Efeitos da toxicidade de oxigênio no paciente sob ventilação mecânica

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Efeitos da toxicidade do oxigênio no paciente sob ventilação mecânica Pós-Graduanda: Anisia Matos Sabe-se que o oxigênio (O2) é um gás, inodoro e indolor, presente no ar a qual respiramos e fundamental para a manutenção da vida do ser humano, responsável direto pela nutrição dos tecidos, sendo para nosso organismo imprescindível. Por isso a administração do oxigênio em paciente da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sob ventilação mecânica é essencial e sumamente necessária para mantê- lo vivo. Porém devemos atentar para os efeitos tóxicos que o oxigênio apresenta, de forma que, quando utilizado erroneamente possa prejudicar o tratamento do paciente. Para Pereira et al (2008) o oxigênio quando é administrado em altas concentrações ou quando é utilizado por um período prolongado de tempo, pode causar lesões pulmonares e sistêmicas no indivíduo. Dessa forma, pacientes que necessitam de ventilação mecânica prolongada podem estar mais expostos a esses riscos. Considerando-se que o tratamento adequado da hipoxemia depende primeiramente de uma compreensão fisiopatológica satisfatória de todos os mecanismos envolvidos, concentrações desnecessárias de oxigênio podem ser utilizadas em determinadas situações sem que a real causa da hipoxemia seja efetivamente corrigida. Os efeitos deletérios ou tóxicos do O2 ainda são alvos de muitos estudos, e sabe-se que o tempo e as concentrações de O2 dependendo da forma usada, podem levar a disfunções pulmonares devido a alterações no SNC, cardiovascular, pela liberação de radicais livres até mesmo efeitos tóxicos. A toxicidade do O2 em relação ao tempo de exposição (FIO2 100%), lesões agudas: 12-24 horas: traqueobronquite, tosse seca, redução da CV, dor subesternal, ↓ da atividade mucociliar. 24-36 horas: parestesias, náuseas, vômitos, ↓ acentuada da VC, alteração da síntese protéica nas células endoteliais. 36- 48 horas: ↓ da complacência pulmonar, capacidade de difusão e aumento da diferença arterio -alveolar de O2. 48- 60 horas: inativação do surfactante, edema alveolar por aumento da permeabilidade. Acima de 60 horas: Pulmão de Sara e morte (PRESTO, 2003). Segundo Filho, (1998), elevadas taxas de O2 no ar inspirado podem causar diretamente lesões no epitélio do trato respiratório, ocasionando edema pulmonar. Ao passo que o edema pulmonar evolui, se tem o extravasamento de proteínas, levando a redução das propriedades do surfactante, diminuindo a tensão superficial e colaborando para o colapso alveolar. Devido à alta exposição de O2, achados experimentais mostraram disfunções como atelectasias, edema alveolar intersticial, derrame pleural e modificações na função e estrutura celular. Avaliando os efeitos da toxicidade do O2 é preciso estabelecer uma criteriosa administração de oxigênio em pacientes sob ventilação mecânica, para que, uso elevado de concentrações de O2 não venha prejudicar a hemodinâmica do mesmo e levá-lo a óbito. Portanto, faz-se necessário o entendimento dos efeitos tóxicos do oxigênio para o uso adequado do mesmo.

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Efeitos da toxicidade do oxigênio no paciente sob ventilação mecânica

Pós-Graduanda: Anisia Matos

Sabe-se que o oxigênio (O2) é um gás, inodoro e indolor, presente no ar a qual respiramos

e fundamental para a manutenção da vida do ser humano, responsável direto pela nutrição dos tecidos,

sendo para nosso organismo imprescindível. Por isso a administração do oxigênio em paciente da UTI

(Unidade de Terapia Intensiva) sob ventilação mecânica é essencial e sumamente necessária para mantê-

lo vivo. Porém devemos atentar para os efeitos tóxicos que o oxigênio apresenta, de forma que, quando

utilizado erroneamente possa prejudicar o tratamento do paciente.

Para Pereira et al (2008) o oxigênio quando é administrado em altas concentrações ou

quando é utilizado por um período prolongado de tempo, pode causar lesões pulmonares e sistêmicas no

indivíduo. Dessa forma, pacientes que necessitam de ventilação mecânica prolongada podem estar mais

expostos a esses riscos. Considerando-se que o tratamento adequado da hipoxemia depende

primeiramente de uma compreensão fisiopatológica satisfatória de todos os mecanismos envolvidos,

concentrações desnecessárias de oxigênio podem ser utilizadas em determinadas situações sem que a real

causa da hipoxemia seja efetivamente corrigida.

Os efeitos deletérios ou tóxicos do O2 ainda são alvos de muitos estudos, e sabe-se que o

tempo e as concentrações de O2 dependendo da forma usada, podem levar a disfunções pulmonares

devido a alterações no SNC, cardiovascular, pela liberação de radicais livres até mesmo efeitos tóxicos. A

toxicidade do O2 em relação ao tempo de exposição (FIO2 100%), lesões agudas: 12-24 horas:

traqueobronquite, tosse seca, redução da CV, dor subesternal, ↓ da atividade mucociliar. 24-36 horas:

parestesias, náuseas, vômitos, ↓ acentuada da VC, alteração da síntese protéica nas células endoteliais. 36-

48 horas: ↓ da complacência pulmonar, capacidade de difusão e aumento da diferença arterio-alveolar de

O2. 48- 60 horas: inativação do surfactante, edema alveolar por aumento da permeabilidade. Acima de 60

horas: Pulmão de Sara e morte (PRESTO, 2003).

Segundo Filho, (1998), elevadas taxas de O2 no ar inspirado podem causar diretamente

lesões no epitélio do trato respiratório, ocasionando edema pulmonar. Ao passo que o edema pulmonar

evolui, se tem o extravasamento de proteínas, levando a redução das propriedades do surfactante,

diminuindo a tensão superficial e colaborando para o colapso alveolar. Devido à alta exposição de O2,

achados experimentais mostraram disfunções como atelectasias, edema alveolar intersticial, derrame

pleural e modificações na função e estrutura celular.

Avaliando os efeitos da toxicidade do O2 é preciso estabelecer uma criteriosa administração

de oxigênio em pacientes sob ventilação mecânica, para que, uso elevado de concentrações de O2 não

venha prejudicar a hemodinâmica do mesmo e levá-lo a óbito. Portanto, faz-se necessário o entendimento

dos efeitos tóxicos do oxigênio para o uso adequado do mesmo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FILHO, Luiz V.F. Silva; Doença pulmonar crônica neonatal. Jornal de Pediatria, Vol. 74, Nº4, 1998.

PRESTO, B.L. V; PRESTO L.D.N. FISIORERAPIA RESPIRATÓRIA:UMA NOVA VISÃO. Rio de

Janeiro, 2003.

PEREIRA, Daniel Martins; SILVA, Iandara Schettert; SILVA, Baldomero Antonio Kato da; AYDOS,

Ricardo Dutra; CARVALHO, Paulo de Tarso Camillo de; ODASHIRO, Alexandre Nakao; OLIVEIRA,

Luis Vicente Franco de. Efeitos da Alta Concentração de Oxigênio (Hiperóxia) por Tempo

Prolongado no Tecido Pulmonar de Ratos Wistar. Revista Biociência, Unitau, Volume 14, N°2, 2008.

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