EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR...
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Curso de Fisioterapia
IVANISE BUENO BORGES DUARTE
IVONE VELLUTO DE PAIVA
EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR
(EENM) ASSOCIADA AO MÉTODO KLAPP PARA A
REDUÇÃO DO ÂNGULO DA CURVATURA ESCOLIÓTICA –
RELATO DE CASO
Bragança Paulista
2011
IVANISE BUENO BORGES DUARTE - R.A. 001200600899
IVONE VELLUTO DE PAIVA - R.A. 001200600067
EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR
(EENM) ASSOCIADA AO MÉTODO KLAPP PARA A
REDUÇÃO DO ÂNGULO DA CURVATURA ESCOLIÓTICA –
RELATO DE CASO
Monografia apresentada à Disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de
Fisioterapia da Universidade São Francisco sob
orientação temática do Prof. Ms. Cláudio
Fusaro como exigência parcial para conclusão
do curso de graduação.
Orientadora Metodológica: D.ra Rosimeire
Simprini Padula.
Bragança Paulista
2011
DUARTE, Ivanise Bueno Borges; PAIVA, Ivone Velluto de. Efeitos da Eletroestimulação
Neuromuscular (EENM) associada ao método Klapp para a redução do ângulo da
curvatura escoliótica- relato de caso. 2011. 40f Monografia - Curso de Fisioterapia da
Universidade São Francisco, Bragança Paulista.
___________________________________________________________________________
Prof. Ms. Cláudio Fusaro
USF – Orientador Temático
___________________________________________________________________________
Prof.ª D.ra Rosimeire Simprini Padula
USF – Orientadora Metodológica
___________________________________________________________________________
Prof. Ms. Sérgio Jorge
USF – Banca Examinadora
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me presenteado com uma vida repleta de realizações,
pela oportunidade do estudo e pela proteção nos momentos difíceis e conflitantes.
A minha amada filha Ana Luiza, pelo amor e compreensão nas horas em que tive que
me dedicar aos estudos e quando nas minhas ausências.
Em especial ao meu marido Ricardo, meu fiel companheiro, o qual sempre esteve
presente nos difíceis momentos encontrados nesta jornada, agradeço pelo amor e incentivo,
estímulos fundamentais para minha formação.
Aos Professores Rosimeire Simprini Padula, Cláudio Fusaro e Sérgio Jorge, pelo
apoio e incentivos fundamentais para a elaboração deste trabalho.
Ao voluntário L. H. P. pela confiança e colaboração.
A todos aqueles que torceram a favor deste trabalho, que contribuíram de forma direta
ou indireta para a realização deste sonho.
Meu muito obrigada!
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela presença constante em minha vida e em meus pensamentos.
A meus pais, Antônio e Helena, pelo exemplo de vida e caráter, em minha formação
pessoal.
E, em especial, ao meu marido, Marcelo, pelo amor, paciência, companheirismo e
incentivo constante nesta minha nova formação pessoal.
E aos meus, filhos, Carolina e Gabriel pela compreensão das minhas ausências em
alguns momentos.
DUARTE, Ivanise Bueno Borges; PAIVA, Ivone Velluto de. Efeitos da Eletroestimulação
Neuromuscular (EENM) associada ao método Klapp para a redução do ângulo da
curvatura escoliótica- relato de caso. 2011. 40f Monografia - Curso de Fisioterapia da
Universidade São Francisco, Bragança Paulista.
RESUMO
Introdução: A coluna vertebral pode ser acometida por vários desvios posturais, sendo a
escoliose uma das alterações com maior incidência nos indivíduos. Trata-se de um desvio
látero-lateral na coluna vertebral associado ou não à rotação de corpos vertebrais. Diversos
são os fatores etiológicos desta afecção, sendo o mais comum as idiopáticas, atingindo cerca
de 70% a 90% das escolioses. A faixa etária mais acometida é entre 9 a 16 anos de idade,
onde ocorre a fase de crescimento e desenvolvimento do sistema músculo-esquelético.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito da eletroestimulação (EENM)
associado ao método Klapp no tratamento conservador de um voluntário portador de escoliose
idiopática do adolescente, através de análise e comparações realizadas em radiografias pré e
pós-tratamento. Metodologia: O estudo foi realizado com um voluntário do sexo masculino,
com 16 anos de idade, portador de escoliose idiopática do adolescente, submetido a exames
radiológicos na fase pré e pós-tratamento conservador. Foram realizadas 24 sessões de
fisioterapia, três vezes por semana, aplicando a EENM associado ao método Klapp adaptado
ao espaldar, em seguida foram analisadas e comparadas às radiografias pré e pós-tratamento,
sendo aplicado o método Cobb para mensuração das curvaturas. Resultados: Através do
estudo foi possível observar uma redução das curvaturas escoliótica da região torácica de 35°
para 25° (28,6%) e da região tóracolombar de 40° para 37° (7,5%). Conclusão: Podemos
concluir que o tratamento conservador por meio da EENM associado ao método Klapp foi
eficaz na redução das curvaturas escoliótica do voluntário, porém em diferentes magnitudes.
Palavras chaves: escoliose idiopática do adolescente. eletroestimulação neuromuscular.
método Klapp.
ABSTRACT
Introduction: The spine can be affected by different postural deviations, having the scoliosis
one of the most higher incidences in individuals. It is a lateral-lateral deviation in the spine
associated or not to the rotation of the vertebral bodies. There are several etiologic factors for
this disease, being the most common the idiopathic, affecting about 70% to 90% of scoliosis
cases. The most affected age group is between 9-16 years of age, when occurs the phase of
growth and development of the musculoskeletal system. Objective: This study aimed to
evaluate the effect of electrical stimulation (NMES) associated with the Klapp method in a
conservative treatment of a volunteer patient with adolescent idiopathic scoliosis, through
analysis and comparisons made on radiographs before and after treatment. Methodology: The
study was conducted with a male volunteer, 16-year-old boy with adolescent idiopathic
scoliosis, underwent radiological examinations in the pre-and post-conservative treatment.
There were performed 24 sessions of physical therapy three times a week, applying NMES
associated with Klapp method adapted to the back rest. Then, the radiographs before and
after treatment were analyzed and compared. The Cobb Method was applied for measuring
the curvatures. Results: Through the study it was noticed a reduction of the scoliotic
curvatures of the thoracic region from 35 ° to 25 ° (-28.6%) and thoracolumbar region from
40 ° to 37 ° (-7.5%). Conclusion: We can conclude that the conservative treatment by NMES
associated with Klapp Method was effective in reducing scoliotic curvatures of the volunteer,
but in different magnitudes.
Keywords: adolescent idiopathic scoliosis. neuromuscular electrical stimulation. Klapp
method.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- Exercícios do método Klapp ............................................................... 23
FIGURA 2- Posicionamento dos eletrodos da EENM ........................................... 24
FIGURA 3- Análise das radiografias pré e pós-tratamento .................................... 24
FIGURA 4- Mensuração das curvaturas escoliótica ............................................... 25
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10
1.1 Postura Corporal ................................................................................................ 10
1.2 Escoliose ............................................................................................................ 11
1.3 Maturidade esquelética ...................................................................................... 15
1.4 Tratamento ......................................................................................................... 15
2 HIPÓTESE ....................................................................................................... 18
3 OBJETIVOS .................................................................................................... 19
3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 19
3.2 Objetivo específico ............................................................................................ 19
4 METODOLOGIA ............................................................................................ 20
4.1 Desenho do estudo ............................................................................................. 20
4.2 Amostra .............................................................................................................. 20
4.3 Critério de inclusão ............................................................................................ 20
4.4 Critério de exclusão ............................................................................................ 20
4.5 Materiais e equipamentos ................................................................................... 21
4.6 Procedimentos .................................................................................................... 21
5 RESULTADOS ................................................................................................ 25
6 DISCUSSÃO .................................................................................................... 27
7 CONCLUSÃO .................................................................................................. 30
8 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 31
9 ANEXOS ........................................................................................................... 34
Anexo I ............................................................................................................... 35
Anexo II ............................................................................................................. 36
Anexo III ........................................................................................................... 39
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 Postura Corporal
A postura é definida como uma posição ou atitude do corpo, a disposição relativa das
partes para uma atividade específica, ou uma maneira característica de sustentar o próprio
corpo (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 2005; KISNER e COLBY, 2005). A postura é a
posição que o corpo assume no espaço, e é dependente do equilíbrio da coluna vertebral,
prepara o indivíduo para realização de um movimento, proporcionando conforto, economia e
sustentação deste corpo, é a harmonia dos segmentos do corpo entre si em determinada
posição. Assim entende-se que ao mesmo tempo em que a postura corporal é uma
característica individual e depende da imagem que o próprio indivíduo faz do seu corpo, é
também um arranjo relativo das partes do corpo em busca do equilíbrio (SANTOS et al.,
2009; XAVIER et al., 2011).
Uma boa postura é aquela que mantém o esforço mínimo sobre as estruturas
distribuindo as forças para as estruturas mais aptas a suportá-la. A boa postura pode ser
definida como uma situação em que o centro de gravidade de cada segmento corporal esta
localizado verticalmente acima do segmento abaixo (SAAD, 2008).
A coluna vertebral possui características anatômicas ideais para que uma boa postura
seja mantida, apresentando curvaturas normais e ossos dos membros inferiores em
alinhamento ideal para sustentação de peso, uma posição neutra da pelve proporcionando um
bom alinhamento de abdome, de tronco e dos membros inferiores, a função dos órgãos
respiratórios é favorecida pelo posicionamento do tórax e da coluna superior, já a cabeça
mantida ereta, equilibra e minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical (SANTOS et
al., 2009).
A má postura aumenta o estresse total e distribui para estruturas menos capazes de
suportá-lo. Alguns fatores intrínsecos e extrínsecos podem influenciar na má postura, sendo
eles: hereditariedade, meio ambiente, condições físicas, alterações fisiológicas, além de
processos álgicos e algumas patologias (SAAD, 2008).
A grande maioria dos problemas posturais dos adultos, cerca de 80%, teve seu início na
infância, e consolidação na adolescência, devido aos maus hábitos durante o crescimento e
desenvolvimento, produzindo assim uma maior tensão sobre as estruturas de suporte, e
quando ocorre desequilíbrio do corpo, ocasionam os desvios posturais. Os desvios posturais
11
decorrem não somente das alterações e adaptações dos seres humanos, mas também das
influências sociais, culturais, constituindo uma das mais graves doenças do grupo das crônico-
degenerativas (XAVIER et al., 2011; IUNES et al., 2010).
A identificação dos padrões posturais de crianças e adolescentes são muito importantes
para a prevenção das alterações na postura corporal, sejam elas funcionais ou estruturais.
Alguns países desenvolvidos, já adotaram a realização sistemática de avaliações posturais
durante a fase escolar para identificar e acompanhar a progressão das alterações da postura em
geral e principalmente da coluna vertebral. Atualmente, o diagnóstico clínico das alterações
posturais é realizado através de exames radiológicos, onde é possível conhecer a gravidade da
alteração da coluna e também, por meio de avaliações posturais, onde os indivíduos são
submetidos a testes não invasivos, para avaliar possíveis alterações na postura corporal
(DETSCH et al., 2007).
1.2 Escoliose
A coluna vertebral pode ser acometida por desvios posturais, sendo um deles
denominado escoliose, onde ocorre uma curvatura lateral da coluna vertebral, ou seja, uma
curvatura anormal, visto que, a coluna apresenta curvatura fisiológica no sentido ântero-
posterior (CARNEIRO et al., 2005). As alterações posturais presentes na coluna vertebral
pode ocasionar dores, desconfortos relativamente leves até lesões mais graves, como doenças
osteoarticulares (ARAÚJO et al., 2010).
A escoliose é o termo utilizado para denominar uma curvatura lateral da coluna
vertebral maior que 10°. É uma alteração das costelas e das vértebras com rotação vertebral
no plano transverso, desvio lateral no plano frontal e lordose no plano sagital com caráter
evolutivo (BONORINO et al., 2007).
O indivíduo que apresenta uma curvatura escoliótica, além da estética prejudicada pela
deformação corporal, pode apresentar como uma importante conseqüência o
comprometimento cardiorrespiratório, ocorrendo em maior escala nas escolioses graves e
iniciadas em idade precoce. As curvaturas presentes possuem tendência de evolução no plano
frontal, axial e sagital, ocasionando a diminuição dos diâmetros da caixa torácica, redução do
gradil costal e perda da flexibilidade. Assim, as disfunções ventilatórias restritivas podem
ocorrer nesta patologia, além de diminuição da força e resistência da musculatura respiratória
e redução da capacidade de exercício (TREVISAN et al., 2010). Outras alterações que podem
12
estar presente, dependendo da causa da escoliose, são os neuromusculares que afetam a
musculatura do tronco ou causam encurtamento de membros inferiores ou comprometimento
da visão ou audição (CARNEIRO et al., 2005).
Um dos fatores que pode ser relevantes para o surgimento da escoliose é a fraqueza dos
músculos paravertebrais, sendo que à presença de músculos paravertebrais mais fracos na
convexidade da curva quando comparados aos músculos da concavidade da curva escoliótica,
havendo na concavidade músculos mais encurtados (retraídos) quando comparados aos
músculos da convexidade (KISNER e COLBY, 2005).
Por não apresentar uma causa aparente, a escoliose pode surgir devido a distúrbios
proprioceptivos e de equilíbrio, por anomalias do tecido de colágeno, nos discos e corpos
vertebrais. Concluem também que existe uma retração dos transversos espinhais,
principalmente os multífidios, tendo a capacidade de produzir rotação para um lado e látero-
flexão para o outro lado (MANHÃES et al., 2009). A tentativa de manter o alinhamento
postural faz com que ocorra um tensionamento dos músculos multífidios contralateral
ocasionando fadiga e dores musculares. Além disso, pode ocorrer o comprometimento de
outros músculos relacionados ao alinhamento látero-lateral da coluna, como os oblíquos
abdominais, tornando a escoliose permanente na postura do indivíduo (ARAÚJO et al., 2010).
A escoliose apresenta um caráter compensatório, apresentando uma retração assimétrica
dos músculos espinhais, tais como: resistência fibroelástica, tônus dos músculos da estática
dependente da nossa ereção antigravitacional, uma função estática de suspensão e a sua boa
tensão dependem do equilíbrio e da rotação articular. Possuem duas forças intervertebrais que
obriga a decomposição das forças nessa musculatura gerando uma coaptação dos processos
articulares de um lado, enquanto decoaptação do lado oposto. Após certo grau de retração
desse músculo, constitui-se uma escoliose tridimensional, onde apresentam uma rigidez das
partes moles posteriores, levando a um assincronismo do crescimento dos corpos vertebrais
anteriores e posteriores, induzindo uma rotação, promovendo uma diminuição ou
desaparecimento da curvatura fisiológica (MANHÃES et al., 2009).
A classificação da escoliose ocorre de acordo com a faixa etária de estabelecimento,
podendo ser denominada escoliose Infantil acometendo crianças de 0 a 3 anos de idade;
Juvenil acometendo crianças de 3 a 10 anos de idade; Adolescente em crianças com mais de
10 anos de idade e em escoliose Adulta, onde acometem indivíduos após o final do
crescimento (TUREK, 1991).
A escoliose progride devido ao crescimento esquelético, ocorrendo uma rotação das
partes moles posteriores, que é acrescentado por um desequilíbrio estrutural e não estrutural
13
(MANHÃES et al., 2009). Na escoliose estrutural a curva não se retifica na inclinação lateral,
o que significa que se desenvolveram deformidades ósseas vertebrais e do tecido mole, a
perda da flexibilidade normal é o primeiro sinal da curva estrutural. Já a não estrutural,
apresenta uma curva flexível e se corrige inclinando-se para o lado convexo. A escoliose
estrutural é subdividida em: idiopática, neuromuscular, congênita, neurofibromatose doenças
mesenquimatosas, doenças reumáticas, traumáticas, contraturas extra-espinhais,
osteocondrodistrofias, infecciosas, doenças metabólicas, relacionadas à articulação
lombosacra ou oncogênicas. A escoliose estrutural possui como característica a presença da
proeminência costal do lado convexo da escoliótica, sendo denominada gibosidade, surgindo
devido à rotação das vértebras e do gradil costal, no sentido posterior, para o lado da
convexidade da curva. A gibosidade se acentua no movimento de flexão de tronco e informa
se a escoliose é verdadeira ou falsa. Na região torácica, a gibosidade é reproduzida pela
rotação vertebral e das costelas posteriormente, já na região lombar, é devido à
posteriorização dos processos transversais das vértebras e por uma elevação dos músculos
eretores da espinha (MIRANDA, 2006). Já a escoliose não-estrutural pode ser causada
devida: discrepância de membros inferiores, postural, causas psicológicas (histérica),
irritações nervosas, inflamatórias e contratura ao redor do quadril (BONORINO et al.; 2007).
De acordo com a magnitude da curva, a escoliose é classificada em: Grupo I onde
apresenta angulação de 0º a 20º, Grupo II com angulação de 21º a 30º, Grupo III com
angulação de 31º a 50º, Grupo IV com angulação de 51º a 75º, Grupo V com angulação de 76º
a 100º, Grupo VI com angulação de 101º a 125º e Grupo VII onde apresenta angulação de
126º em diante. Quanto à localização da escoliose, a classificação é realizada observando o
nível da curvatura e o ápice da curvatura, podendo ser denominada: Cervical (ápice da
curvatura C1-C6), Cervicotorácica (ápice da curvatura C7-T1), Torácica (ápice da curvatura
T2-T11), Tóracolombar (ápice da curvatura T12-L1), Lombar (ápice da curvatura L2-L4) e
Lombosacra (ápice da curvatura L5-S1). O lado para qual se dirige a convexidade da
curvatura, pode ser designada em direita ou esquerda. Quando ocorre apenas uma curvatura é
denominada curva simples. Já aquelas que apresentam desvios tanto para direita como para
esquerda é denominada de curvas compostas ou duplas. A curvatura que se desenvolveu
primeiro é denominada de primária e a curvatura que se formou em resposta da curva primária
é denominada de curva secundária ou compensadora (TUREK, 1991).
Cerca de 70% a 90% dos tipos de escoliose, receberam a designação de idiopáticas,
casos leves a moderados são tratados com fortalecimento, porém os casos graves com órtese
ou cirurgia (MANHÃES et al., 2009).
14
A escoliose idiopática do adolescente (EIA) é uma alteração tridimensional da coluna
vertebral, sendo diagnosticada no adolescente com idade igual ou superior a 10 anos. Sua
prevalência varia de 1 a 3% da população, sendo as meninas mais afetadas, numa proporção
de 4/1. Apresenta etiologia desconhecida, tais como teorias biomecânicas e neuromusculares,
anormalidades do crescimento, distúrbio do tecido muscular, fibroso e ósseo, além de fatores
genéticos e hormonais, com surgimento na puberdade e progressão na fase do estirão de
crescimento. Apresenta como características clínicas posturas assimétricas, deformidades
torácicas, disfunção proprioceptiva, vestibular, sistema vestíbulo-espinhal e equilíbrio
postural. Por falta de informação muitos indivíduos apresentam a forma avançada da doença
(MANHÃES et al., 2009).
Vários fatores associados têm sido correlacionados com o avanço da curvatura, como
diagnóstico precoce, diagnóstico antes da menarca, a presença de dupla curvatura, alta
magnitude da curvatura, baixo sinal de risser e gênero feminino. A grande maioria das EIA
são assintomáticas antes de atingir altas angulações, normalmente de 40°, sua detecção
precoce aumenta em três vezes o número de pacientes tratados de maneira convencional,
diminuindo o percentual de pacientes que necessitam de tratamento cirúrgico. Trata-se de uma
patologia progressiva que compromete a postura corporal, necessitando de uma avaliação
decisiva buscando referências funcionais ou estruturais, para que possa intervir, evitando a
progressão desta deformidade (DOHNERT e TOMASI, 2008).
É necessário um diagnóstico antecipado e uma avaliação fidedigna para que se possa
realizar não apenas o tratamento, mas também a prevenção da escoliose. Têm sido utilizados
vários recursos para visualizar as alterações posturais, dentre eles a análise fotográfica, sendo
realizada em vista anterior, posterior e lateral, enfatizando a assimetria de ombros e crista
ilíaca e o raio-X, que avalia com precisão a extensão, grau e mobilidade das curvaturas,
auxiliando a medir a deformidade e a determinar as curvaturas com relação a sua correção e
potencial progressão (CARDOSO et al., 2011).
Na avaliação dos pacientes com escoliose e dos resultados dos procedimentos, tem se
utilizado o método Cobb, que avalia a intensidade da deformidade angular na escoliose sendo
o método mais mencionado na literatura para avaliação de Escoliose Idiopática do
Adolescente (EIA). Ele é usado tanto nas radiografias convencionais como nas radiografias
realizadas em aparelhos digitais. O ângulo de Cobb é medido de modo manual pela
demarcação das vértebras limites das curvas, e a determinação do valor angular com o auxílio
de goniômetro. É utilizado tanto para documentação da progressão da curva como para
selecionar e avaliar a efetividade do tratamento. Muitas vezes, a decisão sobre o tratamento
15
vai depender dos valores angulares obtidos nas diferentes radiografias (CUNHA, ROCHA e
MUNHOZ DA CUNHA, 2009).
1.3 Maturidade esquelética
Devemos acompanhar a velocidade do crescimento vertebral e o ganho em altura do
paciente para podermos observar a potencialidade e a malignidade da curvatura escoliótica
presente. A calcificação da epífise de crescimento encontrada na borda superior da asa ilíaca
determinará o grau da maturidade esquelética, é medida em graus variando de I a IV de
acordo com a porcentagem de ossificação do núcleo de crescimento da crista ilíaca. Para
classificá-lo segundo Risser, basta dividir a asa ilíaca em quatro segmentos, a linha de
calcificação aparecerá na borda lateral e migrará para a borda medial. Sua classificação se da
seguinte forma: quando a linha de calcificação não for visível é denominado Risser 0; quando
a linha de calcificação atingir o primeiro quarto da asa ilíaca (25%) teremos Risser I; ao
atingir a metade (50%) teremos Risser II; ao atingir três quatros da asa ilíaca (75%) teremos
Risser III; quando atingir a borda medial (100%) é denominado de Risser IV e ao fechar a
linha de crescimento, teremos Risser V (fusão da apófise à asa do ilíaco) (CARVALHO,
2006).
É por meio de exame radiográfico da pelve que é possível verificar e mensurar a
maturidade esquelética pela classificação do sinal de Risser, porém muitas das vezes, não são
visualizadas nas radiografias, devido à má qualidade técnica ou porque nos raios-X da coluna
não foram incluídas (LANDIM et al., 1998).
Segundo Turek (1991) é indispensável para pacientes com escoliose o acompanhamento
da maturidade esquelética, sendo útil para o planejamento do tratamento terapêutico. Já que a
escoliose deixa de progredir significamente quando o paciente atingir a maturidade
esquelética, ocorrendo aos 16 anos e meio no sexo feminino e aos 17 anos e meio no sexo
masculino.
1.4 Tratamento
O tratamento da escoliose pode ser realizado de forma conservadora ou cirúrgica, o que
definirá qual o tratamento que será empregado, é a gravidade do paciente e da patologia, visto
que, independente de qual o tipo de tratamento escolhido, todos almejam os mesmos
16
objetivos, que são corrigir os desvios posturais presentes na coluna e quando irreversíveis,
evitar a sua progressão (IUNES et al., 2010).
O tratamento cirúrgico consiste na correção das deformidades, apresentando como
objetivo impedir a progressão da curvatura, adquirir a máxima correção da deformidade nas
três dimensões e manter o balanço da coluna vertebral com a menor fusão possível (CABRAL
et al., 2009; RODRIGUES et al., 2009).
Existe uma relação entre o ângulo da curvatura encontrada na escoliose através do
método Cobb e a intervenção que será utilizada para o tratamento da escoliose, onde
angulações menores que 25º, será realizado tratamento fisioterapêutico; angulações de 25º a
45º, será utilizado fisioterapia e a utilização de colete, sendo os mais utilizados Milwaukee, o
de Boston Overlap Brace (BOB) e o de Charleston, e acima de 45º o tratamento será cirúrgico
(CARDOSO et al.,2011; HAJE et al., 2008).
A fisioterapia é parte integrante do tratamento conservador, sendo realizado através de
várias técnicas, tais como: a Reeducação Postural Global (RPG), Osteopatia, Isostretching,
Cadeias Musculares, Pilates, e o método Klapp, sendo este muito utilizado (IUNES et al.,
2010).
O método Klapp é uma técnica antiga, criada por Rudolph Klapp em 1940, ele observou
que os quadrúpedes não apresentavam escoliose, enquanto os humanos, pela ação da
gravidade na posição bípede, desenvolviam essa patologia. Consiste em exercícios de
fortalecimento e alongamento da musculatura de tronco, através de posições em gatas e
ajoelhados semelhantes aos quadrúpedes, tendo como objetivo amenizar os desvios posturais
e baseia-se no treinamento e fortalecimento da musculatura do tronco, esses exercícios
possuem grande credibilidade diante dos profissionais, vez que além de melhorar a postura,
também aumenta a flexibilidade, a tonicidade muscular bem como melhora o estado
psicológico devido ao aumento da sensação de bem-estar vivenciado pelo paciente logo após
a prática da técnica (IUNES et al., 2010). Outro recurso que vem sendo muito utilizado para o
tratamento da escoliose é a Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) de média freqüência
(2500 Hz) conhecida como corrente russa (MANHÃES et al., 2009). Sendo inicialmente
utilizada pelo pesquisador soviético chamado Yakov Kots na década de 70, para promover
maior ganho de força muscular que aquela obtida através da contração muscular voluntária
(BORGES et al., 2007). A EENM é uma técnica de fortalecimento baseada na estimulação
dos ramos intramusculares dos motoneurônios, que induz à contração muscular e é utilizada
na reabilitação para o tratamento de hipotrofia, elasticidade, contraturas e fortalecimento,
17
além de programas de treinamento em atletas, gerando um ganho de torque isométrico
(PICHON et al.,1995).
A corrente russa, estimula os nervos motores, despolarizando as membranas, induzindo
assim uma contração muscular mais forte sincronizada, resultando em um fortalecimento
muscular. Tem efeito no músculo normal, como nas desordens musculares, na escoliose
idiopática tem sido usada com um tratamento na redução das curvas escolióticas (MANHÃES
et al., 2009).
Habitualmente tem sido aplicada para ganho de força em músculos com predominância
de fibras glicolíticas, tipo IIA, trabalhando dessa forma a melhoria de sua função primordial
que é o desenvolvimento de força muscular. Os músculos com predominância de fibras
oxidativas tem sido pouco utilizados em estudos de EENM. A eteletroestimulação pode ser
utilizada como método suplementar muito útil de treinamento de força. Ela pode aumentar
não somente a força máxima estimulada como também a força voluntária, a velocidade do
movimento e a resistência muscular (FLECK e KRAEMER, 2004).
As alterações da coluna vertebral mais especificamente os desvios látero-laterais,
denominados escoliose, têm acometido um grande número de indivíduos, causando uma série
de complicações que prejudicam a saúde geral deste indivíduo. Podendo a fisioterapia ser uma
importante aliada para combater a progressão desta patologia, através de diversas técnicas
com o objetivo de corrigir a postura, realinhar a coluna, melhorar a flexibilidade muscular,
evitar o desenvolvimento da curvatura escoliótica, dentre outros benefícios que colaboram
para a melhora do quadro clínico do paciente.
Tendo em vista o crescimento da atuação da fisioterapia nos desvios da coluna
vertebral e a pequena quantidade de estudos existentes a respeito da eficácia da EENM, o
presente estudo utilizou a associação entre o método Klapp e a EENM com o intuito de
contribuir com a prática fisioterapêutica para o tratamento da escoliose.
18
2 HIPÓTESE
Espera-se com o estudo, uma redução de ambas as angulações das curvaturas
escolióticas presentes na coluna vertebral.
19
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar o efeito da Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) associado ao método
Klapp, no tratamento conservador de um voluntário portador de Escoliose idiopática do
adolescente.
3.2 Objetivo Específico
Analisar e comparar através das radiografias pré e pós-tratamento conservador, as
angulações das curvaturas escolióticas utilizando o método Cobb para mensuração das
curvaturas.
20
4 METODOLOGIA
4.1 Desenho do Estudo
Trata-se de um estudo de caso descritivo.
4.2 Amostra
Após a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São
Francisco (USF), Bragança Paulista, SP, sob protocolo CAEE: 0025.0.142.000-10. A amostra
foi composta por um voluntário de 16 anos de idade, do sexo masculino, portador de escoliose
idiopática do adolescente. O responsável pelo menor assinou o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (ANEXO II), de acordo com as orientações da Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde.
4.3 Critério de Inclusão
Foi incluído no estudo um voluntário que apresentava escoliose estrutural classificada
como idiopática com ângulo de Cobb maior que 15º, portando em mãos o encaminhamento
médico para início de tratamento fisioterapêutico e apresentando RX panorâmico ou digital,
sendo possível visualizar toda a coluna vertebral em uma única imagem radiológica. O
responsável pelo menor apresentou ter a capacidade de entender o teor que envolve o estudo,
confirmando seu aceite através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO II).
4.4 Critério de Exclusão
Foram excluídos do estudo portadores de escoliose Congênita, Neuromuscular,
Oncogênicas, Inflamatórias, entre outras classificações diferentes daquela definida pelo
critério de inclusão, além daqueles que apresentaram problemas cardiorrespiratórios,
neurológicos, fratura de coluna, implantes metálicos na coluna ou dores crônicas nos joelhos.
21
O voluntário não estava realizando nenhum outro tipo de tratamento fisioterapêutico e não
fazia uso de órtese para redução da curvatura escoliótica.
4.5 Materiais e equipamentos
Foram utilizados os seguintes materiais: toalha de papel, lápis dermatográfico,
travesseiro, gel condutor hipoalergênico, tapete etil vinil acetato (EVA), espaldar e maca
(divã).
Em relação aos equipamentos foram utilizados: aparelho negatoscópio para leitura das
radiografias, goniômetros para mensuração da angulação das curvas escoliótica, aparelho de
eletroestimulação neuromuscular ENDOPHASYS R® versão 6.0 da marca KLD Biossistemas
Equipamentos Ltda. e câmera fotográfica da marca SONY Cyber-shot 7.2 Mega Pixels.
4.6 Procedimentos
Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO II), pelo
responsável do menor, o tratamento foi iniciado em 01 de setembro de 2008 e finalizado em
24 de outubro de 2008. O tratamento fisioterapêutico foi realizado em três dias da semana,
sendo realizados 20 minutos de eletroestimulação seguido de 30 minutos de exercícios do
método Klapp, somando um total de 50 minutos dispensados em cada sessão fisioterapêutica.
O estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco
(USF), compreendendo o estudo em fase de pré e pós-tratamento fisioterapêutico.
Foi iniciado o estudo de caso através da análise do raio-X pré-tratamento, onde foi
aplicado o método de Cobb para determinar o grau das angulações das curvaturas escolióticas.
O método Cobb consiste em traçar uma linha vertical no platô inferior da vértebra que mais se
inclina, (vértebra limite inferior) e no platô da vértebra que mais se inclina na região superior
(vértebra limite superior), a seguir é traçado uma perpendicular ao traço superior e inferior,
partindo de um ângulo de 90º, obtendo assim um cruzamento das perpendiculares já traçadas.
O ângulo dessas linhas, que se cruzam foi anotado e registrado. O procedimento de
mensuração das angulações das curvaturas foi realizado na região torácica e na região
tóracolombar, devido à presença de dupla curvatura na coluna vertebral. Após foi iniciado o
tratamento fisioterapêutico com a aplicação dos exercícios do método Klapp, sendo realizados
através de comandos verbais do terapeuta, fazendo com que o voluntário conseguisse manter-
22
se nas posturas sem compensações, sendo realizadas 6 repetições, mantendo cada posição por
15 segundos. Os exercícios do método Klapp utilizados neste estudo foram os seguintes:
(FIGURA 1)
-Engatinhar ou marcha em 4 apoios:
Posição inicial: 4 apoios;
Deslocamento feito em marcha cruzada em avanço alternado com mão e joelho
do lado oposto;
Ao avançar, o joelho deverá estar inteiramente ao lado da mão; os joelhos
deslizam sem deixar o chão;
Os cotovelos permanecem estendidos;
A cabeça segue a movimentação lateral do tronco;
Olhar em direção ao joelho avançado;
O braço impulsionado descreve um semicírculo com a curva fora rasantes ao
chão;
Dedos voltados para frente.
-Arco grande:
Posição inicial: 4 apoios;
Alongar o braço esquerdo na diagonal e à frente enquanto os joelhos e o
cotovelo contra lateral estará em uma flexão de 90º;
Estender a perna direita levando a ponta do pé direito para trás da perna
esquerda;
Fazer a rotação externa coxofemoral direita;
O tronco permanece bem inclinado;
Ombros em linha horizontal: cabeça erguida olha mão esquerda, levar a mão
esquerda para frente e segurar no espaldar;
A perna estendida (direita) dá um passo;
O braço esquerdo volta à direção do joelho esquerdo;
Fisioterapeuta posiciona-se em cima do voluntário para mobilização das
extremidades coxofemorais e escapulo- umerais.
23
(a) (b)
(c)
FIGURA 1: Exercício do método Klapp: (a) e (b) exercício de engatinhar ou marcha em 4
apoios, (c) arco grande adaptado ao espaldar.
Em seguida foi utilizado o protocolo de aplicação de EENM (corrente Russa) (ANEXO
III), sendo o voluntário posicionado na maca em decúbito ventral, com as costas despidas e
travesseiro sob a região abdominal no intuito de proporcionar um maior conforto e alinhar a
coluna lombar de forma apropriada. Os eletrodos foram posicionados por intermédio de um
gel hipoalergênico e específico para a utilização de eletroterapia, sendo estabilizados por uma
fita adesiva e posicionados transversalmente ao ventre da musculatura eretora da coluna
vertebral, no lado convexo das curvaturas escoliótica em uma distância de 10 cm acima e
abaixo da vértebra ápice da curvatura.
Após o procedimento de posicionamentos do voluntário e ajustes dos eletrodos, foi
iniciada a aplicação do protocolo estabelecido (ANEXO III), sempre respeitando o limiar de
tolerância do voluntário (FIGURA 2).
24
FIGURA 2: Posicionamento dos eletrodos da EENM
Realizada as 24 sessões de fisioterapia, iniciou-se a fase pós-tratamento, onde o
voluntário foi submetido à realização de um novo raio-X, onde se obteve a visualização de
toda coluna vertebral, sendo aplicado na radiografia o método Cobb para mensuração da
angulação das curvaturas escoliótica. Após foi realizado uma comparação das radiografias pré
e pós-tratamento conservador (FIGURA 3).
(a) (b)
FIGURA 3: Análise das Radiografias: (a) pré- tratamento fisioterapêutico e (b) pós-
tratamento fisioterapêutico.
25
5 RESULTADOS
A figura abaixo demonstra a dupla curvatura escoliótica (curva em “S”) presente no
voluntário do estudo de caso, avaliado através da mensuração do ângulo de Cobb realizado
nas radiografias na fase pré e pós-tratamento conservador, utilizando a EENM com corrente
de média freqüência associado ao método Klapp.
FIGURA 4: Mensuração das curvaturas escolióticas
Em azul e em verde estão identificados respectivamente os momentos pré-tratamento e
pós-tratamento na região torácica (T8) e região tóracolombar (T12). Na fase pré-tratamento na
região torácica o voluntário apresentava 35º graus de angulação da curvatura e após 24
sessões de tratamento apresentou 25º de angulação da curvatura escoliótica, obtendo-se uma
redução de 28,6% da curvatura escoliótica superior na fase pós-tratamento. Na região
tóracolombar o voluntário apresentava na fase pré-tratamento 40º graus de angulação e na
26
fase pós-tratamento 37º, obtendo-se 7,5% de redução da angulação da curvatura escoliótica
inferior.
27
6 DISCUSSÃO
O presente estudo foi realizado com um voluntário portador de escoliose estrutural, ou
seja, a do tipo idiopática, onde não há uma causa estabelecida, sendo o tipo mais incidente
entre as escolioses, atingindo cerca de 70% a 90% dos casos. Sua classificação ocorre em três
categorias: infantil, juvenil e do adolescente.
Neste estudo o voluntário apresentava-se com 16 anos de idade, sexo masculino, com
presença de dupla curvatura escoliótica (curva em “S”), com altas magnitudes, apresentando a
curvatura torácica uma angulação de 35° e a curvatura tóracolombar 40° de angulação.
Segundo a Sociedade de Pesquisa em Escoliose, a escoliose idiopática do adolescente ocorre
entre 10 e 17 anos de idade, com curvas maiores de 10°. Apresentando de 0,1% a 0,3% de
prevalência na população entre 10 e 16 anos, sendo a incidência de curvas maiores no sexo
feminino (JÚNIOR et al., 2011).
Apesar de sua etiologia desconhecida, sabe se que o estirão de crescimento está
relacionado à progressão das curvaturas escoliótica e que seu início ocorre principalmente
durante a puberdade. A probabilidade de progressão das curvaturas está relacionada com a
idade do indivíduo no momento do diagnóstico, maturação sexual, sinal de Risser (análise da
ossificação da crista do ilíaco), e fatores específicos da curva, como padrão, magnitude e
localização da curvatura (JÚNIOR et al., 2011). Um dos fatores que interfere no diagnóstico é
o quadro assintomático presente na grande maioria das escolioses idiopáticas antes de
atingirem grandes angulações, geralmente acima de 40º na mensuração do ângulo Cobb
(DÖHNERT e TOMASI, 2008).
No presente estudo pode-se observar um diagnóstico tardio da escoliose idiopática do
adolescente, ocorrendo aos 16 anos de idade, quando as curvas já apresentavam grandes
angulações. Segundo Ylikoski (2011) apud Júnior et al. (2011) fatores como menarca,
velocidade de crescimento e sinal de Risser, são fatores confiáveis para predizer a progressão
da curvatura escoliótica.
Neste estudo foi realizada análise radiográfica aplicando o método Cobb para
mensuração das curvaturas escolióticas. De acordo com Cunha, Rocha e Cunha (2009) o
método de Cobb é o mais utilizado para avaliação da escoliose idiopática do adolescente,
sendo utilizado tanto para documentar a progressão da curva como para selecionar o
tratamento e avaliar sua efetividade. É considerado pela Sociedade de Pesquisa em Escoliose
como o melhor método para determinação da magnitude da curva escoliótica.
28
Segundo Turek (1991) as curvaturas duplas são na maioria delas uma curva torácica
direita e uma curva lombar esquerda, e esse padrão ocorre quando há duas curvas de grau
elevado e igual magnitude. O padrão típico é de uma curva torácica direita de T5 a T11 ou
T12, e uma curva lombar esquerda de T11 ou T12 a L4 ou L5. O que corrobóra com o estudo
realizado, onde o voluntário apresentava uma curva dupla, sendo a torácica direita em T8,
com vértebra limite superior em T5 e vértebra limite inferior em T9. Já a curvatura
tóracolombar esquerda em T12, apresentava vértebra limite superior T9 e vértebra limite
inferior em L2.
Ao início do tratamento a curvatura torácica estava com 35º de angulação e a
tóracolombar estava com 40º de angulação. De acordo com Turek (1991) curvaturas com
angulações entre 31º e 50º são pertencentes ao Grupo III, e já a partir do Grupo IV não é
possível correção por meio de tratamento conservador sendo necessário tratamento cirúrgico,
o que demonstra a grande magnitude destas curvaturas.
O presente tratamento mostrou-se eficaz, pois atingiu uma redução de 10º no ângulo da
curvatura torácica e 3º na curvatura tóracolombar, e consistiu em 24 sessões de EENM
associado ao método Klapp.
A obtenção da diminuição de 10° na região torácica e apenas 3° na curvatura
tóracolombar pode ser explicada pelo fato de se ter utilizado uma menor intensidade da
corrente na região tóracolombar, ou seja, uma amplitude menor em comparação a intensidade
ajustada na região torácica. Isso se deve ao fato do desconforto sensorial relatado pelo
voluntário ao ajustar os parâmetros de intensidade.
O desconforto sensorial gerado pela estimulaçãoelétrica neuromuscular (EENM) é um
fator limitante para a utilização da corrente elétrica, ocasionando alteração no desempenho
muscular. Estudo realizado por Liebano e Alves (2009), relata o grau de desconforto sensorial
gerado pela estimulaçãoelétrica neuromuscular (EENM) de baixa e média freqüência no
músculo quadríceps femoral, para ganho de força muscular em mulheres saudáveis, e
concluem que se comparadas as correntes de baixa e média frequência, ambas não apresentam
diferenças significativas no grau de desconforto gerado, porém o desconforto ocasionado
pode limitar a aplicação terapêutica.
A fisioterapia possui várias técnicas para o tratamento das alterações posturais, mais
especificamente a escoliose, porém poucos são os estudos encontrados na literatura relatando
a eficácia da utilização da corrente russa e do método Klapp para o tratamento da escoliose.
Manhães et al., (2009) realizaram um estudo com adolescentes, onde utilizou-se a
corrente Russa associado à Reeducação Postural Global (RPG) para tratamento da escoliose.
29
Foram realizadas 8 sessões de fisioterapia, 2 vezes por semana durante o período de 1 mês,
obtendo resultados significativos na redução das curvaturas escolióticas, além de aumento da
flexibilidade de cadeia posterior.
Iunes et al., (2010) realizaram um estudo com 16 indivíduos portadores de escoliose
idiopática, tratados duas vezes por semana, durante 20 sessões com o método Klapp. Foi
observado que o tratamento foi mais eficaz nas assimetrias de tronco em comparação com as
assimetrias de pelve.
Sugere-se que novos estudos sejam realizados para o tratamento da escoliose, com um
número maior de voluntários, sendo verificadas as alterações posturais no início e no final do
tratamento, observando-se além das angulações das curvaturas escoliótica e sinal de Risser, as
alterações posturais decorrentes desta afecção e qual a influência do tratamento
fisioterapêutico sobre as mesmas.
30
7 CONCLUSÃO
Através do estudo realizado, foi possível concluir que o tratamento conservador por
meio da EENM associado ao método Klapp foi eficaz na redução das curvaturas escolióticas
do voluntário, porém não houve redução total em nenhuma das angulações. As diferentes
proporções de redução das curvaturas podem ter relação dose-dependente uma vez que o
voluntário apresentou maior tolerância à EENM na região torácica.
31
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33
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escolares.Meta: Avaliação. Rio de Janeiro, v.3 n.7 pp.81-94, jan/abr. 2011.
34
ANEXOS
35
ANEXO I
36
ANEXO II
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Efeitos da Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) associada ao método
Klapp para redução do ângulo da curvatura escoliótica-relato de caso
Eu___________________________________________________, RG_____________
responsável legal pelo menor__________________________________ com idade________,
dou meu consentimento livre e esclarecido para o menor participar da pesquisa de aplicação
da eletroestimulação (corrente russa) associado ao método Klapp, nas curvaturas escoliótica,
Sendo que o procedimento será realizado da seguinte maneira:
1. No procedimento de aplicação da EENM o voluntário será posicionado na maca em
decúbito ventral com as costas despidas e travesseiro sob região abdominal no intuito de
proporcionar o maior conforto possível e alinhar a coluna lombar de forma apropriada;
2. Os eletrodos serão posicionados por intermédio de um gel hipoalergênico e específico
para utilização de eletroterapia, sendo estabilizados por uma fita adesiva. Serão posicionados
transversalmente ao ventre da musculatura eretora da coluna vertebral, no lado convexo da
curvatura escoliótica em uma distância de 10 cm acima e abaixo da vértebra ápice das
curvaturas;
3. Depois de realizados o procedimento de posicionamento do paciente e ajuste dos eletrodos
será iniciado a aplicação da terapia com a utilização do protocolo estabelecido, respeitando
sempre o limiar doloroso do voluntário;
4. No procedimento de Klapp o voluntário será posicionado da seguinte maneira:
-Engatinhar ou marcha em 4 apoios:
Posição inicial: 4 apoios;
Deslocamento feito em marcha cruzada em avanço alternado com mão e joelho
do lado oposto;
Ao avançar, o joelho deverá estar inteiramente ao lado da mão; os joelhos
deslizam sem deixar o chão;
Os cotovelos permanecem estendidos;
37
A cabeça segue a movimentação lateral do tronco;
Olhar em direção ao joelho avançado;
O braço impulsionado descreve um semicírculo com a curva fora rasantes ao
chão;
Dedos voltados para frente.
-Arco grande:
Posição inicial: 4 apoios;
Alongar o braço esquerdo na diagonal e à frente enquanto os joelhos e o
cotovelo contra lateral estará em uma flexão de 90º;
Estender a perna direita levando a ponta do pé direito para trás da perna
esquerda;
Fazer a rotação externa coxofemoral direita;
O tronco permanece bem inclinado;
Ombros em linha horizontal: cabeça erguida olha mão esquerda, levar a mão
esquerda para frente e segurar no espaldar;
A perna estendida (direita) dá um passo;
O braço esquerdo volta à direção do joelho esquerdo;
Fisioterapeuta posiciona-se em cima do voluntário para mobilização das
extremidades coxofemorais e escapulo- umerais.
5. O objetivo da pesquisa é verificar os resultados da aplicação da aplicação da
eletroestimulação neuromuscular (EENM) através da corrente russa na redução dos ângulos
das curvaturas escoliótica;
6. A participação neste estudo acarretará benefício terapêutico;
7. O voluntário obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente
sobre a participação do referido ensaio clínico;
8. O voluntário pode abandonar a qualquer momento o tratamento sem sofrer prejuízo; o
tratamento não acarreta riscos e se interrompido, deixa de ter benefício;
9. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, e o HUSF e a Clínica
de Fisioterapia da Universidade São Paulo não identificarão o voluntário por ocasião da
exposição;
10. É condição indispensável para a participação no ensaio clínico que esteja em boa saúde,
portanto, não esteja no momento sob tratamento médico ou fazendo uso de qualquer tipo de
medicamento;
38
11. O voluntário poderá entrar em contato com o Prof. M.e Cláudio Fusaro, responsável pelo
estudo, sempre que necessário na própria Clínica de Fisioterapia do HUSF, (0xx11)4034
8133;
12. Telefone do comitê de ética; (0xx11)4034 8355;
13. O Termo de Consentimento Livre (TCLE) será feito em duas vias permanecendo uma em
poder do voluntário.
___________________________________________
Responsável pelo Menor-Voluntário
____________________________________________
Responsável pela pesquisa: Prof. Ms. Cláudio Fusaro
Bragança Paulista-SP______ de ____________ 20_____.
39
ANEXO III
O protocolo da EENM foi estabelecido durante 8 semanas de aplicação, somando um
total de 24 sessões, sendo divididos em parâmetros fixos e parâmetros variáveis:
Parâmetros fixos
Corrente portadora
Frequência de modulação
Tempo de aplicação
2500 Hz
30 Hz
20 minutos
Parâmetros variáveis
Semanas
Porcentagem de
treinamento
Tempo de
contração
Tempo de
relaxamento
1ª semana: 1 ª, 2ª e 3ª
sessão
20%
3 seg.
30 seg.
2ª semana: 4ª, 5ª e 6ª
sessão
35%
6 seg.
27 seg.
3ª semana: 7ª, 8ª e 9ª
sessão
50%
9 seg.
24 seg.
4ª semana: 10ª, 11ª e 12ª
sessão
50%
12 seg.
21 seg.
5ª a 8 ª semana: 13ª a 24ª
sessões
50%
15 seg.
18 seg.
40
Intensidade da dose em miliamperes (mA) aplicada no voluntário durante as 24
sessões de tratamento fisioterapêutico.
Região Torácica
Dias
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
9º
10º
11º
12º
Intensidade
(mA)
121
130
137
140
143
140
136
136
136
140
143
137
Dias
13º
14º
15º
16º
17º
18º
19º
20º
21º
22º
23º
24º
Intensidade
(mA)
130
142
140
144
142
138
142
140
139
139
142
140
Região Torácolombar
Dias
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
9º
10º
11º
12º
Intensidade
(mA)
126
127
112
134
135
135
112
112
116
134
139
115
Dias
13°
14°
15°
16°
17°
18°
19°
20°
21°
22°
23°
24°
Intensidade
(mA)
127
136
134
137
135
128
126
135
114
114
136
134