Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

15
Instituto Federal Sul-rio-grandense Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica Disciplina de Elementos de Máquinas Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht. 54 2. Unidade II - Elementos de apoio 2 2.1. Introdução De modo geral, os elementos de apoio consistem de acessórios auxiliares para o funcionamento de máquinas. Nesta unidade, são abordados os seguintes elementos de apoio: buchas, guias, rolamentos e mancais. Na prática, podemos observar que buchas e mancais são elementos que funcionam conjuntamente. Apenas para facilitar o estudo, eles são descritos separadamente. Para que você tenha uma visão geral dos assuntos a serem estudados, são apresentadas algumas das principais informações relativas aos elementos de apoio. 2.2. Buchas Muitos aparelhos possuem buchas em seus mecanismos como, por exemplo o liquidificador, o espremedor de frutas e o ventilador. As buchas são elementos de máquinas de forma cilíndrica ou cônica. Servem para apoiar eixos e guiar brocas e alargadores. Nos casos em que o eixo desliza dentro da bucha, deve haver lubrificação. Podem ser fabricadas de metal antifricção ou de materiais plásticos. Normalmente, a bucha deve ser fabricada com material menos duro que o material do eixo. Figura 124 Exemplo de montagem de bucha 2.2.1. Classificação As buchas podem ser classificadas quanto ao tipo de solicitação. Nesse sentido, elas podem ser de fricção radial para esforços radiais, de fricção axial para esforços axiais e cônicos . 2 A 2.2.1.1 Buchas de fricção radial: Essas buchas podem ter várias formas. As mais comuns são feitas de um corpo cilíndrico furado, sendo que o furo possibilita a entrada de lubrificantes. Essas buchas são usadas em peças para cargas pequenas e em lugares onde a manutenção seja fácil. Em alguns casos, essas buchas são cilíndricas na parte interior e cônicas na parte externa. Os extremos são roscados e têm três rasgos longitudinais, o que permite o reajuste das buchas nas peças. Figura 125 Exemplo de aplicação de uma bucha de fricção radial

Transcript of Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Page 1: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

54

2. Unidade II - Elementos de apoio 2.1 Introdução

2.1. Introdução

De modo geral, os elementos de apoio consistem de acessórios auxiliares para o funcionamento de máquinas. Nesta unidade,

são abordados os seguintes elementos de apoio: buchas, guias, rolamentos e mancais.

Na prática, podemos observar que buchas e mancais são elementos que funcionam conjuntamente. Apenas para facilitar o

estudo, eles são descritos separadamente.

Para que você tenha uma visão geral dos assuntos a serem estudados, são apresentadas algumas das principais informações

relativas aos elementos de apoio.

2.2. Buchas

Muitos aparelhos possuem buchas em seus mecanismos como, por exemplo o liquidificador, o espremedor de frutas e o

ventilador.

As buchas são elementos de máquinas de forma cilíndrica ou cônica. Servem para apoiar eixos e guiar brocas e

alargadores. Nos casos em que o eixo desliza dentro da bucha, deve haver lubrificação. Podem ser fabricadas de metal antifricção

ou de materiais plásticos. Normalmente, a bucha deve ser fabricada com material menos duro que o material do eixo.

Figura 124 – Exemplo de montagem de bucha

2.2.1. Classificação

As buchas podem ser classificadas quanto ao tipo de solicitação. Nesse sentido, elas podem ser de fricção radial

para esforços radiais, de fricção axial para esforços axiais e cônicos . 2.2.1 Classificação

As buchas podem ser classificadas quanto ao tipo de solicitação. Nesse sentido, elas podem ser de fricção radial para esforços radiais, de fricção axial para esforços axiais e cônicos .

2.2.1.1 Buchas de fricção radial: Essas buchas podem ter várias formas. As mais comuns são feitas de um corpo

cilíndrico furado, sendo que o furo possibilita a entrada de lubrificantes.

Essas buchas são usadas em peças para cargas pequenas e em lugares onde a manutenção seja fácil. Em alguns casos,

essas buchas são cilíndricas na parte interior e cônicas na parte externa. Os extremos são roscados e têm três rasgos longitudinais,

o que permite o reajuste das buchas nas peças.

Figura 125 – Exemplo de aplicação de uma bucha de fricção radial

Page 2: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

55

2.2.1.2 Bucha de fricção axial: Essa bucha é usada para suportar o esforço de um eixo em posição vertical.

Figura 126 – Exemplo de aplicação de uma bucha de fricção axial

2.2.1.3 Bucha cônica: Esse tipo de bucha é usado para suportar um eixo do qual se exigem esforços radiais e axiais.

Quase sempre essas buchas requerem um dispositivo de fixação e, por isso, são pouco empregadas.

Figura 127 – Exemplo de aplicação de uma bucha cônica

2.2.1.4 Bucha-guia para furação e alargamento: Nos dispositivos para furação, a bucha-guia orienta e possibilita

autoposicionamento da ferramenta em ação na peça. Dessa forma, obtém-se a posição correta das superfícies usinadas.

As buchas-guia são elementos de precisão, sujeitas a desgaste por atrito. Por isso, elas são feitas em aço duro, com

superfícies bem lisas, de preferência retificadas. As buchas pequenas com até 20 mm de diâmetro são feitas em aço-carbono,

temperado ou nitretado. As maiores são feitas em aço cementado.

A distância entre a bucha-guia e a peça baseia-se em dois parâmetros:

- Quando o cavaco deve passar pelo interior da bucha-guia, a distância será de 0,2 mm.

- Quando o cavaco deve sair por baixo da bucha-guia, a distância será igual ou maior que 0,5 mm, multiplicado pelo

diâmetro do furo da bucha.

A principal finalidade da bucha-guia é a de manter um eixo comum (coaxilidade) entre ela e o furo.

Figura 128 – Exemplo de aplicação de uma bucha guia

Page 3: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

56

2.3 Guias

A guia é um elemento de máquina que mantém, com certo rigor, a trajetória de determinadas peças. Para ficar clara sua

descrição, apresentamos, como exemplo, a ilustração de uma porta corrediça do box de um banheiro. Nessa ilustração, o trilho

serve como guia para a porta ter movimento de direção controlada (trajetória da porta).

Figura 129 – Representação da aplicação de uma guia

2.3.1 Tipos de guias 2.3.1 Tipos de guias

No caso de se desejar movimentos retilíneos geralmente são usados guias constituídas de peças cilíndricas ou prismáticas.

As guias podem ser abertas ou fechadas. Essas peças deslizam dentro de outra peça com forma geométrica semelhante, conforme

ilustrações.

Figura 130 – Representação de guias

2.3.2 Classificação

As guias classificam-se em dois grupos: guias de deslizamento e de rolamento. As guias de deslizamento apresentam-se,

geralmente, nas seguintes formas:

Figura 131 – Classificação das guias

Page 4: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

57

Em máquinas operatrizes são empregadas combinações de vários perfis de guias de deslizamentos, conhecidos como

barramento. O quadro a seguir apresenta alguns perfis combinados e sua aplicação.

Tabela 13 – Perfis de guias

2.3.3 Réguas de ajuste

Quando uma ou mais peças se movimentam apoiadas em guias, as superfícies entram em contato por atrito. Com o passar

do tempo, o movimento vai provocando desgaste das superfícies dando origem à folga no sistema, mesmo que ele seja sempre

lubrificado. Para evitar que essa folga prejudique a precisão do movimento, é preciso que ela seja compensada por meio de réguas

de ajuste. As réguas têm perfil variado, de acordo com a dimensão da folga.

Para você compreender melhor o uso das réguas de ajuste, observe as ilustrações.

Figura 132 – Régua de ajuste

Geralmente, o barramento, ou seja, conjunto de guias de deslizamento é feito com ferro fundido. Conforme a finalidade

do emprego da guia, ela pode ser submetida a um tratamento para aumentar a dureza de sua superfície. O barramento é muito

usado em máquinas operatrizes como, por exemplo, em um torno.

Page 5: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

58

De modo geral, as guias são lubrificadas com óleo, que é introduzido entre as superfícies em contato por meio de ranhuras

ou canais de lubrificação. O óleo deve correr pelas ranhuras de modo que atinja toda a extensão da pista e forme uma película

lubrificante. Essas ranhuras são feitas sempre na pista da peça móvel.

2.4 Rolamentos e mancais

O mancal pode ser definido como suporte ou guia em que se apóia o eixo. No ponto de contato entre a superfície do eixo

e a superfície do mancal, ocorre atrito. Dependendo da solicitação de esforços, os mancais podem ser de deslizamento ou de

rolamento.

2.4.1 Mancais de deslizamento

Geralmente, os mancais de deslizamento são constituídos de uma bucha fixada num suporte. Esses mancais são usados

em máquinas pesadas ou em equipamentos de baixa rotação, porque a baixa velocidade evita superaquecimento dos

componentes expostos ao atrito.

São conjuntos destinados a suportar as solicitações de peso e rotação de eixos e árvores.

Os mancais estão submetidos ao atrito de deslizamento que é o principal fator a considerar para sua utilização.

Figura 133 – Mancal de deslizamento Figura 133 – Mancal de deslizamento

O uso de buchas e de lubrificantes permite reduzir esse atrito e melhorar a rotação do eixo. As buchas são, em geral,

corpos cilíndricos ocos que envolvem os eixos, permitindo-lhes uma melhor rotação. São feitas de materiais macios, como o

bronze e ligas de metais leves.

2.4.1.1 Classificação dos mancais: Pelo sentido das forças que suportam, os mancais classificam-se em: axiais, radiais,

mistos.

a) Axiais: Impedem o deslocamento na direção do eixo, isto é, absorvem esforços longitudinais.

Figura 134 – Mancal de deslizamento axial

b) Radiais: Impedem o deslocamento na direção do raio, isto é, absorvem esforços transversais.

Figura 135 – Mancal de deslizamento radial

Page 6: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

59

c) Mistos: Tem, simultaneamente, os efeitos dos mancais axiais e radiais.

Figura 136 – Mancal de deslizamento misto

2.4.1.2 Formas construtivas dos mancais: Os mancais, em sua maioria, são constituídos por uma carcaça e uma bucha. A

bucha pode ser dispensada em casos de pequena solicitação.

a) Mancal axial: Feito de ferro fundido ou aço, tem como fator principal a forma da superfície que deve permitir uma

excelente lubrificação. A figura abaixo mostra um mancal axial com rotação em sentido único e o detalhe dos espaços para

lubrificação. A figura seguinte mostra um caso para rotação alternada com respectivo detalhe para lubrificação.

Figura 137 – Mancal axial com rotação em sentido único

Figura 138 – Mancal axial com rotação alternada

b) Mancal inteiriço: Feito geralmente de ferro fundido e empregado como mancal auxiliar embuchado ou não.

Figura 139 – Mancal inteiriço

c) Mancal ajustável: Feito de ferro fundido ou aço e embuchado. A bucha tem sempre forma que permite reajuste radial.

Empregado geralmente em tornos e máquinas que devem funcionar com folga constante.

Figura 140 – Mancal ajustável

Page 7: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

60

d) Mancal reto bipartido: Feito de ferro fundido ou aço e embuchado com buchas de bronze ou casquilhos de metal

antifricção. Empregado para exigências médias.

Figura 141 – Mancal reto bipartido

e) Mancal a gás: O gás (nitrogênio, ar comprimido, etc.) é introduzido no mancal e mantém o eixo suspenso no furo. Isso

permite altas velocidades e baixo atrito. Empregado em turbinas para esmerilhamento e outros equipamentos de alta velocidade.

2.4.1.3 Materiais para buchas: Os materiais para buchas devem ter as seguintes propriedades:

• baixo módulo de elasticidade, para facilitar a acomodação à forma do eixo;

• baixa resistência ao cisalhamento, para facilitar o alisamento da superfície;

• baixa soldabilidade ao aço, para evitar defeitos e cortes na superfície;

• boa capacidade de absorver corpos estranhos, para efeito de limpar a película lubrificante;

• resistência à compressão, à fadiga, à temperatura de trabalho e à corrosão;

• boa condutibilidade térmica;

• coeficiente de dilatação semelhante ao do aço.

Os materiais mais usados são: bronze fosforoso, bronze ao chumbo, latão, ligas de alumínio, metal antifricção, ligas de

cobre sinterizado com adição de chumbo ou estanho ou grafite em pó, materiais plásticos como o náilon e o politetrafluretileno

(teflon).

Os sinterizados são autolubrificantes por serem mergulhados em óleo quente após sua fabricação. Este processo faz com

que o óleo fique retido na porosidade do material e com o calor do trabalho venha à superfície cumprir sua função.

2.4.2 Mancais de rolamento

Quando se buscou diminuir sensivelmente os problemas de atrito de resistência à alta velocidade, encontrados nos

mancais de deslizamento, chegou-se aos mancais de rolamento ou simplesmente rolamentos.

Os rolamentos são simplesmente rolamentos de máquinas constituídos por dois anéis de aço (geralmente SAE 52 100)

separados por uma ou mais fileiras de esferas ou rolos. Essas esferas ou rolos são mantidos eqüidistantes por meio do separador

ou gaiola a fim de distribuir os esforços e manter concêntricos os anéis. O anel externo (capa) é fixado na peça ou no mancal e o

anel interno é fixado diretamente ao eixo.

Figura 142 – Partes de um rolamento

Page 8: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

61

A seguir veja as vantagens e desvantagens que os rolamentos possuem em relação aos mancais de deslizamento.

Vantagens

• Menor atrito e aquecimento

• Coeficiente de atrito de partida (estático)

não superior ao de operação (dinâmico)

• Pouca variação do coeficiente de atrito

com carga e velocidade

• Baixa exigência de lubrificação

• Intercambialidade internacional

• Mantém a forma de eixo

• Pequeno aumento da folga durante a

vida útil

Desvantagens

• Maior sensibilidade aos choques

• Maiores custos de fabricação

• Tolerância pequena para carcaça e alojamento

do eixo

• Não suporta cargas tão elevadas como os

mancais de deslizamento

• Ocupa maior espaço radial

Tabela 14 – Comparação entre mancais de deslizamento e rolamento

2.4.2.1 Classificação dos rolamentos: Quanto ao tipo de carga que suportam, os rolamentos podem ser:

• Radiais - suportam cargas radiais e leves cargas axiais.

• Axiais - não podem ser submetidos a cargas radiais.

• Mistos - suportam tanto carga axial quanto radial.

2.4.2.2 Tipos de rolamentos:

a) Rolamento fixo de uma carreira de esferas: É o mais comum dos rolamentos. Suporta cargas radiais e pequenas

cargas axiais e é apropriado para rotações mais elevadas. Sua capacidade de ajustagem angular é limitada, por conseguinte, é

necessário um perfeito alinhamento entre o eixo e os furos da caixa.

Figura 143 – Rolamento fixo de uma carreira de esferas

b) Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas: Admite cargas axiais somente em um sentido, portanto,

deve sempre ser montado contraposto a um outro rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário.

Figura 144 – Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas

Page 9: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

62

c) Rolamento autocompensador de esferas: É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no anel

externo, o que lhe confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, compensar possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo.

Figura 145 –Rolamento autocompensador de esferas

d) Rolamento de rolo cilíndrico: É apropriado para cargas radiais elevadas e seus componentes são separáveis, o que

facilita a montagem e desmontagem.

Figura 146 – Rolamento de rolo cilíndrico

e) Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos: Seu emprego é particularmente indicado para construções

em que se exige uma grande capacidade de suportar carga radial e a compensação de falhas de alinhamento.

Figura 147 - Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos

f) Rolamento autocompensador com duas carreiras de rolos: É um rolamento para os mais pesados serviços. Os rolos

são de grande diâmetro e comprimento. Devido ao alto grau de oscilação entre rolos e pistas, existe uma distribuição uniforme de

carga.

Figura 148 - Rolamento autocompensador com duas carreiras de rolos

Page 10: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

63

g) Rolamento de rolos cônicos: Além de cargas radiais, os rolamentos de rolos cônicos também suportam cargas axiais

em um sentido.

Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser montados separadamente. Como só admitem cargas axiais

em um sentido, de modo geral torna-se necessário montar os anéis aos pares, um contra o outro.

Figura 149 – Rolamento de rolos cônicos

h) Rolamento axial de esfera: Ambos os tipo de rolamento axial de esfera (escora simples e escora dupla) admitem

elevadas cargas axiais, porém, não podem ser submetidos a cargas radiais. Para que as esferas sejam guiadas firmemente em suas

pistas, é necessária a atuação permanente de uma determinada carga axial mínima.

Figura 1450- Rolamento axial de esfera

i) Rolamento axial autocompensador de rolos: Possui grande capacidade de carga axial e, devido à disposição

inclinada dos rolos, também pode suportar consideráveis cargas radiais.

A pista esférica do anel da caixa confere ao rolamento a propriedade de alinhamento angular, compensando possíveis

desalinhamentos ou flexões do eixo.

Page 11: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

64

Figura 151 - Rolamento axial autocompensador de rolos

j) Rolamento de agulhas: Possui uma secção transversal muito fina, em comparação com o rolamento de rolos comuns.

É utilizado especialmente quando o espaço radial é limitado.

Figura 152 – Rolamento de agulhas

2.4.2.3 Designação dos rolamentos: Cada rolamento métrico padronizado tem uma designação básica específica que

indica o tipo de rolamento e a correlação entre suas dimensões principais.

Essas designações básicas compreendem 3, 4 ou 5 algarismos, ou uma combinação de letras e algarismos, que indicam o

tipo de rolamento, as séries de dimensões e o diâmetro do furo, nesta ordem.

Os símbolos para os tipos de rolamento e as séries de dimensões, junto com os possíveis sufixos indicando uma alteração

na construção interna, designam uma série de rolamentos.

A tabela mostra esquematicamente como o sistema de designação é constituído. Os algarismos entre parênteses, indicam

que embora eles possam ser incluídos na designação básica, são omitidos por razões práticas. Como no caso do rolamento de

duas carreiras de esferas de contato angular onde o zero é omitido.

Convém salientar que, para a aquisição de um rolamento, é necessário conhecer apenas as seguintes dimensões: o

diâmetro externo, o diâmetro interno e a largura ou altura. Com esses dados, consulta-se o catálogo do fabricante para obter a

designação e informações como capacidade de carga, peso, etc.

Page 12: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

65

Tabela 15 – Designação de rolamentos

2.4.2.4 Cuidados com os rolamentos: Na troca de rolamentos, deve-se tomar muito cuidado, verificando sua procedência

e seu código correto.

Antes da instalação é preciso verificar cuidadosamente os catálogos dos fabricantes e das máquinas, seguindo as

especificações recomendadas. Na montagem, entre outros, devem ser tomados os seguintes cuidados:

- verificar se as dimensões do eixo e cubo estão corretas;

- usar o lubrificante recomendado pelo fabricante;

- remover rebarbas;

- no caso de reaproveitamento do rolamento, deve-se lavá-lo e lubrificá-lo imediatamente para evitar oxidação;

- não usar estopa nas operações de limpeza;

- trabalhar em ambiente livre de pó e umidade.

2.4.2.5.Defeitos comuns dos rolamentos: Os defeitos comuns ocorrem por:

- desgaste;

- fadiga;

- falhas mecânicas.

a) Desgaste: O desgaste pode ser causado por:

- deficiência de lubrificação;

- presença de partículas abrasivas;

- oxidação (ferrugem);

- desgaste por patinação (girar em falso);

- desgaste por brinelamento.

Page 13: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

66

Figura 153 – Falha por desgaste

b) Fadiga: A origem da fadiga está no deslocamento da peça, ao girar em falso. A peça se descasca, principalmente nos

casos de carga excessiva. Descascamento parcial revela fadiga por desalinhamento, ovalização ou por conificação do alojamento.

Figura 154 – Falha por fadiga

c) Falhas mecânicas: O brinelamento é caracterizado por depressões correspondentes aos roletes ou esferas nas pistas do

rolamento. Resulta de aplicação da pré-carga, sem girar o rolamento, ou da prensagem do rolamento com excesso de

interferência.

Figura 155 – Falha por brinelamento

Goivagem é defeito semelhante ao anterior, mas provocado por partículas estranhas que ficam prensadas pelo rolete ou

esfera nas pistas.

Figura 156 – Falha por goivagem

Sulcamento é provocado pela batida de uma ferramenta qualquer sobre a pista rolante.

Figura 157 - Falha por sulcamento

Queima por corrente elétrica é geralmente provocada pela passagem da corrente elétrica durante a soldagem. As pequenas

áreas queimadas evoluem rapidamente com o uso do rolamento e provocam o deslocamento da pista rolante.

Page 14: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

67

Figura 158 – Falha por queima por corrente elétrica

As rachaduras e fraturas resultam, geralmente, de aperto excessivo do anel ou cone sobre o eixo. Podem, também,

aparecer como resultado do girar do anel sobre o eixo, acompanhado de sobrecarga.

Figura 159 – Falha por rachaduras e fraturas

O engripamento pode ocorrer devido à lubrificante muito espesso ou viscoso. Pode acontecer, também, por eliminação de

folga nos roletes ou esferas por aperto excessivo.

2.4.2.6.O que verificar durante o funcionamento: Nos rolamentos montados em máquinas deve-se verificar,

regularmente, se sua parada pode causar problemas. Os rolamentos que não apresentam aplicações muito críticas, ou que não são

muito solicitados, não precisam de atenção especial.

Na rotina de verificação são usados os seguintes procedimentos: ouvir, sentir, observar.

Para ouvir o funcionamento do rolamento usa-se um bastão de madeira, uma chave de fenda ou objetos similares o mais

próximo possível do rolamento.

Coloca-se o ouvido junto à outra extremidade do objeto. Se o ruído for suave é porque o rolamento está em bom estado.

Se o ruído for uniforme mas apresentar um som metálico, é necessário lubrificar o rolamento. Atualmente, existe o analisador de

vibração que permite identificar a folga e a intensidade da vibração do rolamento.

Figura 160 – Análise de vibração

Page 15: Elementos de Maquinas Unidadade II.pdf

Instituto Federal Sul-rio-grandense

Campus Pelotas Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica

Disciplina de Elementos de Máquinas

Prof. Amilton Cravo Moraes; Prof. Edson Lambrecht.

68

Com a mão, verifica-se a temperatura. Se ela estiver mais alta que o normal, algo está errado: falta ou excesso de

lubrificação, sujeira, sobrecarga, fadiga, folga, pressão ou calor nos retentores, vindos de uma fonte externa. Mas é preciso

lembrar que logo após a lubrificação é normal ocorrer um aumento da temperatura, que pode durar de um a dois dias.

Atualmente, existe um termômetro industrial para medir temperatura. Pela observação, pode-se verificar se há vazamento

de lubrificante através dos vedadores ou de bujões. Geralmente, sujeiras mudam a cor do lubrificante, tornando-o mais escuro.

Nesse caso, é preciso trocar os vedadores e o óleo. Quando o sistema de lubrificação for automático deve-se verificar,

regularmente, seu funcionamento.

Figura 161 – Análise de temperatura