ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS NA CONCESSÃO DE...

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FUNDAÇAo GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇAo ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS NA CONCESSÃO DE CRÉDITO AO CONSUMIDOR DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE LUIS GERALDO MENDONÇA Rio de Janeiro 2002

Transcript of ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS NA CONCESSÃO DE...

FUNDAÇAo GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇAo ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS NA CONCESSÃO DE CRÉDITO AO CONSUMIDOR

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

LUIS GERALDO MENDONÇA

Rio de Janeiro 2002

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

ELEMENTOS A SEREM CONSIDERADOS

NA CONCESSÃO DE CRÉDITO AO CONSUMIDOR

Dissertação de mestrado apresentada por

LUIS GERALDO MENDONÇA

E

Aprovada em 24/06/2002

Orientador: Prof

Prof. Or. Paulo P varini Ra

@WH Prof. Or. Pauld Roberto de Mendonça Motta

Junho/2002

Agradeço a Deus, a minha família, aos meus professores, e a todas as

pessoas que, ao longo desta jornada, me apoiaram, fazendo com que este trabalho

se concretizasse.

RESUMO

Este trabalho visa analisar os elementos necessários à concessão de crédito

ao consumidor para financiamento de automóveis pelas instituições financeiras.

o estudo fundamenta-se no resgate de conceitos já existentes, assim como

no desenvolvimento de novas técnicas, voltadas para a análise dos riscos que

envolvem esse tipo de financiamento em função da importância desse negócio para

as instituições financeiras.

A metodologia utilizada, quanto aos fins, foi a pesquisa exploratória, pois

trata-se de assunto de pouco conhecimento técnico no Brasil, e da pesquisa

metodológica, pois é necessário conhecer os procedimentos e técnicas a fim de

alcançar os objetivos. Quanto aos meios, pesquisa de campo para mostrar as ações

atuais das instituições, assim como suas perspectivas, e bibliográfica, a fim de

resgatar o instrumental analítico já existente.

Uma metodologia composta de elementos objetivos e confiáveis aplicada a

esse segmento de mercado, resultará num processo seletivo de clientes, o que

contribuirá para a melhoria dos resultados nas instituições financeiras, através da

diminuição do risco de suas carteiras.

ABSTRACT

The purpose of this work is to analyze the elements required by the financiai

institutions for concession of credit in financing cars to customers.

The study is based in the recovery of already living concepts, as well as in the

development of new techniques, aiming the analysis of the risks evolved in this kind

of operation, regarding the importance of this segment for financiai institutions.

Regarding objectives, the methodology used, was exploratory research, for it

is a subject of little technical knowledge in Brazil, and methodological itself, for it is

necessary to know the procedures and techniques in order to achieve the target.

Regarding the means, field research will be used to demonstrate how institutions act

nowadays and their perspectives, as well as bibliographic research, regaining the

existent analytical instrumental.

A methodology based on reliable and straight elements, applied to thís

segment of the market, will result in a process much more selective of the clients,

which will contribute for the improvement of results in those financing institutions,

through the decrease of the risks in their accounts.

SUMÁRIO

o PROBLEMA E A METODOLOGIA ......... ................................................................. 7

1 .1. Contextualização do Problema ........................................................................ 7

1.2. Formulação do Problema ................................................................................. 8

1.3. Objetivos ................................ .......................................................................... 8

1.3.1. Objetivo Final ............................................................................................. 8 1.3.2. Objetivos Intermediários .. .......................................................................... 9

1.4. Hipótese ............ .................................................................................... " ... , ..... 9

1.5. Relevância do Estudo ...................................................................................... 9

1.6. Delimitação do Estudo ..................................................................................... 9

1 .7. Definição dos Termos .................................................................................... 1 O

METODOLOGIA .......................... ............................................................................. 12

2.1. Tipo de Pesquisa ........................................................................................... 12

2.1.1. Quanto aos fins ........................................................................................ 12 2.1.2. Quanto aos meios .................................................................................... 12

2.2. Universo e Amostra ........................................................................................ 12

2.3. Seleção dos Sujeitos ...................................................................................... 13

2.4. Coleta de Dados ............................................................................................ 13

2.5. Tratamento dos Dados ................................................................................... 13

2.6. Limitações do Método .................................................................................... 14

REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 15

3.1. As raízes do Crédito ao Consumidor ................... ........................................... 15

MODELO .................................................................................................................... 16 3.2. Processo de Iniciação ao Crédito ........ ........................................................... 16

3.3. Elementos Chaves na Concessão de Crédito ................................................ 19

3.4. Gerenciamento de Risco ................................................................................ 21

3.4.1. Planejamento do Produto ........................................................................ 22 3.4.2. O Processo de Iniciação ao Crédito ........................................................ 31 3.4.3. Iniciação ao Crédito ........... ...................................................................... 45 3.4.4. Processo de Cobrança ............................................................................ 62 3.4.5. Sistemas de Informações Gerenciais ...................................................... 67 3.4.6. Produtos Especializados I Empréstimos Indiretos ................................... 69

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 75

REFERÊNCiAS ....... ................................................................................................. 83

ANEXOS ................................................................................................................... 84

7

o PROBLEMA E A METODOLOGIA

1.1. Contextualização do Problema

A concessão de crédito ao consumidor tornou-se um negócio atrativo devido à

contribuição que pode dar na geração de lucros das instituições financeiras,

principalmente no financiamento de automóveis.

Por essa razão as instituições financeiras passaram a preocupar-se com as

ações relativas ao processo de concessão de crédito ao consumidor.

Uma das razões dessa preocupação é o não recebimento dos créditos

concedidos, pois isso afeta a margem de lucro das instituições financeiras.

Há cem anos atrás, conforme Ventura (2000), crédito era privilégio de poucos.

Uma pessoa de posses podia gastar numa loja ou restaurante, e simplesmente

assinar a conta para pagar depois. O proprietário do estabelecimento concedia

crédito porque sabia que receberia seu dinheiro conforme combinado. Porém, uma

pessoa de meios mais modestos, que tentasse fazer o mesmo, acabaria

provavelmente lavando os pratos.

Hoje, milhões de portadores de cartões de crédito podem obter a mesma

comodidade que só os milionários podiam se dar ao luxo de ter há um século atrás.

Com um nome em uma ficha de débito e a aprovação eletrônica do Banco, a

assinatura de qualquer destes titulares é tão boa quanto a do banco que o apóia. O

mercado financeiro atual evoluiu para uma câmara de compensação de alta

tecnologia.

As instituições financeiras, então, devem definir e confinar o risco de modo

que as perdas do ciclo de crédito ao consumidor sejam previsíveis, dentro de limites

estabelecidos, e compatíveis com os riscos envolvidos.

Estudo estatístico realizado no Citibank em 1998 (documentos do autor)

demonstrou que o negócio de crédito ao consumidor para financiamento de

automóveis é, por natureza, menos arriscado, e as perdas relacionadas a ele são

mais baixas do que em crédito para financiamento de outros bens como televisão,

aparelhos de som, geladeiras, etc. Entretanto, se o risco de crédito do tomador,

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medido através de modelagem estatística realizada através dos dados demográficos

dos clientes, for previsto e considerado na taxa de juros e estas não afetarem

negativamente o mercado, então não será ele causa para maiores preocupações.

Os imperiosos desafios encontrados no competitivo e ativo ambiente creditício

de hoje, necessitam de flexíveis e poderosas ferramentas de gerência para a

sobrevivência das instituições financeiras que operam no segmento de crédito ao

consumidor.

Os negócios, atualmente, devem ser capazes de responder rapidamente às

tendências econômicas, variações nos custos dos recursos, mudanças na política de

crédito e, acima de tudo, às flutuações ocorridas no desempenho creditício de cada

cliente. A flexibilidade para ajustar estratégias ou inventar novas aproximações e

implementá-Ias rapidamente, pode manter uma instituição na liderança, preparada

para aproveitar as oportunidades do mercado e para permanecer, nitidamente,

competitiva.

Desse modo, a relação "risco de crédito x lucro" deve ser decomposta nas

técnicas que representem uma metodologia eficaz, isto é, uma metodologia, cujo

resultado de sua aplicação, gere maiores receitas com riscos administrados.

O anexo, Produção e Venda de Veículos nos últimos 10 anos, demonstra o

crescimento do setor automobilístico no Brasil, e reforça a necessidade de

financiamento próprio.

1.2. Formulação do Problema

Como determinar os elementos a serem considerados na construção de uma

avançada metodologia, para avaliar a concessão de crédito ao consumidor,

direcionados à financiamentos de automóveis, a fim de diminuir o risco do não

recebimento dos créditos concedidos?

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1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Fi nal

Identificar os elementos relevantes que devem ser considerados na

construção de uma avançada metodologia, para avaliar a concessão de crédito ao

consumidor, direcionados à financiamentos de automóveis.

1.3.2. Objetivos Intermediários

• Levantar as práticas atuais de concessão de crédito ao consumidor,

financiamento de automóveis, utilizadas pelas instituições financeiras;

• Avaliar as perdas relativas aos créditos não pagos nos financiamentos

de automóveis, decorrentes das metodologias aplicadas;

• Examinar princípios e técnicas de concessão de crédito ao consumidor,

financiamentos de automóveis, passíveis de aplicação ao problema.

• Especificar os elementos preponderantes à construção de uma

metodologia atual para avaliar a concessão de crédito para

financiamento de automóveis.

1.4. Hipótese

Uma hipótese mais fundamentada, seria composta dos elementos: caráter,;

capacidade de pagamento; composição do patrimônio e demais condições para

avaliação de propostas de crédito subjetivas, e avaliação com porta mental baseada

em scoragem estatística aplicada ao segmento de crédito ao consumidor,

financiamentos de automóveis, resultará num processo seletivo de clientes e,

conseqüentemente contribuirá para a diminuição das perdas de crédito.

1.5. Relevância do Estudo

A metodologia proposta proporcionará um menor risco na concessão dos

financiamentos, o que ocasionará uma redução nas perdas de crédito das

instituições financeiras que operam em crédito ao consumidor, financiamentos de

automóveis, contribuindo para um melhor desempenho dessas instituições dentro

desse segmento.

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A pesquisa de campo realizada demonstra a real necessidade de uma

avançada metodologia, pois, com a imensa possibilidade de crescimento do setor

automobilístico, possibilitará o crescimento de financiamentos. (Conforme Anexos -

pág.84).

1.6. Delimitação do Estudo

o estudo abrange, apenas, as técnicas para determinação de crédito ao

consumidor - pessoa física -, ficando restrito aos créditos concedidos por instituições

financeiras, para o financiamento de automóveis. Isto, em função do crédito ao

consumidor ser muito amplo, tornando difícil e longo o trabalho de pesquisa.

Como crédito ao consumidor será considerado, apenas, o crédito parcelado

em prestações mensais.

1.7. Definição dos Termos

Avaliação Comportamental análise estatística referente ao

comportamento do cliente, relacionado aos seus compromissos junto à instituição

financeira.

Caráter - idoneidade. Vontade e determinação no cumprimento das

obrigações.

Capacidade de Pagamento-condição financeira para liquidação das dívidas.

Carteira- quantidade de clientes de determinado produto.

Consumidor - pessoa compradora de um bem ou serviço.

Crédito - empréstimo ao cliente.

Crédito ao Consumidor - empréstimo a uma pessoa para possibilitar a

aquisição do bem.

Concessão de Crédito - deferir o crédito.

Concessionária - revendedora autorizada.

Fiador - garantidor do contrato de financiamento.

Liquidez - facilidade de realização de um ativo.

Ônus - dívida.

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Perdas de Crédito -valores não pagos pelos clientes que serão

contabilizados como prejuízo.

Em geral, quanto maior o risco de crédito, maiores são as perdas.

Pessoa financiada - cliente que terá o financiamento aprovado pela

instituição financeira.

Renda Mensal- geração de caixa mensal de um consumidor.

Risco de Crédito- incerteza quanto ao recebimento de crédito concedido.

Score - número de pontos obtidos por um cliente numa análise de crédito

estatística.

bem.

Scoragem - método utilizado para apuração do score.

Serasa I SCI - bureaus de informações.

Valor de mercado - quanto os consumidores estão dispostos a pagar pelo

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METODOLOGIA

2.1. Tipo de Pesquisa

2.1.1. Quanto aos fins

• Exploratória

• Metodológica

A pesquisa foi exploratória porquanto existe muito pouco conhecimento

técnico sobre esse tema, como verificado durante entrevistas nas instituições

pesquisadas. O Crédito ao Consumidor, no Brasil, necessita desenvolver-se, a fim

de favorecer o crescimento das vendas das empresas.

A pesquisa foi metodológica, pois Crédito ao Consumidor, direcionado para

financiamento de autos, precisa de definição de instrumentos e procedimentos para

que as instituições financeiras possam alcançar suas metas.

2.1.2. Quanto aos meios

• Pesquisa de campo

• Bibliográfica

A pesquisa foi de campo, pois é necessário conhecer como as

concessionárias e as instituições tratam o tema atualmente, e quais são as

perspectivas do produto.

A pesquisa foi bibliográfica, porque é necessário um instrumental analítico.

Existem algumas conclusões já obtidas de alguns pesquisadores sobre o tema,

como as citações no referencial teórico.

2.2. Universo e Amostra

O universo da pesquisa é formado pelas instituições financeiras que operam

com crédito ao consumidor relacionado com financiamento de automóveis, Banco

Central do Brasil e concessionárias de veículos.

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A amostra foi realizada através de informações obtidas dos Bancos, Ford,

Fiat, Bradesco, Itaú, Safra, HSBC etc., sites da ACREFI (Associação das Empresas

de Crédito, Financiamento e Investimento), ANEF (Associação Nacional das

Empresas Financeiras das Montadoras), ANFAVEA (Associação Nacional dos

Fabricantes de Veículos Automotores) e Banco Central, além de Revendas como:

Adara, Itavema, Da Vinci, Souza Ramos, etc.

Além disso, foram consultados vários livros, conforme bibliografia.

2.3. Seleção dos Sujeitos

Os sujeitos da pesquisa foram algumas Instituições Financeiras, ACREFI

(Ass. Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), ANEF

(Ass. Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), ABEL (Ass. Brasileira

das Empresas de Leasing), Banco Central do Brasil e algumas revendas diretamente

ligadas ao financiamento de automóveis.

2.4. Coleta de Dados

A pesquisa de campo foi obtida através de entrevistas pessoais e interativas,

com sujeitos identificados acima. Nessas entrevistas foram observados: o grau

tecnológico atualmente necessário, pelo segmento em estudo; quais as experiências

obtidas no passado nesse segmento; quais as novas técnicas ora utilizadas, e as

expectativas do segmento.

A pesquisa bibliográfica foi realizada através de livros e manuais atuais,

pertinentes ao tema estudado.

2.5. Tratamento dos Dados

Os dados pesquisados nesse estudo foram tratados qualitativamente.

Os dados levantados são oriundos da bibliografia utilizada, focando o tema

especificado, e das entrevistas com executivos das instituições já mencionadas.

O tratamento dos dados exigiu esforços de modo que foi possível trabalhar

com um nível de conceitos bem sedimentados e que possam ser utilizados

posteriormente pelas instituições.

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o tratamento dos dados exigiu também, muita consistência, pois

compreendeu os problemas existentes e suas formulações.

2.6. Limitações do Método

saber:

Os métodos escolhidos para o estudo apresentaram certas limitações, a

• A limitação da abrangência da pesquisa aos elementos considerados

na concessão de crédito ao consumidor e apenas ao financiamento de

automóveis em parcelas mensais, deixando à parte, outros tipos

importantes de crédito ao consumidor, não permitiu a generalização

das conclusões extraídas do estudo .

• Outra limitação foi, provavelmente, a falta de maior interesse das

pessoas entrevistadas, em fornecer todas as informações necessárias.

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REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. As raízes do Crédito ao Consumidor

Conforme Campiglia (1997), as raízes formais do crédito ao consumidor de

bens e serviços adquiridos mediante pagamento à prazo ou parcelado, surgiram com

os decretos-leis em 1945 e 1946, que configuraram, no Brasil, o início do

desenvolvimento do consumismo que, ocorreu mundialmente, após o término das

guerras deflagradas na Europa e na Ásia (1938 a 1945).

Segundo Ventura (2000), o financiamento de automóveis começou

informalmente, com a concessionária trabalhando com bancos e outras instituições

financeiras, e algumas vezes utilizando suas próprias carteiras para oferecer carros

em um plano de prestação mensal.

Henry Ford relutou em encorajar empréstimos aos consumidores, pois

entendia que o fabricante deveria apenas produzir veículos, e o financiamento

deveria ser realizado por outras instituições financeiras. Entretanto, em 1923, a

produção do veículo Ford modelo "T" estava muito aquém das vendas previstas.

Dessa forma ele decidiu experimentar um plano de vendas em longo prazo para

consumidores.

o plano de vendas consistia no seguinte: o pretendente ao veículo deveria

comparecer às concessionárias Ford, preencher sua proposta de adesão ao plano, e

iniciar o pagamento em parcelas mensais, sendo permitida a antecipação de

pagamentos. Assim que o plano estivesse quitado, o cliente deveria retornar à

concessionária a fim de retirar o veículo. Hoje em dia é possível afirmar que o plano

de Henry Ford assemelha-se bastante ao sistema de consórcio, praticado no país.

Assim, verifica-se que o Crédito Direto ao Consumidor - CDC -, hoje

praticado em todos os países, segue fundamentalmente suas raízes históricas, sem

grandes inovações, até porque os responsáveis pela área comercial, somente

conseguem inovar quanto à forma de pagamento do bem financiado.

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Conforme Fortuna (2000, p. 137), Crédito Direto ao Consumidor é:

"O financiamento concedido por uma instituição para aquisição de bens e serviços por seus clientes, sendo sua maior utilização, para aquisição de veículos e eletrodoméstico. O bem assim adquirido, sempre que possível, serve como garantia da operação, ficando a instituição vinculada pela figura jurídica da alienação fidudária pela qual o cliente transfere a ela a propriedade do bem adquirido com o dinheiro emprestado, até o pagamento total de sua dívida".

MODELO PROPOSTO

Desse modo é necessário estudar as ferramentas de crédito mais modernas

que favoreçam o financiamento aos consumidores, focado no mercado de

automóveis, objetivando alavancar a quantidade de financiamentos com qualidade e

agilidade.

3.2. Processo de Iniciação ao Crédito

Segundo Schrickel (2000), no mundo profissional, as decisões de crédito não

envolvem essencialmente pessoas conhecidas. As relações são mantidas com

terceiros, com os quais, talvez até, não se tenha maior intimidade e afetividade. O

risco, sempre presente em qualquer empréstimo, coloca-se de forma mais visível e é

compensado por uma taxa remuneratória. A devolução do empréstimo é uma

expectativa envolvida por uma série de cautelas e procedimentos devidamente

documentados na forma apropriada, os quais permitem, em última análise,

assegurar a reintegração de posse da coisa emprestada pela via coercitiva (a qual,

idealmente, jamais deveria ser a forma para reaver algo que pertence aos clientes).

Schrickel ainda comenta que em qualquer situação de concessão de

empréstimo há basicamente três etapas distintas a percorrer:

1 a - Análise retrospectiva - É a avaliação do desempenho histórico do

potenCial tomador, identificando os maiores fatores de risco inerentes a sua

atividade, e quão satisfatoriamente esses riscos foram atenuados e I ou contornados

no passado. A análise histórica tem como objetivo primordial, procurar identificar, na

atual condição do tomador, fatores que possam denunciar eventuais dificuldades e I

ou questionamentos quanto ao almejado sucesso do mesmo em pagar

financiamentos tomados junto à instituição financeira.

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2a - Análise de tendências - É a efetivação de uma razoavelmente segura

projeção da condição financeira futura do tomador, associada à ponderação acerca

de sua capacidade de suportar certo nível de endividamento oneroso.

3a - Capacidade creditícia - É decorrente das duas etapas anteriores,

visualização e antecipação das tendências futuras, de forma a incorporar ao risco

esses possíveis eventos futuros. Deve-se chegar a uma conclusão relativa à sua

capacidade creditícia e, conseqüentemente, à estruturação de uma proposta de

crédito em que o empréstimo pleiteado em consonância com certo fluxo de caixa

futuro, e em condições tais que seja sempre preservada a máxima proteção da

instituição financeira contra eventuais perdas, representará menores riscos e

menores taxas de juros para o consumidor.

Segundo Schrickel, 2000:

"A análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada".

Depreende-se que uma análise de crédito não é um exercício meramente

acadêmico, que visa ao simples cumprimento de uma disposição normativa interna,

ou mesmo das recomendações das autoridades monetárias. Sob qualquer ótica, ela

tem uma importância crítica, de per si, na condução das múltiplas atividades das

instituições financeiras, entre elas, especificamente, a da concessão de

empréstimos.

Seu objetivo é, pois, o de chegar a uma decisão e não o de efetuar um mero

relatório, ainda que mais ou menos extenso. Os instrumentos específicos de análise

variam com a situação peculiar que se tem à frente, porém, o objetivo é permanente.

Sem dúvida, não é uma tarefa fácil ou simples. Há que se tomar uma decisão, dentro

de um contexto incerto, em constante mutação, e tendo em mãos um volume de

informações nem sempre desejável, em nível de seu detalhamento.

Com toda a certeza pode-se inferir que a decisão será tanto melhor, quanto

mais confiáveis forem as informações disponíveis. Nem sempre isso é possível.

Mesmo assim, uma decisão tem que ser tomada, seja ela positiva ou negativa. Não

importa quão complexa seja a análise de crédito que nos é colocada para exame e

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decisão. A decisão seja de conceder ou não o crédito, é a parte indispensável nesse

processo.

Tendo uma necessidade real de financiamento, seja este maior ou menor em

termos de montante, e mais ou menos premente no tempo, qualquer interessado em

crédito necessita de uma resposta clara da instituição para, a partir daí, poder

posicionar-se adequada e objetivamente. Respostas evasivas, adiamentos

intermináveis da resposta, infindáveis solicitações adicionais de informações e

detalhes, tudo isso pode parecer ser uma solução. Contudo, este procedimento

apenas leva ao desgaste e à perda da credibilidade, além de que apenas enseja

onerar significativamente os custos da instituição financeira.

Se a análise de crédito conduziu a decisão para seu indeferimento, esta deve

ser a idéia central a debater com o potencial tomador, e, essa informação, fica

registrada para favorecer futuros trabalhos na área de crédito.

A discussão franca, objetiva e profissional da decisão, entre o representante

da instituição e o cliente interessado no crédito, ainda que a solicitação tenha sido

indeferida ou negada, seguramente contribuirá mais para o processo de crédito

como um todo, eis que tem o condão de delimitar precisamente as expectativas

futuras de parte a parte.

o sentimento de indefinição é um posicionamento, de resto, criticável sob

quase todos os ângulos, principalmente no âmbito profissional. Nas instituições

financeiras, a indefinição é particularmente crítica, já que elas, de um lado, envolvem

oportunidades mercadológicas e suas conseqüentes implicações na geração das

receitas e, de outro, um dos bens mais procurados e escassos da economia (o

dinheiro), com o qual os indivíduos atendem as suas necessidades e anseios.

Assim, são imprescindíveis um contínuo aprimoramento e questionamento

pessoal, utilizando-se de todas as fontes de informação que se possa vir a ter,

ordená-Ias, ponderá-Ias e equacioná-Ias, de tal sorte a poder decidir.

A atividade de concessão de crédito baseia-se em informações e decisões.

As decisões, como já alinhavado, devem ser práticas, ou seja, exeqüíveis e claras.

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Não é razoável emaranhar-se, na análise de crédito, em filigranas acadêmicas ou

sugerir e tentar viabilizar soluções inviáveis ou altamente custosas.

3.3. Elementos Chaves na Concessão de Crédito

Segundo Ventura (2000), o objetivo do processo de análise de crédito é o de

averiguar a compatibilidade do crédito solicitado com a capacidade financeira do

cliente.

Para realizar a avaliação de riscos sobre concessões de crédito, os bancos

recorrem ao uso de duas técnicas de análise: a técnica subjetiva e a técnica objetiva

ou estatística.

Por definição, o processo de análise subjetivo envolve decisões individuais

quanto à concessão ou recusa do crédito. Nesse processo, a decisão baseia-se na

experiência adquirida, na disponibilidade de informações e na sensibilidade de cada

analista quanto à viabilidade do crédito.

Segundo Santos (2000), as informações que são necessárias para a análise

subjetiva da capacidade financeira dos tomadores de crédito são tradicionalmente

conhecidas como 5 C's: Caráter, Capacidade, Capital, Colateral e Condições gerais.

a) Caráter - Está associado com o histórico do cliente. Permite avaliar a

probabilidade de um cliente amortizar seus empréstimos. Para a análise desse

critério, é indispensável que existam informações históricas do cliente (internas e

externas) que evidenciem intencional idade e pontualidade na amortização de

empréstimos.

As fontes usuais de pesquisa para levantamento do caráter do cliente são:

• Relatórios gerenciais de acompanhamento de risco, que mostram os

atrasos;

• Banco de dados de empresas especializadas em informações, como

Serasa, SPC, etc.;

• Referências bancárias;

• Referências comerciais.

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Os relatórios gerenciais são utilizados para acompanhamento da pontualidade

dos clientes na amortização de empréstimos. Nesse relatório, contam informações

como os índices de empréstimos, de atrasos e de perdas definitivas com clientes

inadimplentes.

O acesso ao banco de dados de empresas especializadas e o contato com

outros concessores de financiamentos constituem-se em importantes alternativas

externas para a coleta de informações sobre a idoneidade das pessoas.

b) Capacidade - Refere-se ao julgamento subjetivo do analista quanto à

habilidade dos clientes no gerenciamento e conversão de seus negócios e trabalho,

em renda ou receita líquida disponível. Outra consideração importante é a

capacidade de gastar das pessoas. Evidentemente é muito mais fácil descobrir os

ganhos do que os gastos das pessoas, porém o analista pode cruzar informações

como formação de patrimônio, análise da movimentação em conta corrente,

necessidades de empréstimos, hábitos, etc.

c) Capital - Refere-se à aplicação de recursos em bens e direitos realizáveis

ou imobilizações, contrapostas por obrigações. Ou seja, o somatório do patrimônio

do cliente deduzido dos empréstimos que ele contraiu para adquirir esse patrimônio.

Em princípio, quanto mais pulverizado e líquido for esse patrimônio, menor será o

risco do crédito. Além disso, o capital poderá ser transformado num colateral.

A fonte usual para avaliação do capital das pessoas físicas é da declaração

do imposto de renda.

d) Colateral - Está associado com a análise da riqueza patrimonial das

pessoas, considerando a possibilidade futura de vinculação de bens ao contrato de

crédito, em casos de perda (parcial ou total) da fonte primária de pagamento.

Para a realização de uma adequada análise da riqueza patrimonial das

pessoas, é fundamental que o analista consiga a abertura da composição do

patrimônio da pessoa, além de identificar a situação dos ativos em termos de

liquidez, existência de ônus e valor de mercado.

8IBl10TEC/t ;',~',:~ ,', ~,~~!:, JUE SIMONstl\ FUNDACi.\.o G:.:XJUO VARGAS

21

Embora as instituições financeiras reconheçam as limitações quanto à

conversão de garantias em caixa, a vinculação de bens patrimoniais aos contratos

de empréstimos constitui-se em prática comum no mercado bancário.

Deve-se considerar, ainda, que nos financiamentos de automóveis é comum a

garantia do próprio veículo, através de uma alienação fiduciária.

e) Condições gerais - Está associada com a análise do impacto de fatores

sistemáticos ou externos sobre a fonte primária de pagamento. A atenção nessa

informação é de extrema importância para a determinação do risco total de crédito,

uma vez que, dependendo da gravidade do fator sistemático, exemplos típicos de

situação recessiva com aumento nas taxas de desemprego, a instituição financeira

poderá enfrentar grandes dificuldades para receber os créditos.

3.4. Gerenciamento de Risco

o objetivo principal de qualquer negócio, incluindo o negócio de

financiamento ao consumidor, é produzir lucro. Inerente à busca de lucro há uma

preocupação com o risco. Entretanto, o nível de retomo deve ser apropriado ao grau

de risco. O risco, em empréstimos ao consumidor, está no fato de que uma parcela

desses empréstimos irá para perdas, pois faz parte do negócio. É utópico assumir

financiamentos sem risco de perdas. Assim o risco deve ser definido e confinado, de

modo que as perdas e os custos de gerenciamento do ciclo de crédito sejam

previsíveis.

De acordo com os critérios da Serasa, seminário em 1999, no negócio de

crédito ao consumidor em altos volumes, há literalmente milhares de decisões que

têm que ser tomadas todos os dias. Assim deve-se utilizar um método moderno de

avaliação de risco, ou seja, um método voltado para o controle estatístico.

O enfoque atuarial faz uso da estatística para prever ocorrências futuras, com

base na experiência passada, desde que observados: a estabilidade das

características de grandes grupos representativos da população e a experiência

oriunda de informações previamente armazenadas. Desse jeito, será mencionado,

nesse trabalho: scoragem de crédito, scoragem para mala direta, scoragem

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comporta mental e scores combinados, direcionados, naturalmente, ao

financiamento de automóveis.

Vale ressaltar que um bom planejamento da entrada de clientes, elimina a

maioria dos problemas de inadimplência. Além disso, é extremamente necessário o

controle do negócio. Logo, um sistema de informações gerenciais eficiente, dotado

de muita informação, torna-se imprescindível na realização de financiamento em

grande escala.

Assim, segundo Lawrence, são relacionados abaixo os elementos essenciais

para que o Crédito ao Consumidor, focado em financiamento de autos, seja um

negócio atrativo ( Planejamento do Produto; O Processo de Iniciação ao Crédito;

Iniciação ao Crédito; Processo de Cobrança; Sistemas de Informações Gerenciais e

Produtos Especializados/Empréstimos Indiretos):

3.4.1. Planejamento do Produto

Uma das funções mais importantes de um gerente de crédito ao consumidor é

decidir quais produtos serão oferecidos, avaliar a dinâmica de lucro de cada produto,

e estabelecer os prazos e condições sob quais este produto será colocado no

mercado. Como na fabricação de bens de consumo, em que um planejamento falho

pode resultar em enormes perdas, a concessão de crédito ao consumidor, em altos

volumes, requer planejamento detalhado. Uma vez que a máquina "concessora de

crédito" tenha sido acionada com, digamos, um produto pobremente planejado e de

alto risco, é difícil desligá-Ia sem incorrer em grandes perdas. Não reconhecer esse

fato, e as implicações de cada lapso no planejamento apropriado, é provavelmente o

maior erro que um Gerente de Crédito ao Consumidor pode cometer. Não obstante a

suposição de que os procedimentos de seleção de crédito falhos sejam os principais

culpados na maioria dos casos de produtos sem sucesso, a experiência tem

mostrado que, quando falhas ocorrem, fraquezas estão videntes em quase todos os

estágios do processo de produtos para consumidores:

• seleção inadequada do mercado alvo;

• condições demasiadamente liberais;

• processo de geração de caixa inadequado;

23

• sistema de informações gerenciais (M.I.S.) mal planejado;

• falta de pessoal de cobrança convenientemente treinado;

• sistemas operando mal;

• Pouca infra-estrutura em telefonia em algumas localidades.

É concebível que um produto que tenha clientes de boa qualidade, prazos e

condições favoráveis, possa sobreviver com um, ou até dois destes defeitos, pelo

menos até que sejam detectados e remediados. Entretanto o planejamento falho

acontece geralmente em todas as áreas e não em uma ou duas.

Nos últimos anos, avanços têm sido significantes na obtenção de controle

sobre novos produtos para consumidores, em parte porque algumas experiências

nos ensinaram valiosas lições. O fator de sucesso em gerenciar portfólios de

consumidores muito diferentes, no mundo todo, é equilibrar as forças de uma

estrutura gerencial descentralizada e orientada para a execução, com a necessidade

de revisões formais dos produtos por parte dos melhores especialistas disponíveis,

proporcionando assim determinado grau de exatidão e equilíbrio em toda a extensão

das operações de crédito ao consumidor.

Regras de Concessão de Crédito

Se as "regras", conforme utilizadas no mercado creditício, que cobrem o

processo de crédito incluem os seguintes passos:

• cada Programa de Produto de Crédito ao Consumidor deve ser

aprovado por profissionais de crédito às quais tenha sido delegada

autoridade específica de aprovação, baseada em sua perícia relativa a

determinados produtos de crédito ao consumidor;

• após um ano, uma revisão do programa anteriormente aprovado deve

ser feita no mesmo nível. Depois disso, uma revisão é obrigatória

somente se houver mudança substancial na inadimplência, nas perdas

ou na lucratividade ou nos prazos e condições do negócio;

• um Programa de Produto de Crédito ao Consumidor deve ter

características completas de risco I recompensa do produto, incluindo

24

processos de iniciação ao crédito, capacidade operacional, adequação

dos sistemas de suporte e habilidade de gerenciar o processo de

cobrança. Cada um destes processos deve estar apoiado no Sistema

de Informações Gerenciais (MIS) apropriado. Há uma hierarquia de

delegação gerencial, com níveis de valores determinados para a

autoridade de aprovação, atribuídos a profissional de crédito.

Para aprovar um novo programa (ou mudar um programa já existente) é

necessário que o analista, ou o gerente, entenda por inteiro o processo de ciclo de

crédito, desde a iniciação até o final do relacionamento. O Banco para Pessoas

Físicas é, no fundo, uma indústria de processamento de altos volumes. A análise e o

gerenciamento dos passos do processamento são tão cruciais para quem empresta

a consumidores, quanto a análise da linha de montagem é para o industrial.

Inadimplência e, enfim, perdas de crédito, representam os danos do processo nos

quais incorrem ao longo da vida dos empréstimos. A qualidade de gerenciamento

dos métodos aplicados na transformação da matéria-prima em produto final em

muito influencia essas perdas. É importante, portanto, que para cada produto haja

clara definição dos processos do seu ciclo de vida.

Para entender o ciclo completo do Crédito ao Consumidor, é importante

observar os elementos envolvidos. Há sete fases (planejamento do produto,

iniciação ao crédito, manutenção de contas, cobrança, perdas, informações

gerenciais e gerenciamento de risco) dinâmicas e interativas; a informação derivada

de uma fase influencia fortemente as decisões a serem tomadas nas outras fases.

Por exemplo: a experiência em cobrança e "reconhecimento" de perdas de algum

negócio, retro-alimentará a fase de planejamento e lucratividade do produto. O

conceito chave enfatizado no processo de planejamento é que o gerenciamento

eficiente do ciclo de crédito requer entendimento completo de todas as fases,

e da maneira como elas se relacionam.

Planejamento de Crédito ao Consumidor

Os primeiros passos no processo de planejamento, sondando o ambiente

de competição e selecionando o mercado alvo, estão resumidos e enfocam somente

algumas das preocupações do crédito ou risco.

25

Ambiente Competitivo, Legal e de Risco

Ao planejar um novo produto de crédito ao consumidor, fazer uma análise

da concorrência é o primeiro passo. Mas isto não quer dizer se aventurar em um

mercado, sem considerar o que concorrentes estão fazendo ou planejando. A equipe

de planejamento deve analisar, desapaixonadamente e detalhadamente, quais

estratégias os competidores (incluindo aqueles relativamente novos no campo do

financiamento ao consumidor) estão utilizando no mercado. É importante examinar

detalhadamente os planos da concorrência, uma vez que "preços", "negócios",

"prazos e condições" não são sempre o que parecem à primeira vista. Por exemplo,

como maneira de assegurar a melhor oferta para um negócio de financiamento de

compras de carro de um concessionário autorizado, o plano terá que considerar

todas as fontes de serviço e de valorização, incluindo, corte nas taxas de desconto,

um empréstimo de capital subsidiado ou taxa de seguro menos favorável. Citando a

Lei de Murphy, "problemas complexos têm respostas simples e fáceis de entender,

porém erradas". Uma análise simplista pode deixar escapar a essência de uma

estratégia da concorrência. Todo plano também requer uma assinatura de

aprovação de um perito legal. As complexidades do mundo legal, sejam de âmbito

local, estadual, ou federal (ou um país estrangeiro onde regulamentos vitais podem

ser emitidos da noite para o dia), requerem um exame cuidadoso de qualquer

programa de crédito proposto, levando em conta não somente o que a Lei diz em si,

mas também seu espírito. Finalmente, deve-se considerar o ambiente de risco local.

Em alguns países, o ambiente social e legal minimiza o risco ao impor controles

estritos aos que fazem empréstimos; em outros, pode existir um ambiente liberal que

aumenta o risco.

Mercado Alvo (Target Market)

Um bom plano de produto de crédito se dirigirá a um mercado alvo em que:

1. os riscos de crédito sejam bons;

2. haja certeza de utilização do produto de crédito oferecido; e

3. onde ter lucro.

Uma definição detalhada de um mercado alvo deve incluir:

• Área de Vendas: distribuições geográficas do produto, incluindo

restrições estaduais ou locais;

26

• Tipo de Cliente: renda mínima, proprietário da residência ou locatário, e

outros dados demográficos;

• Relacionamento com o Cliente: descrição de programas mistos (cross

se/I) de produtos de ativo ou passivo;

• Categoria do Mercado: descrição dos segmentos do mercado onde os

clientes podem ser encontrados: lojas de vestuário feminino,

compradores de carros importados, e assim por diante;

Seleção de Produto e Aquisição de Contas

Ao planejar seu enfoque do mercado alvo, um gerente deve reconhecer que

existem diferenças significativas entre os tipos de produtos de crédito disponíveis

aos planejadores. A escolha de qual o produto de crédito ao consumidor utilizar,

afeta naturalmente outros elementos no plano do produto.

Prazo Fixo e Prestação Mensal

No Brasil, atualmente, o financiamento ao consumidor, principalmente de

automóveis, é feito a prazo fixo, prestações mensais e, geralmente, taxas prefixadas.

O plano de amortização largamente utilizado hoje é a Tabela Price, e o valor

das prestações é de acordo com o valor do empréstimo, o prazo e a taxa de juros.

Direto versus Indireto

Uma outra distinção importante entre os tipos de crédito é que alguns

empréstimos são feitos indiretamente, através de corretores, revendedores (dealers)

ou lojistas, enquanto outros são concedidos diretamente via marketing de filiais,

mala direta ou até solicitados pelo próprio cliente. Ambas as fontes carregam perfis

de risco bastante diferentes.

Garantido versus Não Garantido

Alguns empréstimos são garantidos; outros não o são. Embora a

contabilidade do banco faça distinção entre os dois tipos de ativos, na prática, esta

não é rígida. Exemplificando, um automóvel que garanta o empréstimo de sua

própria compra, poderá ter retomada de posse dispendiosa ou ter um valor limitado

quando da revenda. Atualmente, as instituições financeiras financiam até 80% do

veículo, tornando o sinal uma exigência.

27

Hoje em dia, todos os financiamentos de automóveis no Brasil, via Crédito

Direto ao Consumidor (CDC), têm alienação fiduciária, ou seja, as operações são

garantidas, diminuindo, assim, o risco do negócio.

Interveniência versus Sem Interveniência

Em alguns tipos de empréstimos indiretos, o credor pode debitar as perdas

de crédito ao comerciante ou revendedor, em parte ou inteiramente, diminuindo o

risco. Embora o valor desta interveniência geralmente afete os preços, os

planejadores de produto devem entender o valor líquido real da companhia

interveniente e conhecer sua capacidade para honrar os empréstimos que ela está

garantindo.

Produtos Padronizados - Prazos e Condições

Para cada produto de crédito aprovado, deve haver uma "folha de

planejamento" ou um "sumário de termos" descrevendo os prazos e condições

padrões sob as quais negociamos aquele produto. Uma típica "folha de

planejamento" deve incluir as informações a seguir, assim como os requisitos para

quaisquer exceções à política padrão:

• Relacionamento com o Consumidor:

- base de preços;

- vida/prazo da conta empréstimo máximo/mínimo;

- prazos de pagamento;

- base de aprovação de crédito;

• Garantia (somente créditos garantidos)

- garantia elegível;

- processo de avaliação;

- penalidade de pré-pagamento (antecipação de vencimento);

- penalidades moratórias - taxas de abertura de crédito;

- garantias;

- condições de seguro;

- relação valor do empréstimo/valor do bem financiado

• Revendedor (somente créditos indiretos)

- revendedores elegíveis;

- comissões;

28

- interveniência acordada.

Prazos de Pagamento

Há uma tendência natural em alongar prazos, porque uma tabela de baixos

pagamentos mensais facilita "vender" crédito ao consumidor. A maioria dos

automóveis, por exemplo, é vendida tendo como base uma tabela específica de

pagamento mensal.

Experiências têm mostrado que prazos de pagamento devem ser baseados

no que o consumidor pode pagar e em uma taxa de retorno realista, relacionada ao

produto. Em outras palavras, o credor deve reaver seu dinheiro de maneira regular,

e lógica. Um automóvel, hoje em dia, dura, pelo menos, cinco anos.

Hoje, prazos de financiamentos mais longos fazem sentido, e não é incomum

vermos prazos de três e quatro anos.

Planejamento para Lucratividade

Finalmente, conforme prática utilizada em crédito, o passo mais importante ao

planejar um novo produto, ou ao gerenciar um portfólio existente, é prever a

lucratividade. Existem duas maneiras básicas de fazer isto:

• Processo anual orçamentário;

• Modelo de lucro do produto.

Cada um tem suas vantagens e desvantagens. O processo orçamentário -

explicação das variações orçamentárias - é um recurso muito útil para ajustar as

atividades ao longo de curtos prazos.

No entanto, com todo seu valor, um orçamento anual invariavelmente

obscurece informações valiosas sobre o desempenho de produtos individuais dentro

do portfólio total. Conseqüentemente, também é necessário segmentar o portfólio

para avaliar o desempenho de cada produto. Uma maneira de fazer isto é através de

modelos de lucratividade do produto, que levam em consideração as receitas, os

gastos e lucro de um empréstimo médio ao longo de sua "vida".

Ao recorrer à análise de "vida", as seguintes distorções, relativas à receitas e

despesas ao longo dos meses e anos depois do contrato, são eliminadas:

29

• despesas de marketing e aquisição precedem o contrato;

• receitas líquidas do cliente sobre produtos de prestações começam no

topo e depois decrescem; em produtos rotativos, tendem a aumentar

ao longo do tempo;

• os gastos de concessão de crédito incorrem durante o período inicial

da "vida";

• os gastos de cobrança são pequenos nos períodos iniciais, e crescem

quando as contas se tornam inadimplentes;

• perdas brutas de crédito são mínimas durante os primeiros tempos e

então crescem rapidamente;

• recuperações de perdas acontecem depois das perdas de crédito

brutas.

o modelo do produto deverá refletir o desempenho planejado do portfólio total

do produto a ser construído. Deverá também traduzir a estratégia de captação de

fundos, os custos de processamento que são antecipados na distribuição do

produto, assim como, o nível de inadimplência e perdas de crédito.

Onde existem inter-relacionamentos, tal como do nível de inadimplência com

o custo de cobrança, devem ser considerados no modelo a ser desenvolvido. Ao

construir modelo, é importante analisar o custo unitário de cada passo do processo

de crédito. O somatório dos custos unitários deve, então, ser validado no

desempenho financeiro do negócio.

Finalmente, cada modelo desenvolvido deve ter sua demonstração de

resultados, pois cada um, isoladamente, deve ter contabilizado todos os custos, o

lucro marginal e o "lucro líquido".

Testes, Amostras e Experimentação

Em todo negócio competitivo, os gerentes, muitas vezes se encontram sob

pressão para entregar resultados rapidamente, tal como introduzir um novo produto

ou expandir um produto existente em pouco tempo. Mas quando estes mesmos

gerentes negligenciam sua "lição de casa", este desejo do sucesso pode causar

30

problemas. O primeiro passo, partindo de um modelo de crédito teórico em direção a

um empreendimento lucrativo realista, é testar. Gerentes que pulam do modelo

diretamente para o marketing, sem realizar teste com o consumidor, estão

arriscando a si mesmos.

Um teste de produto deve parecer com o produto de todas as maneiras.

Diferentemente de bens de consumo, com os quais pode-se realizar um teste de

mercado em áreas específicas circunscritas, os produtos de crédito devem ser

testados amplamente na área que afinal será o mercado, para se proteger contra as

variações demográficas que poderão afetar o comportamento em relação ao crédito.

A única diferença entre o teste e o lançamento do produto em si deverá ser a escala

do esforço de marketing. Embora o número de cobradores não vá alcançar o número

do nível projetado, a quantidade de trabalho por cobrador deverá se aproximar

daquela do plano total. O mecanismo da aprovação de crédito (tal como o ponto de

corte de score da mala direta, renda mínima, e assim por diante) não deverá ser

mais rígido do que aquele esperado no produto final e, de fato, poderá ser menos

rígido para que se possa reunir dados úteis e verificar suposições iniciais. Não tem

porque testar o produto com amostra muito seleta de proponentes de baixo risco.

Um bom teste deve fazer mais do que determinar a viabilidade do produto.

O teste deverá também produzir informações sobre o produto, que poderão ser

utilizadas para avaliar o plano original, ou servir como estimativas ou alvos para um

plano revisado. Malas diretas devem ser enviadas somente após extensas análises

de testes e revisões, e grande parte de seu sucesso e a exatidão das normas de

orientação devem-se a este processo de teste.

O custo real do teste não é grande em relação ao valor das informações

obtidas e os clientes que o banco adquirir nesta fase de teste poderão ser

incorporados na população final do produto. A objeção principal em se realizar um

teste tem-se centrado mais em torno do tempo que um bom teste consome do que

no custo. Mas, com comportamento de crédito (contrapondo-se com, digamos,

aceitabilidade de mercado) não ocorre feedback instantâneo. Leva-se, pelo menos,

três meses para que as taxas de retorno (no caso de malas diretas) se tomem

aparentes, outro, seis ou mais para que tendências de inadimplência emerjam, e de

dez a doze meses para que comecem as perdas de crédito.

Revisões Periódicas

31

o passo final do processo de planejamento é assegurar que:

• está implantado um mecanismo de revisão regular;

• cada Programa de Produto ao Consumidor tenha sido aprovado por

uma ou mais pessoas, baseando-se em uma série de suposições;

• ao longo do tempo, as condições originais mudarão;

• novos programas de produto deverão ser revistos após um ano. Daí

para frente, o programa só deverá ser submetido ao mesmo nível de

aprovação caso haja uma deterioração substancial com relação à

inadimplência, perdas de crédito ou lucratividade geral;

• qualquer mudança significativa nos prazos ou outras condições, que

afetem o produto, também requererá uma revisão formal do programa

de produto.

Estes são os requisitos formais. Apesar destes, faz sentido que a unidade de

negócios realize, todo ano, uma revisão de cada produto. Esta reavaliação formal

deverá ser separada do processo orçamentário anual. Uma revisão aumenta a

sensibilidade da organização quanto à relação risco I recompensa de cada produto.

Esta revisão deverá incluir uma descrição atualizada dos prazos do produto, dados

de participação no mercado, volume e direção do crescimento, indicadores

qualitativos das compras, riscos capitais e, é claro, um modelo também atualizado

de lucratividade do produto. A responsabilidade deve ser seguida de autoridade. O

aprovador deve estar alerta para quaisquer mudanças não usuais no plano original e

nas hipóteses originais. O conhecimento somente cresce com a experiência, e a

melhor maneira de não reincidir no erro, ou melhor, de reincidir no sucesso, é

através de feedback constante.

3.4.2. O Processo de Iniciação ao Crédito

Com o desenvolvimento das técnicas de marketing massificado para atingir

uma população cada vez mais móvel e exigente, e com a crescente eficiência das

transferências eletrônicas de informações, o mercado de financiamento ao

consumidor mudou drasticamente. Hoje, clientes são convidados ao uso do crédito

através de campanhas agressivas por mala direta; sistemas de processamento de

empréstimos são automatizados e registros comportamentais sobre créditos

32

anteriores são revistos e avaliados estatisticamente. Geralmente, o cliente e a fonte

de empréstimo nunca entram em contato, exceto por telefone ou pelo correio. A

entrada de fontes de financiamento não tradicionais criou uma concorrência

adicional no quadro de financiamento ao consumidor. Estas mudanças têm

profundas implicações para o Gerente de Empréstimos ao Consumidor. Uma vez

que um conjunto de normas de crédito pode regular a iniciação ao crédito de

milhares de contas individuais, o Gerente de Crédito deve ter extremo cuidado ao

estabelecer estas normas. Depois que um novo produto chega ao mercado, pode

levar meses até que se saiba se se tem nas mãos um bom negócio ou um desastre.

Este novo estado de coisas requer técnicas mais avançadas para o gerenciamento.

Hoje, um processo de iniciação ao crédito deve:

• atender as metas de volume e penetração no mercado dos produtos de

crédito específico, que tenham sido estabelecidos pela Diretoria;

• predizer com exatidão o risco que um banco corre ao buscar maiores

volumes de crédito com potencial de ganhos mais elevados;

• estimar o custo de aquisição de cada novo cliente, especialmente à luz

dos benefícios potenciais do produto; e

• agir de acordo com a letra e o espírito de todas as leis e

regulamentações oficiais existentes.

Existem dois grandes fatores de impacto em todo processo de iniciação ao

crédito: o produto que se oferece e a origem da conta. Estes dois fatores

determinam o método e o grau da avaliação de crédito feito para cada conta.

Embora nem toda as propostas de crédito passem por cada etapa deste processo,

todos os Gerentes de Crédito devem estar familiarizados com os quatro passos

básicos para a avaliação da aquisição: proposta, avaliação, carga de gastos,

passado de crédito.

A primeira decisão a ser tomada no processo de iniciação de crédito é

determinar o método e o grau necessários para a avaliação de cada proposta. Cada

produto possui um grau inerente de risco e requer, portanto, um grau de avaliação

de crédito (incluindo custos de investigação) apropriado para cada tipo de risco.

33

Formulário de Proposta

o processo de iniciação ao crédito começa com um formulário de proposta

bem planejado e que se ajusta ao método e grau da avaliação de crédito do produto.

O desenho de um formulário de proposta necessita da total cooperação de vários

departamentos corporativos, incluindo dois que têm objetivos naturalmente

divergentes: Marketing e Gerenciamento do Risco. Geralmente, a área de marketing

quer uma proposta curta, enquanto os gerentes de crédito querem saber tudo sobre

o proponente. Qualquer proposta de crédito tem falhas, e o tempo e o esforço

necessários para preenchê-Ia, desencorajam muitos clientes potenciais.

Propostas compridas não desencorajam pessoas que possuem um cadastro

de crédito limitado, ou que gostariam de usar o crédito como um suplemento para

suas rendas e não por comodidade. Isso não significa que todos, e nem mesmo a

maioria dos clientes vindos através dessas propostas sejam desprezíveis. O ponto a

que se quer chegar é que, dependendo do produto, quanto mais longa for a

proposta, a tendência é de que um menor número de bons clientes sejam atraídos.

Um bom formulário de proposta deve ser planejado para atender preocupações das

seguintes áreas:

Política de Crédito

A informação solicitada é suficiente para permitir que tomemos uma sólida

decisão de crédito? Temos informação suficiente para validar I atualizar nosso

sistema de scoragem?

Marlceting

O desenho deste formulário motivará o cliente a querer este produto e,

portanto, solicitá-lo?

Concessão de Crédito

O formulário cumpre com todos os requisitos de todas leis e regulamentações

aplicáveis?

34

Cobrança

o formulário tem que conter todas as informações necessárias a uma

comunicação com o devedor. O formulário deve identificar ativos, específicos, que

possam ser legalmente adicionados ao principal, caso seja necessário (despesas de

cobrança, despesas legais, prestações e juros vincendos, etc).

Gerente do Negócio

O formulário deve ter uma proposta consistente com nossa proposição de

negócio para este produto. O formulário deve cumprir com todos os objetivos de

todas as áreas funcionais em questão. Obviamente, um formulário de proposta de

alienação fiduciária deverá pedir mais informações do que um formulário de proposta

de pequeno empréstimo pessoal, mas qualquer bom formulário de proposta deve

cobrir, juntamente com o contrato de crédito e a assinatura do proponente, as

seguintes categorias principais de informação: tipo e montante do empréstimo,

dados pessoais (nome, endereço, data de nascimento, nO da cédula de identidade e

quantidade de dependentes), dados sobre o emprego (onde trabalha, há quanto

tempo e renda anual), informações de crédito (outros credores, saldos, números de

contas), proprietário ou inquilino e referências financeiras (bancos e financiadoras).

Empréstimos grandes, com coobrigados, requerem dados adicionais sobre os ativos

e os avalistas I fiadores. Além de satisfazer as diferentes necessidades dos diversos

grupos da empresa envolvidos, o formulário de proposta deve ser fácil e lógico para

que o proponente o preencha. Apesar de todo o trabalho envolvido no

desenvolvimento de um bom formulário de proposta, os planejadores

invariavelmente cometem erros. Algumas das omissões mais comuns são:

• não deixar espaço suficiente para escrever a informação pedida

legivelmente, ou quantidade bastante de linhas para as referências de

crédito;

• o uso de símbolos ao invés de palavras. Este é um estilo bem visto

pela área de marketing, mas símbolos são freqüentemente ignorados

ou não entendidos pelos proponentes; e

35

• indicar categorias para que o proponente assinale em vez de pedir a

informação específica. Isto tem implicações particularmente

importantes para a scoragem de crédito. Saber que alguém tem 22

anos é mais significativo do que saber se está na categoria de pessoas

entre 21 e 29 anos de idade.

Temos visto novas e interessantes tendências que podem fazer com que seja

necessário redesenhar, ou pelo menos reexaminar os formulários já existentes. A

proposta tradicional assume como regra uma unidade familiar estável, com casa

própria.

Uma outra idéia é criar uma seção adicional na proposta, solicitando

informações suplementares àqueles que têm um passado de crédito limitado (ex.:

jovens ou pessoas retomando do exterior). Esta seção poderia ter a forma de uma

proposta de segunda oportunidade (para clientes anteriormente recusados) ou ser

incluída na proposta original. A informação pedida somente seria considerada ou

analisada, para ajudar um candidato que tenha sido rejeitado pelo sistema padrão.

No caso de pessoas jovens, perguntas mais detalhadas sobre educação, emprego e

renda, poderiam ser colocadas para determinar se há uma base razoável para a

concessão de crédito. Estas informações adicionais poderiam ser controladas,

objetivando o desenvolvimento de modelos estatísticos de previsão no futuro. Uma

vez que o formulário tenha sido desenhado e os procedimentos para a revisão e

processamento das informações estejam implantados, o próximo passo é escolher o

método de seleção inicial . Mais uma vez isto varia de acordo com o produto.

Sistemas de Análise para Seleção

Uma das decisões mais importantes que um gerente pode tomar, no

negócio de concessão de empréstimo ao consumidor, é decidir o sistema de seleção

apropriado a ser utilizado na concessão de empréstimos para seu portfólio. Os

principais métodos de análise de propostas individuais no negócio de crédito ao

consumidor, em alto volume, são de natureza subjetiva ou atuarial.

Seleção Subjetiva

Ninguém faz um mau empréstimo deliberadamente. Todas as decisões

relacionadas a empréstimos, feitas na base de aprovação de crédito subjetivamente,

36

são, por definição, bons empréstimos baseados em informações disponíveis em

dado momento. Os banqueiros, sabem que alguns empréstimos sempre se tomarão

perdas e qualquer decisão subjetiva para aprovar um empréstimo é meramente uma

estimativa de que a probabilidade de recebimento é alta.

Decisões de crédito puramente subjetivas têm se revelado preconceituosas,

preconceitos estes de ordem intelectual ou emocional. Como todo mundo, um

gerente de crédito é influenciado por pressões externas que podem perturbar seu

julgamento. Boas notícias, como o nascimento de uma criança, podem levar o

analista a ser mais favorável a dado proponente de alto risco, enquanto uma severa

dor de cabeça poderia causar a recusa de cliente potencialmente bom.

Tendências pessoais, vindas de anos de experiência com empréstimos,

podem também ser um fator. Por exemplo, o analista "A" pode ter concedido alguns

bons empréstimos a profissionais autônomos. A alguns metros de distância, o

analista "B" é extremamente desconfiado daqueles que trabalham por conta própria.

Decisão subjetiva, por definição, é aquela que não seria tomada do mesmo

modo necessariamente, por dois profissionais de crédito diferentes, ou ainda pelo

mesmo analista em ocasiões diferentes. E, deixando as questões de preconceito de

lado, é claramente impossível tomar decisões individuais sobre milhares de

proponentes de empréstimos, sem a disponibilidade de um grande corpo de

analistas de crédito experientes e caros.

Por isso, achamos que o empréstimo, em bases subjetivas, é impraticável

como meio de concessão de crédito em altos volumes ao consumidor. É

aconselhável ter como política, utilizar o sistema subjetivo, para empréstimos,

apenas quando não faz sentido o uso de um método baseado no processo atuarial.

Em caso de necessidade de utilização de seleção subjetiva, é obrigatório o

estabelecimento por escrito, pela gerência do negócio, de uma política detalhando

os padrões de crédito mínimos para a aceitação de proponentes, para que, pelo

menos, se minimize as variações individuais de julgamento. Os critérios podem

variar conforme o produto, as condições econômicas, as leis e os costumes locais.

Em todos os casos, os padrões mínimos de crédito devem ser documentados,

37

ficando à disposição da auditoria. E todas as exceções abertas a essa política

devem ser documentadas e revisadas cuidadosamente.

"Credit Scoring" - Seleção de Propostas por Scoragem de Crédito

Nos últimos anos, a scoragem de propostas de crédito surgiu, no negócio de

financiamentos ao consumidor, como método único e o mais importante meio de

avaliação de crédito. A scoragem de crédito não tomou o lugar dos "e's", utilizados

tradicionalmente por emprestadores - Caráter, Capacidade, Capital, Colateral

(avalista I fiador) e Condições Gerais - mas, os consolidou como ferramenta

gerencial moderna e objetiva. A scoragem de crédito é um instrumento estatístico

desenvolvido, principalmente, para que o prestamista avalie a probabilidade de que

determinado solicitante de empréstimo venha a ser no futuro um bom pagador. O

sistema consiste em proceder de acordo com uma fórmula para a avaliação de cada

solicitação de crédito, levando em conta um conjunto de características que a

experiência tem mostrado relevantes na previsão de reembolso. Valores numéricos

são atribuídos estatisticamente a cada característica relevante. Assim, cada

empréstimo, uma vez scorado, pode ser concedido ou recusado de uma maneira

eficiente, consistente e objetiva, e todo o portfólio de empréstimos ao consumidor

pode ser organizado com base nas "probabilidades de reembolso". Dependendo da

análise de experiência prévia, um sistema de scoragem pode utilizar características

relacionadas especificamente ao cliente (emprego, propriedade da moradia,

referências de crédito e assim por diante), ou relacionadas ao cliente mais as

características do contrato (tamanho da entrada, tipo do produto, prazo do

empréstimo, etc.).

Cada sistema de scoragem deve ser desenvolvido de maneira cuidadosa e

bem organizado. Deve ser ratificado e implementado com total apoio da gerência de

linha. Se isto for feito devidamente, a scoragem de crédito oferece as seguintes

vantagens:

Projeção de risco mais precisa: ao aumentar, ou diminuir o número mínimo

de "pontos" que o proponente precisa para certo tipo de empréstimo, um sistema de

scoragem de crédito pode aumentar, ou reduzir, as taxas de perdas de crédito. Se

os requisitos prévios foram demasiado conservadores, e se os preços cobrados o

permitirem, pode ser inteiramente conveniente aumentar o índice de perdas;

38

Aumento de renda: em situações de rápido crescimento (ex.: expansão

geográfica ou de fontes de distribuidores) a scoragem de crédito, com sua fórmula

de ponderação das características do cliente, pode estabelecer um perfil preciso de

risco do negócio, permitindo o crescimento com confiança;

Entender melhor o cliente: a scoragem de crédito fornece informações

demográficas (cadastrais) precisas, úteis na comparação do perfil do mercado alvo

com o perfil do mercado real, medindo a efetividade das vendas do momento e os

esforços de marketing e melhorando as estratégias de promoção de aquisição de

propostas e I ou propaganda;

Maior eficiência no processamento: a scoragem de crédito reduz o número

de informações de bureaus de crédito e o tempo necessário para o processamento

de novas propostas;

Capacidade do sistema de informações gerenciais: a scoragem permite a

formação de banco de dados, numa linguagem comum, requisitos para monitoração

e validação do próprio Credit Scoring e para obtenção de Sistemas de Informações

Gerenciais (MIS) de categoria avançada.

Informações de Bureau de Crédito

O passo seguinte no processo de abertura de crédito é decidir até que grau

deve-se checar o registro do passado de crédito de um cliente potencial. Os bureaus

de crédito, como atividade econômica, cresceram juntamente com a era industrial, a

distribuição massificada e o uso da concessão de crédito ao consumidor como

instrumento de marketing.

Atualmente, no Brasil, para financiamento de automóveis, são consultados o

Serasa e o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

Entre os itens aos quais deve-se estar atento ao analisar um registro de um

indivíduo, se incluem:

• tempo no arquivo (geralmente, quanto mais tempo melhor);

• número e tipos de contas;

• referências a contas pagas conforme contratado originalmente;

39

• qualquer informação desmerecedora (mais de dois ou três

apontamentos de pagamento moroso - mais de 60 dias após o prazo -

geralmente fazem com que um cliente seja menos confiável);

• falências, sentenças judiciais, confiscos de parte do salário, penhores

de bens e retenção de impostos geralmente são causas para rejeição

automática;

• muitas propostas para novo crédito - cada vez que o credor solicita um

relatório de bureau de crédito, esta solicitação dá entrada no registro

do proponente, aparecendo como uma consulta em aberto por um

prazo de até seis meses. Muitas solicitações de crédito sem a

subseqüente aprovação são geralmente uma luz vermelha para o

credor. O que o financiador quer saber, no caso, é se a pessoa anda

por todos os lados à procura de crédito e este lhe é negado.

Existem resoluções legais bem definidas sobre o uso de dados de bureaus

de crédito. Os bureaus e seus assinantes devem, por exemplo, observar leis e

regulamentos como:

• o direito de o indivíduo saber quais informações constam em seu

registro;

• o número máximo de anos durante os quais pode-se manter

informações negativas de crédito no registro de um indivíduo;

• a obrigação de conceder crédito ao indivíduo que recebe uma oferta

pré-aprovada (ou seja mala-direta);

• o direito do consumidor saber porque foi rejeitada sua proposta;

• se um relatório de crédito foi utilizado no processo, o direito de saber o

nome e endereço do bureau envolvido.

Análise de Carga de Gastos

O processo de analisar a capacidade de um cliente pagar determinado

empréstimo, geralmente cai sob a descrição genérica de análise de "carga de

gastos" ou de "fluxo de caixa". Existe um bom número de fórmulas relativamente

simples que um credor pode utilizar para prever a "capacidade" de um proponente

40

pagar, baseando-se em uma comparação entre as dívidas atuais e a renda atual. É

importante lembrar que o propósito fundamental das linhas de orientação de carga

de gastos é reduzir o risco, mediante a eliminação ou modificação daqueles

empréstimos em que a dificuldade de pagamento é óbvia. Um dos problemas da

análise de carga de gastos é o fato de que, muitas vezes, os dados são inexatos e

os empréstimos potencialmente bons e lucrativos acabam sendo rejeitados também.

O uso da análise de carga de gastos é uma velha prática de instituições de

concessão de crédito, especialmente quando há aumento do valor em risco.

Varejistas, bancos que emitem cartões de crédito e pequenas companhias de

empréstimos podem utilizar somente padrões de renda mínima. Mas, à medida que

as linhas de crédito aumentam - e especialmente, no caso de financiamento de

automóveis - uma análise completa da carga de gastos invariavelmente passa a

fazer parte do processo de avaliação de crédito. Para qualquer fórmula de carga de

gastos, uma relação prática entre dívida e renda deve ser estabelecida. Existem

quatro tipos diferentes de análise, que utilizamos hoje como parte integrante dos

processos de decisões de crédito:

Proporção dívida I renda: todas as dívidas informadas pelo bureau de

crédito são somadas para se obter o valor total, que o cliente paga mensalmente.

Estes pagamentos não devem exceder a determinada porcentagem de sua renda

bruta total, geralmente em tomo de 40%.

Proporção de pagamentos de prestação I renda: esta análise geralmente é

utilizada na avaliação para empréstimos para financiamento de autos. O percentual

deve ser, por segurança, de até 30% da renda bruta, com o pagamento da

prestação.

Proporção de renda mensal disponível: esta é uma fórmula que leva em

consideração a renda líquida mensal (depois do pagamento de impostos), o total

mensal de pagamentos de dívidas e uma margem mensal de gastos para cada

membro da família. Os clientes que não tenham renda que satisfaçam esses

requisitos não passarão pelo processo de seleção. As instituições de empréstimos

tradicionais costumam usar a análise de carga de gastos. Porém, os financiadores

que preferem a scoragem de crédito dizem que, apesar do cálculo de volume de

41

gastos, o desempenho futuro só pode ser previsto com base em experiências

passadas.

Outros dizem que o histórico do cliente, da forma como é retratado pelos

registros de um bureau de crédito, é a única maneira de prever o desempenho, e

que o cliente é por natureza auto-regulatório. Não conhecemos nenhum dado que

possa provar, hoje, que uma análise de montante de gastos, tal como a realizamos,

seja um mecanismo confiável para predizer o merecimento de crédito de um

proponente. Estão sendo feitas mais pesquisas para esclarecer esta questão, mas

falhas que existem naturalmente, na análise de renda ou na de carga de gastos,

indicam ser improvável que estas análises possam ser algo mais do que uma diretriz

útil no processo de decisão de crédito ou, especialmente, uma ajuda para

estabelecer a quantidade de crédito a ser concedido. Não podemos imaginar uma

situação em que a análise de carga de gastos, como é feita no presente, possa

fornecer uma previsão estatística independente e válida, do desempenho futuro de

um crédito concedido.

Algumas falhas que surgem em análises de carga de gastos são:

- Pessoas perdem empregos, são aumentadas e promovidas, perdem horas

extras, se divorciam, assumem novas dívidas, e eliminam antigas, tão rapidamente

que um cálculo de carga de gastos pode perder confiabilidade;

- Forças externas sobre as quais não temos controle - recessões, épocas de

prosperidade, cortes em investimentos governamentais, mudanças no preço do

petróleo, mudanças nas leis de falências - todas têm um impacto econômico nos

indivíduos;

- Autônomos nem sempre fornecem dados completos sobre suas rendas.

Além disso, a investigação de qualquer informação fornecida é sempre difícil;

- Dados sobre as linhas de crédito, obtidos através de bureaus de crédito e

utilizados nos cálculos de carga de gastos, são muitas vezes inexatos e incompletos;

- Variações regionais do custo de vida tornam qualquer fórmula de carga de

gastos virtualmente inútil;

42

- As diferenças substanciais que existem nos estilos de vida, de indivíduos

distintos, também tendem a tornar qualquer fórmula inútil. Por estas razões - e

porque a análise de montante de gastos é geralmente utilizada somente para rejeitar

empréstimos - a adesão cega à análise de carga de gastos é, no mínimo, imprecisa.

No entanto, nem mesmo pode-se recomendar que esta análise seja

eliminada como um passo no processo de avaliação de crédito, especialmente nas

linhas do crédito maiores. Nestes casos, uma análise financeira de renda e gastos

do cliente deve ser tão completa e acurada quanto for possível. Um dos negócios,

hoje, não mede esforços para o treinamento de seu pessoal na análise de crédito

para pessoas que trabalham por conta própria, cuja renda é difícil de avaliar. A

estabilidade de um cliente, como é prevista atuarialmente em um modelo de

scoragem, ou sua boa vontade de efetuar pagamentos - tal como demonstra o

registro de um bureau de crédito - tem, geralmente, mais utilidade para um gerente

de crédito do que uma análise rígida baseada em uma declaração imprecisa de

renda e gastos.

A Investigação do Cliente

Um dos passos finais no processo de iniciação de crédito é a investigação

da informação pessoal fornecida pelo cliente. Como nos outros passos do processo

de iniciação, os benefícios reais de qualquer esforço de investigação devem ser

ponderados em relação aos riscos potenciais da não-investigação. Em outras

palavras, investigações de dados pessoais são onerosas. Cada chamada telefônica

(e várias poderão ser necessárias) feita por confirmador de dados tem um custo, e

tais chamadas não afastarão determinado proponente que tenha intenções

fraudulentas. No máximo, o processo inteiro de iniciação de crédito pode minimizar a

fraude, porém, quase todos os sistemas podem ser logrados por um determinado

profissional, durante um curto período. A investigação do cliente é somente outro

passo na decisão de crédito, e fornece ao prestamista mais uma chance para

descobrir alguma tentativa profissional de fraude. Uma amostra do processo de

investigação poderia envolver o seguinte:

43

Confirmação Circunstâncias

Identidade:

O crédito está sendo concedido ao Todos os momentos.

solicitante e não a um personagem fictício? Emprego: Quando justificado quanto aos

Se empregado, o proponente trabalha onde custos, em relação ao saldo em

alega? risco.

Renda: Idem.

I Sua renda é mesmo a que informou?

Residência:

Sua residência é efetivamente no local Idem.

informado?

Investigação de identidade

Para estabelecer a verdadeira identidade de um proponente, a documentação

aceitável pode-se incluir: a carteira de identidade, carteira funcional (de uma firma

conhecida), passaporte, documento de naturalização, CPF.

Investigação de residência e emprego

Aqui, a chave consiste em investigar o cliente através do uso de informações

públicas, principalmente listas telefônicas, para determinar se o cliente realmente

reside e trabalha nos locais alegados. Quase sempre, é melhor verificar primeiro a

identidade do proponente antes de utilizar números de telefone ou endereços

fornecidos por ele, e então comparar os dois conjuntos de dados.

Em suma, o processo de investigação constitui uma habilidade adquirida, e é

melhor realizado por pessoas experientes. Um conjunto rígido de procedimentos

deve ser preparado e seguido. Porém, trata-se mais de uma arte do que de uma

ciência.

Investigação de renda

Entre as três categorias que devem ser investigadas, esta é a mais difícil. No

entanto, nossa experiência nos mostra que a maioria das pessoas preenche os

espaços sobre sua renda corretamente, ou até mesmo a diminuem. Os passos de

44

investigação são significativamente diferentes para pessoas que trabalham por conta

própria e para aqueles que trabalham para os outros:

Aceitável

Autônomo Assalariado

Balanço financeiro do negócio • Declaração de pagamento • atualizada (contra-cheque, assinado e auditado;

holerite, etc.).

• Notificação do imposto de • Notificação do imposto de renda; renda.

Checagem na contabilidade do • Carta de empregador bastante • negócio;

conhecido (sujeita a confirmação).

• Em caso de sociedade, extrato de contas dos sócios;

• Extratos de contas • Extratos de contas

Inaceitável

• notificação do IR sem assinatura ou cópia não autenticada;

• canhotos de pagamento manuscritos;

• cheques cancelados.

Investigação da Garantia

Tratando-se de empréstimos garantidos, um passo final muito importante que

deve ser dado antes de registrar o empréstimo, é investigar e avaliar a garantia.

Empréstimos garantidos estão se tornando cada vez mais importantes. E como os

abusos por parte do devedor vêm aumentando, os financiadores tendem, cada vez

mais, a contabilizar seus empréstimos como garantidos. Conseqüentemente, um

bom processo de investigação da garantia é essencial ao tomar uma decisão de

crédito relativa a um empréstimo dessa natureza. O processo envolve dois passos:

checar a existência do bem e verificar o valor estimado do mesmo.

Existência do bem

É possível que um automóvel não esteja sempre disponível para a

investigação. Geralmente, a instituição de empréstimos nunca vê o carro, já que a

45

transação é usualmente feita através de um revendedor. Aqui, a chave é conhecer

as pessoas com quem se efetua o negócio. Um revendedor respeitável, e que se

encontra em um estado financeiro sólido, não representa uma grande ameaça a

uma instituição de empréstimos. No entanto, se o revendedor enfrentar dificuldades,

poderá se sentir tentado a financiar duas ou três vezes o mesmo automóvel com

várias fontes de financiamento - ou mesmo apresentar veículos fantasmas como

garantia. É necessário um processo de checagem em base randômica, para verificar

a existência de veículos específicos e assegurar que as unidades tenham realmente

sido vendidas, e que os prazos e condições dos financiamentos coincidam com

aqueles nos contratos.

Avaliação do bem

No caso de automóveis, existem listagens de preços bastante divulgadas

(Revista Quatro Rodas, Jornal do Carro, etc.), e é fácil verificar o montante

financiado, comparando-o com estas listagens.

3.4.3. Iniciação ao Crédito

Scoragem de Crédito - Scoragem de Propostas / Credit Scoring

Embora poucos sejam diretamente responsáveis pelo desenvolvimento de um

sistema de scoragem, todo gerente de crédito ao consumidor deve entender os

conceitos fundamentais da scoragem de crédito e estar familiarizado com alguns

detalhes técnicos. E, apesar de nossa experiência com scoragem estar sendo

excelente, existem algumas armadilhas quando a gerência tenta implementar um

sistema, o planejamento e preparação adequada.

Plano do Projeto

o desenvolvimento de um sistema de scoragem de crédito pode levar dois

anos, necessitar de US$ 25.000 a US$ 200.000 em despesas, e envolver os

esforços de várias centenas de pessoas. Por causa deste investimento substancial e

do impacto potencial de um novo sistema na concessão de crédito de um banco, a

gerência encarregada deve primeiro documentar a justificação para tal projeto, com

um plano de projeto a ser aprovado, antecipadamente, pelo gerente de negócios

46

assessorado por profissionais. O projeto do plano deve tratar das seguintes

questões.

Gerente do Projeto

Como um primeiro passo, é importante identificar uma pessoa como sendo o

gerente do projeto, que será responsável pelo desenvolvimento do sistema de

scoragem. Ele será encarregado de tomar todas as decisões do dia-a-dia e de

realizar os objetivos declarados do projeto.

Necessidade do Produto

Os benefícios potenciais de um produto de crédito justificam o tempo e as

despesas necessárias para o desenvolvimento de um sistema de scoragem.

Normalmente, sistemas de scoragem têm como propósito ajudar a tomar

decisões de crédito rápidas e consistentes, quando se tem grande volume de

propostas. Nestes casos, é claro, um sistema de scoragem é economicamente

justificável.

No entanto, isto não impede que a scoragem seja benéfica para outros tipos

de produto. No caso de financiamento de automóveis, por exemplo, um sistema de

scoragem pode ser muito útil à gerência, como um entre vários instrumentos usados

na tomada de decisões de crédito. Um sistema pode também ajudar a organizar um

portfólio de outros empréstimos ao consumidor, de acordo com a categoria de risco.

Em todo caso, a gerência deve decidir antecipadamente, se os benefícios

potenciais justificam os custos inerentes ao desenvolvimento de um sistema de

scoragem, ou se deve ser solicitada uma política de execução para o produto.

Escolha do Responsável pelo Desenvolvimento

A fonte a ser utilizada para o desenvolvimento do sistema, ou sistemas, é

decisão importante que o gerente de negócios deve tomar no início do processo.

Existem várias firmas profissionais especializadas no desenvolvimento de sistemas

de scoragem de crédito.

47

Alguns setores dentro do banco podem desejar desenvolver seus sistemas

internamente, e devemos estar atentos para algumas possíveis desvantagens

encontradas neste caminho. Conforme o negócio cresce, e o custo do

desenvolvimento de sistemas de scoragem se torna mais significativo, há sempre a

tentação de expandir o departamento encarregado de fazer este trabalho, com a

expectativa de que o esforço interno economizará dinheiro. No entanto, existe uma

regra geral para os principais sistemas de scoragem. É extremamente difícil

economizar suficiente dinheiro, através do desenvolvimento de um sistema

internamente para compensar o custo de sua fraqueza potencial, ou seja, menor

precisão.

o desenvolvimento de um sistema de scoragem de crédito, requer uma

análise matemática muito cuidadosa de todos dados pertinentes.

As firmas especializadas no desenvolvimento destas técnicas vêm se

aprimorando ao longo dos anos, e é bastante improvável que uma equipe interna

seja capaz de superar ou se equiparar a tal perícia.

o resultado do esforço interno é, geralmente, um sistema menos sofisticado

que resulta em um número menor de "bons" clientes, ou maior de "maus" riscos, ou

mesmo em ambos. Existem firmas especializadas em quantidade suficiente para

assegurar que o banco receberá propostas competitivas. Além disto, manter contato

com este recurso externo é de importância vital, se pretendemos ficar atualizados

quanto às condições econômicas do mundo real e em relação ao desenvolvimento

tecnológico de ponta. Em regra, devemos procurar e utilizar a perícia de uma firma

especializada independente, mesmo que, à primeira vista, os custos pareçam altos.

Por estarem metidos até a cabeça em estatísticas, estes matemáticos tendem

a ter pouco conhecimento dos conceitos de negócio fundamentais a scoragem.

Percebe-se, também, que é útil ter um grupo bastante pequeno de

profissionais de scoragem cumprindo funções de conferência e coordenação, a um

nível central. Estes profissionais poderão:

1) servir como catalizadores do desenvolvimento de novos sistemas;

2) rever e orientar os gerentes de linha, na seleção de, fornecedores externos;

48

3) monitorar o desempenho de sistemas já existentes.

Poderão, também, desenvolver sistemas para os portfólios menores, nos

quais o tamanho e custo da amostra não justifiquem o desenvolvimento externo.

A Natureza do Portfólio

Um sistema de scoragem de crédito e o tipo de portfólio de empréstimo, no

qual esse sistema será utilizado, são inseparáveis. O gerente do projeto deve

estabelecer as especificações do produto, bem como abundante quantidade de

fatores demográficos e outros que se relacionem tanto com marketing quanto com

crédito.

Exemplificando, sistemas de scoragem separados poderão ser necessários

para áreas geográficas diferentes, tipos de produto, ou grupos demográficos

específicos.

Classificação dos Créditos Concedidos - a Definição

Depois que a categoria do produto tiver sido claramente definida, o próximo

passo é definir o que são empréstimos bons, maus, ou indeterminados, e

proponentes rejeitados:

• Bons créditos - Pode-se classificá-los geralmente com aqueles

empréstimos que nunca atrasaram ou, no pior dos casos, foram

moderadamente inadimplentes - tal como um ou dois pagamentos que

se atrasaram - ao longo de um período de tempo específico.

• Maus créditos - São aqueles que tenham sido lançados a perdas,

situam-se em uma condição de inadimplência maior (isto é, atraso de

mais de 90 dias uma vez, ou mais de 60 dias duas vezes, dentro de

um ano). A definição de "mau crédito" deve ser facilmente

acompanhável com as categorizaçães disponíveis no sistema de

informações gerenciais de contas inadimplentes.

• Créditos indeterminados - Sempre existem situações em que não é

possível classificar uma conta como boa ou má - uma categoria cinza

de desempenho, onde a gerência não está 100% certa se estas contas

49

são desejáveis. Estes empréstimos "indeterminados" devem ser

incluídos no desenvolvimento do sistema, mas sujeitos à restrição de

que "indeterminados" não devem nunca exceder 10% da população

total a ser analisada. É importante incluí-los na amostra de validação

para que se possa prever com acuracidade o desempenho do sistema,

incluindo a data de aprovação definitiva.

• Proponentes rejeitados - Estes só devem incluir aqueles rejeitados

por razões de crédito. Os proponentes que estejam abaixo da idade

exigida, que desistiram de suas propostas, ou que fizeram-na com

dados fraudulentos devem ser excluídos no processo de amostragem.

Definição de Categoria

A população de clientes, a ser analisada durante o desenvolvimento de uma

fórmula de scoragem de crédito, deve ser claramente definida. Deve-se ter em

mente que a fórmula resultante da análise e do teste do cliente, geralmente, só será

aplicável aos tipos de empréstimos usados durante o desenvolvimento do sistema.

O desempenho de um sistema construído para uma categoria específica de

empréstimo e uma determinada população de clientes sofrerá certa degradação,

quando for incluída outra população de clientes ou outra categoria de empréstimo na

massa a ser analisada.

O gerente de negócios deve resistir à tentação de usar o mesmo sistema para

urna população nova, pensando que "este sistema funciona, por que gastar mais

dinheiro para o desenvolvimento de outro?", pois o pressuposto básico no

desenvolvimento de fórmulas de scoragem de crédito é que o comportamento futuro

será essencialmente o mesmo que o passado. Os créditos e os proponentes

analisados durante o desenvolvimento e teste do score devem ser o mais próximo

possível aos créditos e proponentes que se espera seorar no futuro.

Coleta e Codificação dos Dados

Quando o plano do projeto estiver desenvolvido e aprovado, o próximo passo

é coletar e codificar os dados apropriados. Após ter definido créditos bons, maus e

indeterminados, com base no desempenho de pagamento, o responsável pelo

50

desenvolvimento do sistema deve então selecionar amostras ao acaso (estatística),

destes empréstimos, e compilar toda informação disponível sobre os proponentes e

os créditos. O mesmo deve ser feito com propostas de empréstimos que foram

rejeitadas. A maioria das rotinas estatísticas requerer de 800 a 1500 de cada tipo de

proposta (bons, maus créditos e proponentes rejeitados) para desenvolver fórmulas

de scoragem. A confiabilidade e a previsibilidade crescem à medida que o tamanho

da amostra aumenta.

É importante que os pesquisadores compilem toda informação disponível nas

propostas. A qualidade final da fórmula de scoragem de crédito, que deve permitir

discriminar contas boas e más, dependerá muito da inteireza dos dados da proposta,

inicialmente disponível para a avaliação.

Se fatores relevantes não forem incluídos na compilação dos dados, a fórmula

será falha em algumas áreas, possivelmente de maneira crítica.

Continuando, os dados coletados devem ser traduzidos para uma forma

legível pelo computador, e a codificação deverá ser cotejada com os documentos

originais, para certificar sua exatidão. O processo de tradução utilizado na

codificação dos dados deve ser repetido identicamente quando a fórmula de

scoragem for usada. Conseqüentemente, quem desenvolve o sistema deve evitar

versões excessivamente complicadas, para manter o processo efetivo de scoragem

simples e ajudar a manter baixas as taxas de erro de scoragem.

Desenvolvimento de Pesos de Scoragem

A técnica estatística mais comumente utilizada no desenvolvimento de

fórmulas de scoragem de crédito é o método de "regressão múltipla". Quem

desenvolve a fórmula analisa as características codificadas. oriundas das propostas

de crédito e de outros documentos pertinentes e disponíveis, para determinar quais

fatores, em combinação com outros, permitem prever melhor a probabilidade de uma

conta qualquer vier a ser paga conforme o acordado. Naturalmente, aqueles fatores

de forte correlação com desempenhos futuros bons ou maus, acabam sendo

utilizados na fórmula de scoragem. Propostas rejeitadas devem ser analisadas

estatisticamente, para prever quais teriam sido seus desempenhos caso tivessem

sido aceitas.

51

As características utilizadas na fórmula de scoragem final devem satisfazer

todos os requisitos a seguir:

• Devem ser válidas estatisticamente;

• Devem atender a legislação vigente;

• As características devem ser lógicas e factuais, não criando dúvidas

para os proponentes rejeitados, os quais devem ser sempre

informados da razão da recusa.

Gerentes de projeto devem tomar um cuidado especial para que essas

exigências sejam cumpridas, e devem recorrer a todas as áreas de conhecimento

especializado dentro da empresa financiadora.

o Ponto de Corte na Escala de Scores

o resultado final de todo sistema de scoragem de crédito é uma pontuação

numérica que sumariza o perfil de crédito de cada proponente, e que corresponde

ao risco que a sua proposta significa para o banco. Somando os scores de todos

clientes, conclui-se que o portfólio é um score médio apresentando determinado

risco.

Tendo estabelecido isto, a próxima decisão que a equipe do projeto enfrenta é

estabelecer o score mínimo para aprovação, traduzindo a recompensa potencial da

conta de empréstimos. O score selecionado é conhecido como o ponto de corte do

sistema; as propostas que ficam abaixo deste ponto de corte não devem ser aceitas.

Conseqüentemente, o estabelecimento do ponto de corte do sistema de

scoragem é a ferramenta importante disponível à gerência, para o controle da

quantidade (volumes) e qualidade (inadimplência ou lucratividade) do portfólio de

produto de crédito. Quando a lucratividade e a inadimplência estão dentro das metas

previstas, a gerência geralmente aceita um score algo mais baixo. Porém, caso

contrário, o score torna-se mais elevado.

O gráfico, a seguir, demonstra scores de crédito que vão de O a 100, em

que, quanto mais alto, melhor é o score. A curva "A" demonstra a distribuição

hipotética de contas de "mau risco", cujo score médio de crédito é 30. A curva "8"

52

corresponde à distribuição de contas de "bom risco" com um score médio de crédito

de 70.

DISTRIBUIÇÃO DE RISCOS

20~------------------

o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 -scores" de Crédito

Figura 1 - (Lawrence, David B. , 1990)

Se o ponto de corte de score for estabelecido em 45, somente 10% dos

maus riscos excederiam este score (área sombreada), enquanto que mais 90% dos

bons riscos o passariam. Isto representa uma mistura desejável de bons e maus

riscos, mas, dadas as duas curvas, será que é a melhor mistura possível? Somente

uma análise de lucratividade pode responder a esta questão adequadamente.

Obviamente, essa análise teria que conter projeções relativas ao lucro de uma boa

conta em comparação com a perda em uma conta má, incluindo a probabilidade de

inadimplência, custo de inadimplência, nível da atividade de cobrança, e assim por

diante. Agora, suponhamos que a gerência deseje uma população de melhor

qualidade. Ao invés de 45, o ponto de corte de score pode ser estabelecido em 60.

Isto virtualmente eliminaria todos os maus riscos. Mas eliminaria também grande

proporção das contas potencialmente boas (cerca de 20%). Mais uma vez, só uma

análise detalhada poderá responder à questão.

O modelo ideal de scoragem de crédito deveria atingir uma perfeita

separação entre as duas populações. Mas, uma separação perfeita não é factível,

dadas as limitações da amostra, os dados disponíveis, os erros casuais, as

limitações do método estatístico e os custos de desenvolvimento.

Embora não seja possível obter um modelo perfeito, pode ser possível

atingir uma melhor separação através do desenvolvimento de modelos mais

homogêneos. Se, por exemplo, um negócio oferece vários produtos em locais

diferentes, o desenvolvimento de modelos diferentes para cada produto, em cada

53

local, de maneira geral resultará em melhores resultados do que se um só sistema

fosse cobrir todos produtos em todos os locais.

Além disto, os modelos podem ser construídos para tipos específicos de

clientes, tais como sistemas para "militares" ou "adultos jovens". Não devemos

perder de vista os aspectos de custo e benefício que fazem parte não somente do

custo do desenvolvimento de vários sistemas homogêneos, mas, também, do

investimento necessário para a implantação, monitoração e validação dos sistemas

múltiplos.

Estabelecendo o Ponto de Corte de Score

Existem três métodos que uma equipe de projetos pode utilizar,

separadamente ou em conjunto, para determinar um ponto de corte de score de

crédito: método para manter a taxa existente de aprovação, para prover uma

aceitável taxa de perdas, ou visar à lucratividade de um produto.

Manter o índice de Aprovação

o estabelecimento de um ponto de corte de score para assegurar a taxa de

aprovação historicamente consistente e aceitável, é o mais fácil e mais conservador

dentre os três métodos. A escolha deste caminho enfoca o impacto de um novo

sistema de scoragem de crédito sobre a redução de perdas de crédito. Embora a

percentagem de proponentes aprovados permaneça tal qual era antes da

implementação da scoragem, a proporção de bons sobre maus será melhor. A

capacidade do sistema, de melhorar a discriminação entre contas boas e más, deve

reduzir o nível de perdas de crédito entre 5% e 20% - até mesmo 40%, dependendo

de quão conservadoramente tenha sido feita a concessão de crédito no passado.

É essencial na implementação deste método que todos os outros fatores

relativos ao crédito não deteriorem, incluindo composição de dados demográficos

dos proponentes, prazos de empréstimos, normas de autorização para compras e

procedimentos de cobrança.

o enfoque de manutenção da aprovação continua sendo um método

relativamente inflexível de estabelecer um ponto de corte de score. Se o

desempenho não acontecer conforme o planejado estabelecer novo ponto de corte

54

não é tarefa fácil. Muitas vezes, envolve um retorno, com reconsideração, aos dados

da pesquisa original.

E isto é claro, atrasa o processo de marketing numa época em que se deveria

estar desfrutando de rápido crescimento.

Manter a Taxa de Perdas

Outro método não muito sofisticado, mas perfeitamente aceitável para o

estabelecimento do ponto de corte de score, é marcá-lo de forma que o índice de

"mau risco" forneça, no final, a mesma taxa de perdas que esteja sendo

experimentada no momento. Isto deve resultar em mais receitas e mais lucros (com

a aceitação de número maior de bons créditos), e supõe que a dinâmica de lucro do

momento é aceitável.

Modelo de Lucratividade de Produto

A estratégia preferida, no estabelecimento do ponto de corte, é estabelecer

um nível aceitável no modelo de lucratividade do produto, resultando, assim, em

uma relação risco I recompensa adequada. O ardil para utilizar este modelo com

sucesso é certificar-se que são usados dados corretos para análise.

Como a maioria dos sistemas de contabilidade financeira relaciona as perdas

de crédito com os saldos a receber, em base anual, a taxa de mau risco projetada

deve, primeiro, ser convertida a um índice de perda de crédito ao longo da vida do

produto (incluindo o desgaste de contas ao longo do tempo), e daí é tirada a média

para se obter a taxa anual de perdas de crédito. Assim, pode-se obter, com mas

facilidade, o risco do portfólio. Como ilustra na figura 1, o objetivo é tornar a área

comum às duas curvas menor possível, pois, desse modo o risco será menor.

Quando os planejadores de produto tiverem dados confiáveis sobre a receita

prevista para o produto em toda sua vida, e sobre as despesas relacionadas tanto

com as contas de "bom" quanto de "mau risco", a flexibilidade do modelo de lucro do

produto torna possível estabelecer o ponto de corte no score que resulte no máximo

de lucratividade total esperada, mas não necessariamente no mais baixo volume de

perdas.

55

Seguindo este método, cada classe de seore de crédito tem um fator de

valor que representa a contribuição variável (receita menos despesa) a ser realizada

a partir de contratos de empréstimos contidos nesta classe. Em outras palavras,

cada classe de seore representa um conglomerado de bons e maus empréstimos. E

como geralmente não é possível alocar com precisão as despesas fixas, é

perfeitamente normal determinar apenas a margem de contribuição de cada classe

de seore.

É claro que o gerente de negócios tem que considerar alguns fatores para

tomar a decisão sobre o ponto de corte do seore, mas, tendo capacidade de avaliar

rapidamente o desempenho efetivo de um sistema de scoragem, ele poderá mudar

o ponto de corte fácil e eficientemente, adequando sua decisão original. Esta é a

principal razão porque o método de lucratividade do produto é considerado

excelente para o estabelecimento de pontos de corte de score.

Questões de Implantação

Muitas das objeções que têm sido levantadas sobre sistemas de scoragem se

esvaeceram com o tempo. Gerentes de crédito ao consumidor aprenderam que

sistemas de seoragem funcionam, e que os seres humanos podem aprender a

conviver com eles.

Mas, como com qualquer outra mudança organizacional, pode haver

problemas na implantação de um novo sistema de seoragem. Se o negócio for

administrado numa base centralizada (isto é, se houver uma central de tomada de

decisões), os problemas serão minimizados. Mas, muitos negócios são

descentralizados e a gerência pode vir a precisar superar os temores de seu

pessoal, em relação a seoragem. Esses geralmente são:

- Que o julgamento humano está sendo superado pela máquina e que

pessoas estão se tornando supérfluas; e,

- Que a seoragem de crédito é demasiadamente complicada e difícil para ser

utilizada pelo pessoal.

56

Exceções

A gerência deverá treinar o pessoal de crédito nas áreas onde existam

procedimentos em operação, e também ensinar as maneiras apropriadas para se

comunicar com clientes rejeitados. Tudo isso deve ser suportado por normas

escritas.

Tecnicamente, uma exceção é qualquer decisão de aprovação de crédito

tomada em posição à recomendação do seore de crédito.

Uma exceção acima do ponto de corte ocorre quando se toma uma decisão

de negar crédito, mesmo que o proponente tenha excedido o ponto de corte de

seore. Urna exceção abaixo do ponto de corte, ao contrário, é quando se concede

crédito mesmo que o proponente não atinja o ponto de corte do sistema.

Exceções ao sistema de seoragem devem ser especificadas em

procedimentos operacionais, auditáveis e por escrito. O acompanhamento do

desempenho de contas aprovadas por exceção, indica como o critério utilizado pode

ser aperfeiçoado.

Exemplos de exceções que um gerente de crédito pode fazer ao sistema de

seoragern incluem:

- Acima do ponto de corte: rejeitar um cliente com passado de crédito fraco

ou uma carga de gastos excessiva, o que poderia desequilibrar um seore de crédito

o contrário, seria bom;

- Abaixo do ponto de corte: um cliente rejeitado oferece informações

positivas suplementares ao gerente de crédito, tal como um relacionamento

estabilizado com um banco, casos políticos, podendo então ser aprovado.

Não há necessariamente nada de errado com uma exceção, e também não

existe uma contradição com o enfoque automatizado e atuarial básico no processo

de aprovação de crédito. Todos sistemas requerem abertura para a intervenção,

baseada no julgamento gerencial. No entanto, um alto índice de exceções (digamos

acima de 5 ou 10% das aprovações) pode indicar que o sistema não está sendo

utilizado eficientemente ou que está desatualizado. E, se o sistema estiver

57

funcionando bem e com precisão, as probabilidades de que um gerente possa tomar

decisões melhores que o sistema são mínimas.

Processo de Auditoria

Um processo de auditoria deverá ser estabelecido. Isto envolve, no mínimo,

procedimentos para a armazenagem e recuperação de dados da proposta;

capacidade de identificar o score do crédito; documentação das instruções de

scoragem e algoritmo de computador; e documentação do desenvolvimento e

validação do sistema.

Precisão do Score

Identificar e acompanhar os erros na seoragem, especialmente erros

"críticos", é importante para o sucesso global do programa de seoragem, uma vez

que as decisões são baseadas no seore (erros "críticos" são aqueles que fazem

proponentes serem aceitos ou rejeitados com base em erros no cálculo do score).

Grande número de erros, efetivamente, sabotará o programa, fazendo com que a

validação do sistema seja impossível, e colocando a qualidade do portfólio em risco.

Sistemas de scoragem suportados por computadores podem eliminar erros

matemáticos, mas a entrada de dados deve estar certa.

Revisão e Aprovação Periódica

A gerência deve aprovar qualquer sistema de scoragem antes de sua

implantação, antes de uma revisão de porte e em uma base anual. Alguns sistemas

deterioram rapidamente, outros duram anos. O mais importante é que um gerente

tenha à mão um processo de revisão periódico e formal do desempenho do sistema.

Documentação

Documentação cobrindo todos os aspectos do sistema de seoragem é exigida

para propósitos legais, para obter a aprovação necessária. para servir como base

para revisão, e para satisfazer cada um dos propósitos de implementação notados

acima.

58

Segurança da Fórmula de Score

Para minimizar a possibilidade de fraude, pesos de scoragem devem ser

conhecidos somente por aqueles que precisam conhecê-lo, para levar a cabo a

operação e controle efetivo do sistema. Isto é especialmente importante em relação

a empréstimos de origem indireta, quando não-funcionários podem estar envolvidos

no processo de concessão de crédito.

o formulário de proposta deve também incluir informações não scoradas -

para o envio de contas, cobranças, razões legais ou de marketing.

Incluir fatores não ponderados na folha de trabalho de um sistema de

seoragem de operação não automatizada produz o efeito de obscurecer a fórmula

codificação.

Limitações dos Modelos de Scoragem de Crédito

o fato de um sistema de seoragem ser superior aos métodos subjetivos, para

produtos de alto volume não significa que a scoragem de crédito não possua certas

desvantagens, limitações e problemas potenciais. A scoragem de crédito não é, uma

"panacéia universal", e não pode fazer tudo.

A primeira limitação técnica é que um modelo de scoragem de crédito prediz

diretamente só taxa de mau crédito (decisões ruins) e inadimplências, e não lucros

ou perdas.

Os modelos de seoragem de crédito, para serem considerados bons,

dependem das amostras com as quais foram desenvolvidos, e prevêem o

comportamento de novos proponentes baseando-se no desempenho de clientes

anteriores. Os modelos também são limitados até certo ponto pelo fato de que

inferências, quanto ao desempenho de clientes rejeitados no passado, devem ser

feitas e incluídas na amostra de desenvolvimento, o que influenciará na pontuação

do seore.

59

Monitoração do Desempenho do Sistema

Para manter um controle adequado do processo de scoragem, o gerente do

projeto deve monitorar e acompanhar constantemente o desenvolvimento de seu

sistema. Os sistemas de scoragem de crédito baseiam-se até certo ponto na

suposição de que o sistema produzirá os resultados desejados.

A única maneira de verificar o desempenho do sistema e sua precisão na

identificação de riscos maus e de taxas de desvios é através de um sistema de

informações gerenciais (MIS) especialmente planejados para monitorar a

experiência com as contas cadastradas no sistema.

Na verdade, o "MIS" de monitoração começa imediatamente, com o

detalhamento das atividades mensais de contas processadas escoradas.

Esta monitoração começa com um perfil estatístico da população de

proponentes "que nos bate à porta" no momento, comparando-a à população

utilizada para desenvolver o sistema.

Por exemplo, o produto está atraindo o mesmo tipo de proponente -

proprietário de casa, emprego estável, baixo endividamento, e assim por diante -

para o qual foi planejado durante o desenvolvimento do sistema? O resumo de um

sistema, com bom desempenho, talvez seja assim:

ANÁLISE DE ESTABILIDADE DA POPULAçÃO 150 ________ ........................ ..

• Atual cn .! • Previsto

~ 120 ------------~~~--~~~------­C O Q.

e Q.. 90

Q) "O O I~ ro "S Q. O

Q..

ro "O

cfl.

30

100 120 140 160 180 200

"Score de Crédito"

Figura 2 - Lawrence, David B. 1990

60

o diagrama mostra uma situação na qual os seores de crédito dos

proponentes atuais estão distribuídos essencialmente como em alguma época no

passado, quando um fluxo diferente de proponentes foi usado na construção da

fórmula de scoragem. Isto é, simplesmente uma técnica estatística especial, para a

mensuração do grau ao qual duas curvas são similares, mas onde a similaridade

não é suficiente. O tamanho da amostra deve ser suficientemente grande, de modo

que a similaridade entre as duas curvas não possa ser atribuída ao acaso.

O Relatório sobre a Estabilidade da População é um aviso antecipado da

possível deterioração do sistema. Ainda que mudança significativa da população,

por si só, não signifique que o sistema não esteja mais funcionando, este tipo de

mudança deve alertar o gerente de crédito quanto ao fato de que uma séria

mudança ocorreu e que esta deve ser entendida.

Monitoração do Desempenho do Portfólio por Classe de Score

A prova final do desempenho de um sistema, no entanto, é a experiência do

portfólio scorado com relação a perdas, inadimplência e maus empréstimos. O

61

acompanhamento e a análise do desempenho podem ser feitos a níveis bem mais

detalhados que simplesmente a precisão das classes de score.

Pode-se, por exemplo, querer associar o desempenho de lucro ou

inadimplência com itens individuais da proposta, ou com itens do bureau de crédito,

cada item em separado ou em combinações que tenham significado.

Contas investigadas e contas não investigadas, dentro da mesma classe de

score, devem ser comparadas para a obtenção de índices de performance. Mais

importante ainda é que o desempenho das contas aprovadas por exceção, quer

acima, quer abaixo do ponto de corte, devem ser comparadas umas com as outras e

com o restante da população.

Se o sistema estiver funcionando corretamente, as exceções com

desempenho abaixo do ponto de corte não serão aceitáveis. No caso de negócios

indiretos, pode vir a ser necessário levar um certo porcentual de negócios fracos,

para conseguir uma parcela razoável dos bons negócios. Onde não há motivo maior

com o qual se preocupar, um bom gerente retroalimentará o desempenho das

exceções feitas abaixo do ponto de corte, para transmitir a mensagem de que isto é

um mau negócio, e que as exceções feitas à política devem ser mantidas em um

nível o mais baixo possível.

Em relação a exceções feitas acima do ponto de corte, recomenda-se o teste

de desempenho, que consiste em aceitar uma amostra e então delegar estas contas

(que normalmente não teriam sido aceitas) para um "controle central" de contas. Se

o sistema estiver funcionando, pode ser possível provar que uma conta com score

alto, que teria sido subjetivamente rejeitada, funciona tal como o previsto

estatisticamente. Tal experimentação é encorajada, dentro dos parâmetros de um

sistema de SCOragem em funcionamento, uma vez que a consistência de um

sistema, e a capacidade de acompanhar os resultados estão asseguradas.

Recomenda-se que sCOres acima do ponto de corte sejam divididos em

classes com intervalos de dez pontos, e que a taxa de maus créditos e a experiência

com inadimplência e perdas sejam analisados por safras, canais de venda e assim

por diante, para isolar o efeito de novos cadastramentos de contas no desempenho.

62

Não espere que o inadimplemento amadureça, se transformando em mau crédito ou

perdas, para analisar.

Resultados que ocorram cedo - até mesmo três ou quatro meses após o

contrato - devem ser analisados. O impacto de eventos externos, tal como uma

recessão, também deve ser levado em consideração.

Quanto mais rápido se determinar que um sistema está deteriorando, mais

rapidamente a gerência poderá planejar o desenvolvimento de um novo sistema. Um

relatório de uma amostra de acompanhamento de um sistema de sucesso deve ficar

mostrar que quanto mais alta for a classe de score, melhor será o desempenho - tal

qual o sistema foi projetado para realizar.

3.4.4. Processo de Cobrança

Há muito tempo que especialistas vêm discutindo sobre quanto de perdas de

crédito pode ser reduzido por um processo de cobrança. Uma regra básica que se

endossa é que uma boa organização de cobrança pode reduzir as perdas de crédito

em 30%. Talvez, a maneira certa de colocar a questão seja outra: as perdas de

crédito aumentariam em 30% sem uma boa organização de cobrança, pressupondo­

se que os outros fatores permaneçam iguais.

Qualquer que seja o percentual, todo portfólio de crédito ao consumidor bem

administrado, deve ter uma organização de cobrança profissional integrada no

processo de crédito. O fato é que um certo número de clientes sempre se endividará,

sem pensar ou se importar com as conseqüências de tal dívida. O papel de uma

organização de cobrança é lembrar a seriedade envolvida no relacionamento entre o

cliente e o credor. Bens foram comprados e serviços foram prestados, e o credor

tem o direito moral e legal de ser reembolsado. Uma organização de cobrança não

deixa que o consumidor esqueça isto, e estabelece o reembolso do crédito como

alta prioridade, perante o cliente.

Todo consumidor tem recursos finitos, com os quais ele paga aluguel, compra

alimentos, roupas, mantém o automóvel, paga utilidades, e assim por diante.

Portanto, as pessoas naturalmente têm prioridades sobre quais contas devem ser

pagas primeiro e quando deve ser feito este pagamento.

63

Os elementos principais da função de cobrança que discutiremos são:

- O processo de cobrança - A freqüência e tipo de contrato entre o

representante da cobrança e o cliente, e também os passos a serem seguidos caso

as tentativas iniciais não resolvam a inadimplência;

- Técnicas de contato - Os métodos que o credor deve utilizar para

contatar o cliente atrasado em seus pagamentos: chamadas telefônicas, cartas de

cobrança, visita à casa do devedor, e assim por diante.

o Contato Inicial

A decisão de colocar uma conta em cobrança é significativa para ambos:

cliente e instituição credora. Desde quando o cliente se toma objeto de um contato

de cobrança, sua conta permanece "em cobrança" até que seja paga, passada para

um serviço externo (como uma empresa ou escritório de cobranças), ou que o bem

em garantia seja retomado. E, enquanto a conta estiver "em cobrança", deve-se

destinar recursos para administrá-Ia.

Conseqüentemente, dependendo das necessidades de cada caso, os

credores utilizam diferentes estratégias para lidar com a inadimplência em seus

primeiros estágios, incluindo:

• Nada -fazer;

• Incluir uma mensagem no extrato do cliente;

• Mandar uma carta gerada por computador;

• Mandar uma carta pessoal; ou

• Fazer uma chamada por telefone.

Como se decide qual opção utilizar? Cada negócio tem suas próprias linhas

de orientação que talvez incluam: todas as contas atrasadas um dia recebem uma

mensagem em seu extrato; todas as contas com 15 dias de atraso recebem uma

notificação gerada por computador; todas as contas com saldos maiores que um

determinado valor estipulado e que estejam atrasadas 10 dias recebem um

telefonema, e assim por diante.

64

A maioria dos negócios segue este tipo de processo subjetivo, com contas

específicas designadas a cobradores individuais. Cada cobrador lida com a conta de

acordo com os procedimentos indicados conforme a idade da conta, saldo, score

comportamental da conta, e assim por diante.

A scoragem comportamental nos dá a maneira mais precisa e sofisticada

de como lidar com a conta. Utilizando informações disponíveis, e reduzindo estas

informações a uma única medida do risco corrido pela instituição, um score

comportamental alinhará as contas na ordem em que a gerência deseje que sejam

trabalhadas pelos cobradores.

Conforme discutimos anteriormente, a scoragem comportamental funciona

através da identificação de segmentos de contas com risco similar. Uma vez que um

sistema de scoragem esteja instalado, o desafio então é fazer mudanças na

estratégia de cobrança que resultem no aumento de retorno para a instituição,

através do aumento do número de cobranças por unidade de despesas com a

cobrança. Em suma, a scoragem designa a ação mais eficiente quanto ao custo para

~da conta inadimplente. Um exemplo de estratégia de cobrança baseada no

comportamento é visto na tabela abaixo:

AL TERNATIVAS DE ESTRA TEGIAS DE COBRANÇA

.- Sc~ 91-100 71-90 31-70 11-30 0-10 comporta mental O 1° 5 Carta

telefonema 10

o 15 Carta 1°

t/) 20 telefonema E cu ... 25 1° GI ... til cu IV li) 30 telefonema til

c

" 35 GI

t/) Carta ::iE

cu 40 Õ 45

Carta 1° E

GI

50 1° telefonema til til

telefonema 111

55 c GI

60 ::iE

~~iYn ~ioc:.,.n -"- Alto

Um sistema simples de scoragem com porta mental que mostre com exatidão

as probabilidades de que contas medianamente inadimplentes voltem à

normalidade, sem que haja qualquer ação de cobrança, pode poupar milhares de

65

reais só em despesas com correspondência, ao eliminar notificações de cobrança.

Além disto, este sistema evita aborrecer o cliente como acontece quando as

notificações cruzam no correio regular com um pagamento.

Para se chegar a uma estratégia de scoragem comportamental, mesmo que

simples, é preciso testar exaustivamente contas com cobrança e analisar

continuamente os dados do teste. O comportamento humano é muito complexo

para se predizer a reação de um dado cliente a qualquer novo tipo de

tratamento. Testar, testar e testar ainda mais, ajudará a melhorar um sistema de

cobrança, mas o sistema nunca será perfeito.

Instrumentos para Negociação

Existem alguns instrumentos utilizados pelo cobrador ou vendedor para

negociar com o cliente que queira cumprir com suas obrigações contratuais, mas

não em recursos para tal. Isto envolve a renegociação de mudanças nos prazos de

pagamento. O propósito é, obviamente, manter o consumidor como cliente ao longo

do período difícil (muitas vezes chamado de "período de crise") que esteja

temporariamente impedindo-o de saldar seus débitos. Qualquer procedimento de

renegociação deve ser apoiado por uma política escrita, aprovada em nível de

gerência sênior que deve tratar dos tipos de renegociações possíveis; das

circunstâncias sob as quais a renegociação deve ser considerada; de quais fatores o

cliente deve satisfazer para estar apto à renegociação; e de quais aprovações da

supervisão são necessárias.

Empresas de Cobrança e Advogados Externos

Chega um momento, com a continuidade da inadimplência, em que é mais

eficiente utilizar uma empresa de cobranças ou advogado externo do que continuar

a efetuar a cobrança internamente. Mesmo que a decisão de quando se atingiu este

ponto possa ser um processo complicado, uma vez isto identificado, e estabelecidos

procedimentos convenientes, os benefícios obtidos podem ser consideráveis.

Empresas de cobrança e advogados de cobrança são firmas independentes

que ganham sua renda através do recebimento de contas inadimplentes. Eles são

pagos, geralmente, com comissões negociadas, baseadas no que recebem,

66

variando entre 20% e 50%, dependendo da idade da conta inadimplente e do

montante do saldo devedor no momento referido. Em geral, quanto mais velha for a

conta, maior a taxa de comissão. Essa escala móvel sofre um impacto do saldo da

conta, sendo que pequenos saldos recebem taxa de comissão mais alta que as

contas de saldo elevado.

o processo de seleção de um advogado ou empresa de cobrança é similar,

em muitas maneiras, à seleção de um bureau de crédito. Em cada área geográfica,

algumas firmas são melhores que outras.

Para determinar quais firmas são melhores é necessário fazer visitas ao local,

revisar os resultados no seu "MIS", bem como verificar as referências de seus

clientes atuais. O processo de seleção culmina com um acordo contratual, que

deverá ser aprovado pela Consultoria Legal do credor.

Ponto importante é negociar sempre a inclusão no contrato de que a empresa

ou o advogado remeta o recebimento com freqüência maior que uma vez por mês.

Monitoração e Acompanhamento

Passar contas para terceiros não significa que a instituição lava suas mãos

em relação à conta. Deverá haver um processo para determinar quão bem o

advogado ou empresa de cobrança realizou sua missão, e o que seu desempenho

revela sobre o processo de cobrança. Em outras palavras, se a empresa tem um

índice alto de re-cobrança, pode significar uma de duas coisas:

• Seu processo de cobrança é muito bom; ou,

• O processo interno de cobrança é muito fraco.

E caso as re-cobranças sejam baixas, poderá significar que:

• O processo interno de cobrança é muito bom;

• O processo da empresa é fraco; ou,

• Nenhum processo de cobrança funcionaria, porque os clientes

adquiridos originalmente eram demasiado ruins.

67

3.4.5. Sistemas de Informações Gerenciais

Um desafio enfrentado pelas organizações descentralizadas é como delegar

responsabilidade aos gerentes de linha, permitindo que as pessoas que estão mais

perto dos clientes tomem decisões importantes, e ainda manter certo grau de

controle centralizado sobre o negócio. Uma solução é manter um fluxo constante de

informações específicas e exatas sobre o negócio, para o escritório central, e que

desta forma gerentes de linha e o gerente sênior possam se comunicar utilizando

uma linguagem comum.

Gerenciar com êxito, um portfólio de consumidores requer grande quantidade

de informações, pois este é um negócio de detalhes. É um negócio varejista e este é

um negócio detalhista. Não é um negócio direcionado a transações, um negócio de

negociações, um grande e impetuoso,negócio de generalidades, é, na realidade, um

negócio penoso, de "peão", e em que decisões aparentemente pequenas podem

afetar radicalmente o fim da linha. O enfoque atuarial do gerenciamento do ciclo de

crédito baseia-se na habilidade de tomar decisões de extrema exatidão o que requer

informações.

A análise simplista das estatísticas gerais pode, muitas vezes, ser ilusória. Há

alguns anos, por exemplo, um gerente poderia tomar a decisão de atrair mais

negócios relaxando os prazos e condições sob os quais concedia empréstimos. Esta

decisão trouxe um novo tipo de cliente que era substancialmente mais arriscado que

a classe de cliente anterior. Como era de se esperar, durante o primeiro ano os

volumes aumentaram. Os poucos meses necessários para que contas más se

revelem, e que comecem as inadimplências, esconderam da gerência a verdadeira

história.

O desempenho dos novos e mais arriscados clientes, não foi acompanhado

separadamente, então foi uma surpresa quando as perdas finalmente aumentaram.

No terceiro ano, a taxa de perdas havia subido de 44 pontos de base para 233

pontos. Hoje, um problema parecido seria detectado por um ou mais processos

cuidadosamente seguidos: análise de inadimplência "encadeada", que remove o

impacto de volumes recém-incorporados; segmentação de portfólio; análise de

68

estabilidade de população; "não pagadores" da primeira prestação; e, é claro,

sensibilidade visceral.

Administrar um portfólio de empréstimo ao consumidor requer o

acompanhamento de muitos detalhes. Administrar mais de 400 portfólios, por

exemplo, talvez não exija muitos outros detalhes, mas, os dados utilizados devem

ser resumidos e significativos. O desafio é criar um sistema de informações

gerenciais que administre o fluxo de informações de uma maneira que evite os erros

de "MIS" (Manager Information System) mais comuns: muitas informações de um

tipo; muito pouco de outro; prioridade fraca de dados; apresentação deficiente de

informação, com dados relevantes encobertos; e informações incorretas, imprecisas.

O resultado de tais erros é que os relatórios serão geralmente ignorados ou,

se forem lidos, isso será feito da maneira mais superficial

Segmentação de Portfólio

Muitos outros detalhes são exigidos a nível local do negócio, porque alguns

itens, como a segmentação da lucratividade por produto, são absolutamente

necessários para um negócio bem administrado. O sistema "MIS" que descrito, para

o nível de gerência sênior, é meramente um meio para que aqueles gerentes

possam fazer perguntas sobre a direção dos portfólios. Mas, o gerente de linha deve

ser capaz de "descascar o abacaxi" e explicar totalmente detalhes tais como o

desempenho de uma dada safra de negócios (ou seja, todos negócios cadastrados

de maneira similar durante um curto período de tempo), ou como o desempenho de

um gerente, região ou país específico.

Segmentações significativas incluem aqueles dados sobre os quais já

mencionamos: região geográfica, fonte dos negócios, subproduto, seore de crédito,

e seores comporta mentais, como sendo segmentações, relevantes para o propósito

de análises mais detalhadas de inadimplências, retomadas de posse/execução de

alienação, ou perdas de crédito e, é claro, de estratégias de marketing. Estatísticas

sobre o desempenho operacional de cobradores, sobre o processamento de contas

e sobre empresas de cobrança devem estar disponíveis em nível de unidade de

negócios. Uma boa equipe de gerência fará uma revisão diária, semanal e mensal

padronizada destas estatísticas chaves.

69

Existem alguns itens adicionais aos quais todo gerente de unidade de

negócios deve estar atento: uso de "dados encadeados", ou seja, a necessidade de

definições uniformes e eventos exógenos.

3.4.6. Produtos Especializados I Empréstimos Indiretos

o financiamento indireto trata dos negócios que são encaminhados ao

financiador através de terceiros, uma fonte indireta, portanto. Eles incluem

financiamentos de automóveis, entre outros financiamentos.

o financiamento indireto é muito diferente do direto, isto é, empréstimos feitos

mediante o preenchimento de um formulário de proposta de crédito por parte do

cliente ou como resultado de mala-direta. Como conseqüência de um negócio feito

com um concessionário de automóveis, talvez seja necessário fornecer serviços que

pouco têm a ver com os normais de financiamento. Estes serviços podem, por

exemplo, incluir financiamento de estoque para o concessionário (isto é, fornecer os

fundos necessários à compra dos veículos que constituem o mostruário da loja),

empréstimos para capital de giro, etc. Este tipo de serviço exige que os gerentes

envolvidos em financiamento indireto tenham competência para lidar com

financiamento comercial - competência esta que inclui análise de relatórios

financeiros, conhecimento de documentação legal, verificação da garantia,

planejamento e execução de treinamento - além das habilidades normais

necessárias para o financiamento para consumidores.

Negócios Indiretos / Concessionários de Veículos

Muitas vezes, são necessários anos de esforços em vendas para se

conseguir negócios indiretos de um concessionário de veículos , particularmente um

de primeira qualidade, de boa reputação e muitos negócios. Um concessionário

vende, geralmente, de 80 a 90% dos seus bens com financiamento, de maneira que

uma fonte financiadora segura é indispensável para o bom andamento de seus

negócios. Conseqüentemente, é pouco provável que ele mude sua fonte de

financiamento atual, a menos que surja um grande problema ou que a mudança

para uma nova fonte ofereça uma grande vantagem.

70

Boas oportunidades para se conseguir um concessionário podem aparecer

quando há "aperto de crédito" - ocasião em que muitas financeiras diminuem suas

atividades - ou quando a financeira atual deixa de ser competitiva em preço ou

serviço. Às vezes, um concessionário divide seu financiamento entre várias

financeiras (uma principal e uma ou duas secundárias), e é então que uma financeira

secundária pode ter uma oportunidade para expandir seu papel. A financeira

principal freqüentemente atinge seu status por causa dos serviços extras que

fornece, tais como financiamento de estoque e empréstimos para aumentos de

capital. De modo geral, a financeira principal tem a primeira "chance" em todos os

contratos assinados pelo concessionário, sobrando para as secundárias apenas os

contratos rejeitados por ela.

Montar um negócio indireto exige um processo gerencial deliberado e

intensivo. Assinar contrato com fabricante de veículos para o financiamento das

vendas dos concessionários nem sempre garante sucesso. Concessionários são

revendedores independentes, e assim sendo, têm a palavra final a respeito da sua

financeira. Precisam ser convencidos, um por um, de que mudar sua financeira é

vantajoso para eles.

Uma vez que o concessionário esteja "ganho", porém, os negócios aumentam

rapidamente. Ao contrário de um negócio direto que pode ser montado pouco a

pouco, um negócio indireto cresce rapidamente, com períodos de grande

crescimento ocorrendo de modo intermitente. Este crescimento rápido exige

planejamento cuidadoso nas áreas de staffing, e pode resultar em perdas

operacionais moderadas, enquanto a infra-estrutura está sendo montada.

Confiabilidade do Concessionário

o fator mais importante quando se considera o estabelecimento de uma

transa indireta é decidir se o concessionário vale este relacionamento a longo prazo.

A Política da empresa deve definir claramente os termos para "aceitar" um

concessionário como cliente. Os padrões usados devem otimizar a relação risco e

retorno, tendo em conta a realidade do mercado. Os fatores a serem considerados

em qualquer plano devem incluir a estrutura de preços, os critérios para empréstimo,

a base para comissões e interveniência, a maneira com que se lida com as

71

reclamações, a viabilidade de um plano de financiamento total mínimo. Um contrato

de financiamento global deve levar em consideração se existe contrato de recompra

pelos fabricantes. Caso um concessionário vá à falência, é muito mais fácil resolver

os problemas dos carros não vendidos, se existe um acordo com o fabricante para

recomprar as unidades. O financiador geralmente não tem condições para livrar-se

do estoque.

É imprescindível saber o máximo possível sobre o concessionário com quem

se pretende fazer negócios. Mesmo havendo vínculo entre a financeira e o

concessionário, isto não elimina uma investigação completa sobre o parceiro

comercial em potencial, antes de assinar qualquer acordo, bem como

acompanhamento cerrado sobre a sua saúde financeira e reputação.

Devemos lembrar que um credor que financia estoques entre outros

financiamentos, pode ter de cinco a dez vezes mais dinheiro investido no negócio

que o próprio concessionário. Isto pode tornar-se problema sério se o próprio

concessionário vier a enfrentar dificuldades financeiras. No caso de falência, o

financiador, muitas vezes, perde mais que o concessionário.

Como um passo final, proposta específica deve ser preparada para cada

concessionário antes de se fechar negócio com ele. Nesta proposta, a

responsabilidade do concessionário, no tocante ao fornecimento de informações

financeiras, garantias pessoais, seguros e tudo mais, deve ser claramente definida.

Também, um resumo das implicações de risco e recompensa para cada negócio

deve ser preparado. Este modelo de análise de rentabilidade deve estimar o tipo e

volume dos negócios que o concessionário fará, o retorno global da transação, e

avaliação completa da situação financeira do concessionário.

A transação com o concessionário deve ser documentada legalmente,

definindo-se de antemão os direitos e as responsabilidades das duas partes

envolvidas (acordos de financiamento total mínimo e assim por diante). Esta

documentação, que precisa passar por uma cuidadosa revisão legal, deve estar

completa e em mãos antes que se comece a operar o negócio.

72

Informações Gerenciais

Os negócios indiretos devem ser gerenciados individualmente, fazendo-se a

monitoração de cada concessionário, por menor que seja. Os "MIS" sobre o

concessionário têm que estar disponível, devendo ser revisado e analisado

regularmente pela gerência, incluindo nessa análise:

• Volume e tipo de negócios de varejo: novos, usados, ou com "Ieasing";

• Reclamações de clientes: quantidade e severidade das reclamações;

• Seore de crédito: a distribuição, por seore, das vendas a cada mês;

• Inadimplências, retomadas de posse e perdas de crédito: a tendência

destes três indicadores através do tempo;

• Limite de linhas: especialmente os concessionários que excedem seus

limites repetidamente;

• Auditoria global: relatórios sobre unidades vendidas, mas pagas com

atraso;

• Idade das unidades no estoque: há muitos modelos velhos

encalhados?

• Registro de pagamentos: pagamentos atrasados, cheques sem fundos;

• Saúde financeira: análise dos relatórios financeiros.

Descobriu-se que é de grande ajuda quantificar estes indicadores chaves de

desempenho, classificando cada um em termos de risco potencial em comparação

com um padrão. Uma classificação abaixo do padrão permite ao credor estruturar as

condições de crédito de acordo com o risco. Quando existem informações

financeiras detalhadas em um modelo comum, de larga porção de revendedores,

muitas vezes é possível montar um sistema de scoragem para concessionários.

Em grandes empresas que comercializam automóveis pode-se montar um

modelo de scoragem, porém, em pequenas empresas, devido à falta de estrutura e

informações, torna-se, praticamente, impossível, tornando o risco mais elevado.

73

Mais um problema com a análise dos relatórios financeiros dos

concessionários: até que ponto se pode confiar nos balanços financeiros não

revisados - ou revisados por uma auditoria? Os concessionários quase sempre

usam sistema de contabilidade menos formal e rigoroso que uma empresa grande.

Conseqüentemente, a análise financeira vai além dos números dos relatórios. O bom

senso e a observação de dados informais, tais como o número de vendedores

despedidos, estoque baixo e instalações descuidadas, são de grande ajuda para

aquilatar antecipadamente a situação real do concessionário.

Relacionamento e Preço

A via indireta para fazer negócios é diferente de todas as outras, pois envolve

várias considerações a respeito de preços diversos com um mesmo concessionário.

A transação total deve ser levada em conta na avaliação do custo de financiamento.

Vendas no atacado e varejo, veículos novos ou usados, etc., podem exigir preços

diferentes, com retornos diferentes. Por isso, só uma análise global poderá

determinar a lucratividade da transação com o concessionário.

No negócio indireto, a receita líquida, por cliente, geralmente é mais baixa que

a do financiamento direto. O emprestador está, em essência, alugando a rede de

distribuição do concessionário em vez de estabelecer seu próprio sistema - o que

representa custos operacionais menores para o financiador.

Os preços são muito competitivos na área dos negócios indiretos, e muitos

concessionários têm força para poder receber propostas de várias fontes.

Acompanhar os preços e as estratégias de preços, de maneira competitiva é

muitíssimo importante no financiamento indireto. Um item digno de consideração é

quando a comissão do concessionário (ou seja, sua parte nos lucros financeiros)

deve ser paga. O método de pagamento e a importância são estabelecidos pela

concorrência no mercado, mas se for possível, a comissão deve ser paga durante a

vigência do contrato, na medida em que for ganha. Se as comissões forem pagas

de uma vez só, no começo do contrato, será um problema receber do

concessionário as importâncias a serem devolvidas quando houver rescisão

antecipada de contratos.

74

Muitos contratos de financiamento são quitados antes do prazo de

vencimento; em média, os contratos de 48 meses para veículos são pagos em 32

meses. Alguns empréstimos são pagos também em 3 ou 4 meses, quando o cliente

acha uma nova fonte de financiamento. Portanto, o prazo médio real do contrato é

uma informação importante para o financiador.

Arranjos para Inferveniência

Há várias maneiras pelas quais o financiador e o concessionário pode

alocar o risco de financiamento e a venda das unidades apreendidas. A concorrência

geralmente determina as condições do mercado 10ca,1 e contanto que políticas de

preços incluam o custo total do acordo, várias combinações para interveniência ou

não interveniência são possíveis, podendo funcionar bem para ambas as partes. Os

acordos típicos entre financiador e concessionários são de dois tipos:

- Sem interveniência: o financiador absorve todos os prejuízos;

- Com interveniência total: o concessionário absorve todos os prejuízos;

É importante, porém, salientar aqui que a transferência de risco ao

concessionário não deve afetar os padrões básicos de aceitação do em prestador.

Se o concessionário tiver muitos prejuízos, ele terá problemas, não importa qual seja

o acordo estabelecido, e o financiador pode ser acusado de mau julgamento de

crédito. Uma vantagem do acordo de interveniência é que cabe ao concessionário

vender os veículos apreendidos. O concessionário faz isso muito melhor que o

financiador, pois pode vender bem e facilmente no mercado de varejo, enquanto o

emprestador não tem condições de conseguir o mesmo preço com facilidade.

75

CONCLUSÃO

Na pesquisa realizada verificou-se que no período pós Plano Real, as vendas

de veículos registraram um boom de crescimento, como resultado dos seguintes

aspectos: Estabilização econômica que facilitou a compra a prazo, antes prejudicada

pelos altos índices inflacionários; Maior oferta de crédito ao consumidor; Existência

de grande demanda reprimida.

Todavia, mesmo com o crescimento verificado, maio/2002, no Brasil,

conforme informações da Serasa, o total de crédito para pessoa física é equivalente,

apenas, a 5% do PIB. Nos EUA, por exemplo, é de 20% do PIB.

Assim, fica fácil verificar que, no Brasil, temos muito a crescer em crédito ao

consumidor para financiamento de veículos, e, conseqüentemente, na produção e

venda de automóveis.

Outro ponto importante levantado, de acordo com a Se rasa , é que a grande

variação nas taxa de juros, é em função, basicamente, das perdas em crédito. As

perdas chegam a representar, em determinadas instituições, até 30% do spread,

prejudicando, obviamente, o crescimento do setor.

Então, torna-se extremamente necessário, um Programa de Produto de

Crédito específico para financiamento de automóveis, que implique na diminuição

das perdas de crédito, e provoque, conseqüentemente, uma diminuição das taxas de

juros, a fim de favorecer o crescimento do setor.

A pesquisa, a seguir, foi realizada, principalmente, com as seguintes

instituições:

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA);

Associação das Empresas de Crédito, Financiamento e Investimento

(ACREFI);

Associação Nacional das Empresas Financeiras da Montadoras (ANEF);

Banco Ford; Banco Itaú; HSBC; Real ABN AMRO Bank; Unibanco, etc.

Taxas de Juros (CD

Prazo Sinal % Taxas %(am) Custo Até 12 " 20 2,45 a 3,45 2,00

. 13 a23 20 2,50 a 3,95 ' .2,16

24 a36 30 2,75 a 3,95 . 2,36

30 3,00 a 3,95 2,50

~~,,~: ACREFI e ANEF (06-2002)

BM&F (06-2002)

~~

vista

Mercado de veículos formas de pagamento

- - . - - - - - ---

~ ,,<ti ~c§> ~O"O"

• Leasing

~~ ~" ~

Financiamento

~()~ ~tp

q<.0

o Consórcio

Frota de veículos no Brasil

Frota Total: 23.600 milhões de veículos

De Okm a 3 anos • 19%

} 40% De 4 a 8 anos • 15% De 6 a 10 anos • 25%

De 11 a 18 anos • 16%

De 16 a 20 anos .14%

Acima de 21 anos • 11 %

tis.: Estima-se uma frota para 2005 de 28 milhões de veículos

76

Na administração do processo de gerenciamento de crédito em altos volumes,

destacam-se os pontos:

• O crédito é uma função gerencial de linha de vendas;

• A autoridade é descentralizada e delegada a indivíduos;

• Existe um papel para especialistas funcionais;

• A Autoridade Política de Crédito e a Divisão de Auditoria fornecem uma

checagem e avaliação sobre as decisões da gerência de linha de

vendas;

• Treinamento é um requisito rotineiro para todos os gerentes; e,

• Forte processo de cobrança.

Em muitos bancos existe um debate fundamental, sobre onde se coloca a

responsabilidade final por decisões tomadas. Alguns bancos possuem um setor de

crédito forte e centralizado; alguns têm um setor com pouca força ou nenhuma

centralização, deixando a decisão final unicamente aos gerentes de linha.

Em uma organização onde existe um processo de revisão forte e centralizado,

o gerente de conta poderia falar com frustração: "eles (o pessoal de crédito) não

entendem a realidade do mundo, suas cabeças têm estado enterradas em análises

estatísticas por tanto tempo, que esqueceram o que é conceder um empréstimo ou

aceitar um novo cliente".

"Será que eles não entendem que são nossos esforços que mantêm o banco

em movimento - e pagam seus salários?"

Por outro lado, num mundo totalmente dirigido pela linha, uma pessoa da área

de crédito talvez reclamasse que "aqueles gerentes de linha só ficam tentando

entregar o dinheiro do banco de mão beijada. Eles não têm nenhum senso de

equilíbrio entre vendas e prudência na concessão de crédito. Infelizmente, não se

pode confiar neles".

77

Muitos bancos tendem a endossar - aberta ou subconscientemente - a visão

de que um corpo forte, independente, centralizado e com uma concepção global da

questão de crédito, deve julgar todos os compromissos a serem assumidos. Nessas

instituições, o gerente de linha deve levar seu trabalhoso programa de empréstimos

ao "Comitê de Revisão de Crédito", e vai para a reunião tremendo como se fosse um

pedinte se expondo perante um tribunal composto de nove "gurus" de crédito

devidamente vestidos de preto. A confiabilidade, o mérito de seu programa de

crédito, é decidida por esse grupo e, aprovado ou não, ele sai da sala sabendo

pouco mais do que quando entrou, sobre o que deve conter num "bom programa de

empréstimos" .

As disciplinas de vendas e crédito são aspectos inseparáveis da mesma

profissão. Muitas vezes, aponta-se para o fato de que não estamos no negócio de

peles ou jóias, que não temos um produto manufaturado para vender. Estamos no

negócio de crédito e, para que tenhamos sucesso, devemos ser hábeis praticantes

da arte de conceder crédito. Isto quer dizer, em última análise, que a verdadeira

função de revisão de crédito deve ser desempenhada dentro de nossa própria

consciência, quando consideramos um programa de produto de crédito.

Num "Comitê de Política de Crédito", cujos membros, pessoalmente, revêem

decisões de crédito de tamanhos e riscos inusitados para o banco, de maneira geral

a função de revisão de crédito é bastante descentralizada. Os gerentes de linha são

responsabilizados individualmente e, espera-se que sejam elogiados pelas decisões

essenciais de crédito.

Dentro das unidades de negócios de crédito ao consumidor, cada gerência de

linha é responsável pelo seu próprio processo de crédito. Os gerentes de linha estão

mais perto de seus mercados e, portanto, estão em melhor posição para ver "o

conjunto certo de fatos". Operando em vários países, têm-se, literalmente, milhões

de clientes de crédito em todo tipo concebível de negócio e atividade individual. Os

gerentes das unidades de negócios que servem estes clientes são os mesmos que

deverão, afinal, fazer os julgamentos e tomar as decisões chaves.

78

Delegação de Autoridade

As pessoas, nas linhas das unidades de negócios de crédito, tomam

decisões e assinam seus nomes em transações. Autoridade, para tomar estas

decisões de sim ou não sobre transações de crédito, foi formalmente delegada a

pessoas espalhadas no mundo inteiro. Somente as transações muito pouco usuais

ou muito grandes ainda passam por um processo de revisão centralizada.

É preciso que cada gerente, ao dar sua aprovação, entenda a transação em

profundidade, e que sua rubrica seja dada independentemente das assinaturas dos

outros gerentes.

Especialistas Funcionais

Dentro da organização de linha de cada unidade de negócios, há sempre

um papel para um especialista de crédito com capacidade de julgamento e perícia,

para auxiliar o gerente da unidade de negócios a separar os elementos do crédito e

tomar as melhores decisões.

Comitê de Política de Crédito

Toda instituição que opera em crédito deve ter uma política adequada ao risco

que seu mercado representa. Dentro dessa política deve ser evidenciado um critério

de aprovação através de um comitê de crédito.

Esse comitê deve ser soberano em todas as decisões de crédito, e, deve ser

formado, de acordo com o risco envolvido, entretanto, no mínimo, por dois membros

especializados em crédito e no negócio de crédito ao consumidor.

Um fator importante é que deve haver um amplo consenso dentro do comitê

de política de crédito com o objetivo de manter um alto nível de energia, para se

enfrentar quaisquer desafios que possam surgir.

Divisão de Auditoria

Outra função muito importante é representada pela Auditoria. Respondendo

diretamente à diretoria, o auditor chefe fomece regularmente uma revisão

independente de cada negócio. Além deste papel tradicional, de assegurar que os

processos de relatórios financeiros estão exatos e verificar que os procedimentos

apropriados estão implantados e sendo seguidos, os auditores revêem regularmente

79

a sanidade de cada portfólio. Esta função de revisão de produto fornece aos

gerentes de linha (e à gerência sênior) uma opinião independente sobre a qualidade

do processo de crédito e da qualidade dos ativos em cada portfólio. Todos os anos

são identificados portfólios e processos fracos, e os gerentes tomam atitudes

senadoras para cada falha identificada. O profissionalismo dos auditores é uma

"segunda linha de defesa" valiosíssima contra o desempenho deficiente. O primeiro

escalão de defesa ainda é uma boa gerência de linha.

Treinamento

Significativamente, um dos maiores problemas que se encontra ao construir

um negócio ao consumidor era a falta de especialistas no campo de crédito ao

consumidor. Banqueiros da velha linha sempre fugiram das minúcias de como

ganhar dinheiro com contas pequenas. E, existiam poucos peritos, lá fora, que

estivessem completamente familiarizados com o campo de crédito ao consumidor no

geral.

O treinamento emerge com uma necessidade óbvia e previsível para bons

gerentes de empréstimos ao consumidor, e constrói internamente um programa de

crédito de nível sênior. O programa de treinamento "Crédito e Risco" é bastante

profissional e bem afiado. O programa contém estudos de casos baseados em

experiências, um jogo de simulação sobre um modelo de lucro e, ainda, palestras,

seminários e grupos de trabalhos sobre assuntos especializados.

O programa inclui também uma familiarização completa com os princípios

aqui - o relacionamento risco/recompensa que caracteriza o negócio de crédito ao

consumidor, gerenciamento atuarial, planejamento da aquisição de contas para

prevenir problemas no final do processo, uso dos sistemas de informações

gerenciais, e preparo para entender o papel do gerente de negócios como

coordenador: treinador e responsável pela tomada de decisões.

Nem mesmo a melhor equipe de cobrança pode compensar um processo de

iniciação de crédito que tenha sido deficientemente concebido. Nos velhos tempos

de financiamento ao consumidor, uma decisão errada de um gerente de crédito

poderia resultar em uma grande perda para o banco. Hoje, os resultados de uma

decisão errada podem chegar aos milhões de reais. As características do mercado

80

financeiro ao consumidor, hoje, exigem que os gerentes de empréstimos utilizem

não somente o senso comum e juízo ao tomar decisões, mas também que

aproveitem todo o instrumento de informação a que tenham acesso - desde

computadores de alta velocidade até peritos na verificação de crédito, treinados nas

técnicas para detectar fraude nos empréstimos ao consumidor. Através do uso de

todos estes recursos, uma instituição de empréstimos pode manter uma posição

firme em relação às perdas e assegurar-se de que as operações ao nível do

consumidor continuem a ser lucrativas.

No Brasil, existe um grande potencial do mercado para financiamento de

automóveis, e este é, sem dúvida nenhuma, uma forma, mais garantida, de ganhar

dinheiro. Assim já existem instituições como ANEF e ACREFI, que controlam e

fiscalizam as instituições que operam com esse produto, assim como realizam

estatísticas e projetam tendências.

Processo de Cobrança

Um forte e bem montado processo de cobrança diminuirá, certamente, a

inadimplência e, naturalmente, o volume de perdas, favorecendo assim o resultado

do produto. Dessa forma, as taxas para o financiamento poderão ser menores,

favorecendo a elevação do volume de financiamento e contribuindo para o aumento

das vendas e, conseqüentemente, da produção de veículos no país. ( Conforme

gráfico a seguir).

Brazilian Market Auto Finance - Delinquency

4,50% 4,2%

4,000/0 I ~ ali; ; """-= ",u lO ~

3,50% I ~ ~OJ ;-~

. . ". Jj • ---- - -=--,. I • ~'V 3,00% I T ? 70/_ ? 7%:' .,

2,50% I • Lu_

2,00% I \ ". ~ 2,2% 9 9 % il ,;1%

1,50% I \ ------= - .. "701

1,00% I 1,3J/o 1,3% 1,3% 1,4% 1,4%

0,50% +I--------------------------------------------------------------------------------------------------~

. '" 0,00% +I--------r--------r-------.--------.--------,--------r--------r------~r_------._------_.------~

Jun/OO Ago/OO OuUOO Dez/OO Fev/01 Abr/01 Jun/01 Ago/01 OuU01 Dez/O 1 Fev/02

-'-31-90 - Auto Finance - BACEN ---Acima de 90 - Auto Finance - BACEN ..I: I. . ( ,

81

Tendências

Até agora, foi descrito o "crescimento" do negócio de empréstimos em altos

volumes ao consumidor. Algumas das técnicas utilizadas são novas, algumas são

emprestadas, e algumas têm estado por aí durante anos. Em alguns negócios,

usam-se conceitos e sistemas que estão entre os melhores no mundo; em outros

negócios, o gerente que concedeu o primeiro empréstimo à pessoa física se sentiria

perfeitamente em casa. Mas no geral, ficar na frente em todos nossos negócios - na

tecnologia, na inovação, no serviço, e no tamanho, faz parte do ramo.

Hoje, as instituições de empréstimos devem utilizar técnicas mais

sofisticadas, para separar clientes potencialmente bons dos potencialmente fracos.

Estas técnicas incluem muitas das que já descritas, conforme abaixo:

- uso maior de scoragem de crédito e scoragem comportamental;

- proliferação das redes nacionais de terminais de pontos de vendas com

capacidade de decisões instantâneas de sim ou não sobre o uso de crédito;

- aumento da precisão e quantidade das informações disponíveis através de

bureaus de crédito; e

- a tendência crescente em direção a empréstimos garantidos como a forma

padrão de empréstimos ao consumidor.

Por outro lado, acredita-se que o consumidor esteja, hoje, mais atento à

importância de administrar suas dívidas do que jamais esteve.

Dentro de pouco tempo, talvez, teremos cartões de plástico que contenham

informações sobre o histórico de crédito do consumidor - todos codificados e uma

forma legível pela máquina. Estes cartões, quando combinados com uma rede

nacional de terminais em cada ponto de venda, darão à instituição de empréstimos o

potencial para forte controle sobre o processo de crédito.

Outro fator, proposto nesse trabalho, a ser considerado, é a utilização do SAC

(Sistema de Amortização Constante), nos financiamento de autos, pois, como as

prestações são decrescentes, com utilização de taxas fixas, o comprometimento

82

mensal do financiado diminui a cada mês, impactando, assim, no índice de

inadimplência.(Planilhas - anexo B - pág. 86).

Estas tendências, juntamente com a mudança para empréstimos mais

garantidos, são todas favoráveis para a eficiência e lucratividade, e deverão manter

a indústria de finanças ao consumidor em uma rota previsível por muitos anos.

(Gráficos e tabelas, Perspectivas para 2002, anexo A - pág. 85)

83

REFERÊNCIAS

BLATT, Adriano. Avaliacão de Risco e Decisão de Crédito. São Paulo: Nobel, 1999.

BRIGHAM, Eugene; GAPENSKI, Louis; EHRHARDT, Michael. Administracão

Financeira. Rio de Janeiro: Atlas, 2001.

CAMPIGLlA Américo Oswaldo. Crédito Direto ao Consumidor.ln: Cadernos Álvares

Penteado. São Paulo: Iglu, 1997

COSCI, S. Credit rationing and asymmetric information. Dartmouth, 1993.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.

GITMAN, L. Princípios de Administração. Financeira. São Paulo: Harbra, 2000.

LAWRENCE, David B. Consumer Credit. New York: Citicorp, 1990.

ROSS, Stephen; WESTERFIELD, Randolph; JAFFE, Jeffrey. Administração.

Financeira. Rio de Janeiro: Atlas, 1995.

SANTOS, José Odálio. Análise de Crédito. São Paulo: Atlas, 2000.

SAUNDERS, Anthony. Administração de Inst. Financeiras. Rio de Janeiro:

Atlas,2000.

SCHRICKEL, Wolfgang Curto Crédito. São Paulo: Atlas, 2000.

VENTURA, Eloy Câmara. A Evolução do Crédito. Curitiba: Juruá, 2000.

84

ANEXOS

85

ANEXO A

TABELAS E GRÁFICOS - PESQUISA REALIZADA

Perspectivas para 2002

Previsão para 2002

Em MilhOes de Unidade Vendas 1,: I 1,8

I internas: 1,6

1,6 1 ~ - 1I de +5% a -5% 1,4

1,2

0,: I • • Importações:

-15% 0,6 '

0,4 , 0,2

0,2 I - - II Exportações: Produçl o Vendas Domésticas ExportaçAo de +5% a +10%

3,5

3

2,5 2,2 -2 2,1

1,5

1

0,5

o .... ;

Perspectivas para 2002

Indústria Automobilística Brasileira Capacidade Instalada x Produção Realizada

Veículos

Milhões de unidade

_ 3,2

-1,6 1,7 1,8

1,4 1,4

pj'b pjOJ ~ç:, ~ .... ~ç:,~ .... 0; .... 0; ~ ~~ ~e

<::Jb

')'It<:>

c=J Produçlo - Capacidade Instalada

Perspectivas para 2002

Brasil - Vendas de Veículos

Milhões de Unidades

2,2 ~· ---=~----------------------------

2 -1 " <

1,8 I " ',' 1,6 1 ' / "" 1 ,8 1,4 - ~ ~~ •• '

1,2r' -------------

1 ~I--_,--~--~--~,_--~--

~# ~~fb ~O) ~~ ~" ~'" ~ ~ ~~ ~fb.v

tptll v

').~

Depende:

• Crescimento da economia nacional e mundial

• Como ficará a guerra contra o terrorismo

• Ano político I eleições

• Taxas de juros

• Financiamento com prazos maiores

• Pressão dos custos na i ndústria com produtos dolarizados, aço, plástico, etc ..

• Desvalorização do Real em relação ao Dólar

Perspectivas para 2002

• A Indústria automobilística Brasileira está estruturada com um

parque industrial de alto padrão e preparada para fabricação de

até 3,200 (três milhões e 200 mil) automóveis/mês, porém, para

o ano de 2002, estima-se uma produção de 1,800 a 1,850 (um

milhão e oitocentos e cinqüenta mil), sendo comercializado no

mercado interno entre 1,600 a 1,650 (um milhão e seiscentos e

cinqüenta mil) de unidades, como podemos notar nos gráficos

abaixo que a produção está aquém da capacidade instalada.

• As montadoras para os próximos anos focarão também as

exportações, já que as perspectivas para o consumo interno

nos próximos 2 anos não será das melhores em termos de

crescimento.

Histórico da Produção e Venda de Vele

Últimos 10 anos

Vendas Vendas Vendas Saldo Vendas Internas Import. Export. Imp/Exp N . . I ProduçAo aCionais

Totais Totais 1990 712,7 0,1 187,3 187,2 899,9 914 1991 790,7 19,8 193,1 173,3 964 960,2 1992 764 23,6 341,9 318,3 1082,3 1073,8 1993 1131,1 69,6 331,5 261,9 1393 1391 1994 1395,4 188,5 377,6 189,1 1584,5 1581,3 1995 1728,3 369 263 -106 1622,3 1629 1996 1730,7 224 296,2 72,2 1802,9 1804,3 1997 1943,3 303,1 416,8 113,7 2057 2069,7 1998 1534,1 347 399,8 52,8 1586,9 1585,6 1999 1252,3 178,8 274,4 95,6 1347,9 1350,8 2000 1480.8 174.2 370.3 196.1 1676.9 1681

1520 157,08 420 262,92 1782,92 1710 1600 157,08 420 262,92 1862,92 1800 1680 157,08 420 262.92 1942.92 1890

ANEXOB

PLANILHAS DE FINANCIAMENTO:

• TABELA PRICE

• SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)

86

Fianciamento no valor de R$30.000,00 em 24 parcelas mensais à 3,5% am

Tabela Price

N PMT JUROS AMORT S.D. O 30.000,00 1 1.868,18 1.050,00 818,18 29.181,82 2 1.868,18 1.021,36 846,82 28.335,00 3 1.868,18 991,73 876,45 27.458,55 4 1.868,18 961,05 907,13 26.551,42 5 1.868,18 929,30 938,88 25.612,54 6 1.868,18 896,44 971,74 24.640,80 7 1.868,18 862,43 1.005,75 23.635,04 8 1.868,18 827,23 1.040,95 22.594,09 9 1.868,18 790,79 1.077,39 21.516,70 10 1.868,18 753,08 1.115,10 20.401,61 11 1.868,18 714,06 1.154,12 19.247,49 12 1.868,18 673,66 1.194,52 18.052,97 13 1.868,18 631,85 1.236,33 16.816,64 14 1.868,18 588,58 1.279,60 15.537,04 15 1.868,18 543,80 1.324,38 14.212,66 16 1.868,18 497,44 1.370,74 12.841,92 17 1.868,18 449,47 1.418,71 11.423,21 18 1.868,18 399,81 1.468,37 9.954,84 19 1.868,18 348,42 1.519,76 8.435,08 20 1.868,18 295,23 1.572,95 6.862,13 21 1.868,18 240,17 1.628,01 5.234,12 22 1.868,18 183,19 1.684,99 3.549,14 23 1.868,18 124,22 1.743,96 1.805,18 24 1.868,18 63,18 1.805,00 0,18

Fianciamento no valor de R$30.000,00 em 24 parcelas mensais à 3,5% am

Sistema de Amortização Constante (SAC)

N PMT JUROS AMORT S.D. O 30.000,00 1 2.300,00 1.050,00 1.250,00 28.750,00 2 2.256,25 1.006,25 1.250,00 27.500,00 3 2.212,50 962,50 1.250,00 26.250,00 4 2.168,75 918,75 1.250,00 25.000,00 5 2.125,00 875,00 1.250,00 23.750,00 6 2.081,25 831,25 1.250,00 22.500,00 7 2.037,50 787,50 1.250,00 21.250,00 8 1.993,75 743,75 1.250,00 20.000,00 9 1.950,00 700,00 1.250,00 18.750,00 10 1.906,25 656,25 1.250,00 17.500,00 11 1.862,50 612,50 1.250,00 16.250,00 12 1.818,75 568,75 1.250,00 15.000,00 13 1.775,00 525,00 1.250,00 13.750,00 14 1.731,25 481,25 1.250,00 12.500,00 15 1.687,50 437,50 1.250,00 11.250,00 16 1.643,75 393,75 1.250,00 10.000,00 17 1.600,00 350,00 1.250,00 8.750,00 18 1.556,25 306,25 1.250,00 7.500,00 19 1.512,50 262,50 1.250,00 6.250,00 20 1.468,75 218,75 1.250,00 5.000,00 21 1.425,00 175,00 1.250,00 3.750,00 22 1.381,25 131,25 1.250,00 2.500,00 23 1.337,50 87,50 1.250,00 1.250,00 24 1.293,75 43,75 1.250,00 0,00