EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 O JORNAL QUE VOCÊ LÊ Mercado de luxo em alta na cidade Construtoras apostam em empreendi- mentos que são valorizados não somente pela localização, mas por exclusividades que vão desde itens de lazer até unidades com metragens únicas. Salão 1 FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICAS, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA E ELENCO. MÁX.: 30 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS APERTEM O CINTO 2015 COMEÇOU DENÚNCIAS • FLAGRANTES 98116-3529 SANDRA BRAGA: ‘FICO ATÉ O FIM DO MANDATO’ A SENSUALIDADE DA DANÇA FLAMENCA Assistido por mais de dois mil espectadores em 3 anos de turnê, o espetáculo de dança flamenca “Las Cuatro Esquinas”, da Companhia de Flamenco Del Puerto (foto), de Porto Alegre, vai se apresentar em Manaus nos dias 20 e 21, com entrada gratuita. Plateia D8 Zilda Arns pode ser beatificada MOÇÃO DE APOIO Documento que já tem mais de 130 mil assi- naturas pede a beatificação da médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, que morreu em 2010, durante um terremoto no Haiti. País B7 Curumim conta a história do vinil O vinil é uma mídia desenvolvida no início da década de 1940. Era fabricado em material plástico e de cor preta, e tocava com o auxílio de uma agulha. Era nessa “bolacha” que o vovô ouvia suas músicas. E o Curumim (ilustração) resgata essa história. Curumim Zilda foi a fundadora da Pastoral da Criança O MOMENTO DELICADO PELO QUAL PASSA A ECONOMIA BRASILEIRA – QUE O GOVERNO FE- DERAL SE NEGA A CHAMAR DE RECESSÃO – JÁ COMEÇA A AFETAR A VIDA DOS BRASILEIROS. NO ENTANTO, REPRESENTANTES DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO DO AMAZONAS DIVER- GEM QUANTO A POSSIBILIDADE DE HAVER UMA CRISE EM 2015. O FATO É QUE, APESAR DO OTI- MISMO EMBALADO PELO SEGUNDO MANDATO DE DILMA ROUSSEFF, É BOM IR PREPARANDO O BOLSO PARA OS AUMENTOS QUE VÊM POR AÍ. POLÍTICA A7 E ECONOMIA B1 E B2 É hora de trocar o carro pela bicicleta A “bicycle chic” é um movimento que vem ganhando muitos adeptos no Brasil. Surgida em 2007, a expressão traduz o estilo de quem troca o carro pela bicicleta no dia a dia. Elenco 9 a 11 Três estão desaparecidos após colisão Três pessoas desapareceram após a colisão de duas lanchas, na noite de sexta-feira. O acidente aconteceu entre a marina Rio Belo e a marina do Davi, no rio Negro. Última Hora A2 Com a palavra A5 Em tempos de vacas magras, profissionais recém-forma- dos enfrentam o maior índice de desemprego. O pior é que as perspecti- vas para 2015 não são nada otimistas… No mínimo, será um ano desa- fiador FABIO ZAMBOM DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO VAGNERCARVALHO ANO XXVII – N.º 8.593 – DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

Mercado de luxo em alta na cidade

Construtoras apostam em empreendi-mentos que são valorizados não somente pela localização, mas por exclusividades que vão desde itens de lazer até unidades com metragens únicas. Salão 1

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICAS, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA E ELENCO. MÁX.: 30 MÍN.: 23

TEMPO EM MANAUS

APERTEM O CINTO2015 COMEÇOU

DENÚNCIAS • FLAGRANTES98116-3529

SANDRA BRAGA: ‘FICO ATÉ O FIM DO MANDATO’

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

A SENSUALIDADE DA DANÇA FLAMENCA

Assistido por mais de dois mil espectadores em 3 anos de turnê, o espetáculo de dança fl amenca “Las Cuatro Esquinas”, da Companhia de Flamenco Del Puerto (foto), de Porto Alegre, vai se apresentar em Manaus nos dias 20 e 21, com entrada gratuita. Plateia D8

Zilda Arns pode ser beatifi cada

MOÇÃO DE APOIO

Documento que já tem mais de 130 mil assi-naturas pede a beatifi cação da médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, que morreu em 2010, durante um terremoto no Haiti. País B7

Curumim conta a história do vinil

O vinil é uma mídia desenvolvida no início da década de 1940. Era fabricado em material plástico e de cor preta, e tocava com o auxílio de uma agulha. Era nessa “bolacha” que o vovô ouvia suas músicas. E o Curumim (ilustração) resgata essa história. CurumimZilda foi a fundadora da Pastoral da Criança

O MOMENTO DELICADO PELO QUAL PASSA A ECONOMIA BRASILEIRA – QUE O GOVERNO FE-DERAL SE NEGA A CHAMAR DE RECESSÃO – JÁ COMEÇA A AFETAR A VIDA DOS BRASILEIROS. NO ENTANTO, REPRESENTANTES DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO DO AMAZONAS DIVER-

GEM QUANTO A POSSIBILIDADE DE HAVER UMA CRISE EM 2015. O FATO É QUE, APESAR DO OTI-MISMO EMBALADO PELO SEGUNDO MANDATO DE DILMA ROUSSEFF, É BOM IR PREPARANDO O BOLSO PARA OS AUMENTOS QUE VÊM POR AÍ. POLÍTICA A7 E ECONOMIA B1 E B2

É hora de trocar o carro pela bicicleta

A “bicycle chic” é um movimento que vem ganhando muitos adeptos no Brasil. Surgida em 2007, a expressão traduz o estilo de quem troca o carro pela bicicleta no dia a dia. Elenco 9 a 11

Três estão desaparecidos após colisão

Três pessoas desapareceram após a colisão de duas lanchas, na noite de sexta-feira. O acidente aconteceu entre a marina Rio Belo e a marina do Davi, no rio Negro. Última Hora A2

A SENSUALIDADE DA

Zilda Arns pode ser beatifi cada

Documento que já tem mais de 130 mil assi-naturas pede a beatifi cação da médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, que morreu em 2010,

onta a história do vinil

O vinil é uma mídia desenvolvida no início da década de 1940. Era fabricado em material plástico e de cor preta, e tocava com o auxílio de uma agulha. Era nessa “bolacha” que o vovô ouvia suas músicas. E o Curumim

Curumim

O BOLSO PARA OS AUMENTOS QUE VÊM POR POLÍTICA A7 E ECONOMIA B1 E B2

O BOLSO PARA OS AUMENTOS QUE VÊM POR POLÍTICA A7 E ECONOMIA B1 E B2

O BOLSO PARA OS AUMENTOS QUE VÊM POR

Com a palavra A5

Em tempos de vacas magras,

profi ssionais recém-forma-

dos enfrentam o maior índice

de desemprego. O pior é que as perspecti-

vas para 2015 não são nada

otimistas… No mínimo, será um ano desa-

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AÇÃO

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AÇÃO

VAGNERCARVALHO

ANO XXVII – N.º 8.593 – DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Três pessoas somem em acidente fluvial em ManausColisão entre duas embarcações, na sexta-feira à noite no igarapé Tarumã-Açu, também deixou outras quatro vítimas

Uma colisão envolven-do duas embarcações de pequeno porte, nas proximidades do

igarapé Tarumã-Açu, na Zona Oeste de Manaus, por volta das 19h40 de sexta-feira (9), deixou três pessoas desapare-cidas e outras quatro feridas, que conforme informações do Corpo de Bombeiros, foram atendidas e levadas para um pronto-socorro da cidade.

Uma equipe de mergulhado-res do Pelotão Fluvial iniciou ainda na sexta-feira, buscas na região, mas sem obter suces-so. Os trabalhos foram reini-ciados na manhã deste sábado (10), por volta das 7h30 por uma equipe com três mergu-lhadores. Por volta das 12h, uma embarcação do tipo ra-beta, de aproximadamente 6 metros, foi localizada.

Os nomes dos desapareci-dos e dos feridos não foram informados. Porém, segun-do os bombeiros, entre os desaparecidos estão duas mulheres e um homem.

Em nota, o Comando do 9º Distrito Naval (Com9ºDN), in-formou que tão logo tomou conhecimento do acidente, a

Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental direcionou uma lan-cha da Inspeção Naval ao local do acidente para apoiar e iniciar as buscas. A Capitania instaurou o Inquérito Administrativo sobre Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e circuns-tâncias do ocorrido e apurar possíveis responsáveis.

TupéHoras antes do acidente no

igarapé Tarumã-Açu, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender a ocorrência de uma lancha tipo “Expresso”que pegou fogo próximo à praia do Tupé. A lancha estava à deriva e teve perda total. O proprietário da embarcação não foi identificado.

Conforme o Comando do 9º Distrito Naval (Com9ºDN), não havia passageiros a bordo. Tão logo tomou conhecimento do acidente, a Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, direcionou uma lancha da Inspeção Naval ao local, para dar apoio aos tra-balhos de combate ao incêndio junto com o Corpo de Bombei-ros. Devido ao elevado estágio do incêndio na embarcação, a mesma afundou no local, não sendo possível a sua identifica-ção. O acidente não ocasionou poluição hídrica. Equipe de mergulhadores do Corpos de Bombeiros reiniciou as buscas pelos desaparecidos na manhã de sábado, apesar do mau tempo

DIVULGAÇÃO/CORPO DE BOMBEIROS

Boumeddiene teria participado de ataques terroristas

PRÉFECTURE DE POLICE

Polícia segue nas buscas por cúmplice de ataque

A polícia francesa segue nas buscas por Hayat Bou-meddiene, 26, parceira de Amedy Coulibaly, responsá-vel pelo ataque ao mercado judaico de Paris, na última sexta-feira (9). Ambos são suspeitos pela morte de uma policial. Amedy foi morto durante uma ação policial, no estabelecimento, para liberar os reféns.

A França permanece em alerta para a possibilidade de novos ataques. Boumeddiene, que ainda não fora encon-trada até o início da tarde, é descrita como “armada e perigosa”. Um promotor fran-cês disse que ela havia con-versado durante mais de 500 ligações com Izzana Hamyd, a mulher de Chérif Kouachi, um dos suspeitos pelo recente ataque à publicação.

Em uma das fotografias de Boumeddiene divulgadas pela imprensa francesa, ela aparece com o rosto coberto

por um véu. Esse tipo de ves-tuário foi proibido na França. Na imagem, a mulher aponta uma besta para a câmera.

De acordo com informações divulgadas nos últimos dias, Boumeddiene cobria o rosto desde 2009 e, por isso, havia deixado o emprego como cai-xa. Ela nasceu em Villers-sur-Marne (leste) em 1988, em uma família com sete filhos e de origem argelina. A mãe morreu em 1994.

Boumeddiene ficou sob os cuidados dos serviços sociais franceses em 1996, de acordo com o jornal “Le Parisien”, já que seu pai não tinha condi-ções de cuidar da família - ela só voltou a manter contato com ele há um ano, depois de viajar até Meca.

Interrogado pela Polícia, o pai de Boumeddiene disse estar “em choque” e não conseguia acreditar que a filha esteja ligada aos recentes ataques.

FRANÇA

Pescado irregular é apreendido

Policiais do Batalhão Ambiental prenderam na madrugada deste sába-do (10), Jair Alencar de Azevedo, 30, e Messias Moraes de Alencar, 40, transportando aproxi-madamente 400 quilos de pescado ilegal. A ação aconteceu próximo ao Encontro das Águas. A dupla estava a bordo da embarcação Almirante Moreira 1, que vinha do município de Manacapu-ru - a 86 quilômetros de Manaus O pesca-do seria comercializado nas feiras populares da capital.

Entre as espécies apre-endidas estão 87 quilos de surubim, 110 de tam-baqui, oito de aruanã - em período de defeso -, e 195 quilos de peixes di-versos, que estavam sem registro de origem.

A dupla foi conduzida ao 3º Distrito Integra-do de Polícia (DIP), onde foi registrado o flagran-te. Após pagamento de multa no valor de R$ 800, para cada um, eles foram liberados e responde-rão ao crime ambiental em liberdade.

Os peixes serão doados para o abrigo “O Coração do Pai”, no bairro Japiim, Zona Centro-Sul, que re-cebe e acolhe crianças indígenas e não indíge-nas em situação de vul-nerabilidade social.

CRIME

Enredo junta política e periquitosDepois de quase duas ho-

ras de discussões, a diretoria da Banda Independente e Confraria do Armando (Bica), a mais tradicional banda de Manaus, chegou finalmente ao enredo que vai incendiar o Carnaval de rua da capital: “Na Bica não tem conflito, votamos em careca e gos-tamos de periquito!”.

A reunião para se chegar a essa “decisão tão séria” e de “tamanha importân-cia para a cultura popular”, aconteceu na sexta-feira à noite, no bar do Armando, e contou com a participação da “General da Banda”, Ana Cláudia Soares, de dois dos fundadores da banda, Mário Adolfo e Américo Madruga-da, além do cantor e compo-sitor Adal, que hoje anima a zorra carnavalesca no largo São Sebastião e do artista plástico Rui Machado.

“O grande foco da Bica

sempre foi o escracho e o humor mordaz. Este ano não poderia ser diferente, pegamos dois lances que mexeram com o emocional da cidade: a matança dos periquitos na avenida Ephi-gênio Sales e a eleição para o governo, uma das mais acir-radas dos últimos tempos”, explicou Cláudia, herdeira de Armando, o português e pa-triarca da Bica, que morreu em abril de 2011.

Fatos irreverentes Para o jornalista Mário

Adolfo, que sugeriu o tema do “periquitocídio”, a Bica faz humor com todo mundo, do governador ao prefeito, mas nunca atacou ninguém pelo lado pessoal ou que fira a dignidade humana. No caso político, Mário lembra que a banda explora os fatos.

“Já brincamos com os ex-governadores Gilberto Mes-

trinho, Amazonino Mendes, Eduardo Braga, Omar Aziz; com ao atual prefeito Arthur Virgílio e com os ex-pre-feitos Alfredo Nascimen-to e Serafim Corrêa, que todo ano entra na Bica, além da senadora Vanessa Grazziotin, biqueira desde os primeiros carnavais”, conta o jornalista.

MarchinhasEste ano, como no ano

passado, a Bica vai gra-var em um único CD todas as marchinhas compos-ta especificamente com o enredo “Na Bica não tem conflito, votamos em ca-reca e gostamos de peri-quito!”. As músicas serão apresentadas no primeiro esquenta, que acontecerá nas três últimas quintas-fei-ras que antecedem a saída da banda, no Sábado Magro de Carnaval.

BICA 2015

“General da Banda”, Cláudia comanda reunião com Américo, Mário Adolfo, Adal e Rui Machado

DIVULGAÇÃO

MOARA CABRALEquipe EM TEMPO

CONCEIÇÃO MELQUÍADESEquipe EM TEMPO Online

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Page 3: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 A3Opinião

A primeira leva de políticos ungidos ministros neste segundo mandato de Dilma Rousseff não se cansam de mostrar quanto estão dispostos a exercer carreira solo. A própria presidente demonstra estar muito integrada a essa disposição: depois de nomear o Brasil como a “Pátria Educadora”, cortou mais de R$ 7 bilhões, justamente da área de educação, sempre com a perspectiva de que o pré-sal vai salvar os défi cits consideráveis do setor.

Por esse tipo de pista não dá para seguir o projeto de governo. Aldo Rebelo sai do Ministé-rio do Esporte para o da Ciência e Tecnologia, questionado pela imprensa e por especialistas, sobretudo aqueles da área ambiental, ao escrever carta em que negava aquecimento global, apontado por ele como incompatível com o conhecimento contemporâneo. Não custará muito e negará o Holocausto. Kátia Abreu, que não agrada nem aos seus colegas ruralistas e muito menos aos senadores da sua bancada peemedebista (como não agrada a índios, quilombolas e agentes dos direitos humanos), está batendo de frente com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias. Kátia, ministra da Agricultura, nega a existência de latifúndios no país e passa ao largo desse tabu do governo petista que é a reforma agrária.

Patrus não tem dúvidas sobre o latifúndio e põe a reforma agrária na pauta. O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, contraria o interesse de Dilma Rousseff , ao defender que a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmis-são de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF) é um “grande retrocesso”. Ao mesmo tempo, minimiza as demissões de trabalhadores anunciadas recentemente pela Volkswagen e pela Mercedes-Benz. Não é grande coisa, para ele. E o ano está só começando.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o enredo da Banda Independen-te da Confraria do Armando (B ica), que vai atacar a questão da matança dos periquitos, episódio que sensibilizou toda a cidade.

Enredo da Bica

APLAUSOS VAIAS

Equivocados

Enquanto isso, no Brasil, há quem julgue o humor dos cartunistas do jornal fran-cês “Charlie Hebdo”, assas-sinados brutalmente por dois terroristas covardes, um tra-balho de mau gosto e até mesmo racista.

Então, tá!

Por mais incrível que possa parecer, há quem inclusive afi rme que o atentado terro-rista à redação do semanário “não foi um massacre à liber-dade de expressão, mas ape-nas intolerância religiosa”.

Profi ssão perigo

Ora, o mundo lutou du-rante décadas pela liberdade de expressão.

Nesses anos de trevas, os jornalistas foram algumas das principais vítimas dos regimes militares.

O óbvio

O óbvio ululante é que o trabalho desenvolvido pelos renomados colegas – por mais ácido que fosse –, era também uma crítica aos ra-dicais extremistas.

E não à religião em si, se-jam católicos, muçulmanos, evangélicos etc.

Não à violência

Houve quem achasse que os cartunistas assassinados colheram o que plantaram.

Mas, não é com tiros, com atentados e massacres que se mostra uma indignação àquilo que fere a dignidade alheia.

Por quê?

Nada justifi ca a barbárie praticada por esses jiha-

distas aos funcionários do “Charlie Hebdo”.

Revolta e indignação não se revolvem com armas, mas em frente a um juiz em uma sala de tribunal.

E agora, José?

Quando é que o governador José Melo vai anunciar o seu secretariado?

Se Melo está no governo há seis meses, no mínimo deve saber quem para ou continua no primeiro escalão. Ou en-tão, deve estar arquitetando mudanças radicais.

Tempo de crise

Ao discursar na posse dos 16 novos juízes, em soleni-dade do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o pre-sidente da Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon), Ludimilson Figuei-redo, fez um alerta aos jovens colegas.

— O Brasil vive uma crise que atinge as instituições que asseguram o nosso sistema democrático de direito.

Bom conselho

Em seguida, Ludmilson ava-liou que essa crise é ética.

E aconselhou os ma-gistrados a lutarem para combater o mal.

— Cabe aos magistrados e aos demais operadores do Direito a responsabilidade de reverter essa situação!

Seguro–cheia

Está tramitado no Senado projeto destinado a instituir o Seguro-Cheia.

De autoria da senadora Va-nessa Grazziotin (PCdoB-AM), destina-se a contar o período das cheias de rios que preju-dicam a agricultura familiar

como tempo de contribuição previdenciária e regulamen-tar aposentadoria especial para esse agricultor.

Sem previsão

Grazziotin argumenta que a difi culdade de previsão das cheias prejudica o planeja-mento dessas populações.

— O mesmo acontece com o poder público, que não consegue viabilizar alterna-tivas de inclusão produtiva nessas localidades.

Sem renda

De acordo com a comu-nista, as cheias dos rios representam desafi o ao cotidiano de agricultores.

— Seja por lhes inviabi-lizar momentaneamente a geração de renda, seja por aumentar a insalubridade da região em que habitam, na qual inexiste rede de esgoto adequada – justifi ca.

Templo ameaçado

O bispo Edir Macedo não vai gostar nada disso.

O Ministério Público de São Paulo aconselhou a prefeitura da capital paulista a cance-lar a licença provisória que permite o funcionamento do Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus.

Não vale

A Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo investiga irregularidades na concessão do alvará que li-berou a construção.

O promotor de Habita-ção e Urbanismo, Maurício Lopes, afirmou que o al-vará emitido pela prefei-tura é válido apenas para eventos e, portanto, não se aplicaria a um templo.

Para o projeto equivocado do vereador Professor Bibiano (PT), que quer substi-tuir o nome da avenida Ephigênio Sales por avenida dos Pássaros.

Vereador Bibiano

Esse é o tom dos jornais franceses na manhã desta quinta-feira (8). A impren-sa, assim como os franceses, se mostra perplexa e assustada com a barbárie do ataque contra a sede do jornal “Charlie Hebdo”.

“Somos todos Charlie”

IONE MORENO RICARDO OLIVEIRA

[email protected]

Está só começando

Um velho amigo meu, pedagogo, psicólogo e, sobretudo, teólogo, pe-los vários anos em que esteve sob a guarda e a jurisdição da ordem dos salesianos, não aceita e me repreende como blasfemo sempre que afi rmo, e o faço com frequência e por convicção, que Deus, mesmo portando o dom da infalibilidade e da onisciência, cometeu o primário erro de ter criado o homem.

Digo-o porque nada me parece mais claro e evidente do que o fato de que tudo o que há ou ocorre de mal e de perverso neste mundo, que continua a ser “mundo de Deus”, vem das mãos e da inteligência dos homens. Claro que estou a referir-me ao mal e à perversidade que trazem em si uma conotação moral.

As destruições e as mortes que um vulcão ou um terremoto, por exemplo, provocam são evidentemente um mal para quantos são por elas atingidos. Mas, pela ausência de uma vontade livre que as tenha desencadeado, a não ser que se chegue a supor que a vontade de Deus esteve por trás, o que o meu amigo certamente identifi -caria como mais uma blasfêmia, não há como vinculá-las a uma dimensão moral. São apenas fatos, ocorrências que se sucedem por obra e graça das forças da natureza, que a ninguém “querem” prejudicar ou benefi ciar.

Em resumo, no rol das chamadas criaturas vivas, não se testemunha um só ato de maldade ou de per-versidade, a não ser aqueles que se vinculam à espécie humana, tida por muitos como a suprema obra da criação.

Fosse o mundo habitado apenas pelos não humanos, jacarés, rinoce-rontes, macacos, leões e congêneres, não teríamos guerras, trabalho es-cravo, assassinatos (o que é diferente do caçar para sobreviver), ações de terror, estupros, injustiças sociais etc., porque essas e muitas outras são ações que apenas o ser humano

é capaz de perpetrar.Esse mesmo homem, ladrão, as-

sassino, estuprador, terrorista, es-cravocrata, explorador do seu se-melhante, que já foi até chamado de lobo de si mesmo, simultaneamente também se revela capaz de amar, de ser altruísta, de se sacrifi car por outrem e, milagrosamente, de criar maravilhas na sua inerente produção cultural, onde se insere a criação da moral e da religião, já que uma im-plica na outra, sempre presentes em todas as sociedades, comunidades e quaisquer grupamentos.

E é precisamente nesse ato e nesse momento que vai se manifestar tal-vez a maior contradição de quantas acompanham o ser humano em sua já bem longa caminhada: as mesmas religiões e as mesmas morais aderi-das a elas, que pregam a paz entre os homens, a fraternidade social, a solidariedade, a caridade e a harmonia universal, elas mesmas se voltaram contra os homens, na medida em que se tornaram encruzilhadas de sepa-ração e de discórdia. Como são es-sencialmente catequéticas, sonham em se espraiar cada vez mais, em ganhar cada vez mais universalidade, ou seja, em suplantar e até em suprimir todas as outras, pois cada uma se julga o verdadeiro e único caminho traçado pelo Deus único.

Por que foram destruídas as Torres Gêmeas e com elas milhares de vidas, dentro dos prédios e dos aviões? Porque assim estariam sendo cas-tigados os “infi éis” que se opõem à vontade do Senhor. Esses mesmos “infi éis” que há muitos séculos, nas Cruzadas, invadiram e atacaram im-piedosamente as nações que não aderiram ao cristianismo.

Agora mesmo, foram assassinados 12 profi ssionais franceses da Comu-nicação e mais 20 foram feridos. Tudo em nome de uma das mais exitosas e importantes das religiões que disputam a fé dos homens.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor executivo do Amazonas

EM TEMPO

Em nome de Deus

Mario [email protected]

E é nesse ato e nesse momento que vai se ma-nifestar tal-vez a maior contradição de quantas acompanham o ser humano em sua já bem longa caminhada: as mesmas religiões e as mesmas morais ade-ridas a elas, que pregam a harmonia universal, se se tornaram encruzilhadas de separação e discórdia”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), entrou em campo para rebater a acusação de que o ex-governador de Minas Antonio Anastasia, um de seus principais aliados, teria recebido R$ 1 milhão a mando do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato. Aécio fez chegar ao advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, uma consulta sobre se o doleiro deu dinheiro a Anastasia. Nesta segunda-feira, a defesa do doleiro vai apresentar à Justiça uma petição isentando o tucano.

Canal A ponte entre Aécio e o advogado de Youssef foi feita por Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, criminalista próximo ao PT.

Tira-teima Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também procurou Figueiredo Bas-to em busca de informa-ções sobre o depoimento de Youssef. Peemedebistas dizem que o advogado do doleiro relatou não haver menção a Cunha.

Sem chancela Aliados de Anastasia e de Cunha usam o mesmo argumento para de-fendê-los: o de que a Justiça não deu ao policial Jayme Al-ves Oliveira Filho, o benefício da delação premiada.

Maestro Os primeiros julgamentos de políticos en-volvidos na Lava Jato serão comandados pelo próprio relator dos processos. Teori Zavascki preside a turma que vai julgar os parlamentares.

Maestro 2 Quando presi-diu o STF, Joaquim Barbosa pautou parte do julgamento do mensalão, que relatava.

Inédito na TV Segundo o regimento do STF, os jul-gamentos das turmas não

são transmitidos ao vivo e nem podem ser gravados por emissoras de TV. Ministros pretendem rediscutir a regra graças à Lava Jato.

Na tela Só serão julgados pelo plenário, com transmis-são pela TV Justiça, processos que envolvam presidentes do Senado ou da Câmara --o que pode ocorrer se Renan Calheiros (PMDB-AL) ou Edu-ardo Cunha, que disputam os postos, virarem réus.

Vem por aí Entre os processos que devem ir ao plenário do Supremo em 2015 estão a liberação de biografi as não autorizadas, o poder de investigação do Ministério Público e a regra de distribuição de royalties do pré-sal.

Tropa unida O PT planeja um megaevento em Belo Horizonte para comemo-rar seus 35 anos entre os dias 6 e 10 de fevereiro. A ideia é reunir os caciques do partido, Lula à frente, para animar a militância e afi nar o discurso.

Colheita Antônio Carlos Rodrigues (Transportes), Kátia Abreu (Agricultura) e Edinho Araújo (Portos) se

reúnem na terça-feira para discutir um plano integrado de obras para ampliar a ca-pacidade de escoamento da produção de soja brasileira.

Em pedacinhos A Pre-sidência da República abriu licitação para com-prar uma fragmentadora capaz de destruir até 50 folhas de papel por vez, além de CDs e cartões de crédito. O preço máximo fi xado é de R$ 18 mil.

Conexão Desde que tomou posse na Câmara Municipal paulistana, em 2013, o secre-tário de Esporte do Estado, Jean Madeira, pagou a um assistente parlamentar fi lia-do ao PRB R$ 1 mil mensais para fornecimento de com-putadores e impressoras.

Conexão 2 O dono da empresa de equipamentos, Alexander Santanna Antô-nio, trabalhou até maio no gabinete do vereador Atilio Francisco, também do PRB.

Outro lado A assessoria de Madeira diz que a con-tratação ocorreu antes da nomeação do assessor, após “pesquisa de mercado” em que a empresa apresentou “custo-benefício adequado”.

Direto na fonte

Contraponto

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ouviu de Benedito Ruy Barbosa uma confi dência: o te-ledramaturgo se inspirara nele para criar o senador idealista Roberto Caxias, interpretado por Carlos Vereza na novela “O Rei do Gado” (1996-1997), da Globo.Quando o personagem, que defendia a reforma agrária e discursava para plenários quase vazios, morreu numa emboscada, Suplicy foi convidado para fazer uma ponta e participar do velório fi ctício.– Meus pêsames... Deve fazer falta – dizia o parlamentar petista para os enlutados de mentirinha.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Vida de gado

Tiroteio

DO VEREADOR ANDREA MATARAZZO (PSDB) sobre a escolha de Cid Gomes (Pros) para o minis-tério e Gabriel Chalita (PMDB) para a secretaria de Haddad.

A boa notícia é que o PT admitiu que não entende de educação. A má é que, em vez de procurar estudar, optou por lotear as pastas.

Há muitos anos, conheci uma cidadã de Tonga. Era uma teó-loga católica que todos os anos passava seis meses numa fa-culdade de teologia na Nigéria. Dela obtive a informação de que Tonga é um pais indepen-dente, integrante da Polinésia, governado por uma monar-quia constitucional. Na cultu-ra local, a presença feminina é forte e marcante.

Num conjunto de ilhas, vive um pouco mais de cem mil habitan-tes. O cristianismo é a religião da maioria, e os católicos são pouco mais de dez por cento da popu-lação. Essa pequena comunida-de católica tem seu bispo, dom Soane Patita Paini Mafi , sendo, portanto uma igreja local em comunhão com o bispo de Roma. Esse bispo será criado, é assim que se diz, cardeal, no mês de fevereiro, conforme anunciado pelo papa Francisco no dia em que nós, no Brasil, celebrávamos a festa da Epifania do Senhor.

Epifania quer dizer manifes-tação e o mistério celebrado é o da reconciliação de todos os povos em Cristo. Todas as nações são chamadas a fazer parte do Povo de Deus, a serem membros do mesmo Corpo e a participarem da mesma herança. Os cardeais são escolhidos para participar mais intimamente do serviço do sucessor de Pedro: confi rmar os irmãos na fé a manter a comunhão.

Além do bispo de Tonga ele nomeou os bispos de Santiago de Cabo Verde, de Morelia no México, de Yangon em Myanmar, de Bangkok na Tailândia, de Adis Abeba na Etiópia e outros nove, entre eles só o patriarca de Lisboa vindo de uma sede tradi-cionalmente cardinalícia. Estas nomeações darão voz à igreja

que está na periferia, vivendo em situações difíceis, enfrentando a pobreza e a violência e fazendo a experiência de ser minoria.

No mesmo fi nal de semana destas nomeações, tive a graça e o privilégio de visitar as comuni-dades católicas do Assentamento Iporá, no município de Rio Preto da Eva. Celebramos, conversa-mos, fi zemos visitas, participa-mos de refeições comunitárias e percorremos todos os ramais. Testemunhamos a fé das pessoas, mas também o seu desejo de participar, de produzir, de dar aos fi lhos uma vida melhor.

Constatamos as grandes pos-sibilidades de geração de renda, de produção agrícola, ao mesmo tempo a fragilidade dos meios de transporte, o atendimento precário a saúde e a fragili-dade da educação das crian-ças. A multiplicidade de órgãos públicos e a superposição de responsabilidades e funções en-tre os entes federativos buro-cratizam e difi cultam soluções duradouras e estruturantes.

Mas, o que tem uma coisa a ver com a outra? Trata-se da mesma igreja. Uma das riquezas da Igreja Católica é a sua unida-de, que não é uniformidade, mas comunhão. O papa garante esta unidade visível e sacramental. Porém, como em qualquer outra instituição humana as tentações do centro do poder são muitas e é preciso estar atento às perife-rias, trazendo-as para o centro. Também o Brasil se quiser ser um grande pais precisa ouvir a voz dos seus grotões, das pessoas que querem trabalhar e produ-zir e que pedem tão pouco em troca. O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, pro-fetizou Isaias. Permitamos que esta luz nos ilumine.

Dom Sérgio Eduardo Castriani [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Uma das riquezas da Igreja Cató-lica é a sua unidade, que não é unifor-midade, mas comunhão. O papa garante esta unida-de visível e sacramental. Porém, como em qualquer outra institui-ção humana as tentações do centro do poder são muitas e é preciso estar atento às periferias”

Ilha de Tonga

Olho da [email protected]

Fusquinha pré-histórico (que já foi “meu primeiro carro” de alguém) espera o momento certo de uma enxurrada para cair naquele esgoto que um dia foi um igarapé famoso no bairro Petrópolis. Nem a turma motorizada que compra sucata a preço de nada quis levar a carcaça que enferruja sob o sol e a chuva

RAIMUNDO VALENTIM

Os princípios islâmicos são totalmente contrários a qualquer tipo de agressão. É uma religião de paz. É uma religião que sempre apregoa a liberdade de pensamento. Ver o nosso islamismo sendo rotulado por uma minoria extremista é muito lamentável. Es-tamos com a dor dessas perdas de seres humanos

Ali Hussein El Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, em entrevista à GloboNews, disse que o ataque à “Charlie Hebdo” não

tem nada a ver com os princípios islâmicos: “O islã rejeita todo tipo de ato de violência”.

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Page 5: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 A5Com a palavra

Minha vida política sem-pre foi muito intensa. Sou presidente do PMDB Mulher e faço militân-cia política desde que casei com o Eduardo. São mais de 33 anos de luta”

Sandra Backsmann Braga, de 55 anos, é a nova senadora do Amazonas. Empossa-

da para o cargo no último dia 1º, na vaga deixada pelo ma-rido, Eduardo Braga (PMDB), que assumiu o Ministério de Minas e Energia, a parlamen-tar promete realizar o manda-to até o fim de forma íntegra e sempre voltada a defender os interesses do Amazonas. Avessa a holofotes, Sandra foi primeira-dama do Ama-zonas entre 2003 e 2010 e sempre adotou uma postura de discrição, mas para buscar recursos ao Estado promete ir às tribunas e atrair mais recursos para a região.

Já em Brasília para organi-zar a vida da família, que terá uma vida intensa na capital federal, Sandra quer ser vista além da esposa do ministro. Um dia após sua posse, iniciou um levantamento de todos os projetos de interesse do Ama-zonas que estão em tramita-ção do Senado. Entre as suas primeiras bandeiras de luta está o desarquivamento de um projeto de lei que estende os benefícios da Zona Franca de Manaus (ZFM) para Região Metropolitana de Manaus.

Em sua primeira entrevis-ta à imprensa após assumir o cargo, Sandra falou com exclusividade ao EM TEMPO sobre seus projetos e atuação no Congresso Nacional, assim como também será sua rela-ção com a bancada federal do Amazonas e principalmente com o ex-aliado do grupo, o senador Omar Aziz.

EM TEMPO - Neste pri-

meiro mandato, quais serão suas prioridades de projetos?

Sandra Braga - Em um primeiro momento, estamos fazendo um levantamento de todos os projetos que inte-ressam ao Amazonas e estão tramitando não só no Senado, mas também na Câmara dos Deputados. De início, uma das prioridades será a aprovação do projeto de lei nº 2633/2011, de autoria da presidente da República, que estende os be-nefícios da Zona Franca para a Região Metropolitana de Manaus. O projeto foi apen-sado a outra proposta e junto com essa proposta acabou sendo rejeitado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados e ar-quivado. Esse arquivamento foi um grande prejuízo para o Estado, especialmente para os municípios que poderiam melhorar suas economias com a instalação de indús-trias incentivadas pelo mo-delo Zona Franca. Sabemos que há recursos pendentes de votação na Câmara para que essa matéria volte a tramitar e vamos conversar e dialo-gar com quem for necessá-rio para que essa tramitação (e sua aprovação) ocorra.

EM TEMPO - Especula-ções apontam que a se-nhora irá deixar a vaga para que o terceiro suplen-te, Lírio Parisotto, assuma. Isso procede?

SB - Não. Quando discu-timos a composição para o Senado Federal, na eleição de 2010, definimos que eu assu-miria a suplência, em caso de afastamento do senador Edu-ardo Braga do cargo. Pretendo permanecer no mandato até

o fim ou até a volta de Edu-ardo ao Senado. O segundo suplente, Lírio Parisotto, é um dos maiores investidores indi-viduais do Amazonas, respon-sável pela criação de milhares de empregos. Conhece muito bem o Estado e por isso seu nome foi consenso na compo-sição da chapa. Mas, as infor-mações de que eu deixaria de assumir a vaga no Senado são passam de especulações.

EM TEMPO - Como está sua preparação para assu-mir o cargo? A senhora vai morar em Brasília ou man-terá rotina na capital federal e em Manaus?

SB - Assumi o cargo no dia 1º de janeiro e já no dia 2 comecei a reunir a equipe de assessores. Neste momento estamos co-nhecendo toda a estrutura do Senado, os projetos iniciados pelo senador Eduardo Braga e também estou no momento de conhecer toda a equipe. Sobre morar em Brasília ou Manaus, já moro nas duas cidades há quatro anos. Sempre acom-panhei o Eduardo em Brasília e agora terei um motivo ain-da mais forte para estar na capital. Mas Manaus é onde fica nossa casa, é onde está nossa base eleitoral e com cer-teza é onde sempre estaremos quando não for necessária a presença em Brasília.

EM TEMPO – O Amazonas será um dos Estados com duas senadoras mulheres, a senhora e Vanessa Grazzio-tin, isso poderá ser positivo em projetos voltados para as mulheres?

SB - Em um Congresso Nacio-nal em que as mulheres são mi-noria absoluta, creio que mais uma mulher ocupando esse es-

paço é de grande importância para a luta feminina. A Vanessa é uma aliada, já está há mais tempo no parlamento e acre-dito que poderemos atuar em parceria em prol das mulheres do Amazonas e do Brasil.

EM TEMPO - Após essa experiência no cargo do Se-nado, a senhora pensa em manter carreira política?

SB - Na verdade, minha vida política sempre foi muito inten-sa. Sou presidente estadual do PMDB Mulher e faço militância política desde que casei com o Eduardo. Isso significa que mi-nha vida política não começou agora, na verdade, lá se vão 33 anos de militância política no Estado do Amazonas.

EM TEMPO - A senho-ra pensa em ser líder de bancada?

SB- Acredito que ainda é cedo para pensar nisso. Mas, minha intenção é ter uma atuação forte dentro da bancada em prol do nosso Estado.

EM TEMPO - O outro sena-dor do Amazonas será Omar Aziz, que é ex-aliado de seu marido na disputa eleitoral. Como será sua relação na bancada com ele?

SB- Vamos manter uma convivência institucional e re-publicana com todos os nos-sos adversários políticos, pois entendemos que os interes-ses do Amazonas estão acima de qualquer disputa política. Sempre que um projeto ne-cessitar da união da bancada para ajudar o Estado, estare-mos juntos. Ser um adversário político não significa estar em lado oposto quando o objetivo principal for o bem do povo do Amazonas.

Vou manter uma con-vivência institucional e republicana com todos os nossos adversários políticos, pois entendo que os interesses do Amazonas estão aci-ma de qualquer disputa política”

FOTOS: VAGNER CARVALHO/DIVULGAÇÃO

Fico até o fim. Lírio Pa-risotto é um dos maiores investidores do Estado e compôs a nossa cha-pa, mas não vou deixar a vaga. Essas afirmações são apenas especula-ções”

Sandra BRAGA

‘Fico no MANDATO até o fim’

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

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Page 6: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

França pediu a Dilma para condenar terrorismo

Dilma somente se pronun-ciou sobre o massacre terro-rista no jornal Charlie Hebdo, quarta (7), após veemente apelo do embaixador da Fran-ça no Brasil, Denis Pietton. Diante do silêncio constran-gedor do Brasil, enquanto todo o mundo rechaçava a chacina, Pietton telefonou a Marco Aurélio Garcia, aspone de assuntos internacionais aleatórios, cobrando a solida-riedade do Brasil. Só então a nota ofi cial foi redigida.

Igual aos outrosA nota condenando o

terrorismo chegou a ser atribuída a Mauro Vieira, o novo chanceler. Mas, como os antecessores, ele tem medo de Dilma.

Anão diplomáticoO Brasil sempre se po-

sicionou rapidamente, mas nos governos do PT tem sido reticente, quando não omisso, diante de atos de terrorismo.

Parafuso a menosNa última derrapada diplo-

mática de Dilma, às vésperas de discursar na ONU, a pre-sidente disse que é preciso “dialogar” com terroristas.

ArtilhariaO ex-secretário de Justiça

de Lula, Romeu Tuma Jr, não perdoou e disparou: “No Bra-sil os temos [os terroristas] como autoridades”.

Medalhas continuarão no peito dos mensaleiros

Ofício da Procuradoria da República-DF questionando o Comando do Exército por não cumprir a lei e cassar conde-corações de mensaleiros está desde o dia 16 de dezembro com o Ministério da Defesa. A pasta já desconversou ale-

gando que a demanda é da gestão Celso Amorim e não deu prazo para retirada das medalhas de José Genoino, Zé Dirceu, Valdemar Costa Neto, Roberto Jeff erson e João Paulo Cunha.

É ‘nóis’José Genoino e João Paulo

Cunha receberam Medalha do Pacifi cador assim que PT chegou ao poder em 2003, no primeiro mandato de Lula.

Na sequênciaValdemar Costa Neto

e Roberto Jeff erson os-tentam a honraria mili-tar há muito mais tempo. Receberam em 1993 e 1995, respectivamente.

O responsávelPor morrer de medo de

desagradar a presidente Dilma, o general Enzo Peri, antigo chefe do Exército, ignorou a legislação militar durante anos.

Mais nocivo Cresce entendimento no

Congresso de que o depu-tado Eduardo Cunha (RJ) re-presenta mais “perigo” para o governo Dilma estando na liderança do PMDB do que na Presidência da Câmara dos Deputados.

Decisão conjunta O líder do PSDB, Antônio

Imbassahy, teve o cuidado de conversar com os 44 deputados e alguns novatos antes de apoiar Júlio Delga-do (PSB) ao comando da Câ-mara: “Se há descontentes, são casos isolados”

Na mira do PTO ministro Armando Mon-

teiro (Indústria e Comércio) é alvo de críticas do PT-PE, que o acusa de traição por se aproximar de Paulo Câmara e Fernando Coe-

lho. O PSB impôs vexame histórico ao PT nas urnas.

Coro dos descontentes Dirigentes petistas re-

clamam ainda que foram abandonados pela presiden-te Dilma na montagem do governo. A sigla, que não fez um único deputado federal em Pernambuco, foi excluída do 1º escalão.

Só no PMDB mesmoLúcio Vieira Lima (PMDB-

BA) ironiza escolha de Lin-dolfo Sales, braço direito de Garibaldi Alves, para tra-balhar na Previdência com Carlos Gabas: “O PMDB abre mão do ministro para indicar chefe de gabinete”.

Recalque Deputados do PRB só

veem um motivo para decla-rações de Marcelo Crivella (PRB-RJ) negando partici-pação na escolha de George Hilton no Esporte: o senador é quem queria ter sido no-meado ministro.

O caos continua...O rombo nas contas tem

deixado equipe do governo do DF de cabelos em pé. O novo governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), enfrenta greve na Saúde e atraso do início do ano letivo. Todos estão sem salário.

...e o desafi o tambémEnquanto isso, o deputado

Chico Vigilante (PT) insiste na tese de que há saldo de mais de R$ 1,4 bilhão na conta do governo. Nos últimos dez dias, ele enviou vários vídeos divul-gando a existência da grana.

Participações avulsasEx-presidente do STF, Joa-

quim Barbosa sumiu do mapa. Vez ou outra, o agora advogado dá as caras no Twitter, longe da forma que prometeu

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Estamos orgulhosos dos nossos agentes”

FRANÇOIS HOLLANDE, presidente francês, em coleti-va após confi rmar morte de terroristas

PODER SEM PUDOR

Repelente de amantesNo governo do general Emílio Médici, o

Incra mantinha uma casa em Padre Bernardo, no entorno do DF, freqüentada por fi gurões da República, dentre os quais ministros e um ilustre parente do presidente, acompanhados de amantes. O jovem presidente da autar-quia, Walter Costa Porto, que mais tarde se transformaria numa grande autoridade em Direito Eleitoral no País, temia um escândalo e não sabia o que fazer até que bolou um re-pelente infalível: Synteko. Mandou besuntar o piso de madeira da casa uma vez por semana, religiosamente. O cheiro forte e as emanações lacrimogênicas puserem fi m aos encontros galantes dos amigos e do parente do ditador.

Em tempos de baixo crescimento econômico, maior parte dos Executivos estaduais prevê diminuir despesas em 2015

Cortes: 11 Estados ajustam contas para sair do ‘aperto’

No Amazonas, governador José Melo (Pros) pretende economizar R$ 700 milhões do orçamento

Governadores de pelo menos 11 Estados anunciaram redução de cargos de confi an-

ça e de secretarias, mas os cortes efetivos de gastos não são imediatos. A maioria dos Executivos estaduais prevê di-minuir despesas em 2015, mas o detalhamento da maioria das medidas não foi divulgado.

Em tempos de baixo cresci-mento econômico e com o gover-no federal adotando medidas de maior rigor fi scal, a maioria dos governos estaduais procurou demonstrar austeridade nesse início de mandato. Parte das medidas, porém, acaba tendo mais efeito simbólico, como a extinção de secretarias ou o corte de cargos comissionados que não eram efetivamente ocu-pados, que orçamentários.

Um exemplo disso é o go-vernador reeleito do Amazonas, José Melo (Pros). Ele disse querer economizar R$ 700 milhões do orçamento de R$ 15,6 bilhões para 2015 e que vai extinguir secretarias, mas não especifi cou detalhes dessas medidas.

No Rio Grande do Norte, Ro-binson Faria (PSD) afi rmou que vai analisar todos os contratos assinados pela antecessora, Ro-salba Ciarlini (DEM). Ele não especifi cou metas, mas procurou acalmar os fornecedores. “Não daremos calote.” A revisão de

pagamentos vai atingir até a parcela mensal de R$ 10 milhões à construtora OAS pela Arena das Dunas, usada na Copa.

ContençãoO corte de secretarias não

é consenso para contenção de gastos. Em São Paulo, foram mantidas as 25 pastas pelo go-vernador reeleito, Geraldo Alck-min (PSDB). “Existem secretarias

como os Direitos da Pessoa com Defi ciência, que tem 48 pesso-as. Às vezes as estruturas são muito pequenas. O que vamos fazer é muito mais (signifi ca-tivo no orçamento)”, disse, no dia 2, quando anunciou medidas como o contingenciamento de 10% das medidas discricioná-rias do orçamento para 2015, equivalente a R$ 6,6 bilhões, segundo o governo.

Decisão semelhante tomou

Luiz Fernando Pezão (PMDB) no Rio. Ele quer cortar R$ 1,5 bilhão em despesas e determinou às 25 secretarias - número igual ao do mandato anterior - que defi nam os cargos a serem extintos.

Outros governadores reeleitos recorreram ao corte de secreta-rias para demonstrar austeri-dade no segundo mandato. Na Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) determinou a redução de 300 postos e extinguiu uma das 33 pastas existentes. O paranaen-se Beto Richa (PSDB) cortou 2 das 19 secretarias do primeiro mandato. Mas o tucano, depois de visar economia de R$ 1,5 bi-lhão, elevou alíquotas de tributos como IPVA e ICMS da gasolina, além do imposto cobrado de pensionistas do Estado.

ExtinçãoO mais comum são governa-

dores que eram da oposição ex-tinguirem cargos mantidos pelos antecessores. É o caso de Mato Grosso, onde Pedro Taques (PDT) cortou 5 das 24 secretarias da gestão Silval Barbosa (PMDB). No vizinho Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) cor-tou pela metade o próprio salário e o do primeiro escalão, visando economia anual de R$ 800 mil.

Em Minas, Fernando Pimentel (PT) exonerou mais de 50 fun-cionários de confi ança, a maioria ligada ao tucano Aécio Neves.

ECONOMIAGovernador do Ama-zonas, José Melo quer economizar R$ 700 milhões do orçamen-to de R$ 15,6 bilhões para 2015 e vai extin-guir secretarias, mas não especifi cou deta-lhes dessas medidas

FISCALIZAÇÃO

Ministro da CGU admite falhasO novo chefe da Con-

troladoria-Geral da União (CGU), ministro Valdir Si-mão, pretende criar um novo setor no órgão, es-pecializado na fi scalização das estatais. A decisão foi tomada após a operação Lava Jato, defl agrada em março pela Polícia Fede-ral, revelar um esquema de cartel que desviava re-cursos das principais obras da Petrobras.

O reforço no controle é

um pedido da presidente Dilma Rousseff , que, se-gundo o ministro, quer uma atuação mais “presente e preventiva” do órgão não só na Petrobras, mas nas demais empresas controla-das pela União, a exemplo da Infraero (que administra os aeroportos), da Valec (responsável por obras fer-roviárias) e da Eletrobras (estatal do setor elétrico). “A gente tem de ampliar a nossa capacidade de al-

cance, o raio de alcance da controladoria. Uma das formas é a especialização da atuação da CGU nas estatais”, disse Simão.

A pedido do ministro, a área técnica da Controla-doria-Geral trabalha desde o início da semana num modelo de fi scalização a ser apresentado à presidente. “O prazo, com ela (Dilma), é sempre ontem. Minha pro-posta é ainda dentro deste mês”, afi rmou Simão.

AGECOM

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 A7Política

...E a vaca tossiu, presidente!Durante a campanha eleitoral, Dilma disse que não mexeria em direitos trabalhistas “nem que a vaca tossisse”. Será?

JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

Integrantes de um grupo sele-to de trabalhadores, os polí-ticos brasileiros, ao contrário dos trabalhadores comuns,

já começam o ano de 2015 comemorando reajustes signi-fi cativos em seus vencimentos. Na contramão das políticas já anunciadas sob a justifi cativa de ajustar as contas públicas, com o controle de gastos da máquina, que incluem um pacote de ações que endurecem as regras de pagamento de cinco benefícios trabalhistas e previdenciários - abono salarial, seguro-desem-prego, seguro-defeso, pensão por morte e auxílio-doença -, somente a presidente Dilma Rousseff (PT) teve seu salário reajustado em 15,76%, valor 6,96% maior que o pretendido para o novo salário mínimo.

O reajuste salarial que co-meçou pelo Palácio do Planal-to, Câmara Federal, Supremo Tribunal Federal (STF) e Pro-curadoria-Geral da República também chegou à Assembleia Legislativa do Amazonas (Ale-am), onde os 24 novos depu-tados passarão a receber R$ 25,2 mil mensais, sem contar com benefícios como Cota para

o Exercício da Atividade Parla-mentar (Ceap). O valor represen-ta 75% do valor dos salários dos deputados federais, cujo salário passou de R$ 26,7 mil para R$ 33,8 mil. Os aumentos terão um custo total estimado em 3,8 bilhões de reais.

AumentoNa ocasião do anúncio do

aumento, o então deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) comentou que o Poder Legis-lativo deveria ser exemplo no enxugamento do custeio da máquina pública. “Já que o Brasil passa por um momento de aperto, qualquer parâme-tro de reajuste deve levar em conta o parâmetro de reajuste dos trabalhadores brasileiros. Penso que os poderes Legis-lativo e Judiciário devem dar sua parcela de exemplo. Não

adianta apertar só o povo. O parlamento daria um bom sinal para o povo brasileiro de que é preciso sacrifícios para reequilibrar as contas públicas”, analisou Ramos, mostrando-se contrário à proposta de aumento sa-larial. Deputada federal eleita no último pleito, Conceição Sampaio (PP) chegou a falar que aquele “não era o momento de dis-cutir salários, mas de avaliar todos os escândalos pelo qual passa o país”.

Efeito cascataFavorável ao reajuste, o de-

putado reeleito Vicente Lopes (PMDB) enfatizou que os re-ajustes acontecem em “efeito cascata”, e que o maior motivo para a descredibilidade da so-ciedade aos políticos acontece não pelos aumentos dos salários, mas por mudanças de compor-tamento. “O que me causa in-cômodo como político é essa mudança de postura antes e após a campanha. O grande mo-tivo da sociedade não depositar credibilidade em nós [políticos] não é pelo aumento dos salários, mas sim pela mudança de com-portamento de acordo com as circunstâncias”, minimizou.

» Abono Salarial Para ter acesso ao benefício, o trabalha-

dor passará a ter de comprovar seis meses ininterruptos de trabalho com carteira assi-nada. Na regra atual, o abono é concedido com apenas um mês de contribuição. O valor do benefício, que hoje é de um salário mínimo, passa a ser proporcional ao tempo de serviço, como no 13º salário.

» Seguro-desempregoPara ter acesso serão necessários 18

meses de trabalho com carteira assinada e não mais seis meses. Para a segunda solicitação do seguro, o trabalhador deverá ter contribuído por 12 meses com o INSS. Já no terceiro acesso ao seguro, o trabalhador terá de ter ocupado um emprego formal pelo mínimo de seis meses.

» Pensão por morte Será preciso comprovar o pagamento de

24 meses da contribuição previdenciária

para ter acesso ao benefício, além de ter dois anos de casamento ou união estável. O valor a ser recebido será de 50% do salário-benefício para o cônjuge, seguido de acréscimos de 10% por dependente até poder completar 100% do total do venci-mento. O benefício mínimo segue sendo de um salário mínimo por pensão.

» Benefício vitalícioTambém acaba o benefício vitalício para

cônjuges jovens. Será vitalício apenas para quem tem até 35 anos de expectativa de sobrevida (hoje, pessoas com 44 anos ou mais). A partir desse limite depende da idade. Entre 39 a 43 anos de idade, o tempo de pagamento, por exemplo, cai para 15 anos de pensão.

» Auxílio-doençaFoi determinado o aumento do prazo

de afastamento pago pelo empregador antes do início do pagamento do auxílio-

doença pelo INSS, de 15 para 30 dias para segurados empregados. Também será fi xado um teto no valor do auxílio-doença, equivalente à média das últimas 12 contribuições.

» Seguro-defesoA partir de agora, os pescadores não po-

derão receber o seguro-defeso se já forem benefi ciários de outros programas sociais, como o Bolsa Família. Eles precisarão ter pelo menos três anos de registro como pescador artesanal. Terão de comprovar comercialização de pescador ou paga-mento de contribuição previdenciária por pelo menos 12 meses.

A concessão do salário mínimo do be-nefício será avalia por um Comitê Gestor. As medidas provisórias assinadas pela presidente Dilma Rousseff serão encami-nhadas ao Congresso Nacional e devem ser votadas em 120 dias, após o retorno do recesso, em 2 de fevereiro.

ENTENDA AS NOVAS REGRAS DO GOVERNO

Para o professor, soci-ólogo e cientista político Antônio Pereira de Olivei-ra, as contradições entre os benefícios/ganhos da classe política e os demais trabalhadores é fortalecida, entre outros fatores, pelos modelos econômicos adota-dos pelos governos, que ao longo dos anos vêm pratican-do políticas que ampliaram o problema, e pela postura tomada pelos eleitores no momento do voto.

De acordo com Antônio Oliveira, apesar das grandes manifestações ocorridas em 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas pedir o fi m da corrupção e melho-res condições de vida para a população, em especial a mais carente, nem eleitores, nem políticos conseguiram levar adiante os propósitos e promessas.

“Existe uma crise e o go-verno não pode mais negá-la, exemplo disso são demis-sões como as realizadas pela empresa Volkswagen, em São Paulo. Entretanto, o governo mostra uma falta de sintonia signifi cativa entre seu discurso e sua prática.

Quem não lembra quando a presidente eleita prometeu que não mexeria em nada que dissesse respeito aos direitos conquistados pelos trabalhadores brasileiros? Pois bem, o que vemos hoje é uma redução drástica e o rebaixamento de direitos, além do aumento de impos-tos e tarifas”, analisou.

Antônio Oliveira desta-ca que em suas últimas

ações, o governo mostrou mais preocupação em pa-gar valores ligados à dívida pública do que com o dire-cionamento de verba para saúde e educação, e que isso prejudica o resgate de sua credibilidade.

Contradições entre classes

Especialistas dizem que greves revelam indignação do povo

PROPÓSITOSSociólogo afi rma que, apesar das grandes manifestações ocor-ridas em 2013, nem eleitores, nem políti-cos conseguiram levar a diante os propósitos e promessas reclama-das pela população

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Dilma quebra promessa e ofen-de trabalhadores

QUEM TEM MEDODA RECESSÃO?

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Page 8: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

‘Conquista do voto feminino’ agora é data comemorativaPresidente Dilma Rousseff sanciona lei que marca o dia 24 de fevereiro como data da conquista do voto pelas mulheres

A conquista do voto fe-minino ganhará espaço no Calendário Oficial do governo federal.

A presidente Dilma Rousseff sancionou leis para criar cinco novas datas comemorativas no país, entre elas 24 de feverei-ro, quando mulheres tiveram garantido o direito de serem eleitoras. Apesar do gesto, o segundo mandato de Dilma começa com menos ministras do que há quatro anos.

Agora, dos 39 ministérios, seis serão comandados por mulheres, três a menos do que em 2011. Ainda assim, a presidente é a responsável pela maior participação feminina no primeiro escalão do governo federal desde 1985.

Para o segundo mandato, Dilma nomeou como minis-tras Kátia Abreu (Agricultura), Eleonora Menicucci (Política para as Mulheres) e Nilma Gomes (Igualdade Racial) e manteve em seus cargos Iza-bella Teixeira (Meio Ambiente), Tereza Campello (Desenvolvi-mento Social) e Ideli Salvatti (Direitos Humanos).

O movimento feito por Dil-ma é semelhante ao de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). O petista iniciou seu primeiro manda-to nomeando um número até então recorde de cinco mu-lheres para ocupar ministérios. No segundo mandato, porém, nomeou uma a menos.

Até então, apenas cinco mu-

lheres tinham exercido, como titulares, cargos de ministra. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Itamar Franco (1992-1994) nomearam uma, cada um; Fernando Collor de Mello (1990-1992), duas. José Sarney (1986-1990) não ini-ciou mandato com mulheres em seu ministério. Não constam neste levantamento as mulhe-res que assumiram ministérios de forma interina.

Menos ministrasAlém de diminuir o número

de ministras, Dilma também arrefeceu a ênfase que deu ao assunto se comparado o discurso de posse feito este ano com o de 2010. Há quatro anos, a recém-eleita presidente usou o fato de ser a primeira mulher na história do Brasil a chegar ao cargo mais impor-tante do país para ressaltar a importância do aumento da presença feminina em todos os segmentos da sociedade. “Hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher”, disse ela ao iniciar um discurso todo focado na força da mulher.

Quatro anos depois, Dilma também abriu o discurso ci-tando a “alegria por ter ven-cido os desafios e honrado o nome da mulher brasileira”, mas sua ênfase estava em defender o governo em meio a acusações de irregularidades na Petrobras reveladas pela operação Lava Jato.

Para a socióloga Fátima Pacheco Jordão, conselheira do Instituto Patrícia Galvão, Organização Não-Governa-mental (ONG) de represen-tação e defesa dos direitos da mulheres, a redução do número de ministras no iní-

cio do segundo mandato é só a parte visível de uma expectativa que foi criada a partir da eleição da primei-ra mulher e frustrada após quatro anos.

Ela cita como exemplo a promessa de promover

a integração de políticas voltadas para as mulheres de forma intersetorial, em todas as instâncias do go-verno. “Isso jamais ocorreu”, disse. “O que foi feito está muito aquém do que se es-perava para uma presidente

mulher. Ela criou expectati-vas e não cumpriu promes-sas simples”.

Ela cita como exemplo o fato de o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres ser um órgão subordinado à Secretaria Especial.

Feministas reclamam da falta de espaço político

O dia 24 de fevereiro será marcado como o Dia da Conquista do Voto Feminino, lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff

DIVULGAÇÃO

Expulsão de servidores bate recordeCORRUPÇÃO

A Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou que 2014 registrou o maior nú-mero de expulsões de fun-cionários públicos federais desde que o banco de dados sobre o tema foi inaugurado, em 2003. Foram 550 expul-sões no ano passado contra 528 em 2013, 506 em 2012 e 533 em 2011. Em 2003, 268 foram expulsos e, até 2014, o cômputo geral é de 5.125 expulsões - o governo federal tem 1,26 milhão de funcioná-rios ativos e inativos.

O envolvimento em casos de corrupção é o motivo da maior parte das punições em todos os anos. Essa ten-dência foi confirmada em 2014: das 550 expulsões, 365 foram motivadas por atos relacionados à cor-

rupção, equivalente a 66% do total. Na série históri-ca, essa foi a razão de 67% dos desligamentos.

O ano passado registrou ainda o segundo maior nú-mero de expulsões por cor-rupção. O primeiro lugar fica com 2013, com 377 punidos por esse motivo.

Abandono de emprego, bai-xa frequência e acumulação ilícita de cargos explicam 126 dos desligamentos compul-sórios de 2014 - em 2013, foram 98. A desídia, que abrange preguiça, descaso e negligência, é justificativa de 11 desligamentos, ante 12 do ano anterior. Participação em gerência ou administra-ção de sociedade privada mo-tivou três expulsões, duas a menos do que em 2013.

LegislaçãoOutros 45 servidores foram

expulsos do setor público fe-deral em 2014 por motivos diversos, como conduta es-candalosa na repartição, in-subordinação grave e agres-são física. Todos os punidos, segundo a CGU, praticaram atos que violam a lei 8.112, de 1990, que estabelece o re-gime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. O balan-ço não inclui expulsões em empresas públicas como a Caixa Econômica Federal, a Petrobras e os Correios.

A maior parte das 550 pu-nições de 2014 foi aplicada a servidores efetivos. Segundo a CGU, 423 deles foram de-mitidos no mesmo ano.Pelos cálculos da CGU, foram expulsos 550 funcionários públicos por algum tipo de corrupção

DIVULGAÇÃO/PF

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Oito profi ssões em alta para 2015 no AM

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Analistas dizem que sim e o governo diz que nãoPara evitar a recessão econômica, economistas dizem que governo federal começou a tomar medidas desagradáveis

Relatório do Ipea diz que a sinalização de recessão começou em 2013, quando iniciaram os problemas da econômica brasileira por conta da queda dos investimentos da produção da indústria

A economia brasileira vive um momento complexo e o fraco desempenho do Pro-

duto Interno Bruto (PIB) leva os especialistas a falarem sobre uma possível recessão econômica em 2015, descar-tada pelo governo federal. Entretanto, em outubro do ano passado, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou em sua carta de conjuntura, que o país estava em “recessão técnica”.

Segundo o relatório, os da-dos sugeriam que os proble-mas da economia brasileira começaram a se intensifi-car no terceiro trimestre de 2013, com a queda dos investimentos e da produ-ção no setor industrial. Já o quadro de recessão téc-nica, conforme o Ipea foi ocasionado com a queda de 0,6% do PIB, na passagem do primeiro para o segun-do trimestre de 2014, após queda de 0,2% no primeiro, no número revisado.

Na ocasião, o instituto rei-terou que, nas últimas déca-das, recessões técnicas só ocorreram em momentos em que o país foi atingido por choques negativos impor-tantes como na virada de 2008 para 2009, sob pleno efeito da crise financeira internacional; em 2001, por conta do “apagão” energéti-co; no início de 2003, como reação à crise cambial de

2002; e entre 1998 e 1999, após a crise da Rússia e a flu-tuação cambial no Brasil.

Para o economista Ailson Rezende, o risco de haver uma recessão em 2015 é real em função do menor

investimento em infraes-trutura. Mas, ele destaca que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já informou que tomará medidas que não agradará a todos, como o aumento de tributos, que inclusive desagrada alguns segmentos. “São atitudes necessárias para evitar a recessão”, afirma.

Segundo Rezende, reces-são é quando o país não tem

infraestrutura para atender a demanda, sendo que nesse ciclo não se produz e sem produção não há geração de emprego. O resultado, con-forme ele, é um “batalhão” de pessoas desempregadas e dependendo do governo que, por sua vez, não tem arreca-dação e compromete todas suas reservas. “Sem poder investir em infraestrutura o efeito tende a paralisar o país”, explica.

ReajustesNo caso do aumento da

conta de energia elétrica, água, gasolina, entre outros serviços, o economista reve-la que o reajuste não evita a recessão. Segundo ele, esses aumentos são necessários apenas para que haja me-lhoria no fornecimento dos serviços. “É claro que o fato impacta em alguns postos de trabalho, mas é preciso mais que isso para conter a recessão”, enfatiza.

Rezende lembra que o aumento dos valores dos serviços não quer dizer au-mento efetivo de tributos, mas que esta já existe em cima do serviço. Conforme ele, telecomunicação tem em torno de 30% de tribu-tação e energia 25%, sendo que em alguns casos chega a 70%. “Mas o problema maior é que o país não está crescendo, ou seja, não está havendo desenvolvimento industrial e nem infraestru-tura para produção de bem e serviços”, completa.

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

IONE MORENO

RISCORezende diz que o risco da economia brasileira - que hoje é a 7ª maior do mundo - perder espaço é alto, uma vez que a classifi cação é dada pelo PIB, que está em baixa, enquanto ou-tros países crescem

Enquanto a recessão econô-mica bate na porta do Brasil, especialistas observam que há muitas medidas capazes de evitar que o país passe por um período de estagnação. O economista Ailson Rezen-de destaca que o governo precisa reduzir as despesas, investir em infraestrutura para desonerar a produção e controlar a infl ação.

Para o presidente da Fe-deração do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio-

AM), José Roberto Tadros, ter uma gestão equilibrada e efi ciente, evitando desperdí-cios, gastos e investimentos sem retornos, além de boa gestão da economia, são fa-tores essenciais para dar um fi m à recessão. “Também é preciso diminuir os tributos, pois a economia não tem mais espaço para aumento de impostos”, destaca.

Já o presidente da Asso-ciação Comercial do Amazo-nas (ACA), Ismael Bicharra, defende três pontos chaves.

Segundo ele, o primeiro já foi feito no Ministério da Fazenda, que foi a troca do ministro, o segundo seria a realização de medidas de análises de gastos públi-cos, sendo que o governo deve saber administrar seus gastos, e o terceiro as re-formas previdenciária, polí-tica, tributária e trabalhista. “Com essas mudanças os empresários voltarão a ter credibilidade na economia para fazer novos investi-mentos”, observa.

Redução de despesas é necessária

Economista afi rma que reajustes nos preços de combustível, luz e água não evitam a recessão

DIEGO JANATÃ

QUEM TEM MEDODA RECESSÃO?

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Setores divergem sobre a recessão econômicaIndústria, comércio e serviços concordam apenas que há um cenário de incertezas sobre investimentos para o ano de 2015

Sobre o risco de reces-são econômica, que assombra do país, representantes da

indústria, comércio e serviço do Amazonas divergem quanto à possibilidade de haver em 2015. O presidente da Federa-ção das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, diz que o cenário é dificul-toso nesse primeiro semestre, mas que é preciso ter confiança que o foco mudará para pensar em crescimento. “Acredito que não haverá recessão, apenas dias bastante difíceis”, conta.

Ele aponta como uma das soluções a redução de cus-teio da máquina pública que todos os governos eleitos es-tão prometendo fazer. “Lo-gicamente que essa atitude afeta a indústria, pois diminui o consumo, mas acreditamos numa reviravolta. Porém, é preciso que haja logo a de-finição da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para que possas voltar a aprovar os projetos de investimentos”, ressalta.

Para o presidente da Federa-ção do Comércio de Bens, Ser-viços e Turismo do Amazonas

(Fecomércio-AM), José Rober-to Tadros, o país não está em recessão. Mas, conforme ele, o crescimento extremamente lento do Produto Interno Bruto (PIB) é preocupante, uma vez que impende que o país te-nha crescimento demográfico mais contido. “Na medida em que o PIB cresce menos que a população o bolo de cada cidadão diminui”, revela.

A respeito da recessão, Ta-dros afirma que espera não ha-ver. No entanto, ele aponta que deve ocorrer ajustes porque infelizmente o país está em crise em razão da irresponsa-bilidade dos governantes que gastam acima da capacida-de e penalizam a população de modo geral aumentando os tributos. “O brasileiro não aguenta mais tamanha atroci-dade. A população não suporta mais, por meio do tributo,

cobrir os gastos administra-tivos e financeiros do Estado, município e União”, lembra.

ChinaO presidente da Associa-

ção Comercial do Amazonas (ACA), Ismael Bicharra, explica que a economia é um ciclo, sobe e desce, sendo que se o país já chegou ao final do poço ainda não dá para saber. Mas, ele avalia que, com a queda no PIB, o problema na China, que crescerá menos este ano, afetando diretamente o Brasil e os juros maiores do mundo cria um cenário de incerteza. “Eu acho que estamos em recessão desde a Copa, pelos números de queda da indústria e do comércio”, frisa.

Ele salienta que não é pes-simista, apenas interpreta o que a realidade mostra. “O Índice de Confiança dos Em-presários do Comércio (Icec) nunca esteve tão baixo desde que começou a ser analisado com relação à economia, fora isso vemos apagões em todo o Brasil em termos estrutu-rais, a construção civil está passando por um momento complicado também. Então, com esse cenário tudo leva a crer que 2015 será um ano de arrocho financeiro”, declara.

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AÇÃO

Obras públicas abandonadas são exemplos do desperdício de recursos que penalizam a população

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

QUEM TEM MEDODA RECESSÃO?

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Nintendo se despede do Brasil e culpa impostos Companhia culpa o peso dos impostos aplicados no país sobre o segmento, que a fez perder espaço para os concorrentes

São Paulo - A Nintendo, que teve fábrica insta-lada no Polo Industrial de Manaus (PIM) até

o fi nal dos anos 1990, agora anunciou que deixará de dis-tribuir seus produtos ofi cial-mente no Brasil. Isso ocorre porque a representante da companhia no país, nos últi-mos quatro anos, a Gaming do

Brasil, fechou as portas.O principal motivo

para a saída, segundo a empresa japonesa, são as tarifas sobre im-

portação impostas pelo país. “O modelo de distri-

buição que havíamos adotado simplesmente não era mais sustentável”, afi rma Bill van Zyll, diretor e gerente-geral para América Latina.

Segundo ele, os seus pro-dutos estavam sendo preju-dicados por conta do peso da importação. “Os custos de importação no Brasil são mui-to altos, e isso fazia com que o preço dos produtos subisse muito no mercado”, afi rma.

Apesar da antiga fábrica loca-lizada no Distrito 2, Zona Leste, a informação é que a Nintendo nunca fabricou seus produtos no Brasil. Segundo van Zyll, a empresa já considerou abrir uma unidade de produção por aqui em mais de uma oportuni-dade, mas, a curto prazo, “seria algo impossível por muitos e diferentes motivos”.

A assistência técnica e a ga-rantia dos produtos da Ninten-do no país são atendidas por outra empresa e continuarão a ser oferecidas normalmente, diz a empresa.

MercadoA falta de ação da Nintendo

no mercado brasileiro foi evi-dente nos últimos tempos. A companhia não esteve presen-te nas duas últimas edições da Brasil Game Show, principal evento de games da América Latina que acontece anual-mente em São Paulo.

A loja virtual do Wii U nem sequer possui versão nacio-

nal. Já o comércio on-line do Nintendo 3DS enfrenta pro-blemas com consumidores brasileiros há mais de um ano, devido a mudanças nas regras de transação por cartão de crédito internacional.

No fi m de 2013, algumas instituições fi nanceiras do país, como os bancos Itaú e Bradesco, passaram a impedir a efetuação de compras com cartão de crédito em sites que apresentam o preço em reais, mas cobram em moedas estrangeiras.

A Sony e a Microsost con-tornaram o problema ra-pidamente, mas a ques-tão persiste na loja da Nintendo até hoje. De acordo com Van Zyll, a companhia tem enfrentado difi culdades para resolver o problema porque as lojas virtuais não pertencem diretamente à Nin-tendo.

CriseA Nintendo, que vem de

três anos fi scais seguidos de prejuízo, não conseguiu acom-panhar o ritmo de venda das companhias rivais na última geração de consoles. As vendas do Wii U -cerca de 7,3 mi-lhões de unidades, um dos números mais baixos da história para um produto da empresa- foram consideradas ofi -cialmente um fra-casso pela empresa.

O número da Nintendo é bem inferior ao do Playsta-tion 4, que vendeu 18,5 milhões de unidades desde o seu lança-mento, de acordo com a fabricante Sony. Em novem-bro, a Microsost afi rma ter ven-dido 10 milhões de unidades do Xbox One.

Japonesa que formou gerações de apaixonados por seus jogos e consoles perdeu mercado para Sony e Microsost

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 B5

As oito profissões mais requisitadas para 2015Apesar das especulações sobre um ano ruim para a economia brasileira, especialistas apontam as áreas que o mercado precisará

O ano de 2015 não será um ano bom para a economia do país, segundo especia-listas, o que, possivelmen-

te, afetará a geração de empre-gos. Contudo, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas (ABRH-AM), pelo menos oito profi ssões, como a de engenharia naval, estarão em alta neste ano. E os salários podem chegar a R$ 20 mil.

Segundo a presidente da ABRH-AM, Ozeneide Casanova, a pesquisa que avaliou o nível de necessidade de algumas empresas apontou que alguns blocos de profissionais es-tarão em alta este ano no Estado. “Em alguns casos, o Amazonas segue a tendência nacional. São oito os principais blocos. Entre eles estão engenharia, informática e financeiro”, diz Casanova.

No caso da engenharia, o destaque é para as áreas de tecnologia, com-putação e polo naval. O salário inicial é de R$ 6 mil e pode chegar aos R$ 20 mil. “A engenharia naval é uma das principais cotadas. Esses pro-fi ssionais estarão no mercado como prioridade para algumas empresas devido alguns investimentos que se-rão feitos nesse segmento ao longo dos próximos anos no polo naval de Manaus”, explica.

Outros segmentos que terão desta-que ao longo do ano serão os técnicos em informática e hidráulica. O salário inicial é de R$ 3 mil. “Percebemos um investimento muito grande das pessoas em busca de qualifi cação e também das escolas de ensino técni-co na formação desses profi ssionais. Esses profi ssionais, mesmo não tendo o ensino superior, têm certa garantia de emprego porque toda empresa de médio e grande porte necessita de um profi ssional. Isso sem contar os ‘bicos’ que eles podem fazer”, observa.

Mesmo com a situação econômica do país não tão animadora, uma das áreas que também está em alta este ano é a de vendas. Esses profis-sionais serão responsáveis por incentivar as pessoas a consumirem. “Eles tem papel de incentivar, de estimular às pessoas a comprarem. Eles te-rão grande importân-cia para estimular a economia do Estado. O salário depende de quanto eles ven-dem, mas as pers-pectivas de bons salários dependem muito do carisma do vendedor”, avalia.

E por falar em financeiro, esse é um dos segmentos que possibilitará

muitas oportunidades aos profis-sionais da área, principalmente, os controllers. Nessa área os salários variam entre R$ 8 a R$ 10 mil. “Os controllers são fundamentais na empresa, em virtude da exigência da companhia de fazer o contro-le dos seus gastos e acompanhar como está o seu andamento fi-nanceiro”, explica a presidente da ABRH-AM.

Casanova destacou que profi ssio-nais de recursos humanos serão bem cotados este ano. Segundo ele, esse profi ssional tem salário inicial esti-mado em R$ 3 mil. “O salário deles depende do porte da empresa, mas todas as companhias precisam de alguém competente para recrutar as pessoas que serão responsáveis pela efi ciência das empresas”, diz.

Outro setor que está aquecido des-de o ano passado, por conta da Copa do Mundo de Futebol, de acordo com Casanova, é o da gastronomia. O salário inicial de um chef de cozinha é de R$ 3 mil e pode chegar na casa dos R$ 8 mil. Contudo, depende da qualifi cação do profi ssional. “A Copa do Mundo ajudou bastante na divulga-ção desse setor e com isso colaborou para que esses profi ssionais sejam bem requisitados”, aponta.

Completam a lista dos profi ssio-nais mais requisitados os desenvol-vedores de mobile e os advogados. No caso dos dois profi ssionais o salário inicial é estimado em R$ 5 mil. Mas, no caso dos advogados, os lucros podem ser ainda maiores em virtude das comissões.

FUNÇÃO DE CADA PROFISSIONAL

ControllerEsse profi ssional é respon-

sável pela coordenação, pelo planejamento e pelo contro-le das fi nanças da empresa. “Não é somente um con-tador voltado a atribuições básicas como antigamente. Hoje, temos um profi ssional mais moderno, que interage com os setores e que utiliza habilidades interpessoais para gerenciar e contro-lar o patrimônio como um todo”, explicou a con-troller do Comfort Hotel,Joana Nasian.

Engenheiro navalEsse segmento é o res-

ponsável pelos projetos de construção e manutenção de embarcações e equipa-mentos. O profi ssional pro-jeta a estrutura, os motores e todos os demais compo-nentes do navio. Ele atua, também, em casos de cons-trução, supervisionando os técnicos e os operários e verifi ca os métodos de tra-balho e acompanha todos os períodos da construção.

VendedorÉ o profi ssional que, em

muitos casos, dependendo da área de atuação, não tem formação superior, mas tem a responsabilidade de vender a mercadoria da loja e para isso é preciso dedi-cação. Além de se dedicar ao cliente para ganhar a sua preferência, o vendedor deve também organizar todo o ambiente de trabalho.

Gestor de RHO gestor de RH é o pro-

fi ssional responsável por de-senvolver e gerenciar planos de carreiras nas empresas, além de analisar estratégias institucionais, elaborar pla-nos táticos e operacionais para o recrutamento e se-leção. Ele também avalia o desempenho dos candidatos

e orienta no treinamento dos novos colaboradores. Tem ainda como responsabilida-de a gestão de interação dos vários setores da empresa.

Chef de cozinhaCabe a esse profi ssional

organizar a cozinha de res-taurantes e hotéis, elaborar cardápios e, sobretudo, su-pervisionar o trabalho dos cozinheiros. Diferente do que muitas pessoas ima-ginam, o chef não cozinha. Esse trabalho fi ca a cargo das cozinheiras, mas o chef tem papel fundamental em todos os processos. Ele é o responsável, por exemplo, pela escolha dos alimentos.

AdvogadoO advogado é responsável

por representar indivíduos e empresas e defender os seus interesses. De acor-do com o advogado Alde-nor Rabelo, em virtude de muitas leis que regulam as atividades empresariais, é importante que haja os serviços de um advogado. “É imprescindível para o de-senvolvimento saudável da atividade empresarial que haja o acompanhamento jurídico adequado, de for-ma que, no dia a dia, os contratos e diversos atos praticados estejam em con-sonância com o ordenamen-to jurídico”, avalia.

Técnico em informáticaTem como responsabili-

dade atuar na confi guração de sistemas informáticos, instalar equipamentos, além verifi car a causa das falhas na programação das redes de informática.

Desenvolvedor mobileÉ um profi ssional novo

no mercado responsável por desenhar e desen-volver aplicativos para o mundo mobile.

No Amazonas, algumas universidades como Uni-norte, Ciesa e Fametro oferecem alguns dos cur-sos que possibilitam que muitas pessoas entrem no mercado de trabalho e te-nham uma oportunidade em uma dessas profi ssões que estão em alta.

O Uninorte, por exemplo, tem disponível o curso de engenharia em diversas áreas como engenharia ambiental, da computa-ção, elétrica, mecânica. Segundo o reitor do centro universitário, professor Vi-cente Nogueira, essa é uma área em crescimento e há investimentos nessa área. “Nós temos investimentos altos em infraestrutura com laboratórios que dis-

põem de equipamentos de alto nível”, afi rma.

Na área de gastrono-mia, há duas universida-des que oferecem o curso, a Fametro e o Ciesa. O Uninorte é o único que disponibiliza o curso de pós-graduação. Na área de cursos técnicos, o cen-tro educacional disponi-biliza o curso de técni-co em informática para a internet. “Oferecemos o curso de técnico em informática para a Inter-net, que hoje é também uma das maiores tendên-cias do mercado, assim como também o técnico em computação gráfica e em hidráulica ainda não há previsão de oferta”,informa Nogueira.

Graduação para os mercados

ALIK MENEZESEspecial EM TEMPO

Douglas Barthel é chef do restaurante Cozinha Asiática, no Vieiralves

Max Alcantra é em-presário da Interativa Informática

Equipe de desenvol-vedores de mobile da Fabriq Aceleradora

Ex-gestora de RH da Masa da Amazônia, Kellenn Osmidio

Aldenor Rebelo é advo-gado e procurador do Estado do Amazonas

Sollow Henrique é ven-dedor na rede de lojas de vestuário Adji

Joana Nasian é a pro-fi ssional de controller no Confort Hotel

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Outros segmentos que terão desta-que ao longo do ano serão os técnicos em informática e hidráulica. O salário inicial é de R$ 3 mil. “Percebemos um investimento muito grande das pessoas em busca de qualifi cação e também das escolas de ensino técni-co na formação desses profi ssionais. Esses profi ssionais, mesmo não tendo o ensino superior, têm certa garantia de emprego porque toda empresa de médio e grande porte necessita de um profi ssional. Isso sem contar os ‘bicos’ que eles podem fazer”, observa.

Mesmo com a situação econômica do país não tão animadora, uma das áreas que também está em alta este ano é a de vendas. Esses profis-sionais serão responsáveis por incentivar as pessoas a consumirem. “Eles tem papel de incentivar, de estimular às pessoas a comprarem. Eles te-rão grande importân-cia para estimular a economia do Estado. O salário depende de quanto eles ven-dem, mas as pers-pectivas de bons salários dependem muito do carisma do vendedor”, avalia.

E por falar em financeiro, esse é um dos segmentos que possibilitará

mil. Mas, no caso dos advogados, os lucros podem ser ainda maiores em virtude das comissões.

Sollow Henrique é ven-dedor na rede de lojas de vestuário Adji

Joana Nasian é a pro-fi ssional de controller no Confort Hotel

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 B5

As oito profissões mais requisitadas para 2015Apesar das especulações sobre um ano ruim para a economia brasileira, especialistas apontam as áreas que o mercado precisará

O ano de 2015 não será um ano bom para a economia do país, segundo especia-listas, o que, possivelmen-

te, afetará a geração de empre-gos. Contudo, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas (ABRH-AM), pelo menos oito profi ssões, como a de engenharia naval, estarão em alta neste ano. E os salários podem chegar a R$ 20 mil.

Segundo a presidente da ABRH-AM, Ozeneide Casanova, a pesquisa que avaliou o nível de necessidade de algumas empresas apontou que alguns blocos de profissionais es-tarão em alta este ano no Estado. “Em alguns casos, o Amazonas segue a tendência nacional. São oito os principais blocos. Entre eles estão engenharia, informática e financeiro”, diz Casanova.

No caso da engenharia, o destaque é para as áreas de tecnologia, com-putação e polo naval. O salário inicial é de R$ 6 mil e pode chegar aos R$ 20 mil. “A engenharia naval é uma das principais cotadas. Esses pro-fi ssionais estarão no mercado como prioridade para algumas empresas devido alguns investimentos que se-rão feitos nesse segmento ao longo dos próximos anos no polo naval de Manaus”, explica.

Outros segmentos que terão desta-que ao longo do ano serão os técnicos em informática e hidráulica. O salário inicial é de R$ 3 mil. “Percebemos um investimento muito grande das pessoas em busca de qualifi cação e também das escolas de ensino técni-co na formação desses profi ssionais. Esses profi ssionais, mesmo não tendo o ensino superior, têm certa garantia de emprego porque toda empresa de médio e grande porte necessita de um profi ssional. Isso sem contar os ‘bicos’ que eles podem fazer”, observa.

Mesmo com a situação econômica do país não tão animadora, uma das áreas que também está em alta este ano é a de vendas. Esses profis-sionais serão responsáveis por incentivar as pessoas a consumirem. “Eles tem papel de incentivar, de estimular às pessoas a comprarem. Eles te-rão grande importân-cia para estimular a economia do Estado. O salário depende de quanto eles ven-dem, mas as pers-pectivas de bons salários dependem muito do carisma do vendedor”, avalia.

E por falar em financeiro, esse é um dos segmentos que possibilitará

muitas oportunidades aos profis-sionais da área, principalmente, os controllers. Nessa área os salários variam entre R$ 8 a R$ 10 mil. “Os controllers são fundamentais na empresa, em virtude da exigência da companhia de fazer o contro-le dos seus gastos e acompanhar como está o seu andamento fi-nanceiro”, explica a presidente da ABRH-AM.

Casanova destacou que profi ssio-nais de recursos humanos serão bem cotados este ano. Segundo ele, esse profi ssional tem salário inicial esti-mado em R$ 3 mil. “O salário deles depende do porte da empresa, mas todas as companhias precisam de alguém competente para recrutar as pessoas que serão responsáveis pela efi ciência das empresas”, diz.

Outro setor que está aquecido des-de o ano passado, por conta da Copa do Mundo de Futebol, de acordo com Casanova, é o da gastronomia. O salário inicial de um chef de cozinha é de R$ 3 mil e pode chegar na casa dos R$ 8 mil. Contudo, depende da qualifi cação do profi ssional. “A Copa do Mundo ajudou bastante na divulga-ção desse setor e com isso colaborou para que esses profi ssionais sejam bem requisitados”, aponta.

Completam a lista dos profi ssio-nais mais requisitados os desenvol-vedores de mobile e os advogados. No caso dos dois profi ssionais o salário inicial é estimado em R$ 5 mil. Mas, no caso dos advogados, os lucros podem ser ainda maiores em virtude das comissões.

FUNÇÃO DE CADA PROFISSIONAL

ControllerEsse profi ssional é respon-

sável pela coordenação, pelo planejamento e pelo contro-le das fi nanças da empresa. “Não é somente um con-tador voltado a atribuições básicas como antigamente. Hoje, temos um profi ssional mais moderno, que interage com os setores e que utiliza habilidades interpessoais para gerenciar e contro-lar o patrimônio como um todo”, explicou a con-troller do Comfort Hotel,Joana Nasian.

Engenheiro navalEsse segmento é o res-

ponsável pelos projetos de construção e manutenção de embarcações e equipa-mentos. O profi ssional pro-jeta a estrutura, os motores e todos os demais compo-nentes do navio. Ele atua, também, em casos de cons-trução, supervisionando os técnicos e os operários e verifi ca os métodos de tra-balho e acompanha todos os períodos da construção.

VendedorÉ o profi ssional que, em

muitos casos, dependendo da área de atuação, não tem formação superior, mas tem a responsabilidade de vender a mercadoria da loja e para isso é preciso dedi-cação. Além de se dedicar ao cliente para ganhar a sua preferência, o vendedor deve também organizar todo o ambiente de trabalho.

Gestor de RHO gestor de RH é o pro-

fi ssional responsável por de-senvolver e gerenciar planos de carreiras nas empresas, além de analisar estratégias institucionais, elaborar pla-nos táticos e operacionais para o recrutamento e se-leção. Ele também avalia o desempenho dos candidatos

e orienta no treinamento dos novos colaboradores. Tem ainda como responsabilida-de a gestão de interação dos vários setores da empresa.

Chef de cozinhaCabe a esse profi ssional

organizar a cozinha de res-taurantes e hotéis, elaborar cardápios e, sobretudo, su-pervisionar o trabalho dos cozinheiros. Diferente do que muitas pessoas ima-ginam, o chef não cozinha. Esse trabalho fi ca a cargo das cozinheiras, mas o chef tem papel fundamental em todos os processos. Ele é o responsável, por exemplo, pela escolha dos alimentos.

AdvogadoO advogado é responsável

por representar indivíduos e empresas e defender os seus interesses. De acor-do com o advogado Alde-nor Rabelo, em virtude de muitas leis que regulam as atividades empresariais, é importante que haja os serviços de um advogado. “É imprescindível para o de-senvolvimento saudável da atividade empresarial que haja o acompanhamento jurídico adequado, de for-ma que, no dia a dia, os contratos e diversos atos praticados estejam em con-sonância com o ordenamen-to jurídico”, avalia.

Técnico em informáticaTem como responsabili-

dade atuar na confi guração de sistemas informáticos, instalar equipamentos, além verifi car a causa das falhas na programação das redes de informática.

Desenvolvedor mobileÉ um profi ssional novo

no mercado responsável por desenhar e desen-volver aplicativos para o mundo mobile.

No Amazonas, algumas universidades como Uni-norte, Ciesa e Fametro oferecem alguns dos cur-sos que possibilitam que muitas pessoas entrem no mercado de trabalho e te-nham uma oportunidade em uma dessas profi ssões que estão em alta.

O Uninorte, por exemplo, tem disponível o curso de engenharia em diversas áreas como engenharia ambiental, da computa-ção, elétrica, mecânica. Segundo o reitor do centro universitário, professor Vi-cente Nogueira, essa é uma área em crescimento e há investimentos nessa área. “Nós temos investimentos altos em infraestrutura com laboratórios que dis-

põem de equipamentos de alto nível”, afi rma.

Na área de gastrono-mia, há duas universida-des que oferecem o curso, a Fametro e o Ciesa. O Uninorte é o único que disponibiliza o curso de pós-graduação. Na área de cursos técnicos, o cen-tro educacional disponi-biliza o curso de técni-co em informática para a internet. “Oferecemos o curso de técnico em informática para a Inter-net, que hoje é também uma das maiores tendên-cias do mercado, assim como também o técnico em computação gráfica e em hidráulica ainda não há previsão de oferta”,informa Nogueira.

Graduação para os mercados

ALIK MENEZESEspecial EM TEMPO

Douglas Barthel é chef do restaurante Cozinha Asiática, no Vieiralves

Max Alcantra é em-presário da Interativa Informática

Equipe de desenvol-vedores de mobile da Fabriq Aceleradora

Ex-gestora de RH da Masa da Amazônia, Kellenn Osmidio

Aldenor Rebelo é advo-gado e procurador do Estado do Amazonas

Sollow Henrique é ven-dedor na rede de lojas de vestuário Adji

Joana Nasian é a pro-fi ssional de controller no Confort Hotel

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Outros segmentos que terão desta-que ao longo do ano serão os técnicos em informática e hidráulica. O salário inicial é de R$ 3 mil. “Percebemos um investimento muito grande das pessoas em busca de qualifi cação e também das escolas de ensino técni-co na formação desses profi ssionais. Esses profi ssionais, mesmo não tendo o ensino superior, têm certa garantia de emprego porque toda empresa de médio e grande porte necessita de um profi ssional. Isso sem contar os ‘bicos’ que eles podem fazer”, observa.

Mesmo com a situação econômica do país não tão animadora, uma das áreas que também está em alta este ano é a de vendas. Esses profis-sionais serão responsáveis por incentivar as pessoas a consumirem. “Eles tem papel de incentivar, de estimular às pessoas a comprarem. Eles te-rão grande importân-cia para estimular a economia do Estado. O salário depende de quanto eles ven-dem, mas as pers-pectivas de bons salários dependem muito do carisma do vendedor”, avalia.

E por falar em financeiro, esse é um dos segmentos que possibilitará

mil. Mas, no caso dos advogados, os lucros podem ser ainda maiores em virtude das comissões.

Sollow Henrique é ven-dedor na rede de lojas de vestuário Adji

Joana Nasian é a pro-fi ssional de controller no Confort Hotel

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Manifestações voltam com o reajuste de tarifasProtestos voltam a agitar o país, após o anúncio realizado pelas prefeituras, do aumento no valor do transporte público

Com a promessa de levar a discussão para a periferia, o Movimento Passe Li-

vre anuncia novos protestos, semelhantes aos que aconte-ceram em junho de 2013 sob o lema “não é apenas por 20 centavos”, para questionar os novos aumentos na tarifa de transporte público em diver-sas cidades brasileiras.

Manifestações contra o reajuste já começam a agi-tar o país. Nesta sexta-feira (9), ocorreram protestos nas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Outros atos também estão sendo organizados por entidades da socieda-de civil que defendem o fim da cobrança de tarifas nos transportes públicos para os estudantes.

Na capital paulista, a nova tarifa aumentou de R$ 3 para R$ 3,50. O reajuste entrou em vigor na terça-feira (6). No Rio de Janeiro, o reajuste foi de 13,3%, a partir de 3 de janeiro. Com o aumento, o usuário começou a desem-bolsar R$ 0,40 a mais pela passagem de ônibus, que custa agora R$ 3,40.

Outras cidades já estão praticando novos valores, en-tre elas Belo Horizonte (MG),

Rio Branco (AC) e Floria-nópolis (SC). Atos pacíficos já aconteceram no Rio de Janeiro, em Joinville (SC) e Salvador (BA).

Para a representante do Movimento Passe Livre Éri-ka de Oliveira, o aumento impactará principalmente as classes sociais mais baixas. “(Elas) já estão nos pontos

mais extremos da cidade, já sofrem com o aperto dos ônibus, todos os dias, e com altas tarifas. Para se loco-mover, precisam pegar ôni-bus, trem, metrô, demorando horas para chegar aos seus locais de trabalho; e que não acessam a cidade para além do deslocamento casa-traba-lho. Essas pessoas que serão prejudicadas”, disse.

Direito socialNo Congresso Nacional,

a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 90/11, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), pretende incluir o transporte no grupo de di-reitos sociais estabelecidos pela Constituição Federal (artigo 6º). Em 2010, esse mesmo artigo foi alterado para incluir a alimentação como direito social.

A PEC 90/11 já foi apro-vada em dois turnos de vo-tação na Câmara dos Depu-tados e aguarda análise no Senado Federal.

O relator da proposta, de-putado Nilmário Miranda (PT-MG), defendeu a aprovação da matéria. “O transporte, como direito social, criaria a obrigatoriedade da univer-salização. O acesso deve ser razoável, por meio de tari-fa zero ou subsidiada, como existe em vários países onde (o transporte) já é um direito social”, afirma.

Também tramitam no Con-gresso Nacional diversos pro-jetos de lei que propõem me-didas para evitar o transporte público de baixa qualidade; ruas engarrafadas; poucas ci-clovias; e falta de calçadas para o pedestre. Centenas de pessoas foram às ruas, na capital carioca, para protestar contra o aumento da tarifa

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MELHORIASTambém tramitam no Congresso diversos projetos que propõem medidas para evitar o transporte público de baixa qualidade; ruas engarrafadas; poucas ciclovias; e falta de cal-çadas para o pedestre

Incidência de raios aumenta 681%O Sistema de Monitoramen-

to de Descargas Atmosféricas da concessionária de energia Ampla registrou, nos seis pri-meiros dias deste mês, um total de 3.939 raios em toda a área de concessão da companhia, que abrange 66 dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro.

O engenheiro Keison Thurler, responsável pela Área de Dis-tribuição da companhia, disse à Agência Brasil que o número de raios foi recorde para o início do ano, registrando aumento de 681% em relação ao mesmo período do ano passado. “Foi praticamente oito vezes maior do que o registrado no início do

ano passado. Foi, de fato, um aumento de descargas mui-to significativo.” Na primeira semana de janeiro de 2014, foram 504 descargas na área de concessão da distribuidora de energia elétrica.

A incidência de raios se in-tensifica na época do verão e pode acarretar instabilidade no fornecimento de energia elétri-ca e até causar mortes.

Os municípios de Resen-de e Itatiaia, no centro-sul do Estado, apresentaram a maior incidência de raios no início de janeiro, com 1.675 e 340 descargas elétricas, respectivamente, seguidos

por Paraty (181), na Costa Verde; e Petrópolis, na região serrana, com 178. Em todo o ano passado, a Ampla regis-trou a incidência de 28.516 descargas atmosféricas em sua área de concessão.

A empresa recomenda al-guns cuidados: dentro de casa, os principais são permanecer dentro da residência enquan-to durar a tempestade, não ficar perto de partes metálicas, evitar fazer conserto de insta-lações elétricas, evitar o uso de celular, secador de cabelo e ferro elétrico conectados à tomada; evitar usar telefone, chuveiro ou torneira elétrica.

RIO DE JANEIRO

Nos seis primeiros dias do ano, o Rio de Janeiro registrou a ocorrência de 3.939 raios

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B7MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 País

Médica sanitarista brasileira e uma das fundadoras da Pastoral da Criança morreu em um terremoto no Haiti

Evento pede beatificação da médica Zilda Arns

A lembrança da médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Crian-ça e morta durante

um terremoto no Haiti em 2010, faz a aposentada Tere-sinha Cardoso, 60, chorar.

“Rezo muito para ela, todo dia”, diz. Voluntária da Pas-toral, ela ora por um neto. A nora já perdeu dois bebês. “Neste ano, vou ganhar um e dar esse testemunho”.

A médica que já recebe ora-ções e cujo trabalho populari-zou o soro caseiro, salvando crianças da desnutrição, foi homenageada num megae-vento neste sábado (10), mar-cando o início do seu pedido de beatificação.

A cerimônia foi realizada no

estádio Arena da Baixada, em Curitiba (sede da Pastoral).

Na ocasião, uma moção com aproximadamente 200 mil assinaturas pedindo a be-atificação foi entregue para a arquidiocese de Curitiba, responsável pela abertura do processo.

Pelas regras da Igreja Ca-tólica, o processo só pode ser iniciado após 5 anos da morte do candidato, que, no caso de Zilda, serão completados no próximo dia 12.

Para ser proclamada bea-ta, ela precisa ter reconheci-do seu caráter de santidade, ou seja, viver as virtudes do cristianismo com excelência, e ter feito um milagre. No segundo, vira santa.

O processo é “rigorosíssi-mo” e leva vários anos, explica o teólogo Angelo Ricordi, do grupo Marista de Curitiba. A avaliação final e a homologa-ção cabem ao Vaticano.

O primeiro passo é o re-conhecimento público do ca-ráter de santidade de Zilda, que o evento deste sábado pretendeu evidenciar.

Milhares de visitantes che-garam em caravanas, após viagens de até 32 horas. Para ir ao estádio, eles tiveram uma linha de ônibus especial, criada pela prefeitura.

O ato aconteceu das 19h às 22h. O custo do evento foi estimado em R$ 6 milhões. Será pago pela Pastoral, com a ajuda de doadores.

Zilda Arns popularizou o soro caseiro, que até hoje ajuda a salvar crianças da desnutrição

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ULG

AÇÃO

Protetor solar poderá ter preços mais baixos

O protetor solar pode vir a fazer parte da lis-ta de medicamentos do programa Farmácia Po-pular. A proposta, que consta do Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 341/2014, tem a in-tenção de baratear o custo dos protetores para incentivar a popu-lação a usar o produto e evitar a incidência de câncer de pele.

De autoria do ex-se-nador Kaká Andrade, o projeto altera a lei nº 10.858/2004 para incluir os protetores solares entre os pro-dutos oferecidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio da Farmácia Popular.

Conforme o autor da proposta, apesar da im-portância dos proteto-res na prevenção do cân-cer e de outras doenças de pele, “sua utilização no país ainda é muito baixa”, em decorrência dos altos preços cobra-dos pelo produto.

“O objetivo primordial desta proposta é propor-cionar a aquisição do filtro solar a pessoas de baixa renda, que não têm condições de arcar com mais essa despesa. Nada mais justo que o poder público dê con-dições para que essas pessoas carentes ad-quiram o protetor so-lar sem custo nenhum”, argumenta.

CÂNCER DE PELE

Com valor acessível, população terá acesso ao produto

Ministro vaidebater novo modelo

O ministro da Educação, Cid Gomes, pretende discutir a possibilidade de tornar pú-blicas as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), liberando ao público um banco de dados com mais de 70 mil questões de todas as áreas. Com isso, a prova poderia ser feita por compu-tador, aplicada em terminais em todo o país.

Na sexta-feira (9), em Recife, ele comentou a pro-posta, uma alternativa que simplificaria e manteria a confiabilidade do exame. De acordo com o ministro, tor-nar público não faria o exame mais fácil. Seria necessário ser “um gênio para memo-rizar todas as questões”. A prática, segundo o Ministé-rio da Educação (MEC), já ocorre em outros países.

“Existe um esforço vio-lento para fazer com que 7 milhões de pessoas sentem para fazer uma prova e isso, naturalmente, gera uma sé-rie de complicações”, disse. A intenção é que o exame não ocorra apenas uma vez por ano, mas que o candidato possa se inscrever e tenha um tempo para ir ao local de prova e fazê-la.

Não há prazo para colocar em prática o novo modelo, cuja proposta será debatida com técnicos, acadêmicos e a sociedade, antes de ser apresentada para análise da presidente Dilma Rousseff.

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AÇÃO

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Para o líder do partido xiita, Hassan Nasrallah, extremistas são mais prejudiciais ao islamismo que as piadas feitas contra o profeta Maomé

‘Jihadistas são nocivos ao islã’, diz Hezbollah

O chefe do Hezbollah xiita libanês esti-mou neste final de semana, que os jiha-

distas que realizam atentados no mundo são mais nocivos para o Islã que as obras que fazem piada com Maomé, sem se referir, no entanto, ao ata-que contra a revista “Charlie Hebdo”, em Paris.

“Nesse momento, é mais do que nunca necessário falar do profeta devido à conduta de alguns grupos terroristas que reivindicam defender o Islã”, afirmou Hassan Nasrallah, cujo partido xiita combate os movimentos jihadistas su-nitas na Síria com o regime de Bashar al-Assad.

“Por meio de seus atos imun-dos, violentos e desumanos, esses grupos atentaram con-tra o profeta e os muçulmanos mais do que fizeram seus ini-migos (...) mais que os livros, os filmes e as caricaturas que injuriaram o profeta”, acres-centou o chefe do Hebollah, em um discurso televisivo.

“Os piores atos são os que prejudicaram o profeta em sua história”, prosseguiu Nasrallah.

Referia-se, sobretudo, ao famoso romance de Salman Rushdie, “Os Versos Satânicos”, pelo qual o autor foi alvo de uma fatwa emitida pelo aiatolá Khomeini em 1989.

“Atos imundos e desumanos”, segundo Nasrallah, atentaram contra o profeta e os muçulmanos

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Nasrallah não mencio-nou ou condenou o ataque contra a “Charlie Hebdo” que deixou 12 mortos na quarta-feira em Paris.

Durante a crise das caricaturas do jornal di-namarquês, o Hezbollah, como muitos partidos islâmicos, condenou os desenhos e convocou ma-

nifestações.Nasrallah se referiu,

no entanto, à França ao afirmar que após as atro-cidades cometidas pelos jihadistas em Síria, Ira-que, Líbano, Paquistão, Afeganistão e Iêmen, “o flagelo alcançou agora os Estados que exportaram (esses extremistas) para

nossos países”. Apoiado por Teerã, o

Hezbollah xiita, que se tor-nou conhecido por seus sequestros de ocidentais nos anos 1980 no Líba-no, está em guerra contra os rebeldes e jihadistas na Síria, alegando que defende o Líbano contra o extremismo.

Partido já condenou desenhos

Consumidores lutam para comprar produtos básicos

As filas estão aumen-tando nos supermercados venezuelanos, com alguns consumidores aparecendo antes do amanhecer na busca por produtos que vão de frango a sabão para lavar roupas, no momento em que a redução do ritmo de entregas, por causa de feriados, piora a falta de mercadorias no país.

As filas em mercados e farmácias na sexta-feira davam a volta no quartei-rão, com as pessoas em alguns casos chegando

antes do amanhecer sob o olhar das tropas da Guar-da Nacional, enviadas para manter a ordem.

Líderes empresariais asseguraram que a si-tuação vai melhorar nos próximos dias, pois os distribuidores retornarão dos feriados prolongados de fim do ano.

Porém, alguns consumi-dores culpam as políticas econômicas socialistas do presidente do país, Nicolás Maduro, pelo problema.

VENEZUELA

Suspeito teve encontro com ex-presidente Sarkozy

Amedy Coulibaly, 32, iden-tificado como o sequestrador que matou quatro reféns em um mercado kosher na pe-riferia de Paris na sexta (9), tinha diversas passagens pela polícia - e, segundo o jornal francês “Parisien”, pelo menos uma no Palácio do Eliseu.

Em 2009, ele teria conhe-cido o então presidente da França, Nicolas Sarkozy.

O encontro era uma reunião sobre as oportunidades de em-prego para a juventude france-sa. Antes do evento, Coulibaly concedeu uma entrevista ao “Parisien”, em que dizia es-

perar conseguir um emprego com o presidente.

Naquela época, Coulibaly tinha um contrato de pro-fissionalização com a Coca-Cola, espécie de estágio voltado à qualificação de jovens ou à reinserção de desempregados no mercado de trabalho.

Segundo a reportagem do “Parisien” de 2009, que não menciona se Coulibaly fazia parte de um programa para egressos da prisão, Sarkozy iria se encontrar com dez jovens que tinham aquela mo-dalidade de emprego.

FRANÇA

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 (92) 3090-1041

Projetos para osindígenas

Dia a dia C4 e C5

IDIVULGAÇÃO

Apesar dos casos de acidentes de trânsi-to ocorridos na BR-174 (Manaus-Boa

Vista) no período entre o final de 2014 e o início deste ano, a Polícia Rodoviária Federal registrou uma diminuição de 33% dos casos em relação ao mesmo período do ano passado. O dado, referente às rodovias regionais, foi fornecido pelo Chefe de Po-liciamento do Núcleo de Po-liciamento e Fiscalização do órgão, Wirlley Menezes.

A operação realizada pela PRF-AM entre 23 de dezem-bro e 4 de janeiro registrou 7 acidentes, sendo 3 com ví-timas fatais. As ações foram intensificadas a partir do dia 12 daquele mês, quan-do teve início a operação Rodovia. A iniciativa, efetu-ada em nível nacional, deve se estender até meados de fevereiro.

Menezes atribui esse ín-dice ao trabalho de fisca-lização e conscientização realizado pelo órgão desde julho do ano passado. Na-quela época, o sistema de radares e lombadas eletrô-nicos instalado na BR-174 resultou numa queda de 50% do número de ocorrências em comparação ao mesmo

período de 2013.“Outro elemento impor-

tante são as ações integra-das com a Polícia Militar, que realiza análises do nível de alcoolemia (presença de álcool no sangue) em dife-rentes áreas dessas vias”, complementa.

Por outro lado, Menezes lembra que a atitude do mo-torista representa um fator decisivo na prevenção de acidentes. “A maioria dos casos ocorre em situações climáticas favoráveis que,

associadas à condução em linha reta e às boas condi-ções da pista, dão ao mo-torista a falsa sensação de segurança. O excesso de confiança acaba motivando ultrapassagens arriscadas e o aumento de velocidade”.

A manobra é apontada pelo taxista Francirômu-lo Pimentas Pontes, que

trabalha há oito anos no transporte de passageiros na BR-174, como o principal tipo de imprudência veri-ficada durante as viagens. “Isso tem a ver com a falta de conhecimento de pessoas que não conhecem o percur-so e acabam se arriscando, principalmente nos finais de semana”, observa.

Os equipamentos de me-dição de velocidade, no en-tanto, são alvos de críticas por parte do taxista. “Os radares estão no lugar certo, mas às vezes você passa a 40 km por hora e o sistema registra valores que variam entre 5 km a 122 km/h”.

Para quem vai aproveitar as férias e viajar de carro, Wirlley sugere algumas me-didas para garantir a segu-rança. “Antes de assumir a direção, o motorista deve observar alguns critérios. Em primeiro lugar, verificar se está em condições físicas e psicológicas de realizar a tarefa; se a documentação encontra-se regularizada; averiguar o funcionamento do sistema de freio, estepes, chave de rede e extintor de incêndio, por exemplo. Não se recomenda transportar pessoas além do número de vagas disponível e, além disso, é importante conhecer o limite de velocidade de cada rodovia”, explica.

Acidentes nas estradas diminuem cerca de 33% Mesmo com crítica dos motoristas, os equipamentos de medição de velocidade ajudaram na redução dos acidentes

DANIEL AMORIMEspecial EM TEMPO

A atitude do motorista representa um fator decisivo na prevenção de acidentes. Além da direção preventiva, ele também deve fazer a revisão e ajustar a documentação do veículo

RAIMUNDO VALENTIM

Ano inicia com mortes na BR-174

O mês de janeiro ainda nem chegou à segunda quinzena e ocorreram três acidentes

No ínicio do ano, um aci-dente ocorrido no km 55 da BR-174 matou as estudantes Brenda Braga Batista de Sou-sa, 21, e Raysa Rossi Brito Claudino, 21. Na ocasião, elas estavam acompanhadas por Camila Mendes Lauria Ferrei-ra, 21, Bruna Lorena Passos Saraiva Leão, 22, Thiago Fish Pinto, 23, e Uatuã Campos, 22, que sobreviveram.

Segundo informações da Polícia Civil, o carro modelo Mitsubishi Pajero Dakar, de cor prata e placa OAO-3637, trafegava pela rodovia quan-do teria perdido o controle e caído em barranco.

No momento do acidente, apenas um dos sobreviventes estava consciente, o estudan-

tes Leonardo Henrique Silva Couto, 25. Thiago se recusou a fazer o teste do bafômetro e deverá responder processo administrativo no Departa-mento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM). Ele também recebeu multa de R$ 1.915 e, dependendo da avaliação do processo, ele pode ter a carteira de motoris-ta suspensa por 12 meses.

No dia 5, por volta das 4h30, um ônibus que havia saído de Boa Vista (RR) com destino a Manaus capotou no quilômetro 120 da rodovia BR-174. O coletivo da empre-sa Amatur transportava 40 passageiros, mas ninguém teve lesões mais graves.

O veículo que havia saído

por volta de 20h de Boa Vista no dia anterior saiu da pista nas proximidades do municí-pio de Presidente Figueiredo (localizado a 107 quilômetros da capital).

Na manhã do dia 24 de dezembro último, uma ido-sa ainda não identifi cada morreu após um acidente com um ônibus da empre-sa Amatur Transportadora e Turismo, que fazia via-gem de Manaus para BoaVista (RR).

Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal de Roraima (PRF-RR), o aci-dente ocorreu após o coletivo tombar no quilômetro 500 da BR-174, no sentido região Sul de Roraima.

TECNOLOGIACom o auxílio da tecnologia, a Polícia Rodoviária Federal atua na prevenção de acidentes em rodovias regionais. Equipamen-tos de medição de velocidade, no entanto, são alvos de críticas

RAIMUNDO VALENTIM

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Amazonas teve primeiraaudiência de custódiaEm tramitação para se tornar lei, procedimento garante que o suspeito responda o processo em liberdade, caso seja torturado

Pela primeira vez, o Amazonas teve uma audiência de custó-dia, realizada pelo

defensor público plantonista João Carlos Bermeguy Ca-merini, na defensoria pública especializada em Flagran-tes Criminais. Esse tipo de procedimento, que está em tramitação para se tornar lei, assegura os direitos hu-manos do indiciado, preso ou não em flagrante, após a constatação de indícios de tortura. Ou seja, o suspeito pode responder ao processo em liberdade.

O defensor público João Carlos Bermeguy Cameri-ni garantiu a liberdade de um suspeito de assaltar um posto de gasolina, após jus-tificar ao juiz as irregulari-dades e a desnecessidade de prisão antecipada, uma vez que foram identificados indícios de tortura.

Camerini destacou ainda que a realização da audi-ência de custódia é um fato inédito na histórica jurídica do Amazonas.

“A audiência de custódia não apenas concretiza o direito fundamental à liberdade de ir e vir sob o ângulo individual. Ao lado da função precípua de

possibilitar um controle judi-cial eficaz de prisões ilegais e a repressão de atos de vio-lência ou tortura praticados pela polícia, o procedimento pode contribuir ainda para a solução de uma das piores mazelas brasileiras: a viola-ção sistemática e massiva de direitos humanos decorrente da superlotação do siste-

ma carcerário, causada, em grande medida, pelo uso desnecessário, formalista e rotinizado da prisão provi-sória pelos juízes”, explicou o defensor público.

Após a audiência, o suspei-to do delito foi libertado e responderá ao processo em liberdade, conforme expli-cou o defensor público.

Para o juiz Luís Carlos

Honório de Valois Coelho, embora ainda esteja em tramitação, o projeto que determina a audiência de cus-tódia deve-se cumprir o de-creto 672/1998. “Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais”, explicou o magistrado.

O promotor de Justiça, que atuou no caso do Amazo-nas, Armando Gurgel Maia, ponderou que o Código de Processo Penal prevê, so-mente, a comunicação for-mal do juiz, por expediente, o que está bem distante da disposição convencio-nal e pode gerar respon-sabilização internacional do Brasil pelo descumprimento da convenção.

“É preciso que o Judiciário, o MP e a DPE se estruturem para atender este direito hu-mano, realizando essas audi-ências. A audiência marcada pelo juízo foi solicitada pela promotoria, uma vez que o autuado estava sem identifi-cação, fato que possibilita a prisão preventiva, como pre-vê o artigo 313, parágrafo único, do Código Processo Penal (CPP)”, ressaltou.

DIVULGAÇ

ÃO

A primeira audiência de custódia história do Amazonas foi realizada na semana passada

OBJETIVOO procedimento ju-rídico assegura os direitos humanos do indiciado, preso ou não em flagrante, após a constatação de indícios de tortura durante a prisão, seja em fla-grante ou não

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

O órgão tem como função acompanhar a execução das políticas públicas e assistência social

Acidentes de trânsito no Réveillon foram menoresO feriadão da virada de ano teve uma queda de 54,32% no número total de acidentes se comparado ao ano passado

O feriadão da virada de ano registrou queda de 54,32% no número total de aci-

dentes (com danos materiais e vítimas) em comparação com o mesmo período do Réveillon do ano passado nas ruas de Manaus, segundo dados da Prefeitura de Manaus. A redu-ção foi constatada no período de 31 de dezembro de 2014 a 4 de janeiro de 2015.

Os dados foram divulga-dos pelo setor de estatísti-ca do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) que acompanhou as ocorrências registradas pelo Centro de Controle Operacional (CCO) e pelo Instituto Médico Legal (IML). De 31 de dezembro a 4 de janeiro de 2013/2014, foram registrados 38 aciden-tes com danos materiais. Na virada de 2014/2015, ocorre-ram 15 acidentes com danos materiais, representando uma redução de 60,53%.

Os acidentes com vítimas também apontam queda no feriadão. De 31 de dezembro a 4 de janeiro de 2013/2014, ocorreram 43 acidentes. Na virada de 2014/2015 foram registrados 22. O total de acidentes (danos materiais

e com vítimas) ficou em 81 registros para 2013/2014 e 37 no Réveillon 2014/2015, indicando uma redução de 48,84%. Os números de pes-soas feridas no trânsito tam-bém apontam uma queda de 56,60%.

Na virada de 2013/2014 foram registradas 55 pes-soas feridas. No feriadão

de 2014/2015 os dados confirmam 25 pessoas lesionadas no trânsito.

Apenas o número de vítimas fatais permaneceu inaltera-do. No Réveillon passado, as ocorrências indicaram duas ví-timas fatais em acidentes de trânsito. Neste ano, os dados indicam uma vítima no dia 1 de janeiro e outra no dia 4, último domingo.

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Um dos períodos mais movimentados do ano, as festas de Révellion tiveram um trânsito mais tranquilo este ano

DADOSDe 31 de dezembro a 4 de janeiro de 2013/2014, foram registrados 38 aci-dentes com danos materiais. Na virada de 2014/2015, ocorre-ram 15 acidentes com danos materiais

Edital previsto para esta semanaMOTOTAXISTAS

A Superintendência Mu-nicipal de Transportes Ur-banos (SMTU) prometeu, após uma comissão forma-da por representantes dos permissionários do serviço de mototáxi comparecer à sede do órgão, na últi-ma sexta-feira, lançar o edital de licitação ainda esta semana.

Os mototaxistas tam-bém querem discutir a co-brança de taxas municipais para este ano.

A reunião foi conduzida pelo superintendente da SMTU, Pedro Carvalho, e resultou em acordo aceito pela categoria, que inclui a

manutenção da exigência do pagamento do licencia-mento anual da permissão, além da comprovação do pagamento do seguro e da contribuição do INSS.

Carvalho explica que o pagamento das taxas de vistoria e renovação da licença de tráfego (carteirão) foi feito du-rante o cadastro dos permissionários, inicia-do no segundo semestre do ano passado.

“O processo de regulari-zação iniciou no meio do ano passado. A maioria dos permissionários se cadas-trou nos meses de outubro,

novembro e dezembro e pagou as taxas munici-pais. Então, vamos deixar essas taxas válidas para este ano”, afirmou.

Durante a reunião, o su-perintendente da SMTU também afirmou aos mototaxistas que o lan-çamento do edital da se-gunda licitação realizada pela Prefeitura de Manaus para o serviço ocorrerá na próxima semana, provavel-mente na terça-feira, 13. A nova licitação disponi-bilizará cerca de 1,6 mil vagas de mototaxistas que não foram preenchidas no primeiro certame.

ELEIÇÃO

Ceas escolhe novos dirigentesO Conselho Estadual da As-

sistência Social (Ceas-AM) realizará, no próximo dia 5 de fevereiro, das 8h às 12h, no auditório do Colégio Pró-Menor Dom Bosco (avenida J, nº 2, bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste de Manaus), a assembleia para a escolha dos novos representantes de organizações da socie-dade civil que vão compor a nova diretoria do órgão de controle social para o biênio 2015/17.

De acordo com a presi-dente do Ceas, Claudete Ivo Moisés, a reunião foi convo-cada por meio do edital nº 01/2014, publicada na edi-ção do Diário Oficial do Esta-do (DOE) no dia 23 de dezem-bro de 2014. O processo será acompanhado pelo Ministé-rio Público Estadual (MPE) e pela Comissão Eleitoral, presidida pela conselheira Rosemery Karsellys.

O conselho é formado por 18 representantes da área governamental (nove titula-res e nove suplentes), indi-cados pelos secretários de Estado, e 18 da sociedade civil. Este ano, pela primeira

vez, serão escolhidos mem-bros dos três segmentos: entidades de assistência, trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (Suas) e usuários como, por exemplo, associações.

ObjetivoO órgão de controle social

tem como função formular e acompanhar a execução das políticas públicas na área da assistência social no Estado. Para participar da eleição, as entidades devem se inscre-ver até o dia 20 de janeiro na secretaria executiva do Ceas-AM (avenida Darcy Var-gas, nº 77, bairro Chapada, Zona Centro-Sul (Casa dos Conselhos), das 8h às 12h e das 14h às 17h, de segunda a sexta. “É o momento impor-tante porque a assistência social está no processo de consolidação do seu Sistema Único”, avaliou.

No ato da inscrição, os representantes das organi-zações deverão apresentar o Requerimento de Habilita-ção, Declaração de Funcio-namento, cópia do Estatuto Social da Entidade e da ata

de eleição e posse da atual diretoria, autenticadas em Cartório de Títulos Espe-ciais (RTD), e a inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) de acordo com o artigo 9º da lei n. 8.742 de 1993.

Também serão exigidos o relatório anual de ativi-dades do exercício anterior, inscrição junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), ofício indicando for-malmente o representante da entidade e respectivo su-plente para a participação na assembleia com cópias da documentação pessoal dos mesmos (RG, CPF e compro-vante de residência).

A presidente do Ceas, Claudete Ivo Moisés, lem-brou que não serão aceitos termos de parcerias, acor-dos, ajustes ou similares en-tre as entidades, conforme reza o edital.

Ela disse, também, que as organizações de trabalha-dores do Suas ficam dis-pensados de apresentar o comprovante de Inscrição do Conselho Municipal de Assistência Social.

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AÇÃO

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 C5

A partir desta quinta-feira, equipes ini-ciam os trabalhos nas duas primeiras

terras indígenas que irão re-ceber o projeto de gestão ambiental elaborado pela Secretaria de Estado para Povos Indígenas (Seind) e fi-nanciado pelo Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES). O projeto, que visa garantir a hegemonia das terras e a geração de renda por meio de uma produção susten-tável, que não prejudique o meio ambiente, vai atingir 28 áreas indígenas - das 178 existentes - distribuídas em 15 municípios.

As duas comunidades que começam a ter o plano de-senvolvido serão Tenharim Marmelo, no município de Humaitá (a 590 quilômetros da capital), e Kamikuã, em Boca do Acre (a 1.028 qui-lômetros de Manaus). Elas possuem o menor número de habitantes, em comparação com as outras. Tenharim Mar-melo possui 1.200 pessoas da etnia Tenharim e em Kamikuã há registro de somente 700 habitantes do povo Apurinã. “Escolhemos terras peque-nas, mas com bastante con-flito. Da experiência peque-na esperamos atingir terras médias e grandes, como no Vale do Javari”, explicou o se-cretário da Seind, Bonifácio José Baniwa.

Atualmente, a ren-da é retirada da pesca, agricultura, artesanato e do turismodesenvolvidos nos locais.

Com o início das ativida-des, os profissionais iniciam

o mapeamento de tudo que existe na localidade, tanto as riquezas naturais (tamanho total, quantidade de igara-pés que cortam a área, cas-tanheiras, açaizeiros) como a produção local já empre-endida pela comunidade. “Realizaremos o plano de manejo da terra, analisare-mos o que pode ser traba-lhado e o potencial para ser extraído. Hoje, entendemos que a riqueza nas terras in-dígenas é possível que seja utilizada pelo próprio povo para seu benefício, para ge-rar renda, mas sem degradar ou comprometer as próximas gerações, que são o principal

ponto defendido pelos povos indígenas”, explicou Baniwá.

Além de estudar o poten-cial de cada comunidade, o projeto também prevê a formulação de uma norma de uso racional dos recur-sos em terras indígenas. “A Constituição garante o uso exclusivo da terra pelos in-dígenas, mas não diz como tem que ser. E acho que não tem pessoas mais indicadas para discutir isto que os pró-prios indígenas que moram ali. Eles podem dizer o que dever ser feito ou evitado, com apoio de técnicos, cien-tistas, das universidades e

possíveis parceiros investi-dores”, analisou.

A produção de castanha ou açaí, ou o desenvolvimento das áreas de turismo, fár-maco e cosméticos. “Temos hoje técnica suficiente para trabalhar estes polos. No plano, iremos ver o possível tipo de pesquisa que pode ser trabalhado, como trabalhar os recursos, além, claro, de proteger para não ter inva-são”, ressaltou.

Será investido o total de R$ 20.385.631,18, financiados pelo BNDES com contrapar-tida da Seind, nos próximos três anos. “Pela primeira vez, o governo do Estado, com apoio do Fundo Amazônico do BNDES, vai ter experiên-cia de elaborar o plano de gestão da terra indígena e, a partir dali, esperamos ter experiência suficiente para trabalhar com o restante das terras. As terras indí-genas foram demarcadas, mas não têm plano de de-senvolvimento ou qualquer um que seja elaborado pelo governo. Tem uns existentes, mas foram elaborados pelas ONGs”, informou.

A primeira parcela do re-passe já está em caixa e a Seind tem 12 meses para trabalhar com o recurso e prestar contas, para poste-rior recebimento da segunda parcela e, em seguida, do terceiro montante.

Os municípios que pos-suem comunidades indíge-nas e que serão englobados no projeto serão Alvarães, Autazes, Atalaia do Norte, Boca do Acre, Humaitá, Jutaí, Lábrea, Manicoré, Maraã, Maués, Borba, Nhamundá, Pauini, Rio preto da Eva e Tefé, o que corresponde a 15.869.341 hectares.

Plano de gestão indígena inicia a fase práticaEsta semana, o projeto que visa gerenciar e orientar duas comunidades será iniciado no interior do Amazonas. Aproximadamente R$ 22 milhões serão investidos

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

COMUNIDADESAs duas comunidades que começam a ter o plano desenvolvido serão Tenharim Mar-melo, no município de Humaitá (a 590 quilô-metros da capital), e Kamikuã, em Boca do Acre

Tanto a produção que será incentivada pelo projeto quanto a que já vem sendo desenvolvida nas comuni-dades indígenas terá maior facilidade de escoamento para chegar à mesa do con-sumidor. Serão construídos três Centros de Referência Cultural, Capacitação e Co-mercialização de produtos indígenas nos municípios de Lábrea, Atalaia do Norte e Autazes. “São pontos estra-tégicos para a distribuição. Esperamos expandir a expe-riência porque queremos ter em Manaus uma central”, afirmou Bonifácio José. As obras estão orçadas em R$ 3.190.210,00.

A partir da criação do cen-tro, será criado um selo, pelo governo do Estado, para a identificação dos produtos de origem indígena. No final de 2014, o governo federal publicou o lançamento de

um selo nacional. “Às vezes, a população acha que é muita terra para pouco índio. Mas, já come castanha, pirarucu, tambaqui que vem de terra indígena, contudo o produto não é identificado no merca-do. Quando tivermos o selo, quem comprar o produto, saberá que vem de terra indígena, e que está preser-vando cultura, identidade, floresta, rios”, afirmou.

Ao longo dos últimos qua-tro anos, vem sendo implan-tado o manejo do pescado, incentivo ao artesanato e apoio ao extrativismo, agri-cultura familiar e comerciali-zação da produção em diver-sos municípios. “Na área de projetos de desenvolvimento sustentável, nós desenvolve-mos diretamente com apoio dos parceiros como UEA, Ufam, Inpa, Fapeam. Temos alguns resultados práticos das parcerias, como manejo

de pescado, que teve pes-quisa que virou projeto de política pública, que gerou atividade e oportuniza renda hoje”, disse Baniwa.

De acordo com o secre-tário, a comercialização de 49 toneladas de pirarucu gerou renda de R$ 245 mil na comunidade de Acapuri de Lima no Jutaí. Além da comercialização de 36 to-neladas de Tambaqui, com renda de R$ 252 mil. “Foi um projeto com assessoria técnica nossa, que ajuda-mos a implantar. Quem financiou foi o Ministério do Meio Ambiente. Que-remos acabar com a ideia de que terra indígena não produz”, afirmou.

Na terra comunidade de Espírito Santo, também em Jutaí, foram produzidas 220 toneladas de pirarucu e 84 de tambaqui, com uma renda de mais de R$ 2,5 milhões.

Incentivo à produção artesanal

Serão construídos três Centros de Referencia Cultural, Capacitação e Comercialização

Em cinco anos de exis-tência da Seind, foram criadas 16 secretarias municipais de assuntos indígenas por lei munici-pal aprovada na Câmara, além de departamentos e setores. “O termo de co-operação assinado pelo governador e presidente da Funai gerou um pla-no de atuação integrada, coordenado pelo Comitê Gestor e Câmaras Técni-cas, e possibilitou muitos avanços, além de che-garmos em regiões que o Estado nunca chegou”, disse Baniwa.

De acordo com o secre-tário-executivo adjunto, Amarildo Maciel Mundu-ruku, a Seind busca captar recursos e prestar asses-soria para que as comu-nidades tenham acesso aos projetos do governo. “Fora nossa representa-tividade em quase todos os conselhos, discutindo ou encaminhando ações referentes a questões indígenas. Participamos dos conselhos de saúde e educação com repre-sentantes para tentar orientar como se traba-lha com a questão indí-gena. Também vamos em busca da conquista da participação da Seind em

captar recursos”, disse. Contudo, de acordo

com o secretário Boni-fácio José Baniwa, ain-da falta entendimento de parte da socieda-de quanto ao trabalho executado pela Seind. “Quanto à formação de profissionais, por exemplo, somos sempre questionados sobre o pa-pel da Seind, se quem oferece os cursos são o Cetam ou a Seduc. Nós que chegamos na co-munidade, mobilizamos, fazemos levantamento, falamos da importância de como tem que ser feito o curso e o Cetam entra pagando profissio-nais que vão dar as aulas. Mas, toda mobilização com poder público local e com comunidade é nosso papel”, afirmou Baniwa.

Quando os cursos são oferecidos em Manaus, por exemplo, todo o custo de hos-pedagem e logística é arcado pela secretaria, de acordo com Baniwa. “Nós que mobilizamos Sesai, prefeitura, hos-pital, Exército. Quem dá o curso é o Cetam, mas essa parte de logística e mobilização é nosso papel”, finalizou.

Seind tem 16 secretariasO projeto irá incentivar a pesca e a agricultura

Indígenas terão apoio financeiro e técnico para desenvolver suas atividades durante a realização do projeto

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A partir desta quinta-feira, equipes ini-ciam os trabalhos nas duas primeiras

terras indígenas que irão re-ceber o projeto de gestão ambiental elaborado pela Secretaria de Estado para Povos Indígenas (Seind) e fi-nanciado pelo Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES). O projeto, que visa garantir a hegemonia das terras e a geração de renda por meio de uma produção susten-tável, que não prejudique o meio ambiente, vai atingir 28 áreas indígenas - das 178 existentes - distribuídas em 15 municípios.

As duas comunidades que começam a ter o plano de-senvolvido serão Tenharim Marmelo, no município de Humaitá (a 590 quilômetros da capital), e Kamikuã, em Boca do Acre (a 1.028 qui-lômetros de Manaus). Elas possuem o menor número de habitantes, em comparação com as outras. Tenharim Mar-melo possui 1.200 pessoas da etnia Tenharim e em Kamikuã há registro de somente 700 habitantes do povo Apurinã. “Escolhemos terras peque-nas, mas com bastante con-flito. Da experiência peque-na esperamos atingir terras médias e grandes, como no Vale do Javari”, explicou o se-cretário da Seind, Bonifácio José Baniwa.

Atualmente, a ren-da é retirada da pesca, agricultura, artesanato e do turismodesenvolvidos nos locais.

Com o início das ativida-des, os profissionais iniciam

o mapeamento de tudo que existe na localidade, tanto as riquezas naturais (tamanho total, quantidade de igara-pés que cortam a área, cas-tanheiras, açaizeiros) como a produção local já empre-endida pela comunidade. “Realizaremos o plano de manejo da terra, analisare-mos o que pode ser traba-lhado e o potencial para ser extraído. Hoje, entendemos que a riqueza nas terras in-dígenas é possível que seja utilizada pelo próprio povo para seu benefício, para ge-rar renda, mas sem degradar ou comprometer as próximas gerações, que são o principal

ponto defendido pelos povos indígenas”, explicou Baniwá.

Além de estudar o poten-cial de cada comunidade, o projeto também prevê a formulação de uma norma de uso racional dos recur-sos em terras indígenas. “A Constituição garante o uso exclusivo da terra pelos in-dígenas, mas não diz como tem que ser. E acho que não tem pessoas mais indicadas para discutir isto que os pró-prios indígenas que moram ali. Eles podem dizer o que dever ser feito ou evitado, com apoio de técnicos, cien-tistas, das universidades e

possíveis parceiros investi-dores”, analisou.

A produção de castanha ou açaí, ou o desenvolvimento das áreas de turismo, fár-maco e cosméticos. “Temos hoje técnica suficiente para trabalhar estes polos. No plano, iremos ver o possível tipo de pesquisa que pode ser trabalhado, como trabalhar os recursos, além, claro, de proteger para não ter inva-são”, ressaltou.

Será investido o total de R$ 20.385.631,18, financiados pelo BNDES com contrapar-tida da Seind, nos próximos três anos. “Pela primeira vez, o governo do Estado, com apoio do Fundo Amazônico do BNDES, vai ter experiên-cia de elaborar o plano de gestão da terra indígena e, a partir dali, esperamos ter experiência suficiente para trabalhar com o restante das terras. As terras indí-genas foram demarcadas, mas não têm plano de de-senvolvimento ou qualquer um que seja elaborado pelo governo. Tem uns existentes, mas foram elaborados pelas ONGs”, informou.

A primeira parcela do re-passe já está em caixa e a Seind tem 12 meses para trabalhar com o recurso e prestar contas, para poste-rior recebimento da segunda parcela e, em seguida, do terceiro montante.

Os municípios que pos-suem comunidades indíge-nas e que serão englobados no projeto serão Alvarães, Autazes, Atalaia do Norte, Boca do Acre, Humaitá, Jutaí, Lábrea, Manicoré, Maraã, Maués, Borba, Nhamundá, Pauini, Rio preto da Eva e Tefé, o que corresponde a 15.869.341 hectares.

Plano de gestão indígena inicia a fase práticaEsta semana, o projeto que visa gerenciar e orientar duas comunidades será iniciado no interior do Amazonas. Aproximadamente R$ 22 milhões serão investidos

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

COMUNIDADESAs duas comunidades que começam a ter o plano desenvolvido serão Tenharim Mar-melo, no município de Humaitá (a 590 quilô-metros da capital), e Kamikuã, em Boca do Acre

Tanto a produção que será incentivada pelo projeto quanto a que já vem sendo desenvolvida nas comuni-dades indígenas terá maior facilidade de escoamento para chegar à mesa do con-sumidor. Serão construídos três Centros de Referência Cultural, Capacitação e Co-mercialização de produtos indígenas nos municípios de Lábrea, Atalaia do Norte e Autazes. “São pontos estra-tégicos para a distribuição. Esperamos expandir a expe-riência porque queremos ter em Manaus uma central”, afirmou Bonifácio José. As obras estão orçadas em R$ 3.190.210,00.

A partir da criação do cen-tro, será criado um selo, pelo governo do Estado, para a identificação dos produtos de origem indígena. No final de 2014, o governo federal publicou o lançamento de

um selo nacional. “Às vezes, a população acha que é muita terra para pouco índio. Mas, já come castanha, pirarucu, tambaqui que vem de terra indígena, contudo o produto não é identificado no merca-do. Quando tivermos o selo, quem comprar o produto, saberá que vem de terra indígena, e que está preser-vando cultura, identidade, floresta, rios”, afirmou.

Ao longo dos últimos qua-tro anos, vem sendo implan-tado o manejo do pescado, incentivo ao artesanato e apoio ao extrativismo, agri-cultura familiar e comerciali-zação da produção em diver-sos municípios. “Na área de projetos de desenvolvimento sustentável, nós desenvolve-mos diretamente com apoio dos parceiros como UEA, Ufam, Inpa, Fapeam. Temos alguns resultados práticos das parcerias, como manejo

de pescado, que teve pes-quisa que virou projeto de política pública, que gerou atividade e oportuniza renda hoje”, disse Baniwa.

De acordo com o secre-tário, a comercialização de 49 toneladas de pirarucu gerou renda de R$ 245 mil na comunidade de Acapuri de Lima no Jutaí. Além da comercialização de 36 to-neladas de Tambaqui, com renda de R$ 252 mil. “Foi um projeto com assessoria técnica nossa, que ajuda-mos a implantar. Quem financiou foi o Ministério do Meio Ambiente. Que-remos acabar com a ideia de que terra indígena não produz”, afirmou.

Na terra comunidade de Espírito Santo, também em Jutaí, foram produzidas 220 toneladas de pirarucu e 84 de tambaqui, com uma renda de mais de R$ 2,5 milhões.

Incentivo à produção artesanal

Serão construídos três Centros de Referencia Cultural, Capacitação e Comercialização

Em cinco anos de exis-tência da Seind, foram criadas 16 secretarias municipais de assuntos indígenas por lei munici-pal aprovada na Câmara, além de departamentos e setores. “O termo de co-operação assinado pelo governador e presidente da Funai gerou um pla-no de atuação integrada, coordenado pelo Comitê Gestor e Câmaras Técni-cas, e possibilitou muitos avanços, além de che-garmos em regiões que o Estado nunca chegou”, disse Baniwa.

De acordo com o secre-tário-executivo adjunto, Amarildo Maciel Mundu-ruku, a Seind busca captar recursos e prestar asses-soria para que as comu-nidades tenham acesso aos projetos do governo. “Fora nossa representa-tividade em quase todos os conselhos, discutindo ou encaminhando ações referentes a questões indígenas. Participamos dos conselhos de saúde e educação com repre-sentantes para tentar orientar como se traba-lha com a questão indí-gena. Também vamos em busca da conquista da participação da Seind em

captar recursos”, disse. Contudo, de acordo

com o secretário Boni-fácio José Baniwa, ain-da falta entendimento de parte da socieda-de quanto ao trabalho executado pela Seind. “Quanto à formação de profissionais, por exemplo, somos sempre questionados sobre o pa-pel da Seind, se quem oferece os cursos são o Cetam ou a Seduc. Nós que chegamos na co-munidade, mobilizamos, fazemos levantamento, falamos da importância de como tem que ser feito o curso e o Cetam entra pagando profissio-nais que vão dar as aulas. Mas, toda mobilização com poder público local e com comunidade é nosso papel”, afirmou Baniwa.

Quando os cursos são oferecidos em Manaus, por exemplo, todo o custo de hos-pedagem e logística é arcado pela secretaria, de acordo com Baniwa. “Nós que mobilizamos Sesai, prefeitura, hos-pital, Exército. Quem dá o curso é o Cetam, mas essa parte de logística e mobilização é nosso papel”, finalizou.

Seind tem 16 secretariasO projeto irá incentivar a pesca e a agricultura

Indígenas terão apoio financeiro e técnico para desenvolver suas atividades durante a realização do projeto

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Exercícios fundamentais no tratamento antidrogasProfissionais do Centro de Reabilitação falam como a atividade física ajuda na recuperação do dependente químico

No Centro de Reabilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz, os residentes praticam exercício físico de segunda a sexta-feira e ganham descanso corporal nos fins de semana

A prática de exercício físico é um dos alicer-ces para o combate à dependência química.

Graças às atividades diárias de educação física os residen-tes do Centro de Reabilitação em Dependência Química Is-mael Abdel Aziz, localizado no km 53 da rodovia AM-010 (Manaus/Rio Preto), tem mos-trado evolução no tratamento, além de disposição e ânimo para enfrentar a doença.

A equipe médica do Cen-tro de Reabilitação percebeu que a prática diária de exer-cícios físicos tem ajudado bastante para a libertação da dependência de álco-ol e outras drogas. Outro benefício da atividade físi-ca moderada é a melhora do metabolismo corporal, além de reduzir sintomas característicos de depres-são, melhora a qualidade do sono, fadiga, estresse e, também, o humor.

“Poderia elencar vários be-nefícios que as atividades fí-sicas fazem para o residente, mas o principal delas é a saú-de. A prática de determinados exercícios é vista desde a aparência da pele, pois retar-da envelhecimento e vai mais além, minimiza dores agudas do corpo, melhor os batimen-tos cardíacos, a respiração e tonifica a musculatura”, disse o diretor do centro de reabi-litação, o médico psiquiatra Pablo Gnuztmann.

O centro de reabilitação conta com quatro professo-res de educação física dia-riamente os quais montam tabelas de exercícios para cada residente. Os residen-tes praticam exercício físico de segunda a sexta-feira e ganham descanso corporal nos fins de semana.

Os residentes seguem à risca as orientações dos pro-fessores de educação física do centro de reabilitação.

Porém, um fator que deve ser levado em consideração para melhora do rendimen-to de cada residente é a atenção diária de uma nutri-cionista que acompanha de perto a alimentação deles. “Não adianta passar horas se exercitando se não houver uma alimentação controlada e balanceada. Por isso, iden-tificamos o perfil de cada residente e montamos uma tabela nutricional para que

ele tenha condição corporal para realizar as atividades e ganhar massa muscular pela alimentação”, disse a pro-fessora de educação física Lorena Almeida Rocha.

O professor de educação física Wendell Andrade afir-ma que a prática de uma atividade física diária ajuda no bem-estar do residente. “A prática adequada de qual-quer exercício físico man-tém os residentes, seja mu-lher ou homem, mais alegre e disposto para enfrentar a luta contra as drogas”, frisa o profissional que faz parte do quadro do local.

Pioneiro no Brasil com a política de redução de danos, o Centro de Rea-bilitação em Dependência Química Ismael Abdel Aziz é gerido pelo Instituto No-vos Caminhos (Organização Social) em parceria com a Secretaria de Estado de Saú-de (Susam).

EQUIPEO Centro de Reabilita-ção em Dependência Química Ismael Abdel Aziz, conta com quatro professores de educa-ção física diariamente, os quais montam tabe-las de exercícios para cada residente

Todos os residentes são acompanhados por educadores físicos

Educadores físicos montaram uma estraté-gia para um grupo de resi-dentes. Eles são avaliados e somente a partir deste primeiro contato com o profissional da área é que iniciam, de forma grada-tiva, a prática dos exer-cícios. “Temos o cuidado de acompanhar junto a equipe médica o estado de saúde de cada resi-dente, para assim iniciar as atividades físicas”, ressalta a professora de educação física Lorena Almeida Rocha.

Praticar exercício fí-sico de forma continua aumenta a produção da endorfina, substân-cia ligada diretamente ao humor. “Vale lembrar que toda atividade física deve ter o aval de um médico e um profissio-nal da área de educação física, pois se a pes-soa exagerar ou fizer exercícios desregulados pode causar lesões gra-ves que evoluem para doenças mais graves”, frisa o educador físico Wendell Andrade, que atua no local.

Um benefício alcançado por meio de exercícios fí-sicos é a oxigenação do corpo. Os exercícios ae-róbicos ajudam no reju-venescimento da pessoa, pois retardam o ritmo em que a pele sofre com o passar dos anos.

“Os exercícios aeróbi-cos ajudam pessoas que sofrem de hipertensão arterial e diabetes”, lem-bra o diretor do centro de reabilitação.

O residente José Afito de Souza Gomes afirma que graças aos exercí-cios físicos sua vidamuda diariamente.

“É por meio do exer-cício físico e academia que descarrego todos os meus problemas. Depois das atividades fico mais leve, mais disposto e a vontade de viver e me curar da dependência quí-mica é maior”, disse.

Os exercícios aeróbicos regulares vão além do reju-venescimento, eles podem agir até como um anti-in-

flamatório natural contra dores agudas, conforme pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Mé-dicas da Universidade Es-tadual de Campinas (Uni-camp) em parceria com a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).

O centro de reabili-tação conta com uma quadra poliesportiva e uma academia completa para que os residentes possam praticar as ati-vidades físicas de forma moderada e sadia.

Remédio para corpo e alma

AVALIAÇÃOEducadores físicos montaram uma estra-tégia para um grupo de residentes. Eles são avaliados e somente a partir desse primeiro contato com o profis-sional da área iniciam as atividades

O exercício físico ajuda a liberar o hormônio do humor

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Mulher cria tabela para ajudar marido adoentadoSilvana Andrade descobriu método para se comunicar com esposo portador da doença esclerose lateral amiotrófica

Quase cinco anos sem poder falar, a primeira frase que o motorista

Francisco das Graças, 60, diagnosticado com Esclero-se Lateral Amiotrófica (ELA), conseguiu transcrever para sua esposa foi “Eu te amo”, por meio de uma tabela que a própria companheira criou depois de presenciar suas dificuldades diárias.

A executiva de vendas Sil-vana Andrade, 44, desde que descobriu que o marido tinha a doença, procurou de todas as formas tentar ajudá-lo pois a cada dia ele regredia nos movimentos e na fala.

Silvana não sabia que sua pequena tabela iria ajudar mi-lhares de pessoas que foram diagnosticadas com esclero-se e que continua ajudar, pois o método que foi adaptado de uma tabela mais simples que apenas usava as palavras dor e fome, relatando neces-sidades além do que poderia ser imaginado.

Foi dessa forma que a executiva de vendas desco-briu o que durante 1 ano e 8 meses se passava quando ela não estava presente e chegou a denunciar para a direção de um hospital parti-cular as formas de maus tra-tos que o marido recebia de médicos e enfermeiros.

A descobertaNum dia de chuva de 2005, o

motorista precisou concertar o telhado da casa do casal, no momento em que teve o primeiro sintoma e que não conseguiu segurar, pois a mão direita deixou completamente de responder aos movimen-tos. Com a queda, Francisco ficou com a perna e braço direitos completamente sem movimento. Preocupado com a situação, o casal procurou um neurologista, que diag-

nosticou o motorista com um tipo de derrame raro e começou a tratá-lo.

O caso de Francisco foi piorando, até que começou a atingir a sua fala. “Uma vez, ele bateu um carro no momento em que dirigia. O outro motorista, que pensava que meu marido estava bêba-do, chegou até a acionar um agente de trânsito”, contou.

Depois de fazer o exame do bafômetro e comprovar que não estava alcoolizado, Francisco e Silvana resolve-ram procurar outros especia-listas, desde fonoaudiólogo a fisioterapeuta e cardiologista, para verificar se a situação podia melhorar.

“Mesmo com todos os tratamentos, o Chico não melhorava, e cada vez mais a situação foi se agravan-do, foi quando resolvemos procurar outro neurologista mais reconhecido em Ma-naus”, lembrou Silvana.

Com apenas alguns exames clínicos, o especialista identifi-cou que o caso de Francisco se tratava de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e que se a família quisesse, poderia procurar outros métodos em São Paulo (SP), para confirmar o diagnóstico. “O neurologista foi bem sincero e disse que a doença era degenerativa, e que meu esposo não teria muitos anos de vida, que havia vários estudos, mas nenhum tinha encontrado a cura para o Ela”, relembrou.

O casal foi a São Paulo e só confirmou a doença. De volta a Manaus, o casal começou a fazer o tratamento em clíni-cas fisioterapeutas, mas como Francisco foi perdendo os mo-vimentos, chegou um período que não conseguia mais andar. “Encomendei uma cadeira de rodas que teve que passar por reformas para ser adap-tada para o Chico, pois com um tempo ele não conseguia nem controlar o movimento do pescoço”, detalhou.

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Inconformada com a falta de comunicação com o marido, que só tinha como movimento o piscar de olhos, Silvana Andrade inventou uma tabela que permitiu a conversa entre o casal

Tabela de Silvana Andrade permite pessoas com esclerose lateral amiotrófica se comunicarem

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

Depois que o motorista perdeu completamente os movimentos, Silvana tinha dificuldades para levá-lo ao médico e por isso começou a pagar pelas visitas na própria casa.

Francisco começou a ter dificuldades até para se alimentar e passou por um acompanhamento nutri-cional. Como perdeu até a sensibilidade da garganta, começou a ter problemas quando se alimentava, com isso ficou desnutrido e foi in-ternado no Centro de Trata-mento Intensivo (CTI). Como

perdeu todos os movimen-tos, a única cominicação era o piscar dos olhos. “Então, comecei a buscar soluções para que ele pudesse se comunicar e foi quando pes-quisava e pedia ajuda de Deus que tive a ideia de criar a tabela”, relatou.

Silvana no outro dia levou uma prancheta para o hos-pital e uma tabela simples em que estava escrito o alfabeto. Do mesmo modo que fazia com a tabela dor e fome, a executiva contou para o marido que iria usar a técnica para tentar ver

se por meio das piscadas Francisco pudia contar o que sentia e conversar com as pessoas.

A primeira tentativa foi logo um sucesso e um mo-mento de emoção. “Quando chegou parte do ‘eu te’, já imaginava o resto da frase, mas me comoveu por saber que o método ira dar certo”. Foi dessa forma que ela conseguiu descobrir que o marido era mal tratado no hospital. “Ele contou até que um enfermeiro o abusava sexualmente, contou indignada.

Método simples e muito eficaz

Quando Silvana con-tou na direção o que estava ocorrendo com o marido, os responsá-veis foram surpreendi-dos, pois sabiam que Francisco não tinha con-dições de falar, então a executiva apresentou seu novo método.

Desde então, Francis-co começou a escrever várias cartas juntamen-te com sua esposa, e também relatou que uma de suas filhas, que não aguentava ver o pai daquele jeito, chegou a desligar seus aparelhos, mas os en-fermeiros apareceram e religaram.

Foi então que os médicos e enfermeiros começaram a utilizar a forma de comunicação da tabela com Fran-cisco para saber deta-lhes do que ele sentia. Sempre sorridente, o motorista começou a fazer novas amizades no CTI, pois falava mais do que toda a equipe médica esperava.

Com o sucesso da ta-bela, Silvana resolveu contar toda a história que estava passan-do com o marido no portal da Associação Brasileira de Esclero-se Lateral Amiotrófica (Abrela), e então houve o reconhecimento do trabalho nacionalmen-te, onde outras famílias que tinham parentes nesse estado começa-ram a utilizá-lo.

Tabela foireconhecidapor médicos

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1010

3 Ao vencedor, tudoA guerra cibernética veio para fi car. Pág. 4

2 Cópias para decoraçãoAs reproduções chinesas dos mestres da pintura. Pág. 3

1 Dois Jean Genet em São PauloE outras 7 indicações culturais. Pág. 2

4 Toucinho peludoA sinuosa censura no Twitter chinês. Pág. 5

6 Paris, 1986. Pág. 7Do arquivo de Joaquim Paiva

Uns soltos, outros presos5 Diário de Havana. Pág. 6Capa

Detalhe de réplica de Klimt em cena do fi lme ‘Aff ordable Art’, de Loh Yeuk Sun

7 A imaginação de Lina Meruane. Pág. 8Sapateando eles, lá na sala. Eu não

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G2 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 8 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

DAFENVeja trailer do fi lme “Aff ordable Art”, do chinês Loh Yeuk Sun

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

ALMODÓVARCineasta espanhol fala da crise na Espanha, domusical basea-do emseu fi lme e revela o nome de seu novo longa

>>folha.com/ilustrissima

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Obra sem título (2014), de Nino Cais

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, 28, é jorna-lista da Folha. Assina o blog “Religiosamente” no site do jornal.

CLAUDIUS CECCON, 77, é arquiteto e cartunista.

GABRIELA LONGMAN, 31, é jornalista e mestre em história da cultura pela Escola de Altos Estudos de Paris.

JOAQUIM PAIVA, 68, é fotógrafo e colecio-nador de fotografi a. Parte de seu acervo fi ca em cartaz na exposição “Limiares”, no MAM do Rio, até 18/1.

JOSELY VIANNA BAPTISTA, 57, escritora e tradutora, publicou “Roça Barroca” (Cosac Naify).

LOH YEUK SUN, 36, é cineasta.

LINA MERUANE, 44, é escritora chilena. Publica em fevereiro o livro “Sangue no Olho” (ed. Cosac Naify).

MARCO CHIARETTI, 56, é jornalista.

MARIANA SERRI, 32, é artista plástica (maria-naserri.com).

ÚRSULA PASSOS, 27, é redatora da “Ilustríssima”.

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ESTRANGEIROObra sem título (2014), de Nino Cais

lista da Folha. Assina o blog “Religiosamente” no site do jornal.

em história da cultura pela Escola de Altos Estudos de Paris.

nador de fotografi a. Parte de seu acervo fi ca em cartaz na exposição “Limiares”, no MAM do Rio, até 18/1.

EXPOSIÇÃO | LUCIA KOCH“Duplas”, a nova mostra individual da artista gaúcha, propõe

interação entre a arquitetura e a pintura ao apresentar um conjunto de portas e janelas que ganha novo signifi cado pelo uso da cor. Mais uma vez Koch enfoca como nossa tentativa de compreender o mundo externo é limitada pelo o caráter transitório da visão.

galeria Nara Roesler - Rio | tel. (21) 3591-0052 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | até 31/1

LIVRO | FERREIRA GULLARO poeta e colunista da Folha agrupou nesta

antologia alguns de seus versos prediletos, aqueles que provocam “aquele curto-circuito” e deslumbram as pessoas. “O Prazer do Poema” incluiu o romano Horácio, os franceses Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire, os norte-ame-ricanos Walt Whitman e Emily Dickinson. Do Brasil foram escolhidos, entre outros, Jorge de Lima, Murilo Mendes e Augusto dos Anjos.

Edições de Janeiro | R$ 58 | 368 págs.

SHOW | CHICO 70Espetáculo com as cantoras

Marina de la Riva e Roberta Sá e o grupo MPB4 celebra os 70 de Chico Buarque. No repertó-rio estão canções célebres do compositor, como “Gota d’Água”, “Apesar de Você” e “Cálice”.

Sesc Vila Mariana | sex. (16) e sáb. (17), às 21h; dom. (18), às 18h | R$ 12 a R$ 40

EXPOSIÇÃO | 14/15A mostra coletiva com curadoria de Luiz Roque apresenta trabalhos

de 17 artistas, entre eles Erika Verzutti, Marcos Chaves, Nino Cais e Regina Silveira. Apostando em obras fi gurativas, com predominância da escultura, a exposição faz alusão às exposições universais do início do século passado, científi ca e artística, que buscavam apresentar um panorama do conhecimento humano.

galeria Bolsa de Arte | tel. (11) 3097-9673 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h | grátis | até 14/2

LIVROS | HABERMASA editora Unesp lança duas coletâne-

as de ensaios do fi lósofo alemão, um dos principais intelectuais da atualidade. “Na Esteira da Tecnocracia” (2013) analisa os impasses da Alemanha e da Europa no começo do século 21. Já “Téc-nica e Ciência como ‘Ideologia’” (1968) compila textos acerca do impacto do progresso nas sociedades.

“Na Esteira da Tecnocracia” | trad. Luiz Repa | R$ 52 | 264 págs.

“Técnica e Ciência como “Ideolo-gia”” | trad. Felipe Gonçalves Silva | R$ 42 | 208 págs.

LIVRO | WALTER PATER“O Renascimento”, clássico estudo

do ensaísta inglês (1839-1894) pu-blicado pela primeira vez em 1873, contribuiu decisivamente para a compreensão da Renascença. Os comentários de Pater, dotados de sensibilidade única, sobre “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, e “A Criação de Adão”, de Michelangelo, estão entre as grandes passagens da crítica de arte.

“O Renascimento” | trad. Jorge Henrique Bastos | Iluminuras | R$ 48 | 212 págs.

TEATRO | JEAN GENETO controverso escritor francês (1910-1986) volta aos palcos brasileiros

em dose dupla. “As Criadas”, clássica peça de Genet na qual duas criadas planejam a morte da patroa, é encenada por Eduardo Tolentino de Araújo. A própria trajetória atribulada do autor, várias vezes encarcerado por crimes que cometeu, é retratada em “Genet - O Poeta Ladrão”, com texto de Zen Salles e direção de Sérgio Ferrara.

“As Criadas” | Teatro Aliança Francesa | tel. (11) 3017-5699 | estreia na sex. (16) | de qui. à sáb., às 20h30; dom., às 19h | R$ 20 | até 22/3

“Genet - O Poeta Ladrão” | Teatro Nair Bello | tel. (11) 3472-2414 reestreia na qua. (14) | qua. e qui., às 21h | R$ 46 | até 12/2

CURSO | CINEMA“Blaxploitation e o Cinema

Negro” irá abordar o boom de fi lmes produzidos por artistas negros nos EUA durante os anos 1970, traçando um panorama das transformações sociais e políticas ocorridas no país no período. Além de revisitar as principais obras do movimento (“Shast ”, “Foxy Brown”), o curso ministrado pelo crítico Heitor Augusto comenta a infl uência desses fi lmes na carreira de diretores como Quentin Taran-tino e Spike Lee.

CineSesc | tel. (11) 3087-0500 | de seg. (12) a sex. (16), das 19h30 às 21h30 | R$ 15 a R$ 50

“Dupla {CZ1405 + AB1107}” (2014)

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G3MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

2Fabricantes de réplicas

Artes

Imagine ter uma pintura de Monet na sala de sua casa, ou de Van Gogh, ou de Klimt. Não uma impressão sobre papel, mas um óleo sobre tela. Pois para quem não tem cifras que giram em torno dos US$ 100 milhões (R$ 270 milhões) – “O Retrato de Adele Bloch-Bauer II”, de 1912, de Klimt, foi vendido em 2006 por cerca de US$ 88 mi (R$ 237 mi) – e não se importa com autenticidade, há opções na China.

O país dos grandes núme-ros e das cópias não fica atrás no quesito pinturas e produz, em um só lugar, cerca de 60% das repro-duções de arte do mundo. Dafen, intitulado o bairro da pintura a óleo, na periferia de Shenzhen, cidade no sul da China, reúne em torno de 5.000 artistas.

A região repleta de lojas,

ÚRSULA PASSOS

CHINA

Chineses fazem cópias de grandes mestres

RESUMODafen, na região de Shenzhen, no sul da China, produz cerca de 60% de todas as reproduções de pin-tura do mundo – no topo da lista estão obras de Monet e Van Gogh. Tema de livro e documentá-rio, o local levanta questões centrais para a teoria da arte, como a identi-dade do artista e o valor da imitação.

ateliês e galerias – onde são pintadas e vendidas cópias de pinturas dos grandes mes-tres tanto das artes ociden-tais quanto da arte chinesa – é tema do documentário “Aff ordable Art” (arte acessí-vel) que o cineasta Loh Yeuk Sun, chinês de Hong Kong, está fi nalizando.

Sun, que foi diretor de programas de televisão e já esteve no Brasil para o Fes-tival Internacional de Curtas de São Paulo em 2011 com o filme “Random Travel” (viagem aleatória), conta à Folha que na primeira visita que fez ao local se sentiu hipnotizado. “É surpreen-dente ver tantos pintores nas ruas ou do lado de fora das galerias desenhando a óleo com grande habilidade e eficiência”, diz.

“Aquilo me fez pensar se existe arte naquelas cópias profi ssionais. Quando con-versei com eles percebi que a maioria daqueles pintores

ama tanto pintar que ex-trai satisfação no processo, mesmo que seja apenas uma imitação vendida por preços tão baixos”.

Em Dafen, e também on-line em galerias que entregam em diversos países do mundo, é possível comprar réplicas dos girassóis de Van Gogh por US$ 50 (cerca de R$ 135).

Shenzhen é também sede do parque Window of the World (janela do mundo), se-melhante ao parque menor próximo a Pequim que serve de cenário ao fi lme “O Mun-do” (2004), de Jia Zhang-ke. Aberto em 1994, o espaço reúne 130 reproduções em tamanho reduzido de mar-cos de diferentes lugares do mundo, como o Taj Mahal, as pirâmides do Egito e a Torre Eiff el, em escala de 1:3. É como dar a volta ao mundo em um dia.

ModeloEm 2004, Dafen foi ele-

vada a modelo de indústria cultural. Na ocasião, o go-verno chinês, respondendo a acusações de violações de direitos autorais do Oci-dente, alegou que, graças às habilidades de imitação dos artistas dali, consumi-dores de todo o planeta po-diam ter acesso ao mundo da grande arte, como conta Winnie Wong em “Van Gogh on Demand: China and the Readymade” [University of Chicago Press; 320 págs., R$ 66,71, e-book na Livraria Cultura].

O livro da professora da Universidade da Califórnia em Berkeley parte do caso de Dafen para investigar a relação entre a apropriação chinesa da cultura ocidental e a construção no imaginário do Ocidente de uma China que representa o mimetismo por excelência.

A cópia como método de aprendizagem, comum nas academias de artes no mun-

FAMETRO

do todo, faz parte da cultura chinesa e de sua pedagogia, ligada ao pensamento de Con-fúcio, para quem copiar é um exercício de humildade, grande valor de seus ensinamentos.

No bairro de pintores, donos de ofi cinas contratam e trei-nam centenas de aspirantes a artistas e camponeses que abandonaram o meio rural mudando-se para Shenzhen, uma das Zonas Econômicas Especiais do país.

“Se você for efi ciente e tiver habilidades básicas de dese-nho você pode trabalhar ali”, afi rma Sun. “Com exceção daqueles que passaram por escolas de artes nas grandes cidades, muitos dos pintores não estão interessados nos artistas das pinturas origi-nais e não têm conhecimen-tos sobre esses personagens. Eles estão preocupados com o tamanho da pintura, porque é o tamanho que determina o preço”.

Desde 2008, existe um ór-gão fi scalizador de violações de direitos autorais em Dafen. Porém, ainda que a lei chinesa permita reproduções de artis-tas que morreram há mais de 50 anos, os quadros de Sal-vador Dalí, morto em 1989, por exemplo, estão entre os copiados. Os outros favoritos em Dafen são Monet, Van Gogh, Bouguereau, Klimt e o russo Ivan Chichkin.

Ainda que existam pintores originais na região e copistas que realizam todas as etapas de um mesmo quadro – estes mais caros –, grande parte dos empregados ali executa tarefas como em uma linha de montagem.

VendaCerca de um terço do valor

da venda do quadro fica com os pintores. “Eles encaram isso como um trabalho e o fazem para sobreviver, re-cebem ordens e repetem a tarefa como trabalhadores de fábricas. Mas o dinheiro que recebem é bem mais do que o salário de uma fábrica qualquer na China e as condições de trabalho também são muito melho-res”, afirma Sun.

Há também artistas recém-saídos das escolas de artes que, por conta da grande concorrência em Xangai e Pequim, começam a carrei-ra em Dafen. “Eles insistem em fazer pinturas originais, muitas vezes por um preço abaixo da cópia”.

Em seu livro, Wong defen-de que Dafen não é apenas onde são feitas “cópias chi-nesas ‘perfeitas’ de originais ‘verdadeiros’ ocidentais” por trabalhadores explora-dos em más condições de trabalho, mas um lugar que abarca práticas artísticas eminentemente modernas e

contemporâneas. Para ela, assim como os artistas con-ceituais, os de Dafen levan-tam questões centrais para a história e a teoria da arte, tais como técnica, habilida-de, delegação, autoria, foto-grafi a, gênero e participação do Estado.

Segundo Sun, artistas chi-neses famosos vão em bus-ca das habilidades técnicas dos pintores de Dafen para finalização de seus próprios trabalhos, antes de vendê-los pelo preço que o prestígio de seus nomes acrescenta às obras. Para ele, o local estimula a discussão sobre a comercialização da arte, a identidade do artista e do pintor copista e sobre os valores da arte e de sua própria imitação.

Dança das paredesAinda que a região próxi-

ma ao porto de Hong Kong tenha ligações com a pintura desde o século 18, com nú-mero crescente de ofi cinas nos anos 1980, e que exista uma demanda de pinturas para exportação para a Eu-ropa no sul da China desde a década de 1760, o governo criou uma narrativa ofi cial de “fundação” de Dafen que remete a apenas um homem: Huang Jiang, um negociante de Hong Kong que fundou “a primeira” ofi cina de pintura em Dafen em 1989.

A região conheceu o auge da fama e das vendas em meados dos anos 2000, ex-portando cerca de US$ 193 milhões (R$ 521 milhões) entre 2006 e o começo de 2008, segundo a Associação da Indústria de Arte de Dafen. Porém, a região sentiu as consequências da crise fi nan-ceira que atingiu os Estados Unidos e a Europa – então maiores compradores de suas reproduções.

“A maioria dos quadros vendidos em Dafen são para decoração de ambien-tes, não apenas de casas, mas de hotéis e centros de compras”, explica Sun. “O cliente pode até ter algum conhecimento de arte, mas não tem dinheiro o suficiente para comprar obras de artis-tas conhecidos”.

Em 2012, as exportações em Dafen caíram 50% e os chefes das mais de 1.200 ofi cinas tiveram de cortar seu pessoal. Hoje, praticamente recuperada, a região dá mais atenção ao gosto local e, além de reproduções ociden-tais em óleo, produz cópias de arte tradicional do país. Cria-ções originais respondem por cerca de 20% das vendas. Afi nal, apesar da crise imo-biliária nos EUA, as paredes chinesas não param de subir e precisam de quadros para serem pendurados nelas.

Artistas trabalham em ofi cina de Dafen em cena do documentário ‘Aff ordable Art’

LOH YEUK SUN

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G4 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 G5

Internet

3O campo de batalha dos guerreiros virtuais

A Coreia do Norte já foi a parte mais rica da Coreia. Foi. Décadas de ditadura de-pois, é um lugar miserável, onde milhões passam fome, e o poder é ocupado por uma dinastia imperial-comunis-ta, a família Kim. O ditador de turno, Kim Jong-un, neto do fundador do regime, go-verna com mão de ferro. No fim do ano passado, Kim enfureceu-se com uma co-média produzida pela Sony. Ele até teria uma boa razão para se irritar: no filme, dois norte-americanos viajam ao país com um plano para as-sassiná-lo. Aliás, teria duas boas razões: “A Entrevista” é muito ruim.

Mas como tudo que in-comoda Pyongyang é pro-blema, computadores da Sony foram “invadidos” por desconhecidos. Milhares de

Potências trocam tiros na rede

MARCO CHIARETTI

dados confidenciais, inclu-sive filmes que ainda não haviam estreado e e-mails comprometedores dos diri-gentes da companhia, fo-ram distribuídos pela web. As ações da Sony despencaram. Poucos dias depois, o que já era ruim, piorou: enquanto a empresa, assustada, decla-rava que desistia de lançar o filme (mais tarde, desistiu de desistir), a internet coreana sofreu uma série de apagões, e o que eram ataques de crackers viraram batalhas ci-bernéticas, com Pyongyang acusando Washington.

O mundo entendeu que já havia começado a era da “cyberwar”, a guerra ciber-nética. Nela, há dois pro-tagonistas: Estados Unidos e China. Os norte-america-nos estão nisso desde que a internet foi inventada, ou antes. Os chineses são acu-sados há mais de uma déca-da de atacarem virtualmente alvos no Ocidente, de forma sistemática e planejada. De fato, a guerra já começou – e faz algum tempo.

A China tem uma milenar

tradição militar, e mais de um bilhão de habitantes. Tem conhecimento e gente. Ao mesmo tempo, a dita-dura chinesa há anos vem desenvolvendo maneiras de interferir na internet, parte do processo de controle que o sistema exige para se man-ter. Há no país, que afinal é uma ditadura, o ambiente de segredo que facilita o processo todo.

É difícil, se não impossível, saber o que o Estado chi-nês e seu aparato de segu-rança estão desenvolvendo. Há décadas sabe-se que as Forças Armadas do país es-pionam segredos industriais pelo mundo. E há dezenas de casos relatados de vírus que infectaram computadores ocidentais cuja origem mais do que provável foi chinesa.

Uma série de ataques ci-bernéticos a instalações em vários países do mundo, en-tre os quais os Estados Uni-dos e a Índia, teriam partido da China, segundo os ataca-dos. O Exército chinês teria até uma unidade especial, a Unidade 61.398, treinada só

para a guerra virtual, cuja existência os norte-ameri-canos dizem ter detectado ao menos desde 2002.

Cinco membros da unidade foram indiciados pela Justiça dos EUA – embora pareça difícil imaginar um proces-so desses avançando. Uma operação apelidada Ghos-tNet, descoberta em 2009, espionou gente em dezenas de países durante anos. Tam-bém em 2009, essa mesma unidade militar, cuja sede parece estar em Xangai, te-ria desfechado uma série de ataques contra empresas, como Adobe, Yahoo, Syman-tec e Morgan Stanley, na chamada Operação Aurora.

Desde 2006, uma empresa de segurança vinha detec-tando ataques remotos, sem-pre originados da China, que chegaram a atingir o Comitê Olímpico Internacional. É cla-ro que a China sempre negou qualquer responsabilidade, e nunca reconheceu a existên-cia da Unidade 61.398. E é claro que o país se prepara para essa nova guerra há muito tempo.

AntigaEm suas diversas formas, a

guerra é tão antiga quanto os homens. Seu princípio básico é sempre o mesmo: ganha quem matar mais, fi zer mais prisioneiros, destruir mais, arrasar mais. Guerrear é para os fortes, e azar dos vencidos. Como o vencedor fi ca com os despojos, desde a origem as guerras tinham um aspecto complementar: é para des-truir e matar, mas, se for possível, deixar uma parte para os vencedores. Guerra é também um negócio.

Um negócio que desde sem-pre impulsionou a tecnologia. A necessidade de matar mais e mais rápido – e impedir que os outros façam o mes-mo com o seu lado – é uma espécie de processo veloz de seleção natural. Sobram os “melhores”. No século pas-sado, o radar, os aviões a jato, os computadores, por exemplo, foram inventados ou desenvolvidos porque mi-litares precisavam deles.

Os avanços tecnológicos acabaram criando uma si-tuação sem saída: a guerra

tornou-se destrutiva de-mais. Com a invenção da bomba atômica e seu filho-te mais terrível, a bomba de hidrogênio, já não havia mais nada para se apropriar. O vencido, em uma guerra termonuclear, desaparece. Seu território torna-se um deserto radioativo.

Vencer uma guerra assim é inútil. E perigoso: se o outro lado revidar da mes-ma forma, não sobra mais ninguém. Guerras termonu-cleares foram concebidas para não serem travadas, seguindo a tese da Mutual Assured Destruction, des-truição mútua assegurada, cuja sigla em inglês, MAD [louco], diz tudo. Os chineses também construíram suas bombas, no começo dos anos 1970, mas nessa briga eles eram coadjuvantes.

O momento inicial da saga de James Bond no cinema nas-ce justamente aí: o satânico dr. No é um chinês. Mas seus esforços são inúteis. O lado de lá era muito mais forte, mais esperto, mais preparado.

Houve, é claro, muitas guerras depois da invenção da bomba H, mas só entre países sem armas nucleares, ou guerras nas quais um dos lados tem armas nucleares, mas o outro não. A Guerra do Vietnã é um exemplo de guer-ra assimétrica, e nela o mais fraco conseguiu desenvolver táticas que o favoreceram. Os vietnamitas não vence-ram nenhuma batalha, mas ganharam a guerra.

Novo cenárioAo mesmo tempo em que

as bombas se tornavam cada vez mais terríveis, os nor-te-americanos criaram algo que alterou esse cenário todo: uma rede de computa-

dores, que poderia continuar funcionando caso a capital do país fosse destruída. A Arpa (depois Darpa, sigla em inglês para a Agência de Pes-quisa Avançada de Projetos de Defesa dos EUA) criou a internet há mais de 40 anos. A rede cresceu, mudou, inva-diu o mundo. Tudo é operado via internet, via rede.

Sistemas de gás e ele-tricidade, por exemplo, só funcionam na escala neces-sária hoje em dia por causa de redes de computadores conectados. O mesmo se dá com a distribuição de água, o sistema de esgoto, a logística das empresas, os malhas de transporte, as telecomunicações. E com as escolas, o metrô, os bancos, as bolsas de valores e a receita federal.

A Justiça está conectada – e os processos começam a existir somente em forma de bits e bytes. Os governos funcionam (ou não) em rede. Nada está fora dela. Atacar a internet de um país pode ser letal. Imagine o que aconte-ceria se o sistema bancário brasileiro fosse paralisado, por exemplo: a economia do país sofreria um colapso.

IntactaA “cyberwar” é rápida, im-

perceptível, virtual. E tem, em relação a outras formas de guerrear, uma enorme vanta-gem (para o vencedor): ter-minadas as batalhas virtuais, a infraestrutura do derrota-do continuará lá, intacta. O sistema está parado, mas as fábricas existem e os operá-rios estão vivos. Não há como alimentá-los, transportá-los, curá-los, mas estão lá. O vencedor leva tudo.

Além disso, países mais fracos, militar e economi-

camente, podem usar suas armas. É a forma perfeita para uma guerra assimétri-ca. Basta treinar pessoas – e esconder tudo isso dos potenciais inimigos.

Guerras cibernéticas exi-gem quadros preparados, conhecimento e segredo – nada assim é simples de obter. É preciso gente capaz de desenvolver programas, e capaz de desenhar as de-fesas contra esses mesmos programas. Exige-se uma enorme quantidade de co-nhecimento. E é preciso se-gredo, já que o segredo é, no fundo, a principal arma dessa nova guerra.

O inimigo nem sabe de onde veio o ataque. Ao con-trário de armas nucleares, por exemplo, que precisam ser testadas, precisam de mísseis que podem ser foto-grafados e exigem grandes fábricas e instalações para serem montadas, a guerra cibernética é quase invisível. São só pessoas, afinal.

Os norte-americanos saí-ram na frente nesse cenário. Há centenas de milhares de pessoas no país potencial-mente treinadas para se tor-narem guerreiros cibernéti-cos. A enorme maioria delas nem pensa nisso. Mesmo assim, há gente suficiente. E estruturas voltadas para isso: a mais conhecida é a NSA, a Agência Nacional de Segurança, cujo objetivo é preparar-se para essa nova forma de lutar, onde o segre-do é a alma do negócio.

Nos seus primeiros 30 anos de existência, a NSA nem existia oficialmente. Seu trabalho principal era e é ouvir os segredos do mun-do (inclusive do Brasil). Por isso, sua atenção especial nos sistemas de criptografia

– e nas formas de sabotar esses sistemas.

Os Estados Unidos têm outra vantagem: são nor-te-americanas as empresas que desenham e produzem a maior parte do hardware da internet mundial: Cisco, Oracle, Intel, AT&T, Verizon, Microsoft, IBM. Esse poder todo é usado há décadas, e não só para espionar. Em 2010, um vírus extrema-mente complexo, o Stux-net, infectou o sistema que controlava as centrífugas do programa nuclear iraniano, reprogramando as máqui-nas e atrasando em anos o desenvolvimento eventual de uma arma nuclear por Teerã. Suspeitos principais: Estados Unidos e Israel.

A Rússia, a herdeira da União Soviética, também tem quadros suficientes para uma guerra dessas. Aliás, foram russos alguns dos primeiros momentos deste novo tipo de conflito. Na Estônia, em 2007, e na Ossétia do Sul, em 2008, o braço virtual do urso rus-so foi posto em funciona-mento. O país é conhecido por ser a pátria de crackers extremamente competentes no que fazem, e é claro que o Estado russo tem sua parte nisso. Mas o país ce-deu seu lugar para a atual superpotência rival de Wa-shington, a segunda econo-mia do mundo, a China. Na guerra cibernética, o Império do Meio não é coadjuvante, mas protagonista.

Como se vê, a Coreia do Norte tem seguido os passos de seu gigantesco vizinho. A guerra cibernética é ba-rata, afinal, e seus efeitos, devastadores. Como, aliás, os acionistas da Sony já perceberam.

Quem manda na internet chinesa? Boa pergunta. O sino-americano Jason Ng, professor de ativismo digital na Universidade Columbia, em Nova York, ainda não sabe como respondê-la. “Seria sim-plista dizer ‘ah, foram aqueles comunistas do partido’. É mais complexo do que isso”.

Mas uma coisa é certa para Ng: quem quer que dê (ou tire) a palavra fi nal, não tem muito senso de humor ou tem até de-mais. O que talvez explique por que já foi impossível buscar por “fetiche por pé”, “meia-cal-ça” e “toucinho peludo” no Sina Weibo, a rede social predileta num país com cerca de 600 milhões de conectados – três vezes a população do Brasil.

Em 2013, Ng compilou 150 termos “proibidões” no livro “Blocked on Weibo: What Gets Suppressed on China’s Version of Twitter and Why” (Bloquea-do no Weibo: o que é suprimido na versão chinesa do Twitter e por quê; The New Press).

O pesquisador selecionou 700 mil palavras em man-darim a partir do Wikipedia, “uma base melhor do que o dicionário por incluir apelidos e termos coloquiais”. Criou então um sost ware que, 24 horas por dia, ao longo de dois meses, detectou quais palavras caíam na malha fi na da internet chinesa.

Chegou a 1.000 expressões (0,14%) e explorou as 150 que julgou mais simbólicas. Na prática, as palavras podem ser postadas pelo internauta, mas uma busca por elas le-varia a zero resultados e ao recado: “Com base em leis e regulamentos chineses, os resultados da pesquisa não foram mostrados”.

Os termos não são exilados para sempre. Às vezes, só fi -cam bloqueados em períodos sensíveis. Próximo ao aniver-sário do massacre da praça da Paz Celestial, por exemplo, a rede social baniu referências a “6/4” (4 de junho em inglês), “LXIV” (64 em algoritmos ro-manos) ou “oito ao quadra-do” (... 64). Até o videogame Nintendo 64 entrou no balaio. “Mas isso provavelmente foi só alguém fazendo cagada”, afi rma Ng.

ProibidãoNo quesito sexo, os cen-

sores do Weibo parecem ter sido selecionados pelo RH da

Sina Weibo, Twitter chinês, veta termos sexuais e políticos

RESUMOO confl ito cibernético entre EUA e Coreia do Norte evidenciou a emergência da era da guerra virtual, que envolve dois gigantes, os EUA e a China. Os norte-americanos pre-param-se desde que a internet foi inventada e a China é acusa-da, há mais de uma década, de promover ataques virtuais con-tra países rivais.

Liga das Senhoras Católicas. O que é considerado perver-são pode acabar no limbo virtual. Daí banirem tem-porariamente expressões como “liànzú” (podolatria), “zhao xiaojie” (“procurando por uma garota”, eufemismo para prostituição), “mimi” (onomatopeia do miado e também sinônimo para “te-tas”) e “kùwà” (meia-calça, considerada sexy demais).

“Wúmáo”, que em português signifi ca “sem pelos”, entrou no índex como coisa de quem está atrás de genitálias depi-ladas. Já “hairy bacon” (tou-cinho peludo) é um assunto cabeludo por outro motivo.

Trata-se de um pseudônimo para o corpo embalsamado de Mao Tse-tung (1893-1976), explica Ng enquanto morde um sanduíche de presunto no Hungry Ghost, café no Brooklyn nova-iorquino.

Ao contrário do que o Oci-dente pensa, o dia a dia não se resume a uma incessante caça de gato e rato entre governo e ativistas, diz Ng. Na maioria das vezes, a decisão de bloquear esta ou aquela palavra para seus usuários vem do próprio Weibo.

“A censura é bem menos óbvia do que parece e mui-tas vezes parte das próprias empresas. Assim como o Fa-cebook contrata gente para saber que tipo de conteúdo deve ser deletado”, explica o pesquisador.

BabygateChineses adoram um bafo.

Em 2011, por exemplo, o de Baby Guo Meimei, uma linda menina de 20 anos, era tão saboroso quanto deletável.

Baby, que lembra a Mulan da Disney no guarda-roupa da Miley Cyrus, exibia sua vida “V-Vip” (very, very important pe-ople) para quase dois milhões de seguidores no Weibo.

Ela postava selfi es num closet para bolsas da gri-fe Hermès. Posava com seu “pequeno touro”, o Lambor-ghini laranja que dirigia no Sul. O Maserati branco para as tardes de Pequim era o “pequeno cavalo”.

Não demorou para Baby cair desse cavalo. Ao mesmo tempo em que divulgava a fi losofi a “beijinho no ombro” de vida, dizia ser gerente na Cruz Vermelha chinesa. Um internauta apontou que a jo-vem, na verdade, era a amante bancada por um conselheiro da entidade.

O Weibo não gosta de escân-dalos. Sobretudo um que possa colocar o Partido Comunista Chinês no olho do furacão: cabe a ele regular a Cruz Vermelha, seriamente abalada após as peripécias de Baby. Saldo: volta e meia, a busca por “fu nu” (mulher rica) no Weibo volta zerada. O termo é usado pe-jorativamente para criticar a riqueza obscena de esposas, amantes e fi lhas de empresá-rios e funcionários públicos.

“Quando a província Si-chuan, dizimada por um grande terremoto em 2008, experimentou tremores mais mortais em 2013, o nome de Meimei reapareceu on-line. Sua corrupção virou advertên-cia para quem quisesse doar a instituições de caridade do Estado”, diz Ng, um tipo magro que cultiva um ralo bigode sob os óculos de aro preto.

Para Ng, a politização em larga escala do Weibo é uma

fantasia ocidental. A maio-ria dos internautas prefere compartilhar no Weibo (“mi-croblog” em mandarim) pe-quenezas cotidianas, como o que comeu no café da manhã (macarrão cozido é bem po-pular), imagens fofi nhas de fi lhotes de gato e panda e fofocas sobre celebridades. Não muito diferente do que se vê no Brasil.

Boa parte da juventude chi-nesa, mesmo viciada em web, nunca viu a ocidentalmente famosa foto do homem que desafi ou sozinho uma fi leira de tanques em 1989 – Ng cita uma pesquisa informal em que apenas 15 de cem univer-sitários de Pequim souberam identifi car a imagem icônica. É como se, em 2026, men-ções ao “9/11/2001” fos-sem tão memoráveis para os Estados Unidos quanto um quadro do aspirante a pintor George W. Bush.

O “Babygate”, contudo, ti-nha sex appeal para envolver o “cidadão comum” na crítica massifi cada ao governo.

“Nem todos os internau-tas escrevem sobre política, mas a internet ainda pode ter um impacto político muito grande na China”, diz Emily Parker, autora de “Now I Know Who My Comrades Are: Voi-ces from the Internet Under-ground” (Agora eu sei quem meus camaradas são: vozes da internet underground; Sa-rah Crichton Books, 2014).

“Mesmo sem fazer uma re-volução, ela pode transformar a China. Não vai criar instanta-neamente a democracia, é cla-ro, e os grupos nacionalistas também estão on-line. Mas a internet está proporcionando maior acesso à informação e a sensação de que você não está sozinho”.

Em seu livro, Parker, ex-editora do “New York Times” e colaboradora do “Wall Street Journal”, narra como a internet vem transformando a vida na China a partir de histórias como a de Zhao Jing.

Em 1999, ele era o recep-cionista que entreouvia nos corredores do hotel sobre o protesto de estudantes que o governo literalmente atrope-lara numa praça na capital do país, dez anos antes – episódio que nenhum jornal gastara tinta para divulgar.

Acabou chegando em suas mãos um dossiê com fotos e relatos do que aconteceu na praça da Paz Celestial. Sob o codinome Michel Anti, ele foi fundo no tema e acabou criando seu próprio blog com críticas ao Partido – fechado em 2005 pela Microsost , que o hospedava.

“Perguntei-lhe por que a in-ternet era importante na Chi-na, e ele disse: ‘Porque agora eu sei onde meus camaradas estão’”, relata Parker.

Em 2000, o então presi-dente americano, Bill Clinton, comparou a censura imposta aos “camaradas” chineses à tentativa de pregar gelatina na parede.

Quinze anos depois, a auto-censura virou uma poderosa ferramenta para silenciar vo-zes dissidentes. Atinge o Sina Weibo, que prefere pisar em ovos a pisar no calo do go-verno, e também o internauta receoso de ser convidado para “tomar um chá” com a polícia. Por ora, diz Jason Ng, “a China tem tido sucesso em manter a gelatina longe do chão”.

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

RESUMOO confl ito cibernético entre EUA e Coreia do Norte evidenciou a emergência da era da guerra virtual, que envolve dois gigantes, os EUA e a China. Os norte-americanos pre-param-se desde que a internet foi inventada e a China é acusa-da, há mais de uma década, de promover ataques virtuais con-tra países rivais.

O ditador Kim Jong-un mostra a militares da Co-reia do Norte as possibili-dades de um computador

KNS - 24.04.2014/AFP

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G4 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 G5

Internet

3O campo de batalha dos guerreiros virtuais

A Coreia do Norte já foi a parte mais rica da Coreia. Foi. Décadas de ditadura de-pois, é um lugar miserável, onde milhões passam fome, e o poder é ocupado por uma dinastia imperial-comunis-ta, a família Kim. O ditador de turno, Kim Jong-un, neto do fundador do regime, go-verna com mão de ferro. No fim do ano passado, Kim enfureceu-se com uma co-média produzida pela Sony. Ele até teria uma boa razão para se irritar: no filme, dois norte-americanos viajam ao país com um plano para as-sassiná-lo. Aliás, teria duas boas razões: “A Entrevista” é muito ruim.

Mas como tudo que in-comoda Pyongyang é pro-blema, computadores da Sony foram “invadidos” por desconhecidos. Milhares de

Potências trocam tiros na rede

MARCO CHIARETTI

dados confidenciais, inclu-sive filmes que ainda não haviam estreado e e-mails comprometedores dos diri-gentes da companhia, fo-ram distribuídos pela web. As ações da Sony despencaram. Poucos dias depois, o que já era ruim, piorou: enquanto a empresa, assustada, decla-rava que desistia de lançar o filme (mais tarde, desistiu de desistir), a internet coreana sofreu uma série de apagões, e o que eram ataques de crackers viraram batalhas ci-bernéticas, com Pyongyang acusando Washington.

O mundo entendeu que já havia começado a era da “cyberwar”, a guerra ciber-nética. Nela, há dois pro-tagonistas: Estados Unidos e China. Os norte-america-nos estão nisso desde que a internet foi inventada, ou antes. Os chineses são acu-sados há mais de uma déca-da de atacarem virtualmente alvos no Ocidente, de forma sistemática e planejada. De fato, a guerra já começou – e faz algum tempo.

A China tem uma milenar

tradição militar, e mais de um bilhão de habitantes. Tem conhecimento e gente. Ao mesmo tempo, a dita-dura chinesa há anos vem desenvolvendo maneiras de interferir na internet, parte do processo de controle que o sistema exige para se man-ter. Há no país, que afinal é uma ditadura, o ambiente de segredo que facilita o processo todo.

É difícil, se não impossível, saber o que o Estado chi-nês e seu aparato de segu-rança estão desenvolvendo. Há décadas sabe-se que as Forças Armadas do país es-pionam segredos industriais pelo mundo. E há dezenas de casos relatados de vírus que infectaram computadores ocidentais cuja origem mais do que provável foi chinesa.

Uma série de ataques ci-bernéticos a instalações em vários países do mundo, en-tre os quais os Estados Uni-dos e a Índia, teriam partido da China, segundo os ataca-dos. O Exército chinês teria até uma unidade especial, a Unidade 61.398, treinada só

para a guerra virtual, cuja existência os norte-ameri-canos dizem ter detectado ao menos desde 2002.

Cinco membros da unidade foram indiciados pela Justiça dos EUA – embora pareça difícil imaginar um proces-so desses avançando. Uma operação apelidada Ghos-tNet, descoberta em 2009, espionou gente em dezenas de países durante anos. Tam-bém em 2009, essa mesma unidade militar, cuja sede parece estar em Xangai, te-ria desfechado uma série de ataques contra empresas, como Adobe, Yahoo, Syman-tec e Morgan Stanley, na chamada Operação Aurora.

Desde 2006, uma empresa de segurança vinha detec-tando ataques remotos, sem-pre originados da China, que chegaram a atingir o Comitê Olímpico Internacional. É cla-ro que a China sempre negou qualquer responsabilidade, e nunca reconheceu a existên-cia da Unidade 61.398. E é claro que o país se prepara para essa nova guerra há muito tempo.

AntigaEm suas diversas formas, a

guerra é tão antiga quanto os homens. Seu princípio básico é sempre o mesmo: ganha quem matar mais, fi zer mais prisioneiros, destruir mais, arrasar mais. Guerrear é para os fortes, e azar dos vencidos. Como o vencedor fi ca com os despojos, desde a origem as guerras tinham um aspecto complementar: é para des-truir e matar, mas, se for possível, deixar uma parte para os vencedores. Guerra é também um negócio.

Um negócio que desde sem-pre impulsionou a tecnologia. A necessidade de matar mais e mais rápido – e impedir que os outros façam o mes-mo com o seu lado – é uma espécie de processo veloz de seleção natural. Sobram os “melhores”. No século pas-sado, o radar, os aviões a jato, os computadores, por exemplo, foram inventados ou desenvolvidos porque mi-litares precisavam deles.

Os avanços tecnológicos acabaram criando uma si-tuação sem saída: a guerra

tornou-se destrutiva de-mais. Com a invenção da bomba atômica e seu filho-te mais terrível, a bomba de hidrogênio, já não havia mais nada para se apropriar. O vencido, em uma guerra termonuclear, desaparece. Seu território torna-se um deserto radioativo.

Vencer uma guerra assim é inútil. E perigoso: se o outro lado revidar da mes-ma forma, não sobra mais ninguém. Guerras termonu-cleares foram concebidas para não serem travadas, seguindo a tese da Mutual Assured Destruction, des-truição mútua assegurada, cuja sigla em inglês, MAD [louco], diz tudo. Os chineses também construíram suas bombas, no começo dos anos 1970, mas nessa briga eles eram coadjuvantes.

O momento inicial da saga de James Bond no cinema nas-ce justamente aí: o satânico dr. No é um chinês. Mas seus esforços são inúteis. O lado de lá era muito mais forte, mais esperto, mais preparado.

Houve, é claro, muitas guerras depois da invenção da bomba H, mas só entre países sem armas nucleares, ou guerras nas quais um dos lados tem armas nucleares, mas o outro não. A Guerra do Vietnã é um exemplo de guer-ra assimétrica, e nela o mais fraco conseguiu desenvolver táticas que o favoreceram. Os vietnamitas não vence-ram nenhuma batalha, mas ganharam a guerra.

Novo cenárioAo mesmo tempo em que

as bombas se tornavam cada vez mais terríveis, os nor-te-americanos criaram algo que alterou esse cenário todo: uma rede de computa-

dores, que poderia continuar funcionando caso a capital do país fosse destruída. A Arpa (depois Darpa, sigla em inglês para a Agência de Pes-quisa Avançada de Projetos de Defesa dos EUA) criou a internet há mais de 40 anos. A rede cresceu, mudou, inva-diu o mundo. Tudo é operado via internet, via rede.

Sistemas de gás e ele-tricidade, por exemplo, só funcionam na escala neces-sária hoje em dia por causa de redes de computadores conectados. O mesmo se dá com a distribuição de água, o sistema de esgoto, a logística das empresas, os malhas de transporte, as telecomunicações. E com as escolas, o metrô, os bancos, as bolsas de valores e a receita federal.

A Justiça está conectada – e os processos começam a existir somente em forma de bits e bytes. Os governos funcionam (ou não) em rede. Nada está fora dela. Atacar a internet de um país pode ser letal. Imagine o que aconte-ceria se o sistema bancário brasileiro fosse paralisado, por exemplo: a economia do país sofreria um colapso.

IntactaA “cyberwar” é rápida, im-

perceptível, virtual. E tem, em relação a outras formas de guerrear, uma enorme vanta-gem (para o vencedor): ter-minadas as batalhas virtuais, a infraestrutura do derrota-do continuará lá, intacta. O sistema está parado, mas as fábricas existem e os operá-rios estão vivos. Não há como alimentá-los, transportá-los, curá-los, mas estão lá. O vencedor leva tudo.

Além disso, países mais fracos, militar e economi-

camente, podem usar suas armas. É a forma perfeita para uma guerra assimétri-ca. Basta treinar pessoas – e esconder tudo isso dos potenciais inimigos.

Guerras cibernéticas exi-gem quadros preparados, conhecimento e segredo – nada assim é simples de obter. É preciso gente capaz de desenvolver programas, e capaz de desenhar as de-fesas contra esses mesmos programas. Exige-se uma enorme quantidade de co-nhecimento. E é preciso se-gredo, já que o segredo é, no fundo, a principal arma dessa nova guerra.

O inimigo nem sabe de onde veio o ataque. Ao con-trário de armas nucleares, por exemplo, que precisam ser testadas, precisam de mísseis que podem ser foto-grafados e exigem grandes fábricas e instalações para serem montadas, a guerra cibernética é quase invisível. São só pessoas, afinal.

Os norte-americanos saí-ram na frente nesse cenário. Há centenas de milhares de pessoas no país potencial-mente treinadas para se tor-narem guerreiros cibernéti-cos. A enorme maioria delas nem pensa nisso. Mesmo assim, há gente suficiente. E estruturas voltadas para isso: a mais conhecida é a NSA, a Agência Nacional de Segurança, cujo objetivo é preparar-se para essa nova forma de lutar, onde o segre-do é a alma do negócio.

Nos seus primeiros 30 anos de existência, a NSA nem existia oficialmente. Seu trabalho principal era e é ouvir os segredos do mun-do (inclusive do Brasil). Por isso, sua atenção especial nos sistemas de criptografia

– e nas formas de sabotar esses sistemas.

Os Estados Unidos têm outra vantagem: são nor-te-americanas as empresas que desenham e produzem a maior parte do hardware da internet mundial: Cisco, Oracle, Intel, AT&T, Verizon, Microsoft, IBM. Esse poder todo é usado há décadas, e não só para espionar. Em 2010, um vírus extrema-mente complexo, o Stux-net, infectou o sistema que controlava as centrífugas do programa nuclear iraniano, reprogramando as máqui-nas e atrasando em anos o desenvolvimento eventual de uma arma nuclear por Teerã. Suspeitos principais: Estados Unidos e Israel.

A Rússia, a herdeira da União Soviética, também tem quadros suficientes para uma guerra dessas. Aliás, foram russos alguns dos primeiros momentos deste novo tipo de conflito. Na Estônia, em 2007, e na Ossétia do Sul, em 2008, o braço virtual do urso rus-so foi posto em funciona-mento. O país é conhecido por ser a pátria de crackers extremamente competentes no que fazem, e é claro que o Estado russo tem sua parte nisso. Mas o país ce-deu seu lugar para a atual superpotência rival de Wa-shington, a segunda econo-mia do mundo, a China. Na guerra cibernética, o Império do Meio não é coadjuvante, mas protagonista.

Como se vê, a Coreia do Norte tem seguido os passos de seu gigantesco vizinho. A guerra cibernética é ba-rata, afinal, e seus efeitos, devastadores. Como, aliás, os acionistas da Sony já perceberam.

Quem manda na internet chinesa? Boa pergunta. O sino-americano Jason Ng, professor de ativismo digital na Universidade Columbia, em Nova York, ainda não sabe como respondê-la. “Seria sim-plista dizer ‘ah, foram aqueles comunistas do partido’. É mais complexo do que isso”.

Mas uma coisa é certa para Ng: quem quer que dê (ou tire) a palavra fi nal, não tem muito senso de humor ou tem até de-mais. O que talvez explique por que já foi impossível buscar por “fetiche por pé”, “meia-cal-ça” e “toucinho peludo” no Sina Weibo, a rede social predileta num país com cerca de 600 milhões de conectados – três vezes a população do Brasil.

Em 2013, Ng compilou 150 termos “proibidões” no livro “Blocked on Weibo: What Gets Suppressed on China’s Version of Twitter and Why” (Bloquea-do no Weibo: o que é suprimido na versão chinesa do Twitter e por quê; The New Press).

O pesquisador selecionou 700 mil palavras em man-darim a partir do Wikipedia, “uma base melhor do que o dicionário por incluir apelidos e termos coloquiais”. Criou então um sost ware que, 24 horas por dia, ao longo de dois meses, detectou quais palavras caíam na malha fi na da internet chinesa.

Chegou a 1.000 expressões (0,14%) e explorou as 150 que julgou mais simbólicas. Na prática, as palavras podem ser postadas pelo internauta, mas uma busca por elas le-varia a zero resultados e ao recado: “Com base em leis e regulamentos chineses, os resultados da pesquisa não foram mostrados”.

Os termos não são exilados para sempre. Às vezes, só fi -cam bloqueados em períodos sensíveis. Próximo ao aniver-sário do massacre da praça da Paz Celestial, por exemplo, a rede social baniu referências a “6/4” (4 de junho em inglês), “LXIV” (64 em algoritmos ro-manos) ou “oito ao quadra-do” (... 64). Até o videogame Nintendo 64 entrou no balaio. “Mas isso provavelmente foi só alguém fazendo cagada”, afi rma Ng.

ProibidãoNo quesito sexo, os cen-

sores do Weibo parecem ter sido selecionados pelo RH da

Sina Weibo, Twitter chinês, veta termos sexuais e políticos

RESUMOO confl ito cibernético entre EUA e Coreia do Norte evidenciou a emergência da era da guerra virtual, que envolve dois gigantes, os EUA e a China. Os norte-americanos pre-param-se desde que a internet foi inventada e a China é acusa-da, há mais de uma década, de promover ataques virtuais con-tra países rivais.

Liga das Senhoras Católicas. O que é considerado perver-são pode acabar no limbo virtual. Daí banirem tem-porariamente expressões como “liànzú” (podolatria), “zhao xiaojie” (“procurando por uma garota”, eufemismo para prostituição), “mimi” (onomatopeia do miado e também sinônimo para “te-tas”) e “kùwà” (meia-calça, considerada sexy demais).

“Wúmáo”, que em português signifi ca “sem pelos”, entrou no índex como coisa de quem está atrás de genitálias depi-ladas. Já “hairy bacon” (tou-cinho peludo) é um assunto cabeludo por outro motivo.

Trata-se de um pseudônimo para o corpo embalsamado de Mao Tse-tung (1893-1976), explica Ng enquanto morde um sanduíche de presunto no Hungry Ghost, café no Brooklyn nova-iorquino.

Ao contrário do que o Oci-dente pensa, o dia a dia não se resume a uma incessante caça de gato e rato entre governo e ativistas, diz Ng. Na maioria das vezes, a decisão de bloquear esta ou aquela palavra para seus usuários vem do próprio Weibo.

“A censura é bem menos óbvia do que parece e mui-tas vezes parte das próprias empresas. Assim como o Fa-cebook contrata gente para saber que tipo de conteúdo deve ser deletado”, explica o pesquisador.

BabygateChineses adoram um bafo.

Em 2011, por exemplo, o de Baby Guo Meimei, uma linda menina de 20 anos, era tão saboroso quanto deletável.

Baby, que lembra a Mulan da Disney no guarda-roupa da Miley Cyrus, exibia sua vida “V-Vip” (very, very important pe-ople) para quase dois milhões de seguidores no Weibo.

Ela postava selfi es num closet para bolsas da gri-fe Hermès. Posava com seu “pequeno touro”, o Lambor-ghini laranja que dirigia no Sul. O Maserati branco para as tardes de Pequim era o “pequeno cavalo”.

Não demorou para Baby cair desse cavalo. Ao mesmo tempo em que divulgava a fi losofi a “beijinho no ombro” de vida, dizia ser gerente na Cruz Vermelha chinesa. Um internauta apontou que a jo-vem, na verdade, era a amante bancada por um conselheiro da entidade.

O Weibo não gosta de escân-dalos. Sobretudo um que possa colocar o Partido Comunista Chinês no olho do furacão: cabe a ele regular a Cruz Vermelha, seriamente abalada após as peripécias de Baby. Saldo: volta e meia, a busca por “fu nu” (mulher rica) no Weibo volta zerada. O termo é usado pe-jorativamente para criticar a riqueza obscena de esposas, amantes e fi lhas de empresá-rios e funcionários públicos.

“Quando a província Si-chuan, dizimada por um grande terremoto em 2008, experimentou tremores mais mortais em 2013, o nome de Meimei reapareceu on-line. Sua corrupção virou advertên-cia para quem quisesse doar a instituições de caridade do Estado”, diz Ng, um tipo magro que cultiva um ralo bigode sob os óculos de aro preto.

Para Ng, a politização em larga escala do Weibo é uma

fantasia ocidental. A maio-ria dos internautas prefere compartilhar no Weibo (“mi-croblog” em mandarim) pe-quenezas cotidianas, como o que comeu no café da manhã (macarrão cozido é bem po-pular), imagens fofi nhas de fi lhotes de gato e panda e fofocas sobre celebridades. Não muito diferente do que se vê no Brasil.

Boa parte da juventude chi-nesa, mesmo viciada em web, nunca viu a ocidentalmente famosa foto do homem que desafi ou sozinho uma fi leira de tanques em 1989 – Ng cita uma pesquisa informal em que apenas 15 de cem univer-sitários de Pequim souberam identifi car a imagem icônica. É como se, em 2026, men-ções ao “9/11/2001” fos-sem tão memoráveis para os Estados Unidos quanto um quadro do aspirante a pintor George W. Bush.

O “Babygate”, contudo, ti-nha sex appeal para envolver o “cidadão comum” na crítica massifi cada ao governo.

“Nem todos os internau-tas escrevem sobre política, mas a internet ainda pode ter um impacto político muito grande na China”, diz Emily Parker, autora de “Now I Know Who My Comrades Are: Voi-ces from the Internet Under-ground” (Agora eu sei quem meus camaradas são: vozes da internet underground; Sa-rah Crichton Books, 2014).

“Mesmo sem fazer uma re-volução, ela pode transformar a China. Não vai criar instanta-neamente a democracia, é cla-ro, e os grupos nacionalistas também estão on-line. Mas a internet está proporcionando maior acesso à informação e a sensação de que você não está sozinho”.

Em seu livro, Parker, ex-editora do “New York Times” e colaboradora do “Wall Street Journal”, narra como a internet vem transformando a vida na China a partir de histórias como a de Zhao Jing.

Em 1999, ele era o recep-cionista que entreouvia nos corredores do hotel sobre o protesto de estudantes que o governo literalmente atrope-lara numa praça na capital do país, dez anos antes – episódio que nenhum jornal gastara tinta para divulgar.

Acabou chegando em suas mãos um dossiê com fotos e relatos do que aconteceu na praça da Paz Celestial. Sob o codinome Michel Anti, ele foi fundo no tema e acabou criando seu próprio blog com críticas ao Partido – fechado em 2005 pela Microsost , que o hospedava.

“Perguntei-lhe por que a in-ternet era importante na Chi-na, e ele disse: ‘Porque agora eu sei onde meus camaradas estão’”, relata Parker.

Em 2000, o então presi-dente americano, Bill Clinton, comparou a censura imposta aos “camaradas” chineses à tentativa de pregar gelatina na parede.

Quinze anos depois, a auto-censura virou uma poderosa ferramenta para silenciar vo-zes dissidentes. Atinge o Sina Weibo, que prefere pisar em ovos a pisar no calo do go-verno, e também o internauta receoso de ser convidado para “tomar um chá” com a polícia. Por ora, diz Jason Ng, “a China tem tido sucesso em manter a gelatina longe do chão”.

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

RESUMOO confl ito cibernético entre EUA e Coreia do Norte evidenciou a emergência da era da guerra virtual, que envolve dois gigantes, os EUA e a China. Os norte-americanos pre-param-se desde que a internet foi inventada e a China é acusa-da, há mais de uma década, de promover ataques virtuais con-tra países rivais.

O ditador Kim Jong-un mostra a militares da Co-reia do Norte as possibili-dades de um computador

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G6 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

5Libertação e prisões anunciam ano agitado

O berço dos heróisDiário de Havana

O MAPA DA CULTURA

É 26 de dezembro. Num antigo casarão estilo francês no bairro de Vedado, quase 300 pessoas se reúnem no pátio arborizado. A confraternização de fi nal de ano do Instituto Cubano de Amistad con los Pueblos – órgão vinculado ao Ministério das Relações Exte-riores – é um misto de discursos infl amados, música e comida.

Teria tudo para ser a típica “festa da fi rma” à la cubana. Uma porção de costela de porco e arroz é servida em bandejas de isopor, enquanto um conjunto ao vivo dá o tom do baile. Um tipo de bigode, no entanto, circula por ali com sta-tus de celebridade: todos querem lhe apertar a mão, todos querem uma foto. Fernando González vai de mesa em mesa distribuindo cumprimentos e sorrisos.

Ao lado de Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, René González e Ramón Labañino, González é um dos “cinco heróis”, agentes de inteligência cubanos presos nos Estados Unidos em 1998. Desde o dia 17 de dezembro, quando anunciou-se a liberação

GABRIELA LONGMAN

dos três que faltavam , os órgãos de informação do governo só falam do quinteto. No dia 28, uma escultura gigante em home-nagem aos heróis foi inaugurada no vilarejo de Jaimanitas, a 30 quilômetros da capital.

LembreteNo Museo de Bellas Artes, o

acontecimento reverbera na for-ma de uma instalação do artista cubano Kcho, “No Agradezcan el Silencio”. Ali, num espaço que reproduz uma cela de seguran-ça máxima da prisão federal americana (FDC), o visitante é convidado a colocar um macacão laranja de prisioneiro e a ler sobre a rotina que os “cinco heróis” tiveram durante 17 meses nesse tipo de detenção.

De acordo com um artista con-temporâneo que não quis ter seu nome identifi cado, Kcho vem comprometendo seu trabalho e sua reputação artística ao vin-cular-se, sem ressalvas, à políti-ca ofi cialesca. “Nenhum general jamais foi visto num evento de arte em Havana, mas Kcho, sim, tornou-se o grande amigo de Fidel”, cutuca.

Depois que nomes importantes da arte contemporânea deixaram o país (Los Carpinteros vivem

especialmente em Madri; Ricardo Brey estabeleceu-se na Bélgica), uma nova geração começa a se estruturar em torno da FAC (Fa-brica de Arte Cubana), fábrica de azeites transformada num misto de galeria de arte, espaço de projeções e balada.

Em torno desse grupo alterna-tivo circula também Tania Bru-guera, presa no dia 30 depois de articular uma performance

na praça da Revolução. Intitu-lada “El Susurro de Tatlin #6”, a ação planejada consistia em deixar um microfone aberto para que os cidadãos expressassem sua opinião sobre o governo. O Conselho Nacional de Artes Plás-ticas de Cuba (CNAP) classifi cou a proposta como “inaceitável”. A prisão de Tânia e ao menos 12 outros dissidentes gerou uma gri-ta internacional que fez com que

a soltassem poucos dias depois, mas soa como um lembrete. O controle não terminou.

Desconfi adosO palavreado excessivo sobre o

retorno dos heróis parece inver-samente proporcional ao silêncio sobre a retomada das relações diplomáticas com os Estados Unidos e os próximos passos da abertura econômica. De taxistas

a músicos, de artistas a manicu-res, as esperanças para o novo ano se renovam, mas sempre com reticência.

“Dos americanos nunca se sabe o que se pode esperar. Mas quem passou pelo Período Especial [entre 1989 e 1994, mo-mento de racionamento e fome em todo o país] está preparado para tudo”, diz Suarez, barman do Hotel Nacional.

Espécie de Copacabana Palace havanês, o Nacional é o hotel histórico que hospeda chefes de Estado, abonados e artistas. No lobby, uma grande árvore de Na-tal recebe hóspedes e visitantes com uma faixa ao redor: “Fidel: volveran nuestros héroes”.

“Nada nos deixa mais felizes que saber que os heróis vão passar o Ano Novo com suas famílias”, conta Milena Lopez, bilheteira no Memorial José Marti, fã de Fidel e de boas novelas brasileiras.

“As mulheres brasileiras são lindas. A Camila Pintanga bem poderia ser cubana”, diz, diante da praça da Revolução. A prisão de vários dos dissidentes acon-teceria ali mesmo, poucas horas depois, anunciando a chegada de um ano efervescente, sin perder la ternura.

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G7MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 G

6 Um jantar com Cartier-Bresson

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Paris, 1986

Uma das noites de que me lembro com maior prazer foi aquela em que conheci Henri Cartier-Bresson, o grande fotógrafo francês. Eu estava com Sebastião Salgado e Lélia, sua mulher. Lélia me telefonara al-guns dias antes para convidar-me a acompanhá-los à casa de Cartier-Bresson, em Paris, que nos receberia para jantar. O convite era irrecusável. Foi no final de novembro de 1986, quando me encontrava em Paris para uma reunião da Unesco.

Henri, como o chamam os amigos, morava na rue de Rivoli, em um apartamento com vista para o Jardin des Tuileries, ao fundo da Torre Eiffel, que naquela noite me parecia mais iluminada do que nunca. Estavam presentes na ocasião a mulher de Bresson, Martine Frank, fotógrafa; o filho deles, que saiu mais cedo pois viajava para Milão; Josef Koudelka, fotógrafo tcheco; sua mulher, americana; e Ana Fárová, curadora de fo-tografia, tcheca. Um saboroso menu libanês, com um toque vegetariano, nos foi servido.

Sebastião Salgado comentou, na ocasião, que eu co-lecionava fotografias, e Cartier-Bresson me perguntou o que eu colecionava. Disse-lhe que principalmente fotografia brasileira contemporânea, mas que também tinha seis fotos de Diane Arbus e dez de Ansel Adams, ambos americanos. Bresson me questionou sobre o fato de eu possuir fotografias desses dois famosos fotógrafos, como a insinuar que nada via neles de es-pecial. Fiquei sem saber o que lhe responder, pois não imaginava que se pudesse duvidar da importância de Arbus e Adams. Arrependo-me de não lhe ter afirmado com maior ênfase a minha admiração por ambos.

A recordação que guardo de Cartier-Bresson é a de uma pessoa elegante. Não haveria como ser de outra maneira, já que a elegância é uma das marcas da sua obra fotográfica. Presenteou-me com o livro “Henri Cartier-Bresson”, edição Les Cahiers de la Photogra-phie, com fotos e desenhos seus, no qual escreveu “À Joachim très cordialement Henri”, e com o catálogo “Henri Cartier-Bresson, Zeichnung und Fotografie”, que reunia desenhos e fotografias de exposição que realizara pouco antes em Mannheim, Alemanha. Dedicou este “à Joachim avec mon souvenir le meilleur Henri”.

Em retribuição, dei-lhe exemplar do catálogo da exposição “A Imagem do Corpo Nu”, organizada pela Funarte, no Rio, em setembro daquele ano, da qual eu era um dos oito fotógrafos convidados.

Koudelka, cujo trabalho eu já conhecia e de quem o Centre National de la Photographie, em Paris, publicaria em 1998 seu belo livro “Exils”, impressionou-me por parecer muito arredio, calado, distante. Mas as pessoas podem ser assim...

A capa de “Exils” mostra um cão sobre um campo coberto de neve, na França, em 1987, fotografia na qual se sobressai o contraste entre o animal, exagera-damente negro, quase uma silhueta, e a neve branca e cinza a perder-se de vista. O cão inquieto, a procurar algo com impaciência e avidez.

“Ele [Koudelka] fotografa cães magnificamente. Erran-tes, como ele próprio”, diz Robert Delpire na introdução de “Exils”, que recebeu o prêmio de melhor livro de fotografia de 1988, concedido pelo International Center of Photography de Nova York.

Anna Fárová surpreendeu-se quando lhe disse que já a conhecia, em mais de uma oportunidade, de minhas leituras fotográficas. Ela redigira a introdução do livro de fotografias do seu compatriota Josef Sudek, de autoria de Sonja Bullaty, amiga e ex-assistente do fotógrafo. Ele, que viveu em Praga, foi um poeta da imagem.

O livro é muito bonito, um dos meus preferidos. “As fotografias de Sudek, impressionantemente be-las – desde as primeiras fotos dos anos 20, de uma atmosfera esfumaçada, até as posteriores, imagens mais surrealistas – parecem ainda mais notáveis à luz de sua deficiência física”, lê-se na orelha do livro. Su-dek perdera o braço direito durante a Primeira Guerra Mundial, lutando na Itália.

Fárová admirou-se por eu a ter lido. A surpresa dela parecia maior quando se dava conta de que o seu leitor vinha do outro lado do oceano. Apesar de tudo, o mundo da fotografia não é assim tão grande.

Terminado o jantar, Sebastião e Lélia estavam ale-gres e irradiando vigor. A alegria de Tião me chama a atenção, desde que a percebi melhor uma vez, quando o vi sair de sua casa parisiense, de moto, assobiando animadamente. Anos mais tarde, viria a saber que ele costuma fotografar cantarolando.

Na despedida, agradeci aos dois pela carona oferecida, mas preferi caminhar até o meu hotel do outro lado do Sena, para poder sentir o frio da noite de outono e passar pela bela ponte Alexandre 3º, embalado pelo delicioso vinho que tomara na companhia de pessoas tão especiais.

JOAQUIM PAIVA

DEBORAH NÚÑEZ/DIVULGAÇÃO

Dedicatória de Cartier-Bresson para Joaquim Paiva em que se lê: para Joaquim, com minha melhor lembrança

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G8 MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Estava acontecendo. Naquele mo-mento. Fazia tempo que tinham me avisado e, no entanto. Fiquei para-lisada, as mãos molhadas de suor empunhando o ar. As pessoas na sala prosseguiam com suas conver-sas e gargalhadas, até sussurrando exageravam, enquanto eu. E alguém gritava mais alto que os outros, bai-xem o volume do rádio, não façam tanta bagunça que à meia-noite em ponto os vizinhos vão chamar a polícia. Me concentrei naquela voz estrondosa que parecia não cansar de insistir que mesmo aos sábados os vizinhos iam dormir cedo. Aqueles gringos não eram gente de passar noites em claro como nós, não eram dados a farras, de jeito nenhum. Eram protestantes e protestariam se não os deixássemos dormir em paz. Do outro lado das paredes, sobre nossos corpos e também sob nos-sos pés, agitavam-se todos aqueles gringos acostumados a madrugar já com a meia no pé e os cadar-ços amarrados. Gringos que, com a roupa de baixo impecável e a cara engomada, sentam-se toda manhã para comer seu cereal com leite frio. Mas ninguém ligava para aqueles que não conseguiam pregar os olhos, para suas cabeças afundadas sob os travesseiros, para suas gargan-tas atulhadas de comprimidos que não lhes trariam nenhum alívio se continuássemos sapateando em seu descanso. Sapateando eles, lá na sala. Eu não. Eu fi quei agachada no quarto, com o braço estendi-do para o chão. E de repente me peguei pensando na insuportável vigília dos vizinhos, imaginando que iam apagar as luzes depois de enfi ar tampões ressecados nos ouvidos; que os empurrariam com tanta força que o silicone acabaria estourando.

Pensei que preferia ser eu a ter os tampões arrebentados, ser eu a ter os tímpanos trepanados por seus estilhaços. Queria ser a velha que cobre fi rmemente as pálpebras com a máscara, para tirá-la em seguida e acender a luz. Queria isso porque minha mão ainda suspensa não encontrava nada. Só gargalhadas etílicas atravessando as paredes e me salpicando com sua saliva. Só a voz estridente da Manuela dizendo sem parar por cima da gritaria, pô, galera, um pouco de silêncio! Não, por favor, não, pensei, continuem falando, continuem vociferando, ui-vem, soltem grunhidos se for preciso. Morram de rir. Eu dizia isso a mim mesma com o corpo todo tenso, embora poucos segundos tivessem se passado. Tinha acabado de entrar no quarto de casal, acabado de me inclinar, eu, em busca da minha bolsa e da seringa. Precisava me injetar à meia-noite em ponto, mas não ia conseguir, porque o precário equi-líbrio dos casacos derrubou minha bolsa no chão, porque em vez de parar cuidadosamente, como devia, eu me dobrei e estiquei o braço para apanhá-la. Foi então que um fogo de artifício atravessou minha cabeça. Só que o que eu via não era fogo e sim sangue vertendo dentro do meu olho. O sangue mais espanto-samente belo que já vi na vida. O mais incrível. O mais assombroso. Fluía aos borbotões, mas só eu podia percebê-lo. Vi com absoluta clareza como o sangue se adensava, vi que a pressão aumentava, vi que estava atordoada, vi que meu estômago revirava, que sentia ânsia de vômito e, no entanto. Não me levantei nem me movi um milímetro, nem mesmo tentei respirar enquanto observava o espetáculo. Porque essa era a última coisa que eu veria, naquela noite, com esse olho: um sangue intensamente negro.

LINA MERUANETRADUÇÃO JOSELY VIANNA BAPTISTAILUSTRAÇÃO MARIANA SERRI

ImaginaçãoImaginaçãoImaginaçãoPROSA, POESIA E TRADUÇÃO

7 O estouro

RESUMOO trecho aqui reproduzi-do abre o livro “Sangue no Olho”, que a Cosac Naify lança em fevereiro. O primeiro romance da escritora chilena a ser traduzido no Brasil narra em primeira pessoa os obstáculos enfrentados por uma mulher que fi ca cega após ter seu olho encharcado de sangue.

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[email protected], DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015 (92) 3090-1042

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Artistas x fãsAlém de uma poderosa plataforma de divulgação de trabalhos artísticos, as redes sociais também facilitam o contato entre artistas e fãs, dos elogios às críticas

Apesar de constituir uma poderosa pla-taforma para a di-vulgação do traba-

lho artístico, as redes sociais também facilitam o acesso entre o público e ídolo. A exposição de uma opinião ou fato da vida pessoal po-dem ser motivos de grandes polêmicas para os artistas, que às vezes reagem negati-vamente ao assédio no meio digital. Um caso bastante conhecido envolveu Zezé Di Camargo, que discutiu com fãs na rede social Instagram, sobre uma foto que reve-lava a tatuagem da nova namorado do cantor. Nos comentários, ele se irritou e respondeu de forma gros-seira, chamando a atenção da mídia nacional.

Para o cantor Zezinho Corrêa, a publicação de in-formações que fogem de assuntos profi ssionais pode ser perigosa. “As pessoas têm opiniões diferentes e diversas formas de se ana-lisar um assunto. Ao emitir uma opinião sem ser soli-citado ou contatado para aquilo, o artista enfrenta um público amplo que pode ou não concordar com o que ele diz”, esclarece.

Zezinho, que alcançou su-cesso internacional com a banda Carrapicho na dé-

cada de 90, faz parte de uma geração artística que não teve as redes sociais como principais aliadas na carreira. Porém, ele acredi-ta nos benefícios do meio digital e aconselha que, apesar do cuidado, o artis-ta precisa aceitar as vaias e tentar não se manter distante de seu público.

“Acima de tudo, os artis-tas são seres humanos, são imperfeitos. As críticas têm que ser aceitas e entendi-das como uma forma de melhorar o nosso trabalho, de entender que erramos. O público nem sempre vai gostar do que os artistas publicam, eles têm uma ex-pectativa muito alta quando se trata dos próprios ídolos e então não querem ver algo contrário às suas opiniões”, diz o cantor.

Pessoalmente, Zezinho confessa que nunca entrou em uma discussão públi-ca na web e que procurou sempre resolver o confl i-to de forma pacífi ca. “Eu tento solucionar marcando reuniões com grupos e dia-logando sobre o problema. Acredito que a presença humana e o olhar ainda são essenciais. É muito fácil criticar alguém por meio da máquina, mas pessoalmen-te a situação é diferente. A dica é nunca quebrar, nunca partir e sempre encontrar uma solução”, afi rma.

DiscernimentoA cantora Lucilene Castro

acha que quando se é artista, a exposição é imediata. “É preciso que você tenha um discernimento para receber os elogios e críticas de uma forma serena. Obviamente, as críticas muito pesadas ofendem, pois, ninguém gos-ta de ser atingido por pedras e sempre que fazemos um trabalho acreditamos que fazemos o melhor. Porém, também defendo que o feed-back do público tem que ser feito de forma respeitosa”.

Quanto às opiniões pesso-ais que acabam ofendendo parte do público, Lucilene acredita que a educação é a medida mais indicada para evitar confl itos. “Se você emite opiniões grosseiras e mal educadas, é claro que você vai ofender alguém. O artista, por ser uma fi gura pública, tem que ter esse cuidado sempre”.

Embora já tenha se mani-festado algumas vezes nas redes sociais em repostas às críticas, a cantora ama-zonense afi rma que procu-ra a sensatez. “Eu procuro não me envolver muito e entender que aquilo é uma coisa rápida e efêmera. Logo, surge outro assunto para se criticar e as pes-soas acabam esquecendo. Em vez de me estressar, acho melhor deixar a poeira baixar”, declara.

SÉRGIO RODRIGUESEspecial EM TEMPO

Cileno já foi alvo de críticas no Facebook há cerca de dois anos quan-do opinou sobre homosse-xualidade na rede social. Segundo o cantor, o texto publicado não expressou corretamente seu argu-mento e abriu margens para interpretações erra-das. “Sofri um terrorismo virtual por umas duas se-manas, mas admito que não usei as palavras cor-retas e que quando se é uma pessoa pública você

passa por esse tipo de coisa. Mesmo após esse caso, não deixei de usar o Facebook, só que agora tomo muito mais cuidado com o que escrevo. Respei-to as opiniões de todos que têm críticas contra mim e não deleto comentários a não ser que sejam ofensas muito pesadas”.

De acordo com Cileno, o artista tem que estar preparado para lidar com os dois lados da moeda em uma rede social. “É uma

ferramenta muito po-derosa para eu me co-municar com meus fãs quando estou longe dos palcos. Mas, é também um lugar onde você pode sofrer represálias. Acho que quando o artista rea-ge de uma forma ofensiva contra seus fãs, devido a críticas a seu trabalho ou a sua vida pessoal, isso mostra o quanto ele não está preparado para ser uma fi gura pública”, res-salta o cantor.

Cantor já foi alvo de críticas

Irritado com comentáriosO cantor sertanejo Zezé

Di Camargo se irritou com fãs que criticaram a tatu-agem feita pela namorada, Graciele Lacerda, em outu-bro de 2014, na rede social Instagram. Ao agradecer à Graciele, que tatuou as ini-ciais G e ZC com um cora-ção, Zezé acabou entrando numa discussão por meio dos comentários.

Além das críticas à própria tatuagem, uma das inter-

nautas falou sobre o relacio-namento do cantor. “Como você é burro Zé, ela vai dar um golpe em você. Eu acho é pouco, tá se achando de-mais porque está namoran-do uma...”, escreveu a fã.

A resposta polêmica do cantor ao comentário veio logo em seguida. “Ela pode até dar um golpe porque ela é linda, agora você com essa cara não consegue dar um nem em um jumento”.

A cantora Lucilene Castro acredita que a

educação é a medida mais

indicada para evitar confl itos

cuidado sempre”.Embora já tenha se mani-

festado algumas vezes nas redes sociais em repostas às críticas, a cantora ama-zonense afi rma que procu-ra a sensatez. “Eu procuro não me envolver muito e entender que aquilo é uma coisa rápida e efêmera. Logo, surge outro assunto para se criticar e as pes-soas acabam esquecendo. Em vez de me estressar, acho melhor deixar a poeira baixar”, declara.

ferramenta muito po-derosa para eu me co-municar com meus fãs quando estou longe dos palcos. Mas, é também um lugar onde você pode sofrer represálias. Acho que quando o artista rea-ge de uma forma ofensiva contra seus fãs, devido a críticas a seu trabalho ou a sua vida pessoal, isso mostra o quanto ele não está preparado para ser uma fi gura pública”, res-salta o cantor.

Cantor já foi alvo de críticas

Cileno diz que respeita as opiniões de todos que têm críticas em relação a ele, mas deleta comentários ofensivos

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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

Reality estreia nova temporadaSÃO PAULO, SP – “Nasce-

mos nus, o resto é drag”, can-ta a artista norte-americana RuPaul, 54, na canção “Born Naked”. Os versos parecem traduzir o estilo e o legado da estrela do mundo drag – ter-mo que designa homens que se travestem de mulher em performances. Desde 2009, ele está à frente do reality show “RuPaul’s Drag Race”, exibido no país pelo serviço de TV sob demanda Netfl ix.

Em sua sétima temporada (estreia em 26/1 nos EUA e che-ga ao Brasil ainda em 2015), a atração é uma competição em que participantes disputam a

coroa de “próxima superstar drag”. Ganha quem mostrar mais “carisma, singularidade, determinação e talento” nas provas de costura, atuação e “montação”. As provas trans-formaram o programa em fe-nômeno onde é exibido.

A Netfl ix não fornece dados de audiência, mas é possível perceber que a atração caiu no gosto brasileiro pelas festas em homenagem à atração e as turnês de ex-participantes pelas capitais do país. “Sério?”, surpreende-se RuPaul, aos ri-sos, quando a reportagem ex-plica que haverá sete shows de suas “afi lhadas” no Brasil de janeiro a março de 2015. “Es-perava sucesso nos EUA, mas jamais imaginei que virasse hit

mundo afora”, diz à reporta-gem, por telefone.

Na conversa, ele – fora dos palcos,

RuPaul pede para ser chamado no masculino – confi rmou a versão inglesa do programa, disse que está negociando uma edição alemã e contou que ado-raria produzir um “Drag Race” brasileiro. “Estive no Rio de Janeiro no Carnaval de 1996 e adoraria voltar. Me diverti mui-to!”, relembra. “[Os brasileiros] são as pessoas mais bonitas que já vi na vida”, completa.

O sucesso, os fãs célebres – Scarlett Johansson e Lady Gaga são espectadoras de-claradas – e os contratos pu-blicitários obtidos pelas parti-cipantes, porém, não mudam sua crença de que o drag ainda é uma cultura underground e deve permanecer assim. “Mes-mo no mainstream, o drag tem um quê de politicamente incorreto”, comenta.

SupermodelRuPaul Andre Charles, seu

nome de batismo, cresceu em San Diego (EUA) como um garoto obcecado pelo trio pop e soul The Supremes, liderado pela cantora Diana Ross. Em

1987, ele se mudou para Nova York, onde se fi rmou

nos clubes locais e conseguiu uma ponta no clipe “Love Sha-ck”, do B-52’s. O sucesso veio com o disco “Supermodel of the World”, de 1992.

Até a estreia de “Drag Race”, RuPaul estava rele-gado à memória do início dos anos 1990. “Agora vivo o auge da minha carreira, como vivi.” Apesar de estar há sete anos no ar, “mama Ru”, como é chamada pelas com-petidoras, diz que só agora o programa teve suas primei-ras fi lhas. “Pela primeira vez, as concorrentes cresceram vendo ‘RuPaul’s Drag Race’. Elas entendem a linguagem e são competitivas de um jeito inédito.”

que participantes disputam a suas “afi lhadas” no Brasil de janeiro a março de 2015. “Es-perava sucesso nos EUA, mas jamais imaginei que virasse hit

mundo afora”, diz à reporta-gem, por telefone.

Na conversa, ele – fora dos palcos,

sua crença de que o drag ainda é uma cultura underground e deve permanecer assim. “Mes-mo no mainstream, o drag tem um quê de politicamente incorreto”, comenta.

nome de batismo, cresceu em San Diego (EUA) como um garoto obcecado pelo trio pop e soul The Supremes, liderado pela cantora Diana Ross. Em

uma ponta no clipe “Love Sha-ck”, do B-52’s. O sucesso veio com o disco “Supermodel of the World”, de 1992.

Race”, RuPaul estava rele-gado à memória do início dos anos 1990. “Agora vivo o auge da minha carreira, como vivi.” Apesar de estar há sete anos no ar, “mama Ru”, como é chamada pelas com-petidoras, diz que só agora o programa teve suas primei-ras fi lhas. “Pela primeira vez, as concorrentes cresceram vendo ‘RuPaul’s Drag Race’. Elas entendem a linguagem e são competitivas de um jeito inédito.”

‘DRAG RACE’

Del Toro produz série de fantasiaSÃO PAULO, SP – Guillermo

del Toro, diretor de “O Labirin-to do Fauno”, vai transformar um de seus projetos de fi lme em uma série na Amazon. O ci-neasta escreverá o roteiro do

primeiro episódio de “A Killing on Carnival Row” com Travis Beacham e Rene Echevarria, além de assumir a direção e produzir a série.

A trama se passa em uma

cidade em que humanos, fa-das e outras criaturas coe-xistem. No roteiro original, um detetive busca um as-sassino serial que tem como alvo criaturas místicas.

AMAZON

Competição en-tre drag queens

comandada por RuPaul é

exibida no país pelo Netfl ix

. Tudo ok! O principal evento do high society de Manaus no Carnaval, já tem data e local escolhidos!

. Será no dia 7 de fevereiro, no novíssimo Village Festas, juntando o melhor elenco da cidade, no evento que tem uma bela camiseta/convite, item que será customizado pelo time de socialites de Manaus, que anualmente dão o charme especial na festa com tempero carnavalesco. Aliás, este é um dos poucos eventos de Carnaval que ainda reúne society em Manaus.

. A feijoada será preparada pela equipe cinco estrelas do Village e a Banda Im-pakto, além de uma bateria de escola de samba, dará tom à festa. As camisetas podem ser adquiridas pelo contatos : 99985-1422, fone e whatsaap. Agendem.

>> Feijoada de Carnaval vai agitar o society

. A bela Yasmin Aziz ganhou festa de aniversário, quinta-feira com jantar très chic.

. O local onde aconteceu o petit comitê? No restaurante Village, com uma ala fechada para o evento, que reunia apenas a família da aniversariante e um grupo de amigos.

. Noite cheia de charme com menu especial e a simpatia dos Aziz, amigos queridos da coluna. Noite dez.

>> Niver com charme

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. A bela Yasmin Aziz ganhou festa de aniversário,

. O local onde aconteceu o petit comitê? No restaurante Village, com uma ala fechada para o evento, que reunia apenas a família da

. Noite cheia de charme com menu especial e a simpatia dos Aziz, amigos queridos da coluna.

Murad Aziz e Marília Zuazo e Júlia Zuazo

Marcos e Josana Mundstock Yndira Aziz

Muhammad Aziz, Guilherme Pinto e Geovana Andrade Amim Aziz e a bela Camila Barbosa

Ítalo, Júlia e Carla Ismail

Amin Aziz com a fi lha Yasmin e a noiva Camila Barbosa

Ana Paula Perrone e o fi lho Léo Samara Aziz e Maurício de Souza

Andréa e Mansur Aziz com Lili Cantisani

Yasmin Aziz e a mãe Ingrid Fraxe

Os irmãos Yasser, Yas-min e Aminzinho Aziz

A bela Yasmin Aziz, aniversariante da tem-porada, no jantar que movimentou o Village, na quinta-feira

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Atividades culturais variadas

ARTCENA

A Escola de Teatro Artcena preparou várias atividades culturais para as férias do público amazonense, com opções para todas as idades. Na última semana teve iní-cio o Curso de Teatro Inten-sivo, que vai até o próximo dia 30, onde será estudado o primeiro módulo e toda a base teatral.

Para as crianças, está sendo finalizada a primei-ra semana da Colônia de Férias Cultural, com 25 participantes. Durante esta semana elas apren-deram teatro, dança, artes circenses e jogos criativos em equipe. E, atendendo a pedidos, a duração da colônia foi prolongada e, na próxima semana, haverá atividades para as crianças que já participam e também

para novos inscritos.A colônia será realizada de

amanhã até o dia 16 de janei-ro. A programação inclui jogos teatrais, oficinas de expres-são corporal, artes circenses com malabares, acrobacias e perna de pau, artes manu-ais, confecção de balangan-dãs, origami, brinquedos com objetos recicláveis e jogos de competição na gincana, para estimular nos pequenos o espírito esportivo, liderança e a importância do trabalho em equipe. O público-alvo são crianças de 5 a 11 anos.

E para os adolescentes e adultos, a professora chile-na Luna Toselli – que tem no currículo formação em desenho, corte e confec-ção de moda pela Escuela de Diseño e Vestuário IK – vai ministrar a Oficina

de Máscaras, voltada para artesãos, atores, cenógra-fos e interessados. Nesse curso, o aluno irá aprender as técnicas de papel ma-chê, pintura, gesso e uso de materiais reutilizáveis. O objetivo é estimular o aluno a reutilizar materiais que também poderão ser a matéria-prima para criar e confeccionar um dos gran-des símbolos do teatro, a máscara. O curso vai ser promovido de 12 a 16 de janeiro, de 14h às 17h.

As inscrições para os cur-sos podem ser realizadas na Escola de Teatro Artcena (avenida Tancredo Neves, 619, Parque 10). Os telefo-nes para informações são 3342-2425 e 9112-1866. O site da escola é o www.artcena.art.br.

Além do público infantil, a Artcena oferece cursos de férias para adolescentes e adultos

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AÇÃO

Casarão oferece curso de férias com foco na dançaO espaço cultural promoverá, a partir de amanhã, oficinas de balé clássico intermediário e dança contemporânea

Pela primeira vez o Casa-rão de Ideias – espaço cultural ligado a todas as artes – realizará um

curso de férias com foco na dança, mais especificamente no balé clássico intermediário e na dança contemporânea. As aulas, ministradas pelos baila-rinos Getúlio Lima e Adriana Góes, iniciam amanhã e se-guem até sexta-feira, 16, das 16h às 17h30 (clássico) e 17h30 às 19h (contemporânea). As inscrições já estão abertas e po-dem ser feitas no próprio local, localizado na rua Monsenhor Coutinho, 275, Centro.

Segundo João Fernandes, diretor do espaço cultural, um dos diferenciais do curso de férias é a música ao vivo. “No caso do clássico, muitas esco-las oferecem as aulas, mas as músicas são por meio de CD. Neste curso, especificamente, os bailarinos terão a participa-ção da pianista Halina Kuus-shynchykava que, juntamente com o Getúlio, poderão traba-lhar a questão dos movimentos do corpo no tempo da música, tudo ao vivo. Algo que é bem diferente quando se usa um disco, por exemplo”, explica.

Getúlio Lima, que é diretor e integrante do Corpo de Dança do Amazonas (CDA), apresen-tará técnicas para alunos que já possuem noção de balé clássico. “A ideia é potencia-lizar as técnicas ensinadas nas escolas de Manaus. Ele é um profissional com um res-peitado currículo e, durante o curso, poderá trocar informa-

ções com os alunos, ter esse feedback sobre o balé clássico dentro do Estado”, comenta.

Responsável pelas aulas de dança contemporânea, a bai-larina Adriana Góes – também integrante do CDA – apresen-tará aulas mais “livres”, como o próprio Fernandes fez ques-tão de ressaltar. “Nesse caso, a intenção é explorar o corpo, explorar movimentos de pes-

soas que estejam na mesma vibe. A Adriana é coreógrafa e sabe a melhor maneira de despertar os movimentos cer-tos em cada um”, diz.

Professor do curso de Dança da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fernandes afirma que o curso tem ga-nhado cada vez mais desta-que dentro do Estado. “Temos essa noção quando abrimos as inscrições para o vestibular. Sempre são disponibilizadas 40 vagas e contamos com 300 inscritos, o que é um número expressivo”, avalia.

Ele atribuiu essa procura ao fato da população ter se conscientizado que a dança pode ser muito mais do que uma atividade de bem estar. “Ela pode ser um ofício. A dança tem conquistado espa-ço no mercado de trabalho. E agora na UEA estamos, inclu-sive, com uma pós-graduação. Porém, é bom lembrar que somente a universidade não é o suficiente. O bailarino tem que se especializar”, finaliza.

Para participar do curso de fé-rias, os interessados precisam ter acima de 14 anos. No caso do curso intermediário clássico, é necessário experiência no balé clássico. O investimento é R$ 100, por curso. A oficina de balé clássico intermediário será orientada pelo bailarino Getúlio Lima

DIV

ULG

AÇÃO

AO VIVOUm dos diferenciais do curso de férias, de acordo com o diretor do Casarão de Ideias, João Fernandes, é a utiliza-ção de música ao vivo com a pianista Halina Kuusshynchykava

SERVIÇOCURSO DE FÉRIAS

Quando:

Onde:

Quanto:

Informações:

De 12 a 16 de janeiro, das 16h às 17h30 e das 17h30 às 19h

Casarão de Ideias (rua Mon-senhor Coutinho, 275, Centro)

R$ 100, por curso

(92) 3633-4008 ou 98116-7098

BRUNO MAZIERIEquipe EM TEMPO

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Page 36: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

‘INDIE COMICS’DIVULGAÇÃO

Quadrinhos locais em destaqueDe 15 a 31 de janeiro,

mais precisamente nas quin-tas, sextas e sábados deste mês, sempre a partir das 15h, a Strat Cult realizará o “Indie Comics Manaus”, no Sesc Centro, que tem como objetivo apresentar artis-tas locais por meio de seus trabalhos, além de ministrar palestras e promover encon-tros. O evento contará ainda com a exposição “A Voz do Fogo”, com quadrinhos que homenageiam Alan Moore, e a mostra “Tiras de Humor e Liberdade”, com trabalhos de diversos artistas.

A ideia é mostrar aos fãs de quadrinhos o material produ-zido na cidade, ampliar a visi-bilidade dos artistas e aumen-tar o alcance de suas obras. “Para que haja um mercado de quadrinhos autorais na cida-de, precisamos fomentar um público disposto a consumir esse material, e nada me-lhor para isso que viabilizar a

aproximação artista-público”, diz Evaldo Vasconcelos, orga-nizador do evento.

As três formas de inte-ração desenvolvidas foram: mesas dos artistas, no qual o público poderá comprar o material e conhecer o tra-balho de cada um dos ar-tistas convidados; palestras e encontros com os pro-fissionais, onde será pos-sível conhecer o processo de criação dos quadrinhos e informações técnicas sobre a nona arte e as duas expo-sições coletivas.

ExposiçõesA principal atração do even-

to, sem dúvida, será um espa-ço para exposições e venda de obras autorais. Nele, os fãs de quadrinhos poderão encontrar com quadrinhistas, chargistas, ilustradores e pro-fissionais de diversas outras áreas.

A organização do evento já

tinha em seu planejamento uma exposição coletiva de tra-balhos com tema livre, mas devido ao atentado à equipe do “Charlie Hebdo”, na França, que matou 12 pessoas entre elas quatro cartunistas (um

deles sendo Wolinski, que veio a Manaus em 2007 como jura-do do Amazonas Film Festival), o tema foi alterado.

“O que aconteceu foi um atentado à liberdade de ex-pressão, à tolerância. Cartu-

nistas morreram por terem satirizado e questionado. Isso nos faz pensar e rever con-ceitos e analisar os limites da fé, e repensar valores”, comenta Vasconcelos. Ainda durante o evento temas liga-dos a agressão aos chargistas serão abordados.

Para completar as ativida-des, todas as sextas e sába-dos haverá mesas abertas de RPG e Boardgames, com a equipe do grupo RPG Urbano, ensinando os interessados e apresentando o mundo dos jogos desplugados.

A organização conta com o apoio de artistas visuais que tenham interesse em colabo-rar com a exposição coleti-va. As obras serão recolhidas até o dia 13 de janeiro, na Galeria Moacyr de Andrade, no Sesc Centro (rua Henri-que Martins, 427), das 15h às 20h. Mais informações po-dem ser adquiridas pelo e-mail [email protected].

ATRATIVOSA exposição “A Voz do Fogo”, com quadrinhos que homenageiam Alan Moore, e a mostra “Tiras de Humor e Liberdade”, com tra-balhos de diversos artistas, estão entre os destaques do evento

Objetivo do “Indie Comics” é ampliar a visibilidade de artistas da cidade

Proibidas filmagens de perseguição em Roma

SÃO PAULO, SP – Auto-ridades romanas negaram o pedido da produção do longa “Spectre”, da fran-quia James Bond, para fil-mar uma perseguição de carro na esquina das Quat-tro Fontane, monumentos históricos renascentistas.

Federica Galloni, conse-lheira municipal, disse em entrevista ao jornal italiano “Il Messagero” que a cena foi vetada porque o local

“é frágil demais em termos de arquitetura”. Ela disse ainda que os produtores foram aconselhados a uti-lizar efeitos especiais para criar a sequência.

O local chamado de “Quattro Fontane” é a in-tersecção entre a Via delle Quattro Fontane e a Via del Quirinale, na capital italia-na, que tem, em cada uma de suas esquinas, uma fonte do período renascentista.

CINEMA

EP novo para a KatastroRESENHA

PERFIL

Emir Fadul Radialista da Rádio EM TEMPO

Em uma de minhas vi-sitas ao site de acervo musical SoundCloud descobri essa fan-

tástica banda americana do Arizona chamada Katastro. Fundada em 2007, após inje-tar no mercado quatro álbuns de pouca expressão, a banda revoluciona sua sonoridade e nos presenteia com seu quinto CD, intitulado “No Mud No Lotus”, lançado em novembro do ano passado. O quarteto é formado por Andy Chaves nos vocais, Andrew Stravers na bateria, Tanner Riccio na gui-tarra, e Ryan Weddle no baixo. Influências à parte, a banda se inspira no West Coast Hip Hop tendo presença marcante a atmosfera noventista, como Red Hot Chili Peppers, Incubu-se até o lendário mestre das guitarras, Jimi Hendrix.

O primeiro single do novo LP, “Runaway”, rapidamente sal-tou para o topo do SoundClou-deTrending Música Chart, com mais de 35 mil acessos em apenas uma semana. Esta é a primeira vez que a banda trabalha com um produtor ao longo de todo o processo de composição e gravação. Curtis Douglas (The Maine, Eagles, Austin Gibbs e Sarah Robinson, The MidnightSpe-cial) no Mountain Studios Red se propôs a criar um trabalho que seja aberto e acessível, preservando o seu estilo de assinatura. Com um novo pro-

dutor e uma visão objetiva, a Katastro entrou em estúdio por um mês e meio, e surgiu com o EP “No Mud No Lotus”. O nome é derivado da ideia de Yin e Yang em que, para alcan-çar o sucesso e felicidade, você tem que experimentar alguns momentos difíceis, ou seja, significa que para ter a felicidade que você deve experimentar o sofrimento. A flor de lótus só pode cres-cer na lama. Você não pode ter um sem o outro e eles andam de mãos dadas, aí justifica-se o nome.

O vocalista Andy Chaves é conhecido por sua versatilida-de vocal natural, capaz de mu-dar habilmente de estilos indo do rock ao hip hop facilmente. O trabalho com Douglas como produtor fez toda a diferença na concepção do álbum.

O grupo produz uma sonori-dade muito peculiar, aplicando grooves com bastante con-tratempo e utilizando efeitos de delay na guitarra, que faz um preenchimento saudável no sumo musical. Letras fa-lando de amor sempre dão certo, e com os americanos não foi diferente.

Neste álbum as melodias recorrem a arranjos simples, mas coesos, resultando uma sonoridade bem agradável. Destaque para a música de trabalho “Runaway”, campeã de acessos mostrando uma nova cara aos grooves tradi-

cionais. Sempre batendo no tempo inverso, imprime um volume diferente e sempre subindo o clima da música. Acha-se pouco esta combi-nação no mercado musical, principalmente no pop-rock tradicional. Ouvindo os dis-cos anteriores da banda, percebe-se um amadureci-mento incrível atribuído ao produtor Douglas, que perce-beu o potencial dos gringos e o fez aflorar!

Esta então vai como dica para os que optam por um som bem desenvolvido e rico em acordes sinuosos e bem diferente das produções coti-dianas. Ouça a Katastro com a

mente aberta e descubra que muitas surpresas agradáveis virão nesta esplêndida audi-ção. Espero que todos sejam surpreendidos como eu fui ao conhecer esta banda! Os fãs podem encontrar maiores informações no site oficial, www.katastro.com.

O grupo produz uma sonorida-de muito peculiar, aplicando grooves com bastante contratempo e utilizando efeitos de delay na guitarra, que faz um pre-enchimento saudável no sumo musical”

SERVIÇOFICHA TÉCNICA

Título

ArtistaProdução

Ano

No Mud No Lo-tus (9 faixas)KatastroMoutain Studios RedNovembro/2014

DIVULGAÇÃO

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Page 37: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Estreia transferidaLonge da tradicional pressão que

existe sobre as novidades da tele-visão, o que se observa na Globo, agora, é que o seu alto comando passou a oferecer o oxigênio neces-sário para que suas equipes possam implantar seus novos projetos. O “Zorra Total”, com novo formato, não vai mais estrear em abril. Ficou para maio, mais precisamente no dia 2, opção que a sua nova equipe entendeu como sufi ciente para rea-lizar todos os ajustes prometidos.

Aqui se disse, há alguns dias, que Marcelo Meira conquis-tou um novo posto na Band. De acordo com o comunica-do distribuído para todos os setores, ele assumiu a Vice-Presidência Executiva de Te-levisão, cargo que até então não existia. Dentro desse novo organograma, Meira só fica atrás do dono, Johnny Saad, e de Walter Ceneviva Vieira – vice-presidente executivo.

C’est fi ni

Bate–Rebate• A Caprichosos de Pilares

está oferecendo todo suporte necessário para a escola de samba da “Império”...

• ... Durante o desfi le da nove-la vários dos seus integrantes irão servir como apoio.

• A grade da Rede Globo para este 2015 ainda não está totalmente fechada...

• ... Existe ainda uma série de detalhes que só serão resolvidos no decorrer dos próximos dois meses.

• Luiz Bacci passou a última semana gravando pilotos do novo jornal que irá apresen-tar, a partir desta segunda, na Band...

• ... O programa, sob o título “Café com Jornal – edição Brasil”, será exibido às 8 da manhã.

• Novela “Babilônia” conti-nua acelerando os trabalhos em externas. Na última sema-na foram feitas várias cenas na praia do Leme.

ObservaçãoJá foram feitas mudan-

ças no posicionamento dos repórteres e gravações de cabeças. Mas algo que, par-ticularmente chamou aten-ção e acabou sendo alvo de críticas, foi uma reporta-gem do Zeca Camargo no exterior – cujo objetivo era mostrar os bastidores da teledramaturgia. Entendeu o Boninho que não tem cabi-mento ele, o Zeca, sair daqui do Brasil, para fazer “prova de roupa” na Índia.

Não pode falarComo aqui se falou, a

Globo só irá anunciar o elenco de “Verdades Secre-tas”, nova novela do Walcyr Carrasco para as 23 ho-ras, depois de resolvidas as questões contratuais. Até lá, todos, incluindo o seu autor, estão terminan-temente proibidos de se manifestar sobre isso.

Vale lembrar“Verdades Secretas”

tem alguns nomes asse-gurados em seu elenco, solicitados pelo seu autor desde o início dos traba-lhos. Deborah Secco, Ro-drigo Lombardi e Reynaldo Gianecchini, entre eles.

Passo importanteAinda sobre “Verdades

Secretas”, há o desejo de se encerrar a busca pela protagonista da novela, uma lolita, nesses próximos dias. A informação é que o diretor Mauro Mendonça Filho até já tem essa pessoa.

Agora simUma antiga reivindicação

do telespectador da Globo, fi nalmente, será atendida. O programa “Profi ssão Repór-ter”, comandado por Caco Barcellos nas noites de ter-ça-feira, passará a ser apre-sentado mais cedo, a partir deste ano.

Agora sim 2Conforme a coluna havia

informado, o programa irá ao ar imediatamente após a primeira linha de shows. Na sequência do “BBB 15”

no primeiro momento e, em abril, depois de “Tapas & Beijos”.

Tal informação...Apenas vem aumentar ain-

da mais as suspeitas de que a chamada terceira linha de shows da Globo não vai mais existir. Os programas que a ela pertenciam, ou irão mudar de horário ou sim-plesmente deixarão de ser produzidos.

A origem de BellaEm cenas previstas para

exibição em fevereiro, o au-tor Daniel Ortiz começa a revelar os mistérios da per-sonagem Bella, vivida pela menina Nathália Costa, em “Alto Astral”, da Globo. Tam-bém a partir daí, a novela entrará em uma nova fase.

CuriosidadeSérgio Guizé, um

dos protagonistas de “Alto Astral”, tem dois amores na novela. O primeiro é Nathalia Dill, seu par român-tico dentro e fora da história. E o outro, Nathália Costa, a Bella. O ator tem um carinho tão grande pela menina, que faz questão até de con-vidar os familiares dela para os eventos em sua casa.

GLOBO

O processo de formação re-gional no âmbito das políticas públicas para a cultura e, neste sentido, pensarmos qual o tipo de gestor cultural que melhor sincroniza com o espírito do ambiente é sempre relevante nos voltarmos ao processo de construção de tais políticas ao longo da história de modo com que tenhamos, por fi m, uma panorama dos obstáculos enfrentados para a efetivação de um projeto nacional para a cultura e quais os principais itens que moldaram a face polí-tica brasileira remediada para o plano cultural – consequen-temente e supracitadamente para o gestor cultural (ou os gestores culturais) habilitados a desempenhar tal tarefa, ou diríamos melhor, desafi o. Pre-ferimos direcionar melhor nos-so olhar ao profi ssional que atua em órgãos públicos pois convergente de modo mais ob-jetivo às nossas necessidades e interesses.

É difícil enfrentarmos o fan-tasma do populismo onde tudo é festa, pão e circo, enquanto que ações de mapeamentos culturais, políticas de inova-ção entre ciência, tecnologia, cultura e educação são dei-xadas de escanteio pois não dão voto e não interessam ao espetáculo da mídia a que os políticos almejam.

De repente você, um univer-sitário, pós-graduado, falan-te de dois ou mais idiomas, viajado, conhecedor de vários aspectos da gestão cultural e da administração se vê como um tecnocrata a mais, uma secretária sempre com o ca-derno apostos a anotar o úl-timo recado.

As políticas culturais no Bra-

sil, neste começo de século 21, de algum modo atualizam e res-signifi cam os debates em torno dos chamados direitos cultu-rais, formulados pela Unesco em 1966. A autonomização do indivíduo em detrimento do Es-tado é a principal evidência su-gerida pelos direitos humanos. O que não é de se espantar, haja vista as atrocidades co-metidas não só pelo partido nazista mas sobretudo a dos próprios regimes imperialistas que subjugavam as gentes de suas colônias de forma a deixá-las à revelia de toda a sorte de infortúnios – como foi o caso da Inglaterra, por exemplo, e suas posses na Ásia.

Para pensarmos no futuro da gestão cultural e do sujeito que o realiza é necessário que haja uma revolução cultural na política de modo que nossos representantes compreendam a cultura como algo presente, natural e essencial na vida dos seres humanos e que uma política cultural tende não só a potencializá-la mais a com-preender os aspectos mais comezinhos de sua produção. Já temos uma experiência re-levante neste sentido: o país consolidou-se aos trancos e barrancos como nação, esta-beleceu uma literatura e uma indústria editorial; além disso, produziu um músico de talento sem igual nas Américas em todo e século 19, Carlos Go-mes; investiu em tecnologia patrocinando as audácias e marcantes peripécias de Alber-to dos Santos Dumont; além de uma série de escritores que começaram suas carrei-ras em ambiente profi ssional, como Machado de Assis, um dos maiores das Américas.

Márcio Braz E-mail: [email protected]

Márcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural

É difícil enfrentar-mos o fantasma do populismo onde tudo é festa, pão e circo, enquanto que ações de mape-amentos culturais são deixadas de escanteio”

A gestão cultural

REGI

GILMAL

MÁRIO ADOLFO

ELVIS

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Page 38: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

GLOBO

Programação de TVSBT

4h Santo Culto em Seu Lar4h30 Desenhos Bíblicos7h30 Record Kids – Pica Pau9h Domingo Show13h30 Hora do Faro17h30 Domingo Espetacular21h15 Repórter em Ação

5h30 Igreja Int. da Graça8h TV Kids11h Igreja da Graça12h Fique Ligado13h En Circuito14h30 Jardel Deltrudes15h15 Sempre Bem15h45 Concessionário16h Te Peguei16h30 Viagem Cultural by Decolar17h Te Peguei17h30 Encrenca19h15 Te Peguei na TV20h45 Havaí 5.021h30 Teste de Fidelidade22h30 Luta Tribal23h30 É Notícia0h30 XFC Internacional – VT1h30 Igreja Int. da Graça

3h45 Jornal da Semana SBT5h Brasil Caminhoneiro5h30 Planeta Turismo6h30 Vrum7h Mundo Pet7h45 Chaves9h Domingo Legal13h Eliana17h Roda a Roda Jequiti17h45 Sorteio da Telesena18h Programa Silvio Santos22h De Frente com Gabi23h Série: Nikita0h Série: Rizzola & Isles1h Série: Pessoa de Interesse2h Big Bang3h15 Jogo da Gente4h Igreja Universal

RECORD

4h28 Santa Missa5h29 Amazônia Rural5h57 Pequenas Empresas, Grandes Negócios6h30 Globo Rural7h25 Auto Esporte

CruzadinhasCinema

A Noite da Virada: BRA. 12 anos. Playarte 2 – 19h20, 21h20 (diaria-mente), 23h20 (somente sexta-feira e sábado).

Os Caras de Pau: BRA. 10 anos. Cinemark 8 – 11h50, 14h, 16h30, 19h, 21h15 (diariamente), 23h40 (so-mente sábado); Cinépolis Millennium 6 – 15h40, 17h55, 20h10, 22h20 (diariamente), Cinépolis Millennium 7 – 18h45, 20h50 (diariamente), Ciné-polis Plaza 7 – 16h20, 18h30, 20h35, 22h30 (diariamente), Cinépolis Plaza 8 – 13h45, 15h45, 17h50, 19h50 (dia-riamente); Cinépolis Ponta Negra 9 – 13h30, 15h55, 18h45, 21h15 (diai-riamente); Kinoplex 1 – 14h25, 16h50, 19h15, 21h40 (diariamente); Playarte 2 – 13h25, 15h25, 17h25 (diariamente), Playarte 8 – 14h15, 16h15, 18h15, 20h15 (diariamente), 22h15 (somente sexta-feira e sábado).

Êxodo – Deuses e Reis: ING-EUA.

14 anos. Cinemark 4 – 11h40, 17h30, 21h (diariamente), Cinemark 5 – 13h40, 16h50, 20h (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sábado); Cinépolis Mil-lennium 1 – 17h30, 20h35 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Millennium 2 – 15h, 18h10, 21h20 (leg/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 22h (3D/dub/diariamente); Cinépolis Plaza 2 – 18h45, 21h55 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 7 – 13h55, 17h, 20h05 (dub/dia-riamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 19h05, 22h20 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 2 – 14h05, 17h35, 21h35 (leg/diariamente), Ciné-polis Ponta Negra 4 – 21h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 18h30, 22h (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 19h30 (dub/diariamente); Kinoplex 3 – 15h, 18h, 21h (3D/dub/diariamente); Playarte 1 – 15h20, 20h40 (3D/dub/diariamente), 23h30 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado), Playarte 5 – 12h20, 15h10, 18h, 20h55 (dub/diariamente), 23h45

CONTINUAÇÕES

HoróscopoÁRIES - 21/3 a 19/4 Um dia para ter uma visão sem ilusões a respeito de si mesmo, e também de senti-mentos e afeições. Pode ser desconcertante, mas você se perceberá com mais clareza.

TOURO - 20/4 a 20/5 Sua relação com o prazer sensual precisa ser transformada e refi nada. A manutenção de seus princípios deve impedir algo que lhe agrada, mas lhe faz mal.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Seus desejos afetivos podem ser negados por situações duras e impositivas. As relações sociais e as amizades sofrem por isso algum tipo de baque ou mesmo uma perda.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Momento para olhar de perto os aspectos mais difíceis e confl ituosos em sua profi ssão. As ilusões que pudesse estar alimentando no trabalho serão transfi guradas.

LEÃO - 23/7 a 22/8 A realidade imediata impõe os caminhos do dia. O cultivo de pensamentos agradáveis, mas talvez superfi ciais, será interrompido bruscamente por urgências práticas.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Sentimentos fortes tendem a invadir, pertur-bar e mudar a sempre frágil harmonia das relações afetivas. Pode haver uma decepção consigo mesmo ou com a pessoa amada.

LIBRA - 23/9 a 22/10 O momento requer uma revisão das relações afetivas e do modo como confi a nas pessoas. É preciso não se empolgar superfi cialmente, para evitar mais desilusões ainda.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Vênus em confl ito com Plutão, seu regente, indica mudança forçada e imprescindível no trabalho e na lida com conforto e hábitos de saúde. Cuide bem das outras pessoas.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Tendência a viver fortes confl itos no amor, em seus sentimentos e com a pessoa ama-da. Você sonhou errado e agora a realidade lhe cobra voltar ao que faz sentido de verdade.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Possível rejeição ao que tentem lhe trazer de bom e agradável. Sua insatisfação ou angústia perturba o clima emocional a sua volta, e em especial em seu lar.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Momento para aprender sobre o amor e so-bre a maneira de se aproximar das pessoas. Algum impedimento exige refi nar e ampliar o uso da sensibilidade nas relações.

PEIXES - 19/2 a 20/3 As situações exigem dispor de suas coi-sas de modo mais impessoal O gosto por certos bens materiais é contrariado frontalmente, exigindo rever o apego que mantém com eles.

A dupla Victor & Leo comanda as atrações do programa “Sai do Chão”, na Rede Globo

PRÉ-ESTREIA

Os Pinguins de Madagascar: EUA. Livre. O público vai descobrir os segredos dos mais adoráveis e misteriosos pinguins do mundo da espionagem. Capitão, Kowalski, Rico e Recruta vão ter que juntar forças com uma agência de espiões, a Vento do Norte, liderada pelo Agente Secreto (a gente até podia contar o nome dele, mas aí... você sabe) para impedir que o vilão Dr. Otavius Brine consiga dominar o mundo. Cinemark 4 – 15h (3D/dub/somente quarta-feira); Cinépolis Millennium 1 – 13h, 15h20 (3D/dub/somente quarta-feira); Cinépolis Plaza 2 – 14h15, 16h30 (3D/dub/somente quarta-feira); Cinépolis Ponta Negra 5 – 14h, 16h15 (3D/dub/somente quarta-feira); Kinoplex 3 – 13h (3D/dub/somente quarta-feira), Kinoplex 5 – 17h50 (3D/somente quarta-feira).

DIVULGAÇÃO

(sub/somente sexta-feira e sábado).Operação Big Hero 6: EUA. Livre.

Cinemark 2 – 11h20, 13h50, 16h20 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 3 – 12h (3D/dub/somente sábado e domin-go), 14h40, 17h, 19h40 (3D/dub/diaria-mente), Cinépolis Millennium 7 – 13h40, 16h05 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 3 – 13h15, 15h40, 18h55 (dub/diaria-mente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 13h20, 16h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 4 – 13h45, 16h30, 19h (3D/dub/diariamente); Kinoplex 5 – 13h20, 15h35 (3D/dub/diariamente); Playarte 1 – 13h, 18h20 (3D/dub/diariamente), Playarte 10 – 14h, 16h20, 18h40 (dub/diariamente).

Uma Noite no Museu 3 - O Segre-do da Tumba: EUA. Livre. Cinemark 1 – 11h10 (dub/exceto sábado e do-mingo), 13h30, 15h50, 18h20, 20h45 (dub/diariamente), Cinemark 3 – 12h20, 14h40, 17h15, 19h40 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 5 – 14h05, 16h35, 19h, 21h35 (dub/diariamente); Cinépolis

Plaza 6 – 12h45, 15h, 17h15, 19h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 6 – 13h, 17h55 (dub/diariamente), 15h30, 20h30 (leg/diariamente); Kinoplex 4 – 13h, 15h05, 17h25, 19h40, 21h55 (dub/dia-riamente); Playarte 6 – 12h50, 14h50, 16h50, 18h50, 20h50 (dub/diariamente), 22h50 (dub/somente sexta-feira e sába-do), Playarte 7 – 12h51, 14h51, 16h51, 18h51, 20h51 (dub/diariamente).

O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos: EUA. 10 anos. Cinemark 3 – 22h (dub/diairiamente); Cinépolis Plaza 3 – 21h15 (dub/diariamente); Cinépolis Pon-ta Negra 10 – 22h30 (leg/diariamente); Playarte 9 – 12h40, 15h30, 18h20, 21h05 (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 10 – 21h (leg/diariamente), 23h45 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Ouija – O Jogo dos Espíritos: EUA. 14 anos. Kinoplex 5 – 19h50, 21h50 (dub/diariamente).

8h Esporte Espetacular – Bas-quete 3x311h Esquenta12h29 Sai do Chão: Victor & Leo13h38 Temperatura Máxima. Filme: O Dia Depois de Amanhã 15h40 Domingão do Faustão19h Fantástico21h18 Domingo Maior. Filme: O Dia Que a Terra Parou 23h02 Sessão de Gala. Filme: Revolução em Dagenham 0h48 Corujão. Filme: Busca Explosiva2h13 Mentes Criminosas2h55 Mentes Criminosas3h36 Série

ESTREIA Loucas Pra Casar: BRA. 14 anos. Malu (Ingrid Guimarães), Lúcia (Suzana

Pires) e Maria (Tatá Werneck) encontraram o homem ideal e planejam se casar. Até que elas descobrem que esse homem, na verdade, é o mesmo: Samuel (Márcio Garcia), que vinha mantendo um namoro com todas elas nos últimos anos. As três terão que decidir se vão disputar entre si pela exclusi-vidade ou unir-se pela vingança. Cinemark 2 – 18h50, 21h30 (diariamente), Cinemark 7 – 12h50, 15h20, 17h50, 20h30 (diriamente), 23h (somente sábado); Cinépolis Millennium 4 – 13h20, 15h50, 18h30, 21h (diairiamen-te), Cinépolis Millennium 8 – 14h20, 16h50, 19h20, 21h50 (diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 13h, 15h30, 18h, 20h25 (diariamente), Cinépolis Plaza 5 – 14h20, 16h45, 19h10, 21h35 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 14h30, 18h, 20h40 (diariamente), Cinépolis Ponta Negra 7 - 15h, 17h30, 20h (diariamente), Cinépolis Ponta Negra 8 – 14h30, 16h40, 19h15, 21h45 (diariamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h45, 17h (dub/diariamente); Kinoplex 2 – 14h10, 16h30, 18h50, 21h10 (diariamente); Playarte 3 – 13h20, 15h35, 17h50, 20h05 (diariamente), Playarte 4 – 13h21, 15h36, 17h51, 20h06 (diariamente), 22h21 (somente sexta-feira e sábado).

REDE TV!

22h15 Roberto Justus +23h15 Programação IURD

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Page 39: EM TEMPO - 11 de janeiro de 2015

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

CINEPOLIS

Geanne Fernandes e Amadeu Soares Júnior estão trocando de ida-de hoje. Os cumpri-mentos da coluna.

Rogério Cunha vai ga-nhar festão de aniversá-rio em family, amanhã.

Lucimar Augusto está pilotando uma megasale da Morena Modas. Ótimo para re-novar os closets das sobrenomadas.

Ieda Carvalho vai pi-lotar um festão típico parintinense para seu Dodó, no próximo dia 17, nos domínios do Ephigênio Salles, cele-brando seus 50 anos. Dono de um coração ímpar, o aniversariante dispensou os presentes em prol da Casa Vhida. Os amigos levarão valo-res que serão doados às ações da institui-ção. Aplausos.

A inteligentís-sima Luiza e sua mamma Mirza Ribei-ro estão na cidade. A visita re-lâmpago da dupla é para m a t a r a saudade da família e amigos.

Sala de Espera

FOTO

S: M

ANO

EL N

ETTO

Foi para celebrar os 17 aninhos da linda Yasmim que o paizão Amin Aziz reuniu a family e os amigos mais chegados para um delicioso jantar no Village Casa de Comidas. Não faltou alto-astral, bom menu e muito amor na sessão parabéns da princesa dos Aziz. Noite sem retoques.

Viva, Yasmim!!

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

em prol da Casa Vhida. Os amigos levarão valo-res que serão doados às ações da institui-ção. Aplausos.

A inteligentís-sima Luiza e sua mamma Mirza Ribei-ro estão na cidade. A

a saudade da família e

Tradição espanhola. Na noite de celebração ao Dia de Reis, com

jantar no endereço chique do Cen-tro Antigo dos queridos Carmen

e Ricardo Silva mais Ana Beatriz, Romyne e José Elias

D7teia

Hygor Andrade, Ilka Macambira, Yuri Cristhian, Tálita Gama, Samara Aziz e Maurício Souza

e muito amor na sessão parabéns e muito amor na sessão parabéns da princesa dos Aziz. Noite sem da princesa dos Aziz. Noite sem retoques.

Amin Aziz e sua Kamila Jennifer

PlaPlateia

Amin Aziz e sua Kamila Jennifer

Geanne Fernandes e Amadeu Soares Júnior estão trocando de ida-de hoje. Os cumpri-mentos da coluna.

Rogério Cunha vai ga-nhar festão de aniversá-rio em family, amanhã.

Lucimar Augusto está pilotando uma megasale da Morena Modas. Ótimo para re-megasale da Morena Modas. Ótimo para re-megasale da Morena

novar os closets das sobrenomadas.

Ieda Carvalho vai pi-lotar um festão típico parintinense para seu Dodó, no próximo dia 17, nos domínios do Ephigênio Salles, cele-brando seus 50 anos. Dono de um coração

Sala de Espera

Nejmi Jomaa Aziz é uma mulher incrível. Seu alto-as-tral e sua simpatia inegável são marcantes. Sinais de bons frutos para um 2015 recheado de surpresas

Coronel Heriberto Corrêa, Marita e a princesa Marianna em noite de pura ale-gria nos domínios do Centro de Convenção Vasco Vasquez

‘Girls’ tomam decisões mais sábiasNOVA YORK, EUA – As pro-

tagonistas de “Girls” chegam à quarta temporada, que estreia hoje, nos EUA e no Brasil (às 22h, na HBO), com alguns de seus confl itos resolvidos. Crescer, no entanto, não pa-rece mais fácil. “As garotas estão tomando decisões mais inteligentes – e descobrindo que a vida ainda é difícil”, diz Lena Dunham, diretora, roteirista e protagonista da série em um vídeo sobre os novos episódios.

Mas se a vida continua dura, os novos caminhos tornam a quarta temporada mais crível. Aos poucos, as personagens abandonam os estereótipos que cada uma representava até então e possibilitam ao espectador criar uma relação de empatia com aquilo que elas sentem.

Aluguéis milionáriosNo retorno às telas, Hannah

(Lena) decide se mudar para Iowa, no centro-oeste dos Es-tados Unidos, para participar de uma renomada ofi cina de escritores e perseguir o sonho de ser “a voz de sua geração”.

A mudança de rumo de sua protagonista traz uma nova dinâmica para a série: pela primeira vez, a história não é ambientada apenas em NY.

“Nós tivemos momentos óti-mos gravando em Iowa. Foi muito divertido entrar em um mundo totalmente novo para a série e colocar Hannah em outras situações complexas”, afi rma Dunham, em entrevista a um grupo de jornalistas. “Foi como fazer uma série derivada. As pessoas estão muito acostumadas a Hannah no mundo de ‘Girls’”, completa a produtora-executiva Jenni-fer Konner. “É interessante colocá-la num cenário em que ninguém a conhece e ver o que as pessoas pensam dela.”

O novo cenário dá origem a cenas cômicas, como a surpre-sa de Hannah com o tamanho da casa que pode alugar por tão pouco dinheiro em Iowa – em comparação aos aluguéis milionários por lugares minús-culos em Nova York.

DramaNo Brooklyn, Marnie (Allison

Williams) fi nalmente descobre

o que quer e tenta a vida como cantora, enquanto tem um caso com seu parceiro musical. Shoshanna (Zosia Mamet) conseguiu se formar na faculdade e tenta conseguir um emprego, e Jessa (Jemima Kirke) parece estar fora da espiral de drama em que se vê envolvida durante basica-mente todo o tempo.

“Vamos vê-la tentando cons-truir lentamente uma vida. Isso começa nessa temporada com o estabelecimento de relações consistentes, algo que ela viu como entediante por muito tempo”, diz Kirke.

Mas, apesar das mudan-ças, todos os elementos que fi zeram de “Girls” a série mais odiada e amada da televisão norte-americana desde a primeira tempora-da – a quinta, aliás, já foi anunciada pela HBO – estão lá. As protagonistas estão tão autocentradas quanto sempre, algumas situações ainda soam absurdas e elas são, na maior parte do tempo, péssimas amigas. As cenas de nudez também são parte importante do roteiro.

SERIADO

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ULG

AÇÃO

O quarto ano da série “Girls”, produzida pelo canal HBO, estreia hoje, nos EUA e no Brasil

Léo do Valle e Ana Paula Perrone

Labib Ismail e Yasser Aziz

Lili Canti-sani

Andréa e Mansur Aziz

Murad Aziz e sua Marília Zuazo Yasmin e

Indyra Aziz Aisha e Carla Labib

Julia Labib e Ítalo Vinícius

Amin e os paparicos da aniversariante

Aminzinho e Ingrid Fraxe

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 11 DE JANEIRO DE 2015

Espetáculo de flamenco em duas apresentaçõesO premiado “Las Cuatro Esquinas” será encenado nos teatros Amazonas e da Instalação, dias 20 e 21, respectivamente

Assistido por mais de dois mil espectadores em seus 3 anos de cir-culação, o espetáculo

de dança flamenca “Las Cua-tro Esquinas”, da Companhia de Flamenco Del Puerto, de Porto Alegre, vai se apresen-tar em Manaus nos dia 20 de janeiro, no Teatro Amazonas, e 21 de janeiro, no Teatro da Instalação, ambos às 20h, com entrada gratuita.

“Las Cuatro Esquinas”, que apresenta três bailarinas e um bailarino em seu corpo de baile, foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Viana 2013. A Companhia de Flamen-co Del Puerto acumula 15 anos de existência, e é reconhecida como um centro de pesquisa, formação e realização dessta arte no Brasil.

“Las Cuatro Esquinas” con-templa, além da dança flamen-ca em si, o uso dos elementos de baile, como os mantóns, as batas de cola, os abani-cos e as castanholas, sempre acompanhados do virtuosismo da guitarra flamenca. A mon-tagem conta com uma banda flamenca formada por mais sete músicos, que executam ao vivo a trilha composta es-pecialmente para o espetáculo.

Resultado de mais de dez anos de trabalho da Cia. Del Puerto, a produção exibe um passeio pelas madrugadas quando a cidade está adormecida.

O espetáculo já realizou temporadas em Porto Alegre, circulou por mais de 15 cida-des, e participou de 5 festivais nacionais. Em 2015 percorrerá

ainda Manaus, Belém, Palmas e Vitória. Com o espetáculo, a Companhia Del Puerto rece-beu históricos oito Prêmios Açorianos de Dança 2012: melhor espetáculo, bailarina, bailarino, trilha, figurino, co-reografia, produção e troféu Destaque em Flamenco.

OficinaAlém das duas apresenta-

ções, o grupo ainda vai realizar uma oficina gratuita de flamen-co para quem tem interesse em conhecer esse estilo, no dia 21 de janeiro, a partir das 15h, no Sesc (rua Henrique Martins, 427, Centro).

A oficina está aberta a todas as pessoas interessadas em vi-venciar alguns dos movimentos do baile flamenco, além de per-correr, por meio de explanação oral, um breve apanhado de sua origem e contextualização histórica, e não é necessário ter experiência em dança.

A aula será ministrada pelas bailarinas Ana Medeiros, Danie-le Zill, Juliana Prestes e Tatiana Flores, sempre acompanhadas do guitarrista Giovani Capeletti. A duração é de uma hora e trinta minutos, sendo dividida em 45 minutos de exposição oral e 45 minutos de vivência prática de movimentos.

Serão aceitas inscrições de participantes de 6 a 75 anos e não é necessária nenhuma indumentária específica/es-pecial para efetivar sua par-ticipação. Os interessados em participar devem enviar um email para [email protected] informan-do nome completo, idade e contato telefônico. A Companhia de Flamenco Del Puerto, de Porto Alegre, possui 15 anos de existência

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AÇÃO

AULAAlém das apresentações de “Las Cuatro Esqui-nas”, os integrantes da companhia vão orientar uma oficina de arte fla-menca no Sesc, no dia 21 de janeiro, gratuita, e aberta a qualquer pessoa interessada

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