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1 Eficácia da acupuntura no tratamento das lombalgias Rossinê Carvalho Ramires 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Acupuntura Faculdade Fasam Resumo A lombalgia é uma patologia muito comum atualmente, causada não somente por traumas na coluna lombar, como também gestação e até mesmo sedentarismo. Por consequência, há um aumento na procura de tratamentos não medicamentosos para o alívio da dor, sendo assim a acupuntura é um tratamento que se faz eficaz para muitos dos indivíduos que procuram alivio rápido e prolongado.Seus efeitos analgésicos dão bem-estar aos pacientes, fazendo com que a procura desta técnica tenha aumentado nos últimos anos. Sendo assim o objetivo deste artigo é confirmar a eficácia da acupuntura no tratamento das lombalgias. A metodologia adotada foi revisão da bibliografia que consistia nos artigos nos seguintes assuntos: acupuntura, dor lombar, lombalgia e medicina alternativa. Os artigos escolhidos tiveram relevância, pois, chegaram à conclusão de que o tratamento com acupuntura é eficaz para minimizar a dor lombar apesar de haver variabilidade metodológica e diferenciação na população estudada e alguns artigos não detalham com clareza o procedimento utilizado. Palavras-chave: Lombalgia; Dor lombar; acupuntura. 1. Introdução A dor lombar, ou lombalgia, acompanha o homem desde que este assumiu a postura ereta. Inúmeros fatores têm contribuído para um aumento na prevalência da dor lombar, entre eles o estilo de vida urbano sedentário, a obesidade, as novas exigências do trabalho (doenças ocupacionais). O aumento da sobrevida média da população e as alterações degenerativas associadas ao envelhecimento (RIGO et al,2011). A lombalgia é um termo utilizado para a dor na região da coluna lombar. De acordo com Briganó e Macedo (2005) a lombalgia afeta com maior frequencia a população, levando a um maior custo à sociedade. A dor lombar é um importante problema de saúde pública nos países desenvolvidos e é uma das principais razões pelas quais adultos procuram tratamento médico (MONTEIRO E RIBEIRO, 2010). A lombalgia pode ser classificada como primária ou secundária, com ou sem comprometimento neurológico; mecânico-degenerativa; não mecânica; inflamatória, infecciosa, metabólica, neoplásica ou secundária a repercussão de doenças sistêmicas. Ainda há o importante grupo das lombalgias não orgânicas, de extrema importância no contexto ocupacional ou pericial, à custa dos frequentes ganhos secundários pertinentes a essas situações. Entre as lombalgias não orgânicas há aquelas secundárias à síndrome de Munchausen (pouco frequente), as lombalgias simuladas com interesse direto e consciente de ganhos secundários óbvios (usualmente financeiros) e as lombalgias psicossomáticas, secundárias a conflitos psicológicos usualmente inconscientes, podendo ou não ser acompanhadas de queixas somáticas. Os ganhos secundários também podem ter relação com estre último tipo 1 Pós-graduando em Acupuntura. 2 Orientadora: Graduada em Fisioterapia; Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.

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Eficácia da acupuntura no tratamento das lombalgias

Rossinê Carvalho Ramires1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade Fasam

Resumo

A lombalgia é uma patologia muito comum atualmente, causada não somente por traumas na

coluna lombar, como também gestação e até mesmo sedentarismo. Por consequência, há um

aumento na procura de tratamentos não medicamentosos para o alívio da dor, sendo assim a

acupuntura é um tratamento que se faz eficaz para muitos dos indivíduos que procuram alivio

rápido e prolongado.Seus efeitos analgésicos dão bem-estar aos pacientes, fazendo com que

a procura desta técnica tenha aumentado nos últimos anos. Sendo assim o objetivo deste

artigo é confirmar a eficácia da acupuntura no tratamento das lombalgias. A metodologia

adotada foi revisão da bibliografia que consistia nos artigos nos seguintes assuntos:

acupuntura, dor lombar, lombalgia e medicina alternativa. Os artigos escolhidos tiveram

relevância, pois, chegaram à conclusão de que o tratamento com acupuntura é eficaz para

minimizar a dor lombar apesar de haver variabilidade metodológica e diferenciação na

população estudada e alguns artigos não detalham com clareza o procedimento utilizado.

Palavras-chave: Lombalgia; Dor lombar; acupuntura.

1. Introdução

A dor lombar, ou lombalgia, acompanha o homem desde que este assumiu a postura ereta.

Inúmeros fatores têm contribuído para um aumento na prevalência da dor lombar, entre eles o

estilo de vida urbano sedentário, a obesidade, as novas exigências do trabalho (doenças

ocupacionais). O aumento da sobrevida média da população e as alterações degenerativas

associadas ao envelhecimento (RIGO et al,2011).

A lombalgia é um termo utilizado para a dor na região da coluna lombar. De acordo com

Briganó e Macedo (2005) a lombalgia afeta com maior frequencia a população, levando a um

maior custo à sociedade.

A dor lombar é um importante problema de saúde pública nos países desenvolvidos e é uma

das principais razões pelas quais adultos procuram tratamento médico (MONTEIRO E

RIBEIRO, 2010).

A lombalgia pode ser classificada como primária ou secundária, com ou sem

comprometimento neurológico; mecânico-degenerativa; não mecânica; inflamatória, infecciosa, metabólica, neoplásica ou secundária a repercussão de doenças sistêmicas.

Ainda há o importante grupo das lombalgias não orgânicas, de extrema importância

no contexto ocupacional ou pericial, à custa dos frequentes ganhos secundários

pertinentes a essas situações. Entre as lombalgias não orgânicas há aquelas

secundárias à síndrome de Munchausen (pouco frequente), as lombalgias simuladas

com interesse direto e consciente de ganhos secundários óbvios (usualmente

financeiros) e as lombalgias psicossomáticas, secundárias a conflitos psicológicos

usualmente inconscientes, podendo ou não ser acompanhadas de queixas somáticas.

Os ganhos secundários também podem ter relação com estre último tipo

1 Pós-graduando em Acupuntura. 2 Orientadora: Graduada em Fisioterapia; Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestranda em

Bioética e Direito em Saúde.

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(psicossomático), porém, de maior complexidade que aqueles com simples simulação.

Também pode ser classificada sob o ponto de vista do comprometimento dos tecidos

como de origem muscular e ligamentar: lombalgia por fadiga da musculatura; de

origem no sistema de mobilidade e estabilidade da coluna: lombalgia por torção da

coluna lombar ou ritmo lombo-pélvico inadequado e lombalgia por instabilidade

articular; de origem no disco intervertebral: lombalgia por protrusão intra discal do

núcleo pulposo e lombalgia por hérnia de disco intervertebral; e como

predominantemente psíquica: lombalgia como uma forma de conversão

psicossomática ou objetivando ganhos secundários (JUNIOR; GOLDENFUM E

SIENA, 2010).

A principal queixa relacionada à região lombar é a dor, caracterizada por experiência

sensorial e emocional suscitada por uma lesão tecidual, real ou potencial. A etiologia da dor

lombar não está claramente definida, devido aos múltiplos fatores de risco. Citam-se, entre

eles, os trabalhos repetitivos, ações de empurrar e puxar, quedas, postura de trabalho estáticas

e sentadas, tarefas onde há vibração em todo o corpo, trabalhos que envolvem o agachamento

e torção ou levantamento repetitivo de objetos pesados, principalmente quando as cargas

ultrapassam a força do trabalhador (ANTÔNIO, 2002 apud BRINAGÓ E MACEDO, 2005).

A maioria dos pacientes melhora apenas com tratamento sintomático para a dor. De fato,

cerca de 60% dos pacientes com dor lombar referem melhora da dor em 7 dias apenas com

tratamento conservador, e a maioria melhora em até 1 mês (FILHO et al, 2006).

Apenas recentemente têm-se observado iniciativas quanto à aplicação de programas de

exercícios físicos relacionados à promoção da saúde, sendo a grande maioria direcionada a

combater agravos crônico-degenerativos de característica cardiovascular e metabólica, como

as doenças do coração e obesidade; pouco esforço é despendido, ainda, em programas de

atividade física relacionada à saúde, envolvendo o sistema osteomioarticular, tendo com

exemplo a lombalgia (TOSCANO E EGYPTO, 2001).

A acupuntura é um sistema médico complexo integral, sem semiologia e diagnósticos

específicos, sendo considerada uma parte integrante da medicina tradicional chinesa,

praticada há 2.500 anos. A intervenção pela acupuntura consiste na inserção de agulhas para

estímulos em determinados pontos da superfície corporal. Esses pontos fazem parte de uma

rede de meridianos interconectados entre si e com os órgãos, por onde flui a energia vital do

organismo (Qi). Atuando sobre esses pontos, é possível interferir na função dos órgãos,

buscando corrigir desequilíbrios no fluxo de energia, promovendo a melhora do indivíduo

(RIGO et al, 2011).

Segundo Yuan, Kerr e Liu (2008) apud Monteiro e Ribeiro (2010), é uma técnica alternativa

que tem grande popularidade no mundo ocidental e vem se disseminando por diversos países

do mundo.

Prática milenar, fazendo parte da chamada Medicina Tradicional Chinesa, a acupuntura tem

experimentado um aumento expressivo de adeptos, tanto em números dos que praticam, como

número dos que se submetem ao seu tratamento (LIN, HSING e PAI, 2008).

Em acupuntura, o objetivo do tratamento é recuperar a circulação normal do Qi. Os pontos de

acupuntura (Figura 1) são locais onde o Qi percorre os meridianos é transportado à superfície

do corpo (DAVIS, 2006).

Em 1912, o médico inglês Willian Osler descreveu o uso da acupuntura em sua primeira

edição do The principles and practices of medicine, indicando-a como “o melhor tratamento”

para a dor lombar (RIGO et al, 2011).

A importância do estudo das lombalgias se justifica pela sua alta prevalência na população e

pelo expressivo impacto socioeconômico negativo gerado pelos casos de incapacidade física,

sintomas de dor, alta morbidade, podendo ser considerado um problema de saúde pública em

nosso país (FEITAL, 2011).

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Fonte: (DAVIS, 2006:358)

Figura 1- Pontos da Acupuntura

Esta revisão bibliográfica tem o intuito de fornecer dados positivos sobre a eficácia da

acupuntura como tratamento das lombalgias, para que a mesma seja utilizada sozinha como

tratamento ou em conjunto com outras técnicas.

2. Anatomia e Fisiologia

A coluna vertebral é o eixo do corpo e deve conciliar dois imperativos mecânicos

contraditórios: a rigidez e a flexibilidade. Ela consegue esta façanha graças à sua estrutura

mantida (KAPANDJI, 2000).

A coluna lombar de um adulto consiste tipicamente em 33 vértebras dispostas em cinco

regiões: 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas (MOORE e DALLEY,

2001) (Figura 2).

A região cervical, que contém sete vértebras cervicais, no pescoço. A região torácica,

que contém doze vértebras torácicas, localizadas na região posterior da cavidade

torácica. A região lombar, que conte, cinco vértebras lombares, que sustentam a região

posterior do dorso. A região sacral, que é o sacro, osso formado por cinco vértebras

sacrais fundidas. A região coccígea, que contém um osso chamado cóccix, formado,

normalmente, por quatro vértebras coccígeas. Assim, antes da fusão das vértebras

sacrais e coccígeas, o número total de vértebras é 33 (TORTORA e GRABOWSKI,

2002:183).

As vértebras nas diferentes regiões da coluna vertebral apresentam alguma modificação das

vértebras típicas. As vértebras em cada região normalmente podem ser identificadas por causa

de características especiais (MOORE e DALLEY, 2001).

As vértebras lombares são as maiores e mais fortes vértebras da coluna vertebral,

porque a quantidade de peso corporal que tem que ser suportado, pelas vértebras, vai

aumentando conforme descemos para a extremidade distal da coluna vertebral. As

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várias projeções das vértebras lombares são curtas e grossas. Os processos articulares

superiores são direcionados medialmente, em vez de superiormente, e os processos

articulares inferiores são direcionados lateralmente, em vez de inferiormente. Os

processos espinhosos têm forma quadrangular, são grossos e largos, e projetam-se

quase horizontalmente. Os processos espinhosos são bem adaptados para a inserção

dos grandes músculos do dorso (TORTORA e GRABOWSKI, 2002:186-187).

As curvaturas da coluna vertebral de um adulto são classificadas da seguinte forma: cervical e

lombar, em lordose e torácica e sacral juntamente com o cóccix, em cifose. Já as curvaturas

anormais da coluna vertebral são as acentuações de casa curvatura: hipercifose, hiperlordose e

também a escoliose que é a anormalidade lateral juntamente com a rotação das vértebras.

A cifose é caracterizada por um aumento anormal na curvatura torácica: a coluna

vertebral se curva posteriormente. Esta anormalidade pode resultar da erosão da parte

anterior de uma ou mais vértebras. A lordose é caracterizada por uma rotação anterior

da pelve nas articulações do quadril, produzindo um aumento anormal da curvatura

lombar: a coluna vertebral curva-se mais anteriormente. Essa deformidade de extensão anormal é frequentemente associada com a fraqueza da musculatura do tronco,

especialmente os músculos abdominais ântero-laterais. Escoliose é caracterizada por

uma curvatura lateral anormal que é acompanhada pela rotação das vértebras. Os

processos espinhosos voltam-se para a cavidade da curvatura anormal e, durante a

flexão para frente, as costelas giram posteriormente sobre o lado de convexidade

aumentada (MOORE e DALLEY, 2001:382).

Fonte: (MOORE e DALLEY, 2001:382)

Figura 2 – Coluna vertebral e o número de vértebras por suas regiões.

Toda a coluna é percorrida por uma complexa rede de músculos, tendões e ligamentos que

sustentam o corpo, e ao mesmo tempo, proporcionam força e flexibilidade, sendo os

principais músculos responsáveis pelas posturas, os músculos flexores, os extensores, os retos

abdominais, os oblíquos internos e externos e os rotadores (PUTZ e PABST, 2000 apud

FEITAL, 2011).

De acordo com Tortora e Grabowski (2002) os músculos que movem a coluna dorsal são: o

eretor da espinha, o grupo iliocostal, o grupo longuíssimo, o grupo espinhal, os transverso-

espinhais, o multífido, os interespinhais, intertransversais e o grupo de escalenos.

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3. Dor

A dor é um mecanismo protetor. A dor ocorre sempre que qualquer tecido é lesionado,

fazendo com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso (GUYTON e HALL,

2006).

A dor é indispensável à sobrevivência. Ela serve como função protetora por sinalizar a

presença de condições nocivas, lesivas aos tecidos. Do ponto de visa médico, a descrição e a

indicação subjetivas da dor podem ajudar, com precisão, a determinar a causa subjacente da

doença (TORTORA e GRABOWSKI, 2002).

O corpo humano possui terminações nervosas livres que são denominadas

nociceptores ou receptores algésicos, e que quando estimuladas, geram a sensação de

dor. Elas se distribuem por todo o organismo, com algumas raras exceções. A

densidade de receptores algésicos não é alta na maior parte dos tecidos, mas quando o

estímulo doloroso é aplicado sobre uma superfície ampla, as respostas podem ser

somadas, causando dores intensas. Esse processo é bastante evidente nas vísceras,

onde perfurações e cortes geralmente não geram dor, ao contrário das distensões de

áreas amplas, que geram dores intensas (FARIA et al, 2009).

Existem dois tipos de dor: a dor rápida e a dor lenta. A percepção da dor rápida ocorre com

muita rapidez, em geral dentro de 0,1 segundo após a aplicação do estímulo. A percepção da

dor lenta, ao contrário, começa um segundo ou mais após o estímulo ser aplicado (TORTORA

e GRABVOWSKI, 2002).

Os nociceptores das terminações Aẞ e Aẟ são responsáveis pela geração da chamada dor

aguda, rápida ou primária. A dor lenta ou crônica é gerada pela estimulação de fibras do tipo

C, recebendo também nomes de dor pulsante, em queimação ou nauseante (FARIA et al,

2009).

O sistema de analgesia consiste em três grandes componentes: (1) As áreas

periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e região superior da ponte que circundam o aqueduto de Sylvius e porções do terceiro e do

quarto ventrículos. Os neurônios destas áreas enviam sinais para (2) o núcleo magno

da rafe, um fino núcleo da linha média localizado nas regiões inferior da ponte e

superior da medula oblonga, e o núcleo reticular paragigantocelular, localizado

lateralmente na medula oblonga. A partir destes núcleos, os sinais de segunda ordem

são transmitidos através das colunas dorsolaterais da medula espinhal, para (3) um

complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinhal, Neste

ponto, os sinais de analgesia podem bloquear a dor antes de esta ser transmitida para o

encéfalo (GUYTON e HALL, 2006:602).

É postulado pela Teoria da Comporta que as fibras de grosso calibre, como as responsáveis

pela mecanorrecepção de baixo limiar, estimulam interneurônios inibitórios na medula espinal

que bloqueiam o repasse dos sinais da dor (FARIA et al,2009).

4. Lombalgia

As partes do pescoço e do dorso onde a coluna vertebral possui a maior liberdade de

movimentos – as regiões cervical e lombar – são os locais mais frequentes de dor

incapacitante (MOORE e DALLEY, 2001).

As causas podem ser multifatoriais e incluem: postura inadequada, sobrecarga local, trauma,

alterações degenerativas da coluna, doença inflamatória, infecciosa ou neoplásica, sendo que

em 80% dos casos o diagnóstico etiológico é praticamente impossível de se determinar

(FEITAL, 2011).

Os tratamentos convencionais, no que diz respeito aos tratamentos medicamentosos e

cirúrgicos para a dor lombar, nem sempre conseguem atingir os objetivos do paciente

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de aliviar o desconforto físico e psicológico, o que o mantém limitado para

desenvolver a prática de suas atividades cotidianas como as atividades de vida diárias

e laborais. A abordagem terapêutica do portador desta patologia é essencialmente

difícil, devido à dificuldade no diagnóstico bem como à multiplicidade de fatores

envolvidos, como os ambientais, psicológicos e socioeconômicos. No entanto, novas

propostas de tratamento devem ser apresentadas pela sociedade científica objetivando

uma abordagem terapêutica satisfatória em sua aplicação (FEITAL, 2011).

A região lombar é onde estão localizados os rins e a área suprida pelo meridiano do rim, por

isso a dor lombar está estreitamente relacionada aos rins. A dor lombar é uma doença

comumente vista na clínica. Distúrbios e lesões dos meridianos, regiões musculares e dos

colaterais que suprem a região lombar também podem levar a essa dor (MAO-LIANG, 2001)

A dor referida se projeta da coluna para as vísceras e outras estruturas situadas no

território dos dermátomos lombar e sacral superior, e outro que se projeta das vísceras

pélvicas e abdominais para a coluna. A dor causada por doença da região superior da

coluna lombar é, com frequência, referida para o flanco, a parte lateral do quadril, a virilha e a parte anterior da coxa. Isto tem sido atribuído à irritação dos nervos clúnios

superiores, derivados das divisões posteriores dos três primeiros nervos espinhais

lombares e que inervam as partes superiores das nádegas. A dor proveniente da região

inferior da coluna lombar, em geral, referida para a parte inferior das nádegas e

posterior das coxas (NASCIMENTO, AGUIAR E FERREIRA, 1999 apud SILVA et

al, 2005).

Os indivíduos portadores de lombalgia crônica podem manter a sensação de dor mesmo após

a fase resolutiva da causa primária da dor, sendo a sensação dolorosa pode ser

desproporcional à lesão do tecido (LORENZETTI et al, 2006).

Sofrer exposição à vibração por longo prazo combinada com levantamento de peso, ter como

profissão dirigir e realizar freqüentes levantamentos são os maiores fatores de risco para lesão

da coluna lombar (COX, 2002).

5. Acupuntura

A aplicação de técnicas tradicionais ocidentais associadas às técnicas orientais como a

Acupuntura é uma tendência que tem se demonstrado bastante usual entre os profissionais

acupunturistas durante o tratamento de diversas patologias, devido à viabilidade e eficácia

apresentadas na obtenção dos resultados, além da ausência de efeitos colaterais, diferente de

que ocorre com o tratamento convencional (FEITAL, 2011).

A acupuntura existe há pelo menos 2000 anos. Ela faz parte da medicina tradicional chinesa,

que se baseia nos conceitos de yin, yang, Qi (que se pronuncia chi), meridianos e muitos

outros (DAVIS, 2006).

Pelo princípio de Yin e Yang podem-se explicar os fenômenos que ocorrem nos órgãos

através dos conceitos de superficial e profundo, de excesso e deficiência, de calor e frio.

Desse modo, se as energias Yin e Yang estiverem em perfeita harmonia, o organismo,

certamente estará com saúde (WEN, 1985).

Só há uma energia que é a matéria fundamental que constitui o universo, e tudo no

mundo é o resultado de seus movimentos e transformações. Para o homem,

microcosmo no macrocosmo, só existe um Qi que é a raiz dele. Esse Qi se apresenta

de dois modos: 1. O Qi participando na formação dos elementos constitutivos do

corpo e permitindo à vida de se manifestar. É ele representado seja pela “essência”,

por exemplo, o Qi da respiração (Qi céu), de natureza Yang, seja pela “substância”,

por exemplo, o Qi da alimentação (Qi da terra) de natureza Yin. 2. O Qi constituído

pela atividade fisiológica dos tecidos orgânicos, por exemplo, o Qi dos órgãos, o Qi

dos vasos. Esses dois aspectos do Qi tem relações recíprocas; o primeiro é a base

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material do segundo, o segundo é a manifestação da atividade do primeiro

(AUTEROCHE e NAVAILH, 1992:33-34).

O Qi percorre trajetos existentes no corpo, que são conhecidos como meridianos (Figura 3). A

circulação do Qi pelos meridianos é semelhante à circulação do sangue pelos vasos

sanguíneos. Se houver um impedimento ou bloqueio do fluxo sanguíneo, o indivíduo adoece

(DAVIS, 2006).

Com efeito, a acupuntura é uma técnica antiga que objetiva diagnosticar doenças e

promover a cura pela estimulação da força de autocura do corpo. Esse processo se dá

pelo realinhamento e redirecionamento da energia, por meio da estimulação de pontos

de acupuntura por agulhas finas metálicas, laser, pressão e outras formas de

abordagem. A acupuntura, entretanto, é somente uma das terapêuticas da Medicina

Tradicional Chinesa, pois essa medicina inclui ervas, dietas, massagem e exercícios.

Todas essas técnicas são desenvolvidas com base no princípio da indissociabilidade

do corpo com o ambiente, das relações intrínsecas entre o microcosmo e o universo,

permeado com a mesma energia (KUREBAYASHI, FREITAS e OGUISSO, 2006:931).

O Yang – Yin – Conceito básico e fundamental de todas as ciências orientais que

corresponde à condição primordial e essencial para origem de todos os fenômenos

naturais como princípio da energia e da matéria; Cinco Movimentos – por meio deste

conceito, procura-se explicar os processos evolutivos da natureza, do universo, da

saúde e da doença; o conceito do Zang/Fu aborda a fisiologia energética dos órgãos,

vísceras e dos Canais Curiosos do ser humano, que constituem o alicerce para a

compreensão da fisiologia e da propedêutica energética e da fisiologia das doenças e

seu tratamento na Acupuntura (FEITAL, 2011).

A medicina chinesa considera a função do corpo e da mente como resultado da interação de

determinadas substâncias vitais, que se manifestam em vários níveis de “substancialidade”,

sendo uma delas rarefeita e outras totalmente imateriais. Para o pensamento chinês o corpo e a

mente não são feitos como um mecanismo complexo, mas como um círculo de energia e

substâncias vitais interagindo uns com os outros para formar o organismo (SILVA et

al,2005).

Fonte: (DAVIS, 2006:357)

Figura 3- A) Meridianos da Bexiga e B) meridianos da vesícula Biliar.

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Inúmeros estudos sobre acupuntura e modernos experimentos clínicos comprovaram que a

acupuntura tem efeito analgésico satisfatório. Isso pode ser observado no tratamento de dores

de cabeça, nos flancos, gástricas, abdominais, lombares, nevralgia do trigêmeo, ciática,

dismenorreia e pós-operatória. A analgesia por acupuntura se baseia nisso, e daí foi

desenvolvida, resultando bons efeitos analgésicos do tratamento por acupuntura (MAO-

LIANG, 2001). Pesquisas recentes visam a entender o mecanismo de ação da acupuntura:

- A acupuntura altera a circulação sanguínea. A partir da estimulação de certos

pontos, pode-se alterar a dinâmica da circulação regional proveniente de

microdilatações. Outros pontos promovem o relaxamento muscular, sanando o

espasmo, diminuindo a inflamação e a dor.

- O estímulo de certos pontos promove liberação de hormônios, como o cortisol e

as endorfinas, promovendo a analgesia.

- A acupuntura ajuda a aumentar a resistência do hospedeiro. Quando há agressão

externa, alguns sistemas orgânicos são prejudicados. Há uma regulação interna

para oferecer resistência à doença. A acupuntura exacerba estes mecanismos para

que em menos tempo o equilíbrio e a saúde sejam restabelecidos. Muitas pesquisas revela, ser possível o estímulo do hipotálamo, da hipófise e de outras

glândulas que atuam na recuperação.

- A acupuntura regula e normaliza as funções orgânicas. As diversas funções no

homem são inter-relacionadas. Se há algum distúrbio alterado esse inter-

relacionamento, ocorre à manifestação de sintomas e a doença se estabelece. O

estímulo pela Acupuntura pode dinamizar e restabelecer os relacionamentos

anteriores e apressar a recuperação.

- A acupuntura promove o metabolismo. O metabolismo é fundamental na

manutenção da vida. Em certas condições de doença, há alteração do

metabolismo dos diversos órgãos, com consequência prostração e deficiência do

organismo. A acupuntura permite a recuperação desse metabolismo importante no processo de cura (WEN, 1985).

O acupunturista deve tomar a decisão de quais pontos de acupuntura precisam ser

estimulados. Em seguida, ele também deve decidir quanto à própria técnica de estimulação

(DAVIS, 2006).

É importante que esta técnica milenar seja sempre realizada com serenidade, profundidade

científica e respeito. Para que seja, capazes de esclarecer completamente suas bases cientificas

(FEITAL, 2011).

6. Acupuntura na Lombalgia

De acordo com a Medicina Chinesa, o tratamento através da Acupuntura visa à normalização

dos órgãos doentes. Segundo a teoria da Acupuntura, todas as estruturas do organismo se

encontram originalmente em equilíbrio pela atuação das energias Yin (negativas) e Yang

(positivas) (FEITAL, 2011).

O frio é a manifestação de uma abundância de Yin Qi, sua natureza é então o Yin e de

frio manifesta um enfraquecimento do Yang Qi e pode-se dizer. “A abundancia de Yin

produz o frio”. O Yang Qi estando diminuído não pode mais realizar sua função normal aquecimento

e mutação do Qi, e ao aparecem às doenças frias devidas a diminuição da atividade do

organismo.

- Se o frio externo penetrar no invólucro muscular, o Yang Wei fica congestionado

e poder-se-á sentir temor do frio.

- Se o ataque do frio for diretamente dirigido ao baço e ao estômago, o Yang do

baço será danificado e como reação observa-se cavidade estomacal e ventre frios

e doloridos, vômitos e diarreia.

- Se o Yang do baço e dos rins estiver vazio, a capacidade de “aquecer e

transportar” falta, há diminuição da atividade funcional, suscitando os sintomas,

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temor do frio, membros frios, lombos e coluna vertebral frios e doloridos, edema,

ascite (Fu Shui), diarreia de alimentos não digeridos, poliúria (AUTEROCHE e

NAVAILH, 1992).

Maciocia (2007) explica:

Padrões de deficiência

o Deficiência do Yang do Rim

- B-23 tonifica o Yang do Rim.

- Du-4 fortalece o Fogo da Porta da Vida. A moxa é aplicável.

- Ren-4 (com moxa) tonifica o Yang do Rim e o Qi Original, (sem moxa)

tonifica o Yin do Rim e a essência, acalma a mente, nutre o Yin do Rim e

conduz o calor para baixo.

- Ren-6 (com moxa) tonifica o Yan do Rim.

- R-3 tonifica o Rim.

- R-7 é específico para tonificar o Yang do Rim.

- B-52 tonifica o Rim e, em particular, seu aspecto mental, ou seja, a Força

de vontade.

- Jinggong tonifica o Yang do Rim e aquece a Essência.

o Deficiência do Yin do Rim

- Ren-3, sem moxa, tonifica o Yin do Rim e a Essência do Rim (com moxa,

pode tonificar o Yang do Rim).

- R-3 tonifica o Rim.

- R-6 é específico para tonificar o Yin do Rim e beneficia a garganta

(particularmente indicado para tratar boca seca à noite).

- R-10 é específico para tonificar o Yin do Rim.

- R-9 tonifica o Yin do Rim, particularmente útil no caso de ansiedade e

tensão emocional de origem do Rim.

- BP-6 tonifica o Yin do Fígado e do Rim e acalma a mente.

- Ren-7 nutre o Yin.

- P-7 e R-6, em combinação, abrem o Vaso Diretor (Ren Mai) e nutrem o

Yin do Rim.

o Falta de Firmeza do Qi do Rim

- B-23 tonifica yang do Rim e firma o Qi.

- Du-4 tonifica o Yang do Rim e o Fogo da Porta da Vida. É um ponto

importante para interromper incontinência, enurese, micção excessiva, etc.

- R-3 tonifica o Rim.

- B-52 tonifica o Yang do Rim e fortalece a força de vontade.

- Ren-4 com moxa tonifica o Yang do Rim e o Qi Original.

- Jinggong tonifica o Yang do Rim e firma a porta do esperma.

- Ren-6 tonifica e firma o Qi.

- Du-20 eleva o fundamento do Qi.

- R-32 firma o Qi nos órgãos sexuais.

o Rim Falhando em Receber o Qi

- R-7 fortalece a recepção do Qi do Rim.

- R-3 tonifica o Rim.

- P-7 e R-6, em combinação, abrem o Vaso Diretor, estimulam a descida do

Qi do Pulmão e a recepção do Qi do Rim e beneficiam a garganta.

- E-36 tonifica o Qi em geral e é importante para tratar condições crônicas.

- B-23 e Du-4 tonificam o Yan do Rim

- Ren-6 (com moxa) tonifica o Yang do Rim e puxa o Qi até o abdome.

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- Ren-17 tonifica o Qi e estimula a descida do Qi do Pulmão.

- R-25 é um importante ponto local do tórax do canal de Rim para estimular

a recepção do Qi do Rim e melhorar a respiração.

- Du-12 e B-13 tonificam o Qi do Pulmão; é importante nas condições

crônicas.

- Ren-4 e R-13 tonificam o Rim e, especificamente, R-13 fortalece a

recepção do Qi do Rim.

o Deficiência da Essência do Rim

- R-3 tonifica o Yin do Rim e a Essência

- R-6 tonifica o Yin do Rim

- Ren-4 e R-13 tonificam a Essência.

- B-23 tonifica o Rim.

- Du-4 tonifica o aspecto Yang da Essência. Esse ponto ;e usado apenas se a

deficiência da Essência do Rim acontecer contra uma base de deficiência de

Yang pronunciada.

- VB-39 tonifica a Medula óssea.

- Du-20 estimula a Medula a preencher o Cérebro.

- Du-14 estimula a Medula a alcançar o Cérebro.

- B-15 tonifica o coração a abrigar a Mente, consequentemente tonifica o

cérebro.

- B-11 nutre os Ossos.

- Du-17 e Du-16 são pontos do Mar da Medula e, então, estimulam a

nutrição do cérebro por meio da Medula.

Padrões de Excesso/Deficiência:

o Deficiência do Yang do Rim, Transbordamento da Água

- Du-4 fortalece o Fogo da Porta da Vida que promove a transformação da

água.

- B-23 tonifica o Yang do Rim.

- B-22 estimula a transformação dos fluidos no Aquecedor Inferior.

- B-20 (com moxa) tonifica o Yang do Baço.

- Ren-9 promove a transformação dos fluidos.

- E-28 promove a transformação dos fluidos no Aquecedor Inferior.

- BP-9 e BP-6 solucionam a Umidade do Aquecedor Inferior.

- R-7 tonifica o Yang do Rim e soluciona o edema.

- Du-14 (com moxa direta) tonifica o Yang Coração.

- B-15 (com moxa) tonifica o Yang do Coração.

- P-7 estimula a função do Pulmão de dominar as Passagens das Águas e

soluciona o edema.

- B-13 e Du-12 tonificam o Qi Pulmão.

o Deficiência do Yin do Rim, Agitação do Calor por Deficiência

- R-3 tonifica o Rim.

- R-6 e R-10 nutrem o Yin do Rim.

- R-9 tonifica o Yin do Rim e acalma a Mente.

- Ren-4 tonifica o Yin do Rim e acalma a Mente.

- R-2 clareia o Calor por Deficiência do Rim.

- BP-6 tonifica o Yin do Rim e acalma a Mente.

- C-5 e P-7 são usados para conduzir o Calor para baixo, longe da cabeça

(onde perturba a Mente).

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- P-10 clareia o Calor do Pulmão e é usado se houver sintomas de Calor no

Pulmão (tosse seca, expectoração com sangue). Também conduz o Calor para

baixo, longe da cabeça.

- C-6 clareia o Calor por Deficiência e acalma a Mente.

- Du-24 acalma a Mente.

- IG-11 clareia o Calor,

Padrões Combinados

o Deficiência do Yin do Rim e do Fígado

- R-3 tonifica o Rim.

- R-6 tonifica o Yin do Rim.

- F-8 tonifica o Sangue do Fígado e o Yin do Fígado.

- Ren-4 tonifica o Yin do Rim, o Yin do Fígado e a Essência do Rim.

- B-23 tonifica o Rim, em doenças crônicas.

- R-13 nutre Yin do Rim e do Fígado.

- B-10 pode ser usado para tratar dor de cabeça occipital.

o Desarmonia do Rim e do Coração

- C-7 acalma a mente.

- C-6 clareia o Calor por Deficiência e nutre o Yin do Coração (combinado

com R-7 (Fuliu) é específico para sudorese noturna).

- C-5 clareia o Calor por Deficiência do Coração e conduz o Calor para baixo,

longe da cabeça.

- Yintang acalma a Mente.

- B-15 clareia o Calor do Coração.

- Ren-15 acalma a Mente e nutre o Yin Coração.

- Du-24 acalma a Mente.

- R-3, R-9 e R-10 tonificam o Yin do Rim; R-9, em particular, acalma a

Mente.

- R-6 nutre o Yin do Rim.

- Ren-4 nutre o Yin do Rim e a Essência do Rim e conduz o Calor para baixo.

- BP-6 nutre o Yin e acalma a mente.

o Deficiência do Yin do Rim e do Pulmão

- R-3 tonifica o Yin do Rim.

- P-7 e R-6, em combinação, abrem o Vaso Diretor, beneficiam a garganta,

estimulam a recepção do Rim do Qi e tonificam o Yin do Pulmão e do Rim.

- Ren-4 e R-13 nutrem o Yin e a Essência do Rim.

- P-9 nutre o Yin do Pulmão.

- P-1 nutre o Yin do Pulmão, restabelece a descida do Qi do Pulmão e

interrompe a tosse.

- BP-6 nutre o Yin do Rim e promove os fluidos.

- B-43 tonifica o Yin do Pulmão e é específico para tratar condições crônicas.

o Deficiência do Yang do Rim e do Baço

- B-23 tonifica o Yang do Rim.

- Du-4 fortalece o Fogo da Porta da Vida.

- Ren-4 tonifica o Yang do Rim (com cones de moxa direta).

- Ren-6 tonifica o Qi em geral e o Yang, se estimulado com moxa direta. É

um ponto importante para tratar diarreia crônica.

- R-3 tonifica o Rim.

- R-7 tonifica o Yang do Rim e soluciona edema.

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- B-52 e Jinggong tonificam o Yang do Rim, aumentam a força de vontade e

nutrem a Essência; essa combinação é boa para tratar depressão da deficiência

de Yang do Rim.

- Ren-12, E-36 e BP-3 tonificam o Yang do Baço.

- B-20 e B-21 tonificam o Yang do Baço.

- Ren-9 promove a transformação e transporte dos fluidos para solucionar a

Umidade.

- E-37 é o ponto Mar Inferior para o Intestino Grosso e é específico para

interromper a diarreia crônica.

- E-25 interrompe a diarreia.

- B-25 é o ponto de Transporte dorsal para o Intestino Grosso e interrompe a

diarreia (MACIOCIA, 2007:479-495).

7. Metodologia

Para que este artigo de revisão fosse desenvolvido, foram pesquisados artigos científicos,

onde foram feitos levantamentos da literatura. A busca foi realizada nos bancos de dados e

bibliotecas virtuais como, Bireme, Scielo, Pub Med, Medline, entre o período de 2012 a 2014

com as palavras-chave: lombalgia, dor lombar, acupuntura, analgesia e terapias

complementares. Foram também utilizados livros específicos com os conceitos do assunto

para que juntamente com os artigos encontrados fosse elaborado este artigo.

Apesar dos artigos tratarem de dores lombares causadas por fatores etiológicos, métodos e

diferenciação na população, tornou-se irrelevante pois esta revisão se trata da eficácia da

acupuntura nesta patologia sendo ela causada por qualquer fator etiológico.

8. Resultados e Discussão

Na revisão realizada por Monteiro e Ribeiro (2010), não foi possível retirar conclusões claras

sobre a eficácia da acupuntura no tratamento da dor lombar inespecífica aguda. Em questão à

dor lombar inespecífica crônica, a acupuntura tem eficácia, isoladamente ou como

coadjuvante de outros métodos terapêuticos.

Apesar dos diferentes biótipos e aspectos pessoais, no artigo de Silva et al (2005), relataram

que a acupuntura apresentou resultados satisfatórios na redução da dor lombar, obtendo

87,5% de melhora, sendo assim mostraram que a acupuntura é um método seguro, com

resultados rápidos para o alívio da dor, sendo que sugeriram o acompanhamento longitudinal

para que haja controle dos resultados obtidos em seu estudo.

Lorenzetti et al (2006) concluíram que há evidências de que a acupuntura é eficaz no

tratamento de lombalgia crônica, sendo que em alguns casos sugerem que o aprofundamento

das pesquisas seja necessário para que haja caracterização da efetividade da terapêutica.

Em sua revisão bibliográfica, Rigo et al (2011) constataram os efeitos fisiológicos da

acupuntura sendo que muitos estudos os levaram a resultados inconclusivos por causa do

tamanho das amostras, uso de controles inadequados, entre outros. Relatam também que há

dúvidas sobre a necessidade da utilização de pontos específicos para obter analgesia.

Kurebayash, Freitas e Oguisso (2009) em seu estudo confirmaram que a acupuntura pode ser

inserida no tratamento de vários tipos de enfermidades, incluindo a lombalgia, sendo ela

aguda ou crônica. Este tratamento pode ocorrer como técnica preventiva, curativa e

reabilitadora.

Alves (2007) cita que a acupuntura leva vantagens quando relacionada a outras técnicas, pois,

o tempo de ação e intensidade de analgesia e muito rápido e também proporciona

relaxamento. Após a terapia com agulhas o autor recomenda a acupressão para que se

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prolongue o efeito do tratamento, estes efeitos foram descritos pela maioria dos entrevistados

como sendo positivos.

Em seu estudo com mulheres gestantes com lombalgia, Quimelli (2013), relata que o

tratamento com acupuntura foi mais efetivo em relação ao placebo, fazendo com que os

medicamentos utilizados fossem reduzidos ao final do tratamento.

9. Conclusão

A acupuntura, desde os tempos antigos, nos mostra ser uma técnica eficaz em muitas

patologias, nas quais, muitas delas, apesar de haver tratamento médico, faz-se necessário o

tratamento com acupuntura para minimizar a algia sem a utilização de medicamentos, que

acabam por trazer complicações com suas reações, causando desconforto aos indivíduos.

De acordo com o que vimos nos resultados desta revisão, todos os estudos foram claros em

dizer que a acupuntura mostrou-se eficaz no tratamento das lombalgias, atingindo o objetivo

deste artigo.

Apesar de as técnicas realizadas pelos autores não terem sido idênticas umas às outras, pois a

faixa etária, causa e intensidade da dor terem sido totalmente diferenciadas, além do protocolo

do procedimento que foi diferenciado em todos os estudos levantados neste artigo.

A partir deste ponto, portanto, há necessidade de mais estudos científicos que nos tragam mais

evidências para esta patologia em questão, pois a mesma vem crescendo de acordo,

principalmente, com o sedentarismo da população.

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