EM TEMPO - 21 de junho de 2015

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 34 MÍN.: 25 TEMPO EM MANAUS ANO XXVII – N.º 8.790 – DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ DENÚNCIAS • FLAGRANTES 98116-3529 FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ELENCO, CURUMIM E IMÓVEIS&DECOR. CURUMI M Em homenagem ao Dia do Cinema Brasileiro, o Curu- mim conta algumas curiosi- dades sobre a sétima arte. Curumim I NVASÃO CHINESA UMA ESPÉCIE DE “CHINATOWN” EM MANAUS. É ESSA A IMPRESSÃO QUE TEMOS QUANDO VAMOS AO CENTRO E NOS DEPARAMOS COM A INVASÃO CHINESA. NÃO PARA POR AÍ. ALÉM DO COMÉRCIO VAREJISTA, A INDÚSTRIA, A GASTRO- NOMIA, A CULTURA E OS NEGÓCIOS TAMBÉM SÃO REALIDADE NO NOSSO COTIDIANO. PARECE QUE O “MADE IN CHINA” VEIO MESMO PARA FICAR. POLÍTICA A8, ECONOMIA B1, B4 E B5, DIA A DIA C3 A C5 E PLATEIA D1 DOMINGO Paçoca, canjica, arroz doce, bolos de todos os tipos... Como aproveitar as comidas típicas juninas sem brigar com a ba- lança? Saúde F4 e F5 O empresário Foster Hunting- ton (foto), 27, deixou a vida agi- tada de Nova York para construir uma casa e um escritório sobre árvores. Imóveis & Decor 7 O universitário Lucas Begnini (foto) tem 24 anos e não viveu a década de 80, mas se dedicou a fazer uma releitura de dois jogos daquela época. Elenco 12 ELENCO Sem Neymar, a seleção brasileira joga hoje contra a Venezuela de olho na classificação para a segunda fase da Copa América, disputada no Chile. O jogo decisivo para o time de Dunga será às 17h30. Pódio E5 País B6 Os riscos da redução da maioridade Ausência do principal craque da seleção brasileira obrigou Dunga a rever estratégias para avançar na Copa América Dia a dia C1 Os antigos festivais de Parintins Política A7 PT perde força no Amazonas CARLOS QUEZADA/AGIF DIEGO JANATÃ IONE MORENO DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

MÁX.: 34 MÍN.: 25TEMPO EM MANAUS

ANO XXVII – N.º 8.790 – DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊDENÚNCIAS • FLAGRANTES

98116-3529

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ELENCO, CURUMIM E IMÓVEIS&DECOR.

CURUMIMEm homenagem ao Dia do

Cinema Brasileiro, o Curu-mim conta algumas curiosi-dades sobre a sétima arte. Curumim

INVASÃO CHINESA

UMA ESPÉCIE DE “CHINATOWN” EM MANAUS. É ESSA A IMPRESSÃO QUE TEMOS QUANDO VAMOS AO CENTRO E NOS DEPARAMOS COM A INVASÃO CHINESA. NÃO PARA POR AÍ. ALÉM DO COMÉRCIO VAREJISTA, A INDÚSTRIA, A GASTRO-NOMIA, A CULTURA E OS NEGÓCIOS TAMBÉM SÃO REALIDADE NO NOSSO COTIDIANO. PARECE QUE O “MADE IN CHINA” VEIO MESMO PARA FICAR. POLÍTICA A8, ECONOMIA B1, B4 E B5, DIA A DIA C3 A C5 E PLATEIA D1

DOMINGO

Paçoca, canjica, arroz doce, bolos de todos os tipos... Como aproveitar as comidas típicas juninas sem brigar com a ba-lança? Saúde F4 e F5

O empresário Foster Hunting-ton (foto), 27, deixou a vida agi-tada de Nova York para construir uma casa e um escritório sobre árvores. Imóveis & Decor 7

O universitário Lucas Begnini (foto) tem 24 anos e não viveu a década de 80, mas se dedicou a fazer uma releitura de dois jogos daquela época. Elenco 12

ELENCO

DOMINGO

Paçoca, canjica, arroz doce,

Sem Neymar, a seleção brasileira joga hoje contra a Venezuela de olho na classifi cação para a segunda fase da Copa América, disputada no Chile. O jogo decisivo para o time de Dunga será às 17h30. Pódio E5

País B6

Os riscos da redução da maioridade

Ausência do principal craque da seleção brasileira obrigou Dunga a rever estratégias para avançar na Copa América

Dia a dia C1

Os antigos festivais de Parintins

Política A7

PT perde força no Amazonas

CARLOS QUEZADA/AGIF

DIEGO JANATÃ

IONE MORENO

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Homem é assassinado em bar no bairro Parque 10O despachante aduaneiro Robson Maia Saltão foi alvejado com dois tiros, pelas costas, na noite da última sexta-feira

O despachante adua-neiro Robson Maia Saltão, 49, foi as-sassinado a tiros

na noite da última sexta, nas dependências do Bambu Bar, na rua 25, Parque 10, Zona Centro-Sul de Manaus. O bar fica localizado em uma praça pública e os frequentadores são alocados a céu aberto, próximo a rua.

De acordo com a sobrinha da vítima, que preferiu não se identificar, Robson foi ao bar beber com uns amigos, no início da noite. Ele levantou da mesa e foi até a esquina conversar com outros amigos na esquina da rua Carlos Lecor (também conhecida como rua 25), quando dois homens se aproximaram em uma moto preta, com placa não-identifi-cada, e efetuaram três dispa-ros nas costas da vítima.

Contudo, na versão da Polícia Civil, testemunhas informaram que Robson estava sentado na mesa do bar, quando os dois homens que desceram da motocicleta foram até ele e dispararam os três tiros pe-las costas, causando tumulto no bar. Ele foi socorrido por

uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Ur-gência (Samu) e, por volta das 20h30, foi encaminhado ao hospital e pronto Socorro 28 de Agosto, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Duas balas perfuraram o tórax de Robson. O caso foi registrado no 12º Distrito Integrado de Polícia e será investigado pela Delegacia Especializadas em Homicídios e Sequestros (DEHS).

A sobrinha da vítima não sou-be identificar as motivações do crime. “Meu tio era um homem tranquilo e trabalhador. Espero o resultado das investigações para afirmar qualquer conclu-são a respeito”, disse.

Robson morava com a irmã de criação e era locatário de uma casa localizada na mes-ma rua. Inquilinos afirmaram que Robson jamais apresen-tou qualquer sinal de conduta suspeita, que pudesse motivar esse crime. O corpo de Robson foi velado ontem pela manhã na funerária Canaã, no boule-vard Álvaro Maia, e seguiu para o cemitério do Tarumã, Zona Oeste, por volta das 16h.

A reportagem do EM TEMPO tentou contato com o proprie-tário do bar, mas até o momen-to não obteve sucesso. O crime ocorreu por volta das 8h da última sexta-feira e, segundo testemunhas, o bar, que fica a céu aberto, estava lotado

DIEGO JANATÃ

Brasil perde título na prorrogação

O Brasil dominou a maior parte do jogo, buscou o em-pate no tempo normal, mas acabou derrotado pela Sérvia na prorrogação por 2 a 1, na madrugada do último sábad, em Auckland, na Nova Zelân-dia. Assim, ficou com o vice-campeonato Mundial sub-20.

A seleção brasileira domi-nou a maior parte do jogo, teve mais posse de bola e finalizou quase o dobro que a seleção sérvia. Mas saiu atrás do placar com gol de Mandic, em vacilo de João Pedro.

O empate veio com Andreas Pereira, que fez fila na zaga da seleção sérvia e marcou um golaço. O jogo foi para o tempo extra e o Brasil continuou me-lhor. No fim da prorrogação, porém, Maksimovic decidiu o título no contra-ataque.

Fases do JogoA Sérvia começou um pou-

co melhor, mas foi o Brasil quem assustou primeiro. Aos 9 minutos, Jean Carlos pegou bonito de primeira na entrada da área, mas o goleiro sérvio

fez boa defesa. O Brasil vol-tou a levar perigo em grande jogada de Gabriel Jesus dez minutos depois. O camisa 10 arrancou pela ponta direita, deu drible da vaca no zagueiro e bateu forte para mais uma boa defesa de Rajkovic. Na sequência do lance, cobrança de escanteio. E Lucão perdeu ótima chance de cabeça.

Na metade do primeiro tempo, o Brasil já dominava a partida, com mais posse de bola e chances criadas, enquanto Sérvia se fechava atrás, apostando na bola pa-rada. A partida voltou a ficar equilibrada. O Brasil voltou superior dos vestiários. Nos 4 primeiros minutos, duas boas finalizações. Primeiro com Danilo, após bate rebate na área da Sérvia, e depois com Marcos Guilherme, que chutou para defesa de Rajkovic. Os sérvios chegaram com perigo aos 14 minutos. E Jean salvou o Brasil após chute cruzado de Gajic. A Sérvia equilibrou as ações e chegou aos gol aos 24 minutos. Maksimovic

cruzou da direita, João Pedro não acompanhou e Mandic completou para as redes. Mas a reação do Brasil veio dois minutos depois. Andreas Pereira, que entrou no lugar de Boschilia, enfileirou três sérvios e bateu forte e cruza-do para empatar. Golaço! Na metade final do jogo, a Sérvia acusou o cansaço e não arriscou mais contra-ataques, enquanto o Brasil buscava a virada. Apito final; tempo extra.

ProrrogaçãoO Brasil dominou completa-

mente os primeiros 15 minutos. Quase virou o placar duas vezes com jogadas de Malcom, que entrou muito bem na partida e fez o que quis pelo lado direito do campo. No início do segun-do tempo da prorrogação, a Sérvia encaixou contragolpe e Maksimovic não marcou por um triz. No fim do tempo extra, porém, o castigo: Maksimovic recebeu de cara para Jean após contra-ataque e dessa vez só tirou do goleiro brasi-leiro para decidir o título.

SUB-20

Lewis Hamilton conquista a 45ª pole na carreira

Lewis Hamilton conquis-tou neste sábado (20) sua 45ª pole position na carrei-ra durante os treinos clas-sificatórios para o GP da Áustria de F-1. É a sétima vez em oito corridas que o piloto da Mercedes larga na frente na temporada.

A Mercedes de Nico Ros-berg completa a primeira fila. O alemão esteve per-to de conquistar a primeira posição, beneficiado por um erro de Hamilton, que o levou para fora da pista.

Os dois pilotos já haviam garantido boas parciais, mas continuavam na pista para melhorar o tempo. Hamilton escapou do traçado, abrindo espaço para Rosberg con-quistar a pole. Perto de fe-char a volta e com parciais mais rápidas do que as do companheiro, o alemão tam-bém perdeu o controle do

carro e foi parar na brita.Sebastian Vettel, da Ferra-

ri, havia sido o mais rápido na última sessão de treinos li-vres na manhã deste sábado. Na classificação, porém, não conseguiu repetir o desem-penho e larga em terceiro. Felipe Massa, da Williams, andou bem no circuito de Spielberg, conseguindo um bom rendimento nas três etapas do treino. O brasi-leiro, que foi pole em 2014, largará em quarto lugar.

Felipe Nasr, da Sauber, conseguiu chegar à ultima parte do treino e largará em nono lugar.

A decepção do dia ficou por conta de Kimi Raikkonen, da Ferrari, eliminado logo na primeira parte do treino. O finlandês fecha a penúltima fila, em 18º. A corrida será realizada hoje, a partir das 9h (em Manaus, 8h).

FÓRMULA 1

É a sétima vez nesta temporada que Hamilton larga na frente

Apesar de dominar a maior parte do jogo, o Brasil perdeu com placar de 2x1 para a Sérvia

AP-PHOTO

Lição forada sala de aula

Os alunos do curso de en-genharia civil da Universi-dade Federal do Amazonas (Ufam) realizaram na ma-nhã de ontem, uma visita técnica às obras do resi-dencial Soberane, principal empreendimento local da SKN Incorporadora.

Na ocasião, guiados pelo engenheiro responsável pela obra, Rinaldo Silveira, os alunos foram apresen-tados aos projetos execu-tivos das obras, puderam observar suas tipologias, etapas já executadas e futuras etapas.

A atividade teve grande participação dos acadê-micos, que se mostraram motivados com a apresen-tação do empreendimento. A aluna Alice Barroso, 19, conta que a visita técnica teve a função de ponderar diferenças e semelhanças. “O engenheiro que nos acompanhou, passou mui-tas dicas e ensinamentos aprendidos durante seu tempo de trabalho”.

O engenheiro Rinaldo Silveira explica que a visi-ta técnica apresentou aos alunos uma visão específi-ca da fundação proposta, com o intuito de alertá-los para os desafios da pro-fissão, sempre buscando novas tecnologias. “Toda a teoria dada em sala de aula pode ser avaliada na prática com a visita técni-ca”. Para o acadêmico Ste-phano Basílio Nazarian, 19, foi um aprendizado. “ Com um atividade assim, nosso ponto de vista de expande e podemos conferir de forma real um projeto”.

VISITA

DANIEL AMORIMEquipe EM TEMPO

AP-PHOTO

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MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 A3Opinião

Existe proximidade mais promíscua do que o fi nanciamento de campanhas eleitorais por empresas privadas ou não? Pois o Congresso Nacional, que está maquilando o processo eleitoral, considera isso a relação mais normal do mundo. Pergunta-se, sem nenhuma certeza de resposta: por que a campanha terá de ser fi nanciada por alguma entidade, que não seja o partido? Porque as empresas se acostumaram a ser fi nanciadas pelo dinheiro público. Esta é a essência do protocapitalismo brasileiro.

Mas há controvérsia. O Ministério Público Federal descobriu que a ex-deputada federal do PP e candidata ao comando da Superintendência da Zona Franca de Manaus, Rebecca Garcia, estaria impedida por ser e estar no epicentro dessa relação público-privada: é empresária e fi lha de família de empresários. Se essa intervenção do MPF é o início de um corte nessa relação, pode-se compreender que até a candidata tenha sido notifi cada da inconstitucionalidade da sua nomeação e aconselhada, em nome também da ética, a não aceitar o cargo.

Tarde demais. Rebecca não é mais novata na política e tem escola. De pronto, desmontou o argumento do ministério, pontuando o que já se estabeleceu como tradição (mesmo que inconstitucional, talvez) na administração dos bens públicos. Com o dedo em riste apontou uma imagem e semelhança mais próxima, o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro que, não por coincidência, prefere manter distância quando o assunto é Suframa. Rebecca também lembrou do ex da mesma pasta, Luiz Fernando Furlan, presidente da Sadia. E se fosse mais fundo, a ex-deputada mais “coincidências” encontraria. Um bom entendedor, porém, se basta com dois exemplos.

A Suframa é uma entidade de barganha política: as negociações se arrastam desde novembro. Para que pressa?

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para a Orquestra Amazonas Filarmônica, pela iniciativa de homenagear o maestro e compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) com a rara obra “O Descobri-mento do Brasil”. Os aplausos se estendem também ao Coral do Amazonas.

Filarmônica do Amazonas

APLAUSOS VAIAS

Prejuízo

O prejuízo estimado com a paralisação dos servidores da Suframa já supera os US$ 150 milhões.

Jantar com a presidente

Na última terça-feira (16), em jantar dos senadores com Dilma Rousseff , no Palácio da Alvorada, o senador Omar Aziz (PSD-AM) teve tratamento es-pecial da presidente.

Dilma conversou bastante com Omar e fi cou até de avaliar a possibilidade de ir a Parintins para o festival folclórico.

Lembrando dela

E mais, a primeira per-gunta da presidente a Omar foi esta:

— Como está minha amiga? –, referindo-se à ex-primeira-dama Nejmi Aziz.

Ações de Nejmi

Dilma sempre teria mostra-do interesse nas ações sociais desenvolvidas por Nejmi en-quanto primeira-dama.

Postura incômoda

Por outro lado, a postura do senador em plenário no Senado deve causar algum incômodo à presidente.

Omar, embora não hostilize Dilma, bate fi rme no governo federal quando, por qualquer motivo, os interesses do Ama-zonas são ameaçados.

Abandono do CBA

É o caso do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia.

O senador considera uma “irresponsabilidade e um des-respeito” do governo federal o abandono do CBA.

Sem personalidade

O centro foi inaugurado há 12 anos e não tem personali-dade jurídica.

O que impede o órgão de fechar convênios com entida-des apoiadoras.

Lavou as mãos

Por último, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior passou a gestão do CBA para o Inmetro, Instituto Nacional de Metrolo-gia, Qualidade e Tecnologia, com sede nada menos que no Rio de Janeiro.

Vá entender

Aliás, sobre isso Omar disse:

— Não dá para entender um instituto de medidas tomar conta do CBA em Manaus.

Pressão no ministro

Omar já avisou que vai procurar o ministro Armando Monteiro para saber as razões dessa mudança.

Assinaturas

A partir de quarta-feira (24), a Assembleia Legisla-tiva inicia a coleta de assina-turas para o abaixo-assinado que pede a construção da ponte do rio Solimões.

A proposta é do deputado Francisco Souza, que pretende reunir 100 mil assinaturas até o fi nal do ano.

***

A ponte do rio Solimões li-gará Manaus aos municípios de Autazes, Manaquiri, Careiro da Várzea e Careiro Castanho, permitindo também a ligação do Amazonas com outros Es-tados brasileiros.

Homenagem

Por falar na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (23) haverá uma ho-menagem à Associação Co-mercial do Amazonas (ACA), que completa 144 anos de serviços prestados à socie-dade e ao comércio. O autor da proposta é o deputado Adjuto Afonso (PP).

Amazônia azul

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados apro-vou o projeto de lei 7.903/14, do Senado, que institui o Dia Nacional da Amazônia Azul, a ser comemorado anualmente em 16 de novembro.

Sobre o poeta

O poeta, escritor e editor de Opinião do jornal EM TEMPO, Aldisio Filgueiras, foi tema de uma dissertação de mes-trado produzida pelo aluno de história da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Vinícius Alves.

“Ou a revolta ou a obe-diência estúpida – Aldisio Filgueiras frente à ditadura civil-militar (1964-1968)” foi defendida no Departa-mento de História, no Ins-tituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL).

Para muitos moradores que despe-jam lixo e outros resíduos sólidos nos igarapés e depois culpam a prefeitura e o governo pela poluição desses locais em época de enchente. Manter a cidade limpa também é dever dos cidadãos.

Falta de consciência

A nova data marcada para que o Congresso aprecie o veto presidencial à MP 660, que trata da restruturação de carreira dos servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), promete ser agitada. É que além desse debate, a Câmara Federal tam-bém discutirá e votará o polêmico projeto de lei que reduz a maioridade penal no Brasil.

Na avaliação dos servidores, essa coincidência tem prós e contras. Se por um lado a complexidade do projeto pode estender os debates e tirar de pauta mais uma vez o pleito da Suframa, por outro ela também garante que o Congresso estará cheio para a tão desejada derrubada do veto.

Mais uma tentativa

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Mas qual é a diferença?

Diz-se que ninguém é insubsti-tuível. E dessa afirmativa fez-se um dito popular, um adágio re-petido à exaustão, a toda hora e em qualquer lugar. Resta saber da extensão da sua veracidade.

Se a referência é ao ofício, à fun-ção ou à ocupação, verdade será que sempre haverá alguém, aqui, hoje, ou mais além e mais adiante, que certa-mente poderá substituir o obreiro no seu ofício e na sua produção, mesmo que alguma diferença na qualidade persista e que acabará por ser supe-rada. Quanto à obra, é o que se dá e o que se pode afi rmar, mas acontece que o assunto e a questão não se esgotam apenas aí.

Há na obra algo, além da pura habi-lidade e até mesmo do puro talento do obreiro, algo que escapa às tentativas de defi nição, precisamente porque resulta da impregnação da própria alma do seu criador e que fará toda a diferença, mesmo que não possa ser aferida e mensurada na pura avaliação objetiva do produto.

Se toda esta divagação estivesse a tratar estritamente da produção artística, acredito que difi cilmente alguém viria a se interpor e a contestá-la, pois é bem forte a evidência, por exemplo, de que houve pintores de esmerada técnica, mas que nem por isso puderam ombrear-se a Van Gogh, precisamente porque faltou-lhes o vigor com que o mestre holandês im-pregnou suas telas. Também muitos dominaram altas técnicas de compo-sição, mas ao fi m fi caram pelo meio do caminho que Beethoven trilhou até esgotá-lo absolutamente.

Não se restringem, entretanto, e nem se esgotam estas considerações apenas no plano da produção das artes e nem no âmbito das raridades e das excepcionalidades que se materializa-ram nas fi guras dos grandes mestres e dos grandes gênios que, sem cessar, continuam a nos assombrar.

Como já foi dito, o Universo é

diverso, mas também é uno e por isso é coeso, conciso e coerente: o que está num preciso detalhe seu, também estará em qualquer das suas outras partes e ainda no conjunto da sua totalidade. No trivial se repete com modéstia o que, no excepcional, explode à vista de todos, mesmo à vista dos que não entendem o que veem.

Quando os conheci de perto e passei até a participar das suas vidas profissionais e pessoais, não eram mosqueteiros, mas já eram três e se dividiam nas tarefas mais afeitas às suas peculiaridades de ofício, com perfeito senso de har-monia e complementação, o que muito potencializava as capacida-des laborais de cada um.

E assim, sem aspiração à publici-dade, ao reconhecimento, ao fausto e à riqueza, os vi empenhados, e não sozinhos, na construção de um império que a eles não pertencia, mas que fazia ferver o seu sangue, como se deles fosse. E chegou o dia em que o primeiro deles foi descartado. Precisamente o mais velho e talvez por essa exata razão. Mas não foi necessário muito mais tempo, para que os outros dois também fossem desembarcados.

O primeiro, faz algum tempo que não vejo, recolhido em razão de precarie-dades da saúde. Os outros dois, en-contro com certa frequência e sempre juntos. Afora as intermitências do bem viver, próprias da senectude que já se anuncia, tudo bem, como convém aos de bom caráter. Nada de mágoas nem de ressentimentos. Outros assumiram os lugares, ou apenas apreciaram, impassíveis, a marcha do rio que nunca se detém. Tomara que tenham consciência disso. Os três passaram, mas suas marcas, suas pegadas e sobretudo seus magnífi cos exemplos lá fi caram, gravados na rocha da lembrança dos que assistiram à sua indelével caminhada.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Tudo passa, mas algo fi ca

[email protected]

Regi

E assim, sem aspiração à publicidade, ao reconhe-cimento, ao fausto e à riqueza, os vi empenha-dos, e não sozinhos, na construção de um impé-rio que a eles não perten-cia, mas que fazia ferver o seu san-gue, como se deles fosse. E chegou o dia em que o primeiro deles foi des-cartado”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

A prisão de Marcelo Odebrecht levou pânico ao mundo político pelo grau de conhecimento que o presidente da empreiteira tem dos pormenores da engrenagem do fi nanciamento eleitoral ao PT nos últimos anos. Mesmo negando participação de sua empresa no escândalo de corrupção na Petrobras, o executivo teria feito relatos de como o esquema abasteceu campanhas petistas em 2010 e 2014. O temor é que, se fi car preso por muito tempo, Marcelo resolva desfi ar esse novelo.

Via expressa Dados o po-tencial de estrago de uma pos-sível fala de Marcelo e a falta de elementos para sustentar as prisões, advogados apostam que a libertação dos presos desta sexta-feira será mais rápida que o padrão.

Na contramão Advogados da Odebrecht sustentam que não faz parte da linha de defe-sa dos executivos presos selar acordos de delação premiada, como fi zeram investigados de outras empreiteiras.

Escancara A entrada da Ode-brecht e da Andrade Gutierrez na Lava Jato vai levar o Planalto a reforçar o empenho para selar os acordos de leniência na CGU (Controladoria-Geral da União).

Escape Com todas as grandes empresas envolvidas, o governo não quer travar ainda mais o setor de infraestrutura, já em crise.

Faxina Nos relatórios que embasaram os pedidos de pri-são da nova fase da Lava Jato, a Polícia Federal aponta que “as operações do grupo Odebrecht seguem padrões mais sofi stica-dos do que as concorrentes”.

Faxina 2 Isso explicaria, segun-

do a PF, a ausência de provas em buscas anteriores na empresa. “Os [meios]eletrônicos estavam praticamente limpos”, registram os agentes em um dos textos.

Iceberg Atônitos com as pri-sões, políticos lembravam no fi m da semana que ainda está por ser conhecido o teor da delação de Ricardo Pessoa, da UTC, que deve ser homologada nos próximos dias pelo relator Teori Zavascki.

Repeteco Dilma Rousseff con-cederá entrevista a Lally Wey-mouth, ex-dona e hoje membro do conselho editorial do “Washing-ton Post” no dia 24, antes de sua visita ofi cial aos EUA.

Repeteco 2 Ela deu à jornalis-ta, então editora-sênior do jornal, a primeira entrevista como presi-dente eleita, em 2010. Falou sobre política externa e economia. A expectativa é que use a nova conversa para reforçar o compro-misso com o ajuste fi scal.

Por um triz O pânico no Planalto era que novas pesqui-sas de popularidade de Dilma mostrassem um índice de apro-vação de um dígito. O Datafolha fi cou no limite, com os 10% de ótimo e bom.

Fênix Após receber o prêmio de Personalidade do Ano da Câ-mara de Comércio Brasil-EUA -quando fez discurso tripudiando sobre críticas do PT a sua ges-tão- FHC comandará programa no Canal Brasil, sob direção de Bruno Barreto.

Game over A oposição fará pressão sobre o TCU nos pró-ximos 30 dias para cobrar a rejeição das contas de Dilma. Tucanos citam parecer de Miguel Reale que diz que essa decisão seria o caminho para pedir o impeachment.

Longe dos olhos O governo quer usar a carta em que Arno Au-gustin assume responsabilidade pelas pedaladas para provar que o procedimento era corriqueiro e afeito a escalões inferiores.

Não cola Já o Ministério Públi-co Federal junto ao TCU sustenta que o documento de Augustin não melhora em nada a situação de Dilma, que continua sendo a responsável pelo procedimento.

Embaixo Com o gesto, sus-tentam os procuradores, o ex-secretário do Tesouro eximiria seus subordinados, e não a presidente, de responsabilidade pelas pedaladas.

Fio da meada

Contraponto

A deputado Antonio Goulart (PSD-SP) aproveitou depoimento do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, no Congresso há duas semanas para cobrar, incisivo:

--A CBF tem de marcar novo jogo Corinthians X Boca!A menção à partida da Libertadores de 2013, em meio ao debate sobre corrupção no futebol, fez

todos rirem.A exceção foi o secretário-geral da entidade Walter Feldman, que fi cou sério. Em sua vez de perguntar,

Chico Alencar (PSOL-RJ) tentou fazer o ex-deputado relaxar:--Terei a objetividade e o senso crítico que admirava no deputado Feldman. E torço para que, sob o

comando de Nero, ele não veja o futebol brasileiro pegar fogo!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Mensagem motivacional

Tiroteio

DO DEPUTADO DANILO FORTE (PMDB-CE), sobre as cobranças por nomeações na base aliada, que ameaçam a votação do projeto que revê as desonerações.

Temer está sitiado. De um lado, Mercadante segura as indicações de car-gos. De outro, a base aliada aumenta a pressão a cada dia.

As cenas de milhares de migran-tes chegando à Europa e as notí-cias de outros tantos que morrem na travessia entre o Norte da Áfri-ca e os portos italianos correm o risco de se tornarem banais e não chocarem mais, aumentando a indiferença. Outras realidades que não são mostradas com tanta frequência são igualmente trági-cas. São os campos de refugiados onde milhões de seres humanos permanecem confi nados. Fogem da fome, da guerra, da persegui-ção política, étnica ou religiosa. A eles se juntam os atingidos pelas mudanças climáticas. Me-nos trágicas, mas não menos dramáticas são as migrações por razões econômicas.

Migrações sempre fi zeram par-te da história da humanidade. To-dos somos fi lhos, netos, bisnetos de alguém que migrou, saindo da terra de origem em busca de uma vida melhor. Nunca foi fácil deixar o conhecido e enfrentar as adversidades de um novo cli-ma, uma língua diferente, uma cultura nova e desconhecida, encontrar desconfi ança e pre-conceito. As migrações revelam as mazelas da humanidade. Mi-grantes são vítimas de pessoas inescrupulosas que ao longo do caminho, na partida e na chega-da, se aproveitam de quem está fragilizado e sem defesa.

Hoje as migrações revelam um mundo profundamente injusto, que condena a exclusão grande parte dos seres humanos, um mundo violento onde popula-ções inteiras vivem aterroriza-das por grupos de mercenários e fundamentalistas que vivem da morte e da destruição. Não é sempre fácil separar migração e tráfico humano, e facilmente as pessoas são transformadas em mercadoria.

O Dia do Migrante vêm nos propor algumas refl exões e uma mudança de atitude. Antes de tudo é preciso olhar o migrante como um ser humano único, com uma história pessoal, com senti-mentos e sonhos. Ter tomado a decisão de partir revela sonhos, desejo de superação, vontade de ser mais. É necessário superar o preconceito que leva a ver no outro um inimigo em potencial e no diferente alguém que vem para destruir. A chegada de migrantes traz novas perspectivas e quando acolhidos enriquecem a socieda-de que os recebeu. O Brasil é uma grande prova disto.

As migrações são ocasião para passarmos da globalização da indiferença para a globalização da solidariedade, são chances de construirmos outra civiliza-ção. Para cristãos, isto deveria ser natural, pois acreditam na salvação de todos em Cristo e professam que depois da Cruz não há mais homem nem mulher, judeu ou grego, escravo ou livre, mas todos são um só, embebidos do mesmo Espírito.

Diante da magnitude do proble-ma poderíamos pensar que não temos nada a fazer. Pelo contrá-rio, temos e muito. Comecemos por tratar com respeito àqueles que encontramos. O mundo se tornou pequeno e temos sem-pre estrangeiros perto de nós. Sejamos solidários quando pu-dermos partilhar roupa e comida com quem precisa. Nas comuni-dades organizemos a pastoral dos migrantes para que possam estar atentas a sua chegada e serem acolhedoras oferecendo serviços básicos. Pressionemos o Estado brasileiro para que reforce os mecanismos legais no sentido de garantir direitos aos que buscam nosso país.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Ter tomado a decisão de partir revela sonhos, dese-jo de supera-ção, vontade de ser mais. É necessário superar o preconceito que leva a ver no outro um inimigo em potencial e no diferente alguém que vem para destruir. A chegada de migrantes traz novas perspectivas”

Dia do Migrante

Olho da [email protected]

Parece que esse trabalhador autônomo arrancou a horta do quintal e saiu para um dia de vendas. Mas só à primeira vista. Na verdade, ele transporta temperos verdes em sua banca, virada de ponta cabeça. Depois, no ponto de venda escolhido ele fará a feira, sem perder a esperança de que ainda se tempere o peixe com a chicória e a cebolinha de antigamente

IONE MORENO

Amai-vos uns aos outros, está escrito na Bíblia. Eles acham que são Deus. Cada um tem sua religião,

independentemente de ser budista, cristão, católico, candomblecista, judeu. Cada um tem que respeitar a religião do próximo. [...] O que chamou a atenção foi que eles começaram a levantar a Bíblia e a chamar

todo mundo de ‘diabo’, ‘vai para o inferno’, ‘Jesus está voltando’

Iara Jandeiro, candomblecista, tia da menina de 11 anos que foi apedrejada quando saía de um culto da sua religião,

em um bairro do Rio de Janeiro, usa apelos cristãos para pregar a paz entre os crentes de várias matizes.

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Page 5: EM TEMPO - 21 de junho de 2015

MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 A5Com a Palavra

Em fevereiro de 2001 fui nomeado primeiro reitor da universidade que acaba-va de ser criada. Saí da sede do governo com um decreto na mão, pre-so por um clips a um envelope”

Um dos criadores da Universidade do Esta-do do Amazonas (UEA) afirma que o Brasil só

tem jeito se houver educação de qualidade. E que funcionário público é um papel fundamental para o crescimento do país. Lou-renço Braga é considerado uma das mentes mais pensantes que já fizeram, e fazem parte até hoje, do serviço público do Estado. Foi um dos principais persona-gens na criação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), apenas para citar um das suas muitas contribuições na esfe-ra estadual. Ele já ocupou os cargos de secretário de Estado de Administração; assessor de Planejamento do Estado; pro-curador do Estado (de primeira classe – pois segue até hoje); chefe da Procuradoria do Ju-diciário Comum; secretário de Estado de Justiça, entre outros. No dia 17 de junho, Lourenço Braga se aposentou. Servidor desde a década de 1960, durante esses anos à frente de cargos públicos importantes, como os de secretário de Estado, diretor da Faculdade de Direito e reitor da UEA, ele faz uma avaliação da situação atual do Brasil e fala dos planos para o futuro.

EM TEMPO - O que o senhor

avalia de mais relevante na função de servidor para o desenvolvimento do país?

Lourenço Braga - O Brasil, que é um país capitalista, com significativa participação da ini-ciativa privada em seu desen-volvimento social e econômico, depende, em muito, do Estado para funcionar. A função estatal, que a rigor deveria concentrar-se prevalentemente no trinômio educação-saúde-segurança, vai infinitamente além, chegando inclusive ao âmbito reservado para o setor privado, onde o Es-tado atua por via das empresas públicas e das sociedades de economia mista, como Embraer, Petrobras, Eletrobraás e tantas outras. Em um Estado assim, o papel do servidor ganha grande relevo, tendo em vista que ele é o agente de prestação do serviço público, a pessoa que materializa propriamente a ação estatal. Na administração direta, nas autar-quias, nas fundações públicas ou privadas criadas pelo Estado, e na administração indireta é o servidor público, do mais humilde ao mais graduado, o braço sem o qual a atuação do Estado não

se concretiza. Isto, naturalmente, falando do agente público em sentido estrito, mas é de des-tacar a extraordinária relevân-cia dos agentes políticos e dos magistrados que, no âmbito do Poder Legislativo e no Judiciário também são servidores públicos e por seu trabalho, sua inteligên-cia e sua dedicação, igualmente praticam a ação do Estado.

EM TEMPO - Eleito o primei-

ro reitor da Universidade do Estado do Amazonas, como o senhor a enxerga no desen-volvimento do Estado?

LB - Em fevereiro de 2001 fui nomeado primeiro reitor da universidade que acabava de ser criada. Saí da sede do governo com um decreto na mão, preso por um clips a um envelope. Era o que havia da nova instituição: uma folha de papel e um so-nho. Tive o privilégio de contar com extraordinária colaboração de uma equipe de sonhadores, todos nós oriundos da nossa Ufam (Universidade Federal do Amazonas), e a vocação primeira da UEA, aceita por todos, foi a missão de levar o conhecimento para o interior do Estado. Assim é que no primeiro vestibular, o maior já realizado no país até hoje, com mais de 180 mil candidatos, oferecemos vagas para cursos em Manaus, em Parintins e em Tefé. Das mais de 3 mil oportunidades oferta-das no primeiro vestibular, 800 destinaram-se ao interior. No mesmo ano, em novembro, re-alizamos vestibular para curso de formação de professores, em nível de graduação, e em 4 de janeiro de 2002 a UEA chegava a todos os municípios do Estado, cobrindo todo o Interior, com 7,5 mil alunos nos 61 municípios hinterlandinos. A universidade cumpre, desde seu começo, im-portante papel de aprender com o homem que habita esta região, em todas as suas especificida-des, de sorte a transformar em ciência o conhecimento primá-rio, enriquecê-lo e devolvê-lo aos que agora chegam. Não se faz desenvolvimento sem educação, como tem dito com insistência nosso governador, e a UEA é importantíssimo vetor do cresci-mento social, econômico, políti-co e cultural deste Estado, desde quando se transformou, ainda em 2002, na maior universidade multi-campi do país.

EM TEMPO - Sobre a

economia do Brasil, qual sua avaliação?

LB - O Brasil não vive momen-

to confortável em sua economia. Inflação em níveis muito altos, elevação crescente de taxas de juros, encolhimento consequen-te de investimentos, crescimento do desemprego, tudo isso cons-titui cenário não muito seguro para nossa economia. A globali-zação, fenômeno ainda do século passado, há um tempo trouxe enormes vantagens, em todos os campos da convivência humana, de outro lado faz globalizada também a economia, de sorte que crises econômicas em deter-minadas regiões afetem outras do planeta, diminuindo a capa-cidade de produzir e de exportar, aumentando a necessidade de importar, desequilibrando a ba-lança de pagamentos, etc. No final da década anterior, crises econômicas se alastraram na América e na Europa e nós, que no dizer do presidente da República de então apenas sofremos uma marola, estamos agora talvez vivendo as tempestades que não soubemos evitar, porque para elas não nos preparamos por motivos políticos conhecidos. O governo tem adotado medidas amargas no plano econômico, perseguindo, ao que diz, o obje-tivo de fazer retornar a patama-res projetados a inflação já no próximo ano. Se isso ocorrer, é possível que em 2017 o país volte a ostentar taxa de crescimento que não se compare com a pífia do último ano. Mas penso que falta, no plano federal, a con-tribuição concreta do governo, com a diminuição da quantidade de ministérios, de secretarias nacionais, de autarquias, de fun-dações e de entidades da admi-nistração indireta, para também gerar corte no elevado número de cargos comissionados, que são os de livre nomeação e que, por permitirem ações não muito saudáveis da política com p mi-núsculo, impedem ou dificultam a necessária profissionalização do servidor e do serviço público.

EM TEMPO - Para o senhor,

o que todo governante deve-ria fazer e também evitaria para marcar sua gestão?

LB - É estranho pensar que a seriedade, a honestidade de princípios, a probidade devem ser havidas como marcas de qualquer governante. Isto é pres-suposto da atividade pública. Nós, os agentes, somos man-datários do povo, nosso patrão, e a desonestidade é causa de desconstituição do contrato de mandato, no âmbito do direito. Todo servidor público tem o de-ver de tratar com zelo, dedicação

e respeito a coisa pública que lhe é entregue para gerir. Feliz-mente, disto temos exemplos. O que certamente marca uma gestão pública é o compromisso efetivo do governante para com seu povo, o que se dá, em maior ou menor medida, na proporção do respeito aos planos, progra-mas e projetos que servem à campanha em busca do voto, no período eleitoral. O gover-nante será tanto melhor quanto mais próximo se mantiver da sociedade que governa, escu-tando os anseios, ouvindo os reclamos, discutindo soluções e demonstrando, com trabalho, interesse real em solucionar as dificuldades que conhecer.

EM TEMPO - Das fun-

ções que o senhor exerceu no serviço público, qual o senhor avalia que teve mais relevância?

LB - Tenho muito apreço pelo magistério, pois sou professor há 53 anos – desde os 17 - e há 33 anos sou professor da nossa Universidade Federal, na Faculdade de Direito, que tive o privilégio de ajudar a recriar, em meados da década de 1980, ex-tinta que fora no início dos anos 70, como quase todas as outras do país, e que passara a integrar a Faculdade de Estudos Sociais. Fui seu primeiro diretor eleito, mais de 70 anos depois de sua criação em 1908. O magistério é verdadeiramente onde você pode contribuir de forma con-creta para a formação e para o crescimento do indivíduo, desde a mais tenra idade até o pós-dou-torado. É, sobretudo, um podero-so instrumento de transmissão de valores, de conhecimentos e de formação de caráter. Em cada uma das funções que exerci – de datilógrafo, de redator, de secretário de Estado por seis vezes, de procurador do Estado, de professor – em cada uma eu, por certo, teria algo a destacar, mas a reitoria é a que tenho como verdadeira missão de vida. Junto com um grupo de apaixonados, sonhamos a Universidade que hoje tempos e que haverá de continuar a crescer para contri-buir com o desenvolvimento do Amazonas e de sua gente.

EM TEMPO - Após o en-

cerramento das funções do serviço público, quais são seus projetos?

LB - Irei retomar atividades em meu escritório de advoca-cia, talvez continuando com o magistério em universida- des privadas.

Lourenço BRAGA

O CANTO DO CISNE

Tenho muito apreço pelo magistério, pois sou pro-fessor há 53 anos – des-de os 17 - e há 33 anos sou professor da nossa Ufam, na Faculdade de Direito, que tive o privi-légio de ajudar a recriar, em meados da década de 1980, extinta que fora no início dos anos 70”

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

FOTOS: TIAGO/CORREA

O governo tem adota-do medidas amargas no plano econômico, perseguindo, ao que diz, o objetivo de fazer retornar a patamares projetados a inflação já no próximo ano”

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Cobrando punição tam-bém para os corrompidos da Lava Jato

O governo Dilma soube com antecedência dos planos do governo venezuelano de destacar um grupo de milita-res à paisana, passando por manifestantes, para hostili-zar os senadores que foram a Caracas visitar presos po-líticos. Também a embaixada brasileira demonstrou saber da operação de intimidação: diplomatas tinham ordem para não acompanhar os senadores na van que seria alvo dos milicianos.

Tudo combinadoO embaixador brasileiro

Ruy Pereira entrou no avião dos senadores antes que de-sembarcassem, cumprimen-tou-os e “vazou”.

Tudo armadoOs pilotos da FAB que

conduziram os senadores foram avisados pelas au-toridades venezuelanas para preparar o voo de volta imediatamente.

Tocando para foraApós o desembarque dos

senadores em Caracas, os pilotos da FAB foram de novo abordados e aconselhados a “nem almoçar” na cidade.

Mission failO grupo de senadores

de oposição foi a Caracas visitar presos políticos ve-nezuelanos, mas mal con-seguiu sair do aeroporto.

Acordos e investigações esvaziam CPI do HSBC

A CPI do HSBC foi abalro-ada por uma série de fatos, em menos de um mês, que a ameaçam de esvaziamento. Acordo entre o banco e a Su-íça para encerrar pendengas jurídicas envolvendo o Swis-sleaks, cooperação entre governos suíço e brasileiro para obtenção de dados ban-

cários, início das investiga-ções pela Receita com dados ofi ciais e, por fi m, o anúncio da venda das atividades da instituição no país.

Três tons de CPI O triunvirato da CPI é

bem distinto: o autor, Ran-dolfe Rodrigues (Psol-AP), quer quebrar o sigilo de todos os brasileiros na lista do HSBC.

Legado importanteO relator da CPI, Ricardo

Ferraço (PMDB-ES) quer apurar a fundo sem fe-rir direitos. Trabalha por marco legal para dificultar crimes financeiros.

EnfadoO presidente da CPI do

HSBC, Paulo Rocha (PT-PA), que exerce um papel moderador, parece doido para mudar de assunto.

Longa gestaçãoA Odebrecht se tornou alvo,

como esta coluna noticiou há 14 meses, após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa confessar que recebeu da empreiteira, na Suíça, uma propina de R$ 60 milhões para não atrapalhar um con-trato de R$ 1,5 bilhão na refi naria Abreu e Lima.

RebordosaAté parecia que a Odebre-

cht já escapava de rebordo-sa da Lava Jato quando, em novembro, a Polícia Federal vasculhou sua sede e as casas de três executivos, suspeitos de envolvimento na gatunagem.

Mérito ou sorteio?A defesa do indefensável

tem feito mal à reputação de Sibá Machado (AC). O senador conterrâneo Sergio Petecao (PDT) contou que já lhe perguntaram no Acre se a escolha do líder do PT era “por sorteio”.

Serra no PMDBPeemedebistas fazem cara

feia quando ouvem a suges-tão de José Serra (PSDB-SP) como candidato do partido à Presidência, em 2018. Acre-ditam mais na chance de Eduardo Cunha, presidente da Câmara.

Deputado na assessoriaQuem procurou sexta um

Marco Júlio Alencastro (ou algo parecido), assessor que fala pelo ministro da Previ-dência, ouviu ainda cedo que ele havia viajado. Os colegas acham que ele tem jornada de deputado.

TorniqueteNo PT há quem defenda

a antecipação da terceira fase do “Minha Casa, Mi-nha Vida”. O programa sai até o fim do ano, mas pe-tistas querem estancar o quanto antes a sangria da popularidade de Dilma.

Relações governamentaisA Associação Brasileira de

Relações Governamentais (Abrig) comemora: já são onze o número de cursos para formar profi ssionais da área no país, incluindo instituições como Ibmec, Insper e FGV.

Clicar é de graçaPara alcançar a cota

para patrocinadores ofe-recerem mamografias de graça em troca de publi-cidade, o site do Institu-to do Câncer de Mama (www.cance rdemama .com.br) precisa aumentar os acessos. É só clicar no ícone cor-de-rosa da “Campanha da Mamogra-fia Digital Gratuita”.

Pensando bem......o juiz Sergio Moro de-

veria contar onde passou suas breves férias. Fez muito bem a ele e à Justiça. Voltou retemperado.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Bombardeio aéreo

www.claudiohumberto.com.br

Os empresários estão na cadeia. E os outros?”

EX-PRESIDENTE FHC, cobrando punição também para os corrompidos da Lava Jato.

No governo José Sarney, o líder baiano Roberto Santos era o ministro da Saúde e o fi lho do então ministro da Aeronáutica era titular da Secretaria de Vigilância Sanitária. Os dois brigaram em razão de um caso de contaminação de sucos de frutas. Sobrou para o rapaz, sumariamen-te demitido. Mas ele se vingou, promovendo atos do mais genuíno terrorismo à brasileira: piloto de ultraleve, fazia vôos rasantes sobre a casa de Santos, na Península dos Ministros, em Brasília. Megafone em punho, berrava:

- Vou jogar suco na sua piscina!

Preso na Lava Jato viajou com LulaUm dos presos na 14ª fase da

operação Lava-Jato, Alexandri-no Alencar, diretor de Relações Internacionais da Odebrecht, levou o ex-presidente Luiz Iná-cio Lula da Silva em viagens, pagas pela construtora, para Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013. Ofi cialmente, não havia relação com atividades da em-presa nesses países.

No total, a Polícia Federal cumpriu 59 mandados judi-ciais – 38 mandados de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito mandados de prisão preven-

tiva e quatro mandados de prisão temporária em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. De acordo com as investigações, Alencar é acusado por três delatores de ser operador de pagamento de propinas para a Odebrecht no exterior.

Lula foi a um evento da Or-ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre o clima, visitou o presidente da República Dominicana e falou no congresso de trabalhado-res da indústria nos EUA. A relação ofi cial de passageiros

do voo, obtida pelo GLOBO, mostra que ele era o único que não fazia parte do círculo de convivência de Lula. Estavam na aeronave funcionários do Instituto Lula, o biógrafo Fer-nando Morais e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

À época, o documento de solicitação do serviço, da Líder Táxi Aéreo, mostra também que o contratante exigiu discrição. No campo “passageiro principal” do formulário, o funcionário da Líder escreveu: “voo comple-tamente sigiloso”.

OPERAÇÃO

Antes do recesso parlamentar, os vereadores de Manaus votam dois projetos essenciais para a cidade: LDO e Loman

Câmara acelera votações antes do recesso de julho

Presidente da CMM, vereador Wilker Barreto (primeiro à esq.) promete colocar temas em pauta

A votação do Plano Mu-nicipal de Educação, da Lei de Diretrizes Orça-mentárias para 2016

(LDO) e a Lei Orgânica do Município de Manaus (Loman) constarão na pauta da última semana de produção legislativa antes do início do recesso do 1º semestre da Câmara Municipal de Manaus. Foi o que assegurou o presidente da CMM, vereador Wilker Barreto (PHS).

“Teremos uma semana mui-to importante com a discussão de projetos estratégicos para a cidade de Manaus. Fizemos um planejamento do início do ano e o encerramento desta pauta vai representar a conso-lidação desse planejamento. Tivemos um semestre bastan-te positivo e para os meses de julho e agosto trabalharemos uma pauta com assuntos de grande relevância para a nos-sa cidade como a questão do Plano de Mobilidade Urbana que a Prefeitura de Manaus deverá encaminhar para o Le-

gislativo nos próximos dias”, destacou Wilker.

O Plano Municipal de Educa-ção chegou à CMM na sema-na passada e está tramitando em regime de urgência nas comissões técnicas. A pro-posta (projeto de lei número 190/2015) reúne 20 metas e 216 estratégias que nortea-rão a educação municipal na próxima década. O plano está recebendo emendas e passará pelo crivo das comissões de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), Finanças, Economia e Orçamento – (Cfeo), Educação (Comed) e Serviços Públicos (Comserp). Antes mesmo de chegar na CMM, o assunto foi amplamente discutido nos bair-ros e comunidades de Manaus pela Comissão de Educação que promoveu oito audiências públicas, duas delas ocorreram na zona rural da capital.

A LDO também está entre as prioridades do plenário. O projeto de lei número 082/2015 começou a tramitar na casa

legislativa no dia 27 de abril. Cento e trinta emendas foram apresentadas e analisadas, des-se volume 70 foram aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça e cinco foram retira-das pelo autor, vereador Elias Emanuel. A previsão, conforme informou a diretora legislativa da CMM, Evelina Câmara, é a de que os vereadores votem os pareceres da Comissão de Finanças já nesta segunda-fei-ra (22) para, posteriormente, a matéria ser analisada, discutida e aprovada em plenário.

LomanA revisão da Lei Orgânica do

Município de Manaus entrará nesta semana na fase fi nal, visto que a Comissão Especial de Revisão da Loman (Cerloman) concluiu na semana passada a análise e a votação das mais de cem emendas e o proje-to de emenda à Loman será apresentado à mesa diretora e deliberado em plenário até quarta-feira (24).

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Deputados estaduais sem diploma

NO PAÍS

Dos 1.059 deputados es-taduais eleitos em 2014 (in-cluindo os 24 deputados dis-tritais), 30% (313) não cursou faculdade. Do total, 4% (46) têm somente o fundamental e 0,5% (cinco) são alfabetiza-dos, leem e escrevem somen-te. Outros 24% (253) fi zeram só o ensino médio.

Os números das assem-bleias legislativas repetem o grau de instrução do país. De acordo com dados do Institu-to Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), divulgados na pesquisa Pnad de 2013, somente 8% (16,4 milhões) dos 200 milhões de brasi-leiros concluíram um curso

superior. Outros 7,3 milhões (4%) possuem curso superior incompleto; 20% (41 milhões) das pessoas concluíram o ensino médio; 17,7 milhões (9%) têm o ensino fundamen-tal e 39,4 milhões não têm nenhuma instrução.

Os índices de deputados estaduais com curso superior nos Estados variam de algo em torno de 65% a 75%, depen-dendo da unidade federativa. Os deputados estaduais com menor grau de instrução no país são os de Rondônia: dos 24 deputados estaduais, ape-nas sete (29%) têm o terceiro grau. Outros 11 (46%) parla-mentares do Estado têm o

ensino médio e seis (25%) têm somente o fundamental.

Na outra ponta, aparecem o Piauí e o Espírito Santo. Dos 30 deputados estaduais capixabas, 26 (87%) têm diploma de curso superior, mesmo índice no Piauí, que também tem 30 cadeiras e 26 (87%) deputados que cursaram faculdade.

O Rio de Janeiro tem 53 (76%) dos 70 parlamenta-res com curso superior. Em São Paulo, são 69 (73%), contra quatro (5%) que cursaram somente o fun-damental. Outros 21 (22%) parlamentares paulistas possuem o ensino médio.

Assembleia Legislativa de São Paulo: 73% dos estaduais paulistas foram à faculdade

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AÇÃO

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MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 A7Política

Para o deputado José Ri-cardo Wendling, o número de desfi liações que consta nos registros da Justiça Eleitoral não tem sido percebido dentro do partido, mas alguns nomes que têm bastante peso aca-bam causando mais impacto, porém é uma desfi liação nor-mal. “Eu percebo que alguns nomes repercutem bastante a nível nacional, como, por exemplo, a saída da senadora Marta Suplicy, uma pessoa de muitos anos de história no partido. Eu estive no congres-

so da sigla em Salvador, se-mana passada, e tem pessoas reclamando, existem muitas insatisfações internas, mas também surgiram muitas propostas de mudanças no PT, com mais transparência nas decisões nacionais e na questão das fi nanças, que pre-cisam ser bem equacionadas”, pontuou o parlamentar.

José Ricardo expressou sentimento de tristeza por diversos fatos ocorridos na sigla. Segundo ele os erros do partido são coisas que não po-

dem ser enfeitados e o desejo é que aqueles que cometem os erros sejam efetivamente punidos, porém os maiores ataques ao PT são motivados pelo fato de estarem no poder do governo federal há algum tempo. “Existe um trabalho muito forte daqueles que são oposição, afi nal esse é o pro-cesso democrático, quando éramos oposição, fi cávamos batendo no governo, cobran-do políticas e questionando, pois é exatamente isso que se faz”, justifi cou.

Deputado lamenta erros da sigla

COORDENADA

COORDENADA

FOTO:POL_JOSÉ_RICARDO_DIV

Número de desfi liações supera o de fi liações, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas líderes da legenda negam estatísticas

O diretório estadu-al do Partido dos Trabalhadores (PT) registrou saldo ne-

gativo na relação entre os números de pedidos de fi lia-ção e de desfi liação, desde o ano de 2013. A informação contrasta com os números de anos anteriores, como 2012, 2011 e 2010. Os dados são do portal da transparência do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).

Procurados pelo EM TEMPO, parlamentares petistas locais informam que não percebem a redução no número de mi-litantes da sigla no Estado, apesar de o site da Justiça Eleitoral do Amazonas infor-mar em seus registros que enquanto o partido já chegou a ter em suas fi leiras uma quantidade superior a 20 mil pessoas fi liadas, hoje conta com pouco mais de 18 mil, após ter uma perda de mais de 2 mil fi liados.

Os dados que estão disponí-veis no portal do TRE apontam que, enquanto que no ano de 2010 a sigla da presidente Dil-ma Rousseff teve 298 fi liações e 238 desfi liações, e no ano de

2012 contou 440 fi liações e 52 desfi liações no Amazonas, os números alcançados nos anos seguintes mostraram outra realidade. Contabilizando em 2013 um total de 14 fi liações contra 80 desfi liações e em 2014, apenas 3 fi liações em contraste a 19 desfi liações.

O presidente da executiva estadual, Valdemir Santana, afi rmou que no Brasil inteiro as pessoas estão constante-mente saindo e entrando nos partidos e que em 2014, o PT fi gurou como a sigla que mais recebeu pedidos de fi liação. “Recebemos muitos pedidos para se fi liarem ao partido. Existem pessoas saindo, mas aqui também estão se fi lian-do muitas pessoas, só aqui no Amazonas, por exemplo, temos quase três mil pes-soas no processo de fi liação. A desfi liação é normal, tem gente que sai, mas também tem gente que entra”, argu-mento o presidente.

Para o líder da sigla na Assembleia Legislativa do Es-tado do Amazonas (Aleam), deputado Sinésio Campos, os números não refl etem a realidade encontrada dentro dos diretórios petistas. Ele informou que, apesar de no site do TRE constar um total

de 18.209 fi liados atualmente, os números da sigla apontam um número que supera 28 mil pessoas. Sinésio justifi cou a diferença, afi rmando que os dados da Justiça Eleitoral são atualizados apenas duas vezes por ano e que existem muitos processos de fi liação aguardando a homologação por parte do partido.

Tempo de reavalizaçãoPara o vereador Professor

Bibiano, todas as crises, quan-do surgem, seja qual for o segmento, são oportunidades que tornam possível a reava-liação da conduta que está sendo adotada, as diretrizes e os objetivos para que possam, a partir daí, saber no que é preciso evoluir ou melhorar e em que é preciso mudar

efetivamente. “É isso que está

acontecendo com o PT, não poderia ser diferente, um p a r -tido que consegue pela quar-ta vez consecutiva a cadeira do maior poder do país, que é o governo federal do poder Executivo, incomoda muita gente, é claro”, ironizou o vereador.

Bibiano considera o atual momento do PT e a crise existente no governo, fa-tos muito importantes, pois, segundo ele, devem servir para mostrar a todos que as coisas não podiam continuar como eram antes, onde os escândalos e as corrupções eram todos escondidos em-baixo do tapete.

“É por meio do governo do PT que tudo está vindo à tona e está sendo explorado, infeliz-mente tudo isso tem sido ma-nipulado por um determinado grupo, porém percebemos que aqueles que permanecem no partido continuam porque estão presos a ideologia do PT, é o que eu entendo que deve ser feito, o correto seria voltar as raízes, retornar as origens”, enfatizou o verea-dor da Câmara Municipal de Manaus (CMM).

DEFESAValdemir Santana afi r-mou que no Brasil in-teiro as pessoas estão constantemente saindo e entrando nos parti-dos e que, em 2014, o PT fi gurou como a sigla que mais recebeu pedidos de fi liação

HELTON DE LIMAEquipe EM TEMPO

ta vez consecutiva a cadeira do maior poder do país, que é o governo federal do poder Executivo, incomoda muita gente, é claro”, ironizou

Bibiano considera o atual momento do PT e a crise

Deputado lamenta erros da siglaDeputado lamenta erros da sigla

mente tudo isso tem sido ma-nipulado por um determinado grupo, porém percebemos que aqueles que permanecem no partido continuam porque estão presos a ideologia do PT, é o que eu entendo que deve ser feito, o correto seria voltar as raízes, retornar as origens”, enfatizou o verea-dor da Câmara Municipal de

Deputado lamenta erros da sigla

nipulado por um determinado grupo, porém percebemos que aqueles que permanecem no partido continuam porque estão presos a ideologia do PT, é o que eu entendo que deve ser feito, o correto seria voltar as raízes, retornar as origens”, enfatizou o verea-dor da Câmara Municipal de

O ex-secretário municipal do Trabalho e Desenvolvi-mento Social e ex-presiden-te estadual do PT, Vital Melo, afi rmou que foi banido da sigla porque o PMDB está estabelecendo uma hege-monia dentro do partido. Segundo ele, os peemede-bistas estão suplantando as verdadeiras lideranças que trabalharam duro na construção da história e dos ideais do partido dos traba-lhadores, como a mudança social e o verdadeiro socia-lismo. “Na caminhada em direção à governabilidade, o partido acabou trilhando outros caminhos que não estão mais condizentes com as lideranças e com a mili-tância. Muitos se fi liaram ao partido por acreditarem que podiam fazer diferente, mas hoje em dia o PT não propõe nada de novo, quando dizem que o PT está fazendo cor-rupção, ele diz que o PSDB também faz, e não aponta a

saída, isso acaba causando toda a descrença e falta de sonhos das pessoas que já sonharam com o projeto petista, esses devem ser al-guns dos fatores que podem estar desmotivando fi liados

a permanecerem na sigla”, explicou o ex-petista.

HegemoniaVital considera que o

caminho que está sendo trilhado está ajudando na construção da hegemonia

do PMDB dentro do con-gresso nacional, dos esta-dos e do governo federal, além de estar conduzindo o partido rumo a um gran-de desastre ideológico que pode ser destrutivo para a sigla. “O partido se des-virtuou do projeto original e acabou se envolvendo em muitos escândalos, se esquecendo das nossas verdadeiras bandeiras de luta, que são: realmente integrar os movimentos so-ciais e integrar a sociedade em um debate político para a construção de um país mais justo”, disse. Para ele, um dos principais motivos para as pessoas estarem se apartando da sigla da Presidência está no fato de o PT ter enveredado por um caminho da susten-tação política da mesma elite que sempre esteve no poder, mantendo os mes-mos lá em cima e servindo apenas de “offi ce boy”.

‘O partido está sendo engolido’

CONTRAMÃOPara Vital Melo, os peemedebistas estão suplantando as ver-dadeiras lideranças que trabalharam duro na construção da história e dos ideais do Partido dos Trabalhadores

Deputado José Ricar-

do se diz entristecido

com erros da sigla e pede

punição para corruptos

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Justiça Eleitoral do Amazo-nas informa que o PT já per-

deu mais de 2 mil filiados

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AÇÃODECLÍNIO DO

NO AMAZONASNúmero de desfi liações supera o de fi liações, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas líderes da legenda negam estatísticas

efetivamente. “É isso que está

acontecendo com o PT, não poderia

NO AMAZONASNO AMAZONASDECLÍNIO DO DECLÍNIO DO DECLÍNIO DO

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Governo busca parcerias para fazer investimentos A “invasão” chinesa também poderá atingir o nosso Estado por meio de investimentos financeiros para infraestrutura

A relação Brasil e China ganhou mercado além das roupas e produtos eletrônicos. Em setem-

bro, o governador José Melo e empresários do Amazonas desembarcarão na China, em busca de investimentos de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 3 bilhões) para financiar projetos como a produção de peixe em cativeiro e obras de infraestrutura no Es-tado, como a duplicação da ro-dovia AM-010, que liga Manaus a Itacoatiara, e a construção do campus da Universidade Esta-dual do Amazonas (UEA).

A data da visita foi acertada em maio deste ano durante a assinatura de um protocolo de intenções firmado entre o governo do Amazonas e o representante do governo chinês na área de ciência e tecnologia, o presidente da es-tatal chinesa China Eletronics Corporation, Liu Liehong.

Segundo o governador, o acordo com a China abre um horizonte importante de inves-timentos em um período de crise da economia brasileira. Mineração, produtos florestais e a proteção da região ama-zônica também são áreas de interesse dos chineses. Além do intercâmbio na área de ciência e tecnologia, está pre-

vista a instalação de empresas chinesas no Polo Industrial de Manaus (PIM) e o acesso faci-litado a recursos para desen-volvimento econômico e obras de infraestrutura.

Com esses recursos, José Melo pretende impulsionar a piscicultura, fomentando a cria-ção de peixe em cativeiro por agricultores. “A China é um país grande, rico, mas que precisa de alimentos. Eles viram no Amazonas um local que pode produzir. Vimos oportunidade de acessar esses recursos para transformar o Estado no grande produtor de peixe. Abriram o mercado para a carne e, agora, o peixe. Quero abrir oportu-nidade para que empresários acessem o crédito chinês para não só produzir, mas também industrializar e enlatar os peixes amazonenses”, disse.

A infraestrutura é outro pon-to importante do acordo. Nes-se caso, os recursos devem ser disponibilizados por meio de empréstimos com bancos e agências de financiamento chineses. O maior atrativo são os juros, considerados os mais baixos do mercado e inferio-res, por exemplo, aos pratica-dos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em maio, governador José Melo recebeu o representante do governo chinês Liu Liehong

Representantes dos governos do Brasil e da China assinaram em maio durante ceri-mônia em Brasília, 35 acordos de cooperação em oito áreas que en-volvem investimentos de US$ 53 bilhões. Só com a Petrobras, fo-ram assinados três atos de cooperação de ao menos US$ 7 bilhões. A presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro chinês, Li Ke-qiang, acompanharam o evento, depois de uma reunião entre os dois no Palácio do Planalto.

Para comemorar a re-tomada da exportação de carne bovina para o mercado consumidor chinês, o governo brasi-leiro ofereceu churras-co para a comitiva do primeiro ministro.

Acordo entre o Brasil e a China

DIVULGAÇÃO

INVASÃO

CHINESA

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[email protected], DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Uma ‘Chinatown’ no coração de Manaus

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‘Tigre’ chinês quer ampliar a sua participação no PIMDepois do Japão e da Coreia consolidarem suas presenças em Manaus, agora empresas da China buscam mais espaço

As missões empresa-riais realizadas pelo governo federal e es-tadual com o objetivo

de atrair novos investimentos para o Polo Industrial de Ma-naus (PIM) têm surtido efeito. Depois do capital japonês e coreano se consolidar no mer-cado local, agora é a vez do “tigre” chinês ampliar a sua participação na economia da indústria do Amazonas.

Em maio do ano passado, por exemplo, o governo do Estado iniciou as articulações pelos principais centros indus-triais da China com objetivo de captar novos investimentos. A missão, a cargo de técnicos da atual Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvi-mento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti), come-çou pela província de Guang-dong, na cidade de Fosham, na região Sul, e terminou em Beijin, Região Sudeste.

Um dos resultados da cam-panha de atração de novos investimentos, segundo in-formações da assessoria de imprensa da Seplancti, foi a intenção de duas grandes fabricantes chinesas de com-ponentes, a GMCC e a Welling, de instalarem novas fábricas no parque fabril de Manaus. A primeira é a maior fornecedo-ra de componentes para pro-dutos domésticos com mais de 2 mil tipos de peças para o setor eletroeletrônico.

Em maio deste ano, re-presentantes da estatal chi-

nesa Eletronics Corporation (Ceiec), uma das maiores empresas de tecnologia de informação estatal da China, estiveram em Manaus para assinar acordos com o go-verno do Estado. Dentre as diversas áreas de interesses dos orientais estava a insta-lação de empresas chinesas no PIM e o acesso facilitado a recursos para desenvolvi-mento econômico e obras de infraestrutura.

No ano passado, o superin-tendente em exercício da Su-perintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Gustavo Igrejas, em uma reunião, na sede do governo do Amazo-nas, tratou com executivos da companhia chinesa BYD sobre a implantação de uma fábrica da empresa no PIM.

Com 180 mil empregados, es-palhados em 15 unidades fabris pelo mundo, a BYD atua nas áreas de transportes, energias e eletrônicos de consumo. No Brasil, a empresa já produz ôni-bus elétricos, em Campinas (SP). No Amazonas, ela expandiria a sua atuação com a produção de

células de bateria para telefo-nes celulares. O investimento anunciado nessa segunda uni-dade é de US$ 400 milhões e a projeção é de que sejam gerados mais de mil empregos. Será o maior investimento da empresa fora da China.

CenárioO vice-presidente da Fede-

ração das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, relata que as empre-sas asiáticas estão cada vez mais presentes na região. As japonesas e coreanas são a maioria, as chinesas por sua vez têm menor participação no mercado local. Mas o cená-rio pode mudar, uma vez que empresários da República da China têm, neste ano, promo-vido com frequência visitas in loco ao modelo Zona Franca de Manaus (ZFM).

“A origem não importa. Quanto mais empresas me-lhor para nós, pois signifi ca mais investimentos, geração de emprego e transferência de tecnologia”, frisa Azevedo.

A reportagem tentou, desde o início da semana, obter os dados de quantas empresas chinesas há no PIM, além do vo-lume de investimentos e da ge-ração de empregos que geram, mas até o fechamento desta edição, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Su-frama) não havia respondido a demanda. A explicação dada pela assessoria de imprensa da autarquia para a demora de enviar as informações seria a redução de servidores em razão da greve.

OFERTAEm maio deste ano, representantes da Ceiec disseram que a China tem interesse em ofertar soluções para o desenvolvimento estra-tégico do país e en-tende que o Amazonas tem potencial ecológico

A concentração do maior polo de duas rodas da Amé-rica Latina - o que facilita a contratação de fornecedores e pessoal qualifi cado – e os incentivos fi scais oferecidos pela Zona Franca de Manaus (ZFM) fi zeram com que a Moto Traxx da Amazônia aportasse na capital do Amazonas, em dezembro de 2007. Os inves-timentos vieram da matriz China Jialing Industrial Co. Ltda com apoio da China Sou-th Industries Group (CSIG), cuja sede fi ca em Pequim.

Até hoje, o investimento total da matriz na China com a implantação da fábrica em Manaus e a Traxx no Brasil,

com presença no país desde 2000, está em torno de US$ 25 milhões, de acordo com informações da assessoria de imprensa da companhia. Na capital amazonense, a empresa, que tem 120 con-cessionárias em todo o Bra-sil e planos para chegar a 180 em três anos, emprega em torno de 120 funcioná-rios e tem capacidade para produzir 160 motocicletas por dia no PIM.

A planta atual da Moto Traxx da Amazônia contem-pla os produtos cub 50 cc, cub 125 cc, street 125 cc, além da linha street 150 e 250 cc. Trial 150 e 250 cc.

implementada este ano. Mas diante do atual cenário polí-tico e econômico, a empresa informou que se concentrará em estabilizar o fortalecimen-to do mix atual. “A opção de um mix muito amplo onera as operações da indústria e de sua rede. É preciso cautela”, destacou em nota.

No entanto, a fabricante sino-brasileira tem planos de ampliar sua área de atu-ação para fornecer solda, chassi e pintura, que tam-bém serão produzidos na fábrica de Manaus. Mas não há previsão para o projeto ser implantado. Leia mais nas páginas B4 e B5

Traxx programa expansão

A chinesa Traxx quer ampliar atuação em Manaus no fornecimento de solda, chassi e pintura

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Terceira fábrica do polo de duas rodas, a chinesa Moto Traxx da Amazônia está no PIM desde 2007, emprega 120 funcionários e a sua capacidade de produção chega até 160 motocicletas por dia

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

INVASÃO

CHINESA

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Falta gestão fi scal de excelência no AmazonasSegundo estudo divulgado pela Firjan, mais de 80% das cidades amazonenses apresentam problemas na gestão fi scal

O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado na semana pas-

sada pelo Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), revela que 81,8% dos mu-nicípios do Amazonas têm situação fi scal difícil ou crí-tica: 30 cidades apresenta-ram gestão difícil, enquan-to 15 foram considerados como de gestão crítica.

Na análise estadual, ape-nas dez cidades amazonen-ses possuem boa gestão fi s-cal e nenhuma apresentou excelência na gestão.

Com dados ofi ciais de 2013 - últimos disponíveis –, a terceira edição do IFGF

avaliou a situação fi scal de 5.243 municípios brasilei-ros, sendo 55 do Amazonas, onde vive 95,8% da popu-lação do Estado. Apenas as cidades que não apresenta-ram as informações ou esta-vam com dados inconsisten-tes não foram avaliadas. O objetivo do estudo é avaliar a qualidade da gestão fi scal dos municípios brasileiros e fornecer informações que auxiliem os gestores públi-cos na decisão de alocação dos recursos.

O índice - que inclui os in-dicadores “Receita Própria”, “Gastos com Pessoal”, “In-vestimentos”, “Liquidez” e “Custo da Dívida” - varia de 0 a 1, sendo que, quanto

maior a pontuação, melhor a situação fi scal do município. Cada um deles é classifi cado com conceitos A (Gestão de Excelência, com resultados superiores a 0,8 ponto), B (Boa Gestão, entre 0,6 e 0,8 ponto), C (Gestão em

Difi culdade, entre 0,4 e 0,6 ponto) ou D (Gestão Crítica, inferiores a 0,4 ponto).

RankingDos dez melhores IFGFs

do Amazonas, oito fi caram entre os 500 maiores resul-tados do país. Os principais destaques foram o IFGF Li-quidez e o IFGF Custo da Dívida, nos quais todos os municípios apresentaram gestão excelente ou boa.

As cidades de Envira e Anori alcançaram, respec-tivamente, a primeira e a segunda colocação estadu-al, com notas máximas nos indicadores Investimentos e Liquidez. Esse resultado foi possível mesmo com IFGF

Receita Própria dessas pre-feituras em situação crítica, o que foi limitador para o me-lhor desempenho no índice geral desses municípios.

Na comparação com 2012, houve redução da parcela de prefeituras com conceitos B e aumento das prefeituras com D. A piora em relação ao ano anterior foi direcionada pelo IFGF Investimentos, indicador em que o número de mu-nicípios com conceito A ou B caiu de 37 em 2012 para 16 em 2013.

O número de prefeituras que investiram mais de 20% de sua Receita Corrente Lí-quida passou de 20 para seis nesse período.

ENTENDAIFGF inclui indicado-res “Receita Própria”, “Gastos com Pesso-al”, “Investimentos”, “Liquidez” e “Custo da Dívida”. Varia de 0 a 1. Quanto maior pon-tuação, melhor situa-ção fi scal da cidade

Os resultados negativos são refl exos, em especial, dos baixos investimentos

e da falta de liquidez

ARQUIVO EM TEMPO

No Estado, além de Envira (0,7103) e Anori (0,7095), os outros municípios mais bem avaliados são Itapiran-ga (0,7091), Juruá (0,6916), Itamarati (0,6697), Manaus (0,6640), Carauari (0,6478), Caapiranga (0,6418), Silves (0,6305) e Apuí (0,6018).

Na parte inferior do ranking, com os dez piores

resultados, estão Boa Vista dos Ramos (0,3632), São Paulo de Olivença (0,3373), Autazes (0,3288), Urucu-rituba (0,3011), Novo Ari-puanã (0,2991), Ipixuna (0,2809), Guajará (0,2677), Tapauá (0,2448), Boca do Acre (0,2373) e Tabatinga (0,1669) na última posição. Nesses municípios com resul-

tados negativos, principais problemas são baixos inves-timentos e falta de liquidez.

Outra análise importante diz respeito aos resultados dos maiores municípios do Estado: Manaus, Parintins, Itacoatiara, Manacapuru e Coari, que representam 61,9% da população. De ma-neira geral, apesar de terem

apresentado conceito A ou B no IFGF Custo da Dívida, as cinco maiores cidades ama-zonenses investiram pouco.

Dentre as mais populosas, apenas Manaus, sexta colo-cação no Estado, conquistou posição entre os 500 maiores IFGFs do país. Itacoatiara terminou 2013 com grande parte de sua receita com-

prometida com gastos de pessoal, recebendo nota zero nesse indicador.

Já Manacapuru, que ocupou a 17ª posição do Estado, teve maior crescimento (23,7%) na pontuação do IFGF. Essa melhora foi resultado do au-mento nos indicadores Re-ceita Própria, Investimentos e Custo da Dívida.

Envira é a melhor avaliada no Estado

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Aumento da oferta reduz fi las nas bombas de GNVExpansão no número de estabelecimentos que fornecem gás natural para veículos é comemorada pelos consumidores

Mais opções, menos fi las. Assim está a rotina dos moto-ristas de Manaus

que abastecem o veículo com Gás Natural Veicular (GNV), após o surgimento de novos pontos com o combustível des-de março deste ano. A expan-são de postos com GNV já é co-memorada por usuários mais frequentes, como os taxistas, que relatam mais facilidade no trabalho e uma considerável redução no tempo de espera para abastecer.

Desde 2010 com o GNV, o posto BR Vitória Régia, situ-ado na avenida Constantino Nery, no sentido Centro, pas-sou a dividir a demanda com o posto Atem, que fi ca na mesma via, mas no sentido dos bairros. A novidade equilibrou a clientela, reduziu as fi las de espera e só aumentou o volume de gás natural consu-mido em todos os cinco postos operando com o energético na capital amazonense.

Em maio, a média diária distribuída pela Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) ao segmento veicular foi de 13,1 mil de metros cúbicos, nú-mero recorde na região, para atender, pelo menos, 1.768 veículos com kit GNV, de acor-do com o Departamento Esta-dual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM). Quem faz parte dessas estatísticas se diz mais aliviado com os novos postos que fornecem o GNV.

“Melhorou 100%”, relatou o taxista Carlos Brito, 54.

“Antes, tínhamos que dar várias voltas para abastecer no posto da bola da Sufra-ma ou no único que tinha na Constantino Nery, mas agora está bem melhor. Tem mais um posto na Constantino e o novo da Ponta Negra, que facilitam bem mais, agora”, disse o condutor.

Taxista há 40 anos, Messias Martins, 63, revelou que usa o GNV “desde o tempo em que era apenas 60 metros cúbicos por semana” aos motoristas, quando o combustível ainda era trazido em cilindros e vivia fase de testes na região.

“De lá para cá, melhorou muito”, avaliou. “Depois que o motorista adota o GNV, ele não quer mais voltar para a gasolina”, constatou Mar-tins, que confi rma economia de 50% em relação aos de-mais combustíveis.

Edmilson Cunha, 61, tam-bém é taxista desde a década de 1970, mas usa o GNV desde 2013. Para ele, a melhora no atendimento nos postos tam-bém é nítida. “Não tem mais fi las. O máximo de espera nos postos é de um carro na fren-te. Já está bem melhor para abastecer”, relatou Cunha.

A Cigás possui contra-to com mais três postos para o fornecimento de GNV. Um deles é o posto Atem da avenida Tor-quato Tapajós, sentido Centro, que passa pe-los últimos ajustes para começar a operar com gás natural. Os demais fi cam situados no Dis-trito Industrial de Ma-naus e devem começar a operar com GNV no segundo semestre.

Com a oferta de gás natural ampliada nos postos, a Cigás trabalha no aumento da deman-da através da Campa-nha “GNV, Fazendo Mais por Você”. Até as duas primeiras semanas de junho, foram mais de 140 veículos converti-dos visando o bônus de R$ 1 mil da ação.

Contrato com mais três postos locais

Taxistas são os maiores consumidores de GNV nos postos de combustíveis de Manaus

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 B5

Por conta da presença chinesa no centro de Manaus, a comercian-

te Maria de Lourdes, 47, que tem um pon-to na rua Henrique

Martins, diz se sentir hoje na rua 25 de março, de São Paulo (SP), famo-sa pelo volume comer-cial e pela presença maçante dos chineses nas lojas, não como empregados, mas como proprietários.

“Eles estão che-gando aos montes aqui [no Centro]. Parece até que são todos paren-tes. Depois que chegaram os pri-meiros e montam as suas lojas, senti-ram que o negócio era bom e depois foram chamando os irmãos, tios e

primos”, comenta Maria. Para a comerciante Sue-

ly da Silva, 41, que traba-lha na Marcílio Dias com a venda de vitamina de guaraná, os orientais da China ajudaram a melhorar o movimento do comércio local. “Eles chegaram aos poucos com as suas famí-lias e os mais jovens já até tiveram fi lhos nascidos na nossa cidade”, comenta.

Manauenses que traba-lham para os chineses se di-videm quanto ao tratamen-to dos patrões. O vendedor Diego Hajamim, 19, que trabalha há um ano na loja de Fernanda She, afi rma que todos os funcionários têm carteira assinada, vale transporte e almoço. Já o vendedor da loja de outro chinês, que preferiu não se identifi car, conta que o patrão não paga nem um salário mínimo.

‘É quase uma 25 de março’Por conta da presença chinesa no centro de Manaus, a comercian-

te Maria de Lourdes, 47, que tem um pon-to na rua Henrique

Martins, diz se sentir hoje na rua 25 de março, de São Paulo (SP), famo-sa pelo volume comer-cial e pela presença maçante dos chineses nas lojas, não como empregados, mas como proprietários.

gando aos montes aqui [no Centro]. Parece até que são todos paren-tes. Depois que chegaram os pri-meiros e montam as suas lojas, senti-ram que o negócio era bom e depois foram chamando os irmãos, tios e

‘É quase uma 25 de março’

UMA ‘CHINATOWN’ NO CORAÇÃO DE MANAUSA presença chinesa na capital amazonense, pelo senso comum de quem trabalha no centro da cidade, começou a marcar território no comércio varejista nos últimos cinco anos e ganhou força desde 2013, com a abertura de muitas lojas nas ruas da antiga Zona Franca

Com um número desco-nhecido pelo controle migratório da Polícia Federal do Amazonas,

a presença de chineses em Ma-naus é forte aos olhos de quem caminha pelo Centro, Zona Sul. E fi ca mais clara dentro dos inú-meros comércios que nascem com nomes brasileiros nas ruas da antiga Zona Franca, mas com uma assinatura típica chinesa: lojas que vendem de tudo, a preços bem em conta, mas sem a emissão de nota fi scal.

No senso comum de quem trabalha na região, a presença dos orientais começou tímida há aproximadamente cinco anos. Mas ganhou densidade nos úl-timos dois anos, quando em ruas como a Quintino Bocaiúva, Doutor Moreira, Marcílio Dias, Guilherme Moreira, Henrique Martins e até mesmo a aveni-da Eduardo Ribeiro começou a nascer o comércio comandado por famílias chinesas, dando ao Centro um ar de “Chinatown”, como são conhecidas pelo mun-do regiões urbanas com uma grande população de chineses numa sociedade não chinesa.

Dos poucos orientais que se sentem à vontade para falar, é comum a afi rmação de que encontraram em Manaus um lugar bom para viver das ven-das. A empresária Fernanda She, 32, que está na cidade há três anos, chegou ao Brasil por São Paulo (SP), onde viveu com a família por oito anos, no famoso centro comercial da rua 25 de Março.

Nascida no distrito de Futian, da cidade chinesa de Shenzhen que faz fronteira com Hong Kong, She conta que quando chegou à capital amazonense o comércio era “muito bom”. Hoje, na loja montada na rua Quintino Bocaiúva, entre as ruas Mar-cílio Dias e Doutor Moreira, o

movimento caiu. “Falaram para a gente que era muito bom [o comércio]. E era bom. Mas agora não é tão bom”, aponta.

Sem entrar em detalhes so-bre o empreendimento que tem nas prateleiras uma di-versidade de produtos asses-sórios como bolsas, bijuterias, celulares e smartphones, a empreendedora chinesa ava-lia que a queda nas vendas é culpa da alta do dólar.

Preocupada com a seguran-ça dos produtos, She avalia que viver do comércio em Ma-naus é mais tranquilo do que em São Paulo. No entanto, ela relata que diariamente sofre com a ameaça de ladrões que tentam roubar a sua loja. “Aqui já entrou assaltante com faca na mão e ameaçaram os fun-cionários. São quase sempre os mesmos”, afi rma.

Na mesma rua Quintino Bo-caiúva, o comerciante chinês Xian, 39, não sente tanto as ameaças de assalto no seu ponto instalado no quarteirão entre as ruas Doutor Moreira e Floriano Peixoto. Há dois anos em Manaus, ele comercializa confecções típicas da China, e comemora o bom volume diário de vendas, com um rendimento médio de R$ 2 mil.

Xian, que é nascido em Pe-quim, capital chinesa, aponta que não há previsão de voltar para a sua terra, primeiro por-que seu fi lho nasceu em Ma-naus, há quase um ano. “Não tem previsão de voltar para China. Queremos fi car no Brasil porque é melhor para o comércio”, sustenta.

Zona FrancaAntes do atual boom

dos chineses em Manaus, no auge da Zona Franca co-mercial, alguns poucos chine-ses chegaram a Manaus para vender produtos importados e por aqui fi caram. Entre eles estava o comerciante Bruno

Huang, 68, que mora na cidade desde 1978. Huang que veio da ilha de Taiwan (vive como Estado independente da Chi-na, mas não reconhecido pela Organização das Nações Uni-dades - ONU) experimentou o melhor momento do comércio amazonense, até 1986.

Atualmente, pesa para ele e sua família no ramo de importados a queda no volume de vendas em qua-se 80% em relação ao período do co-mércio livre. “Hoje está mais difícil viver na legalidade. Os impostos são muito caros. E fi cará pior com a subida do Pis e Cofi ns, de 9% para 12%”, aponta.

Um tanto fechados ao diálogo com manauenses, a maioria dos fi lhos da República da China que-rem longa vida no Brasil

De acordo com dados da Câmara dos Dirigentes Lo-jistas de Manaus (CDL-Ma-naus), a participação dos chineses no comércio for-mal da cidade é de apenas 1%. Segundo o presiden-te da entidade, Ralph As-sayag, a informalidade no comércio varejista cresceu muito com os orientais.

“Na informalidade eles trazem produtos a preços muitos baixos. Tem algo er-rado. Por isso reclamamos da concorrência desleal à Polícia Federal e queremos que as autoridades tomem as devidas providências”, reclama Assayag.

Para o delegado geral da Receita Federal no Amazo-nas, Leonardo Frota, se os chineses estiverem regulari-zados para viver no Brasil, o

que mais preocupa o órgão é a informalidade. “De repente se eles estiverem comercia-lizando sem a abertura de empresa, sem os devidos registros da mão de obra e por isso prejudicando a arrecadação de tributos eles serão cobrados durante as fi scalizações”, sugere.

ControleQuanto ao controle da

chegada de produtos le-gais que chegam a Manaus e supostos contrabandos, o delegado geral da Re-ceita aponta que é feito pela Alfândega do Porto. Procurada por telefone e por e-mail, a assessoria do órgão não atendeu às chamadas nem respondeu o e-mail até o fechamento desta edição.

Informalidade é denunciadaNas estatísticas do con-

trole migratório da Polícia Federal do Amazonas, de 2013 a 2015 os chine-ses não aparecem entre os primeiros estrangeiros que passam por Manaus, segundo informa a asses-soria de imprensa do órgão. De acordo com a PF, todo estrangeiro que vem ao Brasil a negócios ou estu-dos ele é obrigado a fazer registro junto ao setor de imigração da instituição.

Mas, se eles não apare-cem, no controle regional, a assessoria diz que a maioria dos chineses que chegam à Manaus deve vir da cidade de São Paulo, onde efetua-ram as suas regularizações de permanência no país, jun-to à PF daquela cidade.

Conforme a assessoria,

nos acordos internacionais, o estrangeiro para vir traba-lhar no setor comercial do país eles precisam chegar com visto voltado para atuar no setor, que tem um prazo e precisa ser renovado.

Para se manter no Brasil, segundo a PF, o estrangeiro pode entrar com pedido de permanência com base na prole, com a chegada da família. Outras formas de solicitar estabilidade em solo brasileiro seria, no caso de, ao chegar para trabalhar casar-se com uma brasilei-ra, ou na situação em que vir com a esposa prover um fi lho nascido no Brasil. O fi lho brasileiro, com 18 anos, a lei brasileira que não tem a intenção de o separar pais, permite que ele escolha a sua nacionalidade.

Chineses registrados em SP

Até mesmo produtos típicos da cultura chine-sa como confecções são

encontradas no centro comercial da cidade

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Lojas com diversidade de produtos acessórios como bolsas e capas para celulares sem a emissão de nota fi scal são comuns no comércio chinês

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 B5

Por conta da presença chinesa no centro de Manaus, a comercian-

te Maria de Lourdes, 47, que tem um pon-to na rua Henrique

Martins, diz se sentir hoje na rua 25 de março, de São Paulo (SP), famo-sa pelo volume comer-cial e pela presença maçante dos chineses nas lojas, não como empregados, mas como proprietários.

“Eles estão che-gando aos montes aqui [no Centro]. Parece até que são todos paren-tes. Depois que chegaram os pri-meiros e montam as suas lojas, senti-ram que o negócio era bom e depois foram chamando os irmãos, tios e

primos”, comenta Maria. Para a comerciante Sue-

ly da Silva, 41, que traba-lha na Marcílio Dias com a venda de vitamina de guaraná, os orientais da China ajudaram a melhorar o movimento do comércio local. “Eles chegaram aos poucos com as suas famí-lias e os mais jovens já até tiveram fi lhos nascidos na nossa cidade”, comenta.

Manauenses que traba-lham para os chineses se di-videm quanto ao tratamen-to dos patrões. O vendedor Diego Hajamim, 19, que trabalha há um ano na loja de Fernanda She, afi rma que todos os funcionários têm carteira assinada, vale transporte e almoço. Já o vendedor da loja de outro chinês, que preferiu não se identifi car, conta que o patrão não paga nem um salário mínimo.

‘É quase uma 25 de março’Por conta da presença chinesa no centro de Manaus, a comercian-

te Maria de Lourdes, 47, que tem um pon-to na rua Henrique

Martins, diz se sentir hoje na rua 25 de março, de São Paulo (SP), famo-sa pelo volume comer-cial e pela presença maçante dos chineses nas lojas, não como empregados, mas como proprietários.

gando aos montes aqui [no Centro]. Parece até que são todos paren-tes. Depois que chegaram os pri-meiros e montam as suas lojas, senti-ram que o negócio era bom e depois foram chamando os irmãos, tios e

‘É quase uma 25 de março’

UMA ‘CHINATOWN’ NO CORAÇÃO DE MANAUSA presença chinesa na capital amazonense, pelo senso comum de quem trabalha no centro da cidade, começou a marcar território no comércio varejista nos últimos cinco anos e ganhou força desde 2013, com a abertura de muitas lojas nas ruas da antiga Zona Franca

Com um número desco-nhecido pelo controle migratório da Polícia Federal do Amazonas,

a presença de chineses em Ma-naus é forte aos olhos de quem caminha pelo Centro, Zona Sul. E fi ca mais clara dentro dos inú-meros comércios que nascem com nomes brasileiros nas ruas da antiga Zona Franca, mas com uma assinatura típica chinesa: lojas que vendem de tudo, a preços bem em conta, mas sem a emissão de nota fi scal.

No senso comum de quem trabalha na região, a presença dos orientais começou tímida há aproximadamente cinco anos. Mas ganhou densidade nos úl-timos dois anos, quando em ruas como a Quintino Bocaiúva, Doutor Moreira, Marcílio Dias, Guilherme Moreira, Henrique Martins e até mesmo a aveni-da Eduardo Ribeiro começou a nascer o comércio comandado por famílias chinesas, dando ao Centro um ar de “Chinatown”, como são conhecidas pelo mun-do regiões urbanas com uma grande população de chineses numa sociedade não chinesa.

Dos poucos orientais que se sentem à vontade para falar, é comum a afi rmação de que encontraram em Manaus um lugar bom para viver das ven-das. A empresária Fernanda She, 32, que está na cidade há três anos, chegou ao Brasil por São Paulo (SP), onde viveu com a família por oito anos, no famoso centro comercial da rua 25 de Março.

Nascida no distrito de Futian, da cidade chinesa de Shenzhen que faz fronteira com Hong Kong, She conta que quando chegou à capital amazonense o comércio era “muito bom”. Hoje, na loja montada na rua Quintino Bocaiúva, entre as ruas Mar-cílio Dias e Doutor Moreira, o

movimento caiu. “Falaram para a gente que era muito bom [o comércio]. E era bom. Mas agora não é tão bom”, aponta.

Sem entrar em detalhes so-bre o empreendimento que tem nas prateleiras uma di-versidade de produtos asses-sórios como bolsas, bijuterias, celulares e smartphones, a empreendedora chinesa ava-lia que a queda nas vendas é culpa da alta do dólar.

Preocupada com a seguran-ça dos produtos, She avalia que viver do comércio em Ma-naus é mais tranquilo do que em São Paulo. No entanto, ela relata que diariamente sofre com a ameaça de ladrões que tentam roubar a sua loja. “Aqui já entrou assaltante com faca na mão e ameaçaram os fun-cionários. São quase sempre os mesmos”, afi rma.

Na mesma rua Quintino Bo-caiúva, o comerciante chinês Xian, 39, não sente tanto as ameaças de assalto no seu ponto instalado no quarteirão entre as ruas Doutor Moreira e Floriano Peixoto. Há dois anos em Manaus, ele comercializa confecções típicas da China, e comemora o bom volume diário de vendas, com um rendimento médio de R$ 2 mil.

Xian, que é nascido em Pe-quim, capital chinesa, aponta que não há previsão de voltar para a sua terra, primeiro por-que seu fi lho nasceu em Ma-naus, há quase um ano. “Não tem previsão de voltar para China. Queremos fi car no Brasil porque é melhor para o comércio”, sustenta.

Zona FrancaAntes do atual boom

dos chineses em Manaus, no auge da Zona Franca co-mercial, alguns poucos chine-ses chegaram a Manaus para vender produtos importados e por aqui fi caram. Entre eles estava o comerciante Bruno

Huang, 68, que mora na cidade desde 1978. Huang que veio da ilha de Taiwan (vive como Estado independente da Chi-na, mas não reconhecido pela Organização das Nações Uni-dades - ONU) experimentou o melhor momento do comércio amazonense, até 1986.

Atualmente, pesa para ele e sua família no ramo de importados a queda no volume de vendas em qua-se 80% em relação ao período do co-mércio livre. “Hoje está mais difícil viver na legalidade. Os impostos são muito caros. E fi cará pior com a subida do Pis e Cofi ns, de 9% para 12%”, aponta.

Um tanto fechados ao diálogo com manauenses, a maioria dos fi lhos da República da China que-rem longa vida no Brasil

De acordo com dados da Câmara dos Dirigentes Lo-jistas de Manaus (CDL-Ma-naus), a participação dos chineses no comércio for-mal da cidade é de apenas 1%. Segundo o presiden-te da entidade, Ralph As-sayag, a informalidade no comércio varejista cresceu muito com os orientais.

“Na informalidade eles trazem produtos a preços muitos baixos. Tem algo er-rado. Por isso reclamamos da concorrência desleal à Polícia Federal e queremos que as autoridades tomem as devidas providências”, reclama Assayag.

Para o delegado geral da Receita Federal no Amazo-nas, Leonardo Frota, se os chineses estiverem regulari-zados para viver no Brasil, o

que mais preocupa o órgão é a informalidade. “De repente se eles estiverem comercia-lizando sem a abertura de empresa, sem os devidos registros da mão de obra e por isso prejudicando a arrecadação de tributos eles serão cobrados durante as fi scalizações”, sugere.

ControleQuanto ao controle da

chegada de produtos le-gais que chegam a Manaus e supostos contrabandos, o delegado geral da Re-ceita aponta que é feito pela Alfândega do Porto. Procurada por telefone e por e-mail, a assessoria do órgão não atendeu às chamadas nem respondeu o e-mail até o fechamento desta edição.

Informalidade é denunciadaNas estatísticas do con-

trole migratório da Polícia Federal do Amazonas, de 2013 a 2015 os chine-ses não aparecem entre os primeiros estrangeiros que passam por Manaus, segundo informa a asses-soria de imprensa do órgão. De acordo com a PF, todo estrangeiro que vem ao Brasil a negócios ou estu-dos ele é obrigado a fazer registro junto ao setor de imigração da instituição.

Mas, se eles não apare-cem, no controle regional, a assessoria diz que a maioria dos chineses que chegam à Manaus deve vir da cidade de São Paulo, onde efetua-ram as suas regularizações de permanência no país, jun-to à PF daquela cidade.

Conforme a assessoria,

nos acordos internacionais, o estrangeiro para vir traba-lhar no setor comercial do país eles precisam chegar com visto voltado para atuar no setor, que tem um prazo e precisa ser renovado.

Para se manter no Brasil, segundo a PF, o estrangeiro pode entrar com pedido de permanência com base na prole, com a chegada da família. Outras formas de solicitar estabilidade em solo brasileiro seria, no caso de, ao chegar para trabalhar casar-se com uma brasilei-ra, ou na situação em que vir com a esposa prover um fi lho nascido no Brasil. O fi lho brasileiro, com 18 anos, a lei brasileira que não tem a intenção de o separar pais, permite que ele escolha a sua nacionalidade.

Chineses registrados em SP

Até mesmo produtos típicos da cultura chine-sa como confecções são

encontradas no centro comercial da cidade

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Redução pode tornar legal pornografia e álcool aos 16Juristas alertam para os perigos aos direitos conquistados pelo ECA embutidos na PEC 171/93, que diminui a idade penal

São Paulo (Conjur) - A redução da maiorida-de penal de 18 para 16 anos faria com que os

adolescentes desta idade não fossem mais protegidos pelos crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Dessa forma, produzir, publicar ou vender pornogra-fia envolvendo jovens de 16 e 17 anos não seria mais crime, nem vender bebida alcoólica ou cigarro a uma pessoa dessa faixa etária.

Essa é a opinião de juristas ouvidos pela revista Consul-tor Jurídico. De acordo com o advogado e professor de Direito Penal da Universidade São Paulo (USP), Pierpaolo Cruz Bottini, a redução da maioridade penal faria com que adolescentes com mais de 16 anos recebessem tra-tamento jurídico criminal de adultos, o que os excluiria da proteção do ECA.

Com isso, as infrações pe-nais e administrativas elen-cadas no Título VII do ECA deixariam de ser imputáveis a quem as cometesse contra maiores de 16 anos. Além da produção e venda de porno-grafia (artigos 240 a 241-E do ECA) e da venda de bebidas (artigo 243), também não se-ria mais possível punir quem submetesse adolescente des-sa faixa etária a vexame ou constrangimento (artigo 232),

promovesse o seu envio ao exterior para obter lucro (arti-go 239), lhe fornecesse arma ou fogos de artifício (artigos 242 e 244) ou hospedasse-o em motel (artigo 250).

O crime de submeter criança ou adolescente à prostituição (artigos 218-B do Código Pe-nal e 244-A do ECA) também não poderia mais ser aplicado a quem praticasse essa condu-ta com jovens de 16 e 17 anos. Nesse caso, a pessoa deveria responder por favorecimento à prostituição (artigo 228 do CP), que tem penas meno-res quando envolve somente adultos (reclusão de dois a cinco anos - contra reclusão de 4 a 10).

O juiz e professor de Pro-cesso Penal da Universidade Federal de Santa Catarina Alexandre Morais da Rosa também aponta que o cri-me de corrupção de menores (244-A do ECA) ficaria inco-erente. Segundo ele, não faz sentido que um maior de 16 anos possa ser tanto autor quanto objeto de um delito que se destina a proteger a infância e a adolescência.

Além disso, o professor lembra que, caso a dimi-nuição seja aprovada, um adolescente de 16 que tiver uma relação sexual com um de 13 comete estupro de vulnerável, sujeito a reclusão de 8 a 15 anos.

Redução seletivaA comissão especial da Câ-

mara dos Deputados aprovou, na quarta-feira da semana passada, a Proposta de Emen-da à Constituição 171/93, que prevê a redução da maiori-dade penal de 18 para 16 anos apenas para casos em que forem cometidos crimes hediondos (como estupro e la-trocínio), lesão corporal grave e roubo qualificado (quando há

sequestro ou participação de dois ou mais criminosos, entre outras circunstâncias). O texto agora segue para votação no plenário da casa.

Juristas ouvidos pela ConJur foram unânimes em criticar essa redução seletiva. Para o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Walter de Almei-da Guilherme, “isso é uma ver-dadeira aberração jurídica”. A seu ver, se um maior de 16

tem capacidade de entender a gravidade de um homicídio ou de um roubo qualificado e as consequências que eles acarretam, ele também com-preende a gravidade de um furto ou incêndio. De acordo com Almeida Guilherme, ou se faz a redução da maioridade para todos os crimes ou não se faz nada.

Na opinião de Bottini, essa diferenciação de responsabili-dade fere o princípio da igual-dade. Por causa dessa viola-ção, a emenda constitucional que a instituísse poderia ser questionada no Supremo Tri-bunal Federal (STF) por meio de uma Ação Direta de Incons-titucionalidade (Adin).

Já Morais da Rosa afirma que a diminuição da maioridade apenas para crimes hedion-dos “não se sustenta do ponto de vista lógico”, e classifica a medida de “populismo penal”. O juiz também entende que projeto contraria a igualdade e aponta mais um argumento para questionar a constitucio-nalidade da PEC 171/93: o que de que o artigo 228 da Consti-tuição Federal (que estabelece que são penalmente inimputá-veis os menores de 18 anos) é uma cláusula pétrea, e não poderia ser modificado devido ao princípio da proibição do retrocesso social. A única forma de alterar seu conteúdo seria via Assembleia Constituinte.

Por 21 votos a 6, foi aprovado, na última quar-ta-feira, 17, o relatório do deputado Laerte Bessa (PR-DF) na comissão espe-cial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos.

A votação ocorreu qua-tro horas e meia após o início da reunião. Foi apro-vado também, em votação simbólica, um destaque do deputado Wewerton Rocha (PDT-MA) que aper-feiçoa a estrutura do sis-tema socioeducativo.

Bessa alterou o texto para prever que a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos ocorra ape-nas nos casos de crimes hediondos (como estupro, latrocínio e homicídio qua-lificado), homicídio doloso, lesão corporal grave, lesão corporal seguida de morte e roubo agravado (quan-do há sequestro ou par-ticipação de dois ou mais criminosos, entre outras circunstâncias). O relator ressaltou que esses são os crimes que geram maior

“clamor” na sociedade.De acordo com o texto,

a pena dos adolescentes será cumprida em esta-belecimento separado dos maiores de 18 anos e dos menores inimputáveis.

O relator, que já foi de-legado de polícia, disse ser favorável a uma redução mais abrangente da maio-ridade penal e explicou ter cedido apenas para aten-der acordos políticos. “Mi-nha convicção não é só bai-xar de 18 para 16. Eu queria pegar mais um pouco, uma lasca, desses menores ban-didos, criminosos, que es-tão agindo impunes hoje, no país. Posso dizer de cadeira porque enfrentei bandidos perigosos por 30 anos e grande parte era menor de idade”.

Orientaram favoravel-mente à redução da maiori-dade penal partidos como PMDB, PSDB, DEM, PR, PP e PTB, e foram contra PT, PSB, PPS, PDT e PCdoB.

O primeiro turno de votação da proposta no plenário da Câmara está marcado para o dia 30 de junho.

Votação sob o signo da polêmica

CONGRESSOA aprovação da re-dução da maioridade penal de 18 para 16 anos ainda tem que ser ratificada em votação no plenário da Câmara e Senado. Especialistas alertam para os peri-gos embutidos na PEC

Deputados comemoram a aprovação da redução da maioridade penal para crimes hediondos, em comissão especial da Câmara dos Deputados, na última quarta-feira. PEC ainda vai ao plenário

ALEX FERREIRA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

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B7MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 País

FAMETROPOS GRADUAÇÃO

Indústria de trigo projeta boa oferta no 2º semestreO aquecimento do setor traz perspectivas de abastecimento com produto nacional, reduzindo a necessidade de importação

São Paulo (Reuters) - O Brasil entra no segundo semestre com perspec-tivas de abastecimento

satisfatório, com boa oferta da Argentina e uma safra do-méstica recorde reduzindo a necessidade de importações, em um cenário bem menos turbulento que o registrado na segunda metade de 2014, dis-seram especialistas.

Há cerca de uma semana, a Argentina, tradicionalmente o principal fornecedor do Brasil, autorizou a exportação de uma cota adicional de 1 milhão de to-neladas de trigo da temporada 2014/15, já colhida, elevando o volume autorizado de exporta-ções para cerca de 4,7 milhões de toneladas. “Boa parte dessa cota adicional vem para o Brasil. Nossa esperança é que governo argentino libere mais trigo. Eles têm disponibilidade (excedente exportável) de mais 3 milhões de toneladas”, disse o presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, um dos principais executi-vos do setor no Brasil.

A Argentina caminha para retornar à liderança do forne-cimento para o Brasil, posto que foi perdido para os Esta-dos Unidos em 2014, devido a restrições de embarques im-postas pelo governo da pre-sidente Cristina Kirchner. Nos cinco primeiros meses de 2015, a Argentina forneceu 82% do trigo importado pelo Brasil, con-tra 8% dos EUA. No total de 2014, o trigo norte-americano representou 46% do volume adquirido no exterior, contra 27% do grão argentino.

O Departamento de Agricultu-ra dos Estados Unidos (USDA) registrou na última quinta-feira que exportadores norte-ameri-canos venderam 26 mil tone-ladas para o Brasil na semana encerrada em 11 de junho e embarcaram outras 33 mil to-neladas. Contudo, este tipo de negócio não deverá ser frequen-te no segundo semestre, como foi em 2014. “O dólar valorizado favorece a importação de trigo argentino. O americano aca-ba ficando mais caro”, disse o analista Jonathan Pinheiro, da consultoria Safras & Mercado.

Além do câmbio, os fretes mais longos e a cobrança de tarifa para importações de fora do Mercosul (TEC) fazem com que o trigo dos EUA chegue a São Paulo 15% a 20% mais caro que o trigo paranaense. “Não há compras fora dos EUA, até o momento, para o resto desta temporada”, disse o Luiz Pache-co, da Trigo & Farinhas.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Depois de uma quebra de safra em 2014 no Rio Grande do Sul, o Brasil deverá recuperar produ-tividades e realizar uma colheita recorde de 6,76 milhões de toneladas nes-ta nova temporada, que está com o plantio em an-damento nos principais Es-tados produtores, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo Pacheco, da Tri-go & Farinhas, o Rio Grande do Sul já plantou 33% da safra; o Paraná, 82%; o Paraguai, 100%; enquanto o Uruguai e Argentina plan-taram, respectivamente, 85% e 22%.

“Todos (os países) com clima favorável até o mo-mento, o que faz prever safra cheia, por enquanto. Embora as previsões de chuvas na colheita entre setembro e dezembro pos-

sam estragar a qualidade do produto. Mas o clima é imponderável e precisa-mos esperar para ter cer-teza”, afirmou Pacheco.

Ao mesmo tempo, o con-sumo de produtos deri-vados de trigo registra queda em 2015, com as camadas mais pobres da população sentindo os efeitos da retração da economia do país e da crescente inflação, se-gundo Lawrence Pih.

Ele projeta que o volume de importações do Bra-sil deverá cair cerca de 20% em 2015 ante 2014, seguindo a tendência já verificada nos primeiros cinco meses do ano.

“A demanda caiu. Hou-ve também uma compra antecipada de trigo (em 2014) porque muitos moi-nhos tinham temores com a oferta”, disse o Pih.

Mercado interno abastecido

Depois de um 2014 turbulento e uma safra medíocre, produtores de trigo do Brasil comemoram um cenário positivo para o setor neste segundo semestre do ano

Com a valorização do trigo nacional, a expectativa é que os preços caiam ou fiquem estáveis

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Desde junho de 2012 baseado na embaixada do Equador, em Londres, australiano fundador do Wikileaks aguarda por interrogatório na Suécia

Julien Assange completa três anos de refúgio

O fundador do Wikile-aks, Julien Assange, completou nesta sexta-feira, três anos

de refúgio na Embaixada do Equador em Londres, sem que tenha sido interrogado pela Justiça sueca sobre acusações de crimes sexuais ou que seu caso tenha sido resolvido.

Para fazer avançar o proces-so, o Ministério Público sueco aceitou em março ir a Lon-dres ouvir o australiano, de 43 anos, que nega as acusações e se recusa a ir à Suécia por temer ser extraditado para os Estados Unidos.

Segundo Assange, uma au-diência com a procuradora sueca Marianne Ny, prevista para quarta-feira (17), foi anulada. “É impossível man-ter a confiança na magistra-da nessas circunstâncias”, afirmou em comunicado di-vulgado terça-feira.

A anulação não foi confir-mada pelo Ministério Público sueco que, na segunda-feira, anunciou ter apresentado um pedido oficial às autoridades do Reino Unido para ouvir Assange em Londres, em ju-nho e julho.

Dois dias depois, o Ministé-rio dos Negócios Estrangeiros equatoriano informou que ava-lia o pedido “em um espírito de cooperação judicial”.

Assange nega acusações suecas e afirma ter mantido relações sexuais por consentimento

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Em causa, estão uma alegação de violação e outra de agressão sexu-al apresentadas por duas mulheres suecas em 2010. Até agora, ele não foi formalmente acusado e recusa essas acusações, argumentando que as re-lações sexuais mantidas foram consensuais.

Em junho de 2012, quando perdeu o proces-so de extradição no Reino Unido, pediu asilo político ao Equador, convicto de que se viajasse para a Suécia para ser ouvido seria extraditado para os Estados Unidos, que o querem processar pela divulgação de milhares

de documentos diplomá-ticos e militares confiden-ciais, no caso Wikileaks.

Com mandado de de-tenção europeu emitido desde então, Assange não pode sair da embaixada equatoriana porque seria imediatamente detido pela polícia britânica e entregue à Justiça sueca.

Temor de extradição aos EUA

Comissão afirma que ilha tem 60 presos políticos

A principal comissão de direitos humanos de Cuba acusou o governo na última sexta-feira, de ter 60 pri-sioneiros políticos, núme-ro que a entidade admite incluir rebeldes armados, sequestradores e espiões, assim como ativistas po-líticos pacíficos.

O governo comunista da ilha tem afirmado que não tem prisionei-ros políticos e que seus opositores se equivocam ao considerar contrarre-volucionários armados e

criminosos comuns como casos políticos.

Além dos 60 encarcera-dos, outros 11 ex-prisionei-ros políticos estão soltos sob condicional e impedi-dos de deixar o país.

O relatório da Comissão Cubana de Direitos Huma-nos e de Reconciliação Na-cional foi o primeiro desde que Cuba libertou 53 pes-soas após as negociações então secretas com os Es-tados Unidos que levaram a uma reaproximação diplo-mática em dezembro.

CUBA

Suíça pode endurecer regras contra lavagem de dinheiro

A Suíça pode endurecer as regras contra a lavagem de dinheiro após a publicação de um relatório de um grupo indicado pelo governo que apontou que o país ainda está sujeito a crimes financeiros.

O documento do grupo in-terdepartamental de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento de terrorismo da Suíça (CGMT, na sigla em inglês) veio à tona em meio a um escândalo de corrupção envolvendo a Fifa, o organis-mo que administra o futebol em todo o mundo.

“(O relatório) mostra que

a Suíça não está imune aos crimes financeiros e ainda é uma localidade atraente para lavar os lucros do crime, so-bretudo aquele cometido no exterior”, declarou o governo suíço em um comunicado. A lavagem de dinheiro ligada a organizações esportivas não foi citada no documento.

Embora a CGMT tenha notado que a legislação em vigor é uma resposta adequada aos riscos atuais, mesmo assim recomenda oito medidas para aprimorar a atual infraestrutura contra lavagem de dinheiro.

CRIMES FINANCEIROS

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Dia a diaCade

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C

[email protected], DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 (92) 3090-1041Dia a dia C8

Apoio do AA reforça luta antidrogas

Uma história que saiu da quadra para o bumbódromoFestival de Parintins foi fundado em 1965 pelos jovens da Juventude Católica, sob o comando do padre Augusto Giannola

Vista de Parintins em 1965, ano da criação do festival folclórico que 50 anos depois se consolidaria como um dos mais importantes do calendário de eventos do Estado do Amazonas

Parintins (AM) – A Pa-rintins de 1965, o ano que foi criado o festival folclórico,

nem de longe se compara à Ilha Tupinambarana de 2015. A cidade tinha quatro ruas, dois bairros (São Benedito e Francesa) e três comuni-dades suburbanas (Aninga, Macurani e Parananema). E foi ali que começou a história de um dos maiores eventos folclóricos do mundo.

A economia vivia a época esplendorosa da juta e malva, responsáveis pelo enriqueci-mento de muitos produtores que depois de ganhar muito dinheiro com as fi bras amplia-vam seus investimentos e che-gavam à criação de gado.

“Não havia grande desenvol-vimento e nem se imaginava que a cidade chegaria aonde chegou, mas a economia era muito forte”, lembra o criador de gado Enéas Farias, que acompanhou aquele momen-to da cidade.

A recém-criada prelazia de Parintins, sob o coman-do dos padres italianos do Pontifício Instituto das Mis-sões Estrangeiras, começa-va a se consolidar.

Parintins tinha sido até então paróquia da Arquidio-cese de Manaus. E o foco era a juventude. Para tanto, sob a liderança de um mis-sionário jovem e de grande empatia com a juventude, foi criada a Juventude Alegre Católica (JAC).

As quadrilhas, as danças, os pássaros e os próprios bumbás Garantido e Caprichoso não tinham um local de apresen-tação. Passavam todo o mês de junho dançando em frente às residências. “As pessoas chamavam as quadrilhas, os pássaros e os bois para brincar em frente à casa, faziam uma

fogueira imensa, preparavam aluá, tarubá, canjica, munguzá e outras iguarias desta época junina para brincar o dia de Santo Antônio e São João. Era assim antes da criação do festival folclórico”, afi rma o radialista Aderaldo Reis.

Em 1965, Raimundo Mu-niz, Xisto Pereira e padre Augusto Giannola, além de Lucinor de Souza Barros, jogador de futebol, que se mudou para Roraima, onde trabalhava como técnico em Telecomunicações, funda-ram a festividade. Lucinor

é o único dos fundadores do festival ainda vivo.

Com apoio de todos os jo-vens que integravam o grupo Juventude Alegre Católica, Xisto, Muniz - que era o pre-sidente da JAC –, Lucinor e padre Augusto realizaram a primeira edição do Festival Folclórico de Parintins.

O local foi uma antiga qua-dra atrás da capela de Nossa Senhora do Carmo que fun-cionou como sede da prelazia enquanto durou a construção da majestosa catedral do Car-mo. A capela existe até hoje, mas a quadra deu lugar a duas construções da paróquia.

Desde sua fundação, o festi-val folclórico iniciava todo dia 12 de junho e encerrava no dia 30, sendo que as noites de 28, 29 e 30 eram dedicadas à disputa dos bumbás Garantido e Caprichoso.

TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

RESGATEO Festival Folclórico de Parintins foi criado em uma cidade de apenas quatro ruas, dois bair-ros e três comunidades suburbanas que vivia a economia da explo-ração da malva e da juta, em 1965

Padre Augusto Giannola foi um dos idealizadores do festival

No primeiro festival brin-caram 22 quadrilhas e os dois bumbás. Naquele ano não houve disputa entre os bois, o que viria acontecer somente a partir da segun-da edição.

“A quadrilha em Parintins teve grandes momentos com a quadrilha do seu Ubelino Silva, os ‘Cabras de Lampião’, ‘Cangaceiros na Roça’, havia uma qua-drilha muito animada de um irmão do Lindolfo Mon-teverde, que todo mundo só o conhecia como ‘seu Baladeira’, e a quadrilha Ju-ventude na Roça, da própria JAC com muitos jovens”,

conta Aderaldo Reis.O presidente da Acade-

mia Parintinense de Le-tras, advogado Narcizo Picanço, lembrou ainda as quadrilhas tradicio-nais como a “Quadrilha de dona Isabel Peixinho” e de dona Sila Marçal, cujo nome verdadeiro é Fé de Souza Mendes. Dona Sila é também responsá-vel pela consolidação da brincadeira de Pastorinha em Parintins e região.

Com o tempo, o úni-co dos jovens da JAC que continuou tocando o sestival solclórico foi Raimundo Muniz.

Disputa começou em 1966

Com o crescimento da festa, na década de 1980, na gestão do ex-prefeito Raimundo Reis, a Prefeitu-ra de Parintins assumiu o controle do festival folcló-rico. Muniz ainda chegou a realizar um festival parale-lo ao ofi cial do município.

Depois da quadra da ca-tedral, o festival foi reali-zado na quadra do antigo Ipasea (onde hoje é o CAT), estádio Tupi Cantanhede, num anfi teatro de ma-deira, o Tabladão e fi -nalmente no bumbódromo construído no governo de Amazonino Mendes e na gestão do prefeito Gláucio Bentes Gonçalves.

Na última quarta-feira (17), a prefeitura munici-

pal fez abertura ofi cial do 50º Festival Folclórico de Parintins, que de um tempo para cá é realizado no setor azul da Praça dos Bois.

“Acho que de um período para cá as autoridades ig-noraram a importância das quadrilhas, das danças, dos demais grupos folclóricos e fi camos só no boi-bumbá, ao ponto de alguns chama-rem de ‘festival dos bois’, mas o festival folclórico tem as quadrilhas e danças. Precisamos resgatar isso. Os bois eram convidados para encerrar a festa”, afi r-mou Aderaldo Reis.

Leia mais sobre o Fes-tival Folclórico de Parin-tins na página C2

Sob o controle da prefeitura

Raimundo Muniz manteve sozinho o festival por um tempo

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Encerrados preparativos do festival de ParintinsEsquemas de segurança, saúde e outros detalhes foram tratados na última sexta-feira em reunião dos organizadores

O governo do Ama-zonas concluiu os preparativos para a realização do 50º

Festival Folclórico de Parintins, que acontece nos dias 26, 27 e 28 de junho. São esperados 60 mil visitantes e toda a es-trutura de serviços públicos já foi planejada para que a festa ocorra com segurança e tran-quilidade, tanto para turistas quanto moradores da cidade (que fica a 369 quilômetros de Manaus). Cerca de 30 ór-gãos e instituições, das esferas federal, estadual e municipal estão envolvidos na realização do festival. Ao todo, mais de 2 mil pessoas estão envolvidas na organização, realização e logística do festival.

Os detalhes sobre o festival e as ações do governo do Es-tado para a realização da festa foram apresentados na última sexta-feira (19), pelo secretário estadual de Cultura, Robério Braga, pelo secretário executi-vo da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM), Carlos Alberto, e pelo secretário executivo adjunto de Planeja-mento e Gestão Integrada da SSP-AM, Dan Câmara.

“Este ano é uma edição emblemática do Festival Fol-clórico de Parintins. Ao longo desses 50 anos os bois Garan-

tido e Caprichoso ganharam notoriedade internacional e já podem ser considerados um dos principais expoentes da cultura brasileira ao redor do mundo”, disse o governador do Amazonas, José Melo.

De acordo com Robério Bra-ga, o patrocínio do governo do Estado para os bois-bumbás Garantido e Caprichoso este ano é de R$ 9.653.152,64, que contempla as apresenta-ções, operacionalização e lo-gística dos jurados do festival e a iluminação e sonorização do bumbódromo. O festival também é patrocinado pela Coca-Cola, Brahma, Bra-desco, Petrobras, Correios, Eletrobras, Vivo e apoio do Ministério da Cultura.

SegurançaSob a coordenação da Se-

cretaria de Segurança Pública, todos os órgãos do sistema de segurança atuarão inte-grados na operação Parintins 2015, informou o secretário executivo da SSP-AM. Cerca de 1,2 mil servidores vão atu-ar nas áreas de policiamento ostensivo, trânsito, Polícia Judiciária, defesa, socorro, corregedoria e ouvidoria.

As ações envolvem a Po-lícia Militar (PM-AM), Polícia Civil (PC-AM), Departamento

Estadual de Trânsito do Ama-zonas (Detran-AM), Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Cor-regedoria Geral do Sistema e Ouvidoria, que vão trabalhar integrados com as Forças Fe-derais, dentre elas a Polícia Federal e a Marinha, que coor-denará as ações de fiscalização às embarcações.

“A operação segue o modelo de Sistema Integrado de Co-mando e Controle e será mais um teste para as forças do Es-tado que atuarão nos eventos dos Jogos Olímpicos de 2016, em Manaus”, afirmou Carlos Alberto. De acordo com o se-cretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes, todo o planejamento é para assegurar um festival seguro para os visitantes e moradores.

De acordo com a SSP-AM, o festival deste ano terá o monitoramento de 22 câme-ras de segurança, que esta-rão interligadas ao Centro de Comando e Controle do Amazonas (CICC-AM), no Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus. “As câmeras serão instaladas em todos os lo-cais considerados pontos de interesse da segurança, que vão desde o Aeroporto de Parintins às áreas de dentro e fora do bumbódromo”, des-tacou Sérgio Fontes.

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Disputa tradicional entre os bumbás Caprichoso e Garantido acontecerá de 26 a 28 de junho

Neste festival, também irão funcionar as Centrais Integra-das de Fiscalização, um modelo de fiscalização que dá soluções imediatas para os problemas encontrados. “Uma equipe for-mada por membros de diversos órgãos irá percorrer a cidade verificando as demandas e dando soluções rápidas para as demandas”, disse o secre-tário Sérgio Fontes.

Saúde Na área da saúde, a Secreta-

ria de Estado de Saúde (Susam) irá reforçar a estrutura para o atendimento de média e alta complexidade durante o festi-val. Cerca de 30 profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e apoio administrativo atuarão na rede hospitalar do muni-cípio e, nas noites do festival folclórico, com dois postos de atendimento montados na área do bumbódromo.

Entre os médicos espe-cialistas que serão enviados

para reforçar o atendimento estão dois cirurgiões, dois traumato-ortopedistas, dois clínicos gerais, dois intensi-vistas, neurologista, cardio-logista e anestesista. De acordo com o secretário de estadual de saúde, Wilson Alecrim, estão sendo inves-tidos cerca de R$ 183,5 mil para a operacionalização das ações especiais de saúde em Parintins durante o Festival.

Utilidade pública A Ouvidoria Geral vai levar

para Parintins este ano o pro-jeto “Documentos Perdidos e Achados”, um serviço que vai auxiliar na recuperação de do-cumentos perdidos. Por meio do projeto, quem encontra um documento de um terceiro pode leva-lo até o PAC de Pa-rintins, onde será cadastrado pela equipe da Ouvidoria em um sistema informatizado.

Quem estiver procurando o documento perdido deve se cadastrar também no PAC e

ser informado, por e-mail ou através do WhatsApp, caso o documento seja encontrado. O atendimento da Ouvidoria no PAC de Parintins ocorrerá das 8h às 17h e também em um posto no bumbódromo.

Artesanato A Secretaria de Estado do

Trabalho (Setrab) promove a 13ª Mostra de Artesana-to e Economia Solidária de Parintins, nos dias 25, 26, 27 e 28 de junho de 2015, na Tenda do Artesanato, que será montada na Praça da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Parintins.

Também em apoio aos ar-tesãos, nos dias 22 e 23 de junho, técnicos da Setrab re-alizarão cadastramento para emissão da Carteira Nacional do Artesão e do Trabalhador Manual. Com a carteira, o arte-são passa a ter uma identidade profissional e vai poder circular com mercadoria por todo o território brasileiro.

Soluções rápidas para problemas

Reunião entre organizadores do evento aconteceu na última sexta-feira (19) em Manaus

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Nem inglês, nem espanhol. O ‘lance’ agora é mandarimAprender idioma da China é fácil, desde que haja dedicação e não apenas fascínio por outra cultura, ensina professora

Irlene Hsu, professora de mandarim em escola de idiomas e na Escola do Serviço Público Municipal, afirma que interesse pelo aprendizado cresceu pela proximidade de indústrias chinesas no PIM

Foi-se o tempo em que estudar inglês por ho-bby, para quando vies-se a ser útil na vida

profissional, era a “menina dos olhos” nos cursos de idiomas em Manaus. Um dos que têm obtido bastante procura na cidade é o mandarim.

O reflexo disso é a oferta do curso em diversas escolas, principalmente nas unidades educacionais conhecidas por oferecer apenas inglês e es-panhol. Na capital do Ama-zonas isso acontece devido à proximidade com fábricas chinesas instaladas no Polo Industrial de Manaus, mas também é influenciado pela “necessidade de falar o novo idioma global”, como explicou a administradora de empresas e professora de mandarim Ir-lene Hsu, 33.

Esse é o caso da diretora operacional da empresa Tuti-plast, Mariana Barrella, 32. Ela visitou a China duas vezes à trabalho, e o desconhecimen-to do idioma a deixou em uma situação complicada.

“Uma vez fui pegar um táxi de uma cidade para outra. Pronunciei o nome do destino de um jeito errado e parei em outro lugar. Tudo porque disse errado parte da palavra”, contou Mariana, que é fluente em inglês, espanhol, italiano e francês. Agora, ela estuda mandarim há quatro meses.

“Decidi estudar mandarim por gostar da cultura e achar muito importante hoje saber esse idioma. Acho que faz diferença no trabalho”.

Infância trilíngue A professora de mandarim

Irlene cresceu ouvindo os pais falando em taiwanês, estu-dou mandarim informalmente com parentes e depois aper-feiçoou-se. Tudo ao mesmo tempo em que crescia em Manaus e era alfabetizada em

português na escola.“Pode parecer confuso, mas

tudo foi muito natural para mim. Aprendi os três idio-mas e hoje falo todos eles. O conhecimento de mandarim é muito importante também para meu trabalho na fábrica”, relatou Irlene.

Assim como parte de seus alunos, a professora Irlene também trabalha em uma fá-brica do Polo Industrial de Ma-naus. Ela atua no setor admi-nistrativo da Pionner durante a manhã e a tarde, e leciona mandarim na escola Wizard à noite. Irlene também ensinou a mesma língua na Escola do Serviço Público Municipal, da Prefeitura de Manaus.

Mandarim é fácilIrlene só ensina mandarim

para brasileiros. Segundo ela, é mais fácil um brasileiro apren-der mandarim que um chinês ser fluente em português. “A gramática do português do Brasil é muito complexa, nem os brasileiros dominam. Com três anos de dedicação você já começa a conversar bem em mandarim”.

Apesar de soar parecido aos ouvidos ocidentais, taiwanês, japonês e demais idiomas asi-áticos são bastante distintos entre si. “Taiwanês e manda-rim, por exemplo, que são os idiomas que domino além do português, são completamen-te distintos. É como compa-rar português com mandarim”, definiu Irlene.

Uma maneira de aprender mandarim mais facilmente, segundo Irlene, é ter conhe-cimento de outro idioma, além da língua nativa. “Geralmente quem já sabe inglês ou espa-nhol, por exemplo, se dá me-lhor em mandarim. Fica mais motivado porque já sabe que dedicação dá resultado: con-seguir a sonhada fluência”.

“Também ajuda ter um objetivo claro, como con-seguir uma promoção no emprego”, completou.

Falta de identificação com o idioma e sobrecarga no trabalho ou faculdade são os principais motivos que levam alunos a desistirem de aprender mandarim.

Geralmente uma turma começa com 15 alunos e termina com cinco. “Quem começa a estudar só porque acha bonito, gosta da cultu-ra, quase sempre desiste e fica pelo meio do caminho”, explicou a professora.

“Os alunos que têm mais

sucesso, que concluem o curso, são aqueles que têm metas bastante definidas, como visitar a China ou conseguir um trabalho me-lhor dentro de sua área, e que peça domínio da língua chinesa”.

DomínioEnquanto a conversação

básica é alcançada em três anos, o domínio da língua falada e escrita chega aos seis anos de dedicação.

Além de conhecer as qua-tro entonações que cada sílaba possui, é necessário aprender a escrever, ou me-lhor, desenhar uma infinida-de de ideogramas.

“O conhecimento dos ide-ogramas é o último nível. Pri-meiro você aprende a falar e entender, depois domina os ideogramas”, explicou a instrutora de mandarim.

DicasPara ter sucesso no estudo

de qualquer idioma é funda-mental treinar em casa, com filmes e músicas.

Como a professora indi-cou, ajuda bastante ter uma motivação bastante clara, como realizar uma viagem dos sonhos ou alcançar um posto elevado, e com remu-neração atraente, dentro da sua organização.

“Siga suas metas. A flu-ência chega com o tempo e somente a quem persiste”, garantiu Irlene.

Apesar da alta procura, poucos concluem

De acordo com a professora, o conhecimento de outra língua, como inglês, facilita ainda mais o aprendizado do mandarim

RAFAEL S. NOBREEquipe EM TEMPO

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015 C5

O bom humor contra as barreiras do idiomaNa relação com os amazonenses, chineses foram cativados pelo bom acolhimento de quem vive aqui. No comércio local, empregam funcionários e neles têm a confiança para não deixar clientes insatisfeitos

É com bom humor que os chineses superam aquela que, segundo eles, é a única dificul-

dade na relação com os ama-zonenses: a comunicação. Sem nenhuma fluência na língua por-tuguesa, muitos deles estão no Brasil para comercializar uten-sílios e equipamentos importa-dos a preços populares, entre eles alguns produzidos sem a devida autorização e o paga-mento dos direitos autorais. Em Manaus, empregam brasileiros e contribuem para movimentar o comércio no Centro.

As poucas palavras que con-seguem falar aprenderam “na marra”. Alguns, ajudados por outros chineses que moram no Brasil há mais tempo, es-tudaram a língua portuguesa somente por uma semana e para aprender o básico no co-mércio nacional: contar de um a cem e identificar as notas da moeda do país e seus respec-tivos valores.

“Aprendi a contar de um a cem com amigo. Estudei durante uma semana”, conta Yang, 26, que no Brasil adotou o nome de Igor. Ao contrário de nós brasileiros, os chi-neses usam o sobrenome à frente do nome. Por conta da atividade que desenvolvem, muitos têm medo de falar com quem não conhecem e dificilmente dizem o nome completo. “Aprendi a falar a, e, i, o, u”, completa.

Em uma loja na rua Quintino

Bocaiúva onde são vendidos produtos para aparelhos ce-lulares, Igor fica no caixa e os funcionários que atendem os clientes são amazonenses ou outros brasileiros. Os chine-ses foram cativados pelo bom acolhimento de quem vive no Amazonas. Tanto que os funcio-nários que eles empregam têm a confiança para esclarecer as dúvidas e para dirimir a falta de paciência dos clientes quando não conseguem se entender.

“Quando não entendo chamo elas (funcionárias). Ninguém sai chateado”, disse Igor. “Falo errado. Cliente ri e corrige. Todo mundo ri e ninguém fica cha-teado”, disse.

Rogério Vaz, 28, amazonense, há um ano trabalha em uma loja que vende antenas de TV analógica e controles remotos na rua Quintino Bocaiúva. O estabelecimento é comandado por Xiaoju Zhang, 28, que no Brasil é chamada de Júlia, e por Zali, 28, que não adotou nenhum nome típico no Brasil.

“Eu fico deslumbrado ao ouvi-los falando no seu idio-ma. A gente não consegue entender nada. Zali tentou me ensinar uma ou outra palavra, mas eu não aprendi”, conta Rogério. “Eu os admiro por-que são bons patrões. Estão sempre bem humorados e são justos. Pagam em dia e às vezes até adiantado. Gostam muito de trabalhar e aceitam nossas sugestões. O patrão brasileiro é preguiçoso e olha a gente de cima para baixo. Os chineses gostam de trabalhar e são muito simples”, contou.

CLEIDIMAR PEDROSOEspecial EM TEMPO

Chineses são vistos como patrões gentis e muito trabalhadores

Entre um cliente e outro, Júlia estuda palavras iso-ladas para se comunicar melhor com os brasileiros. Em um caderno ela es-creve palavras em língua chinesa e na língua portu-guesa, uma ao lado da ou-tra. Ela e Zali contam com o auxílio de um dicionário nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa. Ela viu alguns vídeos na internet quando chegou ao Brasil para aprender o idioma falado por aqui.

“Fico na loja o dia todo, não tenho tempo. Tem es-cola para estudar portu-guês?”, questiona. A maior dificuldade é a pronúncia do fonema /r/. Ao pedir que pronuncie “arara”, ela se esforça, mas consegue pronunciar somente “ala-la”. Todos riem quando

Júlia tenta falar palavras com o fonema /r/, incluin-do ela mesma.

Na rua Marechal Deodo-ro, Lilan, 32, é gerente de uma loja que vende produ-tos para o público feminino, entre bolsas e bijuterias. É bem humorada, mas diz que às vezes perde a paciência com os clientes. “Você não deveria estar aqui”, ouve Li-lan de muita gente, segun-do ela mesma. “Você tam-bém não”, dispara como resposta porque ela sabe que muitas pessoas que vivem no Amazonas vieram de outros Estados. “Vem muita gente aqui. Cliente chato. Sou chata”, disse. Sobre a língua, ela pouco lê em português e também conta com a ajuda dos fun-cionários para se entender com os clientes.

Falta tempo para o aprendizado

Os chineses que vieram para o Brasil, antes de Ma-naus, moraram primeiro em outras capitais como São Paulo ou Recife. Eles decidiram vir para a ca-pital do Amazonas, prin-cipalmente, devido à falta de segurança de outras cidades. Com a escolha, faturam menos, mas não pensam em ir embora.

O jovem Yang contou que está há quatro anos no Bra-sil. Nos dois primeiros viveu em São Paulo. “Melhor para trabalho”, declarou sobre a capital paulista. Porém, ele completa: “Perigoso sair de casa para trabalho, não pode andar na rua”. “São Paulo vende mais”, disse.

Yang disse que, em São Paulo, um parente esta-va andando falando ao celular e o aparelho foi levado por um bandido. Por conta de sua adapta-ção a Manaus, seus pais estão vindo da China para a capital amazonense. “Manaus é seguro”.

Já Lilan, que está há dez anos no Brasil, declarou que veio com uma amiga para cá três anos atrás e por aqui ficou. “Passear e gostei. Manaus é muito bom”, disse. Ela também aponta a falta de segu-rança em São Paulo como um dos motivos para ter

deixado a capital paulista. Ela tem dois filhos, de 6 e 5 anos, que nasceram na capital paulista e que estão de férias na China. Eles ainda não estudam e Lilan também não sabe dizer se estudarão no Brasil.

Xiaoju Zhang morava em Recife (PE) e disse que veio em busca de mais se-gurança. Ainda assim, ela contou que já foi assalta-da. Em janeiro deste ano,

no fim da tarde, ela estava fechando a loja acompa-nhada da filha, um bebê de colo que estava em um carrinho. Dois homens em uma moto chegaram. Um desembarcou e, armado, ordenou que ela entre-gasse tudo. “Levou celular e carteira. Deixou bebê e carrinho”, disse. Nos qua-tro anos no Brasil, há dois ela vive no Amazonas.

Segurança foi o fator atrativo

O professor Sérgio Frei-re, doutor em linguística pela Universidade Estadu-al de Campinas (Unicamp), explicou que a maior faci-lidade ou dificuldade em aprender outro idioma depende de qual é a lín-gua materna de quem se propõe a estudar.

“Do ponto de vista lin-guístico, não há línguas mais fáceis ou mais di-fíceis de aprender em si. O português, por exemplo, faz parte do tronco latino, junto com o espanhol, o catalão, o galego, o italiano e o francês. O chinês faz parte de outra família, o tronco sino-tibetano, que inclui ainda o tibetano e o birmanês. Regra geral, falantes de uma língua têm mais facilidade de apren-der outra língua quando ela é do mesmo tronco e mais dificuldade quando é de outra família. Assim, é mais fácil um falante de italiano aprender portu-guês do que o falante de chinês aprender português. É mais fácil um brasileiro aprender francês do que chinês”, explicou.

Ele completa que para um estrangeiro aprender uma nova língua é necessário, prin-cipalmente, ter motivação, dedicação e metodologia.

Para a língua chinesa,

o som do /r/ e do /l/ não fazem diferença, apontou Sérgio Freire. “Tanto faz falar um ou outro. No por-tuguês, não. ‘Rua’ é dife-rente de ‘lua’, sendo duas palavras distintas. Isso acontece porque, como disse, o chinês é uma língua de outro tronco linguís-tico, com características todas próprias. É preciso se apropriar da diferen-ça para falar uma língua estrangeira. Mas todo ser humano é biologicamente apto a aprender uma lín-gua materna e, dada cer-tas condições, uma língua estrangeira”, disse.

Ele lembrou que muitos brasileiros têm dificuldade com o domínio do por-tuguês padrão, que é a variedade de prestígio, de investimento social, que se aprende na escola. “Não há a menor dificuldade em falar o português, uma vez que a oralidade é um atri-buto ‘de fábrica’ do ser humano. É preciso não con-fundir a língua portuguesa – e suas variações – com a língua padrão – uma das variações. Se há dificulda-de em dominar a língua padrão é porque a escola não está fazendo direito o seu papel. É uma questão pedagógico-metodológi-ca”, ressaltou.

Dificuldade da língua materna

VANTAGEMOs chineses que veiram para o Ama-zonas apontaram a sensação de segu-rança como um fator atrativo em relação a outros grandes centros urbanos, como São Paulo

Caderno de anotações com palavras em portu-guês é chinês é um méto-do para tentar memorizar a língua portuguesa

Bom humor é a tônica das relações entre os chineses e clientes de seus negó-cios em Manaus, superan-do o problema do idioma

Dicionário da língua portuguesa faz parte da vida de chineses que chegam ao país

FOTOS: IONE MORENO

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O bom humor contra as barreiras do idiomaNa relação com os amazonenses, chineses foram cativados pelo bom acolhimento de quem vive aqui. No comércio local, empregam funcionários e neles têm a confiança para não deixar clientes insatisfeitos

É com bom humor que os chineses superam aquela que, segundo eles, é a única dificul-

dade na relação com os ama-zonenses: a comunicação. Sem nenhuma fluência na língua por-tuguesa, muitos deles estão no Brasil para comercializar uten-sílios e equipamentos importa-dos a preços populares, entre eles alguns produzidos sem a devida autorização e o paga-mento dos direitos autorais. Em Manaus, empregam brasileiros e contribuem para movimentar o comércio no Centro.

As poucas palavras que con-seguem falar aprenderam “na marra”. Alguns, ajudados por outros chineses que moram no Brasil há mais tempo, es-tudaram a língua portuguesa somente por uma semana e para aprender o básico no co-mércio nacional: contar de um a cem e identificar as notas da moeda do país e seus respec-tivos valores.

“Aprendi a contar de um a cem com amigo. Estudei durante uma semana”, conta Yang, 26, que no Brasil adotou o nome de Igor. Ao contrário de nós brasileiros, os chi-neses usam o sobrenome à frente do nome. Por conta da atividade que desenvolvem, muitos têm medo de falar com quem não conhecem e dificilmente dizem o nome completo. “Aprendi a falar a, e, i, o, u”, completa.

Em uma loja na rua Quintino

Bocaiúva onde são vendidos produtos para aparelhos ce-lulares, Igor fica no caixa e os funcionários que atendem os clientes são amazonenses ou outros brasileiros. Os chine-ses foram cativados pelo bom acolhimento de quem vive no Amazonas. Tanto que os funcio-nários que eles empregam têm a confiança para esclarecer as dúvidas e para dirimir a falta de paciência dos clientes quando não conseguem se entender.

“Quando não entendo chamo elas (funcionárias). Ninguém sai chateado”, disse Igor. “Falo errado. Cliente ri e corrige. Todo mundo ri e ninguém fica cha-teado”, disse.

Rogério Vaz, 28, amazonense, há um ano trabalha em uma loja que vende antenas de TV analógica e controles remotos na rua Quintino Bocaiúva. O estabelecimento é comandado por Xiaoju Zhang, 28, que no Brasil é chamada de Júlia, e por Zali, 28, que não adotou nenhum nome típico no Brasil.

“Eu fico deslumbrado ao ouvi-los falando no seu idio-ma. A gente não consegue entender nada. Zali tentou me ensinar uma ou outra palavra, mas eu não aprendi”, conta Rogério. “Eu os admiro por-que são bons patrões. Estão sempre bem humorados e são justos. Pagam em dia e às vezes até adiantado. Gostam muito de trabalhar e aceitam nossas sugestões. O patrão brasileiro é preguiçoso e olha a gente de cima para baixo. Os chineses gostam de trabalhar e são muito simples”, contou.

CLEIDIMAR PEDROSOEspecial EM TEMPO

Chineses são vistos como patrões gentis e muito trabalhadores

Entre um cliente e outro, Júlia estuda palavras iso-ladas para se comunicar melhor com os brasileiros. Em um caderno ela es-creve palavras em língua chinesa e na língua portu-guesa, uma ao lado da ou-tra. Ela e Zali contam com o auxílio de um dicionário nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa. Ela viu alguns vídeos na internet quando chegou ao Brasil para aprender o idioma falado por aqui.

“Fico na loja o dia todo, não tenho tempo. Tem es-cola para estudar portu-guês?”, questiona. A maior dificuldade é a pronúncia do fonema /r/. Ao pedir que pronuncie “arara”, ela se esforça, mas consegue pronunciar somente “ala-la”. Todos riem quando

Júlia tenta falar palavras com o fonema /r/, incluin-do ela mesma.

Na rua Marechal Deodo-ro, Lilan, 32, é gerente de uma loja que vende produ-tos para o público feminino, entre bolsas e bijuterias. É bem humorada, mas diz que às vezes perde a paciência com os clientes. “Você não deveria estar aqui”, ouve Li-lan de muita gente, segun-do ela mesma. “Você tam-bém não”, dispara como resposta porque ela sabe que muitas pessoas que vivem no Amazonas vieram de outros Estados. “Vem muita gente aqui. Cliente chato. Sou chata”, disse. Sobre a língua, ela pouco lê em português e também conta com a ajuda dos fun-cionários para se entender com os clientes.

Falta tempo para o aprendizado

Os chineses que vieram para o Brasil, antes de Ma-naus, moraram primeiro em outras capitais como São Paulo ou Recife. Eles decidiram vir para a ca-pital do Amazonas, prin-cipalmente, devido à falta de segurança de outras cidades. Com a escolha, faturam menos, mas não pensam em ir embora.

O jovem Yang contou que está há quatro anos no Bra-sil. Nos dois primeiros viveu em São Paulo. “Melhor para trabalho”, declarou sobre a capital paulista. Porém, ele completa: “Perigoso sair de casa para trabalho, não pode andar na rua”. “São Paulo vende mais”, disse.

Yang disse que, em São Paulo, um parente esta-va andando falando ao celular e o aparelho foi levado por um bandido. Por conta de sua adapta-ção a Manaus, seus pais estão vindo da China para a capital amazonense. “Manaus é seguro”.

Já Lilan, que está há dez anos no Brasil, declarou que veio com uma amiga para cá três anos atrás e por aqui ficou. “Passear e gostei. Manaus é muito bom”, disse. Ela também aponta a falta de segu-rança em São Paulo como um dos motivos para ter

deixado a capital paulista. Ela tem dois filhos, de 6 e 5 anos, que nasceram na capital paulista e que estão de férias na China. Eles ainda não estudam e Lilan também não sabe dizer se estudarão no Brasil.

Xiaoju Zhang morava em Recife (PE) e disse que veio em busca de mais se-gurança. Ainda assim, ela contou que já foi assalta-da. Em janeiro deste ano,

no fim da tarde, ela estava fechando a loja acompa-nhada da filha, um bebê de colo que estava em um carrinho. Dois homens em uma moto chegaram. Um desembarcou e, armado, ordenou que ela entre-gasse tudo. “Levou celular e carteira. Deixou bebê e carrinho”, disse. Nos qua-tro anos no Brasil, há dois ela vive no Amazonas.

Segurança foi o fator atrativo

O professor Sérgio Frei-re, doutor em linguística pela Universidade Estadu-al de Campinas (Unicamp), explicou que a maior faci-lidade ou dificuldade em aprender outro idioma depende de qual é a lín-gua materna de quem se propõe a estudar.

“Do ponto de vista lin-guístico, não há línguas mais fáceis ou mais di-fíceis de aprender em si. O português, por exemplo, faz parte do tronco latino, junto com o espanhol, o catalão, o galego, o italiano e o francês. O chinês faz parte de outra família, o tronco sino-tibetano, que inclui ainda o tibetano e o birmanês. Regra geral, falantes de uma língua têm mais facilidade de apren-der outra língua quando ela é do mesmo tronco e mais dificuldade quando é de outra família. Assim, é mais fácil um falante de italiano aprender portu-guês do que o falante de chinês aprender português. É mais fácil um brasileiro aprender francês do que chinês”, explicou.

Ele completa que para um estrangeiro aprender uma nova língua é necessário, prin-cipalmente, ter motivação, dedicação e metodologia.

Para a língua chinesa,

o som do /r/ e do /l/ não fazem diferença, apontou Sérgio Freire. “Tanto faz falar um ou outro. No por-tuguês, não. ‘Rua’ é dife-rente de ‘lua’, sendo duas palavras distintas. Isso acontece porque, como disse, o chinês é uma língua de outro tronco linguís-tico, com características todas próprias. É preciso se apropriar da diferen-ça para falar uma língua estrangeira. Mas todo ser humano é biologicamente apto a aprender uma lín-gua materna e, dada cer-tas condições, uma língua estrangeira”, disse.

Ele lembrou que muitos brasileiros têm dificuldade com o domínio do por-tuguês padrão, que é a variedade de prestígio, de investimento social, que se aprende na escola. “Não há a menor dificuldade em falar o português, uma vez que a oralidade é um atri-buto ‘de fábrica’ do ser humano. É preciso não con-fundir a língua portuguesa – e suas variações – com a língua padrão – uma das variações. Se há dificulda-de em dominar a língua padrão é porque a escola não está fazendo direito o seu papel. É uma questão pedagógico-metodológi-ca”, ressaltou.

Dificuldade da língua materna

VANTAGEMOs chineses que veiram para o Ama-zonas apontaram a sensação de segu-rança como um fator atrativo em relação a outros grandes centros urbanos, como São Paulo

Caderno de anotações com palavras em portu-guês é chinês é um méto-do para tentar memorizar a língua portuguesa

Bom humor é a tônica das relações entre os chineses e clientes de seus negó-cios em Manaus, superan-do o problema do idioma

Dicionário da língua portuguesa faz parte da vida de chineses que chegam ao país

FOTOS: IONE MORENO

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Page 22: EM TEMPO - 21 de junho de 2015

C6 Dia a dia

Plantas herdadas dos pré-colombianosArtigo do Inpa revelou variáveis que influenciaram na diversidade de plantas nos quintais do presente

As plantas que brotam espontaneamente nos quintais de terras pretas indígenas têm

ligação direta com o passado indígena de antes da chegada dos europeus à Amazônia. Este é o resultado de um trabalho realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesqui-sas da Amazônia (Inpa/MCTI), em comunidades do município de Silves (a 204 quilômetros de Manaus), às margens do rio Urubu, publicado recente-mente revista científi ca espe-cializada “PLoS ONE”.

A pesquisa tem como base a dissertação de mestrado em botânica no Inpa de Juliana Lins, orientada pelo pesquisa-dor Charles Clement, intitulada “Terra Preta de Índio e as popula-ções do presente: a herança que chega até o quintal”. Realizado em 40 quintais de terras pretas de cinco comunidades de Silves, o artigo mostrou que o contexto arqueológico dos quintais sobre terras pretas de índio infl uencia a composição fl orística atual. “Queríamos saber se parte das plantas que estão nos quintais do presente, em uma área de sítio arqueológico, estão ali por-que os índios já estavam naque-le local antes de os europeus chegarem”, conta Lins.

O trabalho foi realizado em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do

Amazonas (Ufam), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam) e do Museu Paraense Emilio Goeldi (Mpeg).

As terras pretas de índio são solos antropogênicos (aqueles que sofreram ação do homem) que foram cons-truídos pelos povos indígenas, principalmente, entre 2.500 e 500 anos antes do presente, a partir de depósitos de restos de animais, vegetais e cerâmicas em volta de suas moradias. São caracterizadas por manchas escuras sobre o solo original, chegando a ter 2 metros de profundidade numa área de até 200 hectares (equivalente a 200 campos de futebol) e são mais férteis que solos típicos da Amazônia. As terras pretas são ricas em cálcio (Ca), fósforo (P), potássio (K), zinco (Zn) e manganês (Mn).

Segundo a atual bolsista do Programa de Capacitação Insti-tucional do Inpa (PCI), a pesquisa constatou que as plantas dos quintais do presente estão es-truturadas de acordo com o con-texto do sítio arqueológico em que a terra preta está localizada, e os quintais estudados estão sobre dois tipos diferentes de ocupação indígena pré-colom-biana naquelas comunidades.

“O conjunto de quintais em contextos arqueológicos que foi abandonado pelos índios mais

recentemente (300 anos atrás) possui mais diversidade beta em comparação com o conjunto de quintais que foram abando-nados pelos índios há mil anos. A diversidade alfa de um quintal não é sufi ciente para dizer se tem uma infl uencia do passa-do ou não, mas a diversidade beta no conjunto permite isto,” explica Lins.

VariáveisPara Lins, existem duas

variáveis que possivelmente infl uenciaram essa diversida-de: o tempo de ocupação da terra preta pelos índios e há quanto tempo foi abandona-da. “Terras Pretas com maior tempo de ocupação indígena pré-colombiana e abandona-das mais recentemente eram as que tinham os quintais mais dinâmicos e diferentes entre si atualmente”, explica.

De acordo com a bolsista, isso signifi ca que as pessoas que moram nos quintais de hoje interagem com esse passado arqueológico, porque as plantas do passado estão ali nos ban-cos de sementes e brotam nos quintais. Como as pessoas de hoje conhecem essas plantas e as manejam isso facilita a existência delas. “Porque essas mesmas plantas são úteis para elas (pessoas) que as mantêm ali, senão as arrancariam e jo-gariam fora”, completa.

Pesquisa do Inpa sobre as origens das terras pretas foi feita em comunidades no município de Sil-ves e publicada recentemente em artigo de revista especializada

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Uma das hipóteses levan-tadas por Lins para expli-car como essas sementes conseguiram se manter no local onde estavam há 300 ou 400 anos é a dinâmica da fl oresta, que rebrota com o abandono das áreas após o colapso das populações pré-colombianas. Com a queda natural de árvores, aconte-ce a abertura de clareiras temporárias e essas plantas úteis de quintais adaptadas ao sol podem rebrotar e fi car naquele local por um tempo.

“Como a fl oresta está em constante movimento pode voltar a brotar as plantas de quintal novamente”, diz.

“Na verdade, não dá para saber quais, de todas as plan-tas nativas da Amazônia nes-ses quintais, são as descen-dentes diretas das plantas dos índios que estavam ali há 300 ou 400 anos, mas temos algumas pistas pelas plantas que sempre nascem esponta-neamente nas terras pretas sem ninguém do presente ter plantado, tais como chicória,

vários tipos de ingás, mamão, cupuaçu, mucura-caá, e pode acontecer até com mandioca e macaxeira”, explicaLins.

De acordo com o pes-quisador do Inpa, Charles Clement, os pesquisadores que realizaram este tra-balho fazem parte de uma abordagem antropológica chamada de Ecologia His-tórica, que defende alguns pressupostos, dentre eles o de que o ser humano interfe-riu em todos os ambientes habitáveis da Terra.

Para o pesquisador, um dos corolários é que não exis-te uma tendência natural em aumentar ou diminuir a biodiversidade quando o ser humano está no local; isto depende da cultura no qual está inserido e do local da paisagem em que se encon-tre. “Segue que a Amazônia não é uma fl oresta virgem e já foi mexida pelos povos indígenas, mas não sabemos o quanto em qualquer hectare até estudar com mais aten-ção”, diz Clement.

Dinâmica da fl oresta estimula permanência

Uma das hipóteses levantadas para explicar a permanência das sementes nos locais há séculos é a dinâmica da fl oresta

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MAVEL

Alcoólicos Anônimos dão apoio para reabilitaçãoParceria com centro de reabilitação química permite palestras e troca de experiências com quem superou o vício

O Centro de Reabilita-ção em Dependência Química Ismael Ab-del Aziz conta com

uma importante parceria para ajudar na recuperação de de-pendentes químicos adoecidos pelo uso excessivo de álcool. A Associação Alcoólicos Anôni-mos do Amazonas (AA), que há mais de 30 anos resgata vidas no Estado, realiza atividades no centro para prevenir recaídas dos pacientes.

Palestras e trocas de ex-periências sobre as causas e consequências da dependên-cia do álcool são algumas das atividades realizadas com os pacientes, desde a sua chega-da ao centro de reabilitação, pelo membro-fundador da AA, Francisco Magalhães, e pelo coordenador do grupo em Ma-naus, Antônio Maciel.

O intuito do trabalho da AA na unidade é estreitar a relação com os pacientes e incentivá-los a participar dos grupos na capital amazonense, após a alta do centro de reabilitação. “As palestras servem para de-monstrar aos pacientes que, a partir do momento em que eles saem do centro, estaremos de braços abertos para apoiá-los no pós-tratamento aqui fora. Sobreviver longe do álcool é

difícil, mas o processo de recu-peração e alívio de dores emo-cionais pelo qual os pacientes passam é inestimável para a luta contra o vício”, destaca Antônio Maciel.

O centro de reabilitação rece-be as atividades do AA quinze-nalmente desde maio de 2014, e incentiva os internos a pro-curarem a associação quando estiverem dando continuidade ao tratamento na rede. “Sabe-mos que toda ajuda no trata-mento do dependente químico é importante, pois a luta contra as drogas tem de ser tratada constantemente”, pontua o di-retor do centro de reabilitação, Pablo Gnutzmann.

DedicaçãoOs pacientes aprovam a ini-

ciativa e estão se dedicando às reuniões do AA, que acon-tecem no auditório do centro de reabilitação a cada 15 dias. Muitos pacientes já pensam em frequentar também as reuniões na sede do órgão em Manaus. “Tenho de ter ajuda de outras pessoas para continuar limpo e longe do álcool. O centro de reabilitação me proporcionou uma nova vida contra as drogas e pretendo dar prosseguimento ao tratamento com o apoio do AA, quando estiver fora”, disse

o residente Paulo Pedro (nome fictício), dependente do álcool há mais de 30 anos. O AA já faz parte da rede assistencial de apoio a dependentes de álcool no Amazonas.

Para o gerente assistencial do Centro, Antônio Carlos Duran-te, o vínculo do paciente com os programas pós-tratamento aumentam as probabilidades de eles se manterem limpos e longe do álcool. “O progra-ma Alcoólicos Anônimos traz a proposta de o indivíduo fazer a manutenção do tratamento dentro dos grupos para sa-ber lidar com os estímulos no meio social, evitar a recaída e construir uma nova maneira de agir”, afirmou.

O residente Fábio Torres, 49, começou a consumir álcool com 15 anos de idade e desde então vinha tentando se livrar do vício. Para ele, as palestras do AA são motivadoras e o ajudam a criar forças para abandonar de vez o vício. “Desde que iniciei o tratamento no centro de reabili-tação, participo das reuniões da AA, e tem sido muito importante na minha recuperação. Quando terminar meu tratamento, pre-tendo continuar frequentando os grupos de apoio e quem sabe ajudar outras pessoas com minha história”, disse.

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Palestras do AA em centro de reabilitação ajudam a motivar mais os pacientes em recuperação

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Próximo show do Harmonia anima seus fãs

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Uma infl uência

milenarAo contrário do que muitos imaginam, as infl uências da cultura chinesa no Brasil são profundas e antigas

Maior crescimento econô-mico dos últimos 25 anos. Produto Interno Bruto (PIB) aumentando 10% por ano.

Renda per capita chegando a 8.395 dólares por pessoa (PPP) em 2011. Não há dúvidas: em todos os indicadores sociais, a China se mostra um verda-deiro fenômeno internacional.

Recentemente, o país passou a se aproximar do Brasil e do Amazonas. Mas ao contrário do que muitos imaginam, as infl uências da nação mais populosa do mundo na cultura brasileira são profundas e antigas.

Quando nós, brasileiros, pensamos em cultura e China, os primeiros exem-plos que vêm em nossa mente são as artes marciais como o Tai Chi Chuan e o Kung Fu, imortalizados no cinema por um dos grandes ícones midiáticos do país, Jet Li. Ou a medicina, representada

pela acupuntura, técnica praticada há mais de quatro mil anos e cada vez mais aceita e utilizada no Brasil.

Mas alguns hábitos muito comuns do nosso cotidiano também vieram da mes-ma fonte. Um estudo de 1999 do professor José Roberto Teixeira Leite, do Instituto de Artes (IA) da Universidade de Campi-nas (Unicamp), em São Paulo, que está disponível na internet, encontrou diversas práticas da cultura chinesa refl etidas na nossa. Vejamos alguns exemplos:

Deixar as unhas compridas – os chi-neses deixavam as unhas das mãos crescerem (geralmente apenas a es-querda) como sinal de status social. Ter as unhas grandes era sinal de que o indivíduo poderia abrir mão do tra-balho manual. A prática teria chegado ao Brasil após infl uenciar os britânicos e posteriormente, os portugueses; fe-tiche por pés pequenos – O imperador Tunghun Ho admirava os pés pequenos da sua esposa ao dançar e instituiu isso como padrão de beleza. Mais tarde, esse padrão infl uenciou os britânicos e poste-riormente os portugueses e brasileiros. Tanto que em obras clássicas como “Quincas Borba” e “Dom Casmurro” (de Machado de Assim), esse aspecto já era percebido nas brasileiras.

Dizer “um cheiro” ao invés de “um bei-jo” – Os chineses não conheciam o beijo de lábios e gostavam de sentir o cheiro

das pessoas. O hábito passou incólume por Portugal e pegou diretamente no Brasil, segundo a pesquisa.

“Arrotar” após as refeições – Embora seja considerado hoje um ato grosseiro e falta de educação, no passado era visto como um sinal de agradecimento pela comida. Também chegou ao Brasil durante o período colonial.

Relações com o AmazonasO país asiático possui atualmente

dois projetos anunciados para o Amazo-nas, mais especifi camente a instalação de fábricas. O valor total dos investi-mentos é de R$ 200 mil. Também há intenção de instalar uma fi lial da BYD no Polo Industrial de Manaus (PIM). O investimento anunciado nessa segun-da unidade é de US$ 400 milhões e a projeção é de que sejam gerados mais de mil empregos. Será o maior investi-mento da empresa fora da China.

Com todo esse ímpeto e a infl uência da sua cultura na brasileira, a expectativa é de que o campo da cultura seja o próximo elo entre amazonenses e chineses. Em junho de 2016, Manaus receberá o Con-gresso Internacional de Teatro e já estão confi rmadas atrações vindas da China. As discussões sobre o mesmo Congresso, que terá sua edição seguinte em Pequim em 2018, também deve aproximar ainda mais as duas culturas.

Hábitos como deixar as unhas

compridas é uma das infl uências

chinesas na cultura ocidental

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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

Patati Patatá em sessão extra

INFANTIL

O show “A vida é bela”, da dupla de palhaços Patati Patatá, ganhou uma ses-são extra hoje, no Teatro Manauara. Além das 15h, o público poderá conferir a apresentação também às 17h. Os ingressos continu-am à venda na bilheteria do teatro, localizada no Piso Buriti do Manauara Shop-ping (avenida Mário Ypiran-ga Monteiro, 1.300, Adria-nópolis). Os valores são R$ 60 (setor 1, meia-entrada) e R$ 40 (setor 2, meia-entra-da). Criança paga a partir de

2 anos de idade. Será exigida a certidão de nascimento na entrada do evento.

O espetáculo estreou no início de maio, em Jundiaí (SP), e já percorreu Jaca-reí (SP) e Três Corações e Varginha, no sul de Minas Gerais. A produção do es-petáculo conta com mais de 30 profi ssionais envolvidos. O diretor artístico da produ-ção é Rinaldi Faria, criador dos personagens.

O novo DVD do Patati Patatá entrou na grade de exibições especiais do ca-

nal infantil Discovery Kids. O show “A vida é bela” traz um mix das novas músicas que já são sucesso entre a criançada como o “Ronco do vovô”, “Vem bambole-ar”, “O mestre mandou”, “A vida é bela”, “Tudo o que eu preciso”, “A, E, I, O, U”. Além das já consagradas “A dança do macaco”, “Ami-gos para sempre”, “A dança do lôro”, entre outras.

Mais informações sobre o evento pelo telefone 3342-8030 ou facebook.com/teatromanauara.

A dupla de palhaços apresenta “A vida é bela” hoje, no Teatro Manauara, às 15h e 17h

DIVULGAÇÃO

>> Palco

. O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), realiza de 22 a 26 de junho a Se-mana Estadual de Prevenção às Drogas.

. Toda a programação será no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste, um dos bairros com alto índice de incidência de tráfi co de drogas em Ma-naus, segundo dados da SSP. A agenda inicia na próxima segunda-feira, às 8h, com a caminhada “Todos por uma vida sem drogas”.

. “Será uma grande mobi-lização na comunidade para chamar a atenção não só da população que mora na Zona Leste, mas de toda a socieda-de. As drogas são perigosas, podem acabar com a vida do usuário, da família desse usu-ário e dos demais conviventes. É um problema que atinge a todos independente de ida-de, gênero ou classe social”, afi rma a titular da Sejusc, Graça Prola. De 23 a 26 de junho, a programação acon-tece nas escolas estaduais e municipais do bairro com pa-lestras, dinâmicas em grupo, panfl etagem e distribuição de cartilhas educativas.

>> Prevenção

. O presidente da Assembleia Legisla-tiva do Estado do Amazonas, deputado Josué Neto, está convidando para evento importante no Plenário Ruy Araújo.

. Será a sessão especial em homena-gem à Associação Comercial do Amazo-ans (ACA), com 144 anos de existência.

. O evento acontece, conforme apro-vação de requerimento de autoria do deputado Adjuto Afonso, no próximo dia 23.

>> Homenagem Objeto desejoObjeto desejodeObjeto desejoObjeto desejodeObjeto desejo

O médico Alexandre Vila, da nova e boa safra de profi s-sionais da Saúde de Manaus

. A Rolex lançou uma linha do tipo imperdível.

. Batizada Oyster Perpetual, traz um mo-delo mais esportivo de seus relógios em três cores: uva, azul e ródio. A peça é de ouro branco 18 quilates, com os marcadores das 3, 6 e 9 horas de ouro branco e pontos azuis com 39 mm de diâmetro. Resistente à água, o modelo ainda é coroado com um anel de zafi ra. O preço? Cerca de US$ 5 mil.

. A dupla Henrique & Juliano sacudiu o Studio 5 com show cheio de alto astral.

. A Fábrica de Eventos levou uma verdadeira multidão para aplaudir a apresentação da du-pla sertaneja. No pré-show, Léo Verão agitou a plateia. Mais uma noitada de sucesso da Fábrica.

Luiz Miguel Vasconcelos

Edilson Junior e Livia Lins

Letizia Barros

A dupla Henri-que & Juliano com a empresá-ria Bete Dezem-bro no show que movimentou o Studio 5

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Em contagem regressiva para o dia 15 de agostoApós a divulgação do calendário de shows da Fábrica de Eventos, fãs do Harmonia do Samba preparam surpresas para ídolos

O mês de junho nem acabou e já tem gente querendo que chegue agosto,

mais precisamente o dia 15 de agosto. Neste dia, Manaus vai receber um grande evento que vai contar com a presença do grupo baiano Harmonia do Samba. E os fãs de Manaus já estão contando as horas para esse encontro.

O Harmonia faz parte do line up do “Garota VIP Manaus”, que vai trazer para a capital amazonense o cantor Wesley Safadão e a banda Garota Sa-fada, além de Márcia Felipe & Forró da Curtição. Mas o forró, tema central do evento, não é o que chama mais atenção da jornalista Rosianne Couto.

Presidente do fã clube “Da Capelinha para o Mundo”, Ro-sianne já está em contagem regressiva para o show do Har-monia do Samba na segunda quinzena de agosto. E é claro que as surpresas e “mimos” já estão sendo preparados.

“Então, vai ter surpresa sim! O que posso adiantar é que nosso FC vai fazer um agra-decimento ao baterista Ro-que Cezar, fundador da banda, que faz aniversário no dia 16

de agosto. Por tudo que eles fazem pela gente, por tudo que representam em nossas vidas. A gente não pode deixar de homenageá-los nunca. Vai ter camisa, surpresas e muito amor para eles!”, ressaltou.

Rosianne é fã da banda des-de o ano de 1998, mas somen-te em 2002 decidiu criar o fã clube com algumas amigas. Ela topa qualquer parada para estar perto de seus ídolos. E com tantos anos de dedicação ao grupo, a jornalista já possui uma relação de amizade com a produção e principalmente com Xanddy e todos os mem-bros que compõem a banda. Sempre que pode viaja para matar a saudade do vocalista do Harmonia do Samba.

Líder da Torcida (nome carinhoso pelo qual Xanddy chama seus fãs) de Manaus, Rosianne conta que em 2014 trocou o baile de formatura do curso de jornalismo para viajar e assistir a um show do Harmonia em Fortaleza (CE). “Ano passado, troquei meu baile de formatura por uma viagem e fui vê-los em Fortaleza. Xanddy soltou um ‘minha pretinha está perdida por aqui?!’. Daí me parabeni-

zou no show, falou de Manaus. Ele é todo lindo!”, disse.

O fã clube “Da Capelinha para o Mundo” possui apenas oito membros, que segundo Rosianne já passaram a ser melhores amigos e que pos-suem uma paixão em comum: o amor incondicional pelo Harmonia do Samba. Mas quem pensa que o último encontro do fã clube com os ídolos foi quando a banda es-teve na capital amazonense, no Samba Manaus 2014, se engana. Rosianne e a amiga Karenn foram ao carnaval de Salvador em 2015.

“Xanddy foi lindo comigo em um camarote, Bimba e Roque sempre me dão acesso ao trio e ao carro de apoio. E este ano estava com uma parceira do FC, a Karenn, e ela também foi contemplada com o agrado dos meninos. Além da humildade que é tão carac-terística em todos os meninos da banda, a reciprocidade que há nessa troca de carinho faz meu amor se renovar! Por isso que todo sacrifício é válido por eles”, finalizou.

E o fã clube segue na con-tagem regressiva sem dar a “paradinha”. Presidente do fã clube “Da Capelinha para o Mundo”, Rosianne Couto posa ao lado de Xanddy

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O grupo Harmonia do

Samba faz parte do line up do evento “Garota VIP

Manaus”

SERVIÇOGAROTA VIP MANAUS

Quando:

Onde:

Quanto:

Camarote:

Vendas Online:

dia 15 de agosto

sambódromo

1º lote pista – R$ 30 (meia entrada)

R$ 100 (por pessoa – meia entrada)1º lote área VIP com open bar – R$ 140 (meia entrada) open bar ate às 3h – cerveja, água, refrigerante, caipirinha e caipi-roska. Entrada diferenciada, bares e banheiros exclusivos

www.fabricain-gressos.com

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O mundo está cada vez pior. E essa minha humilde afi rmação pode ser comprovada todos os dias por meios de jornais, telejornais e portais. Nas última semanas dois crimes exerceram um impacto so-bre mim que ainda não consegui digerir direito, estão atravessados na minha garganta.

O primeiro envolve um menina de 11 anos, que foi apedrejada ao sair de um culto de candomblé, no Rio de Janeiro. O segundo, um pou-co distante da nossa “realidade” – mais precisamente nos Estados Unidos –, envolve nove pessoas que foram assassinadas dentro de uma igreja da comunidade negra, por um jovem de 21 anos.

Em ambos os crimes – sim, os dois são crimes independentemente da gravidade – me faço a seguinte pergunta: o que leva um ser humano a matar ou agredir um semelhante? Assim, sem mais e nem menos ou sem uma explicação plausí-vel. Aliás, nenhuma ação explica a agressão. Mas mesmo assim, qual a explicação para isso tudo?

Pois bem, depois de muito re-fletir usando meus momentos de “pura tranquilidade”, cheguei a conclusão de que tudo isso não passa da famigerada intolerância. E você deve estar pensando: “Nos-sa, ele descobriu a pólvora!”. Não, eu não descobri a pólvora, mas descobri que a intolerância está atingindo níveis cada vez piores, apesar das diversas campanhas de respeito ao próximo que são veicu-ladas frequentemente em diversos meios de comunicação.

O que leva uma pessoa, em pleno século 21, a apedrejar uma criança pelo simples fato de ela possuir uma religião diferente? O que leva um ser humano a matar outros nove somente pela cor da sua pele ser diferente da dele? Já não houve crimes sufi cientes envolvendo es-

ses dois casos há muitos anos no mundo? Por que matar?

A intolerância sempre esteve e continua presente na nossa his-tória. Mas antes, imaginávamos que tínhamos soluções. Hoje, com todas elas colocadas em práticas, ficamos apenas observando, sem ter o que fazer. Sem saber como agir. Quais atitudes devemos to-mar? O que devemos fazer? De-vemos nos esconder? Dizer que todos temos os meus gostos, as mesmas preferências?

Aos intolerantes, aqui vai um questionamento: vocês não acham que o mundo seria muito chato se todos fossem iguais? Se todos tivessem o mesmo tom de pele, cor de cabelo, tivessem a mes-ma preferência sexual, gostassem somente de branco e ouvissem música clássica? Vocês não acham que a diversidade é que faz com que tenhamos a vontade de viver, de viajar, conhecer novas culturas, novos lugares e seres humanos diferentes de nós?

Por favor, pessoas, vamos nos respeitar e respeitar o próximo. Vamos respeitar as cores, os sons, os gostos, as preferências. Vamos respeitar quem está do nosso lado, aqueles que não gostam de verme-lho, mas gostam de azul. Vivemos em um mundo onde tantas proble-mas maiores e mais importantes merecem a nossa atenção. O que cada um ouve, come ou gosta, não é da nossa conta.

Estamos vivendo uma crise eco-nômica, política e social, mas a sociedade prefere apedrejar e matar. Como cantava a maravi-lhosa Cássia Eller, “o mundo está ao contrário e ninguém reparou”. Infelizmente ninguém reparou e continua sem reparar. Infelizmente estamos rodeados por uma catás-trofe chamada... intolerância e não está sendo fácil.

Bruno MazieriE-mail: [email protected]

Bruno MazieriJornalista

A intole-rância está atingindo níveis cada vez piores, apesar das diversas campanhas de respeito ao próximo que são vei-culadas fre-quentemente em diversos meios de co-municação”

Uma catástrofe chamada... intolerância

Uma nova estrada para o cinema de Hollywood

RESENHA

PERFIL

Fred Santanaé jornalista

“Mad Max: Estrada da Fúria” revi-ve em 2015

uma franquia iniciada em 1978 pelo diretor australia-no George Miller. A trama apresenta as aventuras de um ex-policial rodoviário em um futuro distópico onde a Terra é um imenso deserto após uma guerra nuclear cau-sada pela disputa de países por petróleo. Este é o quarto fi lme da saga, que teve o ator Mel Gibson como pro-tagonista nos três primeiros, sendo substituído agora pelo britânico Tom Hardy.

O longa tem sido aclama-do pela crítica e vai razo-avelmente bem nas bilhe-terias (até o fechamento desta edição, dados preli-minares apontavam que o longa já superava os custos de produção). Mas é na in-ternet, mais precisamente nas redes sociais que a história tem sido alvo de debates acirrados. Desde opiniões sobre a trama e es-tética de cinema até ques-tões como machismo, femi-nismo e regras sociais.

É preciso separar aqui a obra, o fi lme em si e as ques-

tões que ele levanta. Toda discussão moral que uma obra desse porte levante é bem-vinda. Em uma indús-tria de entretenimento onde via de regra apenas o visu-al é tratado com esmero, ver um fi lme que consegue passar conteúdo de forma visualmente atraente é uma grata surpresa.

Artisticamente falando, o maior legado de “Estrada da Fúria” é mostrar uma al-ternativa para a atual ten-dência da grande indústria de reaproveitar sucessos do passado. Fosse uma simples história de continuação ou uma refi lmagem, trocando o ator original por outro, es-queceríamos esse fi lme em poucos dias. A grande sacada foi utilizar o mesmo cenário, a mesma premissa e apontar para uma nova perspectiva. Por isso a personagem de Charlize Theron (a Imperatriz Furiosa) rouba a cena e deixa o personagem título como um simples coadjuvante.

Obras como “Mad Max”, “Star Wars” e “Indiana Jo-nes” ganharam a simpatia do público saindo visual-mente do jeito que saíram. Ao contrário da adaptação

de um livro, por exemplo, onde a imaginação cria uma identidade visual prévia da história. Assim, simplesmen-te refazer os clássicos do cinema não tem se mos-trado efi caz.

Não fal-tam exem-plos de fran-quias que t e n t a r a m r e m a k e s , falharam, mas se encontra-ram ao estabele-cer uma nova di-reção para a histó-ria. “Planeta dos Macacos” e “James Bond”, por exemplo, estão apostando nesse novo modelo e vão conquistando ótimas criticas e bilhete-rias. “Jurassic World” e “Star Wars: O Despertar da Força” serão os próximos.

A crise de criatividade é clara em Hollywood. A enorme quantidade de re-

makes e extensões d e franquias mostra isso. Mas se seguirem o rumo de pro-duções como “Mad Max: Es-trada da Fúria” e souberem estabelecer as tramas e os seus universos, ao menos teremos bons fi lmes com enredos clássicos, ainda que sem alguns dos nossos astros favoritos.

O maior legado de ‘Mad Max: Estrada da Fúria’ é mostrar uma alternativa para a atual tendência da grande indústria de reaproveitar sucessos do passado”

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Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoNão por acaso“I Love Paraisópolis”

caiu na graça e simpatia do grande público. Con-tam para isso, em primei-ro lugar, a experiência e sabedoria dos seus dois autores, Alcides Nogueira e Mario Teixeira.

Não por acaso 2E como principal virtu-

de, “I Love Paraisópolis” está sabendo ser uma no-vela simples, que apenas se atem ao cotidiano das pessoas. É o arroz com feijão bem temperado.

Não bastasse issoO diretor Wolf Maya,

fazendo uma boa leitura da novela, deu aos seus personagens caracterís-ticas de pessoas comuns. Os exageros na interpre-tação, ao contrário do que acontece com Cami-la Pitanga desde o pri-meiro dia de “Babilônia”, não acontecem.

Sobe e desceTodos os fatores citados,

além de outros, justifi cam a alta audiência de “I Love Paraisópolis”. O inverso de tudo se dá com “Babilônia”, nesta altura, uma novela que não tem mais salvação. As diversas tentativas, ten-tando salvar alguma coisa,

Bate-rebate• “Chaplin – O Musical”, com

Jarbas Homem de Mello e Marcello Antony, encerra tem-porada no Theatro Net, em São Paulo, em 12 de julho, e segue para o Vivo Rio...

• ...Em setembro, o musical voltará a São Paulo, mas no Teatro Procópio Ferreira.

• A Record ainda estuda como se dará a instalação da sua emissora do Rio no RecNov...

• ... Algumas modifi cações no local, que até aqui só serviu às novelas, já estão em curso...

• ...De qualquer maneira o departamento de jornalismo terá uma base mais central...

• ...Que deverá mesmo ser em Benfi ca.

• A SIC de Portugal passará a exibir, a partir do dia 27, a série “Dupla Identidade”, com Bruno Gagliasso...

• ...A emissora portuguesa licenciou ainda “Amores Rou-bados”, e “O Canto da Sereia”, ambas com Isis Valverde.

Grande campo a ser explorado

Se por um lado é bem importante essa abertura proporcionada por canais como GNT e Multishow, ao atender a expectativa do público em geral, também se faz necessário chamar atenção para um mínimo de qualidade naquilo 0que é realizado. A TV paga ainda é um grande campo a ser explorado, podendo para isso se utilizar da excelente mão de obra que existe no mercado.

Lembrando que este será um domingo diferente, com jogo do Brasil feminino de futebol no começo da tarde e Brasil masculino na Copa América, a partir das 18h30, na Globo. Ainda como no-vidade, “Brasil Urgente”, do Datena, excepcionalmente com uma edição dominical, concorrendo diretamente com o futebol.

C’est fi ni

Novo integranteOscar Magrini passa a integrar o elenco de “Chapa

Quente” a partir de 2 de julho e, no primeiro dia de grava-ção do seriado, ele foi surpreendido pela visita do amigo Nelson Freitas, que estava no estúdio ao lado gravando o “‘Zorra”. Oscar dará vida a Nelson, um ex-noivo de Mar-lene (Ingrid Guimarães) que se deu bem na vida e tenta retomar o relacionamento com a cabeleireira.

não deram em nada.

LocaçõesOs autores Rosane Svart-

man e Paulo Halm foram à Austrália, acompanhados do diretor Luiz Henrique Rios, para escolher as locações de “Totalmente Demais”, subs-tituta de “I Love Paraisópolis” na Globo. Além disso, a dupla escreve os últimos capítulos da atual “Malhação”.

Locações 2A equipe de “Totalmente

Demais” também visitou

Bonito, no Mato Grosso do Sul, e São Paulo, sempre em busca de locais que possam receber externas da novela. “Totalmente” será estrelada por Marina Ruy Barbosa.

Tem procedênciaMyriam Rios circulou pelo

Projac na quinta-feira ao lado do filho Pedro Arthur, fruto do relacionamento com André Gonçalves. O menino foi fazer teste para uma das próximas novelas da Globo.

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‘Fui afastado por várias razões’

TELEVISÃO

O canal Viva (Globosat) exibe hoje novamente o programa “Grandes Atores”, com Osmar Prado, a partir de 17h. Intenso ao falar sobre a carreira, que come-çou quando tinha apenas 10 anos de idade, o veterano se emociona diante das câme-ras do canal e abre o jogo: “Fui afastado de novelas por várias razões. Teve gente que quis me tirar. Nunca minimizei a televisão. Se você fi zer bem, meu amigo, passar por ela e chegar ao público, ninguém te derruba, ninguém. Só se matar”.

Osmar também recorda momentos em que lhe pedi-ram para “baixar o tom” de suas interpretações. “A no-vela que tem que subir. Não sou eu quem devo me conter. E se achar por bem que tem que tirar o personagem, não será nem o primeiro nem o último”, conta.

Sergio Cabeleira de “Pe-dra Sobre Pedra” (1992), no ar no Viva, e Tião Galinha, de “Renascer” (1993), são gran-des sucessos que marcaram

a trajetória profi ssional de Osmar. Outro personagem de repercussão com o públi-co foi o motorista Tabaco, de “Roda de Fogo” (1986), que se envolvia com várias mu-lheres ao mesmo tempo.

Durante a entrevista, o convidado também relem-bra a infância humilde na Vila Mariana, São Paulo. “Quando perguntei para minha mãe o que deveria fazer para ser artista, ela me matou no nascedouro: ‘Tem que ser bonito, alto’. O parâmetro dela era o Rodolfo Valentino”, diver-te-se ao contar.

EstreiaA primeira experiência de

Osmar na TV foi em “David Copperfi eld” (1958), da an-tiga TV Paulista. Na época, tinha 10 anos. Em 1965, ano da inauguração da TV Globo, estreou na primeira novela da emissora, “Ilu-sões Perdidas”. No entanto, a mudança para o Rio de Janeiro e a assinatura de contrato de um ano acon-

teceram quando foi chama-do para atuar em “Verão Vermelho” (1969), de Dias Gomes. Seu primeiro prota-gonista foi o caipira Juba de “Bicho do Mato” (1972).

Em 2013, o entrevista-do descobriu um câncer na garganta, mas isso não o impediu de continuar exer-cendo uma de suas paixões, a de atuar. “Quando o [José Luiz] Villamarim me convi-dou para “Amores Rouba-dos” (2014), eu estava com a gaze da primeira cirurgia.”. Sobre a doença, refl ete: “É bom viver, mas tem o mo-mento de morrer. Tenho cer-teza que eu encararia legal, procuraria fazer da minha vida a melhor possível. Isso tudo me deu muita força... Para entender a importância e a desimportância da nossa trajetória. O que vale e o que não vale. O que é fútil e o que não é. E o privilégio que tenho de estar nessa pro-fi ssão desde criança, onde posso trabalhar e atuar com todos esses sentimentos: o da morte, o da vida”.

Em “Grandes Atores”, Osmar Prado se emociona ao falar sobre personagens memoráveis

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Page 30: EM TEMPO - 21 de junho de 2015

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Programação de TV

HoróscopoÁRIES - 21/3 a 19/4 É tempo de amar filhos, obras, projetos pessoais e demais amores Mas isso exige atos mais criativos do que a simples rotina. Uma dedicação especial de sua parte é a chave.

TOURO - 20/4 a 20/5 É tempo de se alegrar pela afirmação das vontades que surgem do interior de sua alma. É preciso encontrar espaço para se dedicar a interesses pessoais e se dedicar ao que ama.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 É tempo de aprimorar a comunicação, a co-meçar da expressão dos sentimentos pesso-ais. Momento para ser mais enfático, pessoal e se arriscar mais do que de costume.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Há coisas na vida material que você quer e deveria se dedicar mais para conquistar. A alegria de viver está vinculada à con-quista de certos benefícios e do bem estar material.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Momento para viver, em especial nos re-lacionamentos, as coisas que lhe trazem uma alegria especial. Boa hora para um gesto mais ousado a favor de sua realiza-ção pessoal.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Hoje é um dia bastante favorável para corrigir o rumo de coisas que ficaram pelo meio do caminho. Seja criativo e confian-te. Dê soluções nas quais você domine a situação.

LIBRA - 23/9 a 22/10 A vontade de uma atuação social mais abrangente começa a se realizar. Lute para dominar seu espaço social, e conseguir colo-car sua contribuição ao ambiente social.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Momento de renovação na orientação pro-fissional e das responsabilidades principais. O uso da criatividade trará bom resultado e, mais do que isso, satisfação pessoal.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 As ideias consistentes que deem direcio-namento a sua vida trarão um novo alento e alegria. Mesmo as instabilidades nas pequenas situações não irão abalar esta condição.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Há coisas que você deveria já ter jogado fora ou mudado em sua vida há muito tempo. Hoje ainda dá tempo de fazê-lo. Valha-se de uma boa ousadia para este trabalho.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Embora você ainda viva a superação de pro-blemas e empecilhos, as relações pessoais e afetivas estão sob boa estrela. O momento inclina para gestos criativos e afetuosos.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Os hábitos pessoais estão em boa hora de serem melhorados, como a alimentação e a atividade física. No trabalho, a cria-tividade surte bom efeito e melhora suas condições.

Cruzadinhas

SBT

REDE TV

4h45 Jornal da Semana SBT6h Brasil Caminhoneiro6h30 Turismo & Aventura7h30 Acelerados8h Chaves10h Domingo Legal14h Eliana18h Roda a Roda Jequiti18h45 Sorteio da Telesena19h Programa Silvio Santos23h Conexão Repórter0h Série: Sobrenatural1h Série: Rizzola & Isles2h Série: Crimes Grave3h Big Bang3h30 Igreja Universal

GLOBO

BAND

4h45 Santa Missa5h45 Amazônia Rural6h15 Pequenas Empresas, Grandes Negócios6h50 Globo Rural7h50 Mundial de Fórmula 1: Grande Prêmio da Áustria9h40 Auto Esporte10h Esporte Espetacular 12h15 Esquenta

5h Power Rangers – Resgate na Veloci-dade da Luz6h30 Santa Missa no Seu Lar7h30 Power Rangers8h30 Maskate na TV9h30 Game Mania10h45 Verdade e Vida11h Grand Slam12h15 Pé na Estrada12h40 Os Simpsons – Maratona14h Band Esporte Clube15h15 Gol: O Grande Momento do Futebol15h45 Copa do Mundo de Futebol Feminino da Fifa 201518h 3º Tempo20h Sabe ou Não Sabe21h Pânico na Band0h15 Canal Livre1h15 Só Risos1h50 Liga Mundial de Vôlei – Itália X Brasil3h Igreja Universal

Cinema

Sob o Mesmo Céu: EUA. 12 anos. Cinemark 3 – 13h50 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 7 – 17h (leg/diariamente), 19h20 (leg/somente sábado e domingo); Cinépolis Ponta Negra 3 – 22h (leg/diariamente), Ciné-polis Ponta Negra 10 – 21h40 (leg/diariamente).

Deixa Rolar: EUA. 14 anos. Cinépolis Millennium 7 – 14h45 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h50 (leg/diariamente), 19h30 (leg/somente sábado e domingo).

Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros: EUA. 14 anos. Cinemark 1 – 11h40 (dub/somente sábado e domingo), 14h30, 17h20, 20h20 (dub/diariamente), 23h10 (dub/somente sexta-feira), Cinemark 3 – 16h30, 19h20 (3D/dub/diariamente), Cinemark 6 – 12h50, 15h30, 18h20, 21h15 (3D/dub/diariamente), 0h (3D/dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis Millennium 1 – 14h, 16h45, 19h30, 22h15 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 15h, 17h45, 20h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Millennium

5 – 20h (dub/diariamente), Cinépolis Millennium 7 – 21h45 (leg/diariamente), Cinépolis Millennium 8 – 18h30 (3D/dub/diariamente), 15h45, 21h15 (3D/leg/diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 13h45, 16h15, 19h, 21h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 2 – 14h, 16h50, 19h30, 22h15 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 3 – 15h, 17h45, 20h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 5 – 14h30, 17h15 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 15h, 18h20, 21h20 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 2 – 14h (dub/exceto quinta-feira), 20h20 (dub/diariamen-te), 17h20 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sábado), Cinépolis Ponta Negra 5 – 14h10, 19h30 (3D/dub/dia-riamente), 16h50, 22h05 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 7 – 13h10 (dub/somente sábado e domingo), 15h50, 18h30, 21h10 (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 8 – 22h15 (leg/diariamente); Kinoplex 1 – 16h25, 21h30 (dub/diariamente), 19h (leg/diariamente), Kinoplex 5 – 15h40, 18h20, 21h (3D/dub/diariamente), 13h, 15h40 (3D/dub/somente sábado e domingo).

Qualquer Gato Vira-Lata 2: BRA. 12 anos. Cinemark 2 – 11h30 (somente sábado e domingo), 14h, 16h20, 19h, 21h45 (diariamente); Cinépolis Millennium 2 – 14h30, 17h15 (diariamente); Cinépolis Plaza 8 – 13h30, 16h, 18h30, 21h (diariamente), Cinépolis Ponta Negra 6 – 15h10, 17h30, 19h50, 22h10 (diariamente); Kinoplex 2 – 14h15, 16h35, 19h05, 21h20 (diariamente).

Terremoto – A Falha de San Andreas: EUA. 12 anos. Cinemark 3 – 22h10 (dub/exceto quarta-feira), Cinemark 7 – 23h (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis Plaza 7 – 22h (3D/dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 9 – 21h30 (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 17h (dub/diariamente); Kinoplex 1 – 14h (dub/diariamente).

Poltergeist - O Fenômeno: EUA. 12 anos. Cinépolis Plaza 6 – 21h45 (dub/diariamente).

CONTINUAÇÃO

DIVULGAÇ

ÃO

6h30 Igreja Int. da Graça8h Te Peguei10h Programa do Caminhoneiro10h30 TV Kids11h Igreja da Graça12h Fique Ligado13h En Circuito14h30 TV Kids15h Meu Ambiente TV15h30 Programa Ad & D16h TV Kids16h15 Sempre Bem16h45 Galinha Morta17h Programa Viagem Cultural

ESTREIA

O drama nacional “Caminho das Nuvens” será exibido na “Sessão de Gala”, da Rede Globo

Divertida Mente: EUA. Livre.Crescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith). As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Fran-cisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em confl ito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola. Cinemark 1 – 11h40 (dub/somente sábado e domingo), 14h30, 17h20, 20h20 (dub/diariamente), 23h10 (dub/somente sexta-feira), Cinemark 4 – 12h (dub/somente sábado e domingo), 14h20, 16h40, 19h10, 21h30 (dub/diariamente), Cinemark 7 – 11h (3D/dub/somente sábado e domingo), 13h20, 15h45, 18h10, 20h40 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Millennium 4 – 13h10, 15h30, 18h, 20h45 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Millennium 6 – 14h10, 16h30, 19h, 21h30 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 4 – 13h15, 15h45, 18h15, 20h45 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 6 – 14h15, 16h40, 19h15 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 13h (dub/somente sábado e domingo), 16h, 19h (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 4 – 15h30, 18h, 20h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 14h20, 16h40, 19h10 (dub/diariamente); Kinoplex 3 – 14h05, 16h15, 18h45, 21h05 (3D/dub/diariamente).

Jessabelle – O Passado Nunca Morre: EUA. 14 anos. Depois de sofrer um acidente terrível, Jessie volta a morar com seu pai na casa onde passou sua infância. Uma presença maligna começa a ator-mentá-la e ela fará de tudo para descobrir a verdade, nem que isso destrua seu futuro. Cinemark 8 – 11h10 (dub/somente sábado), 13h40, 16h10, 18h40, 21h (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis Millennium 2 – 19h45 (dub/diariamente), 22h (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 5 – 20h, 22h20 (dub/diariamente); Kinoplex 4 – 17h, 21h25 (dub/diariamente).

Dragon Ball Z – O Renascimento de Freeza: EUA. Livre. Em uma terra onde reina a paz, chegam dois sobreviventes do exército de Freeza: Sorbet e Tagoma. O objetivo da dupla é reviver seu líder com as Esferas do Dragão e se vingar dos Saiyajins. Cinemark 5 – 13h10, 15h20, 17h40, 20h, 22h15 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Millennium 5 – 13h, 15h15, 17h30 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 13h, 15h15, 17h30, 19h45 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 8 – 13h20 (dub/somente sábado e domingo), 15h40, 17h40, 20h (dub/diariamente); Kinoplex 4 – 14h45, 19h10 (dub/diariamente).

DIVULGAÇ

ÃO

13h29 Temperatura Máxima. Filme: Homem-Aranha 215h55 Domingão do Faustão17h30 Futebol 2015: Copa América - Brasil X Venezuela19h30 Domingão do Faustão (Continuação)20h Fantástico22h18 Superstar23h40 Tuf – Um Busca de Campeões0h33 Domingo Maior. Filme: Triplo X 2 - Estado de Emergência1h51 Sessão de Gala. Filme: Caminho das Nuvens3h17 Mentes Criminosas3h58 Mentes Criminosas

17h30 Chega Mais19h Encrenca20h30 Havaí 5.021h15 Te Peguei na TV23h15 Luta Tribal0h15 É Notícia1h15 Bola na Rede2h15 Igreja Int. da Graça

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

Está sendo levada à cena, em São Paulo, a consagra-da peça de Eugene Iones-co – “O Rinoceronte”. É a mais aclamada montagem do “Theatre de la Ville de Paris”, que pela primeira vez nos visita.

Tratei de reler a obra que me angustiara, há quase 30 anos. À época, associá-la aos fatos que ensombravam o país, era para muitos inevitável. Algo semelhante está me ocor-rendo agora... Não resisto à tentação de resumi-la, em linhas rápidas, para os que ainda não a conheçam; e as-sim possam analisá-la em sua atualidade.

Numa pequena cidade, um rinoceronte cruza a praça. Não há zoológico, de onde possa ter fugido. Tampouco há circos. A região é de-sértica. Nada enfi m expli-ca sua presença. Contudo, logo mais surge um segun-do rinoceronte. Há quem diga haver visto três, em conjunto. Tudo parece um delírio. O fato é que, num crescendo, a cidade vai sendo invadida pelos pa-quidermes, às dezenas, em tropel desabalado por toda a parte. Em determinado momento, a verdade salta aos olhos: os rinocerontes são os próprios homens transformados.

A cidade com seus en-cantos se desfi gura. O fe-nômeno torna-se evidente, generalizado. As próprias autoridades capitulam, ade-rem à manada. O intelec-tual, espantosamente, opta pela metamorfose. Nem a mulher amada resiste ao

apelo da selva. Mas, em meio a todos que fraquejam e cedem, só um homem continua fi rme, em deses-perada luta por se manter humano. Sua voz se alteia num grito de afi rmação e desafi o: “Não me rendo!”

A obra de Ionesco sem-pre encarnara a condena-ção implícita das ideolo-gias fascistas e totalitárias, no contexto da II Guerra Mundial, que ameaçaram o mundo democrático. Agora, o diretor do “Theatre de la Ville de Paris” – Emmanuel Demarcy-Mota, em decla-rações à “Folha de São Pau-lo”, dá-lhe alcances atuais de inegável valor: “Vivemos, na Europa e em outras regi-ões, não apenas uma crise econômica, mas também de valores humanos, com a su-bida novamente de partidos fascistas e de grupos extre-mistas, com difi culdade de aceitar as diferenças.”

No que nos concerne, a corrupção enraizando-se no país de extremo a extremo, por acaso não é – desgra-çadamente – a resultante da mais profunda crise de valores, que nos paralisa e desconcerta? Às vezes, che-go a temer que o horizonte já não nos abra caminho! Tantos são entre nós os rinocerontes em plena luz do dia! E tantos outros que vão surgindo – até mesmo das brenhas! – mas todos atados, uns aos outros, por uma corrente irremovível!

Assim, à falta de uma al-ternativa clarividente, fi co com o homem solitário de Ionesco. E ouso repetir Be-renger: “Não me rendo!”.

Almino Aff onsoE-mail: [email protected]

‘O Rinoceronte’, de Ionesco

Almino Aff onsoAdvogado. Foi

deputado federal (pelo Amazonas e

São Paulo), ministro do Trabalho e da

Previdência Social (governo João Gou-

lart) e vice-gover-nador de São Paulo

(governo Orestes Quércia)

Tantos são entre nós os rinocerontes em plena luz do dia! E tantos ou-tros que vão surgindo – até mesmo das brenhas! – mas todos atados, uns aos outros, por uma corrente irremovível!”

Tom Hanks será ‘herói do Hudson’ em novo fi lme

SÃO PAULO, SP (FO-LHAPRESS) – O ator Tom Hanks está fechando a ne-gociação para viver no cine-ma o piloto que salvou 155 passageiros, em 2009, ao fazer um pouso de emergên-cia no rio Hudson, segundo a revista “Variety”.

Conhecido como “herói do Hudson”, o capitão Chesley “Sully” Sullenberger terá

sua história contada em um filme biográfico dirigi-do por Clint Eastwood, que deve se chamar “Miracle on the Hudson” (milagre no Hudson, em português).

O roteiro se baseará no livro de memórias de Sully, “Highest Duty: My Search for What Really Matters”, que se tornou best-seller nos Estados Unidos.

MEMÓRIAS

Última aparição de ator no cinema ganha trailer

SÃO PAULO, SP (FO-LHAPRESS) – Foi di-vulgado nesta quinta (18) o primeiro trailer de “Boulevard”, última aparição nos cinemas de Robin Williams, morto em 2014. No longa, um drama, Williams inter-preta um homem de 60 anos, preso a um casa-mento de conveniência, que vive uma reviravolta em sua vida ao conhecer um jovem gay.

O filme é dirigido pelo norte-americano Dito Montiel e conta com Bob Odenkirk (o Saul Goodman de “Breaking Bad”) e Kathy Bates no elenco. Williams ainda participa de outro fil-

me inédito, a aguardada comédia anárquica “Ab-solutely Anything”, com vários integrantes do Monty Python. Mas no filme o ator será apenas ouvido: ele dubla o ca-chorro do protagonista Simon Pegg.

ROBIN WILLIAMS

Para o ator Charlie Cox, a elogiada produção exibida pelo Netfl ix ainda pode crescer, pois existem elementos que os envolvidos no seriado podem experimentar

‘Podemos melhorar’, diz o astro da série ‘Demolidor’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A série “Demolidor” es-treou no serviço de

vídeo sob demanda on-line Netfl ix em abril com boa avaliação da crítica – a única medida de sucesso disponí-vel para os programas do serviço, que não libera dados de audiência. No mesmo mês, porém, foi anunciado que na segunda temporada o “sho-wrunner” (o mandachuva da série) Steven DeKnight daria lugar aos roteiristas Doug Petri e Marco Ramirez.

O que mudará sem ele? Nem os atores Charlie Cox, o Demolidor, e Deborah Ann Woll, a Karen, sabem dizer ao certo. “Acho que a série pode crescer. A primeira tempo-rada não foi perfeita, ainda há áreas em que podemos melhorar, coisas que pode-mos experimentar”, analisou Cox em evento em São Paulo promovido pela Netfl ix.

“Estou muito interessado para ver como Doug e Marco vão trabalhar. Espero que eles consigam dar a cara deles para a série”, disse, destacan-do que a dupla trabalhou com DeKnight no primeiro ano e conhece tanto suas preocupa-ções quanto suas motivações. “Steven estabeleceu um tom ótimo para o seriado.”

Ao seu lado, Deborah con-corda. “Não queremos que eles imitem Steven”, diz. Ambos desconversam quan-do questionados sobre a se-gunda temporada e dizem não saber de nada. “Vamos começar a gravar em um mês e espero que até lá tenhamos roteiros”, diz Cox, rindo.

Sobre a produção, Cox – que, como Deborah, não havia lido as histórias em quadrinho do Demolidor antes de passar no teste – diz ter fi cado satisfeito com o fato de que não usam leveza ou humor para disfar-çar o sadismo e o cinismo que há no mundo.

“Há fãs que cresceram com o Demolidor e hoje têm 30, 40, 50 anos e ainda gostam de quadrinhos. Tivemos a oportunidade de fazer uma série mais voltada para esse público”, afi rma. “Pela res-posta que tivemos, acho que alcançamos nosso objetivo.”

Ele destaca, porém, que uma produção mais madura não necessariamente é superior às voltadas para os mais jovens. “Não quero dizer que acho que nossa série seja melhor que outras produções da Marvel para cinema e TV. ‘Guardiões da Galáxia’, por exemplo, é muito diferente do nosso se-riado e é genial. Amei cada minuto do fi lme.”

ESTREIAO longa-metragem “Boulevard”, com Robin Williams – morto no ano passado – estreia no dia 10 de julho nos EUA e deve chegar ao Brasil só no ano que vem

Charlie Cox elogia a produção por não usar leveza ou humor para disfarçar o sadismo e o cinismo que há no mundo

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Page 32: EM TEMPO - 21 de junho de 2015

D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015

O parque funcionará em horário alternativo, aberto ao público nos períodos da tarde e noite

Primeiro parque temá-tico que remete ao fol-clore e às brincadeiras das crianças da região,

o FunPark será inaugurado nos próximos dias, em uma área coberta de 5 mil metros qua-drados no shopping Manaus ViaNorte (avenida José Henri-ques Bento Rodrigues, 3.760, Nova Cidade), com mais de 50 atividades eletrônicas e mecânicas de diversão.

O funcionamento do parque será em horário alternativo, aberto ao público nos pe-ríodos da tarde e da noite. O acesso será por meio de passaporte com preços dife-renciados, de acordo com a preferência pelo número de brinquedos escolhidos.

O parque, que pertence à rede Show Play, é destinado ao público adulto e infantil e disponibiliza acessibilidade aos portadores de necessi-dades especiais. Cadeirantes poderão se divertir brincando no carrossel adaptado exclu-sivamente para eles.

Os nomes dos brinquedos ganharam títulos do folclo-re amazônico. O bate-bate, por exemplo, virou “Bate meu Boi”, numa referência a dis-puta dos bumbás Garantido e Caprichoso, que se en-frentam no bumbódromo de Parintins todos os anos.

‘Mulheres solteiras procuram’ está de volta

A atriz Pitty Webo vol-ta a Manaus para apre-sentar a peça “Mulheres solteiras procuram”, no palco do Teatro Manaua-ra, nos dias 27 e 28 de junho, em sessões às 21h e 19h, respectivamente. O elenco da montagem conta ainda com os ato-res Bruno Trindade e Renan Ribeiro.

A produção é uma co-média que apresenta um raio-x da mulher atual por meio de esquetes onde as personagens contam suas aventuras com homens, com uma linguagem peculiar ao pensamento feminino, num diálogo engraçado e livre de estereótipos. Pitty Webo desenha cada personagem com suas manias e comportamen-

tos culturais.O olhar masculino tam-

bém tem destaque em determinadas cenas, po-rém, mais pela reação do homem às atitudes das suas parcerias do que pela questão sociocul-tural machista.

O figurino e cenário da peça são modificados pelos próprios atores, como recursos cênicos que demonstram dina-mismo e criatividade.

Os ingressos custam R$ 50 (setor A, meia-entrada) e R$ 40 (setor B, meia-entrada) e podem ser ad-quiridos pelo site www.in-gresse.com e na bilheteria do teatro, localizado no Piso Buriti, do Manauara Shopping (avenida Má-rio Ypiranga Monteiro, 1.300, Adrianópolis).

TEATRO

As personagens narram histórias com o sexo masculino

DIV

ULG

AÇÃO

DIV

ULG

AÇÃO

O FunPark vai inaugurar nos próximos dias, no shopping Manaus ViaNorte, com mais de 50 atividades mecânicas e eletrônicas para adultos e crianças

Parque temático exibirá temas do folclore local

O tobogã recebeu o nome de “Barranca”, local onde as crianças costumam escorre-gar sobre pedaços de papelão na beira dos rios. A roda gi-gante será “Flor de Lótus” por

lembrar as vitórias régias dos lagos e rios do Amazonas.

“O shopping já possui o pri-meiro cinema da Zona Norte da cidade e um parque interno, além de um PAC já instalado

desde março. Em breve en-tram em funcionamento um núcleo do Detran e uma aca-demia de ginástica”, informa o superintendente do shopping, Marcelo Santa Cecília.

Vitória-régia entre as referências

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