat de Barcelona, 2005). Por

meio deste software, avaliamos os dados de 2 maneiras: 1. actograma, que é

uma forma de representação gráfica para a análise visual de ritmos e

verificação se a variável medida (atividade locomotora) tem ou não expressão

rítmica; 2. gráfico em forma de onda, no qual são plotadas as médias dos

valores obtidos em todos os dias, por horário de medição, onde o eixo x tem 24

horas e o y os valores da variável medida.

Com relação aos gráficos em forma de onda, os dados foram

processados de modo a gerar 4 gráficos em forma de onda (1 para cada fase

do ciclo estral) para cada indivíduo. Nos grupos intacto e sham, foi selecionada

uma serie temporal com 12 dias subsequentes (3 ciclos estrais), no qual foi

feita uma média de 3 dias para cada fase do ciclo estral. No grupo

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ovariectomizado, a série temporal com 12 dias subsequentes serviu para a

criação de 4 blocos (Anestro I, II, III e IV). Cada bloco anestro é formado por 3

dias que se repetem a cada 4 dias, por exemplo o Anestro I é constituído pelo

1º, 5º e 9º dos 12 dias.

4.6 Análise de Dados

A análise estatística foi realizada no programa Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS), versão 20.

4.6.1 Reconhecimento de Objetos

Para a avaliação comportamental, a média dos IR de cada grupo foi

utilizada na análise estatística. As variáveis obedeceram a uma distribuição

normal, de acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov (p > 0,05). Por isso, os

dados (do treino e do teste) foram analisados através do teste paramétrico T de

Student pareado para cada grupo.

4.6.2 Parâmetros do Ritmo de Atividade Locomotora

Através da ferramenta de análise serial no El temps, fomos capazes de

avaliar os seguintes parâmetros do ritmo de atividade locomotora:

Quadro 3 Variáveis Paramétricas do Ritmo de Atividade e Repouso

NOME DA

VARIÁVEL

DESCRIÇÃO TIPO DE VARIÁVEL

Acrofase do

ritmo

Indicação do momento do pico de

um ritmo qualquer durante as 24

Quantitativa

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44

horas

Amplitude do

ritmo

Indicação da diferença entre os

valores máximos (ou mínimos) de

atividade e a média ajustada de um

ritmo qualquer

Quantitativa

Duração da fase

ativa

Indicação do tempo total

transcorrido durante a fase no qual o

animal se encontra ativo

Quantitativa

Total de

atividade nas 24

horas

Indicação do total de locomoção

durante o período de 24 horas.

Quantitativa

Total de

atividade na

fase de claro

Indicação do total de locomoção na

fase de luminosidade

Quantitativa

Média da

Atividade na

fase de claro

Indicação do valor médio de

atividade na fase de luminosidade

Quantitativa

Total da

Atividade na

fase de escuro

Indicação do total de locomoção na

fase de escuro

Quantitativa

Média da

Atividade na

fase de escuro

Indicação do valor médio de

atividade na fase de escuro

Quantitativa

Fase do ciclo

estral/bloco

anestro

Metaestro, diestro, proestro ou estro/

Anestro I, anestro II, anestro III ou

anestro IV

Categórica Nominal

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45

Algumas variáveis obedeceram a uma distribuição normal, de acordo

com o teste de Kolmogorov-Smirnov (p > 0,05). Portanto, os dados foram

analisados através do teste paramétrico ANOVA de medidas repetidas com

análise post hoc de Tukey. Com relação às variáveis que não obedeceram a

uma distribuição normal, de acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov (p <

0,05), os dados foram analisados através do teste não-paramétrico ANOVA de

Friedman com analises post hoc de Kruskal-Wallis.

4.5.4 Relação entre os Índices de Reconhecimento e os Parâmetros do

Ritmo de Atividade Locomotora

Quadro 4 Variáveis de Correlação

NOME DA

VARIÁVEL

DESCRIÇÃO TIPO DE VARIÁVEL

ÍNDICE DE

RECONHECIMENTO

DE OBJETOS

Teste no proestro ou no estro Quantitativa

PARAMETROS DO

RITMO DE

ATIVIDADE

LOCOMOTORA

Parâmetros que mudaram

conforme a fase do ciclo estral

analisados no estudo

Quantitativa

Algumas variáveis obedeceram a uma distribuição normal, de acordo

com o teste de Kolmogorov-Smirnov (p > 0,05). Dessa forma, os dados foram

analisados através do teste paramétrico Correlação de Pearson. Com relação

às variáveis que não obedeceram a uma distribuição normal, de acordo com o

teste de Kolmogorov-Smirnov (p < 0,05), os dados foram analisados através do

teste não-paramétrico Correlação de Spearman.

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Para todos os testes estatísticos foi adotado um nível de significância de

95% (p < 0,05).

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47

5. RESULTADOS

5.1 Estampa Temporal

5.1.1 Experimento 1 – Efeito do ciclo estral na Estampa Temporal da tarefa

de Reconhecimento de Objetos

Durante a sessão treino foi observado que os animais não apresentaram

preferência por nenhum dos objetos escolhidos (A1 e A2). Uma análise

utilizando o teste T de Student para amostras pareadas usando o índice de

reconhecimento (%) demonstrou que os animais não apresentaram preferência

por nenhum dos objetos durante a sessão de treino (Ver Quadro 5).

Quadro 5 Percentual de exploração dos objetos A1 e A2 durante a sessão treino da tarefa de Reconhecimento de Objetos, para os grupos Intactos. O resultado de p foi obtido por meio do teste T de Student para amostras pareadas. Dados são expressos em Média ± EP.

Na sessão teste, em que avaliamos a memória para o objeto antigo em

um intervalo de no mínimo 24 horas, entre o treino e o teste, foi observada uma

maior exploração do objeto novo em relação ao objeto antigo nos grupos Estro

Horário Coincidente (t(8) = -6,749, p < 0,001) e Proestro Horário Coincidente

(t(7) = -8,102, p < 0,001). Entretanto, no grupo Estro Horário Não Coincidente,

em que o teste ocorreu em um horário diferente do treino, os animais não

demonstraram preferência pelo objeto novo, revelando um déficit na evocação

da memoria (t(8) = -2,052, p = 0,074). Este fenômeno em que a evocação da

memória ocorre apenas em intervalos múltiplos de 24 horas é chamado de

Grupos Exploração de A1 Exploração de A2 *p

Estro Horário Coincidente 46,86 ± 2,84 53,1 ±2,84 0,308

Estro Horário Não Coincidente 50,48 ± 1,92 49,5 ± 1,92 0,602

Proestro Horário Coincidente 48,09 ± 3,29 51,9 ± 3,29 0,806

Proestro Horário Não Coincidente 46,8 ± 2,59 53,19 ± 2,59 0,283

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estampa temporal. No entanto, no grupo em que o teste ocorreu durante a fase

do proestro em um horário diferente do treino (o Proestro Horário Não

Coincidente) não foi observada a estampa temporal, pois os indivíduos

exploraram mais o objeto novo que o antigo, embora que o teste tenha ocorrido

em uma fase circadiana diferente da que o treino ocorreu (t(7) = -18,436, p <

0,001) (ver figura 11).

Figura 10 Percentual de exploração dos objetos antigo (barra escura) e novo (barra clara). Teste t de Student para amostras pareadas (** denota p < 0,001). Resultados expressos em Média ± EP. Estro Horário Não Coincidente = p < 0,001; Estro Horário Não Coincidente p = 0,074; Proestro Horário Coincidente p < 0,001; Proestro Horário Não Coincidente p < 0,001.

5.1.2 Experimento 2 – Efeito da ovariectomia na Estampa Temporal da

tarefa de Reconhecimento de Objetos

Durante a sessão treino foi observado que os animais não apresentaram

preferência por nenhum dos objetos escolhidos (A1 e A2). Uma análise

utilizando o teste T de Student para amostras pareadas usando o índice de

reconhecimento (%) demonstrou que os animais não apresentam preferência

por nenhum dos objetos durante a sessão de treino (Ver Quadro 6).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1

Exp

lora

ção

do

s o

bje

tos

no

Te

ste

(%

)

Grupos Experimentais

Obj Ant

Obj Novo

** ** **

Estro Horário Coincidente

Estro Horário Não Coincidente

Proestro Horário Coincidente

Proestro Horário Não Coincidente

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Quadro 6 Percentual de exploração dos objetos A1 e A2 durante a sessão treino da tarefa de Reconhecimento de objeto, para os grupos Ovariectomia e Sham. O resultado de p foi obtido por meio do teste T de Student para amostras pareadas. Dados são expressos em Média ± EP.

Na sessão teste, foi observado que os grupos de animais

ovariectomizados demonstraram um déficit da memória para o objeto antigo,

Ovariectomia Horário Coincidente (t(6) = -1,515 p = 0,181) e Ovariectomia

Horário Não Coincidente (t(7) = -1,527, p = 0,171). Entretanto, a evocação de

memória foi observada nos grupos Sham Horário Coincidente (t(4) = -2,949, p

= 0,042) e Sham Horário Não Coincidente (t(4) = -6,051, p = 0,004),

independente da coincidências de fases circadianas (ver figura 12).

Figura 11 Percentual de exploração dos objetos antigo (barra escura) e novo (barra clara). Teste T de Student para amostras pareadas (* denota p < 0,05). Resultados expressos em Média ± EP. Ovariectomia Horário Coincidente p = 0,181; Ovariectomia Não Horário Coincidente p = 0,171; Sham Horário Coincidente p = 0,042; Sham Horário Não Coincidente p = 0,004.

Grupos Exploração de A1 Exploração de A2 *p

Ovariectomia Horário Coincidente 55,59 ± 4,84 44,4 ± 4,84 0,292

Ovariectomia Horário Não Coincidente 48,5 ± 5,3 54,19 ± 5,3 0,48

Sham/Proestro Horário Coincidente 54,84 ± 8,94 48,15 ± 8,94 0,789

Sham/Proestro Horário Não Coincidente 51,53 ± 3,14 48,46 ± 3,14 0,684

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Ovx HC

Exp

lora

ção

do

s o

bje

tos

no

Te

ste

( %

)

Grupos Experimentais

Obj Ant

Obj Novo

* *

Ovariectomia Horário

Coincidente

Ovariectomia Horário Não Coincidente

Sham/Prostro Horário

Coincidente

Sham/Proestro Horário Não Coincidente

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5.2 Actogramas e Gráficos em forma de onda

5.2.1 Grupo Intacto

No actograma e nos gráficos em forma onda, foi observado que R419

(grupo intacto) mantém seu ritmo de atividade e repouso sincronizado ao ciclo

claro-escuro ambiental proposto no experimento, com a atividade concentrada

na fase de escuro, a fase ativa, e poucos episódios de atividade na fase de

claro, a fase de repouso.

Além disso, no actograma foi demonstrado que o indivíduo apresenta um

padrão unimodal durante toda a série temporal. E nos gráficos em forma de

onda, os horários do início da atividade não diferem entre os 4 dias do ciclo

estral, entretanto o horário do final da atividade é mais tarde no dia do proestro.

(ver Figura 13). Outros actogramas e gráficos em forma de onda do grupo

intacto podem ser consultados no Anexo.

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Figura 12 Representação gráfica do ritmo de atividade e repouso de R419, indivíduo pertencente ao grupo intacto (Experimento 1), através de 1. Um Actograma e 2. Quatro Gráficos em forma de onda. Cada gráfico em forma representa média de 3 dias de cada fase do ciclo estral, que estão discriminados no actograma através de setas nas cores correspondentes: a) metaestro em verde, b) diestro em laranja, c) proestro em azul e d) estro em vermelho. A linha média, em cada gráfico em forma de onda, representa a média dos dados de atividade. A barra escura no topo do gráfico em forma de onda representa a fase de escuro do ciclo CE 12:12, no qual os animais foram submetidos.

5.2.2 Grupo Sham

No actograma e nos gráficos em forma de onda, foi observado que R811

(grupo sham) mantém seu ritmo de atividade e repouso sincronizado ao ciclo

claro-escuro ambiental proposto no experimento, com a atividade concentrada

na fase de escuro, e poucos episódios de atividade na fase de claro.

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Além disso, no actograma foi demonstrado que o indivíduo apresenta um

padrão unimodal durante toda a série temporal. E nos gráficos em forma onda

foi observado que tanto os horários do início da atividade quando os horários

do final da atividade não diferem entre os 4 dias do ciclo estral (ver Figura 14).

Outros actogramas e gráficos em forma de onda do grupo sham podem ser

consultados no Anexo.

Figura 13 Representação gráfica do ritmo de atividade e repouso de R811, indivíduo pertencente ao grupo Sham (Experimento 2), através de 1. um Actograma e 2. quatro Gráficos em forma de onda. Cada gráfico em forma representa a média de 3 dias de cada fase do ciclo estral, que estão discriminados no actograma através de setas nas cores correspondentes: a) metaestro em verde, b) diestro em laranja, c) proestro em azul e d) estro em vermelho. A linha média, em cada gráfico em forma de onda, representa a média dos dados de atividade. A barra escura no topo do gráfico em forma de onda representa a fase de escuro do ciclo CE 12:12, no qual os animais foram submetidos.

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5.2.3 Grupo Ovariectomizado

No actograma e nos gráficos em forma de onda, pode ser observado

que R62 (grupo Ovariectomizado) mantém seu ritmo de atividade e repouso

sincronizado ao ciclo claro-escuro ambiental proposto no experimento, com a

atividade concentrada na fase de escuro, a fase ativa, e poucos episódios de

atividade na fase de claro, a fase de repouso.

Além disso, no actograma foi observado que R62 apresenta um padrão

bimodal durante toda a série temporal. E nos gráficos em forma onda, tanto os

horários do início da atividade quanto os horários do final da atividade não

diferem entre os 4 dias dos blocos anestro (ver Figura 15). Outros actogramas

e gráficos em forma de onda do grupo ovariectomizado podem ser consultados

no Anexo.

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Figura 14 Representação gráfica do ritmo de atividade e repouso de R62, individuo pertencente ao grupo ovariectomizado (Experimento 2), através de 1. Um actograma e 2. Quatro gráficos em forma de onda. Cada gráfico em forma representa a média de 3 dias de cada bloco anestro, que estão discriminados no actograma através de setas nas cores correspondentes: a) anestro I em verde, b) anestro II em laranja, c) anestro III em azul e d) anestro IV em vermelho. A linha média, em cada gráfico em forma de onda, representa a média dos dados de atividade. A barra escura no topo do gráfico em forma de onda representa a fase de escuro do ciclo CE 12:12, no qual os animais foram submetidos.

5.3 Parâmetros do Ritmo de Atividade Locomotora

Para a análise dos parâmetros rítmicos, apresentamos os resultados de

um parâmetro do ritmo por vez, seguindo a ordem por grupo intacto, sham e

ovariectomizado. Para os indivíduos dos grupos intacto do experimento 1 e

sham do experimento 2, ambos com ovários preservados, fizemos uma

comparação entre as fases do ciclo estral. Com relação ao grupo

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ovariectomizado do experimento 2, indivíduos sem ovários, a comparação foi

realizada entre os blocos anestro.

5.3.1 Acrofase do ritmo

A acrofase do ritmo de atividade locomotora muda conforme a fase do

ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (F(2,67) = 11,21, p < 0,001). A acrofase na

fase de proestro ocorre mais tarde que nas fases de metaestro (p < 0,001) e

diestro (p < 0,001); e a acrofase na fase de estro ocorre mais tarde que nas

fases de metaestro (p = 0,006) e diestro (p < 0,011) (ver figura 16).

Figura 15 Efeito do ciclo estral na acrofase do ritmo de atividade locomotora para o grupo intacto, n = 34, (* denota p < 0,05 e ** denota p < 0,001). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. Proestro diferente de metaestro e diestro, respectivamente p < 0,001 e p < 0,001. E estro diferente de metaestro e diestro, respectivamente p = 0,006 e p = 0,011.

Similarmente, a acrofase do ritmo de atividade locomotora muda

conforme as fases do ciclo estral em ratas submetidas à cirurgia sham, n = 10,

(F(1,69) = 5,96, p = 0,015). A acrofase do ritmo de atividade locomotora ocorre

mais tarde na fase de proestro que nas fases de metaestro (p = 0,022), diestro

(p = 0,014) e estro (p = 0,002) (ver figura 17).

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Figura 16 Efeito do ciclo estral na acrofase do ritmo de atividade locomotora no grupo sham, n = 10, (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. Proestro diferente de estro, metaestro e diestro, respectivamente p = 0,002, p = 0,022 e p = 0,014.

Entretanto, não há mudanças na acrofase do ritmo de atividade

locomotora conforme a estropausa em ratas ovariectomizadas, n = 15 (F(2,10) =

2,39, p = 0,107) (ver figura 18).

Figura 17 Efeito da ausência de estrogênio na acrofase do ritmo de atividade locomotora no grupo Ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

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5.3.2 Amplitude do ritmo

Não há mudanças na amplitude do ritmo de atividade locomotora

conforme a fase do ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (F(2,58) = 2,65, p =

0,062) (ver figura 19).

Figura 18 Efeito do ciclo estral na amplitude do ritmo de atividade locomotora no grupo intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Entretanto, a amplitude do ritmo muda conforme as fases do ciclo estral

em ratas submetidas à cirurgia sham, n = 10, (F(2,74) = 5,35, p = 0,007). A

amplitude do ritmo é menor no diestro em relação ao proestro (p = 0,02), ao

estro (p = 0,01) e ao metaestro I (p = 0,003) (ver figura 20).

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Figura 19 Efeito do ciclo estral na amplitude do ritmo de atividade locomotora no grupo sham, n = 10 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. Diestro diferente de proestro, estro e metaestro, respectivamente p = 0,022, p = 0,018 e p = 0,003.

Não há mudanças na amplitude do ritmo de atividade locomotora

conforme a estropausa em ratas ovariectomizadas, n = 15 (F(2,18) = 2,07, p =

0,14) (ver figura 21).

Figura 20 Efeito da ausência de estrogênio na amplitude do ritmo de atividade locomotora no grupo ovariectomizado, n = 15 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

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5.3.3 Duração da fase ativa

Não há mudanças na duração da fase ativa conforme a fase do ciclo

estral em ratas intactas, n = 34, (F(2,45) = 0,72, p = 0,513) (ver figura 22).

Figura 21 Efeito do ciclo estral na duração da fase ativa no grupo Intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Similarmente, não há mudanças na duração da fase ativa conforme a

fase do ciclo estral em ratas em ratas submetidas à cirurgia sham, n = 10,

(F(1,22) = 2,12, p = 0,173) (ver figura 23).

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Figura 22 Efeito do ciclo estral na duração da fase ativa no grupo Sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Não há mudanças na duração da fase ativa conforme a estropausa em

ratas ovariectomizadas, n = 15, (F(2,26) = 2,94, p = 0,62) (ver figura 24).

Figura 23 Efeito da ausência de estrogênio na duração da fase ativa no grupo ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

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5.3.4 Total de atividade nas 24 horas

Não há mudanças no total de atividade locomotora durante o período de

24 horas, conforme a fase do ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (x²(3) = 6,81,

p = 0,078) (ver figura 25).

Figura 24 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora nas 24 horas no grupo intacto, n = 34. ANOVA de Friedman, dados expressos em Média ± EP.

Não há mudanças no total de atividade locomotora durante o período de

24 horas conforme a fase do ciclo estral em ratas submetidas à cirurgia sham,

n = 10, (F(2,58) = 2,00, p = 0,148) (ver figura 26).

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Figura 25 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora no período de 24 horas no grupo sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Não há mudanças no total de atividade locomotora no período de 24

horas conforme a estropausa em ratas ovariectomizadas, n = 15, (F(1,82) = 2,19,

p = 0,136) (ver figura 27).

Figura 26 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora nas 24 horas no grupo ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

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5.3.5 Total de atividade na fase de Claro

Não há mudanças no total de atividade locomotora durante a fase de

claro conforme a fase do ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (x²(3) = 5,98, p =

0,112) (ver figura 28).

Figura 27 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de claro no grupo intacto, n = 34. ANOVA de Friedman, dados expressos em Média ± EP.

Similarmente, não há mudanças no total de atividade locomotora durante

a fase de claro conforme a fase do ciclo estral em ratas submetidas à cirurgia

sham, n = 10, (F(1,98) = 0,18, p = 0,833) (ver figura 29).

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Figura 28 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de claro no grupo sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Também, não há mudanças no total de atividade locomotora na fase de

claro conforme a estropausa em ratas ovariectomizadas, n = 15, (F(1,98) = 1,39,

p = 0,264) (ver figura 30).

Figura 29 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora na fase de claro no grupo ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

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5.3.6 Média de atividade na fase de Claro

Não há mudanças na média da atividade locomotora durante a fase de

claro conforme a fase do ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (x² (3) = 6,85, p =

0,077) (ver figura 31).

Figura 30 Efeito do ciclo estral na média da atividade locomotora na fase de claro no grupo intacto, n = 34. ANOVA de Friedman, dados expressos em Média ± EP.

Similarmente, não há mudanças na média da atividade locomotora

durante a fase de claro conforme a fase do ciclo estral em ratas submetidas à

cirurgia sham, n = 10, (F(1,63) = 0,38, p = 0,648) (ver figura 32).

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Figura 31 Efeito do ciclo estral na média de atividade locomotora na fase de claro no grupo sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Como também não há mudanças na média da atividade locomotora

durante a fase de claro conforme a estropausa em ratas ovariectomizadas, n =

15, (F(2,14) = 1,19, p = 0,318) (ver figura 33).

Figura 32 Efeito da ausência de estrogênio na média de atividade locomotora na fase de claro no grupo ovariectomizado, n = 15. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

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5.3.7 Total de atividade na fase de Escuro

Não há mudanças no total de atividade locomotora durante a fase de

escuro conforme a fase do ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (F(2,03) = 0,97,

p = 0,384) (ver figura 34).

Figura 33 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Similarmente, não há mudanças no total de atividade locomotora durante

a fase de escuro conforme a fase do ciclo estral em ratas submetidas à cirurgia

sham, n = 10, (F(2,66) = 2,88, p = 0,62) (ver figura 35).

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Figura 34 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Entretanto, o total de atividade locomotora na fase de escuro muda em

conforme a estropausa em ratas ovariectomizadas, n = 15, (F(1,89) = 4,70, p =

0,019). O total de atividade locomotora no escuro é menor no bloco anestro IV

do que nos blocos anestro II (p = 0,003) e anestro III (p = 0,005) (ver figura 36).

Figura 35 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo ovariectomizado, n = 15 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. Anestro IV diferente de anestro II e anestro III, respectivamente p = 0,003 e p = 0,005.

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5.3.8 Média de atividade na fase de Escuro

Não há mudanças na média de atividade locomotora durante a fase de

escuro conforme a fase do ciclo estral em ratas intactas, n = 34, (F(1,98) = 1,57,

p = 0,214) (ver figura 37).

Figura 36 Efeito do ciclo estral na média da atividade locomotora na fase de escuro no grupo intacto, n = 34. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Similarmente, não há mudanças na média de atividade locomotora

durante a fase de escuro conforme a fase do ciclo estral em ratas submetidas à

cirurgia sham, n = 10, (F(2,65) = 2,90, p = 0,061) (ver figura 38).

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Figura 37 Efeito do ciclo estral no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo sham, n = 10. ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP.

Entretanto, a média de atividade no escuro muda conforme a estropausa

em ratas ovariectomizadas, n = 15, (F(1,92) = 5,15, p = 0,014). A média da

atividade no escuro é menor no bloco anestro IV do que nos blocos anestro II

(p = 0,002) e anestro III (p = 0,003) (ver figura 39).

Figura 38 Efeito da ausência de estrogênio no total de atividade locomotora na fase de escuro no grupo ovariectomizado, n = 15 (* denota p < 0,05). ANOVA de medidas repetidas, dados expressos em Média ± EP. Anestro IV diferente de anestro II e anestro III, respectivamente p = 0,002 e p = 0,003.

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5.4 Relação entre os Índices do Reconhecimento de objetos e a

Acrofase do ritmo.

Observando os resultados dos parâmetros da ritmicidade circadiana,

encontramos que a acrofase da fase do proestro é muito diferente da fase do

diestros, e por isso especulamos que talvez o atraso da acrofase durante o

proestro comparado com o horário da acrofase no diestro estivesse envolvida

na evocação de memória do grupo em que o teste foi realizado em horário

diferente do treino. Para verificar tal hipótese, fizemos um teste de correlação

para os valores da acrofase nos dias do teste, proestro e estro, e os valores

dos índices de reconhecimento nos grupos testados no proestro e estro.

Entretanto, não encontramos correlação para nenhum grupo: Estro Horário

Coincidente (r = -0,297; p = 0,438), Estro Horário Não Coincidente (rs = -0,083;

p = 0,831), Proestro Horário Coincidente (r = 0,323; p = 0,435) e Proestro

Horário Não Coincidente (r = -0,452; p = 0,26).

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6. DISUSSÃO

A proposta deste trabalho foi investigar se o já conhecido efeito do

estrogênio na memória pode ser expandido para a memória de estampa

temporal. Nossos resultados mostraram claramente que as flutuações nos

níveis de estrogênio durante o ciclo estral parecem ser o fator mais importante

para a evocação de memória que o horário em que o teste é realizado.

Adicionalmente, correlações entre o desempenho cognitivo e a acrofase do

ritmo de atividade locomotora, parâmetro de ritmicidade que mudou conforme a

fase do ciclo estral e o desempenho cognitivo não foram encontradas.

No atual estudo, escolhemos utilizar a tarefa do reconhecimento de

objetos por ser adequada para se investigar formação de memória hipocampal

em roedores, uma região alvo do estrogênio (McEwen e Alves 1999). Primeiro

pela vantagem da tendência natural de roedores em explorar estímulos

desconhecidos. E segundo, por ser uma tarefa de um único treino, sem

necessidade de um protocolo de condicionamento (Tusher et al. 2014). Por

esses fatores, o reconhecimento de objetos torna-se adequado para se

investigar o efeito do estrogênio na cognição.

O experimento 1 foi desenhado a fim de avaliar a sensibilidade da tarefa

de reconhecimento de objetos em detectar variações comportamentais durante

o ciclo estral, utilizando intervalos de 24 e 28 horas entre as sessões de treino

e teste. Nossos resultados demonstram que a memória para objetos é melhor

observada quando os testes são realizados no mesmo horário que o treino no

dia anterior, ou seja, em intervalos de 24 horas, porém este fenômeno não

ocorre quando o teste é realizado durante a fase do proestro. Isto sugere que

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durante o proestro, condição em que há níveis plasmáticos elevados de

estrogênio, não ocorre o fenômeno de estampa temporal.

Sugere-se que este efeito é decorrente dos altos níveis de estrogênio,

pois sabemos que o reconhecimento de objetos é uma tarefa dependente de

hipocampo e que o estrogênio pode modular densidades de espinhas

dendríticas associadas à LTP na região CA1(Woolley e McEwen 1992). Por

exemplo, foi demonstrado que a densidade das espinhas dendríticas é maior

quando as ratas são sexualmente receptivas no proestro (Kinsley et al. 2006).

Baseado nos resultados para Proestro Horário Não Coincidente,

especulamos que por algum mecanismo ainda desconhecido, o estrogênio

tenha inibido a ação do oscilador sincronizado ao contexto, permitindo o animal

lembrar do objeto familiar mesmo que em um horário diferente do treino, no dia

anterior. Esse efeito do estrogênio pode ser importante para que o animal se

adapte a mudanças de horário necessárias a sua sobrevivência.

Como um hormônio ovariano, o estrogênio deve ter surgido para

promover a reprodução, entretanto ele deve ter sido selecionado para a sua

função em facilitar a memória. Por se tratar de uma memória de estampa

temporal, especulamos que na natureza, a ação do estrogênio funcione para

sincronizar os horários dos indivíduos (horários do dia em que seja seguro se

alimentar, e que os predadores estejam inativos no ambiente) a estes

respectivos horários do parceiro reprodutivo. Dessa forma, o efeito do

estrogênio contribuiria para uma maior flexibilidade na resposta ao horário do

parceiro, permitindo uma antecipação a este evento e garantindo o sucesso

reprodutivo.

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O experimento 2 foi realizado para verificar o efeito da ausência de

estrogênio em uma tarefa cognitiva dependente de hipocampo em intervalos de

24 e 28 horas entre as sessões de treino e teste, de modo a complementar o

experimento anterior. Neste segundo experimento, utilizamos ratas que tiveram

os ovários removidos, além de incluir ratas que foram submetidas a cirurgias

sham, como um controle funcionando para eliminar eventuais respostas

causadas pelo estresse do processo cirúrgico.

Os resultados demonstram que os animais ovariectomizados

apresentaram um déficit na memória de reconhecimento de objeto. Tanto o

grupo Ovariectomia Horário Coincidente quanto o grupo Ovariectomia Horário

Não Coincidente não apresentam discriminação entre os objetos familiar e

novo. Entretanto, os grupos Sham Horário Coincidente e Sham Horário Não

Coincidente, que foram testados na fase de proestro, evocaram memória

independente da coincidência de fases circadianas entre o treino e o teste.

Sugere-se que o déficit de memória dos grupos ovariectomizados é um

efeito decorrente da ausência de estrogênio, pois sabemos que a tarefa de

reconhecimento de objetos é uma tarefa dependente de hipocampo e que o

estrogênio pode modular densidades de espinhas dendríticas associadas à

LTP na área CA1 (Woolley e McEwen 1992). Por exemplo, foi demonstrado

que há uma diminuição na densidade de espinhas dendríticas em ratas na

estropausa (Gould et al. 1990; Wallace et al. 2006). Por se tratar de uma

memória para um horário especifico do dia, especulamos que indivíduos na

estropausa, na qual o comportamento reprodutivo não é mais um fator

fundamental para a sobrevivência, não necessitam sincronizar seus horários

aos horários de um parceiro reprodutivo no meio ambiente.

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Por fim, os resultados comportamentais do experimento 2 demonstram

que respostas indicativas de estresse causado pelo procedimento cirúrgico não

foram observadas. Os grupos Sham, que tiveram os testes realizados no

proestro, apresentaram ótimo desempenho na tarefa comportamental. A

justificativa para os resultados do grupo sham no reconhecimento de objetos é

a ação do estrogênio elevado no proestro via hipocampo desencadeando

alterações estruturais associadas à cognição (Kinsley et al. 2006). Propomos

procedimentos adicionais, por exemplo, testes de ansiedade nos grupos

ovariectomizado e sham, para confirmar tal hipótese.

Em relação à acrofase do ritmo de atividade locomotora, nossos dados

demonstram que este parâmetro muda conforme a fase do ciclo estral nos

grupos intacto e sham, de modo que ocorre em um horário diferente em cada

dia do ciclo estral, sendo mais tarde no proestro. Resultados similares foram

observados em estudos utilizando outras espécies de roedores (Prendergast et

al. 2012; Royston et al. 2014). Em hamsters, foi demonstrado que quando o

macho é alocado próximo à fêmea, a atividade locomotora dele passa a

apresentar um padrão infradiano de 4 dias, modulada pelo padrão estral de

atividade locomotora da fêmea (Davis et al. 1987). É possível que na natureza,

essa sincronização do macho a fêmea também ocorra na linhagem de ratos

Wistar, uma estratégias afim de facilitar a cópula, garantindo o sucesso

reprodutivo da espécie. Entretanto futuros estudos são necessários para

averiguar esta hipótese. Adicionalmente, não foram observadas mudanças na

acrofase do ritmo nos animais castrados, o que pode ser atribuído à diminuição

da produção de estrogênio após a remoção dos ovários.

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Os resultados para a amplitude do ritmo de atividade demostram que

este parâmetro também muda de acordo com a fase do ciclo estral, de maneira

que é menor no diestro em relação às demais fases, entretanto isto ocorre

exclusivamente no grupo que foi submetido à cirurgia sham (ver figuras 15 e

16). Dessa forma, especulamos que esse efeito pode ser relacionado à grande

variabilidade individual presente na amostra do grupo sham (n= 10 indivíduos),

pois quando a amostra é aumentada no grupo Intacto (n = 34 indivíduos), as

mudanças conforme a fase do ciclo estral não são observadas.

Era esperado em nossos resultados que a duração da fase ativa

mudasse conforme a fase do ciclo estral nos grupos com ciclo estral ativo, de

forma que ocorresse um aumento no dia de proestro, similar ao encontrado em

ratas da linhagem Sherman no qual os autores sugerem ser devido às

alterações nos níveis hormonais durante o ciclo estral (Albers et al. 1980).

Porém, não foram observadas mudanças neste parâmetro conforme a fase do

ciclo estral (ver figuras 18 e 19). Dessa forma, é possível que ratas Wistar,

mesmo que sexualmente receptivas no proestro, consigam alocar sua atividade

dentro da fase de escuro e mantenham uma regularidade de aproximadamente

12 horas no tempo de vigília, similar aos outros dias do ciclo estral.

Adicionalmente, era esperado neste estudo, que o total de atividade nas

24 horas mudasse conforme a fase do ciclo em ratas dos grupos Intacto e

Sham. Entretanto, não foram observadas mudanças neste parâmetro rítmico

(ver figuras 21 e 22). Em um estudo com ratas da linhagem Lew/ZTM, o dia do

proestro destes animais foi caracterizado por níveis elevados de atividade

constante correlacionando com os níveis elevados de estrogênio (Wollink e

Turek, 1987). É possível que apesar de as ratas Wistar estarem sexualmente

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receptivas no proestro, essa mudança de comportamento não influencie a

atividade locomotora e o total de atividade diária nesta linhagem permaneça

similar ao total de atividade nos outros dias do ciclo estral.

Nossos resultados demonstram que o total de atividade e a média da

atividade na fase de claro não mudaram conforme a fase do ciclo estral (ver

figuras 24, 25, 27 e 28). Estes resultados são similares aos achados

encontrados em um estudo utilizando hamsters (Prendergast et al. 2012) e

confirmam que mudanças nos parâmetros do ritmo de atividade conforme a

fase do ciclo estral são exclusivamente na atividade locomotora da fase de

escuro do ciclo claro-escuro. Tal fato pode ser justificado por os ratos e os

hamsters serem roedores de hábito noturno, dessa forma é possível que o

efeito do estrogênio seja restringido à atividade na fase ativa do animal, não

influenciando na atividade dos microdespertares na fase de repouso.

Com relação ao total da atividade e a média da atividade na fase de

escuro, nossos resultados demonstram que estes parâmetros mudaram nos

animais castrados (ver figuras 30, 31, 32, 33 e 34 e 35). Um fator limitante para

a análise destes dois parâmetros é que não possuímos os dados dos ciclos

estrais prévios a remoção dos ovários referentes ao grupo ovariectomia,

portanto, não podemos afirmar que um determinado bloco anestro refere-se a

uma determinada fase do ciclo estral, e atribuir as mudanças a algum

componente presente no ciclo estral. É possível que algum componente

preservado do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, tal como o FSH e o LH,

esteja envolvido nas alterações destes parâmetros. Alternativamente, estas

variações podem ser puramente aleatórias. Dessa forma, fazem-se

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necessários estudos mais aprofundados que visem apontar uma causa para

este fenômeno.

Em nossa pesquisa, não encontramos associação entre a acrofase do

ritmo de atividade locomotora e o desempenho cognitivo na tarefa

comportamental nos dias do proestro e do estro. O efeito dos elevados níveis

de estrogênio na consolidação de memória acaba por facilitar o processo de

evocação, logo, os animais conseguem ter bom desempenho quando o teste é

realizado no proestro, independente se o teste é realizado em um horário

próximo da acrofase no proestro. Tal fato justifica a dificuldade em observar os

efeitos da acrofase no desempenho cognitivo em nosso estudo.

6.1 CONCLUSÃO

Níveis elevados de estrogênio no proestro facilitam a evocação de

memória independente do horário;

Diminuição na síntese e liberação de estrogênio, após o período

reprodutivo, impede a evocação de memória mesmo quando as fases

circadianas de treino e de teste coincidem;

Em ratas Wistar, alterações na acrofase do ritmo de atividade

locomotora, conforme a fase do ciclo estral, não influenciam o

desempenho cognitivo no reconhecimento de objetos.

6.2 LIMITAÇÕES

Uma limitação do atual estudo foi não fazer a dosagem de hormônios

nos animais durante o ciclo estral e após a remoção dos ovários. Para indicar

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os níveis de estrogênio (elevado, baixo ou quase inexistente), nos baseamos

apenas pela ocorrência dos tipos de células endometriais demonstradas pelo

esfregaço vaginal.

Devido ao tempo estabelecido para a conclusão do curso de Mestrado,

não foi possível a realização de um terceiro experimento, com administração de

estrogênio a indivíduos ovariectomizados. Entretanto, este experimento deve

ser realizado futuramente.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há uma resistência na comunidade cientifica em utilizar fêmeas como

sujeito experimental para evitar variações de respostas consequentes das

flutuações hormonais durante o ciclo estral. Dado que alguns sistemas de

machos e fêmeas funcionam completamente diferentes é um erro implicar que

evidências encontradas em machos ocorrem similarmente em fêmeas. Além

disso, devido ao fato de evitar o uso de fêmeas como modelo experimental,

deixa-se de compreender parte dos fenômenos biológicos.

Por essa razão, nosso grupo de pesquisa tem adotado a política de

incluir sujeitos experimentais de ambos os sexos em nossos estudos.

Neste trabalho, adaptamos um protocolo utilizado para se estudar estampa

temporal, que vise contemplar flutuações hormonais do ciclo estral. Nossos

resultados contribuem para a construção do conhecimento a cerca da relação

entre estrogênio e cognição. Mais pesquisas fazem-se necessárias para

ampliar os conhecimentos sobre o efeito do estrogênio na estampa temporal.

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ANEXO

I PARECER DO COMITE DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS – CB/UFRN

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II ACTOGRAMAS E GRÁFICOS EM FORMA DE ONDA: GRUPO INTACTO

(dias do proestro estão representados por um circulo preto no lado

esquerdo do actograma).

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III ACTOGRAMAS E GRÁFICOS EM FORMA DE ONDA: GRUPO SHAM (dias

do proestro estão representados por um circulo preto no lado

esquerdo do actograma).

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IV ACTOGRAMAS E GRÁFICOS EM FORMA DE ONDA: GRUPO

OVARIECTOMIA

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