Em Nazaré foi assim...

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Em Nazaré foi assim... A fé de um povo distingue-se de outro, pela sua maneira de se expressar e de celebrar esta mesma fé, contudo, a fé é um “sentimento” que nos faz transcender o próprio sentimento, nos colocando próximos de Deus e este sentimento é igual para todos, pois, fomos feitos para o Transcendente e inquieto estará o nosso coração enquanto não descansarmos n’Ele, já dizia S. Agostinho. Certamente, palavras não conseguirão expressar toda experiência de fé que encontrei no povo de Nazarezinho durante os dias em que a Imagem Peregrina de Nossa Senhora da Piedade – Padroeira da Diocese de Cajazeiras -, esteve lá, e que pude acompanhar na companhia de outros missionários. Não quero dizer que houve nada extraordinário, nem tampouco fenomenal, mas na simplicidade e na espontaneidade, a espiritualidade aflorou-se de maneira a nos fazer refletir que o povo tem sede de Deus. Não porque falta Deus, mas porque o povo já sente Deus, e “quando agente encontra Deus, quer ficar cada dia menor, quer ver deus cada dia maior no coração de cada pessoa”. (Padre Zezinho) - Segue um breve relato da Semana de Peregrinação em Nazarezinho – PB que compus em forma de versos poéticos.

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Relato de minha semana de peregrinação com N. S. da Piedade

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Em Nazaré foi assim... A fé de um povo distingue-se de outro, pela sua

maneira de se expressar e de celebrar esta mesma fé,

contudo, a fé é um “sentimento” que nos faz transcender

o próprio sentimento, nos colocando próximos de Deus e

este sentimento é igual para todos, pois, fomos feitos para

o Transcendente e inquieto estará o nosso coração

enquanto não descansarmos n’Ele, já dizia S. Agostinho.

Certamente, palavras não conseguirão expressar

toda experiência de fé que encontrei no povo de

Nazarezinho durante os dias em que a Imagem Peregrina

de Nossa Senhora da Piedade – Padroeira da Diocese de

Cajazeiras -, esteve lá, e que pude acompanhar na

companhia de outros missionários. Não quero dizer que

houve nada extraordinário, nem tampouco fenomenal,

mas na simplicidade e na espontaneidade, a

espiritualidade aflorou-se de maneira a nos fazer refletir

que o povo tem sede de Deus. Não porque falta Deus,

mas porque o povo já sente Deus, e “quando agente

encontra Deus, quer ficar cada dia menor, quer ver deus

cada dia maior no coração de cada pessoa”. (Padre

Zezinho)

- Segue um breve relato da Semana de Peregrinação em

Nazarezinho – PB que compus em forma de versos

poéticos.

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Vimos na pequena Nazaré o povo vibrar de alegria

Ao receber a Imagem Peregrina, sinal da Virgem Maria,

A Padroeira da Diocese, que o povo tem como guia;

#

Não adoramos imagens, não fazemos idolatria.

Cultuar a fé por figuras é sinal de maestria,

Pois a nós elas representam, nos aguça o entendimento,

Que só Deus é nossa via;

#

Vimos na pequena Nazaré, um povo contente e feliz.

Com o seu pastor local, homem sábio e prudente,

Talvez até incompreendido, para alguns poucos, indiferente,

Mas respeitado e querido por outro mundo de gente;

#

Vimos na pequena Nazaré, o povo simples festejar,

Com o pouco que se tem até as ruas enfeitar,

Em frente das casas um altar, sinal daquela que passa,

Deixando sagrado o lugar;

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Descendo para os sítios, acolhidos no Olho D’água,

Vimos a alegria ferver, empolgada comunidade,

O fervor pela fé e o amor pelo sagrado,

Nos deixou no coração sentimentos de saudade;

#

Vimos na pequena Nazaré, a fraternidade acontecer,

No café partilhado e na oração ao amanhecer,

Nas caminhadas com Maria

Mãe do Novo Amanhecer;

#

Vimos na pequena Nazaré, no Cedro de Cima o povo,

Debaixo do sol escaldando, com o Padre a Missa celebrando,

Crianças pedindo a bênção e adultos se reconciliando;

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À tardinha fomos juntos pra o sítio Trapiá,

Juntou tanto carro e moto em torno daquele lugar,

Que o Padre em prontidão, juntou as mãos em oração,

Para os veículos abençoar e a noite com animação,

Lembrando a Santa Missão, a Missa foi logo celebrar;

#

De manhã cedinho partimos, pro outro lugar celebrar,

Foi lá no sítio Sapé, reunidos no cruzeiro da Missão Popular,

Que a notícia chegou aos ouvidos, o Bispo está pra chegar;

#

Tendo chegado o pastor, fomos nos organizar,

Rezemos à Virgem Maria e a Missa naquele lugar,

À tarde saímos em caravana pro Cabeços poder encontrar;

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Não foi fácil honrar o horário, devido o longínquo o lugar.

As árvores eram baixas e para a berlinda passar

De vez em quando era preciso, com ajuda de um pau, os

galhos poder levantar;

#

Cabeços, à noitinha chegamos, o povo estava esperando,

O Bispo deu sua palavra enquanto o altar preparamos,

Depois num clima de fé, a Santa Missa celebramos;

#

De lá partimos de volta, passando no mesmo caminho,

Pois iríamos pernoitar no outro sítio vizinho,

Dormimos felizes na Telha e no outro dia cedinho

Contemplemos o espetáculo do sol que aos pousos foi

ressurgindo;

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Fomos para Goiabeira, e embora não estivessem a postos,

O povo recebeu a notícia, a Imagem de Maria chegou!

Aos poucos foram organizando e na Escola a Santa ficou;

#

Algumas visitas foram feitas, o Padre e a Irmã se dispôs,

Chegando outro Padre amigo, celebrando a Missa ele foi,

Enquanto uns confessavam, a manhã rapidinho se foi;

#

Almoço, descanso e uma rede separou o horário do dia,

À tarde feliz prosseguindo, fomos a outro caminho,

E ao sítio Águas Belas chegamos, completando o trajeto

do dia;

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Teve Missa na calçada grande da casa,

No interior um bonito oratório,

Que herdado de outra geração, Marilita conservou o

simplório;

#

No outro dia com o povo o Ofício de Maria rezamos

Depois o café partilhamos e seguimos adiante cantando

Louvores à Virgem Maria no sítio Angicos chegamos;

#

Assim seguimos adiante a nossa peregrinação

Indo até o Sítio Angicos que esperavam com aflição

Com medo da estrada difícil e na mata não passar

Um homem corajoso afirmou:

Nem que seja no ombro, a Santa aqui vai chegar;

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Saindo do sítio nós fomos rumo à Igreja Matriz,

São Sebastião aguardava e o Padre de pé esperava,

A Santa chegou em festa, nas ruas o povo aclamava,

Viva a Virgem da Piedade, padroeira centenária;

#

Naquele dia não mais, ofícios nenhum nós rezamos,

Pois com o jogo da copa mudou-se a programação,

somente no outro, recomeçamos feliz a nossa

peregrinação;

#

Houve encontro com crianças e com jovens da cidade,

Foi bonito de se ver aquela grande mocidade,

Que Deus dê a estes jovens o gosto pela santidade;

Page 9: Em Nazaré foi assim...

Já chegando ao final, o domingo amanheceu,

Ofício e café da manhã bem cedinho aconteceu,

Mais tarde chegou o Bispo, e sua bênção concedeu;

#

À tarde em carreata uma multidão entregou

A Imagem Peregrina e em São Gonçalo chegou,

Era tanta gente esperando, Maria, a Mãe do Senhor.

#

Por fim ainda recordo outros sítios também percorridos,

Timbaúba, Boa Vista, Cafundó de alguma forma

visitamos,

Mesmo que passado em frente, a Maria nós rogamos;

Page 10: Em Nazaré foi assim...

A Deus a minha gratidão, pela semana de graça,

Pelas sementes plantadas em solo tão sertanejo,

Frutos haverei de colher sinal de Deus que não passa.

#

Não quero deixar de lembrar o Padre Antônio Neto e

Irmã Lúcia,

Ao Anderson e a Irmã Ivanilse, ao seminarista Sidenando

Agradeço a Gilvan, e ao Padre Antônio Siqueira: o meu

obrigado por tudo.

#

Na memória ficarão marcas,

No coração sentimentos,

No rosto a alegria por tanto contentamento

E o povo de Nazarezinho não cairá no esquecimento.

Page 11: Em Nazaré foi assim...

Fotografei algumas paisagens do sertão que tanto amo,

Sertão pra mim é marca de Deus na minha vida,

É sinal de minha origem, lá do meu interior,

Sertão da minha vida, ser-tão do meu Senhor.

***

Alfredo Leonardo Fernandes

Cajazeiras/PB

10.07.2014